em Geografia
Crato – agosto/2018
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo discutir algumas formas de superação da encapsulação
da aprendizagem escolar no ensino de geografia. E estrutura-se em quatro capítulos, uma
introdução que apresenta a ideia do tema e alguns fundamentos necessários; o capítulo 2 discute
os conhecimentos geográficos abordados em sala de aula, refletindo três exemplos de
conhecimentos possíveis (a internet, o sertão e as novelas) de serem abordado em sala de aula;
no capítulo 3 é debatido como o conhecimento geográfico pode ajudar no
desenvolvimento intelectual das pessoas e uma reflexão sobre a importância do estudo da
realidade indo além do conteudismo tecnicista maciçamente presente na educação básica e no
quarto capítulo algumas considerações e aberturas.
1. Introito
1
De acordo com Hegel, a razão é toda poderosa por que é capaz de se servir da astúcia. A
astúcia da razão aparece no fato de que o homem deixa os objetos do mundo trabalharem uns sobre os
ostros, em função de sua natureza, visando a um objetivo determinado, que é atingido por meio dessa
atividade, à qual ele não tem necessidade de se misturar. (FRIEDRICH, 2012 p.63-64)
2
Hargreaves (1998)
casa”. Exagerado mais próximo da realidade lembra o autor do Romance
(DOSTOIÉSVKSI, 1970).
Também não é muito difícil encontrar em nossas salas de aulas, alguns jovens
que são totalmente desconhecidos por seus professores, isso pode ser explicado pelo
excesso de carga horária que somos submetidos para ter salário menos indigno, e
principalmente ao seguirmos o conteudismo que aniquila o sujeito e enxerga inúmeros
indivíduos iguais entre si e diferente do professor. “Em geral, enquanto professores,
referimo-nos a grupo de alunos e as classes como um todo, e assim rotulamos e
demarcamos como se todos fossem de determinado tipo de indivíduos matriculados em
nossas escolas”. (FIOCCO & MIRANDA, S/D, p.3)
Então gostaria de discutir três assuntos possíveis de serem abordados em sala
de aula, de geografia, e outras matérias e presente no nosso dia-a-dia: o primeiro é o
conhecimento do sertão; o segundo é conhecimento sobre a internet e o terceiro seria o
conhecimento das novelas como um aspecto da realidade dos sertanejos e brasileiros.
O fato de o sertão se transformar “no mais bonito jardim”, não é apenas por
força da rima e expressão do poeta. Isso ocorre graças a vegetação da Babugem, um
tipo de gramíneas comum as áreas secas. “A Babugem é uma vegetação semelhante ao
Acheb saariano. Vegetação das regiões estepárias da do Norte da África que Gauthier
assim descreve: “o Acheb não é uma planta determinada, é uma categoria de vegetais
que possuem sua tática própria de luta contra a seca””. (CASTRO, 2008 p.166)
Esses e outros conhecimentos do sertão são negligenciados pelos livros
didáticos, o que afirma a desnecessária incorporação desse material como obrigatório
nos currículos revelando também uma intencionalidade de alienação que se subscreve
ao negar conhecimentos da realidade e entulhando conteúdos maciçamente produzidos e
que não dialogam com os aspectos históricos culturais das realidades brasileiras.
3
Disponível em: http://www.vermelho.org.br/noticia/39139-1
4
Disponível em: https://www.vagalume.com.br/paralamas-do-sucesso/alagados.html
A novela como produto nacional, é inclusive exportada, como produto
comercial aos outros países como ocorreu com a novela "Avenida Brasil" apresentando
grande audiência no país e vendida para mais de 130 países5. É necessário que se
discuta esse aspecto da realidade das populações, onde esta mídia exerce grande força
sobre as formas de pensar e agir da população.
Seja pelas abordagens de escândalos políticos, seja pelas discussões
envolvendo temas como machismo, feminismo, sexualidade, homofobia e mesmo sobre
a conduta moral do cotidiano das pessoas, elas representam um aspecto a ser discutido
por estar presente nos lares brasileiros e negligenciar tais aspectos causa preocupação
por que deixa acontecer toda a sorte de paradigmas e modelos idealizados de sociedade
que dificultam a compreensão do ser humano em sua complexidade.
“Ao determinismo de paradigmas e modelos explicativos associa- se o
determinismo de convicções e crenças, que, quando reinam em uma
sociedade, impõem a todos e a cada um a força imperativa do sagrado,
a força normalizadora do dogma, a força proibitiva do tabu”.
(MORIN, 2000, p. 27).
5
Informações do site: http://gente.ig.com.br/tvenovela/2017-06-23/novelas-exportadas.html
6
LEMADI – Laboratório de Ensino e Materiais Didáticos da Universidade de São Paulo.
Os dados dos gráficos acima contrastam a diversidade de usos da internet pelos
alunos versus a falta de utilização do Laboratório de informática da escola, além disso,
outros cruzamentos entre dados acerca do „uso da internet‟ em comparação „ao tempo
de estudo fora do período escolar‟ revelam que essas tecnologias contribuem para o
desempenho escolar dos estudantes revelando que os que têm acesso à internet dedicam-
se mais aos estudos do que os excluídos da rede mundial de computadores.
“parece que eles não entendem, não sabem muito bem o que é a
Geografia moderna. Consideram que a geografia não é uma ciência,
por que pensam que ela se limita a fatos simples, muito simples
mesmo, que se precisa apenas aprender, mas não se precisa
compreender”. (MONBEIG, 1955, p.20)
7
PNLD Programa Nacional do Livro Didático.
Porém, a revolução técnico-científica-informacional, como diria Milton Santos,
possibilita a virada do jogo onde através das informações disseminadas, sem o controle
total do estado, possibilita uma democracia cognitiva8, em uma sociedade do
conhecimento, possibilitando aberturas ao pensamento complexo, como forma de
reorganizar as novas formas de acessar os conhecimentos.
Escolar ou acadêmica, a geografia é um conhecimento que deveria servir a
compreensão humana do mundo em que vivemos. A geografia é uma linguagem para
explicar, descrever o mundo nos fazendo compreender como os seres humanos
convivem numa porção qualquer da terra e tiram dela sua sobrevivência, seja pela
autossuficiência ou em uma sofisticada comunidade urbana em que se vive de fast-
food‟s.
Morin nos alerta sobre risco da ilusão da Superconsciência na modernidade:
4. Considerações e aberturas
5. Referências
10
Cap. 6: Martins, P. F. A educação Ambiental no ensino fundamental in (SILVA, 2011, p. 186- 203)
11
Música “S.O.S” disponível em: https://www.cifraclub.com.br/raul-seixas/sos/
ENGESTRÖM, Y. Como superar a encapsulação da aprendizagem escolar. In:
DANIELS, H. uma introdução a Vygotsky. São Paulo: Edições Loyola, 2002.
FICCO, K. E. T. W. e MIRANDA, M. E. Sujeito discursivo na aula de Geografia. S/D.
disponível em:
http://observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal14/Ensenanzadelageografia/Inve
stigacionydesarrolloeducativo/23.pdf Acesso: 10/02/2018.
FRIEDRICH, J. Lev Vigotski: mediação aprendizagem e desenvolvimento: uma leitura
filosófica e epistemológica; Tradução: Anna Rachel e Eliane Gouvêa Lousada.
Campinas –SP, Mercado das Letras: 2012.
MARTINS, P. F. Geografia e Complexidade: compreensão dos processos constitutivos
do espaço vivido pelo viés da teoria da complexidade de Edgar Morin. III Encontro
Regional de Ensino de Geografia. Campina Grande-PB, novembro/2016. Disponível <
http://iiierepeg.wixsite.com/erepeg2016/gt3 > acesso 13/06/2017.
____________. Educação Ambiental no ensino fundamental: abordando o livro didático
para geografia. In: Silva, J. (Org.) Educação entre o Ensino e a Aprendizagem. João
Pessoa, Editora Sal da Terra, 2011.