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BRUNO SACUTE IORIO

ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA DE UM SISTEMA DE


MONITORAMENTO DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA PARA
EDIFICAÇÕES CORPORATIVAS DE PEQUENO E MÉDIO PORTE

Monografia apresentada ao Programa de


Educação Continuada da Escola Politécnica da
USP para obtenção do título de MBA em
Automação Industrial

São Paulo
2017
BRUNO SACUTE IORIO

ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA DE UM SISTEMA DE


MONITORAMENTO DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA PARA
EDIFICAÇÕES CORPORATIVAS DE PEQUENO E MÉDIO PORTE

Monografia apresentada ao Programa de


Educação Continuada da Escola Politécnica da
USP para obtenção do título de MBA em
Automação Industrial

Área de Concentração:
Automação Industrial

Orientador:
Professor Msc Marcos Yukio Yamaguchi

São Paulo
2017
DEDICATÓRIA

Aos meus familiares, namorada e amigos.


AGRADECIMENTOS

À Escola Politécnica da USP por possibilitar a realização e o desenvolvimento


da pesquisa elaborada neste trabalho.

Ao Prof. Marcos Yukio Yamaguchi, pelo acompanhamento e apoio ao longo do


desenvolvimento deste trabalho.

A todo o corpo docente do curso MBA Automação Industrial do Programa de


Educação Continuada da Escola Politécnica da USP, pelos ensinamentos passados
ao longo do curso.

A todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para o desenvolvimento


deste trabalho.

À minha família, namorada e amigos pelo apoio e incentivo de sempre.


RESUMO

O uso racional e mais eficiente da energia elétrica tem sido uma preocupação dos
consumidores em edificações corporativas. Para definir quais ações podem ser
tomadas e quais soluções de eficiência energética devem ser aplicadas, é necessário
conhecer o consumo das principais cargas e equipamentos dentro da instalação
elétrica. O monitoramento de forma individualizada permite, por exemplo, determinar
a quantidade de energia consumida, o tempo de utilização e ociosidade de cada
equipamento para traçar seu perfil de consumo. Este trabalho apresenta as
especificações técnicas necessárias para o desenvolvimento de um sistema de
monitoramento de consumo de energia elétrica, utilizando medidores inteligentes, que
se comunicam via redes de comunicação com um sistema supervisório. Ele identifica
e quantifica o consumo de energia das principais cargas e equipamentos elétricos
instalados em edificações corporativas de pequeno e médio porte, visando auxiliar na
verificação de viabilidade de projetos de eficiência energética e definições de metas
de redução de consumo. Foram estudados os principais sistemas de monitoramento
disponíveis e analisadas suas características técnicas, para então, determinar a
composição e as funções necessárias ao sistema proposto. Assim, foi possível
especificar um sistema que estivesse de acordo com as necessidades dos clientes e
que fosse compatível com as principais soluções de mercado.

Palavras-chave: Sistema de monitoramento; Consumo de energia elétrica; Eficiência


energética.
ABSTRACT

The rational and more efficient use of electricity has been a concern for consumers in
corporate buildings. In order to define what actions can be taken and which energy
efficiency solutions should be applied, it is necessary to know the consumption of the
main loads and equipment inside the electrical installation. Individual monitoring
allows, for example, determine the amount of energy consumed, the time of use and
idleness of equipment, to trace its consumption profile. This work presents the
technical specifications required for development of an electric energy consumption
monitoring system, using intelligent meters with communication networks, to
communicate to a supervisory system. It identifies and quantifies the energy
consumption of the main loads and electrical equipment installed in small and medium-
sized corporate buildings, in order to assist the verification of the energy efficiency
projects feasibility and the definition of consumption reduction targets. The main
monitoring systems available were studied and their technical characteristics analyzed,
to determine the composition and the required functions for the proposed system.
Thus, it was possible to specify a system that meets customer’s needs and be
compatible with the main market solutions.

Keywords: Monitoring system; Electric power consumption; Energy efficiency.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Etapas de um programa de uso racional de energia ................................ 16

Figura 2 – Triângulo das potências ........................................................................... 23

Figura 3 – Esquema de funcionamento medidor de energia eletromecânico ............ 24

Figura 4 – Medidores de energia eletromecânicos.................................................... 25

Figura 5 – Diagrama de blocos medidor de energia .................................................. 26

Figura 6 – Ligação medidores em barramento com supervisório utilizando RS-485. 27

Figura 7 – Ligação dos medidores em barramento com supervisório ....................... 28

Figura 8 – Medidores de energia trifásico e monofásico ........................................... 29

Figura 9 – Esquema de ligação medidor de energia monofásico .............................. 30

Figura 10 – Esquema de ligação medidor de energia trifásico sem e com TC ......... 31

Figura 11 – Arquitetura sistema SCADA ................................................................... 34

Figura 12 – Modelos de IHM ..................................................................................... 36

Figura 13 – Comunicação sistema de monitoramento com hardware dedicado ....... 38

Figura 14 – Exemplo de telas sistema de monitoramento com hardware dedicado .. 39

Figura 15 – Arquitetura sistema de monitoramento com IHM ................................... 40

Figura 16 – Acesso remoto sistema de monitoramento com IHM ............................. 41

Figura 17 – Arquitetura física do sistema de monitoramento com SCADA ............... 42

Figura 18 – Tela monitoramento de consumo de energia - StruxureWare ................ 43

Figura 19 – Tela de monitoramento SCADA Schneider – Power Monitoring Expert . 44

Figura 20 – Potencial estimado de economia de eletricidade no setor comercial


brasileiro em 2006 ..................................................................................................... 46

Figura 21 – Sensores de presença ........................................................................... 47

Figura 22 – Atuação do sensor de presença ............................................................. 47

Figura 23 – Dimmer ................................................................................................... 48


Figura 24 – Funcionamento do dimmer ..................................................................... 48

Figura 25 – Relé fotoelétrico ..................................................................................... 49

Figura 26 – Funcionamento do relé fotoelétrico ........................................................ 49

Figura 27 – Relé temporizado ................................................................................... 50

Figura 28 – Funcionamento do relé temporizado ...................................................... 50

Figura 29 – Programador horário .............................................................................. 51

Figura 30 – Medidor de energia ................................................................................ 51

Figura 31 – Topologia sistema de monitoramento proposto ..................................... 66

Figura 32 – Ligação do medidores de energia com gateway – QD1 ......................... 75

Figura 33 – Ligação do medidores de energia com gateway – QD2 ......................... 76

Figura 34 – Ligação do medidores de energia com gateway – QD3 ......................... 76

Figura 35 – Ligação do medidores de energia com gateway – QD4 ......................... 76

Figura 36 – Ligação do medidores de energia com gateway e access point – QD5 . 77

Figura 37 – Ligação do medidores de energia com gateway e access point – QD6 . 77

Figura 38 – Ligação do medidores de energia com gateway e access point – QD7 . 77

Figura 39 – Topologia de rede do sistema de monitoramento - Empresa XPTO ...... 78

Figura 40 – Tela Inicial 1 - Empresa XPTO ............................................................... 79

Figura 41 –Tela Inicial 2 - Empresa XPTO ................................................................ 80

Figura 42 – Tela de monitoramento – Servidor - Empresa XPTO ............................. 81


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Cargas monitoradas na empresa XPTO .................................................. 73


LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

ABESCO Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de


Energia

BMS Sistema de Gestão Predial (Building Management System)

CFTV Circuito Fechado de Televisão

CLP Controlador Lógico Programável

IHM Interface Homem Máquina

PAC Controlador de Automação de Processo (Process Automation


Controller)

PROCEL Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica

QD Quadro de distribuição

SCADA Sistemas de Supervisão e Aquisição de Dados (Supervisory Control


And Data Acquisition)

SDCD Sistema digital de controle distribuído

SEEG Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa

TC Transformador de corrente

RTU Unidades de telemetria remota (Remote Teletry Units)


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13

1.1 Eficiência Energética ...................................................................................... 14


1.2 Monitoramento de energia .............................................................................. 16
1.3 Vantagem em monitorar o consumo de energia ............................................. 18
1.4 Objetivo .......................................................................................................... 20
1.5 Justificativa ..................................................................................................... 20
1.6 Estrutura do trabalho ...................................................................................... 21

2 DISPOSITIVOS E SISTEMAS DE MONITORAMENTO DE ENERGIA


ELÉTRICA ................................................................................................................ 22

2.1 Medidores de Energia..................................................................................... 22


2.1.1 Conceito .................................................................................................. 22
2.1.2 Princípio de Funcionamento .................................................................... 24
2.1.2.1 Medidor Eletromecânico ................................................................... 24
2.1.2.2 Medidor Eletrônico ........................................................................... 25
2.1.2.3 Comunicação ................................................................................... 26
2.1.2.4 Características do medidor de energia eletrônico ............................ 28
2.1.2.5 Instalação do medidor de energia eletrônico .................................... 30
2.2 Sistemas de monitoramento de energia ......................................................... 31
2.2.1 Conceito sistemas SCADA ...................................................................... 32
2.2.2 Conceito de Interface Homem-Máquina .................................................. 35
2.3 Tipos de sistemas de monitoramento ............................................................. 37
2.3.1 Arquitetura centralizada ........................................................................... 37
2.3.1.1 Hardware dedicado .......................................................................... 37
2.3.1.2 IHM ................................................................................................... 39
2.3.2 Arquitetura distribuída ............................................................................. 42

3 SITUAÇÃO ATUAL E IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS .......................... 45

3.1 Área de atuação ............................................................................................. 45


3.2 Produtos para eficiência energética................................................................ 46
3.3 Limitações e problemas .................................................................................. 52
3.4 Público alvo .................................................................................................... 53

4 ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA DO SISTEMA DE MONITORAMENTO .............. 56

5 PROPOSIÇÃO DA SOLUÇÃO .......................................................................... 62

5.1 Dispositivos .................................................................................................... 62


5.2 Instalação física .............................................................................................. 64
5.3 Comunicação .................................................................................................. 65
5.3.1 Topologia de rede.................................................................................... 66
5.3.2 Gateway .................................................................................................. 67
5.3.3 Medidor de energia.................................................................................. 67
5.3.4 Roteador .................................................................................................. 67
5.3.5 Access Point ............................................................................................ 67
5.3.6 Comunicação do sistema SCADA com os medidores ............................. 68
5.4 SCADA ........................................................................................................... 68
5.4.1 Telas........................................................................................................ 68
5.4.2 Armazenamento e banco de dados ......................................................... 69
5.4.2.1 Compressão dos dados ................................................................... 69
5.4.3 Relatórios ................................................................................................ 70
5.4.4 Cálculos, lógicas e scripts de programação ............................................ 70
5.4.5 Alarmes e eventos ................................................................................... 71
5.4.6 Controle de usuários ............................................................................... 71
5.4.7 Acesso ao sistema .................................................................................. 71

6 EXEMPLO DE APLICAÇÃO ............................................................................. 72

6.1 Monitoramento ................................................................................................ 72


6.2 Especificação dos dispositivos do sistema de monitoramento ....................... 73
6.3 Topologia de rede ........................................................................................... 78
6.4 Telas do sistema de monitoramento ............................................................... 79

7 RESULTADOS ESPERADOS ........................................................................... 82

8 CONCLUSÃO .................................................................................................... 85

8.1 Trabalhos futuros ............................................................................................ 86

Referências Bibliográficas ..................................................................................... 87

ANEXO A – Planta da Empresa XPTO ................................................................... 89


13

1 INTRODUÇÃO

Segundo ELETROBRAS (2006), com a rápida industrialização e urbanização


dos países, junto com um aumento da população e do consumo, os problemas
ambientais foram se agravando acompanhados do intensivo uso de recursos naturais
para obtenções de energias. Isso tem causado uma série de problemas ambientais
como: desmatamento, aquecimento global, efeito estufa, chuva ácida, perda da
biodiversidade, poluição dos solos e das águas [1].

De acordo com SEEG, no ano de 2016, cerca de 78,8% da energia elétrica


produzida no Brasil foi oriunda de usinas hidroelétricas, 12,8% de termelétricas,
enquanto apenas 5,6% foram produzidas por sistemas eólicos [2]. De acordo com
PROCEL INDÚSTRIA (2008), apesar das usinas hidrelétricas serem consideradas
uma maneira “limpa” de se obter energia elétrica, por não emitirem gases nocivos ao
meio ambiente como as termoelétricas, elas causam outros problemas que devem ser
considerados, como os impactos sociais e ambientais gerados pelo represamento do
rio. A dependência da água para seu funcionamento é outro problema. Em tempos de
seca, como ocorreu no ano de 2001, a sua capacidade de geração é reduzida
drasticamente, forçando a utilização de usinas termelétricas, cujo custo de produção
e danos ao meio ambiente são maiores [3].

Segundo ELETROBRAS (2006), estimular o uso eficiente e racional de energia


elétrica é indispensável ao desenvolvimento econômico e social de um país. A
redução do consumo evitará a construção de novas usinas geradoras e sistemas
elétricos associados, disponibilizando assim recursos públicos para investir em outras
áreas, como saúde e educação, além de contribuir para preservação ambiental,
diminuindo o desmatamento e emissão de gases tóxicos [1].

Desde a criação do Protocolo de Kyoto em 1997, que entrou em vigor em 16


de fevereiro de 2005, os países industrializados e a Comunidade Europeia
comprometeram-se a reduzir as emissões de gases de efeito estufa para uma média
de 5% em relação a 1990. Em 2014, a produção de energia elétrica no Brasil gerou
479,1 milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono (CO 2) segundo SEEG
[2].
14

Além dos problemas ambientais, outra questão importante é o custo que a


energia elétrica tem para os consumidores. Ela é um dos insumos que mais impactam
nos custos da produção industrial, representando mais de 40% dele [4]. Isso tem
motivado as indústrias a combaterem o desperdício de energia.

1.1 Eficiência Energética

Segundo CELPE (2013), a definição de eficiência energética é “obter o melhor


desempenho na produção de um serviço com o menor gasto de energia” [5]. Uma
medida para o aumento da eficiência energética é a utilização de equipamentos de
maior rendimento, por exemplo, a utilização de lâmpadas LED. Para iluminar o
ambiente com a mesma intensidade de luz de uma lâmpada incandescente, a energia
elétrica consumida por ela é 90% menor, além disso, a sua vida útil é cerca de 20
vezes maior [6].

Para auxiliar o consumidor na escolha de equipamentos mais eficientes e para


promover o combate ao desperdício, foi instituído um programa do governo federal,
coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, chamado PROCEL (Programa
Nacional de Conservação de Energia Elétrica). Ele tem como finalidade orientar o
consumidor no momento da compra, indicando os produtos que apresentam os
melhores níveis de eficiência energética dentro de cada categoria [7].

Além da utilização de equipamentos mais eficientes, outras medidas podem ser


adotadas para aumento da eficiência energética em:

 Instalação predial e industrial:


o Construção de áreas com janelas e vidraças para se aproveitar a
iluminação e ventilação natural;
o Correta especificação e instalação dos condutores elétricos para evitar
aquecimento e perdas por calor;
o Aproveitamento da energia solar para aquecimento de água e do
ambiente;
15

o Utilização de equipamentos que controlam o acionamento de cargas de


acordo com a necessidade. Exemplo: utilização de sensores de
presença para ligar a iluminação apenas quando houver pessoas no
local;
o Correta manutenção dos equipamentos.
 O processo produtivo de uma indústria [8]:
o Programação e controle da produção, visando aumentar a eficiência do
uso de equipamentos;
o Aprimoramento dos processos produtivos;
o Automação e manutenção das linhas de produção.

O uso racional e consciente da energia pelo consumidor residencial também é


uma medida de eficiência energética, isso ajuda a evitar o desperdício. Segundo
LIGHT, medidas simples podem ser adotadas para se economizar energia [9]:

 Desligar os equipamentos elétricos como iluminação, TV, rádios, vídeo games


quando ninguém estiver utilizando;
 Evitar deixar aparelhos em stand by (ligados na tomada sem uso);
 Ao utilizar ar condicionado, mantenha portas e janelas fechadas;
 Para geladeiras e freezers, não deixe a porta aberta e evite abri-las várias
vezes;
 Ao lavar e passar roupas junte grande quantidade e faça de uma só vez;
 Substitua lâmpadas incandescentes por fluorescentes ou LED.
 Durante o dia, aproveite a iluminação natural e apague as lâmpadas de
ambientes desocupados;

O conceito de eficiência energética não está limitado à eletricidade. Qualquer


processo ou atividade que dependa de alguma fonte de energia, como térmica
cinética, mecânica, química e nuclear, pode se tornar mais eficiente. Para isso é
necessário identificar as perdas do processo e definir medidas de contenção. É
imprescindível que haja um monitoramento capaz de identificar esses pontos.
16

1.2 Monitoramento de energia

Segundo ELETROBRAS, para se operacionalizar a eficiência energética é


necessário seguir os seguintes passos [1]:

Figura 1 – Etapas de um programa de uso racional de energia


Fonte: [1]

A figura 1 mostra que é preciso identificar e quantificar o consumo de energia


elétrica para então estabelecer as prioridades, implantar os projetos de melhoria e de
redução de perdas, e acompanhar os resultados, sempre em um processo contínuo.
Esta ação pode ser realizada em instalações novas ou já existentes, indústrias,
comércios ou residências.

Para se iniciar um programa de eficiência energética, é importante se atentar


aos seguintes itens [1]:

1. Quantidade de energia consumida:


o É imprescindível conhecer a quantidade de energia consumida. Não
há como saber se o consumo está alto ou baixo sem um valor de
referência.
2. Quem está consumindo a energia:
o Dentre os diversos equipamentos elétricos presentes em uma
instalação elétrica, devem ser verificados quais deles estão sendo
utilizados e quais possuem os maiores consumos.
17

3. Como se está consumindo a energia e com qual eficiência:


o É necessário saber como cada equipamento utiliza a energia elétrica.
Cargas específicas como iluminação, ar condicionado, motores
elétricos, eletrodomésticos, computadores apresentam perfis de
consumo diferentes. Dessa forma, cada caso deve ser estudado
individualmente para estabelecer a melhor solução.

Estes itens por si só não conduzem à racionalização do uso de energia. Para


se iniciar um programa de eficiência energética, deve-se determinar quais ações serão
tomadas e quais soluções serão aplicadas em cada caso. É necessário definir metas
claras e objetivas e fazer o acompanhamento constante das ações propostas para
determinar sua eficácia.

Para se obter o perfil de consumo, é necessário fazer um monitoramento e se


ter o controle de como os recursos estão sendo utilizados. Em instalações
residenciais, comerciais e até industriais, é possível fazer o monitoramento de forma
manual, através do medidor de energia instalado na entrada do estabelecimento pela
concessionária, ou pela própria conta de energia, que mostra o valor consumido a
cada mês. Esse controle não é muito eficiente, isso porque há um grande número de
equipamentos elétricos utilizados em uma mesma instalação, não havendo
segregação em áreas específicas: iluminação, refrigeração, aquecimento,
eletrodomésticos e eletrônicos.

O problema desse monitoramento é não ser possível determinar o consumo


específico de cada equipamento de forma individual. A energia (kWh) consumida
depende de dois fatores: potência (kW) – característica relativa ao equipamento e o
seu porte, e tempo de uso (h) – quantidade de horas que ele é utilizado.

Com essa forma de monitoramento, não é possível saber, por exemplo, se


medidas adotadas para economia de energia com iluminação surtiram efeito em
determinado mês, caso o uso do ar condicionado tenha aumentado. O aumento ou
redução do consumo de uma determinada carga é mascarado por outra de maior
porte. Isso impede que muitas soluções de eficiência energética mostrem seu
potencial de redução e até o payback, por não ser possível medir de forma direta o
quanto de energia a solução economizou.
18

Para um controle mais preciso e eficiente do consumo de energia, é necessário


a instalação de medidores individuais nas principais cargas, isto é, aqueles
equipamentos que possuem maior potência e que ficam mais tempo em uso (cargas
potenciais para se economizar energia) devem ser monitorados por medidores
individuais, para se traçar o perfil de consumo de cada um deles. Assim, é possível
determinar quais soluções de eficiência energética podem ser aplicadas para reduzir
o consumo dessas cargas.

1.3 Vantagem em monitorar o consumo de energia

Para se iniciar um processo de eficiência energética é necessário conhecer o


consumo de energia atual. O monitoramento individual permite conhecer o perfil de
consumo dos equipamentos e também analisar o desempenho das soluções de
eficiência energética ao longo do tempo. Soluções que envolvem troca de
equipamentos, normalmente prometem uma taxa de retorno baseado na economia
gerada. Muitas delas não são mensuráveis em pequenos intervalos, sendo necessário
um longo período para comprovar seu desempenho. O monitoramento dessa carga
trará de forma confiável, quanto foi economizado de energia elétrica e quanto isso
representa em dinheiro.

Para determinadas cargas, como: ar condicionado, bombas, ventiladores,


compressores e motores em geral, onde se é conhecido o valor do consumo para
trabalho em condições normais, seja por dados técnicos em catálogo ou por medições
feitas durante operação, o monitoramento permite detectar problemas de
funcionamento. Por exemplo, quando um motor trabalha fora da sua condição
nominal, seja por uma sobrecarga, por um problema mecânico, ou até mesmo por
baixa isolação, a sua corrente aumenta e consequentemente a potência consumida.
Esse problema pode ser identificado através de medidores inteligentes e ele pode
avisar o responsável para fazer a devida manutenção. O mesmo ocorre quando há
um desgaste do equipamento ou ele está próximo do final de sua vida útil. Geralmente,
o equipamento começa a consumir mais energia, sendo possível determinar quando
a troca do equipamento é viável do ponto de vista financeiro.
19

A energia elétrica representa um custo considerável para as indústrias,


comércios, escritórios e residências, o seu monitoramento permite um melhor controle
sobre esses custos. Em ambientes comerciais onde há diversas divisões e
departamentos trabalhando num mesmo espaço, é possível setorizar e monitorar
individualmente cada área. Dessa forma, é possível identificar quanto cada setor ou
departamento consumiu de energia dentro do mês e repassar o valor do consumo de
energia para cada centro de custo. Em grandes estabelecimentos como shopping
centers, onde há uma alimentação principal e normalmente apenas um ponto de
medição, é possível monitorar o consumo individual de cada loja e cobrar o valor da
energia proporcional.

Nas indústrias, o controle do custo de energia é ainda mais importante. O


monitoramento permite estabelecer índices específicos para controlar o consumo de
energia na produção. Esses índices indicam quanto de energia é necessário para
realizar determinada ação, como, por exemplo, a energia utilizada para fabricar um
produto. Esse custo pode ser utilizado para formar o preço final do produto. Os custos
com energia podem fazer parte de uma meta de redução de consumo e melhoria da
eficiência da produção, refletindo diretamente nos lucros da empresa. Ainda do ponto
de vista financeiro, o monitoramento do consumo permite que os gestores façam uma
administração mais eficaz e padronizada, evitando picos com as despesas de energia.

Outro motivo importante para se monitorar o consumo de energia é verificar se


o contrato estabelecido com a concessionária está adequado com o consumo da
empresa. Caso se consuma mais do que a demanda contratada, ou seja, a empresa
contratou uma demanda de 500 kW, por exemplo, porém, suas cargas instaladas
demandam 600 kW, desta forma 100 kW é tarifado como demanda de ultrapassagem,
que custa cerca de 3 vezes mais o valor da tarifa nominal [10].
20

1.4 Objetivo

O objetivo deste trabalho é elaborar uma especificação técnica para o


desenvolvimento de um sistema de monitoramento de consumo de energia elétrica,
capaz de analisar as principais cargas instaladas em edifícios comerciais de pequeno
e médio porte, utilizando medidores de energia inteligentes que se comunicam via
redes de comunicação, com um sistema supervisório. O sistema proposto identifica e
quantifica o consumo de energia das principais cargas e equipamentos elétricos
instalados de forma individualizada, para se ter um melhor controle, facilitando o
estabelecimento de metas de redução de consumo e implementação de projetos de
eficiência energética.

1.5 Justificativa

Conforme mostrado nos itens anteriores, o monitoramento do consumo de


energia elétrica é uma etapa essencial para se obter melhores resultados de eficiência
energética. O levantamento do perfil de consumo das cargas instaladas só é possível
com um monitoramento individualizado.

Para saber em quais horários os equipamentos foram utilizados, por quanto


tempo eles permaneceram ligados, qual foi a quantidade de energia consumida, é
necessário ter um sistema inteligente capaz de monitorar e armazenar essas
informações.

Isso auxilia na correta especificação das soluções de eficiência energética,


capaz de atender um perfil de consumo específico, ter um melhor controle financeiro
com os gastos de energia elétrica, atingindo melhores resultados de economia de
energia.
21

1.6 Estrutura do trabalho

Este trabalho é composto por oito capítulos. No primeiro capítulo foi feita a
introdução ao tema, explicação do conceito de eficiência energética e como o
monitoramento do consumo de energia é importante. Foi abordado o objetivo do
trabalho e a justificativa.

O segundo capítulo apresenta os conceitos teóricos e os princípios de


funcionamento dos dispositivos utilizados em um sistema para monitoramento de
consumo de energia, como os medidores e os sistemas SCADA, além das principais
soluções de sistemas de monitoramento disponíveis no mercado.

O terceiro capítulo traz detalhes sobre a empresa, a área de atuação, principais


produtos e aplicações, suas limitações e problemas, e o público alvo. Neste capítulo
é apresentada a necessidade de se ter um sistema de monitoramento de consumo de
energia para o portfólio da empresa.

O quarto capítulo apresenta a especificação técnica necessária para o


desenvolvimento de um sistema de monitoramento, baseado nas limitações e
problemas mostrados no capítulo anterior.

No quinto capítulo é proposto o sistema baseado nas especificações técnicas.

O sexto capítulo apresenta um exemplo de aplicação do sistema de


monitoramento.

No sétimo capítulo é apresentado os resultados esperados com o


desenvolvimento da solução proposta.

Por fim, o oitavo capítulo traz as conclusões deste trabalho e sugestões para
trabalhos futuros.
22

2 DISPOSITIVOS E SISTEMAS DE MONITORAMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA

Este capítulo apresenta os conceitos teóricos e os princípios de funcionamento


dos dispositivos utilizados em um sistema para monitoramento do consumo de
energia. Ele aborda o funcionamento dos medidores de energia e os sistemas
SCADA, assim como as principais soluções de sistemas de monitoramento
disponíveis no mercado.

2.1 Medidores de Energia

Medidores de energia são dispositivos eletrônicos ou eletromecânicos,


utilizados para medir o consumo de energia elétrica em um determinado período.
Utilizado principalmente pelas concessionárias de energia como uma forma de tarifar
o consumo dos usuários, este dispositivo está presente em praticamente todos os
lugares como residências, comércios, indústrias e hospitais [11].

O medidor pode ser utilizado para medir a energia de forma direta, ligado à
entrada ou a uma carga específica, ou indireta, através de acopladores como
transformadores de tensão e de corrente. A alimentação pode ser monofásica, bifásica
ou trifásica, em 127 V, 220 V ou 380 V.

2.1.1 Conceito

Segundo EEI (2002), os medidores de energia fazem suas medições baseadas


em duas grandezas físicas, tensão e corrente. A partir delas é possível obter a
potência elétrica (P), que é o resultado do produto da tensão (V) aplicada a um circuito
pela intensidade da corrente (i) que circula por ele [11]:

𝑃 = 𝑉×𝑖 (1)
23

Quando a carga monitorada possui um circuito magnético e funciona em


corrente alternada, como os motores e transformadores, a potência elétrica
consumida é dividida em duas:

 Potência ativa [kW]: aquela utilizada para realizar trabalho, gerando calor,
luz, movimento. No caso do motor, ela é responsável pela rotação do eixo.
 Potência reativa [kVAr]: aquela utilizada apenas para criar e manter os
campos eletromagnéticos das cargas indutivas.

A soma vetorial das potências ativas e reativas é conhecida como potência


aparente [kVA], representado pelo triângulo das potências:

kVA
kVAr

Φ
kW

Figura 2 – Triângulo das potências


Fonte: Autor

Para se obter o valor da energia elétrica (E) [kWh], basta integrar o valor da
potência (P) ao longo do tempo:

𝐸 = ∫ 𝑃 . 𝑑𝑡 (2)

Outra variável calculada pelos medidores de energia eletrônicos é o fator de


potência (FP). Ele é obtido pela relação da potência ativa com a potência aparente:

𝑃𝐴𝑡𝑖𝑣𝑎 [𝑘𝑊]
𝐹𝑃 = 𝑐𝑜𝑠𝜑 = (3)
𝑃𝐴𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 [𝑘𝑉𝐴]
24

2.1.2 Princípio de Funcionamento

Há basicamente dois tipos de medidores de energia: eletromecânicos e


eletrônicos.

2.1.2.1 Medidor Eletromecânico

O modelo eletromecânico funciona através do princípio da indução


eletromagnética. Ele possui um disco metálico (geralmente de alumínio) montado em
um fuso entre duas bobinas. Uma bobina produz o fluxo magnético proporcional à
tensão e outra à corrente. Estes dois campos magnéticos agem sobre o disco metálico
que o impulsiona, fazendo-o girar [11]. Com isso ele movimenta uma engrenagem e
os ponteiros do relógio. O número de voltas do disco é proporcional ao consumo de
energia. Um esquema do funcionamento pode ser visto na figura 3 a seguir:

Figura 3 – Esquema de funcionamento medidor de energia eletromecânico


Fonte: [11]
25

A figura 4 mostra dois tipos de medidores eletromecânicos, o primeiro com


ponteiros e o segundo com os dígitos numéricos:

Figura 4 – Medidores de energia eletromecânicos


Fonte: [11]

Uma vez que muitas peças mecânicas são utilizadas nesse tipo de medidor,
alguns defeitos como fricção e desgaste podem afetar diretamente a sua precisão.

2.1.2.2 Medidor Eletrônico

O medidor eletrônico, diferentemente do eletromecânico, não possui partes


móveis. Ele é constituído basicamente por semicondutores e microcontroladores. A
grande vantagem desses medidores comparados aos eletromecânicos está na
capacidade de monitorar outras variáveis além da energia, como, por exemplo, valor
de tensão e corrente, potência ativa, reativa, aparente, fator de potência e frequência
da rede, além de alguns deles possuírem comunicação com outros dispositivos.

Os medidores eletrônicos são constituídos basicamente pelos seguintes


componentes [11]:

 Sensores/transdutores de tensão e corrente;


 Circuito Integrado de medição de energia;
 Microcontrolador;
 Memória de armazenamento dos dados;
 Visor para informar os valores em tempo real;
 Protocolo de comunicação para o envio dos dados;
26

Os transdutores fazem a medição do valor eficaz e de pico, da tensão e da


corrente da carga e enviam os dados ao circuito integrado de medição de energia.
Este circuito possui conversores analógico-digitais e integradores, a sua função é
processar os dados adquiridos para calcular a energia ativa, reativa, aparente,
frequência, tensão e corrente RMS da rede [11].

O microcontrolador é responsável pela execução e controle de todos os


componentes do sistema. Ele tem a função de solicitar os dados vindos dos
transdutores, armazenar o histórico de consumo na memória, exibir os valores
medidos no visor e estabelecer a comunicação entre o medidor e um dispositivo de
aquisição de dados (Supervisório / SCADA / CLP) [11].

A figura 5 ilustra o diagrama de blocos do medidor de energia eletrônico:

Comunicação

Transdutor CI
Tensão Medição Microcontrolador Memória
Corrente Energia
Visor

Alimentação

Figura 5 – Diagrama de blocos medidor de energia


Fonte: [11]

2.1.2.3 Comunicação

A maioria dos medidores eletrônicos possui um canal de comunicação, isso


permite a integração com outros dispositivos como IHM, SCADA e CLP. Os valores
medidos são transmitidos via rede para esses dispositivos, que podem fazer o
monitoramento remoto da carga e o armazenamento das informações em um banco
de dados.

Os principais meios físicos de comunicação utilizados pelos medidores de


energia são RS-232, RS-485 e Ethernet, sendo os dois últimos os mais usuais. O
27

protocolo de rede mais utilizado é o Modbus, sendo o RTU para o meio físico RS-485
e TCP para Ethernet.

Para RS-485, é possível obter taxas de transmissão (baud rates) de 300 bits/s
até 115.200 bits/s, distâncias de até 1200 m sem repetidores e conexões de dois fios
ou quatro fios [11]. Para Ethernet, a taxa de transmissão pode ser de 10 Mbits/s até 1
Gbits/s, a distância máxima para cabos Cat6 é de 100 m. É bastante comum o uso de
switches, hubs e roteadores quando utilizado ethernet [12].

A topologia de rede utilizada para ligar os medidores pode ser: barramento;


estrela; daisy chain; barramento com estrelas; anel; árvore e híbrida [12].

Na figura 6 há um exemplo de ligação dos medidores de energia em barramento


com o supervisório, utilizando RS-485:

Figura 6 – Ligação medidores em barramento com supervisório utilizando RS-485


Fonte: [13]

Na figura 7 há um exemplo de ligação dos medidores de energia em estrela


com o supervisório, utilizando Ethernet:
28

Figura 7 – Ligação dos medidores em barramento com supervisório


Fonte: [13]

2.1.2.4 Características do medidor de energia eletrônico

De maneira geral, os medidores de energia eletrônicos podem ser classificados


em dois tipos: monofásicos e trifásicos. Essa diferenciação se deve ao circuito
eletrônico destinado à uma ou três fases. Os modelos disponíveis no mercado
possuem basicamente as mesmas características e o mesmo princípio de
funcionamento. A figura 8 ilustra dois medidores de energia, um trifásico e outro
monofásico.
29

Figura 8 – Medidores de energia trifásico e monofásico


Fonte: [14]

Para selecionar o modelo mais adequado à aplicação, é importante se atentar


a alguns aspectos:

 Precisão de medição: Existem algumas normas que classificam a precisão e


exatidão dos medidores, como IEC 62053-21 e EN 50470-3. Isso garante que
o valor medido esteja condizente com o valor real.
 Faixa de medição: De acordo com a carga monitorada, é aconselhável
selecionar medidores onde a faixa de medição esteja próxima da classe de
precisão. Por exemplo, ao monitorar uma carga monofásica 230 V / 15 A, deve-
se escolher um medidor mais próximo da corrente de trabalho para que a
precisão seja maior. Sendo assim, é melhor optar por um modelo de 32 A do
que um modelo de 63 A. Caso a corrente seja maior que o valor máximo dos
medidores, alguns modelos possibilitam a utilização de TC (transformadores de
corrente), podendo chegar até 1600 A, por exemplo.
 Comunicação: Havendo a necessidade de comunicação com os medidores,
deve-se escolher um modelo que possua essa opção e verificar o protocolo e
meio físico disponível. Caso não seja possível utilizar o protocolo desejado,
deve-se verificar a possibilidade da utilização de um gateway.
 Variáveis medidas: Verificar se os valores medidos estão de acordo com as
necessidades da aplicação. A maioria dos medidores tem como variáveis:
tensão e corrente RMS; potência ativa, reativa e aparente; fator de potência;
consumo total e parcial de energia. Caso sejam necessárias outras variáveis,
como harmônicas e fator de demanda, deve-se escolher um equipamento
específico que realize essa medição.
30

 Visor: Quanto maior o número de informações disponibilizadas no visor do


medidor, melhor será o monitoramento local das informações. A maioria dos
medidores do mercado possuem visores em LCD, também existem modelos
com interface gráfica.
 Faixa de alimentação e capacidade de sobrecarga: É comum ter variações de
tensão na rede, além de sobrecargas nos equipamentos. É importante verificar
a faixa de tensão e corrente suportadas pelo equipamento. Isso influenciará a
vida útil do medidor ao longo do tempo.
 Entradas e saídas digitais: Alguns medidores disponibilizam canais digitais para
interação do medidor com outros dispositivos externos.
 Dimensional e sistema de fixação: Deve-se considerar o local onde serão
instalados os medidores (trilho DIN 35 mm, porta do painel) e suas dimensões.

2.1.2.5 Instalação do medidor de energia eletrônico

Para instalação de medidores em sistemas monofásicos, o esquema de ligação


é representado na figura 9:

Figura 9 – Esquema de ligação medidor de energia monofásico


Fonte: [14]
31

Para instalações bifásicas ou trifásicas, o esquema de ligação é representado


pela figura 10. A instalação dos medidores de energia poderá ser feita com ou sem o
uso de transformadores de corrente:

Figura 10 – Esquema de ligação medidor de energia trifásico sem e com TC


Fonte: [14]

2.2 Sistemas de monitoramento de energia

O sistema de monitoramento de energia é composto por um software de


supervisão, aquisição e armazenamento de dados que são obtidos através da
medição do consumo de energia de equipamentos elétricos.

O sistema possui ferramentas que permitem aos usuários fazer o


gerenciamento do consumo de energia de cada equipamento e monitorar em tempo
real valores elétricos (tensão, corrente, potência, energia, fator de potência), através
de telas de monitoramento, relatórios gerenciais, analisadores de eventos e
historiadores. A disponibilização das informações de consumo de energia possibilita
à empresa tomar ações com objetivo de maximizar a eficiência energética e
operacional.
32

O objetivo principal de um sistema de monitoramento e gerenciamento de


energia é obter informações e padrões de consumo para agir no foco do desperdício
e na otimização da utilização dos recursos. Esse sistema possui três objetivos
principais [15]:

 Reportar: Utilizar os dados armazenados para gerar informações úteis através


da geração de relatórios, visando à redução de consumo em alto nível;
 Monitorar: Analisar e monitorar a tendência de consumo para identificar
oportunidades de economia de energia;
 Agir: Determinar quais ações/soluções devem ser aplicadas para conservação
de energia.

2.2.1 Conceito sistemas SCADA

Segundo Boyer [16], SCADA, sigla do inglês para Supervisory Control And Data
Acquisition - sistemas de supervisão e aquisição de dados, é um sistema que permite
ao usuário coletar dados de uma ou mais plantas e mandar instruções de controle de
forma remota. O sistema deve fornecer subsídios aos usuários para que eles possam
controlar ou monitorar o processo automatizado mais rapidamente.

O sistema SCADA busca melhorar a eficiência do processo de monitoração e


controle. Em uma planta industrial, por exemplo, ele permite ao operador alterar
valores de setpoints, abrir e fechar válvulas, monitorar alarmes, verificar indicação de
status e valores analógicos sem a necessidade de estar alocado na planta para mantê-
la em operação.

Para operação remota de uma planta ou processo, o sistema SCADA deve


interagir com o meio. Isso só é possível através dos dispositivos externos chamados
de RTUs (Remote Teletry Units - unidades de telemetria remota). Além deles existem
outros componentes físicos ligados a um sistema SCADA [17]:

 Sensores: Dispositivos que convertem parâmetros físicos (temperatura, nível,


vazão) para sinais analógicos e digitais, lidos pelas estações remotas.
33

 Atuadores: Dispositivos que atuam sobre o processo (válvulas, motores) de


forma a alterar o valor da variável manipulada (temperatura, posição, pressão).
 Estações remotas de aquisição e controle: Dispositivos responsáveis pela
aquisição de dados e controle do processo (CLP, SDCD, PAC). Eles fazem a
leitura de dados dos sensores, realizam cálculos e lógicas de intertravamento
e interagem com os atuadores. Eles transmitem os dados coletados até a
estação de monitoramento central.
 Estação de monitoramento central: Responsável pelo monitoramento e
supervisão de todo o sistema de automação. Concentra as informações
geradas pelas estações remotas e atua de acordo com os eventos ocorridos.
Pode ser composta por um único computador ou até vários servidores que se
comunicam via rede local.
 IHM (Interface-Homem-Máquina): Interface gráfica onde há interação entre os
usuários e a estação de monitoramento central.
 Redes de comunicação: Meio físico e lógico por onde os dados irão trafegar,
levando informações entre os dispositivos conectados.

As informações dos sensores são transmitidas aos controladores via entrada


digital/analógica ou rede de comunicação. Esses dados são enviados via rede de
comunicação à estação de monitoramento central, ela é responsável por gerenciar o
fluxo de informações para os demais módulos, até chegar ao operador do sistema.
Através da interface gráfica, o operador poderá alterar o valor de setpoint de algum
atuador em campo. A informação será enviada ao controlador do processo que a
transmitirá através de saída digital/analógica ou rede de comunicação aos atuadores.
Eles irão alterar seu estado, interagindo com o processo. A arquitetura do sistema
está representada na figura 11:
34

Figura 11 – Arquitetura sistema SCADA


Fonte: [15]

Os sistemas de supervisão podem ter as seguintes características [17]:

 Interface de fácil visualização e operação: As telas do supervisório representam


a estrutura e os equipamentos da planta ou processo, elas devem replicar o
que há em campo de maneira limpa e organizada para facilitar a operação e
diagnóstico de problemas.
 Receitas: Permitem configurar valores de um conjunto de variáveis em uma
única operação, facilitando o setup do sistema quando há alterações na
produção.
 Geração de relatórios: Exportam informações específicas do processo em
formato de relatório. Normalmente contém informações sobre produção,
consumo, parada de manutenção ou de máquina, que serão utilizadas em nível
gerencial.
 Linguagem de programação embutida: Permite a criação de tarefas ou funções
específicas utilizando linguagens de alto nível como Visual Basic, C++ e Delphi.
 Interação com outros softwares aplicativos: Permite que o sistema SCADA
troque dados com outros aplicativos do Windows, Microsoft Office ou terceiros.
35

 Banco de dados: As variáveis do processo podem ter seus valores


armazenados por longos períodos utilizando estrutura computacional dos
bancos de dados. É possível manter um histórico do processo ao longo do
tempo.
 Histórico de tendências: Utilizando os valores históricos armazenados no banco
de dados, é possível gerar gráficos das variáveis do processo e analisar suas
alterações ao longo do tempo.
 Gerenciamento de alarmes: É possível monitorar os alarmes do processo ou
da planta, com vários níveis de criticidade, através de mensagens com data e
hora do problema.
 Histórico de alarmes e eventos: Os alarmes e eventos ocorridos no sistema são
registrados e podem ser acessados para monitorar o que aconteceu na planta
e na operação em determinado período.
 Usuários e controle de acesso: Restringe o acesso à determinadas telas e
atividades de acordo com o nível de autorização do usuário, além de manter
um registro das atividades realizadas.

2.2.2 Conceito de Interface Homem-Máquina

A IHM é uma unidade de controle centralizado muito utilizado em máquinas,


instalações industriais e processos de pequeno porte. Ela permite o controle,
supervisão e aquisição de dados em tempo real, de modo que as mudanças de
parâmetros sejam feitas conforme a escolha do operador [18].

Na maioria das aplicações, as IHM são compostas por um hardware dedicado


com: processador, memória, HD, portas de comunicação, software e algum visor ou
tela, sensível ou não ao toque, podendo conter botões e teclas de navegação que
permitem a interação entre o homem e a máquina. A figura 12 apresenta alguns
modelos de IHM.
36

Figura 12 – Modelos de IHM


Fonte: [19]

As IHM possuem características similares aos sistemas SCADA, além de


outras próprias. Abaixo estão listadas algumas das suas principais características:

 Armazenamento de receitas;
 Histórico de alarmes e eventos;
 Botões e animações gráficas;
 Data logger;
 Controle de usuários;
 Grau de proteção elevado nos modelos físicos (IP54, IP67);
 Linguagem de programação embutida (Visual Basic);

Alguns modelos possuem funções avançadas e são capazes de gerar relatórios


e acesso remoto. A função de IHM também pode ser executada por um computador
com um programa supervisório.
37

2.3 Tipos de sistemas de monitoramento

Existem diversos sistemas de monitoramento de energia disponíveis no


mercado, desde os mais simples, configurados para monitorar poucos dispositivos,
até sistemas maiores e mais complexos que monitoram plantas industriais inteiras. O
princípio de funcionamento desses sistemas é basicamente o mesmo, a grande
diferença está na capacidade de processamento e no volume de dados gerenciados.
São apresentados a seguir alguns modelos de sistemas de monitoramento de energia
encontrados no mercado.

2.3.1 Arquitetura centralizada

Os sistemas mais simples de monitoramento de energia são compostos de


poucos medidores eletrônicos e um equipamento central de controle e aquisição de
dados, conforme mostrado a seguir.

2.3.1.1 Hardware dedicado

O equipamento central de controle e aquisição de dados pode ser um hardware


dedicado, que possua portas de comunicação (RS-232 / RS-485) para leitura dos
dados dos medidores, memória interna para armazenamento das informações e porta
ethernet para exportar os dados para um sistema de supervisão. Sua arquitetura é
representada na figura 13:
38

Figura 13 – Comunicação sistema de monitoramento com hardware dedicado


Fonte: [20]

As informações geradas por esse tipo de sistema dependem muito do software


supervisório e das características dos medidores. Como exemplo, o sistema Smart 32
da Gestal, disponibiliza as seguintes funções e informações [20]:

 Relatórios diário / semanal / mensal / anual de grandezas elétricas e utilidades.


 Otimização dos valores contratados e dimensionamento dos bancos de
capacitores (kVAr) fixos e automáticos.
 Gráficos e relatórios do custo unitário do kWh.
 Históricos de tendência multivariável.
 Simulações de perfis energéticos e faturas associadas.
 Recepção automática de dados históricos e alarmes.
 Análise tarifária e contratual.
 Histórico inteligente de alarmes e eventos com pré-filtragem.
 Acompanhamento da meta de consumo.
 Simulações de perfis energéticos (inclusão ou retirada de cargas indutivas /
capacitivas) e faturas associadas.
 Banco de dados histórico.
 Rateio inteligente de energia elétrica e utilidades entre centros de custo.
39

A figura 14 mostra uma tela do sistema supervisório:

Figura 14 – Exemplo de telas sistema de monitoramento com hardware dedicado


Fonte: [20]

2.3.1.2 IHM

Outro dispositivo que pode fazer a função de controle e aquisição de dados é


uma IHM. Ela possui hardware e software dedicado, portas de comunicação e
memória interna, que possibilitam a conexão direta com os medidores de energia
inteligentes. Ela faz a leitura dos dados medidos, processa as informações e as exibe
nas telas de monitoramento. É possível ter telas individuais para monitorar cada
equipamento e também uma tela principal que reúna todas as informações. A figura
15 representa a conexão da IHM com os medidores:
40

Figura 15 – Arquitetura sistema de monitoramento com IHM


Fonte: [21]

Esta solução é indicada para ambientes residenciais, comerciais, pequenos


edifícios e permite:

 Ter um melhor controle sobre o consumo de cargas específicas, isto é, saber


quanto o consumo de cada carga representa no consumo total;
 Exibir o valor de consumo de energia atual, semanal e mensal, e fazer cálculos
para estimar o valor da fatura;
 Exibir gráficos em tempo real das variáveis monitoradas (tensão, corrente,
potência, energia);
 Fazer controle de alarmes e falhas (definir níveis de tensão e corrente para
cada carga).
 Visualização no próprio display, sem necessidade de um computador para
leitura das informações.

Este sistema não possui a mesma capacidade de armazenamento das


informações por longos períodos como um banco de dados, porém, muitas IHM
possuem a opção de salvar os dados na memória interna, em cartões SD ou até
mesmo em pen drives, o que permite exportar as informações para uma planilha Excel
ou banco de dados em um computador.
41

Algumas IHM possuem a função de gerar relatório com as informações


armazenadas, mas não é uma característica tão comum quanto é para os sistemas
SCADA. Além disso, alguns modelos disponibilizam conexão à internet e possuem
web server integrado, tornando-se possível realizar acesso remoto via computador,
tablete ou smartphone. A figura 16 representa essas conexões:

Figura 16 – Acesso remoto sistema de monitoramento com IHM


Fonte: [21]

A vantagem desse sistema está no baixo custo e na simplicidade de instalação


e configuração. A robustez e o tamanho de uma IHM ajudam na sua instalação física,
ela pode ser instalada no próprio painel onde se encontram os medidores, diminuindo
o cabeamento da rede de comunicação. O software de programação da IHM pode ser
livre, ou caso haja necessidade de comprar uma licença, o valor será menor que um
SCADA.
42

2.3.2 Arquitetura distribuída

Para aplicações de maior porte existem sistemas complexos, como Power


Monitoring Expert e StruxureWare PowerSCADA Expert da Schneider, que são
compostos por sistemas SCADA e vários dispositivos distribuídos por diversas áreas.
Esta solução permite trabalhar com vários medidores de energia e outros dispositivos
inteligentes como inversores de frequência, nobreak, geradores, sistemas de ar
condicionado, onde é possível fazer o monitoramento do consumo de energia de uma
planta industrial ou uma grande edificação. A figura 17 representa a arquitetura desse
sistema:

Figura 17 – Arquitetura física do sistema de monitoramento com SCADA


Fonte: [22]

Estes sistemas possuem serviços de monitoramento de energia elétrica com


gerenciamento de inúmeros dispositivos e plantas inteiras, de forma distribuída. A
comunicação com os diversos dispositivos de monitoramento é feita através de
protocolos de redes industriais, normalmente Modbus-RTU e Ethernet.

O acesso às informações é feita de maneira remota, através de uma plataforma


multiusuário, via navegadores web, utilizando interfaces gráficas e tabelas dinâmicas.
As informações são atualizadas em tempo real e armazenadas em bancos de dados
SQL, com redundância e sistema de back-up [22]. Com este sistema é possível:
43

 Simular a fatura de energia por planta;


 Otimizar e gerenciar o valor da demanda contratada da concessionária de
energia, melhorando o enquadramento tarifário;
 Corrigir o fator de potência;
 Utilizar geradores em horário de ponta;
 Fazer medições setoriais e rateio de custos;
 Monitoramento distribuído e coleta automática de dados;
 Alarmes e registro de eventos com envio automático de e-mails;
 Relatórios semanais e mensais;
 Realizar diagnóstico de falhas em equipamentos e fornecimento de energia em
tempo real;
 Análise da qualidade de energia (Oscilografia e distorção harmônica)
As figuras 18 e 19 mostram telas de monitoramento do sistema SCADA da
Schneider:

Figura 18 – Tela monitoramento de consumo de energia - StruxureWare


Fonte: [22]
44

Figura 19 – Tela de monitoramento SCADA Schneider – Power Monitoring Expert


Fonte: [23]
45

3 SITUAÇÃO ATUAL E IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS

Este capítulo traz um estudo realizado com uma empresa que comercializa
produtos e soluções de eficiência energética no mercado nacional. É apresentada a
área de atuação da empresa, sua situação atual e os problemas que levaram esta
empresa a necessitar de um sistema de monitoramento de consumo de energia
elétrica.

3.1 Área de atuação

A empresa estudada por este trabalho é uma fabricante de produtos de


eficiência energética cujo desenvolvimento, fabricação, especificação das
características técnicas e funcionalidades são definidos pela matriz na Europa. A
atuação da empresa no Brasil ocorre através da comercialização dos produtos e
soluções de eficiência energética para os seguintes tipos de clientes:

 Integradores: responsáveis por projetar, especificar, e algumas vezes instalar


os produtos e soluções de eficiência energética nos clientes finais;
 Instaladores: responsáveis pela instalação física dos produtos e soluções de
eficiência energética nos clientes finais;
 Clientes finais: pessoas ou empresas que utilizam os produtos e soluções de
eficiência energética em suas instalações elétricas.

Os clientes finais atendidos pela empresa e pelos seus integradores e


instaladores são os prédios comerciais, hotéis, hospitais, escritórios, escolas e
universidades. Para esta empresa, o setor comercial representa maior volume de
vendas dos produtos e soluções de eficiência energética.

Segundo o relatório da ELETROBRAS (2009) sobre o mercado de eficiência


energética no Brasil em 2005, o setor comercial composto por hotéis, hospitais,
shopping centers, instituições financeiras, responde por aproximadamente 14% do
consumo total de eletricidade no país [25].
46

Desse montante, a maior parte da energia elétrica consumida por esses


estabelecimentos são utilizadas com iluminação (41,8%) e climatização (aquecimento
e refrigeração – 41,1%). O potencial de redução de consumo da iluminação é de
14,3% e de refrigeração 6,3%, conforme mostrado no gráfico da figura 20:

Figura 20 – Potencial estimado de economia de eletricidade no setor comercial brasileiro em 2006


Fonte: [25]

Por conta do potencial de redução de consumo e na representatividade que a


iluminação tem no consumo total dessas instalações, a empresa estudada atua com
maior intensidade no segmento comercial por possuir diversos produtos que agem
diretamente no controle de iluminação, conforme é mostrado a seguir.

3.2 Produtos para eficiência energética

A seguir, é explicado o funcionamento dos principais produtos comercializados


pela empresa para compor as soluções de eficiência energética:
47

 Sensores de presença:
São equipamentos que atuam quando detectam movimentos.
Normalmente há dois tipos de ajustes nos sensores de presença: intensidade
luminosa e tempo. A figura 21 ilustra o sensor de presença:

Figura 21 – Sensores de presença


Fonte: [14]

O ajuste de intensidade luminosa permite que o sensor acione quando


detectar um movimento e apenas quando a luz ambiente estiver abaixo do nível
ajustado, funcionando também como um relé fotoelétrico. O ajuste de tempo
determinará o período que a saída do sensor permanecerá acionada.

Sua área de atuação depende da altura instalada e da sensibilidade de


cada modelo, conforme mostrado na figura 22:

Figura 22 – Atuação do sensor de presença


Fonte: [14]

São eficientes em ambientes onde há circulação de pessoas e onde a


iluminação não permanece acesa constantemente, como corredores,
garagens, escadas, áreas externas, escritórios, sala de reuniões, banheiros.
48

 Dimmers:

São equipamentos utilizados para variar gradativamente a intensidade


luminosa das lâmpadas. A figura 23 ilustra um dimmer:

Figura 23 – Dimmer
Fonte: [14]

Podem ser aplicados para compensar a luz natural que adentra o


ambiente, diminuindo a luz emitida pelas lâmpadas e economizando energia.
Além disso, são utilizados para decorações e cenários de luzes. O
funcionamento do dimmer é representado na figura 24:

Figura 24 – Funcionamento do dimmer


Fonte: [14]

Utilizado em salas de reunião, terraços, hall de entrada, quartos, salas


de estar, escritórios, corredores, cinemas, teatros entre outros.
49

 Relés fotoelétricos:
São equipamentos utilizados para ligar ou desligar a iluminação de
acordo com o nível de lux ajustado no produto. A figura 25 ilustra um relé
fotoelétrico:

Figura 25 – Relé fotoelétrico


Fonte: [14]

Aplicado em áreas externas como estacionamentos, garagens, fachadas


de prédios e lojas, Iluminação pública, estradas, jardins e parques, painéis
iluminados, onde necessitam de iluminação apenas quando o nível de luz
natural está baixo. Seu funcionamento é representado na figura 26:

Figura 26 – Funcionamento do relé fotoelétrico


Fonte: [14]

Eles produzem uma grande redução no consumo de energia, uma vez


que a iluminação fica ligada apenas quando o nível de luz natural está baixo.
50

 Relés temporizados:
São equipamentos utilizados para manter uma carga elétrica acionada
por um determinado intervalo de tempo. Depois de percorrido o tempo, a carga
é desacionada. A figura 27 ilustra um relé temporizado:

Figura 27 – Relé temporizado


Fonte: [14]

São utilizados em equipamentos gerais como ventiladores,


aquecedores, fornos elétricos e similares, que não possuam a função “timer” e
deseja-se manter o equipamento funcionando por um tempo específico e
depois desligá-lo de forma automática. Seu funcionamento é representado na
figura 28:

Figura 28 – Funcionamento do relé temporizado


Fonte: [14]

Os temporizadores podem ser utilizados em abertura de portas e


portões, controles de semáforos, elevadores, fornos industriais, geradores,
bombas de piscinas, fontes, lavadoras industriais, motores, máquinas
industriais, regulação térmica e controles de iluminação.
51

 Programadores horários:
São utilizados para ligar e desligar equipamentos elétricos em horários
programados – dia, hora, minuto e segundo. A figura 29 ilustra um programador
horário:

Figura 29 – Programador horário


Fonte: [14]

É possível programar o funcionamento desses equipamentos para


ficarem ligado durante o expediente de trabalho (08:00 às 17:00 hs) nos dias
úteis (segunda à sexta-feira), por exemplo. Utilizado para controle de
iluminação, ar condicionado, aquecedores e cargas em geral.

 Medidores de energia:
São equipamentos utilizados para monitorar o consumo de energia dos
equipamentos elétricos, como sistemas de iluminação, refrigeração,
aquecimento, motores elétricos, transformadores entre outros. A figura 30
ilustra um medidor de energia:

Figura 30 – Medidor de energia


Fonte: [14]
52

3.3 Limitações e problemas

Os produtos apresentados anteriormente são utilizados pela empresa para


compor as soluções de eficiência energética. Essas soluções podem utilizar os
produtos individualmente ou em conjuntos, isso varia de acordo com a aplicação.
Cada produto tem uma função específica, assim, a redução de consumo obtida varia
de acordo com o produto selecionado e com o perfil de utilização do cliente.

Os ganhos de eficiência energética através de uma solução, como, por


exemplo, com os sensores de presença, dependem muito da utilização do cliente.
Neste caso, quanto maior o tempo sem a presença de pessoas, maior a redução
obtida. Como essa condição varia muito de cliente para cliente, e de acordo com o
local onde ela está instalada, definir o quanto a solução vai trazer de economia de
energia torna-se muito difícil e impreciso, pois, as variáveis que influenciam no seu
desempenho são enormes.

Para validar as soluções de eficiência energética, o primeiro ponto analisado


pelos clientes é a redução efetiva na conta de energia elétrica no final do mês. Porém,
nem sempre uma redução do consumo indica que determinada solução está
funcionando corretamente. O monitoramento conjunto de todas as cargas, isto é,
monitorar apenas um ponto através do medidor central, não permite uma boa análise
da redução de consumo gerada por uma única solução de eficiência energética. Pode
haver situações em que a utilização de cargas de maior potência (ex: ar condicionado)
mascara o consumo de cargas menores (ex: iluminação). É necessário saber o
consumo de cada solução separadamente, para assim, determinar quanto ela está
trazendo de retorno ao cliente. Isso se torna possível através de um sistema de
monitoramento de consumo de energia individualizado.

Atualmente esse sistema de monitoramento não faz parte dos produtos e


serviços oferecidos pela empresa. A demanda por esse tipo de sistema tem
aumentado conforme a venda de produtos para eficiência energética cresce. Em
alguns casos, devido à empresa não ter uma maneira eficaz de monitorar o
desempenho das soluções de eficiência energética, a venda desses produtos deixou
de ocorrer.
53

Com o desenvolvimento desse sistema, o monitoramento do consumo passa a


ser feito individualmente, para as principais cargas elétricas instaladas na edificação,
de maneira que seja possível obter curvas de consumo, realizar análises e
comparações com períodos anteriores, de cada solução instalada. Isso indicará se a
solução está funcionando conforme o esperado e se foi especificada corretamente.

O sistema poderá ser utilizado como ferramenta de diagnóstico, isto é, para


monitorar um ambiente com instalação elétrica convencional e, através das curvas de
consumo, determinar o melhor produto a ser aplicado para economia de energia. Essa
função será de grande utilidade para os integradores, auxiliando na escolha e
permitindo que os produtos atendam corretamente as necessidades do cliente final.

O uso da tecnologia além de auxiliar o usuário na verificação da redução do


consumo, aumentará a venda de medidores de energia (agregando mais valor ao
produto) e aos demais produtos de eficiência energética. A empresa deixará de
oferecer apenas produtos a passará a ter soluções completas para eficiência
energética, mudando seu posicionamento no mercado, podendo atuar em outras
áreas, através de projetos maiores e mais complexos de eficiência energética.

3.4 Público alvo

Para utilização do sistema inteligente de monitoramento de consumo de


energia proposto por esse trabalho, o público alvo selecionado são as edificações
corporativas de pequeno e médio porte (como escolas, prédios comerciais, lojas e
comércios, pequenos hotéis). Eles representam grande parcela dos consumidores de
produtos para eficiência energética. Seus perfis de consumo permitem a utilização de
quase todos os produtos comercializados pela empresa.

Dentro das edificações corporativas de pequeno e médio porte, será focado


nos clientes que, em função da complexidade técnica ou financeira, não necessitem
de um sistema BMS (Building Management System) – sistema de gestão de
edificações, mas desejam um sistema de monitoramento do consumo de energia
elétrica de cargas e equipamentos de forma individualizada.
54

Os sistemas BMS, são muito mais complexos e monitoram toda a parte


mecânica e elétrica do prédio, como: iluminação, elevadores, ar-condicionado,
controle de acesso físico, CFTV, alarmes contra incêndio entre outros.

Cada cliente tem uma necessidade diferente de monitoramento, as principais


cargas monitoradas nessas instalações são:

 Iluminação de maneira geral, podendo ser dividida em áreas internas


(lâmpadas LED e fluorescentes) e externas (refletores, lâmpadas de mercúrio);
 Climatização (ar condicionado e aquecedores), que podem ser central ou
individual para cada ambiente;
 Computadores, notebooks e monitores;
 Servidores e sala climatizada;
 Tomadas de uso geral;
 Máquinas e equipamentos especiais.

O número de cargas e equipamentos monitorados podem variar bastante para


cada aplicação, dessa forma, deve-se considerar o tamanho físico do ambiente, assim
como o número de espaços fechados (ex: salas, escritórios, banheiros) e os tipos de
equipamentos instalados em cada local.

Em escolas, é possível monitorar em cada sala de aula a iluminação, ar


condicionado, tomadas de uso geral e algum equipamento específico. O
monitoramento permite calcular o valor gasto com energia por aluno, dessa forma, é
possível definir qual é o número mínimo de alunos necessários para pagar o custo
com energia elétrica. Além das salas de aula, é possível monitorar a iluminação de
áreas externas como pátio e corredores, banheiros e salas de informática, por
exemplo.

Nos prédios comerciais pode ser monitorada toda a iluminação, desde a


garagem até cada um dos andares, o sistema de refrigeração central, bombas das
caixas d’água, elevadores e escadas rolantes. Com o monitoramento de todas essas
cargas e equipamentos de forma individualizada, é possível ter um melhor controle do
que é consumido e especificar as soluções de eficiência energéticas mais adequadas.

Para as lojas e comércios é possível monitorar a iluminação e ar-condicionado,


além dos equipamentos específicos como geladeiras, freezers, fornos e micro-ondas,
55

por exemplo, para os segmentos alimentícios. Neste exemplo, seria possível avaliar
se os ganhos com a venda de sorvetes no período de inverno estão pagando os custos
para manter o freezer ligado durante todo o dia.

Os pequenos hotéis podem utilizar o sistema de monitoramento individualizado


para monitorar o consumo de cada quarto (iluminação, ar condicionado, tomadas e
chuveiro elétrico). Com os valores gastos por cada quarto é possível calcular com
maior precisão qual seria o valor médio da diária do hotel.
56

4 ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA DO SISTEMA DE MONITORAMENTO

Conforme explicado no capítulo anterior, a empresa estudada tem uma


necessidade de desenvolver e comercializar um sistema de monitoramento de
consumo de energia elétrica para ser utilizado em edificações corporativas de
pequeno e médio porte, para monitorar individualmente as principais cargas e
equipamentos elétricos instalados. Dessa maneira é possível medir a eficácia dos
produtos e soluções de eficiência energética comercializada por ela, assim como
determinar as melhores soluções de eficiência energética, de acordo com o perfil de
consumo do cliente final.

A necessidade do desenvolvimento do sistema de monitoramento surgiu


inicialmente pelo departamento de marketing e de vendas da empresa, após algumas
sugestões e reclamações dos clientes finais que queriam esse sistema. Por isso a
empresa resolveu iniciar o desenvolvimento do sistema para incorporar essa
tecnologia aos produtos e serviços oferecidos. Foi necessário realizar um estudo
prévio para determinar os requisitos necessários da especificação técnica, conforme
apresentado a seguir:

 Área de atuação da empresa: Através da área de atuação e da forma com que


a empresa comercializa os produtos e soluções de eficiência energética, foi
possível determinar quais segmentos de mercado ela está presente.
 Público alvo: Baseando-se na área de atuação, foi feito um filtro no segmento
de mercado que mais consomem as soluções completas de monitoramento de
consumo de energia. Foi definido o público alvo específico a que este sistema
se destina – edificações corporativas de pequeno e médio porte.
 Principais soluções disponíveis no mercado: Foram estudadas as principais
soluções disponíveis no mercado (conforme mostrado no item 2.3) para
determinar as características técnicas que o sistema de monitoramento deve
possuir. Através dessa análise e, levando em conta as necessidades do público
alvo selecionado, foram definidas as funções de monitoramento, a topologia de
rede e as principais características do sistema.
57

Através desses itens foi possível chegar nas especificações técnicas do


sistema de monitoramento de consumo de energia que são mostradas a seguir:

Primeiramente foi definido o número máximo de dispositivos monitorados


simultaneamente. Para isso foram estudadas algumas aplicações em edificações
corporativas de pequeno e médio porte, como as escolas, escritórios, lojas e comércio,
onde o número de cargas monitoradas costuma ser baixo (iluminação, ar
condicionado, tomadas de uso geral, equipamentos específicos), cujo tamanho e o
porte varia de cliente para cliente. De maneira mais generalista, foi considerado o
monitoramento de até 32 cargas para o sistema proposto, visando atender a maior
parte dessas aplicações. Isso influencia tanto na instalação elétrica dos medidores,
quanto na infraestrutura de TI (topologia de redes de comunicação), capacidade de
armazenamento do servidor e complexidade do SCADA.

O volume de dados, a quantidade de variáveis monitoradas e o armazenamento


das informações foram especificados para atender o número máximo de dispositivos,
além de garantir uma análise precisa e completa do perfil de consumo de cada carga.
Tanto a quantidade de informações como o tempo que elas serão armazenadas, são
parâmetros que auxiliam na análise de eficiência energética.

O histórico e gerenciamento de alarmes proporcionam um melhor


monitoramento das cargas elétricas. É possível determinar valores conhecidos de
tensão, corrente e potência, para operação em condições normais. Qualquer valor
fora dessa faixa pode ocasionar um alarme, indicando que algo de errado está
acontecendo.

O acesso ao sistema será feito de maneira local (através do computador


central) ou remoto via web server. É possível acessar as informações de fora da
edificação através de um smartphone, por exemplo.

A capacidade de cálculo e análise das variáveis monitoradas, assim como a


geração de relatórios e outras funções do sistema, foram propostas para auxiliar o
usuário na análise de eficiência energética. Quanto maior a quantidade de
informações disponíveis sobre o perfil de consumo de cada equipamento, melhor
serão as ações tomadas para aumentar a eficiência e reduzir o desperdício.
58

A principal complexidade para instalação física desse sistema está na ligação


elétrica dos medidores de energia com as cargas. Dependendo da corrente elétrica
consumida por elas, os medidores serão ligados em série, sendo necessária uma
intervenção no painel elétrico. Os medidores utilizados fazem parte do portfólio de
produtos da empresa, o que ajuda a agregar valor ao produto e à solução.
A seguir são apresentadas as funções e recursos do sistema de monitoramento
de consumo de energia proposto:
 Monitoramento:
o Conectar e monitorar até 32 medidores de energia simultaneamente;
o Exibir dados elétricos das cargas em tempo real (tensão; corrente;
potência e energia ativa, reativa, aparente; fator de potência);
o Exibir consumo instantâneo, total e parcial de energia de cargas
individuais e o consumo total (kVAh / kWh / R$);
o Exibir status das cargas (ligado/desligado e percentual de carga);
o Exibir histórico de tendências das variáveis monitoradas;
 Configuração:
o Acessar o sistema de maneira local ou remota (web server ou software
dedicado);
o Possuir usuários com diferentes permissões de acesso, para operação
e configuração.
 Gerenciamento:
o Gerar perfis de consumo das cargas monitoradas para períodos
específicos: diários, semanais, mensais e anuais (analisar e comparar o
consumo ao longo do tempo);
o Calcular o valor do consumo de energia e quanto cada carga representa
do total (analisar e comparar o consumo ao longo do tempo);
o Definir e acompanhar metas para redução do consumo de energia
(cargas individuais e consumo total);
o Determinar fator de utilização das cargas individualmente para períodos
específicos (quantidade de tempo ligada e desligada);
o Calcular o payback das soluções de eficiência energéticas instaladas
(valor baseado em monitoramento realizado em um período anterior e
outro posterior à instalação das soluções);
o Gerenciar o valor da demanda contratada da concessionária;
59

 Gerar relatórios em Excel ou PDF dos itens citados anteriormente;


 Supervisão:
o Definir limites de sobretensão, subtensão, frequência, sobrecarga, fator
de potência para cada carga monitorada e gerar alarmes;
o Configurar mensagens de e-mail para um determinado alarme;
o Gerar lista de alarmes com os horários dos eventos;
 Armazenamento:
o Armazenar as informações obtidas dos medidores por um período
mínimo de:
 12 meses – tensão, corrente, potência, fator de potência;
 24 meses – consumo de energia (kWh / kVA);
o Utilizar algoritmos para compressão dos dados, visando diminuir o
volume de informações armazenadas;
o Exportar dados armazenados para um banco de dados ou arquivo em
Excel;
 Telas:
o Dashboard: Tela reúne as principais informações das cargas
monitoradas:
 Consumo instantâneo (kWh/kVAh e R$), consumo acumulado
(dia, mês e ano) do total das cargas;
 Quantidade de cargas monitoradas;
 Percentual de consumo das principais cargas (setorização);
 Gráfico com consumo dos últimos meses;
 Status das cargas (ligadas/desligadas, percentual de carga e
alarmes);
 Links para as demais telas;
o Configuração:
 Apagar valores armazenados no banco de dados, total ou parcial;
 Inserir ou excluir carga monitorada;
 Inserir valor da tarifa de energia;
o Histórico / Data logger:
 Selecionar uma variável e gerar gráfico com os valores
armazenados e em tempo real;
 Exportar dados armazenados;
60

 Informações sobre o volume de armazenamento disponível;


o Cargas monitoradas (uma tela para cada carga):
 Consumo instantâneo (kWh e R$) e consumo acumulado (dia,
mês e ano);
 Gráfico com o perfil de consumo;
 Configurar valores nominais da carga (corrente, tensão e
potência);
 Definir valores para os alarmes;
o Controle de usuário:
 Criar / excluir usuários;
 Permitir / bloquear acesso dos usuários a determinadas telas,
como de manutenção e configuração;
o Controle de alarmes:
 Exibir lista de alarmes com nome do evento, data e horário;
 Configurar mensagens de e-mail para os alarmes;
o Relatórios:
 Selecionar variáveis, período e gerar relatórios pré-definidos;
 Salvar em PDF ou Excel;
o Fatura de Energia:
 Valor gasto no mês atual em R$ (cargas individuais e consumo
total);
 Histórico dos últimos 12 meses (gráfico com os valores);
 Exibir o percentual de redução gerada (cargas individuais e
consumo total);

O sistema de monitoramento de energia é composto de:

 Medidores de energia eletrônicos, com rede de comunicação;


 Sistema SCADA para controle e aquisição de dados dos medidores;
 Gateway converte o meio físico e o protocolo utilizado pelos medidores;
 Access point interliga dispositivos conectados a ele via cabo à outra rede, via
sinal de rádio;
 Roteador gerenciar os pacotes de dados enviados / recebidos dos medidores
e SCADA
61

A instalação elétrica do sistema deverá ser feita conforme especificado abaixo:


 Instalar um medidor para cada carga ou equipamento monitorado;
 Caso seja possível, instalar vários medidores em um mesmo painel para
facilitar o cabeamento da rede de comunicação;
 Para cargas trifásicas com correntes superiores a 60 A, utilizar TC para ligá-las
nos medidores;
 Para cargas monofásicas, a corrente máxima é de 32 A;

O cabeamento de rede dos medidores deverá atender os requisitos a seguir:

 A cada conjunto de medidores próximos (até 10 metros), é utilizado um


gateway de comunicação de Modbus RTU (RS-485) para Modbus TCP
(Ethernet).
 Cada gateway é conectado a uma porta do roteador, onde está conectado ao
sistema de monitoramento;
 A topologia de rede utilizada para conectar os medidores com o gateway é de
barramento;
 A topologia de rede utilizada para conectar os gateways com o roteador é de
estrela;
 Para rede Ethernet, são utilizados cabos CAT6;
 Para rede RS-485, são utilizados cabos de par trançado, com 2 vias e malha;
62

5 PROPOSIÇÃO DA SOLUÇÃO

Baseado nos sistemas de monitoramento encontrados no mercado (item 2.3) e


na especificação técnica apresentada no item 4, a solução proposta por este trabalho
conta com medidores de energia eletrônicos, que se comunicam através de redes
industriais, utilizando gateways, access points e um roteador, a um sistema SCADA
que faz a aquisição e armazenamento dos dados obtidos pelos medidores.

A escolha de um sistema SCADA permite trabalhar com um volume maior de


dados simultaneamente, além de maior capacidade de armazenamento das
informações utilizando um banco de dados, maior facilidade para gerar relatórios,
fazer cálculos e analisar as variáveis monitoradas, gerenciar os alarmes e eventos
ocorridos, enviar mensagens por e-mail e permitir acesso remoto através de um web
server.

A arquitetura do sistema é centralizada, havendo apenas um hardware


responsável pela aquisição dos dados. Isso simplifica a solução e diminui o seu custo.
Não há redundância de servidores como costumam ter os sistemas de maior porte. O
acesso é local utilizando o computador central e remoto, utilizando a internet.

A quantidade de dispositivos monitorados simultaneamente é de até 32


medidores, número suficiente para atender o público alvo. Essa quantidade de
medidores permite que o sistema SCADA não seja muito complexo e não exija um
hardware muito potente com custo elevado. Também não requisita muita capacidade
de armazenamento das informações.

5.1 Dispositivos

O sistema de monitoramento é composto pelos seguintes dispositivos:


 Medidores de energia eletrônicos monofásicos 230V:
o Porta de comunicação RS-485 e protocolo de rede Modbus RTU;
o Corrente máxima 32 A;
o Modelo sugerido: 7E.23.8.230.0210 – Finder;
63

 Medidores de energia eletrônicos trifásicos 230/380V:


o Com TC ou sem TC na saída – a depender da carga monitorada;
o Porta de comunicação RS-485 e protocolo de rede Modbus RTU;
o Corrente máxima de 65 A (sem TC) e 1600 A (com TC);
 Relação para uso com transformadores de corrente: 5:5, 50:5,
100:5, 150:5, 200:5, 250:5, 300:5, 400:5, 500:5, 600:5, 750:5,
1000:5, 1250:5, 1500:5;
o Com TC – Modelo sugerido: 7E.46.8.400.0212 – Finder;
o Sem TC – Modelo sugerido: 7E.56.8.400.0212 – Finder;
 Gateway Ethernet:
o Converter meio físico RS-485 para Ethernet;
o Converter protocolo Modbus RTU para Modbus TCP;
o Número máximo de dispositivos RTU – 32 dispositivos;
o Modelo sugerido: PowerLogic EGX100 – Schneider;
 Fonte de alimentação 24 V DC
o Fornecer 24 Vdc e corrente mínima de 1A para alimentação do gateway;
o Modelo sugerido: 78.12.8.230.2400 – Finder;
 Access Point:
o Converter meio físico Ethernet para Wireless;
o Conectar com o roteador principal;
o Modelo sugerido: DAP-2360 – Dlink;
 Roteador Wireless
o Gerenciar os pacotes de dados enviados pelos medidores até o SCADA
e dele até os medidores;
o 8 portas de rede LAN;
o IEEE 802.11 b/g/n (2.4 GHz);
o Modelo sugerido: DSR-250N – Dlink;
 O modelo SCADA utilizado como referência neste trabalho é o Elipse E3 da
empresa Elipse Software. Ele possui as seguintes funções:
o Comunicação com dispositivos em protocolos Modbus TCP;
o Geração de pelo menos 1000 tags para leitura e escrita das
informações;
o Armazenamento dos valores das tags em banco de dados;
64

o Criação e geração de relatórios automáticos;


o Gerenciador de alarmes e eventos;
o Integração com softwares externos em ambiente Windows;
o Criação, edição e exibição de telas;
o Bibliotecas de objetos gráficos e estruturas de dados reutilizáveis;
o Scripts de programação (C, C++ ou VB);
o Controle de usuários;
o Interface Web;
o Envio de mensagens por e-mail;
 Computador central onde será instalado o software supervisório Elipse E3
necessita de um hardware compatível com as seguintes configurações:
o Computador com processador de dois núcleos de 2 GHz ou superior;
o 4 GB de memória RAM;
o Placa de vídeo com resolução mínima de 1920 x 1080 pixels;
o 500 GB de espaço em disco rígido;
o Microsoft Windows XP SP3, XP x64 SP2, Server 2003 SP2, Vista SP2,
Server 2008 SP2, Server 2008 R2 SP1, Server 2012, Windows 7 SP1,
Windows 8 ou Windows 10;
o Porta USB;
o Interface de rede 100 Mbps ou 1 Gbps;
o Tela LCD 21 polegadas widescreen;

5.2 Instalação física

É necessário instalar um medidor de energia eletrônico para cada carga ou


equipamento monitorado. A instalação do medidor requer interromper a ligação
elétrica da carga e ligá-lo em série conforme mostrado anteriormente na figura 9 e 10.
Cada aplicação necessita de um número diferente de medidores monofásicos ou
trifásicos. Deve-se considerar cada aplicação para a especificação dos medidores.
Isso vale também para a corrente consumida por cada carga, que determinará a
necessidade ou não de se utilizar TC junto com os medidores.
65

Dependendo da instalação elétrica, é comum haver várias cargas ligadas


próximas umas às outras ou no mesmo painel, assim, elas são ligadas a um mesmo
gateway ethernet. A distância máxima do cabo do medidor ao gateway é de 10 metros.
Caso haja uma carga instalada muito longe das outras, é instalado um gateway
exclusivo para ela. Os gateways são conectados ao roteador de duas maneiras:
 Caso a distância entre o gateway e o roteador seja menor que 50 metros, a
conexão entre eles é feita através de cabo Ethernet (CAT6);
 Caso a distância entre o gateway e o roteador seja maior que 50 metros ou seja
inviável a passagem dos cabos Ethernet, utiliza-se um access point que se
conecta via wireless com o roteador.
 Caso haja alguma aplicação onde a distância entre o medidor e o switch seja
maior que 100 metros, ela será estudada a parte.
O roteador gerencia os pacotes de dados enviados pelos medidores ao
computador central que contém o software SCADA. As informações são lidas,
processadas e depois armazenadas em um banco de dados. Através de um serviço
de web server (incluso no SCADA) e uma conexão à internet, é possível acessar as
telas remotamente.

A passagem dos cabos de sinal requer atenção, os mesmos devem ser


passados em canaletas, eletrocalhas ou conduítes próprios, sem que haja cabos de
alimentação próximos (respeitar uma distância mínima de 30 cm).

5.3 Comunicação

A configuração da rede de comunicação é essencial para que as informações


obtidas das cargas cheguem ao sistema SCADA. Os medidores de energia
inteligentes enviam os dados obtidos através da rede de comunicação, via RS-485,
para o gateway. O gateway converte o meio físico para Ethernet e transmite a
informação, através do roteador, para o sistema SCADA.
66

5.3.1 Topologia de rede

A topologia da rede depende basicamente do número de cargas monitoradas e


da distância de uma carga para a outra. Isso determinará a quantidade de medidores
de energia e de gateways utilizados. Quanto mais medidores de energia estiverem
instalados próximos uns dos outros, menor o número de gateways necessários.

A conexão dos gateways com o roteador é feita preferencialmente via cabo


Ethernet, devido ao custo menor em comparação com o access point. Caso seja
inviável a instalação do cabo, é utilizado um access point para conectar o gateway ao
roteador wireless. A topologia de rede para comunicação dos medidores de energia é
feita em barramento. Para os gateways, access point e roteador são feitas em estrela.
A topologia do sistema é representada na figura 31:

Figura 31 – Topologia sistema de monitoramento proposto


Fonte: Autor
67

5.3.2 Gateway

A função do gateway é converter o meio físico e o protocolo de comunicação,


isto é, ele traduz a informação enviada por um dispositivo que se comunica com outro
em protocolo diferente. No dispositivo gateway deve ser configurado seu endereço IP
e máscara de sub-rede. Esses endereços são utilizados para configurar o SCADA
para leitura dos dados dos medidores de energia.

5.3.3 Medidor de energia

O medidor de energia possui registradores específicos onde são escritos os


valores medidos por ele (tensão, corrente, potência ativa, fator de potência). Esses
registradores são lidos através do protocolo Modbus RTU. Os endereços são
associados às tags do sistema SCADA para leitura e armazenamento.

5.3.4 Roteador

O roteador é responsável pelo encaminhamento dos pacotes de dados


enviados pelos medidores e pelo sistema SCADA, proporcionando conectividade
entre os dispositivos em redes. Ele busca as melhores rotas para enviar e receber os
dados.

5.3.5 Access Point

As cargas instaladas mais distantes das outras, são conectadas por meio
wireless com o roteador central através do access point. Ele permite interligar
dispositivos conectados a ele via cabo à outra rede, através de sinal de rádio. Isso faz
com que todas as cargas estejam conectadas na mesma rede.
68

Neste caso, os medidores de energia são conectados ao gateway, que por sua
vez, se conecta via cabo ethernet ao access point e, via wireless, se conecta com o
roteador, mantendo todos na mesma rede.

5.3.6 Comunicação do sistema SCADA com os medidores

O sistema SCADA se comunica com os medidores de energia através do


protocolo de comunicação Modbus TCP. É necessário criar tags dentro do software e
associá-las aos registradores Modbus dos medidores para que sejam feitas as leituras
e escritas das informações.

5.4 SCADA

A configuração do sistema SCADA envolve vários objetos: telas, alarmes,


eventos, relatórios, controle de usuários, acesso remoto (web server), envio de
mensagens de e-mail, armazenamento e exportação das informações, banco de
dados e compressão dos dados, cálculos, gráficos, scripts e programação.

A seguir são apresentadas as principais configurações do sistema:

5.4.1 Telas

As telas do sistema SCADA são responsáveis por exibir as diversas


informações do sistema aos usuários. Elas estão divididas em categorias, de acordo
com a sua função. Abaixo são exibidos exemplos de telas disponíveis pelo sistema:
 Tela principal: resumo das principais informações das cargas monitoradas;
 Configuração: ajustes gerais do sistema;
 Histórico / Data logger: exibir valores de variáveis armazenadas;
69

 Cargas monitoradas: telas individuais para cada carga com as principais


informações do consumo;
 Controle de usuário: criar, excluir ou bloquear usuários e permissões de
acessos;
 Controle de alarmes: exibir alarmes e configurar e-mails;
 Relatórios: gerar relatórios com variáveis e períodos pré-definidos;
 Fatura de energia: valores relativos ao consumo geral.

5.4.2 Armazenamento e banco de dados

O sistema de monitoramento utiliza um banco de dados compatível com


sistema operacional Windows, onde são armazenados os dados históricos relativos
aos valores adquiridos das cargas monitoradas e as informações calculadas, de
acordo com o algoritmo de compressão de dados utilizado. Essas informações são
utilizadas para traçar o perfil de consumo de determinada carga e poder compará-lo
em diferentes períodos.
As informações são mantidas no sistema por um período mínimo de:
 12 meses – para tensão, corrente, potência, fator de potência;
 24 meses – para consumo de energia (kWh / kVA). Os dados armazenados
podem ser exportados para um arquivo em Excel (CSV), de forma que as
informações estejam disponíveis para serem feitas planilhas e cálculos
independentes do sistema.

5.4.2.1 Compressão dos dados

Visando diminuir o volume de informações armazenadas no banco de dados,


são utilizados algoritmos de compressão. Nele são configuradas condições para que
os dados sejam armazenados. Por exemplo, dados obtidos cujos valores sejam 5%
maior ou menor do que os anteriores serão armazenados, caso contrário eles serão
70

descartados. A taxa de compressão torna-se muito alta para sistemas com pouca
variação e a perda das informações é muito pequena, não prejudicando a análise final.

5.4.3 Relatórios

É possível gerar relatórios em PDF ou Excel e enviá-los por e-mail, com as


seguintes informações do sistema:

 Dados elétricos das cargas em um determinado período (tensão; corrente;


potência e energia ativa, reativa, aparente; fator de potência);
 Perfil de consumo das cargas monitoradas para períodos específicos: diários,
semanais, mensais e anuais;
 Fatura de energia;
 Payback das soluções de eficiência energética instaladas;
 Consumo Geral:
o Quantidade de cargas monitoradas;
o Consumo instantâneo (kWh/kVAh e R$) e consumo acumulado (dia,
mês e ano) das cargas;
o Percentual de consumo das principais cargas (setorização);

5.4.4 Cálculos, lógicas e scripts de programação

O sistema SCADA faz análises relacionadas ao consumo de energia, valor da


fatura, comparações com períodos anteriores, acompanhamento de metas de redução
de consumo, fator de utilização das cargas, cálculo de payback das soluções de
eficiência energética, entre outras.

Para isso é necessário a execução de cálculos e lógicas para se obter as


informações. É utilizada uma área de programação integrada ao sistema SCADA
capaz de realizar os cálculos matemáticos e as lógicas de programação, sempre que
determinada análise for requisitada.
71

5.4.5 Alarmes e eventos

Os alarmes e eventos são exibidos na tela do sistema SCADA e depois


armazenados no banco de dados para possibilitar uma consulta futura (o registro é
mantido por até 12 meses).

Além de monitorar o consumo de energia, é possível verificar se determinado


equipamento está funcionando dentro das suas condições normais, através da
configuração de faixas de valores para tensão, corrente e potência. Caso os valores
estejam fora dessa faixa, são gerados alarmes para avisar um possível problema.
Dependendo da configuração, pode-se determinar o envio de mensagens por e-mail
para avisar remotamente os usuários.

5.4.6 Controle de usuários

É possível configurar vários usuários para utilização do sistema de


monitoramento. Com o controle de usuário, é possível:
 Criar ou excluir usuários;
 Permitir ou bloquear acesso dos usuários a determinadas telas;
 Configurar quais relatórios cada usuário terá acesso;
 Personalizar as telas de monitoramento de acordo com o nível de cada usuário.

5.4.7 Acesso ao sistema

O acesso ao sistema se dá de maneira remota através de uma interface web,


e local através de um software dedicado. O acesso remoto pode ser feito por qualquer
dispositivo com um browser de internet, como computadores, tabletes e celulares. O
acesso local é feito através do computador principal que tem o software de
monitoramento. Nele há um web server instalado que faz o gerenciamento dos
acessos remotos.
72

6 EXEMPLO DE APLICAÇÃO

Este capítulo apresenta um exemplo de aplicação do sistema de


monitoramento em uma edificação comercial de pequeno porte onde a empresa XPTO
está instalada. São especificados os medidores de energia e os demais componentes
do sistema de monitoramento, além disso, são mostradas algumas telas do sistema
de monitoramento para exemplificar a solução proposta.

6.1 Monitoramento

Neste exemplo, o prédio da empresa XPTO possui cerca 1500 m2, divididos em
três pavimentos: subsolo, térreo e piso superior, conforme pode ser visto nos
desenhos do anexo A. Esta empresa possui soluções de eficiência energética
instaladas em algumas áreas que ainda estão em fase de testes e validação. A
empresa busca diminuir seus custos com energia, por isso estabeleceu uma
campanha de economia de energia e premiará o departamento que mais reduzir o
consumo no trimestre.

As cargas e equipamentos monitorados estão divididos de acordo com o


ambiente em que eles estão instalados. Esta empresa possui as seguintes áreas e
departamentos que serão monitorados de informa individual: estoque e expedição,
CPD, engenharia e departamento técnico, marketing, tecnologia da informação,
vendas, financeiro, recursos humanos, administrativo, gerência e diretoria.

Esses departamentos são monitorados de modo a se ratear os gastos com


energia elétrica entre os respectivos centros de custos. Além disso, o gasto de energia
com os ensaios realizados pelo departamento técnico são monitorados e repassados
aos clientes que solicitaram por esses serviços. Equipamentos comuns a todas as
áreas como servidores, elevadores, copa e iluminação do prédio também são
monitorados.

A empresa instalou produtos de eficiência energética para controle de


iluminação e climatização. Na sala de reunião 1, foram instalados sensores de
73

presença para controlar a iluminação, projetor e o funcionamento do ar condicionado.


Na sala de reunião 2 essa solução ainda não foi instalada. O mesmo ocorreu nas
áreas destinadas à vendas, uma parte do prédio possui equipamentos de eficiência
energética para controle da iluminação e climatização enquanto a outra parte do
prédio não. A intenção da empresa é comparar o consumo das duas áreas e verificar
o quanto de economia as soluções de eficiência energética estão trazendo para a
empresa.

6.2 Especificação dos dispositivos do sistema de monitoramento

Para determinar a quantidade de medidores de energia, gateways e access


points utilizados, a empresa foi dividida em setores e foram listas as cargas
monitoradas, conforme apresentado na tabela 1:

Tabela 1 – Cargas monitoradas na empresa XPTO

Quantidade e Gateway + Conexão


Setores da Empresa Cargas Monitoradas
modelo do Medidor com Roteador
Iluminação 1 x 7E.23.8.230.0210
Ar condicionado 1 x 7E.46.8.400.0212
Estoque e Expedição
Tomadas de uso geral 1 x EGX100
1 x 7E.23.8.230.0210
Computadores +
Elevador 1 x 7E.46.8.400.0212 Cabo Ethernet CAT6
Outros
Iluminação área externa 1 x 7E.23.8.230.0210
CPD – Centro de Servidor e Nobreak 1 x 7E.46.8.400.0212
processamento de dados Ar condicionado 1 x 7E.46.8.400.0212
Sala de Reunião 1 Iluminação
(Com soluções de Ar condicionado 1 x 7E.23.8.230.0210
eficiência energética) Projetor e Computador
Sala de Reunião 2 Iluminação
(Sem soluções de Ar condicionado 1 x 7E.23.8.230.0210 1 x EGX100
eficiência energética) Projetor e Computador +
Copa Eletrodomésticos 1 x 7E.23.8.230.0210 Cabo Ethernet CAT6
Iluminação
Tecnologia da Ar condicionado
1 x 7E.23.8.230.0210
Informação Tomadas de uso geral
Computadores
Iluminação
1 x 7E.23.8.230.0210
Auditório Projetor e Computador
Ar condicionado 1 x 7E.23.8.230.0210 1 x EGX100
Iluminação +
Ar condicionado Cabo Ethernet CAT6
Marketing 1 x 7E.23.8.230.0210
Tomadas de uso geral
Computadores
74

Iluminação
Ar condicionado
1 x 7E.23.8.230.0210 1 x EGX100
Engenharia e Tomadas de uso geral
+
Departamento Técnico Computadores
Cabo Ethernet CAT6
Estufa 1 x 7E.46.8.400.0212
Bancada de ensaios 1 x 7E.46.8.400.0212
Iluminação
Vendas 1
Ar condicionado
(Com soluções de 1 x 7E.23.8.230.0210
Tomadas de uso geral
eficiência energética)
Computadores
Iluminação
Vendas 2
Ar condicionado
(Sem soluções de 1 x 7E.23.8.230.0210
Tomadas de uso geral
eficiência energética) 1 x EGX100
Computadores
+
Iluminação
1 x DAP-2360
Ar condicionado
Financeiro 1 x 7E.23.8.230.0210
Tomadas de uso geral
Computadores
Iluminação
Ar condicionado
Administrativo 1 x 7E.23.8.230.0210
Tomadas de uso geral
Computadores
Iluminação
1 x EGX100
Ar condicionado
Recursos Humanos 1 x 7E.23.8.230.0210 +
Tomadas de uso geral
1 x DAP-2360
Computadores
Iluminação
Ar condicionado
Gerência 1 x 7E.23.8.230.0210
Tomadas de uso geral
1 x EGX100
Computadores
+
Iluminação
1 x DAP-2360
Ar condicionado
Diretoria 1 x 7E.23.8.230.0210
Tomadas de uso geral
Computadores
Total de medidores 24
Total de gateways 7
Total de access point 3

Fonte: Autor

Para as cargas apresentadas acima, considera-se que:

 Toda a iluminação, tomada de uso geral, projetor, computador,


eletrodoméstico e ar condicionado (exceto estoque e expedição, e CPD) são
cargas monofásicas 230 V até 32 A.
 O servidor, elevador, estufa, bancada de ensaios e o ar condicionado (estoque
e expedição, e CPD) são cargas trifásicas 380 V até 63 A.
 As cargas localizadas próximas umas das outras são conectadas ao mesmo
gateway.
75

 No CPD, onde fica instalada o servidor da empresa, está instalado o


computador central do sistema de monitoramento e o roteador. Todas as
cargas serão interligadas com o computador central através do roteador e de
seus gateways.
 Devido à distância e a dificuldade de se passar cabos de rede das cargas
instaladas no piso superior para o subsolo, essa conexão com o roteador é
feita via sinal de rádio utilizando o access point.
 Para melhorar a intensidade de sinal, é instalado um access point no teto da
sala de reunião 1 e configurado na função repetidor. Assim, a conexão
estabelecida possui em melhor sinal entre os access points (instalados no piso
superior) e o roteador (instalado no subsolo).

A ligação dos medidores com as cargas, os gateways e access point estão


representados nas figuras a seguir, de acordo com o quadro de distribuição (QD) ao
qual eles estão instalados:

Figura 32 – Ligação do medidores de energia com gateway – QD1


Fonte: Autor
76

Figura 33 – Ligação do medidores de energia com gateway – QD2


Fonte: Autor

Figura 34 – Ligação do medidores de energia com gateway – QD3


Fonte: Autor

Figura 35 – Ligação do medidores de energia com gateway – QD4


Fonte: Autor
77

Figura 36 – Ligação do medidores de energia com gateway e access point – QD5


Fonte: Autor

Figura 37 – Ligação do medidores de energia com gateway e access point – QD6


Fonte: Autor

Figura 38 – Ligação do medidores de energia com gateway e access point – QD7


Fonte: Autor
78

6.3 Topologia de rede

A topologia de rede utilizada para o sistema de monitoramento de consumo de


energia elétrica na empresa XPTO é representada pela figura 39:

Figura 39 – Topologia de rede do sistema de monitoramento - Empresa XPTO


Fonte: Autor

É possível verificar que foram utilizados 7 gateways para interligar todos os 24


medidores de energia, sendo que 3 deles utilizaram um access point para conectar
com o roteador. Essa distribuição foi feita considerando a disposição física das cargas
e quadros de distribuição na empresa, de maneira a facilitar a instalação física dos
equipamentos.
79

6.4 Telas do sistema de monitoramento

Neste item são apresentados alguns exemplos de telas do sistema de


monitoramento com a intuito de exemplificar a disposição das informações e as
funcionalidades utilizadas. As figuras 40 e 41 mostram as telas iniciais onde estão as
principais informações do sistema.

Figura 40 – Tela Inicial 1 - Empresa XPTO


Fonte: Autor
80

Figura 41 –Tela Inicial 2 - Empresa XPTO


Fonte: Autor

A figura 42 mostra a tela de monitoramento do servidor da empresa. Neste


exemplo de tela, são configurados os valores de limite de tensão, corrente e potência
para gerar mensagens de alarme quando eles forem ultrapassados. Além disso, é
exibido um gráfico com o consumo, a energia consumida pela carga e quanto foi o
gasto com ela em Reais (R$). Cada carga monitorada pelo sistema possui uma tela
individual como essa, contendo essas mesmas informações e configurações
disponibilizadas.
81

Figura 42 – Tela de monitoramento – Servidor - Empresa XPTO


Fonte: Autor
82

7 RESULTADOS ESPERADOS

O sistema de monitoramento proposto é uma solução simples e de fácil


implementação, capaz de fornecer o máximo de informações sobre o consumo de
energia elétrica das principais cargas e equipamentos instalados em uma edificação.
A eficácia do sistema está em analisar individualmente o consumo de cada carga e
equipamento, e assim ser possível determinar o percentual de consumo delas em
relação ao total instalado. Essa medida visa focar nas poucas cargas que apresentam
o maior consumo de energia.

Com informações levantadas pelo sistema de monitoramento, como os


períodos em que os equipamentos são utilizados, qual é o seu fator de utilização e se
ele fica ligado por muito tempo em stand-by, é possível traçar o perfil de consumo ao
longo do tempo e determinar a solução de eficiência energética mais adequada ao
cliente. Através das telas de monitoramento e dos relatórios gerados, é possível
comparar o consumo das cargas em determinados períodos, como antes e depois da
implementação da solução para analisar a sua viabilidade.

O monitoramento em tempo real permite saber quais cargas e equipamentos


estão ligados e qual o seu consumo instantâneo. Será possível determinar quando um
equipamento está trabalhando fora das suas condições nominais (sobrecarga, por
exemplo), se houveram problemas com o fornecimento de energia, e assim gerar
mensagens de alarme aos usuários. Caso haja alguma falha, a ação tomada é mais
rápida, diminuindo os impactos causados.

O sistema calculará instantaneamente o valor mensal da fatura de energia,


baseando-se nas tarifas, bandeiras e demanda contratada da concessionária. Os
usuários poderão ter um melhor controle das despesas com energia e também
verificar se os valores de demanda contratados estão de acordo com a necessidade
da empresa.

No cálculo do valor da fatura, haverá a separação dos valores gastos por cada
carga monitorada. É possível determinar, por exemplo, se a substituição de um
equipamento antigo por um modelo mais moderno e mais eficientes é viável
83

financeiramente, baseando-se nos valores gastos atualmente e na economia a ser


gerada.

O sistema permitirá acompanhar diariamente a evolução do consumo da


edificação. Ao se traçar uma meta de redução de consumo, o acompanhamento diário
ou semanal permite se ter um feedback mais rápido sobre a eficácia das medidas
adotadas para poder tomar uma ação de controle. Isso permite efeitos mais rápidos,
evitando gastos desnecessários por longos períodos.

Acessar as telas do sistema SCADA remotamente através de um navegador


de internet em um computador, tablete ou celular, aumenta a flexibilidade de utilização
e permite que de qualquer lugar, os usuários possam acompanhar o que está
acontecendo com os equipamentos e cargas instaladas na edificação. O sistema
possuirá usuários com diferentes permissões de acesso para operação e
configuração, sendo possível restringir o acesso a determinados grupos e garantir
uma maior segurança.

Os relatórios têm por objetivo facilitar a exportação de dados do sistema de


monitoramento. Sua geração será feita de maneira rápida e fácil. Em poucos passos,
é possível selecionar quais informações estão presentes no relatório, qual o período
dos dados, configurar se deseja receber o relatório por e-mail e com qual
periodicidade. Essa ferramenta permite que as informações sejam obtidas de maneira
sucinta e eficiente.

As informações geradas pelo sistema serão armazenadas em um banco de


dados. Serão utilizados algoritmos para compressão, visando diminuir o volume de
informações armazenadas. Os usuários terão o máximo de informações ocupando o
mínimo de espaço de armazenamento. Quanto maior o tempo em que as informações
estiverem armazenadas, maior será o período de comparação e melhor o
monitoramento de consumo.

As telas do sistema reunirão as principais informações das cargas monitoradas,


mostrando o consumo instantâneo (kWh/kVAh e R$), consumo acumulado (dia, mês
e ano), a quantidade de cargas monitoradas, o percentual de consumo das principais
cargas (divididas em setores), gráficos dinâmicos com as informações de consumo,
tudo para facilitar o acesso à informação por parte do usuário.
Entre as principais vantagens do sistema de monitoramento, estão:
84

 Facilidade de instalação:
o Ele poderá ser implementado em instalações já existentes;
o A instalação dos medidores é feita de forma simples e não requer
mudanças drásticas na instalação elétrica;
o Os equipamentos adicionais como gateways e roteador são de fácil
instalação e fixação, não necessitando de muito espaço ou infraestrutura
especial;
o Caso a distância entre as cargas seja grande ou de difícil acesso, o
sistema contará com dispositivos de comunicação wireless, que facilitará
a instalação.
 Facilidade de configuração:
o A configuração dos medidores de energia, dos gateway e roteador é feita
uma única vez e não necessitam de manutenção ou alteração;
o A topologia de rede é feita de maneira que a inclusão de novos
medidores seja possível sem grandes dificuldades e não requeiram
alterações nos medidores já instalados;
o Sistema SCADA terá telas de monitoramento individual para cada carga,
sendo possível adicionar ou excluir cargas monitoradas de acordo com
o porte da instalação;
 Custo de aquisição:
o Devido ao seu porte e a quantidade de dispositivos monitorados, o
software SCADA, o computador onde ele é instalado e o roteador, não
requerem muita complexidade e capacidade de processamento de
informações;
o O custo será menor comparado com as outras soluções de
monitoramento que possuem servidores redundantes e várias estações
de trabalho;
o A quantidade de medidores de energia e gateways depende de cada
aplicação. Uma instalação com poucas cargas têm um custo menor.
O sistema de monitoramento permitirá às edificações corporativas de pequeno
e médio porte, terem um controle mais efetivo do consumo de energia das suas
principais cargas e equipamentos instalados.
85

8 CONCLUSÃO

Com o desenvolvimento deste trabalho foi possível estabelecer as


especificações técnicas necessárias para o desenvolvimento de um sistema de
monitoramento de consumo de energia elétrica, capaz de analisar as principais cargas
instaladas em edifícios comerciais de pequeno e médio porte, utilizando medidores de
energia inteligentes que se comunicam via redes de comunicação, com um sistema
supervisório. O sistema proposto identifica e quantifica o consumo de energia das
principais cargas e equipamentos elétricos instalados, para se ter um melhor controle,
facilitando o estabelecimento de metas de redução de consumo e implementação de
projetos de eficiência energética.

Para especificação desse sistema foram analisadas as necessidades dos


clientes e as principais soluções disponíveis no mercado. Foram encontrados
sistemas de monitoramento de arquitetura centralizada, utilizando IHM ou um
hardware dedicado para fazer o gerenciamento das informações, comunicando-se via
redes industriais, com medidores de energia independentes. Os sistemas de maior
porte possuem arquitetura distribuída, com servidores redundantes e com centenas
de equipamentos monitorados. A diferença entre esses sistemas está no número de
dispositivos monitorados simultaneamente, na capacidade de processamento das
informações, assim como as funções e análises disponíveis em cada um.

O sistema de monitoramento proposto utiliza arquitetura centralizada, com um


computador central com software SCADA instalado para aquisição de dados,
medidores de energia inteligentes (com rede de comunicação) e monitoramento de
até 32 cargas simultaneamente. Possui funções complexas que permitem traçar e
analisar o perfil de consumo de cada carga, calcular o valor da fatura de energia, exibir
a parcela de consumo de cada equipamento, gerar relatórios, possuir histórico de
alarmes e eventos e armazenar as informações em um banco de dados.

Através dessas premissas foram especificados os dispositivos necessários


para compor o sistema de monitoramento, como medidores de energia, gateway
ethernet, fonte de alimentação, roteador wireless, access point, computador e
software SCADA. Também foram especificados outros aspectos relacionados ao
86

sistema: como são feitas as instalações elétricas dos componentes, as configurações


necessárias para comunicação dos dispositivos, topologia de rede, além das
configurações do sistema SCADA.

Assim, foi possível especificar um sistema de monitoramento de consumo de


energia, que estivesse de acordo com as necessidades técnicas dos clientes e que
fosse compatível com as soluções presentes no mercado, fazendo com que o objetivo
proposto por este trabalho fosse alcançado.

8.1 Trabalhos futuros

Sugere-se para trabalhos futuros a implementação da solução especificada e a


verificação prática dos resultados esperados.

Dada à importância que a eficiência energética e as medidas de redução de


consumo têm para a indústria atualmente, sugere-se também o desenvolvimento de
um sistema de monitoramento específico para ambiente industrial. Com ele seria
possível controlar o consumo de máquinas e equipamentos industriais e o custo de
produção, tornando mais efetivo as análises de gastos com energia elétrica e
possibilitando melhores ações de redução de consumo e uso eficiente de energia.
87

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Equipamentos e Instalações. 3. ed. Itajubá, 2006.

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88

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18. PAREDE, Ismael Moura; GOMES, Luiz Eduardo


Lemes. Eletrônica: Automação industrial. São Paulo: Fundação Padre
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22. SCHNEIDER. StruxureWare Power Monitoring Expert 7.2 - System Design


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25. ELETROBRAS. Pesquisa de posse de equipamentos e hábitos de uso, ano


base 2005: classe Residencial Relatório Brasil - Sumário Executivo. Rio
de Janeiro: ELETROBRAS; PROCEL, 2009. 187 p. (Avaliação do Mercado de
Eficiência Energética no Brasil).
89

ANEXO A – Planta da Empresa XPTO

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