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Locke era um contratualista, de maneira que ele também acreditava que o homem vivia

em seu estado original uma vida em estado de natureza. Cada homem era o seu próprio
juiz, e a propriedade privada encontrava sua existência e limitação pelo trabalho
humano, mas como começaram a surgir problemas para a delimitação do tamanho da
propriedade, e a necessidade de um poder independente para ser o juíz dos homens,
nasceu,assim, o governo, ou Estado.

Locke foi um grande defensor da liberdade individual, sendo contrário à escravidão.


Acreditava que o casamento era um contrato em que marido e mulher se uniam em
busca da melhor criação para os filhos. A mulher tem o direito de romper esse contrato,
e de criar os filhos sozinha, se assim a lei consentir. O grande objetivo dos pais é criar
um adulto saudável, para que se torne um cidadão livre; no entanto, os filhos devem
respeito aos pais por toda a vida.

O filósofo inglês acredita que o homem só é verdadeiramente livre quando vive sob leis
que limitem à sua liberdade. O cidadão tem o direito de matar o ladrão que invada à sua
propriedade, da mesma forma que o Estado pode aplicar a pena de morte para preservar
o todo da sociedade. Nisso Locke não estava sendo original. Mas a grande contribuição
desse filósofo para a política pode ser resumida assim:

A forma de governo deve ser uma monarquia temperada, com a separação de poderes
entre o executivo, o legislativo e o judiciário, mas o legislativo tem a primazia sobre os
outros poderes. O poder legislativo é limitado pelo poder da população, não podendo,
portanto, criar leis que empobreçam, escravizem e destruam os cidadãos. A lei do
legislativo deve respeitar a lei da natureza, que é a de preservar os direitos naturais do
homem. Esse poder deve garantir o direito à propriedade e não pode criar impostos sem
o consentimento da população. Entretanto, Locke admitia que em certas ocasiões o
executivo tenha preponderância, porque as leis do legislativo frequentemente não
acompanham à evolução da sociedade.

Os poder legislativo deveria ser vigiado pelo povo, e qualquer tentativa de criação de
leis que atentassem contra a propriedade privada e o direito à vida do cidadão, poderia
resultar em uma justificada rebelião contra àqueles a quem o povo concedeu o poder.

Locke foi o filósofo que realmente conseguiu livrar a população da tirania do rei
absoluto e da religião unida ao Estado. No século XIII, São Tomás de Aquino também
defendeu uma forma de governo parecida com a de Locke, inclusive com algum poder
que limitasse a ação do rei ou governante. O problema é que ele não definiu bem que
poder seria esse, mas todos acreditavam, inclusive o papa, que seria a igreja quem
limitaria esse poder. No entanto, a história demonstrou desde Felipe, o Belo, no início
do século XIV, que a igreja não tinha o poder de se opor ao poder do rei, e parece nem
mesmo que desejava isso, desde que o monarca garantisse alguns privilégios ao
catolicismo.

Essa foi a diferença dos países protestantes para os católicos: Locke criou uma
monarquia em que o rei e a população estavam submetidos ao poder legislativo, e esse
ao povo. O objetivo desse governo era garantir as liberdades individuais, não
permitindo que a população caísse sob o poder de um tirano ou de um governo externo.
A igreja protestante aceitou essa separação de poderes com naturalidade, sem que
houvesse a necessidade de se tomar alguma medida contra ela.

Nos países católicos, a igreja não procurava limitar ou separar os poderes do Estado,
desde que ele estivesse a serviço do catolicismo. Para que as liberdades individuais e
políticas pudessem se afirmar nos países dominados pela igreja católica, foram
necessárias muitas revoluções e medidas anticlericais.

O estado de natureza não é como em Hobbes, essencialmente um estado de guerra, ou


seja, o uso de força sobre outro, em que não há um superior comum a quem apelar
socorro. John Locke admite que se todo homem tiver o poder executivo da lei em suas
mãos, a natureza doentia, a paixão e a vingança podem levar o indivíduo longe demais
na punição do próximo, e então, prevalecerá à confusão e a desordem. A solução para
isso é o estabelecimento de um governo, contudo, não absoluto. O homem é feito para
viver em conjunto, em sociedade, a qual só existe se os homens concordarem em
desistir de seus poderes naturais e erigir uma autoridade comum para decidir disputas e
punir ofensas. Isso pode, somente, ser realizado através de acordos e consentimentos.

A essência da liberdade política é que um homem não deverá estar sujeito à vontade
inconstante, incerta, desconhecida e arbitrária de outrem. Uma lei, no entanto, não tem
por objetivo abolir ou restringir, mas preservá-la, pois a liberdade deve ser livre de
restrição e violência, o que não pode existir onde não há lei.

John Locke foi um notório iluminista, ou seja, lutou contra os ideais absolutistas,
rejeitando o conceito de ideias inatas. Ele afirmava que a experiência é a base de todo o
conhecimento. E afirmou que o governo nasce de um entendimento entre governantes e
governados, defendendo que a soberania não reside no Estado, mas sim na população.
Locke também apoiou a separação da Igreja do Estado e a liberdade religiosa,
recebendo por estas ideias forte oposição da Igreja Católica. Segundo ele, o poder
deveria ser dividido em três: Executivo, Legislativo e Judiciário, sendo função do Poder
Legislativo representar o povo. Embora defendesse que todos os homens fossem iguais,
Locke foi um defensor da escravidão. Não a relacionava à raça, mas sim aos vencidos
na guerra. De acordo com Locke, os inimigos e capturados poderiam ser mortos, mas
como suas vidas são mantidas, devem trocar a liberdade pela escravidão.

A importância do pensamento do importante filósofo John Locke não é ter sido original
ou particularmente radical ou avançado, mas ter resumido e consolidado a obra de toda
uma geração ou mais de pensadores políticos.

O Segundo Tratado sobre o Governo Civil foi escrito por John Locke no final do século
XVII, baseado em três movimentos ocorridos na Idade Moderna dos quais Locke foi
propulsor, esses foram: o Contratualismo, o Liberalismo e o Empirismo.

Sustentado por essas ideias, Locke entendia por poder político o direito de fazer leis
aplicando desde uma pena menos severa, a fim de regulamentar e preservar uma
propriedade e empregar a força de uma comunidade para a execução dessas leis, até a
pena de morte. Defendia a república contra as depredações do estrangeiro, tendo em
vista o bem público.

Inserido no contexto do Iluminismo, Locke utilizou dessas teorias para a criação de suas
próprias. Uma delas foi definida como o estado de natureza, que consistia na igualdade
e condição natural dos homens, onde eles sejam livres para decidir seus atos e dispor de
seus bens e pessoas como bem entenderem sem pedir autorização de nenhum outro
indivíduo. Dentro desse estado em que a igualdade e a reciprocidade são fundamentais e
todas as vantagens comuns da natureza devem ser equivalentes entre si, a menos que
exista um soberano, todos possuem os mesmos direitos e deveres. Caso haja um
soberano, deverá ser escolhido por todos. Esse estado é regido por um direito natural
imposto a todos, logo, ninguém deve lesar o outro em sua vida, sua saúde, sua liberdade
ou seus bens. Visando que todos os homens foram criados por Deus, esses o pertence,
fazendo-os sua propriedade, enviados ao mundo por sua ordem e a seu serviço.

Dizia que todos são “obrigados não apenas a conservar sua própria vida”, mas também
“velar pela conservação do restante da humanidade”, por isso, cabe a cada um certificar-
se da “execução” da lei da natureza, o que significa que todos estão permitidos a punir
aqueles que transgridem tal lei. Se qualquer pessoa no estado de natureza pode refrear o
outro por alguma violação que ele tenha cometido, todos também podem fazê-lo, pois,
no estado de natureza, não há superioridade ou jurisdição. No entanto, Locke acredita
que a má natureza, a paixão e a vingança possam levar o homem longe demais ao punir
o infrator. De tal modo que Deus criou o governo para conter a violência e a
parcialidade dos indivíduos.

Segundo John Locke, “o governo civil é a solução adequada para as inconveniências do


estado de natureza, que devem certamente ser grandes quando os homens podem ser
juízes em causa própria, pois é fácil imaginar que um homem tão injusto a ponto de
lesar o irmão dificilmente será justo para condenar a si mesmo pela mesma ofensa.”
Esse “poder” adquirido de um sobre o outro não pode ser confundido com um poder
arbitrário, é usado apenas para infligir a pena proporcional à ação do transgressor. Além
disso, acreditava que o ofensor causava algum dano injusto à vítima da transgressão e,
assim, tal vítima também tinha o direito de punir o seu transgressor, possuía um direito
próprio de buscar a reparação por parte do autor da infração.

Locke não concordava com a punição dada a estrangeiros que houvessem cometido
algum crime no país alheio. Para ele, as leis de certo país não se aplicam a um
estrangeiro e, portanto, ele não seria obrigado a respeitá-las.

Outra teoria criada por John Locke foi a teoria do estado de guerra, a qual foi definida
como um estado de inimizade e destruição. Tal teoria dizia que é justo que se tenha o
direito de destruir aquele que me ameaça com a destruição, o que nos remete hoje um
pouco a ideia do “olho por olho e dente por dente”. Segundo a lei fundamental da
natureza, se nem todos os homens podem ser amparados, dá-se preferência ao inocente.
Locke diz que se pode acabar com o indivíduo que lhe faz guerra pela mesma razão que
se mata um lobo, pois pessoas assim seguem uma lei de força e de violência e, portanto,
podem ser tratados como animais selvagens. Aquele homem que coloca outro ser sobre
seu poder absoluto entra em estado de guerra com ele, pois tal ato corresponde a uma
declaração de intenção contra sua vida. Aquele que no estado de natureza retirasse a
liberdade que pertence a alguém pode ser entendido como tendo a intenção de retirar
tudo o mais, pois a liberdade é a base de todo o resto. Portanto, conclui-se que se pode
tratá-lo como alguém que entrou em estado de guerra.

John Locke, então, comparou o estado de natureza e o estado de guerra, concluindo que
a diferença entre eles está no fato de que enquanto no estado de natureza um respeita o
outro e a igualdade prevalece, no estado de guerra um impõe força sob o outro,
obrigando-o a chamar por socorro, sendo que em ambos os estados ocorre a inexistência
de um superior. É a inexistência de tal recurso que dá ao indivíduo o direito de guerra ao
agressor, ou seja, a liberdade de matá-lo. A vontade de se ter um juiz com autoridade
coloca a sociedade em estado de natureza; já o uso da força sem direito sobre a pessoa
de um homem provoca um estado de guerra, haja ou não um juiz comum.

Definiu também que a lei tem por finalidade proteger e reparar os inocentes, através de
sua aplicação justa a tudo o que está sob sua tutela; quando a violência e danos são
causados, ainda que pelas mãos daqueles que deveriam administrar a justiça, é o mesmo
que entrar em guerra contra as vítimas, às quais, não tendo ninguém a quem recorrer na
terra, só resta apelar ao céu.

Homens vivendo segundo a razão, sem um superior comum na terra, com autoridade pra
julgar entre eles, é o estado de natureza. Evitar o estado de guerra é uma das razões
principais porque os homens abandonaram o estado de natureza e se reuniram em
sociedade.

Em relação à escravidão, esse filósofo iluminista afirmou que a liberdade natural do


indivíduo devia estar livre de qualquer poder superior na terra, desconhecendo outra
regra além da lei da natureza. A liberdade do homem na sociedade não deve estar
atrelada ao legislativo exceto se consentido pela comunidade civil.

Mas essa liberdade se submetida a um governo, que consistia em possuir uma regra
permanente a qual todos deveriam obedecer e era instituída pelo poder legislativo nela
estabelecido.

A escravidão é condenada pelo autor. A liberdade natural, para ele, visa


prioritariamente defender a própria vida do ser humano e este não está subordinado a
nenhum poder terreno a não ser ao poder divino, e diz que essa liberdade do indivíduo
contido no contexto da sociedade não deve ser ferido na sua própria liberdade em
relação àquilo que foi estabelecido pelo consenso de toda a comunidade. E como o
homem não é o proprietário de sua vida, este também não tem o direito de escravizar
ninguém.

A condição de escravidão é o estado de guerra continuado entre um conquistador e seu


prisioneiro. Portanto, caso haja um pacto entre eles, em que um exercita um poder
limitado enquanto o outro obedece, o estado de guerra e a escravidão deixam de existir,
já que ninguém pode concordar em ceder a outro um poder que não tem sobre si
mesmo.

Locke considera em seguimento ao Gênesis, que Deus deu a Terra aos homens em
comum, para que estes se utilizassem desta para a subsistência e a conveniência.
“Embora a terra e todas as criaturas inferiores sejam comuns a todos os homens, cada
homem tem uma propriedade em sua própria pessoa; a esta ninguém tem qualquer
direito senão ele mesmo.”

Em continuidade, ele nos diz que aquele espaço ao qual o indivíduo incorporou para si
através do trabalho é de sua propriedade exclusiva e não lhe pode ser contestada (salvo
problemas de escassez), pois se necessitássemos do consentimento de todos para
apropriarmo-nos de uma macieira, por exemplo, morreríamos de fome. Assim o é
também com a terra: “a extensão de terra que um homem lavra, planta, melhore, cultiva,
cujos produtos usa, constitui sua propriedade.”

O conceito de propriedade em Locke é que ela é um direito natural, ou seja, já existia no


estado de natureza.

Para Locke, a aquisição da propriedade individual não se dava mediante apropriação,


mas por individuação: Deus, que deu o mundo aos homens em comum, deu-lhes
também a razão, para que se servissem dele para o maior benefício de sua vida e de suas
conveniências. A terra e tudo o que ela contém foi dada aos homens para o sustento e o
conforto de sua existência. (...) O trabalho de removê-los daquele estado comum em que
estavam fixou meu direito de propriedade sobre eles.

Quanto aos problemas relativos à escassez das terras, Locke considera impossível tal
contestação, pois o espaço dado por Deus a cada um dos homens para usufruto é mais
do que suficiente para sua satisfação, e no caso de desacordo com qualquer outro
homem, permite modificação, podendo aquele que teve sua propriedade disposta a
terceiro, trocá-la por outra tão produtiva quanto a anterior.

Explicando melhor a ideia de propriedade e proprietário, o autor deixa claro que quando
um homem tira algo do estado em que a natureza o colocou, mistura nisso o seu
trabalho, tornando-o sua propriedade. Uma vez removido este objeto do estado comum
em que a natureza o deixou, através do seu trabalho, adiciona-lhe algo que excluiu o
direito comum dos outros indivíduos e fixou o direito desse primeiro homem de
propriedade sobre ele.

Mais especificamente, para Locke o fundamento da propriedade está no próprio homem,


em sua capacidade de transformar em seu benefício o mundo externo, com sua energia
pessoal.

Retornando à questão do trabalho, Locke nos chama a atenção não só para o acúmulo de
propriedade, mas também para a sua valorização: “considere qualquer um a diferença
que existe entre um acre de terra plantado (...) e um acre da mesma terra em comum sem
qualquer cultura e verificará que o melhoramento devido ao trabalho constitui a maior
parte do valor respectivo.” Acrescenta também que a terra em que um homem trabalha,
pode ser considerada sua propriedade.

Ao longo do tempo, com o crescimento populacional, a escassez passou a ser iminente,


o que culminou em pactos e leis fixando os limites dos respectivos territórios, dando
ênfase à legitimidade de sua posse.

Ao dizer que o homem só podia ter a terra que pudesse cultivar, mas que poderia ter
quanto ouro e prata quisesse, beneficiava os interesses burgueses, prejudicando a
aristocracia rural.

Esses interesses defendidos pelo iluminista ficam ainda mais claros nas diversas
passagens em que ele mostra preocupação com a expansão colonial inglesa.

Afirmava também que o direito de propriedade está limitado à capacidade de consumo


do proprietário, com esse pensamento ele parece estar munido de ideais socializantes.

Em seguida Locke nos explica o surgimento do dinheiro, advindo da necessidade de se


acumular bens sem o problema do processo de troca sem o perecimento de seus bens
com o tempo. Ele substitui o que aos poucos foi sendo substituída pela moeda. Assim
foi instituído o dinheiro – algo duradouro que o homem podia guardar sem sua
deterioração e que pudesse utilizar na troca por coisas necessárias à vida.
“Como os diferentes graus de indústria dos homens podiam fazê-los adquirir posses em
proporções diferentes, esta intervenção do dinheiro deu-lhes a oportunidade de
continuar a aumentá-las.” Locke, então, concluiu que o dinheiro, sendo durável, incitava
os homens a estender suas posses sobre terras mais vastas.

Os homens tornaram possível a divisão da terra em posses particulares fora dos limites
da sociedade, atribuindo valor, apenas, ao ouro e à prata, concordando com a circulação
da moeda. Pois nos Estados a legislação regula o direito de propriedade determinada por
constituições positivas.

“O direito e a conveniência andavam juntos. Como cada homem tinha o direito a tudo
em que podia aplicar o seu trabalho, não tinha a tentação de trabalhar mais do que para
o que pudesse usar. Isso não deixava espaço para controvérsia quanto ao título, nem
para a usurpação do direito dos outros. A parte que cada um talhava para si era
facilmente reconhecível; era tão inútil quanto desonesto talhar uma parte grande demais
ou tomar mais que o necessário.”

Na filosofia política de Locke a propriedade aparece como destaque, sendo inclusive a


principal razão para a instituição do governo civil, o fim principal da união dos homens
em comunidades. Era tão grande a importância conferida à propriedade que chegava ao
ponto de apenas considerar cidadão o proprietário.

Nem mesmo ele considerava o direito de propriedade como o único direito natural,
embora é evidente que o via em um patamar superior aos demais. Por várias vezes
percebemos, ainda, que Locke utiliza o termo propriedade para designar também a vida
e a liberdade.

A propriedade para Locke tinha feições absolutas. No Segundo Tratado, afirma que
nenhum governo pode tirar toda ou parte da propriedade de seus súditos sem o seu
consentimento. Justifica dizendo que "se qualquer um reivindicar o poder de estabelecer
impostos e impô-los ao povo por sua própria autoridade e sem tal consentimento do
povo, está assim invadindo a lei fundamental da propriedade e subvertendo a finalidade
do governo".
Aparentemente, Locke estabelece limites ao direito de propriedade. Um primeiro limite
consiste em uma obrigação moral em relação aos demais, pela qual se deve deixar aos
outros o suficiente para sobreviverem. Mas, de fato, isso não implica em limite algum,
pois inúmeras vezes ele se refere às vastas extensões territoriais e alega que há terra o
suficiente para todos.

Outro suposto limite diz respeito a não se apropriar daquilo que não se pode gozar. De
acordo com sua teoria, com o surgimento da moeda isso não consiste mais em problema
algum, pois esta não é perecível e pode ser acumulada e guardada indefinidamente.

Uma terceira limitação se refere ao papel do trabalho na aquisição de propriedade. À


primeira vista, pode parecer que a legitimidade da apreensão se restringe àquilo que o
trabalho do seu corpo pode executar. Locke admitia a alienação do trabalho, como ficou
claro na passagem descrita a seguir:

“Sobre as terras comuns que assim permanecem por convenção, vemos que o fato
gerador do direito de propriedade, sem o qual essas terras não servem para nada, é o ato
de tomar uma parte qualquer dos bens e retirá-la do estado em que a natureza a deixou.
E este ato de tomar esta ou aquela parte não depende do consentimento expresso de
todos. Assim, a grama que meu cavalo pastou, a relva que meu criado cortou, e o ouro
que eu extraí em qualquer lugar onde eu tinha direito a eles em comum com outros,
tornaram-se minha propriedade sem a cessão ou o consentimento de ninguém. O
trabalho de removê-los daquele estado comum fixou meu direito de propriedade sobre
eles.”

No que tange ao direito de herança, Locke reconhece o direito dos filhos, porém de
forma subsidiária à livre disposição do proprietário, como registrado no Primeiro
Tratado quando diz que "esta coisa, a possessão, é transmitida naturalmente aos seus
filhos”.

No que se trata da propriedade, vislumbramos teorias essencialmente capitalistas


coexistindo com ideias aparentemente comunistas.

Em suma, Locke apresenta que como Deus é o Pai Criador e os homens são os seus
filhos significa que os homens são seus herdeiros, logo todos os homens têm direito a
propriedade privada.
Em relação aos fins da sociedade política e do governo, Locke nos traz novos
ensinamentos.

Diz que o homem é livre no estado de natureza, mas preferem renunciar sua liberdade
para a dominação de outro poder porque ainda que no estado de natureza ele tenha
tantos direitos, as qualidades deles são precárias e é constantemente exposto às invasões
de outros. No estado de natureza, todos são soberanos e iguais e ninguém exerce papel
mais importante que o outro ou tem poder maior, mas a maior parte não respeita
estritamente, nem a igualdade nem a justiça, o que torna o gozo da propriedade que ele
possui neste estado muito perigoso e muito inseguro. Isso faz com que ele deseje
abandonar esta condição para viver em sociedade com outros que já estão reunidos.

O objetivo fundamental da união dos homens em sociedade e da sua submissão a


governos é a preservação de sua propriedade. O estado de natureza, no entanto, é
carente de muitas condições: carece de uma lei estabelecida, fixada, conhecida e aceita
pelo consentimento geral, para que se tenha estabelecido um padrão de certo e errado.
Falta, também, no estado de natureza, um juiz conhecido e imparcial, com autoridade
para impor todas as diferenças segundo a lei estabelecida, pois nesse estado todos são
juízes e executores da lei da natureza.

Assim, conclui-se que é raro os homens, em qualquer número, permanecerem um tempo


apreciável nesse estado.

Locke diz que encontramos aí, a base jurídica inicial dos poderes executivo e
legislativo.

Acrescenta, ainda, que no estado de natureza o homem detém dois poderes: “O primeiro
é fazer o que ele acha conveniente para sua própria preservação e para a dos outros
dentro dos limites autorizados pela lei da natureza; em virtude desta lei, comum a todos,
cada homem forma, com o resto da humanidade, uma única sociedade distinta de todas
as outras criaturas (...).”

“O outro poder que o homem tem no estado de natureza é o poder de punir os crimes
cometidos contra aquela lei. A ambos ele renuncia quando se associa a uma sociedade
privada, se posso chamá-la assim, ou particular, para se incorporar a uma comunidade
civil separada do resto da humanidade.”

Por último, Locke nos diz que embora os homens ao entrarem na sociedade, renunciem
à igualdade, à liberdade e ao poder executivo do estado de natureza, ele garante a cada
um sua propriedade, deixando os defeitos do estado de natureza para trás.

John Locke ainda nos mostra, em seu livro, os poderes legislativo, executivo e
federativo da comunidade civil; explica que o poder legislativo é aquele que tem
competência para prescrever segundo que procedimentos a força da sociedade deve ser
empregada para preservar a comunidade e seus membros.

O legislativo não precisa estar sempre em funcionamento se não há trabalho a fazer,


uma vez que há pouco tempo para fazer aquelas leis que serão executadas de maneira
contínua e que permanecerão em vigor por tempo indefinido.

Locke julga tentador o fato de a mesma pessoa que tenha o poder de executar as leis
também tenha o poder de legislar, pois se essa pessoa se isentar da obediência das leis
que fez e adequar a lei a sua vontade, tanto no momento de fazê-la quanto no ato de sua
execução, ela teria interesses diferentes do resto da sociedade, contrários a finalidade do
governo.

Por isso, ele diz que nas comunidades civis bem organizadas, o poder legislativo deve
ser confiado a várias pessoas que estão habilitadas à legislar, ficando elas mesmas
sujeitas às leis que fizeram, assim, visam melhor o bem público.

O filósofo deixa claro, em seguida, que como as leis são feitas em um tempo muito
breve é necessário que se assegure sua execução sem interrupção ou descontinuidade; é
preciso que haja um poder que tenha uma existência contínua e que garanta a execução
das leis assim que são formuladas. Portanto, frequentemente, o poder legislativo e o
executivo ficam separados.

Locke diz que há outro poder que se pode chamar de natural, porque corresponde ao que
cada homem possuía naturalmente antes de entrar em sociedade.
Esse poder permite que a sociedade forme um corpo único, corpo este que permanece
no estado de natureza em referência ao restante de toda a humanidade, como se
encontravam anteriormente.

Assim, a comunidade constitui um corpo único e completo no estado de natureza em


relação a qualquer outro estado ou a todas as outras pessoas que não pertençam a sua
comunidade.

Este poder citado tem habilidade para declarar guerra e paz, ligas e alianças e todas as
transações com todas as pessoas e todas as comunidades que estão inseridas em outro
contexto que não dentro da comunidade civil, tal poder pode ser chamado de federativo.

Os poderes executivo e federativo, embora distintos entre si, o primeiro visando a


execução das leis internas da sociedade sobre aqueles que fazem parte dela, e o segundo
implicando na administração da segurança e do interesse do público externo, com todos
aqueles que podem lhe trazer benefícios ou prejuízos, estão quase sempre unidos.

J. Locke ainda completa seu raciocínio e teoria com as seguintes palavras: “ (...) E ainda
que este poder federativo, faça ele uma boa ou má administração, apresente uma
importância muito grande para a comunidade civil, ele se curva com muito menos
facilidade à direção de leis preexistentes, permanentes e positivas; por isso é necessário
que ele seja deixado a cargo da prudência e da sabedoria daqueles que o detêm e que
devem exercê-lo visando o bem público. As leis que dizem respeito aos súditos entre
eles, uma vez destinadas a reger seus atos, é melhor que os precedam. Mas a atitude
adotada diante dos estrangeiros depende em grande parte de seus atos e da flutuação de
seus projetos e interesses. Portanto, devem ser deixados em parte à prudência daqueles a
quem foi confiado este poder, a fim de que eles o exerçam com o melhor de sua
habilidade para o benefício da comunidade civil.”

E embora, como anteriormente dito, os poderes executivo e federativo sejam


intimamente diferentes em si, quase nunca devem ser separados e colocados ao mesmo
tempo nas mãos de indivíduos distintos; e como ambos necessitam da força da
sociedade para o seu pleno exercício, é totalmente necessário o aparecimento de um elo
hierárquico ou que os poderes executivo e federativo sejam confiados a distintas
pessoas.
Isto equivaleria a submeter a força do povo a comandos diferentes e resultaria, algum
dia, em desordem.

Com esse raciocínio, o autor explicita sua opinião e legado de que o poder executivo
vem sempre atrelado ao federativo e necessita dele, e vice-versa. Assim como, o poder
legislativo deve estar em diferentes mãos do poder executivo para que o bem público
não seja prejudicado.

Na tentativa de combater o absolutismo defendido na obra “o Patriarca “do sir. Robert


Filmer, Locke escreve “O Primeiro e Segundo Tratado sobre o governo civil” onde,
desvenda o verdadeiro sentido do poder político e de como deve se formar um governo
justo e livre.

Com o uso de um vocabulário simples, para que todos conseguissem compreender,


citações bíblicas, já que as pessoas estavam sendo manipuladas por um imperador que
se dizia representante divino, e demonstrações reais sobre suas teorias. John Locke fala
sobre a propriedade privada, escravidão, divisão dos poderes políticos, o estado natural
do homem, entre outras exposições sobre o cotidiano.

Sempre se baseando no bem comum, ele prezava o direito de liberdade, no qual todos
deveriam ser livres, a menos que isso colocasse em risco a própria pessoa ou os
cidadãos.

Essa sua obra foi contra todos os costumes ate então vividos. Um choque para a
maioria, porém para outros foi apenas a continuação do movimento iluminista. Sendo a
razão a principal modeladora desse pensamento.

A liberdade de expressão concedida a Locke, por residir no Reino Unido, onde a igreja
já havia perdido muito do seu poder, ajudou a desenvolver e espalhar sua ideia pelo
mundo. Contou com o auxilio de Edward Gibbon outro filosofo inglês.

Com a chegada do Iluminismo muitas revoluções começaram a ocorrer, sempre


buscando a liberdade e um governo distinto do imperialismo.
É difícil pensar em como as pessoas daquela época se sentiram com a implantação desse
novo movimento, afinal, desde pequenos, a sociedade mundial, em sua maior parte, é
incentivada a leitura e a busca continua pelo conhecimento.

Hoje em dia as histórias antigas sobre a época do absolutismo não parecem reais, pois
chega a ser impossível muitos aceitarem o fato de que em tempos passados o povo, sem
revoltas, obedecia um ditador apenas por este alegar ter sido escolhido por um deus e
representa-lo na Terra e, portanto ,ter poder divino.

Assim como com o passar dos anos, a nova geração não irá acreditar que realmente
houve uma época em que não havia desigualdade social, problemas de segurança
pública, uma vida sem tecnologia ou internet.

Dessa forma, podemos concluir que o avanço social e político está diretamente ligado
com a ação humana, visando o bem comum, como foi o caso descrito por Locke. Apesar
de inerente ao homem, as ações sociais na contemporaneidade são marcadas pelo ato de
se eximir. Por conseguinte, a humanidade estará fadada a sua completa estagnação até
que um novo Locke revele-se.

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