DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS
E SUA IMPORTÂNCIA PARA A COMPETITIVIDADE
1.1 - INTRODUÇÃO
Qualidade
COMPETITIVIDADE
Custo Tempo
1.2 – PRODUTO
Num sentido amplo, produto pode ser um bem ou serviço resultante de qualquer
processo. Mais especificamente, o termo produto se refere a artefato1 concebido, produzido,
transacionado e usado pelas pessoas ou organizações, por causa das suas propriedades e
funções que podem desempenhar, satisfazendo desejos ou necessidades de um mercado.
Os produtos são constituídos de elementos básicos que formam um conjunto de
atributos básicos tais como: aparência, forma, função, material, embalagem, rótulo, cor, sabor
e aroma, marca, imagem (reputação), serviços pós-venda e garantias.
Um novo produto pode ser considerado como o desenvolvimento e a introdução de um
produto, não previamente manufaturado por uma empresa, no mercado ou a apresentação de
um produto já existente num novo mercado não previamente explorado pela empresa.
Novos produtos não necessariamente significam produtos originais, novos produtos
podem ser obtidos com melhorias e modificações em produtos existentes. Assim, um novo
tamanho e forma de um produto já existente podem representar um novo produto. Da mesma
forma, um produto já existente introduzido num novo nicho de mercado ou um novo mercado
geográfico pode ser considerado um novo produto. Um produto nunca antes visto é também
um novo produto, apesar de ser menos comum que os outros tipos. Os novos produtos podem
ser classificados em:
a) Variantes de produtos existentes, que incluem as extensões de linha, o reposicionamento
de produtos em termos de seu uso e mercado, formas novas, versões modificadas de
produtos existentes, e em alguns casos a nova embalagem de produtos existentes.
b) Inovativos, que são o resultado de modificações feitas em produtos existentes gerando
produtos de elevado valor agregado, sendo geralmente que um maior grau de inovação está
associado a um tempo mais longo de desenvolvimento e maior custo de pesquisa.
c) Criativos, que são os produtos com existência nova, nunca antes vistos. Geralmente o
tempo de desenvolvimento é bastante longo e os custos de pesquisa e desenvolvimento são
elevados. A introdução de produtos criativos no mercado pode ser bastante arriscada e as
chances de falhar são altas. Se o produto é bem sucedido, imitadores rapidamente
invadirão o mercado, com a vantagem de não terem investido tempo e recursos no
desenvolvimento e criação do produto.
Vale observar que o reprojeto de produtos existentes pode resultar em novos produtos
dentro de qualquer uma das categorias anteriores.
1
Artefato é um objeto produzido industrialmente
Cada produto possui um ciclo de vida, como o representado na figura 1.2. Através do
ciclo de vida se pode visualizar os estágios ou fases pelos quais um produto passa, desde o seu
desenvolvimento até o seu desaparecimento no mercado.
Nas fases iniciais (lançamento e crescimento) os custos de pesquisa e
desenvolvimento, bem como os custos adicionais de promoção e penetração no mercado,
fazem com que os lucros sejam negativos ou baixos. Estas fases caracterizam-se por serem
períodos de investimento e risco.Ocorre um aumento dos lucros durante a fase de crescimento
e, geralmente poucas empresas obtêm lucro antes desta fase. Na fase de maturidade tem-se
uma estabilidade, melhor descrita como um período sem crescimento e de estagnação do
mercado. A maior parte dos lucros com o produto é obtida nesta fase. Na fase seguinte, de
declínio, ocorre uma diminuição nas vendas causada por fatores tais como: aumento da
concorrência com novos produtos, por inovações e desenvolvimentos tecnológicos que levam
o produto à obsolescência e a mudanças de hábitos nos consumidores. Normalmente nesta
fase, as empresas gradativamente eliminam os canais de distribuição menos rentáveis para em
seguida encerrar a produção do produto. O abandono de produtos geralmente ocorre após a
fase de declínio, mas é possível em alguns casos que o produto vá diretamente da fase de
crescimento para o declínio.
Vendas
Fluxo de caixa
Lucro
Tempo
NECESSIDADE
PLANEJAMENTO DO PRODUTO
PROJETO
PLANEJAMENTO DO PROCESSO
PRODUÇÃO
PRODUTO
MARKETING
USO DO PRODUTO
RETIRADA
Fig. 1.3 - Ciclo de vida do produto segundo as atividades que o produto passa.
Dentro de uma visão abrangente, no âmbito da empresa, se pode entender por função
qualquer grupo de atividades realizadas conjuntamente para alcançar determinado objetivo.
Assim, uma função pode ser delimitada por um único departamento, ou mesmo ser formada
por vários departamentos. Dentro desta visão uma empresa pode ser representada por suas
principais funções organizadas como mostrado na figura 1.4.
Apoio
Pesquisa Projeto Produção Marketing Distribuição ao
Consumidor
Desta forma, a atividade de projeto é vista como uma função corporativa não como uma
atividade separada. As mudanças são um fato sempre presente da vida, e as mudanças no
mercado irão ditar a necessidade de novos produtos na medida em que os produtos tornam-se
obsoletos ou as vendas declinem. Assim, sob o ponto de vista das empresas, o projeto e o
desenvolvimento de produtos tendem a transformar o papel e a posição do projetista,
alargando o espectro desta atividade de maneira muito significativa. Da mesma forma que as
forças de mercado geram a necessidade para o projeto de um produto, o ato de projetar dá
lugar a mudanças na empresa. O gerenciamento adequado destas mudanças acaba por
determinar em muito a lucratividade de uma empresa.
A atividade de projeto é atualmente considerada como um fator chave para o sucesso
das empresas no mercado. Um bom projeto não garante o sucesso do produto, mas é de
fundamental importância para tal. Existe uma analogia muito forte entre projeto e qualidade,
que podem ser vistos como aspectos um do outro. A percepção da qualidade por parte do
consumidor é fortemente influenciada pela atividade de projeto. O direcionamento para a
qualidade engloba todas as áreas funcionais de uma empresa, tanto quanto seus fornecedores,
assegurando que todos interajam de modo a entenderem as necessidades de cada um. Muitas
empresas adotam o conceito da “total quality management”, assegurando uma forte
cooperação através dos contornos funcionais e organizacionais. Pelo envolvimento dos setores
de Marketing, Manufatura e engenheiros de campo, desde o início do desenvolvimento de
cada produto, e projetando para a efetiva manufatura, poucas mudanças serão necessárias
quando o produto for lançado, favorecendo a obtenção de padrões competitivos de qualidade.
Ou seja, um forte comprometimento do projeto com a produção, implica em que atrasos e
surpresas podem ser evitados.
Segundo o Aurélio, a palavra projeto é a idéia que se forma de executar ou realizar
algo no futuro, é um plano, um intento ou desígnio. Assim projeto do produto é um plano de
um empreendimento a ser realizado, um produto, com o fim de atender uma necessidade.
O projeto do produto então pode ser formulado como uma atividade de planejar,
sujeito às restrições da resolução, uma peça, uma parte ou um sistema para atender de forma
ótima necessidades estabelecidas, sujeito, ainda, às restrições de solução. Entende-se aqui
como restrições de resolução aquelas que se relacionam com o conhecimento disponível, o
tempo, facilidades de laboratório e de computação para resolver o problema e, as restrições de
solução que englobam aspectos de custos, disponibilidade de materiais, equipamentos de
fabricação, de uso, manutenção e descarte. Assim, um projeto sendo sempre sujeito a certas
restrições, torna a solução, em qualquer ponto no tempo, invariavelmente um compromisso
Como se pode observar, projeto do produto é um plano amplo de realizar algo,
compreendendo aspectos desde a identificação de uma necessidade até o descarte, ou seu
efeito no meio ambiente.
Hoje em dia estão superadas as visões econômicas tradicionais que definiam a
competitividade como uma questão de preços, custos e taxas de câmbio, mas mesmo assim a
fig.1-5 pode ser útil para uma análise e visão atual. Esta figura mostra que o custo do produto
fica praticamente comprometido com as tomadas de decisão nas primeiras fases do ciclo de
vida, isto é, até concluir o projeto detalhado. Em outras palavras, 80% do custo do produto
fica comprometido com 20% da fase do projeto realizada. Isto nada mais é do que a fase de
projeto conceitual concluída.
Ainda sob o enfoque do custo do produto a fig.1-6 mostra, de forma figurada num
bloco de gelo, que para o consumidor, a maior parte dos custos estão abaixo da linha da água.
A fig.1-7 mostra com certa semelhança os dados da fig. 1-2, mas aqui se tem dados de
composição do custo do produto considerando o projeto, materiais, mão-de-obra e instalações,
mas também a influência ou sombra das decisões tomadas em cada um dos setores sobre o
custo do produto.
Figura 1.5 - Efeitos das diferentes fases do ciclo de vida sobre o custo do produto [1-1].
Figura 1.7 -Influência sobre o custo do produto devido as tomadas de decisão referentes ao
projeto, material, mão-de-obra e instalações [1-20].
Como já foi visto no item anterior o projeto ou plano do produto tem um sentido bem
amplo, deve conter considerações, preocupações ou informações que cobrem todo o ciclo de
vida do produto, que aqui é entendido como as fases pelas quais passa um produto, ou seja:
identificação das necessidades; projeto conceitual; projeto preliminar; projeto detalhado;
avaliação do produto; produção; distribuição; uso; manutenção e descarte.
O objetivo do presente texto é abordar os conhecimentos, ferramentas e metodologias
que englobam as fases desde a identificação das necessidades até a avaliação do protótipo,
mas sem deixar de embutir no projeto as características de adequacidades ou qualidades das
demais fases do ciclo da produção ao descarte.
Para ter uma melhor visualização das atividades desenvolvidas ao longo de um ciclo
de vida de um produto tem-se o quadro 1.1, mostrando o também chamado, ciclo do
consumidor ao consumidor. Como pode ser observado o campo de conhecimento estuda
princípios, metodologias e ferramentas de apoio ao desenvolvimento do produto, desde a fase
de identificação das necessidades até a distribuição e uso do produto no mercado.
Estes assuntos são abordados na literatura sob os títulos de: metodologia de projeto;
engenharia do produto; projeto de engenharia e teoria de projeto. Na literatura inglesa
encontram-se termos tais como: "engineering design"; "product design" e "theory of design".
Na língua alemã encontram-se os termos de: "Methodisches Konstruieren"; "Theorie der
Konstruktionsprozesse" e "Konstruktionslehre".
Ao longo dos anos vários bons livros sobre projeto surgiram e muitos ainda deverão
surgir. Nos Estados Unidos, uma grande parte da literatura disponível sobre projeto mecânico
é relacionada ao projeto de elementos de máquinas, como, por exemplo, aqueles escritos por
Juvinall e Marshhek (Fundamentals of Machine Component Design, 1991) e Shigley e
Mishke (Mechanical Engineering Design, 1989). No projeto de elementos de máquinas,
geralmente as formas dos objetos são especificadas sendo primeiramente atacado o problema
da determinação dos tamanhos, para em seguida serem escolhidos os materiais. Os processos
de manufatura raramente são abordados. Durante os anos 60, apareceram várias obras
tratando do projeto sob uma visão mais ampla, tais como Asimov ((Introduction to Design:
Fundamentals of Engineering Design, 1962), Krick (An Introduction to Engineering and
Engineering Design, 1965), Dixon (Design Engineering, 1966), Woodson (Introduction to
Engineering Design, 1966), Cain (Engineering Product Design, 1969) e Vidosic (Elements of
Design Engineering, 1969). Entretanto, por várias razões, observou-se que nos Estados
Unidos pouca enfase foi dada ao assunto projeto, tanto na educação quanto na pesquisa. Este
panorama mudou fortemente a partir da publicação do relatório da ASME (American Society
of Mechanical Engineers) "Goals and Priorities for Research on Design Theory and
Methodology" de 1985, onde se constatou que grande parte da perda de competitividade dos
produtos dos Estados Unidos era devido a baixa qualidade de projeto de seus produtos e ao
pequeno esforço de pesquisa e ensino neste campo de conhecimento.
com a mente aberta, chegando a um número de soluções em cada etapa, e avaliar e escolher
antes de prosseguir para a próxima etapa. O livro cobre tópicos sobre fundamentos do projeto,
planejamento do produto, clarificação da tarefa, projeto conceitual, projeto preliminar e
detalhado e desenvolvimento de produtos de tamanhos seriados e modulares. O capítulo sobre
projeto preliminar e detalhado (onde se busca a forma concreta para um dado conceito
abstrato) inclui idéias sobre como projetar para a produção e para a fácil montagem. Cross,
em seu livro Engineering Design Methods (1989), apresenta vários exemplos e aplicações de
projeto sistemático. Roth em Designing with Design Catalogs (1982), apresenta uma
metodologia caracterizada montagem de catálogos de projeto ou coleções de soluções, de
maneira sistematizada. A norma VDI 2221 - Systematic Approach to the Design of Technical
Systems and Products, sintetiza a filosofia alemã de projeto.
Outras obras em disponíveis em língua inglesa merecem alguns comentários. Pugh,
em Total Design (1990), descreve o “design core” ou núcleo central de atividades e sua
relação com aspectos tais como: as necessidades de mercado, especificações do produto,
projeto conceitual, projeto detalhado, manufatura e marketing. Tópicos mais atuais como
desdobramento da função qualidade (QFD), análise do modo de falha e efeito (FMEA) e
métodos de Taguchi são também apresentados. Ullman em The Mechanical Design Process
(1992), além de discutir os tipos de projeto e o elemento humano no projeto, aborda o
processo de projeto incluindo especificações, planejamento, geração e avaliação de conceitos,
projeto detalhado, avaliação, projeto para a montagem e a finalização do projeto. O livro de
Ulrich e Eppinger, Product Design and Development (1995) aborda o ciclo completo de
desenvolvimento do produto. Inclui capítulos sobre organizações, necessidades dos clientes,
especificações do produto, geração e seleção de conceitos, arquitetura do produto, projeto
industrial, projeto para a manufatura, prototipagem e aspectos e gerenciais e econômicos do
desenvolvimento de projetos. Boothroyd, Dewhurst e Knight em seu livro Product Design for
Manufature and Assembly (1994), apresentam, de maneira bastante completa, consideraçòes
de manufatura no projeto, incluindo uma quantidade significativa de informações sobre custos
de materiais e processos de manufatura.
Assim, a sistematização do processo de projeto, a procura para estabelecer uma
metodologia de desenvolvimento do processo, não é coisa tão antiga quanto se possa
imaginar. No quadro 1.2 tem-se uma visão desta evolução onde tem-se indicados as datas, o
autor e as referências de publicações que podem ser considerados como marcos importantes.
No quadro 1-2 já foi mostrado que a partir dos meados da década de 80, surgiu uma
avalanche de novos termos, conceitos, preocupações ou siglas. Para citar alguns exemplos,
traduzidos para o português e com as siglas de origem tem-se:
- projeto para o ciclo de vida do produto, DFLC;
- projeto para o mercado;
- projeto para custo, DFC;
- desenvolvimento integrado do produto, IPD;
- engenharia concorrente, CE;
- engenharia simultânea, SE;
- projeto para a qualidade, DFQ;
- projeto para competitividade, DFC;
- projeto para manufatura, DFM;
- projeto para montagem, DFA;
- projeto para meio ambiente, DFE;
- projeto para manutenibilidade,
- reengenharia, RE, etc...
Assim poder-se-ia prolongar por muito tempo os nomes e siglas que provavelmente
encheria mais de uma página.
Dentro destes conceitos o importante é destacar duas linhas principais de pensamento.
A primeira é que o projeto deve ser elaborado tendo por preocupação todas as fases por que
passa o produto, isto é, desde a identificação das necessidades até o descarte. Nesta linha
pode-se enquadrar siglas tais como: DFLC, DFQ e DFC. A segunda linha é quanto ao
processo de desenvolvimento do produto, no que se refere a multidisciplinaridade, integração
de equipes e simultaneidade de atividades de desenvolvimento, onde cabem as siglas: IPD,
CE e SE. A fig.1-8 ilustra a segunda linha de pensamento e procedimento.
Fig. 1-8. Engenharia simultânea: ciclos de vida do produto, do processo e do apoio logístico.
Outras siglas, como por exemplo, DFM, DFA e DFE são técnicas ou princípios de
projeto para adequar o produto para uma determinada etapa do processo de desenvolvimento
ou uma determinada qualidade.
Outra visão rica em novos termos ou siglas é quando se enfoca o meio computacional
ou o uso do computador no processo de produção, onde se tem então siglas tais como: CAD,
CAE, CAM, CIM e ES. Este último ES, sistemas especialistas para projeto, é um campo fértil
de desenvolvimento e de pesquisa.
Todas estas técnicas, princípios, procedimentos e ferramentas têm o mesmo objetivo
que é o desenvolvimento de produtos de qualidade sob todos os aspectos, num período curto
ou que seja competitivo. Havendo esta preocupação, especialmente, no início do processo
pode-se evitar o efeito escala, mostrado na fig.1-9, onde se mostra o fator multiplicador de
custo de possíveis mudanças necessárias no produto, se a qualidade desejada não foi
alcançada.
Lançamento
Produção
Custo de
mudança Protótipo
Projeto
10 100 1.000 10.000
Início
Estágios de desenvolvimento
Figura 1.9 - Efeito de escala de custos de mudanças do produto nos diversos estágios de
desenvolvimento [1-20].
1-5. REFERÊNCIAS
1.4. E. V. KRICK. An Introduction to Engineering and Engineering Design. John Wiley &
Sons, 1965.
1.6. W. D. CAIN. Engineering Product Design. London Business Books Ltd., 1969.
1.8. G. PAHL und W. BEITZ. Série de 36 artigos. "Für der Konstruktions Praxis".
Publicados na revista Konstruktion de 1972 a 1974.
1.9. R. KOLLER. Konstruktionslehre für der Maschinen, Geräte und Apparatebau. Springer
Verlag, 1976, 2ª edição, 1985.
1.11. G. PAHL und W. BEITZ. Konstruktionslehre. Springer Verlag, 1977 (3ª edição
1993).
1.14. VDI 2221. Methodik zum Entwickeln und Konstruieren Technischer Systeme und
Produkte, 1985.
1.15. ASME REPORT. Goals and Priorities for Research on Design Theory and
Methodology. National Science Foundation, 1985.
1.20. P. G. SMITH and D. G. REINERTSEN. Developing Products in Half the Time. Van
Nostrand Reinhold, 1991.
1.22. J. R .DIXON. New Goals for Engineering Education. Mechanical Engineering. March
1991. pp. 56 - 62.
1.24. W. G. DOWNEY. Development Cost Estimating. Report of the Steering Group for the
Ministry of Aviation. Inglaterra, 1969.
O PROCESSO DE PROJETO
2.1 - INTRODUÇÃO
FASE 1 DESDOBRAMENTO DA
ESTRATÉGIA DE MERCADO
Pré-desenvolvimento
Base de Conhecimento
FASE 4 PROJETO DO PRODUTO Métodos e
Desenvolvimento
ACOMPANHAMENTO/MELHORIA
Pós-desenvolvimento
FASE 6
DO PRODUTO
Uma necessidade para um produto, se real ou imaginária, deve existir. Ela pode ser de
origem interna ou externa a empresa. As pressões externas para um novo produto podem ser
devidas a: solicitação direta dos clientes/consumidores; obsolescência de um produto
existente; disponibilidade de novas tecnologias e mudanças nas demandas de mercado.
Internamente a empresa, novas idéias de produtos podem ser originadas a partir de: novas
descobertas e desenvolvimentos dentro da empresa e necessidade de um produto identificada
pelo departamento de marketing.
Início
Idéia do Produto
A Fase de Projeto do Produto e Processo inclui atividades que vão da geração das
especificações de projeto para o produto, o desenvolvimento de idéias de como deveria
parecer e como deveria operar, até a elaboração da documentação e desenhos completos,
contendo as informações pelas quais o produto será produzido.
O projeto de engenharia é entendido de forma muito semelhante pelos autores que
estudam metodologia de projeto. Segundo Back (1983), o projeto de engenharia é uma
atividade orientada para o atendimento das necessidades humanas, principalmente aquelas
que podem ser satisfeitas por fatores tecnológicos de nossa cultura. A abordagem sistemática
da atividade de projeto, comum aos autores contemporâneos, pode ser percebida na própria
definição de projeto apresentada por Roozenburg & Eekels (1995), que entendem o projeto de
um produto como um processo mental orientado, pelo qual problemas são analisados,
objetivos são definidos e ajustados, propostas de solução são desenvolvidas e a qualidade
dessas soluções são medidas.
A abordagem sistemática do projeto de produtos de engenharia é amplamente
empregada nas empresas que encontram-se inseridas com sucesso no competitivo mercado
globalizado. Com essa abordagem, o produto é projetado numa evolução sistemática de
modelos (Ferreira, 1997). Assim, um modelo mais detalhado e concreto substitui outro mais
simples e abstrato, até a viabilização física do objeto projetado. Vários modelos de projeto
foram criados a fim de aumentar a qualidade dos produtos, reduzir o seu custo e o tempo de
desenvolvimento. No entanto, as diferenças entre eles são, na sua maioria, de origem
terminológica (Roozenburg & Eekels, 1995). Esses autores distinguem três tipos de modelos
de projeto: (a) ciclo empírico (observação-suposição-espectativa-teste-avaliação) ou solução
de problemas; (b) modelo de fases e; (c) desenvolvimento concêntrico (trata o projeto como o
Não
Adequadas? Especificações de projeto
Base de Conhecimento
Sim
Não
Adequada? Concepção de projeto
Sim
Não
Adequado? Produto Detalhado
Sim
Preparação da produção e
lançamento do produto
do projeto, que é uma lista de objetivos que o produto a ser projetado deve atender
(Roozenburg & Eekels, 1995). A partir disso, são definidas as funções e as propriedades
requeridas do produto e possíveis restrições com relação a ele e ao próprio processo de projeto
(normas, prazos).
Dentro do processo de projeto a especificação tem duas funções (Roozenburg
& Eekels, 1995): direcionar o processo de geração de soluções; e fornecer as bases para os
critérios de avaliação.
Idéia do Produto
Especificações do projeto
Idéia do Produto
Concepção do produto
Verificação do problema
Busca-se aqui fazer um estudo compreensivo do problema num plano abstrato, de
forma a abrir caminho para soluções melhores. Nesse sentido, a abstração, que significa,
segundo Pahl & Beitz (1996), ignorar o que é particular ou casual e enfatizar o que é geral e
essencial, tem um papel preponderante, pois previne que a experiência do projetista ou da
empresa, preconceitos e convenções interponham-se entre a especificação do projeto e a
melhor solução para o problema. Segundo os autores, essa generalização conduz direto ao
cerne da tarefa, fazendo com que a formulação da função global e o entendimento das
restrições essenciais tornem-se claras sem a consideração prévia de uma solução.
Uma reformulação do problema é feita, de forma mais ampla possível, em etapas
sucessivas. Ou seja, aspectos óbvios do problema não são aceitos à primeira vista, mas
discutidos sistematicamente. Nessa etapa do projeto conceitual a abstração será utilizada para
verificar se, realmente, a tarefa que se apresenta (semear com precisão sementes miúdas)
depende da realização das funções de dosar sementes e de depositar sementes, que são as
funções desempenhadas pelas máquinas encontradas no mercado, tanto para semeadura de
precisão quanto para semeadura em fluxo contínuo. A abstração também será empregada na
tentativa de identificar restrições fictícias, que poderiam limitar o emprego de novas
tecnologias, materiais, processos de fabricação e mesmo novas descobertas científicas. O
resultado desse estudo poderá quebrar preconceitos e conduzir a uma solução melhor do
problema e com certeza proporcionará um melhor entendimento da tarefa de projeto, o que é
indispensável para o êxito nas etapas subseqüentes do projeto conceitual.
Análise funcional
O problema deve ser formulado de forma ainda abstrata, através das funções que o
produto deve realizar, independente de qualquer solução particular. O ponto de partida é a
abstração feita anteriormente, que permite o estabelecimento criterioso da função global do
sistema, e o resultado, ao final da etapa, é a estrutura de funções elementares, ou estrutura de
operações básicas, caso se trabalhe com funções de baixa complexidade ou padronizadas.
Esse processo é ilustrado na figura 2.6.
PROCESSOS Especificação do
projeto
Abstração
Função glo bal
Decomposição
Funções parciais
Decomposição
Estrutura de
Funções elementares funções
Conversão
Operações básicas
A definição formal dos principais termos técnicos empregados nessa etapa do projeto
conceitual é feita no Quadro 2.2. Com o isso se pretende evitar problemas que poderiam advir
de interpretações errôneas desses conceitos.
A subdivisão da função global visa facilitar a busca por princípios de solução. No caso
do desenvolvimento de variantes de produtos existentes, a derivação da estrutura funcional
pode ser feita através da análise de produtos existentes. Essa abordagem é particularmente útil
para desenvolvimentos nos quais, pelo menos, uma solução com a estrutura funcional
apropriada é conhecida e o problema principal reside na descoberta de soluções melhores. O
objetivo é gerar estruturas funcionais alternativas. Cada uma delas constitui-se numa potencial
solução alternativa para o problema.
Partindo-se da idéia de que diversas estruturas funcionais deverão ser geradas, é
necessário estabelecer os critérios de escolha para selecionar a melhor alternativa. A
dificuldade principal é estabelecer critérios de solução objetivos para um modelo de produto
ainda muito abstrato. A especificação do projeto continua a ser o critério principal, mesmo
para princípios de solução representados de forma abstrata.
Na busca por princípios de solução pode-se fazer uso de diversos métodos, divididos,
por questões didáticas, em convencionais, intuitivos e discursivos. Os principais métodos são
listados no Quadro 2.3.
Idéia do Produto
Projeto do produto e
processo
2.4 - REFERÊNCIAS
2.2 D.G. ULLMAN, The Mechanical Design Process. McGraw-Hill, New York, 1992.
2.3 V. HUBKA and W. E. EDER, Theory of Techinical Systems: a Total Concept Theory for
Engineering Design. Springer-Verlag, London, 1988.
2.5 G. PAHL und W. BEITZ. Engineering design: a systematic approach. 2nd ed. Springer
Verlag, 1996.
Para Porter (1991), a base nacional influencia profundamente as condições para que as
empresas de um determinado país alcancem vantagens competitivas que lhes permitam
assumir e sustentar a liderança no mercado internacional. Estas condições estão
esquematicamente reunidas por Porter, sob a denominação de determinantes nacionais da
competitividade. São eles: as condições da demanda, as condições dos fatores, a estratégia,
estrutura e rivalidade entre firmas e as indústrias relacionadas e de suporte1. Examinemos
cada um na situação brasileira.
1
A tradução literal de expressões americanas nem sempre enseja expressões em bom português. A despeito
disso, elas formam aqui empregadas em benefício da facilidade de associação com suas originais.
consomem cosméticos e produtos de limpeza; pagam dízimos às igrejas evangélicas; apostam
no jogo do bicho e na telesena; assistem a programação televisiva para as classes D e E;
bebem cerveja e cachaça em suas festas; jogam futebol em campos de várzea; visitam
Aparecida do Norte nos dias santos; e moram precariamente em bairros humildes e favelas.
Essa população periférica têm renda baixíssima. É só graças à produtividade da indústria
moderna e a escala potencial de produção, é possível produzir produtos e oferecer serviços a
preços acessíveis para ela.
Outra conseqüência da situação de renda média do País observa-se nas necessidades e
no estado da infra estrutura econômica e social. Rodovias modernas convivem com precárias
estradas de integração nacional. A ferrovia vive um período de abandono. A infra estrutura de
telecomunicações, energia, transporte urbano e saneamento ainda não é capaz de atender ao
conjunto da população. A universalização dos serviços ainda é uma meta e ser conquistada.
Serviços públicos de segurança, saúde e educação têm sérios problemas de qualidade.
Entretanto, a própria distribuição polarizada da renda cria uma forte demanda por infra
estrutura sofisticada, comparável ao primeiro mundo para os 20% mais ricos. Esse é uma das
forças que impulsionam a privatização da infra estrutura. Também em serviços de segurança,
saúde e educação os mais ricos demandam melhor qualidade e a satisfazem e obtém de
fornecedores privados.
Esse quadro coloca uma mistura única no mundo, na sua escala e complexidade. A
demanda no Brasil é extraordinariamente complicada. Têm dimensões características de
primeiro mundo ao lado, o mais rico, tende a seguir a demanda nos países desenvolvidos. Por
outro lado, mais pobre, a demanda tende a antecipar problemas que os países em
desenvolvimento terão no futuro ou e a refletir necessidades que populações marginalizadas
do primeiro mundo têm hoje.
Se concordarmos com Porter quanto as características mais importantes da demanda
para estimular a inovação, no Brasil não há escassez de desafios e oportunidades. Resta criar
condições para aproveita-las.
Porter chama a atenção para a constelação de fatores como um aspecto básico a ser
explorado na inovação. O autor divide os fatores entre os tradicionais e os criados pela ação
de governos e setor privado. Na sua análise da inovação, Porter frisa os fatores criados, mas
os primeiros continuam a ser importantes para quem deles dispõe.
Na questão da peculiaridade dos fatores de produção, um aspecto que não pode ser
subestimado são as peculiaridades geográficas do Brasil: a extensão territorial e a diversidade
regional, tanto social quanto física.
Também essa realidade propõe desafios específicos. Basta um exemplo, a indústria
brasileira há décadas convive com o mais desafiante ambiente para implantação e operação de
grandes usinas hidrelétricas. Nenhum País do mundo têm uma participação mais importante
da hidro eletricidade em sua matriz energética. Como resultado o País desenvolveu grandes
fornecedores de equipamentos e operadores de energia elétrica.
Outro exemplo, foi o desenvolvimento da indústria aeronáutica, hoje concorrente
global. Pistas precárias e baixa demanda estão na raiz da concepção do Bandeirante, o
primeiro sucesso internacional de vendas da Embraer e o ponto de partida de sua bem
sucedida entrada o mercado de aviões para operações regionais.
Também o petróleo apresenta peculiaridades. Com grandes campos em águas
profundas, a Petrobrás tornou-se líder mundial na exploração de petróleo em grandes lâminas
dágua.
Matérias primas locais e clima tropical também são referências para o
desenvolvimento de produtos apropriados à condições inexistentes em países desenvolvidos.
É difícil imaginar o programa do álcool combustível decolando em qualquer outro País do
mundo. Antes que os apressados relembrem o fracasso do programa, convém recordar que,
embora o carro exclusivamente a álcool esteja questionado no momento, permanece uma
opção no futuro incerto do mercado de Petróleo. Mais importante, no Brasil o álcool
incorporado à gasolina representa quase um quarto do consumo de combustível automotivo e
eliminou a adição de chumbo tetraetila, um poderoso agente poluente. Se a Petrobrás ou a
Ipiranga se dedicassem a distribuição de combustíveis em outros países, talvez pudessem
interessar bastante as autoridades de outros países tropicais que importam Petróleo.
Como frisam Prahalad e Lieberthal (1998) também a logística e a distribuição para os
pobres apresentam desafios específicos. Primeiro, no Brasil, os pobres compram em lugares e
formas diferentes dos mais ricos.Particularmente, o atendimento da periferia das grandes
cidades recorre a uma rede de pequenos comerciantes e não às grandes empresas do varejo
brasileiro e mundial. A gama de produtos e as necessidades de pagamento também são
diferenciadas. O Brasil deve ser um dos poucos países do mundo onde se vende gasolina à
prazo!
Segundo, a população se distribui de forma que os meios de acesso podem ser muito
diferenciados. Na região amazônica, é comum os produtos serem entregues de barco.
Terceiro, a vastidão territorial, a situação social, a predominância da rodovia e a precariedade
dos serviços de segurança, ressuscitou a pirataria no Brasil como comércio lucrativo. O roubo
de caminhões de carga tornou-se um próspero negócio, que por sua vez deu origem a um
sistema de escoltas e seguranças privadas. Basta pensar no norte da Índia, na África
subsaariana ou no sudeste asiático para perceber que se tratam de condições até comuns, que
o Brasil antecipa.
INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE
Passou então a pesquisa tecnológica a determinar o futuro e o poder das nações, que na
verdade emana da empresa e da sua cadeia de valor, envolvendo fornecedores e clientes. O
novo paradigma industrial é a inovação tecnológica.
Texto extraído de http://www.informal.com.br/artigos/art031.htm
Cicero Garcez
Conciliar criatividade com método e real com imaginário são desafios necessários para
darmos os primeiros passos holísticos nas abordagens tecnológicas. Da mesma forma, tratar
com desenvoltura generalizações e especializações, agregando todos esses conceitos, constitui
o caminho adequado para a visão holística na tecnologia. A tecnologia nos parece,
permanecerá vocacionada para as suas próprias especializações, porém a velocidade crescente
do desenvolvimento tecnológico está exigindo dos seus gerentes e engenheiros de concepção
posturas mais genéricas. Os conhecimentos verticalizados continuarão sendo o motor do
desenvolvimento tecnológico, predominantemente cartesiano, porém está crescendo
exponencialmente a integração horizontal dos conhecimentos, que podemos considerar o
início da visão holística na tecnologia. Na realidade, as abordagens sistêmicas adotadas pelo
ocidente no final da década de 40 foram as ações precursoras da referida visão holística no
mundo científico-tecnológico, através da integração que já se vislumbrava, por meio dos
tímidos relacionamentos entre as partes.
A postura holística pode ser considerada como a predisposição mental para tratar o
todo além das suas partes. A Teoria Geral de Sistemas (1948) introduziu a postura holística
nos ambientes científico-tecnológicos ao propor, para o tratamento dos seus problemas, a
abordagem top down; do geral para o particular, consolidada pela Análise Estruturada de
Sistemas, na década de 70. Esta recomenda a utilização dos Diagramas de Contexto, com
detalhamentos hierárquicos dos processos e refinamentos sucessivos que permitam retornar
sempre aos aspectos gerais do problema, para não nos perdermos nos detalhes improdutivos,
normalmente desligados dos objetivos.
Sinergia é toda a ação cujo resultado é maior que a soma dos esforços isolados. A
postura de sinergia deve identificar e estimular as ações que produzam mais efeitos que a
soma das suas partes, valorizando as trocas complementares de esforços interpessoais que
produzam a desejada sinergia. As reuniões com sinergia são aquelas em que os participantes
percebem que as conclusões alcançadas não seriam obtidas pela soma dos conhecimentos
parciais, e sim pela sinergia dos diálogos, que produz acréscimos complementares ainda na
fase de concepção mental de cada participante. A vaidade excessiva tem impedido que a
sinergia atue nas reuniões, porque os mais ágeis se apropriam dos referidos acréscimos de
conhecimento. Não os produziriam sozinhos, mas não reconhecem a co-autoria dos mesmos,
inibindo outros participantes, que se sentem lesados, sem entenderem bem o que se passa.
Metatecnologia
A tecnologia a serviço da comunidade é uma das formas de garantir que o cidadão e o país
venham a utilizar os seus benefícios.
Sistemas de Informação
Reengenharia x Tecnofobia
Por essas características, mais uma vez os Sistemas de Informação se apresentam como
candidatos a envolver os procedimentos motivados pela Reengenharia.
Empresa virtual
Conhecimento
Quando o conhecimento se amplia para o todo, como se recebesse um tratamento holístico,
tende a se transformar em sabedoria. A sabedoria é uma boa perspectiva para a qualidade de
vida dos que têm que decidir constantemente.
Ora tratando com simuladores, ora utilizando fatos reais, cada vez mais a sociedade vai
constituir-se em comunidades virtuais, diversificadas pelos mais diferentes interesses, através
dos recursos telecomputacionais de alta tecnologia. Custos viáveis, realismo surpreendentes e
grandes velocidades caracterizarão essas novas comunidades, em que o contato humano se
valorizará intensamente, a partir da expansão das consciências individuais.
REQUISITOS DE PROJETO
3.1 INTRODUÇÃO
3. Necessidades sociais
Uma vez que as necessidades fisiológicas e, posteriormente as de segurança estejam
razoavelmente satisfeitas, aparecem as sociais como dominantes na escala. Estas vinculam-
se à vontade da pessoa de ser aceita por outras de seu convívio, bem como de desenvolver,
com as mesmas, um relacionamento amistoso. O indivíduo passa a ter consciência de que a
satisfação de suas necessidades depende dos outros e de ser aceito por eles. Na busca das
relações sociais, ele sentirá o peso do grupo para sua conformidade, chegando, às vezes,
até a sacrificar formas de sua auto expressão, caso estas não sejam adequadas aos ideais do
grupo.
4. Necessidades de estima
Estas correspondem ao desejo da pessoa de desenvolver uma auto-imagem positiva e de
receber atenção e reconhecimento dos outros, desde que tenham sido satisfeitas as
necessidades sociais. A satisfação das necessidades de estima induz a sentimentos de
autoconfiança, de status, de prestígio, de poder e de ser útil e necessário.
5. Necessidades de auto-realização
Estas necessidades correspondem à categoria mais alta da escala. Referem-se à realização
máxima do potencial individual e, são originadas da necessidade de crescer
psicologicamente, de atingir níveis altos de escolha e de autonomia, conforme as
potencialidades de cada indivíduo.
Com base nestas necessidades individuais, pode-se partir para as necessidades dos
clientes, as quais, segundo [3-3] podem ser colocadas da seguinte forma:
• Necessidades manifestas.
• Necessidades reais.
• Necessidades latentes.
• Necessidades culturais.
• Necessidades atribuíveis a usos inesperados.
• Necessidades dos clientes relativas à satisfação do produto.
A situação inversa também pode ocorrer, onde os clientes não falam sobre algumas
das suas necessidades pois têm dificuldade para explicá-las ou porque têm receio de serem
mal interpretados.
Uma necessidade real existe, somente quando os clientes estiverem interessados em
pagar o preço de mercado do produto.
Necessidades culturais
Segundo [3-3], as necessidades dos clientes, em especial dos clientes internos, vão
além de produtos e processos. Elas incluem o auto-respeito, respeito dos outros, continuidade
de padrões de hábitos e ainda outros elementos do chamado padrão cultural. Muitas falhas na
determinação das necessidades dos clientes podem ser atribuídas à falta de compreensão da
natureza e mesmo da existência desse padrão cultural. O padrão cultural consiste num padrão
de crenças, hábitos, práticas, etc., baseadas na experiência acumulada pelo meio social. Este
padrão fornece à sociedade certos elementos de estabilidade: um sistema de leis e ordem,
explicação de mistérios, rituais, tabus, símbolos de status e outros. Esses elementos são
encarados pela sociedade como possuidores de valores importantes. Qualquer mudança
proposta torna-se uma ameaça a esses valores importantes e, assim sendo, enfrentará
resistência até que a natureza da ameaça seja entendida.
No caso de resistência cultural, as razões reais raramente são óbvias, e os disfarces
costumam ser sutis. Deve-se portanto, olhar para além das razões declaradas para entender
quais são as ameaças em potencial aos padrões culturais dos seres humanos envolvidos.
As características dos produtos podem ser vistas de várias maneiras, dentre estas
destaca-se a natureza das tecnologias envolvidas, o custo, a segurança, a rapidez de entrega, a
facilidade de fabricação, montagem, operação, manutenção e descarte, a confiabilidade e
disponibilidade, as informações dadas aos clientes, etc..
Juran [3-3], aponta para o fato de que grande parte das descobertas a respeito das
necessidades dos clientes não vem diretamente deles, mas através de meios indiretos. Porém,
a confirmação destas necessidades acaba vindo da decisão dos clientes de comprar ou não o
produto.
Andrade [3-5], propôs um conjunto de questões, que serve como um guia básico para
o estabelecimento das necessidades. O conjunto de questões é organizado em grupos
considerando os principais elementos envolvidos no ciclo de vida de um produto, sendo
apenas uma orientação, devendo para casos práticos, o conjunto ser expandido, detalhando-se
e adicionando-se outras questões de acordo com cada caso.
Clientes e Mercado
1. Quem são os principais clientes, aqueles que são afetados diretamente pelo produto? Não
apenas quem irá comprar e usar o produto.
2. Quem são os clientes secundários, aqueles de alguma forma relacionados com o produto?
Instalações, pessoal de serviço, etc..
3. O que os clientes podem obter com o produto mas não sabem?
4. O que os clientes gostariam de conseguir com o produto? Desempenho, custo, níveis de
qualidade, etc..
5. O que os clientes gostariam de obter com o produto?
6. Quem são os clientes que estão comprando, e de quem?
7. Como pode ser a empresa mais atrativa que os concorrentes?
8. Quantos clientes a empresa tem, e qual o tamanho do mercado?
9. Como pode a empresa aumentar a sua participação no mercado?
Uso e Desativação
1. Quais devem ser as funções principais do produto?
2. Quais devem ser as funções secundárias do produto?
Fatores Externos
1. Quais os conhecimentos científicos e tecnológicos necessários, e quais são os disponíveis?
2. Como está e como estará a situação de desenvolvimento econômico no ambiente da
empresa e do cliente?
3. Existem decisões políticas por parte de autoridades, que podem afetar o produto?
4. Qual é a legislação associada com o produto, os clientes e a empresa?
5. Quais são as demandas e limitações sociais, culturais e religiosas?
6. Como pode o produto perturbar o meio ambiente?
3.3.1.1 - CONCEITUAÇÃO
A Casa da Qualidade pode ser entendida como um mapa conceitual que permite um
planejamento interfuncional e comunicativo entre os setores responsáveis pelo
desenvolvimento do produto em todas as suas etapas. Em suma, é uma ferramenta bastante
eficiente para transladar as vontades dos clientes (de natureza essencialmente abstrata) em
metas de projeto (de natureza quantitativa). O QFD é uma ferramenta que assegura a
qualidade ainda na fase de projeto.
O uso dos conceitos do QFD permite que o pessoal de marketing, engenheiros e
planejadores da produção trabalhem juntos desde o primeiro instante da geração da
necessidade do produto ou serviço.
Com o QFD, tem-se uma diminuição significativa do tempo de desenvolvimento pela
redução do número de mudanças de projeto, e ao mesmo tempo reduzindo-se os custos
decorrentes das mudanças de projeto em estágios avançados.
ANTES DO QFD
APÓS O QFD
Custos de pré-produção
Custos para colocar o sistema de produção
em funcionamento
Empresa
Americana
Empresa
Japonesa
Figura 3.2 - Comparação das mudanças de projeto entre uma empresa norte
americana (sem QFD) e uma empresa japonesa (com QFD).
Os valores dos Graus de Relacionamento (gr) dão peso a cada relação, as quais serão
úteis na classificação de importância dos RQ's, conforme será abordado posteriormente.
A figura 3.5 mostra o inter-relacionamento, onde pode-se notar que o RQ
"Temperatura Externa da Carcaça" está fortemente relacionado com a NC "Baixo
Aquecimento", já a NC "Boa Ampliação" não tem nenhuma relação com o RQ "Nível de
Ruído" e assim por diante.
Será que todas as NC's tem a mesma importância? Nesta etapa traz-se novamente a
voz dos clientes para a etapa de projeto, no sentido de identificar o valor de importância de
cada NC.
Neste exemplo, adota-se valores entre 5 e 1 (5 = máx. e 1 = mín.), como mostrado na
coluna Valor do Consumidor (VC), também na figura 3.5.
Agradável" recebeu nota "2" na avaliação de mercado, situando-se abaixo dos outros
concorrentes porém, seu Valor do Consumidor é "1", o que não caracteriza prioridade no
processo de melhoria, mas entretanto, não deve ser esquecida.
Nesta etapa da construção da Casa da Qualidade, tem-se a possibilidade de retratar a
posição estratégica de cada produto frente a seus concorrentes, mostrando oportunidades de
mercado e quais características do produto estão sendo desprezadas ou super valorizadas. Esta
"foto" do produto no mercado pode auxiliar na tomada de decisões estratégicas para que a
companhia se iguale ou ultrapasse seus concorrentes.
Esta quantificação deve ser feita também para os produtos dos concorrentes,
acompanhadas das devidas unidades, como mostrado na figura 3.7. É importante salientar que
deve-se levar em conta a mensurabilidade quando da escolha dos Requisitos de Qualidade.
Cada aplicação de QFD deve ser tratada particularmente. Existem casos em que,
dependendo conveniência do usuário, podem ser acrescentadas outras colunas, linhas ou
mesmo outros elementos, por exemplo:
- coluna "reclamações e queixas do consumidor";
- coluna "metas a serem alcançadas pelo produto" em função da avaliação do consumidor;
- coluna "fatores de venda", isto é, a influência direta de cada NC nas vendas;
- linha "dificuldade técnica de cada RQ", mostrando o nível de dificuldade de execução de
cada meta;
- linha "grau de importância (%) de cada RQ no total do produto";
- linha "custo estimado de cada RQ", medido em porcentagem do total do projeto.
Trata-se portanto de um método extremamente versátil, daí ser possível a sua
aplicação nos mais diversos setores, focalizando vários produtos ou serviços.
operações chave de manufatura com os requisitos de produção. Nesta fase são gerados
documentos de forma a dar instruções de operação, ou seja as listas operacionais que definem
"COMO" o operador deve executar as operações chaves de manufatura. A importância desta
documentação está na definição dos pontos de verificação e controle, informando claramente
ao operador quais são as partes envolvidas, quantas este verificará, que ferramenta utilizará e
como fará a checagem. Em outras palavras, o operador tem uma indicação do que é mais
importante para o consumidor em relação à qualidade do produto.
Saídas Observações/
Requisito Objetivos Sensor Indesejáveis Restrições
3.5 - REFERÊNCIAS
4.1. INTRODUÇÃO.
4.2. CRIATIVIDADE
Entende-se aqui por criatividade a habilidade do projetista de ter idéias novas e úteis
para resolver o problema proposto ou sugerir soluções para a concepção de um produto.
Coisas, processos, solução de problemas, idéias criativas devem possuir as seguintes
qualidades: apresentar novidade e ser única; deve ser útil ou apreciada e apresentar
simplicidade.
Quanto ao processo de criação, este pode ser descrito pelas seguintes etapas:
preparação - o ponto de partida é a formulação do problema e busca de informações
ou de habilidades;
esforço concentrado - para encontrar uma solução requer-se um trabalho árduo;
afastamento - como foi dito na etapa anterior é necessário um esforço concentrado,
mas às vezes tem-se dificuldade de obter uma solução, talvez porque o problema é sempre
enfocado sob a mesma ótica, então é conveniente um afastamento temporário;
Cap. 4 – Síntese de Soluções Alternativas: Criatividade 4-2
visão - após um período de afastamento, mesmo que seja pequeno e que pode ser
ocupado com outra atividade, quando se volta ao problema é provável que o mesmo seja
visto sob outro ângulo ou enfoque. Este procedimento de afastamento e visão pode não ser
tão linear, mas repetido até encontrar-se uma solução. Antes de cada passo de visão é
necessário uma análise e organização dos resultados já alcançados e
revisão - uma vez encontrada a solução deve-se procurar uma generalização e
finalmente uma avaliação.
Para ser criativo o indivíduo, além de conhecer o processo de criação e métodos ou
procedimentos, deve ter motivação e uma mente aberta ou em outros termos eliminar o que
geralmente são chamadas de barreiras da criatividade. [4-1 a 4-3]. Dentre estas barreiras
pode-se citar as seguintes:
definição incorreta do problema - como primeiro fator para a obtenção de uma
solução inovadora e útil, é um problema definido de forma clara e precisa, sem indicar ou
induzir uma solução e excluir possíveis alternativas. É interessante lembrar o dito, que um
problema bem formulado é um problema parcialmente resolvido;
hábitos - sob este termo considera-se os conhecimentos, métodos e técnicas que o
indivíduo utiliza para resolver o problema. Os problemas, as condições e os tempos mudam
muito, assim os hábitos devem ser avaliados para verificar se são os mais apropriados, se
novos devem ser buscados e se não é conveniente adotar diferentes hábitos para resolver um
mesmo problema;
fixação funcional - é muito comum entender-se que um produto, solução ou método,
uma vez concebido para uma determinada função, não possa ter outros usos ou funções. As
vezes, pequenas modificações de um produto pode atender funções bem diversas da original
para a qual foi concebida;
super-especialização - um projetista muito especializado chega, geralmente, rápido
demais a uma solução, mas tão somente do seu campo de especialização, sem considerar as
contribuições que poderiam ser obtidas de outras áreas de conhecimento para o mesmo
problema. Para conceber novas e alternativas soluções é necessário uma visão ampla dos
potenciais dos vários campos do conhecimento. Como exemplo um engenheiro mecânico
poderia adotar um mecanismo de atrito para um redutor com variação contínua de velocidade,
sem considerar potenciais de sistemas hidráulicos ou eletro-eletrônicos;
tendência em favor de tecnologias avançadas - claro que ninguém deve ser contra
tecnologias avançadas, mas é muito freqüente observar que profissionais das áreas técnicas
procuram adotar soluções que requerem avançadas e complexas matemáticas e tecnologias.
Isto decorre da noção falsa de que o uso destas ferramentas certifica a competência do
indivíduo e sua atualização. Este comportamento pode eliminar muitas idéias boas intuitivas
e experimentais;
mentalidade prática - em geral as pessoas têm a tendência de descer aos fatos tão
logo um problema seja exposto, mesmo antes de ter entendido o problema, querendo assim
mostrar resultados práticos com cálculos, resultados e desenhos. Não é perder tempo, mas
vaguear imaginativamente ao redor do problema poderá, às vezes, ser altamente frutífero.
Uma solução não deve ser escolhida e particularizada muito cedo, isto porque esta antecipada
definição poderá impedir que uma visão ampla do problema e alternativas sejam liberadas;
dependência excessiva de outros - indivíduos podem tornar-se impressionados em
demasia pelo conhecimento e julgamento de outros, ou estarem submetidos a excessos de
autoridade e falham em exercitar sua própria criatividade;
medo da crítica - semelhante ao caso anterior, a apreensão de desaprovação e
possíveis críticas podem fazer com que pessoas não propõem idéias por não serem ordinárias.
Idéias originais e inovadoras são, com freqüência, mais sujeitas a críticas, mesmo que mais
tarde se provem altamente valiosas. É necessário que a autoridade ou equipe de trabalho deixe
todos bem a vontade para sugerir as idéias, mesmo que de início possam parecer estranhas no
problema;
recusa de sugestão não especialista - idéias originais e úteis não vêm
necessariamente de pessoas especializadas, com freqüência sugestões valiosas partem de
pessoas, as mais simples, dentro de uma organização;
julgamento prematuro - idéias devem fluir livremente, julgar cada idéia tão logo ela
é concebida interrompe o fluxo das mesmas. A avaliação deve ser efetuada no final do
trabalho de concepção e, geralmente, é realizada com melhores resultados por especialistas
que podem não fazer parte do trabalho inicial e
motivação em excesso - motivação sempre deve existir para ser criativo, mas não em
excesso. Quando um problema é proposto uma solução tem que ser encontrada mesmo que
não seja perfeita ou ideal. Fixar objetivos difíceis de serem alcançados, podem ofuscar a
visão, estreitar o campo de observação e reduzir a eficácia na solução do problema.
Uma vez identificado o processo de geração de solução e possíveis formas de
desbloquear a criatividade, no próximo item serão apresentados métodos ou procedimentos
que auxiliam na geração de soluções.
Como já foi dito, características pessoais são importantes para ser criativo, mas não é
só isto, é necessário também o conhecimento de técnicas e muito treinamento nas mesmas.
Mas não se pode esperar que todo indivíduo venha se tornar eficiente numa atividade somente
com o conhecimento dos métodos e com treinamento. Tomando por exemplo o Pelé, sabe-se
que ele chegou ao nível de qualidade como jogador de futebol, conhecendo a técnica e muito
treinamento, mas também especiais características físicas e mentais ajudaram no seu destaque
mundial. Conhecendo a técnica, com conhecimento e com características normais ponder-se-
ia esperar que todo jovem, ao menos, viesse ao nível de competições regionais. Do mesmo
modo qualquer indivíduo normal, com conhecimento de alguns métodos, a seguir expostos e
com treinamento poderá ser criativo. Entre os métodos descritos neste capítulo, far-se-á uma
distinção: os chamados intuitivos e os sistemáticos.
4.3.1.1. BRAINSTORMING
Como viu-se neste exemplo, houve liberdade total de sugestões, para alcançar este
resultado, não deve ter demorado mais que 30 minutos e se as mesmas forem analisadas,
várias têm potencial ou poderão ser combinadas para a solução prática do problema proposto.
O método de brainstorming recebeu, ao longo dos anos várias sugestões de
modificações. Assim como mostra a referência [4.16], a forma descrita é chamada de
brainstorming clássico, vindo em seguida o brainstorming escrito e o brainstorming assistido
por computador.
O brainstorming escrito ou também chamado método 635 consiste no seguinte:
- uma equipe de 6 (seis) reunidos se familiarizam com o problema a resolver;
- cada um dos membros da equipe escreve numa folha 3 (três) sugestões de solução;
- em seguida cada um passa sua folha para o membro seguinte, que após a leitura
deverá acrescentar 3 (três) sugestões novas ou melhoramentos e desenvolvimento das
anteriores e
- o último passo é executado até que cada folha com as 3 (três) sugestões iniciais,
tenha passado pelos outros 5 (cinco) membros da equipe.
A figura 4.1 mostra o resultado que poderia constar numa das seis folhas de uma
reunião de trabalho tendo por objetivo, obter soluções para o aproveitamento de sobras de
couro de tamanho 40 x 40 cm [4.12]. Se todos os seis membros fossem bem criativos ter-se-ia
no final 108 sugestões.
Como última versão do brainstorming tem-se o chamado brainstorming eletrônico
onde o trabalho de obtenção das soluções do problema é feito via Internet, tendo então a
vantagem de que a comunicação pode ser no tempo e espaço onde os participantes estiverem.
estruturas diversas otimizadas semelhantes a de ossos, plantas, favos de mel e teias de aranha;
sensores diversos análogos encontrados nos animais.
Quanto ao conhecimento necessário da literatura ninguém discute, mas é importante
salientar que não se pode esquecer do passado para melhorar o futuro, pois as vezes aparecem
idéias ditas como novas e que já foram pensadas e esquematizadas por Leonardo da Vinci.
Da ficção científica muitas soluções hoje são realidade.
Fig. 4.1 - Exemplo de uma folha de resultados do método 635 aplicado no problema de
aproveitamento de sobras de couro [4.12].
A analogia simbólica ou também conhecida sob o nome de palavra chave, não é nada
mais do que a procura por um verbo, declaração ou definição condensada do problema. Em
Cortar
Este termo foi adotado para traduzir do inglês "synectics", cujo método está descrito
em maiores detalhes na referência [4.10]. Conforme o nosso dicionário, sinergia é um ato ou
esforço coordenado de vários órgãos na realização de uma função, uma associação de vários
fatores que contribuem para uma ação coordenada ou uma ação simultânea.
Como mostra a referência [4.10] o método proposto baseou-se no registro e estudo de
procedimentos e mecanismos adotados por grupos de trabalho que se têm mostrado criativos.
O que se constatou é que as pessoas mais criativas costumavam usar as analogias descritas
nos itens anteriores. Então o método proposto nada mais é do que o uso coordenado das
analogias para a solução dos problemas, como descrito a seguir:
1º Passo: Formular o problema. Como em qualquer caso, também no método
sinérgico há o reconhecimento de que a formulação do problema influencia,
significativamente, a forma na qual o problema é abordado. Com a formulação concluída tem-
se declarações do problema como é dado, PCED.
2º Passo: Análise do problema. Na seqüência o problema deve ser entendido, para isto
tem-se uma fase de análise, na qual o grupo de trabalho é levado a decidir qual aspecto ou
declaração que irá encarar e como decompor o problema. Como transformar um problema
desconhecido ou estranho, num problema conhecido ou familiar, tem-se então um problema
como é entendido, PCEE. Este estágio analítico do PCED ao DCEE tem como propósitos
principais, tornar um problema estranho num familiar, àqueles participantes do grupo que não
estão familiarizados com o problema e fundamentos, é usado para levantar e eliminar aquelas
soluções imediatas que, inevitavelmente, ocorrem aos membros do grupo mas que raramente
provam ser adequadas e, serve para identificar o ponto de partida no qual o grupo irá se
concentrar. O PCED é freqüentemente re-declarado, é comum o grupo descobrir que o centro
do problema é outro e não aquele do primeiro PCED.
3º Passo: Aplicação das analogias. No método sinergético, o pensamento oscila de um
modo ordenado entre análise e analogia, entre a transformação do estranho em familiar e do
familiar em estranho. Transformar o familiar em estranho se consegue com as analogias,
através das quais o grupo distorce deliberadamente a imagem do problema, isto para ter um
novo enfoque ou novo ponto de vista. O caminho analógico ou a analogia a ser adotada deve
ser decisão do coordenador do grupo, que lança uma questão educativa, QE. Como já foi dito
a QE deve ser tal que distorce o problema ou que permite um novo ponto de vista. Se for para
obter um princípio de solução mecânica ela iria escolher um princípio ou método biológico.
Exemplificando questões evocativas: se no problema técnico uma peça ou parte, deve mudar
de cor, quando exposta a determinadas condições, o que na natureza muda de cor; se é um
problema de orientação, como seres vivos se orientam e se for um caso de propulsão, como os
peixes e outros animais se propulsionam. Já foi visto, a analogia direta não é somente com a
natureza, mas com outras tecnologias, áreas de conhecimento, a literatura e ficção. Sendo
novamente um problema de engenharia mecânica, a questão evocativa poderia ser, como se
resolve isto na engenharia civil, elétrica, química ou na medicina. Da mesma forma as
questões evocativas podem ser dentro da analogia simbólica ou analogia pessoal. Um bom
coordenador logo descobre em qual analogia um membro ou o grupo tem maior facilidade.
4º Passo: Desenvolvimento da analogia. Uma vez identificada uma solução analogia
promissora, esta deve ser desenvolvida para entender sua implicações.
5º Passo: Aplicação da solução analógica. Neste passo a solução analógica deve ser
aplicada ou confrontada ao PCEE e em seguida ao PCED para verificar se uma nova solução
foi encontrada e se atende ao problema como é entendido e ao problema como é dado. Este
passo também pode revelar um novo entendimento do problema ou um novo PCEE.
6º Passo: Avaliação da solução analógica. Se a solução atende ao PCEE e ao PCED,
esta deverá ser desenvolvida tão longe quanto possível e necessário e, então, avaliada.
7º Passo: Busca de soluções alternativas. Para a busca de soluções alternativas tem-se
como possibilidades: encontrar outras soluções para a mesma questão evocativa e repetir os
passos 4º ao 6º; lançar nova questão evocativa dentro do mesmo tipo de analogia ou variar o
tipo de analogia, repetindo os passos do 3º ao 6º e, se no passo 5º se revelar um novo PCEE,
os passos 3º ao 6º também devem ser repetidos.
Conforme a referência [4.4], este método desenvolvido, também por Alex Osborn,
utiliza uma série de palavras chave para ativar ou estimular idéias para melhorar produtos ou
processos. As palavras chave com as respectivas questões típicas a serem formuladas estão
mostradas a seguir:
adaptar: o que mais é igual a isto?; que outra idéia isto sugere?; o passado oferece
qualquer paralelo?; o que pode-se copiar ou imitar?
modificar: há uma nova tendência?; pode-se modificar o significado, cor, movimento,
som, odor, forma?
ampliar: pode-se adicionar tempo?; maior freqüência, maior resistência, maior altura,
maior valor?; pode-se duplicar, multiplicar ou exagerar?
minimizar: pode-se subtrair, condensar, diminuir, encurtar, reduzir peso, omitir,
dividir?
substituir: quem ou o que pode-se substituir?; existem outros apropriados
ingredientes, materiais, processos, aproximações?
re-arranjar: pode-se intercambiar componentes?; pode-se usar outra configuração
leiaute ou seqüência?; pode-se modificar o modo ou esquema?
inverter: pode-se trocar o positivo e negativo?; trocar a frente e atrás, de cima e de
baixo?
combinar: pode-se usar uma mistura, uma liga , uma montagem?; pode-se combinar
unidades e idéias?
Ao examinar a literatura sobre criatividade, encontra-se muitos outros ditos métodos,
como por exemplo: método de Delphi; do zero defeito; de relações forçadas, etc., mas muito
semelhantes aos aqui enquadrados como métodos intuitivos. Não cabe discutir qual é o
melhor, mas conhecer e tentar diferentes métodos, se um ou outro não chega a resultados
satisfatórios.
Com já foi observado nos métodos anteriores, soluções criativas são, às vezes,
encontradas ao formar novas combinações de funções, objetos, processos ou idéias já
existentes. Assim o método morfológico consiste numa pesquisa sistemática de diferentes
combinações de elementos ou parâmetros, com o objetivo de encontrar uma nova solução
para o problema. A descrição do método é mais fácil através de um exemplo prático da
referência [4.13], que consistiu no desenvolvimento da concepção de uma desoperculadora de
favos de mel. Dentro do processamento do mel a primeira operação a ser realizada é a
desoperculação, que consiste na retirada de uma fina camada de cera, o opérculo, que tampa
os alvéolos do favo construído pelas abelhas num quadro típico mostrado na fig. 4.2. Uma
vez retirado esta camada de ambos os lados, os quadros são colocados numa centrífuga para a
extração do mel. A prática mais freqüente da desoperculação é efetuada com uma ferramenta
manual, um garfo como o mostrado na figura 4.2, que leva, em torno de 3 minutos. Após a
formulação do problema, na forma do capítulo 3 onde se obtém um conjunto completo de
especificações de projeto [4.13], não repetido neste texto, chegou-se em termos gerais, que a
máquina deveria ter as seguintes características principais: ser estacionária com acionamento
elétrico; permitisse desopercular simultaneamente os dois lados do favo; facilitasse a
regulagem da espessura de trabalho; fosse apropriada a um padrão de quadro, mas admitindo
tolerância de dimensões; a alimentação e retirada do quadro da máquina bem como o
comando fosse manual e que o tempo de trabalho por quadro não ultrapassasse 10 segundos.
Para o desenvolvimento de concepções alternativas foi então adotado o método da
matriz morfológica que consiste nos seguintes passos:
1o Passo: Determinação da seqüência de funções do processo. Examinando o processo
de desoperculação, a seqüência de funções ou operações, são a alimentação do quadro na
máquina, transporte do quadro até um dispositivo de retirada da camada de cera, a
desoperculação, o controle da desoperculação e a retirada do quadro e da cera da máquina.
Estas funções mais gerais podem sofrer desdobramentos quanto a forma em que são feitas,
que tipos de dispositivos ou princípios poderão ser utilizados.
5º Passo: Avaliação e seleção das concepções. Muitas das combinações podem ser
eliminadas de imediato por não serem compatíveis ou viáveis. Mas as viáveis devem ser
submetidas a um processo mais criterioso de avaliação e valorização para, então, obter a
melhor concepção, cujo procedimento será descrito em capítulo posterior.
Este método tem suas origens desde 1947, quando Lawrence D. Miles, engenheiro do
setor de desenvolvimento do produto da General Electric dos Estados Unidos da América,
publicou trabalho desenvolvendo uma metodologia que auxiliava as empresas a reduzir custos
e chamou ao método de "value analysis". Em 1954 este método também recebeu o nome de
"value engineering" e no Brasil este método é conhecido como o método da engenharia do
valor ou análise do valor. Ao longo dos tempos este método foi largamente divulgado e
utilizado pelas indústrias, suas formas ou versões são diversas, seus usos são tanto para
analisar atividades, serviços ou produtos, visando a melhora do valor ou a redução de seus
custos.
No presente texto como tem-se por objetivo o desenvolvimento do projeto, a forma ou
enfoque dado é que o método tem por objetivo melhorar o produto e o critério para julgar o
melhoramento é o custo, mas o valor ou qualidade do mesmo não deve ser reduzido. Quando
se fala em melhorar o custo do produto, este deve ser analisado como um todo do processo de
produção ou como já foi citado em capítulos anteriores, deve-se considerar todas as fases do
ciclo de vida do produto, desde a concepção até o seu descarte. Como será aqui exposto a
análise do valor é entendida como uma revisão completa do projeto do produto, visando
introduzir modificações, traduzidas através de novos princípios de solução, tecnologias,
materiais, processos de fabricação, formas de distribuição, de operação e de manutenção do
produto. Se assim considerado, é evidente que a análise de valor promoverá uma melhora da
qualidade ou aumenta o valor agregado, razão porque também é chamado de engenharia do
valor.
O método visto sob esta ótica é desenvolvido em etapas bem definidas como descritos
a seguir:
preciso também, perguntar o quão próximo a parte padrão coincide com os requisitos da peça
especial ou se esta faz algo especial que a peça padrão não faz.
Estas mesmas perguntas deverão ser levantadas para processos. Muitas firmas
mandam partes incompletas para serem processadas por firmas especializadas. Não poderiam
estas operações especiais serem substituídas por operações padrão dentro da própria firma, ou
alternativamente, não haveria suficiente demanda para justificar a aquisição de equipamento e
mão-de-obra para efetuar estas operações?
Questão 5: Pode ser usado um material normalizado?
Mais e mais materiais estão sendo disponíveis ao projetista e fabricante: metais,
plásticos, madeiras e derivados, cerâmica, filmes e fibras, materiais trançados, materiais
compostos e, ainda, de todos os acabamentos. O problema da escolha do material está se
tornando cada vez mais difícil e complexo. O projetista quer escolher o material adequado
para cada parte. A pessoa responsável pelos estoques quer simplificar seu estoque, reduzir os
custos e evitar erros. Quanto menor é a gama de materiais no estoque, mais fácil é o controle e
administração.
Alguns materiais requerem condições especiais de armazenamento, tais como
controle de temperatura e umidade. Assim, controlando a variedade de materiais é possível
restringir o número necessário de espaços para o armazenamento. Materiais normalizados
serão usados em maiores quantidades, os preços serão reduzidos, a inspeção no recebimento
torna-se mais eficiente e menos dispendiosa. Finalmente, com menos materiais a escolher, a
possibilidade de suprir a produção com o material errado é menor.
A solução é insistir, o quanto possível, no uso de materiais padrões. Isto não impede
que o projetista e seus colegas de pesquisa e desenvolvimento continuem a pesquisar as
propriedades de novos materiais; a usar materiais não padrões em partes que apresentem
condições especiais de trabalho, nem que materiais novos venham tornar-se materiais
padrões.
Questão 6: Pode ser usado material mais barato?
Até certo ponto esta pergunta é uma variante da anterior. Quem escolhe o material é o
projetista e sua escolha depende de quais as oportunidades que ele tem de explorar
conhecimentos disponíveis. Ao longo do desenvolvimento do projeto, são coletadas
informações sobre os materiais passíveis de serem escolhidos. Nesta coleta de dados, são
gastos tempo e dinheiro; o projetista não tem tempo suficiente para explorar todas as
possibilidades, e muitas vezes não é possível prever precisamente a quais condições que os
materiais do produto serão submetidos em uso.
Assim, o projetista as vezes se encontra diante de um conjunto de incertezas, cujo grau
depende das circunstâncias. No caso da ausência de conhecimentos completos, o projetista
tentará jogar seguro, muitas vezes especificando materiais mais caros do que são realmente
necessários.
Aqui verifica-se uma grande virtude da análise do valor, pois quando o produto é
reexaminado, haverá uma massa de informações sobre o comportamento do material em uso.
Estas informações são derivadas dos registros de serviço do consumidor, que permitem
reconsiderar a escolha do material por parte do projetista.
Outro ponto a ser observado é que no intervalo entre o projeto e a análise do valor,
novos materiais podem ter sido desenvolvidos.
Os custos de materiais são normalmente cotados por peso, mas a comparação por
unidade de peso é irrelevante; o que deve ser comparado é o custo por unidade de
desempenho funcional ou por unidade de valor. Por exemplo, para materiais isolantes
considera-se o custo por unidade de resistência, e para condutores tem-se o custo por unidade
de condutância.
Questão 7: Pode-se usar menos material?
Por que usar dois quilogramas quando um quilograma já satisfaz o consumidor?
Freqüentemente a redução de peso é uma vantagem em si própria. Por exemplo, o
Erros na produção precisam ser detectados, produtos defeituosos não devem chegar
aos consumidores, sistemas de inspeção precisam ser organizados e implantados para rejeitar
o que não é adequado. Além dos custos da inspeção, as peças rejeitadas representam também
custos sem o prêmio da satisfação do consumidor. Assim, sistemas de controle de qualidade
foram desenvolvidos para detectar tendências a erros, de tal forma que ações corretivas
possam ser tomadas antes que refugos sejam produzidos.
Acredita-se que ações preventivas possam ser tomadas ainda mais cedo, na fase do
projeto, ou na análise do valor, ao projetar componentes de tal forma que seja difícil fabricá-
los erradamente e que seja impossível errar na montagem. Tais projetos reduzem a fadiga do
operador e as montagens são auto-inspecionáveis.
Para reduzir os custos pela minimização de riscos de erro, é necessário conhecer
quanto dinheiro está sendo perdido com erros. Informações precisas sobre refugos deverão ser
conhecidas pela equipe. Relatórios sobre refugos de peças serão estudados com cuidado,
tendo por objetivo descobrir formas de prevenir refugos através de mudanças no projeto, no
método ou pela aplicação do controle de qualidade.
Questão 14: Pode qualquer outra coisa ser feita para reduzir os custos sem prejudicar
o valor do produto?
Esta é uma pergunta vaga quando comparada com as anteriores. Uma pergunta deste
tipo é apresentada por não se acreditar que haja uma rotina predeterminada para desenvolver
um pensamento criativo, parcialmente para relembrar que esta é um exemplo de lista de
perguntas e para encorajar cada equipe a preparar a sua própria lista de perguntas evocativas.
Esta viabilização técnica pode requerer uma análise mais profunda do problema por
especialistas fora da equipe de análise do valor ou mesmo implementação prática com testes e
ensaios.
Para viabilizar economicamente a solução alternativa devem ser estabelecidos e
avaliados critérios tais como: previsão de custos da alternativa; previsão dos investimentos
necessários; amortização; retorno sobre o investimento; economia anual; economia por
unidade produzida; etc.
Efetuada a análise técnica e econômica das alternativas cabe o passo de selecionar a
melhor solução ou classificá-las usando uma forma descrita mais adiante no capítulo de
metodologia de seleção da concepção.
4.4. CONCLUSÕES
No presente capítulo procurou-se dar uma visão geral do que é criatividade e de alguns
métodos tradicionalmente utilizados para a geração de soluções.
Como foi visto alguns métodos são apropriados para a busca de novas soluções e
outros para melhoramentos de produtos existentes, especialmente o método de análise do
valor. O importante a destacar é que todos os métodos induzem o indivíduo ou grupo de
trabalho a gerar uma quantidade de idéias e alternativas, o que sempre deve ser o objetivo
inicial. Com várias alternativas existe maior probabilidade de surgir uma boa ou inovadora
solução ou, ao menos, leva à tarefa ou exercício de selecionar ou comparar soluções, que é
um benefício.
Dizer qual é o método melhor é difícil, isto depende do grupo, com qual se adapta
melhor e também do problema a resolver. O que se recomenda é conhecer e treinar os
diferentes métodos e, quando através de um deles está difícil encontrar a solução, usar outros
métodos. Cada método enfoca o problema de forma diferente.
4.1. T. M. COMELLA. How to Manage Creativity Without Killing it. Machine Design.
March 6, 1975, pp. 68-72.
4.2. N. SANDOR. Sevem Dangers of Designers Overspecialization. Mechanical Engineering,
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4.3. M. DICK. Creative Problem-Solving For Engineers, Machine Design, Frebruary
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4.4. E. RAUDSEPP. Stimulating Creative Thinking. Machine Design, June 9, 1983,
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4.5. A. E. CORYELL. The Design Process: 12 steps that turn ideas into hardware. Machine
Design, November 9, 1967, pp. 155-161.
4.6. J. R. DIXON. Design Engineering: Inventivness Analysis and Decision Making. McGrw-
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4.7. J. RAMOS. A Biônica Aplicada ao Projeto de Produto. Dissertação de Mestrado.
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da UFSC, 1993.
4.8. W. NACHTIGALL. La Nature Réiventée: la Bionique. Paris: Librairie Plon - 1987.
4.9. C. DI BARTOLO. Strutture Naturale e Modelli Bionici. Melano: Instituto Europeo di
Design, 1981.
4.10. E. RAUDSEPP. Forcing Ideas with Synnectics: a creative approach to problem solving.
Machine design, October 16, 1969, pp. 134-139.
4.11. K. HOLT. Brainstorming - from Classics to Electronics. International Conference on
Engineering Design - ICED/1995, Praga, August 22-24. Vol.1, pp.279-284.
4.12. G. BONSIEPE, P. KELLNER e H. POESSNECKER. Metodologia Experimental:
Desenho Industrial. CNPq, 1984.
4.13. P. R. SÁ RESIN. Desenvolvimento do Protótipo de uma Máquina Desoperculadora
de Favos de Mel. Dissertação de Mestrado do Curso de Pós-Graduação de
Engenharia Mecânica da UFSC, 1989.
5.1. INTRODUÇÃO
No bloco central da fig. 5.1 tem-se a declaração de função do sistema numa forma
condensada e abstrata, sem qualquer indicação da forma de resolver o problema. Como
exemplo, esta declaração abstrata pode ser a sentença seguinte: medir continuamente a
quantidade de líquido em um reservatório de tamanho e forma não especificado e indicar as
medições à distância. Este mesmo problema poderia ser declarado de modo mais condensado
ainda, um verbo e um substantivo, assim como: medir e indicar a quantidade de líquido.
O passo seguinte da formulação do problema é a definição das interfaces do sistema,
destacando as seguintes: 1 - interfaces com sistemas técnicos periféricos; 2 - interface com o
usuário e 3 - interface com o meio ambiente.
Quase sempre um sistema técnico, a ser desenvolvido, faz parte de outros sistemas
técnicos então, as entradas e saídas necessárias destes sistemas técnicos, definem as interfaces
do tipo 1 do sistema em estudo.
A interface 2 foi destacada devido a sua importância e para que não seja esquecida
pelo projetista desde o início. Trata-se do controle que o usuário quer ter sobre o sistema,
comandos, informações de entrada e saída para atuação e identificação do estado de operação
e manutenção.
Por último tem-se destacado a interface tipo 3, onde o projetista identifica quais são as
possíveis influências do meio ambiente. Neste caso busca-se um projeto robusto e
ecologicamente adequado.
Tem-se agora o problema formulado através da função global e no seu contorno as
restrições de solução e todas as entradas e saídas.
Examinando o bloco central da fig. 5.1, repetido na fig. 5.2, precisa-se se preocupar
com a solução do problema, limitado pelas interfaces, isto é, buscar a função global que
transforma as entradas nas saídas. Qualquer função que atende as condições de restrições ou
de interfaces é uma solução alternativa para o problema.
examinar os sistemas técnicos em geral, as ações ou funções podem ser descritas com poucos
verbos técnicos. No próximo item este aspecto será estudado em mais detalhes, quando serão
apresentadas sugestões de normalização e representação de funções típicas de sistemas
técnicos.
6- No desdobramento sucessivo da função global esquematizada na fig. 5.3, deve-se
considerar os seguintes aspectos. Em cada nível de complexidade da seqüência de
desdobramento, verificar se não existem princípios de solução ou módulos já usados em
outros sistemas, que podem ser adaptados ou empregados para uma dada função parcial. Por
exemplo, se para a função parcial FP21 da fig. 5.3, já existe um subsistema que pode ser
adaptado ou usado diretamente, então não há necessidade de continuar com o desdobramento
desta função. Por análise ou analogia de sistemas conhecidos é possível: derivar variantes
adicionais da estrutura funcional total ou parcial; dividir ou combinar sub-funções; variar o
arranjo destas funções e variar as ligações, em paralelo, em série ou em ponte.
7- Como já foi observado existe a possibilidade de obter diversas estruturas
funcionais alternativas, ao menos parcialmente. Cada uma destas estruturas é uma potencial
concepção alternativa do sistema em desenvolvimento, deve-se então compará-las com as
especificações de projeto, selecionar e otimizar a melhor estrutura. Este aspecto será discutido
em item posterior.
Para tornar mais claro este procedimento, a seguir serão apresentados alguns exemplos
práticos simples.
O caso da fig. 5.4 foi adaptado de um exemplo mostrado na referência [5-5] e que
consiste no desenvolvimento de estruturas funcionais de um sistema de alimentação de peças,
tipo tampas, numa determinada posição, a partir de um recipiente onde as tampas são
depositadas de forma intermitente e em posição aleatória. Como mostra a fig. 5.4, a função
global foi decomposta, inicialmente em três funções parciais e, para simplicidade, somente a
terceira função foi novamente decomposta e, desta vez, em três formas alternativas.
Como pode-se observar neste exemplo, ainda mais se as demais funções do segundo
nível fossem decompostas, também com alternativas, rapidamente poder-se-ia chegar a várias
estruturas funcionais para o problema, sem preocupações com tecnologias ou princípios de
solução física.
Um segundo exemplo de elaboração da estrutura funcional, trata da medição e
indicação, continuamente, da quantidade de fluido em um reservatório de tamanho e forma
não especificados, que pode ser usado em diferentes tipos e tamanhos de tanques [ 5-2].
Na fig. 5.5 tem-se na primeira coluna indicado um resumo da sucessiva formulação do
problema e, na terceira, o estágio de desdobramento da estrutura funcional. Acompanhando os
vários estágios de desenvolvimento da estrutura funcional tem-se:
1o Estágio. É indicada a função global de medir e indicar a quantidade de líquido num
reservatório, tendo então como entrada e saída uma informação ou sinal.
2o Estágio. A função global pode ser decomposta numa função parcial de receber um
sinal, este deve ser transmitido até um dispositivo que tem a função de indicar o sinal.
3o Estágio. Para transmitir e indicar o sinal deve haver a necessidade de mudar o tipo
de sinal, pôr exemplo, um sinal mecânico num elétrico, tem-se então a função de transformar
o sinal.
4o Estágio. Como o instrumento deve ser usado para medir a quantidade de líquido em
reservatórios de diferentes tamanhos, deve-se prever uma função de ajustar o sinal.
5o Estágio. Se o instrumento deve ser usado para medir a quantidade de líquido em
reservatórios de formas não definidas a prior, então será necessário introduzir uma função de
corrigir o sinal.
6o Estágio. Para as diferentes funções é necessário suprir energia externa, adiciona-se
mais esta função.
Na fig. 5.6c está mostrado um novo desdobramento. A função parcial de adubar solo
foi desmembrada nas seguintes: armazenar adubo; dosar adubo; para esta dosagem deve haver
uma função de regulagem e fornecimento de energia; uma vez dosado o adubo, este deve ser
transportado para o solo, aproveitando a ação da gravidade. O adubo depositado sobre a
superfície do solo, deve ser incorporado ao solo contido no sulco. Pode-se, então, decompor a
função parcial de abrir o sulco nas seguintes funções elementares: cortar a palha na largura do
sulco; desagregar o solo na largura e profundidade do sulco; conter o solo desagregado dentro
do sulco e misturar o adubo com o solo desagregado. A profundidade do sulco preparado
depende do tipo de cultura a ser implantada, logo deve haver uma função de regulagem. Para
as ações compreendidas nesta segunda função parcial, de abrir sulco, deve haver o
fornecimento de energia mecânica.
Ampliar e reduzir. As funções de ampliar e reduzir são entendidas como ações que
aumentam ou diminuem o valor de grandezas ou propriedades da energia, material ou
informações. No caso da energia, estas funções ampliam ou reduzem o valor das grandezas de
No item 5.3 foi sugerido que o projetista procurasse desenvolver estruturas funcionais
alternativas para a concepção do problema. Assim como mostra a fig. 5.4 tem-se para uma
das funções parciais, três alternativas de estruturas funcionais e na fig. 5.9, quatro
alternativas.
Para dar continuidade ao trabalho de projeto, deve-se selecionar a melhor estrutura
funcional. O primeiro passo, então, é o estabelecimento de critérios de seleção ou confrontar
as alternativas com as especificações de projeto, procurando identificar a estrutura que tem o
melhor potencial de atendimento futuro. Como estas estruturas estão, ainda, numa forma
muito abstrata, não foram escolhidos ou desenvolvidos os princípios de solução, fica difícil
estabelecer critérios de seleção mais objetivos como descrito no capítulo 6, para a escolha da
melhor concepção. Para o estágio atual de desenvolvimento, recomenda-se seguir um
procedimento simplificado e este será mostrado através de dois exemplos de seleção da
estrutura funcional.
No exemplo da fig. 5.4, como já foi descrito, as tampas vem sendo alimentadas, uma
atrás da outra, mas aleatoriamente com a boca para baixo e para cima e, devem sair do
subsistema, todas com a boca para baixo. Para executar este processo foram então propostos
três alternativas, agora qual é a melhor, dispondo somente destas informações e confrontar
com as especificações de projeto ou critérios de seleção. As especificações ou critérios de
seleção, como se sabe são do tipo: funcionalidade; precisão; compacticidade; geometria;
estética; custos; fabricabilidade; uso; confiabilidade; manutenibilidade; etc.
Assim para confrontar estas estruturas com critérios de seleção, uma forma é examinar
cada função, imaginando princípios de solução. Considerando então as alternativas da fig. 5.4,
em todas elas achou-se necessária uma função de testar a posição das tampas. Agora,
identificada a posição, na primeira alternativa deveria haver um dispositivo que fosse
acionado, agarrasse a tampa com a boca para cima, invertesse sua posição e a colocasse
novamente sobre a esteira em movimento. Imaginando um pouco, a solução talvez seria um
pequeno manipulador ou um mecanismo complexo, de alto custo, pouco compacto, com
problemas de confiabilidade e manutenção. Na segunda alternativa, uma vez identificada uma
posição incorreta sobre a esteira transportadora, bastaria acionar um dispositivo que retirasse
esta tampa e que a retornasse ao reservatório inicial. Esta solução deve ser melhor do que a
primeira mas, ainda será necessário um mecanismo de transporte, destas tampas separadas ao
reservatório. Na terceira alternativa, a tampa que estava na posição errada e que foi separada,
pode-se imaginar que só virar ou mudar para a posição correta, não deverá requerer um
dispositivo complexo. Agora unir ou recolocar a tampa sobre a esteira de transporte, talvez
seja mais simples do que retornar a tampa ao reservatório. Nesta terceira estrutura poder-se-ia
dizer que levou a uma solução de melhor funcionalidade, mais compacta, fabricabilidade,
custo e confiabilidade do que as anteriores, como mostram as duas soluções da fig. 5.10.
No segundo princípio de solução, resultou com as tampas com a boca para baixo, mas
resolvendo desta forma fica mais fácil a função de testar posição, separar segundo uma
posição e unir numa única posição. Agora que as tampas estão individualizadas, alimentadas
seqüencialmente, desvirar é um problema fácil.
Passando agora ao exemplo da fig. 5.10 as alternativas, de estruturas funcionais
descritas no item anterior, apresentam algumas diferenças que serão analisadas com o
objetivo de escolher a melhor.
Na primeira, a forma de obter uma variação no fornecimento de óleo seria através de
um variador ou redutor de freqüência ou tensão da energia elétrica que, então, permite uma
variação da rotação do motor elétrico. Na segunda alternativa tem-se um motor elétrico mais
simples, mas agora é necessário um redutor mecânico que permite uma variação contínua no
eixo de saída que, geralmente, é do tipo de atrito ou hidráulico. O funcionamento das duas
soluções é praticamente a mesma, dever-se-ia fazer uma análise mais detalhada de custos,
durabilidade, rendimento, manutenção, para saber qual é a melhor. Como já descrito no item
anterior, na terceira alternativa o motor ficaria sempre ligado, a interrupção do fornecimento
poderia ser feito com uma embreagem e o mais igual a segunda alternativa.
O custo de instalação deverá ser maior do que a anterior, sem contar o custo de
operação, pois o motor deveria estar sempre ligado. Na quarta alternativa o custo de
instalação inicial deve ser menor do que as anteriores, mas o custo de operação será maior
porque o motor e a bomba estariam sempre ligados.
De acordo com o exposto conclui-se que as duas primeiras alternativas são as
melhores, para decidir qual é a melhor será necessário um estudo mais detalhado, com os
princípios de solução e as estruturas de princípios definidos, como será visto no próximo item
deste capítulo. Assim, havendo dúvidas de qual estrutura funcional é a melhor, estas
alternativas devem ser levadas adiante e, finalmente, adotar a metodologia de seleção como
descrito no próximo capítulo.
Como foi descrito neste capítulo sempre se considerou um projeto por inovação ou
seja, dada uma nova necessidade, dever-se-ia desenvolver um sistema partindo da função
global e, progressivamente, estabelecer a estrutura funcional, buscar princípios de solução
montando a matriz morfológica, definir as estruturas de princípios de solução, escolher a
melhor solução para a concepção, até o projeto detalhado. Na grande maioria dos casos da
prática, o que se tem é um produto que deve ser melhorado ou seja, é um problema de re-
projeto de um sistema, quando se tem um sistema físico com desenhos de projeto detalhado.
Para um re-projeto deste sistema, uma forma mais apropriada, é seguir o caminho inverso do
método da função síntese, seguindo os passos descritos abaixo.
1o Passo. Examinando o produto ou desenho técnico do mesmo, determinar as
relações do sistema técnico com o meio ambiente: selecionar e analisar as interfaces, ou as
entradas e saídas, como descritas no item 5.2 e mostradas na fig. 5.1 e, analisar e caraterizar o
fluxo funcional entre as entradas e saídas.
2o Passo. Determinação e descrição do princípio de funcionamento do sistema. Isto
pode ser feito, primeiro, compondo os elementos funcionais, eliminando juntas ou uniões
fixas e elementos de funções auxiliares, simplificando a configuração na forma adequada da
função. Segundo, substituindo os elementos funcionais por símbolos adequados: os pontos de
conexão por símbolos e ligar estes pontos de conexão através de linhas simples.
3o Passo. Determinação e descrição da estrutura funcional: separar os grupos
funcionais; representar o sistema por uma estrutura funcional e determinar as grandezas
funcionais envolvidas e as relações de entradas e saídas de cada função da estrutura.
4o Passo. Determinação e descrição da função global do sistema: função principal e
secundárias.
5o Passo. Uma vez estabelecida a estrutura funcional do sistema, segundo o terceiro
passo, pode-se agora desenvolver estruturas funcionais variantes com o objetivo de encontrar
uma estrutura melhor. Deste ponto em diante, pode-se seguir o procedimento normal do
método da função síntese, objetivando uma variante melhorada do sistema anterior.
SELEÇÃO DA SOLUÇÃO
6.1 - INTRODUÇÃO
Nos capítulos anteriores foram abordadas várias técnicas cujo objetivo estava voltado
para a geração de soluções alternativas ou conceitos de solução, para o problema de projeto.
Neste capítulo, serão abordadas técnicas destinadas à escolha do melhor destes conceitos, o
qual será transformado no produto final.
A principal dificuldade envolvida nesta tarefa, encontra-se na principal característica
da fase de projeto conceitual: informações limitadas e abstratas.
Como avaliar uma idéia ou conceito, que é abstrata, possuindo poucos detalhes e não
pode ser mensurada? Deve-se detalhar cada conceito, de forma a medir alguns parâmetros,
para então compará-los com as especificações de projeto do produto?
Além destas questões, deve-se também obter as justificativas pelas quais os conceitos
descartados não são adequados.
Portanto, se faz necessária a utilização de métodos ou procedimentos sistemáticos,
compatíveis com a limitação de informações, e que auxiliem na tomada de decisão quanto a
seleção do melhor conceito de solução.
Neste capítulo, será mostrado um procedimento que utiliza quatro diferentes técnicas
que irão reduzir os vários conceitos gerados em uns poucos, mas promissores, que poderão
resultar em produtos de qualidade [6.1]. Estas técnicas, que deverão ser utilizadas em
seqüência, são mostradas na figura 6.1, e serão descritas nos próximos itens.
Tipo de Técnicas Base de
Comparação Comparação
vários conceitos
Julgamento da
Viabilidade Experiência
Disponibilidade Estado
Absoluta Tecnológica da arte
Exame Passa/
Não Passa
Necessidades
dos clientes
Requisitos
Relativa de projeto
Matriz de
ou absoluta Avaliação
Antes porém, é importante notar que o termo seleção ou escolha, aqui utilizado,
implica nas ações de valoração, comparação e tomada de decisão. Como estas ações são
fortemente interrelacionadas, para se obter o maior número de informações para a tomada de
Cap. 6 – Seleção da Solução 6 -2
Após a geração de uma solução conceitual, a equipe de projeto pode fazer uma
primeira avaliação de viabilidade e verificar se o conceito se enquadra numa das seguintes
condições:
(1) o conceito não é viável;
(2) o conceito é condicionalmente viável;
(3) o conceito deve ser considerado.
NÃO VIÁVEL
Mesmo quando um conceito mostra-se inicialmente inviável, este deverá ser
considerado sob diferentes pontos de vista antes de ser descartado. Deve-se poder definir
claramente as razões pelas quais a dada solução conceitual não é viável, ou seja, poder
responder à pergunta: por quê a solução não é viável?
Muitas podem ser as razões da inviabilidade, e normalmente estão associadas a
aspectos tais como: limitações tecnológicas e o atendimento dos requisitos dos clientes.
Também podem ocorrer interpretações errôneas da viabilidade, em que esta seja devida à
concepção apresentar-se numa forma diferente do padrão normal estabelecido, ou também ser
devida ao conceito não representar uma idéia original, não provocando assim entusiasmo ou
interesse.
Julgar uma solução que é considerada diferente, é uma atividade que requer cuidados,
pois existem alguns aspectos que normalmente não estão aparentes. Os seres humanos
possuem uma tendência natural a resistir à mudanças, e assim, a empresa e/ou projetistas
tendem a rejeitar novas idéias em favor daquelas já estabelecidas. Isto não é de todo ruim,
pois os conceitos tradicionais já foram testados e validados na prática. Entretanto, este tipo de
atitude pode impedir que o produto seja melhorado, e deve-se diferenciar mudanças
potencialmente positivas de um conceito pobre. Os padrões utilizados pelas empresas e/ou
projetistas fornecem um bom auxílio na prática de engenharia, devendo ser ambos seguidos e
questionados, pois podem ser um fator limitante da base de informações.
Outro aspecto importante, é que idéias inicialmente tidas como não viáveis, podem
servir para fornecer uma nova abordagem para o problema. Portanto, antes de descartar um
conceito de solução, deve-se verificar se novas idéias podem ser geradas, e se vale a pena
iteragir, voltando da etapa da seleção para a geração de soluções.
CONDICIONALMENTE VIÁVEL
Esta situação implica que um dado conceito é executável se alguma coisa diferente
vier a ocorrer. Os fatores típicos que estão associados a esta situação são a disponibilidade
tecnológica, a capacidade de obter informações não disponíveis, ou o desenvolvimento de
alguma parte do produto. Ou seja, não deve-se descartar imediatamente um conceito nesta
situação, e sim considerá-lo na próxima técnica, onde estes aspectos condicionais serão vistos
mais detalhadamente.
DEVE SER CONSIDERADO
O conceito mais difícil de ser avaliado é aquele em que não se evidencia
imediatamente se é uma boa ou má idéia. Na avaliação deste tipo de conceito, a experiência e
o conhecimento são essenciais. Se o conhecimento necessário não está disponível, o mesmo
deverá ser desenvolvido. Isto deve ser acompanhado pela elaboração de modelos os quais
podem ser facilmente avaliados. Considerando a linguagem de projeto, existem três principais
classes de modelagem para avaliação: gráfica, física e analítica. Uma quarta linguagem, a
textual, raramente auxilia na seleção de conceitos de solução de produtos industriais
manufaturados.
Após estabelecer-se que as tecnologias utilizadas num dado conceito são maduras, o
enfoque da base de comparação move-se para as necessidades dos clientes. Assim, cada
conceito deve ser comparado com as necessidades de maneira absoluta. Ou seja, as
necessidades devem ser transformada num conjunto de questões endereçada à cada conceito.
Estas questões deverão ser respondidas por sim ou possivelmente (passa), ou não (não passsa).
Este tipo de avaliação serve não somente para encontrar conceitos que não são
adequados, mas irá servir para auxiliar a geração de novas idéias. Se um conceito apresentar
nesta etapa, poucas respostas não-passa, tem-se uma forte indicação de que o conceito pode
ser modificado ao invés de ser eliminado. Esta avaliação permite identificar de maneira rápida
os pontos fracos de um conceito, e dependendo da situação, modificar o conceito de modo a
ajustá-lo melhor ao problema. Durante esta modificação, a estruturação funcional e a matriz
morfológica deverão ser analisadas e possivelmente atualizadas.
Este método, também conhecido como método de Pugh, além de simples, tem se
mostrado bastante eficiente para a comparação de conceitos que não tenham sido
suficientemente detalhados, para uma comparação direta utilizando as necessidades e os
requisitos de projeto. A essência do método é mostrada na figura 6.2. Este fornece uma
maneira de medir a capacidade de cada conceito de atender as necessidades dos clientes. A
comparação dos escores obtidos para os conceitos servirá para indicar as melhores
alternativas e fornecer boas informações para a tomada de decisões. Trata-se de um método
interativo de avaliação, que testa a completeza e o entendimento dos necessidades,
identificando rapidamente os conceitos mais fortes, e auxilia a criar novos conceitos.
Nesta fase, todo o projetista tem uma concepção favorita, uma que o projetista entende
como sendo a melhor das concepções e que deverá ser desenvolvida. Esta concepção será
usada como referência, e todas as outra concepções deverão ser comparadas com esta última,
com relação às necessidades dos clientes. Se o problema é de reprojeto de um produto
existente, então o produto deverá ser abstraído ao mesmo nível dos conceitos propostos e
então, utilizado como referência.
Para cada comparação com relação às necessidades, o conceito sendo avaliado é
julgado como melhor que, mesmo que ou pior que a referência. Se para uma dada necessidade
o conceito for julgado melhor que, recebe um escore “+”, para um mesmo que, recebe um
“M” e se o conceito não atender a dada necessidade tão bem quanto a referência, recebe um “-
”.
melhor o “quanto” melhor ou pior uma necessidade é atendida, então ao invés de utilizar-se
“+1”, “0” e “-1”e utiliza-se:
+3, quando o critério é atendido de modo imensamente superior à referência;
+2, quando o critério é atendido muito melhor que à referência;
+1, quando o critério é atendido melhor que a referência;
0, quando o critério é atendido da mesma forma que a referência;
-1, quando o critério não é atendido tão bem quanto a referência;
-2, quando o critério é atendido muito pior que a referência;
-3, quando o critério é atendido imensamente pior que referência.
Peso I II III IV V VI
Baixo aquecimento 4 + + + + + R
Baixo ruído 4 - + + + + E
Homogeneidade do foco 5 + + + + + F
Facilidade de ajuste foco 3 + + + + + E
Adequada ampliação 5 - + - + + R
Adequado contraste 4 + + + + M Ê
Baixo peso 4 - - - + M N
Facilidade de pegar 3 - - - M M C
Não provoca queimaduras 4 - - - - - I
Não provoca lesões 3 - M - M - A
Agradabilidade da cor 1 + M M - M
Agradabilidade da forma 2 - M - M M
Total + 5 6 5 7 5 0
Total - 7 3 6 2 2 0
Total global -2 3 -1 5 3 0
Peso total -8 14 -1 24 14 0
Peso II IV V
Baixo aquecimento 4 M R M
Baixo ruído 4 M E M
Homogeneidade do foco 5 M F M
Facilidade de ajuste do foco 3 M E M
Adequada ampliação 5 M R M
Adequado contraste 4 M Ê -
Baixo peso 4 - N -
Facilidade de pegar 3 - C M
Não provoca queimaduras 4 M I M
Não provoca lesões 3 M A -
Agradabilidade da cor 1 + +
Agradabilidade da forma 2 M M
Total + 1 0 1
Total - 2 0 3
Total global -1 0 -2
Peso total -6 0 -10
No passo seguinte deverão deverão ser consignados valores numéricos aos critérios
enumerados na primeira coluna, ou seja, determinados os valores de vij para as diferentes
soluções alternativas. Os valores de vij são fixados entre faixas de 0 a 10 ou 0 a 4 dependendo
da vontade do avaliador. Considerando a faixa de 0 a 4, dá-se o valor ou nota 4 à solução que
atender idealmente, ou bem, um determinado critério, e 0 quando não atendê-lo.
Quanto aos critérios qualitativos, tais como a facilidade de fabricação, resistência à
corrosão, aclimatação, conforto, segurança contra choques, silenciosidade etc. normalmente
são difíceis de quantificar. Nestes casos os critérios são avaliados qualitativamente de acordo
com a tabela 6.1, e às avaliações qualitativas são consignados pontos ou notas.
Uma vez determinados os produtos pivij para todos os critérios e soluções alternativas,
o passo seguinte é a determinação do valor da função critério, ou seja:
onde n é o número de critérios parciais e j indica a j-ésima solução alternativa. Estes valores
poderão ser comparados, e o maior valor de Fj representa a melhor solução.
Os possíveis erros cometidos nesta técnica podem ser classificados em dois grupos:
erros dos avaliadores e erros do próprio método. Os erros dos avaliadores são de várias
origens tais como: avaliação feita de modo tendencioso ou parcial, má escolha dos critérios de
avaliação e interdependência dos critérios de avaliação. Os erros do próprio método decorrem
da dificuldade de estabelecer os valores, e não se tem uma forma de determiná-los
univocamente, sendo portanto estimados.
Neste método é escolhida a solução que apresentar o maior valor da função critério.
Mas tão somente este número não satisfaz a uma boa escolha, principalmente quando se têm
duas ou mais soluções alternativas com valores próximos, isto porque uma solução, mesmo
apresentando um valor maior, pode apresentar-se muito fraca num dos critérios de avaliação
parciais.
Para comparar estas soluções constrói-se um diagrama como o da figura 6.6, que
mostra um perfil das mesmas. Na ordenada são marcados os coeficientes de peso, na abcissa
os valores dos critérios de avaliação; a área hachurada representa o valor da função critério
dada pela equação (6.1).
4 3 2 1 0 1 2 3 4
Como mostra a figura 6.6, mesmo que as duas soluções apresentem o mesmo valor da
função critério, ou seja, F = 2,5, a solução Sj se mostra melhor que Si, isto porque a solução
Si, mesmo apresentando-se sob alguns critérios bem melhor do que Sj, apresenta três com
valores bem mais baixos, um dos quais com grande peso. Como se verifica, a construção dos
perfis das soluções vem facilitar a escolha de soluções, ainda mais quando estas estão
próximas.
6.7 - REFERÊNCIAS
PROPRIEDADE INDUSTRIAL
7.2 - Regulamentação
A lei brasileira que trata da matéria é a Lei n° 9.279 de 14 de maio de 1996, e regula
direitos e obrigações relativos à propriedade industrial.
A proteção destes direitos efetua-se mediante:
I) concessão de patentes de invenção e modelo de utilidade;
II) concessão de registro de desenho industrial;
III) concessão de registro de marca;
IV) repressão às falsas indicações geográficas; e
V) repressão à concorrência desleal.
As disposições desta lei são aplicáveis também
a) aos pedidos de patentes ou registros provenientes do estrangeiro e que tenham
proteção assegurada por tratados e convenções de que o Brasil seja signatário, desde
que depositadas no País;
b) aos nacionais ou pessoas domiciliadas em país que assegure aos brasileiros ou
pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade de direitos iguais ou equivalentes.
Diversos Atos Normativos, baixados pela Presidência do Instituto Nacional da
Propriedade Industrial, explicam a lei e estabelecem normas e procedimentos.
Cap. 7 - Patentes 7-2
7.4.1 - Invenção
Invenção é considerada toda a idéia nova (não compreendida pelo estado da técnica),
suscetível de aplicação industrial (que pode ser utilizada ou produzida em qualquer tipo de
indústria, incluindo a agricultura a pesca e a extrativa), e que contenha atividade inventiva
(que não seja uma decorrência óbvia do estado da técnica para uma pessoa conhecedora da
matéria), podendo apresentar-se como produto ou processo.
Entende-se por estado da técnica, em relação a determinado ramo tecnológico aquilo
que, em dado momento, tenha sido colocado ao alcance do público por qualquer meio de
divulgação (uso, demonstração, entrevista a imprensa, rádio e televisão, ou por qualquer tipo
de publicação - inclusive na forma de pedido de patente publicado), ou que seja objeto de um
pedido de patente depositado até aquele dado momento no Brasil ou no estrangeiro.
Não é considerada como estado da técnica a divulgação de invenção ou modelo de
utilidade, quando ocorrida durante os 12 (doze) meses que precederem a data de depósito do
pedido, se promovida:
a) pelo inventor;
b) pelo INPI, baseado em informações obtidas junto ao inventor ou em decorrência de atos
por este realizados; ou
Uma vez efetuado o pedido de patente, este é mantido em sigilo, até a sua publicação,
que ocorre aos dezoito meses da data de depósito. A publicação do pedido é feita através da
Revista da Propriedade Industrial. Ao mesmo tempo o INPI providenciará a duplicação do
relatório de pedido de privilégio na forma de um folheto sob o título "Publicação de Pedido de
Privilégio", que é colocado a disposição de qualquer interessado no Banco de Patentes do
INPI.
O exame do pedido de patente deverá ser requerido pelo depositante ou por qualquer
interessado, no prazo de 36 meses contados da data de depósito, sob pena do arquivamento do
2
Oposição
Data do 18 Parecer
Depósito Publicação Técnico
18 Pedido de
Exame
Requerer a 2 Publicação
Carta Patente
Fig. 7.1 - Etapas da tramitação do pedido de privilégio.
Invenção - 20 anos
Modelo de utilidade - 15 anos
O início da contagem do tempo é a partir da data em que foi feito o pedido de patente,
ou seja, a partir da data do depósito.
O simples fato de alguém depositar um pedido de patente, não proporciona, ao autor,
nenhuma garantia efetiva de privilégio, mas apenas uma expectativa de um direito.
Mas se um terceiro explorar o invento, durante o período entre o depósito e a
concessão da patente, poderá ter que indenizar o titular por exploração indevida, se o titular
mover uma ação judicial e esta lhe for favorável.
A extensão da proteção conferida pela patente será determinada pelo teor das
reivindicações.
Ao titular da patente cabe o direito de impedir terceiro, sem seu consentimento, de
produzir, usar, colocar a venda, vender ou importar com estes propósitos: o produto objeto da
patente e/ou processo ou produto obtido diretamente por processo patenteado.
O direito de impedimento sobre terceiros não se aplica:
a) aos atos praticados por terceiros não autorizados, em caráter privado e sem finalidade
comercial, desde que não acarretem prejuízo ao interesse econômico do titular da patente;
b) aos atos praticados por terceiros não autorizados, com finalidade experimental,
relacionados a estudos ou pesquisas científicas ou tecnológicas;
c) à preparação de medicamentos de acordo com prescrição médica para casos individuais,
executada por profissional habilitado, bem como ao medicamento assim preparado;
d) a terceiros que, no caso de patentes relacionadas com matéria viva, utilizem, sem finalidade
econômica, o produto patenteado como fonte inicial de variação ou propagação para obter
outros produtos.
Ao titular da patente é assegurado o direito de obter indenização pela exploração
indevida de seu objeto, inclusive em relação à exploração ocorrida entre a data da publicação
do pedido e a da concessão da patente.
O titular de patente poderá celebrar contrato de licença para exploração, que deverá
ser averbado no INPI.
O aperfeiçoamento introduzido em patente licenciada pertence a quem o fizer, sendo
assegurado à outra parte contratante o direito de preferência para seu licenciamento.
O titular ficará sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente se exercer os
direitos dela decorrente de forma abusiva, ou por meio dela praticar abuso de poder
econômico, comprovado nos termos da lei, por decisão administrativa ou judicial. Também se
enquadra na licença compulsória os seguintes casos:
a) a não fabricação do objeto da patente no território brasileiro por falta de fabricação ou
fabricação incompleta do produto, ou, ainda, a falta de uso integral do processo
patenteado;
b) a comercialização que não satisfazer às necessidades do mercado.
As licenças compulsórias serão sempre concedidas sem exclusividade, não se
admitindo o sublicenciamento.
A patente extingue-se:
a) pela expiração do prazo de vigência;
b) pela renúncia do titular, ressalvado o direito de terceiros;
c) pela caducidade;
d) pela falta de pagamento da retribuição anual.
O privilégio caducará por requerimento de terceiros ou por iniciativa do INPI, se
decorridos 02 anos da concessão da primeira licença compulsória, esse prazo não tiver sido
suficiente para prevenir ou sanar o abuso ou desuso, salvo motivos justificáveis.
Desenhos Industriais
Marcas
- Possíveis resultados:
Assumindo que o acusado é considerado infrator, o proprietário da patente pode obter
uma suspensão de futuras violações da patente. Neste caso o infrator é proibido de produzir,
usar ou vender o dispositivo da patente ou processo a ser patenteado.
Os prejuízos são geralmente indenizados, não menos do que uma possível licença ou
royalties, mais custas do processo e interesses sobre prejuízos.
Novos produtos
Poderão ser patenteados alimentos, remédios, produtos químicos e biotecnológicos
``Pipeline''
Esse mecanismo de exceção é adotado, obrigando o Brasil a reconhecer patente já
concedida por outro país a remédios, alimentos e produtos químicos, desde que ainda não
estejam sendo vendidos em nenhum mercado. O ``pipeline'' beneficia principalmente o setor
farmacêutico, porque o tempo entre o registro de um remédio e a sua colocação no mercado
pode levar entre 10 e 12 anos
Biotecnologia
Limita o patenteamento de microorganismos aos alterados geneticamente - a partir de
formas encontradas na natureza -, desde que sejam atendidos os princípios de novidade,
atividade inventiva e aplicação industrial
Importação paralela
Não admite a possibilidade de terceiros importarem produto patenteado no Brasil. A
importação paralela é admitida somente quando o detentor da patente alegar inviabilidade
econômica de escala de produção. Nesse caso, somente o detentor da patente pode importar o
produto para revendê-lo no mercado interno
Produção local
Obriga a fabricação em território nacional do produto patenteado, no prazo de até três
anos após a concessão da patente. Isso só não é exigido quando o detentor da patente alegar
inviabilidade econômica; nesse caso, obtém autorização para importar o produto.
Prazo da patente e do registro de marca
Mantém o prazo da validade da patente de invenção (20 anos) e amplia o prazo de
validade da patente de modelo de utilidade dos atuais 10 anos para 15 anos. Mantém o prazo
de dez anos devigência do registro de marca.
Vigência da lei
A lei entra em vigor um ano após a data de sua publicação, com exceção dos
dispositivos relativos aos novos produtos que passam a ser patenteáveis (alimentos, remédios
e produtos químicos), com vigência imediata