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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS


DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E ANÁLISE

LIBERDADE ECONÔMICA E INSTITUIÇÕES INCLUSIVAS


COMO FATORES CONDICIONAIS AO CRESCIMENTO
ECONÔMICO – Uma análise econométrica do período de 1970 a 2014

Lucas Matheus Cabral da Silva Costa - 21352796

MANAUS-AM
2018
LUCAS MATHEUS CABRAL DA SILVA COSTA

LIBERDADE ECONÔMICA E INSTITUIÇÕES INCLUSIVAS


COMO FATORES CONDICIONAIS AO CRESCIMENTO
ECONÔMICO – Uma análise econométrica do período de 1970 a 2014

Monografia apresentada à Faculdade


de Estudos Sociais da Universidade
Federal do Amazonas como requisito
obrigatório à obtenção do título de
Bacharel em Ciências Econômicas,
sob a orientação do Prof. Dr. Diogo
Del Fiori.

MANAUS-AM
2018
RESUMO

Os impactos da liberdade econômica no que tange à prosperidade dos países se tornou


tema recorrente de estudos econométricos a partir da criação de índices que mensuram a
qualidade institucional dos países. Dessa forma, a presente pesquisa visa investigar os
impactos da liberdade econômica e da dinâmica institucional no crescimento econômico
das países, contextualizando-se os fundamentos do liberalismo clássico, a principal escola
de pensamento econômico a defender a liberdade econômica. Assim sendo, aplica-se no
presente estudo a regressão empregando-se o modelo econométrico de dados em painel
por intermédio do método de efeito aleatório para o período de 1970-2000 para uma
amostra de 47 países e efeito fixo durante 2000-2014 para 135 países. Os resultados da
pesquisa mostram que há relação positiva entre liberdade e crescimento econômico, no
entanto, o modelo se mostrou ambíguo no que tange as variáveis geográficas em face da
falta de dados, frente a dificuldade de acesso aos indicadores.
Palavras-chave: Liberdade Econômica, Ação Humana, Instituições Inclusivas.

ABSTRACT

The economic freedom’s impact regarding the prosperity of nations have become a
recurrent topic of econometric studies after the creation of indexes that measure the
institutional quality of countries. Thus, it is the main object of this work to investigate the
impacts of economic freedom, and the institutional dynamic on economic growth, while
contextualizing the principles of classical liberalism, a school of economic thought
regarded as freedom’s most avid advocate. Therefore, a regression with fixed and random
effect is runned to investigate the correlation between economic freedom and prosperity.
The periods of the regression are 1970-2000 regarding 47 nations and 2000-2014 for a
sample of 135 countries. The results of the regression shows that there is a positive
relation between economic freedom and economic growth; however, the model suggests
ambiguity regarding the geographic variables due to missing data.
Keywords: Economic Freedom, Human Action, Inclusive Institutions
Sumário
RESUMO .............................................................................................................. 3
ABSTRACT ......................................................................................................... 3
LISTA DE FIGURAS........................................................................................... 6
LISTA DE QUADROS ........................................................................................ 7
LISTA DE TABELAS .......................................................................................... 8
INTRODUÇÃO .................................................................................................... 9
Estrutura do Trabalho ......................................................................................... 10
Justificativa ......................................................................................................... 10
1. Objetivos................................................................................................... 14
2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................ 15
2.1 Liberdade .................................................................................................. 15
2.1.1 Ação Humana ............................................................................................ 15
2.1.2 Sociedade ................................................................................................... 17
2.1.3 Liberdade Econômica. ............................................................................... 18
2.1.4 Coerção ...................................................................................................... 20
2.1.5 O Mercado ................................................................................................. 22
2.1.6 Divisão do trabalho. ................................................................................... 23
2.1.7A preservação da sociedade ........................................................................ 24
2.1.8 O Estado..................................................................................................... 25
2.1.8.1 Estado mínimo ........................................................................................ 26
2.1.8.2 O Estado de Direito ................................................................................ 27
2.1.8.3 Estado e Mercado ................................................................................... 28
2.2 Instituições .................................................................................................... 31
2.2.1 A Era dos Extremos ................................................................................... 32
2.2.2 Estudos empíricos – uma análise dos resultados obtidos. ......................... 33
2.2.3 Conclusão – a dinâmica institucional e a liberdade econômica ................ 39
3. METODOLOGIA ..................................................................................... 41
3.1 Descrição das variáveis ............................................................................ 43
3.2 Amostragem ............................................................................................. 46
3.3 Dados em Painel ........................................................................................... 46
3.4 Desenvolvimento da equação de regressão .............................................. 50
3.5 Base de dados ............................................................................................... 52
4 RESULTADOS ............................................................................................... 53
5 CONCLUSÕES ............................................................................................... 58
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 60
ANEXOS ............................................................................................................ 67
LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Liberdade econômica e crescimento econômico .............................................13


Figura 2 – Liberdade econômica e renda
.........................................................................................................................................13
Figura 3 – Primeiro e segundo quartil referente a liberdade econômica mundial em 2014
.........................................................................................................................................68
Figura 4 – Terceiro e quarto quartil referente a liberdade econômica mundial em
2014.................................................................................................................................69
Figura 5 – Índice de liberdade econômica e ‘Confiança Social’
.........................................................................................................................................70
Figura 6 – Índice de liberdade econômica e tolerância a homossexuais
.........................................................................................................................................70
Figura 7 – Índice de liberdade econômica e tolerância a outras raças
.........................................................................................................................................71
Figura 8 – Índice de liberdade econômica e importância de ensinar tolerância a crianças
.........................................................................................................................................71
Figura 9 – Renda real por pessoa na Inglaterra, 1260s -2000 ........................................72
Figura 10 – Liberdade econômica e taxas de pobreza extrema e moderada ...................73
Figura 11 – Liberdade econômica e a renda ganha pelos 10% mais pobres ......................73
Figura 12 Liberdade econômica e expectativa de vida .....................................................74
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Variáveis utilizadas no modelo econométrico (1970-2000 e 2000-2014) e seus


respectivos sinais
esperados......................................................................................................................45
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Os 10 países mais livres do mundo e os 10 países menos livres em 2014........11


Tabela 2 – Os 10 países mais livres do mundo e os 10 países menos livres em 2014........12
Tabela 3 – Resultados das estimativas da equação de regressão linear utilizando o método
de efeito aleatório e fixo sobre a relação entre liberdade econômica e crescimento
econômico durante o período de 1970-2000 para 47 países ...........................................53
Tabela 4 - Resultados das estimativas da equação de regressão linear utilizando o método
de efeito aleatório e fixo sobre a relação entre liberdade econômica e crescimento
econômico durante o período de 1970-2000 para 47 países ...........................................54
Tabela 5 - Resultados das estimativas da equação de regressão linear utilizando o método
de efeito fixo sobre a relação entre liberdade econômica e crescimento econômico durante
o período de 2000-2014 para 135 países ..........................................................................55
Tabela 6 - Resultados das estimativas da equação de regressão linear utilizando o método
de efeito fixo sobre a relação entre liberdade econômica e crescimento econômico durante
o período de 2000-2014 para 135 países ..........................................................................56
Tabela 7 – Resultados das estimativas da equação de regressão utilizando o método de
efeito aleatório para as variáveis geográficas e liberdade econômica durante o período de
2000-2014 para 135 países ..............................................................................................57
Tabela 8 – Os países mais livres e menos livres economicamente do continente Asiático
.........................................................................................................................................74
Tabela 9 – Os países mais livres da Europa (Oeste e Leste Europeu) ...............................75
Tabela 10 – Os países mais livres e menos livres economicamente do continente africano
.........................................................................................................................................75
Tabela 11 – Os países mais livres pertencentes a América Latina ................................75
Tabela 12 – Lista de países em inglês e português para o período de 1970-2000 ..........76
Tabela 13 – Lista de países em inglês e português para o período de 1970-2000 ..........77
Tabela 14 – Lista de países em inglês e português para o período de 2000-2014 ...........77
Tabela 15 – Lista de países em inglês e português para o período de 2000-2014 ..........78
Tabela 15 – Lista de países em inglês e português para o período de 2000-2014 ...........79
Tabela 15 – Lista de países em inglês e português para o período de 2000-2014 ..........80
Tabela 15 – Lista de países em inglês e português para o período de 2000-2014 ...........81
9

INTRODUÇÃO

A causa da prosperidade dos países é tema de estudo econômico desde, pelo


menos, o surgimento da economia como ciência. Considerada por acadêmicos da área
como a obra a formalizar o estudo econômico como ciência, “ A Riqueza das Nações ”
de Adam Smith1 explica o surgimento da prosperidade das países e o acúmulo de riqueza
da sociedade como sendo fruto direto da liberdade econômica. Smith (1776) define o
mercado como sendo o ambiente em que os meios de produção são privados e os
indivíduos satisfazem suas necessidades mediante contratos. Desde a magnum opus2 de
Adam Smith, escolas de pensamento econômico atreladas a todo o espectro político
(esquerda e/ou direita) buscam investigar o que causa o crescimento econômico.
A história da formação econômica moderna dos países é, segundo Mises (1929),
marcada pelo surgimento do intervencionismo sistemático do Estado sobre o mercado –
o chamado Terceiro sistema, de acordo com Mises3. Antes de sua morte em 1973, Mises
observou a intensificação do Intervencionismo a partir das duas Grandes Guerras e a
Guerra Fria (1947 – 1991)4. Visto a crescente intervenção do Estado moderno no processo
de formação econômica dos países 5, e por outro lado a Liberdade – econômica e social –
como fator principal para o crescimento e desenvolvimento econômico, é possível
apresentar o problema do mundo moderno: a relação entre o Estado, liberdade e
crescimento econômico.
O presente estudo tem como intuito analisar a relação entre Liberdade econômica
e prosperidade na tradição do pensamento Liberal clássico, especialmente, sob a ótica de
economistas expoentes, a saber: Mises (1949; 1958; 1976; 1985), Friedman (1979) e
Hayek (1960). A fim de avaliar os conceitos supracitados, será apresentado um estudo
dos princípios fundamentais do liberalismo clássico em geral e em consonância com a
evolução do sistema de trocas voluntárias. Fazendo-se uma relação entre os arcabouços
teóricos desenvolvidos pelos pensadores que são objetos de investigação nessa pesquisa,
será apresentado o desenvolvimento das ideias da escola de pensamento escolhida, que
engloba a relação entre liberdade econômica/social, o Estado e o crescimento econômico.
Diante do contexto exposto anteriormente, é possível obter as perguntas de investigação:
o que causa o crescimento econômico dos países? E qual o papel das instituições –
políticas e econômicas – nas variáveis de desempenho econômico?

1
Adam Smith (1723 – 1790) publicou “Uma Investigação sobre a Natureza” e as “Causas da Riqueza das
Nações ” em 1776, sendo uma das primeiras obras a oferecer uma teoria sobre a origem do crescimento
econômico. Rothbard (1995) dedica boa parte da obra “An Austrian Perspective on the History of Economic
Thought” aos esforços de Smith em transformar a economia como ciência.
2
Magnun opus: obra de grande relevância e popularidade. Oxford Advanced Learner’s Dictionary.
3
Em A Critique of Interventionism (1929), Ludwig von Mises define o Capitalismo como Primeiro
Sistema, Socialismo como Segundo e Intervencionismo como o Terceiro Sistema econômico.
4
Hobsbawn (1994) aponta para o fenômeno imperialista mundial durante e no pós segunda-guerra,
intensificando a militarização das grandes potencias, o nacionalismo e práticas protecionistas
(intervencionismo econômico).
5
Para uma análise do intervencionismo como sistema econômico proeminente no mundo moderno ver
Chang (1995).
10

Portanto, é objeto central de estudo da presente monografia analisar a origem da


prosperidade sob a ótica Liberal Clássica6.Para isso, será feita uma análise econométrica
de regressão com dados em painel, empregando-se o modelo de efeito aleatório e fixo a
fim de provar a relação positiva entre liberdade econômica e o crescimento econômico.
O período analisado para os estudos de regressão compreenderá os anos de 1970 a 2014
devido à disponibilidade de dados quanto a liberdade econômica dos países oferecidos
pelo Fraser Institute no índice EFW.

Estrutura do Trabalho

O presente trabalho é constituído por cinco capítulos. O capitulo 1 consiste na


introdução, que contém a justificativa, hipótese e objetivo geral e específicos. A revisão
de literatura se encontra no capítulo seguinte (capitulo 2), que é dividida em duas seções,
sendo que na primeira é conceituada as variáveis objeto de estudo da presente monografia,
a saber, Estado, liberdade econômica e sociedade, sob a perspectiva liberal clássica
(FRIEDMAN 1979; HAYEK 1960; MISES 1927,1929,1949,1958), enquanto na segunda
seção, buscar-se-á versar sobre teoria institucionalista (NORTH, 1991, 1993;
ACEMOGLU Et al. 2012) e estudos econométricos que apresentam a relação entre
liberdade econômica e a prosperidade das países (KARRAS 1998; GWARTNEY 2004;
2008; BERGGREN 2014; HUSSAIN E HAQUE 2016). Apresentar-se-á no capítulo3 a
metodologia do presente trabalho, que contém a descrição do método, do modelo
econométrico empregado e as variáveis inseridas neste modelo. Será apresentado no
quarto capítulo os resultados da regressão e por fim no quinto será apresentada as
considerações finais.

Justificativa

O estudo do Estado e de seu vínculo com os indivíduos que compõem a sociedade


é tema de análise desde, pelo menos, a Antiguidade Clássica e cada escola de pensamento
ao longo dos tempos possui uma interpretação própria sobre as relações entre a liberdade
individual e o Estado soberano. A presente pesquisa aborda esses temas mediante a escola
de pensamento Liberal Clássica, que possui pouca relevância no âmbito acadêmico e
político-econômico no Brasil. A escolha de autores como Ludwig Von Mises (1949;
1958; 1976; 1985), Milton Friedman (1979) e Douglass North (1993) (dentre outros)
para discutir a relação entre Estado e Liberdade econômica se deu devido à pouca
penetração da escola liberal clássica no Brasil e no meio acadêmico, ainda que ela sempre
tenha desfrutado de prestígio em diversos países do mundo ocidental e também pelo fato
desses autores citados serem responsáveis por revolucionar as ferramentas de
interpretação dos alicerces da sociedade moderna, cada um em seu momento histórico.
A perspectiva do liberalismo, que tem em Mises um dos seus mais importantes
representantes, ainda é pouco estudada no meio acadêmico, seja pela dificuldade de
acesso aos seus autores, por não estarem, em sua maioria, traduzidos no Brasil, seja

6
Segundo Rothbard (1995), a escola Liberal Clássica tem sua origem no início do século XIX, com autores
expoentes como John Locke, David Ricardo, Adam Smith, Ludwig von Mises entre outros. A escola
advoga a liberdade como fator principal para o crescimento e desenvolvimento econômico.
11

mesmo pela forte presença de escolas ortodoxas, como a Keynesiana, nos círculos
acadêmicos no Brasil. Dado a escassez de pesquisas teóricas que envolvam tais temas, a
abordagem de tais autores reforça a importância e mesmo a necessidade de estudar
pensadores que possuam visões novas no meio acadêmico sobre temas de tamanha
relevância.
Além de expor uma escola de pensamento que possui baixa inserção na academia,
o presente estudo é relevante na medida em que aborda o tema liberdade econômica,
assunto que tem sido objeto de intensa análise em âmbito internacional nos últimos anos
(PIERONI 2013; ORIAKHI 2013; HUSSAIN e HAQUE 2016; GWARTNEY
2004;2008). A partir da criação, recentemente, dos índices de liberdade econômica, como
o Economic Freedom of the World (EFW) – Fraser Institute, utilizado no presente
trabalho, e o Economic Freedom Index (EFI) – Heritage Foundation, dentre vários outros
índices, foi proporcionado a oportunidade para se investigar empiricamente a relação
entre a liberdade econômica e a prosperidade dos países .
Portanto, é evidente a relevância do tema, dado à quantidade de obras pertencentes
a autores consagrados, permitindo-se investigar a relação entre a Liberdade econômica e
o crescimento dos países. Logo, este trabalho tem como hipótese: as instituições –
políticas e econômicas – afetam positivamente no crescimento e desenvolvimento dos
países, isto é, quanto maior a liberdade econômica de um país, maior será os seus
indicadores de desempenho econômico.
Além da miríade de estudos pertinentes à liberdade econômica, o tema se mostra
ainda mais relevante quando observado o ranking dos países mais livres na tabela 1. A
tabela a seguir evidencia a relação positiva entre liberdade, qualidade institucional e
crescimento econômico, no qual os países mais livres tendem a ser os mais prósperos.
Tabela 1 – Os 10 países mais livres do mundo e os 10 países menos livres em 2014
(continua)
Posição País Pontuação
1º Hong Kong 9.03
2º Singapura 8.71
3º Nova Zelândia 8.35
4º Suíça 8.25
5º República de Maurício 7.98
5º Canadá 7.98
5º Geórgia 7.98
5º Irlanda 7.98
10º Austrália 7.93
10º Reino Unido 7.93
12º Qatar 7.91
150º Iran 5.27
151º Argélia 5.15
152º Chade 5.12
153º Guiné 5.10
12

Tabela 2 – Os 10 países mais livres do mundo e os 10 países menos livres em 2014


(conclusão)
Posição País Pontuação
154º Angola 5.08
155º Republica centro Africana 5.01
156º Argentina 4.81
157º Republica Oficial do Congo 4.80
158º Líbia 4.58
159º Venezuela 3.29
Fonte: Elaboração própria a partir do índice Economic Freedom of the World (EFW) de 2014

Os 10 países mais livres7, como ilustrados na tabela 1 acima, pertencem a


diferentes continentes (Oceania, Ásia, Europa, América do Norte e África Oriental8), no
entanto, apesar de suas diferenças culturais, climáticas, sociais, dentre outras, esses países
se situam como as mais livres, segundo o índice de liberdade econômica EFW. Apesar de
distintos, esses países possuem algo em comum: instituições políticas e econômicas que
favorecem a liberdade econômica9.
Gwartney (2016) aponta que países que adotam instituições sólidas, no qual os
mercados são livres e os direitos de propriedade protegidos, possuem taxas de
crescimento per capita elevadas se comparados aos países com baixo índice de liberdade
econômica, de acordo com as informações da figura a seguir.

7
Quanto ao rank de liberdade econômica ver Anexo 1 e 2.
8
Os Anexos 11,12,13 e 14 ilustram os países mais e menos livres de cada continente.
9
Os 10 países mais livres possuem ranks elevados quanto a categoria de sistema legal e direitos de
propriedade (Legal System and Property Rights). A pontuação desta categoria das 10 países mais livres
são respectivamente de; 8.08; 8.31; 8;73; 8.45; 6.49; 8.05; 6.61; 8.04; 8.02; 7.83. fonte: Fraser Institute
Economic Freedom of the World (EFW) de 2014
13

Figura 1 – Liberdade econômica e crescimento econômico


Fonte: Gwartney, Lawson and Hall, 2015, Economic Freedom of the World: 2015 Annual Report; World Bank, 2016,
World Development Indicators.

De forma semelhante, a liberdade econômica impacta positivamente o nível de


renda per capita, no qual países mais livres possuem níveis de renda substancialmente
maiores que a países com baixos índices de liberdade econômica:

Figura 2 – Liberdade econômica e renda per capita.


Fonte: Gwartney, Lawson and Hall, 2015, Economic Freedom of the World: 2015 Annual Report; World Bank, 2016,
World Development Indicators.
14

Os estudos econométricos de Hanson (2000), Heckelman (2000), Easton e


Walker (1997), Haan e Sturm (2000), Scully (2002) e Hafer (2013) concluem ainda
que a liberdade econômica afeta positivamente o crescimento econômico das países .
Estes artigos serão alvo de discussão no capítulo 2.Assim, a escolha do tema liberdade
econômica é justificada perante os dados e estudos pertinentes ao efeito positivo de
mercados livres no que tange ao crescimento econômico e prosperidade dos países. Por
fim, a escolha do período de 1970-2000 e 2000-2014 se deu devido a disponibilidade
de dados quanto ao índice de liberdade econômica EFW utilizado na presente
monografia.

1. Objetivos

1.1 Objetivo Geral

 Analisar a relação entre a Liberdade econômica e a prosperidade dos


países.

1.2 Objetivos Específicos

 Investigar se as instituições políticas possuem impacto no crescimento


econômico das países.
 Estudar os impactos de variáveis geográficas no que tange ao crescimento
econômico dos países.
 Fundamentar a liberdade econômica sob a ótica da escola de pensamento
escolhida, a saber, Liberal Clássica.
15

2. REVISÃO DE LITERATURA

O presente capítulo será dividido em duas seções. A primeira irá conceituar os


principais fundamentos da escola Liberal clássica, abordando-se os conceitos de
Liberdade econômica, os sistemas de trocas voluntárias – Capitalismo –e o Estado. Em
seguida, será analisada a forma pela qual as variáveis citadas anteriormente se relacionam,
a fim de propiciar o crescimento. Esta primeira seção será descrita por meio das obras de
Friedman (1979), Hayek (1960) e Mises (1927; 1929; 1949; 1958).
Na segunda seção deste capítulo, empregando-se o arcabouço teórico exposto na
primeira seção, será focado o papel das instituições na formação econômica dos países.
Para isso, as obras de North (1991) e Acemoglu et al. (2012) foram selecionadas como
objeto de estudo. Ademais, será discutido o índice de liberdade econômica – Economic
Freedom of the World index EFW - utilizado na presente monografia e estudos
econométricos (KARRAS 1998; GWARTNEY 2004, 2008; BERGGREN 2014, dentre
outros) que abordam a relação entre a liberdade econômica e a prosperidade dos países.

2.1 Liberdade

2.1.1 Ação Humana

A hipótese central da presente monografia é de que a liberdade econômica afeta


positivamente o crescimento e desenvolvimento dos países. Para tal, faz-se necessário o
entendimento do que é a liberdade, de como esta é essencial para a prosperidade
econômica e social e também para as relações humanas que constroem o mercado e qual
o papel do Estado para com a sociedade, sendo que o entendimento de tais fatores sob a
ótica liberal clássica se mostra essencial na medida em que a escola citada é a maior
advogada da liberdade.
A compreensão da liberdade é somente possível por intermédio da análise da ação
humana (MISES 1949, passim), afinal, o crescimento econômico é alcançado apenas por
meio das ações de indivíduos que realizam trocas voluntarias e cooperação espontânea
(divisão do trabalho). Friedman (1979) descreve que a sociedade de mercado, no qual os
meios de produção são privados, prospera quando as ações dos indivíduos ocorrem de
maneira livre, ou seja, quando não há coerção de outrem (instituições extrativas10, o
Estado ou outros indivíduos), privando-os de sua liberdade. Dessa forma, a sociedade
pode escolher caminhos que melhor satisfaçam suas necessidades, desfrutando de seus

10
AcemogluEt al. (2012) define as instituições em duas categorias, a saber, Inclusivas – instituições que
fomentam o direito de propriedade para todos, “those that distribute political power widely in a pluralistic
manner” (2012. Pg 469) -, e Extrativas – instituições que favorecem elites políticas e econômicas,
transferindo a renda de muitos para a mão de poucos e minando a liberdade, “which concentrate power in
the hands of a few, who will then have incentives to maintain and develop extractive economic institutions
for their benefit”(2012, pg 470).
16

esforços, utilizando sua propriedade privada – pessoal e material – da maneira que lhes
convir, sem, no entanto, ferir os direitos de propriedade de seus semelhantes.
Para analisar a ação humana e ulteriormente a liberdade, Mises (1949)
desenvolveu em “Human Action” a Praxeologia, uma ferramenta dedutiva que busca
fundamentar o processo de agir dos indivíduos. Fazendo uso dessa ferramenta, será
analisada a seguir a Ação como fator embrionário da liberdade.
O que define uma ação? De modo sucinto, uma ação consiste em uma vontade,
um anseio posto em prática a fim de atingir um objetivo, uma meta desejada, antes de a
ação tomar lugar. O ato de agir e de colocar em prática a vontade do indivíduo atuante
consiste em renunciar a algo em favor de algum outro curso de ação que o indivíduo
considera mais favorável (MISES, 1949 passim).
Definido o conceito de ação, é possível obter outro questionamento: por que o
homem age? O que motiva o indivíduo a sair do estado letárgico e incorrer em uma ação?
A Praxeologia define que a ação humana é impulsionada por um desejo de atingir um
estado mais satisfatório para o indivíduo atuante, isto é, de sair de um patamar para outro
mais favorável.
“The ultimate goal of human action is always the satisfaction of the acting
man's desire. There is no standard of greater or lesser satisfaction other than
individual judgments of value, different for various people and for the same
people at various times. What makes a man feel uneasy and less uneasy is
established by him from the standard of his own will and judgment, from his
personal and subjective valuation. Nobody is in a position to decree what
should make a fellow man happier.” (MISES,1949. pg.14)

O trecho supracitado é essencial para evidenciar a relação de uma entidade


coercitiva (individuo, grupo de indivíduos, Estado etc.) com os indivíduos em uma
sociedade, pois, ninguém está em posição de direito para definir o que é mais satisfatório
para uma pessoa ou grupo de pessoas. Dado que o nível de satisfação é algo totalmente
pessoal e subjetivo, qualquer interferência exterior sobre as escolhas de um indivíduo
atuante é tida, de acordo com a praxeologia, como uma violação da ação humana (MISES,
1949).
“We call contentment or satisfaction that state of a human being which does
not and cannot result in any action. Acting man is eager to substitute a less
satisfactory state for a more satisfactory one? His mind imagines conditions
which suit him better, and his action aims at bringing about this desired state.”
(MISES, 1949. pg.13)

Como exposto anteriormente, o homem age, pois, é capaz de observar e analisar


relações causais e estimar as consequências dos seus atos utilizando-se da sua razão. Para
agir, o homem analisa os eventos que o cercam e busca saber a maneira pela qual sua ação
será a mais eficiente em atingir seus objetivos, sempre tendo em mente que está
renunciando a algo. Também busca compreender quais efeitos que essa escolha terá em
17

seu meio. Tal conceito é rotulado pelos economistas como Custo de Oportunidade11.
(MISES, 1949)
Dado que cada indivíduo é único, os níveis de satisfação são diferentes para cada
pessoa ou grupo de pessoas. Dessa forma, ações que renunciem à autossatisfação ou
mesmo à própria autopreservação, ainda assim, é considerada uma ação que de nenhuma
maneira pode ser classificada como irracional, pois, foram feitas mediante um processo
de escolha pessoal a fim de atingir algum objetivo.

2.1.2 Sociedade

A economia como ciência é em sua essência o estudo da ação humana, tendo por
pressuposto a verificação dos impactos da mesma sobre o seu meio e o indivíduo atuante.
Por meio do instrumental teórico desenvolvido por Mises (1949), a ação humana é
caracterizada como a ação realizada para saciar as vontades do indivíduo e elevar a sua
satisfação. É vital a compreensão da ação humana, na medida em que por intermédio dela
o homem obtém seus fins, portanto, investigar a causa da prosperidade é analisar o
conjunto de ações humanas que formam a economia de uma país. A liberdade é somente
encontrada nas ações dos indivíduos (MISES, 1949. passim), portanto, o estudo da
relação entre crescimento e desenvolvimento econômico com a liberdade econômica é
somente possível por meio do entendimento da ação humana quando esta atende aos
anseios do indivíduo (liberdade econômica) ou quando é vítima da coerção de terceiros.
(MISES, 1949)
Analisada a ação humana sob a perspectiva praxeológica de Mises (1949), é
possível observar o conjunto de ações em um meio social e também como grupos de
indivíduos interagem entre si a fim de atingir, individualmente, seus níveis ótimos de
satisfação. Mises (1949) define a sociedade como sendo o conjunto de ações individuais
em cooperação espontânea12e coletiva. De acordo com Mises (1949), a sociedade é
definida como o conjunto de indivíduos que agem por meio do esforço coletivo para a
promoção do bem individual, cujo resultado indireto é o bem coletivo. A sociedade existe
somente nas ações dos indivíduos.
Mises (1949) define que a divisão do trabalho é o componente essencial para a
renúncia do indivíduo à vida isolada em favor da vida social, na medida em que a
eficiência de trabalho em sociedade é significativamente maior que o trabalho individual,
proporcionando, assim, maiores benefícios para os indivíduos que compõem a sociedade.
“Human society is an association of persons for cooperative action. As against
the isolated action of individuals, cooperative action on the basis of the
principle of the division of labor has the advantage of greater productivity. If
a number of men work in cooperation in accordance with the principle of the
division of labor, they will produce (other things being equal) not only as much
as the sum of what they would have produced by working as self-sufficient

11
Mankiw (1997) define custo de oportunidade como sendo o preço em abrir mão de determinado curso de
ação em favor de outro.
12
Cooperação espontânea são as ações voluntarias em sociedade que buscam satisfazer os anseios mútuos
dos indivíduos mediante contratos. (MISES, 1949)
18

individuals, but considerably more. All human civilization is founded on this


fact. It is by virtue of the division of labor that man is distinguished from the
animals. It is the division of labor that has made feeble man, far inferior to
most animals in physical strength, the lord of the earth and the creator of the
marvels of technology. In the absence of the division of labor, we would not be
in any respect further advanced today than our ancestors of a thousand or ten
thousand years ago.” (MISES, 1927; p. 18)

À luz do liberalismo clássico, é possível definira sociedade como o conjunto de


ações humanas em cooperação espontânea, permitindo aos indivíduos alcançarem seus
objetivos em atingir estados de satisfação melhores. A sociedade triunfa mediante o
mercado, pois, os indivíduos que a compõem visam alcançar seus objetivos, fazendo com
que a sociedade (conjunto de indivíduos) se beneficie, não por benevolência, mas por
buscarem seus próprios fins, o de atender suas vontades, ou seja, atingir estados mais
satisfatórios.
“It is not from the benevolence of the butcher, the brewer, or the baker that we
expect our dinner, but from their regard to their own self-interest. We address
ourselves not to their humanity but to their self-love, and never talk to them of
our own necessities, but of their advantages” (SMITH, 1776,p. 27)

2.1.3 Liberdade Econômica.

“A man has freedom as far as he shapes his life according to his own plans. A
man whose fate is determined by the plans of a superior authority, in which the
exclusive power to plan is vested, is not free{…}” (MISES, 1949. p. 285)

À luz dos fundamentos teóricos de Mises(1949), em Human Action a Liberdade


econômica é tida como a ação humana posta em prática sem qualquer intervenção de
terceiros. É somente mediante as relações cooperativas sociais que o indivíduo consegue
conquistar o meio no qual vive. (MISES, 1949; p. 165).
A Liberdade individual é conceituada sob a perspectiva liberal clássica como
sendo o estado no qual o indivíduo não é sujeito a coerções arbitrária de terceiros, isto é,
suas ações para obter um estado mais satisfatório não podem enfrentar nenhum obstáculo
criado por outros indivíduos (HAYEK, 1960)
"Freedom refers solely to a relation of men to other means and the only
infringement on it is coercion by men. This means, in particular, that the range
of physical possibilities from which a person can choose~ at a given moment
has no direct relevance to freedom. The rock climber on a difficult pitch who
sees only one way out to save his life is unquestionably free, .though we would
hardly say he has any choice.”(HAYEK, 1960, p. 12)

No processo de cooperação social no contexto da divisão do trabalho, o indivíduo


é de fato livre. Os indivíduos são interdependentes, na medida em que dependem do
sucesso do outro para que seus objetivos sejam realizados, entrementes, eles são livres
para escolher qual caminho é o mais eficiente para aquilo que ele mesmo estabeleceu
como finalidade. Em síntese, o princípio de auto interesse de Adam Smith.
“Liberty and freedom are terms employed for the description of the social
conditions of the individual members of a market society in which the power
19

of the indispensable hegemonic bond, the state, is curbed lest the operation of
the market be endangered. In a totalitarian system there is nothing to which
the attribute "free" could be attached but the unlimited arbitrariness of the
dictator.” (MISES, 1949. p. 281)

Dessa forma, a liberdade se refere não somente ao poder de escolha do indivíduo,


mas também a uma dimensão política, na medida em que a liberdade é a ausência do
arbítrio de um poder ditatorial, caracterizado por ser coercitivo, pelo fato de direcionar as
ações de um indivíduo para satisfação das necessidades de outrem com o objetivo de
atender aos anseios da entidade (entidade coercitiva pode ser indivíduo, grupos de
indivíduos, o Estado, associações etc.) que está a coagi-lo.
O homem possui total soberania sobre o seu ser e os frutos de seu trabalho, isto é,
sua propriedade privada13. É por meio de sua propriedade que o indivíduo consegue agir,
a fim de saciar suas vontades, sendo que a divisão do trabalho permite a dispersão do
conhecimento, proporcionando dessa forma a especialização de vocações, o que confere
ao homem a miríade de oportunidades no mercado para satisfazer suas necessidades.
A liberdade econômica é observada quando a sociedade age de maneira livre, não
sendo vítima de coerção no que tange ao uso de sua propriedade privada – material e
pessoal14, sendo esta a condição essencial para a prosperidade, de acordo com a escola
liberal clássica, pois, garante incentivos aos indivíduos para incorrerem em ações
econômicas. O crescimento e desenvolvimento econômico é fruto da propriedade
intrínseca do mercado, sob o sistema de preços e da autoregulação (FRIEDMAN, 1979.
Passim), somado ao ambiente econômico livre, o que possibilita o processo de inovação
e destruição criativa15.
“A predominantly voluntary exchange economy, on the other hand, has within
it the potential to promote both prosperity and human freedom. It may not
achieve its potential in either respect, but we know of no society that has ever
achieved prosperity and freedom unless voluntary exchange has been its
dominant principle of organization. We hasten to add that voluntary exchange
is not a sufficient condition for prosperity and freedom. That, at least, is the
lesson of history to date. Many societies organized predominantly by voluntary
exchange have not achieved either prosperity or freedom, though they have
achieved a far greater measure of both than authoritarian societies. But

13
Smith (1776) argumenta que o indivíduo possui total soberania sobre si mesmo e detém a propriedade do
seu trabalho, dessa forma, ao ‘misturar’ o trabalho com um objeto, é criado então a propriedade privada.
Nas palavras do autor“ the property which every man has in his own labour, as it is the original foundation
of all other property, so it is the most sacred and inviolable (SMITH, 1776. 1976ª, I xc, 12, 138). Anterior
a Smith (1776), Locke (1690) define ainda que a propriedade precede ao Estado, sendo a sua fonte, e como
consequência, o “Estado possui nenhum outro fim, senão o de preservar a propriedade” (LOCKE, 1690.
1991, 329).
14
Propriedade material – propriedade tangível fruto do trabalho ou de contratos -, propriedade pessoal –
corpo e mente do indivíduo. Locke (1690) descreve que ‘apesar de a Terra e as criaturas inferiores serem
comuns ao homem, este possui ‘propriedade’ em si mesmo e ninguém dispõe do direito de aliená-la”
(LOCKE, 1690. 123 – tradução autoral). Sobre o tema de propriedade pessoal e material, ver Le Fevre
(1966) e Rothbard (1973)
15
Schumpeter (1911) descreve a destruição criadora como sendo o incessante processo de inovação de
tecnologias e métodos produtivos, substituindo-se as tecnologias que se tornam obsoletas mediante a
evolução técnica. Esse processo de reestruturação econômica possui impactos significativos no
desempenho econômico no longo prazo. Acemoglu et al. (2012) define que a destruição criadora é fruto
direto da liberdade econômica e das instituições sólidas.
20

voluntary exchange is a necessary condition for both prosperity and freedom.”


(FRIEDMAN, 1979,p. 11)

A subseção subsequente analisa como a ação humana é corrompida, fazendo com


que as ações dos indivíduos não satisfaçam mais as suas vontades, mas aos desejos da
entidade coercitiva (indivíduo, grupo de indivíduos, Estado, associações etc.)16. É vital a
compreensão do processo de coerção, pois, a problemática da presente monografia
consiste no empecilho ao crescimento econômico causado pela interferência na liberdade
econômica por meio do Estado e de outras entidades no mundo moderno (Associações,
Instituições etc.). (MISES, 1929).

2.1.4 Coerção

A fim de compreender o conceito de liberdade, faz-se necessário inspecionar


como esta é frustrada ou impedida. Para isso, será analisada a coerção, que é o ato de
sujeitar o indivíduo atuante livre a agir não mais para satisfazer suas volições, mas para
atender os desejos do(s) agente(s) coercitivo(s), seja o Estado ou mesmo outro(s)
indivíduo(s). (HAYEK, 1960)

O indivíduo alvo de coerção age para atender os anseios da entidade que o coage
por meio do uso de violência, caso a conduta desejada pelo agente coercitivo não seja
realizada. A coerção elimina a individualidade do homem ao negar suas ações, a fim de
atingir não os seus fins, mas os de outrem, impedindo o indivíduo de se auto realizar.
“So long as the act that has placed me in my predicament is not aimed at
making me do or not do specific things, so long as the intent of the act that
harms me is not to make me serve another person's ends, its effect on my
freedom is not different from that of any natural calamity-a fire or a flood that
destroys my house or an accident that harms my health.”(HAYEK, 1960).

A dependência do indivíduo para com seus semelhantes no mercado em nenhum


momento se confunde com coerção, pois, mesmo interdependentes a sociedade é livre
para escolher o coro de ações mais eficaz para atingir seus objetivos. A sociedade de
mercado é então a esfera na qual o indivíduo atua livre de qualquer intervenção ou
limitação (exceto as suas limitações naturais) a seus objetivos; no mercado a troca de bens
e serviços ocorre de maneira voluntária e sem coerção, sendo que ambas as partes
envolvidas nessa relação se beneficiam mutuamente e o fazem consensualmente, pois,
julgam que esse caminho é o melhor para atender às suas vontades.
“That other people's property can be serviceable in the achievement of our
aims is due mainly to the enforceability of contracts. The whole network of
rights created by contracts is as important a part of our own protected sphere,
as much the basis of our plans, as any property of our own. The decisive
condition for mutually advantageous collaboration between people, based on
voluntary consent rather than coercion, is that there be many people who can
serve one's needs, so that nobody has to be dependent on specific persons for

16
Rothbard (1973) descreve o Estado em condição de entidade coercitiva, ao coagir o indivíduo a atender
somente as finalidades do Poder Público sob a promessa do uso de violência. Da mesma forma, máfias,
grupos de indivíduos e instituições impõem sua vontade ao indivíduo mediante ações violentas.
21

the essential conditions of life or the possibility of development in some


direction. It is competition made possible by the dispersion of property that
deprives the individual owners of particular things of all coercive powers.”
(HAYEK, 1960)

A ação humana livre é vital, pois, é somente dessa forma que a sociedade possui
o incentivo para realizar ações econômicas. Logo, é possível inferir que a instituição da
propriedade é, em sua essência, o baluarte da liberdade econômica, pois, de forma
inviolada (não sendo vítima de coerção) a sociedade pode prosperar por intermédio do
mercado, buscando caminhos mais eficientes para atender as suas necessidades.
“In a free trade world, as in a free economy in any one country, transactions
take place among private entities—individuals, business enterprises,
charitable organizations. The terms at which any transaction takes place are
agreed on by all the parties to that transaction. The transaction will not take
place unless all parties believe they will benefit from it. As a result, the interests
of the various parties are harmonized. Cooperation, not conflict, is the rule.
When governments intervene, the situation is very different. Within a country,
enterprises seek subsidies from their government, either directly or in the form
of tariffs or other restrictions on trade. They will seek to evade economic
pressures from competitors that threaten their profitability or their very
existence by resorting to political pressure to impose costs on others.
Intervention by one government in behalf of local enterprises leads enterprises
in other countries to seek the aid of their own government to counteract the
measures taken by the foreign government. Private disputes become the
occasion for disputes between governments.” (FRIEDMAN, 1979)

A coerção, por outro lado, busca redirecionar parcial ou inteiramente o curso de


ação do indivíduo para atender aos anseios da entidade coercitiva. É nesse momento que
a liberdade econômica é violada. Quando os mercados são vítimas de coerção, por meio
da corrupção da ação humana, é então observado o que Mises (1929) rotula como o
Terceiro Estado – o Intervencionismo. Intervencionismo é considerado para os
pensadores da escola liberal clássica como sendo o caminho diametralmente oposto a
prosperidade, sendo o Socialismo – o segundo sistema – o ápice, segundo Mises (1929),
da coerção sobre a ação humana. Friedman (1979) descreve:
“Wherever the state undertakes to control in detail the economic activities of
its citizens, wherever, that is, detailed central economic planning reigns, there
ordinary citizens are in political fetters, have a low standard of living, and
have little power to control their own destiny. The state may prosper and
produce impressive monuments. Privileged classes may enjoy a full measure
of material comforts. But the ordinary citizens are instruments to be used for
the state's purposes, receiving no more than necessary to keep them docile and
reasonably productive.” (FRIEDMAN, 1979. pg. 55)

Na segunda parte do presente capítulo será apresentado, sob a perspectiva de


Acemoglu et al. (2012), o argumento institucional para a motivo da prosperidade das
países . Em síntese, Acemoglu et al (2012) fundamenta que a razão para os países pobres
não conseguirem alavancar o seu crescimento se dá devido a sua formação histórica
constituída de instituições extrativas e intervencionistas, como o Leste Europeu, América
Latina, África Subsaariana, etc.
22

Acemoglu et al (2012) classifica as instituições como sendo Inclusivas e


Extrativas. Instituições Inclusivas são o aparato institucional que garantem o direito de
propriedade e assim a liberdade, conferindo legalidade aos contratos voluntários perante
o mercado. As Instituições Extrativas por outro lado, se configuram como sendo o aparato
institucional à predar a propriedade privada, limitando as escolhas da sociedade e
permeando a coerção sobre o mercado.

A fim de concluir o tema de coerção, a presente seção será finalizada com a


evidência histórica oferecida por Friedman (1979) quanto a experiência institucional
extrativa alemã e, posteriormente, as transformações em direção à liberdade que
acarretaram o crescimento e desenvolvimento econômico.
“It seemed a miracle when West Germany—a defeated and devastated
country—became one of the strongest economies on the continent of Europe in
less than a decade. It was the miracle of a free market. Ludwig Erhard, an
economist, was the German Minister of Economics. On Sunday, the twentieth
of June, 1948, he simultaneously introduced a new currency, today's Deutsche
mark, and abolished almost all controls on wages and prices. He acted on a
Sunday, he was fond of saying, because the offices of the French, American,
and British occupation authorities were closed that day. Given their favorable
attitudes toward controls, he was sure that if he had acted when the offices
were open, the occupation authorities would have countermanded his orders.
His measures worked like a charm. Within days the shops were full of goods.
Within months the German economy was humming away.” (FRIEDMAN,
1979. pg. 56)

2.1.5 O Mercado

O Liberalismo clássico define o mercado como sendo o sistema social no qual os


meios de produção são privados, isto é, o indivíduo possui total soberania quanto a sua
propriedade privada, alocando seus recursos e esforços (trabalho) para as ações que
satisfaçam suas vontades. Como visto anteriormente, a praxeologia de Mises (1949)
define que o homem age de maneira a atingir estados mais satisfatórios, assim, a liberdade
econômica é condição essencial para que o indivíduo possa agir de maneira a satisfazer
suas volições de forma eficiente.
Mises (1927) apresenta três modelos de sistema econômico; O Primeiro Sistema
ou a sociedade de mercado – capitalismo -, no qual os indivíduos são livres para usufruir
os frutos de sua propriedade privada, incorrendo em trocas mediante contratos livre e
legitimados sob a proteção do Estado; O Segundo Sistema ou Socialismo, diametralmente
oposto ao capitalismo, no qual o Estado controla os meios de produção, é caracterizado
pela ausência de liberdade econômica e social; e por fim o Terceiro Sistema ou
Intervencionismo, sistema esse em que o indivíduo é vítima de coerção parcial no que
tange às suas ações, sendo que o Estado incorre em intervenções diretas e indiretas no
mercado, o que limita a possibilidade de escolhas da sociedade, desvirtuando o sistema
de preços.
O sistema de preços é formado espontaneamente por meio do equilíbrio entre
oferta e demanda, assim, o mercado precifica os bens e serviços de uma economia
mediante a sua disponibilidade e o dispêndio da sociedade consumidora. A desvirtuação
do sistema de preços se dá quando o Estado altera os preços de bens e/ou serviços a fim
23

de atender às vontades do Poder Púbico, desequilibrando a demanda e oferta de uma


economia e, por conseguinte, o sistema de Preços. (FRIEDMAN, 1979)
É vital a compreensão dos sistemas econômicos, pois, a proposta da presente
monografia é a de que o crescimento econômico sustentável é somente possível mediante
o Primeiro Sistema, o capitalismo. A sociedade prospera quando esta pode, livremente,
escolher quais caminhos tomar para satisfazer seus objetivos, portanto, países que
possuem instituições extrativas (segundo e terceiro sistema) não conseguem prosperar,
pois, seus cidadãos não são livres para agir da maneira que lhes convém (ACEMOGLU
et al. 2012. passim).
“Nations fail economically because of extractive institutions. These
institutions keep poor countries poor and prevent them from embarking on a
path to economic growth. This is true today in Africa, in places such as
Zimbabwe and Sierra Leone; in South America, in countries such as Colombia
and Argentina; in Asia, in countries such as North Korea and Uzbekistan; and
in the Middle East, in nations such as Egypt. There are notable differences
among these countries. Some are tropical, some are in temperate latitudes.
Some were colonies of Britain; others, of Japan, Spain, and Russia. They have
very different histories, languages, and cultures. What they all share is
extractive institutions. In all these cases the basis of these institutions is an
elite who design economic institutions in order to enrich themselves and
perpetuate their power at the expense of the vast majority of people in society.
The different histories and social structures of the countries lead to the
differences in the nature of the elites and in the details of the extractive
institutions. But the reason why these extractive institutions persist is always
related to the vicious circle, and the implications of these institutions in terms
of impoverishing their citizens are similar—even if their intensity differs.”
(ACEMOGLU Et al. 2012. pg. 440)

Nesse sentido, o Mercado é o guia oculto (SMITH 1776) das interações humanas
livres que visam ao auto interesse por meio da cooperação recíproca espontânea, sendo
qualquer atividade ou ação que mine tal processo um ataque direto à liberdade individual
e econômica.

2.1.6 Divisão do trabalho.

Isolado, o indivíduo iria depender unicamente das suas próprias capacidades para
se prover, por meio do uso do seu trabalho, a fim de conseguir seu objetivo. Sozinho, o
homem não consegue ser tão produtivo quanto um grupo de indivíduos. Em coletividade,
por outro lado, e compartilhando de seus diversos conhecimentos e experiências, o
horizonte de possibilidades é inimaginável. Na sociedade, esse escopo é ampliado de
maneira imensurável e o indivíduo pode beneficiar a si e ao outro com seus
conhecimentos e habilidades. O homem isolado está limitado aos seus conhecimentos;
em sociedade, por outro lado, ele pode aproveitar todo o conhecimento disponibilizado
por seus concidadãos, bem como compartilhar os seus.
“In other words, it is largely because civilization enables us constantly to
profit from knowledge which we individually do not possess and because each
individual's use of his particular knowledge may serve to assist others
unknown to him in achieving their ends that men as members of civilized
24

society can pursue their individual ends so much more successfully than they
could alone.”(HAYEK, 1960, p. 25)

2.1.7A preservação da sociedade

A partir das subseções anteriores do presente capítulo, é possível desenvolver, sob


o arcabouço teórico da escola liberal clássica, o argumento de que a liberdade é essencial
para o homem. Pois, somente livre este é capaz de agir de maneira eficiente, satisfazendo
suas necessidades e indiretamente as de outrem. E ainda que, em sociedade, mediante a
cooperação espontânea coletiva e a divisão do trabalho, o homem consegue obter
patamares produtivos que sozinho seria impossível dado suas limitações naturais.
Por conseguinte, dado os axiomas praxeológicos de Mises (1949), foi possível
sintetizar mediante as contribuições acadêmicas de Haeyk (1960) e Friedman (1979) que
a liberdade econômica é o fator condicional para o crescimento econômico sustentável.
Pois, além de proporcionar ao indivíduo, por intermédio do mercado, a miríade de
escolhas para saciar suas vontades, ao mesmo tempo em que coopera, direta ou
indiretamente, para o sucesso de seus concidadãos, a liberdade econômica é crucial em
transmitir incentivos à sociedade para esta incorrer em ações econômicas, fomentando o
progresso tecnológico e o processo de destruição criadora.
Conquanto o crescimento econômico seja possível por meio de instituições
extrativas e intervencionistas, esse crescimento não é sustentável no longo prazo, além de
limitar a liberdade e as escolhas da sociedade. (ACEMOGLU et.al. 2012)

“Nations fail today because their extractive economic institutions do not


create the incentives needed for people to save, invest, and innovate. Extractive
political institutions support these economic institutions by cementing the
power of those who benefit from the extraction. Extractive economic and
political institutions, though their details vary under different circumstances,
are always at the root of this failure.” (ACEMOGLU et.al. 2012. p. 413)

Sendo a sociedade o conjunto de ações individuais, no qual os indivíduos têm no


sucesso do outro um meio para atingir seus próprios objetivos, o pensamento liberal
clássico estabelece/defende que a preservação da sociedade é algo essencial para o
homem. Assim, será apresentado uma nova variável no estudo da ação humana e a
liberdade econômica, o Estado. (MISES, 1958, passim).
Sob a perspectiva liberal clássica, o Estado nasce da necessidade de se preservar
a ordem social, protegê-la de quem visa destruí-la e colocar em risco o sistema frutífero
de divisão do trabalho que beneficia o indivíduo. Mises (1958) enfatiza a necessidade do
Estado “government is not, as some people like to say, a necessary evil; it is not an evil,
but a means, the only means available to make peaceful human coexistence possible”
(MISES 1958, p 35).
Mises (1958) define o Estado como sendo a antítese da liberdade, pois, é uma
entidade coercitiva na medida em que realiza a função vital de proteger o indivíduo e
25

assegurar os direitos de propriedade por intermédio de seu monopólio do uso da força.


Assim Mises (1958) define o Estado como o Aparato de Coerção Social.17
“Government is essentially the negation of liberty. It is the recourse to violence
or threat of violence in order to make all people obey the orders of the
government, whether they like it or not. As far as the government’s jurisdiction
extends, there is coercion, not freedom.” (MISES, 1958, p.34)

Mises continua:
“Government is a necessary institution, the means to make the social system
of cooperation work smoothly without being disturbed by violent acts on the
part of gangsters whether of domestic or of foreign origin.” (MISES, 1958. Pg.
34)

No entanto, é Smith(1776) quem oferece de forma mais elegante e completa uma


teoria para definir e apontar as funções do Estado:
“All systems either of preference or of restraint, therefore, being thus
completely taken away, the obvious and simple system of natural liberty
establishes itself of its own accord. Every man, as long as he does not violate
the laws of justice, is left perfectly free to pursue his own interest his own way,
and to bring both his industry and capital into competition with those of any
other man, or order of men. The sovereign is completely discharged from a
duty, in the attempting to perform which he must always be exposed to
innumerable delusions, and for the proper performance of which no human
wisdom or knowledge could ever be sufficient; the duty of superintending the
industry of private people, and of directing it towards the employments most
suitable to the interest of the society. According to the system of natural liberty,
the sovereign has only three duties to attend to; three duties of great
importance, indeed, but plain and intelligible to common understandings: first,
the duty of protecting the society from the violence and invasion of other
independent societies; secondly, the duty of protecting, as far as possible,
every member of the society from the injustice or oppression of every other
member of it, or the duty of establishing an exact administration of justice;
and, thirdly, the duty of erecting and maintaining certain public works and
certain public institutions, which it can never be for the interest of any
individual, or small number of individuals, to erect and maintain; because the
profit could never repay the expence to any individual or small number of
individuals, though it may frequently do much more than repay it to a great
society.”(SMITH, 1776. Pg. 325)

2.1.8 O Estado.
Adiante será estudado a anatomia do Estado18, suas funções e seus limites à luz
da tradição liberal. Não será objeto de estudo, portanto, a origem desta entidade, sua
evolução histórica no decorrer do tempo, desde o surgimento das primeiras civilizações

17
É consenso entre os pensadores da escola liberal clássica que o Estado é vital para o funcionamento
pacífico da sociedade. Assegurando os direitos de propriedade privada – material e pessoal – o Estado
garante que a sociedade possa prosperar. Ao definir o Estado como ‘aparato de coerção social’,
diametralmente oposto a liberdade, Mises parece entrar em um dilema quando afirma que o Poder Público
é indispensável à sociedade (ROTHBARD 1973). Pois na condição de aparato de coerção social, o Estado
passa a ser então o maior violador da liberdade econômica. É por intermédio desse dilema do liberalismo
clássico em Mises, que o economista Murray Rothbard (1973;1974) radicaliza o pensamento liberal e
propõe a escola de pensamento Libertária, em que o Estado é visto como entidade dispensável a sociedade.
18
Rothbard (1974) oferece uma análise minuciosa sobre a teoria do Estado.
26

humanas. O objetivo será analisar as interações do Estado com os indivíduos e a liberdade


econômica no âmbito do mundo moderno.

2.1.8.1 Estado mínimo

Smith(1776) define que o sistema econômico ideal é aquele em que o direito de


propriedade privada e liberdade são inviolados, ou seja, uma sociedade ideal é aquela em
que o indivíduo é livre para satisfazer suas volições, contanto que não viole o Estado de
Direito.
O Poder Público, por outro lado, é limitado a três funções vitais para que o system
of natural liberty possa prosperar a saber: a proteção do indivíduo contra ações violentas
(seja de outros indivíduos ou países estrangeiras), o de manter a ordem mediante o
sistema jurídico e, por último, o de oferecer bens públicos.19Segundo Smith (1776), este
sistema é o único a proporcionar o caminho à prosperidade, pois, a ideia de uma economia
planificada, na qual o mercado é controlado pelo Estado, é inviável, na medida em que;
“The sovereign is completely discharged from a duty, in the attempting to
perform which he must always be exposed to innumerable delusions, and for
the proper performance of which no human wisdom or knowledge could ever
be sufficient; the duty of superintending the industry of private people, and of
directing it towards the employments most suitable to the interest of the
society.”(SMITH, 1776, p. 325)

Portanto, nenhum indivíduo, ou grupo de indivíduos, possui o intelecto suficiente


para controlar o mercado e guiar a sociedade para caminhos mais prósperos. É somente
mediante a liberdade econômica que a sociedade consegue atingir crescimento econômico
sustentável. Por intermédio da dispersão de conhecimento e da divisão do trabalho, os
indivíduos conseguem alcançar patamares de satisfação que nenhum déspota alcançou
mediante a coerção.20

“The essential feature of government is the enforcement of its decrees by


beating, killing, and imprisoning. Those who are asking for more government
interference are asking ultimately for more compulsion and less freedom.”
(MISES, 1949 p.715)

A entidade Estado garante o sucesso de suas funções por intermédio do monopólio


dos meios de violência e do arcabouço jurídico, que dá origem e fundamenta o chamado
Estado de Direito.
Assim, o Estado é essencial para o funcionamento da sociedade, já que coíbe
ações, por intermédio do uso da força ou de seu arcabouço jurídico, que poriam em risco
a sociedade. Ao mesmo tempo, em que protege os indivíduos, o Estado se utiliza da
coerção (monopólio dos meios de violência, direito exclusivo de taxação – prática que

19
Sobre bens públicos ver Varian (1996, p. 667).
20
Gwartney (2016) conclui, por meio de estudos econométricos, que países mais livres possuem taxas de
crescimento econômico exponencialmente maiores que as de países menos livres. Esta obra será discutida
na segunda parte do presente capítulo.
27

preda a propriedade privada da sociedade – e conscrição, o ato de alistamento obrigatório,


coercitivo, para o serviço militar por parte do Estado soberano)21, para evitar que os
alicerces que sustentam a sociedade e o sistema de interações humanas, que é o mercado,
desfaçam-se.
Logo, o Poder Público é vital para o crescimento econômico, ao garantir que as
ações humanas ocorram de forma inviolada mediante instituições inclusivas (democracia,
propriedade privada etc.). Acemoglu et.al. (2012) apresenta fatos históricos para
fortalecer a teoria liberal clássica vista no presente capítulo:
“When nations break out of institutional patterns condemning them to poverty
and manage to embark on a path to economic growth, this is not because their
ignorant leaders suddenly have become better informed or less self-interested
or because they’ve received advice from better economists. China, for
example, is one of the countries that made the switch from economic policies
that caused poverty and the starvation of millions to those encouraging
economic growth. But […] this did not happen because the Chinese
Communist Party finally understood that the collective ownership of
agricultural land and industry created terrible economic incentives. Instead,
Deng Xiaoping and his allies, who were no less self-interested than their rivals
but who had different interests and political objectives, defeated their powerful
opponents in the Communist Party and masterminded a political revolution of
sorts, radically changing the leadership and direction of the party. Their
economic reforms, which created market incentives in agriculture and then
subsequently in industry, followed from this political revolution. It was politics
that determined the switch from communism and toward market incentives in
China, not better advice or a better understanding of how the economy
worked.” (ACEMOGLU et al. 2012. p. 82)

2.1.8.2 O Estado de Direito

O arcabouço jurídico à disposição do Estado é o mecanismo pelo qual esta


entidade garante a ordem e o funcionamento pacífico da sociedade para que os indivíduos
incorram em ações livres em prol de seus objetivos. O conjunto de leis de uma sociedade
é então a estrutura que protege o indivíduo na vida em sociedade, juntamente com valores
morais que surgem espontaneamente com o mesmo princípio, o de assegurar a ordem.
(HAYEK, 1960)
“Life of man in society, or even of the social animals in groups, is made
possible by the individuals acting according to certain rules. With the growth
of intelligence, these rules tend to develop from unconscious habits into
explicit and articulated statements and at the same time to become more
abstract and general.” (HAYEK, 1960, p. 148)

O Estado de Direito pressupõe leis gerais, isto é, assumindo o princípio de


igualdade formal entre os indivíduos da sociedade, sem impedir ações livres e não
destrutivas à sociedade, como visto anteriormente sob o instrumental teórico
praxeológico. A ação humana é a vontade do indivíduo posta em pratica, no qual o homem

21
Rothbard (1974) descreve o ato de conscrição por parte do Estado como uma das maiores violações da
liberdade e um dos meios pelo qual o Poder Público perpetua a sua predação da propriedade privada. O
autor então radicaliza o pensamento liberal clássico e propõe a dispensabilidade do Estado.
28

age por meio de sua propriedade privada (pessoal e material) para atingir seus fins. Dessa
forma, ações livres e não destrutivas à coletividade são consideradas legitimas e por isso
não frustradas pelo Estado de Direito. .
“It is because the lawgiver does not know the particular cases to which his
rules will apply, and it is because the .judge who applies them has no choice
in drawing the conclusions that follow from the existing body of rules and the
particular facts of the case, that it can be said that laws and not men
rule.”(HAYEK, 1960, p. 153)

2.1.8.3 Estado e Mercado

“The market economy is a man-made mode of acting under the division of


labor. But this does not imply that it is something accidental or artificial and
could be replaced by another mode. The market economy is the product of a
long evolutionary process. It is the outcome of man's endeavors to adjust his
action in the best possible way to the given conditions of his environment that
he cannot alter. It is the strategy, as it were, by the application of which man
has triumphantly progressed from savagery to civilization.” (MISES, 1949, p.
266)

O Liberalismo clássico entende o mercado como sendo um sistema de ações


humanas livres. Nele, os indivíduos incorrem em ações a fim de se beneficiarem
mutuamente via contratos voluntários. Por ser um sistema de ações livres, é espontâneo
e o Estado existe para proteger a sociedade e o funcionamento pacífico das interações
humanas em uma sociedade de mercado.
“The market directs the individual's activities into those channels in which he
best serves the wants of his fellow men. There is in the operation of the market
no compulsion and coercion. The state, the social apparatus of coercion and
compulsion, does not interfere with the market and with the citizens' activities
directed by the market. It employs its power to beat people into submission
solely for the prevention of actions destructive to the preservation arid the
smooth operation of the market economy.” (MISES, 1949, p. 258)

Ações por parte do Estado que intervenham no mercado rompem com seus limites
definidos anteriormente sob a ótica Liberal. O Poder Público, portanto, não deve interferir
nas interações humanas. O motivo pelo qual o liberalismo clássico defende que o mercado
não deve sofrer intervenções por parte do Estado, ocorre tendo em vista que esta entidade
age por meio do uso de coerção para conseguir seus objetivos, o que se caracteriza por
um ataque às liberdades dos indivíduos, ao limitar as suas escolhas no mercado (MISES,
1958).
Friedman (1979) cita como exemplo o caso Americano durante a década de 1970,
ilustrando os efeitos do intervencionismo na limitação das escolhas da sociedade e na
variação do estoque de produtos alvos da intervenção:
“The long gasoline lines that suddenly emerged in 1974 after the OPEC oil
embargo, and again in the spring and summer of 1979 after the revolution in
29

Iran, are a striking recent example. On both occasions there was a sharp
disturbance in the supply of crude oil from abroad. But that did not lead to
gasoline lines in Germany or Japan, which are wholly dependent on imported
oil. It led to long gasoline lines in the United States, even though we produce
much of our own oil, for one reason and one reason only: because legislation,
administered by a government agency, did not permit the price system to
function. Prices in some areas were kept by command below the level that
would have equated the amount of gasoline available at the gas stations to the
amount consumers wanted to buy at that price. Supplies were allocated to
different areas of the country by command, rather than in response to the
pressures of demand as reflected in price. The result was surpluses in some
areas and shortages plus long gasoline lines in others. The smooth operation
of the price system—which for many decades had assured every consumer that
he could buy gasoline at any of a large number of service stations at his
convenience and with a minimal wait—was replaced by bureaucratic
improvisation.” (FRIEDMAN, 1979. p. 14)

O mercado possui a propriedade de se autorregular por intermédio do sistema de


preços. Inviolado, este sistema transmite informações preciosas à sociedade para que esta
possa alocar de forma mais eficiente seus recursos e os meios de produção. O sistema de
preço possui então três funções a saber: transmitir informação, gerar incentivos e
comunicar à sociedade o valor dos bens e serviços que serão consumidos (FRIEDMAN,
1979).
“Prices perform three functions in organizing economic activity: first, they
transmit information; second, they provide an incentive to adopt those methods
of production that are least costly and thereby use available resources for the
most highly valued purposes; third, they determine who gets how much of the
product— the distribution of income. These three functions are closely
interrelated.” (FRIEDMAN, 1979, p. 14).

O processo de intervenção do Estado na economia desestabiliza o sistema de


preços, de modo que a sociedade recebe informações equivocadas à alocação dos fatores
de produção (capital, trabalho e terra). Com a alocação de recursos ineficientes, ocorre o
desequilíbrio entre demanda e oferta de bens e serviços, logo os indivíduos sofrem com
preços elevados, além da possibilidade extrema de escassez22. Friedman (1979) conclui
que os efeitos negativos da intervenção sobre os mercados são imensuráveis:
“To carry this example one step further, the higher price of oil, insofar as it
was permitted to occur, raised the cost of products that used more oil relative
to products that used less. Consumers had an incentive to shift from the one to
the other. The most obvious examples are shifts from large cars to small ones
and from heating by oil to heating by coal or wood. To go much further afield
to more remote effects: insofar as the relative price of wood was raised by the
higher cost of producing it or by the greater demand for wood as a substitute
source of energy, the resulting higher price of lead pencils gave consumers an
incentive to economize on pencils! And soon in infinite variety.” (FRIEDMAN,
1979. p. 19).

22
O Brasil experimentou problemas de escassez de alimentos, e de outros bens e serviços causados pela
ditadura militar (ABREU, 1989). A Venezuela, como evidenciado por Benzaquen (2017) caminha em
direção oposta a liberdade econômica, e por consequência a sociedade sofre com escassez de alimentos e
outros produtos básicos. Quanto aos efeitos nefastos causados pelo intervencionismo ver Mises
(1929;1958).
30

Seja pela genuína benevolência do Estado em melhorar as condições dos


indivíduos ou pela sede do poder em controlar esferas que lhe escapam ao domínio, no
processo histórico moderno são observadas intervenções de diversos graus nos países
(MISES 1927; CHANG 1995; ACEMOGLU et al. 2012). Foi analisado anteriormente
que ao agir ativamente nas relações humanas, o Estado ataca o princípio de liberdade ao
usar da coerção para obter seus fins. Do ponto de vista econômico, o efeito da coerção é
prolongado na medida em que afeta as informações passadas ao indivíduo atuante por
meio do mecanismo de preços de bens e serviços. Isso ocorre, pois, as variações nos
preços de bens e serviços transmitem a sociedade quais ações que melhor satisfazem suas
necessidades, na medida em que o sistema de preços é desajustado, as informações
transmitidas a sociedade são ineficientes, resultando na má alocação de recursos.
Vale enfatizar que a presente monografia analisa as variáveis sob a ótica da escola
liberal clássica, portanto, o intervencionismo é tido para os pensadores da escola
supracitada como algo nocivo ao crescimento econômico. No entanto, há diversas escolas
de pensamento econômico23 que defendem a participação ativa do Estado como algo
fundamental ao crescimento e desenvolvimento dos países, principalmente, no que tange
aos países em desenvolvimento. Embora seja observável efeitos positivos de
intervenções, como no caso dos Tigres Asiáticos24 (MEDEIROS, 2010), no entanto, ao
reconhecer os efeitos positivos da intervenção no desempenho econômico de certos
países, o liberalismo clássico argumenta que este modelo não é sustentável no longo
prazo, além de violar os direitos de liberdade do indivíduo. (ACEMOGLU et al. 2012).
A finalidade da presente seção foi a de contextualizar as principais variáveis que
permeiam o sistema econômico moderno, a saber, Liberdade, Estado e Sociedade, sob o
arcabouço teórico liberal clássico, escola esta que possui baixa aceitação no meio
acadêmico nacional.
Isto posto, foi analisado que a liberdade é essencial ao crescimento econômico,
pelo fato de o indivíduo ser livre para escolher quais ações tomar, a fim de satisfazer suas
necessidades e, assim, usufruir de sua propriedade privada. Logo, é possível estabelecer
que a prosperidade dos países possui correlação positiva com a liberdade econômica.
Mesmo o crescimento econômico sendo possível mediante o intervencionismo
econômico, este não se sustenta no longo prazo, pois, inibe o processo de destruição
criadora e inovação, ou progresso técnico, tornando a economia estagnada, além de
limitar o poder de escolha do indivíduo, constituindo-se em um sistema violador da
liberdade individual
O Estado é tido como entidade fundamental, dado que salvaguarda o indivíduo e
os direitos de propriedade, e é somente sob a sua proteção que a sociedade pode prosperar.
No entanto, na condição de agente monopolizador dos meios de violência25e do arcabouço
jurídico, o Poder Público dispõe da alternativa de transgredir o papel de protetor da

23
Keynesianismo, Desenvolvimentismo e Marxismo são as escolas dentre outras que defendem, variando o
grau, a participação ativa do Estado em fomentar o crescimento econômico.
24
Hong Kong, Coreia do Sul, Singapura e Taiwan.
25
Mises (1949) define que o Estado possui monopólio das forças armadas, ou meios de violência, meio pelo
qual o Poder Público protege a sociedade.
31

sociedade para ser seu maior agressor, por meio da intervenção direta e/ou indireta no
mercado.
Como visto anteriormente, a intervenção econômica por parte do Estado, além de
se caracterizar como um ataque a liberdade, desestabiliza o sistema de preços,
transmitindo informações e incentivos distorcidos à economia, o que acarreta no
rompimento da automatização do mercado. Além de desestruturar a economia dos países,
o processo intervencionista acaba por consolidar instituições extrativas. Essa linha tênue
em que o Estado pode passar de protetor da sociedade para seu maior agressor é discutido
extensivamente em escolas como a Libertária, Marxista dentre outras26.
Por fim, o caminho orientado para a liberdade é tido como o único a fomentar o
crescimento econômico sustentável, permitindo à sociedade agir de maneira livre
enquanto protegida pelo Estado. A seção seguinte busca sustentar a teoria liberal clássica
por meio de estudos econométricos, a fim de provar a relação positiva entre liberdade
econômica e prosperidade.

2.2 Instituições

“The institutional evolution entailed not only voluntary organizations that


expanded trade and made exchange more productive, but also the development
of the state to take over protection and enforcement of property rights as
impersonal exchange made contract enforcement increasingly costly for
voluntary organizations which lacked effective coercive power. Another
essential part of the institutional evolution entails a shackling of the arbitrary
behavior of the state over economic activity” (NORTH, 1991, P. 109).

North (1991) define as instituições como sendo restrições humanamente


concebidas e impostas à sociedade, dando forma às interações humanas. É por meio
dessas restrições que a sociedade pode prosperar na medida em que a centralização dos
Estados modernos permitiu maior proteção aos direitos de propriedade, proporcionando
dessa forma legitimidade jurídica e amparo às ações humanas.
A presente seção tem como finalidade expor a teoria institucional por meio dos
estudos de North (1991) e Acemoglu et al. (2012), com o objetivo de sustentar a teoria
liberal clássica analisada anteriormente. Serão ainda descritos os estudos empíricos
(KARRAS 1998; GWARTNEY 2004; 2008; BERGGREN 2014, dentre outros) que
mensuram a relação positiva entre liberdade econômica (solidez das instituições de uma
país, garantindo ao indivíduo sua liberdade para agir) e a prosperidade. Com isso,
acredita-se poder criar um alicerce teórico sólido para sustentar os resultados da regressão
apresentados no capítulo4.

26
Rothbard (1973, 1998) descreve o Estado como sendo o maior violador da propriedade privada,
subsistindo a partir da predação da propriedade privada, limitando a liberdade mediante os seus monopólios.
Rothbard (1973), portanto, advoga a extinção do Poder Público. Marx (1848) e Lenin (1899) entendem o
Estado capitalista como perpetuador da burguesia sobre o proletariado, fortificando os mecanismos
capitalistas e subjugando as classes menos abastadas, portanto, ambos defendem o surgimento do Estado
Socialista – Ditadura do Proletariado – para então atingir o ‘verdadeiro Comunismo’.
32

2.2.1 A Era dos Extremos

Na obra homônima de Hobsbawm (1994), este articula a ascensão da participação


do Estado moderno nas economias dos países. Com o advento das duas grandes guerras
e, subsequentemente, o advento da Guerra Fria, foi observado especialmente, após a
primeira metade do século XX, a intensificação do nacionalismo e protecionismo
econômico, destacando-se as políticas de substituição de importação, que foram inseridas
no Brasil e por toda a América Latina. Por um lado, essas medidas foram importantes ao
desenvolver e solidificar a indústria, por outro lado, acarretou um intenso processo de
intervenções estatais na região, ocasionando problemas econômicos crônicos.
Economistas da tradição liberal argumentam27 que o subdesenvolvimento latino-
americano é fruto dessas políticas protecionistas28, militarização e conflitos entre
governos.
O título da obra de Hobsbawm (1994), A Era dos Extremos, consegue em poucas
palavras resumir a história política e econômica dos países durante o século XX e XXI,
como evidenciado por Acemogluet.al (2012), cuja argumentação parte do pressuposto de
que países semelhantes em disponibilização de recursos naturais, cultura e posição
geográfica são diametralmente opostas no que tange ao crescimento e desenvolvimento
econômico. A diferença entre a Coréia do Norte e Coréia do Sul é o caso mais
contrastante; enquanto a primeira é uma país pobre com seus cidadãos sendo vítimas de
um déspota, a última é um país prospero, no qual a sociedade dispõe de todas as benesses
oferecidas pelo mercado livre.
“By the late 1990s, in just about half a century, South Korean growth and
North Korean stagnation led to a tenfold gap between the two halves of this
once-united country— imagine what a difference a couple of centuries could
make. The economic disaster of North Korea, which led to the starvation of
millions, when placed against the South Korean economic success, is striking:
neither culture nor geography nor ignorance can explain the divergent paths
of North and South Korea. We have to look at institutions for an answer.
Countries differ in their economic success because of their different
institutions, the rules influencing how the economy works, and the incentives
that motivate people.” (ACEMOGLU Et al. 2012. Pg. 87)

Acemoglu et al. (2012) argumenta que a razão para os extremos, como no caso
das Coreias29 e o motivo geral do não crescimento econômico dos países é devido às suas

27
A seção anterior discutiu os efeitos da ação do Estado na economia – intervencionismo - portanto é
consenso entre os pensadores da escola liberal que a participação ativa do Poder Público sobre o mercado
é algo negativo. Para mais informações sobre o intervencionismo histórico na América Latina, ver: NIÑO
(2016).
28
Sobre o processo de substituição de importação no Brasil e na América Latina, ver Bresser Pereira (1991;
2012).
29
Os extremos econômicos, prosperidade e pobreza, não são somente encontrados nas Coreias. Na América
do Norte também é possível observar, dentre tantos outros exemplos, as diferenças entre Nogales, Arizona
(EUA) e Nogales, Sonora (México), a primeira uma cidade com elevados padrões de vida e a última como
sendo uma região de extrema pobreza (ACEMOGLU et al.,2012,p. 19). Essa disparidade ocorre devido às
diferenças institucionais. Enquanto os EUA possuem um conjunto de instituições inclusivas, o México
consolidou em sua formação econômica instituições extrativas (ACEMOGLU et al.,2012,p.31).Extremos
institucionais são encontrados em todo o globo, como o Oeste e Leste Europeu, América Latina
(Instituições inclusivas: Chile, Peru; Instituições extrativas: Argentina, Brasil, Venezuela) etc.
33

respectivas instituições. Como visto na primeira seção do presente capítulo, o liberalismo


clássico defende que a liberdade econômica é o único caminho para a prosperidade,
portanto, as instituições inclusivas - que promovem os direitos de propriedade - são
essenciais para que a sociedade possa agir livre em busca de seus objetivos.
Acemoglu et al. (2012) define que a prosperidade dos países é fruto direto de seu
conjunto institucional.
“A capital market entails security of property rights over time and will simply
not evolve where political rulers can arbitrarily seize assets or radically alter
their value. Establishing a credible commitment to secure property rights over
time requires either a ruler who exercises forbearance and restraint in using
coercive force, or the shackling of the ruler's power to prevent arbitrary
seizure of assets. The first alternative was seldom successful for very long in
the face of the ubiquitous fiscal crises of rulers (largely as a consequence of
repeated warfare). The latter entailed a fundamental restructuring of the polity
such as occurred in England as a result of the Glorious Revolution of 1688,
which resulted in parliamentary supremacy over the crown.” (NORTH, 1991,
p. 101).

O conjunto de restrições que formaliza as ações humanas – instituições


inclusivas30 - não só permite maior produtividade ao mercado, mas também se caracteriza
como um obstáculo ao Estado para incorrer em ações arbitrárias sobre a economia –
intervencionismo -. (NORTH, 1991, p. 109). Por conseguinte, a teoria institucional de
Acemoglu et al. (2012) desenvolvida a partir de North (1990;1991) delimita o espectro
de instituições como sendo Inclusivas ou Extrativas. Instituições inclusivas31 garantem
amparo jurídico às ações humanas e aos contratos livres sob o mercado, enquanto
assegurando a liberdade individual, possibilitando, dessa forma ações econômicas e por
consequência o crescimento. (ACEMOGLU et al. 2012. passim)
Por outro lado, as instituições extrativas predam a propriedade privada, limitando
as escolhas da sociedade e, dessa forma, minando o processo de destruição criadora e, por
conseguinte, o crescimento econômico sustentável no longo prazo. Assim, para que haja
prosperidade, o conjunto institucional de uma país deve acima de tudo assegurar a
liberdade e a propriedade privada.

2.2.2 Estudos empíricos – uma análise dos resultados obtidos.

À luz do arcabouço teórico exposto nas seções anteriores, foi observado que as
instituições inclusivas representam um papel essencial no que remete ao crescimento
econômico, amparando e protegendo legalmente as ações humanas. Na presente seção,
dar-se-á continuidade às análises teóricas de North(1991) e Acemoglu (2012) e a estudos
econométricos versando sobre a relação entre liberdade econômica e a riqueza das países
.

30
Para mais conhecimento sobre as instituições inclusivas como fator condicional para o crescimento
econômico, ver: Bauer (1957), Hayek (1945, 1960), Olson (2000), de Soto (1989) e Scully (1988, 1992).
31
Além de mercados livres, a mídia livre é segundo Roy et. al (2011) essencial para a prosperidade. Os
resultados empíricos de sua obra concluem que baixos níveis de instabilidade sociopolítica estão associados
a mídia livre. Sobre o tema, ver Williamson e Mathers (2011).
34

A partir dos estudos de North (1993), a teoria institucional começa a se popularizar


(GWARTNEY, 2004). O crescimento econômico dos países é então tido como fruto de
instituições sólidas e o Estado classificado como agente assegurador dos contratos livres
entre os indivíduos.
Hall e Jones (1999) argumentam que uma ‘infraestrutura social’, ou instituições
inclusivas são fundamentais para o crescimento econômico dos países. Em seu estudo
econométrico, os autores analisaram 130 países no período de 1986-1995, utilizando
variáveis como o Índice de políticas públicas anti-desvio (GADP em inglês) e liberdade
comercial, o que possibilitou concluir a existência de uma relação positiva entre liberdade
e aumento do nível de renda.
Além da nítida relação positiva entre liberdade econômica e prosperidade, países
mais livres tendem a ter altos níveis de desenvolvimento social (BERGGREN 2014).
Esses países possuem sociedades mais tolerantes à diversidade - tolerância racial, sexual,
religiosa e etc.-. Berggren (2014) conclui que países mais livres economicamente
estimulam a tolerância social por meio de instituições inclusivas, promovendo a rule of
law32 e os direitos de propriedade, fazendo com que que as ações humanas no mercado
sejam invioladas33.
“[..]There is a positive effect of economic freedom on trust. The basis for this
hypothesis is a direct and an indirect effect of market institutions – the legal
system and the protection of property rights. The direct effect stems from the
rule of law creating an expectation that those who behave antisocially will be
punished and that such behavior will therefore be quite rare. This in turn
makes people trust others. The indirect effect stems from participation in the
market process which the market institutions enable: such participation makes
people trust because they experience that others are trustworthy in actual
interactions, and from this a generalization takes place.” (BREGGREM, 2014.
Pg. 51)

Berggren (2014) utilizou o índice de liberdade econômica EFW – Fraser Institute


-, em uma amostra de 50 países, utilizando-se dados em painel com o método de efeito
fixo. O autor descreve que um aumento de uma unidade na liberdade econômica de um
país eleva em 5% o nível de confiança social. Por conseguinte, Berggren (2014)
argumenta que o nível de tolerância de sociedades mais livres tende a atrair um nível
maior de capital intelectual estrangeiro, estimulando o processo da destruição criadora e
o crescimento econômico sustentável de maneira ainda mais produtiva que sociedades
com baixos níveis de tolerância. Dessa forma, o autor conclui que:
“Social trust does matter for important social, economic and political
outcomes – it seems conducive to, among other things, higher economic
growth, more education, better governance, higher participation in the stock
market, more independent central banks, more liberalizing reforms, higher
democratic stability, more comprehensive and stable welfare states, smaller

32
The Rule of Law, ou Estado de Direito é o arcabouço jurídico pelo qual o Estado soberano faz cumprir
sua função de protetor da propriedade privada e do indivíduo. Em sociedade, o Estado de Direito é
responsável pela harmonia entre as ações humanas, conferindo-as proteção ou punição para as ações
violentas contra indivíduos e/ou o Estado (BAUMGARTH, 1978 ). O Poder Público garante o Estado
de Direito mediante seu monopólio dos meios de violência. (MISES, 1958)
33
Quanto aos resultados de Berggren (2014) acerca dos efeitos da liberdade econômica sobre o
desenvolvimento social, ver Anexos 3,4,5 e 6.
35

underground economies, faster increases of human development and higher


rates of subjective wellbeing.”(BREGGREM, 2014. Pg.50)

Berggren (2003) ressalva as benesses promovidas pela liberdade econômica 34 e


seus efeitos na redução de desigualdade de renda, elevação de qualidade de vida e o
bem-estar, fatores esses não econômicos que, no entanto, afetam diretamente fatores
econômicos, aumentando a produtividade do capital e trabalho 35.Weede e Kampf
(2002), por outro lado, evidenciaram em seus estudos que não há uma forte relação
positiva entre liberdade econômica e crescimento econômico, no entanto, relataram em
seu estudo The Impact of Intelligence and Institutional Improvements on Economic
Growth que, apesar de não haver correlação direta, mudanças em fatores não
econômicos, a saber, liberdade econômica, qualidade institucional e etc., afetam a taxa
de crescimento de uma país, mesmo que com pouca intensidade. No entanto, Hanson
(2000), Heckelman (2000), Easton e Walker (1997), comprovam a relação positiva da
liberdade econômica no desempenho econômico dos países. O modelo econométrico
de Hann e Sturm (2000) conclui que apesar de sua estimação não provar de maneira
robusta a relação entre liberdade econômica e crescimento, maiores níveis de liberdade
econômica de fato promovem o crescimento econômico.
Scully (2002) analisou ainda que a liberdade de mercado impacta positivamente
na renda e ocasiona a diminuição de desigualdade social. Scully (2002) analisou 26
países, mensurando dez componentes de política pública a fim de investigar a relação
entre liberdade econômica e desigualdade de renda. O autor descreve que para cada
unidade adicional de liberdade econômica, tendo o crescimento econômico como
constante, o coeficiente de Gini 36 é reduzido em 0,012. Isto implica na redução da
desigualdade de renda.
O estudo econométrico de Hafer (2013) aponta que o desenvolvimento
financeiro e os altos níveis de liberdade econômica são a causa do crescimento
econômico. O autor utilizou o modelo de Levine, Loayza e Beck (2000), analisando 81
países no período de 1980-2009, fazendo uso do índice de liberdade econômica EFW
– Fraser Institute. O método de dados em painel com efeito fixo foi empregado no
estudo supracitado. Assim, o estudo em questão conclui que a liberdade econômica
explica em mais de 50% a causa do crescimento econômico em virtude do
desenvolvimento financeiro e também do acúmulo de capital (HAFER, 2003).
Georgiou (2015) analisa a relação entre liberdade econômica e o Índice de
Desenvolvimento Humano durante o período de 2000-2012, para a UE, EUA e Japão
(18 países). O autor conclui que a liberdade econômica não só estimula o
empreendedorismo, mas também eleva a educação, saúde e o nível de renda de uma
país. O estudo em questão faz uso de dados em painel, empregando-se o método de

34
Quanto ao papel das instituições sobre o crescimento econômico, Pal, Dutta e Roy (2011) descrevem a
importância da mídia livre em impor limites à esfera política, conferindo transparência às ações do
Estado e inibindo ações arbitrárias por parte do Poder Público sobre a sociedade.
35
Karras (1998) sustenta o argumento de Berggren (2003) ao propor que a função multifatorial neoclássica
é positivamente influenciada pela liberdade econômica.
36
Coeficiente de Gini é o índice que mensura o nível de desigualdade de uma país. O índice é uma medida
estatística de dispersão a fim de representar a distribuição de renda dos residentes de um país.
(RAVALLION e CHEN, 2005)
36

efeito fixo, A relação proposta pelo artigo, a de que a liberdade econômica impacta
positivamente o desenvolvimento econômico, é explicada em 69% pela liberdade
econômica.
O estudo recente de Cebula (2016) investiga os efeitos da liberdade econômica
na qualidade de vida, gastos em educação pública e padrões migratórios nos Estados
Unidos da América. O estudo analisou 50 estados dos EUA, excluindo-se Washington,
durante o período de 2005-2012. Fazendo-se uso de dados em painel com efeito fixo
linear, o autor conclui que estados com elevados índices de liberdade possuem
crescimento econômico maior e, portanto, atraem em 9,6% mais imigrantes ilegais.
Naudé (2004) estudou o impacto da liberdade econômica em conjunto com a
teoria geográfica de Sachs (2003) no crescimento econômico. O estudo compreende o
período de 1970 a 1990 para todo continente africano. Naudé (2004) emprega o método
de efeito fixo e aleatório para estimar o modelo e conclui que instituições inclusivas,
liberdade econômica bem como as variáveis geográficas influenciam positivamente no
crescimento econômico dos países africanos.
Yamarik e Redmon (2017) estudaram a relação entre liberdade econômica e
corrupção durante o período de 1995 e 2012 para uma amostra de 164 países,
utilizando-se de variáveis como estabilidade política, PIB per capita, investimento
externo, antiga colônia britânica e protestantismo. Os autores concluíram que um nível
elevado de liberdade econômica não reduz necessariamente a corrupção de um país.
Yamarik e Redmon (2017) descrevem:
“We used a principal-agent-client model to develop theoretical possibilities
for freedom to lower corruption under a “helping hand” and for corruption to
lower freedom under a “grabbing hand.” Using a series of panel GMM
estimators, we found strong and robust evidence that corruption lowers
economic freedom, but little evidence that freedom reduces corruption.
Instead, we found that GDP per capita, FDI, political stability, democracy,
and resource rents are all significant determinants of corruption. Policy
implications from these results are complicated because a country cannot
abruptly increase output, FDI, democracy or its reliance on natural resources.
“ (YAMARIK; REDMON. 2017. Economic Freedom and Corruption.
Department of Economics, California State University, Long Beach, CA. p.
19)

Nelson e Singh (1998) analisam a relação entre liberdade econômica e


crescimento econômico, além da causalidade entre democracia e performance econômica.
O estudo aborda a relação entre as variáveis durante o período de 1970-1990, dado a
instabilidade política e econômica do período, especialmente, devido as crises do
petróleo37. Os autores decidiram construir taxas de crescimento do PIB para cara intervalo
de 5 anos e então investigar a conexão entre crescimento econômico e democracia, usando
dados em painel com modelo de efeito fixo. Os resultados mostram que a liberdade
econômica é responsável por35% e 49% do crescimento.
No entanto, são os estudos de Gwartney (2004; 2008) os mais conclusivos
quanto aos impactos da liberdade econômica sobre o desempenho econômico dos

37
As crises do petróleo ocorreram em 1973 e 1979 (HOBSBAWM, 1994)
37

países. Em ambas as obras, o autor aponta para a relação positiva entre as variáveis,
além de provar o melhor poder explicativo da teoria institucional sobre a teoria
geográfica de Sachs (2001, 2003) e Diamond (1997) (GWARTNEY 2008).
Karras e Ayal (1998) por meio de estudos de regressão, usando 13 componentes
de liberdade econômica como variáveis independentes (crescimento monetário,
variação da inflação, tamanho de mercado,etc.) concluem que a liberdade econômica
eleva o crescimento econômico via o aumento da produtividade total e do acumulo de
capital. O estudo em questão analisou 58 países durante o período de 1975-1990,
fazendo uso do índice Economic Freedom of the World – EFW Fraser index.
Gwartney et al. (2004) analisaram 99 países no período de 1980-2000, utilizando
o índice Economic Freedom of the World – EFW Fraser index em estudos de regressão e
concluíram que cada unidade adicional do rank de liberdade econômica elevará em 2,16%
a parcela de investimento/PIB e 1,24% na taxa de crescimento anual de capital por
trabalhador. Países com rank maior que 7,0 têm sua taxa de investimento elevada em
13,6% maior que a de países com rank de liberdade econômica entre 5,0 e 6,99. Para
estudar a relação entre liberdade econômica e crescimento, os autores usaram variáveis
independentes como: distância em quilômetros da costa, proximidade a grandes centros
comerciais, posição quanto aos trópicos e etc. Gwartney (2004) conclui que a taxa de
crescimento do PIB per capita é elevado em 1.24% para cada unidade adicional do índice
de liberdade econômica.
O estudo econométrico de regressão de Gwartney (2008) conclui que para cada
unidade adicional no rank de liberdade econômica, a taxa de crescimento se eleva, em
média, 1,5% (variáveis utilizadas; população costeira, investimento privado/PIB,
investimento público/PIB, crescimento de capital humano, etc). O artigo investiga 141
países durante 1980-2005 e utiliza o índice Economic Freedom of the World – EFW
Fraser index.
Cole (2005) analisa a relação entre liberdade econômica e a taxa de crescimento
do PIB per capita para o período de 1980-1999 para 123 países, o autor faz uso da teoria
institucional e geográfica para explicar a prosperidade dos países. As variáveis
independentes do modelo são, investimento, taxa de fertilidade, índice de liberdade
econômica EFW – Fraser index, escolaridade, posição tropical, distância mínima em
relação a costa e distancia aos grandes centros econômicos. O autor conclui que:
“Perhaps the most important conclusions of this study relate to the role of
economic freedom. Higher degrees of economic freedom, as measured by the
EFW index, are associated with higher rates of economic growth. The main
channel of influence appears to be through a direct "productivity effect," since
many of the components of the EFW index amount to measures of price
distortions, which can be expected to affect economic growth through their
effects on efficiency in the allocation of resources. An indirect "incentive
effect" via the investment rate may also be present, but the evidence is less
clear on this point (though there does appear to be a strong positive
relationship between economic freedom and the productivity of
investment).(COLE, Julio, 2005. Economic freedom and world economic
growth: evidence and implications. RLDE. N.5 La Paz. Outubro de 2005.)
38

Por fim Cole (2005) aponta que a teoria geográfica possui melhor poder
explicativo em descrever o crescimento econômico, se comparado com a teoria
institucional.
Hussaine e Haque (2016) em seu artigo econométrico chegam a conclusão que
a taxa de crescimento está positivamente associada ao índice de liberdade econômica (o
coeficiente é de 0,12 e é significativo no nível de 5%). Isto significa que quanto mais livre
for um país, maior será sua taxa de crescimento anual. O estudo de regressão em questão
utilizou o índice de liberdade econômica Heritage Foundation/Wall Street
Journal(HF/WSJ) para 186 países nos períodos de2004 – 2014 e, individualmente, os
anos de 2013, 2014 e 2015. Quanto às variáveis independentes, foi utilizado no artigo a
liberdade econômica, exportação de bens, expectativa de vida, matricula escolar e
investimento direto estrangeiro. Os autores utilizaram o métodos de efeito fixo e aleatório
para estimar o modelo
Antes dos estudos de North (1993), o crescimento econômico dos países era
atrelado ao progresso técnico, a partir do modelo de Solow (1956). As diferenças entre as
riquezas dos países era resultado, de acordo com o modelo neoclássico, do avanço
tecnológico. Seguindo essa corrente de pensamento, vale destacar os estudos de
Mankiwet al (1992), no qual o modelo de Solow é ampliado ao adicionar as variáveis de
acumulo de capital humano e capital físico. Por meio da regressão, Mankiw (1992)
conclui que o modelo ampliado de Solow é responsável por explicar 80% da variação da
renda per capita doas países.
“To test the augmented Solow model, we include a proxy for human-capital
accumulation as an additional explanatory variable in our cross-country
regressions. We find that accumulation of human capital is in fact correlated
with saving and population growth. Including human-capital accumulation
lowers the estimated effects of saving and population growth to roughly the
values predicted by the augmented Solow model. Moreover, the augmented
model accounts for about 80 percent” (MANKIW et at, 1992. A contribution
to the empirics of economic growth The Quarterly Journal of Economics,
May 1992.)

Colaborando aos estudos de Mankiw (1992), Klenow e Rodríguez-Clare (1997)


expandem o modelo proposto por Mankiw (1992) e Solow (1956) ao adicionarem a
variável Nível de Escolaridade.

Por fim, a última teoria a tentar explicar o crescimento econômico dos países foi
desenvolvida por Sachs (2003), em que este postula a prosperidade como sendo oriunda
da localização geográfica dos países. Pode-se destacar três variáveis do estudo de Sachs
(2003) para explicar o crescimento econômico, a saber, a) proporção da área de um país
localizada nos trópicos, b) distância aérea mínima (em quilômetros) dos maiores centros
comerciais (Nova York, Rotterdam e Tokyo), c) porcentagem da população vivendo a
100km da costa. Sachs (2003) descreve que o crescimento econômico é inversamente
proporcional a variável Localização nos Trópicos e diretamente proporcional as demais
variáveis Distancia aos Grandes Centros Comerciais e Localização Costeira.
Por fim, Gwartney (2004;2008; 2016) propõe que as três teorias do crescimento
econômico possuem, isoladas, certo poder explicativo quanto a prosperidade dos países.
39

No entanto, se combinadas, é possível explicar de maneira robusta a origem da riqueza


dos países. (GWARTNEY, 2008)

2.2.3 Conclusão – a dinâmica institucional e a liberdade econômica

Foi estabelecido neste capítulo que a prosperidade é somente possível quando o


Estado mantém seu status de entidade tácita, protegendo os direitos de propriedade e
assegurando a ordem e justiça mediante seus monopólios. Logo, o crescimento
econômico sustentável ocorre quando os indivíduos agem livremente, satisfazendo suas
vontades por meio da cooperação espontânea, da divisão do trabalho e pelo qual o
processo de destruição criadora é possível sob a condição da inviolabilidade do sistema
de preços.38
Por sua vez, o arcabouço liberal clássico exposto na primeira parte deste capítulo
delimitou que a linha tênue entre prosperidade e pobreza é rompida mediante a
intervenção do Poder Público nas ações humanas. Ao intervir direta ou indiretamente, o
Estado viola a liberdade econômica, coagindo a sociedade e desvirtuando a ação
humana39. Enquanto sociedades livres dispõem das benesses oferecidas pelo mercado,
desfrutando de altas taxas de crescimento econômico, elevados níveis de renda e,
sobretudo, de tolerância para com a diversidade cultural, de gênero, religiosa, sexual e a
confiança no próximo, sociedades menos livres ficam para trás em todos os índices de
desempenho.40
Por intermédio da teoria institucional, foi possível compreender que os extremos
entre os países, mais que isso, entre os continentes, ocorre não por superioridade cultural,
religiosa, disponibilidade de recursos e etc.41, mas sim devido à dinâmica das instituições.
Porquanto países que dispõem de Estados centralizados, direitos de propriedade
assegurados, mídia livre, igualdade formal perante a lei, ou seja, instituições inclusivas,
conseguem prosperar economicamente. Países com instituições extrativas, com
transgressão dos direitos básicos, com os indivíduos sendo coagidos pelo Estado, estão
fadados a estagnação econômica ou mesmo a pobreza.
A título de esclarecimento, países como a Índia, ricos em recursos naturais, com
o posicionamento geográfico propício para a logística de mercado, não conseguem
alavancar seu crescimento, assim como o Brasil e mesmo a Argentina, outrora uma dos
países mais ricos da América Latina, são vítimas de seus governos coercitivos e
instituições extrativas42. No extremo, países como Japão,43 Nova Zelândia, dentre outros,
países com diminuta disponibilização de recursos naturais, conseguem superar essas

38
Friedman (1979, p. 14)
39
A confirmação da teoria liberal clássica pode ser evidenciada observando-se as disparidades
entre países com altos e baixos índices de liberdade econômica nos Anexos 11,12,13 e 14
40
Gwartney (2004, 2016), Berggren (2014)
41
Gwartney (2004) e Gwartney (2008) discutem o melhor poder explicativo da teoria institucional
sobre a teoria geográfica de Sachs (2003). No entanto, ambos os autores propõem a integração entre ambas
as teorias para melhor entender a razão da prosperidade.
42
AcemogluEt. Al (2012)
43
Friedman (1979, p.63) discute essa dicotomia
40

barreiras a prosperidade por intermédio da liberdade econômica e das instituições


inclusivas, que permitem ao homem exercer seu verdadeiro potencial.
Países que traçam o caminho da liberdade possuem crescimento econômico e
elevados índices sociais, ao comparar as camadas menos abastadas destes países com as
de países menos livres, o primeiro grupo desfruta de níveis de renda maiores, expectativa
de vida elevada e patamares altos de liberdades civis.44
Por conseguinte, a síntese do presente capítulo está em conciliar a importância das
instituições inclusivas – políticas e econômicas – para o crescimento e desenvolvimento
econômico. Enquanto instituições econômicas permitem ao indivíduo agir livremente
para satisfazer seus anseios, as instituições políticas asseguram a ordem e justiça por meio
do Estado de Direito e do monopólio dos meios de violência pelo Poder Público. Tendo
em vista a indispensabilidade da liberdade econômica para a prosperidade, será feito
estudos de regressão no capítulo 4. A seguir, no capítulo 3, será descrita a metodologia
das estimações econométricas, que, compreende os períodos de 1970 – 2000 e 2000 –
2014.

44
Ver Anexos 8, 9 e 10
41

3. METODOLOGIA

A presente pesquisa tem como foco analisar a relação entre liberdade econômica
e a prosperidade dos países, empregando-se o modelo de regressão múltipla linear, com
dados em painel e utilizando o método de efeito fixo e aleatório. A partir do liberalismo
clássico em Locke (1690) e Smith (1776), a origem da riqueza das nações foi teorizada
como fruto da liberdade e, com o advento da escola Austríaca pensadores como Menger
(1871) e Mises (1929) aprofundaram a teoria liberal clássica, explicando o fracasso de
outros sistemas45 em prover a prosperidade. A partir da década de 1980, a criação de
índices que mensuravam a liberdade econômica dos países, como Heritage Foundation e
EFW – Fraser Institute, possibilitaram aos estudos econométricos a investigarem
empiricamente a relação entre liberdade e prosperidade, como teorizado pelos pensadores
iluministas.
Autores como Hussaine e Haque (2016), Georgiou (2015), Hafer (2013), Scully
(2002), Hann e Sturm (2000), Weede e Kampf (2002), Berggren (2014), Karras (1998),
Gwartney (2004;2008), dentre outros, discutidos no capítulo 2, compõem a miríade de
estudos econométricos versando sobre o tema proposto na presente monografia.
O presente trabalho se caracteriza como uma pesquisa de abordagem quali-
quantitativa, qualitativa pois compreende a análise do comportamento humano e da
dinâmica das relações sociais (GIL, 2002. Pg. 133). No capítulo 2, foi estudado a ação
humana mediante a praxeologia, que é um instrumental teórico desenvolvido por Mises
(1949). E a dinâmica institucional – instituições inclusivas e extrativas - em North (1993)
e Acemoglu et al. (2012), a fim de compreender a relação entre liberdade individual,
crescimento econômico e o Estado, sob a ótica liberal clássica.
A abordagem quantitativa da presente pesquisa estará baseada no estudo
econométrico de regressão no capitulo 4 com o intuito de sustentar a teoria liberal clássica
e provar a hipótese central deste trabalho: a liberdade econômica e a dinâmica
institucional são fatores condicionais para o crescimento econômico.
“A pesquisa quantitativa se centra na objetividade. Influenciada pelo
positivismo, considera que a realidade só pode ser compreendida com base na
análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos
padronizados e neutros. A pesquisa quantitativa recorre à linguagem
matemática para descrever as causas de um fenômeno, as relações entre
variáveis, etc. A utilização conjunta da pesquisa qualitativa e quantitativa
permite recolher mais informações do que se poderia conseguir
isoladamente.” (FONSECA, 2002, p. 20)

Logo, a abordagem da presente pesquisa compreende elementos qualitativos e


quantitativos. Conforme Gil (2002), esta monografia é ainda descritiva e explicativa, de
natureza bibliográfica e documental. É descritiva, pois, apresenta relações entre as
variáveis objetos de estudo a saber: liberdade econômica com a taxa de crescimento do
PIB per capita, agregado monetário (crescimento anual - %), exportação de Bens e

45
Mises (1929) descreve a existência de três sistemas econômicos, a saber, capitalismo, socialismo e
intervencionismo, sendo somente o primeiro a proporcionar o crescimento econômico sustentável e a
garantir a liberdade individual e propriedade privada.
42

Serviços (% do PIB), expectativa de vida em anos, entrada liquida de investimento direto


estrangeiro (balança de pagamentos, dólar atual), localização tropical, distância mínima
dos grandes centros econômicos e proximidade ao litoral, além de coletar dados
pertinentes aos países e índices analisados, como Gil (2002. Pg 42) expõe:
“As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno ou, então, o
estabelecimento de relações entre variáveis. [..]Algumas pesquisas descritivas
vão além da simples identificação da existência de relações entre variáveis, e
pretendem determinar a natureza dessa relação. ” (GIL, 2002. Pg. 42)

A pesquisa é explicativa na medida em que, de acordo com a hipótese do presente


trabalho, procura discernir a natureza da prosperidade dos países.
“Essas pesquisas têm como preocupação central identificar os fatores que
determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Esse é o tipo
de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica
a razão, o porquê das coisas.” (GIL, 2002. Pg. 42)

A natureza bibliográfica do presente estudo se dá pelo fato de utilizar outros


artigos científicos e livros publicados, como base para a formulação de conceitos e
arcabouço teórico, a fim de otimizar as ferramentas de análise pertinente a relação das
variáveis observadas. As obras escolhidas como objeto de estudo do presente trabalho se
caracterizam como literaturas consagradas no meio acadêmico.
A fim de elucidar os conceitos de liberdade e capitalismo (sistema de mercado no
qual os meios de produção são privados), foram utilizadas as obras de Ludwig von Mises
(1949; 1958; 1976; 1985), Friedman (1979) e Hayek (1978), autores renomados
mundialmente no âmbito da escola liberal clássica e responsáveis por revolucionar as
fundações desta escola de pensamento. A teoria institucional foi estudada por meio das
obras de North (1991) e Acemoglu et al. (2012). No que se refere aos estudos
econométricos versando sobre a relação entre liberdade econômica e prosperidade, a
pesquisa fará uso do que há de mais atual e relevante (HUSSAIN e HAQUE 2016;
GWARTNEY 2004.2008; BERGGREN 2014; KARRAS 1998). Devido a pouca
quantidade de obras relevantes sobre o tema em língua portuguesa, optou-se por basear a
pesquisa nas obras disponíveis em inglês.
O presente estudo é considerado como documental, pois, analisa dados estatísticos
auferindo análise crítica neste trabalho, estudando ‘documentos de segunda mão’, isto é,
tabelas estatísticas e relatórios. (GIL 2002) A análise das variáveis e índices objeto de
estudo no presente trabalho caracteriza uma pesquisa documental, de acordo com Gil
(2002 pg 45) “a pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda um
tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da
pesquisa.” A fonte documental primaria deste trabalho é o Economic Freedom of the
World index – índice de Liberdade Econômica Mundial – disponibilizado e criado pelo
Fraser Institute. Será analisado ainda o PIB per capita (Produto Interno Bruto) de cada
um dos 135 países observados46.

46
Os Anexos 15 e 16 contêm, respectivamente, a lista dos países analisados para os períodos de 1970-2000
e 2000-2014.
43

3.1 Descrição das variáveis.

O modelo proposto na presente monografia a fim de estimar a relação entre


liberdade econômica e prosperidade é derivado a partir dos estudos de Gwartney (2004;
2008), Hussain e Haque (2016), Karras (1998), Berggren (2014) e Cole (2005).
Analisando a relação entre as variáveis em dois períodos distintos, a saber, 1970-2000
(47 países) e 2000-2014 (135 países) e discutindo os resultados no capítulo seguinte, o
modelo estimado se caracteriza por:
PIBper capita, taxa de crescimento = f(índice de liberdade econômica, exportação de bens e
serviços, expectativa de vida, investimento estrangeiro, agregado monetário, proximidade
ao litoral, distancia aos grandes centros comerciais, localização tropical)
(1)
Em que a taxa de crescimento do PIB per capita é a variável dependente do
modelo, explicada por Mankiw (2009) como sendo o valor de mercado de todos os bens
e serviços finais produzidos em um país em determinado período, dividido pela
quantidade de habitantes do país. As demais variáveis são, portanto, independentes.
O Índice de liberdade econômica mundial foi fundado pelo Fraser Institute of
Economic Freedom of the World índex, sendo composto por 42 (quarenta e duas)
variáveis separadas em 5 (cinco) categorias. O índice em questão mede o grau de
liberdade dos países, ranqueando-os de acordo com a média de todas as variáveis
analisadas.
Gwartney (2008) define as cinco categorias; 1 – tamanho do governo47; 2 –
sistema legislativo e direito de propriedade; 3 – equilíbrio monetário; 4 – liberdade de
comércio no exterior; 5 – regulação. A partir da média obtida das cinco categorias
expostas anteriormente, obtém-se o rank de liberdade econômica de um país (variando de
0 a 10). Dos 195 países no mundo (dias atuais), 159 são ranqueados na última versão do
índice de liberdade econômica (2014), no entanto, esse número diminui
significativamente ao se comparar com as primeiras versões do rank em questão. Devido
à dificuldade em coletar os dados em países com governos fechados ou mesmo ditaduras
e a inconsistência desses dados durante anos anteriores aos anos 2000, muitos dos países
ranqueados nas últimas versões do índice não foram alvos de estudo durante as primeiras
edições do Índice de Liberdade Econômica48.
Quanto a aceitação do índice no meio acadêmico e sua aplicabilidade em estudos
estatísticos, vale ressaltar autores como Berggren (2014), Gwartney (2004; 2008), Hafer
(2013), dentre outros pensadores que compõem a miríade de artigos versando sobre a
importância da liberdade econômica para o crescimento econômico, fazendo uso do
Economic Freedom of the World Index.

47
As categorias 1 – tamanho do governo e 5 – regulação representam as instituições políticas dos países de
acordo com Gwartney (2004; 2008; 2016).
48
O índice de liberdade econômica EFW foi criado em 1995 pelo instituto Fraser (GWARTNEY, 2008).
44

As variáveis exportação de bens e serviços, expectativa de vida e investimento


direto estrangeiro foram escolhidas de acordo com o estudo econométrico de Hussain e
Haque (2016). Hussain e Haque (2016) justificam a escolha destas variáveis por
controlarem a estimação da variável dependente, taxa de crescimento do PIB per capita,
Wooldridge (2011) define variável de controle como sendo estimadores a controlar o viés
de variáveis omitidas que descrevem a variável dependente.
As variáveis geográficas localização tropical, distancia aos centros comerciais e
proximidade ao litoral, foram selecionadas mediante os estudos de Gwartney (2004;
2008), em que o autor descreve a teoria geográfica de Sachs (2003) e a importância desses
estimadores em conjunto com a teoria institucional para descrever o crescimento
econômico dos países 49.
Logo, a variável localização tropical é a proporção (0 a 1) da área de um país
localizada nos trópicos. Segundo Sachs (2003), o crescimento econômico advém da
localização geográfica da país, dessa forma, o autor descreve que quanto mais próximo
aos trópicos se situar uma país, menor será seu crescimento econômico. Assim, a
proximidade aos trópicos implica menor produtividade dos fatores de produção devido
ao clima, doenças como malária e limitações na produtividade agrícola. (GALLUP,
SACHS e MELLINGER1999)
A variável Distância aos Centros Comerciais mensura a distância aérea mínima
(em quilômetros) dos maiores centros comerciais do mundo, a saber, Tóquio, Nova York
e Roterdã (Sachs,2003). A variável independente Proximidade ao Litoral é proporção (0
a 1) da população do país que vive ao alcance de 100 quilômetros da costa. (SACHS
2003)
Por fim a variável Agregado Monetário foi selecionada de acordo com os estudos
de Karras (1998) e Hafer (2013), o estimador consiste na oferta monetária de alta e baixa
liquidez. Essa variável inclui ainda depósitos de curta duração e títulos de curto prazo,
exceto ações. A variável Agregado Monetário é utilizada por Bancos Centrais para prever
inflação. (Broad Money Supply. The Economist. 10 abril 2010). Karras (1998) definiu a
variação monetária e a inflação como variáveis que possuem alto impacto no grau de
liberdade econômica de uma país. Hafer (2013) utilizou a variável em seu modelo como
medida para prever as políticas públicas que afetam a proteção do poder de compra da
moeda.
O quadro a seguir descreve o sinal esperado das variáveis a serem estimadas por
meio do modelo de efeito fixo. Sendo a variável dependente a taxa de crescimento do
PIB per capita e as demais variáveis regressores explicativos. O sinal esperado do índice
de liberdade econômica EFW é positivo de acordo com Gwartney (2004; 2008), Berggren
(2014), dentre outros. Espera-se que as variáveis de controle exportação de bens e
serviços, expectativa de vida e investimento direto estrangeiro possuam sinal positivo de
acordo com Hussain e Haque (2016).
Karras (1998) descreve que o crescimento monetário e a variabilidade
inflacionária possuem correlação positiva com a prosperidade dos países. Dessa forma, o

49
Para mais detalhes sobre a teoria de localização, as variáveis geográficas escolhidas na presente
monografia e o banco de dados desenvolvido por Sachs (2003) ver Gallup, Sachs, e Mellinger (1999; 2003)
45

sinal esperado da variável Agregado Monetário é positivo. Ao ser desenvolvida a teoria


geográfica/localização para explicar o crescimento econômico dos países, Sachs (2003)
identificou três variáveis como fatores a influenciar a prosperidade, a saber: Localização
Tropical, Distância aos Grandes Centros Comerciais e Proximidade ao Litoral. Assim, o
sinal esperado das variáveis geográficas de acordo com Sachs (2003), Gwartney (2004;
2008), é respectivamente; negativo para localização tropical, positivo para a distância aos
grandes centros comerciais e para a proximidade ao litoral.
Quadro 1 – Variáveis utilizadas no modelo econométrico (1970-2000 e 2000-2014) e seus
respectivos sinais esperados

Sinal Referencial teórico e


Variável Descrição Fonte
esperado empírico
Valor de mercado de
todos os bens e serviços
Taxa de finais produzidos em
The World Bank
crescimento um país em um dado
group
PIB per capita período divido pela
quantidade de
habitantes
Índice de liberdade Gwartney (2004; 2008);
EFW + FrasierInstitute
econômica mundial Berggren (2014)
Exportação de bens e The World Bank
EXP + Hussain e Haque (2016)
serviços (% do PIB) group
Agregado monetário
Karras (1998); Hafer The World Bank
BM (Broad Money em +
(2013) group
inglês)
Expectativa de vida ao
The World Bank
LE nascimento, total (em + Hussain e Haque (2016)
group
anos)
Investimento direto
estrangeiro, entrada The World Bank
FI + Hussain e Haque (2016)
liquida (BP, valor em group
dólar atual)
Center for
International
Sachs (2003); Gwartney
Tr Localização tropical - Development.
(2004; 2008)
Harvard
University
Center for
International
Distância aos grandes Sachs (2003); Gwartney
DC + Development.
centros comerciais (2004; 2008)
Harvard
University
Center for
International
Sachs (2003); Gwartney
C Proximidade ao Litoral + Development.
(2004; 2008)
Harvard
University

Fonte: elaboração própria


46

3.2 Amostragem

Universo ou população é o conjunto de elementos com características em comum


que podem ser mensuradas servindo, portanto, como base para investigação estatística
(VERGARA, 1997). Devido ao tamanho da população observada, optou-se por selecionar
um subconjunto representativo, ou amostra, do universo.
Dessa forma, a população da presente pesquisa é composta pelos países
reconhecidos pela Organização das Nações Unidas50. No entanto, devido à
disponibilidade de dados quanto ao índice de liberdade econômica – EFW Fraser Institute
– o subconjunto representativo, ou amostra, é formado por 47 países durante o período
de 1970-2000 e 135 países durante 2000-2014. Devido à disponibilidade de dados, o
procedimento para a escolha da amostra se caracteriza como Amostragem não-
probabilística, isto é, uma amostra feita por acessibilidade e tipicidade (VERGARA,
1997).
Segundo Vergara (1997) a amostragem de cunho não-probabilística pode ser
definida como uma amostra na qual a escolha dos indivíduos ocorre de maneira
deliberada, isto é, ao critério do pesquisador, se adequando aos fins do modelo proposto.
Como também, que a amostragem não-probabilística por acessibilidade, ou tipicidade, é
selecionada mediante a disponibilidade dos dados. Como o presente estudo pretende
analisar a relação entre liberdade e crescimento econômico durante um extenso período,
1970-2014, para 135 países51, houve a necessidade de escolher os dados de acordo com
sua acessibilidade, em vista à dificuldade de coleta de informações e mesmo a não
existência de tais dados em casos de países totalitários.

3.3 Dados em Painel

Gujarati (2011) define o método econométrico de dados em painel como sendo a


análise de dados combinados, no qual a mesma unidade é investigada em corte transversal
e ao longo do tempo, isto é, possuindo uma dimensão espacial e temporal. A regressão
com dados em painel proporciona ao pesquisador a vantagem de um maior número de
observações sobre cada indivíduo objeto de análise na amostra.
“Há outros nomes para dados em painel, como dados empilhados (do
inglês, pooled data, agrupando observações de séries temporais e de corte
transversal), combinação de séries temporais e dados de corte transversal,
painel de microdados, dados longitudinais (um estudo ao longo do tempo de
uma variável ou grupo de sujeitos), análise histórica de eventos (estudar o
movimento ao longo do tempo de indivíduos através de sucessivos estados ou
condições), e análise de corte (por exemplo, acompanhar a carreira dos
formandos de 1965 de uma escola de administração). Embora haja variações
sutis, todos esses nomes conotam essencialmente o movimento no tempo de
unidades de corte transversal.” (GUJARATI, 2011 p.589)

50
São 193 os países membros da ONU que possuem igual representação perante a Assembleia Geral. Para
mais detalhes ver <http://www.un.org/en/member-states/> acessado em: 02/01/2018
51
Nos estudos de Gwartney (2004; 2008) o autor exclui os países Bahrein, Kuwait, Omã e Emirados Árabes
Unidos, na medida em que o PIB destes países é majoritariamente influenciado pela condição do mercado
de petróleo bruto. Dessa forma a presente monografia segue o método de Gwartney (2004; 2008) em excluir
os países supracitados.
47

Logo, dados em painel confere ao pesquisador a capacidade de analisar variáveis


individuais especificas, enquanto provendo mais variabilidade, e por consequência dados
mais informativos, além de um menor nível de colinearidade52. A natureza de dados em
painel proporciona a investigação da relação entre as variáveis observadas em longos
períodos, possibilitando o estudo da dinâmica da mudança e permitindo modelos mais
complexos. (GUJARATI, 2011)
Gujarati (2011) define que dados em painel podem ser balanceados, quando o
número de observações for o mesmo para todas as unidades analisadas, ou
desbalanceados, isto é o oposto do tipo balanceado, em que há a falta de dados. Ademais,
dados em painel podem ser curtos, sendo o número de observações no corte transversal
(N) maior que o período analisado (T), logo (N>T). Ou se caracterizar como painel longo,
em que T>N.
Assim a organização dos dados em painel na presente monografia se caracteriza
como painel desbalanceado para ambos os períodos analisados (1970-2000 e 2000-2014,
pois, segundo Gujarati (2011), o número de observações (T) não é o mesmo para cada
seção cruzada (N). Isto ocorre em virtude da dificuldade de se coletar dados para países
subdesenvolvidos com instabilidade política, especialmente, nas décadas de 1970 e 1980.
O painel de 1970-2000 se caracteriza como painel curto (N>T), pois os dados são
observados a cada 6 anos (1970,1975,1980,1985,1990,1995 e 2000) mediante a sua
disponibilidade. Enquanto o painel do período 2000-2014 é longo (T>N).
A fim de testar qual o método, efeito fixo ou aleatório, será o mais apropriado para
estimar o modelo será feito o Teste de Hausman. O teste de hipótese nulo é:
H0 = 𝛽̂ EA = 𝛽̂ EF (2)
A hipótese é então testada por meio da estatística:
W= (𝛽̂ EA - 𝛽̂ EF )´[Var (𝛽̂ EA)]-1(𝛽̂ EA - 𝛽̂ EF ) (3)
𝑊~𝜒2(𝑘) , em que k é a dimensão da matriz (𝛽̂𝐸𝐴 − 𝛽̂𝐸𝐹)

Caso a hipótese H0 não for rejeitada o método por efeito aleatório é o mais
apropriado, se H0 for rejeitado será escolhido o estimador por efeito fixo.(GUJARATI,
2011)
Além da riqueza analítica proporcionada por amostras maiores e a análise do
comportamento dos indivíduos ao longo do tempo, a utilização de dados em painel
confere ainda a possibilidade de mitigar o efeito de omissão de variáveis que descrevem
ou proporcionam unicidade aos indivíduos analisados, como na presente monografia, que
se propõe averiguar a relação entre liberdade econômica e prosperidade, embora aspectos
étnicos, políticos, religiosos, históricos e culturais também tenham impactos no
crescimento econômico. (HSIAO, 1986). Gujarati (2011) descreve que a aplicação do
modelo de efeito fixo consiste em combinar as observações e atribuir a cada unidade de

52
Gujarati (2011) classifica colinearidade como sendo a existência de correlação significativa entre as
variáveis independentes
48

corte transversal sua própria variável dummy53, ou intercepto. Assim, embora o intercepto
possa diferir entre indivíduos, a variável dummy, ou intercepto, de cada indivíduo é
constante no tempo, caracterizando o efeito fixo.
Segundo Wooldridge (2011) o modelo de efeito fixo estima os parâmetros das
variáveis explicativas partindo do pressuposto que há estrita exogeneidade para os
regressores, ou seja a variável X não pode ser correlacionada com qualquer erro.
Sendo a equação linear com efeitos não observados:
Yit= αi + βxit + µit (4)
Em que Yité a variável dependente, αi o intercepto de Y, xita variável explicativa
e β o parâmetro de x, e por fim µit o erro. Wooldridge (2011) define que quando i descreve
os indivíduos do modelo, αi é tido como o efeito individual, ou heterogeneidade
individual. O termo erro, µit, passa a ser classificado como erro idiossincrático, na medida
em que varia aleatoriamente para todos os indivíduos observados e períodos.
(WOOLDRIDGE 2011).
De acordo com Gujarati (2011) o modelo de efeito fixo pressupõe ainda que αi
representa os parâmetros a descreverem a população. A regressão a partir de efeito fixo
com a adição de variáveis dummy é:
Yit= β0 + Σkj=1βjxit + α2I2 + . . . + αnIn + µit (5)
Em que Iji=1 se j=i, Iji=0 se j≠i. Os estimadores de αj são as variáveis dummy, ou
binarias. O intercepto β0 se caracteriza como o efeito para o indivíduo. Sendo a unidade
de referência i=1. Dessa forma, cada coeficiente αj representará a diferença em relação à
unidade de referência (i=1). (WOOLDRIDGE 2011).
Assim, o modelo de Efeito Fixo parte do pressuposto de que há heterogeneidade
não observada, isto é, características individuais que são captadas pelo intercepto. Assim,
é possível controlar o viés dos estimadores oriundo da omissão de variáveis não
observável. (GUJARATI, 2011)
Hsiao (1986) aponta para o fato de que o método de dados longitudinais, em
painel, oferece além de maior número de dados, a elevação dos graus de liberdade e a
redução de colinearidade entre as variáveis explicativas. Outro ponto notável sobre a
vantagem de dados em painel sobre séries temporais e cortes transversais é, segundo
Hsiao (1986), o controle da heterogeneidade do modelo, ao estimar efeitos individuais.
No que tange a análise entre a liberdade econômica e a riqueza dos países , autores como
Berggren (2014), Scully (2002), Hafer (2013), Georgiou (2015), Karras (1998),
Gwartney (2004; 2008), empregaram o modelo de efeito fixo a fim de corrigir o viés
oriundo da endogeneidade, isto é a correlação da variável explicativa X it com o erro µit
(WOOLDRIDGE 2011, p.50). Segundo Wooldridge (2011) a endogeneidade pode ser
causada por três fatores, a saber omissão de variáveis, erro de mensuração e
simultaneidade. Kang (2012) explica que além do viés, a endogeneidade é responsável

53
Variável dummy, ou binária, assume valor 1 para determinada categoria e 0 para categoria
mutualmente exclusiva à primeira. (GUJARATI 2011)
49

pela inconsistência do modelo, no qual as estimativas não irão convergir ao parâmetro


populacional.
Por outro lado, o modelo de efeito aleatório, ou modelo de correção de erros,
parte do pressuposto que o intercepto seja uma variável aleatória e não uma constante.
Dessa forma, as variações que ocorrem regionalmente podem ser identificadas
mediante oscilações aleatórias (eit) em torno do parâmetro α. (WOOLDRIDGE, 2011)
Assim:
Yit = α + β1Xit + µit (6)
O método por efeito aleatório considera que o intercepto possui variação aleatória
entre as regiões:
Yit = α + ei + β1Xit + µit (7)
Ou
Yit = α + β1Xit + wit (8)
Em que o resíduo composto wit = ei + µit
Em síntese Wooldridge (2011) define que o estimador por efeito aleatório parte
do princípio que os indivíduos observados no modelo estejam distribuídos de forma
aleatória em torno do parâmetro α. Ao considerar um erro composto wit =ei + µito efeito
aleatório delimita que o erro possa variar entre indivíduos e de maneira geral entre
observações.
Segundo Gujarati (2011) o método por efeito fixo estuda as causas de mudanças
no indivíduo, portanto estimadores invariantes no tempo são perfeitamente colineares.
Dessa forma o método de efeito aleatório possui vantagem ao efeito fixo por proporcionar
estimadores mais precisos.
Por fim será executo o teste de Breusch-Pagan para averiguar a presença de
heterocedasticidade. O teste supracitado consiste em averiguar o pressuposto da regressão
de que os erros são homocedásticos, isto é, sua variância é a mesma para qualquer Xit.
A hipótese nula do teste de Bresuch-Pagan confirma o pressuposto de
homocedasticidade, ou a variância constante para cada Xit. Enquanto a rejeição da
hipótese nula se traduz na presença de heterocedasticidade no modelo. (GUJARATI,
2011)
H0 = ϭ12 = ϭ22 = ... = ϭn2
H1 = pelo menos um dos ϭ12’s diferente, i= 1, ...., n. (9)
A heterocedasticidade é definida pela variabilidade do erro para cada valor de Xit,
violando o pressuposto de homocedásticidade (GUJARATI, 2011). Gujarati (2011)
descreve que a heterocedasticidade pode ser causada pela natureza das variáveis, em que
determinados relacionamentos apresentam tipicamente tendência a variabilidade do erro.
50

Ainda que a presença de dados extremos no modelo pode ocasionar a inflação da


variância do erro. Como consequência, a presença de heterocedasticidade se traduz em
estimadores ineficientes e em variâncias tendenciosas. (GUJARATI, 2011)
Caso o teste de Breusch-Pagan aponte para a presença de heterocedasticidade será
executado a regressão robusta, que tem por finalidade reduzir os efeitos que podem afetar
a qualidade da estimação dos parâmetros do modelo em questão.54

3.4 Desenvolvimento da equação de regressão

A fundamentação teórica apresentada no capitulo 2 discorreu sobre a importância


da liberdade no que tange a ação humana, em se tratando da satisfação pessoal e do
acúmulo de capital. Apesar do instrumental teórico desenvolvido pela escola liberal desde
Smith (1776) até Friedman (1979), a mensuração do impacto da liberdade no crescimento
econômico só foi possível mediante a criação de índices de liberdade econômica durante
a década de 1980 e 1990. (LAWSON, s.d)
Instituições como Freedom House, The Heritage Foundation, Fraser Institute,
dentre outros, possibilitaram a verificação empírica da relação entre liberdade econômica
e prosperidade, a partir da criação de índices que mensuram a liberdade dos países. Assim,
alavancaram-se estudos de regressão com o intuito de se averiguar empiricamente os
efeitos da liberdade e prosperidade.
A equação de regressão linear é:
Yc= a + b1x1 + b2x2 + ... + bkxk, + µit (10)
Em que :
a = intercepto do eixo y;
bi = coeficiente angular da i-ésima variável;
Y = variável dependente
Xn= variável independente
k = número de variáveis independentes.
µit= termo de erro
A contribuição de Gwartney (2004) teve como intuito incorporar as teorias
institucionais (NORTH, 1993) e geográficas (SACHS, 2003) em seu modelo de
regressão, a fim de explicar o crescimento econômico doas países por meio da liberdade
econômica, conforme a equação 11.
PIBper capita= αit+β1EFWit+ β2Kpwit+β3Hpwit+β4Trit+β5Cit+β6DCit+µit (11)
Em que PIB per capita refere-se ao valor de mercado de todos os bens e serviços
finais produzidos em um país em um dado período dividida pela quantidade de habitantes

54
Wooldridge (1991) discute extensivamente sobre regressão robusta e seus efeitos em controlar
problemas de estimação causados por violações dos pressupostos como no caso da heterocedasticidade.
51

do país analisado, αit o intercepto da variável dependente, EFW a média da liberdade


econômica compreendendo o período de 1980-2000, Kpw o capital físico por trabalhador,
Hpw o capital humano por trabalhador, Tr a posição em relação aos trópicos, C a distância
costeira e DC a distância aérea em quilômetros dos grandes centros comerciais (Tóquio,
Nova York e Roterdã) e µit o erro .
Gwartney (2008) expandiu o modelo de seu estudo anterior (GWARTNEY 2004)
ao analisar uma amostra de 94 países durante o período de 1980-2005, adicionando as
variáveis investimento privado como proporção do PIB (IP/PIB), taxa de crescimento do
capital humano (Htx) e auxilio governamental médio como proporção do PIB (AD/FDP).
Conforma a equação 12;
PIBpercapita=αit+β1EFWit+β2Kpwit+β3Hpwit+β4Trit+β5Cit+β6DCit+β7Ip/PIBit+β8Ht
xit+β9AD/PIBit+µit (12)
Hussain e Haque (2016) estimaram seu modelo utilizando variáveis de controle
para evitar o viés de variáveis omitidas. O modelo de Hussain e Haque (2016) se propôs
somente a averiguar a teoria institucional, desconsiderando a influência de variáveis
geográficas em explicar o crescimento econômico. A regressão de Hussain e Haque
(2016) compreendem o período de 2004-2014 para 189 países.
PIBpercapita, taxa de crescimento = αit + β1EFit + β2EXPit+β3LEit + β4FIit+β5SEit+µit (13)
Hussain e Haque (2016) utilizaram o índice de liberdade econômica (EFit)
produzido pela Heritage Foundation, as demais variáveis independentes do modelo são;
(EXP) Exportação de bens e serviços (% do PIB), (LE) expectativa de vida em anos, (FI)
entrada liquida de investimento direto (em dólar atual), (SE) matricula escolar (% bruta).
A partir dos trabalhos econométricos de Gwartney (2004; 2008) e Hussain e
Haque (2016) em consonância com o instrumental teórico liberal clássico desenvolvido
no capítulo 2, foi possível elaborar a equação 14.
PIBpercapita= αit + β1EFWit+β2EXPit+β3LEit + β4FIit +β5BMit+β6Trit+β7Cit+β8DCit+ µit
(14)
Em que:
PIBpercapita= PIB per capita
αit = efeito fixo individual (intercepto)
β1EFWit = Liberdade econômica
β2EXPit = Exportação de bens e serviços - % do PIB
β3LEit= Expectativa de vida – total, em anos
β4FIit= Investimento direto estrangeiro – entrada liquida (dólar atual)
β5BMit = Agregado monetário
β4Trit = Posição Tropical
β5Cit = Distância em relação a costa
52

β6DCit = Distância aos grandes centros comerciais (Tóquio, Nova York e Roterdã)
µit = termo de erro

3.5 Base de dados

A base de dados utilizada nesse trabalho como fonte para a estimação do modelo
econométrico, a fim de provar a relação positiva entre liberdade econômica e
prosperidade, foi extraída, em parte, do The World Bank group para as variáveis
Agregado Monetário (Broad Money em inglês – BD),(EXPit) Exportação de Bens e
Serviços (% do PIB), (LEit) Expectativa de vida em anos, (FIit) entrada liquida de
investimento direto estrangeiro (balança de pagamentos, dólar atual) e a taxa de
crescimento do PIB per capita das países analisadas. Como dito anteriormente, o índice
de liberdade econômica foi extraído do Fraser Institute – Economic Freedom of the World
index, as variáveis geográficas Distância dos Grandes Centros Comerciais, Proximidade
ao Litoral e Posição Tropical são originadas do Center for International Development,
Harvard a partir do estudo de Gallup, Sachs and Mellinger (1999). A estimação
econométrica foi feita por meio do software STATA.
53

4 RESULTADOS

Este capitulo contém os resultados obtidos pela regressão linear múltipla usada
para averiguar a relação entre liberdade econômica e prosperidade durante os períodos de
1970-2000 para 47 países e 2000-2014 para 135 países. Como descrito na metodologia,
o teste de Breusch e Pagan (1979) foi utilizado a fim de constatar a presença de
heterocedasticidade no modelo. Ocorreu a rejeição da hipótese nula de
homocedasticidade em ambos os períodos analisados e, portanto, foi executado a
regressão robusta a fim de corrigir os efeitos de estimação nos parâmetros causados pela
variabilidade do erro (WOOLDRIDGE, 2011). Os valores dos testes supracitados bem
como as estimações do modelo constam nas tabelas 3 a 7.
De maneira a examinar qual método, efeito fixo ou aleatório é o mais apropriado,
aplicou-se o teste de Hausman. Para o período de 1970-2000, a hipótese nula foi aceita,
sendo o método por efeito aleatório o mais apropriado para estimar o modelo
(GUJARATI, 2011). Por outro lado, o teste conduzido no período de 2000-2014 rejeitou
a hipótese nula, assim, o método por efeito fixo se mostrou o mais apropriado.
O coeficiente da variável EFWit (índice de liberdade econômica mundial – Fraser
Institute) presente na tabela 2 denota que o regressor possui influência positiva sobre o
PIB per capita, sendo estatisticamente significante para o intervalo de confiança de 95%.
Ademais, o coeficiente obtido para o período de 1970-2000 é condizente com os
resultados de Gwartney (2004) e Hussain e Haque (2016), em que os coeficientes da
variável liberdade econômica são respectivamente 0.48 e 1.10. Outrossim, a regressão do
presente modelo estipula que, tudo o mais constante, cada unidade adicional de liberdade
econômica é responsável pela elevação de 0.74 da taxa de crescimento do PIB per capita
durante o período de 1970-2000.
Tabela 3 - Resultados das estimativas da equação de regressão linear utilizando o método
de efeito aleatório e fixo sobre a relação entre liberdade econômica e crescimento
econômico durante o período de 1970-2000 para 47 países.
(continua)
Variável dependente: taxa de crescimento anual do PIB per capita, 1970-2000
Variáveis Efeito aleatório Efeito fixo
Coeficientes
Liberdade econômica 0.7487073** 0.5992723
(0.3699347) (0.416384)
Exportação de bens e serviços 0.0134186 0.0358862
(0.0243883) (0.0688512)
Expectativa de vida -0.0853883 -0.311123**
(0.1075456) (0.129416)
Investimento estrangeiro 4.59e-12 8.47e-12**
(3.87e-12) (3.03e-12)
Agregado monetário 5.15e-16 4.03e-16
(1.61e-15) (1.57e-15)
Posição Tropical 2.703065 0
(1.466223) (Variável omitida)
54

Tabela 4 - Resultados das estimativas da equação de regressão linear utilizando o método


de efeito aleatório e fixo sobre a relação entre liberdade econômica e crescimento
econômico durante o período de 1970-2000 para 47 países.
(conclusão)

Variável dependente: taxa de crescimento anual do PIB per capita, 1970-2000


Variáveis Efeito aleatório Efeito fixo
Coeficientes
Distância em relação a costa 0.9767935 0
(2.047069) (Variável omitida)
Distância aos grandes centros 0.0000145 0
comerciais (0.0001648) (Variável omitida)
R2 0.0164 0.0406
Observações 91
Grupos 16
Teste de Hausman 3.34
Teste F (Chow) - 1.63*
Teste Breusch-Pagan 50.56*
Fonte: resultados da pesquisa
Obs.: para os modelos de efeito fixo e aleatório é utilizado o R2 (within groups); os valores entre parênteses
indicam o erro padrão robusto. *- significativo a 1%; **-significativo a 5%; ***- significativo a 10%

As variáveis de controle EXPit (exportação de bens e serviços - % do PIB), LEit


(expectativa de vida total em anos) e FIit (entrada liquida de investimentos estrangeiros)
se comportaram de modo análogo aos resultados de Hussain e Haque (2016). Assim,
como em Hussain e Haque (2016), as variáveis de controle não são estatisticamente
significantes e seus coeficientes possuem baixa influência sobre a variável dependente.
No entanto, a variável expectativa de vida (LEit) apresentou sinal negativo na estimação
da presente monografia, algo não previsto pela literatura analisada. Os coeficientes das
variáveis de controle estimados por Hussain e Haque (2016) são 0.040 para exportação
de bens (EXPit), 0.071 para expectativa de vida (LEit) e 0.075 para investimento
estrangeiro (FIit).
Conforme os estudos de Karras (1998) e Hafer (2013), a variável agregado
monetário (BMit) teria impacto significativo na variável dependente, no entanto, os
resultados da estimação do presente modelo , que empregou o método de efeito aleatório,
mostraram que, para o período de 1970-2000, esta variável apresentou coeficiente baixo
e é estatisticamente insignificante. O baixo desempenho da variável agregado monetário
em explicar a variável dependente pode ser explanado pela falta de dados para o período
analisado, caracterizando o painel como desbalanceado e na possibilidade de estimadores
com viés (GUJARATI, 2011).
No estudo de Karras (1998), constatou-se que cada unidade adicional da variável
Agregado Monetário (titulada como crescimento monetário em seu estudo) acresce em
média o crescimento econômico em 0,49 para cada unidade adicional.
55

A variável Posição Tropical (Trit) teve o seu coeficiente surpreendentemente


elevado e de sinal positivo55, não só indo em contramão à literatura, mas aos resultados
obtidos por Gwartney (2004) e Gallup et al (1999, 2003).
A título de comparação, a variável posição tropical apresentou nas estimações de
Gwartney (2004) o coeficiente de -1.78 e em Cole (2005) de -2.14. Logo o resultado da
presente monografia para a variável em questão difere bastante da literatura analisada,
com um coeficiente de 2.70. O coeficiente da variável distância em relação à costa de
0.97 está de acordo com os resultados de Gwartney (2004) 1.48 e Cole (2005) 2.09.
Entrementes, as demais variáveis geográficas, distância mínima da costa e
distância aos grandes centros comerciais estão de acordo com os resultados estimados
por Gwartney (2004). Para cada unidade adicional da variável Cit, a taxa de crescimento
do PIB per capita varia positivamente em 0.97, no entanto, o regressor não é
estatisticamente significante.
A variável distância em relação aos grandes centros comerciais (DCit) se mostrou
insignificante estatisticamente e com um coeficiente baixo. O coeficiente da variável DCit
de Gwartney (2004) é igual a 0.48, e para Cole (2005) 0.140, logo o resultado da presente
monografia quanto a variável DCit se mostra baixo se comparado com a literatura
analisada. No entanto, Cole (2005) conclui que a variável em questão não é significativa
em explicar a taxa de crescimento do PIB per capita.
Por fim, o modelo para o período de 1970-2000, utilizando-se o método de efeito
aleatório, possui baixo poder explicativo, com um coeficiente de determinação, ou R2,
igual a 0.0164. Por conseguinte, o modelo explica 1.64% a variável dependente. O baixo
coeficiente de determinação é similar ao de Hussain e Haque (2016) em que o R2 é igual
a 0.0484.
Visto os resultados para a regressão que engloba o período de 1970 a 2000, serão
apresentados a seguir os resultados da estimação de 2000-2014. As estimações para o
período 2000-2014 estão contidas nas tabelas 5 a 7.
Tabela 5 - Resultados das estimativas da equação de regressão linear utilizando o método
de efeito fixo sobre a relação entre liberdade econômica e crescimento econômico durante
o período de 2000-2014 para 135 países.
(continua)
Variável dependente: taxa de crescimento do PIB per capita, 2000-2014
Efeito Fixo Efeito Aleatório
Liberdade econômica 0.2507842*** -0.049601
(0.495009) (0.2478812)
Exportação de bens 0.0801063 0.0298863**
(0.0301789) (0.0081576)
Expectativa de vida -0.0976411 -0.0357116
(0.0746528) (0.034387)
Investimento estrangeiro 2.00e-12*** 2.18e-12
(2.96e-12) 4.84e-12

55
Sachs (2003) descreve que países mais próximos aos trópicos têm o crescimento econômico menor se
comparados a países em regiões temperadas. Isto ocorre devido a presença de doenças como malária, a
baixa produtividade da agricultura em virtude do clima e baixa produtividade do capital humano.
56

Tabela 6 - Resultados das estimativas da equação de regressão linear utilizando o método


de efeito fixo sobre a relação entre liberdade econômica e crescimento econômico durante
o período de 2000-2014 para 135 países.
(conclusão)

Variável dependente: taxa de crescimento do PIB per capita, 2000-2014


Efeito Fixo Efeito Aleatório
Agregado monetário -0.0000142 -0.0000116*
(4.82e-06) (0.0000352)
Posição tropical (variável omitida) -0.0715249**
(0.6987902)
Distância em relação a costa (variável omitida) -1.505495
(0.8120394)
Distancia aos grandes (variável omitida) 0.000059
centros comerciais (0.0001174)
R2 0.0222 0.0209
Observações 1444
Grupos 105
Hausman 17.06*
Teste F (Chow) 6.05*
Teste Breusch-Pagan 421.69*
Fonte: resultados da pesquisa.
Obs: para os modelos de efeito fixo e aleatório é utilizado o R2 (within groups); os valores entre parênteses indicam o
erro padrão robusto. *- significativo a 1%; **-significativo a 5%; ***- significativo a 10%

A variável liberdade econômica tem seu coeficiente reduzido, 0.25, se comparado


ao resultado obtido para o período anterior (1970-2000), mas é significante ao nível de
confiança de 90%. Dessa forma, para cada unidade adicional do índice de liberdade
econômica, a taxa de crescimento do PIB per capita é elevada em média 0.25. O resultado
da variável se assemelha com os resultados de Gwartney (2004) 0.48, e Cole (2005) 0.81,
sendo, todavia, menor se comparado com a estimação de Hussain e Haque (2016) 1.1.
As variáveis de controle exportação de bens e serviços e investimento estrangeiro
estão em conformidade com as estimações de Hussain e Haque (2016), exceto o regressor
expectativa de vida (LEit) que, assim como no período de 1970-2000, apresenta sinal
negativo. A variável investimento estrangeiro (FIit) é estatisticamente significante a um
nível de confiança de 90%.
Ademais, as variáveis expectativa de vida e exportação de bens e serviços,
apresentam insignificância estatística e coeficientes baixos. No que tange à variável
agregado monetário, esta possui coeficiente muito baixo e apresentando sinal negativo,
não estando de acordo com os resultados de Karras (1998).
O modelo estimado pelo método de efeito fixo omitiu as variáveis geográficas,
posição tropical (Trit), distância em relação à costa (Cir) e distância aos grandes centros
comerciais (DCit) por apresentarem perfeita colinearidade, isto ocorre na medida em que
as variáveis são constantes ao longo tempo (GUJARATI, 2011). O baixo coeficiente de
determinação R2, 0.0222, é bastante inferior se comparado com os estudos de Gwartney
(2004) 0.57, Karras (1998) 0.31 e Cole (2005) 0.77, no entanto, aproxima-se dos
resultados obtidos por Hussain e Haque (2016) 0.007. As variações na taxa de
crescimento do PIB per capita durante o período de 2000-2014 são explicadas em 2.22%
pelo modelo exposto na presente monografia.
57

A fim de ilustrar os impactos da teoria geográfica de Sachs (2003) para o período


de 2000-2014, sendo que as variáveis foram omitidas em virtude da colinearidade perfeita
utilizando o método por efeito fixo, foi realizado a regressão empregando efeito aleatório
de acordo com Naudé (2004) e Gwartney (2004;2008).
Tabela 7 – Resultados das estimativas para regressão utilizando efeito aleatório para as
variáveis geográficas e liberdade econômica durante o período de 2000-2014 para 135
países.
Variáveis Efeito aleatório
Liberdade econômica 0.2241738
(0.197094)
Posição tropical 1.230598*
(0.5196733)
Distância em relação a costa -1.996046
(0.5934141)
Distância em relação aos grandes centros 0.0001415
comerciais (0.000095)
R2 0.0049
Observações 1725
Grupos 120
Fonte: resultados da pesquisa.
Obs.: para os modelos de efeito fixo e aleatório é utilizado o R2 (within groups); os valores entre parênteses indicam o
erro padrão robusto. *- significativo a 1%; **-significativo a 5%; ***- significativo a 10%

Novamente, a variável posição tropical tem seu coeficiente diferente do esperado


e dos estudos econométricos de Gwartney (2004) e Cole (2005). O coeficiente positivo
de 1.23 não está de acordo com a literatura, na medida em que a teoria e os estudos
econométricos estipulam sinal negativo para a variável.
A variável distância em relação à costa também se comporta diferente do
esperado, pois, apresenta sinal negativo. Os resultados das variáveis posição tropical e
distância, em relação à costa, são atribuídos a presença de dados faltantes, causando
estimadores ineficientes. Por outro lado, a variável distância em relação aos grandes
centros comerciais apresenta resultados condizentes com os estudos de Cole (2005).
Assim, como em Cole (2005), a variável em questão se mostra como um regressor de
baixo poder explicativo e estatisticamente insignificante.
58

5 CONCLUSÕES

Neste trabalho, foi discutida a dinâmica institucional em conjunto com a teoria


liberal clássica e constatou-se, por meio da literatura analisada, que a liberdade econômica
e instituições inclusivas propiciam o crescimento econômico sustentável. Com o objetivo
de confirmar a teoria institucional, aplicou-se a regressão linear múltipla empregando o
método de efeito aleatório para o período de 1970-2000 e efeito fixo para 2000-2014.
Desse modo, foi possível investigar a relação entre liberdade econômica e prosperidade
para 135 países.
A hipótese do presente trabalho provou-se verdadeira na medida em que foi
constatado os impactos positivos da liberdade econômica no que tange à taxa de
crescimento do PIB per capita. Em ambos os períodos a variável liberdade econômica
(EFWit) mostrou-se estatisticamente significante e responsável por elevar em 0,74 (1970-
2000) e 0,25 (2000-2014) o PIB per capita.
As variáveis de controle, a saber, exportação de bens e serviços (EXPit) e
investimento estrangeiro (FIit), se comportaram como esperado e em conformidade com
a literatura, apresentando coeficientes baixos para os períodos analisados. Entretanto, a
variável expectativa de vida (LEir) apresentou sinal negativo para ambos os períodos
analisados.
No que se refere a teoria geográfica, a variável distância em relação aos grandes
centros comerciais (DCit) se mostrou insignificante estatisticamente e com baixo
coeficiente. Em ambos os períodos a variável de posição tropical (Trit) foi observada com
sinal positivo e coeficiente elevado, enquanto a variável de distância mínima em relação
à costa (Cit) apresentou sinal negativo para o período de 2000-2014. Logo não foi possível
averiguar de forma eficiente o efeito das variáveis geográficas sobre a taxa de crescimento
do PIB per capita, na medida em que as variáveis citadas anteriormente se comportaram
diferente do esperado.
Do mesmo modo, a variável agregado monetário (BMit) apresentou sinal diferente
do esperado e coeficiente baixo para ambos os períodos analisados.
A principal dificuldade deste estudo foi a obtenção de dados pertinentes as
variáveis geográficas, o que resultou em parâmetros ineficientes. O objetivo inicial do
modelo era avaliar os impactos das variáveis taxa de crescimento de capital humano e
capital físico em conjunto com a liberdade econômica, no entanto essas variáveis não se
encontram disponíveis publicamente. Ademais, houve dificuldade de coleta de
informações para o período de 1970-2000 devido à falta de dados.
Foi apresentado no presente estudo que a liberdade e instituições inclusivas, de
fato, possuem impactos positivos no que tange o crescimento econômico para o período
de 1970-2014 com 135 países analisados.
O tema abordado na presente pesquisa possui muito mais possibilidades para ser
explorado. Além da liberdade econômica e a teoria geográfica, outros estudos investigam
a relação do índice de liberdade com o sistema financeiro, movimentos migratórios,
impactos sociais e outros indicadores de desempenho econômico e social. Dessa forma,
59

outros estudos podem incorporar diversas particularidades no que tange ao impacto da


liberdade econômica na prosperidade.
Ademais, a criação de bancos de dados acessíveis a pesquisadores nacionais não
só aprofundaria a análise da problemática presente neste estudo, como possibilitaria a
discussão do tema no âmbito da academia nacional, na medida em que trabalhos
econométricos versando sobre a liberdade e crescimento econômico não são
proeminentes no Brasil. Por fim, a constante atualização do índice de liberdade –
Economic Freedom of the World Fraser Institute, e outros indicadores promete expandir
as análises econométricas futuras.
60

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67

ANEXOS
68

Anexo 1 – índice de liberdade econômica mundial

Figura 3 Primeiro e Segundo quartil referente a liberdade econômica mundial em 2014

Fonte: Fraser Institute – EFW. GWARTNEY. James; LAWSON, Robert; HALL, Joshua.
Economic Freedom of the World 2016 annual report. Fraser Institute. 2016.Disponível
em:https://www.fraserInstitute.org/studies/economic-freedomAcesso em: 28 Jun. 2017.
69

Anexo 2 –

Figura 4 Terceiro e Quarto quartil referente a liberdade econômica mundial em 2014

Fonte: Fraser Institute – EFW. GWARTNEY. James; LAWSON, Robert; HALL, Joshua.
Economic Freedom of the World 2016 annual report. Fraser Institute. 2016.Disponível
em:https://www.fraserInstitute.org/studies/economic-freedomAcesso em: 28 Jun. 2017
70

Anexo 3 –

Figura 5 Índice de liberdade econômica e ‘Confiança Social’

Nota: o eixo horizontal contém o índice de Liberdade econômica (EFW) e o vertical o nível de
confiança como contabilizada pelo autor, é possível observar uma nítida relação positiva entre as variáveis.

Fonte: replicação do gráfico como utilizado no artigo do autor citado, a saber, Berggren (2014, pg
53).

Anexo 4 –

Figura 6 - Índice de Liberdade econômica e tolerância à homossexuais

Nota: o eixo horizontal contém o índice de Liberdade econômica (EFW) e o vertical o nível de
tolerância em relação a homossexuais, é possível observar uma nítida relação positiva entre as variáveis.
71

Fonte: replicação do gráfico como utilizado no artigo do autor citado, a saber, Berggren (2014, pg
58)

Anexo 5 –

Figura 7 - Índice de Liberdade econômica e tolerância a outras raças

Nota: o eixo horizontal contém o índice de Liberdade econômica (EFW) e o vertical o nível de
tolerância em relação outras raças, é possível observar uma nítida relação positiva entre as variáveis.

Fonte: replicação do gráfico como utilizado no artigo do autor citado, a saber, Berggren (2014, pg
58).

Anexo 6 –

Figura 8 - Índice de Liberdade econômica e importância em ensinar tolerância a crianças.


72

Nota: o eixo horizontal contém o índice de Liberdade econômica (EFW) e o vertical o nível de
importância em ensinar tolerância as crianças, é possível observar uma nítida relação positiva entre as
variáveis.

Fonte: replicação do gráfico como utilizado no artigo do autor citado, a saber, Berggren (2014, pg
58).

Anexo 7 –

Figura 9 - Renda Real por pessoa na Inglaterra, 1260s - 2000

Fonte: replicação do gráfico como utilizado na obra de Gregory Clark (2008) A Farewell to Alms:
a brief economic history of the world.
73

Anexo 8 –

Figura 10 Liberdade econômica e taxas de pobreza extrema e moderada


Legenda: eixo horizontal: quartil de liberdade econômica; eixo vertical: taxa de pobreza. Nota: taxa de
pobreza extrema e moderada é menor em países com maior liberdade econômica. Fonte: Gwartney, Lawson and Hall,
2015, Economic Freedom of the World: 2015 Annual Report; World Bank, 2016, World Development Indicators.

Anexo 9 –

Figura 11 Liberdade econômica e a renda ganha pelos 10% mais pobres


Legenda: eixo horizontal: quartil de liberdade econômica; eixo vertical: renda per capita anual dos 10% mais
pobres, 2014.Fonte: Gwartney, Lawson and Hall, 2015, Economic Freedom of the World: 2015 Annual Report; World
Bank, 2016, World Development Indicators.
74

Anexo 10 –

Figura 12 Liberdade econômica e expectativa de vida

Legenda: eixo horizontal: quartil de liberdade econômica; expectativa de vida no nascimento, total (anos),
2014. Nota: a expectativa de vida é de 20 anos maior em países mais livres se comparados com os menos livres Fonte:
Gwartney, Lawson and Hall, 2015, Economic Freedom of the World: 2015 Annual Report; World Bank, 2016, World
Development Indicators.

Anexo 11–
Tabela – 8 Os países mais livres e menos livres economicamente do continente
Asiático.
Posição País Pontuação (0 a 10)
23º Taiwan 7.65
40º Japão 7.42
42º Coreia do Sul 7.40
45º Mongólia 7.39
112º Índia 6.50
113º China 6.45
121º Bangladesh 6.35
127º Timor leste 6.14
148º Myanmar 5.39
Fonte: Elaboração própria a partir do índice Economic Freedom of the World (EFW) de 2014
75

Anexo 12 –
Tabela 9 Os países mais livres da Europa (Oeste e Leste europeu)
Posição País Pontuação (0 a 10)
4º Suíça 8.25
5º Irlanda 7.98
10º Reino Unido 7.93
15º Lituânia 7.81
19º Estônia 7.70
81º Croácia 7.00
86º Grécia 6.93
90º Turquia 6.86
102º Rússia 6.66
Fonte: Elaboração própria a partir do índice Economic Freedom of the World (EFW) de 2014.

Anexo 13 –
Tabela 10 Os países mais livres e menos livres economicamente do continente
Africano
Posição País Pontuação (0 a 10)
54º Uganda 7.34
59º Botswana 7.27
105º África do Sul 6.64
140º Moçambique 5.81
147º Rep. Dem. Congo 5.49
158º Líbia 4.58
Fonte: Elaboração própria a partir do índice Economic Freedom of the World (EFW) de 2014.

Anexo 14 –
Tabela 11 Os países mais livres pertencentes a América Latina
Posição País Pontuação (0 a 10)
13º Chile 7.83
52º Peru 7.35
74º Uruguai 7.08
88º Paraguai 6.88
122º Bolívia 6.34
124º Brasil 6.27
156º Argentina 4.81
Fonte: Elaboração própria a partir do índice Economic Freedom of the World (EFW) de 2014
76

Anexo 15
Tabela 12 - Lista de países em inglês e português para o período de 1970-2000
(continua)

Nome em Inglês Sigla Nome em português


1. Argentina ARG Argentina
2. Australia AUS Austrália
3. Austria AUT Áustria
4. Belgium BEL Bélgica
5. Brazil BRA Brasil
6. Canada CAN Canadá
7. Colombia COL Colômbia
8. Congo, Dem. Rep. COD Rep. Dem. do Congo
9. Denmark DNK Dinamarca
10. Ecuador ECU Equador
11. Finland FIN Finlândia
12. France FRA França
13. Germany DEU Alemanha
14. Greece GRC Grécia
15. Guatemala GTM Guatemala
16. Hong Kong SAR,China HKG Hong Kong RAE, China
17. Iceland ISL Islândia
18. Indonesia IDN Indonésia
19. Iran, Islamic Rep. IRN Irã, Rep. Islã
20. Italy ITA Itália
21. Japan JPN Japão
22. Kenya KEN Quênia
23. Korea, Rep. KOR Rep. Coreia
24. Malaysia MYS Malásia
25. Mexico MEX México
26. Morocco MAR Marrocos
27. Netherlands NLD Holanda
28. New Zealand NZL Nova Zelândia
29. Nigeria NGA Nigéria
30. Norway NOR Noruega
31. Pakistan PAK Paquistão
32. Peru PER Peru
33. Philippines PHL Filipinas
34. Portugal PRT Portugal
35. Singapore SGP Singapura
36. South Africa ZAF África do Sul
37. Spain ESP Espanha
38. Sweden SWE Suécia
77

Tabela 13 - Lista de países em inglês e português para o período de 1970-2000


(conclusão)

Nome em Inglês Sigla Nome em português


39 Switzerland CHE Suíça
40 SyrianArabRepublic SYR Rep. Árabe da Síria
41 Tanzania TZA Tanzânia
42 Thailand THA Tailândia
43 Tunisia TUN Tunísia
44 Turkey TUR Turquia
45 United Kingdom GBR Reino Unido
46 United States USA Estados Unidos
47 Venezuela, RB VEN Venezuela

Fonte: elaboração própria a partir do índice de liberdade econômica EFW – Fraser Institute

Anexo 17
Tabela 14- Lista de países em inglês e português para o período de 2000-2014
(continua)

Nome em inglês Sigla Nome em Português


1 Albânia
Albania ALB
2 Algeria DZA Alegria
3 Angola AGO Angola
4 Argentina ARG Argentina
5 Armenia ARM Armênia
6 Australia AUS Austrália
7 Austria AUT Áustria
8 Azerbaijan Azerbaijão
AZE
9 Bahamas BHS Bahamas
10 Bangladesh BGD Bangladesh
11 Barbados BRD Barbados
12 Belgium BEL Bélgica
13 Belize BLZ Belize
14 Benin BEN Benin
15 Bhutan BTN Butão
16 Bolivia BOL Bolívia
17 Botswana BWA Botswana
18 Brazil BRA Brasil
19 Bulgaria BGR Bulgária
20 Burundi BDI Burundi
21 Cambodia KHM Camboja
78

Tabela 15- Lista de países em inglês e português para o período de 2000-


2014
(continua)

Nome em inglês Sigla Nome em Português


22 Cameroon CMR Camarões
23 Canada CAN Canadá
24 Cape verde CPV Cabo Verde
25 República Central
Central AfricanRepublic CAF Africana
26 Chad TCD Chade
27 Chile CHL Chile
28 China CHN China
29 Colombia COL Colômbia
30 Congo, Dem. Rep. COD Rep. Dem. Congo
31 Costa Rica CRI Costa Rica
32 Cote d'Ivoire CIV Costa do Marfim
33 Croatia HRV Croácia
34 Cyprus CYP Chipre
35 CzechRepublic CZE República Checa
36 Denmark DNK Dinamarca
37 República
DominicanRepublic DOM Dominicana
38 Ecuador ECU Equador
39 Egypt, Arab Rep. EGY Egito, Rep. Árabe
40 El Salvador SLV El Salvador
41 Estonia EST Estônia
42 Ethiopia ETH Etiópia
43 Fiji FJI Fiji
44 Finland FIN Finlândia
45 France FRA França
46 Gabon GAB Gabão
47 Gambia GMB Gambia
48 Georgia GEO Geórgia
49 Germany DEU Alemanha
50 Ghana GHA Gana
51 Greece GRC Grécia
52 Guinea GIN Guiné
53 Guatemala GTM Guatemala
54 Guinea-Bissau GNB Guiné-Bissau
55 Guyana GUY Guiana
56 Haiti HTI Haiti
57 Honduras HND Honduras
79

Tabela 16 - Lista de países em inglês e português para o período de 2000-


2014
(continua)

Nome em inglês Sigla Nome em Português


58 Hong Kong RAE,
Hong Kong SAR, China HKG China
59 Hungary HUN Hungria
60 Iceland ISL Islândia
61 India IND Índia
62 Indonesia IDN Indonésia
63 Iran, Islamic Rep. IRN Irã, Rep. Islâmica
64 Ireland IRL Irlanda
65 Israel ISR Israel
66 Italy ITA Itália
67 Jamaica JAM Jamaica
68 Japan JPN Japão
69 Jordan JOR Jordânia
70 Kazakhstan KAZ Cazaquistão
71 Kenya KEN Quênia
72 Korea, Rep. KOR Coreia, Rep.
73 Kuwait KWT Kuwait
74 Latvia LVA Letônia
75 Lithuania LTU Lituânia
76 Madagascar MDG Madagascar
77 Malawi MWI Malawi
78 Malaysia MYS Malásia
79 Mali MLI Mali
80 Malta MLT Malta
81 Maritania MRT Mauritânia
82 Mauritius MUS Maurícia
83 Mongolia MNG Mongólia
84 Mexico MEX México
85 Montenegro MNE Montenegro
86 Morocco MAR Marrocos
87 Mozambique MOZ Moçambique
88 Myanmar MMR Myanmar
89 Namibia NAM Namíbia
90 Nepal NPL Nepal
91 Netherlands NLD Holanda
92 New Zealand NZL Nova Zelândia
93 Nicaragua NIC Nicarágua
80

Tabela 17 - Lista de países em inglês e português para o período de 2000-


2014
(continua)

Nome em inglês Sigla Nome em Português


94 Niger NER Níger
95 Nigeria NGA Nigéria
96 Norway NOR Noruega
97 Oman OMN Omã
98 Pakistan PAK Paquistão
99 Panama PAN Panamá
100 Papua New Guinea PNG Papua-Nova Guiné
101 Paraguay PRY Paraguai
102 Peru PER Peru
103 Philippines PHL Filipinas
104 Poland POL Polônia
105 Portugal PRT Portugal
106 Romania ROU Romênia
107 RussianFederation RUS Rússia
108 Rwanda RWA Ruanda
109 Saudi Arabia SAU Arábia Saudita
110 Senegal SEN Senegal
111 Sierra Leone SLE Serra Leoa
112 Singapore SGP Singapura
113 SlovakRepublic SVK República Eslováquia
114 Slovenia SVN Eslovênia
115 South Africa ZAF África do Sul
116 Spain ESP Espanha
117 Sri Lanka LKA Siri Lanka
118 Sweden SWE Suécia
119 Switzerland CHE Suíça
120 Syria SYR Síria
121 Taiwan TWN Taiwan
122 Tanzania TZA Tanzânia
123 Thailand THA Tailândia
124 Togo TGO Togo
125 Trinidad and Tobago TTO Trinidade e Tobago
126 Tunisia TUN Tunísia
127 Turkey TUR Turquia
128 Uganda UGA Uganda
129 Ukraine UKR Ucrânia
130 United Kingdom GBR Reino Unido
131 Estados Unidos da
United States USA América
81

Tabela 18 - Lista de países em inglês e português para o período de 2000-


2014
(conclusão)

Nome em inglês Sigla Nome em Português


132 Uruguay URY Uruguai
133 Venezuela, RB VEN Venezuela
134 Zambia ZMB Zâmbia
135 Zimbabwe ZWE Zimbabwe
Fonte: elaboração própria a partir do índice de liberdade econômica EFW – Fraser Institute

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