INTRODUÇÃO AOS
CONTROLADORES
LÓGICO
PROGRAMÁVEIS
UMA ABORDAGEM
PRÁTICA
Jefferson Cutrim
Sumário
Por que escrevi este material?............................................................3
O que é o CLP e qual é a sua aplicação?..............................................4
Como o CLP conversa com o equipamento/processo?..........................5
As Entradas e Saídas do CLP...............................................................6
• Módulo de E/S Digitais.........................................................6
• Módulos de Saídas a Relé.....................................................7
• Módulos de E/S Analógicos..................................................7
• Módulo de Termopar...........................................................8
• Módulo de Pt100.................................................................9
• Módulo de Motor de passo...................................................9
• Módulo de PID...................................................................10
• Módulo de Protocolo de Redes...........................................10
• Módulo de Pesagem..........................................................11
Como o CLP Processa as Informações? O Ciclo de Scan......................12
Como é a Programação?...................................................................13
A Linguagem Ladder........................................................................14
• As Principais Instruções em Ladder.....................................17
• Ligações das Entradas Digitais no CLP S7-1200...................20
• Ligações de entrada Tipo Sinking.............................22
• Ligações de entrada Tipo Sourcing...........................22
• Ligações das Entradas Analógicas no CLP S7-1200
• Ligações das Saídas Digitais (Relé) no CLP S7-1200
A Plataforma de Programação TIAPortal............................................25
Comece seu Projeto.........................................................................26
• Crie seu Projeto.................................................................27
• Insira as Instruções em Ladder...........................................28
• Endereçamento das Instruções com as TAG’s......................29
• Atribuindo um IP à CPU......................................................30
• Download do Programa de Usuário para a CPU...................31
• Utiliza o monitoramente com a “watch table”.....................32
• Monitore os Dados da CPU.................................................37
Por que escrevi este material?
Se você é um estudante, profissional ou até engenheiro da área de
elétrica e automação você com certeza sabe que o CLP é uma das
ferramentas mais poderosas e por isso mais utilizada para controlar
máquinas e processos de forma mais eficiente, segura e rápida.
Porém, para isso, é necessário que o projeto tenha sido bem
executado.
Você sabia que, embora automatizado, um processo automático,
que utiliza o CLP, pode ser muito menos eficiente do que um
processo 100% manual? É verdade. A falta de conhecimento da
melhor aplicação para determinado processo e para cada tipo de
cliente é o que quase 100% das vezes torna um projeto de
automação um fracasso. Isso mesmo, não existe a melhor opção
para todos os projetos com CLP, existe a melhor opção para cada
tipo de aplicação e para cada tipo de cliente.
Quando não se executa um bom projeto, surgem muitas falhas e
muitos erros. Isso leva operadores preferirem trabalhar em modo
manual ao invés de automático (CLP). Com certeza você já deve ter
ouvido a seguinte frase: “O CLP não funciona, é melhor no manual”.
Ou seja, todas as vantagens da automação são perdidas.
Observando que a literatura técnica não traz uma visão prática dos
CLP’s, resolvi compartilhar este material introdutório que combina o
conteúdo teórico com a aplicação prática da automação. Vou te
mostrar o CLP S7-1200 da SIEMENS que é o fabricante de CLP mais
difundido no mercado brasileiro, o que torna este conteúdo muito
mais profissional e supre as lacunas em materiais disponíveis na
internet.
Se você observar algum ERRO neste material ou quiser dar
SUGESTÕES me mande um e-mail .
jefferson@fazeduca.com.br
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O Que é um CLP e qual a sua
Aplicação?
CLP é um acrônimo para Controladores Lógico Programáveis. Isto é,
é um dispositivo que controla máquinas e equipamentos em
processos industriais tais como, fábricas de papel e celulose, fábrica
de bebidas e alimentos, refinarias de petróleo, sistemas de
distribuição de água, entre outros. O CLP recebe instruções de um
programa que foi implementado por um projetista e armazena em
sua memória para controlar o processo. Portanto o CLP é um
computador, pois possui uma CPU para processamento, um bloco de
memória para armazenar o programa, código, dados, além de
módulos de entrada e saída para “conversar com o processo”.
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Como o CLP “conversa” com o
equipamento/processo?
O CLP possui entradas e saídas para se comunicarem com o meio
externo. Existem vários tipos de entradas , tais como módulos de
sinais analógicos, digitais e protocolos de comunicação. As entradas
dos CLP’s recebem informações sobre o processo, provenientes de
transmissores e equipamentos. Esses transmissores são sensores ou
transdutores que leem estados e variáveis de um sistema e enviam
ao CLP. Como por exemplo, temperatura, movimento, nível,
pressão, presença de peça etc. As entradas também podem ser
conectadas simplesmente à chaves e botões.
As saídas também possuem várias opções de comunicação com
equipamentos , atuadores e sinalizações. Alguns exemplos são o
acionamento de inversores, soft-starters, atuadores, posicionadores
de válvulas, sinaleiros, partida de motores, entre outros.
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As Entradas e Saídas do CLP
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Módulo de Saídas à Relé
Os módulos de saída a relé são mais versáteis, pois comutam sinais
tanto de corrente DC quanto AC. Uma desvantagem é que seus
contatos elétricos se desgastam em função do número de
chaveamentos realizados. Uma forma de aumentar a vida útil desse
tipo de saída é utilizar contatos auxiliares para o acionamento de
cargas com correntes altas. Outra desvantagem é a velocidade de
chaveamento que é menor comparada ao chaveamento a transistor.
Entrada
analógica
diferencial
Módulo de termopar
Como as saídas dos termopares são em mV, é necessário
condicionar o sinal proveniente desse transdutor, para isso existe
os módulos para termopares.
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Módulo de PT100
Este módulo possui uma função específica para aquisição de dados
de um RTD (resistance temperature detector), uma termoresistência
de platina.
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Módulo PID
O módulo PID implementa a estratégia de controle em malha
fechada. O módulo possui uma CPU dedicada, dessa forma
diminuindo a sobrecarga sobre a CPU do CLP. Apesar de ser possível
utilizar a própria CPU para implementar o PID, o seu desempenho
deixa a desejar na questão de tempo e precisão.
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Módulo de protocolos de redes
Implementa protocolos de redes industriais tais como, PROFIBUS,
PROFIBUS DP, PROFIBUS, PROFINET, MODBUS, Fountation Fieldbus,
AS-Interface, DeviceNet, HART/4-20mA, entre outros.
Módulo de pesagem
Módulo utilizado para condicionamento de sinais provenientes dos
strain gages instalados em células de carga.
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Como funciona um CLP?
Os CLP é baseado em instruções que são programadas para atender
à aplicações que possuem uma rotina. Os sinais dos sensores e
transdutores que estão acoplados a um equipamento ou processo
são ligados às entradas do CLP e as saídas estão ligadas a comandos
elétricos e pneumáticos que acionam máquinas, atuadores, válvulas
etc. Em cada ciclo que o programa do CLP executa, há três etapas
principais.
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Como é a programação?
A etapa mais importante e trabalhosa do CLP é a programação, já
que essa é justamente a característica que torna vantajosa a sua
utilização, pois a extrema quantidade de fios que outrora formavam
a lógica dos painéis de comando é substituído pela lógica virtual.
Logo, o que deveria estar organizado dentro de um painel elétrico
agora deve ser organizado no computador, a lógica de
programação.
A programação do CLP é padronizada pela norma IEC-61131-3. Essa
norma define que para Um CLP estar de acordo com os padrões
estabelecidos, deve possui pelo menos duas linguagens gráficas e
duas linguagens de texto para sua programação. Dessa forma a
maioria dos fabricantes adotam a lista de instruções (IL) e o texto
estruturado (ST) ,como linguagens textuais, já o diagrama Ladder
(LD) e o diagrama de blocos de funções (FBD) são linguagens
gráficas.
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A Linguagem Ladder
Na linguagem Ladder as linhas possuem aparência de degraus
(rungs) de uma escada (ladder), que formam um conjunto de
colunas e linhas. Em cada linha as instruções correspondem ao
programa que processa os operandos e o resultado da lógica do
programa é atribuído ao bloco de saída.
Funcionamento da Lógica
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Principais Instruções em Ladder
O TP (time pulse) gera um pulso com uma largura de tempo definida em PT.
O TON (timer ON) ativa uma saída em Q após o tempo definido em PT.
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O contador CRESCENTE CTU (counter up) conta até o valor máximo
quando chega um sinal de borda de subida na entrada CU.
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Os blocos abaixo executam operações matemáticas elementares tais
como, multiplicação, subtração, soma e divisão. Acima dos blocos você
pode observar que as operação são realizadas com as entradas IN1 e
IN2 e a resposta é dada pela saída OUT.
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E por fim, um dos blocos mais importantes para a programação do CLP
é o bloco MOV que move dados entre temporizadores, contadores e
registradores.
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As entradas são representadas pelas chaves, as quais poderiam ser os
equipamentos mostrados acima. As chaves estão ligadas de 0.0 à 0.7 e
que estão alimentadas pela fonte interna do CLP de 24Vdc, portanto as
entradas são 8 x 24Vdc com capacidade de corrente de 6mA/porta.
Para a identificação das entradas no software, utiliza-se a letra I. Ex.:
I0.0
Neste modelo de
PLC já há conversor
AC/DC, por isso não
há necessidade de
utilizar uma fonte
de 24Vdc.
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Ligações de Entrada do tipo Sinking
Os termo sinking refere-se a um tipo de configuração das entradas
do CLP. Uma entrada digital do tipo sinking fornece um terra.
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Ligações das Entradas Analógicas no S7-1200
Esse modelo de CLP possui duas entradas analógicas 0-10Vdc x 10bits
no SLOT X11, a figura mostra a configuração em modo comum de um
sensor com fonte externa ligado á entrada 2.
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Ligações das Saídas Digitais no S7-1200
De maneira análoga às entradas digitais, as saídas digitais são como
chaves, mais especificamente, são relés. Quando acionadas, fornecem
para a carga energia proveniente da fonte L1 que pode ser Vdc ou Vca,
ou seja, dependendo da carga utiliza-se uma fonte de corrente
alternada ou corrente contínua. O CLP consegue entregar para a carga
uma corrente somente até 2A. Para cargas que exigem um valor de
corrente maior que 2A utiliza-se uma configuração de fonte externa
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A Plataforma de Programação
TIAPortal
A plataforma TIAPortal é uma plataforma de automação da SIEMENS
através da qual é possível configurar os CLP’s, inversores, IHM’s, etc.
É uma plataforma modular, poderosa e de fácil utilização. Com o
conceito de modularidade, cada parte pode ser adquirida
separadamente. Dentro do TIAPortal, a parte que configura o CLP é
o STEP 7 e a parte que configura a IHM/SCADA é chamada de
WinCC. É possível aprender CLP mesmo sem ter o equipamento em
mãos, já que há um simulador chamado PLCsim. Agora você vai
colocar a mão na massa!
Tela do Portal
Tela do Projeto
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Comece
o seu
projeto!
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Passo 1 – Crie o seu projeto
Após abrir o STEP 7, clique em “Create new project” no portal “Start”.
Digite o nome do projeto no campo “Project name”, nesse caso
iremos digitar Partida_Direta_CLP e clicar no botão “create”.
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Passo 2 – Insira as Instruções em Ladder
Para acionar a saída do circuito, utiliza-se um contato
normalmente aberto. O contato normalmente aberto energizará
a bobina (saída) quando o botão “start” for pressionado.
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Passo 3 – Endereçamento das
instruções com as TAG’s
Nesse passo você deve deve associar os contatos de bobinas
inseridas com as entradas e as saídas que a CPU possui, além de
criar as TAG’s que identificam o contatos e relaciona com a
aplicação que está sendo desenvolvida.
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Passo 4 – Atribuindo um IP à CPU
O CLP utiliza o protocolo de comunicação PROFINET com a camada
física ETHERNET, portanto é necessário atribuir um endereço de IP à
CPU.
• Clique na porta PROFINET (entrada conector RJ45) para acessar
as interface de configuração. É possível também acessar através
na aba “General Properties”.
PROFINET
• Selecione “Ethernet Adresses” na janela de inspeção e
modifique o endereço de IP, para 192.168.0.100, por
exemplo.
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Passo 5 – Download do programa
do usuário para a CPU
PROFINET
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Passo 5 – Utilize a watch table
para o monitoramento.
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Passo 6 – Monitore a os dados da
CPU.
Para monitorar as TAG’s do seu projeto, você deve estar ONLINE com
a CPU. Portanto, cllique no botão Go Online na barra de
ferramentas. Quando você está conectado à CPU, o cabeçalho da
área de trabalho fica na cor laranja.
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Você pode observar que as saídas e entradas acionadas na “watch table”
e na lógica feita em ladder, apresentam coerência com os LED’s ativados
no CLP.
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• Na SEGUNDA ETAPA a chave “START” é colocada na posição
OFF, mas a saída do motor continua acionada, e deve, pois a
ideia é que a saída se mantenha acionada, dando a
possibilidade de utilizar um botão do tipo push button, como
observa-se em muitos painéis elétricos. Essa técnica chama-se
de contato de selo ou latching.
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• Na TERCEIRA E ÚLTIMA ETAPA a chave “STOP” é colocada na
posição ON, e como é um contato NA (NORMALMENTE
ABERTO), esse contato se abre e desenergiza a bobina
“MOTOR”.
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Conclusão
Uma abordagem mais prática no estudo de ferramentas de
engenharia, como a que foi apresentada neste material, torna a
educação nesta área muito mais eficiente e rápida, pois ao mesmo
tempo o estudante estuda a profissão ao invés de conceitos abstratos.
A utilização de ferramentas de automação para otimizar
equipamentos ou processos torna-se muitas vezes desvantajoso, mas
não é pelo preço, e sim pela falta de mão de obra com conhecimento
técnico especializado da ferramenta. Você sabe que quanto mais
automatizado um processo ou uma máquina, mais complexo é o seu
projeto, porém se bem especificado, você conseguirá extrair o
máximo desempenho da sua produção e consequentemente tornar o
sistema muito eficiente. Porém, a abordagem da educação
tecnológica brasileira ainda está muito estratificada, apresentando
conceitos muito separados mas nunca os relacionando com a
realidade industrial do nosso país. Você conseguiu observar que o CLP
traz uma visão sistêmica da automação, pois ele é o cérebro, ele é
quem conversa com o seu sistema. Para o profissional de elétrica e
automação é extremamente importante estar envolvido com a
automação, pois as empresas buscam curto prazo para otimizar sua
produção e o melhor caminho é automatizar ao invés de capacitar o
profissional que é a longo prazo. Ou seja, as empresas buscam um
profissional já pronto para o mercado. Por isso considero que o CLP é a
ferramenta mais importante e mais viável para se especializar em
automação, já que abrange muitos setores da indústria brasileira,
desde fábricas têxteis, a petroquímicas, montadoras, industrias
químicas, entre muitas outras.
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