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MINISTÉRIO DA SAÚDE

SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

PLANO DE CONTINGÊNCIA DO BRASIL PARA O


ENFRENTAMENTO DE UMA PANDEMIA DE INFLUENZA
- VERSÃO PRELIMINAR -
PARTE I

SETEMBRO 2005

1 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
Abreviações

ANF Aspirado de nasofaringe


ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CCIH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
CGDT Coordenação Geral de Doenças Transmissíveis
CGLAB Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública
CGPNI Coordenação Geral do Programa de Imunizações
CRIE Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais
CID Classificação Estatística Internacional de Doenças
CONASS Conselho Nacional de Secretários de Saúde
COVER Coordenação de Doenças de Transmissão Respiratória e Imunopreveníveis
DAB Departamento de Atenção Básica
DAE Departamento de Atenção Especializada
DAF Diretoria de Assistência Farmacêutica
DEVEP Departamento de Vigilância Epidemiológica
DSA Departamento de Sanidade Avícola
EPI Equipamento de Proteção Individual
ESF Estratégia de Saúde da Família
FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz
GGTES Gerência Geral de Tecnologia em Serviço de Saúde
IAL Instituto Adolfo Lutz
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IEC Instituto Evandro Chagas
IFI Imunofluorescência indireta
IgG Imunoglobulinas Anticorpos da classe G
IgM Imunoglobulinas da classe M
IOC Instituto Oswaldo Cruz
IPEC Instituto de Pesquisa Evandro Chagas
IRA Infecção respiratória aguda
LACEN Laboratório Central de Saúde Pública
LRN Laboratório de Referência Nacional
LRR Laboratório(s) de Referência Regional (is)

2 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
GGPAF Gerência Geral de Portos Aeroportos e Fronteiras
GIPEA Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos
GTDER Gerência Técnica de Doenças Emergentes e Reemergentes
MPU Ministério Público da União
NUCOM Núcleo de Comunicação
RPM Rotações por minuto
SAS Secretaria de Atenção ã Saúde
SCTIE Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos
SES Secretaria Estadual de Saúde
SI-API Sistema de informação do Programa de Imunizações
SI–CRIE Sistema de Informação dos Centros de Referência para Imunobiológicos
Especiais
SI-EAPV Sistema de Informação de Eventos Adversos pós Vacinação
SI–EDI Sistema de informação de Estoque e Distribuição de Imunobiológicos
SGB Síndrome de Guillian Barré
SCIH Serviço de Controle de Infecção Hospitalar
SMS Secretaria Municipal de Saúde
SST Solução Salina Tamponada
SUS Sistema Único de Saúde
SVS Secretaria de Vigilância em Saúde
MDcK Madin Darby Canine Kidney (linhagem celular para o cultivo do vírus da
influenza)
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MS Ministério da Saúde
OMS Organização Mundial de Saúde
OPAS Organização Pan-Americana da Saúde
PAISSV Programa de Avaliação do Instrumento de Supervisão de Sala de Vacina
PBS Solução de Tampão de Fosfato
PCIH Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar
PROCC Programa de Computação Científica
PROJU/MS Procuradoria da Justiça/Ministério da Saúde
UBS Unidade Básica de Saúde
USF Unidade de Saúde da Família

3 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
UTI Unidade de Terapia Intensiva
VISA Vigilância Sanitária Estadual
VRS Vírus respiratório sincicial

4 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
Comitê Técnico - Plano de Contingência para uma Pandemia de Influenza

Coordenação do Comitê - DEVEP/SVS/MS - Expedito Luna*

ANVISA
GGPAF Dirciara Souza Cramer de Garcia *
GGTES Leandro Queiroz Santi*

MAPA
DAS Marcelo de Andrade Mota*

MS
FIOCRUZ
– Bio-Manguinhos Juçara P. Nascimento*
– PROCC Claudia T. Codeço*
– Far-Manguinhos Fernanda Barbosa Lima*
– IOC Marilda M. Siqueira*
– IPEC Marli Jane Costa*
SAS
– DAB Daisy Maria Coelho Mendonça *
Tânia Cristina Walzberg
Deurides Navega
– DAE Fabíola Scancetti Tavares*
Elaine Lopez
SCTIE
– DAF Ricardo Antônio Barcelos *
SVS
– C. Ref. Prof. Helio Fraga Hisbello da Silva Campos*
– CGDT Eduardo Hage Carmo
Fernando Ribeiro Barros*
Luciane Zappelini Daufenbach
– CGLAB Heloiza Helena C. Bastos
– CGPNI Sirlene de Fátima Pereira
Laura Dina B.B.S.Arruda
– GTDER Vera Gattas
– IEC Wyller Alencar de Mello*
– NUCOM Andre Falcão do Rêgo Barros*
Lúcio Costa Ribeiro

SES/SP
– IAL Terezinha Maria de Paiva*
– Instituto Butantan Hisako Gondo Higashi*

Sociedade Brasileira de Infectologia - Luiz Jacinto da Silva*

Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia - Ricardo Luiz de Melo Martins*

Sociedade Brasileira de Virologia - Eurico Arruda*

5 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
OPAS Cristiana Toscano*

* Membros Oficiais do Comitê

Grupo de Trabalho - Elaboração do Plano de Contingência para uma Pandemia de


Influenza

Coordenação do Grupo de Trabalho – CGDT - Luciane Zappelini Daufenbach

ANVISA
GGTES Cíntia Faiçal Parenti
CGPAF Dirciara Souza Cramer de Garcia

MAPA
DAS Marcelo de Andrade Mota

MS
SAS
– DAB Tania Cristina Walzberg
Wagner Rubens Bressanim

– DAE Fabíola Scancetti Tavares


Roberta Maria L. Costa

SCTIE
– DAF Marisete Dalenogare

SVS
– CGDT Eduardo Hage Carmo
Fernando Ribeiro Barros
Gisele de Cássia Barre Araújo

– CGLAB José Alexandre Menezes Silva


Heloiza Helena C. Bastos

– CGPNI Laura Dina B.B.S.Arruda


Sirlene de Fátima Pereira

– NUCOM Andre Falcão do Rêgo Barros


Lúcio Costa Ribeiro

– Assessoria Jurídica Maria Guida Carvalho de Moraes


Maura Beatriz Drago Dornelles

Secretaria Nacional da Defesa Civil


Lélio Bringel Calheiros

6 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
Colaboradores
ANVISA
GGTES
– GIPEA Adélia Aparecida Marçal dos Santos
– GINFS Regina Maria Gonçalves Barcellos
Adjane Balbino de Amorim
– GTOSS Maria Angela de Avelar Nogueira
Maria Dolores Santos da Purificação

MS
SVS
CGPNI Carmen Silvera
Eudemberg Pinheiro da Silva
Luiza de Marilac Meireles Barbosa
José Evoide de Moura Junior
Sâmia Samad

7 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
Resumo Executivo

Pandemias de influenza já causaram graves danos durante toda a História. No último


século ocorreram pelo menos três grandes pandemias que em poucas semanas causaram
grande impacto na morbimortalidade, afetando principalmente crianças e adultos jovens e
provocando situações de ruptura social.
Há atualmente a preocupação do surgimento de uma nova cepa pandêmica do vírus
influenza. Não é possível prever exatamente quando acontecerá a próxima pandemia e nem
a extensão dos danos e conseqüências à saúde pública mundial. Sabe-se que esse evento é
praticamente inevitável e que pode provocar sérias conseqüências sociais e econômicas.
Estima-se que em torno de um quarto da população poderá ser afetada em apenas três
meses. Frente a esse fato, a Organização Mundial de Saúde (OMS) vem incentivando os
países a elaborem ou revisarem seus planos de contingência, preparando-se para o
enfrentamento de uma nova pandemia de influenza.
O presente Plano de Contingência aborda as questões fundamentais de pertinência
nacional no que se refere à preparação e à resposta para uma pandemia de influenza. É
baseado nas recomendações atuais da OMS e tem como objetivos principal delinear as
ações e atividades necessárias para retardar a introdução da cepa pandêmica no país,
minimizar o impacto na morbimortalidade resultante da disseminação de uma pandemia de
influenza e suas repercussões no funcionamento dos serviços essenciais à sociedade.
A organização da capacidade de resposta rápida a situações emergenciais deste tipo,
incluindo a adoção de estratégias adequadas de informação e comunicação, tornou-se uma
prioridade em saúde pública. O Ministério da Saúde (MS), através da Secretaria de Vigilância
em Saúde (SVS), está coordenando o processo de resposta rápida, por meio do
desenvolvendo deste Plano Contingência, juntamente com outros órgãos e instituições de
dentro e de fora do setor saúde.
De acordo com a OMS, as ações estratégicas de um Plano de Contingência para a
pandemia de influenza devem minimamente compreender: a situação da infra-estrutura do
país e as atividades necessárias para lidar com esta situação de emergência epidemiológica
em distintas áreas (vigilância epidemiológica humana e animal, atenção à saúde, prevenção
e controle, defesa civil, informação e comunicação, pesquisas e aspectos jurídicos), definindo
as responsabilidades de cada esfera de governo e de outras instituições governamentais e
não governamentais.

8 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
As seguintes questões são essenciais na estruturação da capacidade de resposta do
país para minimizar o impacto de uma pandemia de influenza: a capacidade de detecção
precoce; a utilização oportuna e racional de drogas antivirais e de vacinas, considerando
suas disponibilidades reais e de acordo com princípios e protocolos previamente
estabelecidos, e o desenvolvimento da capacidade tecnológica para produção nacional de
vacinas.
Este documento foi redigido por membros de um grupo técnico especialmente
constituído para este fim por meio da SVS/MS, tendo como base as discussões acumuladas
até o momento no âmbito do Comitê Brasileiro de Preparação do Plano de Contingência para
uma pandemia de influenza [Portaria N° 36, de 22/12/03, publicado em 23/12/04], as
orientações da OMS, a bibliografia disponível sobre a situação epidemiológica atual da
influenza e a consulta a planos de contingência de outros países.
Constitui-se numa versão preliminar do Plano Brasileiro, resumindo a situação
epidemiológica atual, explicitando e adaptando as orientações da OMS e sistematizando a
situação da infra-estrutura do SUS para o enfrentamento de uma pandemia em relação à:
vigilância epidemiológica, atenção básica e especializada, controle de infecção hospitalar,
uso de vacinas e antivirais, a legislação vigente e algumas orientações técnicas já existentes
relacionadas à vigilância, prevenção controle da influenza no nível individual e coletivo. As
ações e atividades propostas estão definidas segundo os distintos períodos e fases de
preparação e expressam o estágio atual de discussão técnica sobre a preparação do Brasil
para a pandemia de influenza, devendo ainda incorporar a contribuição de outros atores
institucionais e da sociedade civil. As atividades propostas deverão ser revistas
periodicamente, de acordo com a avaliação da situação epidemiológica. Prevê-se que sua
execução seja gradual, de acordo com a análise de situações concretas de risco, além da
realização de simulações para testar os procedimentos de emergência que deverão ser
adotados em situações reais.
Chama-se a atenção que as dimensões deste problema extrapolam o setor saúde e
que há necessidade da participação ativa dos demais órgãos e níveis de governo e da
sociedade para o seu sucesso. Esta versão preliminar deverá então ser discutida nos
distintos fóruns de decisão das políticas de saúde do país e de controle social do Sistema
Único de Saúde e nas demais instâncias de decisão dos governos federal, estaduais e
municipais.

9 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
Por fim, considerando-se os compromissos internacionais do Brasil referentes ao
controle de doenças transmissíveis, espera-se que esse Plano de Contingência fortaleça a
capacidade interna de resposta rápida do país frente a outras situações de emergência
epidemiológica relacionadas à disseminação de doenças de transmissão respiratória.

10 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
Introdução

A influenza ou gripe é uma infecção viral aguda do sistema respiratório, de distribuição


global e elevada transmissibilidade (Brasil, 2002). Os vírus influenza são subdivididos nos
tipos A, B e C, de acordo com perfis antigênicos característicos. Por serem altamente
transmissíveis e mutáveis, os vírus da influenza, principalmente os vírus influenza A,
costumam causar surtos, epidemias e mesmo pandemias, podendo proporcionar elevada
morbidade e mortalidade.
As pandemias de gripe podem ter conseqüências graves para a saúde pública e para
a economia. Não há estimativas mundiais precisas sobre o número de casos e óbitos
relacionados à influenza. Contudo, pandemias parecem ocorrer a cada 10 ou 20 anos
(ocorreram cinco desde 1889) e epidemias e surtos regionais ocorrem a cada dois ou três
anos. A maior pandemia já registrada ocorreu entre os anos de 1918 e 1919, a chamada
“Gripe Espanhola” (devido à morte de um membro da família real espanhola e à grande
quantidade de informação dada pelos meios de comunicação desse país), com estimativa da
ocorrência de mais de 25 milhões óbitos mundo (Malhotra & Krilov, 2000) (Comunidade
Européia, 2004).
Uma pandemia de gripe pode ser descrita como um acontecimento epidemiológico
caracterizado pela circulação mundial de um novo subtipo de um vírus influenza ao qual a
população apresenta pouca ou nenhuma imunidade; ou de um vírus que causa morbidade e
mortalidade que excedem significativamente as taxas médias registradas nos países em
surtos e epidemias sazonais e que tenha abrangência mundial. Uma vez que os surtos de
gripe ocorrem regularmente, é extremamente importante ter a capacidade de avaliar se tais
surtos podem atingir proporções epidêmicas graves e converter-se em pandemias. Assim, é
fundamental apropriar-se de um sistema de vigilância epidemiológica capaz de fornecer
alertas precisos e oportunos.
A ameaça de uma pandemia, com suas repercussões sociais, econômicas e de ordem
pública, obriga os países a estar em alerta e a desenvolver planos de contingência que
indiquem como atuar em situações de emergência.
Nos últimos três anos, o Brasil vem desenvolvendo algumas atividades direcionadas a
melhorar o conhecimento sobre a situação epidemiológica relacionada a influenza e a
capacidade de resposta frente a situações emergenciais. Destaca-se aqui a realização, em
conjunto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

11 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
(IBAMA) e o Ministério da Agricultura, Pecuário e Abastecimento (MAPA) , de pesquisa de
vírus influenza em aves migratórias, quando foi identificado vírus de influenza aviária de
baixa patogenicidade; o estudo, em parceria com a OPAS, sobre a sazonalidade da
circulação dos vírus influenza em uma região tipicamente tropical do país; estudos
ecológicos sobre internações por influenza e causas associadas; a designação de um comitê
técnico para discutir o plano de contingência; a encomenda de uma modelagem matemática
para o desenho de cenários pandêmicos e a organização de um Seminário Internacional
para a troca de experiências com países que estão mais adiantados no seu processo de
preparação para uma pandemia.

Objetivos do Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza

O objetivo geral do Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza


é reduzir os efeitos da disseminação de uma cepa pandêmica em território nacional sobre a
morbimortalidade e suas repercussões na economia e no funcionamento dos serviços
essenciais do país.
Os objetivos específicos do Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de
Influenza são:
- Retardar a disseminação de uma cepa pandêmica entre a população brasileira;
- Reduzir a morbidade, principalmente das formas graves da doença, e mortalidade por
influenza;
- Fortalecer a infra-estrutura do país para lidar com situações de emergência
epidemiológica em doenças de transmissão respiratória: vigilância epidemiológica,
diagnóstico laboratorial, assistência, vacinação e comunicação;
- Identificar grupos prioritários para quimioprofilaxia e vacinação, de acordo com distintos
níveis de progressão da pandemia e da disponibilidade de drogas e vacinas;
- Desenvolver mecanismos efetivos de cooperação e articulação técnica entre as
vigilâncias da influenza humana e animal;
- Desenvolver estratégias de comunicação e informação;
- Desenvolver os mecanismos jurídicos e político-gerenciais necessários para apoiar o
processo de tomada de decisão em situação de emergência epidemiológica;
- Desenvolver mecanismos de cooperação internacional;

12 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
- Desenvolver mecanismos de cooperação com centros de produção de conhecimento
científico e tecnológico para estudar aspectos particulares das intervenções propostas
(eficácia e efetividade de uma nova vacina, resistência aos antivirais, efetividade do uso
de antivirais em situação pandêmica, eventos adversos, etc.);
- Implementar mecanismos de articulação intra e intersetorial.
Os objetivos deste Plano só serão alcançados com os esforços coordenados de todas
as três esferas governamentais e as não governamentais no seu planejamento e execução.
Como todo plano, ele não pode ser estático e deverá ser aperfeiçoado de acordo com as
necessidades operacionais, com a incorporação de novas tecnologias e com as mudanças
no cenário epidemiológico.

Antecedentes do Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de


Influenza

No final do ano de 2003, a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da


Saúde (MS) constituiu um Comitê técnico para a preparação do Plano de contingência
brasileiro para uma pandemia de influenza, formalizada pela Portaria N° 36, de 22/12/03,
publicada em 23/12/04.
O comitê fez duas reuniões (maio de 2004 e fevereiro de 2005) e adotou como
metodologia a discussão e elaboração de propostas em cinco grupos: Vigilância e
Laboratório, Vacinação, Informação e Comunicação, Assistência à saúde e Rede de
assistência e controle de infecção.
Visando agilizar e concluir o plano de contingência, foi formado um Grupo de Trabalho
em agosto de 2005, composto por técnicos do Departamento de Vigilância Epidemiológica
(Imunização, Laboratório e Vigilância) e Comunicação da SVS/MS; do Departamento de
Atenção Especializada (alta e média complexidade) e do Departamento de Atenção Básica
da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS); da Diretoria de Defesa Animal do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA); da Gerência Geral de Tecnologia em Serviço
de Saúde da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); e da Diretoria de
Assistência Farmacêutica da Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos
(SCTIE) para efetivamente elaborar o referido Plano de Contingência.

13 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
Estrutura do Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza

A estrutura do Plano ressalta as responsabilidades e atividades que devem ser


desenvolvidas por cada esfera de governo e instituições não governamentais envolvidas. O
Plano consiste de oito capítulos contendo informações sobre:
− Capítulo 1: Epidemiologia da influenza, contendo informações sobre a doença, a estrutura
e os tipos de vírus influenza;
− Capítulo 2: Pandemia de influenza e suas fases;
− Capítulo 3: Atual estrutura brasileira de vigilância à saúde, de laboratórios públicos e da
rede de atenção à saúde;
− Capítulo 4: Período Interpandêmico - atividades desenvolvidas para assegurar a
contenção de uma inevitável pandemia. A coordenação das diversas atividades em fase
pré-pandêmica, como a vacinação, a organização da vigilância, laboratórios e dos
serviços de saúde, entre outros;
− Capítulo 5: Período de Alerta Pandêmico - atividades que incluem preparação do plano
atual, treinamento, divisão de responsabilidades durante uma pandemia, exercícios de
simulação para testar o plano, comunicação e outras interfaces;
− Capítulo 6: Período Pandêmico - passos onde as atividades são direcionadas para
controlar a pandemia e minimizar seus efeitos diretos, como morbidade e mortalidade,
incluindo informações sobre uso de vacinas e antivirais (profilaxia e tratamento), e seus
efeitos indiretos, como ruptura social. O foco desse capítulo é apontar uma série de
atividades que deverão ser desenvolvidas, muitas vezes de forma simultânea
coordenada, para produzir uma resposta efetiva;
− Capítulo 7: Pós-Pandêmico - atividades que serão iniciadas após as ondas pandêmicas.
Estas atividades envolvem a organização de atividades do pós-evento para tentar
recuperar os danos causados. Alguns exemplos de atividades desse capítulo:
reestruturação da rede de serviços de saúde, desativando os serviços alternativos criados
para a pandemia e aproveitando outros que serão úteis para a manutenção do cuidado à
saúde; e reorganização de atividades até que surja nova fase pandêmica.
− Capítulo 8: Organização das três esferas governamentais para a publicação, divulgação e
aplicação de legislação para ações compulsórias relacionadas à contenção da entrada e
da expansão da pandemia no país, tais como: declaração de situação de pandemia,
prioridades de uso de quarentena, antivirais e vacina, entre outros.

14 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
CAPÍTULO 1

15 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
1.1. Influenza: aspectos epidemiológicos e o risco de uma nova pandemia
A influenza ou gripe é uma infecção viral aguda do sistema respiratório com
distribuição global e elevada transmissibilidade (Brasil, 2002). A doença é causada pelo
vírus influenza, um vírus RNA de fita simples. O vírus da influenza é transmitido de forma
direta (principalmente pela geração de gotículas quando uma pessoa infectada tosse, espirra
ou fala, mas também pelo ar, através da inalação de pequenas partículas residuais) ou por
contato indireto, através de fômites (Brasil, 2002). A influenza tem alta taxa de ataque,
disseminando-se rapidamente em ambientes fechados; as crianças menores de dois anos,
os idosos e os indivíduos de qualquer idade com determinadas doenças crônicas ou
imunodepressoras são os grupos populacionais de maior risco para as complicações da
doença, principalmente as infecções bacterianas secundárias. Dentre os fatores
predisponentes à infecção respiratória aguda em crianças, o estado nutricional, o baixo peso
ao nascer e o número de pessoas por domicílio são expressivos determinantes, além de
outros como aglomeração, nível de escolaridade da família, ausência ou aleitamento materno
inadequado, poluição e inalação passiva de fumo (NICHOLSON, 1998; COX, 1999;
MALHOTRA, 2000).
Os vírus influenza, de acordo com perfis antigênicos característicos, são subdivididos
em três tipos: A, B e C. Os vírus influenza A causam periodicamente epidemias e pandemias,
com taxas elevadas de morbidade e mortalidade. Os vírus influenza B estão associados a
surtos esporádicos e também podem provocar doença grave.
Do ponto de vista biológico, uma das explicações para a emergência de cepas
epidêmicas ou pandêmicas remete para as características do genoma viral do vírus influenza
A e da existência de múltiplos reservatórios do agente infeccioso na natureza, o que favorece
a ocorrência de mutações pontuais durante o processo de replicação do genoma viral,
promovendo a formação de novas cepas (também chamadas novas variantes) dentro de um
mesmo subtipo. Os subtipos são determinados por duas glicoproteínas localizadas na
superfície do envelope viral, a hemaglutinina (H) e a neuraminidase (N). Até o momento, já
foram identificadas 16 glicoproteínas H e 9 glicoproteínas N em animais, incluindo o homem.
Se essas novas variantes apresentam alguma identidade antigênica com a variante anterior,
ou seja, resultam de um processo de evolução dentro de um mesmo subtipo, chama-se de
alterações drift (Stambouliam et. al., 2000). No entanto, distintos subtipos infectam
diferentemente aves e mamíferos e dependendo das condições ambientais e das alterações
drift, subtipos específicos de aves podem infectar mamíferos. Quando isso ocorre, existe a

16 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
probabilidade de dois ou mais subtipos infectarem simultaneamente um mesmo hospedeiro
ou reservatório. Com isso, pode ocorrer a troca de genes entre diferentes subtipos,
fenômeno conhecido como rearranjo ou alterações shift. Esses novos subtipos formados são
potencialmente pandêmicos, pois há pouca identidade antigênica entre subtipos com
diferenças expressivas nas hemaglutinina e neuraminidase, tornando toda a população
humana susceptível a esse novo subtipo (Malhotra & Krilov, 2000 e Freitas, 2005).
Até 1997 acreditava-se que haveria necessariamente um rearranjo ou alteração shift
em suínos para um vírus influenza aviário se adaptar à replicação em humanos e causar a
doença. Naquele ano, em Hong Kong, foi documentada pela primeira vez a transmissão
direta do vírus influenza aviário de alta patogenicidade (H5N1) da ave para humanos, o que
significa que o papel de “misturador de genes” até então atribuído apenas aos suínos
também pode vir a ser desempenhado pelo homem. Episódios de transmissão direta
ave/homem da cepa H5N1 têm se repetido em alguns países do Sudeste Asiático desde o
fim do ano de 2003, onde a população, por aspectos culturais e comerciais, tem uma grande
interação com aves e suínos. Existem evidências de transmissão inter-humana desta cepa
em alguns clusters familiares, o que aumenta o risco da emergência de uma nova cepa
pandêmica não só via intercâmbio genético com cepas humanas, mas também por meio de
um fenômeno conhecido como mutação adaptativa, que resulta da passagem sucessiva de
uma cepa aviária no organismo humano, através de distintos clusters, adquirindo
estabilidade biológica suficiente para uma transmissão sustentada entre seres humanos.
As evidências históricas sugerem que pandemias ocorrem três a quatro vezes por
século. No último século ocorreram três pandemias de influenza ("Gripe Espanhola "em
1918-19; "Gripe Asiática" em 1957-58 e a "Gripe de Hong Kong" em 1968-69), sendo que o
intervalo entre elas foi de 11 a 44 anos. (STAMBOULIAN, 2000). O pior cenário, o da Gripe
Espanhola de 1918-19, provocou em torno de 20 a 40 milhões de óbitos no mundo. Em
todas as últimas três pandemias, identificou-se um aumento da taxa de mortalidade entre
pessoas com menos de 60 anos de idade; em 1918-19, a maior taxa de mortalidade ocorreu
em adultos na faixa etária de 20 a 40 anos de idade (Canadian Plan, 2004).
Do ponto de vista epidemiológico, as epidemias e pandemias de influenza estão
associadas às modificações na estrutura da sociedade que favorecem a disseminação de
uma nova cepa, em contextos ecológicos, sociais e espaciais concretos. Assim, deve ser
lembrado que o contexto histórico e o estágio do conhecimento científico em que as últimas
pandemias ocorreram foram bastante distintos: a Gripe Espanhola aconteceu ao final da I

17 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
Guerra Mundial, num momento em que as tecnologias disponíveis em relação a prevenção e
ao controle de doenças infecciosas ainda eram muito limitadas (por exemplo, a síntese da
penicilina e a descoberta do vírus influenza só ocorreram cerca de 10 anos após o fim
daquela pandemia); por outro lado, as pandemias de 1957 e de 1968 tiveram um impacto
muito maior na morbidade do que na mortalidade.
As evidências geradas pela análise dessas pandemias e o conhecimento epidemiológico
atual permitem elencar os seguintes fatores que devem ser considerados na análise da
emergência de uma nova pandemia de influenza:
– O surgimento de uma nova cepa do vírus influenza A, por meio de um processo de troca
genética entre cepas de espécies diferentes ou de mutação adaptativa;
– A eficiência da transmissão do agente infeccioso
– A patogenicidade e a virulência da nova cepa
– A existência de grandes contingentes de população com pouca ou nenhuma imunidade a
esta nova cepa;
– As taxas de contato efetivo, ou seja, a probabilidade que um indivíduo infectado
efetivamente transmita a doença a um susceptível;
– A base técnico-científica da sociedade e a democratização do acesso aos avanços;
– A capacidade de resposta rápida das autoridades de saúde pública.
No cenário atual há um grande risco da emergência de uma nova pandemia de
influenza, que pode produzir um impacto importante na morbimortalidade, na segurança
pública e na economia dos países afetados. Estima-se que um vírus pandêmico oriundo da
Ásia poderia chegar às Américas em menos de três meses, com rápido potencial de
disseminação neste Continente.

1.2. Estimativa do Impacto de uma Pandemia de Influenza no Brasil


Pesquisa em Andamento – Cenários para uma Pandemia de Influenza no Brasil

CAPÍTULO 2
Pandemia de influenza e suas fases

18 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define uma pandemia de influenza em
diferentes períodos e fases, que abordam a influenza humana e animal como risco em saúde
pública. Esta terminologia comum facilitará a articulação, a padronização e a transparência
da comunicação e dos esforços no planejamento e resposta frente a uma pandemia de
influenza no Brasil e nos diferentes países.
A OMS define os seguintes períodos e fases a serem observadas no planejamento
das respostas a uma pandemia de influenza (Quadro 1):

Quadro 1. Períodos e fases de uma pandemia de influenza, de acordo com a Organização Mundial de
Saúde
Período Fases Definição da OMS Recomendações
Não há detecção de novos subtipos de vírus
influenza em humanos. Fortalecer os preparativos para
1 Presença de um subtipo viral que já causou uma pandemia de influenza em
Fase 1
infecção em humanos no passado em escala mundial, regional e
reservatórios animais não humanos e baixo nacional.
Interpandêmico risco de infecção humana.
Reduzir ao mínimo o risco de
Aumento do risco de transmissão para seres
transmissão nos seres
humanos do novo subtipo viral que circula em
Fase 21 humanos, detectar e notificar
animais referido na Fase 1.
rapidamente a transmissão,
quando ocorrer.
Detecção de um ou mais casos de infecção Rápida caracterização do
humana com o novo subtipo viral, sem subtipo viral e detecção,
Fase 32
transmissão inter-humana ou, se existente, notificação e resposta oportuna
limitada a contatos íntimos (casos raros). aos casos adicionais.
Conter o novo vírus nos focos
Detecção de conglomerados de transmissão ou retardar sua propagação a
inter-humana com poucos casos e fim de ganhar tempo para
Fase 42 geograficamente localizados, o que indica agilizar as medidas de
Alerta pandêmico que o vírus ainda não adquiriu boa preparação, entre elas a
adaptabilidade aos seres humanos. preparação da vacina contendo
a cepa pandêmica.
Detecção de conglomerados de transmissão
Conter ou retardar a
inter-humana ainda geograficamente
propagação, a fim de evitar uma
limitados, porém atingindo um maior número
Fase 52 pandemia e ganhar tempo para
de pessoas, indicando que o vírus está se
agilizar as medidas de
adaptando melhor nos seres humanos (risco
respostas anti-pandêmicas
pandêmico considerável).
Pandêmico Fase 6 Pandemia: transmissão ampliada e Reduzir as repercussões da

1
A diferença entre as Fases 1 e 2 tem como base o risco de infecção ou adoecimento em humanos oriunda das cepas que circulam nos
animais. Para essa avaliação consideram-se, de acordo com o conhecimento científico vigente, os fatores: patogenicidade da cepa nos
animais e nos humanos, presença de infecção em animais domésticos e ou somente na fauna silvestre, se é um vírus enzoótico ou
epizoótico, se está localizado ou generalizado geograficamente, ou outros critérios).
2
A distinção entre as Fases 3, 4 e 5 tem como base a avaliação de risco de pandemia. Para essa avaliação consideram-se, de acordo com
o conhecimento científico vigente, os fatores: taxa de transmissão, localização geográfica e propagação, gravidade da doença, presença de
genes provenientes de cepas humanas (quando o vírus é proveniente de cepa animal) e outros critérios científicos.

19 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
sustentada na população em geral. pandemia.

Pós-Pandêmico Fase 7 Retorna ao Período Interpandêmico Período Intepandêmico

Como pode ser observada, esta divisão em fases é baseada na avaliação do risco de
propagação da doença em diferentes situações. Assim, os continentes e países do mundo
poderão encontrar-se em distintas fases pandêmicas, com a expectativa de mudança entre
elas a cada momento, seja avançando ou retrocedendo na escala de risco, dependendo da
efetividade das ações de vigilância e controle adotadas em cada momento.
Tomando-se por referência esta classificação da OMS, a literatura referente a
pandemias anteriores, os Planos de Contingência do Canadá, Estados Unidos da América e
da Inglaterra e a análise da situação epidemiológica mundial atual, propõe-se a adoção de
níveis de alerta internamente para o Brasil (Quadro 2). Ressalta-se que a premissa para a
definição desses níveis de alerta é que o surgimento de uma nova cepa pandêmica e sua
adaptação em seres humanos dar-se-á nos países asiáticos e posteriormente será
disseminada aos demais continentes. A partir do momento em que for comprovada a
eficiência de transmissão de uma nova cepa pandêmica avalia-se que o tempo de entrada da
mesma no nosso país varie de poucos dias a no máximo três meses, principalmente em
função da velocidade dos meios de transporte e do processo de globalização. Vale ressaltar
que os níveis de alerta devem ser considerados como flexíveis e mutáveis de acordo com o
cenário pandêmico vigente.
Abaixo, para fins de planejamento e resposta, apresentam-se os níveis de alerta para
o Brasil.

Quadro 2. Níveis de Alerta no Brasil, de acordo com diferentes períodos e fases pandêmicos.
Períodos Fases Níveis de Alerta no Brasil Recomendações
Interpandêmico
Fase 13 Não há detecção de novos subtipos de Manter as atividades de rotina da
3
A diferença entre as Fases 1 e 2 tem como base o risco de infecção ou adoecimento em humanos
oriunda das cepas que circulam nos animais. Para essa avaliação consideram-se, de acordo com o

20 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
vírus influenza em humanos no Brasil e vigilância, prevenção e controle da
no Mundo. influenza
Não há detecção de novos subtipos de
vírus influenza em humanos no Brasil. Iniciar o processo de preparação ou de
Presença de um subtipo viral que já revisão do Plano de contingência; adequar
as estratégias da vigilância da influenza
Fase 23 causou infecção em humanos no
animal; fortalecer e aperfeiçoar a vigilância
passado em reservatórios animais não epidemiológica da influenza em escala
humanos e baixo risco de infecção nacional.
humana.
Acelerar o processo de preparação ou de
Detecta-se um ou vários casos de revisão do Plano; Manter o sistema de
infecção humana com um novo subtipo vigilância em alerta para a detecção,
Fase 34 viral em algum país estrangeiro de outro notificação e investigação oportunas de
Continente. formas graves de doença respiratória em
pessoas oriundas da região afetada.
Concluir a elaboração do Plano; manter o
sistema de vigilância em alerta para a
Detecta-se conglomerados de detecção, notificação e investigação
transmissão inter-humana com poucos oportunas de formas graves de doença
casos em algum país estrangeiro de respiratória em pessoas oriundas da região
Fase 44 outro Continente. afetada em áreas estratégicas (grandes
centros urbanos, portos e aeroportos
internacionais, entre outros); planejar e
realizar a simulação das ações
emergenciais previstas no Plano
Alerta pandêmico
Disparar nível de alerta no país: detecção,
Detecta-se conglomerados de notificação e investigação oportunas de
transmissão inter-humana com maior formas graves de doença respiratória em
número de casos em algum país de pessoas oriundas da região afetada em
Fase 54 outro Continente e/ou detecção da cepa áreas estratégicas (grandes centros
pandêmica em algum país das urbanos, portos e aeroportos internacionais
Américas (exceto Brasil). e em outros pontos de ingressos de
estrangeiros no país);
Disparar nível de alerta máximo no país:
detecção, notificação e investigação
precoces de casos suspeitos em qualquer
ponto do território nacional; adotar medidas
Fase 64 Detecção da cepa pandêmica no Brasil
de bloqueio de transmissão do caso
primário e casos secundários; avaliar a
necessidade de suspender as atividades
de caráter coletivo, etc.
Epidemia no Brasil devido a Minimizar a morbidade, a mortalidade e o
Pandêmico Fase 7 disseminação da cepa pandêmica. impacto econômico e social.
Concluir as análises do impacto na
Cepa pandêmica do vírus influenza deixa
morbimortalidade e econômico-social.
Pós-Pandêmico Fase 8 de circular; morbidade e mortalidade
Reorganizar a estrutura da rede
retornam aos níveis endêmicos.
assistencial, entre outros. Retorna-se às

conhecimento científico vigente, os seguintes fatores: patogenicidade da cepa nos animais e nos
humanos, presença de infecção em animais domésticos e ou somente na fauna silvestre, se é um
vírus enzoótico ou epizoótico, se está ou não geograficamente localizado, entre outros critérios.
4
A distinção entre as Fases 3, 4 e 5 tem como base a avaliação de risco de pandemia. Para essa
avaliação consideram-se, de acordo com o conhecimento científico vigente, os seguintes fatores: taxa
de transmissão, localização geográfica e propagação, gravidade da doença, presença de genes
provenientes de cepas humanas (quando o vírus é proveniente de cepa animal) e outros critérios
científicos. A distinção entre as Fases 5 e 6 baseia-se na avaliação do risco de introdução e
disseminação iminentes da cepa pandêmica no país.

21 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
recomendações da Fase 1 do período
Intepandêmico.

Os capítulos 4, 5, 6 e 7 apresentam as ações e as atividades específicas para cada


nível de alerta pandêmico no Brasil.

CAPÍTULO 3
Estrutura atual da Vigilância, da Atenção à Saúde e da Informação e Comunicação em
Saúde no Brasil

22 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
3.1. A Vigilância da Influenza no Brasil
O Ministério da Saúde iniciou no ano 2000 a implantação de um Sistema de Vigilância
da Influenza em âmbito nacional, cujos objetivos são monitorizar as cepas dos vírus da
influenza que circulam nas regiões brasileiras, responder a situações inusitadas, avaliar o
impacto da vacinação contra a doença, acompanhar a tendência da morbidade e da
mortalidade associadas à doença e produzir e disseminar informações epidemiológicas.

Utiliza-se uma estratégia de vigilância sentinela, baseada numa rede de unidades de


saúde (atenção básica e pronto atendimentos) e de laboratórios. Considera-se como pré-
requisito para a implantação de uma unidade sentinela a existência de infra-estrutura e
organização gerencial na unidade, a localização próxima ao laboratório de referência, o
atendimento de demanda espontânea de indivíduos de diferentes faixas etárias, a existência
de laboratório de referência estadual ou municipal com capacidade para realizar o
diagnóstico de vírus respiratórios, além do interesse das equipes de vigilância e do
laboratório e anuência dos gestores locais.

As unidades sentinelas têm como responsabilidade coletar e envio de espécimes


clínicos de uma amostra intencional de pacientes que procuram atendimento, ao laboratório
de referência para processamento e análise e informar semanalmente a proporção de casos
de síndrome gripal em relação ao total de atendimentos clínicos da unidade, distribuídos por
faixa etária. A definição de síndrome gripal adotada no Brasil é: indivíduo com doença
respiratória aguda (com duração máxima de cinco dias), apresentando febre (ainda que
referida) e tosse ou dor de garganta, na ausência de outros diagnósticos. Se a organização
do sistema de informação da unidade sentinela permite, em vez da definição acima podem
ser computados diretamente os seguintes diagnósticos de infecção respiratória aguda do
trato superior: J00, J02.9, J03.9, J04.0, J04.1, J04.2, J06, J10, J11.

O sistema de informação da vigilância de influenza, chamado SIVEP_GRIPE, tem


estrutura on line, permitindo disponibilizar dados e informações simultaneamente para toda a
rede de vigilância.

O Sistema de Vigilância da Influenza prevê também a detecção, a notificação e a


investigação e o controle de surtos, independente da rede sentinela, em consonância com as
normas atuais sobre a notificação de doenças transmissíveis no país. Prevê também a

23 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
análise rotineira de dados ecológicos sobre as internações e óbitos por influenza e causas
associadas, o que possibilita a observação do padrão de ocorrência da gripe em regiões com
aspectos climáticos distintos.

Atualmente, o Sistema de Vigilância da Influenza compreende 46 unidades


sentinelas, a maioria delas localizada nas capitais de 21 estados das cinco regiões
brasileiras (Figura 1), 18 laboratórios estaduais, dois laboratórios de referência regional e
um laboratório de referência nacional. Prevê-se que até o final do ano 2006 este Sistema
esteja funcionando em pelo menos todas as capitais brasileiras.

Figura 1. A Vigilância Epidemiológica da Influenza, Brasil, 2000 a 2005

Implantado
AL (Maceió)
AM (Manaus)
BA (Salvador)
CE (Fortaleza)
DF (Brasília)
ES (Vitória)
GO (Goiânia)
MG (Belo Horizonte e Varginha)
MS (Campo Grande)
RJ (Rio de Janeiro)
SC (Florianópolis)
SE (Aracaju)
SP (São Paulo)
PA (Belém)
PE (Rec ife)
PR (Curitiba)
RN (Natal)
RS (Porto Alegre, Caxias do Sul e Uruguaiana)
RR (Boa Vista)
TO (Palmas)
Em implantação
MT (Cuiabá)
PB (João Pessoa)
Não Implantado

3.1.1. A Rede de Laboratórios de Vírus Influenza no Brasil

O monitoramento da gripe é uma atividade em escala mundial e atualmente mobiliza


uma rede de 110 laboratórios em 80 países coordenados por centros de referência mundial
vinculados à Organização Mundial da Saúde (OMS): Instituto de Pesquisas Médicas do
Reino Unido, em Londres (Inglaterra); Centro de Controle de Doenças (CDC), em Atlanta
(Estados Unidos); CSL Limited em Victoria (Austrália) e Instituto Nacional de Doenças
Infecciosas em Tóquio (Japão).

24 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
No Brasil estão credenciados pela OMS como Centros de Referência para Influenza
as seguintes instituições: o Instituto Evandro Chagas (IEC/SVS/MS), o Instituto Adolfo Lutz
(IAL/SP) e o Instituto Oswaldo Cruz (FIOCRUZ/MS). Na organização interna da rede de
laboratórios do país, os dois primeiros estão classificados como de Referência Regional e o
último como de Referência Nacional.

Com a implantação do Sistema de Vigilância para Influenza no país, a rede de


laboratórios foi sendo, paulatinamente, ampliada, de acordo com a expansão do próprio
Sistema. Foi então criado um nível estadual na rede de laboratórios, subordinados aos
Centros de Referência Regionais e Nacional (Quadro 3).

Tabela 3. Relação da abrangência dos Laboratórios de Referência para vigilância da


Influenza (situação em 25.08.2005)

Laboratório de Referência Estados referenciados

Fundação Oswaldo Cruz BA, ES, MG, PR, RJ, RS*, SC

Instituto Adolfo Lutz DF, GO, MS, SP e TO

Instituto Evandro Chagas AL, AM, CE, PA, PB, PE, RN, RR e SE

Em fase de expansão (*).

Os vírus influenza apresentam diversidade antigênica e genômica a cada ano.


Portanto as análises laboratoriais são de grande importância para monitorar o tipo de cepa
circulante em nosso país possibilitando uma melhor análise para indicação de cepas vacinais
e detecção de possíveis cepas pandêmicas. O sucesso da detecção viral depende,
primariamente, das condições da amostra clínica, ou seja, coleta, armazenamento e
transporte.

O teste de imunofluorescência indireta é realizado no nível estadual, através de um kit


comercial composto por um painel de anticorpos monoclonais que permite a detecção de
vírus influenza tipos A e B, sincicial respiratório, adenovírus e parainfluenza tipos 1, 2 e 3.
Este é um teste rápido, podendo obter o resultado poucas horas após a coleta do material
clínico.

A detecção do vírus influenza por isolamento em culturas celulares ou ovos


embrionados constitui-se no método padrão ouro para detecção dos vírus influenza. O
método recomendado para a identificação dos subtipos de influenza é o teste de inibição da

25 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
hemaglutinação (HI), que permite classificação de acordo com as variações antigênicas
presentes em cada amostra viral. Para esta análise, utiliza-se um painel de antígenos e
soros específicos para cada variante, fornecidos pela OMS. A detecção por isolamento viral e
HI é realizada nos três laboratórios de referência e amostras representativas dos vírus
identificados pertencentes a cada subtipo são enviados ao CDC/Atlanta para confirmação e
análise com um painel ampliado de antígenos e soros imunes.

A utilização de métodos moleculares ampliou o campo de conhecimento do vírus


influenza e tem sido utilizados para acompanhar a mutação destes vírus na natureza. O
seqüenciamento dos nucleotídeos dos genes do vírus influenza, principalmente do gene H,
seguido por uma análise filogenética, permite o monitoramento das variações genéticas que
podem acorrer anualmente, agrupar cepas semelhantes, identificar cepas mutantes e auxiliar
na compreensão da virulência. Estas técnicas estão sendo utilizadas pelos laboratórios de
referência e permitem uma melhor comparação das cepas circulantes com as cepas
vacinais.

Os testes sorológicos para a detecção de anticorpos anti-influenza podem ser


realizados para avaliação da resposta imune pós-vacinal e em estudos soro-epidemiológicos
retrospectivos. Não há indicação de sorologia para o diagnóstico de casos agudos.

3.1.2. Situação epidemiológica da Influenza no Brasil

No período 2000 a 2005 a proporção de atendimentos por síndrome gripal nas


unidades sentinelas variou de 5 a 25% por semana epidemiológica, reflexo da incorporação
de novas unidades ao Sistema de Vigilância, de aspectos particulares da organização dos
serviços em cada uma dessas unidades sentinelas e de modificações reais no perfil
epidemiológico sazonal da influenza. Os principais vírus respiratórios identificados neste
período foram Influenza A, Vírus Respiratório Sincicial, Adenovírus, Parainfluenza 1 e
Influenza B. Dentre os tipos de vírus influenza detectados, a maior prevalência foi de cepas
A/H3N2 e Influenza B, semelhante ao padrão internacional de circulação. A caracterização
antigênica completa dessas cepas evidenciou que todos os subtipos virais fizeram parte
direta ou indiretamente da composição das vacinas utilizadas no Hemisfério Sul.

No período de 2002 a 2005 foram detectados e investigados 19 surtos de influenza


em comunidades fechadas (aldeia indígena, empresas, presídio, asilo e escola) em algumas
unidades federadas e cinco surtos comunitários, sendo que o de maior proporção ocorreu em
cidades do extremo oeste de Santa Catarina. Nos surtos em comunidades fechadas
26 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
investigados, a taxa média de ataque de síndrome gripal foi de 22,4%, variando de 3,5% em
um abatedouro de aves com adoecimentos de adultos jovens a 48% em um asilo. Neste
local, os residentes tinham uma média de idade de 81 anos (intervalo 46 a 97 anos) e os
profissionais de saúde 38,5 anos (intervalo de 19 a 68 anos). Nos surtos comunitários
identificou-se uma média de 25% de atendimentos por síndrome gripal nos municípios
afetados (variando de 21 a 29,6%). As principais cepas de influenza identificadas nesses
surtos foram Influenza B/Hong Kong; A/Tocantins (H3N2); A/Fujian (H3N2); A/Korea (H3N2)
e B/Yamanshi e B/Jiangsu.

3.1.2. A Vigilância frente uma Pandemia de Influenza no Brasil


Em linhas gerais, o papel estratégico a ser desempenhado pela vigilância nos
distintos períodos e fases propostos pela OMS vai desde a contínua melhoria da qualidade
do Sistema de Vigilância da Influenza no período interpandêmico, passando pelo
monitoramento e análise dos cenários epidemiológicos, incluindo-se as situações inusitadas;
pela detecção e investigação precoces de casos para o direcionamento das medidas de
controle e pela avaliação, em conjunto com as demais áreas envolvidas, da efetividade das
medidas implementadas.

Assim, de acordo com as recomendações correspondentes a cada nível de alerta


explicitado no Quadro 2, podem ser elencadas as seguintes ações ou atividades
estratégicas:
Fase 1:

- Acompanhar, avaliar e aperfeiçoar o Sistema de Vigilância da Influenza;

- Monitorizar a situação epidemiológica;

- Avaliar a efetividade da vacinação anual com as cepas epidêmicas;

- Detectar, investigar e controlar surtos de influenza em que ocorram formas graves da


doença;

- Produzir e disseminar informação epidemiológica.

Fase 2

- Aprimorar a articulação técnica com os órgãos encarregados da vigilância da influenza


animal;

27 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
- Aprimorar o acompanhamento da situação epidemiológica da influenza no cenário
internacional e nacional;

- Produzir e disseminar informação epidemiológica;

Fase 3

- Desenvolver mecanismos para a notificação e investigação de casos graves de doença


respiratória em indivíduos provenientes das áreas afetadas, aprimorando a articulação
técnica entre a vigilância de portos, aeroportos e fronteiras, a vigilância hospitalar e as
CCIH (inclui a vigilância de pneumonias);

- Promover estudos epidemiológicos para o desenho de cenários pandêmicos;

- Desenvolver proposta de adequação do Sistema de Vigilância da Influenza para o


enfrentamento de surtos por uma cepa pandêmica: desenhar sistemas especiais de
informação e de organização de serviços e desenvolver/atualizar módulo de capacitação
emergencial para profissionais da rede de vigilância;

- Produzir e disseminar informação epidemiológica.

Fase 4

- Aprimorar os mecanismos de detecção precoce de casos graves de doença respiratória


em indivíduos provenientes das áreas afetadas, principalmente em grandes centros
urbanos;

- Avaliar as ações da Fase 3, identificar os pontos críticos e corrigi-los;

- Estruturar e capacitar uma equipe especializada para deslocamento rápido e investigação


adequada de casos;

- Promover o desenvolvimento de protocolos de avaliação de efetividade das ações de


caráter individual e/ou coletivo propostas, bem como do uso de tecnologias específicas;

- Concluir a análise de cenários pandêmicos

- Produzir e disseminar informação epidemiológica

Fase 5

a) Detecção de casos em países que não fazem fronteira com o Brasil

- Atualizar o cenário pandêmico e adequar o Plano se necessário

28 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
- Desenvolver atividades de vigilância ativa para a detecção precoce de casos graves de
doença respiratória em indivíduos provenientes das áreas afetadas, principalmente em
grandes centros urbanos e em outros pontos de ingresso de estrangeiros no país;

- Coordenar a capacitação emergencial da VE do país, priorizando as áreas estratégicas


(região de fronteira e grandes aglomerados populacionais);

- Produzir e disseminar informação epidemiológica

b) Se forem detectados casos em país de fronteira:

- Acionar a Defesa Civil

- Desenvolver atividades de vigilância ativa para a detecção precoce de casos graves de


doença respiratória em qualquer ponto do território nacional, principalmente em grandes
centros urbanos e em outros pontos de ingresso de estrangeiros no país;

- Executar, em conjunto com a ANVISA, sistema especial de vigilância para portos,


aeroportos e fronteiras;

- Produzir e disseminar informação epidemiológica

Fase 6

- Direcionar as atividades de bloqueio de transmissão;

- Acionar a Defesa Civil;

- Com base na análise da situação, direcionar e acompanhar as demais medidas de


prevenção e controle;

- Produzir e disseminar informação epidemiológica

Fase 7

- Operar sistema simplificado de vigilância;

- Monitorizar a situação para redirecionar as ações, se necessário;

- Detectar o surgimento de nova onda pandêmica;

- Monitorizar, em conjunto com DAF/SCTIES e a ANVISA, a utilização de antimicrobianos e


antivirais, no que se refere a resistência e reações adversas, com o intuito de direcionar o
manejo clínico e tratamento adequado;

- Produzir e disseminar informação epidemiológica.

29 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
Fase 8

- Readequar o sistema de vigilância epidemiológica da influenza ao novo cenário

- Avaliar o impacto da pandemia na morbimortalidade;

- Produzir e disseminar informação epidemiológica.

Os capítulos 4, 5, 6 e 7 apresentam as ações e as atividades específicas para cada nível


de alerta pandêmico no Brasil.

3.2. Rede de Assistência - A Atuação da Atenção Básica de Saúde

Atenção básica consiste em um conjunto de ações, de caráter individual ou coletivo,


situadas no primeiro nível de atenção dos sistemas de saúde, voltadas para a promoção da
saúde, prevenção de agravos, tratamento e reabilitação. Essas ações não se limitam àqueles
procedimentos incluídos no Grupo de Assistência Básica da tabela do SIA/SUS, quando da
implantação do Piso da Atenção Básica. A ampliação desse conceito se torna necessária
para avançar na direção de um sistema de saúde centrado na qualidade de vida das pessoas
e de seu meio ambiente.
A organização da Atenção Básica, com base na Lei nº 8080, tem como fundamento os
princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), dentre eles a definição da Saúde como direito
fundamental do ser humano, cabendo ao Estado prover as condições indispensáveis ao seu
pleno exercício, por meio de políticas econômicas e sociais que visem redução de riscos de
doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso
universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação da
saúde individual e coletiva.
Atualmente, a atenção básica no Brasil compreende dois modelos: um tradicional,
onde as unidades de saúde são compostas por médico clínico geral, pediatra, ginecologista e
enfermeiros e auxiliares de enfermagem, não contando com a presença do Agente
Comunitário de Saúde, e um outro modelo, denominado de Estratégia de Saúde da Família
(ESF) que é composto por uma equipe multiprofissional (médico, enfermeiro, auxiliar de
enfermagem e de quatro a seis agentes comunitários), que dispõe de recursos que poderão
ser utilizados para identificação precoce de áreas de risco e casos suspeitos de doenças
infecciosas e agravos em suas áreas de abrangência. A cobertura populacional da ESF

30 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
ainda é limitada, particularmente em grandes centros urbanos. Atualmente, existem 23.097
equipes cadastradas e em funcionamento, com 200.193 agentes comunitários dando
cobertura a uma população de 74.523.803 habitantes (que corresponde a aproximadamente
42% da população brasileira), além de 33.623 auxiliares de enfermagem, 31.307 enfermeiros
e 31.403 médicos (ver Quadros 4 e 5).

Importante ressaltar que em situação de pandemia, os dois modelos terão que


trabalhar como um só modelo, com todos os profissionais trabalhando de forma organizada
de acordo com um protocolo pré-definido.

Quadro 4. Número de profissionais envolvidos na Estratégia de Saúde da Família e da


Atenção Básica, Brasil.

No. Profissionais No. Profissionais


Tipo de Profissional
ESF Atenção Básica
Agente Comunitário de Saúde 219.019 Não possui
Auxiliar de enfermagem 33.623 327.297
Enfermeiro 39.576 65.920
Medico clínico geral 31.403 80.384
Medico fisiatra Não possui 750
Fisioterapeuta Não possui 18.655
Médico Pneumologista Não possui 3.707
Médico Infectologista Não possui 2.938

Quadro 5. Número de estabelecimentos da Atenção Básica de Saúde, Brasil, Mês e ano

Tipo de Estabelecimento No. Estabelecimentos


Posto de Saúde 11.398
Centro de Saúde ou Unidade Básica 25.429
Unidade Mista 778
Hospital Geral 1.406

3.2.1. Atividades desenvolvidas pelos profissionais na equipe de Saúde da Família


Agente Comunitário de Saúde: Este profissional é o elo entre a população e a equipe de
saúde e têm entre suas funções:

31 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
- Realizar o mapeamento e o cadastramento de todas as famílias de sua área, que deverá
ser atualizado permanentemente, durante a visita domiciliar;
- Identificar indivíduos e familiares em situação de risco, bem como a sua área de risco e
identificação de parceiros e recursos em suas áreas que poderão ser potencializados pela
equipe;
- Orientar a população quanto ao uso correto do serviço de saúde e desenvolver ações de
educação e vigilância em saúde com ênfase na promoção da saúde e na prevenção de
doenças.
Auxiliar de enfermagem:

- Realiza procedimentos de enfermagem dentro de suas atribuições técnicas e legais, nos


diferentes ambientes, como Unidades de Saúde da Família (USF) e domicílio, dentro do
planejamento traçado pela equipe;
- Realiza a busca ativa dos casos de doenças sob vigilância e ações de educação em
saúde para grupos de risco;
- Prepara o paciente para consulta médica e de enfermagem.
Enfermeiro (a):

- Realização de consulta de enfermagem e cuidados diretos de enfermagem nas urgências


e emergências;
- Planejar, gerenciar, coordenar, executar, avaliar as USF, bem como supervisionar e
coordenar ações de capacitação dos agentes comunitários e auxiliares de enfermagem
com vistas ao desempenho de suas funções;
- Executar ações de assistência integral em todos as fases da vida, com ações de
vigilância sanitária e epidemiológica. Também realizar ações de saúde nos diferentes
ambientes.
Médico(a) :
- Consulta clínica ao usuário e realização de procedimentos tanto na unidade de saúde,
quanto no domicílio, se necessário, executando ações de assistência integral em todos os
ciclos da vida;
- Realizar o pronto atendimento nas urgências e emergências, encaminhando a serviços de
maior complexidade quando necessário e garantindo a continuidade de tratamento na
USF;
- Verificar e atestar óbitos.

32 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
3.2.2. Atuação da equipe de atenção básica, frente à Pandemia de Influenza

- Conhecimento das áreas e a realidade das famílias pelas quais são responsáveis,
identificando os problemas mais comuns aos quais aquela população está exposta.
- Elaboração com a comunidade de planos para o enfrentamento de problemas de saúde e
fatores que colocam em risco a saúde, segundo diretrizes do Plano Nacional;
- Executar, de acordo com a qualificação de cada profissional, os procedimentos de
vigilância à saúde e vigilância epidemiológica;
- Prestar assistência integral à população adscrita, respondendo a demanda de forma
contínua e racionalizada;
- Promover ações intersetoriais e parcerias com organizações formais e informais
existentes na comunidade para o enfrentamento conjunto de problemas identificados;
- Participação intensa na elaboração e execução de campanhas de vacinas, capacitando
profissionais e mantendo-os informados quanto à doença, dose da vacina, esquema
vacinal, contra indicações, etc;
- Atuar na disseminação de informações, orientando o público sobre os riscos de contágio
e as formas de evitá-lo;
- Avaliação da Unidades Básicas de Saúde (UBS) e USF, do risco de transmissão e da
necessidade de isolamento em casos suspeitos, realizando a busca ativa dos contatos, a
fim de orientar e administrar medidas profiláticas aos contatos.
- Articulação com outras áreas de saúde pública, como vigilância epidemiológica e
sanitária, mantendo sempre a equipe informada sobre qual a situação atual.
- Identificação de locais de risco em suas áreas de abrangência, como escolas, creches,
asilos e outros.

3.3. Rede de Assistência - A Atenção Especializada no Brasil

3.3.1. A Estrutura da Rede Hospitalar

Atualmente a rede de assistência à saúde no Brasil dispõe de 466.863 leitos, sendo


que 381.050 leitos (81,6% do total) são destinados ao SUS. Quanto à classificação dos
referidos leitos SUS, 104.888 (27,5%) são leitos cirúrgicos, 255.038 (67%) são leitos clínicos
e 21.124 (5,5%) são leitos complementares, que englobam 1.852 leitos de terapia intensiva
pediátrica, 3.003 leitos de terapia intensiva neonatal, 8.248 leitos de terapia intensiva para

33 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
adultos, além de 4.696 leitos de unidades intermediárias e 3.325 leitos de isolamento. Esses
últimos representam 40,3% do total de leitos de isolamento do país. (Quadro 6).
Dadas as características atuais de rede hospitalar brasileira, percebe-se uma
concentração de estabelecimentos de atenção à saúde, e conseqüentemente de leitos, nas
áreas de maior concentração tecnológica, notadamente a região sudeste. Especificamente
nessa região temos 82,7% do total de leitos SUS existentes (154.939), sendo 50,20% (6.578)
dos leitos SUS de UTI do Brasil e 37,95% (1.262) dos leitos SUS de isolamento.

Quadro 5 – Leitos SUS existentes por região – Brasil 2005

R eg õi e s N úm e ro d e L e ito s
si
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l l ri ri T T T T T T o C o
N o r te C
18846 C
15706 C
8646 C
6391 U
130 U
100 U
443 U
311 U
114 U95 T
260 U
217 T
360
N o rd e s te 86331 76352 40161 32342 706 438 2422 1423 416 317 1416 1164 966
C e n t ro - 24569 18863 13079 9289 398 224 989 594 312 232 312 246 286
O e s te
Su l 52771 40662 22946 15667 787 620 2497 1788 477 383 783 624 728
S ud e s te 107095 103455 61452 41199 2583 1621 6535 4132 2067 825 3301 2445 1679
T o ta l 289612 255038 146284 104888 4604 3003 12886 8248 3386 1852 6072 4696 4019
*Unidade de Cuidados Intermediários

Quanto à adequação dos leitos de isolamento para responder a uma situação


pandêmica, não há informações disponíveis nos bancos de dados do Ministério da Saúde. O
Quadro 7 mostra os serviços apontados por seus respectivos gestores como sendo centro
de referência para o atendimento dos pacientes com suspeita/diagnóstico de Síndrome
Respiratória Aguda (SARS). No entanto, não há informações objetivas sobre a infra-estrutura
instalada atualmente nestes estabelecimentos.
Encontra-se em consulta pública a nova política de atenção ao paciente crítico, a qual
prevê a regulamentação das unidades de cuidados intermediários em geral. A longo prazo, a
implementação dessa nova política prevê a reestruturação das unidades que provêm a
atenção aos pacientes críticos em geral, através do aumento da oferta de leitos disponíveis e
de sua adequação em termos de infra-estrutura física e de equipamentos.

34 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
Tabela 2 – Hospitais apontados por seus gestores locais como Centros de Referência para o
atendimento de casos suspeitos/confirmados de Síndrome Respiratória Aguda.

UF HOSPITAL
AC Hospital Geral de Clínicas de Rio Branco
AL Hospital Escola Hélvio Auto
AM FMT-Hospital de Medicina Tropical
AP Centro de Doenças Transmissíveis do Hospital de Especialidades
BA Hospital Octávio Mangabeira
CE Hospital de Doenças Infecciosas São José
DF HRAN (Hospital Regional da Asa Norte)
ES Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes/IESP
GO Hospital Anuar Auad (Hospital de Doenças Tropicais/SES-GO)
MA Hospital Tarquinio Lopes Filho
MG Hospital de Pronto Socorro de Venda Nova
MG Associação de Assistência Est. e Pesquisa de Uberlândia
MS Santa Casa de Campo Grande
MT Hospital Pronto Socorro Municipal de Cuiabá
PA Hospital Universitário João de Barros Barreto
PB Hospital Universitário Lauro Wanderley (Cidade Universitária)
PE Hospital Universitário Oswaldo Cruz
PI Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela
Hospital Ministro Costa Cavalcanti
PR Hospital Universitário Regional do Norte do PR
Hospital de Clínicas – UFPR
Hospital Univ. Clementino F. Filho – UFRJ
RJ
Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião
RN Hospital Giselda Trigueiro
RO Hospital Cemetron
RR Hospital Rubens de Souza Bento
RS Hospital Nossa Senhora da Conceição (Rua Francisco Frein)
SC Hospital Nereu Ramos
SE Hospital João Alves Filho

35 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
Hospital Servidor Público Estadual
Hospital São Paulo/Universidade Federal de SP
SP
Instituto de Infectologia Emilio Ribas
Hospital de Clínicas da UNICAMP
TO Hospital Comunitário de Palmas

Quanto à Política Nacional de Atenção às Urgências - regida pelas Portarias GM nº


2.048/03, nº 1.863/03, nº 1.864/03 nº 2.072/03 – em especial ao Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência, existem 94 serviços implementados/em fase de implementação, com 727
equipes de suporte básico de vida e 190 equipes de suporte avançado de vida. Nessa fase,
já estão sendo atendidos 598 municípios, com uma cobertura de 82.188.798 habitantes.
Observa-se também uma concentração de serviços na região sudeste, a qual detém 42,5%
(310) das equipes de suporte básico instaladas e 43% (82) das de suporte avançado
(Quadro 8). É importante lembrar que a implementação dos SAMU pressupõe a efetiva
regulação das referências e contra-referências nos atendimentos de urgências e não
unicamente o transporte de pacientes às unidades prestadores de assistência à população.

Tabela 3 - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – implantados e implantação – por


região
Região Unidade Suporte Unidade Suporte Nº Municípios População
Básico Avançado Atendidos
Centro-Oeste 89 25 128 8.019.437
Nordeste 195 49 167 19.574.520
Norte 67 16 49 5.8000.819
Sudeste 310 82 134 38.699.206
Sul 66 18 120 10.094.816
Total 727 190 598 82.188.798
Fonte: Coordenação Geral de Urgência e Emergência/DAE/SAS 19/08/05

Quanto às ações a serem desencadeadas em uma pandemia, os protocolos técnicos


devem ser norteadores das linhas de atenção à saúde fornecendo as diretrizes para a
organização racional da rede de assistência à saúde. Dessa forma, deverão ser definidas as
diversas competências no que diz respeito às intervenções necessárias dentre os diferentes
níveis de atenção, a saber: Atenção Básica, Média Complexidade e Alta Complexidade.

36 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
Cabe aos gestores locais, dentro de suas responsabilidades, viabilizar a aplicabilidade
dos protocolos previamente definidos, diagnosticar as necessidades de investimento na
saúde local, bem como garantir os fluxos de atendimento, com plano para referência e
contra-referência, para os usuários acometidos. Sendo assim, a participação e sensibilização
das instâncias gestoras municipais e estaduais (prevendo-se aí a pactuação com o Conselho
Nacional de Secretários Municipais de Saúde e o Conselho Nacional de Secretários
Estaduais de Saúde) é ponto de destaque para impulsionar o componente executivo do
Plano de Contingência para a Pandemia de Influenza no Brasil.

No que diz respeito ao financiamento dentro de uma situação emergencial, há que se


definir a fonte dos recursos, bem como a forma de repasse aos prestadores. Os
investimentos em despesas capitais devem ser efetuados sob o modelo de Celebração de
Contratos e Convênios com o Ministério da Saúde, maneira mais eficiente de assegurar o
acompanhamento dos investimentos realizados. Já para despesas correntes, pode haver a
possibilidade de realizar repasses Fundo a Fundo (Fundo de Ações Estratégicas e
Compensações – FAEC, por exemplo)

Cabe ressaltar que quaisquer ações de Atenção à Saúde devem pautar-se pelos
princípios que regem o Sistema Único de Saúde, notadamente a Descentralização da
Gestão, pois cada esfera de governo dispõe de responsabilidades específicas.

3.3.2. A Organização e Controle de Infecção nos Serviços de Saúde


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, através da Gerência de
Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos (GIPEA), coordena o
Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH), cujas atividades foram
delineadas pela Lei nº 9431, de 6 de janeiro de 1997. Esta lei dispõe sobre a obrigatoriedade
dos hospitais manterem um Programa de Infecção Hospitalar e criarem uma Comissão de
Controle de Infecção Hospitalar (CCIH).

As diretrizes e normas que viabilizaram o planejamento do Programa foram definidas


pela Portaria GM nº 2616, de 12 de maio de 1998. De acordo com esta Portaria, as
Comissões de Controle de Infecções Hospitalares devem ser compostas por membros
consultores e executores, sendo esses últimos representantes do Serviço de Controle de

37 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
Infecção Hospitalar (SCIH) e responsáveis pela operacionalização das ações programadas
do controle de infecção hospitalar.

Nos níveis municipal e estadual, as Comissões Municipais e Estaduais de Controle de


Infecção Hospitalar são responsáveis por coordenar as atividades de controle e prevenção,
em sintonia com as diretrizes nacionais.

Nos serviços de saúde, as CCIH coordenam as ações de vigilância epidemiológica


das infecções hospitalares, supervisionam normas e rotinas técnico-operacionais
relacionadas à prevenção e controle das infecções, capacitam o quadro de funcionários e
profissionais da instituição, desenvolvem ações para o uso racional de antimicrobianos,
germicidas e materiais médico-hospitalares e realizam investigação epidemiológica de casos
e surtos, implementando medidas imediatas de controle, dentre outras atividades.

Recente estudo da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, em


convênio com a ANVISA, foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a organização do
controle de infecções hospitalares, mediante resposta de questionário por gestores de saúde
estaduais, municipais e por dirigentes dos hospitais brasileiros. Nos 26 estados e DF, as
CCIH´s estão formadas e funcionantes, inseridas em diferentes órgãos, a saber: Vigilância
Sanitária, Vigilância Epidemiológica e Atenção à Saúde, exceto nos estados do Amapá, Acre,
Roraima e Santa Catarina. Dos 1009 municípios (17,9%) que responderam o questionário,
todos afirmaram a adoção de ações de controle de infecções pela gestão municipal de
saúde, a partir da publicação da Portaria 2616/98.
Em relação aos serviços de saúde, a incorporação de ações de prevenção e controle
de infecções hospitalares ocorreu de forma heterogênea entre os hospitais estudados, sendo
as ações mais presentes a nomeação de CCIH (76% dos hospitais) e o monitoramento das
internações hospitalares (77%). Ações mais complexas foram menos presentes nas
respostas, como por exemplo, desenvolvimento de programas de controle de infecções
(49%), treinamentos específicos em controle de infecções (44%) e adoção de medidas de
contenção de surtos (33%). Apenas 8% dos hospitais pesquisados indicaram a utilização dos
critérios diagnósticos para infecções hospitalares do NNISS/CDC (Horan TC, 2004),
adotados oficialmente no Brasil desde 1995 e validados em diversos paises. Constatou-se
que em grande parte dos hospitais no país não há laboratórios de microbiologia: 46,29% no
estado do Nordeste, 45,45% no Norte, 41,64% no Centro-oeste, 26,28% no Sul e 24,62% no
Sudeste.

38 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
Com este estudo foi possível observar que o sistema de saúde não conseguiu
incorporar as ações de prevenção e controle das internações hospitalares de forma
homogênea, dentro do modelo das Comissões e de um programa específico para este fim.
Grande número dos hospitais não possui CCIH estruturada, funcionante e capaz de atuar na
investigação e prevenção das infecções hospitalares.
A ANVISA considera que diversas ações devem ser desenvolvidas com o intuito de
garantir a qualidade da atenção à saúde, no que se refere à investigação e controle das
infecções hospitalares: rever o modelo atual de prevenção de infecções hospitalares, em
parceria com gestores estaduais e municipais de saúde, prestadores, sociedade organizada
e usuários; reforçar a atuação de Estados e municípios na descentralização das ações de
controle de infecção; orientar a adequação do monitoramento de infecções relacionadas à
atenção à saúde, com indicadores padronizados e ajustados à necessidade local; incentivar
a reestruturação dos laboratórios de microbiologia no país, com ênfase na padronização de
técnicas de identificação de microrganismos e de determinação da sensibilidade; e direcionar
as políticas de financiamento da atenção à saúde, vinculadas à adoção de medidas de
controle e prevenção de riscos em serviços de saúde.

3.4. A aquisição, comercialização, distribuição e uso de vacina e antivirais contra a


Influenza no Brasil
3.4.1. A vacina contra a Influenza
O contínuo impacto causado pela infecção com o vírus influenza, tanto em
indivíduos de maior risco como na população geral, vem motivando o desenvolvimento de
novas vacinas. Dentre elas, destaque-se o desenvolvimento de vacina de vírus atenuados,
de vacinas inativadas contendo adjuvantes e vacinas produzidas em culturas de células ao
invés de ovos embrionados de galinha. É importante também considerar as estratégias de
vacinação que garantam o acesso dos principais grupos alvos (mais susceptíveis), baseado
nas recomendações da OMS.

No Brasil utilizam-se atualmente vacinas inativadas contra a influenza, que diferem


quanto aos componentes da partícula viral presentes na vacina (Murphy, 1996). Esses
componentes dividem-se em três tipos (Kibourne, 1994), a saber:

– Vacina de vírus inteiros, composta pela partícula viral inteira, inclusive lipídeos da
membrana celular da célula do hospedeiro. Apresenta elevada imunogenicidade e é mais

39 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
reatogênica; não esta indicada para crianças menores de 12 anos de idade, devido à
freqüência de reações febris.

– Vacina fracionada ou “split”, fragmentada pela exposição a detergentes e purificadas de


forma a conter os antígenos de superfície do vírus e algumas nucleoproteínas virais;

– Vacina sub-unitária, que contém apenas as proteínas de superfície hemaglutina e


neuraminidase.

De modo geral, as vacinas do tipo “split” e as vacinas sub-unitária induzem resposta


sorológica semelhante e são menos reatogênicas, sendo seu uso aprovado para crianças
menores de 8 anos de idade. No Brasil é utilizada a vacina de vírus contra influenza
inativados, fracionados e purificados.

O esquema de vacinação com a vacina inativada difere quanto ao número de doses e


o volume a ser administrado, tendo como base a imunogenicidade e a reatogenicidade da
vacina de acordo com a faixa etária. Em crianças menores de oito anos de idade, a resposta
imunológica à vacina é inferior quando comparada a do adulto. Assim, recomenda-se, o
esquema de imunização com duas doses para crianças desta faixa etária, com intervalo
mínimo de um mês entre as doses (Farhat, 2000) (Tabela 1).

Tabela 1- Esquema de administração da vacina contra influenza

Idade Dose (ml) Nº de Doses

6 – 35 meses 0,25 1–2*

3 – 8 anos 0,50 1–2*

≥ 9 anos e adultos 0,50 1

Fonte: CGPNI/DEVEP/SVS (modificada do Farhat, 2000)

(*) Devem ser aplicadas duas doses com intervalo de quatro a seis semanas em crianças menores de nove
anos, quando receberem a vacina pela primeira vez.

A vacina inativada contra influenza é recomendada, desde 1940, como o principal


meio para prevenção da influenza e suas principais complicações, como a pneumonia
bacteriana secundária, a pneumonia viral primária, a exacerbação de doenças crônicas de

40 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
base (pneumopatias e cardiopatias, doenças renais, hipertensão, diabetes e
imunodeficiências) e o óbito. (Fong, 2003).

As mudanças antigênicas constantes dos vírus influenza circulantes requerem


alterações anuais na composição da vacina, de acordo com o padrão de circulação viral
detectado através do Sistema de Vigilância Global da Influenza, coordenado pela OMS, que
define anualmente a composição das vacinas para os Hemisférios Sul e Norte. Após este
processo a vacina entra em fase de produção industrial. Atualmente os vírus das vacinas
inativadas são produzidos em ovos embrionados de galinha e são necessários de quatro a
seis meses para a produção de doses em número suficiente para a demanda mundial.
Existem, no entanto, técnicas de recombinação genética do vírus influenza para a produção
de vacinas, que permitem o encurtamento daquele período.

3.4.1.2. Indicações da vacina contra Influenza no Brasil

O Brasil exerce uma política pública utilizando a estratégia de campanhas nacionais


de vacinação de indivíduos com 60 anos e mais desde 2000, sendo que em 1999 a
população vacinada foi estabelecida na faixa etária de 65 anos e mais. Desde sua
implantação, as coberturas vacinais nas campanhas superaram a meta de 70% em todos os
anos e vêm aumentando o percentual de cobertura vacinal adequada em todos os
municípios brasileiros de 88,43% para 95,42%. No ano de 2005, a campanha de vacinação
alcançou cobertura de 84% dos 10,6 milhões de indivíduos com 60 anos e mais.

A vacina está disponível nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais


(CRIE), para outros grupos considerados de maior risco para as complicações da doença em
decorrência de uma patologia de base: cardiopatias, nefropatia, diabeties mellitus
insulinodependente, cirrose hepática, hemoglobinopatias, portadores de DPOC,
imunocomprometidos ou portadores de HIV, pacientes transplantados e familiares que
estejam em contato com os pacientes anteriormente mencionados. A vacina também está
disponível para população indígena, presidiários e profissionais que trabalham em presídios
e profissionais de saúde.

De acordo com Barros, Daufenbach, Vicente & cols., “Ainda não há estudos
conclusivos sobre o impacto da estratégia de vacinação contra a influenza no Brasil. Dados
preliminares de um estudo realizado para avaliar a eficácia da vacinação (Brondi e cols.,

41 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
2001), utilizando como indicador a carga de morbidade por causas atribuídas à influenza
(influenza, pneumonia e bronquite)* apontam algumas diferenças entre as regiões brasileiras:
comparando-se o número de internações por causas atribuídas a influenza na população
acima de 65 anos de idade, entre os anos 1998 e 2000, observou-se uma redução de 15,4%
de internações na região sul e um aumento de 6,8% na região norte. O uso da análise de
regressão para dados mensais de hospitalização por seis anos indica tendências
heterogêneas, que podem estar associadas com as diferenças na sazonalidade da
circulação do vírus entre regiões que apresentam diferenças climáticas marcantes. Nas
regiões Sul e Sudeste as estações são bem definidas e com clima temperado, enquanto na
região Norte (onde localiza-se a bacia Amazônica) o clima é o tropical, sendo quente e úmido
durante todo o ano. Os resultados deste estudo têm demandado uma discussão mais
aprofundada sobre a necessidade e a viabilidade da adaptação da estratégia de vacinação
contra a influenza atualmente realizada no país, em decorrência das variações sazonais
apontadas acima” (Boletim eletrônico EPIDEMIOLÓGICO - ANO 04 - N° 01 - 02/02/2004)

3.4.1.3. Produção da vacina contra Influenza

A maior capacidade de produção de vacinas para influenza está concentrada na


Austrália, Canadá, França, Alemanha, Japão, Reino Unido, Europa e Estados Unidos (juntos
produziram e distribuíram 262 milhões de doses de vacina em 2003 correspondendo 95% da
vacina contra gripe do mundo neste ano), mas com o advento de uma pandemia será
necessária uma ampliação da produção desta vacina (DAVID, 2005).

No Brasil, como estratégia para garantir a auto-suficiência na produção de


imunobiológicos, foi criado o Programa de Auto-Suficiência Nacional em Imunobiológicos em
1986 (PASNI) pelo Ministério da Saúde, com investimentos de aproximadamente 150
milhões de dólares na modernização das instalações e equipamentos dos laboratórios
públicos produtores de soros e vacinas. Recursos financeiros para ampliação da capacidade
de produção nacional da vacina contra influenza vêm sendo investidos desde 1999, com
ênfase na logística e na transferência de tecnologia para o Instituto Butantan (SP). Foram
investidos R$ 34 milhões pelo MS para a aquisição de equipamentos e cerca de R$ 20
milhões pelo estado de São Paulo para a construção da planta de produção. Todo esse
esforço objetiva a auto-suficiência nacional em 2008.

42 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
O Butantan está concluindo o ensaio clínico da vacina com hidróxido de alumínio, que
permite preparar vacinas com da dose ou menos de antígeno, aumentando, portanto, a
capacidade de produção com a mesma planta física. Os resultados em animais estão
prontos e os dados clínicos estarão prontos em Setembro/2005. O Brasil será pioneiro na
utilização desta técnica, que foi recomendada por outras pesquisas.

3.5.1.6. Desenvolvimento da vacina pandêmica no Brasil

Para produção de vacinas foram estabelecidos mecanismos de distribuição de


estirpes sementes através de centros internacionais de referência da gripe estabelecidos
pela OMS. As estirpe adequadas para semente têm de ter uma estrutura antigênica
adequada, bom desenvolvimento em cultura e ausência de perigo de contaminação para o
pessoal que as manipula. Por outro lado, o grande número de embriões de galinha
necessário constitui uma dificuldade prática. Estão também em estudo medidas para acelerar
os procedimentos de autorização de produção de uma vacina contra a cepa pandêmica.

Ressalta-se que a vigilância epidemiológica é a base para a determinação da


composição da vacina contra a influenza e que os agentes antivirais devem ser considerados
como auxiliares ao uso da vacina (De Jong et al ., 2000).

Em andamento a continuidade desse tópico

3.5.1.7. A Estrutura do Programa de Imunizações no Brasil

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) está vinculado ao Departamento de


Epidemiologia da Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde (DEVEP/SVS/MS),
e tem como objetivo contribuir na prevenção e controle de doenças imunopreveníveis de
relevância epidemiológica no país.

O PNI conta com 25 mil postos públicos de vacinação em todo país, sendo que em
campanhas realizadas anualmente este número chega até 130 mil postos e 38 Centros de
Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs), nas 27 unidades federadas. São
distribuídas aproximadamente 245 milhões de doses de produtos imunobiológicos
anualmente. As ações do Programa utilizam recursos para o suprimento de insumos
(vacinas, soros e demais produtos imunobiológicos), para a suficiência na produção de
vacinas e para a ampliação da rede de frio.

43 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
O armazenamento dos imunobiológicos utilizados pelo PNI nas 27 Unidades
federadas é feito por uma rede de frio, na qual vêm sendo investidos desde 1995 recursos
para construção, adequação e aquisição de equipamentos, visando favorecer uma logística
mais resolutiva de distribuição das vacinas desde os grandes centros urbanos às regiões de
mais difícil acesso (Anexo 7).

Para promover uma melhor qualidade da informação da gestão dos imunobiológicos


no país, o PNI conta com os seguintes sistemas de informação: SI-CRIE, SI-API, SI-EDI e SI-
EAPV. Sendo seus objetivos:

− SI-CRIE: registra as doses aplicadas das vacinas utilizadas nos CRIE, inclusive
contra influenza. Contém dados de identificação, motivo da indicação, doença de
base, doses aplicadas e eventos adversos ocorridos;

− SI–API: registra as doses aplicadas de todas as vacinas, inclusive a vacina contra


influenza, nas salas de vacinação da rede em boletim diário por estabelecimento
de saúde, nas faixas etárias de menor de 1 ano, 1 a 2 anos, 3 a 8 anos, 9 a 12
anos, 13 a 19 anos, 20 a 59 anos, 60 anos e mais.

− SI–EDI: controla a movimentação de imunobiológicos em todo o país, informando


os quantitativos de doses das vacinas adquiridss, distribuídas aos municípios, além
de apresentar consolidado por tipo de perda física (ex: validade vencida, alteração
de temperatura, etc.).

− SI–EAPV: Consolida as notificações de eventos adversos pós-vacinação


temporalmente associados à administração das vacinas. Está implantado nas
secretarias estaduais de saúde que são responsáveis pela entrada de dados de
todos os municípios.

3.5.2. O Uso de Antivirais para a Profilaxia e Tratamento da Influenza

Para a maioria das doenças virais não existe nenhum tratamento específico.
Entretanto, no caso da influenza, já existem algumas medicações disponíveis, com eficácia
tanto para o tratamento quanto para a profilaxia da doença, cujo uso adquire um papel

44 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
estratégico nas fases inicias da influenza pandêmica, havendo evidências de que não
interfira na eficácia das vacinas inativadas contra a influenza.

Existem dois tipos de medicamentos antivirais disponíveis hoje e que exercem seu
papel na prevenção e no tratamento da infecção da influenza:
– Amantadina e Rimantadina, que atuam como os inibidores de canais de íons M2;
Interferem no ciclo reprodutivo da influenza A mas não são eficazes contra a influenza B.
– Zanamivir e Oseltamivir, que atuam inibindo a replicação dos vírus influenza A e B,
classificadops como inibidores de neuraminidase.
A amantadina e Rimantadina têm 70-90% de eficácia na prevenção da infecção por
influenza A. Como terapêutica, quando administradas dentro de dois dias desde o início da
doença, são capazes de reduzir a duração de doença não complicada devido a infecção por
influenza A em aproximadamente um dia, mas ainda não se mostraram capazes de reduzir a
gravidade da doença. Ambas induzem a emergência de cepas virais resistentes, em
particular a Amantadina quando usada para tratamento de casos.
O zanamivir e oseltamivir quando administrados dentro de dois dias desde o início da
doença, são capazes de reduzir a duração das doenças menos graves de influenza A e B em
aproximadamente um dia. Dados atuais sugerem que o desenvolvimento da resistência
durante o tratamento da influenza é menor com o uso de inibidores de neuraminidase do que
com inibidores de canais de íons M2. Estudos recentes sugerem que ambos os inibidores de
neuraminidase são similares na eficácia contra doenças de influenza confirmadas em
laboratório (Anexo 8).

3.5.2.1. Disponibilidade de antivirais no Brasil

Dos antivirais recomendados para a profilaxia e tratamento da influenza, três estão


disponíveis no Brasil, que são:
Amantadina:
– Registrado como antiparksoniano, recomendado para profilaxia
– Nome Comercial: Mantidan
– Laboratório produtor: Eurofarma Laboratórios LTDA
– Apresentação: comprimidos 100 mg
Rimantadina:
– Não é registrado no Brasil

45 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
– Recomendado para profilaxia e tratamento
– Apresentação: Frascos de 120 ml (50 mg/5ml)
– Nome Comercial : Flumadine (Estados Unidos)
– Laboratório produtor : Forest Labs
Oseltamivir:
– Registrado como antivirótico, recomendado para profilaxia e tratamento
– Nome Comercial: Tamiflu
– Laboratório produtor : Roche
– Apresentação: comprimidos de 75mg
Zanamivir:
– Registrado como antivirótico, recomendado tratamento
– Nome Comercial: Relenza Diskhaler
– Laboratório : Glaxo Wellcome S.A
– Apresentação: pó inalante
Os inibidores de neuraminidase têm o custo mais elevado que os inibidores de canais
de íon M2.
A segurança no abastecimento é uma questão que precisa ser discutida já que o
suprimento existente de antivirais é limitado no mundo inteiro, além de ser primariamente
distribuído pelo setor privado. Espera-se que o suprimento global de antivirais seja
rapidamente consumido no início de uma pandemia. Ainda está por discutir as prioridades no
suprimento e na distribuição e a diversidade de antivirais disponíveis para o uso da saúde
pública durante uma pandemia. Intervenções antiviróticas deverão priorizar populações
específicas, dado que o suprimento esperado será menor que a demanda esperada.

3.5.2.2. Planejamento para a Distribuição e Uso de Antivirais


Uma intervenção bem sucedida com antivirais demandará:
– Um suprimento seguro;
– Uma distribuição bem planejada e um sistema de monitoramento sob a Responsabilidade
da esferas federal, estadual e municipal;
– Habilidade para atingir os grupos prioritários
– A disponibilidade de testes de diagnóstico rápido;
– Aumento na vigilância para detectar o vírus, a resistência do vírus aos antivirais e efeitos
adversos associados aos medicamentos;

46 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
– Orientações clínicas para o uso apropriado de antivirais;
– Protocolos de estudo para aumentar a eficiência de antivirais no tratamento e profilaxia
durante uma pandemia;
– Comunicação eficaz e materiais educativos acerca de antivirais para os trabalhadores da
saúde e o público em geral.

CAPÍTULO 4
Período Interpandêmico
Neste capítulo, priorizam-se as atividades de rotina relacionadas a prevenção,
vigilância e o controle da influenza, e da execução de algumas atividades essenciais para a

47 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
preparação de uma pandemia de influenza, em particular no que se refere ao planejamento
da infra-estrutura necessária para os períodos seguintes. Este planejamento inclui a projeção
do número de leitos necessários, incluindo leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) e de
isolamento, para os diferentes períodos da pandemia; a listagem de serviços de referência
para as fases iniciais; a previsão de serviços alternativos que possam ser utilizados; o cálculo
de quantidade e custo de equipamentos de proteção individual (EPI) e material para limpeza,
desinfecção e esterilização de artigos e ambientes, dentre outros.
As atividades serão distribuídas por fases e descritas em componentes, como
vigilância, laboratório, rede de assistência básica e hospitalar, uso de vacinas e antivirais e
comunicação.
Fase 1
As recomendações para este nível são manter as atividades de rotina da vigilância,
prevenção e controle da influenza.
Vigilância Humana
− Manter a vigilância da influenza de rotina e ampliá-la com o intuito de dar maior cobertura
nacional;
− Avaliar periodicamente a vigilância da influenza no Brasil, buscando aprimorar a vigilância
nos municípios e estados que não estão funcionando adequadamente;
− Investigar surtos em comunidades fechadas e/ou com a notificação de casos graves,
juntamente com as secretarias municipais e estaduais de saúde;
− Aprimorar a interface técnica com a vigilância da influenza animal, para a notificação da
morte de aves em local que esteja ocorrendo surto de influenza em humanos, bem como
para a notificação desses surtos em locais de criação de aves e suínos;
− Colaborar com os inquéritos de influenza em aves migratórias, juntamente com o MAPA e
IBAMA;
− Aprimorar a análise de dados de internação hospitalar e mortalidade por influenza e
causas atribuíveis;
− Avaliar o impacto da vacinação contra influenza em parceria com a coordenação geral do
Programa Nacional de Imunizações;
− Aprofundar estudos sobre a sazonalidade da circulação dos vírus influenza em distintas
regiões brasileiras;
− Avaliar a efetividade do uso de antivirais em situações de surtos de comunidades
fechadas;
48 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
− Ampliar a divulgação de informações epidemiológicas de influenza, morbidade e
mortalidade associadas, por meio do site do Ministério da Saúde, associações de classe;
artigos e boletins epidemiológicos, eventos científicos, entre outros;
− Monitorizar a situação epidemiológica mundial;
− Contribuir para a vigilância mundial da influenza

Laboratório
- Assessoria/supervisão em Estados à rede de laboratórios nacionais que integram o
sistema de vigilância epidemiológica da influenza
- Capacitação para os técnicos de bancada que fazem o diagnóstico de Influenza nos
Estados.
- Apoio ao treinamento de coleta de amostras realizado pelos LACEN para os profissionais
de saúde das unidades sentinelas que tenham problemas na qualidade das amostras
coletadas.
- Descentralização da técnica de cultivo celular para o Estado do RS.
- Implantação do diagnóstico da Influenza (IFI) no laboratório de fronteira de
Uruguaiana/RS.
- Garantir (disponibilizar aquisição de insumos, kits e equipamentos) a manutenção das
atividades de diagnóstico laboratorial da influenza nos Estados.

Vigilância Animal
Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Atenção Básica
- Conhecimento da área e a realidade das famílias adscritas, identificando os problemas
mais comuns aos quais aquela população esta exposta e os principais grupos de risco.
- Executar de acordo com a qualificação de cada profissional, os procedimentos básicos de
vigilância epidemiológica e sanitária, de acordo com a realidade epidemiológica da sua
área (notificação e investigação de casos, bloqueios de transmissão de doenças
infecciosas com vacinas e/ou quimioprofiláticos, etc.).
- Mapeamento das escolas, creches, asilos e outras unidades de interesse em suas áreas
de abrangência.

49 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
- Capacitação/atualização técnica periódica em relação à situação epidemiológica, manejo
e vigilância de infecções respiratórias agudas
- Participar das campanhas anuais de vacinação da influenza
- Estimar necessidade de tratamento ambulatorial de pneumonias comunitárias
- Implementar processo de avaliação da Atenção Básica e de sua adequação ao perfil
epidemiológico a nível local.
- Promover ações intersetoriais e parcerias com organizações formais e informais
existentes na comunidade para o enfrentamento conjunto de problemas identificados.

Rede de Assistência - Atenção Hospitalar


Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Rede de Assistência – Controle de Infecção Hospitalar


- Capacitar/atualizar profissionais de saúde quanto às normas de controle de infecção em
serviços de saúde, EPI, desinfecção e esterilização de artigos médicos e limpeza de
ambientes (Anexo 4).
- Organizar uma reserva nacional de equipamento de proteção individual (EPI) e métodos
diagnósticos para uma rápida distribuição nos serviços de saúde, se necessário.
- Avaliar a morbidade e mortalidade por influenza (cepas atuais) para calcular as
necessidades adicionais nos serviços (número de leitos, EPI, serviços alternativos, etc.) e de
profissionais de saúde durante uma pandemia.
- Identificar os estabelecimentos que atendam às exigências de organização, infra-estrutura e
isolamento que irão compor a rede de serviços de referência para atendimento de pacientes
com suspeita de infecção pela nova cepa de influenza (Anexo 10).

Imunização
– Estudar a viabilidade de flexibilizar a vacinação contra a influenza na região Norte do
país, com base nas evidências disponíveis;
– Implementar estratégias, em parceria com os programas de DST/AIDS, Saúde no
Sistema Penitenciário/DAPE/SAS, DESAI/FUNASA, Sociedades Científicas e Comissão
de Mobilização, para aumentar a cobertura vacinal em indivíduos pertencentes aos
grupos de risco já definidos;

50 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
– Desenvolver estratégias para obter estimativas do quantitativo de populações especiais a
serem vacinadas;
– Implementar a divulgação das indicações dos imunobiológicos especiais existentes e o
endereço dos CRIE junto às Associações de Classe; Conselhos de Classe e
Organizações Não Governamentais (ONGs), utilizando materiais informativos como
volantes, folder, cartazes, cartilhas, etc.
– Realizar encontros para discutir os eventos adversos pós-vacinação com representantes
de laboratórios produtores nacionais, ANVISA, sociedades científicas, MPU;
– Investigar e acompanhar eventos adversos temporalmente associado a vacina contra
influenza;
– Levantar o quantitativo atual de recursos humanos envolvidos nas ações de vacinação;
– Recomendar e vacinar com a vacina trivalente os profissionais sob maior risco de
exposição à influenza (Profissionais de Saúde);
– Fortalecer a ação de capacitação ou atualização de recursos humanos em sistema de
informação do Programa Nacional de Imunizações, sala de vacina e rede de frio nos
estados brasileiros.
– Investir recursos financeiros pelo Ministério da Saúde para a construção do prédio e
aquisição de equipamentos para a produção da vacina no Instituto Butantan (previsão de
conclusão em março de 2006);
– Garantir fornecimento de ovos embrionados para a produção de vacinas, por meio de
contatos com associações de produtores e elaborar, juntamente com os demais órgãos
afins, as normas técnicas para produção nacional de ovos livres de micro organismos (em
andamento);
– Garantir pelo menos 6 a 8 fornecedores de ovos embrionados livres de micro organismos
(necessidade progressiva até número total de 220.000 ovos por dia por 25 dias, dentro de
5 anos)
– Participar de reuniões internacionais, já agendadas (setembro e outubro de 2005) para
discutir a produção da vacina contra influenza pandêmica.
– Investir na construção e ou adequação da Rede de Frio no território Nacional, e na
aquisição de equipamentos para favorecer uma logística mais resolutiva de distribuição
das vacinas com segurança no país.

51 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
– Definir fluxo de distribuição de vacinas do produtor Instituto Butantan para os estados e
municípios, otimizando o tempo de chegada de vacinas aos locais de uso e capacidade
de armazenamento;
– Fazer levantamento da capacidade atual de armazenamento de vacinas em câmaras frias
nos estados e da necessidade de adequação das Centrais de Rede de Frio;
– Levantar junto aos Coordenadores Estaduais de Imunizações a capacidade instalada e a
necessidade de caixas termoconservantes, gelo e termômetros para uso na ponta,
avaliando a responsabilidade de aquisição;
– Avaliar o custo e benefício de uso da fita térmica (3M) ou termômetro digital nas caixas
térmicas para o monitoramento de temperatura no transporte de vacinas;
4. Registro de dados e geração de informações
– Proceder o registro de dados e geração de informações utilizando o SI-PNI;
– Disponibilizar informações do SICRIE para avaliação da população vacinada contra
influenza, nestas salas de vacina, identificando motivo da indicação, diagnóstico de base,
faixa etária e sexo;
– Disponibilizar dados de doses aplicadas contra influenza nas ações de campanha e em
situações especiais, por sala de vacina, município, regional e estado;
– Implementar o registro diferenciado das doses da vacina contra influenza nos CRIES,
com atualizações constantes dos técnicos de saúde e usuários do sistema do sistema de
informação;
– Fortalecer a utilização do boletim diário padronizado de doses aplicadas contra influenza
para registro no API.

Manejo clínico e uso de antivirais/antimicrobianos


Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Comunicação
Ação: mobilização para a vigilância de casos
Sensibilização dos públicos que viajam para as regiões do Oriente de onde se suspeita deve
surgir a cepa pandêmica
- avicultores
- importadores/exportadores
- esportistas

52 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
- companhias aéreas e marítimas

Fase 2
Recomenda-se nesse nível, iniciar o processo de preparação ou de revisão do Plano
de contingência; adequar as estratégias da vigilância da influenza animal; fortalecer e
aperfeiçoar a vigilância epidemiológica da influenza em escala nacional.

Vigilância da influenza humana


- Manter, avaliar e aprimorar as ações da Fase 1
− Ampliar a divulgação de informações epidemiológicas de influenza, morbidade e
mortalidade associadas, por meio do site do Ministério da Saúde, associações de classe;
artigos e boletins epidemiológicos, eventos científicos, entre outros;
− Avaliar, em conjunto com os órgãos de meio ambiente e o MAPA, o risco de
disseminação via rota de aves migratórias;
− Iniciar o processo de preparação ou de revisão do Plano de contingência;

Laboratório
- Manter, avaliar e aprimorar as ações da Fase 1
- Criar e manter intercâmbio com outros centros laboratoriais internacionais para a
Influenza, especialmente os existentes nas Américas.
- Análise da situação dos laboratórios dos Estados: CE, MG, MS e AM, visando a
implantação da técnica de Cultivo Celular nestes locais.
- Identificar quais os LACEN poderiam realizar técnicas de biologia molecular, com intuito
de auxiliar os trabalhos dos Laboratórios de Referência.
- Aprimorar e garantir condições para a realização das técnicas de biologia molecular nos
laboratórios de referência.
- Implementar reuniões entre laboratórios de Influenza humana e animal (MAPA) para
discutir e definir ações conjuntas de diagnóstico laboratorial do vírus Influenza.

Vigilância da influenza animal


Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Rede de Assistência - Atenção Básica


- Manter, avaliar e aprimorar as ações da Fase 1

53 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
Rede de Assistência - Atenção Hospitalar
Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Rede de Assistência – Controle de Infecção Hospitalar


- Manter, avaliar e aprimorar as ações da Fase 1

Imunização
- Manter, avaliar e aprimorar as ações da Fase 1
– Ampliar a cobertura vacinal em grupos de risco;
– Apoiar tecnicamente aos estados na preparação dos planos nacionais de prontidão para
pandemia, incluindo diretrizes sobre a logística existente a necessidade de operação
emergencial para a execução de estratégias e a estimativa de demanda para vacinas em
diversos cenários pandêmicos;
– Dar continuidade e assegurar a capacitação e ou atualização dos profissionais de saúde
envolvidos nas ações de imunizações.
– Otimizar o processo de coleta de líquido alantóide e o processo de purificação do ovo
embrionado a fim de conseguir produzir duas doses de vacina por ovo;
– Realizar Curso de Manejo de Equipamento de Refrigeração à Energia Solar para Nível
Médio (40 horas);
– Realizar supervisão na Rede de Frio dos estados do PI, PE, MA, AP, ES, GO, RN e SP;

Manejo clínico e uso de antivirais/antimicrobianos


Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Comunicação
Ação:
- alerta em aeroportos, portos e fronteiras
- divulgação das precauções que os viajantes devem ter e como agir em caso de sintomas
- intensificação das ações do nível 1

54 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
CAPÍTULO 5
Período de Alerta Pandêmico
Neste capítulo, priorizam-se as atividades que devem ser desenvolvidas no período de
alerta pandêmico, que consiste em ações e atividades essenciais na preparação do plano
atual, treinamento, divisão de responsabilidades durante uma pandemia, exercícios de
simulação para testar o plano, comunicação e outras interfaces.

55 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
É necessária a estruturação de hospitais de referência para detecção precoce,
tratamento e medidas de isolamento, além do treinamento dos profissionais de saúde que
atuam na rede básica quanto ao fluxo de referência e ao estabelecimento precoce de
medidas de controle de infecção e isolamento. Medidas de controle de infecção nos serviços
de saúde devem ser precocemente difundidas a fim de prevenir a transmissão em ambiente
hospitalar para outros pacientes ou para profissionais de saúde. Os profissionais de saúde
devem ser treinados precocemente quanto ao diagnóstico e tratamento adequado e para a
utilização correta de equipamentos de proteção individual (EPI), desinfecção e esterilização
de artigos hospitalares e limpeza de ambientes (Anexo 4).

Fase 3
Recomenda-se nesse nível acelerar o processo de preparação ou de revisão do
Plano; manter o sistema de vigilância em alerta para a detecção, notificação e investigação
oportunas de formas graves de doença respiratória em pessoas oriundas da região afetada.

Vigilância da influenza humana


− Intensificar as ações da Fase 2
− Divulgar, em parceria com o MAPA e a ANVISA, alerta aos viajantes que se dirigem ou
que retornam de áreas afetadas.
− Acelerar o processo de preparação ou de revisão do Plano;
− Manter o sistema de vigilância em alerta para a detecção, notificação e investigação
oportunas de formas graves de doença respiratória em pessoas oriundas da região
afetada;
− Implementar o processo de acompanhamento e avaliação da vigilância da influenza no
Brasil, incluindo a situação de resistência das cepas epidêmicas aos antivirais em uso no
país;
− Aprimorar a análise de dados de internação hospitalar e mortalidade por influenza e
causas atribuíveis;

Laboratório
- Elaborar protocolos para a identificação da nova cepa no Brasil.
- Aprimorar a capacitação, no IAL, dos técnicos dos Estados: CE, MG, MS e AM na técnica
de cultivo celular.

56 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
- Levantar a situação de biossegurança nos LACEN
- Programar treinamento para os LACENs, com laboratório nível 2 e 3, capacitando-os
para a detecção da cepa pandêmica.
- Avaliar, em conjunto com a ANVISA, a agilização dos meios para viabilizar, em tempo
hábil, a entrada de reativos e insumos laboratoriais doados pela OMS ou outros países
para a caracterização antigênica e genética das cepas detectadas no Brasil.
- Articulação com o Laboratório de Cultivo Celular/IAL para que forneçam células (MDcK)
para os laboratórios capacitados na técnica de cultivo celular da rede de vigilância da
Influenza, no período da pandemia.
- Criar intercâmbio de informações técnicas entre laboratórios de Influenza humana e
animal (MAPA), especialmente na América do Sul e que fazem fronteiras com o Brasil.
- Assegurar o suprimento de kits diagnóstico rápido para os Portos e Aeroportos que
atendem passageiros de viagens internacionais.
- Elaborar manual de biossegurança para a manipulação e transporte da cepa pandêmica e
disponibilizar para toda a rede de vigilância da Influenza do Brasil.
Vigilância da influenza animal
Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Rede de Assistência - Atenção Básica


- Manter e aprimorar as ações da fase anterior
Rede de Assistência - Atenção Hospitalar
Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Rede de Assistência – Controle de Infecção Hospitalar


- Manter e aprimorar as ações da fase anterior

Imunização
– Manter e aprimorar as atividades da fase anterior
– Desenvolver tecnologia para a produção de vacinas para os vírus circulantes,
assegurando linha de produção de vírus semente e reagentes de potência de vacina
trivalente;
– Produzir vacinas contra influenza no Instituto Butantan (Proposta de atingir a auto-
suficiência até 2008);

57 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
– Avaliar junto a ANVISA a necessidade de estudos clínicos para registro da vacina de
produção nacional (prova de equivalência e efetividade) quando o produto estiver em
fases 2 e 3;
– Registrar a vacina no Brasil através de requerimentos junto a ANVISA;
– Registrar a vacina contra influenza de produção pelo Instituto Butantan na OMS.
– Avaliar se o fluxo de distribuição direto do Instituto Butantan para a Região Sul e Sudeste
otimizaria o tempo de distribuição;
– Atender as áreas de difícil acesso com geladeiras mantidas a energia solar;
– Estabelecer estratégias e normas de armazenamento para as áreas de difícil acesso;

Manejo clínico e uso de antivirais/antimicrobianos


Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Comunicação
- Manter, avaliar e aprimorar as ações das fases anteriores.

Fase 4

Recomenda-se nesse nível a conclusão da elaboração ou da revisão do Plano de


acordo com o cenário epidemiológico mundial; manter o sistema de vigilância em alerta para
a detecção, notificação e investigação oportunas de formas graves de doença respiratória em
pessoas oriundas da região afetada em áreas estratégicas (grandes centros urbanos, portos
e aeroportos internacionais, entre outros); planejar e realizar a simulação das ações
emergenciais previstas no Plano.

Vigilância da influenza humana


− Manter, avaliar e aprimorar as ações da fase anterior
− Obter e divulgar o máximo de informações clínica e epidemiológica sobre os casos e seus
contatos na região afetada;
− Concluir a elaboração ou revisão do Plano de acordo com o cenário epidemiológico
mundial;
− Manter o sistema de vigilância em alerta para a detecção, notificação e investigação
oportunas de formas graves de doença respiratória em pessoas oriundas da região

58 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
afetada em áreas estratégicas (grandes centros urbanos, portos e aeroportos
internacionais, entre outros);
− Planejar e realizar a simulação das ações emergenciais previstas no Plano
− Elaborar ou aprimorar protocolo para investigação de casos suspeitos em viajantes;
− Elaborar proposta e material para treinamento emergencial para equipes de vigilância
epidemiológica

Laboratório
- Manter, avaliar e aprimorar as atividades da fase anterior
- Agilizar o fornecimento de kits e insumos para os laboratórios.
- Assegurar o suprimento de ovos embrionados para a replicação viral nos laboratórios de
referência.
- Análise da situação dos laboratórios de fronteiras para possível implantação da vigilância
laboratorial e epidemiológica da Influenza nos locais: Oiapoque/AP, Tabatinga/AM, Foz
do Iguaçu/PR, Guajará-Mirim/RO e Pacaraima/RR.
- Elaborar e proporcionar o treinamento de novos técnicos de laboratório agregados ao
trabalho, capacitando-os para o diagnóstico de Influenza (IFI).

Vigilância da influenza animal


Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Rede de Assistência - Atenção Básica


Manter, avaliar e aprimorar as atividades da fase anterior.

Rede de Assistência - Atenção Hospitalar


Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Rede de Assistência – Controle de Infecção Hospitalar


Manter, avaliar e aprimorar asa ações da fase anterior.
Atualizar as medidas de controle de infecção se necessário.

59 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
Avaliar a capacidade de assistência (número de leitos, isolamentos, etc.) e definir estratégias
alternativas para isolamento e tratamento dos pacientes.

Imunização
– Manter, avaliar e aprimorar as atividades da fase anterior
– Avaliar e discutir a necessidade de eventual de expansão da área física da planta de
produção (área de incubação), capacidade em cerca de 25 a 30 milhões de doses, após a
otimização do processo produtivo com rentabilidade ótima. Para responder a necessidade
de doses em uma pandemia deve-se avaliar a identificação do vírus circulante e
rentabilidade no processo produtivo;
– Garantir fundos de reserva financeira para a realização de estudos rápidos de eficácia e
segurança de uma nova vacina pandêmica sobre os grupos alvo;
- Definir grupos antecipadamente para a vacinação com a vacina pandêmica monovalente

Manejo clínico e uso de antivirais/antimicrobianos


Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Informação, Comunicação e Mobilização Social


Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Fase 5

Nesta fase, considerada como intermediária entre a disseminação de uma cepa


pandêmica a nível mundial (incluindo países de fronteira) e sua detecção no país,
recomenda-se disparar nível de alerta máximo no país para a detecção, a notificação e a
investigação precoces de casos suspeitos oriundos das áreas afetadas, em pontos
estratégicos do território nacional.

Vigilância da influenza humana


− Acionar os mecanismos previstos no CIEVS
− Aumentar a sensibilidade do sistema de vigilância epidemiológica
− Montar e fazer capacitação específica para grupo de especialistas que auxiliarão na
investigação de casos suspeitos em qualquer ponto do território nacional (inclui técnicos

60 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
da vigilância de doenças de transmissão respiratória, egressos e atuais treinandos do
EpiSus, pneumologistas e infectologistas);
− Implementar, em conjunto coma ANVISA, plano emergencial de vigilância em portos,
aeroportos e fronteiras.
− Intensificar os mecanismos de produção e disseminação de informações epidemiológicas

Laboratório
- Identificar laboratórios municipais, de Universidades Federais e Estaduais e da rede
privada que poderão ser integrados como colaboradores na rede de vigilância da
Influenza, realizando a técnica de IFI.
- Elaborar orientações aos profissionais de laboratório sobre a utilização correta e
necessária de EPIs durante a pandemia.
- Assegurar o fornecimento de EPIs para todos os profissionais de laboratório que estarão
analisando as amostras da cepa pandêmica.
- Capacitar alguns LACEN nas técnicas de biologia molecular, para que estes auxiliem os
laboratórios de referências, durante a pandemia.
- Capacitar os laboratórios da rede municipal, das Universidades e rede privada que
estejam aptos para realizar o diagnóstico da Influenza (IFI).
- Assegurar agilização de insumos para o LACENs e Laboratórios de referências.
- Intensificar o intercâmbio com a OMS e outros laboratórios internacionais para obtenção
de painel com a cepa pandêmica.

Vigilâncias Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Imunização
– Manter, avaliar e aperfeiçoar as ações da fase anterior, com ênfase na produção e/ou
aquisição de vacinas contra a cepa pandêmica
– Reunir com os técnicos da CGPNI para criar indicadores que favoreçam a avaliação das
estratégias de vacinação durante a pandemia, a fim de garantir ajustes das mesmas se
necessárias, compreendendo distribuição, armazenamento e serviços;

61 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
Controle de Infecção
- Manter, avaliar e aprimorar as medidas do período anterior.
- Avaliar a capacidade dos serviços de saúde quanto ao número de leitos e isolamentos.
- Capacitar os profissionais de saúde e gestores para detecção de novos casos e controle
de infecção em serviços de saúde.
- Verificar a execução dos procedimentos de controle da infecção para evitar a transmissão
intra hospitalar.

Atenção Básica

- Manter, avaliar e implementar s ações da fase anterior.


- Atuar na disseminação de informações, orientando o público sobre os riscos de
transmissão e as formas de evitá-la.

Atenção Hospitalar
Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Imunização
– Intensificar o processo de preparação para a vacinação, quando a vacina contra a cepa
pandêmica estiver disponível: preparar boletins de registro de doses para situações de
surtos ou epidemias para a vacina contra influenza e estabelecer formas de fluxo de
informação; realizar reuniões com a equipe do DATASUS para discutir e adequar os SI –
PNI para o registro de dados e fluxo de informação sobre vacinação contra influenza para
outras faixas etárias; realizar treinamento para o Grupo de Apoio do SIPNI,
Coordenadores Estaduais de Imunizações e Supervisores; definir instrumento de coleta
de dados que possibilite a análise durante a pandemia (SI-PNI), para garantir a
confiabilidade dos dados dos sistemas de informação do PNI;

Vigilância de portos, aeroportos e fronteiras.


Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Fase 6
Esta fase contempla exclusivamente a detecção da cepa pandêmica em território
nacional. Recomenda-se nesse nível, disparar nível de alerta máximo no país para a
62 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
detecção, a notificação e a investigação precoces de casos suspeitos em qualquer ponto do
território nacional.

Vigilância da influenza humana


− Manter e aprimorar as ações do período anterior.
− Rever e ampliar a divulgação do protocolo para investigação de casos suspeitos
− Aprimorar a vigilância para identificar e investigar surtos e/ou “clusters” ou aglomerados
de casos graves
− Divulgar o alerta para empresas e escolas avaliarem absenteísmo e notificarem as
secretarias municipais, estaduais e nível federal;
− Divulgar amplamente informações sobre quais os procedimentos que devem ser
adotados frente a um caso suspeito de infecção por um novo subtipo viral.
− Adotar medidas de bloqueio de transmissão do caso primário e casos secundários;
− Acionar a Defesa Civil Nacional para a avaliação conjunta da necessidade de suspender
as atividades de caráter coletivo.

Laboratório
- Manter e intensificar as ações do período anterior

Vigilância da influenza animal


Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Defesa Civil
Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Rede de Assistência - Atenção Básica


Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Rede de Assistência - Atenção Hospitalar


Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Rede de Assistência – Controle de Infecção Hospitalar

63 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
- Manter e aperfeiçoar as ações da fase anterior

Imunização
– Manter, aperfeiçoar e intensificar as ações da fase anterior.

Manejo clínico e uso de antivirais/antimicrobianos


Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Comunicação
- anúncio da situação com alerta de onda epidêmica no país
- veiculação de anúncios e matérias com avaliações das ações tomadas nas fases
anteriores e alerta para nova onda
- divulgação das medidas de contenção
- intensificação das ações dos níveis anteriores

Mobilização Social
Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

CAPÍTULO 7
Período Pandêmico

Neste capítulo, priorizam-se as atividades que devem ser desenvolvidas no período


pandêmico, que consiste em ações e atividades essenciais para controlar a pandemia e
minimizar seus efeitos diretos, como morbidade e mortalidade, incluindo informações sobre
uso de vacinas e antivirais (profilaxia e tratamento), e seus efeitos indiretos, como ruptura
social. No período pandêmico, todos os serviços de saúde, desde a rede básica até os

64 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
hospitais de alta complexidade, devem estar preparados para receber e tratar
adequadamente pacientes infectados. É necessário prever ainda inclusão de serviços
alternativos para o acolhimento e tratamento de pacientes, caso haja a saturação da
capacidade dos serviços atualmente disponíveis, bem como o treinamento de voluntários
para suprir a demanda de recursos humanos.
O foco desse capítulo é envolver uma série de atividades que deverão ser
desenvolvidas, muitas vezes, de forma simultânea e harmoniosamente para responder a
uma pandemia.
As atividades serão descritas em componentes, como vigilância, laboratório, rede de
assistência básica e hospitalar, uso de vacinas e antivirais e comunicação.

Fase 7
Esta fase corresponde a disseminação da epidemia em território nacional, quando as
ações devem ser voltadas para minimizar a morbidade, a mortalidade e o impacto econômico
e social.

Vigilância da influenza humana


− Ampliar a divulgação do protocolo de manejo clínico, profilaxia e tratamento com antivirais
para grupos específicos;
− Implementar sistema simplificado de vigilância epidemiológica para monitorizar a curso da
pandemia por município, estado e região, de acordo com grupos etários;
− Divulgar informações para a população em geral e para profissionais de saúde;
− Colaborar com as organizações internacionais e países fronteiriços;
- Implementar, em conjunto coma ANVISA e DAF, protoclos de avaliação de resistência
aos antivirais.

Laboratório
- Tornar ágil o fornecimento de reagentes e insumos para todas as instâncias da rede de
vigilância da influenza (unidades sentinelas, LACEN e LRN) em todos os Estados do
Brasil, preferencialmente os mais afetados.
- Implantação do teste rápido (Screening) para o diagnóstico da nova cepa do vírus
Influenza, nos primeiros casos suspeitos, nas diferentes regiões do país, onde ocorrer
grande número de suspeitos.

65 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
- Coletar todas as amostras dos primeiros casos suspeitos de Influenza, em todos os
Estados do Brasil.
- Em situações especiais e para confirmar a circulação de nova cepa no Brasil, coletar
espécimes como soro, lavado bronco-alveolar e tecido pulmonar (inclusive "pos -
mortem").
- Após a comprovação da cepa pandêmica no Brasil, coletar amostras de casos muito
graves para confirmar a análise genômica em relação a mutações, etc.
- Uma vez comprovada a circulação da cepa pandêmica no país, promover apenas a coleta
de amostragens nas regiões onde o vírus se manifestar. Objetivando o monitoramento da
circulação da cepa viral no Brasil.
- Coletar amostras após o uso de antiviral para análise do comportamento da nova cepa
(resistência ou não) ao tratamento.

Vigilância da influenza animal


Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Defesa Civil
Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Rede de Assistência - Atenção Básica


- Reforçar as junto aos profissionais as normas de manejo emergencial de doenças de
transmissão respiratória e sobre a realização de triagem na demanda aos ambulatórios
para a referência de casos realmente graves
- Atuar na disseminação de informações, orientando o público sobre os riscos de contagio
e as formas de evitá-lo.
- Manter avaliação constante em unidades de risco em suas áreas de abrangência, como
escolas, creches, asilos e outros.
- Auxiliar as outras instâncias no monitoramento do padrão clinico- epidemiológico
- Atuar em intervenções não farmacológicas.
- Atuar na execução da campanha de vacinação tão logo estejam disponíveis
- Reestruturar os serviços de saúde para que tenham condições de atender a demanda,
providenciando a reposição de materiais e medicamentos para que possam dar

66 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
atendimento de qualidade a usuários que necessitarem, mantendo sempre a equipe bem
informada quanto aos protocolos de tratamento e encaminhamento.

Rede de Assistência - Atenção Hospitalar


Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Rede de Assistência – Controle de Infecção Hospitalar


- uso de quartos privativos com pressão negativa na medida do possível em pacientes com
suspeita ou confirmação de influenza. Muitos hospitais encontram dificuldades logísticas
e limitações físicas quando recebem um grande número de pacientes com suspeita de
influenza durante surtos na comunidade. Se não existem quartos privativos disponíveis
em número suficiente, considerar isolamento por coorte (ou seja, separar os pacientes
por tipo de doença/agente etiológico) ou pelo menos evitar quartos compartilhados com
pacientes de alto risco. (Anexo 4) apresenta as medidas de precaução recomendadas,
considerando a transmissão por gotícula.
- No período pandêmico, ocorre transmissão acentuada e contínua na população em geral,
de modo que todos os serviços de saúde devem estar preparados para receber pacientes
com suspeita de influenza, utilizando adequadamente as medidas de precaução
apresentadas no Anexo 4.
- Avaliar a repercussão nacional quanto à capacidade dos serviços de saúde (número de
leitos, isolamentos, etc.), profissionais de saúde e uso de serviços alternativos.
- Aplicar em sua totalidade as ações de emergência para os serviços de saúde em todos
os níveis: apoio adicional de trabalhadores e voluntários, prover apoio médico e extra-
médico para as pessoas enfermas em serviços alternativos e prover apoio social e
psicológico aos profissionais de saúde, pacientes e comunidade.

Imunização (após a disponibilidade de vacina contra a cepa pandêmica)


– Primeiro momento, priorizar:
o autoridades nacionais,
o trabalhadores da saúde,
o trabalhadores das forças armadas, da defesa civil,
o trabalhadores dos transportes (portos rodoviários, aeroportuários, fronteira),

67 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
o trabalhadores de minas e energia, da limpeza urbana, responsáveis pelo
abastecimento de água, de telecomunicações, insumo alimentícios, ou seja, os
que compõe os serviços essenciais.
o vacinar também os portadores de condições clínicas de risco (doenças
crônicas, imunodeficiências e outros).
- Segundo momento: vacinar operários, funcionários de fabricas, empresa, repartições
públicas.
– Terceiro momento: crianças e jovens, se a cepa circulante for N2, devido a circulação
que ocorreu antes de 1968; assim o maior risco de doença grave seriam nos menores de
36 anos, pois não teriam imunidade cruzada se expostos a esta cepa.
Se a cepa circulante for H5, H6, H7 ou H9, o risco é igual de toda população em
relação à gravidade da doença, pois não circulou em humanos. Neste caso, priorizar os
trabalhadores de serviços essenciais para que o país possa continuar funcionando.
– Estabelecer negociações e acordos para a compra de concentrados ou produto acabado
já iniciado com subtipo pandêmico, para envase no Brasil (dependendo da
disponibilidade);
– Criar estratégias e normas de armazenamento, distribuição e administração da vacina
pandêmica tendo como base as referencias sobre a vacina já existentes;
– Investigar e acompanhar os eventos adversos temporalmente associados à vacinação;
– Avaliar a necessidade de extensão da vacinação para os contatos diretos dos casos
detectados e disponibilidade de vacinas para a operacionalização da mesma;
– Avaliar continuamente o quantitativo de recursos humanos e necessidade de ampliação
para o desenvolvimento das ações de imunizações;
– Criar mecanismos efetivos para a mobilização de recursos humanos, capaz de dar
respostas rápidas em vacinação (cartilhas, volantes informativos);
– Fortalecer parcerias com PSF, ANVISA, associação de aposentados na área de
profissionais de saúde, para posterior recrutamento de recursos humanos para a vacinação
do grupo alvo;
– Proceder capacitações rápidas sobre conservação de imunobiológicos e vacinação contra
influenza para os recursos humanos recrutados para as ações de imunizações;
– Elaboração de documento técnico para a vacinação na pandemia e realizar a capacitação
dos profissionais para a vacinação;

68 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
– Estabelecer cooperação técnica junto aos países fronteiriços afetados para aplicação de
estratégias e respostas rápidas;
– Monitorizar a cobertura vacinal e realizar estimativa de efetividade vacinal;
– Definir estratégias de avaliação da vacinação, garantindo o ajustamento se necessário
– Considerar a ampliação da capacidade de produção e distribuição, dependendo da
capacidade existente de purificação que possa otimizar a produção, e buscar acordos e
negociação para utilizar a capacidade instalada de Biomanguinhos;
– Garantir a distribuição de vacinas pandêmicas para as localidades de difícil acesso, que não
tenha rede de frio;

Manejo clínico e uso de antivirais/antimicrobianos


Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

Comunicação
Ação:
- divulgação da situação nacional
- divulgação dos critérios de vacinação e de uso dos antivirais
- intensificação das ações dos níveis anteriores

Mobilização social
Em desenvolvimento. Conclusão em 31/10/2005.

CAPÍTULO 8
Período Pós-Pandêmico
Neste capítulo, serão priorizadas atividades que devem ser desenvolvidas no período
pós-pandêmico, que consiste em ações e atividades que envolvem o retorno das atividades
ao nível endêmico anterior e a organização de atividades para recuperar os danos causados.
Alguns exemplos de atividades desse capítulo: reestruturação da rede de serviços de saúde,
desativando os serviços alternativos criados para a pandemia e aproveitando outros que
serão úteis para a manutenção do cuidado à saúde e reorganização de atividades até que
surja nova fase pandêmica.

69 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
CAPÍTULO 8
Legislação para uma pandemia de influenza
Neste capítulo, priorizam-se as atividades que devem ser organizadas nas três esferas
governamentais para a publicação, divulgação e aplicação de legislação para ações
compulsórias relacionadas à contenção da entrada e da expansão da pandemia no país, tais
como: declaração de situação de pandemia, prioridades de uso de quarentena, antivirais e
vacina, entre outros.
Preliminarmente, cabe ressaltar a importância da participação final da Consultoria
Jurídica do Ministério da Saúde, por tratar-se de posicionamento jurídico de matéria do
interesse do Ministério da Saúde, em razão do que dispõe a Lei Complementar nº 73, de
1993, que instituiu a Lei Orgânica da Advocacia-Geral da União e Portaria nº 2.123/2004, do
Ministério da Saúde.
Após a Constituição de 1.988, dentre os princípios fundamentais da República
Federativa do Brasil, está a dignidade da pessoa humana, prevista no artigo 1º, inciso III, da
Carta Magna.
O princípio da dignidade da pessoa humana cria para o Estado o dever primário de
velar pelo ser humano naquilo que há de mais específico, como ser individual e coletivo,
envolvendo tudo que possa atingir o direito de personalidade e o direito do cidadão.
Estende-se em razão do direito da dignidade da pessoa humana, o direito a saúde
como dever do Estado, objetivando a redução do risco de doenças e outros agravos,
conforme prevê o artigo 196 da Constituição Federal.
As atividades do Estado, voltadas para a saúde são de competência do Sistema Único
de Saúde, onde além de outras atribuições, cabe controlar e fiscalizar procedimentos,
produtos e substâncias de interesse para saúde e participar da produção de medicamentos,
equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos, bem como executar as
ações de vigilância sanitária e epidemiológica, ordenar formação de recursos humanos,
incrementar em sua área o desenvolvimento científico e tecnológico, entre outros.
O Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza vem traduzir um
dos esforços que o Estado deve desenvolver para proteger os cidadãos na área da saúde,
principalmente naquilo que alcança a redução de risco de doenças e outros agravos.
Portanto, todas as ações indicadas no texto Constitucional poderão ser incrementadas
pelo Ministério da Saúde e demais órgãos públicos interessados para atingir as diretrizes de
proteção e prevenção da saúde.

70 Plano de Contingência Brasileiro para uma Pandemia de Influenza - PRELIMINAR VERSÃO 1, Setembro/2005
No presente caso, por tratar-se de ações de emergência é importante ressaltar a
existência, no âmbito processual, de ações e procedimentos capazes de acelerar a entrega
da prestação jurisdicional, caso haja necessidade.
As ações e procedimentos ora citados podem ser aplicados tanto pela Administração
Pública como por particulares. Porém, é mister ressaltar que a prestação jurisdicional é a
ultima ratio, ou seja, faz-se necessário que a via administrativa não esteja surtindo os efeitos
necessários para a atingir os seus fins, ou causando prejuízo a terceiros, quando, então,
deverá a divergência ou o direito ser questionada perante o Poder Judicial.
Dentre as várias ações e procedimentos judiciais podemos citar alguns capazes de
acelerar a proteção do direito atingido ou de viabilizar ações de interesse público ou privado:
a) Ação Cautelar: é ação auxiliar e subsidiária, pois visa assegurar um provimento
acautelatório.
A atividade cautelar foi preordenada a evitar que o dano oriundo da inobservância do
direito fosse agravado pelo inevitável retardamento do remédio jurisdicional (periculum in
mora, ou em português, perigo na demora). O provimento cautelar funda-se
antecipadamente na hipótese de um futuro provimento jurisdicional favorável ao autor (fumus
boni iuris, ou em português, fumaça do bom direito). É um instrumento provisório e
antecipado do futuro provimento definitivo, para que este não seja frustrado em seus efeitos.
Por meio da ação cautelar a parte poderá fazer com que seus interesses, desde que urgente
e plausível seja, preliminarmente, observado pelo Poder Judiciário, garantindo-lhe a
possibilidade de aguardar sem danos a realização da justiça.
Dependendo da hipótese o provimento cautelar poderá ser requerido de forma
autônoma, através do processo cautelar preparatório; como também poderá ser obtido por
via incidental, no curso do processo principal, quando este já tiver sido iniciado.

b) Tutela Antecipatória: é tratada pela Lei nº 8.952, de 13 de dezembro de 1994 (dando


nova redação ao artigo 273 do Código de Processo Civil), de natureza satisfativa e que
antecipa, total ou parcialmente, os efeitos da sentença de mérito.
A ação cautelar e a tutela antecipatória são medidas judiciais capazes de agilizarem
os interesses daqueles que necessitam de urgência na solução de suas questões individuais
dentro do âmbito Jurisdicional.

Ministério Público

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O Ministério Público também poderá atuar nos interesses coletivos e difusos na defesa
da saúde, caso se faça necessário, utilizando-se dos meios judiciais necessários para atingir
os objetivos específicos, inclusive dentro da área de saúde. Portanto, também passa a ser
uma instituição em defesa dos interesses do Estado, quando for o caso e, podendo, também,
defender os interesses dos particulares.

Licitações e Contratos Administrativos


No que tange as obras, serviços, compras e alienações destinadas a esse fim, serão
os bens ou serviços contratados mediante processo de licitação pública que assegure a
igualdade de condições a todos os participantes, com cláusulas que estabeleçam obrigações
de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual
somente permitirá exigências de qualificação técnica e econômica indispensável à garantia
do cumprimento das obrigações.
A própria Lei nº 8.666/1993, que trata das licitações e contratos administrativos, no
seu artigo 25, cuida da impossibilidade jurídica de licitação, quando não houver possibilidade
de competição, bem como trata, também, da dispensa de licitação nos casos em que a lei
autoriza a celebração direta do contrato, ou mesmo determina a não realização do
procedimento licitatório em virtude da urgência, emergência e calamidade pública, quando
configurada a necessidade do atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou
comprometer a segurança de pessoas e coisas.
Ressalta-se que a dispensa de licitação será utilizada somente para os bens
necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de
obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta dias)
consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada
a prorrogação dos respectivos contratos.
Por fim, nada impede que os Poderes, Legislativo e Executivo, editem leis ou medidas
provisórias e Portarias (âmbito do Ministério da Saúde), respectivamente, visando proteger a
população da situação específica, caso as normas e procedimentos já existentes não sejam
suficientes para proteger a saúde da população.
As presentes considerações são apenas preliminares de alguns pontos que podem ser
melhor desenvolvidos no conteúdo do Plano, desde que restem claros os objetivos e pontos
principais a serem alcançados pelo Governo no combate à Pandemia Influenza.

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