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Tratado de

} História das
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· Religiões
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Mírcea Eliade
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Publicado pela 1,tio1cira vez
em 1949, o 'Prttlttdo de l1 <t6rla -
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das 1tdigiôes, de liréé:à EUadc, CFCH UFPE,
é hoje 0111 clássico do
pensan1ento conten1por.1nco,
tendo servido de base de
trabalho â 111,1merosas ger.1ções
TRATADO DE HIST ÓRIA
de cs111tliosos e simples lcitor1:s. DAS RELIGIÕES
Esta edição bras;lelra da obra
inclui o im_portanre prcfáôo'cte
Gcorges. pumézil. N:tSCido na
Romênia em 1907, Mircea Eliade
in.Stala se cm Paris após a
Segunda Guerra Mundial.
Jecio11ando 11a Écolc Prar.iquc
dcs n1tes Éludcs. En1 1957 é
11001eado professor do
dep:utamcnto de hlstóri> das
relig.i(x:s da Universidade de
C)\ic:,go,-0odc. rman Sté •
'riiórte, e11119 sua '.!funa
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Outros títulos do nosso 1otólogo
Andrl Con1te-Spo,u:ille
O espírito tlO a(cismo
TRATADO DE HISTÓRIA
DAS RELIGIÕES
MirceaEliade

Trm,h.i ,;-
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FERNANDO TO:-.tAZ
NA'TAUA NUNES

Martins Fontes
Silo J'ouJo 2008
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ix: O,oól z. e,co
Sumário
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Jf>Nt tt,..,..
� 0 l'ft-.t t.i..,l'flM,<mv hff..
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P,t/ádo d Gtórges Dumh)J ................................... IX
l'.re/dci<> d() auJQr ............................... , .. ... .... .. .... ... 1

1. Aproximações: esttut.ura e roorfologia do sagrado 7


U. O CéU! deuses uranianos, ritos e símbolos celestes 39

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1

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Ili. O Sol e os cultos $0larcs ................................ , 103
"�.ll:l<llto-LMJ IV. A Lua e a mísúca lunar.................................. 127
11,,,....J.""- V. As águas e o simbolismo aquático . . .. .. .... ..... .. .. . 1S3
"""'' 0.\1.,AI, (M'..,· ... 1 t - VJ. As pedras S3.$,radas: eplfanjas, sinais t formas..... 175

-· -tCD'I
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Vf(,te
. """
VU. A Terra, a 1nulher e a fecundidade................... 193
(Jf4'h1,'w, Vlllr A veser..aç o: símbolos e ritos de tenova,ção ........ 2J3
IX. A agricultura e os cultos de fm.iUdade .............. 261
;<. o -ço "l!lrn4o: templo, p,'lla o . . . C{ntro <lo
,.m.
0 - l o d. . . . . .
«.""'"" 11..a,1,. •• i,r; ""'"'O n\Urtdo'' ....•............................................ ...... 29-S
n . liin•ttk,,
llllidt. M...
r.. ..... ') ffi..k ; ftl)�
,1.,. tdli,(-,;, JolA,e
XI. O tempo sagrado e o ndto do ecerno ,ecomeço ... 313
Fiou. . Tm.u.N..U. � • :I' - S:<
!l i 1-....; .1w1n. XD. 1\-fortologia e função dos mitos .... ...... .. ..... .. .. .. . 333
f'(+l,,_,:.'nll.
Xlll. A estrutura d0$ sf,nbolos ................................ 355
, Tl'"-t . , ., . . d<; .. � ..
, ..... ....ie ....
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1511Nffi<3J)lfl,$ CJ:onclusões ................................................ ........... 373
1,11),(l�t Rd1ji'llol - 1 � 1 . ni.tc,. Dlbllogr{iffa , ...................................... ................... )81
�\U) Notas ...................................... ,........................... 441
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1.k,fv . ., � :»).')

T<!dt.u Of tlirr.M/1d!� .-Ji<m> _ , . , , , . 1 , o s a


Li•'t'flrit ,'lf4ffl"1 Fontr, &lliMl Lldú.
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<'.-U:Mf,n,;,rltr.<,f;.,r,1.Ntrf.,.,ro,w.b.r A�'"'"-o'.<1.�.$4Si.lt..,,.,-..W
À n1en1ória de Nina
Prefácio de Georges Dumézil

/','ão se pode dfur que 11s cilncias enve/hecent deprtSSá no


,,osso skuló, pois tf111 o privilégio de não «>rre tnt p11ra o pró-
11t1fl 1nbr1e. No entonlo, como ,nudant ruplda:mente de aspecto!
11 C/éncla dos religiões .é <'lnno à dos niímeros ou o dos astros.
fld uns cinq-Nento anos. roh,,ez 1nenos. julgá••arno-nru· muíto
11rd.xilnol' d t t.xpllcar todas os coisos ao reduzirntos os Jen(Jn1e-
11os religiosos a 11111efen1e1110 c-0n1t1m, dl$$Qfi-end<ros nunu, no·
(ffó tom/)étn co1nun1 à quál da,•,t u,n no,ne .. do" nós'nta·
r.rs do Su/:.itesde as ,n,tls sell•agens às n1ais ració11ais. as rt/lgldes
,1ho Ope,ul.S c-0ncretitaç6es \'arfados do famoso 1naoa,. (!$$(/força
111(stlct1 espgrsa, setn contornos próprios ,nas pronta o encerrar-
.,e e1n rodos 0 $ tontornos, lndefiníirel nws caracleri;oda pôr ess<1
lrt1potêncl« em que daxa as noss.as palavrw·; ma/QrÇ<iprf$tnt
t11') rod<>S os lugares dos quais Sé podefttl111 de religido; e pala-
vras ,,recü>sas t·(uno sacer e numen, hSSD4'S e 1hambos, tao e até
u ''Graça·· (/Q trisriq11fsrt10 são wiriontes suas ou seus derlva<los.
V111a geroçdo de pesquisádares dedico,,-se a tstábelecer essa uni-
J(J,.,,iidade. E tab'f:'Z ti•·tssem rati!o. Pott,n, ,npis lorde, veio a
per.cel>er-se qut nlio alcantara1n grandes resultados: lio,•ia111 d<,.
r/1> ,1111 nome bdrbofo a algo· que sempri! / a , con1 que ,,taJa11tes
e txpforodores rec.onhe,:e:ssem, sem errarj sol> o seu cordter espe-
c(lico, os afos religiosos que euco11tral•atr.. E o que 110s apallt."'1
1/l'.Ít' (tnno surpree1uJe111e, Q que reda,na estudo, j á hliO é essa
/orço difuso e confusa da q11al se en..,'01t1ra uma noçifo por todo
q lódo, 111os que só é a ,nesnrb pela ra:do d e q11e ncerca dela nada
,'ftr 1X1de di:u-, n,as os estruturas, os mecanismos, os equilíbrios
rxu1stl1111l,•os de iodo religião e de/inidt>S, discurs11•0 ()li shnboli
t,"d11te11te,. eu, toda teol()gio. rodá mllologlll,, todn /iturgio. Ch'!gou-
X TRATA.DO DE-Jll!iiT(jR/;t l>AS R.El.lülÓES
ftHIJi''ÂCIO DB ótokOES DU,t.Jt!:"tll XJ
s e - ou voltou-se - /J !<Ilia a, que 111na religiâ<> e 11,n slsteiná,
d(ferencl«do de todo a poeira dos seus elcmtn1os, um pe11sa1nen- 1Jttfllário rtlo1h•a1nente a <'(t(Ía donuí,io t o codo penódo. /'lo \'ti'·
t ô articulado, u,110 e.vpll<x«;üo do ,,,untlo. Em resunto, e sob o tltkle, esj<JrÇ.() 1e,t1 se realiwdo, ,r1ell!or ou pior. ,nas, no 111ols
signo do Jo.gos e niió Sôb d do mana que s e situa hoJ't (I peSIJuisa. tl/1.J 1•t•.:,•s: bostante btm, eni todos tJS épocas.
fiá u11s cinqüinto onos, 10/1,•tz ,nenos, qualquer antropolo· 11. f i msegundo lugar, se as <Jue.sfões de otigen, e d t geneR•
gisto inglês ou s<>eldlogo Jrtt 11tl s le•·a111ava, so/idario111en1e, d<ds to,ta JQran1 complero 1ne11te olx,ndQnadas. vol á a1n 11() e 11ta11t()
a,nblclo.ros proble,uus: o do origent dos fotos rt/lglosos e o da n $1,tgir, de tt1odo n1a,'s uu1de:5to e SQt), "ptO{J()Sllo te t(Jdo u,na
genealogia das formos relig/0$(1$, iWemorá-.·ei.s batalhas se tro-.·a· rlnl' descriç&!S, geogrdflca e /,IS1órfca,r1e111e Cif'!'!":scr,tas, qut O<XJo
ro,n h \'Oll(l do Deus Santo e dos toten.s. Algun,os escolúS citam l,nu1 tle ser 111encionados. E,n n,utbia de rel1g1aó, COtt'IO e,n ma·
os austra/;anosca,no Q S 11/lilnos testempn/,os dos/onnas e/enten- tdria ,fe l,'11guogei11, todo estado s6 se apflca, º'!não expllca,
iares da ,;ida rellglosb, O/Jtras opõe111-/hes os pign1e1JS: se os prl• ,,or 1una evolução, o JJOrtir de estado an erlOr, con ou J.t'm
.u,n
.melros slio, e,n porte, po r.os paleolftiCO$, l ) S segundos 1uío serão int<'.T,-tllçd_Q de ;nf/ulncltJSC tcnor . Dai. l'drros d,:,m?IOS. de fW.S·
ai11da n1uis arcaicqs, pois nu,! se ,ifMlam de 11n1a co11diçõo e,,,. ,1111.$0 e \"<Írlos tipos de n1[1odos ,guoltntntt necessar1os.
brio11drla? Dls(u1lu-séJ.'óbre a gênese do ;qeia de deust Mró Jndt· JJ Paru os socledodes que, há mais ou há n,ettos lfnlpo, p(JS·
pe11denle do idila de alnta ou 1eri11 saft!o dela? O cu/lo dos 1110,. nt/tr1t111 11u1 literatura. ou pelo 111e11os docu,.nent()S escrr1os_, o e.stu·
tos ,,, ria o das forçás <l<i ,wiurtl',O? Perg11nias gro\,ese... •'il$. 1/0 tia história religic,sa não é ,nai.s do qur um CrlSO part1c11/ r da
Tais J)()lémicas, freqúente111ente- calQr()S(Js. it1Splróra111 livros od· Jilrf<)rln da civUi.;:: úçho, 011 du hist6rla e111Wllidó ts1rlto, e, tantó
,,u criticá cor,10 110 t·ons1ruçd(1, 11.io emprega oulros processos.
miráveis e, Qque ainda é n1c//Jor., PfO\'<Xórom observações e cott1·
,:,ifu s. J'fllls nbo /oram exaustil•as nen1 de pleno bilo. Hoje, ,1., "g1'ottda rtJlgiOes » , como o b11distno. o cristlnnfs,n10; o m ·
c pesquisa afosta;se delas. A cilnclo dos rcllglbes delxtl pura os t1l(/ 1tt!Íl·1110, o isJami 1110. representam este cas,1 ao "'"Fm_o, /J'OIS
fildsofos a questbo dM origt11$, 1al ('ón10 fez, u1111,ouco 011tes, 11s1u1 Jiteraturo ren10 11ta pouco 111ais ou mtJrOS a pnnc,plM da
'1 cll11c.J,1 <la /inguageut, conto ji'r:eron1 1odO$ tJ$ outr(I.S clf los. ,u•of11çiio. Aliás. todos as religiúl!s ,1,n ,x,uco anugas deJJendem
.Renuncio Jaml.>etn o prescrt}-tr ri J)OSterioi:í, $t> assim-se pode di· tloS 111t!Smos 1nétodos 1111 ,ienor grau, a portlr de,cerlo ponto
.do
ttr, páT(I as .fornttJS rdigiosas do passado 111110 e,'()[uçõo-tipo, uma 1ru desenvolvimento, e cóm ti co dição d e que tenho obfl<fo
n1úrc}10 forçosa. Quer nos coloquettt<>S no séc"lo ) ( X ou is niil /to 110 infe.rpllt(lfbo das prirr.e,ras Jom1os ·erifi<,'(J<f(fS.
? ,'rftJS esta condíç,io é dij'fcil de 1.'1tn1pr1r, e encont O•Se a
an().$ antes, 11u.nco chtg(!lnQS multo longe un ·ido d t qualquer JJOf•
çli(J dc, h,un'1nidode; apenus conseguin1os enoonlroNtOSdionte dos ,11es 111a dijic /do(fe eJu relu iio bs religiões s6 ,nul10 Jard1a e r
resullados de. u1no1noturaçdo e de ócldenres qut rxuparun1 dez.e- ,·,u,tc 111e11te e<1nsidtradas: por roz.iWS d1wrsos, tanto <J.lelt r de
,u,s de séculos; e di$1nol· l!nliio q11e o polinlsio e o indo·eurQJ}(fu, Stret,/()W tomo o leitor dos Veda$ sofre de Igual defic1ênt1à de
o stn1ita e o chinês chegarant às suas noções religiosos, õs CO,if/· \•b·llo re1rosptc(fi.VJ, )]Qis an1bosse e11conc,·a1n i:eranre u,na estri,-
gurações dos Seus deuses, por vias 11,uilo .dii•erl·as, ainda que se turo rellglqsa cotnp/tlá, e até diante <le u1.n(l / ter tu ". rtllfioso,
n0l('ff) S(?11ttlh,1nças 11os po"los de chegado. uia.v clesprõ ·ida de qualquer ,uelo de expbcaÇ.<tO J,,s10,r1ca, tslô 1.
E1n ,fun,a, o tendência atual é o de ••t.•o/lór a sentir", <'01no tfttxpllcaçõó pelo anterior. Ora, trttl!'·se do coso 11tll1S geral, que
dizia Hei1ri Hubert, de registrar 110 sua originalidade e con, a suo d o de! ttJdas os religi&!s exóticas descritas· pelos exploradom esde
co,nplexidútle ossislenuu religiosos quefo,ran1 QUsã<> pro1lcados e, s«.1110 XVI até Q sêculo XX.· e de iodas_ as rellgltJes pag da
em lodo o mJtndo. l1,fas co,,iq se exprl>ne tssa tendin<'la? Que g i . liur<Jpn, i11cluindo a (/e Ron,a e a dc, Grk10,· o caro t rtllJ!,1ões
1.1erQ de es1udos a of11t1e,,1(J? elas antlg<>S PO\'OS sem{tJ e da Chin .•"!est! do!"""º. t sobre
f. .1tn1ts mais, clescrições cada ,•ez. n1oi$ exousth•os. Ernó• este po11to, ú ttJrefo da ctenclo das rellg,oes multiplo. .
a) &1 pri_,nelro J11gar.. e n(!tessárla unia hn1pe;,a, fH?IS ases·
grufos e hisJoriadores, cqnfor,ne os cusos, ,•llo 11cu1n,1/(i11do ob- 1reb'1rltJS de Augias t$tão at11Jhados. As gero_ç/Je$ a11Jer1ore os
.wr\•oçõei e documentos de todu esptk.it e ltntam con1preender
rlili.'(óruur explicações que. de n1oneiro g:erol, e -e,n ser re;e,14·
aquilo que ts·Tllbllm 11n10 unidade 2 o car&?ler crg611ieo desse fn.
dtts., ,1uer sejo,n absurd as, quer ra;,O<Íwrs. A rendlnclo geral de
XII 1RAT..fD0.DB HISTÓRIA DAS REl.lGlôES JiRIJf!ÁCJO DE GEOROES DUJ1É2.lL Xlll

todo lristoriodot especia/iwdo. no ,r1orne11tô ei,1 que nn,o,uan- l'1•1nüicos. e hoJt JXltO os po,•os ind1>-euJ·apeus. °l'e r«011qufs11;,. .
do o curso 1os séculos, chega até a,penu,111J.>ra, depo a1i as1re- tólll u1n ou dpis n1ilellios Sóbre os 1empore incogni1s4 Proveito
M·asso, se o con/ron1or111os às an,bições de um Taylor ou até de
vas, é ti de tmoglnar unta cuna pre-histefrla. que proJongu, ,·ont
o ! enor eeforço possível, os pr;,neir-os do,:11111en1os alé unr hil)(r ,,,,, Durkheiln. mas prO\'tito móis seguro e() qual, se entre-.-ê• .se 4

tettC(> Ç-01'1e( 01}$.()/uro. ex nih.ilo. Os lutinisrQs. lico111 € /or- td slgnf/lCIJlivo paro c:onsfruir tr,jim, uma hlsrória.no1ural does-
111nçlio da rel1gl/ío ronzano a partir de \'OS numina (<:enlros de 11/rito l,umano.
man !), dos q11ais so,11cn1e alguns, que se ben.eficltun de drçuns. . 3! Uni 1erc:eiro gênero dl! pt;SQ1'/sO$ interfere c:-0111 as prec:e4
tã111as isf_óricas, se ltri01n COrtCrtlkt,do e,11 deJISes f)é'S$(J(l/s, MJti- dt•1 1 tts. Assim co,noa(} lodO de uma tin g üfstitú descrith•o, de unia
ros 1nd1a,11.stos ai'!da lênt dlfj<·uldade e,n s e eft1stor (fQs miragens ll11gijisfica })islóriCó (co111 à suo -.•oriedade, o lh1giiislico ct>n1pató.·
de i'lllax MiJlltr e ;u/ga1J1 óuvtr os chanrres w.die<>s exprimir asJ !
(
.(f tiva de cada fa,nfJia), há lugar para u}na lingüística geral, assil11
ções naturai.<; do ho111en1 Ptilnitivo pera,,te o grande Jenôme11o 10111bén1 i.necmdrio con1paror, se111 se voltar a<>StrtôS de outro-
da nalurew; e as outi·os >uio e:rtõ<> 111111!0 longe de Vért,u nos hi• t:U - j d 1WQ ge11tu/ogit<imt11te n,as tip0Jogican1ente - , na s es
nos P!!rasfa u ias <lb itn_oginaçdo e de e s t i l o - outroforntà de /ruturas e ,,as evoluções n1oisdii1ersas, ú( fullo que qfiguraco1u-
crláçao ex n1htlo. Tudo 1$$() t! anijidol; temós de recon)r« er e ,,u,ávef, as,(;,nç:(J(:s rituois Otl conceituais que se e1t<:011frun1 J)OI'
rey.efar$ t
!
$
!
.( artiflcio. lodo o lodo_; os representaÇ6t.S que se i.mpõe111 ao ho,nenr, seja
. ) A seguir, 1ma (IJ'eja J)()$itil•u, q1re tq1Jirole a pl'o/ongar ele quol /or; aquelas que, quando coexi$.lem, ogen, e reoge111 ge·
ObJelt\'O.lllente u h1st<Jl'10,. J){)r processos co,nparatfvos, a ga11/Jor rahueniJ! ,uno S-()bre (I <Ju1m.
alguns séculóssobre a pré-histdrifl, Comparando o lôtenlis,nod()s É necessdrio estudar, poro u dtttr111Fnor constantes e •·o.riti 4

fJruttta c:on, f rn,:©· a11d/Qgas. t n<>entanto diferentes, pr111iaida s \·elst o me(ártlsn10 do 1:1enso111ento müico. os rela,ç6es d t 1t1lto e
los ()ut'?s 1n,hge11as da Austràti((, fof possf-..el definir un, sen• das outros portes da rtligiho: as comunicacões do n1i10., do con·
J1 pr01'0•·el de e,.•oiução o J)(lftfr de um Sfodo antigo (nllo prl- 10, da h'/stdriq, do filosofia, da ane. d o Sónlu>. É necessóri<>
111111•'<>, cer1pme11te), de um tstado co,nunt: quer por conrunido oofocarn10-11os en, todos os "obser ·ot6riQs de s!ntese" que s t
de de origent. quer por ;nterações seculares, Q S (1USlrolia11os f o t . 11p1esen1a1n - e são en1 n1ín1erô injlrtlto - e, do afio de coda
otn d fato u1t1 "ci'rc:ulo culturol''. e é.pc,.s.s/,.•tl. mutat:is n1utan4 ,un dele$, <XJllstituir uni repertório que. rnuitat ve_zer, 1160 ltd 111
d1s, aplicar llssuos religiões. às suas civl/Jltlfiks. llS t>l'ô#! Wc:o,n4 tJidir num probl n,a p1tJ(JSo e oindo 1ne11os 11u1na solução e111 §t•
parot/ "()S que J}frtnftem ao li11gi1ISt(I, quond<> este dispõe de u)n ,uiprovfscjr;a, e será incotnpletô c<un<> todos osdiclondrios, ,nos
gn,JJ!) de ilnguas geneticorntnte aJJ(trettfadtJS óll aproxltnmJas por q1,e/at.ilit<1ttf, escl11rtetrd, i11spirard os pesquisadores c:ô111pr<>11:t,.
11111tntenS() jogo de contributos, induz.ir dados certos e prec.iS<>s tidos ttos estudos lri:.16ricos, onálltlcos <,u co1npo.t0ti ,os j â defi-
acetca dó seu f)O.SSbdó. A Polinésf(ll di,•ersas-zonas do Áfrü:a Ne- nidos. Tais e,npreenditnentos proporeit>r.or(lm j d o conuuldo de
gra do A11u!tlru pern1ile111 amplan1&1teo emprego desse 1ué1odo. u111o·imp0rtante llleroturo, pois se contit111an1 de há 111uifo e,n se-
D<r mésn,a maneira, ao co1nparar1nos os forurM de religf{Jo gundo plano, enquanto te<Jrias mais ruidosas <>CUf}tUtt sucessiw, 4

,,,ois N!n1010111ente •·erificodas eu1re db,ersos po,,o:; que nflo sesa- 111tnle as ll.te.n(6es. Assün, ten1os as c:oleções de dados "agrários"
biont nen,. se ro11/1ec.io,n ,no a/JOrentod,os, desde. o comero do de lfl. Afonhardl e d t J, O. F>'(Jtcr, as 1t1Q11ogrofios - cito ao
suo hlsldr1a. rnasdos quo1s sabe,uos hoJe, precjsonu:nte pelo CQII• OC(J:$() - sobre. o santuário. ô aliar. <>Sücrl,ffclo, a soleIro da por-
slde.rafão do SUb llng110, que de.riV<un por·dlSJMrsão de um mes4 ia, "dança, sobre o pacto de sa11gue, o c11l/o da árw,re, dos ó.lios
1110 po ·o pré,.hislóric:o, podemos fazer lnd11ções provd -tis acer 4 cu111es ou das águas, $0brt o JtiUU•Oll1üdo. OSCQSl'1Q80nUJs, os ,na.is
co do religião desse J)0110 pré-/Jistórloo e, p o r co11Seqiii1 1cio, ace,-.. Ylltiad<>S onin1ai.s, no ntedida etn qut constituqnr ele,Jfentos de re--
C'! dáS e\•oluç ''<trtad_as que, a partir de:;se pontoji'tO, recons- prek11tai,."6(!S 111/tic-as, $Obre a ,nfstico d0$111ímerru·. sobre as prd-
licas sexuais é Céntenas de outras, r digidas JX)J' a.utQres que não
1111!/do 1110s lla<> arb,trorfo, t-Onduziror,1 o s pól'OS dele derivados
ate seus tRS11t;r.ti\11>s lhnlores hi órf co,_s. atê os 1>rlmefros equi/f. B
se prendian, a ,1e11lrun1a en"i>la. N.fló Msultar dtJI u,n eno1n1e
brios conhecidos dos SUi/$ rellgl/Jes. E asstm que, paro os po ·os omo11toado de est'IJrios, tofl e;. ,nais c:01tsiderdvel d() que o fr,,i.
1
l'H.1'/:.(C/0 l>E ÇEORGES DUJ\f.É-Z.IL XV
XIV TRATADO DE, Hl:STÓR.IA DAS REL/CJÔl!S
,, 01>11'6ncio e.'<lerít>r de unt discurso profi111d<J; esta ,norfologío
.do. reah11en1e \'O/i0$0: e.ssos invesrlga('Ôf!l' tt111an1 tó11STan1en1en- 1/1} ,f(tgnido traduz si111bôlit,11ntnte 111t1a dialétfca dó sogr<tdo, de
.te autores n1al ptepó.rbtlos, ou den,osiodo apressados, ()11 JJ(JUCO ,111t1 u ,1af11re.w nao e ,nais do que ô supq11e. E afinal uma "filo·
,Có11Scienc·iosos., e é a( que o cltor/ator,isnt-0, qualquer QII SQ o NU}i'o, antes de Jodos as filosoftos n a q;,e JIOS s11rge O$Siln que ôb·
u rótulo, "sociológico'' ou ourro. in·stolo> dóg111ati;.a e por Si'l'Va1t1osas ,nais humildes religiões, rest,//(llf/e de 1 t f f l esforço de
\ ponli{tCuéó1n a maior facilidade. /\rãa intpor10: cabe ao pr ri:i:pflc.açiiQ e de unifi<'<lf40, de r,rn esforç,o para a reorlo e1n todo
Jessor de ·'história das religiões", con,o S.:? di{ proprlan1e1ue1 o .l't•111fdo da J)afavra: o prestnre fluro for-11os·áse11tir todo á sua
parar <>trigo do Joio prt. ·tnir os estuda11ies. cotrl!nclo e toda a suo 11obre4a, t 1u111béi11 a sua 11nifor,nid<tde
Tais são os três do111inios, ou QS lrll-s 1,0,ttos de Yista, que (1111e 11bro11gt u Europa) - wna unif<Jrmldade que, certon1e11Je,
divide111 o hiSJóri(t das religlacs. Podem& C()nsen•ar a esperança 111}0 1le\'en1os.exogtror, mas que reduzjelivntnlc a vertigem de
,de qut_st u,rt11n um dia, ainda distante. cn1 u,,,a sfnlese hor,no-- IJttf sofre,n por ,·t-zts os prllu:.ipianles perdidóS 110 loblriJ,to dos
nlosa, /orruondo o quadro ct),nodo de un1 S(ll)cr itu:on1es1odo. falo<.
JVetn seq11er os nossos bisnetos vlrllo " ver m t s te,np(>S felizes. 8e111 e11tendido, A-tir,'t!a Eliadt Stlbe melhor do que 11ingul11t
Por 1nui10 temp ó ainda roda um trabalhar.d nunta das ir€$ t111e toda à síhlese desse gênero co,np()rl" e requer 1·""ª to,nado
isolado, tani<1 t>S historiadores espe,·iolistos cot110 OSCOMJ)(li'atls· ,!e atitude, vários pos11tlodos que a sua efü·ór:làjustlfica, ,nas que
J-OS dl)$ dois géneros (genták>gls1os. 1ip0logistas), ignorando-se ,Jflo /JeSSQ(lis, portonUJ provisórios, pelo 111enos ptr.ftttfvels. Alieis,
,111uruo1ne111e 11r11itos·lteZ)"S. guernu111do-se PQr \'t"Zt'S e 11/Jrapassan- t',\',ft! (1$/JCCto não é o 1ne-11os olrotl\•<J d<> li1•ro: acerca da es1nuura
d o qs direi1os uns dos outros. Mús, 1160 t ()SS/m (Juese dmn ·ól· 1• /lfnclonotnen10 do pe11samt11fo 11tftfr:.o,. acerca das noçôe:s, tiio
<e qualquer cllntia e ,uiose con/ôr,uand o 11n1 ''plano u preten· ,:ralas o<>oulo r, d t arquétipo e d e rcpctiçr.o, enro11tror--se-ii1> idéias
.sam€111e secular? r.lnras e eu·/artttdoros. lls quais desejomru· não uu10 longa •·ido
/lfais llnu, razio, pcrta1110. p<JraJUr.e, d t ttmpóS t111.lén1pos (() que niio ilnpórta), 111().S 111t1a rápida e rica /rt tndldade.
un balanfôda situação. É paro isso q11e, en1 prin:eiro lugar, ser-- Fi110/menJe3 este livr<J presta,nos hoje, -ent Paris, no Fra11Çó,
· ·irá o ,rotado 1,11blicod(J J)Qr Afircea Ellade. O a111or, proJ"mor ,,,,, strYlto especial, pois te111os de co,v'essor oue, .,;e os hisioria-
,(/(!. hlstórla dbS rtliglOéS 110. Unlversidade de Bucareste, cedo sen· dores do trlstlo:nlstuo. do b11dismo e, d unto ,nane.ira geral, das
Jiu a necessidade de wn "curso de inicioçâQ'' nt';:S$0$ ,natérias ent dl ·ersas religiões sho tntre nós numeroscs, pouqulssltnos dislitl·
que e.oda wt1 se julga 1nes1rc, e que silo d(/lr:els. A ó C(Jbt> dé se.Je tos Pf!S{IUisadores (refiro,,ne (IOS autênticos) se dediCátll 0()$ estu·
IJftOS, 11dun;riiD d/J ('U1'$0, nat u ,s/1 liVrô. Entusiasta, e111preen- (IQ$·M111pn,·t1Jivos e gtr1iis. (}UI!-' porque t.fiae,n un1a pNporJJft]o
dedo1 1t1unid<> de üne11Sa feitura e. de urtr.o Jor,no.çbo pre<:IStl de ,nais d(flcil, quer porque óS amad<JMS, alguns n1uito oficiais, óS
indiantsw, 1\flrte(f Elladt/et.Já 111ulto µ i o nosso tstudo: penso ,tesocrédUo.ra,n. l\'e111 por isso essf!S esJudos sbo ttienos ne,ces.'id-
nó seu , oga. nm três. belos •'-Olu1t1es da revis1a ro1nena de histd· ríos e promissores. A Sol'0011ne todos o s anos <ifrlbul un, "certi·
rio dos religiões; Z.í.lmoxis, e, ,nois ·,ece1Jternc111e ainda, no 11,0- Jic:odo de hist6rio dáS religi&s", con, •·árias esp,Y"tolkoçdes, 1nas,
glslrol ft\•ISlio dos problemaJ do xa,11anisln,0, que enfregóu â nossa JJQr di ·ertido parodOXó, nbó p0$$Ui ensino desta mote.ri(t. F.sse
:Rcvue de l'histoirc des religions. tifrt[Jicodo reduz-se pratic:omtnte a pro.-as de filologia, que d t ·
A o -er os tl1ulos dos a,pOulos. oo ver cof()(-(J.dOS tnt prim4i· fi(ja e 1or110 betn restritos; quontô ao n1als, en, relaçdo à "ciP.ncio
ro plano ,,s dg1111s. o d u . () sol, ta/ytz haja os que se le1nbre1n dos rellglhes" proJ)rio111ente dila. tal <'1.-rtif/W(IO é ttiuito 1>0bre
de J.1ux Müller; e esta recordação s.er-flie:s·d JJroveitoso: o<> des,- e nõo tenho (J ctrlt't.O de que J. G. Fro.;;er. qi,e, ,,ltn, do seu ln·
ceretn dos ti1ulos para o 1exro, hâ<J de \'tr como. dtpols de uma fflF.s, do fron<'ês e dô a/e,n4o, openas dis11unha do grég<> e do /a,,
rt(lfÕO e.«mh;<t r:ontrv ôS exa,ssos ele 11at.11ralisn10, a ct'éncia das tiln, tivesse sido apr<Jvado na suo espe-1..·iolidode de "religião dos
7eligiões re,:011J1ece hoje o im1,ortá11cio dessas re1Jresen1ações, que poYOS n11o ci-vi!iz.odos". O que ttri,, sido l1nnentd\•el.
:sÕ() o ,narêria-prhna ittois geral do petisarnento 111/tico,· 111as ,·er•
-se-d ta111bi,r1 que tl lnte,pretüçâo é 1nuUo dlftrt11te: ,S/0$ hiero- Ooorge:s Dtttnt!t.il
Janias cóstnlcas, co1110 diz Alirceo E/iode 11âo são n1ais do que
Prefácio do autor

A ciência moderna reabilitou wn princípio que certas con-


Í\J!IÕCS dó século XJX oomprometcram gra"emente: é a escalo que
,·,la o fe,rón1eno. He«irl Poincaré perguntava a si ptôprio, com
Ironia: ''Um naturalista que só tiYesst siudado um elefante ao
111icroscópio acredita1ia oophocer comple1am-en1e tste -animal'!''
O microscópio revela a Wl'Utura e o mecanismo das -céloJas, es .
u·u11.11·a e mecanismo idênticos e.m todos os organismos plurice-
lulares. E 1lâO há dúvida de que o defan·1e é Ulll anitnal pluriceJu-
lar. Mas não serti OlaÍS do que i.sso1 À escala microstópka pode,.
n1os conceber uma resposta hesitante . ..-\. escala visual humana,
que 1e.1n pelo n,enos o mêrito de nos ap:resen1at o elefante como
reriômeno zoológico. não 11á be:1itação possível. Da mesma Di.'I·
ncira, um fenõmmo rdigiosQ so1neote se revelará como tal oom
a condição de sei' a1>reendido demro da sua própria modalidade,
1510 é-, de- ser estudado à escala religiosa. Quertr delimhar este
fenôn,eno peta fisiok,gia, pela pslcoloaja. pela sociologia e pcln
ei!ncia econômiro, pela lingüísika e·pela arte, e.1c-••• é traí-lo, t
deixar escapar precisantente aquilo que nele e'.':iste de \,nico e dt
irredutfvd, ou seja, o seu caráter saarado. É verdade não e.xisti-
retn fenômenos religiosos ''puros", assim co1no nllo há·feqô1nc·
no: única e cxclush•runente religioso. Sendo a religião un,a ooisa
humana é também, de fato, uma eoi.sa: social, lingüística e é«I·
nôn.tlca - pois não podernos conceber o home1)l para além da
lingt)agem e da vidn coletiva. i\·las seria vão querer explicar a l'e,..
Ugião por uma dessas funções fundamentais que delinem o ho-
1ncro, cm última análise. Seria vâo pceteoder xplic.ar ,\,fadame
8QV'1()' por uma si:rie de fatos sociais. econômico-s. polltioos -
<1ue seriam indubiwvclmentc reais, mas sem couseqilências-para
à obra llttnli'ià <ili Si.
1'RATADO DR HJS1'ÓRIA D.-tS R21.10/Õt:S
l'Ri<tt (C/0 0 0 AU'róll l
Paro não sairmos do nosso âtnbito: não pensan1os contes:1ar c1n nenbun\a 1>arte se encontra uma rclig_ião simples: rcd da às
<luto fenômeno religioso possa .,;cr em \1ft:ima instância encarado hlcrofanias dementares; por outro )ado, essa cxpos1ç!oína pre+
de ãnguios diferentes; mas iruporca antes considerá-lo em si mes·
tno. naquilo que contêm de irrcdutiveJ e de original. A tarefa não i:IS:1men·te contra a (malidade propOSta, que é a de mosttar o que
é fácil. Pois, se nâo Sé trata de deflllir o fenômeno religioso, trata· ,,llo os ratos de religião e o qu-e eles rc ·el nt.
1 \ \'ia ·que-. segui1nos, se não é a n,ru..s s.u)lples, é pelo_ menos
se peJo tneuos de o circunscrever ê situar no rottjuntó do s outros
objetos do espirito. E. corno nota Ra&er C.iillóis na abertura do 11rnUi$ 3cg ra. Começamos a nosst\ ui.Sa pela <":oipOS1Çiio de
seu notável Uvro sobre L'honrmt ti /e sacrt.: "No fundo, at-crca 111gun1as bierofaniai eóslnicas, o Céu, as Águas, a Terra, as Pc-
do Ságr(l(J() 1 cm gera], a ónica coisa que. se pode afirmar valida• drl)s. Se escolhemos estas classes dt hlerofanias. não fol _por ue
1nente está. contida na própria definiçâo <lo termo: é aquiJo que tl'I con.siderásscn.1os como as mais antigas (o problcm h1stónc
se opõe .'10 que épro/0110 2 •A )XU'lii" do momcnco esn que nos de+ nl\<, se coloca por eoqua.010), lna.s l?Qrque a sua <lcscnção cxph-
diquemos a preci.sar a natore-ia, a mod3ljdfade desta opooição, es- c . pq1. un1 lado, a djalética do sagra:do _e, lo ou1ro. asestrutu•
barramos com os maiores obstáculos, Nenhuma fórmula. ainda ftlt segundo as qus..is o sagrado se constitui. Por cxC1nplo, o cxa-
1ne das hierofanias aquáticas ou çefestes pro\'er- os-á urn l.»a-
quç efe1neotar, é aplicável à compkx.idade labiJ'í1nJca dos faros.•• 1Crlnl documental apto n le,·ID'·nOS à oomprten ,to_: I .+de , d stntJ.
Ora., nas n0$S3S pesquisas, cm pri1neiro Jug.U" siio Q.$ fatos que do exato da tnaoifesiação do sagrado n<s ntve1 cosm1c s (o
nos intcrCSS,'U)), essa complexidade labirintica de fatos que se rc· c. éu e as l\guas); 2 , cl3 ooedida em que s hierof ntas uran1anas
cusam a qualquer fór1uula e a qualquer cLefiniça.o. Um tabu, \lm ou t\qu:.hicas CQnsrjturm <s.trulurru autonoma_s. isto é,. rtvelam
ritual, um sfmbolo. um demônio, um deus, etc. - ... eis alguns uou:i série de modal.idades con1plcn1cntarcs e 1ntcg.n\ve1s do ·
dos falos de religião. Mas seria uma simplifleaç1io abusivã. a de
:tptesentar o processo por esta forma Linear. Na realidade, ett· ittndo. Pau.arffllos ctn seguida às hiel'ofartlas blolóS,icas (os n,.
contramernos na p1es<nça de unta massa polimorfa e,_por ,·'2Cs, 1110s lun;1,cs, o Sol, a vcg.cuição <- a agricultura, a sexualidade,
i:.tc ... ), depois às .hierofao.i::i.s tópiCM Ougares consasrados, tem·
aié ea,óliC'â de. gestos:, de crenças e de teori3S eo1lstitutiva.,; daqui• plos, etc ... ), e finalmente aõS mit0$ e aos slmbolos.
lo a que poderentos. chamar o fenôu1eno religioso. De.pois de te-vermos uma quantidade apr(',c.iãv('I dcs:.ses do-
O objeco dà presenle ob.ra é (.()nstitu:ído l)OJ' um duplo pro-
ble1na: 1) o que e a religiâo? 2) cm que medida podemos falar cumentos, estaremos en1 co11di,çõ s 1entat· e t. ai:, DU,'!13 <tb1'3
futura, os outros problmias dá historia das rtbg1ocs: as. fonn.u
<te história das r;eligiõc:s'? Céticos que. sornos sobr {l -YtiJldade <Jç
urna definição prdiminar do fenôntcno rel·igio.so, COfltentamo·nos 'Cllvluns' '. as 'relações entre o ho1nem e o sa do, a an.1pulaçào
<:1n distutir as hi-erofani.as, na acc:pção utals lacga do termo (q\1aJ- do $11grado (os ritos, etc ... )_. a magia e a teh31ão. as idéias ?br_e
q u « coisa que toma manifesto tudo quanto e sagrado). Por con· u aln1a e-a morte, as pessoas consagradas( sacerdote, o fe1ll -
ro, o rei, o inicia-do. etc ... ), as e!a.ções ex1sten1es entte o. 1to,
$cq0êoeia. só pode.remos abotdar o problema da his16ria das ror• o .'iímbolo-< o idrogran1a, a p0ssib1hdade de fundar uma história
mas rt'ligio:sas depois de- ex.arninannos Utl'.I número considerável d $ reliti'&s, etc.
destas llhimas. Uma exposição do fenômeno religioso que vâ do
"''simples ao composto" não nos parcoe de forma nrnhu1nn indi• Isto não significa que ire1uos expor e.p.1.ra amet te cada as-
e;ada se atentarmos aos objetivos e.scabele.cidos para Sl3. pesqui- ""un10, oomo e se tratasse de artigos de cihc1onái:10, C\ 1lan o . p r
1

sa - NferltnO·llos a uma exposição que comece pelas hierofa. cxeul_plo, Loçai· no nUto ou no $ímbolo :no cap1tu,lo das h1erota·
uins aquática ou lu1lares: Lambém não qoerenlos ptontelet q\1e
nias ,:naiS ckmen1ares (o 111011a. o inSQlito, etc ... ), para passar• I' di$cussão das figuras di\·ínas será e <:h.1.siv n1tnte servada ao
mos cm scg·uida. ao ,ottmís1no, ao feillcismó, ao culto da nature- i;at,ítttlo "Deuses•·, etc... Pelo contráno, o lc11or ficara talvez sur·
za ou dos espititos, depois ao.s deus,es e- aos dcll)ônfos, e cJ1egar-
t1lOS (inalmcnte ã noção 1nonotcista de Dzll.s. Tal exposição $<.'fia 111-eciJdido pot encontrar oo capítulo das bie ofa1lias urania s
arbitrária; in1ptiça uma evoll)Ç'ão do fenôru no religioso, do "sim. \i1n numero cottsidcrávcl de documtnto:s relat1v0$ aos de . Cç.
lc:sles e at1\1osfériC<>$, ou de apurar ai ah:tsõc:s, e :ué comcntanos,
pie ;1Q çompo,.to", que não passa de hipóLcsc indemonstrável: re peltantes aos símbolos, aos ritos, aos·mitos e aos Jdeoa,nuuas.
4 TRATADO DE JIJSTólUA DAS Rl?,t,.JOlÔES 1•1nJF' fc10 1)() AUTOR

Foi o prôprio assu,uo que nos impôs esta osmose., obrigando-nos \lCrc.,llos culturais dit"erentes no tempo e no espaço); S?') cada ca•
a interferências permanentes entre.as nJatértas dos di\'ersos-capt-- pl1úlo porá en1 evidência utu:i. modaJidade do saar3do. u111a série
Lulos. Era imJ,ossível falar da saera.lidade-«lestc oonsetva.ndo em de relaçôeç eo1re o howen1 e o saarado e. nessas reJações, tima
silêncio as fiauras djvinas qoe refletem cs1a sacralidade.--ou dela dérle de "n omenlos· históricos".
pnrtie:ipam, ou ainda cel'tOS mitos uranianos, assim cotuo os ri- Ê neMe sentido, t. somente neste .sentido, que o nosso livro
to.s aparntados ao sagrado coles.te. os ,imbolos e QSideogran1as í1ó<IC âdmiHr o título de "Ttafado de história das religiõe.ç", quer
que o hipos1asiam. Cada documento rc.vela-oos, à sua 01aneira, dlfer, na medida em que introdui o Ji;:itor na conlJ>lexidade labi•
unta modalidade da saeralidade celeste e da sua b.is.tót'ia. Mas, rintica dos fatos religiosos. o fan1ilk1riza 091n ns suas estruturas
ainda que cada problema seja discutido no capíc.ulo que lhe- res funJanteotais e COlll a diversidade d()S círculos culturai.s de que
peita, ntio hesitaremos enl nos referirmos ao sentido c."tato do 1ni- cilali' depende1n. P-tocuratnos <lotar cada <:apitulo dt. umà a1quite-
to, do rito ou da "{ígura divina" no c-'.1pitulo reservado ao Céu. 1ura es.poclal. pOr ,,tze.s até- de um ''estilo" prôprio, a fim de con·
Da me;n1a Jnai1tira. nas 1>4.$1.oas reser,,adas ao estudo·das biero- Jurar a monotonia que ameaça qualquer exposição didâtica. A
ín.uias telúricas, ,·esetais e agrárias. o io1ertsse incidirá sobre as distribuição cm parâgrafos teve Sôbreiiudo po-r objetivo simplifi•
rt1anífes1ações-do S.l.grado nestes níveis biocósmicos. enquan.to a t.:Ar :lS remissões. O alcance deste l.iv:ro só [)Ode ser apreendido
análise da estrutura dos deuse$ da vegetação ou da agricohuta b cus.1a de lun3 lelru1·a iJuegral, l_)OÍS líAO se traia, dé- manrira ne.
será transfcrida para o capítulo consaa:rado às ••forn1as diY'inas··•. nhu1na, de ultl manual apenas para consulta. ;\s nossas biblio--
O que de ntodo nenhum l\OS impedirá ,de aludir aó$ de u ses , aos 8f".tíi,L foram delineadas de modo a e corajar pesquisas prclirn.i•
ritos e aos mitos ou aos súrtbolos da vea:e1açãó e da 3&Ticultura 1u1res; nunca são exaustivas; 1xxtc ate acontecer que sej;un insu•
11.a indagação preihninar. O objeto deste.s; prin1eiros capítulos é l'icicn1es. No ent:uuo, esfor mo,nos por mencionar os rtpresen.
o de destacar o ruais possível a estrutui:-a das hierofania$ cõs1nj. 111111es do 1naior n,l,nero possível de ,oon«pções t. de metodoi.
cas, isto é, mostrar o que nos revela o sagrado manifestado atra· Uma boa parte. das análises morfolôgicas e das conclusões
vês do Céu, das águas ou da vegetação, etc ... ntclodólógicas do presente volume oons1ituíram o objeto dos nos•
Se fizermos o balanço das vantage1ls e das desvan1agens que sos cursos de história das religiões na Universidade de .Bucareste
aprtlScnta este- ro.étodo, ,•ercmos que as primeira.\ sobreleva1n sc-n· \l da$ nossas lições na Escola de Altos estudos de Paris (Rechtr•

sivellll,ente as segundas, e i.s&o pOr varias razões: 1 ) Ít c a ·SCdis• t·Jttssur la t11orphologle du Súcri, 1946; Rtt.htn:Ju!s sur lo struc·
pensado de derinir "JtrJorl o fenómeno religioso; mas, ao .per. 11,redes n-,>·lltts, 1948). Somente uma pequena fração do te:t(o
<:orrer os diversos. capítulos des(e trabalho, o leitor poderá rcflc. rol escrita díreta.m('nte cm francês. O restante foi traduzido do
tir sobre a morfologia do sagr:ado; 2?) a análise de- e.ada gl'upo tom('no pela senhora Carciu e por J. (iouillard, A. Juilland, ·J.
de hierofanias {o Céu, as águas, a v 13elaçrio, etc ... ), ao desl:tC<1r, Sora e J. Soucasse, aos quais exprimo aqui a minha iratidào. A
de maneira nat.ural, as mC1dalidades do sayado e ao dar a con)• tradução foi f.!o,nplec.a1nen1e revista e oorri$id3 _pelo meu sá.bio
preender tomo é que se integt"dltl nun1 sise.ema coerente, ))iepara. :trnigo e colega Oeo1'3ts Durnétil, q_ue i.e\'e. a gentíle..-.a de lhe acfcs·
rá ao mesmo te1npo o lc,rreno pai-a as discussões finais- $Obre a ocntat' uni prefácio. Quero deixar-lhe aqui o mcu profundo reco·
C'$:.ncla da rdigião; 3!} o exame simulLâneo das formas rcügio. nhccimento lo interesse que dedjcou a esta <1bra.
sas (•inferiores" e "supeiiorcs" porá em tvidéncia os seus ele- P.1if(ea Eliade
mentt>S comuns e assim evitaremos certos erros iJnputávei .s a uma Oxford, 1940
ôptica "evolucionista" ou ''ocidentalista": 4?) não ficar'ão ex- Paris, 1948
ces:slY'amcnt.c:. divididos os <:onjuntos religiosos, pois cada classe
dê" hjerofanias (aquáticas, celestes, vegetais, etc ... ) COt\Slitui um
todo, tatuo <lo ponto de vista 1norfolôgico (pois se trata de deu·
ses. mitos, .símbolos, etc, •.) co,no dQ P9n10 de vista hi tóriço (a
pesquisa estender-se-á freqücnte1nente â um grande oõ,ne-.ro de
1

Aproximações:
estrutura e morfologia do sagrado

1. "$narn.do'' e "profuno » - T o d a s a i definições do ftnô-


n1cno re.ligloso aprmntadas até boje mostram uma caraaerlM.i-
l 11 conuun: à sua maneira, ada uma delas opôe o S(lgrado e a
1

\!ldn religiosa ao profan() e à vida secular. ê quando se lrata de


d lln1h:u' a sfera da noção de "saar do" Q1.ie as dificuld3des co·
1nc:i:;unt. Dificuldades de otdffll tcôr.ica ,, mas tambêm de ordem
1,rflcica. Pois antes de se tentar uma definição do fenômeno rcli-
14loso co1JvCm saber de que lado será nec·cssário procurar os/atos
J'(lligiosos, e priricipaJmente, dentre esses fatos, 0 $ que se. dcilr.am
observar cm ''estt1do pucó1' , i1ti> ê, os q'uesão ···si,nples'' e esião
111nts ptó;<itnos da sua orlge,n. lnfdizo>ente, etu pa.l'te nenhu1»a
cAe.l» ratos sãó acesstveis; uetn nas sociedades cuja história pode,
,nos scsuir, nem entre os '"pr.Unitivos", os oo nos civili dos. En-
con1rar•nos-.cmo.,;: quase sempre na presença de renõmenos reli-
uiosos complexos, que. pressupõem uma longa c.volução histórica .
Por outro lado, à rcunii'io da documentaÇl'io apresenta la1n-
é1n in)pOttantes dificuldades prátjcas. Pol' duas razões: 1 ) ahl-
l:1 que- nos conte.ntásse1nos em emudac uma só reUalão, a vida
de un, ho nent n1al chesaria (Xira Jevar tal investigação a cabo;
2!) se nos propusermo6 o C$Ludo comp.aralivo das religiões, ate
vl\rias existências seriam insuficie-nt para se alcançar o objetivo
1>rqposto. Ora, o que nos ilueressa é justamente cste,<Studo com-
1,;1riltivo, o único capaz de nos rt'"elar, por um lado, a morfolo-
ulll inc0Jlsta1ue do sa3(ado e. p0r outf'O, o seu dev-h histórico.
Pal'a nos aproxltnannos de&st estudo, f'on1os. pois, ob•'iaad<>-S a
lllCOlber certos religitl<s enue aquelas que a história registrou ou
s TRATADO DE HISíóRIA .DAS RELfGJôE$ A PROX/J.IAÇÔES.: ESTRUTURA E .\IORFOLOGIA

que a etnologia nóS r clou, e 1ambém alguru.'1os seus aspettos mente p,eici-osa quando pretendemos compreender-o fenôn1cno re-
e das 5uas fases. ligioso. Esta intelec,ção realizou-se constantement no quadro d.t
Jris16rla. Só pelo simples fato de .nos encontratm0$ cm prcsen,ç-a
• Ainda que sumária. esta .cscolba ,é sempre umaQr,er ção de- d°.c hierofanias nos achamos cm presença d,e docürneotos histôri-
bc-ad . De fa_r. se. quiscrlUOS delimitar e definir o � r a d o , ser-
nos-a necessarro dispor de. uma quantidade convenienre d oos. É sc1nprc numa certa siruaçâo bislôri.::a que o sagrado se ma•
cmUdades". isco é, de t'atos sagrados. Esta betcrogeneldade dos aif ta. A1é as experiên-ciss mís.ticas mais pessoais e mais lTans-
"(atos Sól3tados" cotueça por ser per.turOOnce e acaba, pouco oenden1cs.sofrcm a Ll'lnuêucia do momento hist6rioo. Os profetas
pouco. por se tornar paralisante, pois se ctata de rir.os, de mitos. judeus os dispensadores dos aootttecio,entos históricos que jus-
de formas dJvJnas, de objecos sag.ro.dos e- venerados. de simbo- tificaram e servlranl de s-uportc à sua n1ensagem: sâo taml)ên1 os
Jos, d.e ologias, de 1eologúu1citos, de homens consagrado$, à$,en1es da história israelita. que lbes-.1>e:rmitiu íormulat oenas ex-
de.an1mà1s, de plautas, de lugares saar.ados. E cada categoria PoS. periências. Com.o fenômeno histórico - e .nl\o como experiência
Sut a sua própria morfologia, de riqueza luxuri.m141: e frond o s a . pessoal - o niiUS1no e o ontologismo de certos místicos tuabãya-
Encontcamo-nos assim na presença de u1u matcriaJ documental nicos. não eram passiveis sem a especulação dos Upanishadt, sem
lmenso e he,e,6cli10, pois u1n niiro êos,uogõnico rneJ:inêsio ou a c,•olução da IInaua slnscrita. O quede maneir.-. uenhuma signi-
um sacrifício bramânico n o têm menos dircico de serem levados fjc:t quequalquer hier0fania, ..ss.im como qualquer C."<J)tfiê:ncia re-
.em oonsidcrnção do que os textos tnisticos de uma Santa Teresa ligiosa. seja ,1tn momento únioo, sem repelição posi;l\•e.1, na éf».
ou de umNichi.ren, do que um tocem australiano, um rllo primi- no mia do espírito. As v,u:idcsc,cperiências nãos.e assenielham so-
t vo d ! hdclaç.ão, o siJnbolis1no do templo Barabudur, o traje cc- t11ent.e pelo seu conteúdo. mas freqOentcmcntc também pela sua
N1non1al e a d (!(' um an1.;I siberiano, á s pedras sa.gridas que cxprtuão. Rudolf Otto destacou semelhan -assurpreendentcs en-
:1e.encontrai.i1 por quase roda a parte., as oerin,lôJÜas (ljrál'ias. os tre o léxico e as fórmulas de tucstrc Eckudt e O! de Çaokara.
mitos e os ntos das a.randes deusas, a instautaç:ão de um rei nas O fato de uma hieroíartia stt sempre histórka (isto é, de se
S?ciedades arcaicas ou as $\lperscições em relação as pedras pre- prodUZlr sempre em SJtuaçõcs determinadas) não destrói ncces·
eJosas. Cada docun1eoc.o pode ser con.s.iderad.o como uma hicr s:uiamentc: a sua ecumenicidade; 1-\1$umas h.icrof:utias têm wn des-
íania, na medida-em que exprime à sua maneira uma mo.dalida- tino locaJ; há outra<; que tfm, ou ad<1,uiran, valores unive,sais.
d·- do 4agrado e. um n1001ento da sua históÍia, isto ê, uma expe- Os indianos, p0r e.,ceroplo. veneram certa â.r,,oreehamada Açvat-
n nçfa <lo sagrado aicte as lnum-crávcis variedades existentes. Af, cJ1a: siluplesn1auc, para ttes a manlfesiaçào do sa,grado ucs1a
qualquer docwnento épara nós preàioso, cm \•irtodc da dupla péci,e vegccal é transparente, pois s6 para (l(t:$ a Açvaulla é uma
revelaçâ<>: que re- Jíza.: J ?) revela uma ,nodnlidode dosugrado, en- hierofania e não apeoas uroa drvore. Por coo.seqüência, esta bie•
quanto h1crofru>Ja.: 2 ) enquanto 111omento b.istórico, revela u1na r.ofanla ttão somcnt e l1is1drica (ali.is. como toda a hierofania),
situação do home,n em re-Jação ao sagrado. r\qui cstâ, por ex·em- mas também /oro/. No entanto, os indianos tarobêtn oonbecem
plo, wn cexto vódico que se dirige ao morto: "Ras1e-Ja para a ter- o slmboJo de uma árvore cósmic.l (A.,is ?,.,tundi), e esta túetoía-
ra, tua milc! E possa ela sah'ar-te do ·oada!"' Este texto revela• oia mítíco-situbólica é uni,·ersal, pois as árvores cósmicas
nos a esmuu.ra da sacralidade telúrit.a; a Terra é considerada co- encontram-se pór toda a parte nas antigas civiljzaçõcs. Queremos
mo 1,1Jna ?,,fãe, Tdlus Ma1er. mas revela-nos ao mesmo t«ul)O oeno aoentuar que a AÇ\'attha é. vtnecada 11a tnedid3 em que lncorpOra
momento da história da:1 religiões jndlanas: o momento ew que a sacralidade do universo em continua teg,eoera o: ou seja, é. ve-
esta Tcllus Jater era va.lorizada - pelo menos por deter1uinado itcrada porque incorpora. participa ou simboliza o universo re-
grupo de indivíduos - ootno protetora conlro o nada valoriza. presentado pelas arvores éÓSllticas das dif,ercatc.s mitoloi,i:u (cf.
ç.lo <1ue vi.rã a tornar-se caduca pela reforma dos Up nisbads e § 99). las ainda que a Açvattha se. justH'ique pelo mesmo sim-
peta pregação de Buda. boUsmo que aparecetanll>ém na árvore: cósmica. a hierofanla que
Para \'Oltarmos ao ponto de partida! da categoria de do- transubstancia uma C$p('cle \'tiet.al nutn;r árvore sagrada !Ó t
cumentos (mitO'l, ritO'l, ooises, su1ieí$1ições, etc.H para nós igu•I· uanspareute aos olhos do< membros da sociedade indiana.
TRATADO DE HlsróRIA f>AS RELJOJÔES
APRôXTMAt_."'ÕES. ESTkUTIJRA E .f.fORFOLOGIA 11
10
terogencidade. Por um Jado (é aliás o caso d e todos os. documC'n·
Para cilar ainda utn eitenll)lo - des.ta vez o de uma hieroía· tos his.tórloos), aquele; de.qt1e dispomOJ fora1n conkrvados mais
nia ultrapassada pela pr6prht história do po . ·o em que se_ rt.al_J- ou rneno.s ao acaso (ntio se trata -apenas de textos mas t:.lnlbém
iou - . os semit:is adorar:un em certo momento da sua htstona de n1onuo.1en1os, de inscriçõ s. de tradiçõeJ; orais. de costumes).
o par divino do deus da temptstade e. d_a_fecu.odid d.e, Baal .• e da Por ou1r<> lado _, tes documentos oonservados ao acaso provem
deusa da ferlilidadc ($0brctudo da fcrtd1dade agrana1. ht. Os de meios muito diferentC's. Se, par,1 reoonstitujr a :história arcai·
pro.f('tãSjúdeus (.;01\sideravmn estes cuhos como sacrd 1os. Do éa d.a relã&iâo grega, LlOr exen1r,lo. fcmõ§ dt. nos tóntcniar com
seu ponto de vista - isto é, do ponto dé vlsl:a dos semi.tas, que, os cex1os poi.tco numt1·osos que nos restatn com algum;ls lllsctí·
p0r in1er1nédio da reronna 111osaica, inham chegado.ª ma coo- çôes, algun$ monumentos muti.lade>s.eâlg.uns objetos votivos, para
cepção mais,clevada. mais puta e mais co,upl.e:t.l da d1v1ndade- reronstitolr as religiões ge1mânica.s ou estavas som.os forçados a
es1a a-iticã era plenamente justificada. No «italltó, O CUllO P.'l.· cba1nar em nosso auxilio os docun1entos rolclóri.::os, aoeitando
looJ.«'mít.00 de Baal e de Belil nem por isso deixava de ser tant· os riscos incvicávcis que comporiam o seu manuseio e. a sua in.
bêrn uma hierofania; rcvcla"à - até a exacetbaçâo e .10 mon.s-
truoso - a sac.calidade da vida orgânica, as forças clC'mentarts
terpceUÇ:.'1.o. Uma inscrição rUnica, um mito registrado vários se.
cu.los depois de vigente, algumas gravuras sin1bôlicas, alguns mo·
do sangue da sexualidade e da fecundidade.. Tal revelação con-- numentO$ prolO·histôric-os, uroa (Juantidsde de- ritos e de lendas
sei·vou o \t valor, se não durante. n1ilêni0:S, lo menos dü llle populares do úhimo sécu.lo - haverá alsuma c:oisa ma.is betetó·
numerosos séculos. Es.la hiecofania continuou a ser \'alorl1.ada cUtà do que. o material documental de ci.ue dispõe o historiador
até o mon1cnto f f l l que foi substitujda Po uma outra <rue - r a· das rdigiôes 3ermânicas ou eslavas? Embora a itável no estudo
liza.da na experiência re.Ugjosa de uma chte - se afinna ·a n)ais de t.uua Só religião, 1al heti:rogeneidnde 1ornà·se grave quando se
perfeita e- mais oonsotador •. A "forma djvi1>a" de Jave 17\'ava itatà de nos aproxirnarmos do estudo comparati,•o das reUgiõcs
a nllelhor sobre a "forma dJvma" dê Baal: revelava a sacralidade e de 1>reiendetmos atingir o conhecimento de um @:ra.nde n,imero
dC' uma maneiro mais inl l. santifica"'ª a. \'Ída san desenca. das modalidades do sagrádo.
dea.r as forças d.ementares concentradas o uJto de Ba.ü, reve- Essa i exalam nte a situação do critico que tiv.esse por obri
lava uma econornia es1>iritual c:m que a .vida do h "! e o seu gação escrt.ver a his<órla da literatu1a francesa sem mais docu-
destino se atribuiam novos valores, asstm como t.3 1hta a uma mentação que os fragmentos de Racine, urna traduç o t$panho·
exp,eriêoçia relisioJ;a mais rica, uma comunbão d1,•1na stolulta· la de La B1'l1)·e. alguns ,extos ci,túdos por um crítico esti;ansel·
nea.mente mais '"pura·• e lna completa ...\té que, finalmente, es1a ro, as rec-ordaçõcs literárias de alguns víajant.es e diplomatas, o
hierofani,1 ja,•eísta triunfou; e, na medida Ml que rcpresenta,·a ca,álc,go de u1na livraria de província. os resumos e os. trmas de
um;a rno<laBdade wtivcrssJ do sagrado, c.ra po a fópria n.:itn• um colegial e mais algumas Jndicações do mesmo gênero. Els, em
rcz.a acessível âs outras t\1lt\tr.t.S; atr.i.vés do cnstJan,smo torno.u- sun1a, a <locumei:uação de que dispõe o historiador da.s tl;!ligiõcs:
se ,,n, valor religioso mundial. De onde se conclui <1ue cenas h1e· alguns fragmeiuos de. um v.1sta lit«atura sacerdotal oral (cria-
rofãnias (ri1os, cultos. fortnas dh•in s. sí bok», etc..) Silo ou çã:o ex.cJusiva de cerra classe social), atgwnas referências eflcOn·
toruam-.se assim multi,•alentes ou un1versali$1as; outras pcnna· das nas notas dos viajantes, os trutteriais rCC'Olhid os pe.l os: mis.
ne("tm locais e t'ltiMôricas": inacessÍ\'cis às outtas cultul'as. cai· ,sionários -esit·an.geiros, as reflexÕ<'s ex.traidas da literatura ))fofa.
raro rm desuso .dutau,e a própria histôria da sociedade em que na, alguns monumentos, al3umas inscrições e as rccordaç&s con·
se tinham produzido. $(f\•Jdas nas l.!lldiçôes populares. També,n as ciências históricas
estão consii:anaidas a uma docuJnentação deste gênero, fragnten·
tária e cootingtnte. i\i1as a empresa do historiador das religiões
l . DlJicuJdades mctodol6g_iw- las voltemos à grande d!· C1nt1ilO mais ousada do que a do historiador que se. propõe re·
ficuldade ,naterial j ã apontada, ou Séja, a_ex1rema .L et rogeoc1· constitujr um acon1ecimento ou uma .série de acottte<:imcntos à
dack dos doc:umtJttOS reliQ.iosos. O domínio quase-. 1hm11ado eu, custa dos escassos d<,>ç\.lmeutos wnscrvados, pois não só tern de
que se recolheram inilhões d t docu.rn.<l't\tõs \1 io agravar 6 s a he.
12 TR..4TA/)() DE /JJ$TC,AJA DAS RllLIOlô &• APRO,YlllfAÇÔES: ESTRU11}RA E J,fORFOLOGl.-t

traçar a hi rória de dctcrmloada hie,ofania rito, 1ni,o. deus ou o da sacralldade pelos fueguinos a sin1ação é (X)rnpletamenle
euElO), como, cm prirueitô lugar. te.m de oon\pree.nder·c tornar diferente. Ora, um dos problemas majs importantes da história
cocn.p etl!i,·el a 111odalidode do sagrtido revel ;t da- :i.tro.vés dtssa das religiões é jus.ran1ente capacidade de conhecer as dife-
hi,e,rofanja, Ora, a h«croaeneidade e o caráter fortuito das do, r ues modalidades do sagrado dos primiti\'OS. De fato, se fosse
cumentos dtque di,.spomóS agravam a difl,culdàde que o his:1oria.- possivcl de-monsrrsr (a1i8$ isso foi·reali.zado nas úl1i1nas dóc:idas)
dor ex men. ta sempre para interpretar toru1arnco1e o sentido <1ue a vida relif.ios.1 dos povos ruais prlJnitivos é _verdadeiramente
de lUllà hierofatúa. lmaaittéi'rios a situação de um budista que para con1pJexa, que não pode ser redu1ida ao ••auimi1mo", ao "t()(c. .
COl>i.prcender o crist.iruiismo dispu se de apeclás alguns fraglUeú- mismo''. nem ao lto dos anwpassaôos,.n1a.s que conhece ian1
tós dos Evaogelt1os, de- um breviário católico, de u1n 1naterial ico- bém os seres supremos providos de todos os prestigios do deus
nográfico beteróclito (fC-Ol'lés bi?.anlinos, estátuas dos sanr.os d;i criador e todo·pod«oso, a hipótese C'\.<olucion.is1a, que priva os
époea bru1oca, vcs,Unentas de un, padre ortodoxo), mas que, em primi1ivos do aceiso às ''hierofanias superiores » , tlcaria assim
troca, th•C$se- a. Possibilid;ide de estudar a vida reliai<>sa, de u1na Uned.la1amente in\•alidada.
aldeia européia. Se1n dthrida o obsetvador budista havia de cst.1
beleoer uma nítid::i disdnç.ão entre a vida rtJigiosa dos cantpone-
Se.i e a, concepções teológicas, morais t mlsti;,:as do s..1.cerdote da 3. \'tricdnde das hk-rofanb1s - As comparações a que re-
aldeia. 1\,Jas, embora PJ'ocedcsse razoavelmente ao estabcloccr esta corremos para demonstrar como Cprecário o material documeu•
distinÇi'io, cairia. em erro se coosiderasse o ci:-istianiSLuo a partir tal de q-ue dispõe o hlstoriador das ce:llg.iõl"S são imaginárías, e
das tradiçõe$ conservadas pelo indivíduo ,.inico Q\le é o sàccrdote somentt. assim devem ser oonsidC'radas. A nos..._. preocupação J>rin
e só 1.-onsidera.',SC oomo ''verdadeira" aexperiblcia rcpr sen1:ida, cipal e a de justificar o tuêtodo a Q\le v i obedecer a obca preseo-
pela C()munidade da aldeia. Em resumo, u modalidade$ dosa- ,e. Enl que n1edida es1amos nós autori2ados- dada a heteroge-
gr.1do rc etado pelo cristianismo são mais r_igorosamente conscr• oeidadc e a precariedade do mat rial docum eo1al-a JaJa.l' das
vad.as na 1radição represen1ada pelo padre (ainda que for1emen. ''modalidades do s"grado''? O qoe oos· a s s q ura a txis1ência real
1e colorida peta Wstória e pela tcoloa:ia) do que as crenç.as da al- dessas modalidades é o fato de uma hierofania ser diferc.ntemc11-
del.1:. Ora. ô que interessa ao obse-rvador·nàc, é o oonhccimen10 tc- vivida e interpretada !)(las "<::litcs" religios:11en1 rel.lç.\o ao rtSlO
de certo momcu10 da história do cristianismo, em ccno setor da da oomunid.-ide. Para o povo <J.lle no princípio do outono vem
c.risrandadê, .ittaS a própria rtligi cristã.. O faro de lun único a1é o templo de Kôlighat, em <,;aJcuJá, Durs;i • um• detJS9 terrf.
lodividuo, t'm toda a alde-ia, eonbeccr o ritual, o d0gma e a 01.is• vel, à qual ê preciso sscrifica.r bodes; mas para. uns 1an1os skah-
tica cristã, cnquan10 o r o da comunidade os ignora e pt'acita cas inicJa.dos Ourga é a. epifania da vida cósmica c-m continua e
um <:ulto elementar inJbufdo de superstições (fsto é, de restos da viole-nta palingenesia. E muito provável que entre. os adoradores
hier,ot'anias dc:caidas), não as.e, pelo tuenos aqui, imponân do linga de Sb.iva grandenó1nero nao v·eja nele mais que o atqué-
eia t1enhun.1a. O importante é ap«ce!,.errnô-nos de q1.1e esteil}di- d_J)() do órgâo ge.rador; 1ntl! há outros que o consideram como
\•lduo cou.ser\•a de maneira mai$ OOtt\plcta, se nllo a ex riêocia um animal, um "icone" da criação e da destruicào 1{tmicas do
origin.aJ do ci:istianisooo, pek> 01enos os seus elemtntos fundamen- universo, q,,e se manifesta nas formas e se rtintegra pcriodica-
tais e as 1.1as vaJorizaçõe$ utísticas, teológicas e ri1uais. 1ne.JUe na \ulidade primordial, pré-formaJ, a fim de se regcoerar.
Esse erro de mCtodoé muito freqüente em etnologia. P. Ra- Qual é a \'erdadcira hierofanis de Our.aa e Sl)jva: .l que os "ini-
dio julga.se, autoriMdo à rcje.i1ar aíl coo.clusôes das pesquisas do ciados" d<::cifratu ou a que é apreendida pela m.lS$i\ dos ''crcn-
i5:Sionârio Gusl.ndc porque os seus inq\1éritos incidira.tu n\1m. só ces"? Te,uaremos mos1rar, nas páginas seguintes, que a.m.bas são
tnd1\liduo. Esta atitude só se justificaria no caso em qu<: o objcti· "álidas, que o sentido estabelecido entre as massas, tal 00:ino a
vo da·p,a.squisa fosse estritamente socioló&ioo: a vida religiosa âc interpretação dos iniciados, representa uma modaHdade rtal, au-
uma comunidade fueguina nnm dndo n1omento hisiórico: ma$ têntica, do saarado mao.ifes1ado por Durga ou Shiva. E podere-
quando 1ra1a de apreender as capa idade1 de experiendttHm- ittó! móslrâr que as duas hierofanias são correntes, isto é, que
14 TRATADO Dt! Hlffi'JJUA J)AS RE.L/Glôf!S 'A.PROXflllAÇ'Ô b.'STRUTURA 5/.IORFOJ.OGIA 15
as modalidades do $11..!ll:ado revcladas atra\·6. dclns Mosâo de.mtt- teúdos re\•elodos por todas as hierofanias. Obteremos assim um
ne-jra nenhuma OOn1tadilórias, mas intcgrávcis e co1npk-meota· conjuuto ooereu1e de 1lo1as comuns que - como veremos mais
rcs. Fica.mos assi.in autorizado a conceder u,na '1validadc'' igual tarde, aliás -permitem organizar um siste,no c.oc:rcnlC das 010
a 11m doeume.nto que rc8i t(a un1.a txperiênci:l pqp 1l:i.r e a um daJidades da sacraJidade vegetal. Podere111os ass1u1 notar que C.l·
do-cu nto que rcllct·c a experie-ucia ck uma cli1e. As dl t.iS cate.- da hierofaniaJJffflup/Je tal sisterna: que um costume pôpuJfi.r, de
gôrias de do.cumentos sao indispcni;ávcis - e nílo apetu'I$ para c;erto 1nodo relacionado com o ''oor1ejo oerimouial da árvore- de
descr vfr n }ll$tórla de uma hici:ofani:i, nlas. e,n prirneiro lugar, inalo", implica a sacralidade vegetaJ formulada pelo idc,ogralua
()OfQUe ajudam a constituir 8$ modalidades ,do 3agraélo revelado da árvore cósmica; que algumas hierofa.rtias são poooo ''abefw' ,
au:avés desta hierofnniti.. são antes quase "crip1icas", no seotldo de só revelarem parcial-
E.U$ obscrvaçõeç - tunpl:uneruc ilustradas nos estudos deste mente e de maneira n1als ou menos cifrada a sà,cral.idade incor-
livro - devem ser aPLic:idas à hetc:roscn.eidade das hierofanias porada ou sin1boli2:ada pet" vegetação, enquanto outras hieroía•
acima referidas. l?ois - co,no acabant0$ de dizer - estes dQCU· nias, verdadeiramente "fãnicas". deixam 1ransparecer as moda·
meotos não s6 são heterogêneos em re.Jação à sua .ocigem (uns tidades do $agrado no seu conjunto. Podereinos -a."SSim conside-
diénanam dos sncc.rdotcs ou dos.Jniciados, outrQS das 1uas:sas; uns rar como bierofania crft,1ica, iosuflcieut,en ue ··-aberta", ou ''lo·
apenas orcrccenJ .llusões., fragmentos ou vag.."5 referênL;as, ou- cal", o COSlUtllC de desfilar é rimoniosamcntc• um ramo verde
tros ce 1os originais, e.to.), !11ªs 1a béo> quanto à sua própt:_ia es- no começo da pri1na,'era••; e como hi«ofsnia "transparente"
i: rutuc.l , Por exemplo, as hiccofanias vegeta.is (isto é-, o sagrado o simbolo da árvore cósnUca. Ia$ tan10 Utna oonto outra reve-
revelado atra,•ê$ da vegetação) encontram-se can10 nos s(Jnb los lam a m<:Sma 1\\odali\iade do s.la.rado lncot'porado na vegetação:
(a árvore cósmica) ou nos mito!i mctafi'sicoJ (a âf\•ore da vida} a rcgel)cração ríttnica, a vida inesgotá.vel que está concentrada
oomo nos ritos ''P.Qpulares 1' (o "cortej() da ác,•ore de maio'' -. as na -..·q,et.aÇão, a re,,ttdad 1ilt1nifestada numa criação periódica,
fngucjms•, os ritos agrArios), nas crenças li das à idéia de uma etc. (4 124) O quedeventos desde já sublinhar e que iodas s bie
origem vegetal da humanidade, nas relações místicas existentes rofanias c·oaduzcm a um sisicma de afirmações ooere-.>1es, a uma
e-ntre cenas árvores e ocrtos indi\''id\1os ou sociedades humanas, "teoria" da :;acra1idade vegetal, teoria. iinplicada tanto nás hie-
nas superstições rclali\o'3S à fecundação pelos frutos 011 _pelas rofani.as iosuficiente-n1-en1e ''aberias" como nas outras.
flo-rcs••, nos contos e-1n que -Oherói, co,·ardc,n.cnte assassinado,
se. uansíorm;3 n,1ma planta. nos mitos e l)OS ritos das divindades
As oonseqOênclas ceórkas dessas ôbSC"TVações serio discuti-
das no final destâ obra, quando âvcrm!Ds examinado u1na quan•
da \'C.&e-tacà'.o e ela agricultuia, etC . .Estesdoclunentos djfcrcin não cidade suf.x-icnie de fatos. Por agora co_n1cn1ar nos,e1nos e1n mos.
só pda sua hjAfória (comparar, por exe,npto, o s.imbolo da.árvo- trar que nrm a heterogeneidade histól'ica dos documt.ntos (un!
re ,côsmita entre indianos e enlre os alta:icos com as crenças c,manados das "elites" reliaiOSí\S, ou1ros das massas incultas, ou-
de álgumas populações priu>Jdvas, a respejto da desccndê1tcia do rros ail)da o prod\ltO de uma civil.i.zaçilo refinada, ouiros final-
gênero humano a parrit de tuna ie vegetal) roas ta,1nbém pe- wente criaçâo das sociedades pri1niti,·as, etc.), oC'tn a sua hclcro-
la própria esi:ru,ura. Quais são os d --umentos que 1lOS vão scrvi.r aeneJdade estrutural (mitos, ritos, formas divinas, su es.
de.niodeJo pa,a oonlprttndermos as·hierofaoias vtgeutis? Os sim· etc.) constituem obstáculo para a co1npree-ns o de wna h1erofa-
bolos, os ritos, os mitl,)s 011 as "Cormas divinas"? nia. Apesar das diítCUldades de ordem i,rátlca, só esta mesma he-
O método mai.$ seguro é e-\•idenlemeiue o que cooside('a e \Ui• terogeneidade ê capaz de- nos revelar 1octas as ,nodalidades do sa·
liz.a todos este$ documentos heterogêneos, sem excluir nenlnun grado, visto que UtU símbolo Ou um mi1o tornam evidentemente
tipo imponante, e atetlta gimultaneamentc IXl11'I a quesuk> dos (:On- transpare,1,es as modalidádC"S que um rito não pode 111:inifestar,

• Po1 atmpk1, a, ''fosudra; de Sâo IOi<>".(N .T.) • lr,IQ é, IIIJff/'1 ttti»JhniQ, por c.·«t11t,l<1, t'm pr()j;fu'OO. (N.T.)
•• e. <ma1ma. ao 6':u pO(li:r ,tifficti1dor, ()()11)0 sej11m a, vtn.rtet 00$ ·.•pw •• O"d<1,nintó d" Ram,m;" pod, ser <OM.'dcrACIQ li come> modltll<tode deste
{lt u1aJo··, tN.T.) rito. (N.T.)
16 TRATADO De H.1$TÓR/A DAS RELIGIÔES APR.OXJ;\IAÇÔES: eSTRUTVRA. EJ.fORFO.LOôlA 17
OH\S tâo-só implicar. A dif«ença entre o nível de. uLn simbolo, Até agora serviram-nos de prhnelra aproximação, não para deli-
por exemplo, e o de- um ri10 é de tal natureza que. jamais o rito mitar a noção do sagrado, mas para nos fan1ilia rii ar- oom os do-
pc,derá revelar tudo o que o símbolo r a. Mas, repitamo-lo, cumentos de que disl)On\C>S, Cbama.n1os hiero/anias a esses do-
a hieroíanü1 ativa nwitrito agtário pressupõe a prC$Coça de todo cumentos porque cada um dc-les revela urna modalidade do sa·
o sistema, isto é, o oonjunto das modalidades da sacralidade ve- grA-do. As modalidades desta revelação, assim como o valor on-
getal que reveltun. d.e maneira mais ou menos global, as ou1.ras tológico que- se lhes atribui são duas q\lestôes que só podefâo ser
bim>funlM A8táiiaJ.. discutidas no fim da nossa pesquisa. Por ora <:onsidere1nos d.i
Essas obstrvações píelimjnares conlp-teender-se-ão no mo- documento - rilo. nti!o. oosnlogonia ou deus - como consti-
r.nen10 t m que o problema for retomado nom ponto de \•ista d.i- tuhtdo uma hicrofania; ou, por Óatras p-ala ras, tentemos
f!ereutc. O fato de a feiticeira queimar uma boneca de cera, pco,. oonsidet(1-los. corno ,una 1uanifesração do sagrado no universo
vida de. uma mad ixa de cabelos da sua "vítima", sem se ap,erçe.. 1nc-n1al daqueles que o receberao1.
bcr, de maneira satisfac.ótla, da teória prc:ssuwsta por um llo Certameote tal exercício nem sempre ê fát'il. Para o ociden•
mágico coolo esse aào tem a mínima imponância para a <:otn- tal, habituado a relacionar espon neamentc- as noções de sagra-
preensâo da tna8ia simpática. o que iinpona par.a co1upreender do, de rdigjão, e atê. de magia, com oettas formas históricas da
essa magia é saber que t.al ato só foi pos.,(vel a pa11ir do momen- "ida religiosa judaJco-c.ris.t.ã, as hierotallias estranhas surgeni·lhe,
1-0 em que-oe-rtos individuas se convenceram. (Pot via expttimc-n-
t:al) ou atinnaram (por via tcôrica) que as. unhas. M e,.abclos ou em grande- parte, como aberrao.tes. Aluda (l\le esteja predi oslo
os objetos usada$ por um ser hu1nano conse..,·ain re-lações inti- a ço1tsiderar corn,$impatia certos aspectos das religiões exóticas
111as con1 este. após a Sua separação. Tal c«nça pressupõe a exis-
- e cm ·primeiro lugar os d religiões -orientais - só dit'icilmen-
loê'ncia de um "cspaço,rede" que liaa tJltl"e si os.objetos mais afas• te pode.rã con1precnder a sacralidade-das pedras. POL' exen1plo,
ou a erótica mistica. E supondo ainda que tais h.ierofanias e.-<oêo-
r.ados, efctuaodo tal lifl!lção à C\1.s1a de uma simpatia dirigida por
lc:is es clficas (3 coexistência orgânk.a, á analogia íormal ou sim . tricas possan1 enéónlrat algumas jus,ificações (considerando-as,
l>Qlica, assimetl'i.as funcionais). ó ftiticciro,(o que awa conto ma• por exe1nplo, co1no ••fetichism«") é q__uase certo ((ue urn hotneiu
go) só pode acreditar na eficácia da sua ação na medida em que moderno permanecerá refratário em «?lação a outras, que hesi-
tal "espaço-rede" existe. Conheça eJe ou não este "espaço.rede'', tará em conceder-lhes o , alor de hierof.ania. is10 é, de niod.llida•
1

tenha ou não oonhe.<:imento da ''sjmpaôa" que liga os cabelos de do-sagrado 'A'aher Ono notava, n o Die Giitter Ori«ltt-
a;o iodi\•(duó. colsã .sém importância.É muico p.rqvável que 111ul- ·lands , oomo é difícil pata os. modenios apreender a sacralidsde
t.is das feiticeiras atuai$ oão possuam urna represenlação do mun- das- "formas perfeitas", uma das categorl.u.do dj,,jno de uso cor-
d o de-acordo com as prática$ mági_cas que exer-cen1. tvfas. consi- renle entre os anti.aos heknos. Esta dificuldade a_gra ..·ar·sc-á quan-
deradas e1n si n1csmas, essas ptátieas p,ode:.in revelar-nos o mun- do chegar a hora de ,:onsiderar um $.imbolo oon10 UJJUI manifes-
d o de onde ,,am ) ainda que 0$ seus executantes nâo lhe-s tenham tação do sagJado, ou de $Cnlir que as estações, os ritmos ou a
acesso por via teórica. O universo mental dos muõdos arc.aicos plenitude das formas (quaisquer que seja,n) são outras tantas mo-
não chegou até- nós dinleticamente nas «enças e:-.plíéitas dos in- dalidades da sacralidade. Teutaren1os mostrar nas pá3inas se;auin•
di\•íduos, mas conservou-se nos mhos. nos símbolos e costumes les como elas eran\ consideradas assim l)C'IQS homc-ns das cultu-
que-, apesar de- todo gênero de dea.ra-daçâo, deixam \•cr ainda cla- ras arcaicas. E n a medida en, que nos dese1nbaraçannos dos pre-
r-.amente o seu sentido ori&ina1 . .Em certo ntido, fcprescntam conceito:;. didático.o;, em que nos esqu «rmos de que essas alitU·
•• fósseis vi,•os" e por vezes basta uru só ' fóssil n para que- possa- des foram por vezes tachadas de panteismo, de ícit..içaría 1 de in·
mos. rcoonstituir o cottjuruo org.ãojco de que ele é o ,•esligjo. tantilismo. ete., é que oonseauiremos cotnpreeoder o .sentido pas-
sado ou atual do sagrado nas l-uhuras arcaicas. esimultMealllente
aUnlenearão 3S nossas prc;,babilidades de compreendermos igual-
4. Muldpllcldildt dM llicroíanias - Os cxen1ptos que aca• 1ne-nte os modos e a hislória da sacrailidade.
l>am de ser ci1a<los serão momados e refor 3do; no presoo1e obro. Precisamos nos habituar a aceitar a e:dstêncla das bie'rofanias
18 TRATADO DE HISTÓRIA DA$ R(l.,JOJ<}ES 1IPROXIMAÇôES: ESTRI./TUM S ,WOkFOLOOIA 19

ond quer <t_U :1eja, en1 qualquer setor da \•ida fisiotógica, eco· to ,oda ,e qualquer coisa pode 1ornar-se wna tderofnnia, não con-
ll.ôm1ca. CSp1ru-ual ou social. Em suma, nós oap sabemos se exb· tradirá esta defin .ão-tipo do íenô1uen,o religioso? Se quolquer
te olgu,no coi$(1- objeto, gesto, funç:âo fisiológica, ser ou jogo, coisa pode incorporar a sac.ralidade. t-1» que medida permanece
ece. - que nunca tivesse sido transfigurada, cm qualquer parle, \'álida a djcotomia.s.agrado•pl'ofano? Esta eoraradição ê só-apa 4
no decurso da hi1>tória da humanidade, tnl hierofani . Questão rente, p0rque, se ê verdade qUêquáf(.J&ler coisa podê tomar se Ullla
1n i o <Jif11ue f a d procurar as rawes que fJZCram çom que hierofania e que, prova\'e.lmente, não e.(iSle nenhum objeto, ou
e3S.a algun1a t·oisa se tornasse uma hieroíania ou deix.'ls... de o ser, ou 't1 Janta Que em certo momento da história e ein « r t o lu-
ser em dado momento. l\fas é ce110 que tudo quanto o lion1em gar do pa90 não lenha assumido o prtstígii) da sacralidade., nem
lllMejou. seritiu_, e-nconttou ou an1ou pode tornar-se uma hiero- r isso deixa de continuar a ser verdade que uão se conhec.e ne-
fania. Sabemos, por exemplo, que no i;eu conjunJo os gestos, as nhuma sellgião ou raça que te11ba acumulado, ao l.011io d:l sua
danças •. a brin;cadeiras d.u cri.'ulças, os bri11quedos têm uma ori- história, todas tscas ttierofanias. ·por outras r,al:l,•ras, ao lado dos
3,em tellg,osa: fotam. no tempo, gestos ou objetos cultuais. Sa- objetos ou dos seres profanos sempre existiram, no quadro de.
bemos, do mesmo modo, que- os ins1ruu1entos de músiC3, a ru-- qualquer relia.ião, objetos ou sereç s.agradO,S. (Não ê possíveJ di 4

quitetura, os n.)eios,d ,ra,lSpot e _(animais, tarros, barcos, etc.) zero mesmo dos a,os fisiológicos, dos ofícios, das técnicas. dos
("ôm arnm por·scr obJctos ou at1v1dadcs sagr3d8.$. Poden1os pco- geslos, e1c., mas. voltart:ruos a esta distinção.) Temos de ir 1nais
s.:tr que não existe- ncnhu1n anitnaJ ou planta importan,e que. não longe: ainda que certa classe de obje,os possa receber o valor de
tenha pardcipado da sal ralidade no dtcur.so da história. Sabe- unia hierofania, h4 serupre objetos, nesta classe, que não são in-
mos da mesma maneira que todos os offc-ios, ar,es, indll trias, vestidos desse priviiég:io.
técnicas têm orlg:ern sagrada O\I se revestjmm, no curso dos tcm- Por exemplo, quando ,se faia no •1cul,o d:-is pedras", isso nao
J>ôS, de valores cultuais. Esta lista poderia continuar com os gcs· quer izer. que tódt1S as pedras stjam consideradas COJnO sagra-
tosootidianos (o lcvantar,sedeJ>0is da nojtc do1·mida, o caminhar, das. Bt1co1nrare-tnos smtpre certas _pedras veneradas em vU·tude
o,corre<), pelos dlfereates trabálhos (caça, pcsca; agricultura), por da sua formo.. do seu iam.anho ou dM suas implicações rituais.
todos os atos íisiológK."(1$ (alimentação, vida sçxual), provavel• Verentos, aliâs. que não se trata de um culto das pedtas. que es·
1neote ,autbétn pelas paJavras essenciais d.a Unaua, e assiro por sas pedrM sa,aradas so,nente são \'eneradas n:l 111cdida en:1 que 1140
diante. E\'idenfemc:.nte, não deve1nos i1nagina.r que toda a espé- são openas simples ped.ras. 1»8.$ hierofanias, isto é, algo que ul-
cie humana lenha 1X1SSado pox lodos essas fases, Q1)e coda SSL'U• lN!P(1SS<) • sua rondição normal de "objetos". A dialética da hio-
JX1mtn10 hun,aoo tenha conhecido sucessi\'a:tnerue fodas as lúe- rofania pressupõe un)a esc.()/ha mai! ou menos manifesta, cm que
rofanias. Essa hipótese evolucionista. talve aceitâvel algums$ gc- incorpora (isto é, re\'ela) olgo paro alétn de si mes1no. Por ora
raições atrás, esW hoje colnpletame1ne exc:Ju!da. l\tas. e.in quaJ. não interessa mui10 que este "algo pat·a além .. se deva-muito sim-
<1uer lugar que fosse, nucn.dado momento históríoo, tada. grupo plcsmentt. à sua fonna singular, à sua éfíciêocia ou à sua "for-
humano transubstanciou, pela pane que lhe tocava, çerto nU ça'' - ou que se deduza a partir d a · 'participação · do objeto
rode ob}eto.s, de anio>ais. de pla,uas. de iestos e1n hierofao;as. en1 qualquer si1ubolismo, que seja atríbofdo por 1,1.mrílo de con
e Cmuito prová\·el que., no fim de contas. nada tenha escapado sagração ou adquirido pela inserção, \•oluntária ou. invotun1âria,
n esta transfiguração, prosseguida durante dC'7.Cnas de milênios do objeto numa rq.ião satuta.d{l sacralidade (uma z.ona sagra-
d.a vida religiosa. da, utn len,po sagrado, um ''acidente · qualquçr - a queda de
um raio, um rittle, un1 sacrilégio, etc.). O que acabanl0$ de pôr
e1n evidênçia ê que uma hierofania J.).rcs$upóe uma t'SC()fha, uma
S. 01ai.:11 d s bleroJanJ s- Relentbrrunos uo pri.ocfpk>des- nítida separação do objeto hierofãnico relativamente ao mundo
t capítulo ue todas as definições do fenômeno religioso dadas restante que o rodeia . .Este 1111111do reslanlt exi&te sempre., até
atC o presente colocavam-cm oposição o :sagrado e o profano. .q\ltindo se trata de uma reaiào in1cl)sa que. se toma hierofàuica
O que acabou de se dizer-acima. isto é, que em qualq\le:r motnen• pót txen,plo, o Cêu, ou o Cõnju.nto do "!llnbiente'' familiar, ou
20, TRATADO DE fflSTtJlUA OAS RELJG!ôES A,PR0}(lf.fAç0E$: E$TRUT(IRJ.J E MORFQl,OOIA 21

a '"pátria". Em qualquer so. a stparação do objeto hietofâni- 6. O i::ibu e a ambirnlência do S:limdo - Veremos mais tar-
cc_, fai.- pelo a1e11os peronfe ele '!1es1110, pois s6 se toma uma de em que medid.a 1.ais fatos podem ser considerados oomo h.ie•
h1ero(arua no 1no1ncnto <1n que deixou dt' SC1' u,n simples objeto rof-anias. De. toda a maneira são cratotanias, manifestações da
profano, cm que adquiriu uroa nova dirnens o: a da. sacralidade. força e. por con.scqü n.::ia, são lCRJ.idas e venel'adas. ;\ ambiva-
lência do saa,ado 11noé clusivanletue d.e ordem pS:ieotógica (na
. EsS:' dialétita ê complct.amenc clara no Plano dementar das n1edidà em que atrai ou causa repulsa) mas tambcm de ordem
hierofan1as: futgurant , too ço1uw:is na literatura emolóaica, Tudo
o que é in tilo, singular ) élOvo, perfei10 ou monstruoso torna-r- axiológica: o sagrado ao mestno ten1po "sagrado" e "tua.cuia•
r láculo para as forças mãgicl)oreUaiosas e segundo as circuns- do''. Ao oomen1ar -as palavras de Virgi1io, uuri sacro ja.,nes,
râocias, um objeto de ven raçi(o ou de Lemo:. eut vinude do sen- &r\'ius7 faz notar, muito justamente, que $(1(:el' pode signifi,car
timento aLubivalente que o sagrado provoca oonstantemente. ao mesmo tenrpo "1naldic.o'' e "s·anto'• . .Busr..1.1hius3 obsetva a
;:Quando um.cão tem sempre exito na caça", escreve A. e. Kruyi,
1nesma.dupl.a significação de bagios, qu,e pode exprimir ao mes-
é porque cx151e af nteasa (nLau-olhado ou ;ia:ouro). Demasiado mo tempo a noção de ''puro" e de "poluldo ..9• Bessa mesn1a.
ê,xito na caça é t.oisa que- inquir.ta o Toradja. A força mágica, tunbivalênda do S..1,$rado apareoe no .m\lrtdo pa1eosse1n.ítico 10 e
ita.ças àquaJ o anin1;ll é cnJXll,de apanhar a ,caça, acabará éleces.- tgípclo 11•
sac1amcn1c por se tornar fatal para o seu dono: ou este 1norrerá Todas as \'aJorizações l)cgaiivas das "iJn-pu.rez::1s º (o conu,.
cm bre\'e, óu a tolhcita de arro7. falhará, ou, o que é o mais fre,. io c01n os mol'IOS, os criru.i.Losos. ecc.) se devem a tsta ambh·a-
<J.üe:Jltc, uma epiiootia se dedara.rá nos búfalos ou nos poroos. lência das hicrofanias -edas cratofan.i8.$ M Tudo quanto é "in,pu·
Es•a a-eoça é3"ttal em iodo o Cffltro d.as Celebes:"2 Seja e,n que ro•• e por-conseqiiêJlci "cousa.arado .. dlslingoe-se, éla esteta. do
domínio ior., a pc:rfr.ição assusla, e.é neste. v:alor sagrado ou má. ontológico, de tudo quanto pertence â c-.sf«a profana. Por is.w,
gico da perícição que será necessário procurar a explicaç-Jo tio tanto os objetos como os seres impuros estão pratican1ente proi•
reeeio que acé a mais civilizada das sociedades manifesta pcran·t e bidos à experiência profana, assim-como as cratofanja.ç as hie-
o santo ou o gênio. A 1:>erfeiçâo élão pertcn,ce a este mundo. É rofanías. B não é sem risoo que rodo aquele- que. pertença à csfe
ums coisa <llferente deste mundo, embora ve.nhu ute ele. rn profana, isto ê, não preparado ritualrnence, se aproxhna de
Est e mesmo rcccio ou esta mesma ttscr\'a timorata cl()ste a um objeto impuro O\l consag.rado. Aquilo a que se dâ o nome
r eito de ·wdo quanto é do estrtJ11geiro, ou estranho, ou novo de tabu - segundo uma palavra polinésia ad«ada pelos tlllÓ•
- l)OiS la.is prtstliCáf !uíprttndentes são os sinais de uma/orço grafos-t prtcisameme essa condiçao dosobJecos. das açõl!S ou
que,sebem que venerável, pode ser perigosa. :Nas Cclcbes. "quan- das pessoas ºisoladas" é ''interditas" em \·irtude do perigo que
do o fruto de uma bananeiro nasce, não no 1opo do caule, mas cômporw o seu contato. De uma maneira geraJ é O\I t:ransfotma•
no meio, t ta-.se de- 1,ieasa.•. Di.z.se geralmt:;nte qued.sso terá co• eo.1 tabu todo objeto. ação o.u pessoa q,ue, tm virtude do seu
ino «>ns üência.a mone do don? de tal ârvore ... Quando uma 1ttóprio modo de ser. ou por uma rupiura de nivt:1 ontológico,
aboboreira dá dois frulM numa so haste (caso idênLioo no de um se torna l)Qrtadora ou adquire um.a força: de na t ureza ml'lís ou
nascitue1uo de g6meos), trata-se de n1C(ISà, o q causará a morte 1nenos inoena. A lllOtfolog,ia do tabu e dos objetos, pes.,;oas ou
de utn membro da fronfUa daquele (lue po.ssu;i o can1po onde essa -nçõe.s tabúticas /: n1uito rica. Basta forhearmos o tomo III do
plan1a cresce. E cotna-se nece,sário arrancar a planta que. dá tais Raureau d'orde Fra2cr, Talx>u e1 fes 1'Jfrlls de l'(ime i z ; ou ovas
frUlOS azaren1os 1que ninguén1 poderá comer :0 •1. Como diz Edwin 10 'repertório de Webscer U , para nos convencennos disso. \:amos
\V_ Smith, "as coisas estraobas.. Insólitas, o, cs1>eláculos inu.sha. co11.1entar-aos oon1 alguns exemplos r o'lhidos na. mon0$fafia de
dos, as práticas iJ,abituais, os alimentos desoonhecidos, os novos Van Gtnneo 1"'. O termo correspondente a tobu, em mateacht, e
processos de fazer as coisas, tudo isso éencarado como manifcsta• Jad>', foly, palavra que de$:ig,éla o Que I: ..·sagrado, proibido, in
ção das (orças ocuhas"4• Eol Tanxa, nas No\•as Hebridas, c.odos terdito. iélcestuoso. de mau augúrto 1s, ou seja, cm óltima análi•
0$dcsastrese1am l. put dos aos missionârios brancos queacaba- ic, o que é perigoso"•. Assim, foram/od.)• "os prirnelros ca'lalos
V:lm de ch.egar 5. A lista desses exc111plos pode msccr facilmente'. in1t,,1:inad<>S: uartt (1 ilhà, óS «ielhó ttâzic:1os por um n1issionàrio,
22-. TR1ITAD0 DE 1-IIS.T('JRJA .0A$ R.EJ..10/ÔE:$
..AJ>ROXl,\fAÇ(JBS: ESTRUTURA E fóRFOLOOIA l3
OS gêneros novos, incluindo os remédios europeus'' (o sal, o io-
deco de JX)tliss:io, o run,. a pi1nenta, ecc.)1 i ', Euco»tramos por• de cenas regiões (as ilhas. os montes), são múltiplas as causas
tanto aqui a etatofanias do lnsólho e do novo, de que já fala- dete,rminan1es: a novidade do metal, ou o f-alo de-ser utilizado
mos 1na1s acima. A sua_modaJidade é fulgu.rnn1e, pois de manei- por grupos secrt:tóS (ful\dldores, feiticeiros)., a majestade ou o ntis·
ra geral todos estes 1abus nâo doran1 muito 1 po; a partir do ttrío decel'tas1nontanhas, o fato de n.'lo serem intcgrá,1e:is ou não
momento tm <iue são conhecidos, manipul.ados, in1egra.dos no estarem integradas uo cosn1os indígena.
No çntanto, o m ·anisn\o .;lo t<!óu Ç n1pre o ine:smo: alsu·
oo mos autóctol)e, petdem a suaca1,acidade de dest1uir o tQliill•
bno das forças. Ouuo termo 1naliacheé foi.à, queo dicionáríos mas ooiw. t,essoas ou regiões participam de w11 sistema ontoló-
de.finem nos tcrm0$ seguintes: "tudo o que c tã fora ou e contra gico muito diterenle e, por conseqi1ênciia, o seu contato j)roduz
um.,
a lei o.-uu.ral•.uro. prodf$fo. 1.1ma· cal:uu.id de pública, desira.ça uma ruptura de nivel antológico que poderia ser íat:àl. O temot
perante. tàl rupcu.ra - ne,cessariamenle irnPosta pelas difere:nç.as
extraotduH'ina. um poc:ad9 001ura ale, nat1.1ral, um inoesto"1&,
Evidentemente os fenômenos das doenças eda mo.rtc sc'agru- de sistcn1a ontológico ts1dsten,e enu:-e a situação profana e. a si·
1)1!:JU taolbénl nas-carei,ori.as do insólito e do t rrivd. Entre os mal. tuaçâo hierofânic:a ou cratofãnica - ,•eriíica-.se até nas retacões
ga.ches, como por toda a parte, aliás, varias "interdições" sepa· do homem com os alime-1nos consagrados ou <:oro ()S alinteÕtos
rom nitidamente os. doentes e os ·mortos do resto da. com\lnida· que se supô'c conte1tm certas ForÇas n1áaico-re-ligiosas. ••Alguns
de-. É proibido tocar num morlO õ olhá-lo, pronunciar o seu no aJiment0$ a tal ponto são santos que. mais vale nunca O$ comer,
fflli?, Outra sêrie de tabus refere-se à mulher, à sexualidade- ao ou comê-los apenas em pequenas quantidades.''21.É por isso q,1:e-1
nasci,nen,o 011 a de1er1njnadas situações (ê ;proibido ao·sotcÍado em Marrocos, os vi$itantes dos santuAr[os ou os participantesde
co,·mer galo morto em combate., ou qualqutr outro animal morto uma festa comem p,ouquíssimo d0$ frutos ou dos pratos que se
por u,na aza.gaia; não se deve matar um animal macho nun1a ca- lhes ofereoem. fazem.se tentativas: par" aumentar a "torça•· (ba·
sa éujo douo anda envolvido em querelas ou na guerra. etc.''). r.oka) do crl,so enquanto ele permaneci! oa eira mas, concentra·
En1 to os esses casos se trata de uma interdição provisôriã que cn1 grande qu.antidadt., esta força pode: tomar.se noci'\•au . Pe-
explica por uola con0::01r ção rulgurante de fo s em deter• la 01esri,a iazão o mel riro em burôka é perisosoM.
mi adóS.ctotros: (à n1uJher, a ,norte, a doença) ou peta situação Esta ambivalência do sagrado- que ao 1nesmo tetupo atrai
pengosa em que se encontram algutnas pessoas (Q soldado, oca- e C:tlJsa repulsa - será discutida ruais proíundame-nte no Un·
,•.dor, o pewador). MaH Lmm lR Y$ p 11DM<nl s. o <lo rei o do volutue des1a obra. Aquilo que- dtsde já podemi.» notar é a
o do santo, o do nome- ou o do ferro, o dt.certas regiões c6smi· tendência cont.radi1órla 1nanifestada pelo hom m peranr ó S1·
cas (a lnont3Jlha de A1nbondro1no, de que ninguõ.n1 ousa grado (consider ndo este. tmno na a-repçâo mais geral). Por um
apro imar...s,el'O _. os lagos, os rios, ilhas in1elras) '. Nestes casos. Indo, 6 sagrado pcocn,-a· urar e aumentar a sua própria rca�
.L1 inte«liçõcs são devidas à maneira de ser específica das pessoas Udade por um contato tão frun1oso q·u.anto possh el oom as hie-
1

e dos objetos tabôüoos. De,·ido à sua própri:a sin1aç:\o real. o rej r-Ofa.o.la.s e as crau,ranias; por outro, arrlsca se a pc.rd« definiti·
ê um reserYat6rio pkno de forças e. eonseqí.'ientemente, só é pos- vamentc-. esta ''realidade" pela soa integração oum plano OLllO•
S>'v uma aproximação do sua pessoa t<,>mando certas precauções; lóaico superior à sua oondiç--ão PL'Ofana; embora a deseje uhra-
o :rei não deve.ser tocado nenl olb:ido dire1..lntet1te, assin1 como paSSar, não pode entretan10 abandoná.ta <:oro.pleu11nente. A am-
1ambêm não se lbede\·e dirigir a palavra. Em cettas regiões o so- bivalência da atitude do ho1netu perante o sagrado não só se ve
berano n.!lo deve tocar a terra, pois poderia assim torná-la estéril rif.ca nos casos das hierofanias e das Cl'o:uofan,ia!i negati\•as (me-
devido à$ fotças ti:n si acumuladas; portanto, torna-se necessà• do os tnonos, dos esph·itos, de tudo (luanto é "impuro"), mas
rio que seja transportado, ou êlllào deverá camjnhar sobre un, também nas formas rdi9iosas maise-voluídas. Até urua teofania,
t3pete. ,\s pro:auçóes tomadas com os santos, com os .saccrdolC'S COLllO ,a que nos é revelada pelas místicas cris1ãs, inspira à grande
ou coo, os curandeiros explicao1-se pelos nu:'smos receios. Quan- 1naíoria dos indivfduos não somente attaçâo 1nns 1an1bêm rc:puJ-
to ã "tabutirnçlio" de certos meials (o ferro. Por exemplo) ou $a (q·ua\quer que seja o no1ue dado a esta repulsa; ód.io, desdém,
1.emor, ignorância \·oluntáiia. sarcõ.lSmo, etc.).
TRATADO DE fflSTÓRIA D,-1S RELIOIÔE'S
,IPROXIJ>IAÇÕES: ES'J'R.VTUR.A E ,\IQRFCUJG/A 23
o ''eleilo"). Os txen11>los nos ajudarão a compreender o oone:ei•
\'imos ac:imi que .lS manifesta{ões do lruóHto e do extraor· to meJané.s:io de n1onu. de onde certos au1orc.s julgaram poder de·
di.Dário provocam geralmente o medo e o afas'3IDento. Alsuns
exemplos de tnlJus e de- ações, de seres ou objetos tabUtioos rlvar todos os fenômenos religiosos. Para os melaoésios, ,na,10
é a forÇll mliterlos e ativt1. que po:;..,ucm alguns Índjvíduos e ge-
reve-Jaram•l\OS através de que toc-canisn1os a s cratOfania\ do in•
sóUto. do funesto, do mistcrio5-0, etc. estão separadas do (ircul. rahnepte as almas dos 1nor1os e tod os esulritos i r . o ato grau·
,uoso da criação oós:mica só foi possh·el pelo ,no110 da divindade:
to das :x.periéncias n n ais. Esta separ ão, tem por \'ézes cfei·
tos postnvos; l1âO se lunrta a isolar, tambén, volorito. Po-r isso wmb!m ó thMt dó d ! disP<l da sua d Me de mana, e"" os ingle-
ses sub1neteram o maoris foi potque o seu nu,nu tt;;i mais fone,
a f-e- ldadc e- a disfonnid de, en1bor.l sin,aula,.r zem aqueles que aS!im como o oficio do missionário cristão possui nu1n<1 superior
lll3..DJfes':1-•»: .lO m 1no tempo também os oon.sagram. •• Assim,
en.rrt os 1nd1anos 0J1b,va>'. muitos são ct.t:u\\ados feiticeiros sem ao dos ritos autóctOL'les. Apesar de 1udo, também as latrinas pus.
suem o ,nona, graças ao caráter de ''rtcepc:áculo de for " que
q.uc elei próprios se considerem peticos na a tte da feiti;;ar&a' n1as abrig.1.rn nâo só os corpos hum.anos como as suas txcteç.õesl3 .
sunples1nente porqüe são ft-ios ou disfonnes. Entre cs1C$ i dia• f\,Jas oo objetos e os homens lêm mana porque Q receberam
nos. t os os '!ue sã.o olhados cotno fei.ticeltos têln ierahnente de dç(erluinados $(:res.supcriorcs. ou seja, pórt.Jué pardcipao> rnis•
aparência exterior m1será,-el t asptcto repug.oaote. Reade afirma
que no Congo todos os anões e Lodos 0 $ albinos. se 1oroa,ru sacer tic:amentê do saa,rado e nu ,nedido en, que de,Je participam. "Se
otc . Não podemos pôr em d\'lvida que o ttspeito gerahnente $e verifica que uma pedra CL'lCel'ra Utna to excepcional e por-
que quaJ.quer esp{rito a ela .se associou. Uni osso de -um t1101'1C>
ws.ptrado por este gênero de homens lenha a sua origc.m na idCia possui n,ana p0rque a alma do mono -a.f se encontra; determina·
de que são dotadOI\ de um poder misterioso. "lS
O fato de os xaml\s, os feltioeiroseoscurandeiros serem prc- do individuo pode manter uma rttaçao tão estrtita co1n-u1u esi>i·
ri1o·(spirlt) 0\1 com a alma de um morto (ghos1), que fica p0$Sui-
fer-entemente recrutados entre os ncuropataS, ou entre os que apre,,
scn m equilibrio nervoso instável. é devido ao mesmo prestigio <lor de1nono em si mesmo é pode utilizá•IO à sua. vontade. u29 E
do 1n.sóU10 e do txltilOt<li.nário. Es.<:es cstigm_as denotam uma es- u1n força diferente das forças fisk.as, d,o pOnto de vista qualit::t•
avo, e por isso se exerce de maneira aJbjt(ária. Um bom guerrci·
collw; aqueles que os possuem não têtn outro cantinho senào o
ro deve e1;w qualjdade não às s11as pi'ôptias forças 0,1 recursos,
e se .submetertnl à divb1<iade ou aos tspirito! que àSSim os dJ mas à força que o nrcna de um guerreiro morto lhe Cl.'u'lcede; este
hntwtam, tornando.se sàccrdo1es, xamã$ ou feiticeiro:;. Eviden- t11ano en<:ontta·Se no pequeno ann1leto de· 1xdra que lhe pende
temente t$SS escolha nem sélnl)l'e 5ç efétua por internlédl6 desse do pcscoÇQ, em algumas folhas presas ao seu cin10 ou ua fórmu•
$!neto de r u a t w exteriores naturais (fealdade enfermidade ner- la que prOJlWlci.l, O (ai.o de- OS J)(lr,:,:os d.e certo homem se muJti.
vosismo excessivo}; a vocação religiosa ;ipar;ce (reqileute >eote
plicarem e o seu jardim prosperar deve-se a deter1ninadas pedras
por OC8$ilo dos exercícios rituais a que, de boa ou má vontade-.. providas do nu1110 especial dos porcos é das átvorts que o seu p(O·
se submete o candidato., ou de uma sdc-ç-ão efetuada p d o prietl\tlo possui. U1n bal'«> só ê: J'âpjdo possuir ntana, assim
fcíticeiro 26. rv1as: trata«. se1upre de uma escol/t(I.
como uma rede que apanha peixe ou un\a Oe:ha que fere-
monaln1en1e'(I. Tudo o que q por cxcclCneia poss,ui ,nana; ou se.
ja, tudo o q,ue parece ao .home1n eficaz, dinân1icQ, criador'
1. O rttana- O insól,ito e o einr.iordlnário s!lo epifanias per. perfeito.
Turbadoras: indtC.l.tn a ptesença de algo difertttte do natural; a
omo reaç.'lo contra as teorias de Tylor e- dil sua escola, que
presença, ou pelo menos o apelo, ou en1 sentido p-redcstinad() <:ons1deram q,ue a pri.tnelra fase da t'eligião só pode ter sidQ o ani·
desse fJlgo. UlU animid hâbil, assim 001no wr, objeto no,·o ou u mi1;mo, o antropólogo inglts R. R. fa.trttl jutiou poder teoo•
fa1.o moostruoso slo.,gularl.zam.se de maneira tão 1)itida coino um 1)heoet nesta crença cm uma força impessoal uma fase pré.animista
indivíduo extremamente l'eio, muito nervos<> ou isolado do rcs10 da rellg;la.o. Evhare1uos precisar desde j á c1n que medida se- pode
da comunidade. po1 qualquer t:iÜ$l113 (natural ou adquirido en.1
falar de.uma •·primeira (ase'' da reUiiâo, a&Shn conlO ntio va,,
conseqtlêucla de uma «rin\ônla rc.l.lh:ada con1 o fl1n de designar
TRATADO DE 1/JSTÓR./A DAS RELIGIÔES
AJ'R.0XllefAÇÔ!1$: t!..'tTRUTUR.A E ,\(ORFOC.OGIA 27
m<t$ loda3-).J' st a idc:nüficaçào de 1al fase prhnor<lial equivale a
descobrir as "origens" da teHg:Ui.o. Mc:.ncionamos alguns e,xeu1• menos. Os homens hábeis distlngue1n-se preclsame1ue pela abun
pl,os do ,nana apenas par.i. csclarocer a dialéiica das cra1ofanias dãucla de t11egbe que acumularam. Os íciticeiros tatnbém são ri 4

das hierofanias no plano 1n:lis.de1nentar. (<:on\•ém precisar que cos em n1egbe. Esta força parece es1ar liga.d,1 à alma sombra e
' ' o mais ete1nen1ac'' de modo nenhum significa " o mais pl'Jiuill· dcsti,nada a desaparecer juntamentecotn ela na mófte. quer por-
vo" do ponto de vista psicológico, nem " o mJlis antigo'• no scn· que emi& par.:1 OllU'O jndi\'{duo, quer ·vorque se metamorfoseie
Hdo «onolôgico: o 1úvel elen.entar representa uma modalidzide Jl() totem. u n
$imples, 1ransparcntc, da hic:rofania.) Os exen\plos citadós Se be1n que alguns estudiosos tenham acrescentado alguns
fo-meccram--no..,; uma boa ilustr.iç o do fato de uma cratoíania outros te.nnos a estã lís1a (11gui dos 1nasatos. ondria,nanitha do..,;
ou umn hierofaulas/ngu/urizarum objeto rclati\'ame;nte a O\ltros, nnl)gaiccs, pelara dos dayaks, ele.) e se h.aja tentado irnerpre1ar
e o inesmo acontece com o insôlito, co,u o exrraotdinário e com no 1uesmo sentido o indiano brolm1on , o iraniano .'(varenah, o
o que é novo. Reparemos no en1anto que.: J ! , a noçiio de nuino, romano in1peri111n, o nótdioo h"mlng}á - .a noção de 1t1at1a não
se be1n que a e11contremos também n8$ rcHgiões exteriores ao cir é universal. O tt1a11a não aparece rn1 todas as rdigiõc-s, t mesmo
naquelas em que aparece não é nelu a única., nem a mais anliga
4

u.lo m af!ésio, ãQ ê uma ooção universal ie, por <:onseqü!ncia, for.ma religiosa. «o 1110110... não é de maneira nenhuma unlver-.
e-nos d1f:ícd cooSJdetá-la como rcpr ntativ.a da primeira fase de
qualquer religião; Z!, ê inexata considerar o .1nanaooroo uma for sal, e, por conseqüência, servir4se dele- como base para conslnlir
uma itoritt geral da reli_giào pdn\itlva ê nllo só errôneo como fa 4
4

Ç4 impessoal.
Co1n efeito, além dos melauCsi0:$1 1, hã outros Pô\'OS que eo4 lacioso. "3 ! ti.ia is ainda: cncrc- as diferentes fórmulas (mana, n-a-
nbeoem u a força desse gênero, C.lpa.z de tornar as eoisas pode kon, ort-ndb, ecc.) exisietu, se não difere11Ças a<;Clltuadas, pe5o mc4
nos mati1.c:s f« " Q ücntetncnte cle\prezados noo prlinelros es1t1d'os.
4

ro.,;as, r u. no -pleno sentido da palavra. Os sioux chamam 1•·0·


kun a es.ia forç.a, a qual circula no cosmos·1uas só se manifC$ta Assim, o :unericanista P. Radio, ao analisar as conclusck$ que
no:s fc-nômenos c:xt.caordinários (como o so.l, a lua, o trovão, o \V. Jones, }.fiss Aetch« e Hewhc tlra,·atu das suas pesquisas so·
','e:Jlto, ecc.). assim como nas personalidade$ fortes (o fe.ldceiro bre o 1akanda e o n1anilu dos sioux e:-dos. átgonquinos, 1101a que
o cnissionârio cristão, os seres mflicos e.Lendários., etc.). Os iroquC: estes 1err:uos sla:ni.fic m "sagrado". "estranho .. , "'imponante-",
ses emJ)fega111 o ier1no ore.tufa para designar a mesma noção: uma ''maravilhoso". ''txtraor<linário''. ''for1e", nias sen\ enak>b:i.r
1en1p 1ade encerra orenda. a orenda de uma ave diffcU de aba.- a menor idéia de "força incrcnte"l'.
tér. n1uito .sutil, un.1 hon,em fui·Joso é presr1 da sua ore11da etc. Ota, larreu - e, aUás, outros o (iu-rant latt1béo1 - julgou
Oki entre ?S hurôes: ,ni mtre as populações das Antilhas, ll'; e g bc que o ntano representava uma "for5a impessoal'', apesar deCo 4
en11e os pigmeus at1Kanos (ba1nbotos) sào t(.flflOS quee-x.pôment (lríg.ton ter já chatnado a atenção para o fato de " força, se
a mesma noção de ,nono. (\,fas, tepitamo-lo não ê qualquer pes bem que. impessoal em si mesma. estar sen1pre Usada a uma pes·
S.O;l ou qualqutJ' ooisa que possui oki, ze,ni, .1negbc, orendo, e1c., soa que a dir:igto.. .. Nenhum homem possui esta Corça por !ri rnes.
mas .somente as di\'indades, os beróis f as alnias dos manos ou Jno: tudo quanto faz. fá Jo à custa de sel'e$ pessoa.is, espú·itos da
os bo111ens e objetos que mantên1 certa relação com o sas:ra.do natureza ou dos antepassados.••,s. Pe quisas rttentes (J.íocart,
ou. seja, <l$ feiticeiros, os feitiços, 0 , 1 ídolos > ecc. Para cilat ape: H.oabin, CapeU) vieram precisar esws dtStinçõcs (stabclecidas por
nas um dos úhimO,S e1nógrafos quedescreve•am estes fenômenos Codrlg:ton. ''Como poderia essa fo1·ça ser in1pessoaJ se es1á se1u•
mâgico-relis;iosos e, o q u e mais importante, numa populaç:ào pre ligada a sern pessoais?'', perguntava ironicdmente Hocart.
a aica, onde a existência de 1nunu era mui'to oon1rover1ida. P. J:>or exemplo. em Ouadaecanal e c,n lY(alaita são exclusivamente
Schebcsta c.scre\'ç; ''O ,negbt escá espalhado por toda parte, mas os espíritos e.as: almas áos mortos que possueo, o má.110. se bem
o seu poder :não se 1nanifes1a .sempre com a mt'$ffia intensidade, que possam utiJizar C$(a força em proveito do ho1nem. ···um
nem sob o nleSn10 asp«.to. ;\Jguns animais _s!lo ric mente provi men, pode- trabalhar d ran,cntc, mas se não obtiver por isso a
apro,açJo dos e1píd1os, ç1uo p,xler $<' e/ierçe e,u seu proveito,
4

dos desse ,negbe qu!lnto aos llon1ens. uns t,ôSSUffll mais, outrô!
nunca se tornarâ rico. ••JG •·1"000 e qualqutt esforço se realiza
28 TR,,t1"ADO DE Hl TÓRJA .OAS R.ELJ<Jlóe.S
APROXll!IAÇôES: ESTRUTURA E .tJORFOL.OGIA 29

coto o intento de ass,egurar as boas. j.L'aças dos esp(ritos. de. ma· 8. &trutlilrd d11s 1ticrof11ni.M - Rdembreinos qoal era o nosso
iieira que o n1a11a esteja sempre disponível. Os s:ictífklos s:io o dçsígnio quando citâv:unos ss hierofanjs$ fulgurantes, as crato·
método n:iais vulgar para ganhar a sua aprovaç.1o, mas considera. fanias, o 11tt1n(I. e1c. Não s,e tra1ava de dl&cod•las (o que implica·
se: .que al0:wnas outras cerimônias lhes são iguaJmente agra- ria como jã adquiridas a$ noções do sagrado, da polaridade
dávtis. ,•J'f' reliaiâo,1naaia, etc.). mas simpJesmeute de ilustrar as modsJida·
Radin notava par sua \rez que os iudin.oos nào C$Utbek(iam dts mais eclemtntarts do sagrado com ,,ista a wna prhueira apro-
oDQsiç:ão enue pessoal e intpessóal, eorporaJ e.n/io corpot11f. "O xhnação. Essas hictofania.s e ctatoíania..- sempre nos revelaram
que pareoe chamar a :;ua atenção, em primeiro lugar, é a questão u:ma tscolho; o que é est<JlhldlJ é iinpltci1amente/orte, efi(::32., 1e
da existência real; e todo quanto pode $ ! í apreendido pe.los s e i , . mido ou t'«lil, ainda que a e.sicolha se faça pela singularização
tidos. Ludo quanto pode sel' pensado, vivido ou .wnhado, exis- do insólito, do novo. do extraordinário; o que.foi escolhido e re,,
te. " J . $ Portanto, o problema deve pôr..se eu:a term<>s on10'6gico$: vtlado (:orno tal, por intermédio de uma hierofartia ou de utua
o que e>:iste, o que- e real e o que não existe- e J ào e1n te1mos cr.itoínnia, torna-se frcqüeatement.e perigoso, proibido ou poluí-
de pessqa/,ir,1f)e$$0(ll, corporal-incorporal, conceitos que. na oons- do • .Eocotttramo.s (1 qt'len1emente a n<Xâo de/orca ou de eflclinrla
ciiência dos ''primitivos". oão 1ê1n a pr«isão que adquiriram nas junto a essas hierofanias; denominamo-las cratofanias precisa-
culturas históricas. O Q.ue é provido de 1110,1.acxistc no plano on- 1ncnte-porq1.c nos faha dcn1onsITTlr o scci caráter sag.rado. No cn-
tológico e, porr.anto, é eficaz., fecundo, fértil. Por isso nào se po- t{lnlO; vimos oomo era lmprudence-3eneraU2ar apressadamtnle;
de afirmar a ''impessoalidade'' do mana, essa lloçâO Mo tem Q\lal• que, por exemplo, é inexato considerar ,o"'º"º como uma força
quer seruidQ no l1orizonte ,nental arcaico. Aliás, em parte ueo.hu- ln1pessoal, visto ser aoessJvel à experiência reU,g:iosa ou à obse.t·
ma se tcnCOlllL'il o n,oná Jtipostasiado, separado os objetos, tio$ vação profana unicamente por uma pecsonificw;ã-o ou ·incorpo-
acontechnentoo cósmicos, dos seres ou dos homeíl.$. f\lais ainda: ração; que:c;.eria mais Stn$a10 pôi.- o problema nos seus tc,mos on-
atrav(:s de um:. análise cerrada a_perctbe:1no,nos de <11.1eum obje- 1ológitos e dizer que aquilo que e,rísrt dit 11n1a,n<1ntiru co,upltui
to, um fenô,ncno cósmico, um ser qualque r, e1c., poss11en1 11tanq possui sempre 1na11a; enfim, que a distinção «pe.,;soal-impes.wal''
graças à iruer"enÇlâo de 1.un espirito ou a confusão com a epifa. não tem .sentido preciso no universo me.:ntal arcaico e que é mais
nia de um ser divino qu;:tlQ\ler. pru cnte renunciar a tal distinção.
De onde se t'Onciui que de 1l1odo uenb·um se justifica a tco- l\otas dcvc1nos notar <1uc as bicrorania.s e- as cratofanias eJe..
J'{:1 que considera o ,nana ton10 força· m:1.ai,ca inU)eSsoal. Imagi- mer11ares acima rneneionadas eslão longe de esgotar a e,periência
nar, nesui. base, uma fase pré.-rcligio,a {dominada unicamente pela e a teoria religiosa dos primitivos. Não conhecanos religião re-
tnagia) é implicit n1en1eerrôneo. &sa Leoria é, aliás, i.ilfirntada duzida a tais hierofanias t- c,·atofanias elen1entares. ,\S catC$O-
pelo fato de ()ué todos. os povos (e sobretudo os povos mais pri- riasdo ság:rado, as.,inl como a sua morfologia. excedem constan·
miti\·os) não couh(tcein o 11u,na, e a.inda 1xto fatodc:,que a magia 1cmente a$ epifanias do n1ano e do insóli10, da ma maneira
- se bçm que se enconlre urn pOUOOpol' tOOo o lado - aparece ctue e.,,ra\•asam do cul10 dos atue_pa.ssad.os, da ccença. nos espíri-
seru_pre acon11>aohada pela rcli;íão. l\1ais ainda: a iuaa;i não do· tos, dos cultos naturalistas, etc. Por outras palavras, uma reli·
mina em coda a parte a ,•ida espiritual das sociedades pl'iinitiva.s; $i.ão, ainda que se t-rate da reli$,iâo 1nais ''pt'irniliva·• {por exetn·
pelo oontrál'io, é oas sociedades mais cvoluidas que ela se n pio, a religião de u,na ttibo aus1raliana, dos judama s. dos
volve de maneira predontiJlaJUe.. (Exen,1>los: a prlltica da magja pigmeus, e-te.), não se dei.,:a reduzir a um nivel dementar de hic·
é muito fraca entre os kurnai da Aus.trália e entre os ruegu.inos; rofan.ias (o r,1q11a, o totemismo. o an.imis1110). Ao lado de t\iis e,x.
etn cert:is sociedades de esquimós e koriaks. pratica-se meoos do l)<!tiê.ncias e teorias rettgi-Osas monovalc.ntes, ern:ontramos cóns-
que tntte os seus "izinhos ainus e san1oicdo$, que lhes sâo supe. tanicmente- os \ 1csdgios mais ou menos ricos de outras cxl)C'riên-
ri.ores no ponto de vist.i_ cuhural. etc.) tjas ou teorias religiosas; 1>0r exem1>lo, os vesdiios do culto de
n1n ser supremo. O fa10 de esses "tscígios apresentarem p0uta
importància para a "ida religiosa cotidiana da tribo não intcrcs·
APROXIJIAÇ/)ES: ESTRU'TVRA R i\lORFOL<XJIA 31
30 1'RATAD0 DE Hl. RJ.-t D.-tS Rl!LIOIÔES

sa 3qui. Teremos op0rtuoidade de veriflca:r"l' q·ue, e1ure os pri- tiíi_Cá\'ei.s. Pois para aquele. que está na PO$$C de urna nova reve.
m.itivos, a crença oum ser suprtn10, criador ,e todo-poderô':iO. 9.oe lação (o mosaismo no tuundo se1u.ldco. ocris1iat'lismo no mundo
permánece noo Céus e se n\anifesta por epifanJas Ut';t.Oianac;, apa- greoo.romano. por emplo) as antigas hierofanias não so1n,:nte
r e « u1n po\100 por toda a pane; no e.ntanto, este ser supremo perde o seu sentido original. o de sere:i:o maniíes:1aç:ão de Uma
não desempenha Q_t1ase nenhum papél no cWto, onde é substituí- mod:tbdadc do agrado, mas tainbém sno consideradas como obs-
do por outras fo,ç.as reliJiOSM (e;> totemismo, o culto do$ ant.e- táculos à perfetÇ".J.O da experiência rc:ligi:osa. Os jcoooclastas de
p dos. as mitologias solares e lunares, :kS epifanias da fertili ttuctl(Juer po e ua_l4uer. r!litiAo flc hl Justi.fl do tànlo pela
dad ). O dcsttpareci.meuto de tais seres supretnos da atualidade sua própria e'<.perlênet.1. rehg.1osa <:orno pdo momento his1órico
rêligios;,1. representa e,•identen1etlte um problema de história, e 1:1h que s t realtui a experiência. Scfldo conteruporâooos de uma
deve-se a een.1s forças que- podem str !XlfCial,ncnte idcntif'tead s. rev çã? mais "co upleta'', n1ais oonfonne às suas faculdade,
f\'ila•i:. inda que aí .surjam co1n menos imp<>rcância, 0$ seres su- cs.pu1rua1s e cutu:,ta1s ,. não podem.acrediiar, não podem va.lori .
ptttnos peri.enccm ao patrimônio religiQSO dos "prhniti't·os" e, ,...ar, no plano rt'hgioso, as hicrof®ias que fora,:n aceita e,n fa.
l)()r conseqüência., nào podem ser de$J)(et.'ldos quando estudamos ses rctigiOS3.S. já passadas.
n e.-q>eriência global do sas1·ado entre a·humrutidade arcaica. As _ dPot outro lo.do, a atitude oposta. que por 1,:1.'Ules de exPosi-
hierofa11ias elemeJltarcs e as cratofanias f\llguran1es ioc1uein-sc çao no inamos de idof(Jfrlo, ju.stinca.se plenamente, tanto pela
O() cQnjumo déssa experiência religiosa arcaica, dominando-a por
J>c11ênc1a reli.a,iosa como pela história_ Esla ati1ude-, qve çon .
vc!:tes, n,as sem nunca a esgotar.
S1§te - grossa ,n o --: em c osel";ªt' em revalorizar perma·
Por outro lado, essa$ hierofallias e Cl'atora.ni:u eleme,nares cntemen1c as ant($3S híerofatuas. e \•a.bdada peta llfÓpria d)a_lê
o,em sen1pr<; são "fechadas", n1onovalentes. Pode1n au1nc:ntar1 lt'Ca do s.1.9:ra.o. porque o sagrado se manüw:a sempre atravé$
se nfio o seu .:ontc.údo religioso. peto inenos a sua função for· e lguma. ,sa; o rato d esta algumà (:()ÍSa (que denominamos
mal. Seja u,na. pedta cultuai, que em certo 1non1ento histórico luci:ofa ,a ) ser ":tn obJctO do mundo imedia10 ou u.m objeto
manifwa dc,ermi.nada modalidade do sagrado: essa pedra 1110s. d lmenSidão <:ósm1c-a. uma figura divina ou um símbolo uma
troque o sagmdo é qualquer ("Oísa de (11/tri!,ttle do meio cós,nioo lc:1-moral ou até unta idéia, uão ttm importância. O a,o di;fê1ioo
clrc\lndante, que-, à se.nelhança do rochedo, o sagrado está de pen»a:1)e« .ºmesmo: a manifestação do sagrado 3través dealgu·
maneira absoluta, invulnerá\'el e estâtica.subtraído ao devir. Es· ma co1 diferente de: $.i me.sma; aparece nos objetos. nos mitos
, onlofania {valoriwda no planó te!ligloso) da t)(:dra cuhual po. ou ll()S s1n1bo1 1 mas nunca inttgralmen.te-, e de m;ineir UneWí\•
de n,odificar a sua ,..foona" ao sabor da ootrente dn história; Ul, na ia totahdade. Por conseq cia, considerados de um pon-
a.mesma pedra será venerada mais tat'de-, aão por aqui.lo q ,e re· to de: ,1sta absoluto, unia pedra sagrada, um a\'atar de Vishnu
vela i,nediatame:nte (nào já CQmo uma hierc,fania ekmcntar), mas ''.ma est.át.u de ! piter ou 1.1rua epifania javcls,a sào igualmeru
pela $1mp rai. o de que, em todos os e-a·
pOl'QUe está iJltcyada num espaço sagrado {de wn teinplo. de um .\tidos (ou !lusonos)
altar), ou porque é ,considerada oon\o a pifania de um deus, sos 1 ao man1r star-se. o sagrado lutiitou,:se, incorporou-se. O ato
etc. ,o CoD1inua a ser (1/go de diferente do toeío circundante, con- para oxal d.a JnCOfJ)Ottt('ão, que torna possfveis todas ;1s t"$péc.ies
tinuo. ase.r sagrada cm .. trtude da hierofania primotdial que a es· de 1erofan1as. desde as mais.ele1nen1.1r s atê a suprema encar-
CQ/heu, ctnbôta o valor que lhe foi attlbuído mude segundo a teo- naça.o <1 Logos n Jesus Cnsto, cnc.ontr:t·se por tod:. a parte
ria religiosa cm qu-t esta bieroíania vem .se intearar. na h1stó1·13: das rtbgi-Oes: ni.as voltarcn1.os a·este problema. No en-
Bncootmtnos um número oonsiderãvcl de tais ,eva1ofi7.ações io1uo. ª.atitude.a que chamanlOS idóla1ra funde-se (consciente ou
das hicrofanías prhuordiais, pois a h.lstória das r ligiões é. em 1 consc1 ntcmen1e, pouco l,nporta) nesta visão de conjunto da.s
{:laude 1xi.r1e, a história da des\131orizações e das rc\•alorizações h1cro aruas cons:l ei.-ad.u na sua totalidade. Es,:tlv,1 as at1tigas hie·
do proce.M-O de manite\.tllç.ão do s.1grado. Ein relaç."ío a isso_. a rofa.1)11\S ao v lon a·las n1.11n pla.uo relia:iQSO diferente, ao conce,
idolatria e a iC",(>rioclas1ia 5iio atitudes natuxais do C$piri10 pera.o· der:lhes·tunçoes d,1.fcrentes. Citarem.os apenM dois exemplos, ex
te o feuôn1cno da hierofani:>.; as duas p® s o iguahne-nic jus• 1ra1dos de dom/n,os e momentos hisióriços diferemes.
32 'TRATADó ))E /IJSTóRIA DAS RE.I.IOIÔES APRôXJi\fAÇôE-S: ESTRVTURA E !t!OR.FOLOCIA 33

9. l(t, alorá ução das ftitrolanlas - Vimos(§ S) que tudo


1 O segundo e.):,e1n;plo porá em evidWcia o espaço de juslifica-
quanto é extraordinário, grandioso, novo. pode h)rnar-:,:e uma s:ão da atitude idólatra por uma herntenêutica requintada. A es•
bjerofania, pode st>r COJ)Siderado como urna mallifest.i.ção dosa- cola mLSüca indiaos Yexena,•(tchama urcô, "homenag tnt.,. a LO·
grado tla perspectiva espiritual dos prbnilivos. Os condos do Tan• do o objeto matétial gu.: o l,ovo v erc-há muilos sé<:utos (a ptan•
ganic-a conhocem um ser supremo, Kyala o u Lesa, quç, tal como tufo::.'i aspedrassãlagra111àou os idolos de \lishnu), e. por coll-
lodos os seres supremos afrlc.-inos. ê provido dos presdgios. de seqUência, consldera•O$ roino epifaniais do iraude Deus. No en-
u-m deus eek:ste, criador, l.odo-podérõSó e juSticcir . .Nll\S Lesa tant0,.1 os misticos t· os ti:ôJQgQs interpretam esta epifania parado-
não se manifesta ut1icamen,e pQr cpil'anlas uranianas: ''Tudo o ;icat como um mo1ncnto da dialética d o s. rado, que, ainda que
queé31ruide no seu gênero, oon,o ,un grande boi, até um a,tande eterno, absoluto e liwe.$C' manlfes1anum fragmen,o material. pt't--
bode 1 uma ttrvore enorme, enfim, qualquer outro objeto dedi- cário, co'ndicionado, etc. &t;,:i incorpo,mção de Vishnu numasâ-
1neosões imponentes, totna o Doro,e de- Kya!,a, o q\le significa cle- fogranrã ou nu.a\ ídolo ,em um finl sotcriolós;ico na doutrina ve-
g « Dtus·dornicílio temporário nessM coisas. Quando un1a te1u• xénava (no seu grande amQr pelos homens, a diviodade ,nostro•se
pestac!e flagela e põe t m f\ll'ia as águM do lago, dizc1n que é ·oeus adotando a sua modalidade de ser degradada). No Mtau,o, tanl·
c:aininhando n supcrf'iciedas áaµa.s: quando o rugíd-o da cawra- bélU tem um sentido teolôgico: a incorporação da divindade reve•
t s é mais fo1·midável do que de c.os1un1e. é. a YOZ de. Dt'US que se la a :sua Uberdadede 1omarqualquet fortl)a, asshn con10 a condi-
c xa ouvir. Um tttJnor de terra é causado :pelos seus passos pos- ção paradoxal do sai;rado. que J)Ode-coincidjr com o proj,,.,u>S<m
santes., e o raio f Lesa, Deus que desoe A Terra na sua cólera ... anular a sua própria 1nodalidade.de ser. Este paradoxo é adn ira•
à.s Yez.es l'>eus entra tan1bê1n no corp0 de um leão ou de uma ser- velmen1e sublinhado por Lokãcharyâ: "Ainda que. oniscienle,
peure. e circula entre os holuens, sob esta forma. para observar Vishnu mostra-se nasarcâs como.se fosse. desprovido de conheci·
as suas ações. " 41 Do n1csn10 modo, entre os shiUuks, o no1ne do metito; embora seja espírito, moslra-:sc como se fosse material;
Ser Supremo, que é Juok, aplica-se a tudo quanto t estranho, ainda que se trate do vetdadeiro Deus, mostra-secomoseestives-
â tudo quanto um shilluk não l)ode compre>endet'2. s disposiçr10 dos homens; a:ind,1. que todo-poderoso, mostra-se
Nestes txe1nplos tr:na-se de u.rna valorlzação das hierofanias oomo se fç,ssc fraco; tn\bora c.idsta sei:n prcocupaQOes,.ntos-tra-se
eletuentar(:) e das cratofanias fulgurante:$ por intesr:ição na cpi- como se tivesse 11eoessidade de rcccbeT cuidados; ainda Qtle ina·
fanía do ser supremo; o insólito, o e.xtraordinário. o novo o cessf.vel {aos nossos sentidos). mostra•SlC· como laoaJvcl."
valorizados 1v.> plano rtligi9so como rnod:-.6da de Lesa Oll de Dir-se-á, sem dúvida, que se trata aqui da interpre(ação de
Juok. Por ora não teiuartmos-u1ua análise estralig:ráfica OOte fc- urrl (alo religioso arcaico e j:)ópular, p,or um rn(stiCO·lCÓlogo; em
nc)mcno, des1lwda a precisar a sua "hi&tôria", a inostrar se a si.1uestno, esse fato está bem longe decevc.lartudoquanro o místi-
crença em um s « suprento preçedeu as hierofanias d9 cxtraordi- co e o ttótoao vêem nele. E não podemno s dizer se- é justifi vel
oário ou vice-,-ersa, ou se.as duas e.xperien.cias teli3iosas se reali- esta objeção, aparen1emcnte tão sensata. B veJ'd de que os ido los
,;aram 1nutuameo.1e. O quec nos intecessa t c ato religioso da ínte- de Vlshnu proet'dern cronoJ icamente a ttXllogin e a 1nis1ics ele·
graç!\o das hierofanias elementares na epifania do ser $Upremo. vada deum Lolcâcharyâ; tauibém é ver<ladequeu111 devoto de\uu.a
.,,.arian!t. da idolairia, ou seja, desta perspectiva gentrOS.'l que con aldeia indiana adora uma arcá stmplesinente pOt considerar que
sidera os ídolos, os feitiço$ e as caraaerisrjc.is fiskas como unla ela.incorpqra em si Vlsbnu. Mas a quest.."l.o consiste em saber se
s&ie d,.e incorporações paradoxais da divindade. O·exe:mplo é uinto C'$ta_ ,·alorizaç:fl:o rdigiosa do fdoio - consider.i.do como partici•
mais e1ucidati,..o quando se tca1a de populações africanas q u e - pantc, de um.l ltlaneU' ou de outra. na csséuc.ia de Vi$bnu - não
coroo é-fó.cil $upor - oào sofr m de nianeira decisiva o traba• nosdh o 1ncsmo que a lnten,reiação de Lokâcharyã, pelo simples
lho de sistcmalizaç..lo dos teólosos e- dos mis(lros. Poderíarnos fato de ser a valorização rellji053 de: nm objeto material. Em S\I•
dizer que se trata de um caso espontâneo da integcaç-.no das. hie- ,na. o (eólogo não faz mais do que tl'adu:zir cm fór.ruulas mais ex-
rofanias eltmeocares no conceito conlple.xc do ser supremo (per• plícitas o que está já lolplicado no paradoxo do ídolo (e, aliâs, de
sonalidadc, criador, todo-podcrooo), qualquer hle:1·ofs.nia): o sagrado manit<St:a-se n1un objeto profano.
34 TnATAl>Q f)E HISTÓRIA DAS k!Jl/0/ÓES
/1/IROXll>IAÇ'ÔFJ:$: ESTRUTURA e .1,, 10/l.FOl,.(JGIA ,;
Em resumo. o que revelam todas as b.ierofani . ale as mais
elementares, é esla paradoxsJ coincidência do sagrado e <lo pro- lc dife.cente do profano. embora se J>QSSa manifestar de quaJ ocr
fan.>, do.ser t d o não--.ser. do absoluto e d o relativo, do eterno n1odo e e,n qualql)cr lugar- no mundo pt·ofaoo, e tem a cap c1da-
e do devir. Um nlfs1ico e uin tcõlogo conlo l;okâcharyà anais nâo de de uansfonnar todo objeto cósmico en1 paradoxo por ,nt.er-
faz do que explicar para os .seus contemporâneos o paradoxo da 1uédio d hicrofania (no sén1ido de que o objeto deixa d e ele
lúerofartia. &ta cxplicilaçâo (tm evidenteme.ineo sentido de un1a próprio, con10 objeCo cósmico. perm o aparentemente lU·
revaloriz.ação, isco é, de ums reintelll3çtto da hieroraniâ tm Urii terndo)·' 2'.' • esta dialétjca do sayado e vábda para tod:is "
as reh-
· ' •
no.,,·o si e1na religioso. Pois, a bem dizer, a diferença entre o ar giões e llâo apenas para as prelensas é ' formas pnm1t1,•A$ . E sta
cli e a llermcnêutia1 de lokâc.haryâ resun1e.-se. a uma diferença dialética verlítea-se taoto no culto das pedras e das árvores como
de fór,nulu, de exprtl!são, sendo o paradox-0 da consciência do nn couce1,ção sábia dos- avalares indianos ou no mistéri? eapital
sa.grado e do profano x:presso de. maneira c;;oncreta no caso do da enéafQ..'l.ç°ão; J?, m nenhuma pat_te se e,con!ram un1camtn t
ídolo e de maneira analitic.amcntc descritiva no caso da herme- hicroianias kmeutares (as-:ra1ofao1as do 1nsólt1 ••do ,cxtraordt·
nêutica \'Cl'bal. Esta coincidênc:ia sagrt,do-profano realiza de fa- 11ário, do novo: o n1anu, etc.), tuas t;;imbán vesllgiOS de ÍOJfl'!.'IS
to uma ruptura de nível onloJógico. Estâ imr,lica.da em qualquer religiosas conslde1·adas, na perspectiva d conec ões. evol c10:
hitrofania, porque ioda a hierofania 111ostra. manifesta a. coexit-- nistas, ·como supetiort.s (seres supremos, la mor.us. )JUto. 1as),
têoci das duas essências opostas: sagrado e profaoo. espírito e 4!. é11cootramos por toda a pru•1e, e até ak:"m desses vesut1,1os de
niacéria, eterno e nâo e1erno. O fato de a dialécica da hierofania. formas rc.Jigíosas superiores, un, sis1tn1t1 onde se vêm (lrdenar às
da manifcs1açâo do sagrado nos objetos mate-ria,is, continuar a hicrofani cletnentarts. O "si'swo1a•• não ê eSgotado por estas
ser· obje10 de uma teoJogi" 1ão elaborada coo10 a da Idade t\•fédia ühi,nas-, é constituido por todas as experiências religiosas da trl
prova que essa diaJéticn coutinua ã ser o p<oblema capital de qual- !>o (o ,nanO; as cr.itofauia.s do insólito, o 1otemismo. o cuhC! dos
quer religião. Poderíamos até dizer-que todas as bierofan.ias não anlepassados), mM compreende lambém u'? corpO de rrod1çõcs
são n,ais do que prcfiguraçôe$ do miJagrc da e:nCíl.J'nação, que cada teóricas impossíveis de reduzir às h.ietofan1as elclnentares: r
hie:ro(ania não é cnais do que uu1a 1encaliva falhada d.'I revelação e,;emplo, os mitos respeitantes à origei:o do mundo e da C$pectc
do miscé.tio da coincidência l1oooem-Deus. (xkam, por exemplo, hUàlaiia, -a justificação mitica da oond1,;'ão hum na atual, a a-
nâo hesita em rever: ·•&t articules: fidel quod De.us assun1psil lorização teórica dos ritos, as concep.;ões niorais, etc. Convem
naturam l)utnanact'I. Non includil 001\L adjctionem, Oeus assumere 1nsistinn0$ sobrc nte. \1111,no ponto.
nawram assinam. Pari r::ulone potest assumere lapidt1n aut lig. Basta percorrermos quaisquer monografias c.1n raf1tas (a
nu1n." Por conseqüência, a morfolos.la das hicrofanias pri tu. ili- de Spencer e GiUen ou de Strchlow sobré os australianos, a de
vas não aparece como absurda. na perspcctiv;a da 1e0Jog.-ia cristã:- Schebest.l ou de T'rilJe.s sobre o.s piainieus africanos, a de Gusinde
ª liberdade de que Deus 30 permite-lhe touaru-quaJqucr forma, sobre os fuegujnos) para notarmos: 1 , que a vida religiosa d?s
pçimitivos ultrapassa os dominios. que normalme111e estamos d1s·
até mesmo a da pedra ou a da mad.eira. E,·it:amos por otil o ter-
mo "Deus" e traduzimos: o sagrado manifes4a-se sob qualquer pOSlOS a atribuir à e.xperiêocia e à tec:,ria religiQSas; 2?. que es!a
rorma, até sob a mais aberrante. Em resu1no. o que ê paradoxal, vida religiosa p0r tod a parte com.ple;o(a, t. a sua apre ntaça
o q u e ini.JnellsJvtf. não ê o fato da manifestação do sagrado !Imples e linear, freqüente 1)0S tta alhos de sintesc. o e ,,uJaar1
nas pedras ou nas árvores, mas o próprio fat() de ele se ,naniJ'es- zaç.ão. é devidíl 11uma sdoç5.o, mais ou 1)1enos arb1trana. efetua.
tore. por conseqOêncla. de se lü11i1ar e se t(ltnar reloti•·Q4i, da pelos autores, B verdade que cert s formas domh1af11 o con-
juoto religioso (por exemplo. o ,01em1smo pa.Austrâlia. o nuina
na C\1elanési.a, o culto dos antepassados na Afnca, etc.), as nun
10. Complexirt:t<,e dó ft.nôme.no ttllg.loso ' ' t>rimitivo' 1 - Ju(... ca Oesgotam. Encontrantos, por outro lado, u1na qua t1dade de
gwnos que os exe1nptos citad 31.ê aqui oos ajudaram a esc.abe-- $íinl)olos, aconte<:imtfuos cósinicos, bio1ó í ou socaais. ldto·
lcccr--afsuns principio çliretQ-J:eS; 1, o sagrada Çqu31flativamen· gran1as e idéias, valoriza ?' o pl o relisioso, !\e bc que as
suas relâ es oom a e.x cncca rllgl<l<!la. netn se1npre sieJaln ela.
36 TRATADO OE JIJSTÓRIA l>.4$ REL.fGfôlJ.S 1J.PfeO,'(ff.(AÇÔh'S: t:STRUTURA E .>,10RFOLOOIA 31
ras pare\ nós, hotuens modernos. Çompreendcmos, por e,emp!o, scmpenhada pelo rito, nt.aS é-netes.s.\rio repararmos, desde j , oa
que. os ritmos lunares, as estações. a i niciação se:<"ua.l ou social, telldê"ncia normal do primitivo pai:a transfol'1nar os atos fi.s1oló·
ou o si mbolismo spacial, p,ossrun adquirir Yalorn religjosos pa- gicos em ritual, atribuindo lhes si.l'.ll um va!or csp!ri u.al. uan•
ra a humanidade arcaica, isto é, tornar-se hierofaoiJs: .mas e nn.:iito dp se ali.menu, ou seenLrtga as pratica!; sexuais, o r>nr:ruCJ·o_uuere-
mais difícil comproen .r em que u1 .ida 0 $ aestos fi.sioló$iCós, se Olltn p.1a110 que, de qualquer -m?do, não é o <W: nu nç o. n.e'!'
tais como a nutrtç.âo e o ato se.xual, ou os id e o g rao1a.s como o o da sexualidade. lsto pode.sé vc::nfít.âr nas expencnc,as ! aaJ.s
i;ano u . 1>0dem reivind.tcar o m mo titulo. Trata-se; c:m suma, (os r,ritneiros irutos. o primeiro ato :sexual), em toda a a11,•1dadc
de uma dupla diíiculdàde: I?, aceitar a sacraJJdade da vida fisi o-- erótic-.a e alimentar. Poden}OS dizer que se t.rata, nessas circuns-
lóS,ica total; 2!, tomar por hiero(anjas certas consu·uções tçórj. tâncias, de uma experi!ncia religiosa indi.s:tin1a, estrutura!mente
e.is (ideoa:ramas, mitoaramas, leis cósmicas ou morais, ecc.). diferente das experiências distintas rep:reselltadas pelas h,erofa.
De fato, uma das priDcip;;iis diferenças que separa o homem nias do insólito, do e..xtr3ordinário, do n1ana, etc. C\•las o pape)
das <:uhuras arcaicas do bo,nem moderno reside precisamente na dessa experiência oa vida do homem ar<.:aico neiu por isso é me-
incapacidade cm que este úlrimo se.encontra de. \•iver- a vida or- llor, ainda que devido à $Ua própda nature,a poss:i esc.a"!lr aos
ginica (em primeiro lugar a se·xua.lidade ,e a nutrição) 001110 um ob:.ci:vador . Isto e.xplica a nossa afirmação antenor: a vida re-
sacramento. A psican:iUse o materialismo histórko juJgaram en- 1.i,siosa dos p0vos primitivos ultrap.'1.SS3 as categorias do mana,
contrar a confirmação mais segura das su s ceses na.import ncia dM hierofan. ias e cbs crotofanias (uJgurantcs. Toda un1a expe,.
do papel que gozam a sextiaJidadc e a nutrição e1ure os povos riência relisiosa. indistinta do ponto de vi ta trutural. de"e
que ! ; e encontram nt'I fas ·•etno$Jttfica". No entanto, a 1>sican&. a esta tentativa feita pelo homem p.iir::i se ,nscrLr no rcaJ, no li&·
li.se e o matcriaJismo histórico desprcuira:rn o \•<dor, diríamos até grado, atravês dos atos fisiológicos fundamentais que tronsíot-
a função co1nplrlan1e11tt 4ift!Tente, em relação ao se,uído moder 1na em cerimônias.
:no, que têm o e,rolismo e a nu,ri\'ão entre estes povos. Parn o Por ,outro lado, a vid::i rella,losa de <i.uaJqucr grupo h_umaoo
moderno nào passam de acos fisiológicos. ao passo que para o n{! fase etnoa,.áCica. encerra sempre certo n mer de element
homem dascuhuras arcaicas são sacra.mm tos, oeri.mcinias por cujo teóticos (símbolos, ideogramas, mitos cosmogôn1cos e gencalo-
intermCdio se OOJDuni ca com a/orçuque representa a própria vi- g.icos, e-te.}. Tercroos ocasiào de \ler ciue tais "variedades" sà_?
<la. \'cremos ,nais tarde qoea/orçq e a vida não são mais do que coDsjder3d.as coroo bicrofani.as 19 ho1n-?1U das -CUIU.tr'1$ arca1-
cpü3nias da re,qfldade últil11a; entre o printili\10, esses stos ele- ca.s. Não s6 porque revetam as modalidades do sagrado, mas 1an1•
mentares 1ornâm·sc um rüo por cujo jntermédio o homem é aju béni poi:<1ue à cu s ta dessas ·•vc.rdades" o homem defende do
dado a aproximar-se da realidade, a inserir.se no ôntico, insign.lficante, dô nada; numa palavr;l, esc-apa àes-te a ·profa-
tiber1audo se de automa!i$mOS (desprovidos de conreúdo t dc-. .sen- no. Tctn-se falado n1uitas veies da íraq_ue.za dos pnm1LJVOS e1n
tido) do dever. do "profano" , do nada. n)atéria. de teoria. Alnda que. assim fosse (e a opinitio de grande
Tertmos oc âo de- ver <1ue, cons.isti.ndo sempre o rito na número de observadores. é-diferente}, freqüentemente se tem e.s•
repetiç-âo de um gesto arquetipÍco rcalizado·;n illo 1en1pore (no quccido que o funcionanletno do pensamento arc.aic não utilh:a
principio da "história'') pcl0$ antepassados ou pelos deuses, se exclu:-ivamente os oonceitos ou O$ele111e,nos coooe11ua1$., mas tam--
tenta ''outificar", p0r intermédio da hierof.anla, o, atos 1naJs vul- bém e tm primeiro tugªr, simbolos. C\1ai.s tarde teremos oponu
gares e n1ais i.tl s ignificantes . Péla rcpecjçao. o rito c-0/ncide com nidade de Ycr que o "m.anuseio" dos simbolos sceíetu3 se.gUJldo
o seu "arqu ipo", e o tmtpo profano 6 abolido. Assitt i 1nos, por uma Jógicu símbóUc-.a. E ai se segue que a ap.:ite te .()Ob<eza con·
3SShn dizer, ao próprio OI() realizado i11 ilio lempore, num mo- ceJtual das culturas primitiva.s implica n!ío 4ma 1ncapac1dade 1)3·
mtnto auroral cosmogônico. Por conseqüência, ao transformar ra produzir teoria, mas uma ê!ependCncia de um C·Sl•lo de pensar
oodos os atos fi oló3icos cm cerimónias, o homen, arcaico nitidameme di ferente do estilo iµod«no, fundado sobre os es-
esforça-se por "passar.além", por se projeta.l' além do tctupo (do íorcos da especulação helênica. Ora,. a1é n i:rupo.s menos C-\IO•
devir), na eternjdsde. Não é oponuno iusl ür aqui na i 'u oção de- Juídos do ponto de vista ec1103ri\fico é poss1vel 1dentific.mnos um
38 TRATA/)0 DE HISTóRJA DAS R.2ll01ÔES

conjunto de vudade5 integradas de Urna n1ancira coerente num


sistema, nu,na teoria (por exemplo. entre os aus1tãlianos, os pig.-
1neus., os lúeguinos). e1c. • &te conjunw-de verdnde.s n.'!osó cons-
titui utna ;,Welt•ausehauung'', mas t.aml>é1n uma on1ologia pras·
málica (diriamos até uma soteriologia), no .sc-ntido de que tcnr-'l
salvaguardar-se i.ntcyaodo.se no real à cm1a dessas " v e rdaçlçs" ,
u
Para da,·mos apc11as um exemplo. Vttemo.s qu.e a maioria dos
atos rcaLiUtdos pelo homem das Clllluras ai:e dcas não C1nais, no O Céu: deuses uranianos,
seu pensamento, do que a repetiçiio de UJll aesto primordial rca-
liiado no princfpjo do tempo pOr um .ser dJvi.no ou por uma figu, ritos e súnbolos celestes
ro ntítk..t. O ato s6 encerra ctrto sentido na medida ent que. repe•
1e um modelo transcendente, um arquétipo. Por isso a finalida-
de de.ssa repetição ê a de assegurar a nor111alldude do aro, de a
legalizar concedendo-lhe un1 esiatuto ootoló.alco; poi.$, se esse ato l l. o S3g_ndo cclcslt--Aprece 1n.ais popul de-todo o mun-
se torna real, é uníc.aa1entc f)()i'que rep,:1e ,un arquetipo. Ora, lO·
das as ações reaUzadas pelo primitivo prtsMipõcnt wt1 modelo do dit'lae•se ao "Pai No.. que está no ew:•. Pode ser 9ue PtCC,C
n1nis anllg a r. did&1da a um mesmo Pai celeste- o que é.'tpl.1 4
transcendente; por isso esses atos só sào tficaics na medida e1n
Que são reais. exen11>Jares. A aç.ào i ao mcsn10 teinpo uma ceri 4 c.al'ia o testemunho de um africano da tribo dos ewe: ''Além, .n 4
mQnia {na medida e1n que intes;ta o homem numa 1.ona saara.da) de fica O Céu Dt:us es(á 1runbéDl," A C$COla etnográfioo d e \ 1
e 1.11na inserção 110 reaJ. Todas estas observacÔ('s impJic un nuao- na, e m prinl i.ro lugar o padre' W. Sciu id . autor. d.a n1a.i:5 volu 4
ças Que-se destacarão de lU.aneira mais nfti-Oa no mon1enLo em que nu:l\Sa monografia dedicad:a à origem da 1dC1a de. d1v1ndde, P,ro·
pudermos com.entâr os exemplos forneci.dos pelos capitulos se4 cura a1.ê dcn1onstrar a exist cia de w» n1onote{$1110 pnmord1al,
1,,uin1e.s. No entan10, tais implicaeô(s dc:,•cn1 desde já ser enun 4 fundai:nenlando,se essencjalmenle na presença dos euses ceies,
ciadás. a fim de esclarecer este aSpocto 1e:6rico .da vida rdigiooa ies- entre as sociedades humanas mais ·primitivas. De:ixen1os pr-
"·1>rin\ili\·a" geralmente n1a.is despraado. visorinmence cn1 suspenso este problema de 1nonoteí$Jl'IO or!·
ginal. O que e t4 co1:opletamenic ra de du1da . a Quase un?
vcisalidade das crença! nun1 s,u d1\'ino celest1al, cnador do un1 4

vel'$0 e. asseiorador da rccundidade da Terra (graças. às ht1vas


que derrama). s stres sào dotados de 1,1ma presc1ienci e e
u1nn sabedoria infinitas; as leis morais e fl'eqOeniemen1e n1ua1s
do là rora1n pareies insiauradas durante a sua bre\'e permanêtl·
eia na terra; \•clan1 pela.obse.('Vãnci das leis e iodo aquele que:
se lhes opõe é fulminado.
Antes dç revermos al,aumas f:igu_UlS, di\'inas de .1rutura ur 4

niana, procuremos cotnpreender a Stg.-n1ílcação rcli.g:lo-53 o


étn si mesruo. Sem precisar1nos sequer atentar nn tfabulavào.ceu .mi
tlc , 0 Céu «'\'ela dirctamenLe a sua 1,ansce1tdéncia, a sua/orça
e a su.a S(J,·ralidade. $imples contempla,ção a a?óba eeles.te
pro)'oca na consciência prhnitiva uma cxpenenc,a. ellg1osa.
Uma afirmação
1
como esta nâo Un llca necesJanameote um
''nílturis1no 1 uranii\RQ, P9lll a mc.n1altdade arca1ca, a natureia
• Con. .'tp:-.W, mund'jvfdêní:i;i. (N.T.}
TR.A1:..tD0 DE 1-JISTÓR.IA OAS REl.10/ÓES 0 CÉU,• DEUSES URAl\'IANOS "1
nnuca éexclu$iv:unente ••natural''. A exprcs.s§o "simpfescontem• Pois o simples fato de ser "eJevã<lo'', d-e se oontrat "no
ptaç.ão da abóbada celeste .. coma um sentido dífe r en1e $e a rei alto.i equivale a scr "podcroso" (no senlido religioso da pala-
ciona1nos com um ho1nem primitivo de I ai modo s.cnsível aos mi- vra} de $Ct, colno tal, satur:ado de sacralidade - ê a J?róprla
lagres cotidill,ll.OS que nos ê hoje difícil de imas,ioar. pois que essa etimologia de cettos deuses que o testemun a. Para os 1:oque-
contcntplaçâo uívaJe a wna J'C\•clação. O Céu revcla-se tal C'.O- scs tudo o que possui orenda chama-se ok,, mas o $Cnt1do da
mo é na rt'alid.ade: ln.finito, transcendente. A abób.'lda «:teste é.,
por e:<cclêJlcia, !iuma coisa ,nutro diferenlc u do pouco que repre-
""'ªv'ª oki p"'eç,, s.r Qd< "ílq I• qn<fflá nas allurns"; <11çu-
tta1nos- até um k r supr mo -oom o nome de Oke1. As populaçoes
senta o homem e- o seu espaço vital. Diria,nos que o 1irubolísmo sioux ("plain indians" da América Sc< ntrional) e-XJ)rimem a: (o ça
da sua transccndênclasededui da sim pi Lon1ada de consciência 1D;-ásica:•relia,ios::1 {ma,u,, orenda. te.} pe]o termo , 1ka.n, m110
da sua altura infinha. O ser ''altíssilno'' é aJao que se torna neces- próximo. foneticamente, de- "YJkan. ·1vankan, que SJgrufica no
.sari.unentc- um atributo da di\•indade. M l'tgiões superiores. ina- alio , 1,or-cin1a" ' na IJngua dacota; o sol, a lua, o relâmpaao. o
cessh•eis ao boruem, as zonas si(ilerals. adquirem os prestígio1; di• . •
vento possuen1 -.,.Y.tkan, e e.sta força, ainda que de maneira imper-
vinos do uanscendente. da reatidadeabsotuw., da perenidade. Tais feita. foi personificada em Wakan, traduzido por "Senhor'' pe-
reaiôes são a morada dos deuses; é ru que chegiim aJguns privile- los n1j iooários, n1ns que-é mais exa1aruente um set supremo
giados pelos rilos de ascensão celeste; aLê at se elevam, segundo les1e ma11lfe.s10 sobretudo no relâmpago?.
as concepções de cenas religiões, as almas dos mortos. A divindade suprema dos maori.s cha,na,sc lho; iho teo1 o
O "alto" é u1)}a djmensão in;icessível ao honiein como tal; !llelltido·de "e-levado, no alco"l, Os oegros akp0soc::onbec:tm um
pertcoce por direito às rorças e aos seres sobre-humano1;; o que deus supremo, Uwolu;vu. Ho que está no alto, as rcgjõ supe-
se eleva subindo cerbnoniosamente os degraus de uo1 santu,irio riQr "4. E seria possível multipJicarmo os exeniplosj. Veremos
ou a esc--ãd3 rin1al que conduz ao Céu dcixa Cl)1!0 de ser um ho,, e-n1 breve.que " o altíssimo", " o brll.hante", " o céu" são noçõ
mco1; as almas dn$ defunlos pri\•ilegiados abandonaram a oon- que existiram mais ou. menos manit_c t-amcntc nos tc ·mos arc 1·
diç.ão humana na \Ua ascensão celeste. cos por nteio dos quatS os povos c1vlll.zados exprimiam a 1dé1a
Tudo is10 e deduzido da simples contemplação do CCu; mas de di"índade. A transoendêncfa dh·ina rc,•ela-se diretame;ntc- na
seria erro gra\'e considerar essa dedução oomo uma operação ló- inâcessibilfdade na intinirude, na ete,·njd_-ide e o:i força crladora
.3N."á, racional. A categoria transcendental da "aJtura", do supra- do Céu (a cbuv ). O modo de stt cel,este é u1na bierofania i t$-
tcrrcs-ire. do ínfinito 1 revela-se ao hon1çm Wteg.ral lan10 à sua gótávtl. Pór eônsêguinte, tudo quanio se. passa 001; espaços s1de-
inteligênc:ia corno à sua alma. O si.Jnbolls1no é um da.do ·IJnediato rai..s.c nas regiões superiores-d::i auuosfer:1 - a revoluç o r{unlc-.a
da -consci@nc-la total, ou seja, do homem que se descobre como <tos astros o corr« das nuvens, as tempeslades. o ra10, os me-
tal, do hon1em que 101ua consciência da $1.1a posição no universo: teoros, o rco-iris - são n1ome1H dcijta mc.s1u.a hic-rof ia.
es1.as descobertas pl'imordiai estào Jiaadas de mane.ira ião orgã- Quando se personifica est3 hierofanla, qu.ando as divinda-
nica ao seu dtama que o mesn10 si1nb0Lismo de1ermina Ulnto a des do C u se.tevelaram e tomaram o, lugar da sacralidade celes-
ativid tde do seu s\lboo1,sciente co,no as 1nais nobres cxpres.sõtii te como tai, ê coisa diíícil de precisar. O certo é as djviodades
da sua vida espítitunJ. lnsis1an1os. pois, nestas distinções, isto é, cêlestes 1ere,n sido desde o ink.ío divindades SupJemas: que as suas
que 15eo shnbolistno e os valorts religiosos do Céu não são dcdu· hietofànias diferentemt-nte dramatiz.adas pela experiência miti-
zidos de maneJra lógica. a partir da o rvaçáo calma, obJeti.,.a, ca, pc:rn1an ceram com o passar dos .:em s hi rof oi s .urania:
da abóbada (eleste. nem por isso s o o produto exclusivo da eía- n::is: e aguilo a que poder(a1nos cWlmat a h.ist6r1a das dJv1ndades
bulação cnfdca e das experiências irracio·nais- religiosas. Rc_pita• celes.ies é ero gra.nde parte a hjstória das instituições de "íorç_a",
010s: ainda attlCS de ioda a valorização religi0$à do C-éu, já es1t de "criação", de "leis"< de "sobernnia". Passaremos tal)Jda.
llltimo re ·c.la a sua cranscendéncin. Só peJa sua cxistêJtcia ô Céu mente unta vis1a de olhos por aJa,i.lns arupos de divindades celes-
''simboliza" a Ltansccndê-ricia, a fors;a, a imutabllidade. Exisle 1es, o que. nos ajudatá a oompretnder meJhor r to a cs.,;éncia des-
PQrque. rlc:l'ad(J, infinito, imuld\•el, l)()(feroso. sas divindade$ como o destino da sua "história".
I'
0 CÉU; DEUSES UP.ANIANOS •13
42 TR1ITAD0 DE .JIISTÓRIA DAS REL/0/ÔES
no Céu, redrou•sedo tnundo, 1nantendo-:1cmtão sobre as nuvens,
11. Dcii s a1LStralia,1os do Ceu - Baiame ) a divindade SO· oomoun, "'senhor'', e com umag.ranck espada nas mãos 11. Os ca
prema das tnbos do sudeste da Austráli.., (kamilaroi v..i r a dj orl ra91eres-nranianos encontram-se rambém nos outros deuses supre·
euahlayi), aí recebe as atn1as dos in o cenres. Está .sentado num ,ro: m<n australianos. Quase todQS manifestam a soa vontade: pelotro-
no do crista); o Sol e a Lua sllo seus •'filhos". os $CUSrntnsagei- "ão, pelo rai o (porexemplo, Pulyallana), ou pelo,.·e1no(Baiame).
,o na Tem\ (na realidade s:lo os $cus olhos. como entre os fue. pela aurora boreal (Mungan1,1s,), pelo arco-íris (Bundjil, Nut-
gu,nos balak,,· lups, os semlU.1$ e os samoiedosf. O lfOl'flo a e rundctc). VimM que a morad:a derol de Balameéattaves,sada pela
soa yoi;. fat cair a cbu,•a, revcrdect e íertiliza ioda a 1c1·ra: neste Via Lâc1ea; as estrelas sào as fogueiras do acampamento de 1\ltji·
stnu o e· tam. ''criador''. Pois Baia me ó " Si'lf crcated'' e W· ra e de Tukura (deuses supra:nos das tribos aranda e lori1ja)12.
do cnou ex n,Julo. Tal como os ou1.ros deuses uraní a nos ,Saiamo De lUJla 1nalleira geral pO<temos dize-r que este$ seres divinos
\'a e ouve tudo 1. O tros Lribos, .situadas na costa leste (murin .. australianos conservam, sob uma fo rma mais ou me.nos integral.
ecc.). co!ll.1ece,n um .ser.divino semelhante: Daramulun. Este 0 os seus. laços diretos. concretos, com o Céu, co.m tt vida sideral
me esotenco (con10, ahás, Baian1.e) só é comunicado a0$ iilJcla- e meteórica 11• Sabe-se. a respcilo (,lc cada un1 deles, que fizeram
dos; as . ulbe<t;! e s crianças o conhecem coJtlo "pai" ( p a - Ouniverso e criaram o home,n (isto é, o :intepassado 1nílico); du-
JXlng) e se1hor (b101t1bum). Da mesma forma, as ar().ffl:ira.s una. rante a sua c.urca pcnnanêoci;1 na Tttra revelatam os nústérios
e.u de argLla do deus só stto exibidas dur::Ulto as cerimônias de (quase sempre redutíveis a co1nuniC(lçâo da genoologia mítica da.
1n1c1açãOi em seguida são destruídas e djs.persas cuJda.dosamen- tribo e a ccrl{IS epifanias do UO\.'âO, e(. oom o rombo) e ins1ituf-
tc. OUtt.o ra, Daramulun permaneceu cerco tempo na Terra e inau- ran1 as JeL civis e 1norais. Sâo bons (são cbsmado.,; ''Pai Nos
gurou os ritos de inic-iação; depois subiu de novo ao Céu, aJ so"), N'C01npe.nsa1n os virtuosos e- defendem a morul dade. De•
rcss a sua 'OZ - tr o \;âo - e d i eitvia a chuvn. A iniciação sempenhat'n o papel principal nas cerilmõnias de iniciaç H e 1>e
consiste. entre OU{tO:I atos, Da rc.velaçà,o solene do ''romb o " • cebeu, diretamente as preces enviada:s (como entte os yi.11" e, os
pedaço d tnadcira de I? cm de comprimento e J cm deilargur kuri do Sul). (l.1as em parte nenhuma a crenç 1 e.oJ semelhantes
que posstu numa e.t.rem1dade urn o rifício pe'Jo qual passa um cor- Séres. celestes domina a vjçla religjosa. A característica da religio-
d:I; pela sua :01açâo, o rombo produz um som a nálogo ao tr sidade au.straliana não ê a mnça num ser etleste, criador i.-uprc-
vao e ao tnu.c;do do t?u.r (de onde, tam.béul, o .scu nome inglêl.: mo, mas o totemis,no. Encontr.nnos a mesma situação noutras
bull-r<>arer) . Só os 1n1c.1ado s conheoem a identidade do rombo re;iõcs; as di\.·indades celestes sup1'00\i.\S são inctSSàntemente em-
e de _Daranndun. Estes gemidos misteriMOs, que OU\'Clll durante
purradas para a periferia da. vida r.e:Ugiosa até o ponto de eaire1n
a qoue, 1,1:ov selvã e cnchetlL os irriciadós' de um torror $a· no csquocin1cnto; s5o ou1ras forças sagradas, mais próximas do
8)'ado, DOIS ad1v1nhrun nelés a apro:<i1naçiio da divindade'. homero. mais acessh·eis à sua experiêflcia cotidiana, mais úteis.
. O s « suprl'l!T!o as Eribc_» kulin chama-se Bun<ljil; habica 0 que. desctnpenbatn o papel prepondaante.
n\ ,atto Cê •· acima do "Céu sombrio·• (é at6 este "Céu son\·
bno , i:,arcc1do com um;'! monianlla., que podem elevar os
7urandtJros; ai 0$ acolhe outro figura divina, Gargol)\itch que 13. Otu.ses ctlesces l'ntre- 0J1 andaan3ne.,;es 1 os a.{rlcano,s, etc.
1 (ercede a $CUfavor junto de- Bundjil}:1; ,cf. a mon1auha cm' cujo - ,\Ssio>. por exemplo,. Ri!tc-.y e- Geden encontram entre 3s po.
cuno se encontra 1 \01 ser s-ubordloado a Baian1e, que lhe leva as
pr es. do.s homens e reo.,,rcssa m as suas tespó'Stasio. foi l3und P\llações ;:lborigelltS da lndia sinas de uma crc1,ça quase esqueci-
111 ue criou a ter.ta, s ârvores, os anin1a..is e, o próprio homem da nu.1ua divindade supre.ma: "antes vaga r orda o que força
(e lc,.lo co a rsila, u1sull do-lhe !' aloo.a pel nariz, r>efa boca aUva"iS, \1m •lser supremo passi\'O, ao qual nenhtun cuho é di·
e pelo tut1b1go). l\1as BundJd, depo1S de 1ovest1r seu fill)O Bim- (i$ido''*11. t>.1as, por muit o apagados que sejan1 os indícios dessa
beaf do poder sobre a Terra, e a sua filha Katakarook do poder divindade celeJ1te suprema, conservam sen1pre ,un laço oom a vi·
da urallíana ou meteórica. No arqujpêlas.o andaLnanês, entre uma
das populações mais primi1ivas da Asia., Puluga é o ser supremo;
'Ou I = � - (N,T,} é concebido de. manein1 an1ro1>0mó1•fic3t7 mas hn.bita no Ctu
• • IJuJl.f()Of',tr; MID do 10010. (l',.\'f'.)
44 TRATA.DO 0/:." HISTókJA DAS HELIGIÔE'S O CÊU: DEUSES VRA/\7AN0$ 4;
a sua voz ê- o trovão, o vento a sue respiração: as borrascas são Por lOda a África se cocontraram indícios de um grande deus
o sinal da s11a cólera, pois castiga com o raio aque.Jes que infrin- celeste quase desaparecido ou em vias de desapareoer do cuho (v r
gem os seus mandamentos. Puluga sab:' cudo mas .só conhete os a biblio.arafia). O seu lugar foi ocup;ido por OUl<M fo ç 1tl1
pensrunentos dos h0tnens durante o dia't. Criou para si uma e$. .
4

_giosas sobretudo pelo culto dos antefXISS8dos. •• A tendenc,a se-


posa e teve. filhos. Perto da .sua resldêcu:ia urouiana encontr .m- ra! do' espírito dos negros·•, escreve. A. B. EJJis, "foi escolher o
se o Sol (feminino) e a Lua (masculino), com os seus filhos, a$
fir1namenLo l'Omo deuS: principal da 1,a1ure:w.. em \'e.2. do Sol, da
csrrelas. Se. Pulug:i dormt, ve:m a se.ca. Se chove., isso sisniíica Lua e-da Terra. ·•n J:>01 seu lado, rvlary Kingslcy crê "que o flr·
que Deus desceu à Terra e procuro o sieu alimcntott. Puluga mamcn1.o ê sempre o grande deus indiferente e descuidado. o Nyan
criot1 o mundo e também o p1•lmeiro homem. chamado Tomo. Ku_pon dos tschwis, o Anzambe, o Nzam, etc., das raças_banto.
A humanidade muhiplicou se, teve de sc-disversar e, 4epoi$ da O africano pensa que este deus teria um grande poder caso dese-
mone de-'romo. passou a esquecer-se prog;ressiv:unénte do seu jasse exercê-to••tJ.
criador. Um dia de.sencadeou•se a cólera de Puluga, e o dillivio. Voltaremos em breve a falar da lndit'ert'nça deste grande deus.
que. engoUu a Terra inteiro, pôs fim à humanidade: .tpenali qua 4

Por agora a,en1e1nos apmas à sua cs1rutur.i celeste. Os 1schis, por


tro l)l?SSOas S ( salvararu. PuJuga tt\'e piedade delas, ma$ os ho- exemplo, empregam a palavra NyanhiPot'I o nome do seu deus
mens continuaram a 1noscrar-se recsJci1ran1cs. Após lbes ter re,. supremo - para des:ign..'U o Céu a chuva d17.cm ,Vj•onkupon bom
ci:,rdado os seus mandame:i:uos mais uma vei, o deus re.tirou...se (baLe), ·•troveja'', NJ·a11kupo11 ba (chego-u). ''ehove••ZI. Os ba-
- e depois disso os homens nunca rnais o viram. O mito do a (cl94 ilas lfibos 00.otos do vale do K.afu . crêem num ser supremo todo•
1an1en10 corr«ponde à completa ausência do cuho. Um dos lllli• poderoso·, criador, que habita no Céu. e a que.o) eham.t Leza. M 'i
mos c,'<ploradores, Paul Sebe-besta,, esx:reveu a propósito: "Os an 4

na' li08ll3$e1n pOpular a palavra le.::a. exprime também .os f_no-


damanescs nâo <:onheoem nenhum culto de Deus, nenhun1a pre- menos -metcorológ_icos: dtz•se Lez.1.Cai (chove), Lcza esta fuuo o
ce. oenh1on sacrifteio, nenhuma solicitação, nenhuma açâo de gL·a-. (tro•ltja), (lc.is Os suks chamam ao $CU ser S\IJ)l'ffllO Torórut, i . r
sas. Só ó temor de PuhWt os }e\•a a obed«er aos st.us n,anda- 10 é, o Céu, mas tambêm Jlat., a Ch:i-vaios. Entre os negros -pro-
mentos alauns dos quais são tigorosos. como o de evitar oomer priàmente ditos, Nj:ime (Nyame) designa também o fit•tuamenló
ctftos f1 ut01: dul'aõte a es1ação das chuvas. Com um pouco de (da raiz n)'OJ"n, ''brilhar'' ; c.f. div, f 20).
boa vontade poderemos explicar certos costumes como unia es- . ,
Pata a maioria das popul ções ewe, Mawu e o nome- do Se(.
pécie de culcó w . Entre dcs está o do "silêncio sagrado'' dos ca,, Supremo (iio,ne -deri"ado de. wu, ,;e:.stcnder". "cobrir"): aliás,
çadores que res:ressaran1 à aldeia dt.poi:s de uma caç.ada feliz. "-1awu é utOl..z.ado «.'Orno termo paN! designar o finnamcnto e a
Entre os caçadores nômades selkn,un. da Terra do Fogo, o chu\·a. O azul do fi.rmameiuo é o véu com que Jawu cobre o
deus chama se T-emaukel, ,nas devido à crença sagr3da este no-
4

ros.to; as nuvens são suas vestes e seu adorno: o azul e o branco,


me nunca é pronunciado. Oeratmentecha:marn-lhe $ 0 'chn-lul$kán 1
suas oores favoritas (seu saoeJdote nt\o p0de usar outras cores).
is10 . "habilantc do Céu'\ e SO'onk kas p é111e r . ··•o que e$tá no A luz. é o óleo com o qual ?v1a\vu unge o corpo desmesurado. E e
Céu" . .Étterno, onisciente, todo-J)Oderos.o, criador- tua\ a cria 4

envia a el)uva e é i:,n.iK"iente. las, ainda que lhe sejam ofercct


çâo foi compJerada pelos antepassados m(dcos, estes tatnbém cria-
4

dos sactificios regulares, encontra-se em vias de desal?3!ecer do


dos pelo.deus su1>remo antes de se ter reti:rado cara além dases- culto21. "Entre- os masai .nllótieos. Ng.ai é uma figura tbvu1:i m l-
trelas. Pois nc;, pr nte cue deus afascou- se dos hon,cns e tornou . to ekvada, o q_ue não .impede de conservar os c racter s uratua
se i.ndifmnte àstoisas do nlundo. Dele nâo e.xistc r n imagens, nem
4

nos; é Íll''isível, habita o Céu, seus filhos são estrelas. Seus olbos
lem Sacerdotes. É o. aütor das leis morais. ê juiz·c, por ó.ltimo, 1ambém são cstrclas: as escrela$ cadentes i;ão se,1s olh que s
o senhor de todo;s os destinos. Sô Lhe são dirigidas preces cm ca- aproximam da Terra para ver melhc)r. 5e$u.11do Ho1hs En.g1U
so de doenças: t'Oh, ,u, que. estás no alco, não me tires o meu (Ngai) sianiíica literaJmente " a chu.v-a•··2s, . ..
filho, ele, ainda é tâo pequenino!'' E faze1n lhe oferendas espe·
4

Os índios P \\'ni reçonh m Tu;awa a11us, Tir;ei,va J)(U de


claJme,ne duran1e as 1c1uvestadcs21. todas as QOi.sas". criador de. tudo o gue existe e dispensador da
46 TRATADO DE Hlsrr.'JRIA ()AS l!,Ef.,J(}JÔBS o cev: DEUSES URANIANOS 47
vida. CriO!J tis estrelas para .e,uJa.r os pa.ssos dos hornetlS os re- •·Proprietário do céu"). qlle, depois de ter co,ncçado a criação
lâmpagos d o o seu olbar e o vento, a s1J a i: pir;i.ç . O seu culto do mundo, confiou o cuidado dea acabat e a govunar a um deus
conserva ainda um colorido i;in1boliso.),o ürtUlÍMó muito precjso. inferior. Ob;uala. Olórun afasta-se definitivamente dos assuntos
Reside, além das nuvens, naq\1ele Céu que nunca $e ll'3.JU(-Orrna. terrestres e hum1u10$ 1 e não exis1ero Mln templos. nent estátuas.
Tira\va 1.ornou,se nma nobre figura re.l:igiosa e mJ1ka. ºOs bran- nero sacerdotes deste deus supr-emo. No l!ntanto. é invocado CO·
cos falam de um Pai cclcslc, ao passo que nós. (idamos de Tirawa mo um úllÍntô f(;Ut$ó éOl ttml')I) de calamidadê'.
a1ius, -0 pai das alturas, 1nas 11iio imaginamos Tirawa como wna Entre OSíang:; do Congo (Brazz.), N2ruue ou Nsruube - c r i a -
pes.wn. h,uas;inaroo-lo ém todas as coi:s:as ... Ninguém conhece- o clot e.senhol' do Cá> e da Terra -desempenhava outrora papel
sett aspecto.'' muito importante na vida 1·tliaiosa da tribo (o qU< se adivinha
através dos mitos e das lendas), mas Uheriormente foi afastado
para ú11imo planoJ 5; N1,ambi dos Bantos ê igualmente- un1 gran-
14, ''l>('ns cuiQsus" - A pobreta atuaJ - ou $ej sob1·etu- de deus cclcste<i_ue se t'éC.lrou do eulto. Os indig:n.as con.sidcral)l-
do, a au.$êflcja de ULll ca}e.ndário sagrado dos ritos iódicos - nQ conto todo-poderoso, bom e justo; mas por isso roesm-0 uão
t uma ('(ltaClerístic.a da maioria d9s de1.1ses <elestts . Os sem3ng o adoram e não o re1>ceseotan1 sob q11alqu« forma material, co-
da. penim'Ula de Malaca conl1e.cem 1ambc:n1 um Ser SU'preooo. l<.atl. mo aos outros deuses e espfrllo.sJ6. El\tte os b:lSODSOS, o «iador
Karei ou Ta Pedn. de estatura. superior. â de u1n hoinem e invisl- celeste Efi:le 1vlokulu não possui culto êSOn1ente é irtvoçado quan.
vef. Quando falam dele, QS seiuana nâo di.r.tm precisamcn1eq\1e do alguém íat um juratnenlo''. Os hercros, população banto do
ele é imortal; no eoraruo âfitmam que sempre existiu. Criou lO· .sudoeste da África chamam Nd>'antbi ao seu deus supt·emo. o
das as coisas exceto a Terra e o homen1. aue são obra de Plt, qual retlt'ado uo éêu, abandonou a humanidade às divindades
outra divind'ade que lhe está subor<1Jnada! 1• O esclar«hnento infe;iores. Por isso no é adorodo. '".Por (IUC ha,viamos de lhe
acerca dn fato de tta'.o 1er sido Kari o c.riadoJ da Tetra t: do ho· oferecer sacrificio ?", explica um indígena: "Nada 1eolos a 1e-
nu;m é sieniflcativo: revela-nos unHl f,órmula cotnum da trans,- mer deJe. poís, ao contrário d0$ nossos mortos (Ovakuru), não
ndência e da J>a$Sividade da divindàde suprema, muito afasta- nos faz nenhum.1nal.'' No enlanto, qnando se produz algo de
da do home1n para satisfazer suas inu,ncrâveis neoessi.dades reli- ioespers.damcnte feliz os H«eros di.rigt.m-lhe ptects nessa
giosas, ecouômkas e vitais. Tal coino osou1ros deuses .suprc1rios ocasirto». Os alundas, outra tribo ban1çi 1 cr&m que- o seu ,Nuim-
uranjanos, Kari habit.a o Céu e d.:monstra a sua cóleJa provo-
cando re:lân\(X1.80Si aliás, .sc.u próprio nome significa ·'raio''
bi e.s-1ã muito distante e é inacessível aos honiens: a vida religiosa
é co11f1Sc;:.1da pelo modo e pelo euJto dos espíritos; até relativa-
(''lempestade''). É onis,cie11te, pois vê tudo quanto se passa n;a mente à chuva se<lirl3eru aos oklshi, ist.o é, aos antcpassad#.
Terra. Por isso é '"e1n primeiro lugar o legislador, que reg.e a vi- o mesmo se-\'elifi('a ntre os ango,\ls. que oonheceiu tim ser
da soci,d dos homens da floresta e vela ciosanienlc pela observa- suprttt\O m;1s adorant ó$ sntcpa.ssados; entre os tum ukas, para
ção dos seus mandameutos••J2, 1',1as não e objeto de u1n culto os quais o criador é dernasiado longínquo e demMJado grande
proprinmc.nte dit.o: someate o invocam COlU oferendas eKpiató- '"para se interessar pelos assuntos vulgares dos homens''"°; en.
rias de sat1iue quando se dC$ellc.1deia uma tcmpestadel ' . tré os , ·t.lJ\b3S, (llle conhecen1 a existência de L a s , mas sã<_>eK-
O mestno se passa na maioria das populações aírican:l.S: o clusivamentc solicilados pelos anteJ)aSS3;dos; eru.re os wahchés,
grande deus celeste, o ser supremo; criador todo-poderoso, de- que imaginam o s t f " supren10 Ngurubi conto criador e 1odo-po-
sen)l)etlba ape.nas um papel ins:igoificante na vida rcli g: iosa da detoso, mas sabent tan1bêm que são os cspirito.s dos nionos (n1a-
1ribo. soka) que exet<::e:m uma verd;ideira vjgilância sobre as coisas do
Está ·m.uito lonae ou é den1asiado bondooo para 1er necessi- mundo e.é.a eles que ot'Cret'tnt um Clilto rea,lllar. etc. Os ,va::13-
dade de um culto propriamenu: dito, e só é in\•ocado tm caros ·aas. i1nportantc trib!;> banto do Kilima.ndjaro, adoram Ru,va, o
-extreroos. Assim, por cx.znt1>lo, os iotubás da CosLa dos Escra, enador, o deus bo1n. iuardião da.s h;is morais. Surg,c wm lllpd
vos acreditam num deus do óéu chamado Olón,n (literalmente ativo nos mitos e nas lendas. mas é rnedJoc: aquele que tein na
o c t u : DE.uses ük.ANJ.At.'OS 49
TRATADO D e HlSTóR.IA DAS JlEUOJÔES
ír . -Por isso, logo q·ue este apa.rece, pegam n-os st\lS aroos, apOn·
relitiAo. Ecit-lt'lt..slado bom(' ácon1odado pars que os homens tt· talil para d e e Cômeçarn a salmodiar: «\re.ncc:ndo na luta, dcrru•
abam necessidade de 1cn,ê>-lo. E só quaodo as ptects eossltCrif't-- Qaste q cmvão que rugia, que rugia com tao,:a força e tão irrha:.
cios oíJos aos espíritos ficam k.m resposta' se sacrifica. :l Ru. d,o. Estacia Irritado COJUra nós?'" A litania tc:rmina por uma pre·
\\'ª• -rol>iectudo no caso de un1 a ou de doença grave41. ce, dirigida ao arco-íris, pedindo·lhc que iotcrvenbajunto do ser
A mesma $111.1.ação se vertfiea tntre o, negros de Jingua LShi sup((mo les1e, a fio1 de que este não p e r1n aneç a irritado oontra
si ,\fijç,\ O<ide.na!, oom Njankupon, quo lt longe de ser ado- elet.JlàO mait brame nem cause. morte.ü. Os homens 56 $o! ltLU·
rado; i1ãr.l posMii cuho, nem sncerdoies especiais, ê só lhe pres· bram do Cêu e da di"indade st1preo1a q,1ando ,1m perigo. oriun.
tam h.omcn:lgffl) em raras ocasiões. no caso de grande fome, ou do das reg:iões uranianas. 0$ ameaça diretame:nte; alêm es..<;a.c; ci.r-
de epidemia, ou depois de u1na violenta tempestade: o , homens cunstâncias, a sua religi0$idadei so]icitada pe):is necessidades co-
pt;rguntam-lbe. então cm qu o ofende.ram - ú . Dzingbe ("O Pa.i tidianas, e as su práttea.s ou a sua devoÇli(> orient9.!D·S(' para
·univt(saj'") tn.cooua.se à cab('Ç.a do panteão politcista da JXlptl- as ,forças que oontrolám estas me.s.mas ncccss.idade.s. E evidente
laçào e\ve. Diferentemc:n1e da maiori: dos. OlUros seres celestes que tud.o isso m nad3 diminld a autouomJa. a gtruideía e a prl-
suprctn06, 'Omlgbe tem un\ saoerdote particular, chamado D:;.. n1a.z.ia dos seres oebtes Súpremos: alem djss.o, te.mos aqui o tes-
se, "s.acudo1 do ec:u'', que- o invoca ducante o tempo da seca: h:rounho de que o homem primi1ivo, t.'11 como o civilizado. os
"Oh, C u. a quem devemos a nossa g:ralid;lo, grande ,·a.i a seca t:'i(luece: fae:ibnente, na ,n.ed.lda em q·_u-e não te1n neCCMidade de-
f"az com Q\te chova, a terra se rt.frcsquc e prosperem. os C:atll· Its· que as cru_ezas da existência o conSl1angc1n a olhar mais !XIJ'a
f)()S.!'''° O distanciamento e o 4csio1er e elo ser suprt1no celes- a Terra do que 1:>ara o Cêu, e que só redescobre a importtuicia
te t..\.tão ad1niravcln1eu1e exp:te$S0S nunl ditado dos gyria1na5, ds <lo Céu quando. aqui, a morte. o an1eaça.
África Orlt1ual, crue descreve assim o $ÇUd.::us: "ri.tuluau {DtllS)
está l.i no alto, os msncs aqui embai-xo P (liretalmente, 1ta
terra) 44• JS. Novas "'formas" dh'inas subsdhtídas 30$ deuses unlnfii.
Os banlO dizem: "Deus, depois de ler criado o bome,n, nun- nus - Na r idade, en> caso aJgun\ da religiosidade primitiva
ca mais quis saber dele 1>ara n..1.da.'' E os negrilhos repetem: •' [}cus os..se"res <:elestes supremos dcsanpcnham um papel de de$taque..
afastou« de nós!'·'"! As popuJações fang das C:!l)lJ)illas da Afri- A fornLa religiosa domjnante entre os aust'l'a.Liaoos é o 1otemis-
ca Equ,uori.al resumem a .sua filosofi;:t rella;losa neste <ântieo: 1no. Na roli.oésia 1 ajnda que exista a crença .numa di,·indade
leste suptema ou num par divino originário (ver adiante), a vida
Nzam.e (Deus) esrá nas ahu(as, o homi:m aqui embai:ico. rctt.giosã. carac1cri1..a•se por um rioo polidein.onlsmo ou potiteis·
Ot\1$ Dc:us. o homem é. o honie:m.
Cada u.m no léu isol.a1nen10. co.00 um na MI.acasa. mo,. Nas ilhas Yap, das Carolinas Ocidentais, existe un1a crença
ba,tante nitida em Y d a f a z - ser $upremo criador-, bom. etc. -
Nza.me não reoebe cuho e os fan.g só se dirigem a ele para mas a população venera os espíritos (taliul<.an). Os indígenas das
Lh.e pódir chu\'a .v.. . É também por causa 00. clluva que os hoten· ilhas \Vetar, na Indonésia, ainda que pratigucm a feiôçarla, CO·
totes iuv un 'Thunj.Qoam: ''Oh, Tsuni-O<>am, o Pai dos Pais. nhccem,. no entanto, um ser SUl_)rtmO, "'o V lho'', que. habita o
tu:, que. és nosso pai, faz com (J\le Nanub (islO é., à nuvem) deixe So ou o Céu. Na lndot1.ésia, g«aJ, a divindade supre1na do
10,nb.v a dtuva em torrentes!" Sendo oniso:iente, Deus conhece Q u íundiu-se com o Sol ou foi subs1itufd.\l pd;) divindade deste:
todos os pecados, e co1no tal invocado assim: ''Oh, Tsuni·Ooom. l')Or. exemplo, J-Jai, da.s CcJebes, íoi assimilado no deus solar, no
só tli sabes que cu não $OU c:ulpadol""'7 qual os indígenas vêem, aliás, uLnoontinuador da obi:s de cria•
c.à"Clcomeçada por f.lai; o mesmo acont«e em nmor e em inú·
As preces qtie se dirigem a estes deuses em caso de: n«es:si• mer.is outras ilhas6.
dcide 1eswnem admiravctmcnte a sua estnuura utrutiana. Os pig- Na 1elauésia, o-que do,nina a vida religiosa ê a crcoça no
meus da África Equatorial ácrcditam que deos (l{mvum) lhes mos--
tra o seu desejo de entrar etu relação com eles por n1âo d0 arco·
uran,, embora aí existam tambcm o aoinlismo e os vestígios de
so 1P.ATAD0 O E JlíSTóRJA DAS Ri!l,JOfÔHS o <:Gur JJBUSES URANIANOS 51

u1na c c1!ça 1w doo ttltste... ; es1nttu.ra da reUg.iosidack de Fiji vind.ade d.a Terra, cujos segredos: de cullQ .sào co1uur1ica(los ape-
ê .º.ªºlll'llSllU>, apesar d ex1st1rem ainda robrc;;-ivências de urua nas às mulhere.t' . O motivo mítico do par Céu.Terra encontra·
dtvindadt cetc.ite 9.JJ)re.na. Ndengei, reprcscn1ada sob a fonna se na Califórnia tvleridional (irmão-e. irmã; da i;ua união nascem
pa1adoxaJ dc11ma s.:.rpentc que \•ivc escondida numa cav<;rna ou, toda$ 3S ooisas). entre os indianoi; pitna t , llO Novo f\féxi<:o, c.n-
tte inélianos da Plankk (Plains Indians), ,entre os sioux e os pawni 1
então, qut.soo,ente 1em cabei;a de serpente, sendo de pedra o re.>sto nas Antilh n.
do corpo; quando tal divindade se- agi:ta, terra treme. embora
seja· UIMID a ttJâdôra do n1u.ndo, Olliscientc e pu·nido1·a do
lnal 50 . A p0puJaç,ões africanas. como vimos, c1nbora. oort.Sér\<c-m
,na.is ou menos iutac1a a crença num ser Sl1pren,o oelest.e conbe- 16. fusfto e·substitujção - Por tudo quanto acabamos de
cetn todavia outras dominantes reli3losas difercn,es do ru no1eís- dize, se\'! que a dh•indadc ccJeste sup,elll.a cedeu por toda a par·
mo ou da monoiatría. Na t'egiâ<> dos indianos Déné dominam o té o lugar a outras fortnas: religíosas. A morfologia desta substi-
culto dos e phih,s e.o xamanismo, mas tXJs,e lambém um s.:r Sll· tuição é variada; 1nas. em parte, o sentado de ('.,)da sub:stituição
premo de .oaturc:z.t celeste; Yuuoere (que significa; "aquefe que 6 o me$mo: a passagem da t.ransoendên-cia e da passividade: dos
se mantém l l l l $ ah11ras"), seres celeste$. às fotmas rcl.i3,:iosas dinâmicas, c.tkicntes, {aclltueo1e
nçcssfvcis. Podei-se.-ia dizer que assistimos a urna ''progressi\'a
. . Noutras regiõC$, ao ser u,,remo u,aníano sobrepõe-se u1n3 queda" do :sagrado "no concreto": a vida do homc-m e o meio
d1vmdade lunar; e, por exemplo. o caso do$ in;dfgena.s das ilhas
Bank '. assin1 COllló as Novas·Hébridas". E,n raríssimas cir. ôósmico que o rodeia in1ediatrunente cada vc mais se itnpcegnam
cuosiâucias - e. sem dlivida, por iJJJluência do matriarcado - desacl'atldade. As érenças no ,nona, na õrertda e no .-.•oko11 etc.
a (li,,indade celeste suprema é- tCtninína; assim aoon1oce oom Hin· b animismo, o iotentlsmo, a dC\IOÇiiO pura com os es1>irit s do;
tubuhet, da Nova.[rlandta, que con5«v todos os atributos da di· nlQrtQS e as divindades loc.i.is, etc., situ.a,n o bon\e1J) nu1n't'I posi·
vinda e ú!.)rfflla uraniana (passividade, etc.), mss que é elo g-ê-.• c;ào ,reU,8:-losa diferente da que ele tinha perante o ser suprffllo ce-
leste. EXIS!e mud oa próJ)fia estrutura da experiência rellg.{o.sa.
nero fenunino; ou as fortaàS femininas e auim;:iis de Puluga co-
nhecidas sob os no1nes de 13ili,ku e Ohi j'; ou as divindade;; Sll· É de maneira diferente, por exc111J)10, q1,1e se revela um Daramu-
premas fcminjnas entre os bopi, navajos, e,e. Oulras ve s uma hU\ ou Tira•,11a, assim conlo os toteos. as grâma de\•âta, os espfri•
deu feinlnltla substituiu-$<! a o ser supremo oe:leste J)ri tos dos mortos. etc. (\ substituição assinala sempre a vlióda das
de l'o as diníhnícas. dramâticas. ricas de val!oclas ntiticas, sobre
m1u"º•. como su,:edeu çnrrç os iodas. « s ka\·is do ASt.1» 1 etc, No
sul da lndia, a divindade uraojana suprc.ou1 dese1npenha ínfimo O ser .celtstc supremo, nobre tuas p ivo e longinquo.
papei, pois a vida rdigiosa tá oomp.lt(amente ab!,Orvida pelo E assi.11,1 Q Ran3i'. ntre os maoris d:a Nova Zelândia, se
cuho das divindades locajs fen)ínínas, as grtina devãut. 6eol que esteja prC'se.nte nos mitos, nâl> constitui objeto de u1u
O motivo do par prinútivo e.tu únacho).Tel'ta (mulher) é cuJio; o seu lugar foi ocup;:ido por Tanga:roa, o deus sup1·emo (SO·
muito ffeqüente. Assim, na iU1a indonésia de Keisar, o princf()io lar?) do pante."to a1aori. Na lelanCsia encon,ra-se correntemen·
te o n1iio dos dois írmãos, u1n en,preetldedor e o outro c rúpido
masculino, (l.4akaro1n n>anuwe, que habita o Céu e cemporttria·
mcote o Sol. e o principio feminino J\ilakarom mawakhu, presente (as duas fa..es da Lu ), ?riados pelo ser celeste Sl1pre1no, a Quem.
na Terra, constituem o objeto central do culto-14• O par pl'in1iti- com o temi», substtlUtrlUU. Em gera.l, o ser suprcnto dã lugar
vo e o mito cosmosônioo que lhe corrcsponden1 s."'k> cata<:teristi- a um demi'urgo, por si próprio criado, e. que rm seu noo1e e se,.
iundo as suas diretrizes oraaniza o mundo - ou a wna divlnda·
cos da Pofuiésla e da J\t.icron ia, e a. este respeito ;1 versão mais
coohocida é-a n,aori, de Ran$i e Papa. Indícios da crença ou1n de solar. ,,\ssilll, erltte oertas populações ban10 o demiurgo Un·
par divino primitivo eJ.lCOnL,am•sc. também na África: entre os kulunkulu é o eriador da r:tÇ:1, hutuana, porém subordinado ao
b.anr.os 1u.ei:Idlonais, especialmente entre as populações ba,vili e .sér celeste- supremo Uli.kxo, ainda que pos1criorm.eu1e acabasse
por empurrar este para o esquccimen10. Eut.re os indianos tl.ing.it
fJOft. a d1v1ndade suprem leste. Nzambi, pas.1a para segundo (ws1a noroeste do Pac.ifico) a fl8Uí3 di"ína <"entrai e o corvo, be--
plano, dtixando 01 seu lugar, e sob um n1esmo n01ne. uma di.
·TR.-ITADO DE IIJST0RIA DAS R t u a t Õ E S 0 C.IJU: J)EUSBS VR.4;VfA1+,'0S 33
rói e derniui'go pritt10rdiaJ, que!' faz. o mundo (ou, conl mais 1>1 dosamente COI\SCf'v:ldólS (§ 78). Tudo o que vem das regiões supe.
cisão. o org.ltliul., difWldiodo a ei,ilização e: a cultura). que cri.a. 1ioces 1>ru.·ticipa da satrnJidade uraniana; os mieteoritos. abundan-
e li bera o Sol,. (;'t<' •.s: i\'lai, por \•e:zes. o corvo realiza tudo isso por cc:mcnte impregnados do sagrado sid-eral, ctrtrn por isso mesmo
ordem de um wrdi\ino supc.rior {dC quem e filho, por exe:rnplo). u1,ml)ê1n adoradc,s61,
&1.rt os tupi (Guarani), Tamo$Ci (·Taruoi) é o antepassado miti·
co, o demiurgo solarizado que substitui o s.er ceJeste.
Na Ani.erlca do Nane, o $('r supre,no ocfes1e tende tm geral J1. Andg1.1ld11de dos .st'«'s sopremos um1da11os - Nào po-
a f'Undir·se com a versQnificaç.'to mflica do trovão e do vento, demos afirn1ar oom segurança que a devoç:io para com os s«es
n:p,rcseo1.1do ,como utna grande ave (o corvo, etc.); com um só celestes tenha sido a 6ni,ca e a primeira crença do homc1u J)Iitui•
batu das. suas asas faz :'lurgir o vçn,o, e i su::i Utljlla é o li\'() e que todas.as outras formas religiosas h.aj m apar do ui·
relâmpago ! ll . Desde as origens o 1rovâo foi t continuou a ser, 1c1·iormente e representem fenômenos de deg:radaç.ão. Se a cren·
o a1ribu10 esseucl.al das dJ,•indades uranianas. E, rior veus, o cro,. ca num ser celeste supremo se ellcontra comlLmcntc nas socieda-
\'ttO singulariza-se e adquire autooomia par&Jcular. é assim. por dS prhnitivas mais arcaicas (pigmeu.s, ausu·aliaoos. fueguinos),
exe1llplo, que os índios siou."'t pensam qué O! astros e os fenõme· nrlo .se encontra, porem, e1n da wna destas sociedades (falta,
nos meteoroló8,ioos - o- Sol, a Lua, o raio (e sobretudo este) - 1,<,r exemp,lo, entre os 1astttallianos 1 os \\tedda:;,. os k.ubu). Domes-
estão sa.turados de \\fakan. Os kansa dize1u que jamais virwn o nu> modo, tambtm não nos pa.roce que essa c:renç-a excloa nt:ecs-
seu deu$ \Vakan, mas que muilas \'ezes têm ou,•ido a sua voz no •nrlii'Lntente qualquer outra fomta religiosa. O homem pode. wr.
tro,•ão. Entrt o.s dacotas, Wakantanka e, de fato, "uma.palavra Cl.'ln aptcn1c,.desde os 1empos mai5 remotos, a te\'el.açào da ttans-
para designar o trovão'' {Dorsey). Sob o nome de Wakanda, os ccndêoeia e da onipotência do sagrado atra\'és da éxperiência das
omaha bonratn o 1rov!l.o coro um eulto próprio; sobretudo n() co- 11u1h1relações com o meio \U'anlauo. O Cé:u _. e.til si mc;smo e anle
meço da primavera os homen montam foau-eims en, sua honra, rJQ1:incn1.e ;i ioda a efabu.lação mitica ou elaboração COll<'eitual,
sobre as colinas, e levam,J.he oferendas deta.bàco· . Entre os ai· n1>re.se1uou.s,e <:on10 dominio divino por e.xcelênc.ia. Mas em si 4

sonqulnos. fa2em..s,e. promffi:as a Chcbbeniafhan, " o horuetn das l'uultancidade com esta hJerofania uraniana p,ode 1er ha\•ido inú·
altur.ts·•. sempre qae uma tempestade se apl'oxi.ma ou a trovoa- PlC[;l$ O\lttas.
da pareoe intinen1e. Uma coisa se pode a[innar cor.n certeza: e que, de maueira
Vimos(§ IZJ Que no, rituai• d< inici o australilDOS a•])!· K,r11l, 1;1hi<rofania celeste e a trcnça nos iicrn supremos celestes
faoia do trovão se anuocia pelo mnldo daqui.lo a que se chama déu lua,ar -a ou1ra1 concepções reijgios..-i.s. Pat"a nâo nos atast.ar·
" o roLubo". O 1nesmo objeto e o mesmo cet"imonial também se 1110s do mpo das gcoeralidadei, é certo que semclhan1es CICll·
conservaram nos ritos de iniciação órfica. O raio é a ;;irma do deu.s tn, nos seres celestçs supremos representavam 0\11tota o próprio
do Cfu em todas a.s mitologias e u.1n local p()I' ele atingido com <:entro da vida religiosa e não nm i1nples setor periférico, como
UtU raio t0f11a-se sagrodo(-1), os homens por d e fulmjnados fic3.Dl ,\C aprese111am hoje enue os prlmiti\'OS. A pol)reza a1ual do cuJto
C()n!.'lgrados. A rvore mai5 frequenteruenle a(inaid.'t pelo raio dt1$tas dÍ\'ind;1des uranianas significa pura e Simplesrntnte que o
(o carvalho) ê investida dos prestígi0$ da dh•iudade suprema (is· colljuoto cultual foi confiscado por ou1ros fortnas religiosas; o
10 para citar apenas o carvalho de Zeus em Dodone, o de Júpi1er que em caso nenhum sisniúca que semelhantes divindades uca
Ól.pitoliuo cm Roma, o carvalho de Oonru· perio de Geisma,. o 11h1nas scjanl cri3çôes abstratas do horne1n p:rlmiliVo ('· 1ou ape·
c.ar,•a1ho sagrado de .Ron1owe .1\a P1\1ssia, o ear"·alho de 'Pe.run luu1 ,das se1,1s sactrdotes'.>) e qu este nâo te\'e ôu não pode ter re•
enu:e os tslavos). Grande nUmero de crenças relacionadas co1u l1t1,-õd retigiosas con1 ele. Aliás, como já "imos, a pobrez.., do culto
a Sàntidadc- do trovão se cncon1ram espalhadas J)OflOda a terra. atgnifica a1lte:s ausência dt um calendário reLi,a.loso; oca!ional-
Acr.cdirava·sc que ns chatt1adas "pedras de mio•'• - as quais, na mcn.u:. espora<Hcan1ente, c 1da um dos seres celestes supran0$ re•
sua maior pane. são apenas sílícios pré·históricos - eram a pró• 1..-ebe as honras da5 pre<:es, dos sacriricios, etc. Por vezes tra1a-se.
pria Pontà da Oocha do rclilmpago, e como tais veneradas e pie- RI! de um culto no 3Ulêntico 5'ntido da psbv1'a: disso são teste-
S4 TRATAbó DE lltS'fó)(/1 1DAS RWV!ÓES
O CI';.U: DEUSES UR,tl\'/At,.f()S ss
munho, por exemplo, grandes festas rituais da Ank!ôca do Norie
i:. sociais, nunta pala.\•fa, da situaç-do do homeln no cosmos. A
cm honra dest seres suprcn1os (Tirawa, Chebbcniat.han, ·A"'º-
na\viJona}. Na África, os exemplos são a@é n1ui10 numerosos: .as IQiciação ê também um ato de e oão_ apenas um
titual de ,egeneracão. o conhec1menco, .conhecimento
a. preensao glóbal do
danças noturnas cu1 bonr.i de Caan. entre os bosqu(manos. ou o
culto-1egular de Ü\\'Olu,\'U {sacerdotes, tug;ar do culto, s.1crifkios) inundo O decifrau.eiuo da uni.dadc cósm1c.a. a revel.1çã<>;d s eau-
entre os a.kµosos; os sacrifícios humanos periôdicos dos ibibios ias lihl;n s que mantêm a e.xistê-L\cia- 10.rnam-se poss.1\·.e-1.s $l'3•
tm hOJU'à de Abassi Abumo, o Ttovejltd.01, e ainda os sa.Jltuários cns il contemplação do Céu, á ltkrofania cele1te e às d!Ymdades
que Abas si possui no pátio de cada casa en1reos habit.lnte.s dc--Ca• 1.1ra11ianas supremas. .
ta bar, vizinhos do.'> ibíbios; as preces e os sac-riflcio! f f l l honra de No entanto cairiamosffll g,raode erro se V1ssemos ntssesatos
0 reflexões :.in1pies p"feoc.upações racionais (00 10 faz., por exem-
Leia, ece. Os koudes adoram <>seu deus supremo (',,•Jb:unba, -c.-om
-Oaoças, ca,,çõts e. preces: ''Mbamba, faz com que os nossos li• plo, ,v. Schmidt). Poís, pelo contrário. consututm atos de_'?"
lhos cresçam! 'Equeo nosso·gado se rnuJtipliquef Que o nosso ,ni- '"(m integral que. evidentemente, conhece 1ambêm a obsess ô
ilho e as nossas.bala.tas se deseovolvam! Afasta as e.picf.en1ias!''il d'- çausatidadc mas antes de n1ais, conhc-oe o ptoblenta da cx1s-
Os wachagg.1.S dirige1n as suas pr«es e sacrificios a Ruwa: "Oh. 1!ncia. isto é, ele i; encontra dite1an_>ente inserido. 't'od ess.as
FuDd:idor, oh, Homem do Céu, aceita es,a cabeça de g;ad-o. f"<:\'clações de naturt2.1 mctafisic.a (ongem da raça hui.nana, his-
Roaamos.te que desvies e afastes de nôs a doença que se .aproxi tória 'S.'f8f ª da divindade- e dos antepassad s. meta1no1 fo-ses.
ma da Terra. n A.,; pessoas-piedosas dirigem preoes a Ru,\•a, de ma- -writido dos sintbolo.s, nomes se<:rtcos, etc.}, fenas no uadro d.as
nhã à Doite, sem as .aéompanbarem de: sao:rifíclos 6' . Sacri.ficam- c::criinônias de iniclaçâo. 110 têm cxclusivamentc.en1.v1st:a .l sau -
se bodes a ?vluh1gu, eos akiku.>·us oícreoen1 numc1'<>SOs s.acrificios (nção da sede de conhecer do neófito, .IJ.lns cm pr•mearo lugar
a Engai. as prim!eias das colheitas e dos caroeil'osok. propõem-se. o fortalecin1ento da sua tx.iSlê- cla. IOtal, ª. omo-
A anáJisc·das diversas camadas da 'religíão aus1ralk1na mos- e;tlo d:i conlinuidâde da vida. e da abundànc1a, a g.araooa de um
era bem que a crença na di\rindade c.e-Jeste ocups o ceotro da reli- de$tlno ,neJhor após a morte, ele. . ,, .
giosidade mai.s·a1 jca. Outrora, Mungangaua vivia entre os ho- Ponanto, etn resu,no: ê especial cute Stgn.1. 1?3U"' ª a prcse;n-
mens, na Terra; 1nais depois retirou-se para o Céu, e ficou longe \1ª, no 9tu1dro da\ «rin1ônias de lnlc1 0, de d1v1 dades u!'a · -
deles. Na Austrália é r,ossh•el identificar por tO<la. a parte o mito 1nns nas -0amadas mais rcaicas da reltg ilo a l! 1aoa. Essa 1n1-
do af.tslamentQ prog.re1sivo dos seres divinos. D t quakluer mo- <:l çllo, repitamos, asseguL·a a rege.ncraçao o 1n1C1ado ao revetar-
do seria diJfcil derivar a crença nestes seres celestes de uma ou1ra. lhe os sesredos da natureza metaffs.Jca; satJsfa;:. ao mesm<:' te-ml!o
crença anterior. Tem-se dito, por e,,empfo, qoe deriva do cullô 11vida, a forÇa e.o oo in1ent . De f! t .a o laço es1reno ex.is,.
dos mortot. Olas lJ'O sudeste da Austrália tísto i: nun1a das mais 1cnle eu1rt- a 1e<,>fania ("isto no ntual an1c1a 1co se revelar a .verd?-
dcb:a llátureia e o verdadeiro nome da .dlv1nd.ad!)• a en?l 1a
1

tUltigas ain1adas etnográficas) inexiste o culto dos mort . É


pr«tsa1nente- nos Ju3:ares onde as cerimônias de iniciação têlll Ulais (pois, J,>Or muito demen1ru- (tUe t nha sido, a cei:imônta de truCJa:
\•igor (isto é, uo sudcste da Austrália) que e.ncontramos a divin- çae> t1S$E!$Ura a salvação do neófito) e,a .1uetaflsi,;a as revcla s
dade oeleste associada à Ct'lebracào do ritos secrecos. Pelo con- que &é faztn1 acerca do principio e da ong do .u,uv , da or1-
t,ârio, nos luga.l'es onde o esoterismo cstâ enl vias de dcsapareci- cin da raça humana, etc.). !\ilas oo t.ro da cenmôruaenoontra-
n>entô (co1no suctde com a 1naioria das- tríOOs australiao.a.ç dó cco- !ea divlnd;i.de uraniana, a mesma d1vtudade que ou!rora cz o
tro - arunta e loritja). a djvindade celeste (Alljita, Tuk.urn) nnl\•crso, que cciou o bom.:m e desceu à Térra pata ul.stau1ar a
aprese,ua-se dc.s1>ro,•ida de valor religioso e sobrevive sobre1údo c,1Uura -e 9s ritos de ink::iaçâ .. . .
tta ttfera do mito; o que Si$1dfica quC"a crieoça na divindade ce- Esta pterrogativa de- as d1v1ndades u.raruanas serem, na«:> -
leste cm outrora incontesta\'elmente mais <.':Omplcta e ,nais intcn• 6cm não somente c1·iadoras e onipotenles, mas ta1nbén1 $nV1-
sa. Graças à inicinçâo toma-.w conhecimento da "erdadeira teo- llcnt s, "sas.es" por excdêttcia, explica a :sua transfonn çao. em
rani<4 da dcsceudência n1ftica do clã, do cor,,us das leis ittõrais li.'Crtas religi s. çm figuras divinas abstra 1.S, em conce, os per-
ouil'icados Q.lle sel'Ve1n para explicar o unt\'etso ou exprimem a
'T'RArA.l)Q l)E lil$T(}k/A D.4$ RFUG!ôfS l7
sua rt'3lidade absoluta. lho, o deus ccleste da Nova Zelândia e d'.fflte que a "hisU>ria'' modificou também as teofaoias prirnitl
ck> Taiti, revelado socnen1e aos iniciados n.as doutrinas rdo- '-''aS:·nenhum dos de\lses celestes das populações primlti\'as e "pu-
uiis estéticas, é mais unl conceito filosófico do que. uma divlnda- r o " oU representa uma for1na auroral • . '\S $Uas .;for.mas"
ôe Pl'<>priao1ente dita 6S . Ou1rOS deuses iranianos - o Nzambi das )nodificaran1-se quer sob as inflüêocins extcriorts, quer pura e sim-
populaçõts banto, por exemplo. -SuMistinako entl'e os acnetica- plesrnen1e-pcto fatt> de terem vivido nu1no t:radição humana. f\ias
M$ sii. - SJQ Xl,HlQs; ttJt - ç um fenômeno de abstração nas chamadas religiões p0Uteistas a história a,iuwm intcnslda.•
que. denota a t.raosfomtação da divi.ndade nwn pt·iocfpio ruetaf(. d.e n1uito diferente. As concepções religiosas, ta1 eonlo .i vida e;s..
sico. De fato, o A•,1:onawiloua dos zuni Creprc:sentado como des- piritual e o,ental integµI desses po\•Os cri..1doro de ''histól'ia",
provido de quatq,1e1· 11ota pessoal. podendó ser considerado ta"4 s.ofrcnun iníluêneias, simbioses, con\•ersõcs e eclipses. As •·for-
to feroinino como ma.sc.ulino (Laog charoâ\·a.Jhe ''He-She'''/>'. 111.,s'' divinas, exnta.tnente como as outras. f<>rmas produzi(las por
Estes deuses cclest(S su1>rcn1os puderam ser transformados estas cl\•iliz.açôe5, mosttaot tl:t sua Mrutura inuUlerãvcis con\po•
em oonceitos filosóficos devido ao fato de a µrópl'ia hie:rorania ncntes. feliunerue, a ,·ida religiosa, tal cotno as criações a que
uraniana ter podido uanst'onnar-sc numa revelação metafisica. deu origem, estão donlinadas por aqui.lo a que podCJiainos cba-
ou sej.l, ()Ot(ltte o próprio carliter da «>nte1uplação do Céu per- mar ' ' a tendêoçia para ó arQué:tipo". P-0:r m\Utiplos e divetsos
mitia, ao lado da revc iio da pt«ariedade. do hotuetn e d.a lr.UlS• Que sejam 1.X'ltnpouentes que enl.ram numa criação religiosa (isto
ceodência divina, a revelação da sacro /idade do c:onliecimento. é:, numa forma divina.. Dt11Jl rito, mito, culto), a sua e:<pl'es:s!O
da "'forÇa'' tspif'itual. Eru nenhlltn ourro luaa(, senào na presen- 1:Cnde a reg:res .r co-ntinuamenle ao arquétip0 . .tv(a.is 1>3ra diante,
ça <lo céu diurno ou da abóbada C$trclada,. seria possível desco- L'IO decurso do nosso e:<ame sumá.rlo de a·1gumas djvh1d,'!.des cc-
brir, em n1ai.ot pJeultnde, .l oriae.t,l diyina e o valor s.sgrado d.o Lest das regiões. politeístas:. poderemos dispensa.r-nos de-oonhe-
conhecimento, a onipotência de Aquele qoo vt! e co,upreende, de oer a ''história"' de cada uma delas para compree11der a sua cs-
Aquele Q\1e "sabe". pois ei:o iodo lado se encontra, tudo vê e, ll'lllu.ra e o seU dtttioo; poi$ cada uma de-1.lS. apesar da "histó-
de fato, tudo faz e tudo djri&e. Cer1ameot . para a ntentaljdsde ria'' que a. preoede > tende a rtencontrar "'a fortua" original, a
1nodema, tais divindadC!l, de contorno mítico impr«-ist> - lo, voltar ao arquêtipo. Todavia > isso 11!10 significa que as figuras
Brama. etc. - , pareceni abstrotas, e estamos inclinados a dessas divindades cek'stes sejam simples ou que nós possamos le-
a_proximã-las mais de um ooncâto fllosófíoo que de uo1a d.ivio- .,.ar tnuito tonae o seu proc.es:so de simplifieaçâo.
d.ade prôpri.1mente dita. E!ntretanto, não nos esqucçàmos d 4ué, Se os con1paramos com as figucas de ,que no.'i ocuprunos nos
para o homem primidvt>, p<u·a o.homem q·ue as fol'jou, o $0ber, parágrafos prcccdeatéS, vemos que o pr:hnel.ro elemento novo
o, co11luxitnetJI Q ttam - e permaneceram - epifanias do "po- ;.eiprcsentado por esses deuses é a soa soberania. A teofania não
der'>, "força s..13rada''. Aq1 que vê e sabe, pode tudo e e tu- :se reduz apenas às rea.lidade1;: uraniànas e 1neteorolôgicàs, o seu
do. Por ,,ezcs, tal ser suprem<> de origem iraiúana transforma-se podtr nâo se n1anifesta sotuente pela criação oósmk:a > poi.s se
no fundamen10 do universo, no autor e no dirigente dos riu.nos lrao.sfonnaram em " horcs•·, em soberanQlS universais. Porcon·
OOsmicos, e. 1enllc para u1na coincidência ,quer con1 o Pfincípio .stqUêucia, (las chamadas religiões (Xlliteistas, uen1 sempre se po-,
c,,u subs:t:!lneia n1cw.flsica do universo, quer com a lei, oont o que de falar do deus do CCu sem atender a este novo elen,ento que:
é eterno e universal oos fenômenos passageiros > isto i:, cou1 o de- é a soberania; en1bora derive-das prQT0$3-livas cele;stt:S, COilStitoi
vir. Aquela lei que: os própdos deOS(S nào podem abolir. cmsi n1esmo uma nova valorização religiosa do "1)0der 1' e tende
a modificar sens.i1,1clmente o pel'fil da di-.,indade.
Comecemos a nossa rápida t.'(posição com as divindades ct•
18. Deuses do Ct.{u entre QS popu1aç rtkas e ctnlr<>· lestes supremas adorad.,s pelas PºP1!1ações ál'tic:ns <: pelos povos
a5':ãtlcas- Assim que passamos das rdígíões dC>SpO\'OS ptimiti· nômades do norte e do cen1ro da As.ia. Os sarnoíedos adoram
vos para as religiões ecbamadas polJtcístas, a principal difereoç-a Num, divindade que l!abita o C'.éu (ou o 7 ! ,;;éu) e c.ujo no1ue sig·
que encontrarnos \'Cm a st.c a sua próptia c'bis1ória'', pois e cv!- nlflé3 "Céu',6.J.. "-fãs wltt inc:<1uo ide.ntificá-la com o .ci!u male-
58 rn.,cTAD0 .DE JIJSTÓRIA D;I$ RELIOIÔES
O CÊ-U: OtiUSES URANf.-fJ,.'OS 59
rial, l.tl como faz. no1ar Vi.'. Schmidt0: os sa,noiedos con.side1am
Num c,omo se,1do jguaJmentc o mar e a tC"rra, i$10 t, o Uni v erso rado", "branoo", •(n1uiLo alto'', "Senhor '?lifestre nteu Pai", :·ooa
inteiro. En!:reos koryaks, a divindade up·rero.a c-hanUt-se "Aquele luz dourada das Alturas'', etc ..• *1 Nas preces e nos le:tl :i terá•
das alturas", " O Senhor das altur .s··, •"o ·vigilante.", '"Aquek. rios ao deus do Céu cbamzim-lhe fr«:iüet\l!n\.ente "Pai''
que- exis<e''. ''F'or\·a", "o· l\otu11do". Os aioos oonhecem-oo co, A sio,ples enumeração destes nomes e utulos põe e1n evidên-
mo "'o Chefe divloo do Céu". o "Deus celeste", ••o Criador di . cia o .:arálér <:elesce, soberano e eriador da divinda.de. su rema
.. ino dos mundos'', " o Protetor". etc.; mas tan1bém como Ka· urato,aJtaica, divindade que rfside no Céu 3i . no sétimo ccu, no
lUUi, lslO é, "Ctu""'· A divindade su1>re:n1a dos koryats habita nono ou no décimo scxto fl •. O seu tton() encont:a·S .no ponto
a ''aldeia do C-éu'', Os esquimós cenlrais cr«'m que a sua divin- mais elevado do oéu ou no cume da mocuanha oosm1ca (§ .143).
dade suprema habita o Céu: chamam-lhe "ser celeste"''· Cer1a- Os tártaros abakan faltim i3t1almeo1c da "Abóbada" do Ccu «:·
1net1te estes no1nes e es1as atribuiçõl\S não esgotam a pccsonaJj. leste. os btlii::uas da ••casa cintilante de ouro e de·prata·· e os ai•
dade do deus supremo das pop\llaeôes árticas, que se reve.la, aci· 1ai d< nm "Palácio" (6rg6) com unra "Porta de ouro", as-.
ma de tudo, como um deus todo-poderoso. ,nuita.s vezCli Linico sim como de um ''Trono de ouro"RS. Esse deus ten\ filhos e
e unhor dei universo. t-.•las a es1.1Ui,1ra eelt!te das &uas 1oofanias filhasS<: está rodeado ck servidores e de: mensageiros que o xa•
e mallifes1a e arcaica; e, , J como ns dh•indades .celestes dos prj. O).à en ntn1 na sua ascens.\o e:itl.álic-a para o éu. (Un tes,
nljt(v , este deus supremo partilha oom os deuses inferiores e Jajyk. mora na Terra e desempelllla o papel de intermediário en-·
con1 0$ espíritos a vida religiosa das populações árticas. Por ,·e· fre.0-lgãn e os ho1nens; o outro, Suila. o setVa a conduta dos ho-
ies só se lht dirige,n quando falharam as preces dirigidas ao CS• me11s e dela informa o Set111or.)"7 r,.1a; nao cnconltrun en1rc os
uralo-ahaicos o mito da hierogrunía, se bem que o.s bunalas a·
píritos. No en1anto. nos sac·riffcios ofer«em-lhe a cabeça e as
unha$ do animal sacrificado, enquanto aos cspúitos e às divin- 1ueQl " P a i " ao Céu e '' ·làe" ã T:rra ilas suas invocações
dades <:tônioo-inJernru.s apenas oferecein o sangue quentc 7' . o deus celeste supremo é o criador da Terra e do hom n.
O nonle nK>ngoJ da divindade st1prtma é Tengrj, que s.ignifi i:a Ele é O "anifice de·1odas a. coísaíi", o ''Pai,". Criou as 01sas
"céu"13. Entre os Tcberemi.ssos, o OeW>celes,e supremo chama. vis(veis e invisi\•cis e é detai.ubém que faz fruoíicar a terr . En·
se Jumê, originalmente · 1Cf u ••1 . O 1lome ,nais frcqüco.te e1ure rre os voguls. Nu1n-târem não é apen"S;, o criador n,as 1a1nbé.Jn
o..,; ostiaks e<>S voguls é Nunt--T0re1n, ''TUre.m, o Alto" ou '·TU· 0 civilizador da huru:i.nidadc, o que ens.na os 1to(nens a pescar,
etc."9'> , \ jdéja de criação está est1-ei1amcnce .lig.ada à de no,·ma cós·
r ,n <Juç habita as aJ1uras·•1 j. Mais ao sol. entre. os os1iaks
irLysch, o no1ne da dh•indadc celeste é dtrivado des/lnkt>, cujo mica. ó O!u é o :'lrquêtipo da or<leol \l l ·c I. .f?deus c!tJes.lt
sen1ido originário e "luntinoso, briJhante ,, luz••iô; pol' tx., Num· é o abonador tanto da perenidade e da 1ntel1gib1hdadc dos rit-
.sãnke (''Sânke das Ahuras"}, Jem,sânke (''.Siinke, o bom"), mos cós1uicos como do equiUbtio das sc:,cic:dadt$ human s. É o
etc. 17 "Khan" o ''Chefe'', o "Dono", isto é . o soberano universal.
Outros titulos e epfte1os do deus do céu co1npleta.m a defioi Assilll, suas ordens devem ser .tt$pei1adas (nos cín1Jos de deus,
çiio ds su;'I ,natureza e das su {unções. Os beltires dirige,u as a noçã<> de " OOUl3Jldo" , de "Ordenador ·, é dcnte) 91. l'llOl\-
suas preces ao •· Khsn misericordioso" (iKaira-Kán) e ao ''che· góis scrcditam que o C vê wdo, e quaodo 1auo1 un:a Jura pro-
clamani· "Que o Cêu o saiba!" ou "Q1,1e o Céu o veJa! •t<'Jl, Nos
fe'' (c·ajun}18• Os 1árta(OS de MinlLc;sinsk chamam ''Criador da
'Terra" (<:IJrCQj(IJl)')19 ao deu.s sul)re1uo, os )'akutes chan1a1u-lhe sinais d Céu (oomctas, secas, ele.) lêe.:m as revelações e as?!·
" o s.1bio t\•fes.tre Criador'' (urll11 ajy tojo11) ou " o t\,lesLte 1nuito dens divinas. Criador. observsdor e sabedor de ludo: gua!duto
.a1to·• (urtoj()1t), os iárcaros do Atrai. " o Grande'' (ii/giin ., ülgen) <tas leis, o deus cclesle é oosn1ocra.1 embora no re:ine dtre1a-
;ou " o n,uito Grande'' (boi ülgãn), e, nas suas invocações, taro. mente itSSim que ap:ircccn1 os organtSll'IOS polJtlCOS governá por
õéol "Ju:i brune.a" (akojos; cf. o OStiàk sii11ke) e "Khún muito iu1erm\ dio dos seus representantes 1errtstrts 1 os khans. .
.Na carta que r-itangu·l<. an enviava por kur broeck ao rei
'lutninoso" (ojos kan)f». Os osliaks e os voa:uls acresccnta.m ao da França, enoon ta-se a ma1S clara profissão de te.da ra a roon-
nome de 1úre1n Oi qualificativo. "it'ande:1• •i!uminoso", "dó\í·
tôlica: "Esta é a lei do Deus eterno: no Céu apenas cxi!)tc: um
0 ($U: DEUSES URA,'*IAl'-'05 61
60 TRATADO DE. H/SfÕll./A DAS REUO!ôES

só Deus etémo e sobre a Ttna haverá somente um Senhor vcrna tudo, ntas faz somente o bem (is10 ê, não cMtlg;i). Os tuu+
(',enghis-Khan, FUho de Deus!" 6 o selo de Oerighi Kõan tra; guses da religião de Turucha11sk reditam que o deus do Céu
a seguin1e u)S(riç-ão: "Um Deus no Céu e o Khan na Terrn. O lhes envia tanto a boa sorte como o aza.r, embora dccla«'m na.o
selo o Senhor da T«n'l." Esta conce1,ção do mona!'(.) univer- co,uprecnder quaJ o <:ri1écio que o tc"a a proceder assim9-I .
sal, hlho ou representante do soberano cel('Ste na Trrra, rocQntra• Ma$ de maneira geral podemos dizer que o deus celes1e·su-
1.ru tntrc os _çhine.ses (mim como cn1 ctnas _popuJações prm10 <las pop1,1-lac;ões llraJo-altaicas oonser.'a n1elhor do que. os
pohnestas). Nos antigos textos chineses o deus do Céu tinha dois outros os stus carac,eres primordiais. N:ão conhece a hiero mia
no1:11es: T'ien {"CC'u'' e "deus do céu'1) e Chang-Ti ("Senbor AJ. e não se 1ransfonna ein deus da tempestade e do u·ov1lo. (Os uralo•
te.ta'': ·· soberano das Alturas"). O Céu é o re.aulador da ordem altaicos representam o lrO\O sob a forru.t de. uma ave. co1uo nas
rosm1ca, . soberano supremo que habiua o topo, das no,•e regiões 1níiologias da ;\mêrica do Norte, mas nào lhe ofuecem
oeJesces. ··Providência dltlástíca, o Céu é uma potência chl.rivl- saerifícios9S.) Venetalll•LlO, diriget:»·lbe preoes p m obter os
llt:ntee ju:u-iccit'a. É a divindade que preside às juras. Ju.ra-se pe- aJin1cntosl}b e ioza de um cul10 propria1uente dito, se 6e1n que
la luz d<>dia e J?Cla da aurora; 1otna-sep0r Lestemunha a abóba não r escntado por ima.ge.ns". e sacrificam-lhe sobretudo
da azulada, o céu azul, o cé-.u que britha e briUl no aho1••tJ c renas brancas'M . !lif.)$ não se pode dizer que a \•ida religiosa es-
O Imperador é ''Filho do Céu". T'ien tseu, e representante teja integralmente dominada pela crença na divindade <ielesle; hã
do. deus,.celest na, Terra . .Ao mongol .dzajagan correspoodia o umá série comptela de ritos. de ãen.ça.s e de superstições que a
ch1nês t 1cn·m1ng, ·a ordem do <:eu". O Soberano nao só garan· iQO'?ram completamente.
tia a boa ora,atlização da sociedade mas lamb&n a fertilidade da
terra. a uoessão no-:mal dos ritmos cósmico . Quando se produz
uma c-atastrofe s!smJCa ou qualquer ouir.a calamidade o sabera· 19. tesopo1à 1nia - O 1e1·1no 1>umiério designativo da iv:in·
o.o chi ês oonfcssa _?Sseus p dos erttr a-sc a práticas de ·pu. dade-. dingill', tinha por significação pJimiti\·a uma.e1>ifania ce•
r1ficaçao. No Chi J<.l11g, é c.ste o lamcn10 do rei dura1ue úllla seca leste: "ciaro. brilhante" ((lingir era tradu.zidQ cm aeo:dla.oo por
1errivel: "De que crime nos acusam agora. para que o ceu haja ellu, "claro, brilhan1 "). O ideoa,rruna que exprimia a palavra
desenc.adcado a morte e os lOrmc-ntos? Co1no foi possível cair "dívindade" (pronuocíado dingir) era o mesmo que exprimia á
p..,Javra desig.nati"a di: ''cêu'' (neste· último caso pronun ada 0110,
M . .

so.bre mirn (apenas) toda esta dev s.tacão e ru(na do pais?!·• Pois
o imperador é o 11 hom.em linioo 11, o reprekntante da ordem cós- 011u). Originalmtntt, I! signo gr:tficl.) era um hieróglifo que re,,
mica e o guardião das leis. presentava u1ua estrela. Dentro da pronúncia de on (ó), an (u),
O co1 un,o Céu-criador-soberano universaJ, garantia da or· o hieróglifo sig.ttifica a trans!X'ndência espacial 1>ropriamtn1e di
dem cósm1<:a e da contlnu1dade da vida sobre a Terra. con1pleta• ,a: ;,elevado, ser c.le\,ado".
se peta nota especifica das di••indadC$ oeiestes: a JX1$Sividade. Nos O sigl'IO an sCr.,.e iguahuente para exprimir " o céu t.buvoso ° '
sp.odes orga11ismos políticos (China. impérios mongôl$) a eficiên• e, J)Or extensão.• a <:buva. A intuiç.'io da divindade. como tal (dln•
c1 do deus ce.lçsie é .refotç.ada pelo mito da soberani.l e pela pró- çir) fundava-se as.sim nas hierofanias celestes (''cte,.,ado". "ela·
--pr,a presença do impêrio. J,.fas qua.t1do a ''história•· niio inter+ ro", "brllha nte" , "céu". "t.huva"). E$tas hierofan.iaJ; separaram-
vén1. a divindade suprema dos ti.ralo-altâicos tende a transformar, se mu.i10 oedo da lntuição da dlvlndade <.1JffiO tal (dingir) e
se.• na consciêrlçia dos seus. adorado , em l)il$$ivi.dade e. afasta- concentrarat:11-se ao redor de \tma dh·indade 1xrsonificada. (Anu),
men10. Para certas popuJa91)CS siberia e centro..asiátitãs o<leus que exprime o "céu" pelo seu próprio nome e cujo aparec.iinen-
do Céu está tão afastado que uão se interessa pelas ações dos bu· 10 na história se pode fixar antes do quarto milênio. Anu, dc-ori·
manos. Assim, Buaa ("Céu'', 1'Mundo° ' ), doi; iurttuses, s.lbe tudo gci,n sumérla. tornou.se o chefe do panteão babilônico. las. tal
mas não se ilulscui nos assuntos dos bo1neas, t tltm sequer casti· como os outros delises celestes, com o te.mpo deixou de desetn·
aa os ma s. Urün ajyorojon ou Aibrl (A;il ·'Pai") dos ya, penha r um papel de destaque. Pelo 1nenos na época histórica, Anu
kutes habita o sétl.nio céu. num trono <t",lemármore brauoo, go. t um delis um l)OUOO abstrato. ô se1.1 tulto nãó e:U.á muito
62 TRAT.-IDO DE /.11$'lÓft/A DA.S RELIO(Ól!S
( ) C.'ÊU: oe..usss UPANIANOS 63

11 1odali as tribos arianas. O certo i.• q:ue o indiaoo Oyaus., o itáli·


difundido 10c,i. raramente é invocado nos textos rellai-0$os e- não fi.
gura no$ noo1es Leóforos 1º 1. Nâo é um deus (:riador, como Mar- )l\J)iter, o heleno Zeus, assim como o s germânico 'f.>· ·Zio.
duk. Nao se conhceffll estátuas de Anu1ru. o que pÍtrecc confir- 11li) l'ormas históricas, eVôluídas. dessa dlv1ndade celeste pnmor·
mar a sua irtaiuaJidade uo cuho e na vida. reU8,iosa babilônica dos dlJ\I, e a1é nos sws no1nes revelam o binômjo originátio "luz.
tempos histórlcO!i. (dl;1)". ''sagra-do'' (cf. o sânserho di ·. "brilhar•·. "dia''. dJ:0 1s,
Nat\)ralmentc, a resld nc.'la de .-\Q\l t no C . O sev palácio, ..çé-u" "dill"· dios dies· dei,•ós di.,,us) Os non\es dessas d1v1n·
si1uado no ponta mais altó da abóbada. não é atingido ueJas águas dudcs ;liprtn\;S jnd •ari as re\';hrm QS .us laços orgânioos <:01!1
do dilú"io 10. l. Coolo no Olimpo d 1uitolosia helênica, Ulmbém u Céu sereno, brilhante. Mas isso oao slg:1uflC3, como e:rk,n n1u1·
aí os deuses o visilam. IOt esluclio.-.os100 , que toda : t mani(estação et rol6gic-a- 1en ·
O $ ( ' U ,emi;,lo de Uruk chamava.« E-an-na, •·e.asa do Céu''. 11c!>tádc, niio. Lro\•ão - esta_va ausente- na 1nu11çã,o do Deus on-
lnório. Os deuses mais primitivOS: do Céu (Pot exentplo: Baia·
No Céu, Anu es1á sentado nu1n 1ro110 , rc,•cs1i.do de rodos os a1ri
bu1os da soberania: o occ-ro. o diadema, s coifa, o bastão 1 Ê °". 1110, E>ararouhm, etc., cC. § J2) dirigiam os fenômenos metooro.
lc'/gicos e tinhwn como attibuto pri1le:ip.'ll o raio. O simples fato
o Sobe(at\o por cxccJêocia e as ins{gnias da .sua realei.a co11Sti-
tuc1n a fonte e a justificação da autoridade rnonitrquica <>rei 1i- di: o ,,v,ne do deu:; ariano fazer ressaltar ó se-u caráter brilhunre
ta, slmbólicamcnte, ô seu podc-r de Anu. cliretamente'•lS. Por is- t sert110 não exclui as ou1ras teofanias uranianas (os furacões,
so apenas os soberanos o ín\'oca,n e oào os homen$ comuus. 1! " chu\'a) da p«sonalidade de. Diêus .. Ê vetdade que, como ,ere-
"o pai dos deusçs., (cíbú ilôn1) e "<> rei dos deuses". ChanHim· 111 0 111ai,s: adiante (§ 26), graodc pane d s deuses do Ceu se
lhe "pai''1 1.li>, mais no sentido de au 10 1·idade .soberan:l do que no "i: pociolh:aram•' e se toro.aratu cUvi1idades da 1emp 1adc- e da
sentido familiar. ft.-cuod{dadc. Mas t nc:cc,s.'iá.rio expltc"'dr essas especiatiruç6t$ ui.
No código de Hammurabi e j,- :OL-.ado como ••rei dos ,<:rl(U'ts por processos bem cooheicidos na hist<)ri d s rc ifi s
Anunnaki" e os seus epítetos 1uais ('Omuns são: il shfJmê, "deus (:t tendência paro o concreto; a tran.s,tormaçã<? da 1déi dt rJ ·
do C·eu". fJbsJ,o,nl, 4'paí d05 Cêus". s/J.ar sho,ni, "rei dos Céus". çBo" otl de "fecundidade", etc.); SC"Jacomo for, essas C"spcCtl'tH·
A prilpria reale-la dm:endc do Céu 101. 111ções não impedem a coexls.tência das fuDções 01eteorolôgjcas
i\s esttelas compõe1n o seu t;x_éfcito1ot1. pois Aou, como so· 1ul Intuição de um deus do céu brilhante.
berano universal, é- um dCt.1$ st1erreiro (cf. "O sellhor dos exCrci- <\S formas históricas das divindades celestes indo-arianas di·
tos" l)a BfbUa). A sua fesU'I p1·locip l .coinci ço1n o eomc:ço do lkilm,111,se p<ideriam reduzir a 11ma 1eoíanla 011 a uma série de
Ano Novo, pOrtanto com a oon,emoração da criação do mundo (c:ofania$ uranianas. A sua personalidade é mais rica, as suas fun-
(§ l53). l\fa-s com o passar dos: t.:mpos a festa do Ano Novo aca- ões mais co,n_pte:<as. A sacr.llidade- <1ue conce1)ltanl e que diri·
bou _por ser consagrada a C\•Jarduk, deus ntais jo\•em (a s.ua pro• c:111 revelá-se distr.ibuida por '?nas múltiplas e esta! onas nem
moção data do 1en 1po de Hainmurabi. ou seja, oerca de 2JS0 J1..:1npi.:_e \ên) un1a e:;trolura cósmtea. Um elcmenlo d«1s1yo na P«·
a.C.). ,tiais dinã1nico (luta Cóm o ,nonstro marinho Ti.an1at. e C)nalidade de todas essas divlodades é a .sua soberania; e não po,
,nata-o) e sobretudo criadot (l\1larduk c1'iou o mundo a p:arlir do t1c1no cicplicar completamente os prestígios da soberania pelo sa.
corpo de. Tiamat). Esta substituição de t,..fatduk n.a festa ptlnci. arndo celeste. Seja, por exemplo, o caso do deus indo•ariano do
pa..l d A·nu corresponde à promoção de Bnlil-Bel, divindade do Cé1,11 Dyous raramente aparece 1lOS Vedas na Hter ruro pó-s.
céu te-iupestuow, chuvoso e fecundante. à c.-..ategoria de deus: Su· \ :dica sob a fonna de uma di\•indade propnamcnte d,1ta110 . s«·
pre1no babilônico{§ 27). As conseqUêocias des!>as substhui\'Ões v-ll)do o seu non1e ger;1Jmen1e IXl.Nl a denoln)nação do ''céu'' ou
de- dí\'indade dinâmicas. criadoros e ac,essí\'eis,· serão Jll.lis clara·
menlc revel(ldas nas pilginas seguiftlts. d<> ''dia•· (iJJ:ovi dJ•áYi: ''do dia ao dia1 ') . Te1nPo houve e1n <Jtte
Oynus gozou certa.mente da autonomia de uma VC"rdadeira divin-
dnclc e cercas carac,cris,icas suas íica:ra.1)l conservadas nos textos
20. Oyau!I, Varuna - Nâo vamos entrar ;1qui na diSc.·ussão védicos: o par Dyâvâprl1hi\•i, ·•o C'.éu e a Terra"111• ri in\'ocaçào
resJ)eitante a D-iêus, o deus bipOtétiCo do céu Jumi(lOSó, comu,u 110 ''CCu Pai"lll, ao ''Ceu que. tudo sabe"IU. A hierogamia . .a
TRATADO DE JJJSTôRIA DAS f(PJ,IOlôES O CÉU: DEUSES URA,.,1/ANOS 6S
onisciência, o poder de c:rlar s..'\o · atributos cspecifioos de. unu, oo: olhos ... ·• 120 Varw,a é onisciet1te e infalível, "co11h o rasto
divfndade oeleste real. ·tas Dyaus foi objeto de mu proc:essQ de das a,·cs que voam no ar •.. conhece a direção do ven1c,. ,, é ele o
espxtati zação "na tu ri$Ul " , isto é, que deixa de ser revelador da que tudo sabe, o que espia todos os scpcdos, todas as ações e to-
sacr11tldúdt Ufúttiunu para se transformar em un1a CXJ)NSsào le- das as inlenções ... ·•Ili. Ju.nt3.Lnente con1 ·litra. coloca espiões nas
xical design.ath•a dos J'enô,,1enos dlurn-0s urani'1nOS ('"cé.u", plantas e nas casas, pois estes deuses jamais f ech:im o.s olhos iu.
"dia"). Tra ta•$e aind;l aqul de u:m resuJtado da sua "passivida Varuna ésuhusráksh'1, " o dos mU olhos·•12,, f61"tnula n1ftica das
00'': o sagrado retira-se do fenómenos ósmkos e os t r1nos <iUe mre.las, metáfora que dBigna, pelo men& na origem. uma divin
serviam para a deno 1ninaçlo do saarado acabam pOr se ton,ar dade uraniana':... Varw1a não é o li.nico que tem "rnil olhos", ln-
tentas profanos: a divh:idade do Céu dá lugar- a uma pala\'Til que dl'a e VAyu tl S, Agni l l6 e Purusha 1l 7 1a1nbC1n os possue-m. Pode·
e,;cprime o "céu" e o "fcnôroeno diurno". C\1las esta laicitacão mos estabelecer \IJna relaçâo entre os dois primeiros e- as regiões
de- Dyaus não significa a aboliçâo ou o enfraquecimento da tC'O. uraníanas (tempes.ade. ,•entos), ooas nl êo de·usdo fogo e, qurui
fauia cele$te:; s.la,nlfica pura e sin1pbrncn1e a sub.stiLUição de Dyaus to a Purusha, ê o 1nacrantl1ropó$mítico. A suaquaHdade<le.pOS·
por uma ou tra divindade. Ao •·n.aturallz..1.r-se'', ao deixar de- ex- suir mil olho.,; nãoscde\·e aos seus prestígios celestes, mas ao fato
primir o $().$f1Jdo celeste, Dyaus deixa de desempenhar a função de terem sido c:ou.sidcrados con1(1 deuses oniscientC$ e onipoten-
de um deus Mlpremo uraniano. tes, isto é. sober::ino.s, nos hinos: que lhes são dirigidos.
&te processo cfc1uou, ·1nllho cedo. visto que desd oco·
mec-o da época védica o lugar de Dyaus foi ocupado por unJ. OU•
tro deus, \ taru na (u·ru-••a-no nas. inscrições de BoghazJceui. séc. 2J. Yarona t.' a soberania - De (ato, para voltarmos à ques-
XI\' a.C.), que couservou 0$Atiibutos uranianos, mas que ooen· tão e :,;aber se \!aruna pode ser exclusivamen1.e considerado co·
tanto llâo se pôde du:i:ir c:xc,lusi\'amcnte a u,na divindade do Céu. nlo uma di,..iudade uraniana, diren1osque nos 1extos védic,o$.11en1
B certo que Van1na C viç ·a•durr.ata, "vlsivel -pot toda a par. semqre se evidencla,n os caracteres celestes de Vru·u11a, nias sim
1•11 4 , que foi ele quem "separou os dois mundos"us, que o a.sua qualidade de soberano. " N a \•erda<l.e, \'an.iua é o KshaJra
vento é a exaJação da sua rcspi.raçào l l , que. J\ullantw.re cotn por excelência"•:t, e. H. úüntcr11 tl 9 e Ownêz.iJllO demonstraram,
fitra, é venerado 00010 "os dois i_x,derows e sublimes senhor« cm fónnulas íclizcs, este caráter 'fundamental de Varuna. Os fiCi.i;
do Céu", e 1'oo m OU\'en$difttentemcr1te coloridas spa!."e« no 1:,ri.- seo1e,n se. "corno escl'a\'0$" na ;:,res.e-nça de V runa 131 e a atitu-
mciro ribo1nbar dq trovão. e faz coni que o Céu aos mande a de bumiJde é u:,n caráter exclusN•o elo cuho d-e$te deust)l, Como
chU\.'a, por uni mil.\i:re di\'ino'·", e · uo C-Cu explana a sua obrs sobemno univetsal. Varuna é o Suardltlo das normas e da ordem
miraculosa·'11n. Varwra logo adquiriu características luna.t'es 11a cósmica. Por isso e k "vê" tudo e nenhum pecado lhe. escapa,
e pluviosa$, a ponto de, -com o tempo, se tomar u1na di\•indadc por mais escondido a ele- se- dirige o homem que se sente. (r.ustra-
do oceanoHSl. Essas duas metamorfoses poderiam explicar-se do, p ra lhe perguntar que faltas con1e,eu, em que o ofendeu'"·
partindo da sua estrutura uraniana oriainaJ. , \ substituiçâo das É o fi dor de todos os eoru:ratos estabelecidos entre os bomeos.,
divindades lunares ou, em geral, a fusão dos elementos lunares "eru:edando-os t ' pelos-seus juramentos. Van.vra coloca nesse es-,
com a! figuras divinas primordials ó um icnômeno freqOe1ne na 1ado de. ''enredamento'' aquele que d ja deitàr' a perder; os ho.
histõria das religiões. Os ritn 1os lunares <:Om.'l.ndam as cltuvas e mens temc.m as "redes" de Varuna o .i , n,'iCs laços que os parali·
as águas: o priviJéalo pluvial das divindad« uranianas passa. as-- sam e os esgotam. \'aruna é a divindade que ''enreda"•, pri\•ilê-+
sim, para as divindades lunares. gio que têm também outros deuses soberanos (§ 23) e que tl'ai
as suas·c.ipacidades olá.3icas, a _possessão do podei' de ordein es-
Podemos expJicar talnbé1n outras tuJ1çôes e pteuígiO'S de Va.
ru.na, sempre pela sua estrutura urnniana original; por exemplo, piricuaJ, do er rtal por tx<:etC.ncia.
a suaoniSt.iência. ''Ê do Ccu que d em os seus e&piões, que ,,am
observar a Terra com os seus millia.res de olhos. O rei \ 1a n1na • No «igtnnl q;,I ''l,tl º podm;cnos !3tnbEm 1r.-cl\Adr poc QU6 "*"1", '·oti, •·,
\'ê tudo .. , B també,n contou 8.$. "ez<:S que, os bomrns pixaram ''f}.!tndi",'•'COJtlP,Cmtft'º. (N.T. Poflutttif.)
66 TRA1'ADQ DE HJSTÓR.JA DAS RELJGJÕl!S
o G'ÉU: D e u s e s URANIANó$ 67
Até o non1e-de Varo.ta ,e expU<.a por es1.a faculdade de li-
gár; pc>is, renunciando à etimologia l'OJ·(vtY'l()li), •cot,rjJ".., .. cn . eftodo•1>0deroso, é soberano. Cll.lb()ra pcrmancç:i cQntemplativo
("é uJll sace,dote que r,·eqOenta as asse1ubléias"14l). Varuna é
cerrar" (que CYidc.nci:tva o se11 cMáter \lraniano) • .s.e,iue.se hoje rei. 11âo por si n:1cstno (svurlij, -co·mo lndra), é s,11nr4). Rei
a inletptelação p1()posta por H. Pe1crsson e accila :por universa.1tc. Isto é, o poder penenoe-Lhe por direito, em virtude
<}ünterr 1» , e faz-se- derjvá-la da raiz indo-européia 1, r. ";nar" da sua própria maneira de ser, e pemúte-lhe agir pela magia. pt·
(.$ln}çr, ,,erf!u'O, · i , ç01,;1a•·i te14Q, ,?m,, ,re-11, "enfiar, bor- (() UJ) õ (kf d() t$J)iril() U , J}tlõ 110:ônhOCinRMtõ n .
dar-''; ru.sso, ;.'ére11ictl, ''fila ininterrupta''). \'a.nana ê t J)rc i:-e-. 'Descobrilnos assim unla simetria not.ável enLrc o que podc--
presentado com uma corda na n}ã() 1Jti , e nn1itas cerimônl..is têm rfan1os cha,n.v a "eslru{ut·a ceJeste" e a ••estrutura 1·eal de Varu·
por filn livrat o.s hoo1eos ''dos láÇOS àe Varwra" (até. os nós são na", as quais se correspondem e completam mutuaniente; o Céu
\•arunianos)1»", é transoendentee único. exata1nente co,no o soberano unÍ\ietS.'ll;
Ainda que c.sta faculdade de ''enredar" teu1,a sido an)plia- :i tendência para a pasSi, idade é manifesta em Lodos os deuses
1

da pelas ulleriores iofluà')das Clônkâs e lunares sofridas por -$upremos do u, guc vivem nas regiõe!> periorcs, longe do ho-
Varuna•lil, põe em c:,•iô:ncia a essência i:n$gjca de, s.obel1?nia des• ,nein e, de cel'lo modo, indiferentes às suas nocess.idndcs cotidia·
te deus. Dulnéz.il, cornplei.1ndo a EnLcrpl'etaÇ'-30 de Oõnten 139 nas. Enoon,ramos também em v..-.rumi. esta passividade das fis.u•
acerca dos valore5 mág;kos dos ···1aços'' e das •·red ". põe Qll rus supremas celestes._pri1ni1ivas: é.a s.ua tlatureza conteutplartva,
destaque., e mui10 ju$tam nte, a sua (uq,;ào real. "\' rnna é., por :1 sua faculdade de faze,r agir, niio por meios físicos, con'lo lndro.
excelêucia, osenho1 da 1r1éi)·â. do prestígio mágic:o. Os laços de 1nas por forças tn.ãgi<as. espirituais. Encoutran1os a mesma si-
Var una são tão 1:ruígicos como mâgic.a Ca própria $Oberaui:i.; são n1e1ri11 cntN os 1rib11tos das divindade$ cclC!itCS d()S prin1ilívos
o símbolo d:LS fo.rças místicas Q\1e·o (btfe de1ém e se chamam: e do Soberano universal: canto 111n conto 0111ro sar.intem a or·
a justjç3, a adrnirtistração. a segurança rcaJ e pilbliccU, todos ( ) $ dc,n e. a fe...-undidade da naturew pelo shuples respeito das leis;
'poderes'. Na india e em outros locais o « u o e os vínculos. dandü n thuva assegurá a fertilidade., mas as infrações às leis, 1oo.s peea-
e pl}ç{Jt,, µanllbrun o prlvlJé'gio de te-prese-.ntar tudo isto.""º As· dos" põem Cm perigo o íuocionamento norn1al dos ritrnos, amea·
sim, Varuna preside à cerimônia indinna da consagraçlo reaJ; ç:indo assim a próp-ria vida da sociedade e da Naturaa. Iremos
aliás, rãjas1Jya nuti$ nffo fai do que 11.e vroduzir a oonsasra o ar- ver Q\lC o sobel'ano é n gar::tJltjn da orde,n e dn fec 1ndidade ter-
qt,etJpic:a que o pl'i.ineiro soberano, \ 1aru na.. re.alizou em se.u pró- N:stre, uão só no 1nito co1no tao1b 1n na realidade cuhural. las
prió pro ·eitol<I!. l1npo11a <lcsde já. eh amar a atenção, pata o fato de que est.a noçfto
Por i..c:so seria. e11·0 o!o só co1)siderar Val'una exdusi\'amente. de soben,nia utúversal, exctu ivamente e.,ercida por meios espi-
wn deus do óéu. oomo também explicar a sua personalidade, o rituais, mágicos, se pôde precis.sr e descn\·olvc.r, em grande par·
seu mito e oi; seus ritos unicamente por clenlentos tirania.nos. Va- te, graças à intuiçô<> da transcendência do C u. Tal intuição, ao
ru11a e outros deuses. considerados celestes são figuras <:on1ple- erzninar e1n planos m61tiplos, 1orno1.1 posSÍ\'el a elaboração da
as; não podemos reduzi-tos a epifanlas. .. naturi$t:ts" nem lin1it:i• 1uupJa cot1Strução da "soberania t'llá.gica' '. Mas.. por sua vez.. a
los a fu.nQÕcs soçiais. Os 1>restis.ios dti soberaJJia .au1nen1ara1n e 1coria da ''soberania mágica·• infl-ueneiou de ,naneira decisi\'a a
multipfic.acan1 os prestígios ce.lcstes; \ aruna v2 e sobe tudo por- (jgura origjnària do deus ce-teste. Assim, não se pode considerar
que dil sua morada sideral domina o Unh•erso; mas. do mes.ll..\O \ or1,1;na símplesmcnte co1no um deus do Céu, pelo mcnoi; sob a
1

modo, p<>detudo, pois é cosmocra1a. e PlLI>e os que infringe,u as .!ilUl. fonua "histórica" (isto é, 1al co.010 éxtPresentndo oos doeu·
leis, ••enredando-os" (pela dot.nça,pela iucnpac::idade), e porque ,nciuos védi-oos e pós.védicos), co.ll)O 1ambéin rtâo pode ser de.
é o guardião da ordem universal. E claro que em todas as Sll;.'IS iiguado por deus 1unttr ou Oc::tânieo. Pois d e é, ou tende a ser.
atribuiçõc.s e Jlas suas funções persiste un1;i nota oo,nwn: o cará- tc>tlus estas divindades simultaneamenle, e ê ao mesmo tempo o
1er sereno, sa.srado, passivo, digam O$, da .sua •'força''. Niio der 4 dc:u.s .ooberano J'l()r bccclência.
roga um .só dos sct.is direitos, nada tem a conquistar nem precisa
lutar 1,ara adquirir qualqu,er coisa (como J.udra, por exemplo):

1 1
68 TR.'1 TA{)() DE lf/STÓR/.4 DA.S REUOJÓES t rau: DEUSES URAJV/AJI,'()$ 69

22. beu t.tksles iranhtnos -Tam.bê m os lranianos co,lhe- 1111nndo revetou a Zaraibust1·a o n1otivo por que CJ'iou Mirl,ra,
cem um deussupre1no celeste; ·()<)is, segundo Heródoto (1, 131), /\hura t,.,tazda disse que todo ó violador de UJn JXl,Cto (ntithra=
subiam ''até a 1na1s altas monuu1bas para ofer«erem sacrificl0$ con1iato) c.hama a desgraça sobr.c todo o país160. Ponan10, d e
a Ztus_, cujo .o.orne tonlru» extensivo ti toda a amplidão circular l ,i g;tra,11-ia 'd.às boM 1·tlaçôes co,uratuais entre os homens, que
do <.1,1". Nr,o sabemos qual era o nome d es te deus ce.lcste prJ. llll!iCguram o oquilibrio das. forças cóStn.icas e a prosperidade ge-
m9rdial nas Hos:uas ira.nia11as. A divi.odade quc,enc.ontrau1os no il
ral, essa 1aml>ém a r v J o pçla qual Mi1hra ó oniscleme. pela
Av e que Zarathustra tentou 1r fi g u ra r , coiocando•a ao cen, ,1,101 po11sui dez n11l olhos e ,uil. orclhas 161 e, 1al como Ahura
tro da sua reforma rdisiosa, eh.ama-se Ahura ivrazda, ''Senhor Ml\i(,da, t infalivcl, poderoso. insoue, vigílante16:!; e tan1béan é
s . b e do r i ,1" , "oniscien,e". Um dos st\is epi1ecos é )'uru cushô,li, chtuna(l.o "o-que não pode ser Jndfbriado'' (ndoo>·an111ú) e ''oniY
·•o grande vide.nte"l-4-4. o que n-0:$ mostra uma cstru1ur;:i ur-J.nia,. i:lcnle'' {vispÔ,·t•idvQ),
na. (\1as a refonna de Zaralhu.st.ra ·puriítt.ou Aburn tvJa?.d:a dos No corsnto, iodo$ e$les arril,-utos e funções não i1uplicarn SO·
sellS elementos naturisitts e é sobrec.udo nos textos tardios - rc- u1c.u1e wna. epifania uraniana, o,as trunbêm outros _prestígios, por
Oetindo urn rctor:no ao anrigo politei.srno itl'Utiano - que- se en- icc,nplo o da sobcrania t!SJ . Ahur-a ft.1azda vê e sabe tudo, nio só
cootcam os indícios mais concf"etos do vclho deus celeste. po('Q,te é o deus do céu, mas também porque, na sua qualidade--
Desde o inicio dos estudos cornparati"OS .se \!iu em Abur11 ele solx!rano. é o guatdilo das lels e o punidor dos culpados; de·
·Jaula uma figura corre.spondente a \ ' a r u 11a. Ainda que esta bo- vfdo a essa soberania, tem de d,e garantlr a boa Qrga1t.izaçtio e
01ologia 1mha sido cootestada por alguns esn1diosos1.:i.s, não ve- o ptospel'id de da natureza e da socioelade, siooullru1ea1nentc, pois
1nos razões sérias para a abandonar. As cara1..1eristicas comuns ,uno só infràção {)Oderia oomprontetc.r o equilíbrio existente eo1
rc,•eladas hà cinqüenta anos por Oldenberg1 6 u1ostram..se b 1odo-..i: os filveis côsn1icos. O estado dos textos rcljgiosos irania.
C.1.tlte convincentes; tal como Vuu,r.1.. Ahurn Mazda o ... deus 110s - em pr:Ul'leiro lugar. devido à reforma de Zarathu.stra -
sob.:rano"147• Uma fórmula a ·.:-sta rucaica bcLu freqüente é é demasiado insuficiente- para nos pen:nilir a roconstituição da íi
{l,1j/hra-Ahura 1 a. onde tvlithrn cs1á associada a um Ahura que iura oria,inári:1 de Ahul'a Mazela como deus celeste. Temo, ati:
não e ainda. o Ahura ,fazda dos tempos históri c o s ntas t'az lcllJ· o direitó de. pergunlar se Ahura Mazda cbe3ou alguma ,•ez n ser
brar sobretudo o Asura ()Or exoc,Jência dos textos védicos; Varu- ,un deus leste., pura e simplesm,ente. se. visto ser um deus SU·
,ia; o avê-$fic<> ft.1itltrn•Ahura corr ponde n.sslm ao binô,nio vi:- pren10. nâo seria 1runbé1n Já, competitivantente, o dC'us do
dico Miua-varu,,a. Não nos é pos:tivel ir tão tona.e como (oi des-tino lC.1, o arquétipo, no mesmo 1e1npo, do soberano e do
Hertel 14 , como Nyb:rg 1s..>e \ \lideogreóf$1, e ver ern t,ti,hra o céu ,ncctdote"'•S. o deus bissexuado 1M , isto ê, se nào se teria revela·
noturno e em Ahur3 tvJazda o céu djumo. Porém, não há dúvida do, desde o coroeço da sua "história ". como uma teofania coai.
ncllhtuna de que,,.por a estruturo cde.sL.: transpara:c na epifa n ia Ab\l· ptcµ, emque os C'l«nentos uranianos oettamente dcse1npeoha-
ra fazda: ten, veMuário a sólida abóbada do cttl"•,2, raz riom u1n pape] int1>0rtan1e, mas eo1 caso nenhun1 exclush·o.
<:om que a chuva caia por todos os lados a fim de ati.rnenr-ar o 'l'ambém não p0d-emos deixar de destacar a concepção Pl'b
hotuem "piedoso e. os anl.mais liteis•,1$1_. ch:unam.Jhe "aquele zarathustriana de um Ahura Maida deus otiosus167, que não é
que. muito \•é. o que melhor de lodos \'é, o que-. vê ao Jongc, o üfretamertte criador, n1as, 11travé do spenta 1t1uinyu 1Col , is.to é,
que lllelhor de todos vê ao 1-ong:e, o que espia, o que sabe, o que por Ullerm6dio de um ''bom espírito". réplica do demiurgo que
melhor conhece t.•1.s,, "o que não -engana"'"'· " o que sabe ... ; é ucomp:inha o :;er c-c:lestc supremo nas religiões 1>rimilivas. O fe-
Jnfalívet, dotado de tuna in1cli.a,ência infal!vet oniscien1c"1s,. nôn1eno é demasiado ieral para que não corresponda a. uma ten-
"Não é possível e.1gauar Altura, que observa 1udo.••U 7 Coolo os dência fundamental da vida rC'1i8,io.'i3, acerca da quaJ voltaremos
outros deuses do céu, Ahura Maz.da nunca teiu sono e neohum 11.íal.ar. No caso de- Ahura Mnula., esle fenômeno foi contraria-
narcótico oon.seguc prostrá·lo•ss. g por i$SO que nenhu,n secreto do pela (eforma de Z rathu&tra, do mC'smo modo que muitos re-
escapa "ao seu olhar brilhan1e"159• Ahura Mazda é o fiador da formadores religiosos (}.ifois&, os profetas. Maomé) tinham rt·
in,•iolabilidttde dos rontratos e do r pcito vela pala"'ª dada; v{vificado os antigos deuses supr n\os celestes, cnJl)tde.rnidos na
() C!lU: DEUSES U.RANJANOS 7J
7RAT.AOO D& HfrróAIA J>AS RELfGléJF.S
ção de Uranos põe lint às suas criações munstruosa! e. oor iss
sua moda!xl;l.de d-: <ki ótif.m e substJtu.klos, tlil aperi ncia teli- ,nes:mo, à sua sobetania. Conforme: ,nostrou J?u1néz.iJ11l este nu-
gio63 das nlW.As, por figu'ra.$diviri.as.niais e,">ncretast 11W dinà- 10 tem correspondência no n\ito da jJnp01 .nc1a de Varuna e no
toicai (os deuses da fe,,."\lodidade, as gca11de5, deusas. e1c.}. Po,. ritual da investidura do soberano 11a india. Em ouu·o con1exto
rém, a refomta tt.ligio!a ímp6ca unia ex(J('.n:n::iad<>.s s,ado mui- voltaremos aó complexo do.$ "perigos da soberania". mas. o que
co diferente daquela de Que oos ocupam\lS nes1e 1exlo, e o seu convCm ubservar desde já é o sentido C$5Cncial dQ dQi$ niitQ-S e
e.stuoo !crá retomado num futuro trabalho. com mais prO\-ejco. <Jo ritual QUe lbes OOITC'Sponde (a rcgutarizaçâo e a segurança da
fct..-undidádc). É-.tamlxm no1áve) a .si.meLria entre estas duas SO•
l.l. 1Jo10(1s-Na úricia, ·uran,os cot1sen-ou mais oi1idamentc beranias: a de \'aru1 1a e.a de Urano.,;; apesar de toda a evotuç,ão
de Urort S nó senti-do na1uri$1a, ele "foi o primeiro sobcrano do
06 sti.u. Cà(acterc-s naturistas: ele é o Cêu. Hcsiodo apresenta-no- unh•erso '-' *7": a sua fiUla prlinogênita chamava·sc B{t.s.iléia17S, Tal
101<-t aproxirnando,s,: e o:::tpancündo-se etn lodo os sentidos, como V'31'llila é p01 excelência a di•\'indade que ''enreda", tam-
quan.do, "c0tnpleiamcnte ãvido de amor" c trazcodo consigo a biém IJrdllos "enreda" seus fillios. t$Côudendo-os a todos, S\l·
noite \'Cm en110lver a Terra. &ta hierogamia OOsmkà rt:\ CUI. a 1
ccssi,·amcotc, no corpo de Gaia. Varuna "apo(lerou.se do aleo-
voc:aÇão ccle&e. (\1as, .i.lém do n1ito- nada 1nais nos rt:)1 u de Ura- 10" do seu filho Bhrigu c mando1,1,o a.o mundo iubterrãneo. para
·oos, ne1n sequer uma ima,g:e1n. O se::u tultoe,•entUal foJ US.llrpado c31udar 11". Quanto aos Ciclol)(ls. Urt1nc,s cncadei,•os e prec1pita-
por outros deu.$CS, enl primeiro lugar por Zeus. Com Uranos 01 no "Tát·taro" 11'. O seu rucc:/sor nn soberan a uni,,.ersat Cro-
coofirma•se 1ambém esse destino elas dlviadades ce!esres .supre. nos. encadeia os seu..,; adversál'ios, e os órficus investem 1ambén1
roas, que t o de serem gradualmeni-c- repc!Klas van1 foi:il da a u - Zeus da !llcslna 1nag:la.
üdade religiosa, de ,·upôrtarem inlinlffas U$urpações, .subsUIW- O QlJe dislingue Uranos dos OUíl'OS deuses Ciele.stcs e a .sua
ções e fusões, e de acabarem vor s e ( esquecidas. Uraoos. com- fecundidade mon$truosa e o 6<Uo que- mantinha pelos seus pró-
pleu1mente esquecido na rtligif10. oobrevive. no mito transmitido 1)rl9s filhos. Todos os deuses celestes são criadores: fazen1 o mu -
por Hc$1'odo, ;ui10 que, quaisquer que sejam os rituais nele l.m- Jo os deuses, os serc:<i vjvos. A "fecundidade" ê umn especialJ.
plka.dos, corresponde oo entanto ao dc$ejo de conheeer :a ori cm ia;.no da sua vocação essencial de C'.J:.iadorcs. " O Céo sa.iitô vt·c--
das coisss. Coo.1 efeito, à principio havia, se orto o Cêu un1ca• 110 ffllbria.guês de penrtrar o corpo da Terra", relembra"ª Es•
mellte, pelo menos tambêm o par dh•ino Cêu-Terra1'0. foj des.
(1uilo numa das suas tragédias )'.ltl'tUdâs, as Oanaidesl?$, l>or is-
1.1. hier<>"mia in go1-ável que na.sceran1 os 1.>ri1ndl'OS de fo os deuses celestes dM religiões indomeditcrrâojcas se identiíi-
(Okcanos, Hypetio11, Thcia, Thc1ni . Pl1oebé.. Kronos), os CtcJo. c1un, desta ou daquela maneira, oom o touró. O Rig Veda chama
pes é outros seres monstruosos. Utanos era o macho fecundador ''louro'' a Dyaus 170 , e vetemos que a maioria dos deu.stS ,'('fes-
por excelência, as.sim como o eram tQdos os deuses do Ceu, a.s- h:S egeu orientais goza,·a do mesmo pr í.gio. Mas, no caso de
$"lln 4:0UlO o era. pôr cxemplQ, Oy us (chamado suretoh, ••o da tlnu1os. m a fecundidade é perigosa. Coníorme notou lllUhojus-
boa semente••n•): da uniâo co1n suo esposa divina, Ptthivi. nas· lC\111cntc P.. tvtazon no seu comentário à T(!()gonl,, de Hesíodo 180 ,
ceran1 os ho1ueus e os deuscs 11?. l 1uudJa.ção dt. Uranos põe fim à sua o iosa e estCril fec mdJda-
tas, ao contrário dos out,os <ltuse;s celestes, a fecunili nde dc introduzindo no mundo, pelo :apam:1n1c-nto de Afrod i te (n:as-
d lJranos e perigosa.. As maturai. por ele ena,endradas nao se <:tda da cs1>uma ensangüentada do membro getador uraniano),
assçmdha1n às formns que hoje 1:>01Jo:un a (erra, pois sã<> n1ons- ,1 orden1, a fi:x.iclez das C'Spócics e ornando assim impossivel 1oda
tros (de e n bruços de cinqüenta ol:hos, de imensa estat\ua. etc.). " procriação dCSQrden da e noc.,,.aM .
Coino Urano.s os ""'odiava Jcsde o primeil'O dia" (Hcsíodo), , .
,-\inda não foi cornpletamentc explicada esta s1ngulandade
escondia,os-110 <:orp0 da Terrs (Gaia), Que sofria e-gemia. Euco- çl:e U1·an_os-, pelo menos tal como é aptesentada a nós pelo mito
l'ajado 1,or úaia, o mais no,,.o dos seus filhos, Crol1os, espera qu_e Jc.1-l íodo. Porque tele o \\nico, mcre tantos O\lllOS dt:\lses ce-
o pai se aproxime da Terr."1 1 co1no COlituml\,,.§ fue:r semp ao rur 1 tct, a .J)rOCrir iildeíí.nldamcutc: se,res LllOllSlfl.lOSOS, que- ''odeia",
da noite, corta-lhe o órgão gerador e a1ira-0 ao mar. A lUUtLla-
72 n A T A D ó l>E HJ$TÓRl;1 DAS RELJGIÔBS O C$U; DSUSES UR..'f."l!A/1/0S

e daod()·lt ainda ao cuidado de o.s '"encadear" no Tár1aro ou Jâ há muito seObset\'OU (l\le Zeus, embora-divindade do pan-
no ventre da Tema? Havc,á ai qualquer reminiscência. valoriza• tt-ão gr,eso, ten1 rclativamente n1enos tes1ivjdacks e um culto ,nais
da no sentido oeaacivo. de ''esse tcm.po ntftioo", cssc illud tt,11· r.eduzido que os ou1ros deuSC$, e sugeriram-se diferentes .c-xplica-
pus em q_ue a (',riaçao n o fixara ainda as suas próprias normas, Çôes dest:t anomalia184. De fat-0, co1.no toda divindade celeste,
onde-o qu.e quer que rosse podja nascer do que quer que f .• nenl sempre está presente na vida re11 osa: no entanto domina
onde o lobo se deitava juJllO do cordeiro e o leopardo junto do dois setore.; imp<>rHU\les: a as.ricuhura e a expiaçâo. Tudo o que
câbrlto1 Unta das caractcrist1cas des.te tcn1po aurôrãl t 1).1.l'àdi- us ura uma boa colheita (a me1eoro 9ia, a chuva) e tudo quanto
sí:K"O era. de fato. :a absoluta libttdade, "'erificada cm todos os purifica os pecados cai sob ajurisdíç.ào oeles1e. A "purificação''
níveis do rctil e, pOl'l.lnto, também ao nível das esl)CCies. _Nume- e a "jniciação·• pelo raio ou atso que. o represente (o rornbo, a
rosa.s 1rndjções aos falam do corá.ter fluído, monstruoso ? d-os se- pedra de ralo) sào ritos arcaicos(§ 12) que não somente. provam
res que @tio /oram Criados. no oomcço do mundo. A Jingi.dari- a antiguidade das d.ivind dcs celestes mel.$ tambén\ ti dos seus as-
dade 1ero.aeoésica de Uran().$ seria um oomcn1ário 1'acio1ialista des· pectos dramâticos, tempestuosos. Fascinados pcla etimoloaia de
tinado 3 valorizar o regime- introdu.zido por Afrodite e roais tar Diéus, muitos eniditos esquecem facilme1ne a 011idade- de cstru-
de rcgulari?Mlo por Zeus. regime carac,erizado pela fixidez. das 1,Ura d , inLuiç.ão arcaica das divindades uranianas. Nat.uralm(n·
-espécies, pela Ordtát, pelo equilíbrio e pela hierarquia, tal como Le. ZtúS é soberano; mas, ma.is ni1jdamente do que os outros deu.
o a.presentou o cspírih) areto'? Ou será nmssárjo ver antes na ses cclC$tt:$. co11Servo1,,1 o seu caráter de ''pai'', Ele é Zeus paler
luta dos. Utâ.nidas o processo de substituição dos deoses heleni- (cf. DY11ns pilar, Júpiter), arql1é1ipo do chefe- da fa1nilia patri:tr·
cos às divindades do substr.'.llO pt·é>-belênioo? cal. À S concepções sociológicas das etok1s ;:1rianas retletem--se oo
seu perfil de pater/0111/llas. Esta função explica Zeus .Ktêsios, o
14. Zeus - Qualquer q\le seja a explicaç..'to d criações "Hau.,.'-Va,er" que os helenos 1.taosporcaram cm todas a ! suas mi•
aberrantes, o certo é tcr-Uranos desa.parecido do cuflo ainda an- -gra5õe.s é-Que representavam como u.1n vetdadeiro gênio doméS-
lC$ dos tempos his1óricos. Ose.u Juaar íoi ocupado p0r Zeus. cujo liCO, sob fonna de serpente, Sendo " p a i" e ''soberano". Zeus
nom exprime cla.ratnentc a ncia celeste. Como Dyaus, Zeus torná-Se natlu'ahucnte a djvindade da cidade, Zeus Polienos, e
conserva os \lalores onou):is1ico$" de "brilho'' e "'dia";s1 e. eti- era dele que 0 $ reis recebirun a sua s.utoridadt. Mas esta polintorfia
moloS)camtntc, esse ter1uo está 1iio l'elaL'io11ado com dios Cônio pode ser scn1pre reduzida à ,n.esma estrutura: a supremacia per•
com o !;1.titu dits. 1tas. evidenlet1wn1e-, [!iio deventos liJnitar o seu t5nc,; ao Pai. isto é, ao Criador, a.o artífice de iodas as coisas,
domjnio àquilo a que se chamou abusivamente ' ' o céu sereno, Este elemento · '<:rindor H existe evjdcn1emente em Zeus, não no
luminoso, brilhan1e". considerando as suas funções roeteoroló-- plaoo oosn1ogônico (pois não foi d e que fez. o uni.,.erso), mas hO
glc como de.sro\'Oh1inlentos ulteriores ou h,fluências cstraniel- plano biocósmioo: ele dirige as fontes da ftrtilidade, ek:ê o dono
ras. A arlna de Zeus era o raio, e os lugares batidos pelos relànl* da chuva. E, \•isto to "fecundador", Ctambêm •1ctiador" (por
pagOS i Enelysja, eram-lhe cons:.grados. Os tílulos de Zeus são vez é igualtuente um touro. cf. o milO de Europa). Ora, esta
transparenlemente $ignific,ttivos. e demonstram mais ou n1enos ''criação" de Zeus dep(nde en1 primeiro lugat de lodo o drama
dirccamente as suas relações. com a t-empettadc, a chuva, a ferti- 1Uéleorolóaico. brctudo da chuva. A sua supremacia é ao mes-
lldad(. Assim, é chatnado Omcrios .e Hye(tios (chu\·o.so). Urlos mo tempO de ordel\\ paternal e soberana: d e a,-i.rante a boa situa-
(<> que en,·ia os ve.ntos favoráveis), As1rap.ios (o que fulmina), çtl(,'l da famíLia e da Na1urw. por um lado peJ suas Forças cria·
Bronton (o Que tro,•cja). etc. Cha.n,a:m-lhe CeotJOS (o caseiro da do('aS e, por outro, pela sua autorid;)de. de guardião das nonuas.
herda.de) e Chtoruos•c, porque goveroa a chuva e assegura a fcr-
tilidadedos :aml)OS, A1Co seu aspecr-0 ro1intalesoo (ZellS Lycai0$,
com o aspecto <le utu lobo, a quem levavan1 sacrificios bun1a- 15. Ji\plter, ()din, TaranlS. eu:. - T s J como s, o Júpiter
oos)ISJ se explica .únda pe]a nu1.gia agtioola (OS s,.çrifícios faziam• Itálico era ador;:1do nos lugares eleviados. A montanha acurnu1a
·se tril ttrupo de seca,. de flagelos m('(eorológlcos). um $lmbalismo niúltipk> (t Jl); Ç"elevada'', C$tá mais perto do
74 TRATADO DE l'IISTÓRIA DA.S R&IO/OF.S Q (;ÊC/: DEUSES URANIANOS 1S

Céu. é o l_ugar ondt se re tnem aS- nuyens e- onde .se desellcadcia Vit ,,eis, n tUsti.L1ção eorrc Uranos, que ''enreda" os seus adver
a troYOOdi\. O Olin1po foi, se1n dúvida, un1a montanha pti'víle- sã1·1os e eo1111ece o futuro (foi ele quem a,.·isou Cro.nos do perigo
gíada; mas Zeus, t como Júpiter, encontrava-se pL'-escnte em uc o ameaça\'a}, e Zeus. que Jura "heroicamente•' co1n os seus·
qualquer coHr.a. Os sobrenoLues de JUpiler não são menos elo· raio . ou entre o "máaioo" Varuna e o guerreiro Jndra. Tor é
q_Oentcs: L11,;eliúS, Fulgur, f'utgUtator. O carvalho era consagra- p0r xcdênci.a, o campeao 0$ d , o arquétipo dos heróis ger:
do a Jt\piter <a!SSim col'no :i Zeus), _pois era essa a árvore mais fre- mãn1COS; OdlU. se ben1 que 1mphcado 1ambên1 cm inúmeros oon14
<10en1emente_ alingjda pelos raio.s. O carvalho do Capit61ic:. r,et• b,:u s 1vence sem tsfo o $faças à sua ''mag;ia'' (ubiqtíidadc, me-
tiunodose, raculdade de paralisar o ad\·crsário pelo medo
t ncla. a Ja,ipiter Fere11i 1s, qui ferlt. "o que fulmina". também
chamado Júpiter Lapis, representado por u1n sílex. Como 4odos "manietando-o"): Conforme mostrou DlunêziJ 19J, aqui se \'i
os deuses celes1 . Júvi1er punia pelo raio, e é.m pritueiro lugar collservado o aocruco dfp<ico indo-ariano do ''soberano ouigico''
castita"'ª aqueles que fahava,n ã palavra dada, os que violavam e do. ' ' so berano herôi", do p0ssuidor da força espiritual e
um 1ra:ado.Jlipi1ei: Lapis eons.asra va os tra1ados intcrnaeionais: fí$ica•9.1.
um fec1al mata,•a u,n porco com o sílex consagrado. proclaman- Encontramo-nos assim, uo ca.w de Odin (\Vodan) e de Tor
do: "Se. o povo rQmano violar o tratado, qoe JUpiter o f\1Jmine <°?uar). n e.sença de deu uraniaoos completados !)('los ()(e.s-
OOlno eu tul.mioo aeora este pOtO ' O co1n a pedral" Júpiter era a lJS>O$ especialiwOOs destes doJS tipos de soberania. e nocavetmente
di,.·indade su1)rema, o soberano absoluto JUpiteT Omni1,01cns. niodifiçados por influÇncias e J>l'OCessos laterais diferientes. Odin
Jt'ipiter Optirous iaximus. Estes títulos :sobreviviam até nos tex• (\Vodan) é un1 caso l)articularme-ntt. d1Fteil, furtando se a toda
4

tos li1erários: sun1r11e deu,n re:gn.ator'*S: nreus patl!r, deoru111 reg .dcfinjção demaSiado siruplificadc:,ra. Evoluiu em muitos J>lanos,
nator? ar,:il l tcctus Q111nibzJSl86. deunt rtg11otor 11Qc1e dll!.<:O caelu- aproprh.1.n<lo,.se dos auibutos das dlvludadcs agrkotás e das di-
me eotJ.Spedlt iJbstulit11', etc.. Como \'erdadeiro soberano OOsn\i•
vindades da íecu.ndidade, tornan-do-se taLnbém u 1n deus ctõnic.x,.
coque é, Jô1>iter intervénl na história. n."io peta fotÇa fisiea mili- fuoeráfio, o chefe das ahnas dos heróis morto1. Nestes '61timos
u.r. como Matte, rnas·pclo pNstfgio da sua lUagia. Ouroézil 1811 ten1PoS têtu sido destacadas as al'lalogias da religião ,,,oclal'llMa
pôs a c1ar(l esta magia de Jlipít<r. rtleu11.>rando um episódio da oom o xan1anisrno dos nômades do norte e do noroc:ste da
Ás,a• l 9 i. w ·od .an e. o " grande. xaooà'', o que rica sus.peo so na âr•
hjstórin de Ron1a: quando os s binos,já s.senhoreados do C1pi·
lólio, amea,avatn aoiquilar pelo pânico o e.xérci10 romano. Rô- vore do mu11do duran1e no\'e noites' e descobre os caracteres
mulo ilnplora a Jlipiter: " f a z oom.que a(abc o terror <!Oi ron1a- n os, adquiri o assim seu poderes mágicos Otá aqui, sem
nos. detém a sua fuga vecgonhosn!" No 1uesmo instanle, con10 duvida. uma alusaoa um ruo de·udciacão). Até o seu nome reve•
por n1Uagrc, a eorageul volta aos romanos que con1ra-ata<:am e ln SCf ele o senhor de \Vut. o furor relígiosus ( lflcdon, id est Ju-
venccm1U. Júpiter inter"iet·a por ·•,nagia", atuando ·diretamen- rO[; 1dan1 von Brt'men). A embri;;iguês e. ubcrante, a excltaç!o
te nas suas forças espirituais. n1ant1cn, a:educaçâo mágica das-escolas «câldicac; tudo isto tem
Quando fala da re1i8,iâo dos. nõcs, Til.cito 1uenciona•SO a as S\! s a.natogias nas técnicas xn,manista.s; o que, todo caso,
ca'l:?nça da naç.'\o g.ermãnica nwn deus supremo, reg,ut/Of o,11iJ1i1un rtlio sis1nfica que Odin-Wodan seja unta divindade estranha aos
deus, m no C'nÜU)lO no-5 rc\'eli'lr o seu nome 191, Talnbêm segtW• g rmanos (oomo se- tem tentado demo1ts1rar muitas \'eu:s), mas
do Tácito, os genntinos adoravam prlncilmlmente l\,ter úrio e Simplesmente que a S\la "especialização" uhetlor o forçou a
t>.iarte, ou seja, \ \101han (•\Vot/1anaz., o Odin nôrdico) e 1'yr :,.pcopri:!r sc de privilégios mllltiplos e a assc,nelhar sc assiro os
4

(•TI,vaz;, antigo aho..aJemão, Zi,o, em 3nglo-saxâo Tio; de "'f/v.'(JZ., hpOs divlt1os óticos.
correspondente a •OieUS, dei\•os, di1,us. com o tido generioo Qs CC'llas conheciam Tarani..s, que era indubitavelmente um
de "deus"). Tem-se visto em "Tiwaz o regnator 01nniun1 de11$' 1' ! , leus o céu tempestuoso (da ra.iz oêl1ica toran=trovejar; cf. o
o velhfssimo deus iermânico do Céu. Tor (Donar; • n u n r a t ) é, 1rlandes e lQra11u, "trovão"). O balta Perktinas (perkunás• rôo
lllmpago) e o pro10,esla"O Pcrun (cf. o polaco p/orun=rclámpa-
como I11dJa.e Júpiter. wn deus da tempestade cdo oombate. En-
so) são t.ambem deustSc.elestes supremos, que se manifes1a1n so-
ooatromoi lM\ ID n.a mitoloaia gern:tânira. com as variantes inc:·
16 TRATA.DO DE HJSTdRJA DAS REJ./0/ÔES O CSU• DEUSES URANIANOS 77
bretudo na tempestade. Ten1 sido estabclcc.ída apro;"imaçào en- da.;-\ segunda c.l:is:sc - a dos •'foe.unda<lores" - é morfologica-
tre os seus nomes e o da divindade védica Parj.anyas e o germâni- mente mais rica. Mas n()(emos en1 todas :1s t'iguras deste grupO
co Fjõrgyn, mãe de Tor, e recen1e,ne111e o de Phorkys, pai das as.seguintes caracterisdcas oonstMtes: a hieroaamia com a deusa
Plêiades (Krappe. Les Péliiades). Pelo seu nome (pukt4S, qutr Terei: o trovilo, a tc1npestade, a chuva; as rcla-.,ões rituais e rníti
C'us), e pelo seu cu.lto, estas di\'ind:ades uraninoas rc-,•clam c,trt>i- càS com o touro. & o - t o s deuse.i desta segunda classe - ' 1fccun·
tas relações entre o rar\·alho t. éê':l'las a'lts anunciadoras do tero- dadores" mas tambCln "deuscs,da 1empes1ade'' - podemosâ·
PO (nves anunciadoras da tempestade e da primavera")'". l\itas, 1ar Zeus. t-lin e o deus hitita, e ainda Parjan)'ll, lndra, Rudta,
pelo menos sob a soa !orula história.. re,,etrun,nos ums acentua- Adad, Baal, Júpitet. Dollcbeo\.ls., Tor: nu1na -palavra, os chama·
da ··e pa::ializ:ação"; cm prim,c,iro lug.at, são dh•iodades da 1e1u dos (jcu5'C'S da tempcstad -. Ê claro ,' Càdà uma das di\•indades acl•
pes1ade; sove.roam ;1sestações do ano, trazc.m a chu,,a e-. co,no ,na citadas cenl 3 sua "história'" pró1>ria, que a diferencia màÍS
tal, são dí,·indades da rertiUdade. O c.,rvaUlo de .Dodona era con- ou menos nitidamente do seu viil.nho de série; n.iqoik> a que, oom
sagrado s Zeus, mas perto dde ntontravam-se os p,c:Hnbos Ml- uma visão química da mitologia. se chamou a sua •·oomposiçâo",
g:rados. símbolos da. Ot·ande l\•fãe tchirica, o que. indica uma àn· et1tra1n dh·ersos co1uponentes. 1',,1as faremos uma idéia mais ela·
tiga hierogrunia do deusetleste da tempestade co1u a Grande Deu. ra de tudo quando nos ocup.'lfmos 1ambé1n da "fonna .. dos deu·
sa d.a fecundidade, fenômeno Qlte lrffllos cnoontral' em grande ses e não penas ds sua "força". Por agora, nffie parágrafo
escala. interessamo.nos em pritneiro lu,ear pelos seus elementos de uni·
dadc, pelas suas valências comuns. As 1nais. lmporcan1es são: a
fo a g;enés-ica (e. como t.al, a .swt relação com o touro, sendo l"l
26. Jk,uiltS da tt'n11,ts1ade - A '' l)\.'"ciali:zação" das divin· ·rerra freqüentemtrtte repreietltada sob a (onna de vaca). o tro·
dsdcs oclestes em divindades dà tempe$tade e da chuva, tal como vã9 e-a chuva. Ou seja, rm suma, as cpifàni.as da fotça e da vJo.
a acenruaçào das suas potencialidades fecundantes, explica.se ero .encia. n>olas indispensáveis dos,encrg:ias que as. guram a fertili·
grande parte p la estrutura passl..,a das di\llnda uranianas e dade biocósmic.a. As divindades da atm-osfera sâo, indubitavel·
pela sua tendência a dar lugar a outra! hiecofanlas 1:nals. "oon• ruente. as espcciaUiaçôc·s d:1s divindades celestes, mas. por mui-
eretas", mais nilida1nente persooiftcadas, mais diretamente Jrn. to exctssiva que seja es1a "especiali.z.ição", não consegue abolir
plicadas na vida cotidiana dos b.ontenS. E esse un) destino que o seu caráter uraniano. AssiJn, somo.s leva<los a classificar as cba,
derh•:1, em prioocU:o lugar, da transcendência do Céu e da proa n11\das divindades da tempestade:: ao lado das divindades propria·
gressiva "sede de OOl)Cfe10" do hotnetn. O processo de •·e\'Olu· mente dhas; e tnooll1.ramos e,u ambas os mesinos prest(gios e os
çâo" das divindadc.s celeste$ é muito oo,nplexo. Para racilitar a mesmo.s atributos.
nossa expc,sição, distingamos dua linhas de descuvolvimen10: 1?. 'To,nernos. por exeu1.plo. o caso de Parjanya, : i divindade su-
o deus do Céu. senhor do inundo, sobecaoo ab luto (déspota), prema da tcmpcslade. A Slla e.strututa ce-leste é evidente: PMja•
auardião das leis; 2!, o deus do C.éu, ctiador. o rept·odutor·por O)'a ê filho de DyaU$1 e. por ,,ezcs, e confundido com ele. como
ex<:él&tcla, esposo da Grande Deusa tehlrica, distribuidOf'da <:hu· sucede, por exemplo, qo.lndo é considerado como esposo da deusa
va. E claro que cm parte algu,na encol\tr:unos 1,1m destes dois ti· d11 ff'erra, Prith\'il-'9. Parjanyá reina $Obre as águas e sobl't to
pos no est.-ido p1.Jro, que as linhas de ddtn,,olvimento ;am is são dos os-,seres \'tvos?l')(l. envia :1s chuvas:!il1 , assegura a fecundidade
para.Jtlas. ar1tes se en11ecroz.aro s,cm cessar. que o '· obcrano" é dos hotnen.s. dos aninlals: e da ,,egetaçfO'""'Clz , e todo o universo cs--
no mesmo tempo distribuidor da chuva e que o fecundador é tam· trcmece perante as tempestades que eJe desencadeia. P rjanya,
béLn wn déspo1a. Ma\ o que podemós aílfmar sem hesitação C: m"is dinâmico e mais concreLo .que Oyaus, mantém com maior
que o processo de especialização tende a delinútar com bastante !xfto o seu Jua,1.r no _paoteão indiano. f\1as cssç lugar deixou de
precisão os campos de jurisdiçâõ de$tes (]ois tipos di,1inos. ser supre-mo. Parjanya: não ''sabe" tudo. oomo Oyaus. e não é
Co1»0 cx<::mplo lipico da primeira classe - dos soberanos S,Qbefano·como \'aruna. A s.ua ccialização delimitou o seu do·
e dos guardi ílas l i - çj,çp1c,s T'icn, Varu,u1 ) Ahura,. c,.,1az- 1hfnio1 e, 1uais:1 alé Deite 1neSJ.110 domin.io nâo Cinvulnerável. Uma
78 TRATADO OB IJIS1'ó.ft.lt1 DAS Rf!LIG/ÔES
0 CP.U: DEU!iES URANIAJ•lOS 79
OUlra. h.icrofania da temp 1ade e da energ:ia fcrt.iti:r.ante poderá tneráveis invocações215 se refere1n à sua fo1-ça gcnCSica incsgotá•
subs111uJ-lo desde que novos ritos e nOV'aS ct'iaoOes ntíticas o rc- vél. Todos os atributoi elodos o,s presti;_ios de ludra são solidâ·
clamcnt.
Ê precisamente o que. aoo,uece nos 1.elTIPO$ vêdiços. ParJa- rios e 0$ dom(ni0$ por d e dirigidoses&.llo em oorrcspondê('lcla. Quer
n1a apas.i•se perante lndra. o mai popular dos dcusc;:s \'édicos s'e ,rate dos raios que atlagem vr:itra e libertam as águas, da ten-..4
pesta.de que l)(cccde a chuva ou da absorção de. quantidades fa-
(so1nente oo Rig Veda oad3 menos do que 2SQ hinos lhe sâo de. .

1
çliçados 1 cm compa.raçtto com os IOdcdicados a Varunaeos 35 bulosas de soma. da fertilização .:tos can\pos-ou das suas possibi•
lidades erótkas-gigantescas., encontramo-nos.setnpre pcranlc uma
:\. tilr.i, a Varuna e aos Adityas eru conjunto). lodra ê o "he-
r61'' p0r exoclência, guerreiro 1.enH:nirio de t.nera:ia indontãvel ,epifania da força vi1al. O mais fnf'unodo5 seus gestos. n3S':e dessa
plenitude transbordante, 3.$$im e.orno a S\la jactância e a sua fan.
v ccdor do OnSltO Vrilra. (que iinha usurpado as liguas). i11s..,: fatronice. O mito de. lndra e.'l)tim.c adnúra\'CfroetHe. a unidade pr
c1ávcl consunudo.r d soma*. Qu Jquer que scjaa intcrprelaçâo
que se propol1ha, nao podeinos escamotea r as \'aJências cósmi- fundá que existe enue todas as rnanlfestaçõcs plenas d;:i vld:i. A
C'âS:de Indra e a su.a vocação dcn1i.úrg . l11d.ra rtOObre o oé-u : m dinâmica da fe<:undidade ó a mesma em.lodos os níveis cósmicos
é maior do que a Terr3 inteira 'l'M ,, I.NIZ. o céu como diadeni 11>1( e a Hngua,aem revela freqüen1emente tanto a solidaried;1de de to-
e s:lo 8$0Madoras as quatltidades de soma que pode engolir; pois dos os instl'umentos fenilimntts como a sua de:;ocud.Cncia oomum;
não é: capa1. de absorver trê-8 lagos dele, de t.1m trago? Ébrio, eciniolog.içarmnte., vurshb. "chuva", está próxima de vrishan,
assim. d so1na. m:ua Vritra, desencadeia as teiupestades. raz tre- ''macho''. Iodra agita iu<:es.5antementc as força\oóSnticas. fm o d o
mer os ares. Tudo quanto lndra raz transborda de força e de jac- assim circuJar ao univ rso iotciro aeneraia biocspennil.tica. Ore-
tância, pois CuJntt pujante reillizado de cxuberânc.iá da vida vatório da sua vitalidade é ine:s.gotâ\•cl e é sobre este rcser\·ató-
e1 e®a cósmica < biológica; é ele que fa2. coin que circul as rio que se fwtdam s esperanças do bou1cm 1u,. !\·las Jnd.ra não,:
se1vas e o s.1.usue. que anima os germes, dá Liv1·e curso às águas C(ladQr; promo"e por todo o lado a vida t a distribui vitoriosa-
e à dtu\·a oontid.i r.as ouven.$. O raio (vajra) foi a arJna com que mente no universo inteiro. n,as não a aia. A funçâo criadora, de
m tou Vritra, e os l\fat·uts, d.iviJ:i,dadC$ menores da tt.mpes1ade. que toda a divindade uraniana cs.tá provida, "especializou-se'' etn
CUJOchefe é 1ndra, possuem ígttalll')enle e:s-ta arma divina. ''Nas- (ndta numa missão genésica e vitalir.ante.
cldo.s d<>l'lr do relãm1:>ago":::J1, os Maruts são iovcxad e.m vá-
rias oea.siões, paro que não lancem os S.:us ''projéteis,. sobre os
homc.ns e o gado. e oao os matan ?OI . '17. Os fttundadórtS - l o d r a e constantemente comparado
A tempestade é. por excelên-cia, o d encadeamento pode.- a. um tóuro21', A sua rqltka iranlaoa. Vcrethragna, aparece a
coso das forças criadoras; lndra ,,e,te as chuvas e çomanda to- Zarathustra sob a forma de touro, de ga(anhàC>, de carneiro, bo-
das as subs1ãncias hfdrjeas e bidr.antes, st.ndo ao mes:ino tcmp9 de ê javau11•. ou 5eja, "oulrot 1aru.os sim boios do espírito ma·
a di\'indade da ·re,1jJidade-"""09 e o arquétipo das forças senés.i· cho e combadvo. dos poderes elemencares do sang,ue-":n9. Às ve•
cas:110• É urvõvaputi', ho senhor <los campos". e sfrapoli, ''o se- zts 1ndra t tambétn chrunado carneiro (1neslrá) 'll0 . Estas mesnili$
nhor da charrua''; e tambêm · 0 touro dri terra » 211, o fecunda4
1 epifanias animais cncontram.se en1 Rudra, divindade pré,ariaoa
dor dos C3JUJ)OS, dos animais e das mulheres212. "É Indra Qpro- a imilada por Indl'a. Rudra ê o ·pai. dos t,.1aruts e, eu1 certo
criador dos anlmais' •llJ e nas bodas dos cas:a1néntos JnvOC3oo•no binoUI. Je111bra se que ·•o toiu·o .Rudra os ('.fiou nas tetas bran 4
4

1>ara que conceda dez Olhos àc,ueJ:1 que. acaba de secasarlJ4; inu• cas. de Ptl.shn.i". Sob a sua forma taurina, a divindade genêsica.,
uniu-se a uJna deusil•Vaca de tamanho oósmioo. Prishni é un:i dos
seus nomes; Sabardugbâ ven1 a ser outro, mas uata-sc sempre
• llilko !UIu:11J111.ota: ··arn ,1, ui ..... (> mel d11.imlllfl lidàlk(lut Uflul â&\tla de uma vaca qu procria tudo. No Rig Vedax:i fala-se "de ulna
lt"ª"ª ao, R)Oflalt {S11.:.dh11.rra), ;wr.,i,:10, coo\O <>-f«eOl!a ios dt1ue1 e 11b.,cn.,id1:1 vaca vish·an,JJ(I qoe tudo vivifica' ; no Athon ra Veda22l a vaca
pdo$ h<1niens eomunkar ooc:no rnun.dodi.,inó. Oroc11aé Q lilmOOto dAro- une-.se succssi\•atnen1e a todos -0$ deuses e procri;,1 c1n todos os
br{$,gu&$ 111d:i'' {Dia'w,nui,e dt; SJ·111bok:1, Ed,, Rql:cn L11f!cnt}.
pláno.s cósmiooSi º o s deuses \'i,,em da \'aca. assim como os hlr
TRATA.DO DE JlLSTÓRLl DAS RELIGIÓES O GJ1U: DEUSES UR.ANIANOS 81

me1u; a vA-Ca tornou este universo tâo vasto co1no o iuipério do genésico-atmosfêrieo, quer COllO um dos sel,IS atl'ibutos. As !.Ola.
sot ••?l4_ Aditi > mãe das divindades-suprem Adit:yas, é u1.mbém gens taurinas abundam nos templos de Shiva_. que ttm por veicu-
rer,restntOOa 00010 wna "aca ??J_ lo (V:dhana) o touro Nandin4 O caranés:io Kô, !)a.lavra que desig•
llsta "especialização' . aeuésico-taurina da divindade da at- na o boYideo. signi(i<:a tambêro céu, faísca, raio de lui. água, chi-
m()&fua e da fertilidade não vcvifica somente no dolllfnio iu . 'fre, monte229, O compJCxo r(lig.ioso Céu raio-fecundidadc
4

di1u10. tnco111ramo-la tambêm numa árta 3.fro•asiád<:a tn.uilo ex 4 encontra-se conservado aqui da nu.o eira 1nais ("'()ffli,lec.a. poss(•;eJ.
Lenia.. l\1as .nOlemos desde já que emelhante ''especiali1.acão·· O tamuJ K6(nJ tem o swtido de ·'ctiviadade", mas ô plural Kôn•
reveJa lit1al.mente in€1uências cxter.iore$, sejam de ordem éuúca âr sígoifica "vaquciros" 2» . É possívd que C;(ista uma relaç. eu
(os elemcnto.'i .. do Sul". de que falam os e1nólogos) 1 quer de or- tr( cslcs termos dravidiauos e o sânscrito g/Ju (ind.-eur. g'fou) e
dem rcligioia.. l:odra. por exemplo, a))«'5Cn4l vC$tigi,os de influêo• o sumérlo gu(d), (fúe signifiéa ao mesmo tempo "touro" e ••p o -
cias extrt.arillnas (Rudra). m3$ o que nos luteressa tnuJto mais éleroso, corajoso" '. Tambêm ê conYeuienJe menciona.l' a orl-
JX)r oraé.Q faio de a sua personalidade ter-sido alterada e acr(S· QCln oomon1 dos ter1nos sentitas greco-latinos- para touro (cf. o
<:eniada pór eltmtn.tos qut não lhe pertencem como deus da chu- assitio.shún11 o hebr. shôr, o fenici:o tlujr, ctc.,.c o grego Taurus,
va, dos furacões e da fertilidade OOsn1.lca. As suas relações com laL taun1s), o que confirma a u.llid:Jde deste 001nple.xo religíoso.
o touro e com o soma. pôr exemplo, confc,ren1,fbe, prtstfgi-Os No lrã eram freqüelitts os sacriffcios do touro e Zarathus-
Ju.naresm . ..:\ Lua gov'Cma as ãgua.s e as chuvas e distribui a fe- t.rn inf'ati.ga\·eln1ente os comOO.teu2?2. Em Ur. no terceiro nillênio,
eundidade un.iversal (§§ 49 ss.); os chifres do touro (oram m_uito o deus da atmosfera era representa.ao pôr um touro n ; (- ''o deus
cedo -assimilados ao crescente luna:r. Em breve YOltarentos a ua. Pot quem e jura" (isto é, na origem, um deus oelcstc) era 1auro•
tarde todos es complexos <:ulturaJs, Fixemos, no enlanto, que n1órfico, tatuo na antiga Ass(l'Ja, coroo na.Ásia ['.1eno '. A· este
a especio//t<Jç4o genérica obrigo as divindades celestes a abson•er respeito é.muito significativa a supremacia que adquiriram os dcu-
l f ( I sua n·oualidade todas as hierofonias dirt1a111erut re/ac/0110· SC\ da empestade, do tipo de Tesbup, Hadad, Baal, nos cuJtc,s
das co1n Qfe.cun(JidQ<fe universal. Na móelida em que ucentua as leo.01ientais. É con,·eniente demorarmo-nos um pouco rnais
snas funç&s r:neteoro16gicas (tempestade, nio, chuva} e geoésl- cotn essas di"indades. Não conhee(mos o ootne do deus supre-
eas, un, deus celeste necessarian1en,e se torna não só o parceiro m.<>dos hititas, o esposo da deusa Arinna; etradamentt. pensou-
da Oraude-M!ie ctôo.k:o-lunar, oomo lambem assimila os seu$ a(ri, se que-se chamava Za$.hhapunabz". O seu nome era C,crito por
butos; no caso de Jndra é o .soma, o touro e 1:ilvez até certos as- meio de dois ideogramas de origem babilônica, U e l ['.1.• A leitu-
pectos dos 1aruts (na medida em que tles biposta.iam as almas ra d e ideogtama enl Uugua lúvia eca Dattash. e- os hurrita.s
errantes do.s mortos). clia1navam-thê Teshup. Era um deus do Cêu e da tempestade, dos
O touro e o raio foram desde 1uu.i10 eedo (a partir: de 2400 vCfltos e dos raios. (Em acadiano. o ideograma I M tinha os " ª ·
a.Ç.) os s(n1botos conjug,1dos das divindadeiô atmosfêrk3s121. lores de zuunu. "c.hu\'a'', shan,, ''ve.nto", ren,anu. •·tro-
Nas eulturas arcaic-as o.mugir do toouro foi .i ilado ao furacão V-Jo'' ."jlM Os s.:us títulos evidenciam. o seu J)(est(e:io oelesle e a sua
e ao U-o\'ãO (cf. o twl!-roortr entre o.s australianos}: ora. tan10 éategoria de soberano absoluto: "Rei do Céu", ''Senhor da na-
um como Olilto eram oma epifania da força fec:undance. Por is,. ção lia.ui". O epíteto mais freqüente é o de .. todo,poderoso"
so encontramos oonstanttmente 11;1 jcono aíia os ritos e 0 $ mi- e o seu símbolo ê o r.do, o machado ou a maçàll1,
tos de todas-as. divindl!des atmosféricM da âre.a afro-asiática. Na L-embl.'enio•nos de que em todas as culturas palco-orientais
Íodie. pré..arlana, o louro estava presenle oos cubos proto- o podererasobreludo simbolizado pelo touro; em ac:tdiano, " 1:,a r.
hlstót.COs de Mohenjodal.'o e do Belncll.is1âo. 0$ "jogos de tou- tiros chifres" equi,•ale a "perder o J)Oder"·?J3. r \ deusa Arinna
ros", que cxisiem ainda. hoje no Deeão e na Índia de SuJl!S. exis· era tambêm rcpresient.lda de modo (auromórfioo (cnéontnurun-
tia1n na fodía pré védi no terceiro mi! nio a.e. ( Jo de Cbau .
4 :ie ima.aeo.s suas nos temp ) e o couro era o seu animal sagrado.
hudato. é. 2SOO a.C.). Os pró-d_râ'Vidas, os drávidas e os indo- Nos lC.'\'.tos. os dois touros miticos:, Scrish e H\U1'isb, slo•lhe
arianQ8 venç:r;1r;wi lodos Q IQUto, quer como q>ifania do d<:us consasrados 239 9u 1 segundo aJ3uns eMudi , são .at6 seus fi-
-
82 TRATADO DE HISTÓRIA DAS RELJGIÔES 0 CÉU: DEUSES URA.Nl1NOS 83

lhos. O li.nico mito que se conhece é o da sua hua.cotu a serpente mo "a força dé Baal (ou seja, Bad.1d) feriu Mot com seus ehi-
JUuyaukash241, onde el)contramos o mesmo tema da. luta da d.i· rrcs, tal como fazem os touros sclvage,ns ... '·''J 1, E no mito <:O•
\•indade da tén1p,es1a<le e da fertilidade oom uoo :monstro reptilí· nhecido pelo uonte de ''a caça·de Baal", a mort.e de Baal é com-
neo (ludra•Vritra, Zeus·Typhonj prot6típo tvfarduk,Tiainat). É parada à morte de um touro: ·'assin, lOJnbou Baal ... oomo u1n
necessátio ainda assinaJ3rmosa multid o de epifanias locais des-- to\lro"ll1. Não 005 deve .surprce:nder que 13.aal-Adad tenha un,a
1e dcu!i: no tratado de Suppilutiwnash sâo citados 21 U1.4i., o que parceira. A,sberat (Anal, 1\Sb,irt), e que seu filho, Aliyan, seja
C!,)filirrua o seu caráter autóctone nas rcgJ habilada5 pelos hi· un1a divindade da água, do. fecundidade e da ve3etação U 3. 6
lit . U era wn deus popular etn toda a ;\.sia Menor e Ocidental, crificavatn•se· LOuros a Basl·Adad (c.f. a famosa cena entre Elias
fosse qual fosse o no-me por qu. era iJl\lOcado. e os profttas de Baal tvlo carruelo), O assírio Bêl, ron1inuador
Os SlUlté1·io,OObiJOnios conheciam·no sob os nomes de EnUI de Anu e de EnliJ, é qualiftcado de ''touro divino'•; às vezes é
e de Bêl. EmbOra ocupas.se o terceiro lugar na triade dos deu·ses desiati.ado por Ou,"<> bo"fdeo'' ou "o grande carne.iro• ,.
cós1uico.s, era o mal,; importante de todos no _panteão; er:, lilho notável esta .solidaried.'lde dos símbolos "genêsJoos" e "ce,.
de Anu, a di iodade cel e supr,cma. Aqui se \'Crific.a novame.n- lesu:s • c1n tOd(" esses tipos de divindades da t m stade. C-.1ui-
1e o fenômeno bC"moonhocido da passajeni de deus 01io$us « . 1as vezes Adad, representado sob a forma de um touro, usa uma
lesre a um deus ativo<: fccundador. O seu nome. em sumério. insignia do raio2$'. r-.1as por vezes o raio toma o .1spec(o dos cb.i•
significa "Senhor- do ,,euto inlpetuoso" (Jil, ''vento poderoso, fu- fres rituais2 16• O deus Min, protótipo do deus egípcio Ammou,
1·do .. ). Tsmbêm o·dC'signavam por l1Jg1JI a11:oru, "divindade do etá do mesmo ntodo classlficado de "touro da sua f\.iãc" e de
vento e d.'I tenLpe:stade", e por fintu, ••ten1pestade 1•, J:.lf.ug-ug. "Cirande Touro" (Ka wr). Um dos seus atributos era o raio e a
ga, i$t'o é, "senhor dos furacõ,es••1'1$. EnW dirige também as .sua Í\lnção pluvial•geoêsica está evidente no epfte10 de "AqucJe
.tauáS e foj ele que provocou o dilúvio universal. CbatU3.LU•lhe Que desfaz a nuvein de. chuva':. }.tio oao er.1 utna djviod.1de au•
''o poderoso'', a/1111, o deus Que 1cm chifres, o senhor do univer- tóctone; os cgipcios sabiam que. ele viCTá. com 'a sua-parteira, a
so; o rei do ceu e da Tt'rra. o Pai Bêl, o grande guerreiro, etc. u i vaca Hathor, do (s de P\lo•nt-, isto(., do oceano fndico i:s;. Em
A sua mulhtté Nlns:aUa, "a gra.nd Vat.'a", u,num ràbitu.111, •c3 suma, para encerrar esta rápida exposição de wn o(lcSOO de ratos
Orsnde Ntãe", geralme,ue invocada &Obo no.me de: Bêltu ou Bê- de riqueia çxocpcional (cf.' a bibliografia), anotemos que foi SOb
lit, ''a Dona·· . A sua origem oeleste e a sua runçào me.1e<iro- a fonna 1aurina que Zeus rap10,1 Europ3 (epifani;1 da t-.1ãe), se
tó.gicá são con rlnadas 1.nnbém JX:lo nome do seu templo en1 N.ip .. uniu a AntilolX' e t«itou violar a irmã, Demétet, E em Creia
pur, ''a Casa da C\'lontanha 112.J6 . A u loo.tinha" continua a ser POdia se ler um epitáfio curioso: 'Aqui jaz o grande Bovídeo cha-
o símbolo da divindade cekste suprema, a1é nos casos em que nH1.do Zeus.·•
esta úlLima se. "c s peclalJza '' em divindade da fecundidade e da
sobel'ania.
Em Tell.Khaf.tje, no nu1is aotigo .sru1Luário conhecido até ho- '18. O 1.>spô!IO d91 Grãnde f - Como "imos. o co1tjt1J110
je, a imagem do touro t.ncontra•S'e junto cL-,. imagem da usa Cêu chu,·oso-Touro-Grande Deosa constituía um dos elc:mwtos
f\1ãe.Zk 1. O deus f.l, que ocupava urn lug,al' proeminente no pan· de. unidade de tods"ts as ,·eliafôes pl'é•his161·ic.is da área euro-afro-
teão paJcofeaJclo, é designado J)(lr "touro n '5hor) e. Lambénl por a!Ílâtica. Não há dúvida de Que a nota dominante assenta aqui
El "tQuro poderoso••14. Mas este deus \'e:io a ser suplantado, em na função gcnêsjc:o-agrária do deus automórfico da abnosfera.
data tnais reoente, por Baal. ·1Chefé:, Senhor", no qual Dus.,;aud O que se ,•enera em primeiro lugar em f\.1in, Baal, Adad, Tcshup
"ê actrtadamerue o deus Adad ?-1 ". A c.quivalên<:ia BaaJ-,.\dad es• e outros deuses taurino.s do raio, esposos da Gtat\de Densa, na.o
lá também confirmada nas tábuas; de cl-Amama?<o . , A voz. de é o seu c:arãtc.r c:eleste mas as .suas possibilidades fet'undaittcs. A
Hadad é o trovão, e ele tam m quc:tt1 a1lra os reHlmpa2.0 $ edis- s a sacraLidt'lde deriv3 da Júerosaini com a Otande l\alãe grá•
pensa a chuva. Os protofenicio.s compa.ra,-a.rn }ladad a um tou- na. A sua estrutura celeste está valorizada na sua fun o genésl•
ro: os textos re<*!ltem te decifrados relembram a maneira CO· c:a. Antes de tudo, o Céu é a região onde "brama" o trovão, se

11J( - -
84 TkATAD<> ()E HISTdRIA DA.S REJ.IQfÓES 0 Ct1U: DEUSES URAJVIA,\'O'S 8S

juntam a.s nu-vens, e onde s,: decide da fertilidade dos eaiu_pos; írc nas mãos); os í-dolos do cipo bovklco, que se enconlram sem
ou seja, a região que assegura a oon1inuidade da vida na Terra. pro Cln relação com o <.'Ultô <LaGrande. Mãe(=# Lua), são frc-
A c:ransc.endê-ncia do Céu integra.se sobretUd() na $U3 modaLida- qüe,:11es no Neolftico:l61. Hcntte26 aprofundou o estudo deste
de meleorológica e o seu "poder" equivale a uLn .ili.mJ1ado reser• conjunto tunar-genésico numa exur.nsa área cultural. As divinda-
vatório de germes. Por vezes, esta equiYalência re\'ela-st até na des1un3Ics mçditerrãnko-orientais trarn teprtseutadas sob a for-
IJns,i.aaem; o sumCrio ,ne designa " o homem, o macho" e ao me,s. ma de um touro e investidas dos acributos taurinos. Assim. por
lUO uanpo " o ç,ty .. 0$ (Se meteorológicos {raio. te1npesu1- exemplo o dws babilônico da Lua. Sin, e1·a cb:tmt1do " o pode-
de, chuva) e 0$ genésioos (o touro) DC(dem a sua autonomia ce- roso vit-elo de Enlil º , cnciuanto Na:uar. o deus da Lua de Ur, era
le$te, a sua soba'ania absoluta. ca-<1a nru deles-é acompanhado, qualificado de ••poderoso. jovem t-ouro do céu, o filho maii no-
e freqoen1emente do1ninado, por uma Grande Deus.,, da qual de· tável de Enlil" ou " o poderoso, o jov-e,n tOut'<>de fones chiíres",
pende, em última instância, a fecundidade universal. Já nâo silo tlC, No Eaito, a divindade da Lua era " o touro dits estrelas".
criadort"S cosmogõoicos. 000)0 as d5viodadcs celestes primordiais, i:tc. ™!\•lais adiante veremos como, é coerente a relação cntrtc <>!
mas fecundadores e procriadores U.I' orden1 biológica. A hicro- i:uhos ctônico-Junares e os da fecundidade . A chuva - "senu:,..
gainia tol'na,se: a sua função csscntial. g por isso que os cnoon- 1e" do deus da tempes1,11de- intcsn·se na blcrofania das águas,
tramos tão freqüentemente em todos os cultos: da feC\1ndid3de-, setor:que depc:nde antes de tudo dajurisdiçào da.Lua. Tudo quan-
es ialn1mte nos cuJ,os aan\J'ios.; no entanto, jamais desempe,, to se eoCOlltra em relação com a fecundidade pertence, de Ola
nham o papel principal, que cabe, de fato, ou à Grande f\'1ãe ou neira.1nais ou mei1os dlreta, ao vas o circuito Lua-Âguas-Mulher-
a um ''fdho", di\'indade da ,•cgeta,ção que morre e ressuscita pe- Tcrra. As di,,indades ct.Jestes, ao ,.cespecíalizarem-se-" cnl divin-
riodicamente. dades vjris e &tnésicas, fa1almentc: cnuaram em contato 0001 es-
A ''especialização'' das divindades celestes acaba por 1nodl· tes conjuntóS pré-hiMóricos, e a( perolaneceram, quer tenham che-
tiCM o seu perfil de- maneira radical; na 1nedida cm que.abando- gàdo a assimilá-las, quer elas próprias tenham sido il\tegradas.
nam a sua transcendência, tornando-se ·•acessíveisº e como tal
indispeusávcls à vida humana, passando de d us 01Josus a deus
plu iqsus taurinos e genésioos. assimilam in ntcmente fun• 29. Joo\/j - O s únic deuses do cC'u chuvoso e fecundador
i;lie.s, a11ibotos e prestígios que lhes errun escranho$ e estavam lon- que. têrão conseguidooonser\·ar .i s,1a autonoroia, Jpesar das hie-
ge das suas prcocupsções, na sua soberba trans,cendCncia rogamias com as inumeráveis grand deusas, são aqueles que C\'O·
cele te.2'*· Na sua tendência - como qualquer ''fonna" divioa luiram na liuha da soberan_ia; os que conservaram o ce.tro, ao la-
- para agrupar a 1ua voha todas as manifestaçõe$ religiosas e do.do raio feeundador, tornando-se assin1 mantcncdorcs da or-
para comandar em todos os setores cósmicos, as divindades da deol universal, guardiães das uonnas e cncarnaç-ão d.a lei. Zeus
tetrtpestade e as divindsdc.s genésicas absorven\ na sua Jler.sonali- e Jl'1piter são divindades deste tipo. Evidentemente a personati.
dadee no seu culto (sobretudo pelas suas hitro iasoon1 a Deµsa dade destas figura\ imperiais se definl\l meU>or a:raç:ts à ,•ocação
Mãe) os clecnentos que ori$)nalmen1e não pertcociam à sua es, ,nuito especial do espirito grego e romano para as noções de nor•
1rut1Jra celeste. n1a e de lei. Mas esses prc,.cessos de racionalização sã se torna-
Aliás, o dralua mctrorotõgko oem seo1pre e oeocssariamen- ram possh·cis a partir da intuição religiosa e 1nitlca dos ritntos
t:c expresso pot uJna divindade celeste; o conjunto r io cósnticos da sua harmonia e da sua pcrcnidade. T'iãoé também
tcmpes1a.de-c.hu,1a foi po, vezes considerado, como aoooceceu eo,. lnn excelente exen\plo de soberania C(:lesi<: .o:t sua tendência para
tre os esq1,1i01ós, os bosquímano.se .no Peru, como uma hierofa se revelar como hicrofania da lei. do ritn10 cóstn.ico. Co1nproen·
nW.da LuaW . Desde os tempos mais remotos os chifres dotou- dcremos melborC$tC$ aspectos quando estudarmos a funç o reli·
ro (oram comparados ao Cl'esccnte lunar e assimilados à prôpria aios.a do Soberano e da soberani.l.
Lua. l\1eaghtn26I: tslabele(eu uma 1clação en1rc o crescei:ne d i É num plano de cttto modo paralelo que se ooloca a. c•;olu·
Lua e .is figura$ fcminináS do AW'l$Q:)Ctt1$e {que seguram um chi elo da divi.odade supre.ma dos hcb:rcus. A personalidade de Jeo.
86 TRATAD{} D& Jl1ST0RIA JMS RELIOJÔES
O CÉU. DBCISES URANTANOS 87
vá e a sua história religiosa são mullC> complexas pata que J)Ossa- revelaçi'i.o 1.nais efetiva da sua transctndência e da $Ua autonomia
mos resunli-lai; ctn pOllcas linhas. Digamos, no entanto, que as u,bsoluta; p0is, quanto ;:io Sc(lhor, ''nada o obriga'', nada o cons-
sua,; hierofal\la.s celestes e auuosféricss desde n\Uilo cedo consti· irangc, llCm scquC'r as boas aç.ôes e o respeito pC'las suM próprias
tuíram o centro das experiências relltiosas que- tornat.-im possi- leis.
veis as revelações ulteriores. Jeová manifesta o seu l>Oder na 1esn• É nesta intui ..1.0do podér de Deus como únlca realidade a.Ir
pestade; o trov!lo é a sua ,·oz e o r,elãlllJ>ago é ''o oio·: e Jeová sõlúta que enconuam o seu pon10 de partida todas as mfsticas
ou ·• a s suas ncc:ha!' . O Senhor de Israçl ª1l\lnc,a·st ·pelo tro-
vão, pelo relâmpago e p0r uma espes.ffl fumaça·· nomome - e especulações ulteriores à volta'da Liberdade do homem , das
suas possibilidades de .s.ah•açào pelo respeito das lei.s e uma mo•
ro ero que transmile as leis a t\•folsés. "Toda a do ·· r.i..l rigorosa. À face de Deus ninguém é "loocente". Jrová tsta--
nai wa,,a e.ovolta e-m rumo porque o Bteroo a1_monta.oba
descera no meio bclcceu "aliança'' com o seu povo. mas a suá soberauia permite·
do fogo .. :•lM Débora lembra cor» religioso tentor como " a ter· lhe aniguil:i-la a qualqu.:r momtnto. Se oão o íaz, não éet'll vir•
ra 11e1ncu, os céus se agi1;1ram e-as nuvens se fundiram em. águas" 1u e.da ·:aliança" - pois nada póde ''(lbria,.'lr" Deus, nem st·
com os passos do Srnhorl67• Jeová avi$0U Eli.-.s da sua aproxi• quer as suas pr6pri.as ()tOmess.'\S - mas sim cm virlude da sua
mação por uma "grande tempestade, que parecia esracelar os bondade.lllfinita. Jeová mostra-se em toda a hi.stória rdigiosa de
mo,ues e fender as rochas, mas o Senho1· não csta,•a na 1eínpcs-
tade. Depois desta veío um tremor de terra. e o Senhor não esta• l_sracl como um deus celeste e da tempcs.tade, criador e 1od
poderoso, soberano absôlu10 e "Se!lhor dos cxCrcitos''. apoio dos
,•a uestc tremor de lena. E depois do tremor de. terr.:t uro fogo; reis da linhagem de- Davi, autor de todas as oormas e de todas
mas o Senhor igualmente n:'lo estava neste fogo. E depois deste
fogo um doce e teve murmúdo''l6-1, O fogo do Senhor cair.obre os leis que pcnnite-m à vida oon1inu:.r sobre a Terra. A "lei", sob
os holocaustos de Elias quando o profeta lhe. suplica que se qtutl-Quet' tom1a que seja, tem o s.eu fundamcn,o e justifica,ç:ão
most..rt e colúuoda os sae-erdotes de Baal. A Sarça srdentedo epi• numa revelação de Jeová. }\,las, ao contrário dos ou1ros deuses
supremos, que não podent eles· p-róprios sgir contra a.ç leis 21J ,
sódio de r,.{oisés. a coluna de foao e as nu,·c.os que guiaram os Jc:o,•á conser,•a a sua liberdade absoluta.
israelit3S para o desetto sllo epifanias. jeovisw. ,\ssim co1110 a
aJjança de Jeová co1n a dcsoendênc·ia de- Noé, 53lvo do dilúvio,
se m:)nifc:sta por um nrco-iris: ''Coloqoei o meu arco-íris nait nu- 30. Os recundadc>rtS substílu.em os dc-ukS W"AoJio.óS - A
vens e ele s,er\firá de s.iJ)al de aliança en1.re mi1n e a Terrn.»l?o 11ubsti1.ui,ção das dh•indades celestes pelos deuses da lém sta.de
E.Uas hierofanias celestes e atmosíériciti, diftri::ntcmcnte das procri.tdor-es verifica-se, também no culto. Marduk sub$1iu1i Anu
outras divindades da t.empcstade, manifestam sobreLudo o ''po-
der" de Jeová, "Deus 6 g.rao.de pelo s,c.u poder; quem soubesse na festa do Ano Novo(§ 153). Quanto ao importan1e sacrificio
demon$trar oomo ele. ••17l ''Ele tõ,na a luz. n lilàos ... Antu1cia- v dico Açvainedba, :te.aba por stt diri3ido a Prajãpati (e por ,•e-
·1.es uunbétn a l11dra); depois dco ter sido a Varuna, e, como cs.tC'-
se por um ribombm ... Pera.ore um CSpetáculo com est.e, todo o 1\ldmo substituiu l)yaus. é muito provável que originalmente.
1ncu coração eMremc:c.e .e pruece q1,1crcr saltar-me do peito. Escu• 1ttcriJício do ca"alo ÍOS$C realizado em honra do an1jgo deus indo-
tail Escutai o frffltito da sua voz o ribombar qu Sài da sua boca_
e secspalb;:i pela vastidão dos céus, enquanto 0$ seus rclâJnpagos 11riano do Clu, .6i.s _popuJ.1ções ur2lo-attaicas ainda
brilham até as extremidades da i erra. A.s$i.m que a sua voz res c:m cavalos aos deuses suprémos ur.wia.oos (§ 33). O ele1nen10
sóa, ele- já não mai.s detém os rd."lmpagos. Deus lroveja na sua e.utncià1 e arcaico do Açvamodha é C>·seu cará1er
voz de 1nancira maràvilbosa ... ,,i 7? O Senhor Co veTdade1ro e o O cavalo e identi do ao oosmosc o seu sacrirtclo slolboliza
Mpl'O(/ut.) o ato da criação. Osentidodesic rito tornru:-se-á tllais
\1nko dono do oosrnos. Pode fazer tudo, aniquilar tudo. O seu
Poder é absoluto. e por isso a Mta liberdade deixa de ter limites. c::h1r<> num outro capitulo(§§ IS3 ss.), Por htn lado conve,n assi-
Co,no soberano inix>"t.estado, mede a sua mi.scricórdia ou a sua nalar aqui o conjunto oosmogônioo cm que se coloca o Aç,,.amecJ..
cólera a seu bd,prazer: es1a liberdade. absoluta do Senhor ê a ho c. 1>0r outro, o stntido iniciá,i<:o da cerimônia. Que o
1nédha ê a.o 1nsme> tempo um ritual de iniciação C o
38 TRATA.DO CE Rlsróf(JA. DAS RD.IGJÔES O CÉU: DEUSES URANIM'OS 89
J)rovam os seguintes \le1·sos do Rig Veda {VOT. 48, 3): ''Tomamo· t' eado por garonhõe$; '4Prnjà p ati é, de fato, o grande tou-
nos imonais, oon1trnplamos a luz e encontramos os deuses." ro"r'6. Nos leictos \'édic0$ viam-st- os Açvins, cujos nomf'.S re-
Aquele que conhece- o oUs<érlo diesta iniciação triunía da squn, vetam as soas relações com os cavalos,, moo.tar bois de corcova
da morte (pw1011nrlt)'#) e não teme a 1norle. A iniciação equiva- e nao ea\!alos z>1 .
k à cooquista da jinortalidade e à transmutação da condição hu- Os Aç,•ins, corno os Dioscuros (Oios kuroi, cf. let. delN(I de,.
n1:ma uuma condição dlvlna, ê.sta coincidência d3 conquista da li, litu.an, dié"'O su>rRleí). são flJhos do deus do Céu. O ieú mito
imonalidsde oont a repetição do àh) dâ trJn{àO é irttpõrtalltc; o de\•C mujto, tanlo às. hierofanias celestes (Aurora, Vênus, as fa-
.sacrificao1e ultrapassa a ooodlção humana e torna-se il)lOrt.'11 por Se:\ da Lua) como à sacralidade dos Oênleos: de fa10, a crença
um ritual cosmogônico. Br.éontra·rcmos a mesma coincidência en- (v, a bibliografia) segundo a qual o nascimento de gêmeos prcs-
tre in1cjação e cosmogonia nos mistérios de lithra. suix>e a união de um mortal e de--um deus, e sobreiudo de uma
Tal ('Otuo acontece-com Prajâpati - a quem depois é dit'ljl- dJvindade do Céu, está ex.ltffllanten1e difundida. Os Açvi.ns são
do o sa«ificio - o cavalo sacrificado simboliza o costnos. Entre --$e!nprt reprtsentados ao lado de uma divindade feminina, quer
os lranlauos. do corpo do touro primordial morlo por Ahriman seja Uça, deusa da Aurora quer SOryã; os Dioscuros acompa•
nascem os cereais e as plantasi na tradição aerlnâoica., o cosmos nham iguabnenle uma f1.3ura femi.rdna, .sua mâe ou sua innii; Cás-
ck,riva do COL'l)O do gigante YLnirV'". Nâo nos ocuparemos aqui lOr e J?ólu;,: aco1npanham Helena; ..\mphion eZethos sua n1ãe A11·
das implicações deste Ltlilo cos,nogônico, nem de:>$ seus pandefo.s liope; fférodes e Jphikles sua mãe Alctt1enu, J)ardat1os ê /as.lon.
extrcmo-orie.n(ais (pot exemplo Pa.n'Ku) ou 1nesopotàroicóS - Hurn-1onla, etc. Fixemos 4ue:
o COSlllOS criado por r,.1arduk a p.artír do corpo do monstro l i · à) Os Aç\·ins, os Di0$Curos o u quaisquer que sejam QS no•
mat. Apenas nos interessa o cará1cr dro111d1ioo do ato da críação mcs destes gê1ueos núllcos s.'lo filbos de um deus celeste (ma.is frt-
ta.l como se nos apresenta nos. mitos semelhantes:.. o CO'Smos não ttGetnemente em tonsoqüência da união deste Ultimo com uma
é Cl'lado ex nihilo pela dJvi.udade suprema, antes. adquire a sua mortaJ);
existência pelo Sólcrlficlo (ou pclo au1o-sa.criffcio) de um deus (Pra- b) 11ão se separam da m1le Oú da innã;
jâpati), de um monstro primordjal (tiamat, Ymir), de um ma- <:) a sua aüvidadc na Terra C' s.c::mprc benéfica. Aliás, (anto
tranthrop0$ (Purusha), ou de u_m animal primo1·dJal (o touro os ,\çvins co1no os Dioscuros sâo curandeiros, livram os mottais
Bvakdât entre o s iranianos). N(l oriaen, deste mitos tnoontra-se, do perla:o, protegem os na\'egadorcs, etc. Em certo sentido são
real ou ategôricoi o sacrif,ício humano (P11ru$h9.='"h9.mçm") 1 os representantes da çralicJ ç.çç;-:lç IÇ n Ttrtõl., ruo Q\W o ietl
complcx:o que Al. Oah:s eucon1rou uruna vasta área e1nológica pc(íifseja inc:ontesta\'elrnente mais oom_ple:<o e não p0$$íl. reduzir.
e se aprmnta se,npre cn1 relação oom as cc-,rimônias de iniciação Se à sin'tples dispensação desta sacralidade. 1'1as, quaisquer que
e as sociedades secret.asl ?f , O caráter drru.nático do sacriikio OOS· sejam os conjuntos niítiro-rituais rdvindk:ados pela figuta d
mogôl\iôo de utu.ser primordial prova que essas cosinogooiru não Diosc-,ros. ,ia.o há dll\'ída d que: é um fato a sua ati,..idade ser
são "ptimárías'>, ant s .representàm as fases de um longo e.com,. de caráter benéfico.
püc.ado prowsso 1nlcioo-rcligioso que se desenvolveu eo1 boa p..vte Os Dioscuros n o akançar.un um papel de priJneiro plano
jâ na pré.história. 11ôl religiosidade unh•ersat: os ••filhos de deus" sofreram u1n m.a•
O Açvamcdha é um e;,cceiente t'Xemplo para C\Cl:t.rtcff-a oom• lot.i-o, mas jã o seu lilho iria conhecer o êxho. Dioniso é o filho
plexidadc dos ritual.$ dirigídos às divj. odades urnniauas. As subs- de Zeus e o seu· aparecinte1uo na h:ÍSlória rtligiosa da Grécia equi-
r.iwições. as fusões, as simbiOSleS sâo tão ativas na história do culto vale .1 uma revolução t$pirituaJ. OsíriS é cambêm o filho do Çêu
como na história dos deuses. Retomando o Do.5$0 C)( cmplo , po- (µma deusa) e ds Terr (um deus); o fenício Alein ê o filho de
deremos dccif1ar af ainda uma substituição: o sacrlf(cio indiano 0.;iol, etc. No entanto, essas cUvlndades mantêm uma estreita re·
do cavalo substituiu o sacrifldo ina;! antigo do touro (o touro hlç o com a vegetação. o sofrimento, a morte, a ressurreição. a
era sacrificado no lril e o inilo oosmogôn.ico (ala de um touco Iniciação. Todas são dinâmicas, patCticas, soteriotógicas. T.1nlo
primordial.lnllla e!lá também rodeado de touros. anteide estar '" grandes oorremes de reli&Josl<lade popular oomo a...sockda·
90 TRATADO f)t! HISTÓRIA DllS 1'.EUOIÔ.ES Ó ()$li: Dl!U'SES UR.ANIA/'iOS 91
des secreta,; dos mistérlos eo-o.ticntais se cristalizaram em \'al- íêric a s e, como tal. a 1norada dos deuses. Todas as mitologias
ta das chamadas divi.ndades da ve3ttaçâo, que são primordial• t!m uma moota.nha sagrada, val'i:ante Ulais ou menos ilustre do
mente djvindadc:s dramácicas, resl)Onsá,•eis pelo destino do ho Olimpo grego. Todos os deuses possuem lugares res(:rvados ao
mm1, conhecendo, con1oclc, as paixões. o $0fr:imentoe a morte. seu cuJto nos pontos allos. Os \•âlores simbólicos e reUg:iosos das
Jamais. a divindade se aproxi1nou tanto dos: homens. Os Dioscu-

1
ntóntanhas s.1\o jn1\1neros. A montanha é freq:(icntemeotc consi-
ros ajudam e protegem a humanidade; as divindades soterioJósi· derada como o p0nto de reencontro entre o Céu e a Terr.;a, por-
cas par.tilham os softilnen,os desta humanidade, morrem e- r u1.nto um "centro· , o ponto pelo qual passa o eixo do mundo,
.susdtarn para rcsgatá la. E-Sta mesn\3 "sede de.concreto" <1ue.sesn-
4

região saturada de Síl.Srado, local onde. pode1u realizar-se aspas-


1>re empurrou para sea,undo plano as divindades celestes - lon- •ngens entre as diferent zonas cós1nicas. Assim, segu1ido as cren•
ginquas, in11,s.ssí•1cis, indiíece11.tes ao drama cotidiano - QàS ruesopo(lint.icas, ·•o Monte dos Paises" une- o Cêu e a
manifesta-se na bnp,ort.ância concedida ao "filho" do deus ce- 'ferraZll e o mo1tte: Mer11 da mitologia índ.ia11a eleva oo meio
1 leste (Dioniso, Osiris, A1etn. etc.). Na maior parte das \'ezes o do n1undo; acima dele brilha a estrela ootar n 9. Tambéoo os Po·
"filho" roclrun.-i a sua psternid:ade eeleste; 1odavia, não é t.SS..1. vos uralô--altalcos conhccc,m um :monte central, o Sumbur, Su-
descendência que justifica o paµ.al capital que ele desempenha na 11,nr ou Sumeru, em cujo clu10 está suspensa a estrela polar (crcn-
história das rellg.iões, mas a sua "humanidade", o rato de se ter (Mburlau1s)2t0. Segundo'" ctenças iranianas, o monte sagrado
iniea,r.i.do definitivamente na coo.dição huniana., ainda que con- Jlnraberexaili (Harburt} cnConU"a·se no meio da Terra e c.,;tá li-
siga ultrapassá-la pela ressurreição pe1·iôdica. 14ttdo ao çéu 2&1. Na E:dda. Himingbjõrgê, como seu no,ne indi•
,u,, u1n "monte leste"; ai o arCO·iris (Bifr&t) :1tinge a ab6badà
' > Céu. Crcnç:í'l$ parecidas eucootram-se entre os fi.nlaodeses., os
tC
31, Simbolismo ce.leste-Acabiunos de exa1ninar uma série j11poneses, etc.
de divíndad-es celestes ou cm esueiw relações com a hierofa:W.a Oevido ao fato de ser o ponto de encontro entre o Céu e a
uraniana. Por toda parte notamos o t e mesl\\O fenômeno de re- 'l'<lrra, o "monte" acha.se no "oentro do mw1do'' e é etttan1en,
cuo das- divindades celestes em presença de teofacúas 1uals dinâ- lé <l ponto mais elevado· da Terr . Por Jsso-as regiiX:; consagra·
micas, mais concretas ou mais íntirtu:is, No entanto, cometería- 1t:u1 - ' 11ugares santos''. ten1»1os palácios, cidades sant.ts - são
mos um erro se li1nitá!semos as hic('ofanias c.tlestes às figuras di- ,_sshpil.adas-a "montanhas'' e eJas mesmas tornam-se ••tentcos'',
vinas óu stinidivinas a que deram oriaen1. O caráter sagrado do 1,10 é. são itueit'adas de,maneira.:mli.gica no cwue do monte cfu.
Céu está difundido- lnôn1eros conjuntôS rituais ou nlfticos que, 1nlco (ct'. § 145). Na Palestina, os n1ontcs Tabor e Gerlzin1 eram
aparen1e1nente, não cs.tão tm ceJaçâo diretawm uma dívindad l11u1thnente "oentros", e a Palestina. "a ,err3 santa". assimoon-
uraniana. O sagrado cel.c$te permanéee ativo na experiência reli- lil crada como o tu.aar n,ats cle .·ado do mundo, n!i:o foi aiingida
giosa pelo simbolismo da '"altura", da ·'a.S(tnsão'', do ''Centro'', ptlo dilú)•io. '·A terra d lsrad nâ_o foi submergida pelo <Litúvio''.
etc., até quando a di\•indadc utaniana passou a segundo plano. dl1, u11' texlo rabfnico 111?. Para os cristã-os, o Oó1$ota e-noontra-
Neste simboljsmo encon1ranlos tan1tx-m. por vezes, a substituj. ç no centro do mundo. pois to-cume da montanha OOsntica e
çãô de um:i divindade uraniat\3 por urna divindade fertiliiaote; lli111bên1 o local onde foi criado e t:111errado Adão. E., segundo
mas nem por isso a estrutura oeleste do simbotismo deixa dê sub, Ili 1r.ndiçfio islâmica. o Jugar mais alto da Ter,a é Ka'aba, visto
si.s-tir. ;'" clitrda polar provar que se enoontra exatamente acima do ceu
A mol'ltanha s1á ''mais próxiJll.l"• do Céu, o que a l.nveste ltó do Cê:u"221).
de,,ma duptasaenilidade: por um Jadó, participa do simbolismo Até os 11omes dos te..inplos e-das torres sagradas ceste1nunbam
espacial da tra.osçcndência ("alto", "vertical", •(sul)rmo", etc.} rltit as;sjmilaçio à montanha oósmiC3: " o f\.1ontc C:ua'', " a castl
e, por outro. é o dom(ojo por excelência das hicrofanias a1.n,os- 1h.1 Monte de todos os países'', ' ' a Montanha das1'empestades".
••1, Ligaçli.o earte o Céu e a Terra'', ctc._28t O 1er1uo swuêrio pa·
• MIX\i da uaJ. HI ,.lguraic (ziqquraiu) é U·Nir ()i1ootc), o que <Ja tfõ\V Inter
TRATADO DB HISTÓRJ.-t DAS RBLIOlÔE:$ O c t U : DEUSES URA1''1ANOS 93

prrta como: "\•iSÍ\'<:l de n1uiio tongc" s. Para falar com proci- 31:. Mllot <k s«:mi\o - A morte é uma t,anscendência da
sâo, dlremos que zi.qquratu era um ":monte CQ.tmico'', ou seja, cóndi.ção humana. uma ''passagem para o além". Nas religiões
uma imagem simbólica do cosm.os; os s e ( e : andares representa- que 1tu.aro o outro nluodo no Céu ou numa rtj.iào sui;,erior. a
vam sei.e « u s planetários (coo'.lo em Borsippa), onde existiam alma do morto sobe pc-los <:aminhos dé wna montanha, numa át-
as corts do mundo (com<> cm llr). O teo1plo de Barnbudur e1n yore, ou rx>[. uma corda2117• A cx:v.rcssão corrcn1c, eJ» assirio, lXl"
si mesmo 11ma Llnagem do cosmos e está tonslruído à rnaneira ra o verbo ·tuorrer·• é; '' agatra r.se à 1uontanba11• lguaJmel'lte,
de uma montanha anii'ictal. ·'Po, u1ua exteosio da qualidade' S3• em egípcio, myny, ''agarrar.se• , i um eufemismo para "mor·
grada do templo (monte + centro.do mundo) a toda a cidade., rer••:ss. O S i se põe. entre os n\ootes e é sempre por af que de\'e
as cidades orientais toma>1am-se elas mesmas "oe-nttos.'', cimos passar o caminho do morto até o outro mundo. )'ama, o primei·
da :ttaontallha cÓSlnica. pontos da jutlc;âo entre 3,1; regiões cósnli- ro m-orto $CS,Undo a tradição mitica il'.Ldiana, percorfeu ''os altos
cas. Assim, Lusa t-ra cbrun:ida '"'A casa da junção entre o Cru desfiladeiros" para n\ostrar ''o catninho a tnoitos homeos"2*'
O C?Jttinho dos mortos., nas crenças populares uraJo.altaicas:

11
e a Terra". e Babilônia. ''A casa dos alicerces do Céu e da Ter
ra". "a lig.>.ção en,re o Céu e a Terra,,, ••a casa do Monte lumi- rcàhza·sc pela s bida d?5 lUOntes: Bofot, herói kara-kira,biz, tal
noso", etc-. (Dombart, 3S). Na China, a capital do soberano per· como Kesar, rei lendário dos mongóis. peo.etra no mundo do
feito encorura•se exatamente no <:enuo do univc.rsoz."' . isto é, no 1-\lêm, .como prova iniciática, por uma gruta do topo do,s mon·
topo da montanha cósmica. tc.s; -a via.g.cm do xan1ã ao infem.o ere,ua-se pela 1ubfda de aJgu-
Noutro capitulo \'Oltatemos a falar deste .!,,imbolismo cosn10- 1nas 1no11tanlias muito eleva.dás . Os q:;fpcios conservaram nos
lógi<::o do <::elltto - e:in que o monte desempenha um _papel tâo .sros textos funenirios a expressã.o as , pet (asker = "caminha•
im1,'0rtante (§ 143). O que podem observar, desde.Já, é a virtu· dn") par.'.'I n1ostrar que a escada colocada 'à disposição dt Rá. pa-
de oonsas.rndora da "altura". As rqiões superiores estno 111· 1';l que ele possa subir da 'l'crra ao Céu, ê uma esc-.ada rea1w1.
radas de forçassag,adas. Tudo quanto está mais próximo do Cé-u "Disposta <".Stà a escada que me \•ai levar a ver os deuses'' diz
pariicipa, co1n intensidade varhi..,.el, da transcendência. A "attu· o Li'vro dos 1'i1ortosm. 1'0 s deuses fazem.lJ1e uma escada ()afa
ra" 1 o ''superior". são assimilados ao 1ransoeodence) ao sobre que se sirva dda e suba ao céu. "l'l!l Em grn.odc número de l'Ó•
humano. Toda •··ascensâo'' é ,aola ruptura de nfvet. \1Jll3 passa· ,nulos élo ten1plo das dlnasllas arcaicas e rnedteVais foram enéón-
gein para o Alétn. uma uhrapass:1a,tm do apaço JXOfa.110 e da tr«dos amulelOS rc::prncnlando uma pequena escada (11u1qei) ou
condição humana. Não é neccjsâ.rio acrtscen1ar que a $acralida· urna C$Cadal 94.
de da ''altura'' é ,•álida pelá sacnlidadcdas regiões aunosféJicas Esta 1uesma estrada pela quial as rumas dos monos $C enca·
suixriOrt$, portaJUO, em Ultima illstlru:ia, peJa sacraUdade do ntlnh.am -para o outro mundo é lambém ·percorrida por aqueles
- O monte, o tm1pto, a cicbêle-, etc., sãoconsaarodos porque c111C- graças.à sua oondiçâo excepcional ou à eftd!ncla dos ri·
esttlo investidos do prestígi.o d o ' '«n1ro•·. i!ito é, na orl_gem. por· 10$ que xecutam - conseguem enuar no Céu ainda durante a
que assimiladoo ao c,une mais elevado do univmo e ao ponto 1)rópr.ia vida. O motivo da " nsào" ao Céu, realizada quer
de enoontro (nm: o Céu e a Te1Ta. Por oonscq\l!ncia, a consa· l)Or uma oo.rda. quer por meio l:le uma ár"ore ou por uLna esca·
·graç:ão pelos rituais de ascensão ede t$calada dOli montes ou das dn, está n1uito difundi-do nos cinco continentes. Conteu1ar. nos.-
,escadas deve-a sua vaJídade ao fato de inserir o praticante numa n10:; C()m alguns CXCl])J)los1%. A tribo auscraliãna dierl conhe·
rea,ião superior celeste. A rlque:za e a variedade do simbolismo th\ e, 1 10 de u1na árvore que. por virtude de mag.ia, 1..-rcscera até
da asctnsâo só na aparência sãô (.)ódeas; <:oosiderados .no seu n Céü•%, Os nun1gahburran falam de dois pinheiros. nliracuJo
conjunto, todos estes ritos e s(mbolos se-t.x:plicam pela sacraHd · M que, depois da \'iolação de w n tabu, se puseram a <:tesctr tanto
ded-a ·· Jtura". i oé, do celeste. Transcender a co1Jdl huma- q\1c o seu topo la<:ou o Céu1" . Couta-se. entre os mara q u e m
na pt!o fato de penetrar nwna w n a saj:rada (templo, altat), pela 111\tepa'SSados costumavam subir por uma árvore desse g.ê.oero :ué
con$agração do rito, pel.l ,norte, exprinle.se concre tamente por o Ctu t por ela vollavam a descc.c®S. A espos3 do herói maorl
u1.1:1a ''pàSSattm 11, um.a ' 1t ubicl..1" . 1,nns '"ag::en1ll0''. 1;t'i\hllki, Í-'d desçi<fa do Ctu, ]X't,nanCQC. ,om !e somrote atl:.
O CiU: DEUSES. UR.A/vlA1VOS 9S
94 11tATA1'0 DI! IIJSTÓRIA DAS REL/GIÔES
era de cbunlbo e correspondia ao .. céu" do pJal)eta Saturno, o
o oà$clmeoro de seu urimeiro filho. subindo depois para uma ca- s gundo de estanho (VCnus), o <erceiro do bronze {Jópher), o
bana e dcsapar n-do. Ta,vbaki sobe ao CC:u por um cepo de vi- quarto çlc ferro (Mercúrio), o qu.into de "lig,a monetária" (C\•lar-
nha e cQnsegue re<>.,ftSSar à Terral99. Segundo outras variantC"S,
o herói alcança o CC:u subindo p()J um coqueiro. por um.a ç.orda,
lé) o.sexlo de prata (a Lua), o sétbno de ou:ro (o Sol). O oil.lvo
uma 1ela de .:.ra.oha_, ou u,n .. papag,àiô'' .. , No Hava( di,z..se Que degrau, diz-nos Cc1so, representa a esfera das estrelas fixas. Ao
sobe pelo arco,iris; no Taiti, que sobe uma montanha elevada e subil' es1a escala cerim-oniaJ, o in.iciado percorria efetivamente os
e-nconlra a mulhet duraiiie o (;U))inho O l O. Um mito dpalhado 1l.'I uscte téu.s'' f ele,·ando-se assim att o Err1píreo.
Ooeãnia coota que o herói che:ao\l ao Céu 1,or uma "corrente dt. Ainda hoje. os- xamãs .das populações uralo-altaicas praticam
flechas'', hto C, cravando a pdrne-lra flecha na abóbada oclcste, e.,:atatnente esc.e ntes1no J'itual J>. sua vias.etu para o Céu e uo « ·
a seauintc na primeira e asiim por diante até forn,ar uma corren- rimonial de itul.;ação xamâniL>:a. A ''aSL'Cnsão'' realiza-se quer no
te. entte o Céu e a Tena 301• A a.st:en.são p0r unia corda é conbc> 9uadro do s.aerificio ordinário- quando o xamã acompanha a
cida na Octâilia» . na Átrica roi , na América do Su( )OAe na Amé- Oferenda (a allna do <:.lvalo sacrificado) a1é Bai UJien., o deus su-
rica do N'orte»l. Polico Jnais ou menos nos mesmos locais premo-. quer por ocasião da cura mágica dos doentes que re-
encont.na se o mito da ascensão por unta teia de aranha. A ascen- C01'1'ffll à soa cons,1lla. O sacri((cio do cavalo, que.é a-principal
o ao Céu por uma escada é ('Onheclda no ;uui&o Egito ;oo , na cerin1õnia religiosa da\ pOpulaçõei. urn.lo-ahaicas., ttalita-se anuaJ-
Af ricaX17, na <xeãnia 1º ' e na Amérk-:a do Not1e. A ascensão po- mcn.te e dura de duas a trê$ noites. Na primeira noite- crguen1.um
de ainda set feita por u1na ârvorc 3CJ . por wna planla ou por um D0\10 >'ur1e. eJ1 cujo intetior é colocada uma ctiJa despojada
monteltO. de ramos e na quaJ se escavam nove. dcgraus (taplJÍ'J. Ê escolhido
um cava.lo branco-para o sacrilfcio; ateia-se fogo na tenda, o ,c3.
mft,defuma o seu tamborim enquanto vai chantando suctssh·a-
33. Ritos de ascen$lo - Todos estes n1i1os e crenças corres· mcnte os esp.jritos; então sai e, :picando o manequim de um gan.
pondein a ri<os conct'etos de ''subida" e de ''ascensão".,\ fixa· so feiro de trapos e empalhado, a&i1a as >nâos co1no se fosse voar
ç.ã-o e a consagraçúo do Juaar de sacrifício equi\'alem a wnaespé• e. canta:
cie 4c sublimação do espaç.o ptofaµo: "na verdade, o ofiL'iante
constrój para si uma ada e uma pon1e para: alcançar o mundo Pata :i.Mm do ctu elaro. Paro. aJ&n das nuvens brancas,
,oekste'', especifica a Taittirfya Su111hlrâ (VI. 6. 4, 2). Noutro passo P«1a alffll do <.'eu nuJ, Para aten, dM ou·eu$ awis,
do mesmo Uvro (1, 7, 9), o oficiante sobe ao top0 de \\lll:l. escada bê- átl o Céü, 6 av1::!
e, uma .. a.junto do poste do sacrificio, estende as mãos e clama:
''Alcancei o Céu, os deuses: lotnei-me imortal!'' A escalada ri- O obje1h•o deste rito é cap·tar a alma do C'3Valo sacrificado.
t\tal a1ê o Cêu é wna dliroltanu uma "subida dificil". Grande pura, que se presume ter fugido à aproxitnação do xamã. Depois
n\l.u,ero de expressões semelhant6 se er.ooolrrun na lirerat1,1ra311. de ter caprurado essa alma t de a ter t'tconduzldo, o xainti põe
Kosingas, sace1'do1e,.rej de alsumas popuJações da Tráda. (os kc· Q ganso em liberdade e proocde sozinho ao sac:rificio do cavalo.
brcnioi e .sykaiboaí), atneaça O$$CUSsúdilos de partir para Junto "' segunda patte d.a cerh.nônia passa-se na noi<e seguinte. quan-
da devsa Hera, subindo por Ulna es da de madeiral*!, A asoon- do o 1(a1nã Jc\·a a alma do ca\•aJo até Dai UJgen. Depois de defu.
são celeste pela ubida cerimonial de ,una escada. pro\•avdmence 1n.'lr o tamborim, de \'CStir seus trlljes rituais e i.nvO('Qr ·lcrkyut,
fa:z.ia pafte de uma inicíaçJ.o óríica''"· Seja como for, tt ave celeste, par.a que "venha can1a1·" e ''.pouse sobre o seu Ol.'ll·
encontramo-la na injçiação mitr.íaca. NO$ 1nistérios d f\1ithra, tiro direito·• o xamã começa.ª asce-nsão. Subindo com ligeireza
3 escada (tlilna.:1:) cel'i.o>onial tinha sete degraus, e cada de&1,-:.u k>.s.degtaus talhados na âr ·ore. ce.rJmonJal, o xa,nã penetrá su·
era de um metal diferente. Seiundo Cclso 314• o primeiro de:tl,:l':lu ccssi,.·amcnte nos nove OWs e d!escreve ao auditório, com min(I.
cla de J)Ol'Jllenot'es, tudo quanto vê. e tudo quaólô se. passa cm
-ada uin ddes. No sexto u venera a Lua, uo sétimo céu o Sol.
1 Trad. de "ce1f.,.olllrii". (N.'T'.)
96 TRATADO DE H.lsróPJA. l>AS R.EllOIÕES o C'CIJ: JJEVSES URAN/A;,vos 97
FinaJmente, oo nono, prostema,se diante de Bai Ulgen e ofcrcoe· que se eleva aos cêus <m citna de- uma corda e vai afastando as
lhe a alma do ca\·ato sacrificado. Este episódk> assinala o ponto estrelas qne estorvam o se\1 -carninbo 3u. . .No poc1na ui,gur "Ku·
cubninan,e da ascensão cxtãlica do xamã. Ob{ffll de Bai tJlgeu datku Bili)(.'', um herói.sonha que sobe urna escada de clogUeuta
informações sobre a aceitação do sacrUld.o recolhe- 1>rediçôes degraus, em cujo alto uma mulher lhe-dá água a beber; assim Te.a·
sobre o tempo; depois o xamã cai extenuado e, após um momen- ..uimado. couseiue chegar ao Céum.
10 de siJêocio, 'desperta como se saí.s.se: de u1.n SQno profundo''-'.
Os entálhes ou degraus abertos na bétuJa slmboUzam 3s esfe•
ras planeta.ria$. Duraotc o cerimonial o xamã pede.o concurso das 34. Sirobólü,no da asttuSàQ - J a c ó sonha iguabnente co1u
diftrentesdivindadescujascoresespecfficas traem a sua natureza ums ada cujo topo atinge o Céu, "e os anjos do Senhor su-
de divindades planctárias316. f ai como no- ritual da iníciaç.,o rui• bi:un e desclao, por essa escada ".il3. A pedra sobre a qual Jacó
tríaca e também como nos muros da cidade de Ec-bátana. de cores adonneeeu era um bethel e encontrava- - ''no centro do n1un-
variadas't' e simboUtadores dos-cêus. planetários. a Lua Cncontra- do" ,. pojs era "J que se estabelecia a .ligação entre toda$ as regiões
.sc no.scxtoceu e oSol nosctimo. O número 9 su 'tiluiu o númeco tósmi (§ 81),. a ttadição islârni . Mafainede (Mohâm,ued)
ruais an.t.iio de sete degraus; 1>0is, entre os urak:>-allaicos, a ''co- vê un1a escada elevando-se do templo de Jerusalém (o •·oentro"
luna do n1undo'' tem sele degrau.s3Ja e a árvore n1hica dos sete ra por cxcelêncin) até o Céu. oom anjos à direita e à esquerda: era
tuos simbo&za as regiões cclestesll-t, A ascensão da bétu}a eerimO· pOI' essa escada que as alma! <los justo$ subia1n até Deus129,
nial eq_ui,1a.te à asceosâo da árvore mhica ((l)e se cocontra no cen- Dante \tê tambtm, no céu de Saturno, uma escada de quro
Lro do mundo. O buraco do topo da tenda hl-entifica-se co1n o or.,_ Que se eleva de n1a.oeira vertiiloosa até a ilJLIJn.'l esfera celes,e e
ficlo siiundo eo1frente da estrc.la polar e pelo qual se pode efetuar peta qual subiam as almas dos bem-aventurados!W. O simbolis-
a p<'Wagem de um nh·el cósmico até outro Jzn. O oerimonial n10 do "degrau", das "<Seada · e das •·ascensões" Foi uunbé1n
real.iia•se, por1anto, num "oentro" (i 143). con,secvado pela ttadição crisut. São João da Cruz representa as
A mesina ascensão realiva-se por ocasião da iniciação xamã- fases da perfeição mJStica por uma Subido dei Monte Co.r111elo,
nica. Entre os buriatas, nove árv<>tts são colocadas uma .lJ)ÓS a e e&emes1.uo ilustra o seu tratado 001n U)na ntontanha de lon,aas
0011a e o neófito sobe sti o alto da que fica em nono lugar<. pas- e. ftlSl:kl.iosas subidas.
sa !eguidamente para o topo de t-0das as oui.ras. Coloca-se tam-- Tqdas as visões e t0dos os êlaascs misticosçomprccndem uma
b<m uma bétula na tenda e fa,-,. com Que o seu LO passe )lclo subida ao ao. Seaundo o 1es1emunbo de Porfirio, Plollno co-
orlffclo superior: o neófito sobe, de ewada na mão, ate aparecer nheceu estedeslwnbrame-nto cclesl'e por quatro vezes durante to·
no exterior da tenda, realiza.ndo assUn a p..-1eru para o '11timo do o tetl)J)() que viveram juotos'31. s«o Paulo foi tan1bê:n1 eleva•
céu. Uma corda liga a bCtula da tenda às outrá.s no\'e bérutas, do até o te«.eiro d u Jll , A doutrina <la asicensão das almas aos
e sobte es,a corda sào suspensos: pedaços de algodão de- várias sete, céus - quer na iniciação, quer· /)0$1 n1orlet1t - gozou de-
cores, os quais representam as re,gâões celestes.. A corda chama• hneosa popularidade nos \lhhnos sécnJos da Atltiauidade. A sua
se "Ponte" e simboliza a viagem do xamã ef«uada com o lim origem oriental é inegávct'33, mas tanto o orfismo como o pita·
de entrar na mdrada dos deus,es3lt. i;ori.smo contribuíram muito para a sua difusão oo mundo &[eco·
O xamã realiza uma ascensão semdhanle para a cura dos roinano. Essas uadlçt,e,f serâo exaro.i.u da$ n1ais escla,eoedora-
doentes que ,•ê1n pedir assist ncia m . As viagens dos heróis tu.ré 1ncn1e em outros capítulos. C\•ías foi oon\1enieateassinalá-la..,; neste
mongóis ao Céu se, asse.neU>a.in cl:\ramenh aos ritos xamani con1exto, ,•isto a sua justifteaç-i,o última cncontrar se oo caráter
tasm. Segundo as cr<-nças yakutes _. existiam outl'ora xa.1.nãs que ia.grado do Ctu e das rea,:iôes superiores. Tríaroos tnoonlrá-las e1n
subiam efetivaineute aos céus; os c:spcctndorcs podiam \'ê-los pla- l)úa1quer conjunto religioso, qu.alqUC'r que seja a ntancira corno
nar acima das nuvens. em ompanhia do ca,•alo sacritícado324• fossem valorizada$- rito xamanista ou tito de iniciação, êxtase
No tempo de Oenghis-Khan, um reputado xarnâ mooiol 1er se• n,Jsaico ou vls!o oofrica, ntito escatolój.leo oo lenda heróica -
la elevado ao Céu etn ci.ma do seu corcd. i·?S. O xamã o tiak canta ! as a.Kénsões., a tubidâ de montes ou dc.cscàdas, os vôos sig-
TR/ITADO DE HISTÓRIA OAS 11.EUOIÕES o CEU: DfiUSes Uk.Af'I/At,.'(>$ 99
11i{ic:aran1 Sffllpre a transcendettcia da oon<Ução htuJlrul.l e a 1 » r'iência religiosa -da humanidade: é que estas figuras divillas lêm
netrnção nos níveis cósmicos superiores. O simples fàto da ''levl- tertdê1)cia a d(SaJ)aNcer do culto. B1n parte nenhuma descmpe-
taçiio" cquivak. a u1na consagtaç:lo e a uma divinização. Os as- .nham um papel pr ominante, foram afastadas e substirufdas por
celas de Rudra "seguem pelo caminho do ,•enlO. pois os deuses outras forças religiosas: culto dos antepassados, e.spirit1» e deu-
entraram ne\es••3!4, Os l0$ues e os atquimi$1as indianos elev.am- ses da na1oreza. detnõctios da fec:uodida.de, grandes deuses, etc.
se no ar e: percorrem em alguns iJ1sra11les dis âncias oonsidc!"'· é notável que C$1asubstituição se (aça scmpretm provti.10 !1m_a
,·tis'"· Poder vo.ir, possuir asas, torna·se a 16,mula slmbóUca forca religiosa ou de uma divindad mais concreta. mais dmam1·
da uanscendência da condjç{lo hu,Olrola; a capacidade de se de· ea, n1ais fértil (pot e}(emplo. o Sol, a Ot·ande Mãe. o us .M -
var no ar indica o acesso às r-elllidàdti Ultimas. EvidenJtmel)tC cho, $ . ) . O vencedor é sempre o representànte ou o diSlObu1-
até na fenon,enolQ$la das n.5(}es perslste uma disllnçno radi- dot da fecundidade: oo sej;i, em. úllima anâlise, o rellresentante
cal entre. a experiência religiosa e a iécn.lca co:igic - um santo ou o distribuidor da vi(lo. (Até a crença dos n1orcos e dos demô•
é ''arrebau1do" a0$ CC=Us; os iogue:s, os ascetas, os n\ágicos nios se redu2 so desejo temeroso de que a vida não venha a ser
••,·oam'' de"ido à eficiência dos seus próprios esforços. Mas em ameaçada por estas forças hos:is, que devem ser se1npre.eo ju·
ambos os casos é a oscensõ.o que os dl&tinaue da sra.ode massa radas e neutr.t.lizadas.) O sentido profundo desta subsdtu1çâo
dos J)fOfanos e dos não-iniciados, pois· podem ixnetnu t\as re-- stu<, h· nos•á quando tivermos ocasião de e:-:antinar os valore$ re-
giõe.s ur.mianás, .salutadas lje sa&rado, e. tornar-Se' semelhantes ligiosos da "ida e as fun9(,es vitais.
aos deuses. O seu contato cont os espaços oelestes diviniza-os. d) Em cc.rtos casos, sem dú,·ida devidos ao a.pa.recinteo10 da
agrlcuhura e das religiões agrárias, o deus cdeue. reconquista atua-
lidade como deus da atmosfera e da ten,pestade. C\1as esta '•espe.
35. Co11tl•sõ - Rec.apitulcmos: ciali:i.1ção", que. lhe confere múlti.plos prestigios, ao meSmO lempo
a) O Céu ,n sf 1nésn10, considerado com<> abóbada sideral
4

Urujta o seu "Poder absoluto". O deus da t.-.."'\1:lpes1sdc e "dinã-


e região atmosfCrica, ê rico em valores nlítico-reliaiosos. O "ai- mico" e •'forte'·', é. o ··'touro". ê o "fecundadot". os seus o.Utos
LO", o "ele\'ado''. o eyJXl.ÇO infinito são hierofanias do ··ttans- enriquecem-se e-os seus cultos rc.sptandocem - mas não ê o '<.':fia-
cendente'', do sagrado pOt txcdêJ>cla. A ''via" atmosférica e: me· dor · do universo nem do homero, e deiNou de ser oniscien1e; às
Leórlca tevcl ·se çomo um mito sem fim. Tanlo os saes S\l))N• vezes não ê n1ais do que o pa1oeiro de uma g.ronde deU$á, Foi con-
n1os das. ()Opulaçôes priJnúivas como os des deuses das p tra (Sle deus da telui>estade, sra.ode fecundador, orgiástico. rico
,nciras civilimções históricas. todos ele$ manifesun, relaçõcsma,s cm eplfanins dramâtk.as, ao qual se dirige um cuhó opulento e
ou menos ortânica.s com o Céu,. a atn1osfera, 0 $ acon1ecimei1t SM8JCRtO {sacrificios, orgias, d.e.), que se deram as rcvolutões
meteorológicos i te. r\:ligiosas deestrulora.roonoce(s(a pJofécica e n1essiânica do inundo
b) ta$ não podemos reduzir O's seres Slipremos a un)a hiero• semita. Foi na Juta entre l3aal e Jeo,•á ou Alá que se produziu
fania urank1.na, pois eles ulrrapa _m tal condição: são uma ''for- urna nova aiu;iJizaçào· dos valores "ock:stes·•. opostos aos valo-
ma n que pressupõe um modo de ser próprK> e exclusivo, isto é, res "t rrestres" (a riqueza, a fecundidade, -a for ). critérios qua.-
lrredu,Ivel à vi.da uraoia_na ou à experiência. hu,nana. vl,to estes Ufical;ivos (a «interiorização'' da fé, a pr«e, a caridade) contra
sert$ supremos serei.» "criadores•·. "bons".• "eternos·• ("v os eritétios quantitativos (o sacrifício concreto, a supremacia dos
lhos''), íundadores de institujções e3uatdiksdasn rmas atn-
bntos que só enJ parte podem ser explicados. pelas biel'ofai.uas ce-
<1:
g«tos .rituais, etc.). Ji..fas o fato a ''.história" ,er tornado ine,.
vilâvcl a ultrapassagem destas eplfan1as das forças ttementares
lestes. A.ssim fica apteseotado o 1:woblemada .. forma'' dos seces da vida nà.o hn,;_,lica necessariamente que elas tenham perdido va-
suprt'mos, e mais tarde o teloo1aremos UU!lt pitulo especial. lor reljgjoso. Como teremos em breve ol;)OrtuJlidade de mostrar,
e) un,a vei feita ta reserva. - que! lmt)Ottanie - pode· CSl3.$'Cpifanias arcaicas representa,•am na origem outros tanto!
-mos deslrinçar na história dos SCl'c.$ supremos e das divindades n,eios pelos Quais a vida biológica era santificada; só se torna-
celestes um fenômeno no mais alto a,ra\l revdador para a cxpe- ram ••cousa-motla" na medi'da em que. perderam a sua função
100 111.AT.ADO t>E l!ISTÓRIA DAS RELIGIÓES o cJ1u: DEUSES URANEANOS 101
ol'iginaJ, csvaziando,se do sagrado e torn,,ndo-se simples ''fenô• tól'ia .. , isto é, a e>q>erimentação e a interprctnçúo seo1prc nova
mtnos" vitais, econômico:, e S-Oeiait-. do Si.\3,1'"3.dO, pelo ho1ueru, não con.:st3uh1 abolir a revelação ime-
e) E.m mujtos casos, um déus .lar substitui o deus celeste. diata. t continua do sogrud<> celeste; revelação de cruutura bn·
B o Sol que se torno o disnibuidor da fecundidade na Terra e pessoal, intemporal, a-histórica.
o protetor da vida {,•er mais ad.iaolt,:, §§ ló ss.). Precisamente uor ser intemporal o simbollslno cc.leste con-
J) Por vezes. a ubigüidadc:, a $11.bedoria e a passividade do seauiu mantcr-seen1 todos os conjunt0$ re-Jigk»os; de fato, o sim-
deus oeleste são revalorizadas num :1enttdo metaf[sico, e o de.us bolismo valorizát lnanttm toda 1ífor1ua•· religiosa, sem se csgo•
torna-st epifania da oonna cósmjca e da lei mora! (por exemplo tar co,u esta participação (§§ l<i6 ss.).
o 1naori lho); a " p t ssoa" di,•ina apàgtl·S<: pecao1e a ·'idéia'': a
·: e x pe riência l'digiMa" (aliás muito -pobre n<>caw de quase to-
dos 9 deusts e.destes) d.ã lugar à co1nJ)l'.ecnsão 1e6rka. à "fi-
losofia".
g) Certos deuses cclcste$OORSer'1am a sua atual.idade reti.gio-
sa, eles que mdhorcouseguiram man1er a sua supranacia no p:)1)-
teão (Zeus. JUpitcr, Ticn) e foi c1n seu pro"eito <1ue $C-deram
as revóluções moooteisuts (Ieovâ, Ahura 1azda).
h) ?,.,las, mesmo quaado a vida rcligio.sa iá uio está domina-
da pelos deuses cclcstc:s, as r c}es siderais, o simbolismo ura·
uiano, os mitos e os ritos de ascensão. etc. conservam uru lUi,aJ
preponderante na coonoroia do sagrado. Tudo o que está •·no al-
10". o que é "elevado" continua a .re-.·elar o 1..ranscende111c seja
em que conjunto rdigi_oso for. Se -as ºformas" dh·inas ml1dam,
se, pelo simples fato de-se terem te\ielado como ulls. is10 e. como
'1 f ormas' , na cooscitncja do homenl. elaspossue,n uma ''histó·
1

ria" e seguem a linha do seu "dcsti:no", o sair ado cdes-ie con-


r\ 11\ a rua ••a1ualidad-c'' por ioda pane e cm quaJquer çifçuas-
tância. Afastado do cttJto e sub:.tituído no mito, o Céu man1étU•
se no simbolismo. E este si1nbolismQ cdeste, por S\13 vez., intro-
duz e mantém nomerosos ritos (da asicen.são, da escalada. da ini·
ciaçào, da realeza, etc.), mitos (a àrvore cósmica, a montanha
cósmica, a co1·ren1cde 11echas, etc.). lendas (o \Ô ' O m:i,sjco, etc.).
De Jnnneira mais ou n-.eno5 explícita .• o Suuboli$0lo do· 'Cen1ro",
que desempenha um papel oonsiderãvcl cm todas as grandes reli
giõcs-his.tótlcas., é «1nstituido pOt; elemen.tos cct 1es (o ''centro",
o eixo do n1undo, pouco de comunic ção en1rc. a.s tr regit,.e:1 cós-
micas; é- sempre cm um ''cen1ro" que pôde operaJ·$e a ruptura
de nível, a passage.m entre as diferente:$ zonas OOscnicas).
Poderia dízet-se, numa tOnnula suntária, que a "bis.tói.ia"
conSC$Uiu empurrar pataseeuodo plano as ··fonn8$'' divinas de
estrutura c:ete,te: (é o caso dos séres supremos) ou Que: os abastar-
dou (oo deus<! dâ mup<stad<, o< recuudadons). mM es1a "bis,
ITI

O Sol e os cultos solares

36. Rlttofa1da5 solares t racl«u1.aU5'l10 - Acrtdilou se ou-


ttora. nos 1cmpos heróicos da história das rdigiões, que a bum.a-
oidade sempre conh«era o culto do Sol. Os primeiros cn.saios de
mitologia comparada descobriam ves.tís.OS dele por toda a parte.
No entanto, a. partir de 1870 1 um etnóloio t!lo notá,.·el tOtno A.
.Bastfail observa\'a que sse culto s.olar se encontra, de f:uo, $ r
mente em rarasregíões do QIObo. E, meio sé.<:ulo nlaiS tarde, Sir
Jam Frazer, retomando o problema no <JUadro das suas pacien-
tês pesquisas sobre a adoração da NatuJcza, notará1 a inconsis·
lêl)cia dos elementos wtares n Áf..-ica, na Austrâ.Ua, na ·lelanê-
sia, na Polinésia e na f\1jcroné$ia. A IDC$:ll\3 inconsistência se ve-
rifica, com. algwnas exC(ções, nas duas Américas. Foi s6 no Eai·
to, na Ási e na Europa arcalc que aguilo a que se chamou o
"cuUo do Sol" gozOII de um favor que pôde adquirir, no mo-
mento oportuno- no Egito, por o.emplo - , um vçrdadeiro pte-
dominio.
ConsidCrando-se que, alên>•1\tl§ntico, o culto solar se descn-
vo)\'CU unicamente no P1;"rue no Mê.'ti1."0, ou seja, enuc os Unicos
povQS a,nerkauos "civilizados" 1 e que atingiram o nívd de u,na
autêiuica.organi:c.ação políttea. 11âo se 1>0deci deixar de distinguir
\una certa conrordân.;ia entre· a suvrcmacia das Werofanias sola-
re \ e m dcstitlOS "históricos". Dir-se-ía que o Sol predomina uas
regiões 011de • .graças aos reis, aos l1eróis. aos impêrim:. "a hisló·
ría se enoontra em ntarc.ha". ·luitas outras hipóteses, por vezes
vcrdadeirwneníe fantasistas, foram fonnulad para justificnr este.
paralelismo entre .l supremacia dos cultos solares c a difusão da
civili.zaçâo histórica. Alguns au1or4!S chegaram mesmo a falar de
"Fi.lbos do Sol" que tedaút propagado por toda a parte,. no dc::M

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10., TRATADO D e HJSTÓRJA DAS REL!GIÔES 0 SOL E OS CULTOS SOLARES 105

curso de périplos e de migraçôe$ selU finl, o culto do St,1 e, oo turas mentais (•'primhiva" e "moderna") cm prc:scnça dás. mft·
mcin10 t.em1>0, os princípios essenciais da éivili:uu;.ão. Dcixare· qifestaÇ<Sc.s dos modos Junart'$ do sagrado se explique pela .sobrc 4

mos dt lado, corno temos feito até aqui, a questão d:i ... história". vivência, até no hori1,0nte ds mentalidade n1ais declaradan1e-111e
Limitemo-no$ a constaur que. ao con1ráclo das ri.goras de eslru- racionalista, daquilo a que. se·ebamol1 o ''regime noturno do CS·
1ura <:eleste cujos veslfgios enconuamos quase por todtt a parte, pirilo". A Lua visaria então uma <:ada da consci.@ncia huma·
as figuráS di\'inas solares· são -pouco freqO-entes. na que o mais corrosivo r.icionali o seria incapaz de atacat.
Voltare1nos a el em breve. Mas é prct;iso; antt:s, evitar um e um (alo qui: () "regime <liuroo do e,spfJito" t dominado
erro de perspectiva, que p0<kria toma:r-se \•icio de mC'todo. Que- pelo simbolismo solal', quer dizer, cm grande parte, por um sim·
remos lembrar, por um lado, (lucas figuras d.ivbl.3.S sola1es (deu- bolisn10 que, se nero StnlpN ê factfcio, é muitas vezes o resulta·
ses, heróis, e .) uào esgotam as hie.ro:fanlas solares nu1is do que do de \lma dedução racional. l w ntio quer: dizet<1ue todo e: quaJ-
as Oulr figuras c::otam as ropectllii'as hierofanias.. E de\-e,.,SC q_utr ele:o.let:llO racional da$ hierofaniiU solares seja. ao meSlno
saber, por outro lado, que, ao co.otrârio das oou-as hietofanias tempo, tardio ou artíf.lcial, Tivemos ocasião de \·cr que a ''ra-
cós1>licas. cais co1no as da Lua ou das á.guas, a :1acralidade e.'t· zão" não estava ausente das hierofanias mais atcaicas., que a ex 4

pressa pelas hierofanias solares não e sempre 1ra11sf){Jrentepara periêncla religiosa uâo é _i.LlCOlnpaivc:1 o priori com a irtteligibili .
u1u «Pirito ocidenral moderno. ·laLs ei.:.arainente ainda. o (luc per· dád-e. O tardio e: o anificial to pritn.,do exclusi,•oda razão, por-
manece transparen1e e. portanto. fácilmente acessível numa hie· que a. vida religiosa. quer dizer, para nos limitarmos a WlUl. defi-
rofania solar e tão·só, na maior parte· dos casos. o Nsk.luo dum nição sutnária. a experlência das cra1ofanias, das hicrofanias e.
lo.ogo processo de erosâo rack>,,alista, resíduo que chega atê n6s. das teofanias, mobiliza a vida 101al do holne1n e seria quim<;:rloo
sem que o saibamos, pelo veículo da linguage1n, do oostutne e querer tstabdecer fronteiras entre as diíCJ"Cntes regiões do espi.ri•
da cultura. O Sot acabo por 1oroar-se uLn dos Ju,art$-oomuns to. As hittofanias arcaicas do Sol ooru.tit.uesn, a este respeito, uco
da ''experlêncja religiosa indjstfnta'' n.a medida em queosimbo· excelente e)Cemplo. Como \•crem,os. elas revelam. UUla certa inte-
lismo solar se. viu reduzido a nãc;> ser mais do que uma utensila• ligência global do rta/, sem deixarc.m de: revelar. ao mtsn)O te1n .
aem b:tnaJ de ,u.no1natl.slnos e estereótipos. po,·µma estrutura coertnte t inrelig(vel do sagrado. r-.1a.s esta in-
Não é nossa intenção explkar as alterações que afetaram, tC\igibilidade u$o pode reduz.ir-se. a uma série de "verdades ra,.
na experiência do homffll moderno, a Pl'Ól)ria estrutura da hie- clonais" e"identes e a uma ex_pel'iência não hic:rotãnica. E: em-
rofanla solar. Por isso nâo ptocutaremos determjnar em que me- pli.fiquemos: por mais radicais que sejam, nwua a.1>rccosão total
dida o importante papel a.uron6mico e biotôgko l'CConhocido ao da yida e da realldade, as rclaçÕC$ entre o Sol t âS trtvas ou os
Sol no decurso dos 611imos séculos nào só modificou a pos!Çúo n,onos, ou aindá o binômio especificamente indiano ;;Sol 4

do homem moderno perante este astro e as relações de: expcri n· serpente". não se segue dai que .scjain trânSt)are,ues nu1na pers•
eia dirc.ta que pode manter com e.te, con,10 tanibém alterou a pró pe,ctiva pura1nellle raciona.Lista.
pria e:mutura do simbolismo solar. ·s.."lstewnos sa.Uentru uni fato:
a orientação da ath·ídade. mental a partir de ;\ristó1ele.s contri-
bui\!, eLn larga medida, para embotar a nossa recepti\•idade para 37. SolarWlção dos stres supre1nos -Salientamos, no capi-
oom a totalidade das hierofaiijas solares. Que. esta no\'a orienta- tulo anterior(§ 11), a tcndê1lcia dM ressupremos de cs1rurura
ção mental não anula necessariamente a possibilidade da expc· <:eleste para desaparecerc1:n do primeiro plano da vida retia;osa,
riência hicrofllnjca e1n si mes1na. tentos a prova dJS$0 no caso da dando lugár a forças má.a)co-reli&iosas ou a figuras divinas mais
Lua. Nioguém sustentará, com efeito. que o homem moderno é, ati\'M, n1ais eficazes e, de maneira getal. mais di.retame.otc- rela·
ip.w focfo, impc:m1câ\'ei às hicrofanias lunares. Pelo con,rârio, clonadas coln a ""ida". Com efeito, aquilo a que se chan100 a
a coerência dos simbolos. dos n\itos e dos)itos hlLla1'CS não apre- ociosidade dos seres supren\Os uraniano-s rcsume4se , cm Uhin1a
seu1a para ele 1nenor transparência do que para um representan- análise, à sua aparente indiferença às vicissitudes, sclnpre mais
te das ci\'Uizaçõcs arcaicas. Tal\'CZ. esta afinidade da.s duas estru- intrincadas, da vida humana. Por mo1ivos. de proteçâo (contra
106 1'MTADO DE H!SrôRl,t DAS REUOIÔES O SOL E OS CULTO$ SOLAJtt:S 107

as fo1ças adversas, con1ra o des1ino. etc.} e de ação (oeoessidade nilo o csqucçaQ)Os, pela mhcti,ca da sober3nia. É assim q11e as ca•
de a.sscgur r a subsistência pela magia da fertilidade. etc.). o ho· madas .arcaicas das cuhutas primitivas denunciam j4 o movimento
me,1 seu,e-.se màiíi atraido pra outras ,;formas" rdigjosas. das de transfcréncia dos atributos do deus uraniano para a divinda·
4. sscdcscobrecada vez:matSdepcttckn«:: aocep dos, heróis, de solar, assi,n co1no a coakscê.n.cia do ser supre1no oom o deus
c1vih2adores.: gl'Mdes deusa">, íor s mág!co-religiOS!ti(rnat:(I) cen• solar . O arco-iris J tido em tantos lugares (i 14) por uma epifania
,ro$ cósmioosde-fccundidade(Lua, águas, \•cg_ctação). Assi . ob- uraniana, acha-!:,e amc.iado ao S,ol torna•se - e,lltfC os f\legja.
servamos o {enôoleno gtrnJ - nR 9tca indo-mediten-inica - da n<>s, por x 1nplo - o "irmão do Sol'''· Omúmente traia-se d•
subs1itui.f-ão da ti.gurasuprcm.:i uraniana por urn deusa1mosférlco relações de filiação entre o deus supremo de estrutura c:clestc e
e roc.:undador, espc>sô ltlUilaS \'CZCSOUsimplesLnente acófi to, subor- o Sol. Paro os pigmeus semall,8:, <>sfuea;ianos e os boschímanes,
o &I é o "olho;' do de.u&iupremo1. A (ndja "6dica e outras re-
dJnado, da Grande Mãe t.chirico•Jun.ar•vt.getal e, por vezes, 1>3ide giões oferecer-nos-ão um processo análogo. Entre o.s witttdjuri•
um "deus da ,•cgctação".
A passageni de "criador" a ''fecundador'', o deslizar daoni- kainilaroi do sudoeste da 1\ustrál.ia, o Sol é vi&lO co,no Crogora.
gally em pessoa, filho do criador e figura dh·lna favorâ,•et ao
't>?ª· da transc-cndêocia, da iJnp.assibiHdade uraoianas para o homem'; mas, i;em duvida por inJluência do m"tl'iar do, .'I Lua
d1nan us:mo, pa in,t11sidadc. para o dran1atis100 dê'.!$ figuras é-lida por seatwdo 11Jho do ser so.premo'. Os s.woiedos ,·ôem no
a1t1?osférkas-(ertil1zanlC.'i·\'egeirus nào deixam d-eser significstivos. Sol e na Lua os olhos de Num {-=c'Cu): o Sol Co olho bom, a
Deuam entrever, por si sós, que.um dos principais fatores da de- Lua o olho mau"'· Os yuraks das tundra, 11;.1re,aiâo d.e Obd,orsk,
S:ª açâo, ma!s óbvia_ n sociedadcsag l'fcolas, das concepções da celebtrun u1na grande fesla no in ..emo. à primeira aparição do
d1v,ndãde é a 1mportanc1a seolpre crescente dos valor Yitais do Sol mas oferecem um sacriffQo a Num, indfcio do carácer orlai•
••\·ida" no bori.z.onle do homem econômico. E. para nos.limi nar.iamente ce e da so.kmidade. Entte o.s yura.ks das rtgiões das
OlQSàárea indó-medit.crrãnica, é interess.'lnte verificar que. 0$ deCI• floreslas (\Vald-Yuraken), o Sol , a tua e ·•o pássaro do raio"
se$tupre.m<,>i; mcsopo1âmicos acumulam frcqücote1uen1eos sorti- são os símbolos de Nu111; a árvore d.a qual se suspenden>. à a:uls3
légios da fecu»clida<lecom ossc:ussortilêaiossoJares. farduk êdisw de ofel'enda. beças de aoin1a:is toem o nome de ''áryorc.do Sol".
o exemplo mais no1ótio2:esta ructeristica mcontra se cn1 outros ainda que originariamcn1c este sacrifiçio fosse privilégio de
deuses do nu!'S1no tipo. quer dizer, cm deuses ent vias de tttem acnso Num 11• .Entre. os tchuktcb<:s, o Sol substituj a <livU)dade supre--
à suprei-nacia . Poder-se-ia mcstno dJzerqu.eesias divindades da ve,. 1na: os princlpajs sacrifícios são oferecidos aos bons cspírito..<1 e
getação denuociam a ooexist nda de.atributos solares na medida
cai que os elemeruos vegetais figura1:n na n1Cstka e no mJto da so· 'i4?breludo à luz do Sol. cgundo -Oah,. a introd o do cuJto do
bel'ania divina'. l ent todo o norte da Asia seria obra destes ntesmos tchuktches
e dos yuk aghiri .
.Est.'1 coojunçâo dos elementos i;olarcs e vesei.ais explica-se cvi·
denl ne te peto papel o:traor ioá.rio do soberano. tanto no via•
no cosrruco como no plano sooal, na acumulação e na distribui. 38. África, lndonési:1 - A wl:;iriiação do ser supremo
ção da "vida''. Assim, pois, a solarização progressl"a das divin- uraniano 11 é um fenôrueno bastaute freqUet11e na África. Toda
dad oelestesoorresponde a.o mesmo prOCC"SSO decrosãoq11econ- u1na série de povos africanos dá. ao "ser supremo" o nome de
duz1u, cm ou1ros contextos. à transfonni.çãn des,asdivindadesce. ..-'So1• 1,. As vezes - e o caso dos munsh - o S<>l pass.'I por ser
lestes eu) deus,es aflnosféricerfecundadores. entre-os hititas, por o filho do Ser Supremo Awondo e a Lu<"tpor sua filha14• Quan-
e.xemplo. o deus celeste apreseuta•se, já t1os tempos históricos, n\lm 10 aos ba·COtse, faum do Sol a ''morada 11 do deus do Céu, Niam-
tstado bastaote avan do de solarização", e, c,n relac.\o coro aso- be, e. dá Lua, sua mulher 1'. En.trc out.rQS povos assistimos: a uma
berania cósu!ioo·biol6gica, provido pois dedemenlos 1·,·egetais"
tm oonform1dade com a fórmuk1: d.etis-rêi-ár\·ore de vida!. imitação do dens celeste ao So,J por coa)es('ência: para os lou-
Yh por exemplo, Nian,be to Sol16 epara os ka,•irondo o Sol
O fenôm.!1)0 ê, de r.esto, muito mais freqüente e mais auU30
o <l\lf deixariam e-ntrt\·tr doc:-umcn,os. orientais. dominados . substitui o culto do ser supremo 17• Os kaffa chanwn Abo ao ser
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108 7ólt.4111.00 DE HISTÓkl.t PAS kêLIOIÕES () .WL· I! OS CULTOS SOLARES 109
suprellH>, o que quer dizer ao tnesmo tempo ••Pai" e "Sol''. e do culto. Recebe sacrifícios de bodes braocos ou de aalos bran•
inoorP()!'tlll•OO no Sol.. Siegu.ndo um dos 1nais l'éeenlcs eipecia.ljs,. cos e, no mês de agosto, por ocasião da colh('ita do arroz._. lhe
tas deste poYo, F. J . Biebet l*. tsttt solari é :.penas wn e-r sãô oft.récldas prltn(ciasU. Casado c<>nl a Lua, ê con$iderado o
nôooeno latdio e Ato era, 01iQina1jamcn1e., i.am ••Liçluioa .oder autor da criação c6smica, ainda que.o seu mito cosroogô11ioo fa.
Hünmels$0(1 ". ça intervir, na qualidade de demiurgos $Ubordinados, a tart.aru-
Ê iJlltresnnte ve1ifJCúf Que-a solari o do deus supremo -ga, o caranguejo e a .sansuessua,a. sucessivamet1te encarreaado.s:
africano não consegue que ele coosetv uma poderosa atualida- w r Sing-l;>Qng de trazer terra do fundo do oceano'?>.
de ua vidl religiosa. Assim, cnrre dh'el'SOS pô\'Os bantos da Áfri. Os po,•os kllond da província de Orissa adoram como deus
ca oriental e tlll partiéllltlt entre- 0$ dsc:ba (lo l<ilimandjaro, supr('mo e criador Bura Ptnnu ("deus da luz i •) ou Bela Pennu
o ser suJlrcmo t Ruwa (o cermo.signií,ca •·sol"): h.abita. de fato > ("deus do Sol"); o proce$SO de solar.i.zação cncon1ra sólida COn·
o So), mas oonscrva ainda e!«nc1uos lll'ttniaoos e-, sobretudo, a firmação no catácer benevolente e d certo modo 1>assivo dma
passividl!dt caraaerísdi:a doo deuses ura1Uanos; ta1 como eles, Ru 4
di,•indade: Bc-la P('nnu não figura no eulto?.4. Os bi.rbocs de Cho·
u•a não pos1,1i um cul10; é tào.só nas situaçôc.s ex.1re1n.a.s que se ta Nas1>ur imolan1 ao deus do Sol, sua divindade suprema, gali·
lhe ofet'ceem sacrifícios e $C lhe dirigM'l prcces l' . nhas-e bodes branoos, en1 especial en, êasos críticos ou para asse•
O mesrno jogo de rubstiiuição se a,cha a.a. Jndonésra. Puê.m- .surar 3$ colheitas. Como seria de esperar, foi sua inserção no me.
palaburu, o deus solar dos toradja, toma pouco a pouco o lutar qinlsmo da "produção virai'' que rei adquirir cç-onservar a ''atua·
de l•lai. o deus éc le.ste, L'1lja obr cosmoaônica ele continuaw. O tidade'' de culto. Diz.em-no elaramenle as preces que lbe sào di•
deus solar é a3sim promo\'k!O a d('ntiurgo, tal con,o na América; rigidas por ocasiã<,> das libaçõeii; e dos sacrificios. Quando nasct
elltre os tlingit, po; exemJ>lo, ,·ctuos o demiurgo, sob a Conna de uoiacrlança. o pai oferece uma libação de água e., de rosto volta
corvo, Jd.:ntifica1-se. ao Sol e receber do de·us c('le!tc- i.t1prcmo, do para o Oriente, pronuncia as paht,•rrus: ;'Oh! Sing-bonga, eu
de que é subordinado Ol• fillio, a missão de co(ltiouar e de c.onsu. (e faço esta libação de água. (: z. correr o ki1e. dos seios da toãc-
máf' a obra de criação começada Pot e1e1 1• Surpreende-se aqui dtla oomo corre esta á3ua que aqui vês!"lf E para ass tirar u1na
o elen1en10 (/11ui111lco e ôrganizador, que. incorporado pela di\'in_. boa,colheita de arroz.o chefe de. famtUa oompromelé·:sé' a sacfifi.
dade solar. corresponde, t:01. outro plaoo, ao ekmeuco /ttunda· e.ar utua galinha brat1ca: "Te p1'0meto, oh, Sing bon.i;a! fa2.cres-
dor dos deuses atmosfêricos (f "26). Mas; tal como esres, o deus « r os grãos e cu t(' farei o Cflfício desta galinha bronca no ,em.
5-0lar nào, t:rll,dor; como elei, acha•se ubo,·dinado ao criador poda debulha.•· DePQis, deixa a galinha branca e imola uma ga.
e m:ebe dele o mandar o IXlfa 1enni.Jiar a obra da cria,;ào . .Etu COúl· llillla prtla. A <1a1;, do sa<rl!lclo. ilõ dia da lua <hci• do mês d<
peosação, o d ll1iurgo solar apodera-se daqujJo que a m.aior par• baishak (abril·ntaio), não deixa qualquer dúvida aoe,ca da sua
te dos dcusessotarts, quesubstiruiu o se1 supremoeele.1.te. ou com intenção: a aalinba neara ê oferecida ã df\'lodadectónico-agrãria,
ele - fundiu, não conse:guiu obter: a atr.10/idude na vida relí,a:losa qut. tem a jurisdição supmna sobre a fecuncUdade do sotol6. O
e no 1ni10. Bastará lembrar o lugar c.1.i,i.t.at desempenhado .pelo cicemplo Ctipico das ,•icL,;situdes sofr:idas pelo ser supremo sola·
c.orvo na mitologia no1·te-americana e pela águia - substituto ou rizado: I?, substiiuição da íig\lra celeste. ooJpotcntc C·criadora
pe-lo Sol, cotao ser tuprtmo: 2 , presença do deus solar lO cuho
simbolo do Sol - na mitolos,ia árcica e norte·asiã1ica. devido em especial às suas \'irtudes fecundantes; 3!. prcscnça de
eficilcia, uAo inf\'.!Uvel apesar de u.>do, vis(o que o fiel se previne
ao invocar ao mesmo cempo o favor das forças lunat•c1ônicos,.
39. Solarização entre()..' 0111od:1 - O melhor exemplo de so- agrárias que comandam a fecundidade universal,
la1'i'f,'l.çâo do ser ;uprt.mo nos é fornecid,o pelos povos kolarianQ.$ O Sol éis;ualtneoLe o ser suprelnc, de um outro povo munda,
da lnd.ia. Os mund;1 de Bengala colocam à cabeça do seu pan- os oraon, qut lhe dão o nome de Dharmesh. &:m dúvida sua prlo•
Leão Sing-bong . o Sol. Um deus doce que não se intromecc nas cipal preocupação religiosa é. a de apaziguar os espíritos, bhu/J1,
coisas dos homens. sem que por isso esteja inteirarnente ausente mas - conto acontece oom as divindades uranianas - , quando
110 TRATADO D.I! HlS'lóRIA DAS R.ELJOIÔBS OSOL.EOS CULTVS SOl..itfeES lJI
o socorro das outras forças mãgico-rc:Ligio$8$ mostra ilusório, tem. o nome de Upulero. o "Senhor Sol'', lambem aqui o deu.;
os oraon voham-i;c para Oha.rmesh: ''Nós 1eotamos ludo, mas wlat conservou a vitalidade graças à sua trausformação em fe•
temos a ti para nos socorret!'' E sacrificam--lhe um gato branco, cµndador. Com efeito, o seu culto pode· ainda acusai· alguns vcs-
e,,:clat't'1.1.odo: 1 '0 h, Deus!, tu és o nos o criador. Te,u piedade de tigios da sua nobteza e pureza origin.ais:, pois não 1em imasem
nósJ"?a Pcsqui/i.as rcoimtes mostraram. por uro lado, a <:xi:s.tên- e ê adorado sob forma de luna lâmpada feita de folhas de co-
cia nos povos munda de um deus supKmo aulôctone e autên1ico queiro. Isso não impede, no 1an10. que. todo o ritual se con-
e, pOr outro lado, a data relativamente tardia da S\IJ evi,cç o pe- ce.iuµ na conjuração da (ecuod1dadecósru1ca. Uma vez p0 ano,
las divindades.do Sol e da Lua. SeguoJo 'Doddl.ng, a coalcsdocia no começ.<> da estaÇão d.as chuvas, realiza-se a v,mdc solenidade
do deus supremo santa.li, Thakkur, com o Sol (o ser supremo de Upulcro: dura Ul\\ 01ês e tem Pot finaJidadc as ura a chu-
chama-se-. também Chanda, "Sol"} seria iaoa.lmen1e bas1an1e tar- va, a Cettiljdade dos campos e a riqueza da oomun,dade. É en.10
dia. Rahn-..au dedioo.u se. Por sua v n . a seguir a solariT.açâo e a que ..segundo a ci:ença destes po..-os, .o Sol dcs(:e a ll)na figueira
lunarizaçâo dos setes supremos nos povos gand e munda. Enfim. par Jca1ndar a sua esposa, a Terta-Mâe. Pura lhe raciU1ar-a -
\V. Koppers, nun1 notávcl estudo COD>parativo , procurou de- c.idã, pôe•SC na figueira uma escada d e ? ou lO degraus (n:1enc10·
1nonstrar ao n\eS1no 1ernpo a autcl:otk.idade dos se.rcs suprcn1oi oamos attá.s o sfntOOlo ocleste das.esc das de 1 dC3,Caus. cf. § 31).
oos pC>\·C>spté-dra,·idicos e prC-arianos e, uroa poss(veJ inOuêncla Depois junto a esta mesma figueira, rtalizan1·se sacrifícios de
das suas concepções religjosas sobre os i.ovasores indo-<:u- poroos 'e cães e, por fint, no meio de cantos t de da.nças, u,11!ª
ropeus,10, orgia ooteti,•a, característica indubil.áveJ de uma míSUC;,\ -a.grana
(§ ti38). As prccei prootinciadas na asião atestam a funçâo de
fecundador e de depositário dos rec1,1nos alimeQ1ares que o Sol
40. Cultos SO:l1rts - Na Jndon<:sia ,e na peninsul:i de falac: agrçg_ou a si: .. Ob! Senhor, avõ-Sol, desoe! A figueira produ1lu
<:a. o culto·solar ê csporâdico. Já demos aqu.i a.ta.uns exemplos novos .rebentos .. , A carne d-0 porco c::.1tá pronta e partida e.m bo·
de solariz..1ç o dos seres supremos in.donkios (f :38). A ilha de t:ados. As barcas da aldeia estão carrc,sadas de presentes. Senhor.
Timor e 0 $ arquipélagos "izinhos o as ,lojcas excecõe:s. Se bem Sol-avô, ês con,•idado para o banquele. Corta e come! e! ...
que a vida religiosa.seja dominada, co1no de testo em toda a ln- Ve1n. Senhor, S0l-a\1Ôl Nós esperamacs que tu l\OS dês muito ma!-
donésfa, pelo cul10 do! mortos e dos espíritos da nawrc-za, o deus (im i muito ouro. Faz com que as cabras tenham <".ada uma dois
solar ainda conserva ali uma po,sição importante. Em Tin)or. Usi- ou três cabritos. Faz.aumentar o número dos nobres e multiplicar ..
Neno 1 o "Senhor Sol", é oe;;poso da ,;'Senhora TetTa''; Usi-Afu, e ó do po,,o. Substitui os bodes e 05 porcos n1onos oor outros
e o n>und<> inteiro oasceu da sua união. Mas a deusa da terra não vivos. Substitul o arroz e o béiefe. Bncbc, de arroz o.s cestos \'a-
deixa de reccber a pane maior dos .sacrifícios, de,•endo o Sol zios'', etc ... 11
coulentar« com unt \\nico arande $.l.erlffcio anuaJ, por ocasião
da oolheita'1• Na ilha \l.'c-ttar, ao norte de 'li mor, o .ser wpre1no
conserva ainda, apc.sar da sua solarizacâo; os traços de uma ts- 41. Dcs«ndênc:ia solar - llpufero pode ig,oo.lmcnte ter
trutU.L'a celeste primidva: chamam-lhe o ''Or-ande Senhor" ou o l'ilbos,.., Na ilhil de Tintor, alguns tbcfes inti!Ul31n-sc, de. testo,
·'Velho lá-de<ima" {cf. §§ 12 s.). Hsbita a 'llbóbada celeste e '.os Filhos do S0r·1 e pJetêodc1u dcs.cet\00 d1re1ameo1e do deus
tambC:m o Sol e encarna o 1>rincfl-ÍO tnasculino, enquat110 a Ttr- solar. fixe.mos tste tojto do Sol ctiac!">r do ho1uem e das. rel cs
ra ê fenlinina. Os autó<:tones tê.ln acerca dele idéias muito vagas iiuediatas _ . filiais, famili res - catre deus :iº) r un1a ce.rta
e só lhe ofer«em sacrificià;s cm caso de docnça 12 , sitltoma ind.L;,. cnteg.ot'ia de pessoas. Isto, no eat.'Ulto, nao é pnvllegio exclusivo
cuti\·el da retirada do ser su1:>remo uraniano do prúneiro plano do deus $-Olat': como tc«:mos ocasiã() de ,•crificar nos pitulóS
da atuaJidade reliaiosa. seguintes.. qualquer região cósmica - uas. Icrra, \•eg, ração
A. leste de Timor, nos .arqulpélagos Leti, Sermata, Babar e - pode arrogar-$e wna função iu1tropogon!ca; em Cíl a .
Tin1orlaut, o Sol considerado a divindade ntais impor1a;ue e tas cegiõcs cósmicas o homem pod,.;, cm ,,1rn1de· da d1alé.11c.l n,e-
lll 'l:RATADO DE IJISTÓRIA DA.$ Rí!Ll01Óe5 o SOL e o s CULroS SOLARES 113

rofãnu.:a. ideOOfkat a. ttf.lh'dodt al)soluta e- ao mesmo tempo a te ritual seguida da sua rcuurreição como Sol. Oro, estas parti·
m..,tri:: vrjmordial de q_ue lhe vem o, sei· e li \'ida. cularidades nao estabelecem somente que, na reli.alão de povos
Mas li() Cl$0 do SoJ esta gcnealôgia iodíca alio n1ais: traduz tào "primiti\·os'' cotno os \vltadjuri,,kamilaroi, o Sol se ache em
as rnQdificações consecotlvas à soJariJ..ação do. ser suptemo ou à estado de subordioação para com o S « Snpren><> e que se encon-
lrat'ISfcrmação do Sol em ••focundadort · e em "çriador especia. tre vinculado, p0r orden1 deste, à "$ah·aç.ão'' do homero por via
lizado'1, mooopalltado poc ccctas.sociedades humanas e até me$- de iniciação. Elas revetam, altm djsso, que o Sol pode ainda
mo-certa.1: familias, as dói éhefes ou dos soberanos, por exen1- sumir uma função import;mte no domloio das crenças fuuerârias,
plo. DeSia i:M.Oelra, na uibo australiana atUt\la, o Sol, que é do em tudo o que diz rt.speho à condição do homem ap6s'a morte.
sexo fcrn.illino. deiempenh..'1. um l)al)E31 mais imponante do que a Groaorafally aprcsmta à parte, ao set-sUprtmo, a !\ltna de cada
lua. qu.e é-do sexo ma5CUJino, no seotl<lo em que ê "olhado CO· defunto4 ; pôde apreseutá la C9JnO ji;i; iniclada, quer dizer, COlTIO
.mo tcndt> tda oes bem defini com cada um dos 1ne1ubros das tendo já conhecido a mort.e e a cessumiçâo e sendo ela mcmin
dilereotcs .subdjvisões rociais1•J6. E.c;tas eelações são igualmente um "Sol". O Sol toroa se assim o protótipo do •tmorto queres·
4

conhecidas doslori1ja37 e. dss tribos do sudesce . O que os au su!)cita a cada manha'.''· Todo um conjunto de- crenÇtlS em liga
tralianos consid.eram<:0010 "relaQÕes bem definidas com.eada um ção oom a iniciação e a so rattia - e às quais \'Oharemos den-
dos. \Uttnbros da sociedade'' (porque o homem enquanto,espé,:ie tro em pouco -deriva de$sa. valorização do Sol em deu.s (herói}
é uma criatu1a do pról)rio ser $Upremo ctles1e; wr § 12 $S.) que, sem coohettr a morte (como a coubet:ia, por. exetnp1o, a
tr-adoz•se, algures, cm relação direi@ de pai ou de avô da tribo: L.ua). au,1vessa cada noite o império da morte e rea_pareoe oo dia
p0rex. 1nplo, eo1:re os índios pês..prttos 1 ruapahos, etc.J9 Os kor· s.c:guinte, ele próprio eterno, eterna.mente.igual a si mesmo.
tu da l diaju.lgam.se frucos da união do Sol e da Ll1a<t0 . Volla• O "pôr do·Sol" não é pcrcebtdo como uma "mort.e'' (ao
roos a euoonu:ar o mesmo tipo de rtlaçôes nas soc.icdadcs evoluí- conlrário do caso da Lua durante" o s três dias de obSCul'ldade},
das, m.à$ restringidas oe&e ( 3 S ( ) ao soberano e às fanúlias nobres. i:oas como uma descida do astro às regiões inferiores, ao reino
No encruuo, na Austrália, as retaçôes entre homem e Sol stio sus,. dos n>ortos. Ao conuãrio da Lua, o Sol 3oza. do pri\'ílêgjode atra4
oepü'vd$, n,un oor.ro plapo, de uma segunda validação, a saber, \'essar o Interno sem sofrer a ruOJte. O seu itinerário ptedes.tlna--
:i identificaç.ão do homem 001n o Sol atra,1ês do ctrisnouiaJ da êlo pelas regiões inferiores tlào deixa, por isso. de lbe oonfcrir pres-
iniciação. O <:andidato, que pinta a cabeça de vermelho, amuica tigios e valências íunerãrias delas. Assim, pois. desde que. deixa
os t-al.x:los. e a. t,arba. sofrt \!111ª "morte" simbólica e rel)asce no dodesempcohar uma (unção de desct aque- no panteão ou na expe-
dia seguiritc ao mesmo teropo que -0 Sol; este dr.i.ma imciá1ioo riêoc a religiosa de uma civilizãcão, à IÍlUlõ dê'str sut)rfmõ sola-
assimila-ó ao herói solar Grogoragàlly, o filho do criador º. rizado ou íectindador, o Sol cevris uma ct-rta ambh·alência que
abre oovns perspectivas a modificações religiosas ulteriores.
Esl an,bivalência pode-ria ser formulada dn qufnle n1and·
42. O Sol hlero(ante e psicobomb11 - Este «clmonial aw.- ra: se bem que inlOttal, o Sol desçe todas as noites ao reino dos:
tniliano revda um nO\-'O ele1nento )mJ)Ortanle que nos- dá a solu• mortos: ele pode levar consigo homens e, ao pôr.se. dar·lhes a
ção do papel deseruocnhado pelo Só) nas diversas ãreas culturais 1norle; mas. ao 1nesn10 Jempo, ele pode por outro lado. aulaL'
e cm outr04 oonc.eN.tos hlstóricos. Certas lril>os .iuitralienas almas atravh das regi6es lo.fernais e oo dia seguinte trazê-las
niostrsram-nos o Sol en\ teL,çâo com cada membro da comuni• 1>ar.i a luz. Função ambivalente de cobotub<1 '"matador" e hie-
dade e.sn )XlnicuJru:. Nas tribos "'iradjuri•kantllsroi, que se encon. r-0fan,e iniciático. DaJ vem s crença, espalhada na No1,•a Zelân-
tram num tstádio ainda mais : uasado dô que os at'Unta e 0:1 lo· dia e na Novas Hébddas. de que. un\ siLUl)les olhar .$Obre o p6r·
ritja, estas: relações são de ou11a or<lcm: têm em .,.;saa assimilar do..SOl 1>0de provocar a n1orte 4, . O Sol attasta.oonsi.go, "aspi·
o lnlclado a.o hcról solar, filho do s,er SUl)(COOQ ccl-:stc. Pela ini· ra'--1 as mas. <J.os i\'OS com. s mc&rna facilidade com que gula,
ciação. o bometn 1orua•se assim, d certa maneir-a, filho do ser na quabdade de ps1copompos (psicobomba), a">almas dos mor.
supremo, mai1 cxauunente traosfor,na·sc nele graç.as à s,u3 mor· ,os peJa "Porta do Sol", a ocidente. Os habitantes do tstccito
114 1RA·TA.DO D1J HJ$TÓ.rU."i DAS R2lJGIÔES OSOL eos CULTOS SQL.-tRI:'S IIS
de TOJte$ cr(,cm na e.'C.stêntia de uma. ilha mitica e1113Jgum lu_ear Re,enhamos e a idéia de "escolha". de "'set,e.çllo", que os
a ocidetlt<' <liruu:1.da Kibu: a ''Porta do SoJ'•. O ..-en,oitn1>ek pa- rituais iniciáticos fuoerários pratk:ados sob<> signo do Sol impli-
ta ela as almaiõ dos m.ortos 4' . N3 ilha Hervey, os iodigienM pen- m. Lembremo-nos trunbên1 de que em diferentes panc$·do n1pn.
sam que os 11ortos .se rtC.ncm cm grupos e que, duas vezes por do.os chefes passava.1n por descender dirmuu:ntedo Sol: os che..
ano. por oc.asi!c:, dos sol íe:los, tcnlaim se3uir o Sol, no momen- fe:s polinési.ossi, os chefes dos povos Natchez e inc l. da mes-
to em Que se põe, para desc« M reaiões inftriores4s . Em outras ma forma que os rt:=is hi1i1as (qualificados "meu sol") ou babilô-
ilhas da Polínêiia, o pcln10 mais ocid lal do tcrri1ório chama--se nios (cf. placa'> de pedra de- NabO-apla-iddio), ou o rei indiano'!·
" o lugu onde salta.m as almas"-«>. têrn ó no1ne e a qualidade de "Sóis" , "Filhos do Sol", "Netos
l\.{\llto difundidas acham tàll)bérn na Oceânia as crenças do Sol". ou eo1ão encarnam o Sol oo s,eu corpO 1nfstico, oon,o
segundo as cruais os mortos acompanham o Sol no occ.1no, e são e o caso do rei indiano. Entre os pastores africanos masa.i s.c . 3.\.-
te.vad.os em 'b1.rC<'IS .solares''. ou as que itutun oo poente o reino slLn como n,.. Polinêsia» . os chefes sâo os Unicos que podero ser
dos m0ttos'*f. O dOOno das almas que mergulhá.ln no poente n!l.o identificados, após a sua morte, com o So). Em suma, "C$Colha'',
é, evi,dentcrnente, 1,tnjfonne; nero todos conbeccm o que pode- ''seleção" operada, quer pelo ri1t1aJ dt:= inicla ão da sociedade se-
rfamoscharoarde n1odo aproximado a ''salvaç!io''. E.então, CO(tl creta, quer peta iniciaÇllo automática <1uc a sobeta.roa como ial
efeito, que inter,·ém a v-irtude soteríoló$iCa da iniciação e o pa- coiwitui. A rclig.iâo solar t:=gipcla constitui a este respeito um exem-
pel das sociedades secrcw, paro es,::ol.h('r os eleitos e separã·los plo ideal e nt cce qoe nos drteohruuos nda por a.lgum ,e1npo.
da mas.sa amor-fa do colnum dos ooorw.is (separação manifesta
oa n1ística dnsolletania e dos "Filho!dO Sol''). ASsi1n, nas ilhas
Hc,vt)'. só os que caíram em oomba1.c são ltvados para o céu pe-- 43. Cul1os snlart. tgfpclos - lais do que.qualquer O\Uta,
lo Sol; o ootr<>s moct .s!o devorados pelas dlvindades iníet• a.reliaião egipcia íoi dominada pelo culto solar. Desde a Cpoea
nais .õ,karauga e Kiri.r3. antciga o deus solar tinha a,bsortl.do divc.rs.as divindade$, tais co·
A dico101nia htról ou iniciado ,e rnortó J)()r via nal11ral tem mo 1\tum, J.ló11.1s e o escaravelho KhipciS6 A partir da quinta· d.i
um lugar oonsiderâvc.J na história das reli&,iões: e ttre1nos de vol- nastia o fenômeno ien.eraliz<t-se: numerosas divindades fuodem-
tar a ela num capítulo ccial. Por ora, de roos mencionar que se com o Sol e dão asslol origem às fi9, ras solatizadas Ch.nunt•
hã muito se <>bSC1'1ou na mesma área oceflnica o p:i.ralclismo en• Rá. 1in-Rá, Amon-Rá, ctc.:n Não temos de óe<:idir, aqui, entre
tre QJ çirac1cres do culLo sol::tr e o culto dos antepassados. doís as hipófeses rivais de Kecs e Sethe a res()(!ito d-'S orig-ens históri-
complexos 1eligi0$0S q_ue enconttanll expres$.\O .;o1num na ereção CM d doutrina solar. Admite.se, cm todo o caw, que o ap<>geu
de 'monu1net\(OS 1T1cgalítioos4?. Por outro lado, Ri,•ers d taca u:i. desta dou ui na se situa na quinta.dinastia e que o seu sooesso pr<>-
Polinésia e na MicronCsia cortespolldências dttenninadas entre vém ao mes1no tcmpO do reforço da noção de-soberania e dos
il distribuição dos monumentos tuegalitiCô$ e as sociedades esforços dos sacerdot de H.erópolis. }l.1as, como parece pro"ar
secretasw. Nlas os monume.nos n1egalícioos acham- sempre ei» um certo n'Õ:mcro de pesquisas recentes, a supremacia solar foi
rdação com o culto solar. Assin,, nai ilhas Sociedade, os1ncg31i- preocdida pela de outras fls:uras di,•inas, mais anliaM e mais Po"
tos (marae) sào <>rieutados para o Uva.LUC, tal é01ilO o nanga fid• pulares c.ambctn, no seritido de que não pertenciam exclusivamente.
jia110. enquanto nas ilhas Baoks existe o costun1e de un1ar um a grupOS pcivilc!,,'làdos-.
mcgalito com argila vermelha, para que o Sol blilhe de novo. Cut- Sabia-.se, desde há Oluito, que: Sbu. deu.$ da atmosfera e p0r-
to dos anlepassados ( • nlortos), s,ociedacks secretas e, p0na tan10 originariaroe111e- figura uraniana. tinha sido, posteriormente.,
to. iuiciações de:,,'tinadas a gar::i.nt:ir a nielltor sorte após a morte. jdentific."ldo com o Sol. l\'Jas \\'ainiwright rct-onbec.eu, por seu Ja-
culto sol;lr, por- fim: esics t s de1ncntos, dependendo de sistc., d-o, cm Amon uma velha divindade do Céu, e H. Junker, por' OU•
mas à primelm vista incon•1tni\•eis. s!\o na realidade solid:irios: tro lado, julgou ter dcscobuto um antiqüí.ssimo "Allgott" oeles·
eJes coexistem já vjrtualmente nas bit.rofani2s solares arcàieas, te.em Ur ("''), cujo nome significa. " o Grande''; e:m certos casos,
corno, IX)r
· t"mplo .i na Austr{i)ffl, Vê•sc Ur tomar oomo esposa a deusa N\n, .,a Grande" (wrl). de

·
··- j
116 TRA T,.ll)() .Dll lllSTÓRIA DAS ft}U./GJÔES O SOL E OS CULTOS $0l..4Rl!S 117
acordo (OL'I (1 mito do pat cósmk<> Céu-1'trta (cf. § 84) . .6.. ao- inici.itico e1n privilégio polítko e social. Não e a titulo de ''he,.
sência total de Ur UO$monumentos póblicos (rcai.s) explicar-se- rói." que o faraó lem direito à $0berania. a adquire a imortalida-
ia pelo $CUcaráter papcbr. Junter tentou 1nesmo r«on&.tituir a de solar; mas, chefe supreruo, eJe apodera-se por lsoo mesmo,
história de Ur. É, tm duas palavras. a história da sua tmvaç-ão da imortalidade sem qualquer csp6cie de "prova heróica". Ale-
do nível --uprcmo pelá sua integração nas teologias locais: torna- a.alização desta condiç:.'l.o privilegi;11.da do faraó após a sua morte-
se un1 auxiliar de R (mo·k> curar os olhos do Sol, atingidos enoon1ra tuna contrapanida oa a.scens.\o vitoriosa de Osíris co•
tàri(>ó(arlMleõle de .:,sucira), é e,n seguida assimilado a Atum mo dtus funerário u o Ó$1Qçrático. Não há que abordar aquj
e por fim a Rà.. Nã<l nos aebamos suficlente111entc competentes o oon.flito entre Rã e Os(ris, ,nas ele jâ c;stá patente nos te tos
pru:a iluervlr na.dis«u:são levantada pelos estudos de Junl::Cf. l\,{as da s pirâmides. "Tu abres o teu lugar no oéu eotre as estrC:la.t. pois
a ooncordância quepaNO,?m dar às grandes li.nhas do sisiema egip- que és uma estrela ... Tu olhas por cima de OsCris, tu comandas
tólogos da ela$$ de Capart e de Kees decidlratU•DO$ a mencloo.á . os.deltuuos. tu manténs-teafasta( Lo deles, pois que não és da clas-
los. Na pe )'eC(h· da história das religjões a aventur.-i de Amon se deles·•.• esc.re"e, como se conjectura, U.Olapologista dos privJ.
ou a de \Vr são tudo o que bâ de ma.is oomprecnsívd: tnostramos Jéàjos imperiais e-da tradição SQ.la.-60.
já que os sere3 suprc-!JloS dt estrutura uràniana tendem, quando O novo deus, por ser de esttuiura po1>ular, quer diztr, aces•
não cao!'m no total esquecimento. a transformar-se etn deuses sh•el tambán às outras cla5SC$ sociais; não é por isw menos po-
atmosfCrico-fccundadores 0\1 a solarizar-se. deroso e o fara6 julga convenientç pedir ao Sol que o ajude a
:Ools fator jã se disse, contribuíram de maneira capital para não cair sob o jugo de Osíris: '"Rá·Aturu não te entregue a os,.
consolidar a suptein.-icia de Rã: a t olog.ia hieropolitanil e a mfs ris, que não julg.1. o leu coração e não tem poder algum sobre
tiC3. da soberania, sendo o próprio soberano identificado com o o 1et1 ooraçJ.o ... O.siris, tu não teapodenlrás dele, o ttu filho (Hó·
Sol. Uma preciosa contraprova disso está na concorrência que, 11JS) não se apodecarâ dele... "61 O Ocidente. o caminho dos mor-
durante um certo tempo, Râ, deus; solar e funerário (hnperial), tos. torna-se wna rcgitio osfrica, pc.rmanocendo o Oriente privi-
sofreu da parte d.! Os.iris. O Sol punha-se no Carnpo das Oferen- lWo do Sol. Por isso, nos textos das pirlq1ides, os· adeplOS de
das ou Camp0 do Repouso para s.e tev-ru1tar no dia St$Wnte no O.siris fa1.em o elosío do Ocidçnte e denigrem o Orien1c: "Osiris
ponto o,poo da abóbada cdestechamado Caropo das Canas. Es· (N) nâo caminha nas rcgiõe$ do ·Oriente, mas nas do Ocidente,
tas re3iões solares que., desde. a ép<>ca pr dinastica, dependiam pelo caminho dos sectários de Rá'.t62 é o ex to oposr.o das rtco-
ç Rã receberam além disso, no docurso das te:rcàra e quacta.di, 0\C-Jldaçõcs da dou1riua funerária solar. Com efeito. o lexto cita-
nastias, uma. atribuição funtrál'la. E do Campo das Canas que do é apenas uma bruta.! ó iriàii.luição, uor invfrsão dos termos.
a alma do faraó parte ao encontr<> do Sol na abóbada cekstc, de.un1a fórmula a ca .r<:digida as:sini: ''Não caminhes pelos ca-
pat'a chegar, guiada p0r ele, ao Campo das Olerendas. A ptincf, 1ninhos do Ocidente, oode nào avançam os que ne!es se lotrodu•
pio, a ascensão nao $C faz sen, incidentes. Não obst:.1a1e a sua qua- zetn; 1nas q-ue (N) caminht-pelos cacu.lnhos do Oriente, pelos,c,,-
lidade di\'ina, o fal'aó deve, contra grandes dificuldades, arran- minhos dos stttárlos de Rá ... ,, ·
car do guardião do CamPo, o Touro das Oferendas.. o direito de Co1n o tempo estes Le.,tos CQl.lltiplkam-se. A rtsistêocla do
se instalar no Céu. Os textos das pirãmidcs s a fazern alusão a e:.- Sol sai vitoriosa, Osiris, que se v.ira OOJ\SU'.UlS.ido a aproj,riar-st
ta Pfº"ª heróica, de essência inki:ática, pela qual o faraó devia do$-dois ca.mpOs celes1es, que $Cmpre haviam coustitufdo z.onas
passitr. füo,erárias por exoetencia. pelas q-.iais as slmas dos faraós 1inbrun
Corno ltmPo, porém. os textos ticabam -po, jâ n:1o mencio- ocesso à 1roortalidade, acaba pO:r rentn1ciar a este duplo dom'-
nar o duelo com o Touro das Ofercnda.t ( o mono sob-e ao Cêu91 nio. Esta retirada nâo e, sliãs-, uma derrOfa. Ostris 1cntara
por uma escada ou então voa,a atra...·és do oreano s)de:ral para ad.1,.. npoderar-se do Céu apenas porq1;1e a teologia solar colOC"..1.va nele
gir Pot fim, 3uiado por unia. deusa e sob a fotm.l de um touro o meio necessário â imortalidade faraônjca. A sua mensagem cs-
,esplandoccnte, u Cam.J>O das Oferendas. A,ssis,.imos.. poder•sc- catolõgica, fundrunentalmcnte difercntt da conquista heróica da
ia dizer, à dogrncr..c!ncia de um mito, ae um ri\01) heroico- lmortalidade - da próptia degradada mais tarde em aquisição
lis TRATADO DE 11/STÓKJA D.-1.S RJ!LIG/ÔE.S OS0f, 20SCUL10S SOLARES 119

esp-OJltã.n.ea da U'J10,ta.lldtide pe1a vioeulação à 1ealtza - . tinha co, abaixo de Sin, deus da Lua. de que éoons.ide.rado filho, e nun-
rc:-du:ll<lo ÔJí1is a.concàtrir as Ullasquec!t' queria salvar do ani- ca desemptnbou 1,apel importante oa mitologia . As hietofalliris
quib111entoporum l(ineririo ctlt9te. solai:. i1is, aliás, so1»cn- solares bàbilónkas pet1nitetn, no encanto, que se rcoonheça ne-
te CODSu!XÊ'ftl a re,,o)u áo de tipo • 1bamanís t:.a" que tinha modl- J;is ·vesdsios de reJaçõe.s muito antigas t.om o além. Sbamash é
ÍKado, antes de)e. ao:;incc:pção c catolôgica egípcia. Co1n efeito, chaniado o "Sol de et/t'1111t", quer dizer, dos iaoes; diz-se dele
v:in1os como do cct1cepç!lo Aer-dht, ioiclá.tic3. d.a UnorcaUd de, que "faz viver wn morto· cS,. Ele é o de\ls da justiça e o "Senhor
ofem:idn à COl}(fMista de um punhado de privilegiados, !Sétinhà do•Julzo" (/Ji!/,dtlu). Desde os tempo, maisrecuados. o seu tem,
cbesa:.to à oon0;pçào de uma ànortalld.ade coocedida a 10(/QS os plo ostenta o nome de "C.lsa do J\li.Z. do Pai$"66• Por outro la-
pl'i,.,ilégios. Ositis deS<11vo!via·ainda numa direção '"'de1nOCl'áli-- d.o, Slt:11ua.sh t o deus dos orátulos. o pat1·000 dos profews e dos
ca•• C$ta alteração pro(und3 da coru:cp;io da imortalidade: cada adivinhos-67, função que. es1e,1e n11>rc ( 1 l l relação com o mundo
Wll pode obter" ilnort dide sob coodlc;âo de s•dr vitorioso da dos mortos e as regiões ctônioo-funerárias.
prova. A teologia os(rica retoma, para a euc:nder, a noç.10 de pro- Na Grécia e na ltâlia, o Sol ocupou no cuho apenas un1 l·u·
va, condição si11< qtta ncn da sobre,•ivência; JlJas a; -provas de: gar de gun<lo ()lano. Enl Roma, o culto solar foi introduzido
tipo heróico, i.1ticiiLioo (luta com o Louro) .são substituidas Pot csn tempos do Império por \•ia das t!,OOStS ' orietuais e deseovolv(;u-
pro,·asde Lipo édco e religioso (boai obfas, etc.). A teoria arcai- se ali de maneira por assint di.7r exterior e artificial. graças ao
ca da imor1alid.1de heróica dá lua.ar a \ima conct?PÇào hun)ana culto dos impera.dotes. A miloloaia e ;1 religião gregas conserva-
e humanitária. r(IUl, no entaoto, ••cstigios das hie:rofaoias hfnfunais" arcaicas
do Sol. O mito de HéUos l'evefa não só valores ctônjcos .:omo
os infernais. Todo um jogo epítetos. ent que U. Pes.ialo a'"
44, Oalros sabre.!il no Oriente cltimco e 110 l\f"editrrrãneo - vê o resíduo de uma herança religiosa mediterrânica. evidencia
Ter'3.Jnos pon:uenorizado menos e5'e conflito entre Rã e Osfris as suas Jigaçôe$ orgânicas com o rtn1ndo vege1a1. Hétios é'p)íthios
se tle não nos ajudasse a desvendar a morfotoria das $OC:iedade$ ef)(lllnt-dois atributos que eJc partilbaoom Leto. wua das ira.n·
s « r e w de esnutura sol3r•.fi.1nerâci.1: à$ quais jâ íi.zc,:oos a.lusão. des deusas medherrâneas-. ch1Qnios epfoutõn; HfJios éigual-
No Egito;. o Sct permanecerá at6 o fim o J).fiCOl)Ofnpos c1e,una mcnte·tilàn, epifania das energias geradoras. lnteressa,nos pou-
classe privilegiada (a familia do soberano), sem que o culto solar co, de moLnento. saber cm que medida a articulação do Sol co,n
deixe, por USO, de desempenhar um p.a.pel predonünantc em (O· o mundo ttôniooMmá$,lco..sexual pertence ao substrato mediter-
da a religião egípcia, pek, nu:nos naquda que se exprlme nos mo- rânico (em Creia, por exemplo, 1-lélios t taurino e torna-se espo.
n11111en1os e dc)c.uroent<ls cscrl1os. Na Indonésia e na tvfelanC'Sia., so de Grande 'lâe, o que é co1num àmaioria dos deuses atmo,s.
a shuaç.ão não é a mt n: o Sol foi outrora. af, o pslcopo,npos féricos) ou representa um compromisso uherior, iU)J)OSfO pela hi.s·
de todos os iniciados saidos das soc.iedadti socretas, mas ô seu (ória, entl'e o regime ma triarcai dos medittrrânitos e o parrlarca,.
papel, por muico importante que r,,ermaneça. já não ê eii:ausCivo. do dos indo..e:uropeus vindos do Norte. O que nos importa é que
Nestas SOéicdades SC'éft'tas. os ;•antepassados'' - aqueles que o o Sol, que pode-ria ter sido considierac:to, no quadro de unta pers•
sol tinha guiado pelo catn.iQho do Ocidente - desempenham uma pectiva tacl-OoaJjMa superficial, oomo uma hie-rot'ania por ex.ct·
funçâo de iguaJ in1ponâocia, OJriamos. faiendo uma transcrição lência mcste. diurna e '''i.nteUafvel". tenha podido ser val(lriza.
cgípeia do fenómeno, que as stimos aqu.i a uma coales ncia Rá· do em fonte de energias "obscuras''. Hélios ntto é unh.:ameDte
Osiris. E$ta coaks:cência não dcsserve, aliâs, o prestigio do Sol, p)fthlos. chtónlos, tit'btl, etc.; etc mantem_. além disso, rtlaçõ
porque. 111io o esq\\eçatnos., a relação deste com o alén\, co1n as com o mundo de eleição das t.revas: a feitiça.ria e- o inferno. E
regiões da! trevas t. da morte, ,6 ttanspatente nas hierofania.s so o pai da feiticeira Circe e o a\'Ô de ·Medéia, duas ilostres especia•
lares mais arcaicas e-é muito raro que isso se perca de vista. listas 'do filtro ttOf.Ul'llO•vtget.al; é dele que f\1edéia ft'oebe o u
Encontramos:, no deus Sl1M1a:sb, um bom t.xemplo deste de- famoso carro puxado p0r serJ)en.tes aladas " ' . Imola,n-se-lhe- ca-
suso. Sbmnash ocupa wn lugar inft.rior J'IO pa.nteâo Jllesopotâmi• YalOJ OO'mont Taigeto'IO ; em Rodes• no óecucso da fes1a que tlte
120 TMT.ADO DE H!STÓRIA D.AS .RELI.GIÔES O SOL E. 0 $ CULTOS SOLARES 121
ê consagrada - H;iJiefa (de hàlios. fonno dórica de Hél.ios) - tenebrosos. O·Rig VedrP qualifica de ''rcsplandeceute'.' um dos
é-lhe oferecido um carro atrela.do a quatro caval0$, que é, de- seus aspec,os e o outro de ''negro ' (quer diur, in,·isivel). Savitri
pois, preclpit.ldo no JOBrn. ôra, M cavalos e as serpentes Lig<lm- 1raz tanto a ooite como o dlat.S ,. e ele próprio ê um deus da
se, cm primeiro lúl}tr. oo si1nbotismo ctõnioo-funerárlo. Enfhn. noile36; certo hino des.::reve mesroo o seu jtinerário noturno. l\Jas
a entrada do Hades chamava..s.e a "Porta do Sol" e "Hades" a alternâti.cia das suas modalidades re,•este•se igualmente de sig·
na pronúncJa da é:poc;1 homêr!ca - ·· A-ides•· - evocava ainda, nificado ontol6'1co. Savitri é prasfivilâ nil't'Çrlllá 7• "aquele que
adequadamente, a lmtgti'n da<tuiJo que e 11 invi!:iveP1 e daquiJo fãt sair t tnr.rar º ("1fazendo totrar e sair todas as criaturas"J',
que 1orna "invisfve1"72. A p0laridade luwbscuridade, solar- Bergaigne subLinhou com taz!lo' .3. o valor cósmico dessa "reio-
ctônioo, pôde, pois, 9e1' apreendida. como M duas fa.ses alternan- tean>,ção'', pois que Savitri éjagtxto nhieçant, ''fazeudo tnuar o
tes de uma ú-nica e mesma realidade. AJ hierofanias solares reve- mundo1tW, fórmula que equivale:; a um programa cosmológico.
lam assim di.ú1ensõuquc o ''Sol" como Lalperde numa perspoc- A noiteeodla (naktoshasâ, dual feminino) sâo itn1 . da mesma
1iva racionalista, profana.•Mas essas dimensões podeoi )lUlnter- fonn.«t que os deuses e os "demónios" (atura) são i.rn)àos: dva;•â
se no quadro de um l.'ist,cma Lníci<:o e 111etafJsico dC' estrutura ho P.râjâpaty8h, de,·af eb.suróçca, "de duas espécies são os fiJ.hos
arcaica. de P.rajil.pati, deuses t- asura"91, O sol ,•cm intea;rar•se nesta bi-
unidade divina e re:vela igualmente. en, m w s mitos, um 3Sl)ecto
ofídio (quer dizer, "tenebroso", indistinto), ou, por outraS pa•
45. A Índia: ambh, lêncl:i. do Sol - Enconttamos esse sist.c lavl'as, o cxtrettto oposto do seu aspecto manifcs10. Vestfgios do
ma na fndia. S0rya figura entre os deuses védicos de segunda ca, mito ofidio do Sol enoontram•se ainda 1\0 Ria J?edu:orígi ria·
rcgoria. O Rig Vedo consagra.Jhc u.ns dez hinos. lUas Sürya nun- 1ucn1.e ''desprovido de pés", ele recebe de \'atwrapés 1,ara mar-
ca chega a uma condição proeminettrc. É o filho de 0yaus1,' , n1.as l':bar (a-pode padâ pr11/l' d)1otâ•·e)9'J.. Ele f sacerdote. asuro de to-
chamam-lhe também o olho do a . u ou olbo de i\titra e de dos os df!.\•d3•
Vai:una ?.l. Bte ,,e ao lo , é " o e$pião'1 do mundo inleiro. Se- ,\ ambi\'nlêt1cia do Sol vetifica-se, além dJsso, na sua COR·
gundo o Purusha sükta ' , o Sol nas o do olho do gigante cõs,. duta par• com os ho.meus. Por um lado. é o verdaddro gerador
mico Purusha, demo4o que na morte, quaodo o 0011>0 e a alma do hou1. "Quando o pai lança uma semerue l)a matriz.. é de
do .homem entram no maerawooo .cósmico 1 o·seu olho volta p ra fato o Sol que a Jauça como semttlle na n1atrlz" (Joi1nlnf)'a Up.
o Sol, Até aq"i, ;1s _hierqfanias nada JMis re,•elam do que o as• B{iihnl(111ú"\ Coon,aras,vruny, TileSun-klss, p. SO, eita a propó-
peoto luminoso de S0rya, exctusi\'amente. ,tas já oo Rig Veda sito Aristóleles'J: "o homem <>Sol geram o homem º , e
o cano do Sol e puxado pOI' uro esvaio, Etaça,c., ou por sete .Dante o Sol, ''qoei]i cb'i padce d'o3 mortal \'ita 1'). Por ou-
c.avalos''. e ele próprio é esvaio de: cobriçâo 13 , ou pássaro 19, ou trotado. o Sol é por vezes identificado com a mor1e, porque de-
ainda abutre e touro&O; quer dizer na medida em qoe e)e acusa voro os seus filllos tal como os aera". Coomaras"'ªD\)' oonsa·
uma essência e.atributos rei-ativos ao cavalo. o Sol denuncia tam• grou ala,um3$ brilhantes: memôri.as (ef. bibliografia) âs articula-
bêm ,, 1.dorcs ctônko l\lnerârios: Esi.cs valores sãotvidtntes na ou- ções tniti.cas e o>ew.físicas da bi•,ltlidade divina, tal como a for-
tra ,•arianoovCdica do deus solar, Savjtri, que ê f lltrttetnente mulrun os: textos védicos e pós-,,.6dioos. Quanto a nós, investiga·
identificado com S01)•a: ele-é psico,pompos e condm as almas ao mos em Le mythe de lo rélnt ration a polaridade que. mani•
lugar dos justos. Em oetlOS textos, confere a imortalidade.aos deu- festa nos ritos, nos ,:nitos e nas ro.:tafisicas arctiic:as. Tertmos oca.
ses e aos bomen$'º; C-de que torna Tvashtri imort.'.ll n . Psicopom• si!lo d-e· voltar a es.tes problema! em ou1ros capítulos desla obra.
posou hierofruue ( =aquele que c.onfere a imonalidade), a sua Llmite1nO•LlOS, por ora. a re.gistr·ar que a ambivalencia primitiva
Llli$São traz alC nós ucn eco indubítáveJ dos prest. os que eram das hierofaoias solares p6de ftutif)C3f no quadro de sistemas sim-
ap.'\(láaiO do deus solar nas sociedades primiti·,as bólico . teolôg.icos e metafisicos ex.1retna1ncnte etaboradQs.
li.tas já lO Rig- Veda, e e,m parckular na es:poculação dos bc'â- Seria. no ,entanto, um -erro encarar es1as valorizações coroo
mantl, o Sol t ao mn10 tentpa percebido sob os seus a.spcçLo5 aplicaçõ estereot.jpadas e artirKiID 4c um simples mecanisn10
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122 TRA TAbO DR HISTÓRIA DAS REUOIOES O SOL E OS CULT(),'; SOLA.RES 123
verbal. A<;laborio inlerpretaç: cs e bcrmcnêu1icas esçolásticas transfol'tnação final dó hômem em "sementes''. no <1uadro das
não faziam 1nais. do que formular em termos próprios os valores outras seilas que interpretam, c<>m o 1nesn10 simplísmo excessi.
de que--eram suscetíveis as bic.rot'anias solares. Qlle estes vatorti vo, os mCritos do re3irne noturno, lunar ou 1elórico (c.f. §§ 134
não fossem redutivcis a uma fórmula suroária (quer dtter. em ,er· s.). Um ia(alismo quase me<:-ânico oouarra à .. cegueira" e à "dcs-
mos radonalistas, 11âo co»tradit6ria) temos a prova disso em que sccação" os que valorlz..tm apenas um aspecto das hierofanias SO•
o sol pode. nos limites de un1.1 mesma religião, ser valoriµdo cm lares. da 01esma forma que conduz â orgia permanente, à dis.so-
pianos diíereiues, -para não dizer ''oon(raditórios". Stjâ ó eu1 luçiió e à ff$NSS!o • um «tadó lar•a.r (cf. POt e.empio. oos D ·
pio de Buda. Buda foi mujto forte, na sua qualidade Clu,kra + sos dias, a sàta tefúrlc.1 de» lnoceo;list.aS) os que se condenam t.x-
vartin, de soberano uni,•crsal, ide1ltifica.do com o sol. A este res- cluslvamencc ·•regime noturno do espírito".
peito. E. Scnatt, own livro que levântou celeuma ao apare«r.
tentou mesmo reduzir a bioa1·afia de Sakyamuni a uma seqüên-
cia de alegorias solares. A tCSC'.eta, evidentemente, demasiado ab• 46. Os li e.róis solw:s, ()S JMJ10S, os d.ritos -Numer.osas hie-
soh ata.n expressão, tl'.las :não deixa de. ser ,•et'd.ad.e que.o eh:ntc".n- rofanias ar<:aicas do sol têm-se conser,oado nas 1radiçôe$ p0))4Jla•
to sotat predomina na 1C'nda e na aJ)OtOQse mítie3 de Buda9". res. 1na.is.ou menos. in1egJad.1s ttn outros siittinas religiosos. Ro-
No entanto, no quadro do budismo, oon10 de resto no de das de foa:o Que faxcm desctr das ahuras, nos solsticios. en1
todas as misticas indianas, o Sol não assume invaria,•cl.mentc o especial no do verão: procissões medievais de rodas transporta.
papd suprtmo. A fisiologia mistica.lndiana,sobretudo a Jog.a t das ent carros <,>ucm barcos e cujo protótipo se perde na pré-
o Tantra, atribui ao Sol \lDl:t região ''fisiológica" e có$mica de- bistória; o eostumede- amarr.tr homeos a rodas 100 ; proibição t'i•
terminada. oposta â da Lua. E o objetivo oomum de todas as tê<:· 1ual de se faz« uso da roda em certas noites do ano (por ocas.ião
nicas misücas indianas não é obter a suprernQcio de um dõs dois do solstício do in,•erno), outros coswxnes ainda vivos 11.3.Ssocic·
centros côs1ujco-fisiológ,icos mas, pelo contrArie>. 11nificd·l()S, ou dltçles camponesas. europêias (Fortuna, a "roda da fortuna''. a
melhor, realizar a rein1e:groçãô dos dots princípios potures. Esta. ••rocta do ano". de. ), ou1tos tantos usos que traem utua cs1rutu-
1nos aq1.1j em presença de uma das máltiplas variantes do mito ra solar. Nilo pode1nos pensar' em abordar aqui o prob1en:ta das
e da metaHsica da reintegração, na qual a polaridade tecebt uma suas origens históricas. Lembremos, contudo. que. desde- a Ida-
formulação cosmolóaica Sol-Lua. s:etn dúvida todas csta.ç t6cnj.. de do Bronze. existia, no norte d;i Europa, um mito do cavalo
t.as m\sticas .são apenas aoessiveis a uma inf1111a minoriª cm rela- (,10-So-J•ó1 é que, oomo mosuou R. Forrer no seu estudo wbre os
ção à imensa massa iL1diana, mas isso nào implica necessariamente c rros cultuais pré-históricos. estes, criados para reproduzirem
que elas traduza.to uma "evolução"' em relação à religião desta o movimenlo do astro, podem ser tidos-por protôtip0s de, cru:ro
massa, pois que os próprios •·ptimil ivos" nos o(trec.e,u a mesma profano•oo..
íórmula Sol-Lua da reintegração . Rtsnha., pois, simplesmente Mas estudos coto os de Oskar Almgren sobre os desenhos
daqui que 35 hierofanias solares. à .semelhança de qua.lquer ou- rupestrd pto1o•Lris<ôricos do norte da Euro1Xl ou de O. HoeOer
tra, eranl suscetíveis de valorização e1n planos muito diferentes, sol)re as sot."iedades secretas gerlnârucas da Anú8\lldade e da .ldade
sem que a s.ua estrutura rivesse de acusar 01n::i aparente ''c."ôn- h(édja tomarn1n manifesto o caráter con11>1exo do ''cullo solar"
tradiçl\o >'. nas regiões ieh l'ltrion:;ais. Esta comple.,.idade não Çexpliclvel pot
A supremacia ttbs.oluta - ooocebida de mai1cirn unllateral coo.lescências ou sínteses hJbl'idas. pois que a eocootl'atuos nomes-
e slmpLista - das hie,ofanias wlarcs conduz aos Q:OC$SOSdtffl.S mo 3rau nas s«icdades primitivas. Ela deouncia, pelo 0001.rário,
seita.\ ascé1icas i.ndianas cujos 1netubros não dei:<aru de fixar o o caráte,r arcaico deste culto. Ahn.grtn e HoeOer demonstraram
Sol atê a oe.guelra total. É caso pata se: fa)a,r aqui da ••secura" a simbi.osc dos elC'mt:ntos solares com ekmeutos de culto funerá-
e da "esterilidade'' de u1n regin1e exclusivainente solar, quer di· rio (pot exemplo. a Caça Fantástica) e ct6nico-agrário (fertiliza.
zcr, de um racionalismo (no sentido profano) limitado e excessi- ção dos campos pela roda solar, etc.). E há já bastante tempo
vo. o "" siméttloo é • "d«omPosição" 1x:la "umidade" e a Mannbardt, Gaidor e ftaz<I' mos1r3ram a in1ogaçâo l1o wmplcxo
l T(U rADO DE HISTÓRU l>.AS l!BltOtôes O SOL E OS CULTOS SOLARES 125
.rolar do ''M<l'' i!c:la roda da fol'.tUoo 1:,1.a.1nagiae namissica aar;i, a uma epifania d.o astro; a sua estrutura e o $eU mito não se con-
ria das cre11ç11s européias antigas e do folclore mode.rno. finam à manifcstaç-ãa pura e simples dos fenômenos solares (au-
O mesmoOOJtlpJe,w cultural soJ.fccundidade-herói {ou repre rota. raios solares, luz.. crepúsculo, etc.). Um herói solar apre.
11Ulnte dos mortos) reapar&:::e mrusoo tn(nos in1ae10 .?tn onua.s senta sempre, além disso, uma ''zona obscura'', a das suas rela--
civilitaç:êcs. No Ja o. por exemplo, no quadro do u."Jlârio ri- ções cotu o mundo dos mortos, .a iniciaçãó, a fecundidade, ecc.
tual do ''.\IUit.uue•, (cen que Cll$10ba.eftmentosdc cµl Q ÇlÔ• O mito dos heróis solares apresenta taO'lbem elementos que- de·
rt1rio), realiza se. lodos os ânos.. a vi!Sita de g1upos de ;o.. p'endem da mistica do sobefartO ou do <lemluJlO, O he.rói "sal•
, 1u de: cara sarapintada, chamados Oi "Diabo$ do Sot 11; estes va." o mundo, renova-o, inaugura uma no,•a etapa que tqui.,.ale
jovens, que vão de hcrd.ack et1.1 herdade para assegur,rcm a ferti· por 'tc:7.cs a uma"º"ª organizaçâo do universo, quer dizer. con·
lidtde da te1.ra durante o MO (lue cht",ga, rcpres:aram os an1e- s.crva ainda a herança d-cmiúrgic.a do ser iupremo. Um.l carreira
pà "ad0$ (isto é, os ''mócto.s u ) solas:c.s tQ3 . Nos cetimoniais curo• coroo a de l\1lthra, originariamente deus oelesle, depois -solar e
v.e,is, o lançamento de rQdas de fogo por ocasião dos solstícios. mais tarde sr,ter na quaHdade de Sol lnYiCIUS, e,cplica,se cn1 par·
assim como outios usos análOgos, desempenha provavelmente te por esca função de1niúrgica (do touro abatido por Mithra saem
t11mbê1n utna função mágica de restauração das forças sof31es. sementes e plaot.aS) de oraan.izador do o.1undo.
Co111 efeito, nas regi do nor1t.. :a tedução CfC5cente dos dias Outros motivos ainda se opõem. à re<lnçâo dos heróis sola-
à medida que$? apro:ilina o S-o ti'ei:o do iO\'erno inspira o temor res às epifanias do astro, tal como a mitologia "naturalista'' a
de qve o Sol J)OSsa extinguir«. 610 outt.i.s regiões aconteoe que _pratioou. B que qualquet "fornl.l :, , reliaios.l é essenciW1.1cnte ''im·
1.e estado de alarme se tradw:a em ..,iscks apocatir>tka'l; a q_uéda r.w:riaUsta" e assimjJa continuamente. á substância, os atributos
ou o obscureán1tnto do SoJ são tidos como si.aai:li do fim do muo• CO$ prodía;ios de out ''fol'mas•• religiosas, mesmo muito dife.
· qiJer diier, da cpnc:lusão do ciclo oósmioo (seguida, na n1 rentes. Qualquer "forma,• reU3i.osa vltoriOS.1, tende a qoer SIC'f
ria dos casos, de uma nova oosmog'Onia e de uma nova raça hu- tudo. a esteuder a sua jurisdição à experiência religiosa inteira.
mana). Os mexi(anos nseguravain a perenidade do Sol sacrifi• De maneira que - não 1enhrunos d vidas - as "JOrmas" ,eli·
candô-lhe con.stant<!mecle prisioneiros cujo sangue se destinava giosas (deuses, heróis, cerimônias., mitos, etc.) <le origem sol.lt
a renovar as enera,ias fraquoc,idas do astro. frus a sua religião q·oe tiveram utna c.,rreira vitOri0$!1 englobam ns. sua estrutura ele-
está toda ela jmpregnada de um son'lbrlo terror da catástrofe OOs• mento! cxtrinseicos. asshnilados e iruegrados pelo próprio jogo
mica ptrlódiea. Pode-se4he ofer,eer todo o satijue que ·1,·4u da sua t.)(l)lns§o imperialista.
ser, virá o dia em que o Sol cairá. O ;ip lipse faz parte do pró Não ê uossa ltueução concluir es1a morfoJogia suc:in.ta das
prio ritmo do unh·.erso. hicrofanias solares com uma \'ÍSão de ooajun10. isso equivaleria
Outro conjunto nt.ítioo importante-é-o dos ''heróis solares" a rtto1nar os princi 1,ai,.s tcn1as sobre os quais te-mos insistido no
fam.iJjares sobretudo aos pa r.ores uô1nades, quer dizç-r, a raça; decurso da exposição: solariz.ação dos seres supremos, relaçôe$
nas quais se ro:rutar!o, ao longo d:a. história, as nações i::hama· çlo Sol com a erania, a iniciação, as elites. a sua amblvalên·
das a "fazer hiscórla''. Bnoontramos estes heróis rotares enrre os eia. as suas cel.açties co1n os mortos, a fecundidade, etc. N-o e:n·
f)GStores a(ricanos (os hotentores. O! herrcro, os ma.sais. por taulo, \•ale a pena sublinhar a afinidade da teoloa,ia solar oom
exemplo 104), entte os ,u:rco-moogóis (por cxen1plo, o herói úes- as cljtcs, quer $C'trate de soberanos, de iniciados, de heróis ou
scr Kh.an), entre os judeus (Sansão) e sobretodo em todas as na• de filósofos. Ao oootrário do <nse acontece com as outras hiero-
ções iodo-européias. O que se tem e.setito sobre os lTiitos e ;)S len- t'anias cósmicas, as hiecofanlas oolar,e:s têm tendência para setor•
das dos heróis solares4!1,che bibliotecas e tem-se ido lon.ge na busca oarenl pri\•ilégios de circulas fechados, de uma minoria de ''eki-
de seus vest(iios. Não se deve condenar totalmente esta mania tos' ', o que tem por efeito encorajar e precipitar o seu processo
solarizaoce. Não há dthtida de que, <:m dado momento, todas as de racionalização. Assinülado aQ "foao intelia.ente". o Sol aca•
etnia\ de que faJ.am..» conhe«ram a voga do "hetói solar-''. De·ve- ba, com o passar do teu1po, por se tomar, no mundo 31'tco-,.
se, no entanto, evitar querer reduzir, a todo cusco, o herói. solar romano, wu prlncfpio cds,,u'co; de hierorania transrorma-se cm
126 TRATA.DO D E IIJSTÓRJA DAS R.E.LJC!ÓES

idéia por um proccs.w anâlogo ãquclc a (l\le dlveroos deuses uta-


nianol) estiveram $Ujcito-,. (l-ho, Bratunau. ele,). Já Heráclito Sa·
bia que "o Sol é novo todos os <Uas". Para Platão, é- a imagem
do Benl 1al corno se manifes1a na esfera das coisa5 \•isivcis1os ; na-
ta o.s ótf.oos, é a inteligência do mundo. A raeiona1i o pro- IV
gride de par co1n o sincretismo. t\ laçró l;,i9 lM redui i Wl(.O ro-
1

lar toda a teologia e identit,ca ao Sol .Apolo, Dioniso. fatte. ?-iíer-


cUrio. Esculápio, Hêrcu.lcs, Serápis. Ot"'fris. Hórus, ;\donis_, Nê- A Lua e a mística lunar
mesis, P.à, Saturno, Adad t a1é Jápiler. O imperador Juliano,
no seu 1,a1ado Sobre o Sol Rei, P.roclus, no seu Hitto ao $()/,
fau,n a valodtação sincrétioo-racionalista do astro.
Estas últimm homenagens ao Sol, no crep\iscu.lo da Antl.aui-
dade, não são absolutamente desprovidas de.slg.oificaç o; são pa. 47. A l.11a e o T e 1 o p o - O Sol permanece se1npre igual, sem
limpscstos que permi1em decifrar ai.Ilda, sob uma nova escrita 1 qualque r espêcie de "devir". A Lua, em contrapartida, é um as-
os ve.st{gios da) hlerofanias aulê.ntic:as, ateaicas. A título de. sim· troque cresce. dettesl-e e l).."llfeoe, um astro cuja vida está sub--
pies ci,açllo basta 1nencionar a condição de. dependência do Sol metida à lei ULt.ivetsal do de.vir, d o nasci.inento e d a morte. Como
em relação a Déus, que lembra o nlito primitivo do demiurgo so, o homeu,, a Lua ten1 uma ''história" patética. porque. a sua de-
larizad-o, as suas relações com a fcc n<lic;lade e o dr.una veaecal, crepitude, como a daquele, termina na mone. Ourante três noi·
etc. las, de maneira geral, wnios 3i apenas unta pálida imagem teso céu escreladofica sem Lua:. (\.'las esta ;'mane" ê sea:ui<la de
do <1uc outrora significaram as hierofanlas solares, imagem que um re,nascimcnto: a "lua nova•'. O desaparecimento da Lua ua
chega acé nós cada \t'z mais dei:botada pelo racional mo. Os Ul- obscuridade_., na ••mone''. nunca é dcfiniti ·o. Segundo um hino
titn0$ "eleitos··, os filósofos, oonseguiram as.tjm dçssacrali1,a:r uma babilôni<;o dirigido a Sin, a Lu.a é ''um fruto que cresce por si
dás nuü.s poderosas hierofanias cósmicas. mesmo"1. BJa renasoc da sua própria substânc.ia, cnJ virtude (lo
seu próprio desti.oo.
Este eterno retorno às suas formas iniciais, esta t,eriôclicida·
de sem fim famn com que a Lua seja, por exce)ênCia. o astro
dos ritmos da vida. Não ê, pois. de surpreender que cla co1urole
todos os plano oôsnlioos regidos pela Jei do de,·ír ciclico: águas.
chuva, vege1ação, fertilidade. A s fases da Lua revelaram ao ho·
mem o ccmpo·concreto, dis1int.o do tempo astrQnô1nico, que só
posteriormcnce foi d('S(Oberto. O sea1ido e as virtudç.s; 1uãaicas
das fases da Lua eran1 já delinitivamcn1e conbecidos na época
glaciária. Enoontra o simbolismo da espiral, da serpente e do
(aio - derivados todos da intuição da Lua oonsidcradn oomo nor·
nla da naudança rítntica e da fertilidade - nas culturas da regjâo
gtaciâria da Sibéria 2 • O tentpo concreto era, sent dúvida, mcd,i-
do por meio das fases da Lua. E , aioda nos nossos dJas, certos
pov0$ nômades que vi\•em da c- ça e da reoolecção (Jaeger.und
San, mlervõlkcr) $() utiliza1u o t::alcndário lunar. A mais aotis.a
raiz indo•ariana r ativa aos asc,os é a que <ltsi.ana A Lual: e a
128 ·TRATADO DI! HISTÓRJA DAS RELIGIÔ/!$ A LUA E A AlfSTICA LUNAR 129
raiz. me, c.m sânscrito mâmi, ••eu meço -'. i-\ Lua é.o i:n.s1runu:nto não implique. a totalidade dos valores setêoicos jl\ revelados na
de medida uni\'crsal.. Toda a t«rnlnologia rclali"a à Lua nas Un• éJ)()ca considerada.. Em qualquer fragmC"t\tO está presente o 000•
guas indo-européias deriva d.es1a raiz; mâ:t(s!inscrito), mblt (avés- junto. 1\ tSpiral, Por e,'Ceo,plo, cujo simbolismo lunar já era co-
tico), ,tt(lh (velho prussiano), 111t1111(lituano). 1t1éno (gótico), 1ué- nhecido na época glac.iária. refere....se às fases da Lua, mas oom·
11e (grego), ,nens'is (lali.1»). Os ,german°'5 mediam o 1empo seguo- preende iguahnente os prcstíglos eróticos deJivados da analoa,la
do a noite..t. Vtst(s:io$ deSta medida ar,ealcn encontrtUn•Se ainda vulva-çonçb , tal como os prestigióS aquáticos (Lua = oo-ncha)
nas tr&diç s popular(s-européias: cenas festas s!lo cc.lcbradas de e os da fertilidade (dupla \'OhUa, chifrn, etc.). Uma pétola usa·
noi1e. oonlO, por exemplo, a noite de Natal, de. Páscoa, de Pen• da .à j.\tisa de amúleto solidariza a mulher com as vlrtµdes aquá-
tccostes, de S. João. (te.' ticas (concha), lunares (conçba símbolo da Lua, criada pelos raios
O tempo controlado e medido por meio das fases da Lua é, da Lua, etc.). eróticas. genesíacas e embrioJó,,lcas. Uma planta
como diziamos, u1n tempo «vivo". Refere-.se scmpte a uma rea- medicinal concentra en, s.i a tripla eficiência da Lua, das águas
lidade biocósmica. a cbu\•a ou as marês. as sementeiras ou o ci- e da vegetação, n1esmo qoe só uma dessas virtudes esteja explici-
<:lo menstrual. Segundo o ritmo lúnM ou sob a sua influencia tainetlte presente na oonscii:ncia daquek que a. u1Uiza. Cada uma
coordena-se toda un1a série de fenômenos dos mais dhrersos. "pia· deMaS viJ1udc$ ou eficiências submete-se, por suil ,,tz, a u1n nú-
nos cósmicos." O "e s p írito primJlivo'", tendo penetrado as "vir- mero i.ctiportante de "planos•·. A vegc:tàÇào, 1,or exemplo, ln,-
1udes" da Lua. estatxte,ce relações de sin1patia ou de equivalên- pliQ as idC:ias de monc e de rcnasc.lmeoto, de lu e de ob1>curida.
cia entre est.aS séries óe fenômenos. Ê ass-iu), por exemplo. que, de (cons.ideradas como zonas cósmicas), de fec1,1ndidadt.e de opu-
desde tempos muito remo1os, lo ,nenQS desde a épc,x:-a neolíti• l@OOa, ete. Não existe sitnbolo, entblcma ou eficiência monova•
ca, ao mesrno tetUJ)O que a 4escoberta da agricultur ,, o mesmo ltnteS ou singularizados. "Tudo se equilibra'', tudo se 11$a e cons-
s.imboUsnlo Uga entre si a Lua. as águas, a ch\lva, a fecundidade titui um coujunlO de estruu.1ra c6csmica.
das mulheres, a dos aninlais, a vegeHlçâo,.o destino do honlt.i:n
apó$ a morte e as cerimõniáS de iniciaçtio. M sinteses n,cntais
q,1e a re"elaç.'lo do ritroo lunar toruou possível fazem corre$J)OD• 48. SoJid:ir1Wade das t.':J)ifi:nf::as lu11ari!S- U1n.oonjunto as-
der e uÕificam re:aUd.ades heterogêneas: as suas simetrias de (S· sim otto pode, C\'identen1ente, ser apreendido por um espírito ha-
trutura ou as suas analQgias de funcio111unen10 não t(.riatn podi· bituado a proceder por análise. Mesrno a lutuição de q é capai.
do· s:er descobertas se o hocnen1 ''pri.rllitivo" nn.o tivesse intuiti• o homem moderno não pode surp.1ecoder. toda a riQuc.za de ma.
"ª'ue.1ue pc::rcebido a lei de variação pe1íódica do astro. co1no o üzts e. de corrcspon ncias que uma rtalidnde (isto é, sacraUda-
fei. muito cedo. de) OOsmica quaJquer implica na oonsciência do homem arcaico.
A Lua mede, mas também uniflca . As .suas ''forças" ou o Para este, um símbok> lunar (um a.nluleto, wn sinal iconográfi-
seus rluoos "reduzem ao rnesn\o denominador" uma multidão co) não somente fixa e OODC(ntra todas as forças sdênlcas que.
infinita de fenômeuosedesignifi1,;açõoês. Todo o COSJllOS se toma agem ena todos os pia.nos cósmicos como também. pela eficácia
transparente e submisso às s\las ''leis''. O mwido deixa de S('.f do titual, o coloca., a ele, homem, uo centro dessas forças, ía-
um espaço infinito animado por J)res,c-nças heterogêneas e a\ltô· 1.cndo cresoet a ua "ítalidade, tomando-o mais real; garantindo•
nolnas: no interior de5'e espaço <UStioguen1-se coordenações e lbe uma condição melhor após a morte. Somos obrjgadoo a in-
equi'lalências'. Nllo, bem (tttendido, pOt' meio de uma análise ,a. &í.ulr uo caráter sintético de todo o ato religioso arcaico (is..to é,
cional da realidade. 1n:t.S por uma intuição cada ,•ez mais distinta todo o ato q11e tem u,na sianificação), para evitar o ri.s«J de se
do coojunlo. Se cll'.islem séries de oomenuirios rin1ais ou tnhicos COU\J)Jee.nder (lnálftico e cu,nlllall,•u,nente..as (unções, \/Írludes e
late.tais, desligados de uma fon.ção bem determinada e de crno atributos da Lua que vamo.s estudar nas páginas que se seguem.
modo especinlizada, da Lua (por t,xemplo, os s,ercs míticos luna- mos forçados a separar em frag.n1entos o que e e permanece
res com um só pé ou un1a só mão J por cuja ma.aia $Çpode faur sempre inteho e a e,Xl)lk..;tar causalrocnte-o que foi pe-rçebido in-
chover, etc. ), não existe n.:-nhum simbolo. lit1.1al ou mito Junar que tujÚ..,.amt-nte oomo um conjunto. Uiilluamos, as.sírtt. tis xprc-s-
130 'rRA'TADOI>E /.,/$TÔRIA DAS RELIGIÔl!S ,.t LUA E A ,WfSTICA LUNAR 131
sõc.s • p o rque•• ou " a fim de.que" c-.nquanto na consci€nc:ia do Nâo tem, para nós, muita.importância detern'li.nar se nos eu•
ho1ue.o1 arcaico o <toe llie cor sponde t "da mesuJa msoçira" <:ontramoo t nas l11'6nwra.s crenças lunar<:$, perante uma adoração
(por exemplo. di:;:ffllOS: pôrqueá Lua COtltrola as-á9uas. DS plan- do astro ·propriamente dito-, ou de t1ma dJvinda.de que habita a
\.35 estão $Jbp1c1ida.i a ela, etc., quando, de fato, deveríamos di· Lua, ou de utna 1 r1>oniíicação mltica da Lua. A adoração de
ter: da mts1n11 Puin.tlra as pJancas e as áa;uas estão subme1idas um objeto cósmico ou 1eh1rlco por ele mesmo não existe na his-
a ela, etc.). ló/iª da-s rcligiões. Um objeto sag.rado_. quaisquer que sejam a
As u,·irt\100$11 da Lua dcixanrsc descobrir não por rodo de sua tonna e a sua subst!t.ocia, C-sagrado porque revela a rea/JdQ-
unta sérit de esfor s de análise. ma:s por in,u.lçâo; ela :re»Y!la•se r/e última oU porque participa def. . Todo objeto religiQso "en·
cada vei: mais totalmente. A$ analogias criadas na oonsciattciaar- carlla" se.inpre alguma coisa: osagradtJ (i-§ 3 s.). 'Eocarna--0 pda
caica $ão o«rueso das co,n a ajud.3 de símbolos: por e;<e01plo, sua l'ácukladede ser - con10. por exemplo_. o CC'u, o Sol. a Lua.
a l..ua aparece e. desaparoce; o caraool mostra e esconde os cor- a q'crra, etc. - ou tntão pela sua forma (quer dizer, J)Or simbo·
nos; o urso dcsaparo;c.c reaparece; de.ste modo, o earacol torna- lo; por exemplo, a esl)iral-caracol) ou ainda pOr Ultta hierofa.o.h1
se o lutar da ttofani.a. lunar, como 11a 3nliaa rel.iiià-0 mexicana (um certo lugar. wnacerta- pedra, ecc., tomam-se sagrados; um
em que o deus da Lua, Tocçizteca.U, é representadó dtnlrO de wna cesto objeto t "sant.ififado1' , ''0011sagrado" por u1n rituaJ, ixlo
cond,a de cm-acol': tor.na-se, ass.im. an1uleto, etc.; o urso contato de um out.ro objeto ou de uma pessoa '' s a g rados" . ecc.).
transforma-se <m anlepassadÓ da espécie humana, porqtie o ho• Porconstguinte., 1.a.mbétu a Lua nunca foi adorada err1 si mes-
mero, que ten1 u1n:i vida :;emdhante à da Lua, só pode ter sido 1110, n1as no que d a revelava de. sagra.do, q1.1er ditet, na força <l\le
criado a pru-lir da nN!Sma substância ou _pela Ol,&ia deste- astro está oonoertlr.lda. nela, na realidade e na vida inesgotá,·cl que ma-
das realidades vivas, etc. nifesta. A sacralidade lunar era conhecida, q1.1er de uma maneira
Os sí1nbolos vatori·zados pela Lua $1/o, ao mesmo tempo, a Imediata na hicrofania sclénica, quer nas forn1as ' 1ctiadas" por
Lua.. A pirai é, simultanear:nenLe, urna hietofanla selênk:a, quer esta hierofanla durante tujJênios, quer di1,.er, nas representações
dizer, o ciclo luz-01)$(.:uridade, e tsmbém utn sinal pelo qual o bo· a que dçu origem: pcrsonific.1.çõêS, sin1boJos ou ntitos. ,\s difc-
mero pode asshuílar as vJrtudes do astro. O raio é, iguallnent.e-. renç-.as entre es,as formas não cabe:m neste capitulo. Cotn efeito.
uma crdtofania lunar, pois que o seu clarão lembra. o da Lua e aqui proéuramos em prinleiro lll&,.-'\1' des,•end3I a hierofania lu-
anuncia a cbí1va., que ê conuotada po:r ela. Todos e1>tcs símbo- nar e wdo o que ela itnplica. Não temos mesn10 necessidade de
lOSJ h.ierofanios; mi!OS1 riluais, runulelOS1 que pod.e1nos. para 111W1r iLUistir exctusivrunen e DO$.documentos manifestamente- ''sagra·
um termo cômodo, qualificar de lunares. constituem um todo na dos", cômo as di\•indades lunares os l'ituais e os mi1os que lhe$
oonsci@nc.la do home1n a ico; esti'lo ligados por correspondên· .stto consagrados, etc. Para a <:onsciência do homem arcaico,
cias, analogias, partici p a ções, como uma rode c-ósmita, um imenso repetimo.lo. tudo o que tinha Ull}a sigoific.acão e se referia à rea·
tooido oo qual tudo $ C mantCm e nada estã isolado. Se procurás- !idade absoluta tinha um \'aJot sagrado. O shnboLismo da pérola
.sttnos ,esumir nún1<1. Córntula '61lk:a a ruultiplicidade das bierofa· o(l do ralo reveJa nos o carárcr rcli,gioso da Lua com tanta txali-
nias lunares, poderíamos dizer que elas rcvdam a vidd que se re· dão como o estudo de uma divindade lunar e.orno o dcu.1> babilô-
pece ritmicao,ente. Todos os valores cosmoJôgicos. mágicos ou nico Si.1.1 ou o de uma divindade sclêrúca como Hécate.
religiosos da Lua. se explicam pela sna ruodalidad.e de ser: isto
é., ela e •·,.·iva" e inc:;gotãvcl na sua pnSpria regeneração. Na cons-
ciência do homem arcaico, a intuição do destino cósmico da Lua 49.1\. Lua e as â11uas - Não scS p0rque estão submetidas aos
tquivale à instauração de uma a.1uropolo3ia. O hc>1ne1n reconhe• ritmos (chu\la, oi.arê), nt-as tronbêro porque são germinativas, as
CCU·!ie na "\·ida" da Lua, não somenle porque. a sua própria ,•i. águas são cóm;1ndatlas pela Lua. ,cA Lua. esc nas águas"7 e ''da
da tinha 1.1m fim., como a de todos os orga·ni1>mos, mas sobretudo Lua vem a chuva"3, eis dois motivos de fundo da esp«uJaç;'!.o
pe>r(Jue ela tomava válidas, araças- à. "lua nova", a sua sede de indh1,1a.. O 11ome Apàmnapãt, o "-filho da á,gua", era.primitiva-
regeneração, as suas e.s()('rnnças de . '1ena.sdmen10". mente o de um espírito da vegeiaçiio, mas mais tarde foi aplÍCll·
132 7/t47A.D0 Dli IUSTóRtA JMS RELJ(]JÔBS A LUA E A. IISTICA lU.VAR 133
do igualmente á Llla e ao o t c w tu1t:ar. o som.a. Acdlils1'.lr AUâ• \•tic:s, dte sobrevivente - homem ou mulher- desposa unt ani•
hitã; deusa iraniam da$ áglWS;. era iam);,cm uma deu lunar. Sin, mal lunar que se torna a Jm o antepassado mítico do clã. as.
deus babilôrúC() da Lu.l., oomanda\•a ·igualmctrte as águas. Um hi- siro que wna lenda dayak contai como uma mulher foi a única
no evoca a sua fecunda tp!fa!Ua: "Quando ta. vogas nas águas sobrevivente de um di16vio provocado p:ela morte de lu11a enor.
semelhante a um, bar,ca ... o pu1'0 rio Buf1ares sacia•se de á- nte bo-.i., "ao.hnal lunar'', e deu origem a uma humanidade.nova
3ua ... ,,, Um tc:xto do ,,.Lang,dom Bpic'' íala do lu,ttar ''de onde pelo.seu acasalamento com um cão (mais cxaramcn1c oom um pau
Ouem .as águas da Stiá matri.t, do r.:sttvatótio d.:i Ltta."'t. de produzir rogo desicobeno perto de wn ctto t' ).
Todas as divindades 1unues coruerv:uu mais oo nlenos n1a• Das muitas \1ali aotes do mito diluviano, releremos -apenas
nifestos atributos ou íunçÕ($ aquática$,. Em cen()s PQ\"OS sme- uma \•ersão australiana (tribo Kurnai). Um dia, ,odas as águas
r(ndios, a Lua ou a divindade lunar ' ao me!!mo te1np-0 1a divin- fora,n engolidas por unH rã monstruosa, Dak. Em ,•ão se esfor·
dade das á;uas: ê o que s.e p.us'1. lO t,.,té:x.ioo, entre os iroqueses. am os animais sedentos em fazé.Ja rir. Foi sô quando a co•
Uma tribo do oenu:o 00 B1Mil nomeia ''Mã:.das 1 \ i ; u a s " a filha guia (ou a serpent.e) se pôs a enrolar-se e a torcer•se que Dalcde-
d.o ·deus da Lua. 11. A pri!pósíto de- crenças dos anligos mexica- .saton a 1·lr e que as águas. esg.ui.ehaodo. J>fo,•ocara.m o dilúvio* 1•
nos relatjvas à Lua, HSeron.vmo de Cbaffi(J 576) cUzque. segun- A 1ã é Uln animal lunar. porque numerosas lendas falam da rã
do eles., ''a Lua faz crescer e- multiplicar.toda.s as coisas ... ···e- que que se ve.na Lua 13 e porque ela s1, se11re presen.ce tm Lll'úme.
"lodas as umidadc:s lhe eúãô s.ubn, tidM"ª· A relação (:J]tre a ros ritM tenden1es a prO\'oeat a ehuvat . O padre Y..'. Schmidt
L1,1a c as mirés observada pelos ireios e pelos c:dtas é !,a:uabnen• explica o mito australiano pelo fato de que a lua nova faz parar
te oonhc:clda dos maori!i da Nova Zclãndia'l e dos esquimós (as o cur;so da águas (Dak, que .i..ncha). Eofim, \Vinthuisll, com·
dJvllldades lunares eômandam a:s marés)H. batendo a interpretação de \V. Schmidt., vislumbra um sen(ido
Desde lempos 01uito recua.dos se obser\13 que C-ho\·e nas m\l• r6tico.ncste mito da n1 Dak. rs.10. aliás, nào hlvaUda de forma
danças.de Lua. Uma sêrie de personagens mítkas, pert.encendo aLe:um.a o seu caráter lunar oent â função antropo16giea do dihi·
a culturas 1.10 di\'trSllS coo10 as eulturas bosqu(mana, me:<icana, v:io (que ''cria" uma humanidade nova, regeoerada).
austra.li . sa toieda e ch.ine a•s, car::icteriza-se pelo seu po4er Ainda na Austrália. encontramos \lma outra variante da ca·
de fazer vir a chuva e. por ta um só pC ou uma só mão. Hentze tási.rofe aquática -provocada pela Llla. Esta pediu, um dia, a um
p'"°vou sob·ejame!l(ea soa estru.tura lunat. Por 9µtr0Jaclo, os sfm. homem peles de opossum para se cobrir porque era noite e fazia
bolos sdênicos abundam na 6\13 ico11ogi:afia, e seu.<; mitos, ass.im fDo; uet'anle e recusa do home:m, a lun t para . vingar, fez cair
uma chu,•â tonenciaJ que submergiu toda a 1'q;iào". Tan1bérn
oomo Sê'us ri los, tê-m um áter lunar. Se as :lguas e a chuva são os .mexicanos sabem que a Lua, .sob a aparência de uma mulher
comandadas pela Lua e se distribuem quase.sempre de aoor<lo
jovem e bela, prov«.:ou o c.ataclismo n . 'las unut «lisa dC\'e ser
contas normas- qucrd.izer, $(gunctoo ritmo lunar-, as catás retida en, todas estas catâsuofcs causadas pela Lua (.a:eralmente
1rofes aquáticas, em contrapartidá, mattifestam o outro aspecto causadas por u1na afronta feila ao tro, ou por ig n orância de
da Lua, aaeuce de destruição peõódico das "'formas'' e$8,0t.ldas uroa inlerdição ritual, etc., quer dizer, por um •'pecado'' que de•
e-, poderíamos diié..fo, de r(gencraçâo, no plano cósmico. nuncia a decadência espiri,11al d humanidade. o abaodono das
O (ljlúvio corresponde aos três dias de obscuridade de ''mOt· norn,:lS, a dlsjunçllo dos ritmos cósmicos): é.o mito da reg n.era-
te" da Lua. É um cataclismo, n>as 11uru:a definitiYO, pois que se ção. do aparecimento de um ºho,mem novo". Vamos ver Qtte es•
cumpre sob o sig_no da Lua e d3.S.Água.,;, quer di1.er, sob o signo u: mito cabe pc-rfcitamente no ()U.ldro das funções·soteriológicas
d aertninação e da teg,eneração. Um dUiívio só desltói porque das águas e da Lua.
as "formas•• estão oonswnidas e es9olad;lS, ll'las a ele seguem-se
sempre uma nova humanidade e unia nova histõria ( 72). Os mi·
tos dilu\'ianos, na sua graode maiorla,, tevelam conto sobrevi·veu 50. A Lua t a vege1ação - As relações entre a Lua, a chuva
um únieõ it1div!dlló d<>qu•I d •nde • nova humaoió•d•. Por e.a vegeiaçào j ! tinham sido ob$trvadas antes da desoobena da
TRArADO DE JIISTÓRIA P.1\S F.EJ.10.tôES A LUA E A ,W/STICA LU,\/AR 135

a.sricuhura. Da 1oesmi fonte de fertitid:adt tinivers.il dtri\'a tam· multanea1\\en1.e, in:ona/ 1 é conhecer a morte conlo un1 repouso
bém () mundo das.plantas. subn>etido à mes1na periodicidade e uma ret;,eneraçâo, nu.llca como um fim. Ê c:om este destino que
orientada pd.()$ ritr.nos lunares. É pelo calor dela que cre!'AXftl as o·homcm procura solidarizar.se po:r n\ocio de todos os ritos, sím-
1>ln1. di1 um lf!.\(t"O iraniaDo?'. Certas tt'Íb«>S brasileiras bolo.se mitos. Ritos, símbolos e mitos nos quais, êo1no vi1nos.
chatuam-lhe ;'Mãe d.'U Ervas 1•U e em rnuit0$ lugares (Polinésia, coexistem as sacralklades da Lua. d:is águas e da \·egetação, quer
f\1olucas Melan sia, O)ina, Sué;-ia, ttÇ,) ac:re4i 0 ç que as er- estas ,íltimas derivem a sua sacralidade da da Lua. quer consti-
vas cr(Seem ua lua'M. Ainda nos no$sos dias os cao\pol)escs Luam hierofanias autônomas. Coroo quer que. seja, enCófitlâMOS
franceses seineiam pela lua nova, mas podam e colhem o legu, sempre.uma realidade 1Utlma, fonte de fotça devida, donde saí-
mes quando !l Luti eau em quarto nLinguanlel?, se:tn d,lvida pa· ram, dire1a1nente ou por especial graça, todas as. formas vivas.
ra na.o contrariarem o ritme>oósmico con1 a destruição de \Utl or• As correspondências e: as jdeotificaçôes descobertas entre os
ga.ninno Vi\'O qu::indo as forças estão ,em cresci1.11cnto. diferentes 1>fanos oósmicos submetidos aos dtmos lunares - c h u ·
O vinculo orgíu ico en1te a Lua e a vegetação é tâo fone-que \'a, vegetaçlio, fecundidade an.imal e lunar, espíritos dôS morcos
grande nún)efo de.deuses da fectWdade são, ao mesrnõ tempo, - e s t ã o presentes até numa reUg.itio.tâo rcaica quanto a d pig·
di\•indades lunares: por exe1nplo, Hath.or, lshtar, divindades egíp- meus. A festa d:i. lua nova entre os pigmeus da África 1eni luaar
cias, e Antii1i.s:, divindMe iraniana, etc . E.m quase todos os deu- um pouco antc:s da estação das chuvas. , \ Lua, a que chamam
ses da vegetaçto e da fecu.rididade e>:istetn rcsquicios de atrlbu• Pe, é consider.ida como uprint.'.lpio de gtraçâo e mãe de fecuodi·
tos. e poderes lunares - ntesrno quando a sua ·•ronna·• divina dade 1·28. A festa da lua nova é exclusivamente resef"•ada às mu.
se.tornou efelivamen•e autônoma. Sin é, ao mesmo tempo. o aia• lheres, tal como a do Sol i e.xctuslvan1en1e celebrada por ho
dor das plantas. Dic>Jliso é deus- lunar e deus da \'eg(tação. Os(ris meos.211. Dado que a Lua t, ao mesmo tempo. umãe e asilo dos
acumula todos os at:ributos: os da Lua, das águas, da vegetação fantasmas" 1 as mulbe(ts, parâ-a a:Jorificarcm, besuntam-se.de ar-
e da agricúl!Ufa. Bill especial é PoSsiv.::l descortinar o conjunto alia e de sucos vegeta . tornando-se bran(a$ oomo os espeçiros
Lua-â.gua+vcgctaçào no carâ1cr $8grado de certas l>E'bera.gens de e a luz lunar. O titualconsis1e oa preparação de- un1a beberage.n
origem divina. QO.l,lo o soma indiano o·u o hsoma iraniano; estes alcoólica, à base de bananas fennet11tadas. q,1e as mulheres cxaus--
últimos foram, atil\s, personificados trrt dlviudadcs aut6nomas. tas pela dança bebem, e cm danças e ptt'Ces dirigidas à Lua. Os
alnd q,u: infinjtame-nte menos importantes do que os _principajs homen!I não dançam nem aco1up..lnha1n o ritual no tam-tam.
deusd <lo pa1uelo indo-iraniano • .No entruito, no liéót' diVillo,que Rede•se à L-ua, "mãe das <:oísas viv,as·•., que af1J3eo{e os e$,Ptri{9$
conferes imortalidade àqueles que o bebem, podemos discernir dos n1ottos e lraga a fect1ndidade. dando à tribo muilas crian-
o 5.'lgrado concenlrado na Lua, nas águas e na \'Cgi!tação. É, por ças, peixe, caça e. frutos' ° .
CJtcdéncia, a "substância divina' 1, porq1.1é transmuta a ''vldá"
em "realidade abSOluta••, quer dizer. iem imortalidade.·O amri·
ta, a an1b1osia, o soma, o haoma, etc. têm o seu protócipo «leso St. A l ..ua a fertilidade - També:1n a fer1illdade dos ani
te reservado aos deuses e aos heróis, mas acbam..sc igualmente mais. oomo a das plaotas. está s,1brnctida à Lua. A relação entre
implicados em beberagens terreslres, no soma que os indianos dos a fC(uncUdadc e a Lua torna-se por veies um pouco complicada,
tempos vécUoos beb)am, no vinho das orgias dionisi'acas. ecc. ,.\Jém dado o aparecimento de novas "formas religiosas·• - oomo a
, ü m , as bebcrugens "concretas" devem a sua eficácia ao pro- da Te(l'a-Mãe., as dJvludades agrárias, etc. No entanto, unt atri-
lótipo celeste corrcspondenle. ,\ enlbriaguez sagrada perô.1üc par· buw lunar conserva-se !tmpré lr-ansparente, qt1alquer que $Cja
ticipar, ainda que de nlancira fulgurante e impetfeita, da moda o nti)nel'o de s(n1eses rcljgio$3.S que tenham colaborado na coos.-
lidade. divina; ela (eali.ú o paradoxo ,de s,,. \'i!rdodeira111ente -e., lit.uição destas "fotmas" novas: é o prestigio da fertilidade, da
ao inesmo tempo, de l'i\•er. o paradoxo de possuir uma exisfé"t1· criação periódica, da vidà ines.gotá,•el. Os chifres de bov1dcos,
cio J1lena e1 ao u1esn,o tempo, <lese 1omar, de ser fo,ça e equiff. por e, e1nplo, que C'.aractcrizam as ·grandes divindades da (ecun•
brio. O destino metafísico da Lua 6 de ,,/,•tr pecmaoocendo, SÍ· didaM, 1,,0 wn emblema da Mas»• Mator divina. Ondcqucr,quc
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136 :JYUTADODE-1/IST'ôRIA DAS RELIG/Oes A..lUA EA >tfsr/CA LUNAR 131

apafeçam, oas cuJt\)ras nealfticas, quer na iconografia, que.r nos crêem que a Lua, dcsc-end.o ã Terra s,ob o aspe...1ode um Don Juan,
ídolos de forma bo,,ina, eles mar<Y,Lm :t presença da Grande [)(u. abandona as mulheres de))()is de as tornar g.ra,.•idas>1, EMe mito
..s.1.da rÇr1iJidade-l1• Ora, o chifre não é mais do que a Unage.m da é áinda popular na. fndia s .
Jua nova: "11cei·to que o chif.te bovino sç tornou súnbolo lunar A serpente. d.ado que é unla epifania da Lua, desempenha
porque lembra um crescente; ê e"iclen1e, pois, que doi$ chifres a mesma funç o. Nos Abruxos cont.a-se ai:nda nos nossos-dias que
devcnl reprrscotar dois crescentes-, qu,e, dizer, a C\'OJução astral a $«J)Cote acasala oom todas as munieresl9. Os gregos e os ro,
101aJ.'''°' Por outro lado, a coexistência dos símbolos lunares nlrutos parttlhavan1 a mesn1a crença. Olímpia, mãe de Alexandre
com os da fertilidade é freqiientc na icono3tafia das culturas ch.1- f\.iagno,_ brioca\'a com as serpe-ntcs40 • O famoso Anuo de Sicio--
oesas pré-históric s de Kansu e de Yang-chao, em que chJfrts oc era fiU10 de Esculápio -' 1• t,..."'Ddo,o a mãe Concebido de \lma set-
tilizado.,; são enquadrados llUnt conjuntQ de ''rdâmpagos" (chuva-- penLe. Suetõnio 42 e Dion CMsio 4i contam que a ru e dé Augus·
Lua) e d Josansos (SUnbolo feminloo)'.lS. to concebeu do ample.xo de un1a serpente no templo de Apolo.
Certos <1nimats tornan1 . se símbolos ou "presenças" da 'Lua Uma lenda análoga circuh:.\'.'I atribuída a Cipião, o Anl.iao. Na
pol'que a sua forma ou o seu modo de u r e,•OC'am o dC'Stioo da Alemanha ,. na França, em Portuga.J e em ouiras regiões as mu·
Lua. É o c:;1$0 do camcol, que aparece e des;aparece na s1.1a oon- IOOcs temem que uma serpente lhes entre na boca durante o so,
ch.;1· do um>, que deixa de ser visto no iovemo e reaparct'c na no e as fecunde:, c1n cspeci.'ll no período me.nstrua.144 • .Na !ndia,
priÓ1avera; da rã, DOrque incha, n1eraulha e reaparece à supet•fí. as muJheres que desejam uma cria.n,ça a.doram uma cobra. Em
cie da á,ua; do câo. porque se Pode vê-lo na Lua ou porque e todo o Oriente se crê que a muJberei têm o seu primeiro co11tato
0 antepassado mítico da tribo; da serpente, parque aparece e de,. se ual com uma $etpence, na puberdade ou no período mens--
.sspareoe, porque· tein tantos anéis quantos dias ten1 a Lua (lenda trua1'1. A tribo ín<Jjana dos komatl (província de tvlyliore) con-
conser,·ada.igu;.1.ltnemc pela tradição grega)) 4 ou po-rque e " e s- jura a fecundidade das tlltllheres por meio de se-rpe.01es de
poso de to,da,; as mulheres'', porque so,fre muda de.pele (quer di- pedra . Eliano47 asse.3111-n-nos que. gundo a crença dos he»
zer, rege11era-se Pé<iodicamente. é ''imortal"), etc. O simbolis- breus. as serpentes acasalavam <:001 as jovensi e nós encontra•
mo da .sttpcnte é de um-1 polivalfnci.a penurbado-ro. 1 mas todos ·mos esta Crença no Japão43. Uma tradição pers reg:lstra que 1 lo-
os súnbolOS conversem para un1a 1nesmo. idé-ia central: ê hnortal go que .a· priJneita muJher foi seduzjda pela serpente, ficou in1e•
parque- regenera, portanto é uma •'torça" da Lua e, oomo tal, diauunente menstruada49• Nos m.eios rabínicos diz..se que a
distribui f 1.1ndidadc, citncia (profe.cia) e mesmo imorralidade. menstruação t devida às relações de Bva com a serpeole no
t\•Juíros Jnit0$ evocam o funeslo episód:io cm que a serpel'lte arre- Paraíso1º . Crê-se, na Abi5$inia, que wna jovem, anics do .seu ca-
batou a imortalidade concedida ao hon1ero pela di"indadês. satn.e.nto, co1Te o ri soo de sier arrebatada pelas se,:pen1es, Uma his-
Trata-se de variao1es lardias de um ntito arcaico no qual a ser- tória argelina conta e.o-mo uma sicrpen.1e, tendo conscs.uido iludir
pente (0\1 um LUOI\SIJO marinho) guarda a fonte -S.IQnlda e a da a vigilância, deflorou todas as jovens de uma casa . .Encontram-
imortalidade(árvore-da vida, fonte dajuvoorude, pomosdeouoo). .se: oadições se-mclban,es entre os hotentotes mandi da África
Não podemos mencionar aqui senão alguns milOs e s{mbo- Oriental, n;1 Serra Leoa, etc. s,
los relativos à serpente, e tão..só os que ru.ani!estatn o seu caráter O d.e.lo mensllual contribuiu, sem dlivida, p.ira 1omar po-
de anitnal lunar. E1n priJneiro lugar, as. su.as lígaç&s com as-,nu• pular a orcnç:a segundo a quál a Lua e o priJnelro esposo das mu-
Jb res e ;1.fecundida.de: a Lua ê.foote de toda a fenilid3de, e diri- lh«e . Os papus consideram a menstruação como uma prova das
ge ao rnesmo teoJpo o cicto rt1etu1rual. Per.w.lUficada, toma-se l ações que as tnulhercs e as moças tê-.m co,n a Loa, n1as repre-
''o am,'lntedas mulheres''· 1'.·luitospovosacredita\'atn - e alg 1os Sénttun. ao mesmo 1e111i:x:,, oa sua kC:1nos,afia - escultura em ma•
acrcdittun ainda - que a Lua, sob a aparência de um ho1uem dei -. répteis saindo das pa.r1.es .a,e-nital, d.as n1ulhcrcsn, o que
ou sob a forma de uma serpente. acasala corn as nnllheres. É por confir.01a a consubstandru.idade Lua-serpente. Entre os chirigua-
isso qt.1e, entre os esquimós. por exemplo, as jo..-e.ns não olham nos, ap6s as fumig:içôl!$. e purificaçQCS que se seauem à primeira
pa.râ a Lua por temor de ·ficaren1 grávidru. J6. Os austr:t.Hàdos menstruação. as mulhcrts JlttSC.!lUffl' pc:,r Lódà a parit as serpen-
138 ATADO D B HISróRJA DAS RF.LIGIÔES A LUA E A ,,.f!STJCA LUl\'AR 139

tcs, que elas toosidtrarn responsáveis pelo mal . Em grande DÓ· mültiplas. e eo1te as mais Importantes convC1n conside-rar a sua
mtro de povos, .a serpeiite é olbads como causa do ciclo men •'•regeneração". A serpente é um anhnal que se "tronsfor1na".
trunl. O seu J.itcl" fálico - q u e CrawleyS4 foi dos primeiros ev Oressman pt'd:endeu rcconhcca em Bva uma deusa fenícia-ar.
uóarafos a pôr érn tvJdência - não exclui a con3ubslanciatidade caica do mWldO subtertâoeo. personificada pela serpcnteM.
Lua-stepente:: pelo contrárk>, confirma-a. Grande- número de do- CQnheoem« divindade:; mediterrànicas. representadas oom um..'I
c\1111entos iconográfioos pcrtent."Cntes tanto às c.i\•ilizaÇÕC$ neoU- serpente óa mtto (Anêtuls arcádic:a, Hécate, Perséfone. etc.) ou
ücas asiât.icss (por êxentplo, õ ídolo da cuhuta nchsn, no com uma tabclcira feita dt sçrptntts (Górgona, Erúúas, eiç,), .
Kansu15; ou ainda ·o ouro esculpido de Ngan-yangfl co1no às ci.• guudo cet'l3S. superstições da Eroropa central, se se enterram
vilizações amctindias (por exemplo, os discos de bronze de Cal- cabelos arran<:ados a uma mulhtt que .se encon1ra sob a influên·
chaqui)'7 :.lJ)l'E'Sel.ltam o duplo siJnbol:ismo da serpt.nte. decorado cia da Lua (isto ê, cm pcriodo m.:nstrua!), eles transformam-se
de "losangos" (embJeiua da \'Ul\•a)Sl:I, Este ronjunto tem. sem ein ser 111e#.
dúvida, wn sçntido er6tioo: no entanto, a OO(Xis!ência da serpente Uma lenda bretã diz.nos Que a cabclell'a das feiticeiras se
{falo) e dos los.:i.nsos rom1uJa, ao ntsn10 tempo, uma Idéia de uansrom1a en1 serpentes''. Este pôdcr, no entanto, não é dado
dualismo e de reintegração que é, po:r celência, lunar, pOrque a qualquer mulhtt. mas somente à que está sob a influência da
cneontra01os te mesmo motivo n3 iconografia lunar da "chu- Lua: uc,partiei1,a t mbêm da magia da ''transformação·•. Que
va", da ' 1lui. t da obscuridade''s,, a fe.uçar,a seja, 1nu11a, vezes. uma invcs1idura lunar (direta ou
transmitida por intcnmdio das serpentes), confir1n.-un-no ttan
de nWllero de docun1entos CLnogrãficos. Para os chinc<ses. por
5:Z. t,. Lua, a mulhet:'e a serpente - A L.u3 pede ter- também e;(cmplo, a serpen1e. es1á na origem de todo poder 1n.1$ico, en-
uma perso1tif o mascuUna e offdia, mas estas personificações uan10 os termos he;breus e árabes que designam a magia São de-
(que cm muitos ( a S O S . - 5 e destacaram <lo conjunto inkial para se• t1vados dos que de51.&urun M serpentes". Dado que ê lunar, quer
guirem utua carreira autônoma no mito e na leoda) são devidas di-zcr, ··'eterna" e que '",•ive'' debaixo da 1etca, eoc:arnando (eu•
em dltin análise à conccpç.ão da Lua ooroo fonte de realidades tre tantos ou,ros!) os e,pfritos dos mortos, a serpente conhec;c.
vivas e como fundarue,no da fcrtili'clâde e da rq.encração perló- todos os Ség.redos 1 é fonte de sabedoria, entrevê o futuro . Da
dka, A secpellcc e CQnsklcrada procriadora de c..'rianças; por cxem· me$ma forma, quem quer que coma carne de secpeote adquire
pio: na Quat malí\oo, 113 rril}o uraburu,a da Austrália central (os o oouheci1nento da lio.s:uasem dos animais e, c1n particular, dos
antepassados são duas ser_perues que percorrt,n :i. Terra e, scnr .pllssaros.(simbolo que pode te. também uru sentido metaflsioo
pr<: que.param. abandonam mai.ourli, ••cspfritoo de c,-lunço$''), de .acesso ás realidades 1,Tansccndentcs). Esta crença encontra-se
entre os togo da África (u1na serpente g:igante que se encontra em muitos l)Ovos ?O e oonservou-se na tradição erudita71•
num lago perto da cidade de Kle\\'C toma as ('tiauças das mãos O mcs1!1o simbolismo central de fecundidade e de regweta-
do deus supremo N3n1u e levc·as à cidade antes do seu nasc:i'men• ção submetidas à Lua e dis1ribuidas pelo próprio astro ou por
to)Cil. Na india, as scrpetlles fol'am olhadas desde a (poca do bu- fonnas rons.ubst:iociai.s ( tagna rvlillet, Terra Mater) explica 3 pre
dismo (cf. os Jãtakas) oomo distribuidoras da tcrtilidade univer- sença da rpcntc na iconografia ou nos ritos das grandes deu
sal (águas, tcsouro.s: (f. § 71 ). Algumas piu1,1ras de Naç:pur 61 re• da fertilld.'1.de universal. Como atribulo da Grande Deusa, a ser·
prdeotal:n o acasalamento de mulheres e deoobras. Na Indla mo- pente conser\·a <>seu car41et lunar - de regeneração c:íc:lica -
derna, uma multidão de oças torna claro o caráter benéfico juntamente com o caráter telúrico. Em dado mon1ento a Lua é
e (ettUizante das se.rpeLttes: elas imptdem a. esterilidade das tllU identificada 001u a Terra. ela própria con derada s n1a1riz de to·
lhercs e a.ssesurnm-lhes nun1e1·osa dcsoenilênci363. da! aS-formas vivas(§ 86). Certas raças crêem mesooo que a Lu3
As relações enuc a mulher e a secpcntc são multifo11nes, mas e a Terra $iC) constituidas da mt:$ma substâncfa 12 . As grandes
nào podem, em caso ;:dgun1, ser globaln\entc explicadas Pot meio deusas parlicipatll tanto do caráter 53..1;rado da Lua como do Sol.
de um simbolismo crótioo slmpli;ta. A xr 1e 1em signif«,1Çiles B1 dado que estas ruesmas deusas st\o, ao n\esmo tent , divin•
140 TRATAIJO DE HJST()RJA 0.,tS REU(j}ÓES JI LUA E A J,/{STJCA LUNAR 141
dades funetárias (os mortos vao para debaixo da ttr1u Oll -para mio serpente-água (ou c.hu,•a), a sub)nissâo destas duas rcaJida,
a lua a fim dê se regenerarem e de reaparecerem sôb 110\_-aíor4 des à lua nem sellll)re é e\'identc. lenda.s e mitos sen, número
,na). a se.r:pente torn.wc o auiJnal fúnerário por e,c l\csa, tn· reprcsencani•OOS serpentes ou dragões que con1a.ndam as nuVCtls
c.atnando as almas dos mortos, o ant.epássado, etc. ES1:mpt'e por habilrun lagos e:-alimentam o mundo de água. A ligação entre a;
es1c mesmo simbolis.rno de regene,ação que se c:cpltta a prdt11ça serpen s e. as nascentes. e os <:ursos de águ.a conservou-se mesmo
da serpente nas ctrhnônias de ink.iaç..1.o. nas en s po_putas curopêias 1>. Na iconografia das culturas
ammndLas o t;, 11mJo supe.n1e-Agua é txtr<:manu:nte üeqOente;
por cxcn1plo, o emblema de Tlal ., o deus n1exicano da chuva
S3. SiJoOOll$mo lu r - O q\le ressalta clatamc:nte e po- é cons1ituído por duas serpentes enroladas '-' · no mesmo Code;
lis simbolis mo da serpente t o St:\J destino lunar, guec dir.tl', os &rgia, uma serpente ferida por uma flocha' indica a queda de
seus podttes de-fccundidadt-, de rc:geo.er çio, de lmtxtaUdadc: p r huva 7S; o Codex Dresden representa a á3ua num vaso em for•
metamorfose. Bem enlendido. se1cvísseruos algUN dos seus atrl- Jna de. serpente"; o Ccdex Tr<>-Côrtesianus, à pátPna 63,
butos ou das suas funções, poderían1os rater crer que estas- cor• r_eprnta•a ran1bé-m t$<:Orrendo de un) vaso oom a mesma
tespondências e e$tes valores s.e !ealizar:im dei,<an.do dosou· torma·'·
tros poi: :uui.üse. Qatudo metódlCO de um OORJU:,to relig,:>SO qual- Que este s.imboUsmo tenha a sua justifi(tlçâo no fnto de a
quer deoompos.to nos seus detncntos morfoló2,1.oos corre, Jm, ua ser a stribuidOrd das. chuvas ê o que provan1 as pesquisas
0 !'Isco de invalidá-lo. Na realkl e. todos os 9aJorcs oowste:m de Hentze . Por v s. mes,:no o conjunto Lua-serpent bu,,a
nwn sin,bok>, rnesmo st;, ap.arentement nas ns deles run tuante\·c.-se até JlO ritual: na lndia, por ex plo, o rito anuaJ da
ciooam. Apreendido através das cxpeti-ênc1as·rebgiosas. o m.un• v Deraçâo da serpente (Sarpabali) cal oom é:-expo:uo nos Grlh>·a--
do revela-se coroo uma totalidade. A intuição da Lua, conside- sufras, dura quatro n1eses: começa na lua cheia Sbadlvana (pri-
rada oorno norma dos riunos e: fonte de: energia, de vida e de re- ciro m da. estaç o d chuvas) e rerm!na na tua cheia "'làrga.
generação, teceu uma verdadclr! rcdt eu r: tôd_?S os planos cÓS· sha (pr1me1ro m de 1uvernoJ':'t. No Sa.rpsbali coexistem .u-
micos., criando simetrias, analotias e paroapaço s ntre feoôn1e- sim, os Uês elementos do conjunto ori,e.lr.iárlo ''Coex.istén ia"
nos de wna jnfinita variedade. Nern sernpre é faal encontrar o é,. aU . m moto de dizer: de fato. eMmtos p ranrc uma 1rlpl"
ce.ntro de. tal "rede'': ele destaca-se, p,or ,,e7.es, dos nú4.i.eos se- repelrçao, unu1. ooncemraç..1o" da Lua, porque as áa:uas, tal.co-
cundi'.Lrio que pOdcm razer. crer qoe são Ol mais importante:s $C· mo as serpentes. não só participam dos ritmos lunares como t.run•
n!lo os mais a_ntigos. Ê assitu, por exemplá, que o sl.'?lboh! ô bém são tônsubstaoCiais à Lua. Co1no qualquer objeto sagtado
erótico da serpe,ntc ''teceu'' à sua voltai nulne:rosas equ1valênc,as e como qualquer símbolo. as águas e as serpentes rcalir.am e:$1
e oorrcspondênclas que:. impelem paro a so b.ca, pelo me o ein paradoxo de serem, ao mesmo cenlpo, la-s próprias e outra «Ji-
eertos casos. os seus atri.butos lunares. Ef ,·a nte-, ass,!;u1n°:'S $ b-;neste caso, a Lua.
a uma série de Interseções e. de corrcspoodcne1as que st intcrb-
aam, referindo-se J)()f ve:s ao 'oe111ro" d que: deriVl,lm todas,
mas articulando-se, em outro.1 casos, em s1sten,as a 1acentes. 54. A Lua e n.mone - A Lua é o primeiro morto (há muito
Asslm enoontramos o conjunto Lua,chuva-fert1hdacJe..mu- tempo o an)etl_camsta. B. Sc:ler escreveu: "der Mond ·ist der erste
lher-SCT'J)ell'tç:·ntôtle-regeneração periódico. ,nas, por vezes, Gesiorbene"). Durante 1rês noites o ofu fica escuro; mas. tal oo-
defrootamo--nos son1ente COOlos eonjuntos rçiais se nte• tno a Lua renasoe na quac1a noite, t:unbêm os 1nortos adqu.ircm
mulhtt a(ecundidade, ou serpcnte-chuv<>:,-fee.u Jdad , ou a.oda u a nova JUOdalidade. de cxis1ência. A mont, como \'Cremos
l(l.\\lher-su:pento-tnagja, de. Toda uma ·mttoloaia se coou cm vo a adiante, não u a ex11nç:'to, mas uma modificação - freqoen-
dtsW$ "cel.'ltros" se<;uudários. ocuhan.do, para quem não est.eJa 1emente. prov1sórta - do nível da existência. O morto pariicipa
advtrtldo, o conjunto original, que se encontra, no entaoto,.uu- de um ou110 gênero de "vida". E. dado que esta "vida na mor-
plicado até no maJs pc,que.uo fragmento., Por cxtmplo. no b1nô 'te'' évalldada t valorizada pela "hl$1ória" da Lua t - e:in virtu--
-
142 7RAtA!X> DE MISTÓF.IA DASRELfGIÔES A L.UA B A ,\t{STTCA LUNAR 143

de da oorres,pondCneia Terra.Lua popularizada pela dcsooberll à formulação dos or3anisn1os, mas tam m à sua decou1oosição;
da agricu.lt\lfa.- pela da 'ferra, os defuntos tra.nsi1an1 para a Lua omnlo unl1nantiun1 corpora t.t conce.pta .procreat et gtnCf(llQ
ou \•oham p ra debaixo da Terra, a firo de .se. rcgcnera.rt1n e de di.uolvilf,(,. O seu destino é ''reabsotve-t'' .-is formas e recriá-las.
assimilaren, as forças necessárias a uma nova existêocia·. É por É unicamente o que há. além da Lua que ''transcende" o devir:
isso que 1nui1as divindad solares s!lo, ao mesmo tempo, ctôni· supra luno,n sunt aeter11u omnJoS7. Por este fato, para
case runcrãrias (]\,iêu, Pe fonc . piovi;ivehnettte Hermes}80. Do Plutarco8t , que sabe Q e o homem é tr.iJ)artldo, sendo composto
mt-SMõ n1odõ, numerosos .cren(;l.S designam a Lo:a como o pais de oorpo (Wnza), alma (ps)·thC) e razão (1101ü·). as ahnas dos jus-
dos- mortos. Por ,·ezcl', o direito ao repouso post mc,ten, na Lua tos purificam•se na Lua, niQúanto o corDO rcstituido à Terra
é·reservadQ aos chefes polftioos ou religiosos: é. pe>r exemplo. o e a ra1..âo ao Sol.
que cr os guaycuru, os polinésios de Toketau, ec(.81 Encon- ,,\ doatid.ade alma-razão corresponde a dualidade de itioêrá·
tramo-nOó aqui per.une uma concepção aristocrática, heróié;\, que rio pos( morttm Lua-Sol, o que lembm decerto. modo a tradição
só aos privikgiados (soberanos) ou aos irticiados {'"mágicos.") eoo- os Upanishads acerca do "caminho d.as alrnas" e do •'caminho
ccde a hoortaJidack, e que voltarem1» a encontra( e1n outros ci- dos deu.ses". Pitriy6na c.Junar porque a ''alma" não foi Huuli•
clos cultural$. 11ada i,tla '"tazâo", quer diu:r, pOrqu,e o homem não conheceu
Esta viagem à - ua após.1 morte manteve-se,iauaJmente, nas a realidade metafísica \lltlma: Brahm:u1. O hômem conhece duas
culturas e.votu!dru (lndia, úr&-ia. lrà). mas adquirindo uelas um mot1es. escreve Plutaroo: a pcU.ueira te1n lugar oa Tcría. junto
novo "alor. Para os in<lian.os, é- o ...<'a.l'ninbo dos manc:s' (plrr/. a Demeter, quao.do o corpo se separa do 3J'llj)O psychê-nous e..se
yâna) e as almas repuusa;n na Lu3 C8pcrando uina uova encarna- toma poeira (por iMO os atenienses chamavam aos mot·tos délné-
ção, ao contrário do que sucede com a rota'do Sol ou ''can1illho 1reioí), a se.gunda tCJJl lugaJ na Lua, Jwno de Perstfonc, quando
dos deU-S(s" (del'Q)'Ônú), q·ue é o dos iniciados, isto é, os que se a psyd1ê se. separa do uoOs e sc: rc-abs.orve na substância lunar.
libertaram das lluWes da ig:norânciaª 1• Na tradjçtto iraniana, as A abu.a {psycJ1ê) t'ica na Lua. conservando durante a13um te1npo
almas dos mortos., depois de terem i,as.sado a ponte Cin\•at, os .sonhos e as lembrança.oi da vidaff. Os j\lst.os "definham'' ,a-
dirigi3Jll•Se para as estrelas e, se eram virtuosas, alc.inçavam a 1>idamc-ntei as almas dos ambjciosos,.dos ObStit1ados e dagueles
.Lua e- dep0is o Sol, enquanto as u,ais viriuosas pcnetra\•am a ê que têu,1 demasiado amor ao próprio corpo são incessantemerue
o garot,nan, luz infinlla de, Ahura r,,1azdat l . Esta mesma renç:a atraídas para a Temi e a sua re.absor,çâo supô:e um praw mais
mante.\le-se na gnose maniqueia*" e era. conhe<:ida no Oriente. O lonso. O noüs é atraido e l'e<:ebido pelo Sol, a ruja substância
pitagorismo deo novo impulso à ttolc,aia as1ral tornando J)OPll• corresponde a razão. O processo de nascitucn10 rcaJiza•lCde ,na,
lac a noção de- cmpiroo utaJtiano: ê na tua que se. encontram os neira inversa ·a Lua recd)e do Sol o noas. que, iermiriando ne-
Campos E.Hseos, onde repousa\'M\ os 'heróis e os cés:are;6S. ''As la, dá origem a u m a ª º " ª alin:;i (ps)•cl!f!). A Terra fornece o cor•
ilhas dos bem.aventurados" e. toda a seoara.fia mitica da morte po. É de 11.0l3t o $imbolis.mo da fee\1nd.açào da Lua pelo Sol, em
foram projetada$ em planos celestes: Lua t SQJ, Via•Lá-ctca. E\•i- vj$-ta da rcgc.netação do par tu;,üs·psychê. primeira iniegração da
dcntemcntt, achamo-n0$ perante íónnulas e- cultos $.l.turados. de personalidade hurnana.
especulações a.o:lronôrnicas e ck gnose escato\óslca. Mas não édi- F. Cumon ?• crê que o par espiri1\1aJ psychê--noüs ê de ori·
!ícil. esn íórnn1I tardias como .aquelas, identificar os moti\'os sem oriental, semítica, e lembra que os htbreus reconhecialn uma
tradicionais: a Lua região dos mOrlOS, a Lua receptáculo rqeoe-- ahna vegetativa" (ncphesh), que continuava a habitac a. Terra
rador da, almas. durante \1Jn certo lCmpo, e uma "alma.eSJ)iJitual" (rouah), que
O paço lunar não era n1ais do que. uma etap., ao dtcurso se separa\'ª do oorpo logo aoós a morte. F. Curnoatencontra uma
de uma Meensão que pressupunha outr""s ew.pas (So1, Via-L.-1.ctea, oonfim1ação desta origem exótica na teologia orielltal, populari•
''ç(rculo supremo''). A alma repousa,,a na L\l.'1, mas. como na zada durante o lmpério ro1nano . .que revela a iníluência exercida
tradição dos Upaoi&hads, ela esixrava ali uma novaencamaçãô, pelos plat1os atJuosféricos e segundo a qual o Sol e a Lua descem
um rd:OrnO ao circuito bioçÓ$11\ÍOO, °6 por iw> qu a Lua preside do empirco para a Terrall.l, Poder-se-ia objetar a esta hipó1ese
1-1+ T"RATADO DE. Jlf$r()P.JA DAS P.EU0lÓR$ A LUA E A ,\1($1'/wl LUJ\'AR 145
que a. du.tlid;1de das ai.mas é o $ ( 0 dllplo destino após a morte cual seguida de um "renascimento" e :pelas quais o iniciado rein-
se encontram em 3er1oe n:ii ma.is antiias tradições, dos helenos. t egra a sua "erdadtoira personalidade de "hoooeu1 novo".
Platih) sus1tnu1va não só a dt1alidadc da alraa.'3 como a sua se- Nas iniciàçõC$ australianas, o "m,orto" (o neófito) sai do ,o .
paração ukerioc e1n três . No qu diz resptito a eseãtol as- ,nu.lo como a Lua sai da ob5'::uridadel00. Entre os kori.aks do nor-
ilai. Dão é possi.,cl iden ificar no 1T11,e.u a pusitem $t1ces.siVa do deste da Sibéria, entre 0$ gjliaks, tlingits, longas e h.a'idat. 0 ur$0
comp'lexo ao.ílnic<> a l.J..,a ao Sol t. ,,Ic,e--versa, e ! ptovavel1ncntc- - "animal lunar'', pois que desaparece e reaparecc- - cStá pre.
di:Yidí1. a 11011 influ ncia K:mitica5• Nlas o que ncs interessa. de sente nas oerimôuias de iniciaçâo 1 da mtsma íQnn,t que dtsan·
motnt.1110. é a.conoepç.ã.:> rui. Lua. como abrigo das alma.idos mor- pcnbava um papel esse11cfrd nas «rimõnias do Paloolítícol°'. Por
1os, que eócoun,uoos icooograiicameote formulada na ilfptj outro lado, entre os Cndios pomo da Califórnia do Norte-, Por
assfri'o,babílõllka, fe11.íci.J, hiiila, analoliana- e que se tram.1n1- exemplo, os candidatos são iniciados pelo urso Orí22ly que os
tc, em se,uida, aos monume1HO.J. fun.erárKlS de todo o lmpC-rio "1naia" e àbrecom as garrns um bura.co oas costas deles'. Despi
romanotc.. O símbolo funerário da meia lua é freqüente na Eu· dos. e depois vestidos com novos trajes; os candidatos petmane-
t<>pa. i.utcifa9"T. ls» não <tuet ditcr que tenha. si.do i1nrodw:ido ao cem quatro dias na floresia, cemPo durante o <1ual lhe:$ são re-vc•
mem10 ,empo que 8$ rcligi ,omano-<'lricruais em moda durante lados os segredos do riluat•M. l\.tcsmo quando não há "animais
o hn()C:fio; porqut., oa Gálitl, por e.xernploS", a Lua era um sím- l s" presen1es nos ritos e não enrontramos qualquer referên-
bolo autó-clOl'lC utilizad<i mu.!10 ies do cont 'l.to con1 os roma-- c,a d1ret à desaparição e à reaparição da Lua, somos levados
00$. A i.moda'• oonttntotHC em atu.alizar conocpçõts arcaicas aJJ.iar as dh'ersas cet·imônias de inicia o ao mito lunar em róda
fot'lnuJando uma tradlçâo prt-históri<"a ,em termos novos. a are.a sul-asiátJca e à volta do Pacíftco, como deinonstrou A.
Gahs uuma monografia ainda ini:dita• .
. Em cenas cerimônias iniciâtie.1s amanista$, o candidato é
ss. A Lua e a iaiciação - A morte, no entanto, não é defi. "despedaca,do'' tal como a Lua é fragmentada (biúmeros 1nitos
niti,..a, p0is que a Lua não a conbtce. ''Ta1 como a Lua m<>rrc r.cpres.entam o dran1a da Lua retalhada ou pulverizada por Deus.
e ressuscita, im nós vol1arcmos a viver após a morlc", procla- pt:1 Sol, etc) O?. Encontramos o mesmo modelo--arqutti p o na$
mam os índios San Juan c.aplstrano da Cá.ljfórni:l nas cerimô- tnJc1ações ostr1cas. Scg_undo a tradiçã,o tJ.1nsmítlda por Plutar-
nias que se. rcalium peta lua nova'» . Grande número de mitos oo•(lj. Os.íris reinou 28 anos e foi morc-0 ein d.ia 17j n1olnl':nlo nu
falam da "m<nsagem'' uanstnitida pela Lua aos. homens por ln- que a Lua está em minguaote. O xiio em que siso tinha es.
ícnncdio de um animal {lébre, t.\o, l•iarto, etc.) e na qu9l ela coodido foi descoberto por Seth, que 11nda.va üã caça, em noite
asseãura que: "tal como eu morro e ressuscito, as.sim lu morrerás de luar; Se.th cor1ou o cadáver de Osltis em 14 pcdacos. que espa-
e: voltarás à ,•ida''. Ou por estupidez ,. ou p()t maldade·, o "men- lhou por todo o territól'io eaípcio•oo. No ritual, o emblema do
sageiro'' oomunk:a exatamente o cou.lrário e, asgcgura que o ho· deus morto tem a fonn.l de uma lua nova. Há similiwde eviden-
mero difcrcnlemertte da Lua, não voltará a viver-uma ,·ez mor• te entre a morte e a iniciação. "É por isso" - diz Plutarco -
to. Ês t e mito ê freqüen t e- na Áfriça no o mas existe t.arobCm nas " e há uma tiio st.rcita aualogia entre os termos gregos que sia-
ilhas Fidjí na Alistrália, tntrc os ain'us. etc.101 Ek- justifica tan- n1f1can1 morrer e 1n1clar." Se a iniciaçâo mística se adquire por
to o faco nc:reto da roone do bom.cm como as cerimônias de uma morte ritllal, uunbém a morfe pode ser asshnUada a uma
iniciação. ,-\s fases da Lua coastituen:i um bom exemplo da cren- Iniciação. As almas que- conseguem c.hcgar à parte superior da
ça numa rcMutreiçào, mesmo no qu:adro da apotogé1k:a cristã. L.ua são chamadas ",•iloriosas" por Plutarco e uamm utt'la co-
"Luna per omnes meoses oascitur, crmit, perficitur, minultur. roa na.cabcça;como os iniciados e os vitoriososuo.
cõnsumhur, innovatur - e:saeve Santo Agostinho, - Quod in
hina per mens s. hoc iu rcssure<:tione se1ncl in toto ttmpore. "1º2
É. pois. f:ícil compreende o papel dâ Lua as cerimônias de. b · 56. Sin11:>otlsn10 do ''devir-" lun!lir - O ''devir" é a norma
ciac;io, que0011sistcm prtc,same:ote cm expenroencar uma mone ri- lunar. Oepeitde das capacidades mítica$ e de raciocínio dos di-
l4ó n t T A D 0 DE HI.S1'ÕRf.•l DAS RP!.!O!ÕES
A LUA E A f.fÍSTICA l.,UNAk.
l47
vetsos povecs, m corno d.e.) sen niyd cul1ur
ser,..ado nos setts 111ome111os drtln1áucos;.- .oascm _que e k seja b- 64 ufJ(lc6ra, etc. O nlimcro quatro prevaleoe- nas
literaturas 'o'é(]j.
i .o, plen1 u· <:as e bramânicas. Vúc (o "logos'')
de e dcsap::icecimeuto do a s t r o - , \'alol· do com.n frac10· con11)Õe-se de quatro
partC\: ; puruslt'1 (o ''home.m", o "macrantrop
11
narnentQ", urna ••nnmer:ição'', ou percebido ultU1çao como As fases da Lua dão oria;em, nas opeculaçõeso") tambén1.
0 ••cánhanio'' de Q\IC s o urdidoS os fios do<lt 1no: a,s a hete. <:o.rres.pondências mais oompljcadas. SlllChe ulteriores. às
ro ocidade da.">{6nnulas 4,u: exprimem este @'t;,r· n dedicou u'ma
,tlf)el'las obra às relações entre as letras do alfabe
117
aparente. A Lua •• r epâ Jte:11 , 11 fi a t•, "mede"; ou c t o. alunen_lil, Lua tal como os árabes as conbtciam. HomrueJII&
to e as posições do
fecundil, abençoa; ou recebe as almas d.;,s mo-rt?s:, 1nlC:i.a e pun - dez ou onze e.lr.tcteres hebraic:os design.un as n,osuou qut
ca _ poiS que 1em \•ld:i. e p0r co. uinte esia etn eterno de\'1r exemplo, a/ef, que significa ''touro• 1, , . o fases da Lua (por
rfuníco, Este rilAlOCSIÓ sempre p(esent:C- nos rituais Jun3res. Por súnbolo da Lua na sua
prhneira semana e ao mesmo tempo o
\'tZ 0 cecirooni:.\I repele, por inteiro. as fases da. Lua, como. ttn quccon1cça aSii:tledascasas lunares., nome do sl_gno zodiacal
etc.),
por e;cmplô. i pfljâ i.ndiana ínu u:ôda pelo üwtr1si,:,10. A deu· ma oorrespoodência calre os sinais gráficos e Encontra-se ames-
sa Tripurasu11durf deve ser med11.:1.d&, .st$®do um texto. do as íR$tS d.a Lua
tatnti$mó111, oomo estando na própria Lua. Um autor tâo1r1co,
tt.e _os babilõni u 9
, os g.regos•W, os escandinavos (as 24 en-
d1\•1de,m-.w em t s gêneros ou oeitir, cada um runas
Bãskara Râja. detcrmi.M que ap{JjO da deusa devt co eçar no 8 runas. e,c. )1:? • Uma das )nais daras e mais
1 compr eenden do
primeiro d.ia da 11.13, nova, e durar toda a quina.ena lturunosa; é lações do all'abe10 (considerado eomo .::ooju.o completas assimi-
tC>
preciso prunJs-so 16 brâJnanes. cada um represc.ntando um aspecto mo grafia) co1n as fases lunares encon1ta-$t. num de .sons, não <.:O•
da divindade (qoer d i u , uma fase da Lun, uma ritllí). :r «l 1:2 da Trácla 1r . , em que as vo,aals correspondem e.scólio de DUli!
observa, coro. justeza. que a ·presença ,dos Arnai,ies não e m 1s à lun cheia, as con-
soantes sonoras à tneia lua (quartos) e as
dó q\1e wna iJ10\•ação re-..--e.ntt, e que napOJô arcaica out.ros l),.;r· nQ:va12l. consoantes surdas à lua
sona.,eos representavam o "devi('' da deu.so. Lunar. Efet1vamt.n·
te ;um tratado de incontescável autoridade., Budro(t11ala,
e conlf a« a descrição do cerimonial t.radio;i-OnaJ, /all1'ldrt·Jt(lj0,
quer dizer, "adoração da 01enina". E cs1a paj6 começa sempre . osmobiologia e tlsloloti.111 1nístk:a - Estas cotrespon·
na lua nova dura JS noites. Mns. em lugar de 6 brfl.manes, são dê:tlc1as nao dCSCrupeuha.m s6 uma função·classificadora. Elas ío•
l)rtCi60S 16 kllnlbrf, qu: tepIOOll mm obtidas por um esforço de jnlq.ra,çào total do homein e do
s 16Jltht da Lua. A ado- cosmos no próprio ritn>o dlvtllo. O seu.significado é, em primei·
ração tem lugar vrddhiiJhédtna, ou seJa, por ordem d.e idade,
.e to lugar. mágico t SO(e:Jiológico; .npropl'laodo-se das vinude.s que
são necessãriM 16 n1t.nlnas de J a 16 anos.. Em .ada.noite, aptlja
representa n tithf corresp01ldente daL1.1a ('l'ucci, A2S). O ccr1mc,.. estão laren1es oas ''letra$" e nos "sons.", o homem insere.se em
nial tãntrioo oonccde em geral uma imponãncia capital à )nulher cetlOS centros de- enera;ia cósrrtic:a e rca.liza a.sslm uma harmonia
e às divindades ferninio.1s 113 ; _no çaso, presenle a oorrcspondên· perfeita entre eJeeo codo. /\s "letras" eos••sons" desêmpenba.m
ca entre as estruturas lunar e ícmio.ina é perfeita. o papel de imagens que., por 1neditaçf10 ou ma.gia, toroam poss:1.
Que a L11a "mede" e "p.. ilha' . prova -no n o só as ctl· vel .a p em para os diversos planos cósmJcos. Para da( um
niologí s. mas tan1bcm as daSSJ.ficaçõcs atca)Cas. P .ra fi_carn\?S ünk.'Q e emplo, ª."!«lí aç o que precede a criação iconogcáf.ca
no dominlo indiar.10, a Brhadarãny,1ka 11• sa!>t (IUe f!aJàpab é de UD)..'l agem divina Jndiana comporta, entre outros. o Seguin·
0 ano. Tem dezesstis p.1rLes, quinze são ncntes, a dec1n1a , o . no qual a Loa, a fisiologia. nústica, o símbolo gráfi·
1e excrc ...
-é fixa. É pelas ooites que tle (fcsc,t. e dS\.--e, ele. . xta
, A c o e o valor sonoro constituem um colljunto de refinada sullJe.
Chandog)'tt"s diz-nos que o homem se C'Olnp,0,z de 16 rtes e 7.a: ''oonoebeodo no seu próprio coração a rornla da Lua talco·
cresce-ao mesmo tempo que , aJimentaçào, etc. Os vcst1a,os do 0)0 s,aiu d som pdmordial (pratht1111a-svar1rJ)(lrlnatom, quer di-
sistemaoctaval 3bundan\ na índk1: rnâto, .111urtl, etc.; J6k lâ: zer, surgindo da letra A t), ele deve aJ vislumbrar un1 belíssi.mo
\6shokfj, 16 mâtrkó, ctc,i 32 Clipéçie$ {Se diksli4, etc.; 64 yog,nJ, lótu1 awt que teto entre 0 $ seus ffiamentos o disco lunar imacu-
lado, e no centro deste a sílaba-germinru ruJHU'ela Tâin'•, ctc. •u
14$ 7AA1tU>0 DE Hl$TÓ1.UA D.45 REL10J0ES A LUA 6 A i\f(SnCA L-UNAk
149
A incea.raçãQ do hOlllen, 110 cosmos só pode ser rtall.iada, evi- juntos rell.ai0$0S diferentes, e que nent se1npte saíram diretamen-
dcntcmentt, QtWUlo ele conseiue hnrmotuzar..se com os dois rit- te da intuição da Lua conto norma dos riunos có.snlicos e supor-
111o.sastrais "unificllldo" 3 Lua e o Sol oo seu ptópl'io oorpo pneu- te d.a \lida e da ntorte. En1 compensação, acham-se presentes as
mático. A 'Unificação" .:los <lois « n u w de energia .sacroc,ó:mü- sfnuses Lua-Terra- iãe.cont tudo o que elas significam (antbiva.
ca, que são a Lua t o Sol. tem por fmalidad - a t1ca ,de Jêncià bem-mal; morte-fer1ilidade.; destioo). Da n1eM1lt1 fo(nt.'t, não
fisiologia rtústica- a sua rcintegmy"âo na unidade l)r1nord1a_l. u -·
dilue11cllda e :únda Dão fl3.!)1le!ltada pelo "º da cnaçllo oo,rn,-
.:a o que se tradui por umti transocndên.cia do cosmos. Num tc,c.-
hâ que reduzir sempre à Lua toda o q\lalquer intuição mitica da
"rede" cósmica. Na cspccul o lodiana, por .xernplo, o ar "le-
oeu n o uni,.·crso 1" tal como o sopro (prDna) "<eceu•· a vida
10'tãntrioo•lj, um o.erckio de fisio)ogia misti..::a pre1cnde obter a hu1nana•JA, Aos cinco ,·entos que separam o cosrnos, e não Obs·
t,ansfonnação "das "'ºiªi esconsoantes en.l braceletes, do Sol e. can1e. mantém a sua unidade.. oottesp0ndem cinco sopros (prâ-
da Lua e1u .méis"'!i. A!. escolas tãntrit:as e "bathayogicas·· le\'a- nos) que "t«ci.n" num cod<> a \Ilda humana (a identidade sopro-
ram muito longe estas as;jmilaçôes compkxas ec.ure o Sol, a Lua ,·cnto eocomra-se já nos tcx-1os védicos)tss, Trata-se, nestas: tra.
e diversos oenuos ou téria.s "místÍC$ » divindades.sangue e dições, da com:epção Mcaica do conju:nto de tudo o que 1em vi·
n1en ,,JrJle ecc. 1n o sentido de$58$ assi.milações·C, primelro, soli- da - cósntioo ou mlaooósmico - , $C8Unclo a qual as diícrcntc."$
dari z ar o homeol oom :u cucrti.as e os ribnos CÓSl\lioos; em sea:ui panes sâo integradas por meio.de uma força pDCUmât:ica (vento.
da rea.liznr a unifi<aç!o dc;e riurios, a fusão dos oeatros e, por sopro) que "tece" unias às outras.
co s e q O:ência o sano p.-ira o tran.scendeote, possibilitado pelo de-
saparccimeut das ••formas'' e pela rcsaauraç!lo da unidade pri·
1nordial. Esta técnica é oaturnlmeo.,e o produto refinado de wna S8. A Lüa e o destino - Toda,•ia ., pelo simples fato de ser
longa tradição mística, mas encontram-se prec entes cnhora de todas-as coisas vivas e guia cerca dos mortos, a tua
_rudio1enta
rcs tánto t\OS povos arcaiL-cs1J3 como na:s fases sincrcüstas . das r - '-'teceu'' todos os destinos. Não é à tott que ela é concebida nos
li&iõcs meditcnârucM 19. 1
mitos como u1na enorme áJ'anha - imagcln que encontramos cm
\ Lu "liga" oonjuntanlCnte, pelo seu modo de.ser. ma rr.1ul- muitos Tecer não significa somente predestinar (no pla
tidão i.meusa de realidades e. de cJ.cstinM. Harmoruas, simetnas, .povos'gico)
oo antropoló .
01SSimil a ç ões, panlcipaçôcs, coordena.da$ pelos ritmos lu : COtl$-- e reunir simultaneamente realidades dif ren-
thuem um " tecido' ' sem _fim, uma ''redç:" de fios lov1sroas, qu.e tcs(no plano cosmológko). ma.e. também críor, faz« sair da sua
"liga·•. a-0 n1estno temPo J homens, <:havas, vcgela9Õe$, fecundi- oróprla sulmãnc.'ia, como ;o faz a aranha, que urde, ela própria,
â sua tda Não e a crladoro inesgotável de forauas viv.u? ·Mas,
dades, saúde, aJlio.13..is, morte, r neração, vida post n1orlt1n, etc. como tudo o qu foi ''tecído", as vidas são colocadas num con·
É por-.isw que cm m11íras t(IKliçõcs, a Lua, personiftaida por wna J n,o: elas têm um destino. i-\S.Moirai .• que fiam os destinos, são
divindade ou Órcsente por intcnn6dio de u.m. anin1al tw,ar, "te:=e"
o véu cósmico 0,1 os d«tinos dos homaas. Foram d w sdê: cas. di,·indadc.c. lunares. Homero'' 7 chama-lhes "as fian iras", e
que in,·eruaram a profiMão de t eJâo (como a divtndade eg1pcl3 unut del.1s tem inesmo o nome de Klothó. ou seja, ••fiaodeira".
Neilh), 0\1 que !JC tomarant &lebres na rute. a 1tasen1 (Atroa Foram, PfOvavctmen1e, o origem, divindades do nascimen10. ma
castiga Atacoéia, que tc.\'e a avdácia de r1vahr coro el;1, e à csp;culação IX)S(etior eJevou--as â personificaçlk> do destino. No
traJ)sforma-a éin ar.lnba)IXI• ou que 1.eceram trajes de propor cnt uo, nunca se pecdcu completa1uence a sua csuutu luoar,
oósoü (como Proserplna e Harmonla)U1• Nas crença européiM Porfirio diz que as ri.toirai dependen1 das forças lunares. e um
medte:Vais H.oJda e a padroeli:a dQS teodôes e, por detrás desta li- 1exto órfico cousidera-as parte (ta 111ére) da Lua'"· Nas velhas
lfngu:\S aeonânieas, um dos ceemos que designa o ''dest.ino'' (ru1-
iura, de obrimos a e,strutura sclên.ica-ctônka das divindades da t1so .al10-alen1ão ,.,urt, veU10 norueguês urdhr, anglo s."t.Xão ,vyrd)
fertilidade e da mor1e 1n . dt:riva de um vecbo iudo<tJropeu uert, "rodar'', de onde os ter-
Bvidentemeate, enconuam,o,-nos di:ante de formas complexas,
Ql.!Çcristalizararu mi1QS, cerimoniais e símbolos penenca1tes a con- mo$ aho•alemão a11tigo ivirt, wirtel, "fuso", .. roca"; hok1ndês
H'Crl,lít/en. ••rodar" J ) i , .
)50 TRATADO DE HISTôRlll J)A$ REl/OJôES A LUJ I B JI ,\dS11CA l U1VAR J.51

Belll entendido, nas cuhotas em quE: as grandes de1.1sas acu- senlentes e larvas). Em todos esses te-ma! a idé:ia do1ninante é a
n11.1lsram as vll'Wdes da Lua, da Terra e da vegetação, o fuso e do ritn,o reati.z.ado pela sucess.\o dos cc,nm'irios, do ''devir 1• pela
a roca, com os qual$ fiam os dcstioos dos horocns, tornam-se. soe<:ssão das modalidades ()()lares (ser. n o-ser; formas-estados
a par de tantos outros, seus atributos. É o que aoont.c«: com a laten1es; vida 1non e). Devir que não .se. processa. bem etllendi•
0

deusa do fuso enoontrada ern Tróia, que pertence à época com· do, scn:1 drama nem patético; o 1nund.o sublunar não é .somente
pr«ndida e,ntrc.2000 e 15-00 a.C.1.-) Estie tipo icol1ográflco acha- o das transformações, mas o dos sofri,neatos. da ''lústória''. Na-
ap:alhado no Orien1e: enconUW!'ºs a roca D:" n1ão de Is t:ir, da de "etento · pode suceder nesta zooa sublunarcuja lei é o <le·
da Grande Deusa hitita, da deusa síria AU\tpt1s, de u1na dJv1n• vir, onde nenhuma mudaoça é detinit.iva, onde toda a transror-
'i.
d.ade cipriota primiliva, da deusa de Éfeso 1 O destino, fio da m.açâo é apenas paJing.cnc:;ia.
Todos os dualis 1nos tê1n, se não a sua o-rigem histórica. ixto
vida, é um período, mais ou mmos longo, de tempo. 1\s .grandes
deu tornam-se, 1>0r isso. senhoras do Tempo, dos desnnos que ooeno& a sua ilustração mitic-a e simbóUc.a nas fases da Lua. " O
das forjam à sua vo11t.1<1e. En1 sànscrit<>, o tempo desigll.3•SC kâ- muode> luferior. mundo das trevas, é figurado peta Lua moribunda
fo, tenno qlle se assemelha muito ao nome da úrande Oeusa, (chifres=crescentes, sinal da dupla v,ol\lta=dois crescentes em
Kt\lfl.U, K31ã signiílca também "negro-•, "sombrio", "'l.nancha .sentido oposto, sobrepostos e ligadO\- liludatlÇa lunar, veU10 de·
do". O 1empo é "negro" porq,ue é irracional, d1.1ro • .scm pied - tTépito e. ossudo). O Mtutdo superior, mundo da ,,ida t. da luz
<le. Quem vi\'C sob o domínio do tempo está subnteddo a sofn· nasccnlc, Cfigurado por um ti_gte (monsu·o da obscuridade e da
mcntos de toda a t$pécie, e a U!xrtação consiste t)cimeiro ns abô· l\la nova), de cuja goela sai o S c t humanó, represeotado como
lição do tempo, na C\'a o â mudança llniversa.1 1•>. Scg1.1nd,o uma criança (atltepassado do eh\, que é 3.$. imilado à lua que
tradição indi a na, a humanidade eucootrs-se- atuatme.nte no.K.all• renascc=lu1. quc·\'olta)."144 Mas nesta nlesma ál't:i cvhoral da
yuga, quer dizer, na "idade so,nbria'' ., época de todas as oo fu. êhlna arcaica os súnbolos lu:t.-obscurid.ade são comple1neutares:
soes e de total decadência espiriwal, úlli!na etapa de um ()Clo o moc.ho, simbolo da obscuridade, enoontra-sc- aQ lado do fai-
cóstn.ico. são, sf1nbolo da luz 1u . A cigarra, da mt$.ttla forro.a. encontra-se
ao mesmo tertt()O e1u relação com o demônio da obscuridàde e
com Q da luz 146• Uma época "sombria" é seauid3, etu todos os
59. Metafish.":11 hn.,ar -TentcmóS agora uma \•ista de cotl- planC>S éós.nüoos, de uma ét)OCa ''luminosa''. pura, regetlerada.
junto sobre toda.\ essas hierofanias lunares. Que revelam elas? O Simbolismo da saída das "tre..,as" enconira·sc nos rituais de
Ein q\le medida sào coerentes e oon\r,Jmmtares, em que. m l a ioioiação oomo nas miiologí,u da morte, do drama \'cge"1l (se-
constituem ,,ma ·'teoria". quer dizer" forrouta.m vma seqüência n)ente ente:rract.,, "ttevas" de onde sairâ wna "planta nova'', ned-
de "vcrdadts'' cujo conjunto poderia.constituir un1 sistema'? ,1s jitQ) ou na concepção dos ciclos f'hístót'loos". A "içl;idesombria".
bierofaoiM lunares a que dedicamos n nossa atenção podem ser Kalfyuaa, será seguida, após uma dissolução tósmica (mahllpra,
agrupadas em torno dos segui.ntes ternas: a) fertilidad: (ãgu , loya), de uJna era 110\':.l, .reieoera . .En.oontra-sc a mesma idéia
vegetação11nú1her; ' ' antep., ssado mftiw''); b) rcgcn raçao peno- cm todas as tradições dos eiclos cosmo-h.istól'icos, e se ela não
dica (sUnbolis.mo da serpente e de todos os aninlais íunates; ''ho- tetn. de rllodO verossímil. o $ C U DQnto de. partida npctul'ativo na
lncm no\'o'' sobrevi\'ente de wna caui.strofe aquática causada pela re,vclação das fases da Lua, nà 1-est.a dúvida de que é ilustrada,
Lua; lnorte e ressurrri o iniciáticas; etc. ): e) "ten1po" e "des1i de modo exemplar, pelo seu ntmó,
00 1• (a Lua "mede", "tctt·• os destlo.os. ''Ilia'' cnlte si. os pla· 6 nesse seruido Que $C pode- falar de uma ••valorização'' das
nos cósmicos distintc>s e as realidades hecerogeoeas); d) Jl.\udan· eras sombrias, das époc."tS-de arande d adêJ1c-ia e de dccomposi-
ç.1, man::ada pe\3 opos:içâo Ju -ooo:curida e (lua ?h a-lu no,•a; o elas adquirem uma signilicaçiio supta.bistórica, ainda que
"mllll.do s.uperior'' e "mundo wfenoc-''; "1rm muni$ , bem 1
seja precisainente em tais 1nomentos que a ''história'' se te.alii.1
e mal) ou \XJa polrui.zação ser-não :ier, \'irtual•atua1 (sUJlõoliS· mais plenamente, pols que os equiJfbrios $ão então precários. as
mo dQ •·estados latentes": noite sombria, obsicuridade, mone. condiç.õcs humanas de uma infinita val'iedade, as "liberdades"
TRATA.DO D.E FIJSTÓPIII !l-t.S R.trUGfÔIJS
IS2
e de -t os os
·adas pela deLcrioraçâo de todas as "lcis••à .obscttn <le,
época sotnbri.a é i lada
W : :1 s arcaicos. A
tqào
. - mica. coino tal • pode ser vsloru: . preclsamcn.te na
. 1.d
no11e.c,.,., ,. •ai or " --.n ..;..,., 'eo -,,,...,
- o...
d'dacm que-a n1ortereprcSellta um ,
ltiber âo. das lent
!bolisln<> das larvas nas ue,•as. da V
pQss1,•el o 3-pa.«LmethO
ué se deo<>nipõet\l no solo para tornar
no'{a.
de wna fornt.:i . su , pr ó !1a •
As águas e o simbolismo aquático
Poder-se..l;i dizer que a Lua revd ao homem a e oiha :
humana; q\le ;;m oeno s nttdo o hof»em
ndiç:.\o
que o SilObobsm.o e a m!·
: encootra Jla ,•ida da Lua. É po.r i s M ) ceinpo oons:o.ladores, po1s
kl ·a l1,1nat"Cs são patécloos e ao inc:smo
toue a. fccundld e.
Lua comanda simultaneruneotc :a morteé.,e por es:elencta,
d.rama e a luiciaçào. se a 01odalida.de lunar 60. As águas e os g e n n e s - Num.a fór1nula sumária, poder•
do retorno cJclteo; .c.1es:
., da mudança dos riunos, não f menos a p0,quc, -kl asd1nan1f se-ia dizer que as águas simbQtizam a: totalidade das vJnuaüda•
ti lO q\ie fere- e consola ao mes:o)o tempo, des; ela$ são jQns et origa, a matriz dt todas as- possibilidades
fr is para se dh.1oh•ercm e ruane1--
ta õcS da vlda sll.o bastante restaurada$ pelo "ctc:mo rctor·
de existt'ncitt. ''Água. tu 6 a fonte de todas as coisas e de toda
en1an10,
:., çfui anie são no a exist ncla!", diz wn ce,uo úidlano1, sintetizando a longa tra-
g : : a L\ a di; i ge. Tal é a lei de todo o universo sublun r.
COD$o1adora. de se abolida dição \'édica. As águas são os fundnmcntos do 1nw1do inteiro 2.,
M :sta tei dwa. e não obs:1 nte
"iranscettde ·· o de\'lr clcllco e ad• das são a essência da ,,egctação >, o elixir da in1ortalidade'; .se·
e m cctios casos. pode·se abs,otuLa. VLmOS{ 57) qu cm ctr· melhaote$ à a1nri10 S , elas asse;iuram longa vida, força criadora
• . · um Jnodo de existência
Lua e d? Sol, e $!!.o ouli.oc{pio e ioda cura, e1.c.6 "Que as guas 110s traaanl
:' nicas tãntriças se procura .. unificitf-áo'• da na urud dc o bmrcstar!", suplicava o sacerdote v6dico'. "As águas, etn ver•
da _potru1dade. a reintegra;âo
quer dite:r a ,super.ação qlle:, no fundo, cxprunc dacle, curato, elas 1:!xpulsam e euram 'iodas as docnç:8$!"•
·m o r diaÍ. Este milo da reintegração- et no tctor!'o e d u e.xis- Princípio do lndifetenciado e do virtual, fu.ndamtnto de to-
: d e de abolição dos duaU$mos. do
fragmeotárias - cnoon,ra·se n1urto difunchd,o. com uma d{I a man.iícslação cósmica. re<:<:plilculo de todos os a,ermes, as
ê ·ai reJig.iõeS, EntOlll.Ji·$e nos éguas sin1boliz:acn a 11Ubstância primofdial de que: nascem LOdas
d.a de de vâl'ianttS, U9.
bis1ória das
desde " totnO\l oons·
QU: as formas e para a qual voltam, por re.gressão ou por caiaélis1uô.
estádios mais ar<:aicos, o que pcova que.
ciência da Sll:l. situ.lção n<>
esforçoll« por realiuar
cosmos,
de1naneif.l
o ho1nem
con«eta
dl'.WJ u,
(qu5"r utzer, ?! d:"
.,.... a
e EJ;i.s foran1 no 1>rinc(1>io, eJ:tS \'Oltarão no· filll de todo ciclo histó-
rico ou cósmic.o; elas existirão sempre - se bc,n que nunca SÓ$.,
a superaçoo da su c_on t•
· ·• e ela n13gia ao mesmo tempo) prcciW.o peta cond,ça h.1• p0rque as águas s5o sempre ger,nloadvas, guardando na sua uni·
11f u! a u a (''refletida" com tanta dade n!lo fragmen1ad.a as virtualid des de iodas as fot1nas. Na
gêne de.mitos,
r . Ocupa_r,nos-<:mOO, oportunamCAte, d te a 1mmelra 1·
c,ol;mogonia, no mito, no ritual, na iconografi as ã.auas descm•
deViamos lenibrá-los aqui, porque cons!:wtn\ pcnham a mesma funç.ão, quatqu«- Qoe seja a estrutura·dos con·
o Sçu modo de ser lunar .
tativa feita pelo hOt\\em para s.uperar juntos cu.hurais .nos quais se enoonu 1n:: elas. prectdein qualquer
forma e suportam quatqu« c:riação. A imcrs.. o na ájua simboli•
z.a o regresso ao pré.fonnai, a rcneg.:-ração total, um novo nasci·
,neruo. porque uma imersno equivale a uma dissolução das íor-
nla,s, a uo1a reintegração no modo indiferenciado da pre,.
existência; e a emersão das águas repete o g:c.sto ços:mogônie-o da
manlfestaçao formal. O contato oom a água implica stmpre are--
JS4 TRATADO DE HISTôRIA DAS 11.EUGIÔES A S ÁGUAS E O SI.WBOLJSJ,10 A.QUÃTtC-0 ,ss
aeoeração: por um lado, porque à dissolução se S(gue um ''ra<WO to conta como luna jO\'Cm _perdeu a virgindade por ter deixado
nascicnento".; por outro, porque a ime:rs!o fertili1.a e aumenta o que a c.hu\•a lhe tQcassc o ooroo; e o mito tnals lmp0r1ante da
potencial de vida e de criação. A água cot'lfere um "l'IOVO nasci· ilha Trobriaud 1·evela que Bolu(ukwã, a mãe d o herói l'udava,
inento" por um ritual ioJcládco, ela cora por um ritual mAaico. 1>etdeu a virgind a de cm conscqü!ncia de alguntas ao1as de áQ\ta
ela assc3ura o renascimento posl-môrt m Por rituais funerários. <:a.idas d e uma cst Jactiie 11. Os índios pi.i.na do Novo J\féxioo têm
Jocorporando nela todas as viJ't\lalidades1 a água torna-se um &ln,- um mito se01elb..'UUe; ullla bela muJhcr (quer d izer a Tcrrs,n1.ãc)
bóló de vida (a 11 1igua viva"). Rica etn gefn1cs. el.a fecunda a ter• íoi J ndada por uma gota d t águs caida de u1n.'l UU\1em'' ·
ra, os ani als, a mulher. Recep,ukuk> de toda a ,•ir1uali dadc, fluí-
da por extXICncia, supOtte do devir universal, a água é compara•
da ou dire1 mente assi milada à Lua. Os rhos lunares e aquáticos 61. (',0smogont.:tS aqitádcas- Se ben\ que separados no tem-
são orquestrados pelo mwno destino-: dirigcni o aparecimento po e no espaço, estes falos consdtueni, no entanto, um conjunto
e desaparecimento periódico de iodas as formas, d ão ao devi.J lllli• de es1ru1uta oosmoJógica. A água é g,crminativa, fonte de vida,
versai u.ma esUlltura ç.içlica. cm todos os planos da existência. A mitologia tr'ldiana populari-
Por isso, desde a pré•história, o conjunto A,gua-Lua-Mulher iou cmJn6hiplas variaotes o tema das águas primordia . sobi:c
tem sido percebido como o circuito ai•tropocósmi co da rccul.\di• .as Quais flutua\•a Nãtãyana, cujo umbigo fazia brocar a árvote
d a de. Nos vasos ntolfticos d a cultura dita de Wa.llernienburg- cósmica. Na trad ição puràoica, a áivore é subMituída pelo lódõo,
Bernburg, a água era rtpresentad::l pelos.inal ' v / ' v V , q1,1e no meio do qual nasce Brohma (objaja, "nascido do lódão")' 4•
.f.1arobém o mais velho hieróglifo egípcio para a ág.ua oorrcnte9 . ApareC'('m, sucessivamente, os outros deuses - Vat'una, Prajâ-
Jâ no PaJeolítioo, a espira] si1nboti zava . a ft<:undidad e aquática pati Pul:'us.ha oo Brabma {Svaya,nbhu), Nârâyana ou Vishnu-,
e lunar; tl)ar<ada em ido los feminioos, repres.cntava todos cen- fórn1ulas que exprimem o mesmo mito oosmogônjco - nlas as
tros de vida e de fenilidad e u'. Nas mitoloa,las ainerindia s, o si- guas permanecem. Mais ta.rde, esia oosu,ogooia aquática torna-se-
n3\ gliptico da âgua, repr ntado l)(lr um ,..aso cheio d e á.$ua no un1 m()fivo corrente ua iconografia e ua arte d ecorativa: a planta
qual cai unia gota vinda d e uma nuvem, enconua+sc sempre as- ou ártortt-1eva-se da boca ou do un1bjgo de \l.tU Yaksa (personl-
sociad o a rntbltnH'IS lunares' 1• ;\ irai, o <:araool (emblema lu- l1caç_ão da vida fecunda), da a,.1.rganta de um monstro marinho
nar), a :mulher, a água. o peixe penc:nccm constitucionalmeote (111akaru), de W\t earaool ou de um '•vaso cheio" - mas nunca
ao mesmo simbolismo da foc:uudidade, verificá\1el em 1odos os dire1ámente de um símbolo que rcpreseo1asse a Terra 1.s, potque,
planos cósmicos. Ot.lmo vimos, as águas precedem e SVpOrtam qualquer criação,
Toda a análise se arriscá a fragmentar e pu!Yerizar t.n ek-- caunlquer "cottstruç,.ão firme", qualquer manifestação cósmica.
men1os sc-patados o que, para a const.-:i!ncia que os rep.reséntou, A s águas nas quais Ndrâyana flutuava numa devota iodife+
compunha uma li.nica urddade, um cc»mos. O mesmo slmbolo troça $imbotizaal o estado de repouso ,e de índ ifcrcnciação : a noite
indicava ou evocava uma série inteira de re.1.Jidades que só numa 00$fnjca, O próprio Nãràyana d ormi a . E do seu wnbiao. quer.di+
e1CpCriência profana sào separáveis e autônomas. , \ muhi\'alên- :t.Cf.., de um "crotro" {cf. § J4S), aanltou vJda a primeira forma
e:la simbólica de um emblema ou de uma palavra pcrtenctnte às !mi : o Jódtio, a ár\'Orc. simbolo da ondulação unl't·ersal, da
linguas artalcas le\'a-no!> a observar q-ue. para a consciência q IICÍYú gerutinativa.m as sonolcnts, da ._.inda deonde,a consci!ncia
os-forjou, o mundo se revelava como um todo orsânk:o. Na lin- idndo se não dc;sprcn d eo . A criação irue:ira nasct de um receptá+
sua sumê.ril,I, o signific.ava "á.eua••. mas.$ignificava também ''es· 1.'uln e póia-se nele. Bm outras varian1cs, \'ishnu, na sua tercei
perma, co11cepc!o, geração". Na glípdC,.l mesopotámka, por r1, teenwnação (uin gigantesco javali), desce ao fundo das águas
exemplo, a água e o peixe sin1bólico são emblemas da fecund.i d a - 1,rlmord iais e ti ra a Terra do abis1no 16, & t e mito, de origem e
de. Nos nossos dias, ainda, entre os "primitiv0$', a á.gua 110 t11trutura oceluica, também Sé manteve no folck>rc europe ,t•.
oonfunde,se - nem sempre na txperiência corren1c, mas reau• A oosn1ogonia bàbilônica tambCm conhece o caos aquático,
larmtntc no mil o - çom o K:mcn \'iril, Nallha \VL"'l.!11, um mi- 11 ç.ano prim9rdji.t, AJAA? TIR!Tl«fi O _primcil'.O pmonüitava
LSt\ TR,1 T..f D ó OB HISTORIA [),1S RELIOIOES AS ÂOlJAS E O S{MIJOUSJIO AQUÁTICO 157
o oceano de água doce 1,0 qual, m...,is tardt-, flu1uará a Terra; 7'ia· lude·, iniocta iJ1suJ)C1" crate. mergunt •lJ, , \ água é genninati\•a,
n>rlf é o mar Wtado e amargo povoodo de mons1ros. O poema a chuva é fecundaote, scn1elbante ao $êmt'n vtrU. No simbolismo
da eriaçâo, Enu1na Elish, principia ass-im: efótico-cosn1ogõnico, o Céu abraça e fecunda a Terr-a tlOr meio
da chu\'a. O rnesLUO simboliso>o se e11cónlro em todas as hiJoge-
Qµundo ld no a/t() os cius (1iltdtt ,11,0 tinho,1t nom11 nias. A Alemanha e.s.tá cheia de "Kindertàchen". "Bubenquel•
Q,uando (;(} tmhoixo -tt Terra aü1do nüo linho n()n1e l "u. em Oxford., Cltild's \Vcll é uma fonte oonhecid3 por tor-
E q,.,ç () prI,notdial Apsi1. quE' ().f, gerou, 1\M f nda, ns mulheres estetelffe. Muiros crenças deste Lipo ,:,;-
E 4'11t Afun1rn11.• e 1lan1or, m d.e tod<>S tão contaminadas pela coocepção d:a "Terra- fàe .. e pelo sim
Confundiqm todos as úgu.as.1' bolismo erótico da fonte. Mas. por deuás destas crenças como
pôr detrás de todos os mitos da desc.endência da Terra, da vq.e-,
A trad;ção da.1 águas primordiais, onde os u1undo.s tiveram taç-ão, da pedra, éncontramos a mesn1a jdCia fundroneotal: a vi-
a sua origem, enoônlia-sc etn grande nümtto de variantes .nas cos.- dti, qu«diz tt, a realidade, acha-se concentrada nwna substân-
n onias ate icas e ''primiti,·as·•lt, cia cóstn.ica de .que derivam, por descendência direta ou parlic-·
paçio sirobólka, tôdas as formas vivas. 05 animAls aquáticos,
sobl'teudo os peixes (que acumulam, também os $imbolos eró1.i·
6l. lUlogr1das Sendo as aguas a 1u.urii. universal, na qI cos) e os 1nonstros tnarinhos tornam-se os e1nbleroas do sagrado
subsisien1 todas as vinualidsdes e prospeTam todos os gérn,cnes, porque. se substituem à rMlfdode obsolutó, oooccnuada nas guas.
é fácil comproeoder os mitos e as lendas que, faztnl dcrio.·ar delas
o gênero h\lmano ou uiua raça panjcu:lar. Na costa sul de Java
enoonua...se utnsegara unakk11n, uto "mar das crianças''. Os in- 63. A '1Ág \l .a da ''ida'' - Simboto co.s1nogõnit.o, tecepiâ-
dios Karaja do Brasil lembt nn-sc- ai.oda dos tempos mít;oos culo de 1odos os gfflnen . a á.gua oorna-se a substância 1nt\gica
"quando se encontravasn ainda na á.a,li.a". )o.ão de Toqueu\ada, e-medicinal por e:toel ncla.; ela cura, rejuvenesoe. assea,ura a vida
dcsie rC't'Cfldo as lustrações batismais dos recê1n-nascldos no ?i.ié- eterna. O protótipo da água é a .,água vh•a", que a especulação
.lCico. lcausm.iciu . nos al3unu1..c: das fórroul.a.s pelas quais se con$8.- posterior 1>tojetOll por vezes nas .reaiõe:5 cekstes - oomo existe
grava a criança à deusa da á.$:ua Cha!ch.ihuitlycue Cbalchiublla- un1a sónta celeste, uma haonu1 branc.1. no c.*u, ele-. A .ág,aa Yi\•a.
tonae. considerada sua crdadeira 111ik, àS fontes de j1tven1.ude_, a água da vida são as fórmulas rnfticas
Antes de-a imergir na taua, djzia,se: .,Toma es.ta água. por- de uma n1esma rea1id3de n1etatisica e religiosa; na água reside a
que. a deusa Chalchihuitlycue Chalchiubtlatonac ê tua lUãe. Que vkfa, o vigore aetcrnidack. Esta âgua não é, naturalmente, aces-
este banho te lave dos pec:ados dO\$ te\tS pais ..• ' ' Bm seguida, h>- sh·el .i toda a gent.e. OCOl de- qual9.uer maneira. Está guardada
cando a boca, o peito e a é.abeça com a água, atttscent.ava-se: por mo1W1Js. Acha-se enl territ6rios de difkil penec:ração, na J>O$r
"Rectbe, ,nenino, a fua. mãe Chalc;hihuitlycue, a deusa da se de demônios ou de. divindades. O cámlnho 1:mra a sua origem
ág u a . "20 O.. ru1tijos.Ç.aréli0$. os Mordve.s, os Estónio&-. os Tdte• e. a sua obtenção lulpticam uma séri.e de eonsasrações e de "pro-
remisses e outros povos iioo-õ.grioos conhc 1n UJ\\!l. •1Mâe-Água" . vas", exatantente como ll.3 busca da ''ár.,.ore da vida" (§ JOS,
à qual se dirigem as mulhCl'tS que pretendem ter filho '- As Tá- 14S). O "rio .semjdadc" (vljâr.l uaài) encon1ra,se perto da árvo·
taras estéreis ajoelham e imploram perto de um tago,U. A ...,asa, rc rulrac;ulosa de que fala o Kq,.u.sitokt Upanislu,cf!I>. E, no
llmus, é. o lugar por exc:ielência das hilog,cnias. Os filhoS bastar- 1\pocalipseP, os dois stmbolos en(:Ontra.m-sc lado ;:i la.do: "Ele
dos eram ass.imilados à \•egetaç.l\o do lago e lançados Ll3 vasa das 1llostrou-me. em seguida, o rio e a água M Yida, límpida coroo
margens, mauiz inesgotável: nun, sei,tido ritual. eram assin, rein- cristal. que bro1a do ,rono de Deus e do 1:ordelro ... E nas duas
legrad0$ na \•kla impura de qoe·tjnham S."1.fdo. semelbant às et'• margens do rio crt$« a árvore da vida. "?a
,·as arossas, às canas de junco dos p.."lntanos. Tácito di.i dos ger- A ,,·água viva·• rejuvenesce e dá a vida eterna; toda a água,
manOS: ·•lgnavos el- imbelles'ei cotpóre infames·cacno ac P · pOf Uill proCffi-0 ç p,1rticipaçâo e de degradação. que nos aJXI
Jl8 JR.-1.TJIDO D e HiST6RJ DA.S REl.lOlÔES A$ ÂOUAS E O St,HJJOL/$..,10 AQUÁTt.C:O Jl9

recerâ mais claramente no d<curso de.113. obra, i efJdcrue fecun- As águas purificam e rtgene1'a.Ul l)Orque anuk1m a "histó-
da ou nu:dici:rutl. Ainda uos no soi dit:tS, oa Cornualha, .as crian- ria'', restauram - ainda que seja pôr\lm 1non1enlo - a ilttegri-
ças doentes s..'to mergulhadas t r õ ,'C2e5 no poço de- Saint• dade autoral. A diVindnde i.raninoa das águas, Ardví Sü.râ Allã•
Maodron19• Na França, o ním>et'Ode fontes.I'O t: de rii:>5 com vir- hitA, Cchamada ••a s.'\nta que multiplica OSr<banhos ... os bcn .. .
1udes.cutati\'$ é cousiderâvel. Há tambem foates qlle têm uma a riqooza ... a u:rra ... , Qtle purifica a semente de todos os honw:ns .. .
inOuência benfazeja 110 amor l 1, Além. destas font<S, O\ltras águas a matriz de todas as mulheres ... que lhes dâ o leite de que neec!-
possuç:m u,u v.alor ein ntedicina poputar l2• Na Í.ndià. :.u dOE'DC9' silanl". etc:. 11 As ablu purifi,,am do çriu1ç- SJJ , da ptesen ne-
são projc:tadas nas águas >3• Oi. Fino-útrlcos e:<pli..un uin ce-i:to fasta dos nlortos:w, da loucura" °. abolindo ian1os pocados. quanto
número de: doenças pela i,rofauaçlo ou pe,J;:i lnlpurcui das águas os processos de desintegração íLSi<:a ot1 mental. l!las pr dcm os
corraite$34• ê . para encerrar esta revisão suulária. d.at virtudes princip..'Us atos rcligic,sos, preparando áM!m á ill.5(:rção do honlen1
maravilhosas da!) águas, lembremos o papel da "á$ua 1*> co1ne-- na eeonoml:.1 do sagrado. As abh1ç-.õc.s Unham tuaar antes de Sé
ç,ada" na maioria dos sortilégios e d3s n,edicaçõe5 populares. A en1rar nos templos4• e antes dos sacrl(fcios'l.
"áa,ua não começada". uer dizer. a de· uro vaso novo, não pro· O tuesroo mccantuno ri,ual da regeneraç.1o pelas águas e,:.
fanada peto uso cotidiano. conceutr<l é.til si as valf-ncias germina· l)lica a imerso.o das estátuas das dlviodades, no mundo antigo.
tivas t criadoras da água pritnordiaJ. l:.l.a cura. J>Orque, em certo O rir.uai do banho sagtado 'era praticado habitualmente no lto
sentido, refa z a c1iação. \'ere1oos maL<;:tardt que os atos mágicos das grandes deusas da fecundidade e- da agttCuhura . .,\s forças
"rcpeteot" a cosn1ogonla, .rque são p-rojetooos.1101empo roíti 4 exaustas da diVIJ)dade eram deste modo reintegradas, asseguran·
oo da criaç.'lo dos mundos, e nãó s:io majs do que a repetição dos do unta boa colheita (1' ntagia da imersão provoca\'ª a chu"a) e
gestos que se rcati.7..run então, ab origine. No caso da 1t.rapia po 4 a fo.:: unda ,nultiplicação dos bens. A 27 de março (hifol'ia) tinha
pulatcom a á$lJ.s ''não co1neçada", procw.·a;.se a regcneraçâ"o 1uá· Jug.ar o ''banho' . da t>.tãe frigja, Cibele. A imersão da est.it.ua
gica do doente pele> contaco com a substância prin1ordial; a água fa zia-se or.-. num rio (em PtsSinontc, Cibete era banhada no úal-
absorve o mal graç.tS ao seu poder de- .assimil.'lção e de desinte- los), ora num lago {como rn1 Ancita, tagnêsia, etc.)+-1. O "ba 4
gração d t toda! as formas. nho" de Afrodite era oonhecido ccrn Pafos4" e lut.róforos d;1
deusa en-.. Si<:;ionc nos são dtscrito:s por Pausànias 4$ . No século
64. Simbolismo de imtrsilo - A p·urificacão pela água pos• IJJ d.C., Ca1imaco canla o banhe) <la deusa Atena. Estêritual
sui as tnesmas t'II'OPri«Iades na água, Ludo se ''di:isolvc'' J t0l1a e.ra freqüente no culto das di\'indades fentinin8S cretenses e
a "fonna" se desbncg:ra, toda a "história•· é abolida; nada do (c:nicias-1?, conto o era também ein diversas bibóS g rm§nicas 4S.
q11e anterionnente exluiu subsiste após un1a imersão na á.g:ua, ne 4 , \ imersão do crucifixo ou da image:m da Virgem Maria e dos san-
nhun1 perfil, nenhum ·'sinal'', nenhum' 'acontecimento", A islJcr 4
tos, para conjurar a seta e obter a chuva. e ptallcada no c.atoli 4

são equi\'ale. llO plano humano, à mot·te, e.. no plano cósntico, e.ismo desdeo século XIII. oonti.ilu;.mdo, não obstante a resil!t«l 4

à catástrofe (o dilUvio} que dissolve periodicamente o mundo oo eia eclcsiãstiea, até os sécol0$ XIX e.XX .
oceano primordial . .Desintegrando toda a forma e boiindo toda
a b.is1ória, as águas possuem esta vinudc de puriftCaÇ'.110, de rege-
neração e de-renascimento, porque o Q\1e-é 1nerguthado nela "mor 4 65. O b:ui11mo - Este simbolismo in1emorial e ccum!nico
tt'' e, erguendo-se das águas, é semellmntc- a uma criança sem da in>ctsào na água como instrumento de pudflcaç o e de rege-
pecados e $tm ''história·'·. capaz de-receber uroa no\'a re,•el o neração foi aceito pclo cristianis1no e enriquecido par no•,os va--
e de. oorooçat uru3 nova vida "Kmpa". Como escreve Ezequlel):S: tores religiosos. O batismo de São João procurava, não a curo
''Fa«'i sobre vós uma aspe.rSão de água pura t ,•ós sereis puros.·• das enfermidades corp6ceas, >nas a redenção da alnla, o perdão
Bo profeta Zacarla vêem espiri1ooom,o " O C M e lê.tnpo u1na fonte dos·pet.'tldos. Joã'o Batista pre.gava·•'o batis1no de arrependimen 4

b,otarâ para a casa de Da\'i e para os babit.autcs de Jen1salCm, to 1,arn a rffllissâ<> dos pecados"!ó diteudo: ".Eu ,·os batito com
a flru d t f32çr desaparecer o s.-cu põ:ado e a sua mácu.Ja·•u., 4$0.a, luas aquele (tue t 1nais forte do que eu vos batizará oom
160 l'tAíAlX> DE ltfST6Jlf,I D.-SS RE.lJalÓES AS .4GUAS E O Sf.lef80USM0 AQUÂ17CO 161

0 Esphico Santo e o t'l'ty,.''11 No cristianismo,.? _tatLstno _lornoa, eabeça na água como num sepulcro, o ,•eU10 bom em fica imerse:>,
se O principal initrWlle.»to d! rege11cr '"'ão esp1Jitual, 1s - a intcirruncnte sepultado; quando saímos da água, o homem novo
inltf'são oa água t,atiunal cqu1 ile ô en errarnento de Cruto. 1 · aparecesi.muhan mente. '' Toda a ''prC·história do batisn10·· li•
nõrais" - escreve S. J»au)o - 'q e lOcb5 0 $ qut!' !?,lll bat!· oba em ,•ista o mesmo objetl\•o. a 1uorte e a ressurrei i,ii o - se
St

ados ern J d\lS Cri, to o famos 1atnbE;1TI na s.u A.tllO(tc.. S1 bo !1· bent qu.e e1n niveis re1igioso.s difert-ntes daquele que foi instaura,.
c mente, o homem-'llOtte atra'lês d imersão e:1"C!n.ts<;e. put' fica- do }X'IO cri 1ianismo. Não se trata aqlli de- "influências" ou de
do, reno\'ado, e>:í1t:uütDteCOJllO C11sto res5USC1C0tl d? Kt! lllm!I· r<J)tlição d< iimbolos obtidos aliures, porque ta1s símbolos são
IQ. "Nós fomos, p0i;:, enterrados oom ele pelo batts.roo, fun arquedpicos e univtrsais; eles revelam a situação do homem no
doe que, tal O()(nO Crl!IO r uscltou do moo:tos paro a. glôt do cosmos, valorizando ao mesm.o tempo a sua posição perante a
Pai, nós cantlnhe!'IK) para uma nova .v dt., porque, Q paruc:ipa-
: divindade (a re-olid11de absoluta) t a história. O simbolismo da$
motte, pa.1t1c1parem<>S tainbétn na S\l:l uas é o ()roduto da intuiç.ão do cosmos con10 unidade e dobo•
l))O!i pOt iJnitação ru1 liUll.
r&urreição. " " .- . . mem como um modo «pcdJico de exis:tê.oclft que se realiz.a atra-
Do grande núme,o de textos potr1stiCOS q_11e 1n1crprctan'I_ o vés da "lfiltória".
simbolisolo do ootistt10, linlitar·ll e•.n?5 a reter pelo meooscloJs:
nm que se Nferc ,tos va.lotes sotene)l_ogaoos (13 água, o o o que
diz. tes ito ao simbolismo oo_o.smaJ lll'IO':tt-•rc11aK1mcn o. 66. A..sedt do ,norio - O uso funcrârio da água pode ser
Tertu1iarto'4 faz uma Jo03,,"l apologia das prQpriedadeSó e-)(Ctp(:10-- e.,pliéado pck> mesmo conjunto que I-OfD3 válida a soa funç.i.o
naisda Agua. e:lemento s"!O_&ô tificado de,sde.9:mpr peta. comiogônica, mã.gica e ierapêu1ica: as águas ''saciam a sede do
presença divina . .Prbne1ro to1 a agua. centro doe-.spalt?dlvm?, mor10''. dissolvem-no, solidarizamfino .::om a sementes; as áa:uas
que a preferia et\tão a todo.\ os C)utróS derocnt s ... F i à átu , Hmatam o morto'\ abolindo defio.itivan1e.1te a sua condiç-J.o
cr1aturus vi-
em ptimeiro lugar, que foi otdcntldo que, produ?Jss humana s ' , que o inferno Jhe ddxa a um ni\•el reduzido, larvar,
vas ... fol a igua que prin1eiro produziu? que tcrn v1d . para <pie oonservando deste modo inUtcta a p0$.SibHidade de sofrimento.
concebes$(' a vida
0 nosso espauto cess.11sc- quand u!ll dia ela Nas diversa$ conoepções da 1nor1e, o def\11110 não n1orre definiü-
no batismo. Na (ot n o do propno hom m Deus ernJ)rcgou 3, ,·amente, Jll::lS ::adquire apen:11 um modo ele1nent.ar de exjslênc.ia;
água paro wnsun1at a sua obra ..E \:c.,d,de,que a tt-1ra lhe fC>r1e- é uma regressão. não uma extinção fiJ.,13.1. Na expec1ruiva de re·
substânCJa, mas a tena. tcna. sido 1ncapat de fazê-lo nao torno ao circui10 OOsmico (t1·anstnJ3:ração) ou de libcrtaç-ão defi.
ccu a
fosse úntida e di_ssôlúvd ... Pot· q e a.qucla que produt a vida d!I nitiva, a lma do morio Sâ/re e este sofrimento e.xprlme•se habl-
T u r a não produzirá 1ambém a vtcia d Céu? Toda águ natu- tualn1ente pela sede.
f:.ll adqo)re, pois, pela ,nliga pre.'!og.ahva q;ue lhe foi coll$gnada O lioo, n1eraulhado nas chamas do :inferno, suplica a Abraão:
:na sua ori.gffll. -a vinude de sant11t à? no satrrune1no. contM• "Tero piedade de mim e toanda-me Lãzaro, para que ele molhe
que se pr.onun·
to que neu.s S(ja invoe o parlt este fim. Logo os dedos na água(· nu: refresque Unam. pois que estas chamas
d a m a s µafavtas. o E,spínto Santo, desccntl dos céU5, p1ura SO· me tonura1u. "J? Numa 1abuleta órftca (Elcutheme) acha-se a se,.
bre as âguas que etc santifica pela sua fecun.d1dadt-; a.s águ:\S s . iuhueinserição: "Ardo e consu1no-me oom sede.'·' Por ocasião
·ncadas deste modo U)lpl' :tm·Se por su:t vci da Ylttude-Santt- da cerimÇ)nia da lii.droforla, da,•a.s,e água aos mortos,
} c t e ... Aquilo que outrora cur va o corpO cura agora a alm, dcrra1naodo·a.en1 feodas ou aberturas no chão (c1Jas1na10), t pe,.
eternld e . . . .
0 que dav a sallde.oo 1e:mp0 d.ã a s.-i}vação na e las Atues1érias, nas "éspc:ras das chu\'a:S da prin\avera, os gregos
o h nem velho morre por imcrsáO na água, dá or1g.em a acrcdita,•am que os mortos tinham sedes.:, . A convicção de que
uin stt n . tegenerado. Estesiotboli$moé adu1iravclm.cn1e ro.r- as almas dos mortos sofrem sede aterrou em particular as pop,u·
nulado por· Joio Cri omo'5• que. falando da nuduvatê3lc:1a lac&s·a1ueaçadas pelo calor e pela seca (Mesopotâmia. Anató·
i mbólic a do balisino, escreve: "Ele representa a Jnorte e a se- lia, Síria, Palestina, Egito) e era sobrer-udo nestas rt,giõe.s que se-
f)Ul t ufS, 8 vida e a feiJSUrrdç,,9 ... Quando ll)e1iulbamos a nossa ut iliT.a va m as Libações para os defuntos e que se reprcseo1a1,-'a i
162 TnATADó DS HISTÓRIA DAS REL/0168$ A S ÁGU.-1S 2 O $11\f80LIS.WO AQUÁTICO 16!
felicidade no alem 001no utn 1·efrigêrioS "". Os sofrimentos p o s l despeitô deoutrasc.pifanias te de outros rt\'Oluçõcs religiosas:. Eles
111ortern exprlroiram se cm termos ooneretos, da mesma maneiro rc,•elam co1JS4.an1eu1eo,e a força sagrada que: lhes é própria,.e.par.
que :5c formulá qúalquer experi ncia hutn.alla e qOalquer teoria ticipant a-o mesmo tempo do pr-esd&io de elemento netuuiano.
arcaica: a. " sede do morto ... ,e. as "<:bamas" dos infernos asiáti- O culto das águas - e, ein particular, o das fontes oonside,.
cos são substhuk1as n;;is concepções nórdicas por termos que ex- radas c-urativas, dos poços termais, da.t salinas, etc. - aprmnta
primem " a temper.uura reduzida" (frio, :geada. pântanos gcla 4 u_ma co1ui.tluldade.imprcs.sionante. Nenhuma revolução re1Jgio$a
dos. etc.)00. pÕ(lt aboli-lo. Atiment.1do pela devoção popular, o cubo das
J\ias tàtUO a de-oon10 o frk> e,"(,prirne.n o sofrimento, o dra águas acabou por ser tolerado ate me mo pelo «istianiSJno, de·
rua. a agitação. O morLO 01(0 pode ficar continuamente no mes- pois das perseguições infrutffer.ls da Idade 16dia6l. A oontioui•
nto estado, que f u.,na trágica degrad.lçâo da l)ua condição bu• dade·cultural esteode--se, por vezes. desde o Neolítico até os nos-
mana. t\s liba\.'Ões ifrn por obj«ivo o S:Cl a_patigua,rnento, quer sos dias. Asslnl. na fonte termal de Orisy (cOnn.tna de Sain1-
dizer. n .:abolição doS-sofrLlneutos, a regeneração do 1uor10 por Syn1phoriCn·de-"·larmagnc) ío1'au\ el)(':()ntrados objetos votivos
uma ' dissolução" lotal na água. No B$l1o, o morto é, Pot ve-, ncolítkos e ror.ru:inos63. Idênticos vc:stígi do çuho neolfdoo (sí-
zcs; assimilado n Osúis e, nesta qualidade, ·pode esµer.u um ''des- lioes 1:,aJtidos intencionalmente em sinal de ex•VOlO) foram cncon-
tino aS(tcOJ:1' •, pois que o seu corpo sern1.inará como as semeo· ltados na chamada fonte de Saint-Sau.\•eur (bosque de Compie&·
tcs. Numa esteta f,1ncc:ária do British Musew.u, o defunto d.iri ne) M. Tendo as suas origens na pr hi.stória, o culto transmitiu-
3 Rá esta prccc: ''que o seu corpo possa g,ermlnar"il. f\<las as li-- se aos aauleses, depois aos galo--romaaos, dos quais o recebeu e
ba_çôes ntio devem ser sempre interpre1ad:1i; num sentido "aarf• .'lSS:Írttitou o ari.,;Lianisruo. En1 Saint-Moritz.• con.,;ervarant•Se:, até
cola", a sua rmalldade ne1n sempre é ••atttmitu1.ção do morto'', .há poucos anos, autigas instalações do c1.1lto da É p 0ea. do
:i sua transformação em •·se,nen1e" e 11êophu1ós (neófito, "erva Bronz#. Na oomuua de Bertinoro (proY(llcia de forlJ), peno de
no\•a''), mas. em primeiro lugllf. o seu "apaiiguamento", quer um poço moderno de áaua cloro.salina, encontram-se vestfaios
dizer, a extinç-d.o do resto de condição huthana que .'l)nda conser- cultuais da Idade do Dronze-66. Na tnglatemi, perto de tún1ulos
va a sua in1ersâo LOtal nas ''águai" para l)Oder adquiri!' wn uo,. i:,1·-ê-hlstóricos ou de monomeotos meg-.alftioos, encontramos fon·
vC: nasc.iméntO, O "d ti.oo agrícola'' que: as libações funerárias tes consideradas pela popnJação coino miraculosas ou benfaze-
irnplicam não é mais do qu.e ,nua coOSt'Qfuêncla dest.'I desintegra- jas: Convénl, por fina, lembrar Q ritual que se pradcava no lago
ção fina.l da çol)dição hwnanai uni DQVQmodo de ma1\Lfes1a- Salnt-Andéol (nos monlÇ$ AY\>laç) e que São Gregório de 'fours
ção, que. íie tornou poss(vCJ pelas \•irtudes <lissolve(ltes mas tam- descreve- (544,595). Os ho,nens dirigiam-se par.l lá em carroças
béln ge11ninativas das Aguas. e durao1e tr dia:s havia festa cm voha do lago; Je,•avam, cm ,;i.
naltk- ofc-rc:nda, roo1xis brancas. peças de ves1.uário, lãs, quei-
jos,, bolos, etc. No quatto dia levant.ou se gi:ande tempestade se-
67. Fontl".S miraculosas e oraculares - A O"tll multlvalência guida de ehu\•a (llaUl\'a-sc. evideutenlente, de um rito bárbaro
l'eligiosa da á3ua correspondem, na história, numc:r cultos para conjurar a chuva). Unl padre., Part.henius, depois de wr 1en-
,e ritos cQncmt.rados à \•oha de fontes, rios é riachos. C1Jltos que tado, em vào, co11ve.nocr os camponeses 3.rea\ulciarem a este oe--
se deve1n, em primeiro lugar, ao valor sagrado que a ;lau.1. incor• rin>ouial pagão, construiu um;l .i.grtja, para a qual os homcnl) aca-
:pora em si, como elen1ento cosmogônico ,. U\&$ uunbém à ep1r.-.. bantm por le\·ar as ofere1)das destinadas ao lago. No entaruo, o
·oja local, inanifesta o da presença sagr:ada en1 certo e.urso de hábitQ de jogar ,ia á$:\Ja do 1ago objetos usados e boi conservou-
.água ou en1 certa fonte. Estas epifattias locais são iudependen1es- se até o Sét."1110 Xl.X: os peregrinos lançavam ao lago camisas e
..
·da estrutura religiosa .sobreposta. A ásua corre, é viva'-', asj1a. talças.• sem comprcenderein o sentido desses atQ<'i67.
se; inspira, cura. ptofetiUl. E1u si m m0$, a íooQe ou o rio ma- Encoo.tramos uro excdeute exemplo de cootinuidade, a dcs-
nifestam o poder, a \•ida, a perenidade; clessãoes$o ,•l'IIQs. Dcs- r,cito d:\S modJficações do conjunto reliaioso.no qual foi sucessi·
tt 111odo adQuiren1 uma autonomia e o seu cullo pcrmaneçe, a 1·amoorc integrado o cullo das águas, na monografia j á citada de
164 TMTAIX> DE HISTôRIA DAS RELtOtOes AS ÁóUAS E ó S//lfBOLJS/.(0 AQUÁTICO l6S
l>en zwni robre a rctiS)â<> primitiva da Sai:denha, Os prot(),$lrdos caioo conservaram.se atê· o declínio do helenismo. Pausinias''" te.
\'encravam as fontes, oferecendo-lhes saerlficios e erigindo perto -.e ainda oe.isido de cxa1ninar e descrever a oerim6nia que se dc-
delas santuários dedicados a Sarder Pa1.er68. Ao lado dos tem senrota,•a na fonte Hagno, na encosta do monle licaios, na Ar•
plos e da. ág\ta.S tinhatn lugar os ordâlios., ícnôn\.eno religioso ca- cádia: <1oando grWava a !)((:a, o sac.erdote do deus Llcaios fazia
rac.1eós1i.co do ooojunto adântico-1ncdltc.rrâoico,.. Vestígios des- ali sacriffci e joga"ª para a fonte um ramo de carvalho. O rito
ce ordâlio pela água sobreviveram a1é hoje ll.lS crcnÇaS o fo.t é 1nuito antigo e enquadra-se no oonjunto ··m ia da chuva•·.
clore sardo. o çuito das águas enconh'à•S tambén1 na pre•b1stóna Com e(eiio, conta Pausânias, apó.$ cerimônia unl .\Opto ligeiro
da Sicllia". Em LUibeo (t\1o.rsala) o cu1to gres<> da Sibila como uma nu\•ero lc,•antava-se da água e oon)eÇava logo a cbo•
sobrepôs-se a wn (Ulto p(imitivo Jocal, qu 1i ha o S::º ntro \'er. NãQ cncontratnos aqui uenh\lJ03 personifi çâo religiosa: a
nuo1a caverna inundada de 4ua; os proto-skibanos dirigiam-se for à r«lde ou fonte. e eçta força, desertcadeada por um rito t.$+
ali pa,·a os ordâli e para as i11cubações prof k:as; a Sibi!a ali pecífico, oomtui.da a chuva •
dominou e profetwu no iempo da coloniz.açao grega e. J no ..Ho1nero conhecia o culto dos rios: os troianos sacrificavam
crl$tianismo, l)Cfpetwu-se ali u.ma devo,ção a São João Bat1s1a. animais ao Esca1nandro e lat\çavam cavalos vivos nas suas á$uas.
a queLn .se eri&iu no século XVI um santu.ãrio na lha C?vcrna, Pe«e-u sacrificou cinqüenta ovelhas .às nascentes do Espcrqueios.
que oou1inuou ato! os nossos dias a SC1" desUno de pcregruL.'\Cões O Escmnandro tinha os seussacerdot ; do Esperqucioseran1 con·
por $UM ág miraculosas'º· ssg;radoi uLn recinto e um aJ1ar. Sacrificavain•se-cavalos e bois a
Os oráculos est!lo, multas vezes. situados ua.>
' imediações das Pos(don e âs divindades marinbas6 ' . Outros povos lndo,curopeus
águas, Perto do templo de Antiaraos, eLn Oropos, os que cr 9fer«:iam taLubém sacrifícios aos rios: por eJ,:empto, os cilnbros.
curados pelo- or.;lçulo jogavam na água u1na moeda'1. A P1ua que sacrifitava1\\ ao Ródano, os francos, os gern,anos, os esla•
prepátava,$C bebendo áj:ua da too1e. Cassotis. Ern Colofônia, o vos. etc.'7 Hcsiodo 1neuciona os Siltlülcios que se celebravam
profela bebia a água de uma fonte sagr:tda que se encontra"ª na quando se passava utn tio13. Rito que len1 numerosos paralelos
gruta'1. Em CJa.ros, o saccrdou de.Scia.:à gruta, bebia a. ág:Ja de etnogrâfiecs: os n\assai do leste da Africa laoçaoi orna mão cheia
uma fonte misieóosa (hõusta fonti$ aréa'!tl nqua) e respondia em decr\'a sempre que at:ravessa111 um rio; o baganda, da Áfrk;l Cen-
verso às qUCMões que lhe propurlham em peosam l\to (super re-- tral, trazem 001uo oferenda gràos óe café, etc:'19 Os deuses Ouvi ais.
b quas quis numte- coneeplt) 1>. O poder proíétteo t:?1ana das helenos são, por "ezes, antropomorfos: por cxcn1plo. o Escaman-
águas LntuiQ maica que se encontra numa área muito vasta. dro lula rom.Aquileso l
i>, tas, .na sua maioria. cr:un reptesentados
O no por e>.:enlplo, ê designado pelos ttabH6nios "a casa dã sob a forma de touros''. E..nut todõ.$, o deus fluvial mais conhe-
sabedoria '. Oanues, o persona3.eru 1nítico babilônico . cido era Aqueloos. Homero consídtra•o mc:smo um grand deus,
tado metade homeLn, metade peixe, sai do mar de Edtre1a ep,resen·
e re\·e· dh•indade de todos os rios. dos ,narcs e das fon1e5. São oonheci·
ta aos homens a <:ultura, a escrita. a :1strotoaia • 74
das as lutas de Aql>eloos com Hét ks; o seu <:uho era praticado
em Atenas. em Oropos. enl lvtégara e em muitas oulras cidades.
O nome. tem sido (,lifcrente1l1eute inlcrpretado. tuas par re q,ue a
68. Eplfani.íli aq1aáticns e. divtndade$ tias á uas - O culto etl.rooJogia mais provável é siniplestuentc ••a água·•3l.
das á..as - dos rios, das fonics, dos lagos - e isthi na úr ia Ê in\\úl citar toda a mitologia ll4úádca 006 grcg_O&. Ela é "asta
antes das invasões indo,curopéi11s e aotes de qualque.r \';,.loriz.."l· e de contornos imprecisos. Em pe:rl)Ctuo esooa1ncnto, inúruetas
ção mitológica da exp l'iência religiosa. Ve.stigiC>S deste C\llfo ar- fiauras míticas ;:iparecem, repe1indo o mesmo 1notivo fundamtn·
tal: as divindades das águas naS(.°tm das águas. Algu1oos destas
figuras alcançaram lugares importantes na miiologia ou na Jen•
da, como I o caso de TCi.is, ninfa marinha, de Proteu, Glauco.
Nereu e-Tritão, divindades netunianas cuja figura den\lncia wna
imJ)<'rfeita origem nas águas. com os seus coroos de mon ros ma·
-

TN.A.1:,,JDO DE Lll.$TÓRIA DAS RELJCIÔf'S


AS ÁGUAS D O Sf!l(B0llS,\f0 AQUÁTICO 167
166
por Lc:so que cncon1rnmos, paralcl21ncnte à veneração pe·
!'i.nho$, caudas de pei.'<ê, ecc. Vlvcm e reinam nas profundezas n1a-
rinhas. Semelhantes ao demento de q·ue só imp,"'.Afeit.'lmcnte se l s UJufas (c?o,o pelos outros esplrltos da Natureza). o mtdo das
destncararn sem q\1e nunca o cooscgui.ssem dcfinitiva_mtnte, es- thnfas. ! n1;of-<LS.t'rcqüentementc raptam as- crianças; outras vc-
7.t'.$, por 1ove1a, mauuu,nas. No u\rnulo de uma ,nMi.na de cinco
tas divi.udadc-$ são estranhas e caprichosas; faze:m o bem e o mal
oon1 lgua1 liaeireza. mas o mal oom mai.or íreq!lêneta, como o au s aeha...se e9Cl'ito: "Criança amtí,•cl e gentil, fui raptada pclas
rnar. \'ive1n. mais. do que,os outros deLSC'S, para além do tempo, ru dcs, não pcla morte. " u De outro 1:nodo se mostr:im ainda
para .'llém da história. Multo prôx.imas d3 origti'J\ do mundo, só as nlll[ll$ er4os.,s: ameio do dia, no auge do calor, elas pertur,
ocasíon.almente panicipam do seu destino. A sua vida ê tal\•ez bam o tsp1ruo daqueles que as \·&m. O meio do dia é o moo1cn·
menos divina do que a dos outros deuses-; ma\ ela é mais igual to da epifania das ninfas. (\quefe que as vê 1orna--se presa de um
e·mais solidária coni o elcmenlO primordial que rcprC$eOtam. e.t\tuslas11\o ninfolép1i<::o; é o caso dê Tirésias ao ,•er Palas e Cári-
lo, ou de Actcão ao descobrir Ártc:mi.s com ai suas ninfas. é por
isso que, a meio do dia se evlia,•aJn as fontes, r:i.as<::entes, cuf'Sós
69. /\s ninfas - Quem, entre os Stesos, pódia gabar-se de de água ou a sombra de certas ár\·ores. Uma superstição tardia
conhecer Q nome de todas as ninfas? E.las eram as divindades: de fala ds loucura vaticinante que se apodera daquele que se aper4
todas as áiuas correntes, de todas as for1tes. de t o d u as uasce-n· e de u!'" forma a sair da água: Spt!,·ie,n qua1ndan1 e /0111e
ies. Não foi a imaginação helênica que as ptodt1 u: as estavam ,.d est e//,gre1n Nyn1pJ1ae'1. E.m toda essas crenças a vi.t1ude
lá. nas águas-, desde o COlUeQO do mundo: os gresos dcram•Lbes, p.roíCtic:a dll;S.á8u sisU;• se bem .que C?Jn <::ontami ções e era.
talvez. a forn1a h,1manae o no1ne. Elas f:Oram eriadas pc,10 Cill'SO bul çôes tílJt1cas. 1 1ev1távcts. O que persiste-, acima de tudo, e 0
\'i\'Ó da âgua, pela )»agia, pela força que: dela c1nru\ava. pelo seu scnhmento amb1valcntc de medo e fasc(uio para oom as á3Uas
n1unnúrio. Quando 1nuito, os: &l'egos as ttrâo destacado do éle. que desin1egrrun (a 'fascloaçào'·' das ninfas c:onduz. à loucur
mento com o qual etas se confu1ldiam. 0111.i vez desligadas, per 4 à abolição da l)C'rsooaLidadc) e simuJtancsmcn1e g,e:n:nlnam, qu;
sonjfrcad . in...cstidas de todos os prtstígios aquáticos. elas ad 4 m.aULm e cooperam oo nasciu1ento.
(llliriram uina lenda, intervieram na epoj>éia, foran1 auaidaS pc
la ununaturgia. Habitualmente, são as mã<:s dos heróis loeaJs&J .
Oi,•indades menóres de certM l\lgarcs sã<> bem conhecidas dos ho• 70 • .PosCdou, Aegi.r. ttc. -J.,1as, acima de Aqueloos de Té4
,mens, sâo objeto de culto e recebem !>lterifícios. As ntais célc:bre:s ds e de odas as outras divindades aquáticas menores, O:con1ra--
sà:o as inn!ls de Tt"li!l-. n.s .Nerridas ou, como Lhes chama Hcsío- s Posidon. O mar. quaodo se enfurece. perde as suas catacterts-
do34, as Oceankles, ojnfas nctunianas por excelência. Af outras ueas íe1nin l oas de tentação ondullknte e de beatitude sonotenta
são, na ·sua maioria, divindades das nascentes. las síckm 1anr - e-a sua personificação .micica adquire un1 perfil LUasctllino acen-
bê:m nas ca\·crna, em que b:\. umidade. A "gruta das oin.fas" tuado. Quaudo se fez a divi.sào do cosmos pelos filhos de CrG4
1.ornou-se um lu3al'•CQmum na 1.iteratuta hcJeob1ica. a fónnula I\OS, o domínio do ôctano foi atribuido a Posfdon. Homero fala
a1ais ••1e1cada'\ quer dizer, mais profana. Dl.3i$ fastada do sen· dete como deus dos mares; o seu palácio é no fundo do oceano
lido primitivo i-eligloso do conjunto -água<ave:rna cósm. lc a •bcm-- e o seu !iúnbolo é o tridente (originariameotc., os dentes dos mons4
aven.turança: ftrtilidadt.. sabedoria. As ninfas. un\a ,·ez. person;. tros arinhos): ,Pc-rsson tem raz.ão, a le.r a inscrição nticêoica
ficadas, iiitcr,têJU na_ vida do home.m. Sêo divi des do n.\St)• de Asimc Poseidatonos, o Don do deus pode então recnar arl
mcnto (ãgua • fertilidade) e kQurotrophoi, cdut.att\ \ crianças, a época n\icênica s s . Posfdon é tan bé(n o deus dos tn:ntorcs de
ensinam..JOO a torn..'\l'en1 se heróis . Q1Jase todos os heróis grt--
4

terra, que os gr os explicavam peta erosão das águas: as vagas


aos foram educ3dOS q,1er por ninfas, qnt'-1 por centauros, isto é, quebraudo-$C ruidosamente na s costas lenlbrarn os abalos sísmi4
µor scrcs·sobre-bumanos que particl{>3Jll das forças da na,urcza cos. TaJ con10 a natwe:ta oceânica, Posídon é S('l,·agem desa
e as controlam. Ulna inà<:-iaçio heróica ounca é "famili.at"; -em
geral. nem mt$lUO 4 .. civie3'', a i o se .faz oa cidade, mas na (k). gradável, pérfido. O .seu pc-r(íl mitioo não alcança um caráÍcr mo-
ral. Está demasiado pcr19 d3 n.,atriz oçc:uni na para conhecer outra
rci;ut, no mato.
TP..ATAD0 D6 HISTÓRIA [)AS l<EUOlôES A,$ ÁGUAS E O S./,\flJOL/S.\fO AQUÁTICO 169
16S
grada do abismo; donnindo em lagos ou arra,•e:ssando os rios dis•
lei qúe não seja a da sua própria mod:llid.ade. Posídon Te\'t)a uma t lbuemacbu,•a. a u1nidade, a inund..lção. regulando assim a r:cun-
cer1.a condição cósn\ica: as á3\IJS. pr <lem a criaçào e, riwlica- didade do mun_do. Os dragões habitam as nu,1ens c-os lagns; são os
mente, rcabSOr"cm-na; a autooo1uia perfeita do cletneDtO netu senhores do rnJo; de eaam as áj'uas uronianas, fecundando os
niano, IJldifercntt para cODl os deuses, os bon,ens e a história, canlJ)OS e as mulheres. Tertm0$ ocas.ião de voltar ao polissimbolis4
embala-se na sua inóplia fluide_z., incon:scientc uu1to dos getm-es mo do dragão, da serpente, daseonc"has, ctc. cuja decifração fare·
que traz. consi$,O como das .. forn\as" q'UC possui virtuabncnte e
moo es«: pará31afo, lirnícando-nos à r1111ção do draaao nas cultu·
q,1c, de f.uo, ele dissolve periodicarue(lre. ras .sulÕ-Sudeste-asiáucas. O dr ão e a se:rpcnte,S? são, segundo
Na mitologia deandinava Aeg.ir (e.agar, «o mar'-') persoru,. Tchuang-Tscu, o sim bolo da vida ó1mica93, porque odr gâo r"(J'.lte-
fica o O(e11,no sem limites. A sua mulher é a pérfida R.ãn (raena,
.. pilhar"), que arrasta a suá rede por toda a cxten.$â.t> do mar, 1ua o espírllo das águas. Cltia hartnoniosa ortdu1acão ali.Menta a
vida e -toma possível a civilização. O dragão Ying re.Une e dirige as
levando tudo o que enconua para a sun morada submarina. Os chuvas, 1x:>r<111e ele próprio ê o princípio da umidade'4. ''Quando
:i.fog os vão parõl Rãn, os bo1ncns lanç;ados ao mar sa.o S.'lcrifi-
cados a ela. De Acgir e Jtãn na.sceram nove f'1lhi\S, cada uma re. . irassa a se-::a fai-,se. uma imagem do dragão Ying e :on1eça a
chover.'
prmnta,ndo u1n aspecto ou um n1omcoto da epifanJa marinha: A assoei.ação dtaa.ào fndidade é f reqOeíl.te noo 1extos artaJ.
Kolga (<> mar enf1.1rec:ido), ByJgja (O marulho), Dufa (a mergu 4 cos chineses.96 . "'A besUl do trovão tem o corpo de. um dragão com
Jhadora), Hcafn (a espoliadora). Drafn (as vagas que 1-udo arras· uma cabeça humana.' ,w Vn1a moça fica grávida ,01n a sativ.l de \illl
trun oonsigo), etc. No fundo do oceano ergue-se o soberbo palá- drag.âoSlt' fu•h.i, lf:Jn dos fundadores da c.,•iUz o chint$a, nasceu
cio de Ae.gir. onde se reünefn, por vez..es. todoi os deuses. É l:i num lago conhcado pelos seus dra.gõcsl'!I . " O pai (de Kao-Tsu)
que se aliza o Jebre. b nquete em. voha do enorme caldt:ltào ch:unava,se T'ai•kong; a. sua mãe chamava,.se a venerável Llu.
roubado por Tôr ao g.igarue Hymir (também um g'ênio oceâni- Achaudo.se a ,·enerá v d U u a repousar nas margens de um lago, so-
co). caldcirào miraculoso no qual a bebi.da se t'azia por si só; foi nhou que.se cncontra,•a com um dei.as: nesse morncnto ouviram.se
lã que Loki perturbou o bom enu:ndi1neotC> dos deuses&?. t_r vões. viran\•se 1-aios e s breveJo s;rande obscuridade; T'ai-kong
caluniando,os e SU3.$ divinas csp0sas, :para aC*bar depois su- fo, ver o que passava e viu um d.rasão escamoso por cima da sua
pliciado, preso a uma rocha no fundo do mar. mulhc-r; depois, csui ficou grávida, e nasceu Kao•Tsu. u100
O caldcirr,o 1niraculoso de Hymir 1cm con:csp0ndentcs etn Na Cbiua, o diag5o- e:roblema urauiru10..aquátioo--enoontra-
otnras mitologias indo,.arianas90 . &rve para a çonf p;ão da am 4 se ein ligação cont(nua com o lmperador, represcn1an1e dos ritmos
brosla, a bebida di\'ina. O que nos interessa 110 presente. capítulo cósmkos e distribuidor d.i fecundidade da terra. Qu.andoos riunos
, o detalhe- revelador de- que a maiorla dos caldeirões mfticos e se perdem, quando a vidacósmicaou soL--ial se desorganiza, o impe-
máskos das ,radições eêlticas foram tn.oontrad"6 no fundo do rador w.be como regenerar a sua força cri adora e-oc,mo r tabef ecer
oceano ou dos lagos''· O c:i.ldcirAo ulicac.-uloso da ln'ldiç:ã.o U\an· a ordem. Um rei. da dituistia Hia. a fiLu de-assegurar o desen\·olvi4
desa, t,.,lurias, dcti\'a o $CU tKmlC de mwlr. ' ' o mar". A força má- r no, comeu dragões'º'· Por isso os dragôe$ guar4
gi,ca reside. na ãgua; os caldeirões, as panelas. os tá.lJeC$ são teci uo d o
dt dos !lon0$ 1,arcá n1 sem.prec1.uea !orça que autoriuiva adi-
4

·pientes desta for,;a mágica, froqüen1eruente simbolizada por u.m nast.aa Hta a reuiar se õ."\chava ll declínio ou ein curso de
licor dJviJio, ambrosia ou "11$ua viva"; e)cs cocúe.rem a lmortali- re çao 1oi . Quando morria, ou por ,·ezes nt<'Smo durante a vi-
da.de ou a ju\<eotude e(erna, (rao.sforman, a.goele que os pOS$\.li da, o imperador !oitava ao CCu: ê o caso de Huang-ti, o Soberano
cm herói, em deus, etc. Amarelo, que foi le\'ado ao c r u por un1 dtag.,o barbado oom a
suas mulll S e .os stus oonselhdros, num total de íO pes'soas iro .
Na n:i1tolog chin , de es,tTut1..1ra continental, o clra$ã<>,sfm.
11. ,\nbnats e simbl>los aq:a.lidto5 - Os dra.gões, j ' serpen bolod8$aguas, e Ulvesndo, de modo cada \'e.tinais forte das virtu4
tes, as ooochas. os dclfl.n . os pdxts silo Ymbolos da ;1aua es- des celestes, A fettilidadt. aquática conccntra sc nas nuv ns. numa
4

condid o s na profundidàd do oceano. sao infusos pela íorça 58. 4


170 TRATADO D 6 HtSTôRJA DAS Rl!llGJÔES .AS ÁGUA$ I! O SJ,\IBOLJS/t10 AQCIÃ'NCO 171
t'tgi!tc> supedor. f\•las o oonju.oto fccurtdid?d,c,,água-tealeia (oo san- Todas est..u tradJções manifestam o valor sagrado da fui\·
tidade) conSC't\'OU•Se mais nas mitolog.iass1J.deste-asiátlcas ern que ção consagrante das águas. A soberania como a santidade. são
oo o(: o fundamento ck toda realiei.ade edisujbuidor de todas distribuidas pelos gê'n·i0$ marinhos: a força mágico-religiosa re-
as forças. J. PryzJuski analisou grande llllrnero de 1-endasecontóS side no fundo do oeieas10 e ê sran$mitida aos heróis 10lt por sere$
a,u"ro--asiãticóS e indonésios nos quais se \'erificava uma par,icu- miticos fe1nininos (Nâgi, !(princesa oom cheiro de peixe·•, ete.).
laridade comum: o hetól (le\•e-a sua condição exttaordinâriá (de Os g nios-serpentes ,ião residem senrpre uos oceanos e nos 1na-
·"rc:i .. ou de " s a oto" ) ao fato de li:í na.sçi(I.Q dç \1-m animal aquâti- res, ,uas tambêm no:s lagos. nos poços e nas nascentes. Os cultos
oo. Em Annam, o primeiro rei ntítioo tem o título de lon,g q114n, das serpen1es e dos. gênios das serpentes. na Índia e em outras
'"o rei dragão". Na Indonésia. segundo o tcstcruunho de TcbaO· reaiões. mantêm, em 1odos os conjuntos em que se encontram,
Jo-Kua, os reis de Sanfo--ts'i linhan1 o titulo de long tsin. ''espiri-- ·esta Ligaçào mágico-religiosa oom as águas 100. Uma serpente ou
10, e:spennadeniiga"'04. N!lg:i éumtspm to aquáüoo feminino que um gênio-serpe.a1te enconrra•sc. sempre nas imediações das á3uas
<lcscmpenlJ.à, nas 1'(giões austro,asiáti-:as. o papel do dragão na Chi- ou es1as são reguladas por eles; são gênios protetores das fontes
na. Sob sua rorma marinba ou sob oaspo::todeuma "princesa com de \'ida. <1.1imortalidad-e, da san1Jdade, assim como de todos os
cbci.rodepeixe", Nãgi ul\ÍU•sccom um brlmanee.fundou umadi• sfo\bolos que se acbau> em ligação com a vida, co1n a fecundjda·
nastia (versão indonésia. Champa, Pegu, Siâo. etc.). Segundou1na de, oom o beroismo, com a imonalidade e com os "tesourQ&".
lenda pakaung, a Nâgi Tbu!iandi amou o príncipe Tburiya. filho
do Sol'º': desta ui:aião nascerat\l três filhos: um 1orllOU impeta-
dor d.a China; outro, rei dos pala\11\g; e o terceiro, r â tn, Pngan. 72. Slo,bolismo do dilúvlo - As tradições de dilúvios ligam-
Segundo Se.djoral l,folayou. o rei.Sutaitdcsceu ao Í\llldo do OCe.'I se quase todas à idéia de rcabsorçie, da hun1anidade na águã e
no numa caixa de\oidro e tt11dosido betn .icolhido pelos habitan- à üu1auração de uma nova épcxa ,. com uma oova humanidade.
1es, ca..o com a filha do rci. te casamento .nasccratn 11-ês fl. E.las evide.ncia1n uma conoepçao cklica do c0501os e da .história:
lhos, tendo-se tomado o prime,iro deles rei de Palen\bang. uma época é.abolida peJa catástrofe e uma noYa era começa, do--
Na india do Sul cré-<$C que um dos antepassados da dioa...tia m1aada por "homens novos". Est.a conce.pção cicllca é confir-
f'atlava leria dcl>pos:a.do uma Nãgi e.obti,d() dela as insi gni as da rea· mada tambétu pela convergência dos 1ujtos lunares com os tenlas
lez.a. O motivonâgi apare« 11aslcndasbudis1ascencon1ra-sc mes- da inundação e do <lih\vio, po;s que: a l u a é, por excclêrn:ia, o
m.onas regiões do norleda ind.ia. em Udd)"Mae Cache1nlt·a(l(ash- símbolo do de,·ir riunioo, da morte e- da ressurrt:ição. T:il co,no
mir). Os relide Chota-NaSl)ur desoendem igualó.\entc de unt JlâQ3 as fases lunares comandam as oc:rimônJa,;, de iniciação - quand<>
(cspfritodeserpente) chamado Pundarika: este, dbi.-se. tinha ares-- o neófito ·•morre'' a (b)) de "revive i"''-. assín\ trunbém a Lua
piração fétida, pormenor que letnbra " a princesa com cheiro de se enoonrr.-i em estreita ligação co,n .uiuuÓda-ções e o dilUvlo que
peixe''. Segundo uma tradição conservada na lndin do Sul. o &á· aniquilam a ,'tlha humanidade e pt'Cpâl'aln o aparecimento de. unia
bio Agastya nasceu corn \'a.\ishta num vaso de água, da ·união dos -humanidade "º"ª· Na! 1uJlologias do contorno do Pacífteo, os
deuses litbra e Varutta com a apS(lfO Ur\·ashi. Ê por isso q\le P:: .dãs t«n babitw1.lmente a sua oris-e:1n num Mima! mítico ·1unar que
UJe chama ku11bhasan1bha11u (Ll:t$Cido de Kumbha111âtâ, a deusa. se salva de uma (atástrofe- aquática u o . O ao1epa. do dos clãs
pote) e,vil8bd.hi(''devoradordo oceano"). Aa.astya dtsposou a fi. éuo) ruiufrago feliz ou um desoendcnte do animal lunar que pro·
lhà do oceanotM. Por outro lado, a .Dev>·11pa11.lss/Jad conta que 0$ \1ooou a inundação.
de . ao peraunil.\f'C'm à Or.mde Deusa (Devi) quem ela era e de Não pre<:isa,nos insjstir, neste capftu.lo. na concepção cícli-
onde vinha, obti"eram a seguit1te rnpost.:a.: ••o lugar do meu n-i,- ca d:i reabsorção nas águas e da manjfestação periódica, conoep·
1.,;met1to é na água, tlO interior do oceano; aquele que e cooheoe ção que se acha na base de todos os .!lpocaJipses e dos milos $00•
obtêm a mor.ada de. Oe\'i, ' ' A deusa foi, no começo, o princípk) grãficos (Atlân1ida, etc.). O que deSêjaroos sublinhar é: o caráter
e a matriz de todas as coiw: ''fui cu q\leni, no eorneço. aiou o universal e a coerincla dos temas mitico.s netut:tiaoos. As águas
pai deste mundo." 1°' ptecedeo1 ioda a criação e. re.intearam-na periodicamente a fim
172 TRATADO DE HISTóRJ.'1 DAS REL/OIOES AS ÃOUAS E O S/f,flJOJ..lSJ(O AQUÁTICO 173

de r fundir nelas, de "pwificá.-la'', eoriqueceodo-a ,1.0 mesmo ponto de \1ista da estl'utura, o •'dilúvio'' é coooparilvel ao 1'balis-
tempo oom no,•o.s éSlados latente., e re3eL1eranda. A hun\ani· 1no" c a libação (Ullel'ária ou o entusiat1no ninfolCptico à:s lus-
dade desaparece pcriodicrunellte no dilúvio 0\1 ua inundação por trações dos recém-nascidos ou ao.s banhos rituaJs primaveris que
causa dos seus. ·( dos" (na.maioria dos mitos d<>circuito do procunu:u alcançar a saUde e a fertilidade.
Pacifico o n)otivo da e.atástrofe e wna faka l'itual). Nuoca pert· Qualquer que seja o conjunco religi.oso de que façam parte-
cc deíinitivam-ente, mas rc-.ap.vece sob no,•tl fortna, retomando as águas, sua Cuução é sempre a mesma.: elas desintegram. extiD•
o ntesmo destino. esperaod.o o rttomo da mesma a1ástrQfç que suem ss formas, ''lavaLu os pecados'', purlficando e regeneran•
a reabscuverá nas águas. do .to n1esmo temp,0. O seu destino b prec«i r a cri .ão e
Não .se tta1a t lvu de u1na concepção peuimist3 da ,·ida. reabsor,;,ê-la. não podendo ntutc.l superar a sua própria modali-
mais a VJsão res.ig.nada, itnpost.a pe.la.intuição do própi:iocon· dade, isco t. llào podendo manifestar-se cm forn, . As áiuas não
junto Agua-Lua-Devir. O mito do diJú,•io; 00111todas as suas .bn• pode.m superar a condição do \'irtual, dos germes e dos es1..1dos
plicaçõcs, reveta como a vida pode ser \'alori.zada por unia outra JaLCntcs. Tudo o que ê for,na se manifesta acima dDS águas,
••consciência'' diferente da consciêociab .wana; ''vista'' do .nl· destacando-se das águ:\S. E1n compeosaçno, logo que qualquer
,·el netuniailo,·a vida humana aparece como aJS,Ofrágil qué é pre- formo dC$tac.a das águas, dei)1ando por i m de ser 'oirtual, cai
,clso reii;b$otver petiodicame.nte. ])Ois (IUC o destino de ,odas as sob a alçada da lei do tempo e da vida; adquire Umites, passa a
formas é se dissolver-a funde poder rea_pal'eçer. Se as "Connas" conhcctr a .história, partic.ipa do devi.l' universal, corrompe,-se e
não fossem re,s.eneradas pela sua reabsorção periódica nas águas, acaba por se esvaziar de substância, sie n3o se rcge-nera pOr inter•
desfazer.se-iam, esgO(ariam as &uas possibilidades adoras e sões periódicas nas .\$tias, se não repete o "dihivio" seguido da
extinguir-se-.iw detiniti\'atnente. Os ''atos maus '. ', os "pecados" "c o s m o gonia". As lus.irações e a$ purit'icàÇÕts rituais oom a água
acabariam p0r desfigurar a huu,anidade; es\'atlada dos sermes êm por finalidade a utilitaçâo fulgurante "daquele 1e1npo", in
e das Corças criadoras, a bu1nanidade estiolaria, decrépita e c:stê- 11/0 u,npore, e1)) que te\'e lug.tr a ctla o: elas são a repecicâo sWl·
ril. Em ve2. da regressão lema às fornlaS subn13.1:inas, o dih\vio b61ica do nascimento dos mundos ou do ''homem no\'o••. Todo
cooduz â reabsorção inslantânea 11as águ:as, nas quais os "peca- contato com a á.3ua, Quando é praticado cont uma intenção reli•
dos·• s.1o _purifKados e das quais nascttà a humanidade nova, re-· aiosa resume os dois n,01ue11tos fundamtn1ai.s do riuno cósmi-
icnerada. co; a reintegração nas águas· e a criação.

73. Síntese- Oeste modo codos os "·atores ntetafisk:os e te-


ligk>Sos dllS águas oonstituei:n unt conjunl() de uma ooerfncia per-
feita. À cosmogonia aqltácica correspondem - em ni\•el an1,ro·
pológico - as bUo.ienias, as <:teuças de que o aênero hwnano
nuceu das águas. AO dih\vio e à submenào dos oo«1únentes (ti-
po Atlântida) - fenômeno cósmico que. se repete por uma ne·
cessidade cíclica - corresponde. enLnlvd hulilauo. a ''licguoda
n1orte" da alma (libações funerárias, a• 'u1nidade 1' e lel t1on no
inferno elc.)oo a mone ricual, iniciâtica, pelo batismo. ti.ias, ta.o·
to em ni\•cl oosmológico como em. lúvel antropológioo, a ime.r•
siio nas ág-uas não «1uivaJc a uma extinção definitiva, n1as so-
lllCntc a wna reintegração passageira 110i.ndistinto, à qual sucede·
mua ºº"ª aiaçâo, \lma no\·a ,•ida ou wn home1n novo, segundo
se trate de um momento cõsmico. biológico ou soteriológico. Do
VI
As pedras sagradas:
epifanias, sinais e formas

74. Cratof1111iail JilitQS - A durez.,. a rudcia. a pcnnan-ên-


ci.a da motéria, rcptcseptam para a co·n.sciência reliiiosa do prlo.U·
li\'O uma hieroíania. Nada de mais Unediato e mais autônomo
n.1 pleoitudc da $Ua força, nada de mais nobre e de nwis terrivcl
..que o majestoso tochedo. o b)oço de granilO audaciosamente ére-
10. Antes de mais nada, a pedra é. Ela permanece seinpre igual
"!li pi:ópria e.subsiste, E, o que e mais importanLe ela sel'Ve para
ba,tcr. Antes nlC:Smo de peg r nela para bater. o homero \•ai de
i:.11co1uro a el.3. Não ne«ssariamente com o corp0, mas pelo Jne•
nos.com a \ ista . .Ele veritica assitu sua dureza, sua rude-za, seu
1

pp(fel', O roche(lo revela-lhe qualqua coisa tiue tratlsceode a pre,


caricdàde da sua condição hutuana:: um modo de ser absoluto.
A sua resis.tên ia, a sua inércia, as suas propor,;ões, tal como os
11eus contornos es1ronhos. não são bun1.anos: des atestam un1a
presença que fascina, aterroriza, trai e acne.aça,. Na sua sraodeza
é na sua dureza. na sua forn,a ou na. sua cor, o homem enoontra
uma realidade e uma força que _pertencent a UOl lUUndo dif«erue
cJQ nlundo profano de que ele faz parte.
Não podemos cUzer se os horoens sen1pre adoraram as pe-
dru en<iuanto pedras. A dc,·oç:ão do primitivo refere-se. e1n <o•
do caso, se.mpre a alguow coisa difetcntc que a pedra incorpora
1:<fx11rimc. Um rochedo, um calhau s..'lo objetos de uma rcspcito-
1111
devoção l)Ol'qu-e represeoram ou imitam alguma ,·óiso, J)ôtque
vê1n (lc a/g1u11 lado. O stu valor sagt do é exclusiva.,ncnte devido
1\ t tá àlg11111C1 ooisa ou a este olgu,n lado, nunca à sua própria
c,il.. 1éncia. Os homens adoracaru as pedras apena na medida em
ouc elas re1>re:sentavam algq diferente delas mesmas. Adorai-ao,
-

176 TRATAOó .DE 11!.STÓRJA DAS R&IOJ(}ES AS J>EDfeAS SAORADAS 177

as pedras ou fizeram uso delas como instrwnentos de ação cspi- de dos c-amp0$ pelas forças que. a sua natur , esptrhuaJ lhe coo•
cituaJ, como oenrros de energia deslin.,dos â sua própria defesa fere, a imPoSSiblUte de se toroar errantt. e perigosa. &1a inter-
ou à d s n1-0rtos. B convém esclarece!' OOde jâ que isto foi pretação é confirmada pelas. re«;nles pesquisas de W. Koppcrs
assim p<>cque a m ioria das pedras que 1tinbam i.ncldaoci.3$ cul+ sobl'e as tribos mais arcaicas da tndia Central, os, bhiJs, os kor•
t'uais eram utilizadas corno insir1unentos: serviam para se obter ku, os mundas e os aoods. Fazendo abstração d0$ resultados ob-
alguma coisa ou para i,\ltat' a $\la posse. Dcsempenb;i"am wna tidos por Koppcrs sobre a história dos 1non1.1rne:ucos .lhicos fu,
funç-ão mais propriatner.te m:ig.ica do que re-ligiosa.. J\.iu.nidas de- ne:rários da Índi:.J. Central, há que reter: a) que todos estes monu-
certas virtudes sagradas·devida.s à sua origem ou à sua rorma. mentos se relacionam e-0m -0 eul10 dos n1ortos e l)l'OCUram o 9Pll·
elas nâo era1u odoradas, mas 111illtodas. ziauantenco da atroa do defunto; b) quc 1 do ponto de vísfa mor•
Dffie mC>do, o americanista J, }Jnbelloni, ao tudar a área fológieó, Podem ser co1nparad.os aos 1u gâli1os e aos menires prC·
de difusão da palavra O\."e:IJJO•americana tokl (árett que se esten- bistôriCO$ europeus; e) que eles não se enconttarn por chua dos
de d sde o linütc oriental da l\•lclantisia atê o inledor das duas Hlmulos. uem mesmo ao lado_. mas a grande distância dtles; ti)
Américas), destacou as seguintes sig:oíficaçõe:s: a) arma de com• que, no entanto. quando se trata de Ulllil morte violenta (raio,
bace. de pedra; machado; p,or xtensão, qualquer ins1rumento de serpeu1e, tigre) o monumento é erigido no próprio local do
r,edra.: li) lnsíani.1 da dignidade. sitnbolo de poder; e) pessoo que addent .
de1ém ou exerce o poder, por heroditar.edade ou por investidU• E.ue último e-aso revela o sentido originário dos mouumen•
ra; <1) objeto riLua!1• Os ''auardiãc.s de sepulturas" eocolíticas tos IItioos funerários, porque a moMc violenta projeta u1na alma
eram postos ao lado dos depósitoo 01on1.1ãrios, a fim de llles as- agitada e hostil, cheia de.r'essentimen,os. Se n vida é io1errom1>i-
segua·ar a invio1.:tb1lidade1• Os 1nenires parece,u ter desempenha- 9;1 brose3men1e, supôc'-SC: que a alma do morto tem tend!ncia para
do um pa.pel semclhante: o do 11as d'Au1s erigia...se w:.rti.catmentc oontinuar o Q).ie lhe resta.Ya de vida nor1nal junto da coletividade
por cima de u.m depósito mortuário'. A pedra protegia comra os de que foi separada. Entre os gonds, per exemplo, amontoam-se
animais, os ladrõe$, mas sobretudo conl.râ a "morte": tal como pedras uo local onde 3Jguên1 foi m.ono por um raio, por um tig r e
a incorrup(Jb1Udade. da pedra, devia a alma do defunto subsis1ir ou por -tuna serpe.nte.1: cada pessoa qoo passa jonca uma pedra
lodefi l1idantcnte sesn se dispersar (o e.\1e n1ual simbolismó fá.Uoo ao n1oote para repouso do defunto (oostume que. sobrevive ainda
das pedras cumulares pré-hiscóricas confirma este sentido: o falo em algumas regiões da Europa. por e,i:empk>, na França; cí. §
C(ll um sítn.bolo da existência, da força, da duração). 76). Enfim, cm aJgumas regiões (entre ôS goods dl'á,·ldos) a con•
sagração dos monumentos funerários ê acompanhada de r i t o s ®
ticos, como se enoo,uranl sempre quaodo se 1·ealizan1 as com
1S. Ptlc&álitos funtrárloi; - Bntre. os a:onds-, uma das <l'ibos morações dos n\orios nas sociedades agrárias. 'entre os bhils, os
<lrávld.as que penetraraw nla.ls profundamente na Índia Central. monumentos são erigidos so,ne:ote para aqueles que pcreoctam
existe o seguinte costume: o filho O\I herdeiro do mono de,•c de- de morte violenta, ou para os chefes, para os rnás;icos e para os
positar ao Lado do n\ruulo, quatro <lias depois do enttno. un1 3uerl'eiros, p;ua a t1·anqüilidade de alma dos ''fortes'', numa pa---
orme rocM<fo que atinge, por veies, três mecros de altura.. O tnvra, daqueles que representavam a urorça'' durante a sua vida
trs.nsporte desta pedra, vinda muitas vezes de distândM apreciâR ou que a obtiveram por contágio da sua ··•morte ..ioleota".
vels, exige mWtóS esfor,;os e dcsJ)C$aS. e é por isso que. na maio•
, .A pedro funetál'la tonla-se assin:i u1n in.stru1ncnto protetor
riadOS(1IS0S, a construção do monumento ê-adiada e, por tteS. da vida oontra a morte. A alU1a ''habita'' a pedra, co1no habi1a,
nem se faz.'. O antropólogo inglês Hu11on pensa que es1es mo· cn1 outras culturas, o tllmulo, considerado. por razões semelhan-
nulncntos m tiliticos f\lnerârios - freq'O.e11tes entre as tribo$ nào tes-, uma •;casa do1uorco'', O meg.:ilito fur:ienirio protege os \•i-
civilizadas da Jndia - têm por finalidade • rixat'' a alma dQ morto vos das eventuais ações nocivas do m0tio: a n1ort.e, reprmntan-
e. prep.arar.Jb.e um alojamento 1>rovisóri o que a mao,enba na vi- dQ um -estado de disponibilidade-, pe.rmite o exercício de oer,as
zinhança dos vivos e que, pcrmiünd.O·lhe influenciar a fertWda• lnRuências boas ou m s. "Fi.xad.-" nu.ma pedra, a alma é oous-
11MTA00 J)/!, HlStóRJA DAS !leL.JOIÕES 179
178
a
trat1alda a agir unica1neitt.e no sentido p,0sltivo: t'crülização. por dra de1 is d rem feito as oferendas (flores, sãndato e- arroz.
co.2.ido)1 . As lt1bos-da Austrália Cen1tal têtll ooncepções setue•
isso qut. em muitas 9.reas (Uhurais as podras. que se S\tl)Õe habl-
tad.lS pelos '' art le pass ados'·', são instrwnentos de fecundação dos lhantes. SpenOC1' e úílkn citam o caso de um grande rochedo de-
nominado Erathipa<1ue a1>reseu1a 11.1ma abertura lateral pela qual
camPoS e elas mulhtt'e!, As tribOs -..1coliticas do Sudão ;issimUain as almas das crinnças q\Je aU estao en1enadas espreharo a passa-
as " pedras de chuva" aos antc,,assados que sabiam traze.r a
ehu"all. Nas ilhas do Pacifico (Nova C3kdôuia, t,.iale.kula, At- gem de uma muJher para poderem renascu ncla. Quando as mu-
lheres que não q·uerem ftlhos se acbam perto do l'OChedo .finge1n•
chin. etc.) certos roéhédos -pr .en,am ou eL1camam os dtuses,
os 1!ntcp dos e os heróis "civiliz..i.dorl"S" . A peça central de se v lhase caminham àPoiadasnun.i.a ngàlà, e,cdnmando: ··Nao
cada altar destas re&iôes do Pac[íico é. segundo J. Layard, um venhas ter comigo, cu sou urna ,..dha. "15 As mulheres estcrris da
tuonólit.:> aoolnp.1nbado de um dóhuen de p!'oporçõts 1nais redu. tribo .t.ilaidl1 (Califórnia Sete.otrioj)aJ) toca1n num rochedo sen\e,.
au,epassados 10• lhante a uma mulher grá,·idal'. Na ilha de Kni (sudoeste da No-
zidas, que representam va OuinC) a mulher que quer ter fi_lhos l:>c$unta de gordura uma
Leenhardt cscreve-11 que ''as l)cdráS são o esphito pet.rlfJca-
do dos antepass.1dos". A expressão é muito bonita, n,as não de- pedra. O mesmo IJS() se enoonLra e,n r,.,fadagáscar". E ínteressal\-
ve ser interpretada literalmente. Não se ,rata de. um "espírito pc· te notar que as mesma, ''pedras fertilizantes" são tantbcm unta-
trificado''. ma de- uma rcprc t\lação concreUt, (le um hábltat das de az.eile pelos 1nercadores que quere1n ter prosperidade nos
provisório ou simbólico deste cspíri10. O próprio L«:nhardt col\ 4
seus negócl.os. Na fndla há u,na crença que pre1ende que ctt1as
( d $ 3 . . en\ outra pa.ss.-isem da mes.n1a obra: "quer M:trate de espí-
pedras teriam nascido e se reproduririam por si mesmas
riLO, de deus, de totem, de clã, lOd3$ estas co.nc:el)Çbes -divt.rS."lS WW,ya,,1bhO=autogenia), por Lsso stio pro,:uradase vener.idas pe-
têin, efcc:ivamenle, uma reptesentação concreta, que é a pedra". las mulb«es c.stén:is que lhes levam ot'crcndaslS. Em certas re-
Os khasis do Assam cr m que a Grande Mãe. do clã está repre- gjô<:$ da Europa e dos outros cont ineotcs os jovens casais camj-
sentada nos dolntcns (ma'W-akynthel, "as pedras fêmeas") e que nham sobre uma pedr:l para torl\ilr fértil a sua união.,, Os sa-
rnoiedos or.un diante de uma pcdi:-a de forma estranha deno,ni-
o Grande Pai ts1á presente nos mcnl.res (rnaw-shynrang, ''as nada pyl-pqjo ("a mulher-pedra"') e faze1n•U)e oferendas de
pcdraYmacl\os")I?. E:m outras áteas culturais, os menires encar-
n.im mesmo a divindade supr.en1a (uraniaoa). Vimos n o § J6 que ouro .
em numec0$as tribos ;1.frkMas o c..ulto do deus supre-mo do u A idéia impJicads por todos c- 1tci; ritos Ca de que. certas pc·
çompr«nde 1n nires {p am-se-lhes sacrifícios) e O\ltra:; pedras dras podem fecundar as .mullieres ,estéreis. q,1er a:raças ao espfri.
to do antepassado que aí se encontra, quer cm 1-·irtude da sua for-
sagradas.
n1a ("mulher.grávida", "mulhcr dra") ou da sua origem (SYO·
)'01nbhú ., ''aulogenia''). rvJas a "teoria º <ru deu lugar a tais. prá+
76. :Pedras ftrtWz-antl.'$ - Por COtlSCguinte, o culto não e tices rcligiosas ou as justiflcou, não se conservou sempre na cons-
dirige à pedl'a, considerada como substância material. mas ao es- ci@nc;a daqu Jes que COl\tinua1n ainda a observar es1as prátk:as.
pírito que a anitt\a, a-o sfrnbolo que a.consagra. A pedra, o r o - Por s a "teoria'' inicial foi substituída ou tuodiftc:.-ada por unia
chedo. o ntoJlólito. o dólmen. o 01cni.r. etc., tornat1J-se saa,ra.dos 1cona dJfcrentc; outras vezes a "teoria" originária foi ('Ompleta·
graças à força e$piritul'.IJ cuja ma(ca. 1.razen1 com etes. \lislO que tneuteesquecida depois de urna revolução religiosa vitoriosa. u m .
rtos achamos nesta área cultural do ·'antepassado". do 1norto '•Jj . bremos alguns (a.tos que. <.'àbem. n,e$te último caso. Nas értnças
xado' · na pedra a fún de ser utilizado como instrumc-nto de defe- populares européias subsistem ainda, cm. 00$50$ dias, fracos vcs-
sa e de au,neoto de vida, acresrent cti:nda alguns exemplos. 11$1.0S de utna devoção pelos mea,álitos, rochedos ou dolmens, so-
brt:vivCncias das práticas de "ftrti.lização" por tontatoo oom as
'Na Índia, é aos ,uegitlitos que se diriae1n as j0\1eni easad para pedras. Esta devoÇão ê, CQmO di$SC'mos, muito vaga: no cantão
tertsn filhos•i. As 1nulh«ts es1êrcis de Salein ((ndin do Sul)
de Mouriel's (Sabóia) a J>Ot>Ulação, acusa "un1 ,emor reli$ioso e
crêern q\\eé nos dolmens que. residem os antepassados q_ue têm r to piedoso'' pela 1'Píerra Cbevetta" (Pedra da Coruja), sem
o poder de fecundã·lltli, e t oor isso (11,l.Ç das se esfreJain na pe,.
-
180 17MTAD0 D e HJ$TóRJA DAS R.EL/0/ÔES ASPEORASSAORADAS 181

saber outra coisa a seu respeito sená.o que ela pr<i1eie s aldeia É prcçiso intcgra.r nesie. 1nesmo conjwuo ri1l1al o costume
e. que na medida em que da subsisu: nc.m o fog.o nem a Aaua os relatado por Sébillot: ·•.Por volta de 1880, não muito longe de
atingiiioll, No can1tio de Sum ne (d.epartamerno do Gard). os C'amac, pessoas casadas havia \ il rios anos senJ que tivessem fi•
1

cao)ponms te1nem os dolnten,s e cvitam-oos 12. As mulheres do lhos iam, pela lua cheia.. até lUn m.euit; despiam-st., e a mulher
cantão de AnneCy'·Sl.ld rezam o "Patel'" e o '"AYC" ao pllssatem corria em volta da pedra, tentando e;sicapar do marido; os fami-
perto de um 1nontão de pedras denominado "o Morto". Mas IS· liares ,•iglavam a distância para afastar os intrusos.''" É prová-
so pode ser explicado pela crença de. Que alguém ter-la sido ali vel que tes procedi1nentos tenham sido mais frociüentes no pas-
e.nten;:idoll. Na mesma região as mulhcreS ajoelham e benzem• Sàdó. Otárü-st fiumêrO!ãi interdiçi,es da parte do <:lero e dos reis
se, colocando uma pe:quena 1>edra t1um monte que se julga co- cm rdação ao culto«LS pedras e sobrec.udo à anlssâo seininal dian-
btlr o corpo de um peregrino a inado ou enterrado após um te das pedras, na Idade t.>l&Ua't. rvJas tste. último rito I muito
desabameato de tmas14• Encontra-se um oosturoe se1nclhante 113 mais complexo e não pode ser reduzido- como os das "escor-
África. Os hottcntotC$ lança.m pedrl'lS sobre o túmulo do demiur- Tcgadelas" ou das "fricções'' - a luna crença na possibilidade
go Heitsi Eibid e.os .povos bautos roeridkmais pra1.ican1 o Jne5mO de "fet"tllJzaçâo" diteta do dólmen ou do menir. Faz-se ai men-
rituaJ em relação ao demiurgo Un.ku.luntuJu 25, Resulta destes ção, em primeiro lusar, do tempo da có1>ula ("durante a lua
exeinplos que a devoção ou o temor rdi3;loso dos me3álitos é es- cheia"), o que indica vesi:faios do culto l\lt\ar; depois o coito dos
porádico na França e detcnninado, oa ior parie dMcasos., por casados ou a emissão seminal dia11te da pedra explicam-se peta
razões que não têm relação com a t'llaiia da pedia (por CJt<'mplo, concepção, mais evoluida, da scxu afiz.ação do reino mineral, dos
"01ortc violenta"). A concepção arcaica de (ertilidadeda.i pedras nasci1n.entos que tê1n por oriae1n a pedra e que correspondem a
consagradas - dolineus, menires - é totalmeute diferrot . las certos ritos de fecundação pela pedra l' 4•
as práticas conservaram-se, um pou<:o por toda a parte, ate os A maioria desses costumes. dizfamos nós, coosetva ainda a
nossos dias. crença de que o sintples contato oom o rochedo ou com a pedra
consagrada basta para fertilizar uma mulher estêril. Nesta nie_s..
ma aldeia {Caroac) as mulheres se11tavam-se no dólroen Cre-uz-
n. A ·•eseortt&adcla" - O co tume denominado ·"escor· tvtoquem, arregaçando os vt:st:idos; sobre o roehtdo foi erigida
rcgad :Cl-o. '>é "ootn conhecido: para terein Glhos, as jovens deixam- uma cruz para e,•itar cs.t.a J)fáticau . Existem tUuitas outras pedras
se escorregar ao longo de unta pedro con grada . Un1 outro cha. adas de "amor·· 0,1 de "casameoto'' cujas ,•irtudcs: são
costume 1•itual a.ioda ntais espalhado e a ,.'frl ç.1o": a frieçlo t erótkas'6. Em Atena$, as mulheres grávim dirisiMl« â çoli•
prattcàda por razões de sa,\de, mas sl\o sobretudo as mulh«es na das ninfas e-deixavam-se <kslizar sobre o rochedo ao 1nesmo
téreis que fazein uso dela. Etu Dec.incs (Rôdan<>), há não mui- tentpo que iuvocavaJn APolO. par.a ttrtm um parto fclizl7. Bis
10 tempo as 1nulheres se sentavarn n\1m monólito <1uese encontra aq um bom exentplo de mudança de sjgnificaç!lo de UUl rito,
nos campOS num Jocal chattlado Picn:e-frite. Em Saint•Reoan (Fi- pois que a pedra da fecu1tdaçã,o se transforma em pedra de par.
nisterra) a mulher que desejasse ter um ftlho dcitava-se durante to. As mesmas crenças nas pedras que, só por se tocar nelas de·
trê.., noites couseeutivas sobre um grande rochedo. La Jumcnt de terminam um pano bem-sucedido , são encontndas tam em
Plerren. 1'ambéro as jovoos recCm-.:asactas vinham aJi nas pri- J.?ortugal".
meir s. noites após o e-asa.meato e esfrcgavant o \'entre naquela Muicos. Jnea.tlitos favor«:em o a1:1dar da-s crianças ou
pedra2'. Esta prática é muito diMe1uinada l°t . Por exemplo, na :JI. proporclonam-thes bo3 .saúde3t. No can1ão de Amence, existe
deia Moedan, do cantão de Pont-Aven, a5 mulheres que roça. uma "Pedra furada": mulheres ajoelham diante dela e oram
varo o ventre na pedra ficavam co10 a ct:l'leza de-que teriam fi- pela sat\de dos fdhos. jogando un,a motda 110 buraca->. No mo,.
lhos do sexo ou&uJioolO. Ainda em 19Zl as camponrsas que Iam mento do oasàmento, os pais levam a criança à ''pedra fiu•ada.,
a Londres abraça,•am as ootunas da catedral de S o Paulo para de Foú-,cnt.fe-Haut e íaum-na 1>assa1· pelo buraco. "Era, de oerto
tt1e1u tilhosl 1• 1nodo, o b3tismo da pedra destinado a preservar a criança de-ma-
-
182 7 M T A f ) 0 DE- HISTÓRIA DAS Rl:L/GIÔES ASPEDRASSAORADAS 18)
1-effcios e a dar-lh( felickJade. u.1 1No nosso ,eo.\f)() ainda, as mu- 18. Pedras fu-ridas, ;,. pedra s de raio" - OiS$tm0$ que, no
lh rts tê.tds de J>afos p.usam pelo buraco dê um.- pedra l. Es· caso das pedras ·fcrtilizanl<:S" e da devoção pelas pedras, a 'tco-+
te oostwne existe em etnas rOO da 1n$1aterr:a0 . Em OUttaS re ria'' tJadicional que jl1.&tificava a µrácica tinha sido substirufda
g.iões. as nl\llllcreli passatn siluplesmente a mão direita pela aber- - ou pelo menos contaminada - por uma teoria nova. Excm·
tura, porque, divm elas, é esta a 1nã.:O que supOrta o peso da pio notável di$SO nos C fornecido p,cto oostu1ne (conservado até
criança:". No Natal t pelo SJQ João (quer dizer. n9s dois solstf- os nossos dias na Europa) de frizer pusar o recém-nascido pelo
<:ios) punham-se v<.Ll.s ao lado de ccr s pedras buracadas .e buraco de uma pedra-"' . Este rito refere-se, sem quaJquc-r dlivi
espalhava-se uibrc el ar.cite, que deJ)()IS se recolhia pa,a servir da, a UOl "rena.scimen.10•· concebido quer coolb naschnen10 por
de rem.édio"s. intermédio de. um Sin1bolo ent pedra da matriz di\·iua, quer.co-
. \ Igreja.combateu durante nluito 1cmpo s.es .oostllme$". A n10 um re.nascimi;nto por um símbolo soJ r. Os povos proto•
sua sobrevi,'t'ncia, a despeito das pr C:$tcl-es1a t1cas erobretu- hlstóri,oos da fndia oonsiclerovam as pedras furadas wn símbolo
do a despeito de um século de racionaliJ1.tt10 anü•L'eligjoso e anti- do yó11i,e- a ação de- passar pclo buraco implicaria a regeneração
supcrsticioso, ;Jtesta uma,nmaisaS\1a força. Quaset<XlasMO\I· por intennédio do prindpio cósmico feminino4. As"mós de pe-
tras ce.rimóuiu.squese relacion:un com as pedras oonsagradas:{dt- dra'' cultuais (ãl•··k ttmar) da pré,.1:úst6ria scandinava teriam de-
voção, 1en1or, a4i,•inh.ação, etc.) desaparc ram, elas nada ma sempenhado uma função similar: Oscar Almgrcn atribui a elas
ficou do que a(J_uilo que tinham de ess.:oc1al: a te na 1ua vittude um senddo simbólico próximo daquele do yon i,. J\.1as n:i Índia
fert liz.antc . Hoje, essa mu.ça já não é..s.ustentada por nenhuma esta! ring-slónes t m atém disso um simbolismo :iolar. Elas o
considetaçao teórica, mas justifi da por lendas recen1es ou DOr assimiladas à po,tta do "mundo", loku·d•·dro, através da qual
in1crprc-tações ele,icai.s (no roc.bedo repousou u1n santo; so re o ,a,nbé,n a ahna pode "passar ali.m · (salvar-se-a1ím"eyatt:). O
menir encon1ra-sc uma cruz., etc.). Pode-se, no e1uao10, eviden- buraco da pedra chama-se " a porta da Libertação" (n;ukli-dvlira)
ciar, por veus, unta fórmula teórica lntermcdiâria: a pedras. 0$ . de qualquer form:t, esta fórmula. nlo pode ser aplic.-.da a wn
rochedos, os menires são freqüentados Pot fadu e e a e!a:s que renascimento pe.Jo )'Oni (a matrii), mas somente a uma liberta-
se Levattt ofereridas (óleos, Oores, etc.). Não t (fue se preste culto ção .do c;os1nos e do ;cio clnnico, libertação imoti d:t no sim•
a esses seres 1nas há s roprc alguma <:O.is.1' a pcd.ir-lhC'S. bolistno solarso. Encontracno-nos perante úin simbolismo que re-
No en,;n,o a revoluçâo religjosa realizada pela convcr ão ,•ela wn sentido difc-rcnte do rito ar,caico da passagem pela ring-
da europa ao crÍstianismo bou or· anular o conJunto , ó rico stone. Tan1bên1 na Índia se encon1ra unt outro exemplo da. subs
primitivo no qual se enquadra ocmmonlal_dasl)Cdras f<rt,Uzan· tituição de uma antiga teoria por uma nova: <linda hoje• pedro
tes. A devoÇio manifCMada pe]:is l)(lpulaçócS .rurrus ate a Idade sólqgrân,a é $agrada porque diz-se ser o sin1bolo de Vishnu, e po1
MCdia para co1n tudo o qU<: se rdacl<>nava oom M civiliz..'lções que se casa co,n a planta tu/as/, sll11bolo da deusa Utk.shrni. Na
pcé•históricas (a que se chamam as "idad S de pedra n), para com realidade., o conjunto cultual pedra-planta Cum símbolo arcaico
os seus moDumentos funerários. mágicos ou cultuais, J)i\f3 c-om do ···1ugar consagrado" do aliar prim.irivo e cobre toda área
as s1,1as armM de pedL'a (a "pedra de.raio''), e>eplica-se.n:io 5<l por indo-.mtdi1errânlca (cf. § 97),
uma sobrevivência direta das idéi;LS rcHigiosas que tinham anima. Em numerosa$ regiões as pedras metcc)ri<as são cons:ider:t·
do os seus antepassados pré-históricos.. n1as tambêm pelo temor, das símbolos ou sinais d fenilida.de. Os bouriates es&lo conven
pela devoção ou pela adn1iraçâo supetsticiosa q c as popu)açôes cidos de que cenas pedras ·'caídas <lo céu 1• sr,o favorá,,eis à chu-
rurais rua.njfestavan1 a respeito desses hof!ltn.s: ;ulgavam·l)()$ se- va e é por isso que em tempo de seca lhes oferecem sacriík-ios.
gundo os restos da sua civilizaçâo Ui-ica. E vcrda q as popu- ,Em muitas outras aldeias encontr.im-se pedras análoa,.1.S, de di·
lações rurais consideravam - <:orno se .-erá . mws adianre - :lS meiisões reduzidas: pela primavera faum-se-1hes of endas par.i.
armas primiti,.·a:s como "pedras de raio'·' caída.s do cCu; também. se ob(cr- uma boa colheita:n. Resulta dai que, se a pedra e p-ro,'i-
os meriires. as estetas, os dollnens eram tomados como ,•cstigjos éls de un1_valor rcligio.w, isso é devido à sua orige1u: el:t viria de
dos gigante.\, das fadas, dos heróis. uma iona sasrada e férti'I por exctl cia. Ela cai do éé.u ao n,es-
184 TRATADO D B HIS'll.)/1../A f>AS RE/..IO!ôe!. AS PEDR1iS SitGR'.rlD.AS ,as
n10 tempo. Qllt- o caio que ,raz.. a chuva. Tod.as as crenças relativa$ cair do ofu. a·Ka'aba encontrou o firmamento e foi por esse bU·
à íertiUdact das "pedras d.e chuva" 1êrn como fundamento .-i sua raco que pódc eferuar•se a co1uunicaçao da Tt.rra eom o Cfu. é.
origem tneteórica ou as analogias que se pensa que existem enttc por aí que pa.s:s:a o Axk ;ti,fundi.
elas e cu1a.s forças. forntas e seres qu,e comandam a chuva. Ent Assim, os metCQritos são $agrados ou porque.cairam do céu.
t<ota Oa.dàttg (Sumatra), por exemplo, ac.ha-se uma pedra que ou porque revelam a presença da Grande Deusa, ou a1nda por-
apre$etlta uma 'l"aga semelhança com um gato. Aproxintando - que rep<eset11an1 o '(centro do mundo". Em t0d0$ esses casos,
te raio 4o l'IP<I <lesempeúha<lo por ,11n amo nearo em çen0$ n· são sl111bolos ou e1nl)Jen1os. O seu earárer saara.do supõe. uma t 0-
tos destinados a obter a chuva., pode-se supor que esta pedra pOS-- ria coswotó&i<a e. ao mesmo tempo, uma concepção precisa da
sui cap.lc.idades se1nellt:u:i1es'i. A allálise cerrada das inõ.r:ncras dialélica hkroianka. "Os ârat,es adorant as pedras'', revia CJe.
·· p e dras de chuva" faz ressaltar a e:tisLência de u..rna "teoda'' qt1e mente de AlcxandriaJ4• Tal COD)O os seos predecessores mono-
explica a e.apacidadc que das i.êm de comandar as nuvt.ns; u-ata- ielstas do Andgo Testam nto, o apologeta cristão era conduzido
se. q_u.er da $Utt roona. ci.ue 1em uma cel1.l "sint tia" com as nu- peta purcu e pela intensidade da sua experiência religiosa - fun-
vens ou com o ;aio, quer da sua origem cel e (teriam caído do dada na revelação cristológica - a n ar qualquer \'3.lor e$piri·
céu), qt1er porqi.,e peitenceni aos •·an1cp ado$". porque foram cual às a11li3as fonnas do culto. Considerando a tendência estru•
encontra.das na água, ou p0rque a Sú a fotma Jembra a das ser· turaJ do espírito scru.ftico J>ara oonfluldir a dívindad.e coru o .su·
pentes, das rãs, dos peixes ou de qualquer outro sirnbolo aq_uáti- porte material que a representa ou que manjfesta a sua íorças s ,
co. A eficiência dessas pedras nunca reside nelas ma$; elas pode supõr-se que, no tempo de Cleroen.te,, a maioria dos árabes
panicipam de um principio ou encarn.am um símbolo, exprhnetn ''adorava" as pedras. Pesquisas recentes demonstraram, no cn·
unia "simpatia'' cósntica ou i.raduzcm uma origem celeste. Es- tanto, que os átabes pré-islâmko:s \'encravam ccr1as pedc.ls de-.
sas ped.r.ti são os.sinaís<le 1.una realidade espiritual diferente, ou nominadas p e los- greco-la1inos baytili, termo de origem semítica
os ill.Slru.mc.ntos de uma (orça sagrada de- que são apenas ore- que significa "e.asa. de Oeus tt S6 , Esta! pedras sagradas não fo·
cep,1âculo. raln, aUás, ve.neradas apenas no mundo scmi1ico, rnas .tarubéru
pelas populações da Ãfrica do Nor1e antes ntesmo dos seus oon-
tatos com os cariaginesesJ ' . Os ba·>1ili, no entanto, nunca forant
79. l\(t.'troritos e. h,o.,tili- Um exemplo sut tivo Nlativo à adorados oomo pedras, mas apenas nn tnedida em que ntanifes.
multivalência simbólica dm podras n o s fornecido pelos 1neteo• lavam umaJ)le$fl1Çr1 dívlna . .Eles represertU'l\'tlm a "Casa" de Deus,
rlios. A Ka,.aba de teca e :i pedra nes1'1 de Pessinonte, imagem ec:uu sinal dela. o seu emblema e o receptáculo da sua força ou
anicõnjca da úrande fi..fãe do$ frígios, Cibele. levada para .Ronu1. o 1 1emunho inabalável de um ato reli$ioso realizado em seu no-
durante a llltinu• gl1ecr:1 pUnica, s.ão os meteoritos mais me. Alg\aos entplos colhiaos no mundo semítico farão com-
notáveisSJ , O seu. e.,rátet Sa$ta.do eta devido, en1 l)(irneico lugar, preender melhor o stu sentido e a sua função.
à sua origem celeste. l\.1as elas eram, ao m ntO ten,po, as JJna• A caminho da tvlcsopot.'\mia ... Jacó atravessou Caràn. ''Ele
tenS da Grande C\1.;le, (l\k?r dir.er, 3$ d:i divindade telúrica por ex- chegou :i u1u Juaar onde passou a noite, porque o Sol 5f' tinha
celência. B difícil crer que a sua origem utaniana tenha sido C $ • posto. Pegou numa pedra que ali se encontrava e, fatt.nd() dela
quecida. l)Ois as crençaj popularc; conferem esta descendêocia travesseiro, deitou-se naquele Jua,ar. Te,·e um sonho: viu uma e..,.
a todos os instrumentos de pedra PN•bistóricos, que se designam cada apoiada na tetro e cujo topo tocava no oêu; e ei.s q1,1e os an•
por '' p e dra s de raio''. Os 1neteotitóS l<>rnacam•s,e pro,11wlmen1c Jos de Deus subiam e desciam pela escada. O Eterno, no tOPo
iOHlgens da Grande Deusa porque se acreditou quc er.un l)etse- da escada, drzia: 'Eu sou o Eterno, o Deus de Abraão, teu pai,
g·uidos pelo raio. sfn1bolo do deus uraniano. l\.fas, por outro la- o Deus de lsaac. Esta terra sobre a qual tu C'$tâs deitado. eu
do. a Ka'aba era c-0nsi.d1tAda o '"cenlJO d.o u1undo''. Ou seja, a dai:el a ii à tua posteridade-... • Jacó acordou e disse: 'Certa·
ela não era son1c-n1e o centro da Terra, mas a.cima dela. JIO oen• mente o.Eterno CSlâ presente neste Jua:ir. e.eu não o sabia!' De-
tro d-O céu. se eooontrava •·a POfla do, Cêu". Evidc:n1emente 1 ao P!fil, tom-Mo <le 1e:mor, oontinuou; ·Como a t e lugar ê- teLnfvell
186 TRATAT)O DE. JIIS1'ÓRIA DAS REl.10/ÔliS AS l'BlJRAS S.-IOl<ADAS 181
.É bem aqui a casa de Deus; e aqui a porta dos ctus!' Jacó rà de tcstcmunba contra vós, pata que nào ;:ibandooeis o vosso
tevantou·:te cedo, pe.gou na pedra que lhe servira de travesseiro, Deus1 1 ·•61, Deus é também ''testemunha" nas pedras erguidas
eris.h1•a cn1 monumento e dcrramou•lhe óleo no tOpô. EJe cba• por Labio por oca.çião do seu pacr.o de amizade COOl JaC()9J. Tais
mou a este lugar Belllel ... "s.3 pedras-cesteouw.has forain, provavelmente, adoradas pela\c popu.
laçõe$ cauanéias como manifestações da divindade.
A luta das ttiLcs mono1ers1as mosaicas era <:.onduzida çontra
80. !::pifaaillil e-simbolis.inos l í t i c o s - Zinu:ncrn mi>Scrou que a conf\lSâo freqClt1ue entre o sin(I/ da presençt1. djvina e a incor-
Betb,eJ, "casa de Deus", é, ao mesmo tempo. um notne divino porarão da divindade num rcceJ)t:âeulo qualquer. "V'ós não fa.
e um doo apelati\•Os da pedra sagrada, do betil<Y9 • Jacó adôrrtl · reis idolos. Vós não e reisimaiens talhadas. 11eo.1 pedtas sa.
ceu sol;lre uma pedra, no lugar onde o, Céu e a Terra se comuna· 813(1as (tuüSSebu), e não oolocareis na ,,os.sa terra nenhuma pc·
cavain: m om ''centro•• que corresponde à ''Porta dos Céus''. dra figurada (maskil) para YOS pr();'itrardcs diante dela. •lf.6 E. nos
1as o deus que aparece. em sonho a Jacó é o Deus de Abraão, Número/>1• Deus OJ'dena a fl.toisés qne destrua as pedras cultuais
cotno sut>Jinha o tclto bíblico, ou uma divindade loc.-il, o deus que ia eneontrar em Canaã: «·v6s destruireis todas as pedras fi.
de Béthel, como peos.1.va, em 1921, D1.issaud1 0 0 C:,S iexde t.º!
Ras g.uradas (n1askitin1), todas as imagens de metal fundido e ::irrua--
Shamra, que são preciosos documenlOS sobre a vida rchgiosa os reis as colinas onde celebram. cuho. 11 Assistimos aqu.i oão a um
se,nicas pré,mosaicos, mostram que E! e Bethel s."io os n.omes n: conOito entre a fé e a idolatria, mas a um combate entre du;'ls
Lermutávcis de uma mesma divlndade61• Por outras palavras., to1 tcofanias, en,re dois monten.tos d:a experiência religiosa: de um
o Deus dos $CUS antepassados que Jacó viu ao seu sonJ,o e não lado. a conctpçâo arcaica. que idientifica,·a .:a divindade- à matC·
uma divindade local. A fim de consagrar o lugar ele erigi·u um ria e a adorava, qualquer que fosse a fom\3 ou o loc;.d da apari•
bétilo, que depois. foi ve11erado pel?S atitóc:,tones .:orno uma rt.a ção divina.; l)Ot ou1ro lado. umtl concepçâo, saída da experi ncla
divin<lade, Belbel. As ctit monotosUtS, fiéis à mensagein de f\•lor de,uma tlite, que só reconhecia a ça diVina nos lugares oorr
s d sustentaram 10030s eo1nbates coo1ra este "deus'' e são tsté:$ sagrados (a Arca, o templo, etc.) e- em rtos ritos Olosaicos, e
os ;ombatcs que Jeremias le.mbra. ''l>OOe..se jutaar den1onstrado se esforçava por oonfltmar es.ta presença na própria consciéncia
que, na raotosa nar1at.iva da visão dt: Jac ... o deus de Bé1hel do crente. Como habitualmente-, as antigas forma$ e objetos cul-
não era ainda o deu.s Bélhel. Mas esta 1denoficaçio e esta confu. tuais.. após u1odificaçâo do seu sentido e do seu valor religioso.
s!io fi2era1n rapidamente nos meios p0pulares. '162 Onde Jacó forant adoiados pela rorma religiosa. Na Arca da Aliança onde
viu - segundo a 1radlçào - a esCóda dos anjos e a casa de r»us, se conserva,•am, segundo a tr3dição, as Tábuas da Lei, tiJlban,
os catllJ)One$CS palestinianos viam o deus .béth . se 1aJvez guardado, oi:ia,luariaroe,..te. certas pedras cultuais con-
t,..fas convéJll Jen1brar que, qualquer quc foue. o deus reco- sagradas péla presença djvina. Os rcformadorcs aoc:itavam tais
nhecido em Bf.tht.J pelas _popul3Ç6es autóctones:, a pedro reprt- objetos valod2ando-o.1 nutn sistcmu religioso diferente, dando-
senciva a.penas um si11al, uma "casa"., utna teofania. A divinda· lhes uni conteUdo muJto díferentê6B , Qualquer reforma se faz,
de ,nanifestfl '(l.se por )nternwdio da pc::dra ou - outros rh s em sum ooutra uma deyadação da experiência originá.ria; a con
- devia 1esiein11nhur e santif?C"ar u1n pacto c:ouclutdo na sua,,.,. fusão entre sinal e dt'viud(lde. tl.nb 1-se a,sravado oos meios p0pu-
ih1hanç;i. Este "lestcmunho" con.si tia, para a oonsdência lares, e era Jus1amente para evitat o perigo de tais confusões que
pula r, no. enca rnaçâo da divindade CJ)'Duma pedra; e,. M eh- as elites mosaicas aniqujJavam os .sinais (as pedras figurt1das, as
1es. em uma transfiguração da pedro pela presença d,v,na. Após imagen:; esculpidas-, etc.) ou lhes iransfonnavar:n o sentido (''a
ler'couc:luJdo o·pa.cto entre Jeová e o·scu p0vo, Josué "ag.,rrou Nca da Alial\ç;:i"'). A <::oufusão qu,enão tardaria a reapar<ec:r sob
ein stguida uma gtande pedra e pô,,la debaixo .car,•a!ho que óutras fonnas determinava novas r;c:formas, isto é, um.a nova pro-
estava no lugar consagrado ao Eterno. E Josuc disse ao povo: clamação do sentido originário.
•Af está esta pcdw., que. servirâ de testanuliha oo cra nós; J)O·
que clã ou\·iu todM (1$ pAlavrãs que o Ettmo nos d1s.«". ela U't\'1·
188 1RATADO D E ffJSTÓRJA DAS R&/OIÔES A S PEDRAS SAGRADAS 189
81. PedTll s:.lgTíHlú, ()mphalós, Ôtnlro do lundo - A pe- n\ortos e o dos deuses subterràrle<>s se podia fazer era consagra-
dra sobre a qual Jac:ó adormeceu nil-o era somente a '\.-asa de do como um traço ck. união entre o:;. diversos ))lanos cósn1icos
Deus•·, tnas 1301bêm o lu3 r onde. pela CSCútla dos a1,jos, e:s-- e ê unicamente nu1n ••centto n que tal lugar se podia e.-nco1nrar
tabeleaa a comunicação entre o Céu e a Terra. O "bêthel" era, (.1 muhi"a .ncla simbólica do on,pha/ós será estudada no seu con-
por con.s.c:guinte, um "centro do mundo'', d meso>a. fonna que junto próprio quando analisarmos a teoria e a função ritual da
a Ka".1ba de Jvlec3 ou o monte Sinai, assim como todos os tem+ -c;onsagração dos "ceuu-os". (§§ J4S).
pios, pafâclos e ''ccnuos" riiualmeot-e consagrados (§4 t.t3 s.). Ao sobrepor;.sc ao antlgo cnho ctõnlco de Jk,Jfos, ,\polo
A qualidade.de "escada" unindo o Céu e a Terra derivava de tuna agregou e $i o onlf}hn/OS C· os se1.1s privilégios. Perse.auJdo pelas
ceofa.11ia verificada ntSle lugar. Ao mostrar-S< a Jacô sobre o ''bê- Erú1ias. Oresles é purificado por Apolo junto ao 011,phalós, lu-
thel u a divindade re\'ela,1a ao mc$1no tcn1po o lugar onde podia gar sagrado por cxc.eléncia, "cmuo" onde a\ três 1.onas có.$1\li•
dcsoer à Terra, o ponto em que o ir.uiscen<leuie l)Odla manífeuar- ca$ se co,nunicam, "untbigo", que, pelo seu SUnbollsmo. gara11
se no ima te. Veremo, mais adiante que tais escadas unindo te tun. novo nascimento e wna collsciência reintegrada. A multi-
o Cêu e a Terra não sâo necessariamente loca.lizáveis numa aeo- valência da ''pedra central,. COl1$CtVa•se meU1or ainda nas u di•
gra.fi:t coocreta. profana. e que o •·ceiuro do mundo" pode SC"r ções célticas: Lia Fài.l. ''í' pedra d.e Fâil'' (o nome é. obscuro -
oonsagrado ritualm('nte numa infinidade- de pontes ficos Fàil • Itlanda1).. ton1cça a cantar 110 momento em que aquele que
sem qµe a autcr.ticidadc de cada um prejudique a dos outros. é digno de ser rei se: ,SCTlta nela; oos otdálios., o acusado que sobe
Con1en1emo-nos. de mo1nento, em lembrar algumas crenças a ela torna. se branco se esllvec lnoceote; na presença de uma mu-
que dizem respeito ao 0111pha/6s (u1nbigo) de. qve Pausâwas e;s.. lh r condenada a Ítcar estéril, a pedra rC$$uda $8.ngue: mas se à
crev : "O que os babit.<tntes de Delfos d,amam <m1phaldsl fei 4
mulher cs.iiver destinado ser ollle é leite que a pedra rmuda1l.
10 de pedra branca e ocha-se, segundo pcnsam 1 no cc-ntru da 1'cr 4
Lia .Fâil ê luna 1eofanla da di\•indade do solo, a Unica que reco-
ra. opinião confirmada por Piod:u:o l\wt\a d.\$ suas odes ... lnúme, nhece o seu senhor. (o rei da Iria.oda), a l.lnica a diriair a ec:ono..
1·os trabalhos fo1·an1 publicados sobre este assunto. Rohde e J. mia da fecundidade e , a.vantir os ordállos, Há, bem cnte.ndido,
H. Harrison pensam que omphalós rept'csenwva. originariamente, varlilnles fáJiw, tardias, destes on,phaJQi cC:ltioos: a fcrtiUdade
a podre funerária de um 1t'unulo"° . Roscher. que dedicou Lrês representa por cxcclêocia um a,ributo do "centro" e os seus em-
fJlonoarafias a e t e problema. afinna (l_ue o 011tphalós toi conce 4
blemas-são freq(ienteme,ne sexuais. A valorização religiosa (e im-
bido desde o <:omcço como "centro da Terra ... Nilsson nfto pa- plicitamentt política) do ·'centro pelos celtas t atestada 1>0r 110•
reoe satisfeito co,n estas interpretações e oonsldero recelltes a duas roes co1no 1nedh,er11tt1u1n. -medio/onutn 14, consetvados até. hoje
c.:o es da podra twnular e- do ' centro do mundo'', conccir na topouJmia francesa1.S, Considernndo o que atsinam Lia Fãil
çõcs que subs1ituiriam u1ua «ençt1 mais "pri1niciva''''· e al!,rumas tradiÇ)Ões conservadas _na França. é leshitno identifi-
As duaslnterpretações sâo, na realidade. "pri1ni1tvas·• e não car c,Stes "«n1ros'' às pedras 01•fálícas. Na aldeia de Amilnc.y
se ('Xclu('m uma à outre. Considerado ponto de interferência do (cantão de la RocheJ, por exemplo, existe (t emun.bo certo de
mundo d<>s Dlortos. do mundo dos viv<1s e do D\Uododos deuses, um .. ccnll'o") uma Pcdnt do Meio do rvtundo7.S. A Plerra Cbe-
uin lúmuJo pode set.oo ;oesmo ten1po, um "centro", um ..om- veU:a (cantâo de Môuliers) uurtc.- foi submergida pelas inunda-
phalós da Terra". Entre os rom:tn06. por exemplo, o n1J11tduste- çõ.es. o que.representa uma vaga sobre\'ivência do "centro" que
preseo1.a.vao luaar deoomunicaçào wt1e os. trb.domínios; "quan- o dilúvio não pôde sub1nergi.r 77 {§ J43).
do o n1undusts1á aberto, aberta está íambêm a porta dos triste-s
deuses do lnt«no", escreve Varrão 72 • Evidcnrcmen1c, o mundus
n:'lo é um tónu..110. mas o seu shnbolismo permüe-nw compreen- 82. Sinais e rorm.as - Em qualcp;1er tradjção. o o,uphalós
de! meJbot a fut,;ão i\náloga ciesempênhacla pelo omp/111/ós: as e uma pedra oonsa.,ada por: uma preseoça sobre-hulnana ou por
suo.s C"Vcntuais ori -ns fune:rárW não conttarialn a su:a qualida- um simbolismo qualquer. Da me.sma forma que os bC1ilos e os
de de "cemro". O lugar onde a oomu.nic:,ç.'ío com o mwido dos nutS.�eboou os megâlilos pfC.bist.óriros, o omplu,t& dá te&te1nu-
-

AS PWRAS SAÓRADA$ 191


190 TR.ATAl>O DE HISTÓRIA OAS R2LIG!ÔES

nhode.algwn coisa e. ê de:$1e cestemuaho que ele tira o seu \lalor apenas uina teofania de pedra 19. Bssies her11u1f s.ianiíica,•am om:;1
ptesença. e:ocarnav:un uma força, p1'0(t3iam e fecundavatu ao
ou a sua função noniho. Quer prótejam os mono.s (COlUO os m.c- mesmo tempo. A antrop0morfltação de Hetrnes é o resultado da
ajJjtos neolíticos, por c.xen1plo), quer :.se tornem as moradas pro- ação corrosiva da imaginação hIC'nica e- da tendência que cedo
visórias das almas dos mortos (como eol ntuiti:>s po ·os "primiti- tiveram as pessoas para personalizar cada \'C7. mais as divindades
vos''), quc.r atestem um pacto feito entte homem e Deus ou entre e as (orças sagradas. Assistimos assim a uma evolução, mas a ums
booleu1 e homem (se1ui1as), quer recebam o carãtc,- sagrado da evoluç o que não implic;a de forma alguma uma "purificaÇ,10"
S.uã fórmâ é dà sua Ofltt.M urani:.ma Oneteoritos. te.), quer en- e un1 "enriquecimentQ" da divindade, que Lnodifica siinplesmen1e
fim representem tcoianias ou pontos de interseção das zonas cós- a.f6r1nula através da qual o bomenl exprimia prhneiro a sua ex•
U\icas ou im.aaens do ''«ntro", as pedras tiram sempre o seu \'a- peri-êncla rellgiosa e a soa coocep,Çãô da divil\dade. O grego figu-
Jor cultuai da presen.;a divina que as ,,ausfi.$,urou. das forças rou de formas difereutcs, no decurso do tempo. a! suas expcriên-
extra-humanas (as almas dos mortos) que nela ão encan,ad..'lS, cías e os seus. oonotitos. Os horizontes do seu espirilo ousado,
ou do simbolLs.tuo - erótico, cosmológico, rdigioso, político - plástico e (Crtil alargavam.se e, nestes novos cenários, cm que pu·
que as enquadrou. As ped cultuais stto sinais e exprin1em se1u- diam a sua ci,ciência, a antigas tcofanias Derdia.m tambC.1n o seu
pre unla realidade transcendente-. Desde a simples blerofani.a ele- sg:itido. Os henti(li n>anifes1ava:m unta presença divina apeoas
mentar rq:,resentnda por certas pedias e por cenos rochedos - àquet, conseiênc,ia que recebia a revelacào do sasrado de ,una
que ifnpressio1u11n o espirito humano peta sua soJidez, peJ;t sua 1naneira imedi ai.a. em qualQ·uer s:esto criador, em qualquer ''for•
dureza e pela sua 1najestade- até- o simbolismo onfálico ou me- ma" ou "sinal". O próprio Hem)C:S. se separou da ntacé,ia: a sua
teórico, as pedras cultuais não delxrun de signjflcor Jguma coisa íiglti'a ton1ou« huJnaua. a sua ,eofaJ1ia tornou-se milo.
Q·ue supera o homem. A ceofanla de Ate.na aptesenca a ,nesma evotuÇão do sin<1I
Evide11temente, estas "sisnif,caç()cs'' transformam•sc. wbs- à pessoa: .quatq·uu .que seja a su origem, o polladi11n1 manifes-
titU('fn·SC, por \'ezes degradam-se ou reforçao)-se. Nào é i>osslvd tava nos tempos pré:·hist6ricos a Jor -a imedi.ata da deusa° ' . Apo-
analisá-latem algun1.1..s: páginas. Basta <l.izct que há fonna$ de> cu}. lo Agíeus não era mais, a princípio, que uma có)una de pedralit,
to das pedras que e.se1uaol os cara.::tece3-de uma regressão ao No úinásio de. Mégara encontrava-se uma pequena pedra pira·
infantilismo, outras que_, na seqüência de. novas expetiê:nc:ias N• midâl chamada Apolo Karinós; em 1\o1aka, Apolo ü1h6.i0$ erguia·
ligiosas ou pelo f.uo de intcgrar tn outros sfstemas cosmológicos, se ao lado de uma pedra, e recentemente interpretou-se cs1e epl·
sofrem transformações tão radicais que se tornaiu quase irreco- teto do deus por lilhos'Sl 1 etimologia que ) segundo Nilssoo, não
nhecíveis. A história modiíics, transforma, degrada ou, por-1n.eio é nem menos nem mais satisfatória do que as que- a precede--
de qualquer fone pel'$0nalidade religiosa. transfigura quatq·uec -ramli. Em todo caso, o que e certo ê que nenhum outro deus
teofania. Veremos, mais. adiante, ô seatido das modifil!3ções u- rego, nem mesmo Hermes, era rodeado de tantas ''pedras•• OO·
sada.s peJ:;1 história no do mini o da morfologja religiosa. Len\bre- mo ·Apolo. Mas, tal como Hermes 11.âo·('é" a pedra, tampouco
mos. por ng.ortl, um exemplo da "transfiguração" da pedra: o Apolo surge da pedra: os her111al sublinhant son1etlce a soJidào
caso d(. alguns deuses gregos. dos cantinhos. a noite medonha. a proteçâo do viajante.. da casa,
''Se recuannos ai.oda ut:U.S no ten1po". escreve Paud.nias. dos campos. E é porque a.$l'egou a si os anli3os lugares de culto
"veremos iodos os. gregos. prestarein bon1tnasens divinas não a que ApoJo to1nou unnbêro posse dos seus sinais distintivos, pe-
tstátuas mas a pedras não trabalhátla.s (nrgoJ ll1ho,). '' 1* A figu,. dras, ()111plu1lol.altares, de qnea maiot parte. era, primeiro, de-
ra de Hennes é pr da de uma pré-história longa e confusa: dic.\d:a à Orande Deusa. Isto n i o quer de modo nenhum dizcr
as pedras oo-1oeadas à beira dos caruiJ.\hos p;ua ·•procegê·los" e que w.na. teofania apolÚlea oom bme na pC"dro.não tenha tido curso
no momento em que.o deus não tinha ainda recebido a sua figu-
conscrYã-tos chamam-se llermai; só mais tarde é que uma coluna
itifáJica oom utna c:abeça de homem. um hem.e5, p:.SSôú a sei m dllssi : para a ro,iscimcia religiosa arc3ica, a pedra bruta evo-
cava a prerenç.a divina de uma maneira maís segura do que Q fa.
a imagem do deus. As,lm, antes de :se tornar. na rcligião e na
tian1 para c s seus contcmporfinr.os as estátuas de Praxfttles.
nlitologja.)lÓHlomériía; a "figura" que e oonhedda. l:lennestra
-

\'li

A Ternt,
a muJher e a fecundidade

83. Terra-1\otãe.- '' ... Tet'l'a (Gaia), _primeiro, deu à luz


un1 ser iguat a ela mesrna. capaz. d.C' a cobrir totalmerue 1 o CC'u
(Uranos) c.çtrelado, que ofereceria aos deuses bem- \'enturados
mora.da sta;\lra para sempre. ••t Est par primordial deu origeto
à família numerosa dos deuses, dos ciclope& e dos outros- seres
míticos (Cocos. Briarcu, Gi.ge$, ·•seres cheios de oraulho P e que
linhrun cem braços e cinqüenta c-aOeç cada um). O casamento
do Ccu e d:i Tetr'â é a primeir{l hlerogamia. Os deuses tratatâo
de repeti-la e os ho1nens, por seu turno, imitá-la....lo éom a mes-
ma gravidade saa,tada oom qu<;: in1.itavam qualquer ges10 reaUi..--i.-
do na aurora dm tcmJ)OS.
Gaia ou Gê a,ozou de um cul10 J»uito difundido na Orécia 1
mas oom o ttnipo foi substitufda p,Or outras divindades da Ter-
ra. A etimologia pareoe mostrar 11eia o elemtttto tehirico na sua
íonna mais Imediata (cf. Mlnscrito, gô, "turn", "lugar"; zerid,
g«vo; godo, gawi, gol.(jo, "provinria"). Homero n1al a meneio•
na: uma divindade ctônica - pen,enoendo, e.ssenc:ialo1eute. ao
st1bsua10 pré·helênico - dificilmente encon1r.aria tugar no $ W
Olimpo. Mas um dos hinos homéricos lhe C'dedicado: "É-a Ter-
r:i que eu c:antarci, mãe universal com profundas raízcs, avó ve..
oerá.veJ que nutre no seu soJo tudo o que exisrc ... Ês t.u quetn dá
a vida ao.s mortais, corno és ,u Qllt"m lhe$ tira a vida ... lk,n.
aventurado aquele a quem tu honras com a tua bcncvoiência! Para
ele a vida é u,na gleba de boa colheita. nos campos os seus reba·
tUlos prosperam e a sua casa cnche .s. e de riquezas."2 Ésquilo
também a slorifl<:a, porque C a Terra <iuc .. cria todos o.s seres,
os nutrt'., <-de rcoet>e, depois, o germe focundo"'. Veremos co,
194 TRA 1itDO DB l:f/STÓRl/1 DAS Rt'UOlôES A TEPRA, A l4ULIIEA E A FECUJ'lD!.DADE 195
mo esta e,cpressão de É..uilo é ,•erdadrirs e arcak-a. Lembremos cipal divindad e!!-, enlte os Toradja das Cdebes centrais (1--lai
ainda ·um anliq(i(S$imo.hino qoe, .no di.2er de Pa"sânias", canta- e l•ndora), e em muitas outras ilhas da lndon ia. Por ve-.tes,
,•arn as P1êjadesde OQdona: ''Zeus foi, 6.eserá, oh, Grande Zeus: encontra-se o motivo da·separação brutal do Cé\t e da Terra: no
ê coro a tua ajuda que a Terra nos dá os seus frutos. Cotujustiç Tahi, por exemplo, crê,sc que csra operação foi Ceita por uma
-a chanlamos nossa tnile." pla?ta que, ao crescer, fc-1: Subir o Céu'I. &te motivo está, aliás,
Grande. numero de: crenças. <le mitos e d fltos. res.peitanles 1nu110 dífundJdo em ouu·as zonas da civilização 10. Enconlru 4se
à íe1·ra, às S\las divindades. à "Cirande Mãe'' chegou até nós. o par primordial Céu-1'erra r.a Áfrit-á: p6t t..x.tn\t,ló, NZMl\bJ e
Cons1iluindo em certo seniido ôS prõprios fundatnentos do oos-- N;ambi 'f\,tpu11au da tribo Bawili, no Oabão 11. OIQrun e Oduna
4

mos. a 1'tm é dotada de trt\1Ujv:Uê-ncia religios.'I. Ela foi adora ("a n gra") entre os iorubá12, o par di\•tno dos t\Ye, dos
da porque ela "era''. po,;que :Se mostrtt"'3. e mo.s1rava, porque da- ak,vap•m º . etc.. Num povo agJ'ÍCOl.'1 da África austral, kumama,
va, -produzia frulOS, rt"ct.bia. Se est\tdãsseroos a história de uma o casa1ncnlo do CCu e da Terra tonli• o mt$mO s.enLido de fecun
Utiica rcligiâo, conseauiriamos calvezci.Jcunscrever com bastante didade cósmica que apresenta nC,S. cantos das Plêiades de Dodo-
pr«isã'o a função e o desenrolar das creuç.'lS que dizem respeito 1)a: "A Terra e nossa mãe, o Céu é nosso pai. O C u fettJJiza
às epifanias religiosas. Mas se nos ocuparmos eiduslv mente de a Terra pela. chuva, a Terra _produz os oereniS e as plan1as.••t 4 f?.$.
morfologia religiosa, ialjá não sçrâ p0ssivel: enconLr.i.mo,nos- ta íQnnula, como \'Cremos, padecia rcsuinir uma boa patte das
aqui COllO em ou1ros çap{tu\oS- perante je$10.S, crenças e teo- crenças a.grfcolas. O par divino figura iguat111cnte, nas mitologias
rias que penencem a ciclos de civi1iia9Ões diferentes. eujas ida• das duas AmCricas. Na Califórnia meridional o Ctu chania-se
des e estruturas são diferentes. Tentemos, no eru.1.1.uo, ver quais Tukínit e a Terra TatllaiovitU; entre os navaj enconua-se Ya4
são as Unhas mest1·as deste conjuoto de fatos que- os índices das
4 dilqil hastqin ("Céu homem") e- sua esposa Nihosdtall esdza
grandes monografias di.stribuefll pckls tftulo:J.; "Terra 1' , "Terra
4 ("Terra mulher"); nos P-awnis, na Amélica setentrional nos
Mãe'•, "divi l\dades da Terra••, ·•espLritos telúriços'', etc. si.ou . no$_ urons (u'?a das princi.pais tribos iroquesas), nC:S ho-
p1, nos 1..Un1, nas Anoll1 s. etç., eooontramos o mesmo binômio
ç6smiw 16• Nas mitologias do Oriente <1lássico, de desempenha
84. O par 1>rhnordi1I C-iu-Tt -mt-0 par divino ceu Terra.
4
uunbé:m um papel cosnioaônieo i1nport.a.nte: a "rainl,a da$ ter
que Hesiodo tinha evocado, é um dos 11>01ivos de fundo da mito- r. " (a deusa de Arlnna) e o seu esposo U óu lm, o deus da tem•
logia univerSal. Em muitas mitologias en.1 quê ó C u desempe- J)C$tadt, entre os hitii.:,s•'1; a deusa da terra e o deus do ccu do.s
nha ou desempenl1ou o papei de di\JU\dade sui,mna, Terra e cl · t1.3;oagi e lzanami dos japoneses•*, e-te. Nos p,ovosger4
rcpr ntada como sua companheira e, como Já vimos, na vida n\an,cos. Ft183, a espos..1. de Tyr. e mais tarde de- Othin, é uma
rdig:tOSa primitiva encon1ra se o Céu por toda n pMtcs . LeJnbr dcus;1 de eslrutura telúric.a. SO um -ac-aso de ordem gramatical (a
nios al_gu1u·casos: os maod.s chanlMl o Céu Rangi e à Terra Pa- palavra "céu·• sendo do 3ênere> feminino) fez com que o Cu íos!>e
pá: no principio. tal colllo Urano e- Cata. csta,•am unidos num represcnt do cn1reos egipcios por uma deusa, Nut. e à Terra por
estreito abraÇ(I, Os filhos oasc.idos deste acasalamento senl fi1n um deus, Gebb.
- Turnata,nenga, Ta.ne mahuts e outros - e que:) sedentos de
4

hn, tatc-avan\ nas trevas, decidiram sieparar os seus pais. Foi as-
sim ciue. um belo dia, cortaram os t..endões que ligavam o Céu 85, t'.strutura das hiemfanias 1elúricas-.Podcr-se4iam mul-
à Terra e empurtaracn o pai cada \'eZ mais paca cin1a, até que tlpliCar os e,-:emplos,. mas se1n qualquer pro"eito. As listas dos
e.te foi projet.'ldO no ar e a l u i fez a sua aparição no niundo6. pare-;sc oosmológicos não poderiam :rc\1elar4nos nem a estrutura das
O motivo çosmogôn.ioo do par primordial Céu-Terra cscá pre4 divi !ldades tchirii:as nem o seu \•ator religioso. No lnito cosmo·
sente en\ iodas .tS c.ivilizaçõcs çâni<:as, da Indonésia à tôn1C? a Te,13 d,emp,c:nha um papel passi,•o, mesmo sendo priv
ri.ficron a'. SJ)con1nuno-lo no Bom u. çm lioahassa, nas ilhas rnord1al. Antes de qualquer efab\Llaçào 1nftica a respeito da Ter
Çclcbes s«enuionais - onde Luminuut., de,isa. da 'terra. 6 a prin 4
r1,, houve a própria pcescnça do l-olo, valorizada no plano rcli4
196 TRATADO DE HISTÔ.llJ,A DAS RE./,IG/ÔES A TERRA, A IULHER E A FF.C(FN ll)AIJE 197
gioso. A T . parau,naoonsclência rdi osa • prh.nitiva". é\1m do seu desen,·olvimento, tomam lugar no ventre 1nat.etno depois
dado inlediato: a sua extensão, a sua sohdt , a 't'ar•edade do seu de um contato entre a mulher e om objeto ou um animal do meio
rekvo e da vegetação que nela(fescc constituem 1.1n1a unidadeOOi;· cósmico envol..,eote.
mica, viva e ativa. A primeira valorização religiosa da Terra foi Se bem que este problema pertcença mais _propciame-nte à et·
• indis1lnta". ou seja ela n:\o localiiava o sagrado na <:a1nada te- nologia do que à história das religiões, colocattlo-to aqui pr.l,os
lúrica propriMRCnte<Íi1a, máSoonfundia numa úniC.'I unid de to· esclareciluentos .que p0de forncC<":r ao nosso assunto. O homem
das as bicrófanias que se tinham realizado no meio cósnuc.o e · â3ó intervém na eria,;ào. O l)ai nlo é pai dos s,e·us falho:s senão
1

volvente - terra. pedras, árvores, á,g.11a.s, sombras, etc. A totu1- no sentido jut'fdico e ounca no ;\Cntido bíolôgico do termo. Os.
ç.ão _primliria da Terra cotno "forma"' reli.a,iosa pode ser rcdutida b_oniens na.o tstão ligados entre .si senão pelas 1nâes, e Jnes1no as.
à fórtnuJa: •·cosmos-receptáculo das forças sas.radas dif\Jsa.i". Se s,m esta ligação ê pr«:ária. las os homens estão ligados ao meio
nas vatorl23ções religiosas, n1ág_icas ou n\fticas das águas se en- cósmico ffl\'Oive111e de 1nanrira infinitamente mais es1reita do que
0011t1am hnp1icadas as idéias de a,eoitcs, de estados latentes e de o supor uma mentalidade moderna, profana. Eles s.ão, no
rc ner:iç.io a jntuição prllnordial da Terra n,ostra·nO·J como scnt1do concrcco e n!o no sentido alegórico da palavra, "gence.
seudo ofunda,nenfo de todas as manifestações, Tudo o que esrd da 1.err "- f?rai:n lrazidos pelos anima,is quáticos (peixes. ru,
sobre :1 Terra está e,11con}wlto e coll$1.ilui wn.'I grande u1tidnde. crocodllos, c1snes, etc.), desenvolveram.se nas rochas nos a.bis.·
A estruu1ra oósmica deSsas intuições primárias quase iLupos. mos e nas grutas, antes de serem projetados. por um ntato LUá-
sibWla·n<>s de distin3uir nelas o lemento propriruneote t IUri o. a,lco, no ven re aaterno; começaram a sua vida pré.natal nas
Dado que o meio envol\'ellte ê vivido oomo uitt.a unidade, so muito águas, nos crtSUU$, nas pedras, aa.s ár\'Otes; eles viveram - sob
dificilmente se poderia distina:uir nessas intuições primárias o que forma Pré•luunana, obscura, como "ahuas" de "crianças.
pertence à Terra propriru:nente dita e o que é someote nuu1iftsta· a.nu:passados" - numa das zon3s cósmicas .1uais próximas. As-
do através ddà: montanhas, florestas.. águas, vea,etaÇãO. Uma úni· sim, pa só me:acional' ala;uns casos., os arménio$ crêe:Ln que a
ca oofsa se pode afirmar com eerteza aoerca dessas inLu)90es Pri· Terra é o \•e111ce 1natemo, donde sairam os horuens 1· 1 . ós pe-
mátias (cuja tsl:rotura reUs,iosa Cinl'lciJ demollStrar mal.suma v ): ruanos cr«'m que descendem das montanhas e das pedraszo. Ou·
é que elas se manifestam ooru font1a , revelrun rcahd · 1m- lros PO"OS locaJJzam a ori3em d.as crianças na.s gruia.s oas feo.
puseram·st oorn nocc:&idade ''unpresst01i:.indo" a consc1encla do d:.l.S, nas n.uicentes, e1;;. Ainda hoj,e con.set\'3 oa Europ a crença
homem. A Tt:rrn, com llldO o que ela susttm e englobo, f o i , ® $ - de que as crianç ''v ·· mares, <las n1KmtC$, dos riacbos 1
de o começo, uma fonte:. inesgotável ,de existências, que se revela· das árvo, ll, O que é s1gn1f1cativo OC$$liS supers1içôes é a estru·
\•am ao homem imediatamente. t.uta cósm.ita da Terra, podendo- es(3 ser encontrada em todo o
O que nos prova que a estrutur:\ cósmic::i da hit-rofania da meio envol,·e:nte, DOtuJcrooosmo e não apenas na regiào iefúrica
Terra prtctdcu a sua cstrut-ura propriamente telúxica - que s6 propriamente di,a. " A Terra" significa aqui tudo o que rodeia
com o aparoc.ãmento da as,icullura se iLnpôs. det'initivamence - o homem, codo o "lugar'' - co1» as suas montanhas, as suas
é a história das cteu,;as sobre a origetn das cr1 u1ças. Antes de se· águas C· a sua ve$Ctaçâo.
rent conhecidas as eausas fisiológicas da coocepção, os hornens ? pai humano nada mais faz do que t gJ,lmar tais filhos por
pens.lvam que a Qlllternidade cr.t devida à inserção direta d3 crian• um ntual que possui todas as carooerístiC".as da adoção. Bles l)C:l'•
ça. no vw.ueda mulher. Quanto a.rober se o 9-oe penetra no v n -- tcncem, cm pnn1eiro lugar, ao ,il.ugar", quer dizer. ao microcos--
tre da mu1her j â é um feto - que até a( tena vivido a sua vtda o d:t regiâo. A mãe não fea mais do que reét-bê·los· ela
pré.natal nas gt•ucas, nas fendas. nos, poços. as árvores., etc. - ''ret.olhcu-os!• e qu.ando muito, ape,-feiçóou a sua forooa h;1_ooa,.
ou se é simplesmente um geJme, ou ainda a •·ahua do anle,>aSSa· na. Compreende-se, etuão, sem difi.culdadc que o sentiJneóco de
do" etc são q,uestões que nno ,am qualqu« intel'es.1C· para este solid.:uied de para com o microcO;Smo.e:nvolveoce, com o •11ugar"
. \o: ' o lr:n ortante é a idéia de
capf u âS anÇáS llllo ão COO• ,enha sido um sentimento dominan1e para o hontem que se en:
.q mais ou menos avançado
ccbida.s peto pai, n1as que., o\lll'I C)iádió contra,·a nes1.e est dio do sunevolução mental - ou,n>a1s exau,.
A TERRA. A 111(1(,H.EI< E, A FECUNDIDA!>e 199
198 TRATADO DE HISTÓRIA DAS Rl!UGIÔES
86. l\taternldade ctônica - Uma d:is pr'imC"iras tcofa11ias da
Lnente quee11.c:ar2v11 dessa maneita a vida humana. B certo sen• Terra, enquanto taJ, enquanto sobretudo camada ltlúti ( a e pro•
tido, Po se dirxr que·o hon1ern 11õotiniu, oinda ttasc,do, que k fundidade cté'inica, foi a sua ··maternidade", a sua inesgotável
não tit1ha ainda a c.onsciência da su:i p cn a total espécie bJO• C3pacidadc- de d.1r írulos. Anles d'.e ser considerada Deusa-Mãe,
lóaic.a que ele r presenta,·a. Poder- -1a m'."s Pl'<>Pname-nte con- divindade da Cettilidadc:, a Tet'ra impôs-se diretamente como-[\1;'(e,
side.rar, 3 e te nÍTel 1 a sua vi(la ,una fase pre-natal: o o con- Tellus ?vlat«. A c·•oluçâo J)OStcrior dos cultos agrlcolas, esclare-
tinuava aind. 3 pirl--icipar, imediatamente, de ,uma v1a dif ce cendo com t)l'ecisão e-ada VtZ .n1;1;ls ât!énluada a figura de uma
da s.ua, de uma Tid., "cósmioo·m r a'.'. Ele llnlta, d1ríamos ?ºs, Grande DetlSá da vegcta o e da colheita, a-ca ou por apaa.'\t os
uma e:<perifncia "ontofilogeoéoca . obscura e fragmentada, te ,raç.os da Ter:rn,,l\1âe. Na úrb::i:1, JDeroé«er substituiu G!. No en-
sentia quedtroeodladeduas ou trê$ •·matiius:: a .mesmo tempo. tanto, r,estos do culto antiqOissltn() da Tcrra-1\ilãe transpareoem
Nào t- diffc-il cotnptetndc.r que tal e."tu.a'ICU.l l'un amental nos doconlC'ntos arcaicos e etnogrâificos. U1n profeta Wdio, Smo
tenha implicado para o hómem wn cer1.o numero de atitudes es• balia. da tribo lunatiUa, proibia os seus discípulos de ca11arcm a
pecfftcaS para 00111 o «ismos e- para com os seus semelhantes. \ terra, porque - di.zia - ''é um pecado feril' ou cortar. fender
procatied.:i.de da paternidade lnunana era con1pensada l)WI $Oh· ou esgaravatar a nossa mãe comum coin os trabalhos agtkolas".
daricdade que havia c-ntrc- o homem e cenas forças ou .sub tàn• .B justifteava a bu a sua atit.ude antíagricola: ''Pedis-me que tra-
cias cósmicas procecoras, f\ as, por outro lado. esta sohdaricda-4 balM: o solo? Acaso peaaria eu numa faca para a mcrguJhar no
de com o «·lugar" não pc,dia de fo na alguma prúm ver o hQ Seio de minha Dl.'ie1 Pedis-me que cave e Je\·ante pedras'? Iria eu
n>en1 0 sentimento ds que é ,un c-riâdót no ord ,n b10/1ca. O
mutilar a car1le para chegar aos ossos? Pedis-,nequc corte a erva
pai ao legitimar os seus filhos saidos ck- um 111e10 c?SD11co qu l-
e o reno e que o venda e. me enriqueça oomo os braocos? l\.1as
qu:r, ou áitKl3 dss "almas dos ancepassados". não t1n ptOJ){la• como ousa.l'ia eu cortar a cabeleira de minha mãe?"2) Esta de-
,ne11te filhos, 1nas apenM no,1os membros na sua famll a, novos voção 1nística pcla f\,J!e tehlrita nã.o é um fato isolado. Os. mem-
utc-nsíUos ))3.J'a o seu trabalho e para a sua defesa. O _hau1e que bros de uma cribo dtávida p.rimi1iva dâ lndia crot.ra.l, os ba)'ga,
0 unia à sua p1oae,.ii1ura t-ra, em todo o per _pro.1.1ml.J:,- sua pralicam a agricultura ntialacória. contentando-Soe com Wlnear ex-
.'
vida biotógica ac!lbava oom etc, sem poss,bilJ ade de clusivamente n cini.'lS (Jue fic m depois de certas áreas da Oo,.
_continuar
atrnvCS de ouo'Qs seres, ('ôn10 será o ccaso n tnterpietaçâo ue, tt3ta t«cmsido queilnadas. E iêm todoc-ste·trabalho porqut-con.
mais tarde os iodo-europeus darão d.:, s:eoumcnto deoon11nui- sideram um pecado "cassar ô seio d su mãt-Lc-rra 'COUl a <:bar·
dade falnitiar, intâptet:içlo cujo fundame.nto .as ta num du- rua" . Os povos .ahaicos cr«n1 iaualtuentc que é u1n grande pe .
plo fato: a descendência bio1ógic.a dlret,t1, os Jlals ena oory_o, <:ado arra11car as plantas, porque a Terra sofre exatamente con10
•·substância,. da alauça) e a desccndoêooa ance.51r3J 1ndrreta (as
so)'reria um hon>em a q1.1em arr:uicas:sem os cabelos ou a barba.
:1mas dos antepassados encatna l n·S rednl· - dos>22; Os. votiaks, que 1êm o costume de levar as suas oferendas para
A ··rtrra" f f l , pois, nas prune11as CXJ>encoc1as. rehgios."'\S uma cova, am1êm-sc de repetir esta operação no ou1ono, pois que
ou i.n,ujções míticas., "o lusar todo" que achav . a vol,t:1 do nest.a époc-a do ano .a Terra donne. Os tchcrcolisses cc'"t<em fre,.
hornem. Grande nll.mero de palavras Qlle design Te.ra tê;!"
qüc:ntc1nente Que a Terra tá dOC'nte, e e\•itam então sentar-se
etimologias que se e.,plicam por impr ts espaaa1s - : - luga ·• nela. E as prova$ da persistência destas crmç-as respeitantes ã
"la.r..• o'' "província'' (cf; pri1/lí1J1, "a larga'') - o.u tmprc:ssoes Terra-f\1ãe nos ))()\'OS não agrârios. ou agrârios de uma maneiro
sensoriais' ptill)á.rias - '' f1rmt
i · , "o que resta "'lY'," , etc •
· n ! '"º"""'""'' esporádica, J.)Oderiam $C'r muhlpHcadas:$. 1:\ relígiãQ da Terra,
A valorização fdigiosa da Terra de um pon de Vlsta tntamente mesmo que não seja a tnals ,·clha rdi$iâo humana, OOAlOo crêem
telúrico só n1ais tarde pôde ter Jugru:: ao oclo pastoriJ e brctu: Qertos sábios, é daquelas que difi<ilrnente mon-en1. Uma yez con-
do no ciclo aarícola, para falar a li11sui1:ci_n. da ct11oloa:1a. A solidada O:lS estruturas a.grfcolas, os milêo)os passam por ela sem
tntâo, tudo ô que poderia chamar as divindade da Terrll: 11modificarem. Por vezes, ela não sJ)tese1ua qualquer solução de
eram mais propriai:nente divindade; do lugar. ao sen11do de meao wn1inuidadç, desde a pré.-h.iilória até os nossos dias. Por exein-
cósmico c.nvolveatc.
711AtA.l>O D E Jlt!l7dRJA DAS RE.LJ<JIÔES
A TRRkA. A J.fUl.ffF.R 8 A Fll.CUi\ 'DI.DAIJE 201

pio, o ''bolo doo monoi '"' (em romeno c:olivfl)et'S oonhccido, com tradiZC'Ol: . ª da Tt.rra considerada fonte de força, de ·•alma" e
o n1esmo nome, na Antiguidade srega, que: o tlnba recebido das de feçUnd1dade. a a Terrn•t\1ãe_. O pano no .solo (!1un1i /X>;Silio)
civiliuÇ.00 prC-históri<.as e pré-hel.ênicu. OlJtros c:<em.plos de oon- é u1n costume frequtnte em muitos povos: 00$ gurions do Cáu•
tlnuidade no quadro do mtsu10 cottjunto ton iluklo pelas .reli· caso. tal con10 cm várias regiões d:a Cbiaa. as ,nulhert$ d('iuun-
giões lelúric35 ag:rári serão menclooidos mais adian,e. se DOchão Jogo 9.ue seotei:n as dor s do parto, -para d.arem à Jui
A. Dtetericb publl..:ou. em 1905, um livro que sctor,\ou rapi- em contato direto com a terra34; as mulheN5 1nao1•i, na Nova z.e..
damente um trabal.b.o clàs5lcolfi. Bmil Go)dmann11 e outros de-
lªn(li@, Q luz nis n1olla.s, l'!e:ira <le \lm riactlo; m1 muitas
pois dele e. mais· pel'to de nós, Nilsson·u fizeram todi a cspécie. ulbos afncanas é cootume as muJheres darem à lui o.a floresta
de objcçõe$ à 1eori:1 de Dieterieh, mas oâO conseguiram invalid:i- sentadas no ehão"; mcont13•st o ruesnto ri.u.1al na Austrália 11
no11e da fodia. entre os aborígenes oo norte da Amêrica no ·Pa-
1a na rua totalidade. Dietfflch começa o seu estudo lembrando u
costumese,n uso na Antiauidadc.-depoJiçio da crlao.;a rec-ém- raguai. no Brasil3'. Entre os gregos e o.c; romanos, bserva
nascida sobre a 1erra, inumaçâo das cr.iaoças (em c.ont..raste com Samter 37, c;ste costume tioha desaparecido nos lemp,os históricos
a incineração tlm adultos). co)o(açào n.odtão tarobênl dos doen- ntas não há dôvJda de que txistiu: certas estátuas de deusas d
tes edooagoo.izantc.s - pa.ra reconstituira figura da areo.ica.D c u sa- nascimento (Eitcithyia, Damia, Auxcia) apresentam-nas de joe-
Tetra, da ''Tt'rra-M}e-de-Tt1do" (pq,n,nitôrGé) de que Esqullo lhos exatamente na posiçâo da tnulhe( Que dli à Juz diretamente
ra-z m ol'l', da úttia que l;iesiodo linha cantado. En1 \1olta dts sobre a terraj3, Na Idade. Média alemã, entre- 0$ japoneses. e.1n
las trh práticas orcaicas. os documentos acu.mularam-se em 0U- certas comunidade$ judaicas, no Cáucaso, na Hun&na, éntrc os
n1«0 ímprcssioo:uue e surgiram contt-ové-rsias de que não po r.01nenos, os escandi.oavos, na Islãndi.'1 1 etc., t'1lC0nr.ra·sc o me,s..
mos aqui ocupar•oos. Trotem.O$ de ,,er o que nosensioani O § pró- m? .ritual. Em língua egípcia a expressão ".wntM« no eh.a.o" era
prios fatos e ero q,1e conjunto religioso t.Jes se enquadrt"lm. utilizada, nos textos dentócicos, para sitn.ificar ºparto. parir"l9.
Setu dllvida o sentido inicial deste ritual univcrsaÍmente di·
fuo_dÍdo era o d:1 mate,rnidade da Terr . \'ituos que em muitas
87. Descendrntl!l 1dórica - SaL1ito Agostinho faz menç:ào. regiões se acredJtava que as crlaoças eram trazidas de l)OÇ().$, da
na esteira de Varria. do nome de uma divindade latina, Lcvaoa, á;ua. dM rochás, das ár ·orcs. etc. E em ocrt.as giôes considera.se.
que kvânLava as crianças de) cbâo: lewir d rerrtiY'. Diett.tich km- que as crianças"\' da terra" º. O ba.s1ardo t:ra chamado Jer·
bra. em li ção tOl'll $ e fato, o çostumc., ainda pratk;êl.do nos rae flllus. Quando os mo dve.s desc..jam adotar uma criança,
Abruzos, de colocar a cl'iauça oo chão, depois de lavada e orotc- eókK-âm-na num fosso do Jardim onde. se julga habitar a de.usa
gída co1n c.uciros'1. O mesmo ci,ual é praticado entre os escan- protetora, a Terra-t.1ãe:-t1• Isto significa que., para ser adotada,
dinavos, os alernãc.s, os Par.ses. os japoneses, etc. A crWnça é le- a cri deve na!OC:r de no\ 0; e isto faz·$C·, não $Ü.uulando o pareó
1

\laDlada pelo pai. (de terra Jollere), o que. sianifica que a reconhe- nos Joelhos da mãe adotiva - coroo en11e os ro1naiWS, por cxcm·
ce como seu lilho1l, .&te rito foi interpretado por DieLeri<:h co• p i o - , 1nas colocando a criança no stio da sua verdadeira ntãe,
010 uma rnaoeica de votar a criança à Tena, a Telh1s 1.a1«, que
a Tetta.
é. a sua verdadeira mãe. úol<linann objeta que o fato de pôr a , · natu(al ue. posteriormence .., es1e sentido dcdescmdência
criança - o doente ou o agonizante - no chlio não implicava tduric:'I tenha sklo substituído por uma i<ICia mais generosa, a sá•
tl«cssariameute uma descatdfncia tehltica desta, ue1n u01a con· ber, que. a T«ra C a protetora das ,crianças. que ela é a fonte de
s.agraç.'lo à Ttrra.r,.tãe, miu tinha murto .shnplesmeoté p0r finali- toda força e que ê a ela (q'l1er dizer, ao esphito matemo que
dade o contato com a força mágica do solo. Outros são de opi· a hab1 n) que são CO!Ua8l'adô$ os :r«êm-o.ascidos. é assim que
lliáo de que este rito tinha em vista oonseauir para a cl'i.aoça uma se expltca a freqüência do berço ctõoico: os bebês sâo adotmoci-
alm3 que lhe vi.Ilha da TeUus f\1atcr 33 • d ou repousam oas covas, en1 oo,uato direto <:om a terra ou
8 e\'idc:nte que estamos perante i.oterpretações difecentes de- s:om a-e:a1nada de cinzas. de palhas e de folhas que a mãe prepa,
tou 110 fundo da oova. O berço ctónico Cconhecido tanto nas so-
\Ul\U mesma cooccpção primordial e que só apartnt\'-1ntotç e con-
.í'I TERRA .4 AfUJ..JIEI? I! A PECUNDIDAl>E 203
202 TRATADO DS HtsrôRIA DAS REL!GJÓES
crianças de menos de dois anos e- proibcm 3 sua incineração. Os
ciedadesprintiti\'ai (australianos e algúJ)S povos t.uroo-ellalcos) hurons da Ao1érica do None enterram nos caminhos as crianças
córno uas ci'li.Uzaçõcs superiores (ln1.J)Crio dos Incas, por cxetn• mol'tas. a íitn de que Possam renascer introduzindo·sc no ventre
plotl, As crianças abandonadas não sào mortas. mas, ent!c o das luulhercs que por elas passam#. Entre os andamaneses, as
g.rea.os, por exemplo, del.'\'.ada r te1<.i. 1-\ T rra-Mãe cuidara crianças sào enterradas sob a late.ira, na cabana4 1• Há que.lein
delas: ela decidirá se deve,u morrer ou sobrev1,•crl, btar também o enterro "sob a fc,rms de co1brião", ptátiea frc-
Uma criança ''exposta''. abandonada ao aC."\00 dos. clffl)e_,?· qüc:111e cm mu.i1os povos e à quaJ vol1aren1os quat1do examinar.
losOOsmicos-água, veuto. terra-. t-rnnpl'e como um dc:i110 mos :i n1l1ológla da rt'i.ófte48. D á « ilo cadã,•er ums forma em-
lançado à face.do destino. Confiada !erra ou às âguas. a.c ao- brionária para que a Terra-Mãe vossa Q':\.Jo à luz urna segunda
çn. cendo para o futuro o estatuto soc1al de órfão. corre o t1 vc1. l:lá regiões onde se oferecem à deusa telúrica críança5 CJlter.
de: morrer, mas teln ao mesmo Le1npo possibilidad de :1,dquu1r rodas vivas; é o easo da Groc:nlãndis, ondc,se enterra a erianç.a
utua condiçào diferente da condiçilo hun1aoa. Pr04e.zida pelos ele- se o pai está graveLncnu: doente; na Suêcui, duas crian foram
mentos c.ósmícos, actítinça abandonada torua:se.t ql'lent men• enterradas vi,,as duran1e uma epi-den1ia de- peste; c:11ue os nlaias
te herói. 1-ei ou santo. A sua biografia kndána u:ruta. a · o fatian1.se $3crlficios deste tipo quando grassava a seca .
mito d0$ deuses abandonados i.1nedi:'"1ai.nente pó? nasc o1en- Da •na fonna que se põe a criança no chão togo que nas•
to. Lentbremos que Zeus. Posídon, D on1so. Áus t: u1umero. deu- oe, p.'lta que a sua "erdadcira mãe a legitime e lhe assegure uma
ses partilharam a Wne de- Puseu, de loo, de Atalantt.. de An- proteção divina, também se colocam no chào - a .menos que se
tion ede Zcto, de .Édipo, de Rómulo e de Ret o. ro.lsés tai.n,bém -c-nterrci:n - as crianças e os adultos em eaSõ de doença. Este rito
foi abandonado nas -águas. tal coi:no o ht?"ó, lUaon lasSi ,Qe equivale a uni novô nascimento. O entc:trQ siLubólico, parcial ou
foi lançado ao oceano. oomo o foi o hesó1 do Kale\'ala, \', ina- total, tem o mesmo valor máe,jco,,retig;ioso da imersão na água,
n<rnen que ,.4flutuava nas vagas ttoebr ''. O drama d:i cnança o batisn10 (§ 64). O doente regenc,a-sc.: nasce de novo. Para ele
b;ndn ada Ecompensado pela p_ran. mítica do ''õs:fà_o'', da não é um simples contato com a$ forças da Terrn, n1as sim uma
criança primotdial, na sua absoluta e 1nvu.lnc v solt ãO _có- r.egeneraçâo total. Est.3 operação tein a metma cfieác.ia quando
miça, na sua unicidade. O aparccimenlo de tal cria ça- contei· se tl'ala de sanar uma falta grave ou de tratar uma doença de es-
de com un1 ,non\ento auroral: crl.?ção do cosmos., c.naça de um pírito (que a1>resenta para a colecivid{lde. o 1nes.mo perigo que o
mundo novo, de un1a "°''ª {pQCa bisr rica (lá»1 ,, ';{ v,rgo: •.). crime ou a doença fisiolóstca). O ptcador t colocado num tonel
,de uma ''vida no,,a'' en1 qualquer n,,•el da rea!,1dade : A roan- ou, numa fossa feita na tcrra 1 e qllanc,1Q $ i ®li "n.i.sçeu uma se
ça abandonada à Terra--tvlãc, por ela. :salva e cnada. d,;:1ica de PO· gunda vez., dQ $CÍOde sua màe U $<1, 8 por isso que, entre Q S es,.
der parlilbar o dC$.l.lno comum dos h,omens., po uc re_pe1e o mo• candiuavos-. se a ê que un1à feHic<':ira pode ser salva da danação
mento oosmológico das ocig ns e cr,c:sée no ma.o os elementos eterna se t'or enterrada viva, e se se fizer sen1eadura e colheita
e não no rnc:.io da ramnia. E por isso que. os heróis os ntos no local onde foj enterradas•, O mesmo se pensa acerca das
stto recrutados entre as crianças abandonadas; pelo sll'llple.5 faro crianças g,avemente. doentes: se se pudcs1;e enturã,las e semear
de as ter protegido e preservado da. mort . a ,:-erra--.?vae (O\l :tS de modo que honvessc tempo de haver gennl11t1Çâ<>, estas crian-
Á&uas-Ml\es) votOú·:M a um destino gr3.odioso, tnocCSSivel ao co- ças curar..se-iam. Compreende-se ctarumc-.ntc o sentido dc.ua cren-
,num do:i mot1ais. ça.: o hoooe1n (o f ticeiro, o doente) 1cm, deste Olodo, J)OM.ibili
dades de nascer de novo ao mesJllO 1eo1po que a vegetacão.
Um rito aparenu1do com es•es consiste nn fazer J)SS53t a
88. Rc:cneração - Um ritu:al que$t e,.i,1.Ca pela a crm· C(iança doet1te atravts de uma feoda da terra, ou através de um
ça na Terra-l\{ãe é a inutnaç.ão dos cadá\.'tíC$ dikS coanças. Os rochedo furado, ou atravC$ do buraco de uma .ár,•oresi.
adultos s.a.o incineradoii, mas. asc.riai.'lcai são eruerra.das.1>ar que Encontramo-nos aqui diante de uma crença unt pouco 1nai3 co•»·
,·ollen1 ao selo da mãe lel(ui.ca e p,o$SWU reni&tt ma.is tarde. Terró plexa: por um lado, a flllalidade-é t:ransfc:rir a •'dQença' • da criança
clmtdilu1 infantil. As leis de Man prd«eyçm • ,nomaçno das

1111
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TR,l'TA.00 DE Jf.lSTÓ.Rlft bAS RBLJGIÔES A TER.R.A, A />IULH&R E A FECUA'Df.DADE 205
para u1n objeto qualquer (ât,1ore. roch.edo, lcrra)i pOl' outro .la- cavam ao I ? de fenda o de grutas. Sabemos que houve tais
do, in1ita-se..o próprio ato do parto (a passagtm atrav do or1ti- oráculos Cton1cos em Ollmp1a e cn.1 Delfos, e Pausânia,; mel)Cio•
cio). 8 1nesmo pcova,,el que elementos do culto solar (a roda = na um oráculo em Aigai, na Aque:la, onde as s.,ç rdotisas de Cê
o Sol) ten.hatn dado a soa contribuição para este rito - pelo me-- pr iz.lan:t o íuturo à béira de. uma fenda60. Enfim, não hã n-e-
nos eLUcertáS reaiõcs: Índia, por exoo1plo (§ 78). as a idéia fllf!· de lembrar o grande nômero de 1' incubações ' ' que se
damental é a de Cli.r.l por melo de- um no,...o nascimelltO - e v1.. dade
vcnficavam se se: dormJa no cllão '.
mos q_u<:, na JUMQr parte das suas crenças, os povos agtic las es-
tabelecem uma telação ml.l..ito estreita entre este novo nasCiinento
e o conta10 com a Terra Ntãe. Só assim se padc-cxplicar toda uma 89. Hou10-Jnu"us - De todas as c-rcoças de que falamos até
série de crtnças e de oost.\unes respeitf.'ntes às purificações e. ao aqu,.. ressalta que a Terra Cmãe, querd.1zer, que gera formas vi•
cmpr(.$0 da terra conto meio terapêutioo. A Terra está bem im- vas arranc3Jldo-as da sua própria substância. Em pritueito lugar
pregnadtl de força. como crê 00Jd1nan.n, roas e. à sua capacidade a Ten;i é "v(,•a•» porque é f6rtíl. T·udo o que sai da Terra é doe.a:
de dar fruto e à- sua materntdadie que ela deve es,a fotça. do e vida : tud<? o que \'Olta para a Tma t de. novo provklo
Vimos que se enterram as çrian,;as, mesmo e.ntre os povos de ,•ida. O b1nô1n10 hom<>-hun111s não deve ser con1preendido no
que têm o 00$t\lme de incinerar os seus monos. e isto na espcran· sentido de que o homem seria terra porque é mortal, mas neste
ça de q1.1c as eniranhas da Terra lhes (.,çam dom de uma ,,jda no- out o: se o homem pode ser wn ente vivo é porque vem da Ter-
va. A pàlavra n•henna significa. cnue os maori, "terra" e 'pia• ra, e porque nasceu da Terra-f\fáte;r e volta 1>ara ela. Solmsen ex·
centa"u. Aliás, mesmo o cnterto dos que morrffll e:m idade pUcou "!âltries por mâter; ainda gue esta etimologia não seja a
adulta - ou das soa5 cinzas nos povo-s que prallçam a iricinera- ,·.erdade1rn (o 5-eotido Pl'.'mordial da.pala,·ra "matéria" _partce ter
,çào - e feito conto o objeti\'o. "Arra:;w.-te para a Tetta, .s1<10, ef ilo, o de "ooração da madeira.''), ela pôde ser encs·
tua mãe!", diz. o Rig Vedtr4. ;, A ti, que. és ternt, p01iho-te na r ª.?° tntenor ?c uma \\'dcansc:baut1ng mítico-religiosa: a "'ma-
Terra!'', es(â es.erito no Alhánia YeduSS. " A Terr e uma !le, téria. t.em o destmode uina m.ãt. _.porque ela gera inoessantemcnte.
eu sou filho da Terra, Lueu pai é Parjanya, .. Nascidos de u, os-
mortais voltam para ti ... "jfi No cnome,tto do ent rro das. inzas
ª.
1\qu1lo que nós cham mos vida o morte são apenas dois ,no-
.mentos diíercnt.cs do deMJ.Oo torai da Terra-t,.tie: a vida nada 1naL1
e dos ossos incinerados. juntam•se grãos a estes e espalha-se tu• é que um separar se das e-ntranha.s. da Terra. a morte reduz.-se u
do·sobrc. utn campo lavrado rtcentemcnte, dizendo: "Savitrii es• um re,aresso à "própria Tcmt". O desejo tão freqüente de ser
palha a tua câffle' no seio de nossa mãe, a Terra. · n ?-t1as estas enterrad9 !lQ sok> 43 Pª1da ti'i.O·sô uma forma profana' do au-
aeoças hindus não sâ'.o scmPfe illo sim p1es como pare(cm nos tex• tocton 1no 1k.o, da essidade de reentrar na sua própria ca.-
tos citados . .,.\ ldéia de retorno à Terca-t-.iãe foi completada por .sa. As.1nscnçoes sepulcrais do 1e1npo do lmpé.rio rontano põem
uma idéia ulte.riot: a de reintegração ,do homem no todo do cos- ef!l Tdcvo a alea;ria de · enterrado no solo da p.11tia: hic ,ratus
1uos, uma r<:Slifutiü ab lnlegro das faculdades psfqoi(a$ e dos ór• l11cslt11s est.(ClL, \1• S595); hic situ$ e$t pa1ri,1t (\?JJJ, USS); hic
g.ãos no antropooosmos original sa , quo natus Ju.eral op1ans erot lllo r v rli (V• 1703), etc. De mes-
A «ença segundo a qual os mortos habitam debaixo da 1er- ,na fonna· que ou,ras não tSCondem a tristeza por não ter havido
m ,ué o moo,ento em que voham de no .·o à hn do di.a, a uóla es1a alfero contexit rellus dtdit alfero nasci (Xlll,
nova existência, expUca a idcntificaçio do reblo dos nlOílO$ com 6429).nsolaÇ{
. Bnl10: 1, recu53 va.se o enterro aos traidores porque, se-
o luga.r de onde vêm as erianças. Os mexicanos. por t.x.en,plo, 11
!
gun o a expbcação de Fík>strato, eles eram ind.Ja.nos ''de .se,rcm
crêem que a sua origem está n,un lugar cbaotado Cbicomoztoc, sanofrcados pela Tcrra"ro.
o lugar das sele g.nitas''. Quer porque se. 0011.Sidera,•ain os môr· A água é portadora de gerruts também a Tc,rra é poriadorn
tos conbecedorts do futuro. q u « p0tqoe seconsidet'ava a 'Terra.. dcle.s, mas na Terra tudo dá fruto rapidn.1neute. Os estados la-
graças à teabsorção periódica de todas as criatura$ vivas, possui- tentes e os auroes ficam P.ºr 'C?'.CS durante vá.rios ciclos nas Águas
dora de- poder oracular - ulguns otâc.ulos arcaicos da Orecia fl- antes de thegarmi a man1fes.tar«: da Terra podc,..se quase dizer
17t"1TA1>0 DE HlSTÓR/.4 bAS RELtOlôES 11 TERRA. A ,ltULJIER E A FECIJN!)f(>Al)B 2íl7
206
que cla não tem repouso: o seu dest-ll'lo ê gerar in cssantemcnt_e. é de ordem biológica. E sempre que qualquei· dos nlodos des.ia
e dar forma e vida a t-udo o que- vo1til para ela lUertc e esr.érd. vida é mancbado ou esterilizado por um crime contra a ,•ida to-
As á3uas cnconlram·se no oomC9(1 e no fim de todo acoote_cim:"to dos os outtos modo,s são atingidos, cm virtude da sua 50lidarie,.
cós1nico; a Terra.encontra-se no começo e no flm de toda Vlda. dadc orgânica.
l'od.'1 manifestação :se rea1iza acin,a da& á uas se. r,:i teg.ta oo Um crinte i u1n sacl'iJégio que pocle ter conseqüências muito
caos prbnordial auavts de um c-atacpsrno ,stó.nco (o dil(lv10) ot1 31·aves a todos os niveis da vida, pdo $implcs faro de que o sao.
COOmico (tnf!hâpra/(lya). Toda tnarufes, o v1tal t.em ugar gra- guc 11crtido "envenc:,na" a Terra. E a c:alanddade manifesta-se na
ças;\ fecundidade da TerJa; toda a forma nascc<lela, V1va, e vol· esterilidade dos campos, dos ani.maii e dos homens. No prólogo
ta ra ela no mo1ncnto el'.l1 que a plll'te de vida que lhe tinha sido de :Gdipo.Rei, o sacerdote lamenta-se· i,or causa das desgraças que
oonccdida se esgotou; volta a ekt para renascc-r; ,nas. antes de re- cairam sobre Tebas: "A cidade n,orre nas sementes frutiferas da
nascer, para reoousar, para se purificar, para se ·rea,e1terM, t\S terrn. oos rebanhos de bois, nas crianças nos ventrts d:i.s
-águas precede,n toda criação e toda (ior.ma; a Terra ptoduifor- mães... ,.•64 Um rei sábio, um reino.Jundado na justiça g.aranLem,
mMvil•a:t. BoquanlO o destino IJlítit"'O das águas abrir t. fechar pelo contrário. a fertiUdade da terra. d0$ animais e das mulh c:
cic.Jos cõsmicos ou cônicos que se estend«n por mdhões de anos. res. Ulisses confessa a Penélope q:ue e porque cle. tent f-ruu."l de
o destino da Tcrro é estar no principio e no fin de qualqoe.r for- bom rei que a terra dá frutos. que as ovelhas dâo à luz que o
ma biot6gtea ou pertencente à .bistôri:a local (''os homens do lu- mar pulula de peixe . He.sfodô fonnula nesles termos a oon·
gar' '). o tempo-que tem, por assim dizer, sono qoaodo se tra• cepçâo tllstica dé harmonia e de fertilidade antropocóstnJcas:
ta das á g u a s - é ,·ivo c.infaligãvcl quando a T gera. A! íor- '' Aq cs que, tanto IXlnl o estrall$ciro como para o cidadão, pro·
01a.s vivas aparecem e desapare<:em com wua rapidez. fuJm1nan- nunc1an1 sen1eoças retas e nundl. se .afastam d.a justiça Vêc1n pros•
. Mas llcnhun'I desapatocinten10 é decisivo: a «?Wre das form_.u perar a sua cidade e, dentro doS, se1.1s lUUros, a população tornar.
vjvas não passa de um modo - la;ente e provJsóno - . d e c.xJs- se felix. Nas suas terras ts))alb;:i-se. ;:i paz que alimenta os jovens
têt'lcla, l)OiS que a t'oJma vivs. como tipo ou oomo espécJe nunca e Zeus onividente não lhes re;.s.erva a guerra dolorosa. Nuoca des:
des.ap.>.t'tce. durá1ile o p1a2.o que as águas conoedcin à Terra. tes atos de-justiça -se segui rã rome nem dess:raça... a terra ofereoe-
lhes- um:i vida de abundância: nos montes cresce o carvalho, nos
ramos deste nasce a bolota e no u-onco vivem as abelhas; o p lo
.90. Solidariedade eoimoblológi..-a - A pM!ir do mo1ne to a&undantc. das suas ovelhas torna-as Dlais pesadasi terão filhm
ern que uiriâ forma se desteca da.s :iguas. toda ligação orgântç{I que se fXll'eCeL'ão co1n eles; terno prosperidades sem fim, e nunca
imediata cou-e esias e aquela se quet,ra: entre o pré-formal e a tetâo de partir para o nLar, pois que o solo fértil Ules oferece os
forma hé um. hiato. Esta ruptura não se verifica <1uando se trai.a i.eu!i frutos. "66
de (or1nas geradas peta Terra e da Terra: estas pennanece s h·
dãrias com a sua n1atriz, de que aliás só se des1acam ovisorla·
mente, e- à qual regressam pa(a rC'l)ousar, para :i.e fon1fiL-a.c e, fi- 91. GJeba e mull'1er - A soUdatiodade reoonhecida entre a
naln1eut.e, para reaparecer em p)eoo dia. E por isso que ha n.t1't fecu11didade da itlc:ba e a da mulher constitui um dos tr:iços mar-
a Terra e as forma$ orgâ11lcas por ela geradas um laç.o n1glCO c.-..ntes das sociedades agrícolas. Duran1e muJto tempo os gregos
de simptui . .Em. conjunto das. constituem um siste,na. Os fio.s e os romanos a...ssimilaram &leba e a1riz. . ato g«ador e trabalho
invís{vci.,; que ligam a veg,etação, o reino .aromai e os l!omr.os de Q.&ficola. Enconltamos eita assimilaç_ão, por ou1ro lado, eminul•
uma «ria região ao wlo que os produz,u, no qual ,•1vem e do las ?viUz çõcs e ela deu origen1 a gr.inde n\1.mero de erenças e
qu I se alhne-ntam, (oram teci d pelá vida que _palpita taru:o na de ntos. Esquilo, por exemplo, di2rnos que&lipo •·ousou lançar
mãe como nas suas criaturas. A soli darie:dade que -existe cntte o semente-no solo 533rado ónde se tinha gerado e plantar nela um
tehirieo de um Jac;io. o ..reaetaJ, o aJlimal e o humano do tto, 1rollco sangrtnto""7 • .Em Sóíocl abundam .\S alusões aos
é devida à vida, que é a mes.ioa_por toda a parte. A --sua t1rudade. ''campos paterno$ "11• ao "lavrador. senhor de um campo lon-
TnA TA.DO OI! HISTÓRIA DAS RUIOU)ES A TBRRA. A t,fULJIER E.A FE.CU,,'DIDADR 209
208
afnquo, que. cle , 6 visita unl:'.I vez no ·1e1upo dás semem.:ir.1$"69. M»do este moti ·o de <>den1 econômica'"'. Encontr3·9e: a mesma
Oieterich, qu.e junta a estes textos dãssicos inumeras ouuâ.S refe,. c:rcnça no que d respeito ao perigo que a esterilidade feminina
rblcias. es.1uda tambêm a treQOén.:.io do moti,;o arat-anl(lfl1os põe· pode .çepresent r para a agrjcuJtra oa tribo ghantu, na índia'$.
tas Jarinos!-0. Mas. como seria <ie operar, a assimilação da mu- Eln N!cob":", drz,.se quea_ colheita seTii ma.is abundante se as se-
ente,ras U\'o/em sido f'ettas por uma JJlUlher grávida . N:i ltá•
16
lher e do campo lavrado, do ato serador e do trabalho 1'gricola,
é um.a intuição arc=t.ica e ro\Üto difuOOida. é preciso distillguir, ha do ui, cre-.se que urrá bom resultado qualquer trabaJho t.m·
nt\la sínt e 1nitico-ritual, di\l'e.tSOS demen1os; ioen iíiea.ç;llo da preend1do por unia OJUlher grávida e que fudo o que seja semea•
mulher e da i:crta arável; identificaç c, do-falo e da chatn.1a idtn• do P ela ttesc:er, como cresce o leso no seu ventre''· No .BOI·
tific:aç-âo do 1rabalho agrícola e do ato gerador. u u. mulheres dese1upenham o papel 1,rincipaJ nas cerimô·
B preciso dizer, no entanto, que, se bem que .a Terra-:tviàe n1a,; e nos u.-ibalhos rt.lati\'OS à culturo do arroz. Os homens co•
e a sua reprcsc111ante, a mulher, dmn1.pcnlteru utn papel prcpo1;:· l\'lb ram penas no corre de silvas e.urzes e em aJguns 1-rabalhos
decante oeste oonjuo10 ritual. já não te1u netc. um papel exdus,- finrus ... São as n1ulberes que escolhem e cooservam as sementes ...
\'Q. Não há lu8tlI aqui só para a mulber ou a terra; mas tambétn Parocc que se.sente netas. uma afinidade natural com as se.o1entes
para o ho1nem e o dens. A fertiJidadeé precodida de-u.".1 hieroga· de que etas dizem esc.ar srá,•idas. Por "ezes, vão passar a noite
mia. Ull\ velho &<>rtilée.io a.n.slo-sa.\oâo contra a esteJJltclade dos nos.campos de airoz. na época cm que d e cresce. A idC:ia delaç
camp0$ reflete adrnira,•elme:nte a11esperanças que a! s.«-icdades é, l)fO\•avelroente, aumen1ar a sua própria fertilidade. ou a do ar.
agrícolas põ«in na hierogamia: "SaJ,·e, Terra, mãe dos ho1nen.s, roz-; m a .este. respeito mostram.se muito.retJceutes'''*·
sê féftll no abraço d-o deus ecn(he-t.:a de frutos pará servir o ho• Os IRd\OS do Ore.nooo deixavam às mulherts o cuidado de
mem." ' En1. Eacusis) o·misto pronunciava a.fóttnu.la agrioola ar· seJ)le.1.t o 1,1uJho e de plantar rafzes., porque ··assim oomo as mu-
c.aica: ''Faz chover! - d á fíutos!'', olhando primeiro parao<:éu lheres sabiam conceber e parir, assim também os g:rãos e raíz e s
e depois para a tetra. E píO\'â\•el que-esta hittopmiaentre ? Ctu que elas scmea\·am e plaotavso1 da...-am frutos muito ,nais abuo-
e a Terra teuba.s.ido o ntodelo pcimor<li.al 1.anto da fecu.Odidade dances i:lo que se tivcssein sJdo semeados ou 1>lant.a.dos peloi ho-
dos campos cómodo casamento hurnano. Um texto do Atltar\.'(t mens" . Em Nias, uma palmeira-<le-vjnho p'lautada por uma
vooon oontp2ra os uoi\•os ao CCu ,e à Terra. mU1het dá ,na.is scJva do que outra plantada por um bo1nem&0.
,-\s smas crenças sâo encontradas na África, entre os ('\\·c. Na
1\mer1ca do SuJ, entre os jibaros, 1>0r exemplo. crC-sc "que as
91. A mulher a :igrkuttvrt - Admite-se, non1.talrncii.tt, que Lnulhttes e-xcrccm uma influência espccial, misteriosa. no cresd-
a agricultura tenha sido uu1a descoberta fentinina. Oc\lpado 1net.Lto l>lan th.lvadas"'1. Esta solidatiedade entre a mu-
perseguir a <;;,:1ça ou em apasceni...ar o gado, o ho1nern estava lhc1 e o camp0 fm:11 conservou-se rnesmô deyois de a a_gricullura
p«: ausente, Pelo conlrá.rio, a mulha- 1 ajudada pelo seu espfn10 se ter tornado ums técnlto n1asculina e de. o arado 1er tomado
de- ob r,•ação, Hnlitado mas penetrilnte, tinha ocas.ião de obser· o lugar da enxada primitiva. TaJ S!)lidariedaJet.xplica grande nú .
var os fenôúlCllOS nat\irais de semcutelra e de get'Lninação e de mero de ritos e de crenças, que examinaremos ao mesmo 1emp0
tentar reprodw.i•los artificialmente. Por outro lado, pelo fato de que as ''representações rituais agrárias"(§ 1.26).
ser $0Udátia com outros cc.niros de f«uL\didade cósmica-• 'Ter·
ra, a Lua - a mulhet· adquiria o prtst(gi(l de. poder. inOuir na
fertilidadc e de poder distribui•la. B assim q,1c se explica o papel 93. !\.lu1her e.solo fitado - A assim.ilação eoue a mulher e
preponduantc desempenhado pela .mulher uos começos da ag.ri a !erra J:ivt"ada é encontrada cm muitas civilizações e oonscr\'OU•
c-ultura - sobretudo 110 tentp<> -em que -esta tócnka era apanágio se 110s folclores europeus. "Eu sou a terra", confessa a be1n-
das L'l)Ulhcres - , papel qoe continua a desemJ)t'llhar em ctttas 111nada numa canção de amor egípcia_ O v;dé\'fl/Jt oomprua a terra
civili .zaçOes' i. Assin,. ,em Ua.a,nda ,una mulher estéril é conside,.. lncul.ta.a uma mulli_er Sdn filhos, tal conto, rlM contos a rainha
rada prrigo.sa l)ara a hor e o t\larido pode pcdlr o divórcio ai titérd se tamenta: "Sou como um mpo onde oada r escet•,n
110
tR.4 TADO DE. Hl!iróRIA DA.f RELJ;()IÔES A TERRA. A .WULlll!.R E A FF.CUNOIDADÊ 211

Peloconltârio, nun1 hino do sé(.ulo XII, a Virgeru l\tlll'.iaéslorifi· cre,ita 1ig.aç ex:i c-otc entre mulher e erocisnlo. de um lado e
cada OOt'OOterra 11(11t<1rabilisqu<tefr,,c1u1u pa.rtwiit. Baal era cha· la,ra e tertdidadc da terr:i de 0111,0 lado . , sim,
' • • e. conhecido
• •" I , ..-
mado ''o matido dos camp0s••&J. Quanto à ldcntific., o da mu· o costume q 1e anda que. stjan1 moças nuas que abram eont o
lhel' e da gl.eba. era froqüentc entre todos os po"os St:mitás:14• Nó! arado suJcos')ft , cos-tume que nos lernbra a união
1exto.s islât.nicos.. a mulher échatnada ·•cruupo", "vinha''. etc. ª As exemp1os ar :ra ctros
cusa Deinêter com Ja!r,o. no comoço da primave,.
vossas n1ulheres são. para vós, como campo&. ••!iD Os lúndus assi- recém. me.ada . ! C$53.$ ceri1nônias e lendas

milavãm eamJ)o cuJü,:adO e vulva (yoni), semçn1es e sêmea ,,iriJt4l . i!L.::n a ª D ? c 1 a sua s1gnü:1cacão quando tudannos a cs

''Esta mulbcr é oomo ucn terreno vivo: homens, lançai oda a se- trulura da reUwos.idade a,grâtia.
-mcntel''t? As leis de t,.,tanu tâlUbém sus\ ntan1 que ·'a mulher 1:>0·
de se.e considerada t1m cai:npo e o homem a semente'' (TX, "33).
Nârada faz o seg\lin e coLuentárlo: •• A mulher é o can1po e o ho· 94. ShiW - Nos conjuntos mitioos e rituais que revimos
cderr? éfiv lor1zada em primeiro lugar J)Orqne · tetn uma• C'an-'lc·
..,... 1•
1nem é<> que dft a sen1ente.'1ss U m 1,>tovérbio finlànd s diz que d•a e m 1n1ta de .,
"as mocas têm o seu camPo no prcjprio 0011>0>1&><, nl'odu··tr f rutos. É por isso que com O tempo
<,

a Tia-Jl.iâe se tr srorma insensi.\'elmcnte nun1a 'ruü das semeo:


E..·kle.otemente, a aMimilaçãoda mulher a 1trraará..,et i.J.nplica
ado falo-à enxada e adala. .·ra ao.uo gttador. Est.1.$ simetrjasantro
}f ]g
. os. ·esllg1 da teo,fania telúrica n\u1ca desaparecem da
a s !\<fàc:s • d dJVJJ1dade$ t hiricas. Para dar .só u
potelwicassó foram possfvtis 11asciviJiz:açõesque oohccirun tanto c !1 1o, a figu,as femininas da religião grega _ N,ême-.sis :
a aaricultura cotl'IO as causas reais da co11oepção. Em algumas un .
guas allstro-asiâticas, :i palavt3 /o/..-designn igualmente o falo e a :rrias ! Tcnus - rcoonheccln« a;t1·lbu1os originais de Terra-r..iãe
enxada. Prz)•luski st1geriu (tueé um vocábulo austrO•as:iátioo seme- . s Ulo, em &11/nldes. suplicá primeiro a Terra e depois a n ·
nus. verdade qu . ou Gata ê, IX'lf fim, substituída ór De:
lhru.11eque se cnoontra na ori&cm dos termos sãn itos fâ11gúln (L'.3.U• da solidariedade éntre a deusa d s mon-
da, enxada) e llnga(6r3{•0 gerador do m;.M:ho)' ». A identidad·e fak>- = , .ª º, neta
3 e u a•1v ,,e nao se perde entre os helenos E ( de$:
arado foi meSlllO representada plâSticamenie91. A 01igçm desta fi.4 ..&icontes•oo, ao .falar de DcnJéter • diz: "Ela é a · T e :·· · Da.º1hª'e
guraç§o é. touito tl\n.is antJ.aa: num desenho da tpoca dos cassitas o nome que qui$eresl"
que representa u1ua charrua acll31n4se Jnarcados os símbolos con-
jugados do ato geradorr.·. (nt.uições arcaicas deste tipodificUmc1ite , i\S <ll\•lndadtt agrárias substitue1n :rcaic.1s divindades telú
ri , m.as SCfl! que. es:. ª substituição Llnplique a abolição de 10:
dts3t)am'eRl não só da lioguage.1n populí\l eoi:reotc: mas tan1bé111 do< o.s ;ci s pruuordl:us. Através da "forma" das Grandes Deu-
do võcab,1lário dosgra\·ador(Sdc sinais. Rabelaiscousignou acx·
s . rt001as pode4sc reconhecer a presença da •(Senhora do Lu·
l)rt:SSllo ·•met11bro que se cbnr.na o lavrador danaturcza'''3. fnª;. , ª \crra-r..tãe. ·las o _ptt-fil das novas divindades ioma.•se 0
Enfim, para mencionar algúllS exemplos de identificação do 1P!ecdaiSO, a sua estruturd religiosa lOrna•se nlaJS dinâmica . l:.\,.
trabalho ag.ricola ao ato gerador, lcmbrcn1oso mito do nascitncn .
4
Si\S Vlrt descomeçam a ter unta bJ5'ória patétic .'
to da heroína de Râ1núya11a, Sitâ. Seu pai, Janaka ( = proaenitor), ; : do da fer1ilidadC' e da morte. ; ;;;:1
encoJltrou- num (Jlllp0 Quando lovra"a echrunou-lhe Sitâ. ''ter4 ,;:scio1cnto. Deusa agriçola é a passagem da simpticida-
rtl'\O atável•' . Um te:<to ass(rio íez chegar att n6s a prc<:e dirigi· d;r::· dra ?randc
da a ttm deus cujo "aro.do fccurtdou a terra",s· Dcsdc a hier<>$, nia <:ósmk-a do c c u e ds Terra :i1é a tnals
Mui1os povos primitjvos ainda boje usmn, para (rutifi r a modesta prá1l a q e atesta a santidade teltirica. eücot1lra. .scm4
terra, amul<;tos mágicos que representam os órgãos geradores%. a ';!!estna intuição central,· <tu:e se. rtpete como tema · co,1d"...
Os ausU'alianos praticam um curiosissinio ritual de fecunda(âo: 'pre
.or: a I erra .,. " fonn as vivas, e1a e, uma matriz que procria
'"'°Od"Z
.mnados com Oocbas que- Lrazetn â maneira de um falo, dançam
à volta de um fo.o;sa semelhante a-o órgão sera.dor feminino: p0r l a; ! ::â
. .
Qpc:u:qu; q c seJ· tstru ra do fenômeno r;_
cp, aoJ3 Ce1ur>ea - prt!ença sagrada"
d'1v1udade ainda runorfa, figura (ljvina bem definida ou, por úld: .
fim 1 ç petam paus ll8. terro9T. H que lffl!bral' igualn1e1Hc a es-·
212 ffiATADO l>.B 1/lSTôRIA DAS REL/OlôES

mo ··oostumc'' resul1an1e de uma recordação vaga das forças sub-


ter;âneas - rccoohoe(-sie sempre ne'le a marca da maternidade,
do inesgoláJet poder de cclaçã() . F.sta.ctiaçào é, por vezes, mons-
truosa, como no mito de- Gaia que H<:5fod evoca. r..1as rnooi•
tros da Teogoni,, apeJ)as prov un os 1nfm tos recursos cn ores
da Terra. Em certos casos nem há ess,dad de dete 1nar? vm
sexo des(a di\·indade telõrjca- pro<:1adora un1\•t.rsal, 1,u1as 1-
vinda<les da Terra, como algumas diV"Jndadcs da fecunchdadc, soo
biS$Cxuadas1o1. A divindade acumula_, ent!io, todas M foryas da
A vegetação:
ciiação - e esta fórmula de bipolaridade, de coincidê:OC:i.'1 dos símbolos e ritos de renovação
contrários, será reiomada pela mais dev_<!.da .especulação P?S'e--
rior. Toda a divindade tende, na C()nsc,enc1a dos scu_s.fiti . a
,ornar se 1udo, a sl}bSti.luir todas as outras figur s.1·elig1os , a
reinar en) todas as regiões O(Y.i.lllic.as. E poucas d1\•todMes uvc-·
C3m, como a Terra, o dirtíio e<> ier de s tomarem tudo. t,.1as 95. t':nsaio de cl.asslfieaf<lo - Oespen-ada por Odin do seu
a ascensão da Terra-Nlãe à caiegorta d <livind.ade suprecna, se iono profundo, para r<Ve-lar aos deuses O $ coineços e o fim do
não \\nict1;t foi suspensa 1anto pela so.a h1croganua com o e.eu co- mundo, a profetisa, a ,,01,,a, decl:ara:
mo pelo nparc<:imeoto das divind des agrária .. Hâ \'-CSlig,is.des•
ta história grandiosa oa bisse:icuahdade da.$ divindades 1cluncas. Lembro-me dos t.i,tal'lle$ rns:icidos na aurora dos t<.'lllJ)M.
Mru a Tttra- fãe. nunca perdeu os seus priviJtsio,s .ar('aioos de·· [.).íqude1 que- outrora n1e geraram.
ohora do Lu&,ir", de fonte de tod as fonnas \'t\·as, de &\1ard1ã Conheço oove mundos. no\ do:m.fnios col,ért()$ pela á.n'O do
das crianças e de matriz na qual se sepultam os ort s ra que mu:ndo,
ne.J:i: repousem. se regenerem e reg:ressem ünalJnentc a ,•1da - E.'.ssa ârvoce sabiamen1e pl:"1111.ada çUJ.i:i raízes arundam no âm:'ISO
ças ao c:i:ráter santo da mãe telúrica. d:a 1·crra •••
Sei que ex um frci o que .se chama \'g g dta, il
A c.:opa da árvore es-1, e!'l\!Oll.3 ecn brancos vapores de âg_u:1,
llondt se dcn>rcndcm go1:u de orvalho que Qem no vale.
Ek:: ersue,se ettnwt}(Dle \'C«ie por cima d3 fo111e de Urd.1

O CO$:mOs é visto sob a roma de uma .trvore gigante. Este


ldCQgrSma da ntilo4osla tstandinava tem correspoodeates em mui·
1.is outras tradições. ,\.ates de encararmos cada um deles à par1e,
lancemos um olhar sobre o co1ljuoto do domínio que temos de
percon:er: árvores sagradas, s.fmbolos, ntl1os e ritos ·cgctai$. A
11uantidadc de docwnentos éeonsidcn'lvct; qua1110 à sua varieda·
de n1orfológica, ela e cão g:i·ande-qu torna irnpossivcl qualquer
ICLUa1jva de classificação sijtemática. Efec.ivamente. enconrram•
seâr,·orcs Sl\gradas, ritos e:Wmbolos vegetais.na história de todas
ILSreligiões, nas tradições populares do mundo in1ciro, 11as meta·
íí5ic3s e nas mCstic.as arcaicas, para nào falai na iconografia e na
arte popul3res. As l<Lades desses docuooeotos, como as culturas
214 7'R.ATAD0 DE Jll$Tók1A DAS RE:t..lGIÓES A VEGtTAç.fO: SiMBOWS .5 RITOS DE R.61'<'0VAÇ.f0 21S

em que fotruu r«olhido&, s:'lo e:xtrtman1ente diferenles. Ê evidente oonj'unto dos 'ialores religiosos e elas cerimônias agrárias - que
que o contexto ele Yggdrd.Si), por exemplo, ou da ..·Árvorecda Vi· cstudare,mos cm outro capitulo - distinguiremos, naquilo a que
da'' da Escritura é cnui10 difcre1ne d,o contMto do "casamento poderíai.uos chamar "os cultos da \·ese1oç.\O'' - tmpreg.aodo um.a
das :ir\·ores'' que ainda hoje $C·pratica na india, ou do "rvtaio'' expressão ap o:cimada mas cõmoda - . os seguintes grupOS:
que se traz rituaJmentc na prhuavcra nas aldeias européias. ,-\o Q) o con.1unto pedra,,árvore•alta.r, que consiitui un1 n1icr<r
nÍ\-d da religiosidade popular, a árvor,e ritual desempenha unl P,'l- co�ru f!fi)'O nas c ma as mais an1jgas da vida religiosa (Aus-
l que o simbolismo da ár\1ore, t.al conlo se pode reooruiti1ui-lo craha, Çh1na·lndoch1na-lndia; Fenkia-Egeu);
a partir de documentos paleorlentais tan1bém por seu turno irn- . . b) a árvore-Imagem do oosnt(M dndia, 1"1.esopotântia, Escan•
plica, mas este pspd tsi,á, loog:c de esa,otar toda a rklucza, toda d1na\•1a, etc.).;
a 1nu1tivalê:ncia deste sin1bolisnto. Podem-se identificar concep- e) a árvore,1eof"nlt1 cósmica (li.tcsopot.âmia, índia, Egeu);
ções·f\u1datnc:nutis (cotuo, por e:<emplo, a da árvore cõsmi(a., ou •d) a árvore-sln,bôló da vida, da fecu.ndida-de Wesgotável, di\
a dos ritos de regeneração vegetal). ts10 facilita, de certo modo. realidade-absoluta; cm relação com a Grande Deusa ou o simbo·
a classificação dos documenlOS, t,.1as o problerna da ''bis,ória" Jis10 aquáltoo por exeruplo Yaksa); identifJcad3 à fonte da i1nor•
dos mo1i,•os só subSjdiari;ime:ntt pode ter inittesse para a nossa talidade ("A Arvore da Vida » );
pesquisa. (') a árvore•centro do mundo e supor1e do unjverso (a1tai
Antes de prOC\lNlf s s b e r - supondo que tal seja pOMível - cos, escruidina\·OS);
cm qut- milênio, a partir de que ch•iliução <' por meio de quera. f ) ligações n,islicas entre árvores e: homens (ârvorcs antro·
1ores um certo shnbolismo vq,etal se difundiu-, antes mesmo de põget\é.sicas: a árvore COJUOreceptácuJo das almas dos antepas .
cktennit,a1· certos coujuo10$ de: ritos que impliquem este simbo- sadoi;; o casamento das áf\•orcs; :a presença da árvore nas ceri-
lismo, o que ll interessa. de. momento, é $3ber qúal foi a fun- mônias de iuiciaçà:o):
çtio religj0$a da átvorc: da 'lt;geiaç:Eo ou dos sí.mbolos veaetais g) a árlore.sfmbolo da ressurreição da \'egetaçâo. da prima,
na oconoin\a do sagrado e na vida. telisi.osa, &ibero que ela teve. vera e- da "regeneração" do ano (por exemplo o "Maio").
la e o que ela siio.iUca, \'é'r enfim em que medida seôa tegitimo Es1a -c-Jassificação sumária ese:1n dúvida íncoD>plet.'l 1e1n, pek)
procurat· uma estrututa coerente sob a apan:nte polimorfia do siu,- menos, a vantag-e de chamar a nossa atenção, logo de início,
bolis.mo da ár,·ore. O q.ue nós queronos, pois, saber é o seguin- para as caractei'Csucas comuos a t.odos. os documentos. Sem nos
te: bav rá uma afinidade ínlima entre.os sent.idos apartnten1ente anteciparmos às conclusõet: que se pc,ss.am tirat da at\áUse desses
diferentes que a ""esetação" toma. confonne '- valorizada eiu documen1os, l)()(lemos desdo já chamar a atenção para o fato de
qualquer dos WSQintes oontextOI':: cnsmoJógico, mítico, teológi- que a árvote reptesenta - q u e r de ,naneira rlntal e.concreta, quer
co, rin1t'll, iconográfico, Jolcl6rtC01 Evklcoten\en1e, trata se aqui dç n1odo mitico e cosmológico, ou ainda puramente simbólico
de uma coerência que se t.eris impOsto à cou.s<:ib)<:ia pela própti.1 - o cos,11os vloJO, reieneraodo-se- incessantetuente. Sendo a vida
estrotura do objeto; coer<".nc[a que s,e. nos revelaria - parcial ou incsgotâ 'el um equivalente da UnortaUdade, a árvote-oosmos pô-
totalmenie - qualquer que fosse o ni,·cl em q·ue nos colocâs.se de, r,or isso, tornar«. c1n outro nivel, a árvore da "vida-sem
0.10$ para cootemplar o objetO e quer este fosse o do rito popular morté''. Sendo a mesma vida ines.gocá"el na ontologia arcaica a
(cotno o co11ejo de ''Maio'' no começo da primavero). ou o do uaduçiio da idCla de realidade absotuJa, a ár\'ore torna-se nela
ideog(ama da ••á r 10<e çósmica" na.plástica mesopotâmica ou IJO$ o sítnbolo dessa realidade ( " o centro do mundo"). "'tais t:µde,
1e-)ttos "6dicos. quando uma 01.1,ra maneira de encarar os problemas tneu1.ffslcos
Só obt e-remos a resp0s1a a csui ques1ão depois de revermos vier ligar-se à ontologia tradicional (na india por exemplo), 0
um l'u1n-.ero suficiente de fatos. olbidos det\tre 0$ mais sl&nili· esforço do es)>Crito para se desliga.r do processd cósmico e se cóo-
cati\ os. ·r,.1:is, para não 110s pcrderft'l.05 neste labirinto, C ptociso
1 centrur na sua própria autonomiâ strá designado como um es--
que antecipe1nos uma classificação, mesnto provisóti:,., do imen- forç_o para ''c.ortar pela raiz a M"'•ore cósmica", ou, pOr outras
so malaia! qui; se.aç-b;;i {l uossa disposição. Oei.x.ando de lado o palavras, como uma superação total ®.S "apaiências-". das rc·
216 TRATADO DE HíSTó/1.IA DAS REUOlô-es A VE:ObTAÇÃO. s/ tBOLOS 6 RITOS DE Re,,.'OVAÇÃO 217
pr ntaçôes em cuja orig,em se encontra a Coute i.nesaotàvel dá um objeto Nligi-O-SO. J\ifas esse poder 61 por sua vez. validado por
vida univ rsal. uma ou10Jogia: se a árYore está carregada de forças sagradas, é
p rque é vertical, é p0rque cresce, é porque perde as folhas e as
rocuptra, porque, porcollSC'guinte, se regenera ("mol're-" e "res•
% . Árvori: s:lgrildfl - Por meio de que síntese mental da hu· suscita") inúmeras vacs, porque tem seiva, etc. Todas estas va•
manídade arcaica, e a partir de que particularidades da cstrutura lidações têm a sua origem na simples coute1nplaç.'l.o n\ísLica da
dn ''lir\1ore" como tal, se estabck:ceu wn SUJlboli.1mo t'1o Yas10 árvore, como "íonna" e modalidade biológicas. Mas é só na se-
e tão coerente? Não se tr ua aqui de determin.lr a gênese de um qüência da sua subordinaç.'lo a uru protótipo - cuja forma não
valor rt.Ua,ioso, OUl$ de desicobrír a s mais antigas e, por couse- ó forços8n1ente de ordem ve3e4al - q u e a árvore !agrada adqui·
auinte, as mais p u m iocuições desse valor. É cc.rto que, par:a a re a $Ua ,•erdadelra \'aJidade. cm virtude do seu poder, ou me.
experiência religiosa arcaica, -a áryore (ou, mais propriamente. lbor, é porQlle ela nu1nifes1u uma realidade extra-humana - que
certasát\•ores) representa um poder. Há queacrtScent.'\r que este se apresenta ao homem numa certa íonna, que dá úulo e se N·
poder é de,.•ido uuuo à "árvore" cnt si como às suas implicações _gé11era periodicamente - que u11)a árvore se torna S.1$l'ada. Pela
cósmolósicas. Para a mentalidade aarcaica., a natureza e o simbo• sua simples pre.sroça ( " o 1>0dcr'') e pela Jel da sua própria evolu·
lo coexistem. Uol át·vore imJlôe-sc à oonsciêllci-a religiosa pch1. .sua ç-ão (''a regeneração"). a .irvore repete- o que, para a experiência
própria substância e pela sua for1na, mas esra substincia e esca arcaica, e o cosmos inteiro. A árvoJ'e pode., sem dúvida. tornill"·
forn1a devem o seu \•ator ao fato de que se imp.useram â cons. se. um si111bolodo universo. foro:ia sob a qual 00$ a encontramos
ciêoc.ia rdigiosa. de que for:am "escolhidas", quer dit!!I'. -se "rc· oas civiJiuções evolu(das; 1nas para uma oonsc.iência religiosa ar 4

vela.tau>". Nem a feuomeoologia da religião n a história das caiea a árvore éo wtiverso, e-se ela é o universo é porque o rcpe·
religiões poderiam superar a constataçllo dcua coexis.rênci da 1c e o resume ao mesmo ternp,o Q.ue o ''simboliza". Es1a conccp·
nature7.3 e do símbolo que a iOl'1,içã.o do 5a&l'ado vem YalOl'Ltar. çâo Priluelra do "síJnbolo''. em virtude da qual o s.imbolo deve
N.ão se pode. pois, (alar propriamente de um "1cult0 da árvore•,•. a sua validade ao fato de que a .. eatidade que ek- simboliza nele
Nunca utna átvo,e foi adorada por. si tnes01a. tnas senlJ>rc- por est.1 incorpotada. será mais aprofundada quando abordarmos o
o.quilo que, arr.i.vé:s. dela. se •·ceveiava", por 3qu:ilo q.ue ela im· p(obleína do mecanismo e da função do simbolo (§§ 166 s.).
plicava e sianifita\'a. As.plantas mágic.u ou (armacêuncas, oomo A li nica coiS:à que queremos aqui tornar claro é que, se o 10-
do exi e no interior de cada fragniento significa1i110, não f por•
veNrnos adiante(§ l 11), deven1 tambéin a sua eficácia a uro pr<r
t6típo mCtico. Ao estudar MteJ)(esesJtaçõcs da H3fvore sagrada º que a lei da "participaçio" (sobrc1uclo corno a compreendia Uvy,
n t\1esopOtãro.la e- no Elam. NelJ Partot ese:re.,•e: '"Não bá culto Btuhl) seja verdadeira, mas porque qualquer fr::i.a,inetHO signifl 4

ea1jvo repete o todo. Ums árvor,c toma•se saa,rada, t1.1esmo con


da ácvor e.m si mesma; debat'=O desa.a Ít g ura esconde.se sem·
4

tinuando a se.r árvore, cm virtude do p<Jde.r <JUe ela malliféStj.;


pre uma entidade cspiritual.-"l Ao f:az.er pesqu no mesmo do• e se ela se torna drvore cós111lco é PQrque o q,1 eJa 11:011{fts,a re.•
1ninio, um oulro ti\110r chega à conclusão de que a á.rvore $agra- e cm todos os pontos o que ntanüesta o cosmos. A ru'\•Ore sa..
da mesopotâmica é mais propriaiu,cntc um sfml.>olo do que um c.rada não prcçisa perder os seus tiiril cosi fóm_tais.concrctos pa·
objeto de culto: ''Não é a cópia de. uma.árvore rof!.iS i:n,e· ra.sc tornar simbólica. (a 1aroarelra euire p s mesopot-dtllios, o car·
.e.l)riquecida de oruamen1os. mas ru).tes a cst1liza o .ºº 1nte1ra· ,•alho entre os l?'SCandiuavos. o Aç\•auha e o Nyag-rodha c-ntre os
me.nte artificial, e, mais _propdauJente do que um verdad-eiro ob· liindus, etc.). É só depois de se superarem certas etapas mentais
jc:to cultuai, parcoe,,nos ser um sin1bo (lotado de um grande po,,, que o símbolo se destaca das formas ooncrc1as e se torna esquc---
.der bcnCtico.''l Essas oondusõe.$, tigtira1neote oorrigld tS. <:ncon4 mátiCQ e bs-tr io". · .
trrun a sua confirmação e,n reaiões diferttl.ll?$ da tesopot.âmja.
A.Mim - e-c;:o,n isso voltamos às in1uições prin1ciras da sa•
cra.lidadc da-Veget o-, ê ,.m virtude dojeUpotkr. é e.i:n virtu- 97. Árvore,u,JcroooSmOs-Os mais arcaicos "lugare.$ sagra.
de do qlJt ela 111a11ifau1 (t que a s.upera) que a árvore se torna o.s'' de q\le te:mos {Onh(cimcnto ,onslitucm, to1uo bem tinha
ZIS TRATADO DE lílSTÓRJA DAS RIJLJOIÔ A V.tióSTAÇ'ÀO: Si>IBOLOS E RITOS b E RE.\'OVAÇ;iO 219

obser.·ado Pryzluski . um microcosmoo: pals3$em de pedras. de O ••tug-a,r saarado'' é um miet,O(;osmos porque repete a pai-
áauas e de irvorcs. O centro totémico au.stralku10 .lcba•se ,coto, agem cósmica e porque é um re-1'1e;,co do todo. O aliar e o cemr>lo
(ado, freqlieruen1ent.e, num conjunto sagrado de ât"ort1 e de pe, (ou o monumento fuoerário, ou o palácio), que são 1tansforrna·
dras. O tríptico árvore-:;l\t.ari)tdra no.s "lugares sagrados'' pri- çôes pos1erlores do 11 tug ar :sagrado" primitivo, são também mi-
mitivos da Ásia oriemal e da lndiafoi revelado por P. ius > l . ain- crocosmos, porque são cenirQS dQ 111"nd<>, potque se ;1chaol oo
da que c calonasse esses elem.eutos o õ 1111,0 (na origem do lu- pró1>rio coração do universo e <:ottstilue.tn wna inu1g(J mundi (§
gar sagrado ler-se-ia tichado a Oorestã. e s6 depois o conjunto 143). A idéia de ·'centro". do roalidoo• o b s o l u t • - absolulll por.
árvore-altar-pedra) cm lugar de \ ' e f n e l e s - c no o fazia Pryzlus- que receptáculo do sagrado-. csul implíci1-a nas co11oepç0es mais
ki. com raião - uma coexls.tênc:ia simultânea. De fâto, o binô- elementares do "lugar sagrado''. oon<:epÇão à qual, como vimos,
mio euhual pedra•àrvore está tambCm presente em Oútras áJvo- a árvor sagrada nunca falta. A pedra representava a realidade-
res mrucas. Na civiliz.;içào J)(ê-indian.a de. Nlohcnjô--Oato o lu- por excdência: a indes1ruc-ibilidad e a duração: a árvore. co1n
gár sagrado era fornlad.o de un1 re-cint<> erigido em \•oh.a de uma sua regeneração periódica. manifestava o poder sag.rado na or-
árvore. Tais lugares sag1,ados ertcontrnm« por toda a parte na dtm da vida. No lugar onde as águas vioham con1pletar esta pai·
india nos ten1pos da ptedicnção de Buda.. Os textos pàli mencio- i.agcm, das .significava.tu os estados l.i.teotes, os 3el'n1es, a purifi-
nam freqüentc:mc:ntc: a pedra ou o altar (veyóddl, ,nanco) situa·· cação(§ 60). A ''paisagem'' nlicrocósmica reduziu·seco,n o teml)O
do ao Jado de uma árvore sagrada e qwe<:ons1i1ufa-a ossan1ra dos a um só dos seus e.lementos COl1$litutivos, o Jnais importante: à
cultos populares das di\·indades da t'ertilidade (os Vatsha). Essa árvore ou ao pilar s..i.arado. A árvç:,re acabou por exprimir, por
antiqüissirna associaçào entJe a pedra e a árvore foi aceita e as. Si·só, o oosmos. inoorpordlldo, sob·uma forma aparentctnente es..
.sunüda pelo budismo. .A c a i f ) ' D budista era, ils \1Ctts, árvore só çjtic.a, a :•ror.;a" desle, a .s"a vido e a sua capacidade de reno\•a-
sem altar; ln.M, outsas vezes, ela era a consttução rudimentar que o periódica.
se erigia perto da Ú\'ôre1• O valor reJJ;ioso dos lugares sagrados
arcaicos não foi abalado nem pelo budlsruo nem pelo binduis-
tno. As grandes sin1.eses rcUgiosas da lndia pós-budista 1iveram 98. Árvort,habitação da divindade - O momc1,1to da J).1S-o
e1n con1;1 1ugarC$ sag,rados e acabaram mesmo pot absorvê-- sagem do "lugar sagrado"·imagem do microcosmos prua uma
los nas ·Suas pró1,ris.s e$1.ntturas e, deste modo, validaram-o.os. ár,•ore cósi.uica. CQ11c;ebJda ao mtsmo tempo como ''habitação"
A mesma continuidade pode ser ob$crvada na Grécia e no da-cUvi.ndade, COllSC'r\•ou-se nwna encantação babilônica que os
mundo se:m,1iro. Desde os te,npos minóicos até. o t.7epÚ$.CUI<> do orientalisus 1ê1n tcaduzido coo1 freqOência ll :
helenis1no, encoott;t•Se sen1prc a ár..•ore ritual a par de um
rocheddl. O santuário ico se1nitjco era, com freqü·ência, "E,n Eridu cresceu uni Kis.k.anu otaco. o\lm tua.ir i,:,into foi «iado;
con tituído por urna árVOl'e e por um bCtilo9. A ãrvore ou ashe- O seu brilho e o do lãpis-la.J:úli bfilbantc, e es1endMe até: o Uf)$U
ra (tronco stn1 casca que subMitui a árvore verde) ficou mais tAr· o dea,ntu.11:nório de .Ea n:i c>ptikota Eridu,
de s6 junto ao al ar. Os IUgares. de ofe:rendas dos cananeus e dos A sua mor.ida e u·m lugar de repouso P3r.l Bau ... •·
hebreus situa\•am-st ·'em qualquer colina elevada e debajxo de.
qualquer árvore verdejaóte'"º· O rues,no profeta kmbra "o pe- A âr\•ore Kiskanu aprC$Ctua todas as ca.1·ac1erfslkas da ár-
cado dos homens de Judá'', os aliares e as "iluagens de A.starté: vore cósnUca; acha-se em. Eridu, po,rtanto, num "centro do muo.
que eles erigiram perto das árvores verde}anteS e n:is altas coli- do"; num lugar sagrado, quer d i w , no n1.ro do real (f§ 140
oas''11. O pilar reforçava, graÇàS à Sua. verticalidade e à.sua $U - ,.); assemelha.se, pelo seu esplendor, ao Jãpi.$·1:UUH, s.!mbolo cós,.
1ância, a sacralidade da árvore. A i n s c r i ç ã o - s ó em p r1e deci• mico por excelência (a noile estrelada)''; estende-se em direção
frada - que se encontra no monumento artai<:o surnérk> desig. . no oceano que rodeia e mMcnta o mundo (será preciso dizer que
oado " o personagem das plumas·• diz: ''Ennamaz. asseocou os
tijolos oom firmeza: term.inada a morada principescat ooJ()(;O\I csu1. árvore se estende en1 direção ao oceano cou,. a ponta dos !ieus
to dela un irande á.rvort: ptno da ffl•orc colocou wn p0s1e.1•1: ra111os, quer dii.çr, qyç ç J{l tirvcxo? ''uma ârvort invertida··, í."<>·
TRATADO DE IIISTÓRIA DAS .R/!l,l(JIÔF.S ,1 VEGETAÇÃO: � t 8 0 ( . Q S E RITOS oe RENO V.AÇÃO 221

mo o são habitualmeote as árvores o6:sm.icôls1): Ca morada do 99. Ár"\·ore•có$,nia. - A tradlçtto indiana. desde os ,extos
deus da fertilidade e das ciências ci\•ilizadoras {artes, aa.ricullu• nli).i.s antigos, reptese»t.a o cosmos sob a fOl'LUa de uma ilrvore
i:a, escrita, etc.): é o lugár de repouso da m!kde E.a, a deusa Bau, gigan1e21, Nos Upanishads esta concepção - dece.rnl.i.nada diale-
divindade da abundância, dos rcbanh0$ e da a_arieultura. Kiska· iicamentc: o unl:verSOé uma ''iirvor,e.luvenidn'' que mergulha as
nu pode ser considerada u_mdos protótipos da ''ârvore sa&Tàda" suas rafzc:; no e.tu e es-1eode os seus. ramos por sobre toda a Ter-
ba.bilônica 1 cuja f«'qüt'ncla na iOOllOJtafia do an1igo Oriente. ê ra. (Não se exclui a possibilidade de ( a imagena ter sido sugeri-
significativa. Que :i "ârvore sagrada" que' s t encontra nestas re• da pela expansão dos rai_o$ solares. «uuo·se pode \'tr no Ríg Jre.
giõcs significa mais- do que um simples "culLo da ârvore", que da; "É J)3fll baixo que se diria.cm os ramos, é em cima que se
ela te1n um sentido cosmológico bem definido. é o que se prova acha a raiz que o.s s.eus raios desçam ate n6sl"ll) A Kor/Ja·
peta pOSição que ela ocupa no ($paço iconográficó. A áf'!ore é (fpa11ishad (VI, l) descreve-,a assim: ''Este AçvaUba eterno, cujas
quase scmp«' acompanhada de súnbolos. de emblemas ou de fi- raíz v!l.o para cima e os ramos para baixo, é o puro (çukra),
guras bel'átdjcas que lhe delimham e completam o valor oosm<>'" é o Brahman. é o que se chama a Nllo·f\1one. Todos os muodos
lógico. Por exémplo, o 1nais anügo doçtJmen10 de que dispomos, tepoosam nele!'' A árVore Açvattharepresenta ltQUi, cm Loda a
o frasme(IIO de um vaso des,cobe-rto pela 1nlss!lo Oautier a Mou.-s- sua clru-tza. a 1n.onifesta1·ii<> do Bralunan no cosmos, ou seja, a
sian, representa uma árvore esquematb:.ada, rodeada de losan- criação eomo movimento descendente. Outtos textos do Upa•
gos•s. Na iconografia mesopo1â.ruic::t, a ,vore está habitualme.,. nisl1ads.confirmam e tornrun mais precisa essa inwicão do cos-
te rodeada de cap1:fdeos, de astros, de páss::ttos ou de serpentes. 1nos como Arvore. ;(Os sc:u.s ramos si\o o éter, o ar,,o fogo, a 1.1a,
Cada um dt:SSes e1nblemas teln um sentido cosmotógioo bem de• a tena't. etc.1 São os elementos oosmológicos que manif 1am
terminado. A presença dos astros ao lado d::ts árvores indica-nos, csLC · Brabm.1n c.ujo notoe é Açva.ctba":N.
stttt dúvida, o seu valo..- cosmolôgico•6. Um esboç,o ar.:aico de Na Bhagu,•(l().QlrO (X\', 1-3), a át\10re cósmica acabou por
Susa representa uma serpen1e era,uendo« na vertkal para coruer cxprhuir não somente o universo mas a condição do ho1nem no
C>fruto de utua árvore (esta cena foi ciassificada: por Toscane no mundo: ''Conta.•SC que cle é um Açvauha impertcívcl, COlll as
motivo sttpen1e.árvore e in1erpre1ada tpor ele conto wn prolóli• ra(ies em cima e os rainos c1nbaixo, e de que os hinos do Veda
po babilônico do episódio bíblico bem conhecido). são os Colhas aquele que o conhece, conhe,ce o Veda. Os seus ra·
A iconoarafia apresenta outras cenas prôxbnas: um páSS<lfO mos desenvolvean,se em altura c e m profundidade:, cresceodo so-
pousado· numa more, no nieio de cspridcos n ; a átvore- o diS• bre osgu11as; 01 seu$ re\'1 1uos iiQ objeto dos seutidosi por baixo
co solar - , home0$, com m as rlcuais de peixcs•t, ou a ár
4 as suas talzes ra.mit.cam-sc, ligadas aos atos 1 oo n1undo dos bo·
v o r e - espuilos alados-. o disco solar''· limitamo-nos a U)el)· ffi(flS. Não se lhe percebe, neste mundo. a fonna... nem o fim, nem
clonar alguns dos grupos mais sianüjcativos e mais freqüentes, o 00tneço, ocm a envergndura. É-preciso, com a arma sólida da
stm le1mos a J> lensão de esgotar a riqueza da documentaç.ão renúnci.a, cortar primeiro esta AÇ931.tba, de t'orteS raíus, e de
meoopotâmica. Mas ée'Jide1ne o valor cosmológico que tem a ár• pois procurar ô lu,gar de onde: não se volta .. ,":.S Todo o univet-
vore sag,:ada neste conjunto». Neül)UIU dos emblemas que acom- .so, 1aJ como a experiência do homem que- ne.Je vh•e e que dcle
panham a árvore pode S(:r interpretad.o em sen1ido na,uris.ta, e não se.d p.rt11deu, esui aqui simbolizado pela árvore cósmica.
isto porque-., na concepção mesopo1âmica, a ''Natureza1• e(3 ll\Uilo Por tudo o que dele coincidi} com o CO$JttOS 0\1 dele 1wtrticipá,
diferente do que é oa e.x riê.ncia e lla oooc:epção modernas. 13.u- o home,n perde-se na mesma rna.Wfesiação, úoka e vasta, de .Brah--
ta lembrar, pOL'exemplo, que nenhum w ne1n oenbo1\la ação sig- man. ueortar a árvore pela sua raLt." equivale a retirar o hoine1n
nificativa ad<::iuíre a Sua eficácia- para os tne.sopOtâmicos co1no do oosmos, a isolà·IO dos "objetos dos sentidos" e dos urrutos
para o homem arcaico em geral - setlão oa medida em que a das suas aoõcs". O mesmo cnotiViO de desprendimento da vida
coisa 1ein um protótipo ceiote e ent que a aç,\o repele u.m gesto cósm.ica, do retirar-se em si no, do recolhimeoto> tonsidera•
cosmológico prhnordia). do CQmo a única possibilidade que o homein tent de .se transceu-
der e se Ji rur, ,e cncoo1ra num 1cx,o do Mahâbhllrai.. "Ttn·
222 TRATADO DE HISTóRl/1 DAS ft.Bl,.IOIÔES A VEGETAÇÃO: Sf).f8QLOS E RITOS DE RENOVAÇÃO 223
do a sua fonte no nã.c>-marufesca.do (avyakta), emergindo deit conto dn vegetação, e põem, então, uma árvore junto ao altar, coLn as-
de um suporte d:td(O. o stu tronco é l)uddhi (inteUiência), as uas rafzes para o ar e a oopa no chão". Nas tribos australianas wi-
cavidadesii1tcrioressão canais para os sentidos, os elern:ntoscós• ra<lyuri e kamilaroI, os fci1jcciros tinham unta áNoie mftg.ic.a que
micos: os. scoo .roonos, os objetos dos sentidos; a, suas folhas. as colocavam invertida e queitnavam dicpois de untarem as rakescoúl
suas belas fkxei.: o bem e o 1n;al (dharmdd/,(U1nav) 1 o pC"azer e o $a1ia,ue humanoJ-1. A propósito deste cos1u1ne, SchmJd1 mencio-
sofrimento: o< setJs frutos. ESHt eterna Ârvore-Brah1nruJ (brohmã• na oerimõnias de- iniciaç!o eru uso nu,na outra tribo australiana,
,rkça) t footé de ,·idl! (8jivyal!) paro rodos os sete$ ... Se corta e yuin! ._, joveni. (&1le tti nha o papd de: um morto, é eoierra-
parte a ái,·orc com. a s,rnta dooonhecimento mctafisko (iniinena) do. p0ndo-se-Jhe depois um arbusto etn Cilna. Quando os neóft.
e, se soza assi111 no Espírito, e k nãc, voltar mais .. / tos, candidatos -à iniciação, se aproximam dele, c.ssc joven1 fai
tremei· o arbusto, le\'anta-se e sai do tlimuJo. O arbusto repre-
sentaria, segundo Schmidt, a árvc,re oele.ste das cstrdas3s.
100. A "6rvore inT1.,'rtkht" - Não, vanlOS i a z « aqui a exe-
gese. filosófica dos 1e.x1os já nNmcionados. 8.asta-noi \>.Crificar- a
iden1if,cação do CO&nOS com a "'árvore invcr1ida". Este ideogra- 101. Yggd.ras.1.1 - A árvore eôsmica, acompanhada de .s-
ma tufcJco e metafisico não seacba isolado. J\.lasúdi menciona uma saros, de cavalos ou d(' tigrcs34, ..-:nco.otra•se na China ártica:
tradição sllbéia sesundo a <ltlal Pla1ão ttria afirmado que o bo• confunde-5C'. por ve.zC$, ta) como em OUltaS regiõe;s-, com a "Ár-
1nen1 é uma pJan1a inYertida, cujas raiz se esteudeo1 para o Céu vore de Vida". O seoddo desta fusão tornar-se-á 1nais preciso 11as
e (Ujos ramos mergulham oa TerraV. A ,nesma tradição se en• .aloas<rue se seguem. Enoontra,se o conjunto "âtvore oósmica-
corura na doutrina esotérica hebraka: " A Árvore de Vjda estende- animal mítico lunar" nunt docu1nêlltó iconográlico maia q1.1e re-
se de cbna para baixo e o Sol ilumina.a toda. •·u Passa-se o mes- presenta um ja_a1.1ar prtto à âr,•ore da vi dai;. Nos J)OVOS árticos
mo na tradição islã mica da "árvore da felicldade'', cujas rat:us e.em todo o circuito do Pac(fioo, a árvore.cósmica- cujQS ra•
mergulb:un no ólcimo Cfu e rujm ram.os se estendem sobre a mos se estel)deoo até o 1ereeiro ou .até o séti1110 céu - desempe-
Terra19 , DMte irnugina 8$ esferas «test.es no stu conjunto como nha um paptJ central, tanto na 1nitologia como nos rilos.
a coroa de: uma ár,·ore cujas raízes se a.chc:m viradas para citna: 'Rc-lacionam-n.a freqüentemente com o ant('pauado mítico, d.ado
que os bontens se oonst<leram descendentes de um antepassado
ln qucua qulnui I<>e.!ia nascido de unia .irvorc:311• Em Q\!lf'9, pruágrafo voluucmos a t5·
Dcll'albero c-he ,•h,e de!Ja cima, sascrenç-<1.$, que dizen\ respeito à descendência mjrica de um sím-
,e fruta sem-. e m:ti uoo petde (Ogli . .:i.'° bolo coSJuológioo-veg('tal.
Yggdrasil ê. s ár,1ore-cósmica por excelência. A$ suas raízes
O "quinto ran\O" é: a esfera do planeia JUpiter. ''A árvore m«gulhan1 no coração da Terra, :atê o lugar onde se encontra
que recebe a vida de cima" C \!m;.l árv,ore ÍJ)\'ertida. Um outro o reino dos gigantes e o Infern . Perto dela t-ncontra-!SC a fon
poeta t1orcntino quesofteij a Influência de Oante, Fcderigo Fcezzi.,
4

te miruculoss Min1.ir- a "medi1a,ç:ão'', a ,.'recordação'' - . 00


descl'eve ••a plat'l1a mais beltt do Paraíto, a plania feUz que. C-On·
4

de Odin deixou um olho como penhor e vara onde ele volta in-
se.rva a vida e a renova" e- "cuja raiz 1-ava tm cima no Céu, cessance,uente, a fim de· rcstaul.'31' e aumerttar a sua sabedoria40.
e cujos ramos se diri.a,iam para a Tn-ra": É semp«' nos mc50Jos Ju.aare.s, _pert.o de Yggdrasil, que se encon-
tra a foote Urd; os deuses IU reúnem diariantente o seu conselho
Stt dmuo aJ ido 41 1ll $00 radicc e n1Juis1ram a jUSLiça. Com a água desta fonte, os nornes rcgant
e gii:I in,·erso tl:n'3 1 f3Jni SJ)llo.de.Jt a íirvorc. gigante para que recobre ju\·tntude (' vigor. A cab1·a Hcl-
drün, u,na á,guJ;i., um veado e um esquilo cmpotelrõl.úl-.st nos ra·
Holmbet8 encontra a mesma tr:idição oo folclore islandês mos de YggdruiJ e nas suas rai-zcs acha-se a ,•fbora Nidhõgg, qu·c
e ftntandes>l. Os !apões sacrificarn todos os anos um boi ao deus procura abatê-la. A âguia lma 10001 os dias com a vfbora (motl,

1
TRATA.DO DE HISTÓRIA J.>/<S RELJGIÔES A YEO!:T.Aç.,{0: SfMBOlOS BIU1óS DE RE.r.'OVAÇÃO 22S

vo cosmol6gioo f1-eqtien1e em outras clv1Jiza s)' 1• Quando o bétn i póSslveJ .mina14-Ja no domíruo lndo-mcsopotãmic()-cgípào,
uru,,erso tremer até os alicerc:es, no cataclismo anunciado no Vo- c:gc:u ,u . A maior parte das veze:s a ocna reprCf.ienl.l a te.ofania de
Jwpâ e que :porá fin1 ao mundo. a fim de i11.$taurar um 110,•o pe, uma divindade da fecundidade. O oosn1os revela...se-nos como ma-
rfoclo, parndisíaoc:,, Y3adrasiJ será sacudida natito foncmente n1as niftstw,·ão das forças iadoras dlvirtáS. Assim, em lobeJ)jo•Daro
não ton100Já4. Esta conOa&l'aÇ'ào apocalipllca. anunciada pela (terociro milênio a.C.) encontra-$(' a epifania divina numa F'icus
profetisa, não causará a desintegração do cosmos. rtllgloS<r'; a ârvore está esqne1nati.z..1da de uma forma que faz
K33rlc Krohn ientou explicar o mito de Ygadrnsil pela Arvo- pcílsar na árvore sasrada m sopotãrnica. A1é nos 1ex1os védicos
reda Vida do Aotigo Testamen10. e Sopbus Bugge pela lenda da .e encontram "estígios de teofania vea,etal. Além do Aç..,attha,
Crui. de Jesus Cristo. As du3$ hipóteses sâo in citâveis. Odin !ímbólo c6smioo, e Bratunan, rt\lelado numa ârvore (§ 99), é po:;.
amarra o seu e.aval o a Yggdrasil, e é dificil crer que este motivo si\'d jdentifical', nos.documentos vedioos que denunciam uma ••ex-
- central na mJioJogia escandinava- seja tâo tardio. Holmberg perl ncia religiosa popular", ou seja, que conser..,am as fónnu•
observa com razão que a presença da águia sobre Yggdrasil - de- lás arcaicss coueretas, outras exprt'.SSÕCS ainda da teofania vege-
taJhe ause1ue na t.radição bíblica - aproxima mais ptopria1uent.e 1aJ. "Oh, plantas!, oh, vós, mães!, é a v6$ que cu saUdo coLDO
e$1e $1mbolo cosnológico dos típm l'IOtle.asuitiCQS. A luta entre deusas1•t, proclama o Y(l}ur r.-'tda (f\r. 2, 6). Um looa.o hino do
a águia e a scq)Ctltc:, como a luta de Varuda com o réptil - moti- Rig Veda (X, ·r,) é.oonsagrado às plantas, referindo-se em parti•
vo muito oonhecido na mitolog.i'a e no iconografia indianas-. t ç,.,lar. às suas virtudes terapêuticas e resencra.doras (expressão 01(0

um símbolo cosmol<>3:ico da.hua entre a luz e as mvas, da oposi- nima da "Planta dà Vlda" é da imonalidade). O Athart.·<1 Veda
ção dos do.is principios. o solar e o subterrâneo. É difícil di1..c:r se (lV, 136, 1) kn1va wna planta cha1nando-lhe "Divindade nasci•
elementos judaico•cristãos intc:r\'i ra.ru ou oão na concepção de da da Deusa Terra". A 1nesma lC'Ofania ao nível vea,etal. explic-.a
Yaa,drasil, porque, das a{loidad que Hotmbeti descobre entre o ''Senhor dos Vegetaisn , YonOSJ)flti, cujo culto é. mencionado
õ t a Atvore cósmjca da n1itologia escandinava e os 1.ii,os norte-- pelo Rlg Vttla46. Graças ao ptotódpo cósn,jco donde lhe$ vêm
asiáticos, não se pode deduzir. com rigor. que a J>-rimeira dependa as suas virtudl."$, as plat\hli facilitam os parios. aumentam o po·
dos ôlt.iJnos. Em todo caso, Alfre.d Dcteringmostrou., num lraba· t genédco e asseguram a ícniLid de e a riqueza. É por isso que
lho bem docu.ment.'ldo, que. se p0de se,auir ê a pré-história, en,. se chega a recomendar que se saçri.fiquem animais 4s plant ,11.
trt os i.ndo-europeus, a personificação da Atvore Cósmica e da O circuito da e.oerain gcncsiaca do cosmos é fonnulado da n1a.
Árvore da Vida num carvalho. e que. de qualquer 1nodo, foi nos neira seauinte no Çatopatha 8rfih,nana (IX, 3, l , IS): raio, cltU·
terôtórios do norte d.l Europa que as powlaçOO protogeri:nfuJJ. va. plantas. O S.'l&rado manifesta-se: aqui no ato essencial da re-
cas eJ;iboraram este mito4l. A fusão da Árvore Cósmica com a novação da \'ida vtgc:tati,•a.
Ãr .·ore da Vida enco1nra--sc tatilbém utre os germanos. A ldenti• Um exemplo admirável de. teofanja nun1a árvore.é o c kbre
fi ção de uma ár,·oresagrada e snítieacom uma espécie. botânica baixo-rclcvo de Assur 4 , que rep:rescu1a o deus con1 a parte su•
bem detertuinada e um fenômeno qu:c já observamos (Açvau.ha, perio! dooorpo a emergir de untai árvore. Ao lado dele t'l.::bam-se
entre- os indianos:" 1a1ru,31eira entre os tnesopo1ãmicos). No caso "as águas que ITimSbordan f· do vaso inesgotável. símbolo da t « -
de Yssdr íl. a presença do earva.Lho nos monumentos prê- tilidade. Um eaprídco, atributo d:l dJvjJldade, come: folhas da ár-
histórioos, assim oomo a continuidade dos motiVôS quereptescn· yore. Na iconografia egípcia enc:ôntra-se o motivo da "Át,·ore
tam a árvoré$as,'ad3 sob farma de utn Cru"'3lbo e as Colhas de Ca?· d.a Vi-da u . de onde saem os braços divjnos: carregados de doos
vaU10 na ane deéofaüva t.anto religiosa conK.> popular. demons- e despejando de llm \'USO a água da vida49. E,•idcntemcnle, en-
tram wficlenten1ente a autoctonia de-ssa concepção. 1re a teofania, que ressalta destes exemplo$, e o nioüvo da•· Ãr-
\'Or da Vida" houve oontaminaç..ão, e o Pl'OCesso é fácil de cont•
prcender: a dJvindade que se te\-\cla no éOsmos sob s fomta de
102. Epifanias ,·e -t!ds- A f<pifania de urna di,•indade nu- uma árvore 6 ao mesmo tempo fonte de reg -oeração e de '·,·ida
ma áf'\•oreé u1nmoliVQ corrc:nté na atte p1;;s1ica paleorienta1; latn $CJll morte", uma fonte para a qual <>hoJnem se \·olta PQf<PJ.e
11vtTAD0 DE·HISTófelA DAS P..W0/Ô2S ,4 VEOEr.AÇÀO: $/Af80LOS E RITO$ l>S-RE/\'OVAÇÃ0 Z27
226
ela justiflca, a seus olhos, as cq,eranÇ;as que ele aliment."I a rc lal c 1Jfinna. o sentido que ltm a. árvore na iconografia e na mi-
peito da $Ua próptia imortalidade. Entre as articulações dé con· 10109;1 rcaicas: o de/ónte illesJIOIÚYtl da fertilidade cdst,rico.
junco árvore-cosmos-divindade há sl.ine:tria, asroclaçâ,o, fusão. Os Na CJvibz..'l"çllo pr -a.riana do vale do Indo, que as escavaoões de
deuses dtsiarutdos como deuses da veg,etaçào são frcqüenten1cn· f:{arrappa é de ?,..fohcnjo-Daro trouxera,n à luz, a consubstancia
te repr*ntados em forma de árvore: ÂtiS. e o pinheiro, Osíris hd3cl da Crande Detisa e da veg.atação é representada quer pd(I
e o cedro, etc-. Entre os gr.::gos, Ártemi.s está, por vete$, presente .a&s 1açâo deusas nua (tipo Yaks.hini) perto de uiua Fi<'lS
rel,g10:,�1 q er por uma plant qu sai da rçgiào genítaJ da
numa árvore: em Boiai, na Lacônis, adon1\·a-se. um mirto çom
o non1e de ÂrtenliS Soteira, e jút\lO J Orromeélos, na Arcádia, deusa , As 1maaens que represeotam a Flcus religiQSQ são
havia nwl\ cedro um oanon de Artecnis Kedrc-ittb•'t>. Às veics, .numerQS.:l.5 51: e o mesmo se passa com as que represcrnam a Gr ao-
as imagens de Á11eoois cratn enfeha.das com ramos. Ê conhecida de !ª nuw' - : tjJ?O iconográfico comum a ioda a civiJização
a epifania ,·cgctal de Dioníso, chamado por vezes Dioniso <:akót1 ca afro-.asub1ca. incJuJJ)dó mesmo o Egilo. A árvore sa-
dendritess1, Lembremos igu.llmenlc o -carvalho oracular saarado grada e rodeada .de uoo recinto, e às- vezes oma deusa nua ergue-
de Zeus em Dodone, o loureiro de AVolo em Delfos. a oli\•elnt se n e. entre- dolS ram s de Ficus religioso que cresce a meio de
sch•age1u d4? HCracks e1n Olimpia, etc. No entanto, no que diz. wn urcuJo. O espaço tc0noaráfico indica com precisão o valor
respeito à Crétia, não há pro,•as que ale.stern a existência de um sagrado do lug{lr .santo t d '.'cco110•· (§§ 142 ss.),
culto da ât'Vore., a nào $Ci' em dois lugares: a ár\'ote de Citeron, Em toda a Afrlc na lndia . as árvores de látex são sfmbo-
onde se pensava que Peo1eu teria subido para obscr,•at as f\-1.êna- los de maternidade d1v111a, seodo _, por isso, veneradas pe.las mu-
des e que o oráculo ordcnáfà que se \'cuerasse coLno um deus, lheres ao mt,mo tempo que são proc:uradas pelos espiritos dos
e o plátano de H"clena em Esparta n . R\OftOS que- Pretendem \'Ohar â vi.daeil . O DJOtlvo deusa-árvore,
Um exetUJ)lo claro de teofania vegetal observa-se no culto oomplccado ou. não - .prescnç.a de animais betáldi c os,
da deusa indiMa (pré,,riana) Duraâ, Os te.xtos que citamos são c n.servo - na 1oonog,aha 1ndiit1L.'I, de onde-, n!o sem se con1a
tardios, tnas o seu caráter popular co1:1fere-lhcs uma aniliuidack ntuWJ" de 1de1as cos ogônicas aqaáticas., se crao.smitiu à arte po-
9t1e não deixa lua,ru- a dú,•idas. Na De •i-Afohlitn,ytr i, a deusa P.Ular t n qual o podemos observai: ainda hoje. O vfnculo que une
proclania.: ''Em segukla.. oh, deuses!, 3Jimentarei (literalmen- os doiS stmbolos - as: águas e as plantas - cotnpremde·se facil-
te =eu susten,arci) o universo ioteiro com estes vegetais {J,úe COtt- mcn_te As áauas são portadoras de gcrn)es, de todos eles. A planta
ser,•am a vida e que crescem do to.eu próprio corpo durante a es- - nio1na. atbW"to, nor do lótus - exprime a monifestoçõo do
tação das chuvas. l'ornar-mc-ei, eotã.o. iloriosa na Terra como ?>Sm05, o a reclttt!nto dasfô,.iifas: é interessante notar que as
S!lka-mhari ('·portadora de plantas" ou ''que n,u..re as plan1as·") 1ma ens cósin1 sao representadas na /ndia a emergir de uma
e, nesta mesma otaç.âo, estriparei o 3r;1nde asura chamado Dur- tlor fó!us. O nz.oma com flores si&oific:t a atualização d3 cria-
gama (person.ificaç-ão da seca)." No ri1o Na\•(lpotriká (''as uo,•e ção •. o la.to de &e est bct-ecer firmentcnte acima das águas''. A
folhas''). Durgâ chama-se "aqoela qllt habita as nove folhas·•?'!. .ocxis!ên:?a. d moHC>. flores,tais,aquátiros e dos molivos
As oonflrmações indianas pode1n ser 1uuh:iplicadas". Voltal'C'!UOO \eaetaiS-ter,n,nmos explica-se pelai idé.ia central da criação ines-
a este assunto Q\Lando estudannos as -0utrM valfflcias da sacrali· gotável, cu;o sfmbolQ ê a árvore côsmica e Que se idenlifica com
dade da ár\•ort. a Cirande Deusa.
EsJa a5 clação está solid3mente esrabeJecida tanto na cos-

103. GmsdtS den.'Sa$ e •c:tttas:to - Um do.s conjuntos m3is rº


mogonta vf!dtca e P'!-rãnica (a divindade. ,11«11(/esJo-seaJi., ao mes
tenlpo que o uruverso_, gi !
l do.de um lótus qu flutua nas
suas) -como na conctpç.ao 1ndo-1ratua.oa da planta miraculosa
freqüen1ea e pcnistentes é es1c: Orande Oeusa-vcge1acão,anim.ais
herâldioos. A economia desc:i obra leva-nos a rever aptnas alguns som . No que se reíerc :1 esta última, lembremos que o soma i
dos exemplos que <:$tão à oossa disposição e que slk> t:r11 nW:nero írcqucotem 1 1repre.se1uado no R.lg Véda sob a, forma de nas•
consklerávet. A prtsenç çlª deusa ao 1.-do de um sinlbolo vcge- ccn1e ou de- no mas tambê.Jn co1no plan1a paradisiaca, que os

1•
228 TRATAIXJ DE HIS.TóRIA DAS JWLIGIÔISS A VEGETAÇÃO: s:/f.fBOLOS 2 RITOS D& REl\'OVAÇ;lo 229
textos e, em especial, os textos vedicos 1ardios e. pós•v.Cdicos oo,.. de foJb .e de narcs (lara-ko11u110, nu1/líka1nn10), ora servindo de
locam num vaso (símbolo aqu.itico- ,§·61). Este J>?hrnorf1$1.UO sus1eataculo, º!·a enquadrando Oor-es e animai$ (cf. sôk"na-
jus.ti fica-se se se consider;)f tudo o que o, so1na il"?phca: ele asse )'atthi), e quesa, da boca ou do um_bigo de um ·vaksha ou de ou·
3ur a vida, a fertilidade,. a reaencração- <1ucr dizer, !udo que tro símbolo aquálioo. Quer dizer, de11m vaso cheio (p11n110-gh1111J).
o simbolisn10 das águas jmplica (ambêm e que, no s1mbobsmo ou das fauces abertas de un\ 11u1karo ou de um -elefan1e coro cau-
da$ plantas, está expl.icilatneote formulado. O roubo do soma no da de 1>eixe6'. O "vaso cheio'' ê um símbolo que enoontramos
A{tJ/i(lbhárata valorlz a sua dupla estn.:itura, ao mes,no cm ou1.r omfnios e que cs1á se,npre relacionado com a ''plan-
.tem
aquática e vegetal: se bem que seja aprescnt o corno b1da mi- 1a de vida ou oom um enlbJema qual.quer da fcniJidade ....usim
raculosa é dito por outro lado que Garllda o arrat1ca (son,u · depois. da é ca de O éa, a ''árvore sagrada'' de.ta.pan-cc do re:
pâtya) c n10 se fosse u,na plan1a6l . No simbolismo dos t}paru- petl r1oacád1o•S\lJlléno, sendo substituída pela ... planta de vida''
shads mcon,ra--sc a mtsnta associação: gua..ár,·orc; " o no sem a sair de um vasa68. O "vaso cheio'' é- sempre seguro por um
idade" ('1ij6ra nüdt.: aquele que reneraa) enoontra-se ao lado da deus ou por um $emldeus. nunça por llm homtm. Às vcU"S o ••va-
••ârvore suporte••ól. As duas nascentes m.ís.t-i<:as encontram«. no so" é omitido e a água corre diretam-fflte do corpo da dlvind;-
Céu, da tne$Jn3 forma que é no Céu que se encootra se não a
sua própr:ia subSlância concreta l>C:'º
de 69 , Não formular maisc.laramcntc a crença segun
,se.poderia
enos ( l rotóc.t de to- do a qual e d1rct:unentc da substàocia: di\•ina, ou n,ai s: exstan1en-
das a bebidas regenecadoras e d1st:rtbu1doras de imortahdade - teda sua re ela,;ão plcname,ue manifesl.lda, da teofania, que di--
ho1u branco, solna, o mél divino dos fiuescs, etc. . . mananl a vida e a r e.neraç-ão.
A lUesn1a. assocl:ação água.;irvorc cncontt3· na tradição JU· Ao 01ivo d.eeoratiYo do rizoma que em-erge de um e1nble-
d.i.ica e cristã. Euquid de5crevc a nascw.tc mar_avUbos,,.a quebro- iu.a quáuc.o oorresponde na mitologia a ooncepção pucânica do
tava debaixo do le.illJ)lo e qne tava g;uamcc1da de -1rvorcs de t1MÇime-nto de Brahrna. O deus é chan1àdo abj(ljà, ''nascido do
fruLo (o v1tlor si.mbólioo-1uetst'ísíoo d água ruja nascente se acha ló1u _º que sai do utnbigo de Vislmu ' °. Coomatas\\'a1nyn1ostrou
sob o templo assim como o das árvores,. uào dá lugar a qualquer lt ongem e.o fundtu -.e-,no védicos: desta eonccpçll'o?•. O que 0
dúvida: o ce plo acba,se no "oenlro d.o inundo''f'. O At>oca- lmbO-lo .. lotus (ou n.zoma) saiJldo da âgua (ou de um e1nblema
liJ>SC·ss rc.toma. tornando-a ainda rnais yrocisa, a exprcssúo .cos- nquático)" exprime é a própria procis,sao cósmica. As uas re-
moló ca e wteriológica do conjunt? ág-uas-ãrvort: "J?el>°<S, o pr n1 un ali o n!io,manifcstado. os g:trmes, os estados 1.a lentes :
anjo mostrou.me o rio da água da \'Jda, claro como ruitíd., que o sunbolo noraJ iepn-,cma a inanifes1ação, a eriação c.5smico.
saía do uono de .Deus .e do Cordeiro. No meio da pni.ça a cld-1. VClruna. como deus das águas, das cbU\'.U e da ferti.Udadc c.ra
de t. nas duas macgeM do rio encontra-se a árvore de ,•ida. que QriaI artamcn1e a raiz. da árvore de vida, a fonte de ,oda a
dá doze- oolbeitas produzindo seus·frutos todos os meses; e. crlaçao1•.
a rolhas desta á10.rc- servem para curar as nações." O P!otóti·
po bíblico acha-se. naturalmente. no Êd n: " a .1.r,.-orc- da vida no
1neio do jardin,. com a átvore doconbecJ O o.b ':1 e do mal. 105. Grflndc OeQsa - Árvott d.a Vid:1 - A associação
um rio sa(a do en ra.banhar o jardim e :u diVJdia« e f<?r- 11 Cirnode Deusa - Árvore da Vida" tambt,n era conhecida no
mava quatro braços""'- O templo, lugar sagi do por excelênc:.,a. lt•ho. Um rcl,e\lo ct.prcscnta Halhor- colocada numa á(\'Ol'e ct.--
é semelhante ao protôcip0 cde$1-e - o Para1so. l ilc (sem dt\vida a árvore da in1ortalid;ade) dando de oomer e bc
hor it !lima do mor10, .isto é, -assegurando-lhe a COJUinuidadc- da
vldo, n brcvjvência". Dcvenlos esta :representação com a série
104 SimbOIJsmo icoaogrifico - A aswdação dos símbo- h'QIU)g{afica que rcpr*nta as u1ãos d.i deusa carregadas de dons
los aquá cos e \'C ai.s a M-se explicita de mancira to coe- 1111o &:eu busto, saindo de uma ârvore e dando de beber à alnt
NQtc na COSJnogonta 1od1ana subJacen1e a e dceorat!\: . Co?- 1lt1 dcl'unlo. Uma série paralela é a da deusa do destino sentada
1naraswamy dá dela n sc.guint11 fórmul9 um nzoma de lótus Cl\i!lO lhl# rcunos bab{os de un\a arattde árvore que si.mboli z., 'o Céu, e
230 TRA1'A00 DB JUSTÓIUA DAS RE.LIOIÓES
A VEGETAÇÃO: SIA(80LOS E RITOS oe RE.\'óYAÇÃO 231
nos quais estão inScl'itc,s os nornes dos faroós e- o seu d uno . " ·
formada de ,,.cspiritos da luz" c os seus nós são grãos de luz.
o mesmo Lnotivo se encontra nas eren_ças popula s alta1cas. CO• E deJa que n8$Ce1u as <:orrentes de {igua santa destinadas a matar
ruo nos iaku1es, por exemplo: junto da :árvore de vida que tem a dos homens; o de\ de !uzedesabedoria, o Redcn1or {)fàn·
sete ramc;,s e.ocontta-se a •• Deusa das ldades"1 $· d d ,.ollêJ é,. tarn rn. 1 ent1fic.1.do com 3 vinha de ,'ida (guf,18
A mesma 3.$$0Cia\'âO 1nh.ica e Cüll1.1;1.I .se _acha na 1csopotâ· d ltalti) e a vinha e considerada uma árvore cósutica, vi:sto que.
mia. Qilgamesh enoontra nuo1 jardim uwa arvore mtraculosa e tn\'olve <>Scéus e que os bagos de U\•a são esttelasu,
junio dda a divindàdeSiduri - is,o ê. 9 ''menlua" - , qualifi• O motivo 1nulha- nua-vinha conservou-se trunbém fen.
-cad:i. sahitr, quer dizer, ·•a mulher do vinho" 16 • De f uo. segun- das apócrifas cristã.,;. Por t.xemp!o, nas Perguntús e Resposfa/,1
dô a lnten>;ctação de .Autran, Oitsam_esh ri eooontsa ao l o de compilaç..lo tardi 1taduz.ida do eslavo para o romeno antC$ d;
uma -pa de vinha· a \'inba era 1denufic;ada pelos pakor,entais século XV li, conta.se como PilaUJs e.i1controu a sua mulher nua
à •ph1n1a de "'ida"', e o sinal sumério para "vida'·' ef:' origina- óuma vi·nJla, junto de uma cepa que s.urgira dos seus traj man•
riamente un1a folha d.e videira?? , Esta plan1a maravllhosa eca chado.s11 do sangue de Cristo e que P«)duzira frutos míracuJosav
oonsagrada às Grandes US \. A Deusa:Mãc era chamada, n mentcl'
Principio, ''a r,..fãe tronco de videira" ou "a Deusa ttonco de VI· Nos domínios egeu e grego, o conJunto deusa-árvore•
dcira"!8, Albrig_hl pr0\'0\1 que, nas versQ arcalc.:as da .lenda de .tUOntanha•animais heráldicos taml>é1n ê frcqOe:rue: Lc1nbreruos
Oilgamesh, Sld\lfi tinha u1u papel mullC> u11portanl . 011,gamesh o grande anel de ·licena. , que. representa uma cena cultuai ffll
pediu diretamente a ela a imonalidade-19. Jenscn td t'll1{tc?U·a que a deusa, C?UI a mão oa garganta nua. tstá sentada debaixo
oom a ninfa Calipso da Odissêiatll. Conto Calipso, S1dun linha da ár,,ore da vida, ju.nto de. uma sérl,e de emblemas cosn1ológi v
a aparêltcia de utna jovem nóbil, usa\'a ,véu, csta\•a carregada de 00$: o _machado, o Sol t a Lua, as águas (as quatro nasceotes).
cachos de lJ\'S. e mota\'3. num lugar de onde safam quatró nasoen-- A cena melha·sc muito ao reJc,•o semítico reproduzido JXlr
lei' a sua ilha eocontra\'a·se no "umbigo do mar'' (o,nph lós th(J, Holmberg (fig. JO) e que represen,a I I deusa sentada nun1 trono
l s) e a ninfa podia oonoeder.a imortalidade· aos heróis. a am·
brosia cclesie com a qual tentou U1iSSe$. perto da árvore sagrada com o mcnioo dJv-ino nos braços. Uma
m a de b1ita (Licia) mostra a teofonia da deusa no mcio da
C.ilipso era un)a das inU1ueras twfanias da Crandc Deus,a, âr\'Of . No repertório egcu bá que. nalar ainda o anel de 00·
que se revelava no ''centro do 0\\1ndo'', ao lado do on:pllalos, ro deMochlos.. que represe•>ta a deusa numa lxtrca com um altar
da "Ãr,•ore dl' Vida., e das quatro nascentes. Ora: a vinha era
e uma árvoré-, 1, ç 3 «lebre cena da dru1ça dianre da árvore
a e.xpressào vegetal 'da imortalidade - tal corno o \'tt\bo torn?u·
se, nas trodiçõcs arcaicas, o súnbolo da ju\•et tud e da vida sagrada92,
elerna'•. A M"ishnac afirn\ que a Al'\''Ol'e da c1!nc.1a d bcrn e Ne,m todas CS$1L$associações nlltieas e ieooogrâficas são pro,
d.uto do aeaso, nâo sendo, tam()Ouco, despro\·idas de valor relJ.-
do maJ&J.era wna \•lnha. O livro de Enoch (24, 2) locahat csht g1oso e mc1afisico. Que querc-m dizer éstes conjuntos: deusa·
v.iuba·árvore da ciência do bem e do Ltlal .eotre. ser.e mon,anha.s
árvore, deusa.vinha, con1 o seu ;.'lparoto de e1nbkmasoosmológ.i.
como, de rtsto, O' faz a epol)Cia de Gtlgame$hM , A deusa. eos e de animais henUcUco-s? Que este lu.aar é um "centro do n1u.n·
serpente. Hannat podia J>rovar os frutos da árvore, o que !ªm+
bé lU çra péfm.itido às deusas Siduri e C:alipso. As U\'35 e o v1_nho do'.', que aJ s éncontra a. fonte da \•ida, da juveutude·e da imor•
conlinuarant a simbolizar a sabedorl _ até 1,1ma éCie.l tat 1a 85 . talidade. As ar\'Ore$ representam o universo em J)ennauen1e re
·las a oooçepção primili\•a da vinha·arvore cósmica- rvo1e do gcnel'ai;.àoi ma.s no cc:nLtO do universo encontra-se sempre uma
l\tvore - a da vida eterna ou da clén,cja. A Grande Deusa e a
conbocimento e, da n-dençào conservou«· 1 u ) roandc1,mo com personificação da fonte inesgotável da criação, desie úJtimo fun.
uma ooeretlcia surpreendente. O vinho {gufnõ) t, ·par3 e:s.ta o-
da1nento da reaUdade. N!o passa da exprc$São trútka dessa in·
s,c-, a incoq>oração da luz.. da sabedoria e da ptire O·arquet1po tu.ição primotdial de <tUe a sacraUd.'\tle, a vida e a i!Uortalidade
do vinho (qaô,n.ii.i) cncourra·sc-, no 1\\1.lndo uper1or. cdesle. A se encoutr;.'lm num "centro".
,•inha arquái()(l cou11)Õc·SC de água uo lu1er1or, a sua. íolhttJ.; e m

1,
232 TR..t·J:.tDO DE llf$TÓRIA DAS RELTOIÔF;S A YEóETAÇÃO: SÍJ..IBOLOS
C RITOS 1)$ R&VOJÇÂO
233
106 , A àrvort do conbtthttento - A meio Paraí.so ests- o obstácuk> cpm que esbarra
,.,nm a Árvote d!b.\lid e a árvore do conhecuncn . do to do bem é do in1ortaijdade, da Árvore da Vida. o homem na sua busca da ro-ntc
d.a
mal, e Deus pro1 iu A - a0 de provar os (rut de sta Ultima, " - confir111:,çáo e1n outras rrâdições Esta !nterprrtação tem a soa
que, no dia e1n que tu ° t . tu inorrer certamente' ciol).ar. ri.1as 3 teotaçào da serpen (lue teremo.s ocasião de men-
coi :·a Árvore daásVida'? Seria . ção: e.la vrecmdia adquirir 3 te pode. ter ainda uma t-xpJic:
Por que razão n!o mcnc OD3 .• ·a ou est..1 imot1.alidade (como e;f tivamente i-
adquire nos m.itos de 0\1tros povos)
um duplicado d árvore d3 tie COlno crêttu certos
brir a Árvore da Vjda, issimu 'e p.ira js s o era pr«iso dtsco•a
s.1bios9 4 - estana a árvore d '6SOOndida'', só se tornan• lada oa mufcJdão de áJ'vort.
do identificável e .aoessiv n i :01uen to tm que Adão se apro- P;}raíso, para ser a primeira a s do
iqcita Adão a "conhecer o bc1n pro,•ªr OS$CUS frutos - e- isso
_pri8.$S('.dO conhe-c,mff!to Obe e do tual, quer dizer-, da s a b : J:>ara
dor1a? lnclinai.1! 0 -nos l? ª r esta u
,. h'póccse A árvore da..,,. eia, ier•lhc,ja re,·ela.do o local e. o 01a l " . Ad!io, pel:i. sua ciên·
ond.e se ençontrava a Ár\•or-e
da pOde dar a unortahda e•. ma ºr ; : ê 'tácli a i ngi-la. Ela está Vida. da
"e.scoudkl.1" - Oôlno. port>:einp a lanta da imortalidade que
Oilgamesh ptocura no fun:0 Pº _ ou então está guar<la•
da pôr ru.onsrros - co o
:,: :' mos de ouro do jardim 107. Os ilf11ttlÜij.-s da Ân·ot
das Hcs étides. A oo::e.nCl3: o• dcsras
po
du-1.s ár,,Ore$ ,n iraculosas prin1ord.iaJ (ou herói) ern busca t d:1 Vida - O conjun1.o bontem
da-serpente ou monscro qvc .guard3 da in1ortalid.,Klé.' ·Arvore da
_ a d a ,•ida e a d a • na não é t i o paradoxal <;OlTIO p0de• Vi-
ria re c e â ri m e .i.ra mo-la também ent outras astucios.a,oente qU<: o homem prove esta árvore (ou que Jwpede-
n n seu fruto) enco1ura•se tanJ•
tradições arcaicas - à ,•1s en :; -c1 ,: : o Céu. os babilônios fixa, bém eJn outras tradições O s
e ntido, dessa coexistê.n.cia
á(V!'.>re, se rpente) é bastante (home1n,
Sbamh.raoonta que . .\! tl
vam duas árvores: a da v"ed ad e e a de ,·ida· e um texto de Ras
conecde a Lton'asabedoria e .1 eter· de - ela está ooncxntrada d.aro: é dificil adqui/ir a irnoJ'la,líd11·
.n1,1ma
de \'j,;ta). qu-e seencon1r11 num W°'iJOtt da vi.da (ou numa fonte
nidade ao mtstno tcmPo ·
A serpen te t'oduz Adão e r .,_.c. m O fruto da árvore
,.,va a 00...,,... no fundo do oce a no, no país lugar inacessJ,,el (no .fim dar.erra,
muito el ,·ado ou num "<:entro''); das 1rew$. n.o topo de um
da ciência, asscg a n d : · ;;sc : ! . . não JlJcs causará a morse, monte
tnas Lhes dará a d1v1nda : ! te não m'orrereis. tvlas Oe 1s da a árvore: e o hou1,em q . não um ruons1ro (serpente) guar.
sabc qut-, uodia tmquc com e.. e rdcscste frmo 0$ VOSSO$olhos abnr- a:uir cbeaar a1é d a tem de lutar sem mtiJdptos Ç$ÍOtços, eo,ise-
Sé apoderar dos -f'rucos da COm o monstro e ,•encê•IO
se !lo e vós serei$ como deuses, ·s. as.s e i s 8 coilbeccr o bem imortalidade. pars
e o ma1."?6 •Scr á o homem scmeu1 PTan.te
P a Deus só por co,ihec.e, A IU(a com o 1:nonsrro tem, 1
c;iátioo: é. preciso que o homem preste e\ idm tcme ntc, wn :sc:n1jdo lui·
o betn e o m.aJ, ou p0cque, to an do-s.e (H\isciente poder á " ve:r'' " 1:,ro\•as" , que se (Otne ''h,e,,.
onde se encontttl a A.rv?re a éOTllO$: quirea un<M·, rJ)j'\ para teto djreilo de
talidade'? O texto b1bhco e s ; f : o = n i e - claro: ·•E o Scnhô t nâ.o pode \'Clle<:r o dragAo .adquirir imortalidade. Aquele Qi.lt"
da vida , que-t dlzt:r, oâ() pode ou a SCl'J)(.nte nâo Lcm ::icesso à
Deus disse: 'Eis que Adão se
torn éseu1el h.ante' nós pelo co·
reciso C\•ita( que ele es• herói com o mons1ro nem adquirir a imortalidade. A árvore
nhcciJue1110 do ben1 e do in:ll. se1npre é de natureza fisica.. Adào lu1a do
lénda a mn . que tr.o:ique O da frvore da v:ida, qut o oo- v-encldo pela serpe:iuc-$C01. tt'r
[como é óca$o de Hér.lcles, lutado ..:om ela, 110 sentido berÇico
foi
ma e que v1"ª• s.ss.im • ! e ! f nte , ,,91 Oe$$e tnodo, o ho o,em
s6 p0deria alcançar.ª 1"J
= .., ando os fruios da segunda
(;ia da serpente, que ,o induzi1>0rexc m.i;>10); foi vtncido pela
u a tôf1llar-sc. se mclh1u11e a ast(l-
· pr nialo tentou eotio a serpente Jocitou.a infringir a ordem
árvore, a da irrn'!nahdade. Por qu
No ,e ,o biblioo, OOn entend divina e o condenou, ossim, àDeus, o
a Adão, cncora1ando-o 8 pro "ar frutos da árvore da ciê1\Cia, ido, a ,morte.
por nteio da qual só podef! obter 3 : bedoria7 Se e vecdadeque JXll:,cl d.e "PfO!ttor" da ár.,.ore da vjda$tipentc aâo dcse1npçnha o
eq-üêt1\ias da 1e,1t.a,;·ão., poderi.a _, mas, oonsiderando as
a serpént e tire-figur a o esp1nto d : e como tal, deve o.,a,.s e
,; attibuir•se-Jhc e st a miss.'l.oCOU·
.
à 1n1ortatidadc do h_o,nem,A e.in ! i c e ário q ue-elA '' e vite " ':lu OiJ$ill)le$b, o herói babilônioo niio
º honttm se a.t)roxune da rvore da Vida° ' • ;.. fitr nlç con uuu
bélJl e )e qucri;). obtec a i,non _, cem melhor sorte.
idàde. Coin efeito. coostemacJoTen1.
pe:la

- ---- -,,
234 TP.ATAOO DE HIS'TÕRIA D... s REJ.lGJÓES
,1 YEGET'AC.,ÍO: Si.V.BOLO$ E RITOS DE kl!NOVAÇÃO 23;
morte do seu ami o Enkidu, t.!e lamcnta..se: · «n u te:
um dia, de 1ne deitar COOlQ ele, para 3,ão mtus me 1c:-.•anta!1 108. tousttó.!l e a,iJos - Tainbmt·a t.rndição iraniana (:0•
Ele sabe que no mundo há .-.peoss um 'ho1oem que ó pode aJudar nhece o5o só uma ârvore da vida e de reserimçã o que cresoe ru1
terra, mas també1n o $eu protótipo cefclte. O hoorno terreiltrc
- o sábio Ui-Napishti1n, q_ue eit.apou s o dilúvio e a quem os deu-
es conce.der.utt on,a vidà ímor1al - e por isso Oil.z:;imc:sh enca o hon1 "a1n.:velo" - que, cal como o soma dos 1extos vêdioos'
iuhou-se para a sua morada, algures na ''fOl dos rios". O cà- é co,icebído quc.r como unta planta, quer oomo uma oa.scence
tninllo é lon§Q, pçnoso t S('1neado de obst:.ácukl.s. co1no todo o. ca- ttcsc.c nas: won1an.h.ú - ,\bura t\·fazda plantou-o, originaria-
1ncntc, no 1non1e H.ara.itilOO, O seu pr91Qiipo eneonlra-sc no c t u :
minho para o ,.,ce1ur-0 » , para o ºParaiso '' <?u para utna fonte
é o hao111a cdcs1e ou Gaókcrcna (o hon, branco} que dá a imor-
de imortalidade. Ut-Napj$htim habit.:. uma ilha rodeada pelas talidade aos que o provam, e que se encontra na nase("ntc- das
"""uas
6 da morte - que- o he1ói consegue :3t(a,•essa.r, apesar de to-- águas do Ardvisurâ, JJu1na iJha do lago Vourakasha e:iu:re rrd-
das as <üficuldades. e. -t'- razoável qu . :perante certas " JJtO ,. as " a
. lh.\rê$ de plantas 1erapêu1icas Hn . &tt. • ho111 branoo 'foi criado
1

que é submetido por Ut.Napi.shtim, Oilgamcsti Dfl'.ICtc sua.1p- para abolir a decrepitude. Éele Que operai:-â a regeneração do uni
capacida.de: não oon.wiue, pôr ernplo, .., r sas d w e n0tt ve e a imonatidade que dela se seaulrá. Ele e o rei das plán-
seguidas. O seu destino estâ, ass1n,. an(C(':lpadatuerue a:moalado. 1as 1' !lll . ",\quele gue o come tot'na. .se imortal. ·•11» Ahrirnan rcs•
ele nllo adquirirá a vida eterna, o.l!o põderá to na,.se semelhante pondeu a esta eriaç-ão de Ahuru Mazela criando um lagru·to nas
aos deuises porque nno tein nenhuma das qualidades dos d s s. águ s do Vourak;.1sha pàra. dan.ificat a árvore nllrac-ulosa
No enlàllto, «<lendo às súplicas c:k sua mulher, Ut·Nap1shum Oaoi:erena• . Yima, o primeiro hôntem da tJadição mitica if.l ,.
dcsvtnda ti. Qitgrunesh a exlst!:ncia, no fundo do octaúo, de uma niann, el'a imortal, mas, oomo Adão ., pel'deu a imortalidade por
planta "cheia de espinhos'' çqucr dizer, de di.ficil !" sso) (llle, e!!1· 1er pec-.ado: con1efeito, ··'ele men1iu ecorneçou a pensar na pala
hora nàoconferindo imortalidade, prolOn$3 lnck.t1rudan1cnleaJU• vra falsa e contrária à verdade''' º'. Ê por causa do pecado de Vi-
ventudé e a. ,•ida daq\1eie que a prov,. Gilgaotesh amatra pedras ma que os homens o ,oortais e infeUzestO(
aos pêse dc:soeao fundo do maretf_l btlScada p!a.n:ca. Tendo.ae n
contrado, arranca um ramo dela, hbcrta s pés das pedra$ e volta Também se encontra a serpe,in:e junto da ár\•ore da vida c1n
ourras tradiçOes provavelmente inRu.ençiadas pelas concepções ira.
à superfície. A caminho de -Uruk, pár;l JUntO a ,nna fonl para nlana.s. Os kalmu.ks contam que- nc, oceano se: encontra um dm·
bcbér; atraida pelo ctv.:iro da planta" uma, serpente aprox1ma.:Se gão, peno da àrvOfC' Za1nbu, à espera que caia qualquer folha
e dcvora-."t., lornanck>-se, assim. iu1ortal. Odaa e h., como Adao, -que IXISS."\ engolir. Os bouríates falam da serpente Abyrg.1. junto
não a nçou a imortalidade em virt de da ast cta da st.rp;!lte e da ârvort num "lago de leitt". En:\ çt.flàii tradições da Á.Sia'Ccn-
da sua própria estupidez. Tal como nao onsegu1u vencer as pro-
vas" -a que Ut-Napi$húm o tinha sub tido, latnpo11co be con-
servar o que linha ttdquirido e.Olll a a uda e. a b e ·ol@ncsa de -
.
lral, a scrpen1e Abyrga está en.ro1ada direta1nente no tronco da
á.rvore 1° '
Os grifos ou os monstro$ vigiam sempre as vias d.a
auns (lcmb1en1os que na sua V1agem tinha S1do.aJu ado por Sab1· •
JSto t, mon1am guarda à volta da árvore-da vida ou de outro dos
tu, por Urnashabi - o barQuciro de Ut.•Nap1shnm - : • pôr Ut-
Napishlitn e.sua mulher). O naoosuo, a strpeute era p01$, por e · teus_sfn1bolols. Héracles. para se. apoderar dos por:uos<leouro do
Jardim das Hesp rides, teve de adorn1cocc ou n1a1ar o dragão Qtie
celêo.çia, o adversário da itnortalic.1ade d<;>hc-me!»: Qu <IO, ll.lUJ- os guardava. Que isto seja obra do própl'io-herôi ou de A d a s -
to antes de úílgamesh, Etall.3, Jei lend o de KlSl:i,. p 1ra l'ló Sol no 010,uento cm que Héracles o subscirui a suportar o globo ce
e ao dâ!s Anu que lhe fizesse dom da planta da ,•ida para que Jes:1 - é qucsrâ? secundária. O q u e importante é que HCracles
aso a muJher lhe-pudesse dar um hercleiro, :1 foi levado 1é o éu rcahzou 001» :iato a.s "provas• t hei:-óicas e se apodc--rou dos pf).
p0t unta âituia Q\le a scrpentetinh11;, P ? ' astucaa. an ado num tos- n1os de ouro. O vclo ck ouro da Cólqulda era, tambéo), g\1arda·
so. O con.tlitoentrt a serpentee aágluaé, couJoJá vimos. um- do p,Or um draaao, e Jasão 1cve de n\atá-lo ))aro se apoderar de-
liYO de fundo ds nútologia euroasi.ãtica (§ 101). lt:_. As scrpe1u ''guardan1 ' ' todas as vi3$ da boortalidade, quet
d12:et, q_ualqucr ·•centro'', qualquer receptáculo onde seencon-

. - 1
236 TR.A7:"IDO DE8/STóRIA rus IWJ.)'QTúes i l VEGETAÇÃO: Shtf.80LOS E RJTóS D 6 RE.'<OVAÇÂO 2J7

tre con(e11trado o $agrado, qualquer substância real. etc. Estão sucts,o: Adão, -após ter vivido 932 MOS no vale do Hebron, foi
sempre representadas à volla da crateca de Dioniso l 08, .ieta.m oa atacado de doelW,l mo,u11 e at.áodou .seu filho Scth pedir ao ar•
lonafuqua Cftia pelo ouro de Apolo 1c9 , guardam os. te$0tlros CS· canjo que tuarda a porta do Paraiso o óleo da mlserieórdia. Scth
condidos no fundo da terra ou úS<liamantcs e as pérolãS do fun- seguiu a trilha dos passos de Adtto e B\•á, onde a er\'a o.ão tresce.-
do do ooeano - em suma, todo simbolo <)\le incorpore o snaca• a, e beaou diante do Paraiso, onde fez saber ao arcanjo o dese-
do, que co.nfi.ra poder, vida e onisciê,,r:ia. No Balistêiio de Pnr- JOde f\dãó. O arcanjo aconse:lhou•o a olhar lfis vezes para o Pa-
ma, perto <la ár\10Jf da. \.'ida, dragões est!lo dt tocaia. O mesmo raíso. A primeira ,1ez. Selh viu Qttgua que dava origem a quritro
moliYO se c:ncoutta num baixo-n:leYô do tO\lSeu da Catedral de rjos e; por cima, uma .ir,1ore ressequida; à ses;lu1da vez., viu uma
Pcrraro. 11°. serpente-enrolar-se. ao tronco da árvore; e à tcn:dra vez viu a ár•
vore subir itê o Céu, tt,1do no topo uma criaJ>ça r nt•nascida
erahe.çqueseprolongaram 1uCo lo.Cerno (a átvoceda vida acba,•a-
10!>. A trv-ore e a Cruz - A ãrvorc:. da vi.da é o protótipC> Sêno cenl.To do universo e o seu eixo atravessava as três regiões
de todas as plantas. 1niracuk>sà.S, as que rcssu5'.itan1 os morros, cÓSlillcas). O anjo exptioou a Sc:th o que vira e .-inunclou.the a
eutam os doentes. dão juventude, ct-c.A.ssim, no monte Osh.adi, vinda de um redentor. Deu-lbe três :semeu1es dos frutos da árvo·
encontram.se quatro planlas maravilhosas: "uma dela.,, planta re fatal que seus pais ú.nham provado e disse-lhe que os pusesse
muito apreciada, .rtssuscita os mOrlOS, uma outra ( a i S..'ÜI as f1c:- na boca de Adào, que morreu pa$Sados. três dias. Quando Adão
ch-as das feridas, uma terceir.l ci.catrlza as <:brigas ... ' ' 111. A plan• ouviu à narrati.,•a de Sclh, riu pela prllneira vc:,; desde que fora
ta n1ritasanl}fi.anf, que rc:ssuscila os mortos, é, semd\lvida, a mais expulso do Paraíso, porque oomprc::cndcu que a espécie huinana
prect0$3. tvlas h.1 ai1lda uros " grande plruna". samdbâni, que tei.n seria. salva. Ao morrer-, das $C-men1es ool das na sua língua por
a vírt.ude-dc reunir as pnrtes de um <0rpO mor10 11: . As len<bs Seth surgiram no vale do Hebrot'I 1rik árvores que cresceram u1n
chinesas falam de uma ilha maravilb0-$a de onde os COf\'OS tra- palmo atê o ttnipo de t>.foisés. Este ) sabendo da s.ua ori,gtm djvi-
ten\ u1ua planta cap32.de ressuscitar os .8,uerri::iros mortos há três na. 1ransplaotou-as parn o tnonie Tabor ou Horcb (''ccnrro do
dias. As 1nesn1as crenças se eni::ontram no lrà" . A planta 4ue mundo") . .\.s . ârYores ficaram Já um nliJhar de anos atê o dia em
ressuscita trunbétn é conhecida no muado romano e as. su s vir· queDavi recebeu ordem divina piara .as levar para Jerusalful (tam-
.
tudes ltio ctlebrt$ em ioda-. as lendas uropéias 11°' Quando S:l· bém um ''«ntro"). Após muitos outros episódios (a rainha de
Jc.,mão pede a imortalidade 1·.aU1ba de Sabá. ela f la·lhede uma Sabã recusou-se 3 pôr os pés. na mad-eira deJas, etc.) estas ti' ár-
pltlnta que se· ettcontra no meio das t·«has. Sa!omào encon1ra vores fundira1n-se numa só, da qual foi feita a Cruz do Reden•
wn "home·Jn branco'', wn velho que p.,sseia, com a planta na tor. O sangue de Jesus. cn 1ci f ieado no centro Terra, precisa-
n1ão e que lha dá com alegria, porque cnquanco a guardasse: núo mente no local ortde fora criado e enterrado Adão, caiu sobre
pod:ria morrer. Esta planta, aliás, só dava a imot1ali<lade e não o "crânio de Adão'' e barizou assim - redimindo-o dos seus pe.
a juvtil.tUde 111• cados - o pai da buman.idade 118.
A ,•erdadelra 1nadcira da Cl'uz rrssuscita os n1ortos, e. Rele.- Nuina "adivinha'' germânica medieval fa]a.sede uma ãr.,·o
na. mà'e do imperador C-On.5t-antino, n1:u1dou procurei-la. Essa ·ma· re cujas raízes estilo ao Inferno ecuj.a copac:stâ no trono de Deus
dcira deve a $Ua eíicácia ao fato de a Crnz. ter s.ido .feita d.1 árvo- e que e-nvotve o mundo nos seus ramos, e e:s1a :i.1-..·ore é precisa·
re da vida QUe estava plai1tada no ParaiS0 11f , Na iconografia mente a Cruz. Para ó S cristiíos, cíctiva.menle, a Cruz é o susten,-
cristã a Crw. é multas \'ezes rtpreseru..sda e<nno unta ár\'ore da láC\Llodo mundo: quapropterffgnYrn crucU·c:oeli suninet 1nochJ.
vida11,, Um numero considc.rá,..c:1 de l,endas: sobre a madeira da nam. terroe fundo,netuu torrólxJrat� adfir.:os slbJ ho,nlnn tlucit
Cruz e a viaiern, de Seth a<>Paraiso circularam o.m toda a Idade od viton,, escreve Firtnkus Matcr(lUS(27,I). Nas lendas orientais
Média e em 1odos os países crist os. t,. sua origen1 estâ no AJX) -a.Ctw.ta ponteou a C9Cada l)el qual os homms sobem até Deus:
tYJllpsede .A1oisé:.·, no Evan.a.efJ;o de JVIC'Oden1_os e na Yi(/o de Ad_ão wuado no ''centro do mw)do ·•, ! o lugar de. 1)3.SSageru tnlte o
e E,·o, R(iL5Cltmos., d .modo \l. cve, a var 1aotc que- teve m.uor Ccu 1 a Terra e o Inferno. Em alg4m $ Y'4.fian1es, a ma<lcira da
·TRAT.i.DO DE HJS'fôJII.A D.1S ReL.IOJÔES
À VEOETACÃO: S{AJBOWS 6 RITOS D:6 REi'f'OVAÇÀO 239
238
e .que aquele que dela bebe por três ve:zes fica, até o fim da sua
Cru1.1cm sete des,ntus, da ou:sma forma <11.1cas :U,•ores cós.1nicas vida, semelhante a um hómem de 30 anos•n. Dei Rio e Pcter
que represcni.am os sete céus 1u> . Nlaf eius afirmam que()$ indianos de BengaJa e do vale d(> O.m•
aes \li.Vem 300 on 330 anos•-". Gervasius oonttt eomo Alexandre
l,.,fagno, ao procurar a ''Água de Vida" na fndia, encontrou J>O·
110. Rejuveoesd.n1eoto e l1uor12lidadc - Como no mito da mos qu prol0Jlg van1 até 400 anos a vida dos sawdotes•1A. Na
'"fonte da Vida", cncon,ramos divers."LS concepÇões reí«entcsàs nlltOIO$,ta esea,l)d1na,·a, <?Pomo dese-tt1penha o papel de fruto r<"-
p1a ,as t os frutos mirncu.losos: uns rejuvenescem; outros con· geoerador e reJuvenescedor. Os deus.,cs con1cm pomos e ficam,jo•
ferem lona.a vida e outr0$ mesmo itécedcm a imonalidade. C,da \'ens até o 'ª!I'-'« rlJk, quer dizer. até ( 1 rim do atual cic!o cósmico.
wt\a dessas COllcepçõcs te:1» uma ''história" que opera oelas mO· . exemplos esc.lare<.'ént as di..fcrcnças entre a cstnuura do
dií.cações em conformidade com certos cânones que se pc-endem ideal 1nd1ano e dQ ideal semíi-ico, o)as, por seu turno. cada un1
ao espírito da raça, à interferência das culturas e às diver5,aS co11 desses l lnas Jnitioo? co1nJnuou a rood.iítear-.se no interior. dos gru·
eepçõcs das '-'!lasses sociais. "A planta da imortalidade e ds moci- pos éuuoos que o ttnham formulado. O nívcl CSJ>iriwaJ do m·i(O
dade'', por exemplo. era ooncebida de modo muit.o diferen1e na de um lado, ( o n(vel d.t lenda, da S\lperstlçl\o, do costume po
fndia e no inundo semítico. Os seinittl.$ tinham sed de imórlali· ou1ro J,ado, silo absol tamente d.iftl'entes. Um grupo popu'lar e
dade, de \'ida imottal; os indianos procuravam sob udo a plan- uma elue c?nhec c.1nterprctan1 Q ntifo da ritanta da resenera•
ta que regenera e rejuVcnesct. É por isso((tte as dietas alquilnistas ç_!o o.u dn imorta!1dade de lllodo muilo difetelltt.-. No entanlo,
e médicas dos indianos prolongam a e:iduência por várias <:ente· nas dtfe.rentes anantes desse mesmo tema central - po( ntuito
nas de anos e tornam aqueles que a elas se submetem •·potentes grnnde.$ que sc1am as dif enças dev:idas ao espírilo tnico ou ao
(nas suas relações) para con1 as 1nulhe:res" (ba/aván strilmu). O upo social! ou ai.oda às vk:iMitudcs da difusão-, pode-se fa-
mito de Cyavana mostra claramente o idcsl indiano: o rejuve,1ts- c1lm ute verificar a unidade. de e.strutura. No caso 1>resente, por
('in1énto e não a hnortaUdade. Cyavana combina com 0:1 Aç1,1ins
de.Jras d \•ers!o da plan1 1nir;:icu.lo a. descobrimos o protótipo
que-estes o rejuvcnesça1n dando-lhes ele:, cm compensação, o so- on.ginár10: a árvore da vida; a realidade, a sacra/idade e a \•iáo
ni.\, 3 ambrosia divina. Os Açvins éônduicm-no à '''fonte de ju- concentradas numa âr\•orc n\aravilhos.'l gue se ad,a num "CW·
ventude" de Sarasvatt e, quaodo Cyavána s..'U dela, as.semelb{l•Se iro", ou tlUnt inundo inactssivel, e cujos frutos s6 os eleitos po-
aos deuses pela sua juveotude e. pelo seu esplettdor Jui . dtm provar.
O indiano. Que aceitava a uistêoc a e amava a \1Ídil, não d-e·
sejava coosei:\·â-la tudcfinidamentc, prc(crin<lo gozar uma longa
juventude. Por out.ro lado, a imortalidade não teutava o sábio má&Jco e farma•
nem o t\tlstico. que aspira,•a à Ubc.rtajj:ão e n!lo a um prolonga- .111. O arquétipo dos $1_mpk$ - O valor
cêu11co de cert;,1s plantas é devido, ituatn,ente., a u1n protótipo
mento co11tll1uo da existencia. a um de.,;prendi Jnento definitivo ct.leSle da planta, ou ao fato de da ter sido colhida pela primeira
do cosmos e à aquisição da autonomi.1 e.s:pirilual absoluta e niio v z por deus. enhuroa planta é precios.'l en, si mesma, mas
a uma dorsção no tempo, ntesmo infinita. As 1nesmas conecp- sun _pela sua p(1nlc1pação nwn at(tuétipo ou pela repetição de o t ' t " -
ÇÔe$ se enoonuam eatre os gregos, que não aspiravam à imorta - tos gc!'$.I.OS e palavras que, isolando a planta do espaço profano
lidade mas à juveotudc e à vida longa. Na roa.ioria das Jendas re- a co m. A$$im, duns fórmulas de eucatuaçào anglo-saxôoi
lati\'as a Akxandre !'oiagno, e.\le admira-se Q\lC se possa pedir a do se7uloX\'I. que era COSl\Ulle p.ronw1ciar quando se fazia a
imortalidadellt. O inito da rtgener-ação e do rejuv-cnesc:imento, colheita de plantas ricas cm propriedades curativas di.z.ent•nos
no o concebiam os iJ\dianos. foi cooJJecido do!I. europeus. não m pre<.isão q.ual origco1 da su efic.icia 1e1·ap,!u1: das.c,es-
só <le tnaneira indireta. por hue11n<:dio do inundo semítico, pelo c«aJ», pela ()l'1e1m \'e2. (quer duer. ob origine), no montesa-
Is.lã, n1a.s t-aJ)lbém pelos escritos dos \'iajautes do ara,do do Ca1váno (no ''<:C'ntto'' da Terra). ''SaJ,,e, ob erva san-
Oi:iente. Na carta do .ditetamente,
Preste João (l l6o-65) dii-se q\le o Indo TO· ta que cresces na terra; tu cstaYas, pcim.ei.t.'O, 110 lnonce do Gal\'á·
dcia o Paraíso, Q\lt ;i três. dias do Paraíso se eocontra uma fonte

J
7MTAOO OE HJSróRIA QAS RJll.fGJÔES
A VEOETAÇ,,iQ: SÍMBOLOS 11 RITOS DE RE1'10VA('.ÃO
241
rio· 1'1 <.s boo J)Gt'a q11.a.lqu:t ferida! em n01ue cio doce Jes.us, eo
tean.ho.-'"' {I SS:l) ''Til ês :1anta,. verbena. como cresces ( H t ter· rc cósmica. A sua aQu.is:ição equivale à apropriaefu) da s vinudes
ra Pois (ll)e ,=rlm.eiro fosie erteOtltra.da nQ monte Clllvárlo. Tu que residem em tal rocep1á"cuJo de força, de vida e de saci-aljda.
cu 0 n o Re'"-1C01 Jesus Cristo e fechaste .a.s S\13.$ chagas de. Evidentemen,c, esst. ençant.aruento é ptôduto da magia eclé-
sanscentas; ern nome {00 P;ti, do Piího e do Espírito s:m,o) cu tica arecó-egipcia- o seu aotor era. iocontcsravelmente, wn tru·
te apa.nhó. •,w Atribui-se a dicáeia destas J>la.ntas ao .tato d dito, mas isso não e r:u.'io para duvidar da sua autenticidade: snbe,
s.eu pioiólipo ter sido <lesoobert<> num dec1S1· 11e, en1 oompcnsaç.'(o, que a maíori11 dos enc·antam.entos popu1a-
.n.1ome11to cósn 1co rçs slio obra de letrados degradada por um longo pr<Xt!!õ de in-
vo ('' ooq_uele t(:mpo") nó rnont C\lJvano. Elas rcoebertu:o a a
con graç.io r,ot terem cu111do as eh do Redentor. A efft'acta fanâlizaçâo. A planca medicinal que se dilata.i ponto de atingir
das placi.tas colhidaS só ,·.\lot fia nled1da ell! que qude que asco· as PJOporções cósmicas de uma árvore teofànica t perfcitamtnte
lhe rqita esce Se$tO primordial da-cur . E por isso que uma ve,. Justificada pelas concepçõC"S mais actaicas. Só f reconhecido va.
Jlt;t fórmula de <.ntaota;;lo <U:i: ''N.' . vawt'!s lher plantas p a Jor ao nlundo terreno na mc<lida em que se lbe pode atribuir um
as apUcru n ch:ip.1s-do Salva,lor. 1u; Au1bu1-se também a v,r. . pr-otót.í p o no 1nundo celeste.
1udc da plan.ttl ao fato de um ser di,•jno a ter J)lant:ido. ºQuem "Fara OScristãos. as plantas mtdicinajs <le\•iam a sua eitclcia
te plan101.1'?", pergunta o herborista à pari.seta-... Foi_ Nossa Se- ao fato de t«en1 sido encontradas pela primeira ve1. no LUOnte
nhora ... para a mi.nha cum.''Jl' ÚUll';l.S vezes e prec.1:so que ela calvário. Para os antiaos, as platl tas deviam a , .suas ,•irtudes
ttnl13 sido co1hida eo1 nome de Jesus 11i . • curati,;as ae> fato de tettm sido descobertas pela prin1eira vez p,e.
Essas fóro ulas de rnagí.a pepulac cristã c?"t nuarh ,u1u1-aot los deuses. "Setônica, tu que foste descoberta pela primeira vez.
gci. tradição. Na 1oJll3, por c.x.emplo, a erva Kap1Uhak.a (Feron1à l>Or E.scu.lâpio. ou pelo centauro Chi:ron ... '', as.sim se ree.olll(n,da
1teph<Jn11u11) cura a imp()(ên ia sexual p orque, rlg11te, o Oan· uma i.ovoc.ação nutn tratado herborCstico 1n . Ou então a eficácia
dhar,·a a utUlzou 1>ara restituir a Varu.n:a I sua vrr1hdade. Porco · dcvla-s.e .ª i.cr s:ldo plancad.1 pela divindade: "Basilisoo, poço-te
sesuintc a colheita ritual da plr..nta ê, efttivamente, repeti· pela atiVJdade supi:eina que te fez nascer ...·'': ' 1Ríeino, m1·nome
ção <10 ao de Oandhaí\'a. " A ti, a pl ut que. ú:t:'dharva _uma l"Ileteu do deus todo-poderoso que re. fez nascer ... " ; "Vós, plantas po--
na terra para Varuna. qoe perdera a vU'1lld e 3 t• planta queer- derosas, ,•ós.qtie a ·rerra.}\.fãe criou e: deu a todas as nações ... »1JJ
_guto ca\lle, nõi; 1e plautanios1••Ji? A,ar.temis1a {doJntmQ) deve ser Na tradiçiô popuJar cristâ a p .anta devia também as S\J.a.s
oolhidaoortt asegujn1c.pr«e: ''Sê bertd.110, l(amedeva., tu que nos virtud medicinais ao rato de Deus a 1er doiado de propriedade:$
excepcionais. Na França, pronuncia-se a. se3uintc fórmula: "Er·
d6luinbra<. Eu tê al)ftol10 c001 a boa vontade de Vislui_u", etc.',.
Uma longa iovocação que í.t.SUra oo Papiro de. Par.s demoJ'I$· lia santa, Que. n§o foste. semeada, nem plantada, re\·eia a vJnude
tl'a a excepcional condk!lo da planta .colhida: ''Tu foste.Sffllt'ad.a que Deus r.c deu1••u-1 A planta é, por vezes, divina: o ttxto hef.
pot Crooos, colhida pôr Hera, con da pOr Anton, concebi· boristico Les cyrotil<lts, por exemplo, oomcia a brlônia divina.
da por fsis, alimentada -por Ztus plu,'Joso; tu crcsoeste. g,aças ao n1inha dos deuses, nuk das plantas, senhora da Terra, do Céu
Sol e ao orvalho. Tu és o orvalho de todos o.s deUSC$, o coração da água ll 5. Por isso a colheita é um ritual que se efetua cm con-
de l-rermes, a semente dos primeiros deu.ses, o o bo do Sol, a lu.z. dições de pureut cerimoniat, com pr«es e sacrifícios que .su ôem
d3 Lua, a dignidade de O.siris, a beleza e a glória-do CCu ... Ta) rtos perigos. Não se trata. pura e simpleso.tente, de. rolher uma.
11Ja.nta, unia <:trta espécie botânica, mas de rt.petir u111a ação p1i-
001no levantaslC Osíti.s, Jevanta·le Lu ! Leva11t.l•lt çomo o Sol! A
tua grartdew iguala o zênite; as ru:is raizcs são tão p o!'undas co- 1nordial (fol a divindade que tolheu pela primeira vez) 1:,a1·a ot,.
mo o abismo... Os le\lS ramos são os ossos de í\'lnevta; as.tuas ter uma subs1.ância saturada de sa8Jado, variante menor da ár-
flores, o olho de Rórus; as 1uas sementes. a senlente de Pa; eu vore de vida, fonte de Ioda cura.
sou Hermes. Eu a1>anho.te. oo«n a D<?ª Porlun . o Bon\ Dc?.'a;
nio, e na hora pt-Opria, no dia próprio-e fa\'Qravcl a todos.
A planta evocada e colhida deste modo te111 o valor de uma árvó· ll2, Ârvote-Ax/s Mu11di-E:ncontramos treqüeótemen,
,e 110s ntilos e nas leudas relativas à á:rvQre (la vida a idé.ia implí-
TRA TJ'llXJ OE IilS'TÓJl!,1 DAS-AELJO{Ôf.S
A Y6G6TAÇ;i0: SAfBOLOS E RtFOS DE R,!;'j\lQYAÇÁO 243
242
113. Dcscendêncía :rufllea i. partir de uma cie ,·q::ctal _
cita de q,ue ela se encon.11.1. 110 centco do uliv.:rt.o e liga o C·Cu,
AS n1esmas concepçôe$ da , 1ida e da realidade íiimbolizadas pela
a Terra e o Inferno. Este i:ormenor de1opot;,afia 1niriea 1cm ,uu vegetação e:x_pUcam aquilo a que poderíamos chan1ar tnl exprt:1-
vatot' n\uito espe.:ial nas aenças dos povos nó1Jjoos e «:ntral-
são roxima a. " a s l'eJações misticas entre as ár,•o cs e ho
Miàticos, iOI\' é provável q_ue a oria,em seja. oriental (mesopoli· mens . A ?1ª's categórica d(S5;11$ rela:çôes místicas parece ser a
mica). Os Jtaioos c,êet.11 pôt cn1plo. que· ·no umõia,o da Ter,
ra cresce irvort n1ais alta, pirulejro si&3Dt< cujos ramos SC·n-- descendência as ra as a partir <le uma es))Ccic vea,etal. A lirvorc
ou o arb to e C"ons1derado o antepassado 1nitico da tribo. Eiu
gueo1 et a rooradi ôr, &li·Utgin'", quer dilcr, Mk o u 1)6• gI essa ãf\1ore gtrte.a!ó-gica t Cntlma. relação c0Jt1 o cuho lu·
Muitas ve1.c.s. 3 i.rvôl'e e11Contra,sc- nó topo de-1..1ma montanha,
tio centro da 'ferra. Os tá1taros abakan filam de um monte- de r, o antepassado m1.uco, ass1m1lado â Lua, ê: reptestntado sob
a Jorma de uma es Cie vegetal. É assint que certos grupos mia o
ferro no qual cresce u1na bétula com sete nunos, provável sún·
bolo dos·.sete andares do Céu. (ldeogr!Hua de oda.cm babilônica, prC$t3Jll C"ullo ao bambu (Oroo a.11tepassado. Encon11a.n1os a.s mcs.
mas crenças nos aborígenes de orn1osa, nos tágal0g tias filipi
segundo partcc:). Noi cantos dos xa1nãs osôaks, \'asjugan. a ár- nas, n?s )' ·h1ng (Yunnan) e no J a o. Entre os ainuli, os gbiliaks
vore cósmica, tem, OOD)Qo Céu, sete degrau.s: straYessa lodas as
e na, oréia. a ár.vore figura uo culto lunar dos antepassados'º.
regiões cclc-'<..tes e mu.Ula as s u u .rafb!i nas profundidades J-\S tribos austrahanasde tl. elboumc ac1·«litavan1 que o pri1neiro
subtcrrâneas 11l . homem nascera de. uma m1mosa t< 1J, Sé3undo um mito 1uuJto es-
Quando sobe- 1u'l Cê'I.I, no decurso dn sua. ,•iagem tnistica, o
xamã uti.liza u01.a árvore.que: tem nove ou sete (leacaus (§ 33). A Indochina, coda 3 ht1mt1nidadc foi {aniquilada por um
W.J!13.do
J_uv10, a exceção de dOi$ jo}·cns, ic111ào e ir1nã, que cscai>araol
maior pwte. das veies. no eutan10. 1(aliza esta ascensão por um
poste saB1ado guc tarobêm tem sete detl't,u$ t que-. na1ur-almel\• 1racul?smnet1te nuu1a abóbora. Nilo obstante.a sua· re_pugnãn-
c1. os JOvens fasa.rant,se e a moça deu à luz·uma abóbora de
te $C-ad 1uitc encontrar-se no oem:ro do 1nunt10 1.33. O poste- sa· C'uJas scmc-ntes )3Jlçadas na montanha e na p!1tnície surglr,m; as
g/aóo e a ú.l'\·ore são sjmbolos que equjva1e.ro ao poste cósmico raças hllntanasi-41,
que sustenta o ,uundo e se acha no cenlro do unive-rso. Entre os
àl1aK.'Qs, os deuSC'S aiam os c3valos a este poote cósn\ico, e1n "º'·
!!ocontramos o mesmo mito, com a_s suas iác:vitâ,..ei$ defor-
se c-noo- maçoes (d f?1'1nação do_ "antepassado .. ), na Índia. Siuna1i,
ta do q\lal gir.am-as colUtclaçõe;c. /.\ -mesma (On o
lf3 entre esçandinavos; Odin prende o seu cavalo a Ya.adrasd posa do te1. Sa.gara de AYodhyâ, a quem tinham sido prometidos
nta. m1 f11h45deu à luz uma abóbora de onde sairrun ses-
(literalmente ·ca,•alo de Odi.Jl''). 0S.$3Xóes denominam lnnin·
ta md C"n:)nças · Um çpisódio do ,Wohá/Jhdrara conta como
suJ este pilar cósmico - unl -er:saliJ Mfun,no qu SJ' sustin.ens ,; Oautruna, ti lho de Saradvat, nascecan1 dois gên1c:os r<rpt e
orr,niaut, Os indianos .t(.1u s. mes:tna idé:ia de um elx<> có cn1co.
Kde rpa, d un1. naviaJ'' 14 . Outros documtntos q:,nfirin a <lés-
representado por uma ãr,•o.-e da °'•ida ou pilar, s.ituado no 1neio
do universoW>, Na mitologia cluriesa, a árvore roiraculosa cres ccodênC"1a m1t!ca, a l?ª tr de uma cs.pêcie vegeta], de certas po,
ulações abongen s u1d1anas. lJduntbarn., tlOJne :sânscrit0 da F/.,
oe. no cenlro do ulUverso. no local onde deveria enoontrar'iC a
Capital p«felts. Ela reune as_ No"e Na.scenr aos Nove Cé';'S·
,us g/0111ero111, designa ao mesmo tempo a provinc.ia. do Ptndja
be e.os S('S habitantes f-17, Uina tribo de Madagáscar chama•s;
Chama-se-lhe. •·Pau ergllido'' (Klcou-Mou) e diz.-.se que, ao meio-- anJ · ndnka, o q e.querdizer titCJ,'31me.iue "os da (ârvore) van.
dia, tudo o que se encontra pc.rto dela e se 1uo.nté.m ereto t1,P dnka , e- os seus v1z1nhos, os an101fttsy, são os desoendentcs de
de fazer socnbrat 4l, Esta árJore oósmica assemelha•SC ao Pi· uma bananeita; ''desta bananeiro saiu um dia um belo r.a.paz que
lar", suucntáculo do nn1ndo, "eixo do universo" (Axls A1un<lf),
das cosmologias altai(as t nortc-t:uronéias. A ár"ore, scgúodo es- en1 pouco tempo, se totnou grau.de. e fone ... e teve mui1os filb
e netos que foram os ante.passados desta t r i b o - são aitlda cha-
ses 1nitos, exprime a realidade absoluta no se1,1 aspecto de no_r· mados; às vezes, os Júbos da bananc:ira"u3
ma, de ponto fixo, sustent culo do cosn1os._ 8 o pont de .aPotO
p0r excelência. Porconseau1ntc., a.comun caçao oi,n o oeu so pode • . Po o.s faeib) ente mufti.plicw os ex pk,$ . Assinalemos.
a111da, a tradição lraruana da origem do primeiro p:\r humano:
ser (Ht em t.orno dela ou mcsnto por 1n1e1·med10 dela.
244 TRATADO DB HISTÓ !{ .IA DAS RELIOIÔES A VEGETAÇÃO: SÍMBOLOS 6 RITOS DE RM-'0VAÇÃ0 245

ctua.udo <>botnw1 prfrn.otdial, Gayomard.. SUÇ\UDbiu.aos aotpe:s: Neste caso acban10-nos di.ante de ura processo de raclonati1,.açrio
do espírito do mal, a sua S<'llK'l'lte penetrou na terra e, quarenta da concep,ç-ão .ar(";)Jca da desctndência da es cie a partir de uma
anos majs tarde, deo <Jrigcm a unl3 planta rf•'6s, que-, DOT su• vci, árvore: n.-\o s o o aotepss,sado mitico nasceu de un1a ár\·ore., mas
se 1ransfor111ou e,n Ma$hyagh t t>.1ash1â1lagh1•t. Mas-a lenda ira- c a. recém-nascido descende, de môdo dirtto e concreto, da sub$-
niana comporta um demento suplem<mt:ar: a morte \'Íol«ita de 111ncia dessa árvore. fonte (la rt'".alid ade t da vida id entificada
Oayotuard. Em c.!c,is dos nossos trabalhos anteriores e.sn1dan1os: º'-!-ma ár\'orc nno se lllUlou a projetar de uma só vez a sua forç;i
este motivo tn.ítico da oristm d -\ l!taç.ãô pelo sacrifício (a 1norte rnadora, p a dar on,em a um an,çp ssado n1Ilioo - - ela conti-.
,•jolen1a) de um gigan1c primordial, e tambêm o 1cma lcnd.ário _!lua a c:nar _lncessan1erucntc cada hoo>tm. em particular. ·Ê unia
do pareciniento das plantai *'11-ÇIS ao sangue ou ao corpo de 1n1e:rprctsç.'looonqeta e racionaJista do mi10 da descendência do
um deus ou de urn herói vilmcnte abatidos 110. "'rencionarcmos gênero muaoo a partir da P!ó -., fonte- da vida, maoifes1ada
e re1om;icemos en1 outto oontexto as conclusões a que d1egan1os nas ts veg erol&. rvlas as 1mpücações teóricas dessas varlan4
nos citados trabalhos. Podemos., no entaino, observar. desde jâ, ces racionahstas continuan> a ser a:s me.sinas: a rea.Bdadc \\hitna
e as suas forças criadoras estão concentradas - ou manifestadas
a soUdariedadc entre. o homem e uma certa esJ)Ccic vegetal, soli- - numa árvore.
druiedade concebida como um circuito contfnuo entre o nível bu• Encontramos ouuns variantes racionalistas no grupo com-
mano e o veg('t.11. Uma vida humana.que termina de forma viO· pacto das crenças stg:Undo as quais as a.lma.1 d os antepassados
lenta \•ai continuar numa planta e.<;La, por seu turno, se lhe acon· .se fixam. cerlas ârvorcs, de ondt se introduzem, sob forma
teces« coUlkla ou queimada, dá orlgen1. a unl aointal ou a ourra d e enlbnao, no ventre: das niuJhercsl"-1, Na China, crê-se que a
plaota que ac.aba por encontrar forma humana. Podemos res.u· cada muJhcr corresponde uma árvore: (anto.s fílhos terá uma QU..'\ll·
mir assim as implicações. 1eóricas destas Jen s: ê preciso que .a ias fiorcs dera ouqa As muJhercs estéreis adotam uma criança
vida humana se eousu1na complttatnente para esgOfar as suas J>OS-- ps.ra provoca,: o erescunento·de fio ,es na arvore correspondente,
sibilidades de criação ou de manifestação; se acaso for interrom· que, por seu turno, ru; tornará fC"rtetsU 4• o que é iml)Ortante De$-
pida brusca1neote, por wna mo11e violenta. e-Ja procurará ses costumes a concepção do circuito L"Ontfnuo entre o nh•el ve-
prolongar-se sob outra fonna - planta, fruto. flor. Umitemo- getal - cons1 d rado fonte de vid:i inesgotável - e o hum.:uto·
nos a registrar aJguru oxtrnplos c,n apoio dessa interpretação: nos os homens são s1n1,plL'S projeções elle-tgêtiais da mesma matriz \'C:
cau)pos de batalha ottde suctunbiram n1uhos heróis cresctm &etaJ, silo forma efmi('r cuja 3P31rição é constan1emente pro-
rosciraslit; d o sangue de.Atis uesccrám \'ioletas, e as ro as t- as vo:;ida pela plen1tu<l-e do l)fvd \'ea,e1al. l\ · r<-aJidadt'·' e a '"for•
anêmonas brotaram do sangue de Adônis quando estes deuses ça nào têth nem a sua base nem a sua oriaem no homem - mas
a3oni.tavam: do oorpo de Osiris cresceu o trigo e a plan1a maa1., nas pl ntas. O homem Capenas a ::tp.ariçào fêmera de u1na nova
assim como todas as ($J)ÕCics de plantas, etc. A morte desses deu· o:fahdade vegetal. Ao 1norr-er, QUCJ"d izer, ao abandonar a c.on,
ses ê, de certo modo, a repetição do ato cos1uogônico da criação d,t ? hu.mana, resress.a - em estado de ''.semcnce'• ou de " -es pi-
dos mundos, que, como se sabe, resuJ1tou do sacrifício de um g.i- n10 - à árvore. Efe,th•am-e n1e, essas fórmulas concretas expri.
gan1e (tii:,o Ymir) ou do auto S1K-riílcio de um deus. mem. do- 6 uma mudança d e nível. Os homens reintegram-se 03
/l.1as o que nos huetessa. antes de 1nais, oeste cap(tulo t o matrtz. uni\'ecsal, adquirem outra vc:i o estado de. semente voJ.
circuito de vid a entre estes dois níveis: vegetal e humano. O t'ato t a (Omar-se germes. A moue. t uol retorno à fo1>1e d ; ,•ida
de uma.rsçn dc.scen<ler de uma espócie vcs.eu1J pressupõe que a un1versaJ . .Encontramos esta mesma concepção fundant-ental em
fonte da vida se acha oonceotr.1da nes1e vee,e1 d e, portanto, que ' ? das as cren s quç, se prendem à Ter·r.a-Mãe e às místk.as agrá-
a modali d ade humana se enoontra nele em estado virtual, sob a nas, A mone é apenas uma mu anç.a de modaJidade, uma pa.s.
forma de germes ou de sc1nentcs. A tribo \\'arramunga, do nort.c sa.ge m p ra outro nívtl., uma reintesração na matriz. un..iversaJ
da AusttáUa. crê que " o esp{rho das. crianças". pequeno como $e a realidade e a vida se ronnula111 W'! tern1os ,·cgeiais a reinte
um grão de areia, se acha oo interior -de certas árvo1es, de oode gr ç!lo efetua.se: por tuna sinlples r:uodíttc .açâo de fo a: de an-
sai, por vezes, p0ra penetrar pelo umbigo no ventre matcrno 1 . tropomorfo, o morto torna-se dend.to 1norfo .
246 TkATADO D E HISTÓRIA /)AS RELIO/ôES
A PEG8TAÇÃ0: Sf!ltltOLOS E RITOS DE RE.\'OVAÇÃO 247
J 14 Tro•sfonnaçlo em planw - O cite-oito entre es1eS dois
níveis c nsetvou-sc em gtandc número de lendas e de contos que váriac.'mcta1norfoses. Nrun oonto toscano, a heroína uansforn1a,
podemos cl flear eo, dois grupos: a) uansformaç o etn flor ou se Olln\a ''tnorme enguia", que., por seu turno. é 1norta e lança.
em ãrvore de um sct humano barbaramente a!SaS$1nado; b) f - dn num canteiro de roseiras. Tr.msfor,na-se. então, numa rosei·
cundação mirac:ülosa por wn fruto ou uma 1e. Esses mou: 111. "maravilhosamente grande", que ê apre5en1ada ao prfnci
vos forarn objeto de pesquisas bastante m,uuc osas nos nossos como uma curio!iidade rara. Da roseira sai uina voz: "Devagar.
trabalhos anletiorcs epat isso nos limití\í a <it31 ais.u n s exeor não me toqueis!" O pr(ncipe abre então a ·roseira com uma faca
pios. N1.11na tenda santali, ptibticada por odding 155 • sete irnl.à e a bela rapariga apare<.-c ,ã e ,aJl'll. Numa ,arianre veaa.
ajo.
u1.atam wna irmã para devorá-la. Só o mais no,·o. e todos o malS vetn transforma-se num pequeno pcl.xe de oúro, e depois num Li-
OO)npassi\'O. oâo (oi capaz.de comer do COrtJ? da trtui e e-otmou moeiro. No n1oooenlo em que um \•elho pega no machado para
a parte Qt•c Lhe ooubera. Algwn tcinpo dep0u. no local OJ.lde en- obatê-lo, Ou\·e uma voz dizendo: •'Corta em cima! Cot1a embai-
terrara aquela parte. cresceu um twJo bambu. Ulll homem que xo! Não 0011cs no meio PQraue fe.res u,:na moça!" - o que- nos
passava por ali viu o arbusto e dispôs-se a oortâ-lo [)o'\J'a fa7.er UR\ faz Jen1brar o conto santali'$1. No conto romeno "As três ron1&
violino. Jvlas, quando ele cspe1av;.1 o mac do, ouVJu lJ!1ªvo.z de ouro'' a heroína e transfonnad.:i por wna cigana nu,n p!ssaro
que grita,•a: ''Pára, páral não cortes tão acima! Corta ais a l· que esta »>anda m.atar; do sao,goe do pássaro cresceu um i,inhti•
xotº Deu então um gofpe na árvore mais 1:i;crto da ra1i e .ouvi ro 1nuito belo e n1ui10 alto 1,, .
outra veia voz.: "Pára! não cô(les Jão ablllXOl C.orta n1a1s sc1-l
ma!" Por fim, depois de a voi se fãter ouvir nela por d as ve,,
2es, o barubu caiu. O homem fez-dele um vlobno, e o viol,, o tO· 115. Relações honwm-pf:loJa-Em codOSes5C$OOntos. o cir-
ca,•a maravUhossmcnte "porque a jO\'em estava e tro dele , m cuito homem•J)lan.ra é dratnático:<lír-se-ia que a heroina se dissi-
dia, a rapariga saiu do violíno casou cotn o musico - e os seus Olula tomando a forma de uma árvore sempre que ala:uéro põe
irmãos foram engolidos pela terra. termo à sua vida. Trata-se de lUn .rq,resso ptO\•isório ao n{vcl ve-
. , getal. Ela continua a sua vida 1 ·escondcndo-sc" debaixo de uma
Esse tema foklórk"(I acha-se m..ull? d1fund1do tcm dos trê
timões-dos folclor,stas)u6• Pode rcsunur-se .no scguuue e:sq . nova forma. Todavia. 0 $ oon10$ pc:1pularesoonservaram também
\lDlS jo,•ero maravilhosa - uma fada - sa1 111nfruto rn.t.racu- o ouuo motivo arcaico do <:if(:Cl.ito homem-planta, aquele que con·
loso ou obtido por um herói â custa de muito ".abalt o (romã, $IS.te em ngolir unia semente ou em cheirar uma flor pa.1·3 obter
li ão, laraoja); uma escrava ou uma mu1hr multo feia tn ta-a a fecundidade. Nas variantes ro1ne:nas do coruo '· As três rornãs'',
e faz..$ passar por ela, tornando-se assim muJJier do he(ó1; do um dos parentes recebe de wtt sru,to wna maçã e dcpoiS de tê-Ja
cadá\•er da jo,·ein surge uma Oor ou uma árvore (Oll d a trans['?t· comido dá origem a uma criança •oro. U1u dos txen1plos clássicos
roa-se etl\ pássaro. ou em peixe, que, morlOS pcJa n1uJher teta, da litcraLura roJcJórica é 0Pe,r1(11tr..eró11-t-(fl, 8), onde uma jo\'cm
dão origem a uma árvore): do t'ruto (ou da casca, -ou .da lasca vii:gem ftca. ará.vida após ter -comido unta folha de roseira. Ovi•
da madeira) da átvore, acaba por surgi( a beroina. J;\SStm, num dio registra a tradiç.ão segundo a qual Marie u.a,sceu de Juno sem
cooto indiano rccolhklo l\O Pcn-djabe-, a espOS..'\ assass1nadf ,ttans- a intervenção de- Jtípiter. tendo sido Juno tocada com uma flor
ío<ina•sc cm lírio; .ei falsa prlnccs:a des.pedaçou-ó nlas do llno sur . pek1 deusa Flora 161. Peuttr recolheu também in'1meros exemplos
giu um pé de bortelà e depois uLua bela pfant uepadeira. No. Oe- de concepção por fruto celestes1"l,
10 e: wna rainha ciu1nen1a que afoga uma JOVem num lago. de· O circuito hon\etn•planta. QUt: o foklore cot1SC1Vou cm for·
le u urr:a nor de girassol que, depO\s de queimada, tez ttescer ma drn1nál1ca, existe t-m numerosas- crenças. No Meklentbura,o
da !ua cioza um n>ango 11: 1• · enterra-se a placenta do 1'.'CCéOO•Oa.scido Junto de uma árvore- de
. fruto nova. Na Indonésia plauta-s..e urua árvore no local onde SC·
Este. oont.o e wnbén1 muito popular na Buropa, Por m1u10
coota111inado que esteja pelo &Ubtema da •·noiva ,r a a'' e do cnlerrou a plaoenta 1 . Nestes dois costumes mani.fes.ta•se a soll-
"alfinete encantado". A httoina, como na forma asiática, sofre darjedade mistiéa entre o crcscimen10 da árvore e o crescimento
do homem. Por \'CZÇS, ê ent re um povo e umà árvore. quç eyia
n,l'TADO DE IJISTóRf,,.i DAS RRllOlô eS
,t YEOETAÇÃO: Sí,1fB0LO$ E R.ITOS DE R&.:01",IÇ'ÂO 249
luz Buda junto a uma ârvore sólu e agarrada a um dos seus ra-
solidariedade ctis1e. As$illl, por exemplo, º-" papuas crêem que- mos. Engeln1ann e Nybera teuniram um rico n1aterlat «nográfj 4
se se cortasse uma. certa irvore tarnbén1 eles morreriaiu•6'1, Os )a. 00 que m ta .a freq(1ência. d? CO<Stume segundo o qu.al as mu-
mãs dotaaus }!b.1uam lUl'la JJvore llO momento em que SCnt e m lheres dão a h1z nas prox.unrdad es ou mtsmo junto de ,11ua
o apelo dà sua Toca;io mágica; apóia sua morte., s árvore é ar. :ir,·ore•'1t. O s.imples ato de nas<:er perto de u.nia fonte de v-id
rancada. Em ()Utr s uibos. altaicss (os soldes, os 0 10 1cht. os- oro- e de cura as.stgura à criança unia boa sorte: estará isenta de doen,
k.i) crê se que a \'ida. do :xamã depende. de taJ ár\·ore. Os xam.ãs
4

ças, escapará aos maus es píritos. e aos acidentes. o.seu.nascimeo10


dos yuraks da tundra ao nonc de Obo1sk nomeiant dois s/hduf - Como. 00 c:1$0 do IJâ-Seltnc:nto s,obre terra - . nu m sentido,
(ídolos) para: a:ua.r<la Ja .M'\•ore. _porql1. se esta morrer, tam- um nasCimento per pro.'<ilni; a sua ,·erdadeirà mãe é a vegctaçfo
b&n elc-s moru:rão>G$. Na '.Europa, quando nasce um principc c é ela que a tra1ará. A l>lOpó.sito dessas mnças, con\·bn as s ina-
herdeiro, ainda.$t planta u,na titia. No arquipéJaao Bismarck, ao Ja, o c uioe conhecido desde a Anti,guid3de e conservado am.
nascu uma criança., &emeia-se uma n.oz de coco; quand-o a árvo- da hoJe n,-0$ m ios populares - de enfaixar as crianças. logo que
re dá os primeiros frutos a criança passa a scr (-Onsiderada oomo nascem, de as esfregar com crva:.s, ramos verdes é palhalM, o
um adulto; o tn()ntJ de u1n chefe iud(iella cresce na prOPol'ÇãO contato dlfetO corn as personific.1.Ções da J)Olf.ncia e d:i \'ida só
da robustez d.:i ·11vctelU. A participação mística entre o homem poden Ser favorá\'eis so recém-nascido. O betço arcaioo
e a árvore cons1itui um 1cma bem conhecido do folclore univer- COJnpunha,se e ramos \'etdes ou de espigas. Dioniso a exetnplo
sal: n11.1rcham ou morr,:rn as flortt de uroa dada tsp6c.ie vegetal-? de todas as cnanças áa úró:ia antiga, foi posto, 1080 que nas•
é sinal de que: um perigo ou a morte ameaçam o hr.rói. Outras ccu, u 71açsfa.1e onde se Ievavan1 1a1nbém as J>rimícias das-
ci:coça.s populares curopéi s implicam lnesn10 o mito seguodo o c lh ttas , O me.smo costu m e se eocon1ra na 1udia n>oderua e
qual os homtnS de-Se<"ndem de. uma á:rvóre: é assim que, na loca- em outras.r e giõcsl"il- . O rito é ,nuiLo anôa:o: nos hinos s.umétios
lidade de Nicrstein, no He.sse, se cncon1rava uma grande tllia "que n rra-secon1 0 Tthnmuz foi ooloe.ado, ao nascer, num cesto oude
provia de cdaoças toda a re.giã:o"1'1• Nos A.bruz.os. diz.-se. que os se colocavam os cereais. colhidos oos aunposOl.
r. ém-nasie:idoo ,•êm de uma cepa de ,•inha*"· Pôr uma criança doente no oõ:ncavo de uma árvore implica
unt novo nascimento, e portanto lima rqeneração•r". Na Áfri4
ca e no Sincl, c u r a « a cri .a. doeote passando-s entre dua$ ãr-
1'16. A, ârrorc regenerndoNI - A árvore é &au>béln 3 prore . 'Oces d fruto ligadas unta à otJtra: a doença agarra-se às
tora dos recé1n-oascidos: faciJita o nasclmeiuo e vela _pela rua vi-
.ila ç.latwnentc çomo fu. a Tc.rra. Os tll:çmplos que vemos <:itJr
.w
á)·Or* •5, <?.m e s m o costume v ri(Ka na Esrandináyia. onde
11ao soas rnanças, mas t.a1.11bém os adultos docn1es. Podem ser
esclarecerão analogia existeute e111.re: a sa lidade da T e m e c.u!ados !ldo-os peta cavidade de uma árvore. AS plan,.as fer-
a da vegetaçr,o. A. árvore, de r 10, ê tão-s6 um a nova f6nnuJ-a (Jbr.antcs, ass1m mt? as en:as medkinajs, <le\•em a sua eficácia
da realidade e-da vida inesgotávcl qu<: tamb'ent a Terra revresen, a cs e J esmo J>rt.ncíp10; a VJda e a for a estão incotporad=-s oa
1a. Na base de todM as crtnça.s que s..: ttlacionam com a deSctfl· vegetai;ao. Os hebreus chamavam os tllhos ilesftlmos "filhos.das
dência tetúriro ou vegetal e cotn a proteção que a Terra ou a ár- ervas", os ro!llcnos chamavam-Lhes "fi[bos das nores•J. Ames,
.,·ore di.s1)eosam aos rccên1 nascidos encontran1-se uma experiêo· mn tetrrunol gi é encontfada em oui.ra.s rtag.iõe.s, como por c>.ceu.1
cla e uma "teoda" de realidade l11tima, fonte de vida, matriz de. plo en!re Uldlgena.; da Nova Caledôoia. Cerw pla ntas têm,. po-
todas as formas. A Terra ou a vc:gc1aç.ã.o que: dela surge nwnife.sra- deres teruhzantes. W teve de Jacob um fiJJ10, Jsahar, a,aças 3$
s,:.co m o aquela quee:riste, que existe de fonna viva, pro)ifera in• mandrá oras que Rubro encontrou nos ca m pos•7cS. Todas essa·
cessanteruente, pot un1a pali(l$enesia contínua. O fato de se to- ci·vas. !'uracufosas e m edicinais são opell& \'ariante s débeis e- ra
car ou de se àpro;.cimar dás lir\'Orts, corno o fato de: se tocar na nonal11..adas dos protótipo$ 1nfticos: a plarua qu e ressuscita O,S
terra, ê benCfico, fortificante-. fertiJ;ian1c. Leto deu 30 mundo mortos, a.ptan1a de et e rna juventude, a planta que cura todas
Apolo e Áxtenils quando estava ajoelhada nutn prado e tocava as enfermidades.
com a mão uma palmei:ra sagrada. A rainha \\·fahâ-]>..tãyã deu à

- 1
250 TRATA.DO .DE }{fSTÓRfA ()AS I.EL(GlôES
A V.€GETA('..Ã0: SiMBOLOS E RITOS D E R&VOVAÇÃO 2.SJ
J l7. Ca'13.nu.•nto dSIS dr ortS-Um outro o:rimo11ial q_ue de- wnde, na onl.Oloa,ia arcaica. à realidade absoluta, ao " s a grado' '
nuncia o sentimento de solidarldade ent:J a vegeta ão e os ho- por excelêócia. O cosmos ê simbolimdo por uma árvore: a di\'in-
tncns C chamado " o casamento d.às árvores". O cos:1,111,e é fre- dade manitcsta·se c1n fornla vegetal; a fecundidade, a opulência,
qOente na indis e eocontra·sc, esporadicamente-.. em cenos gru- a ronuna, a salide ou, a ni,•el mais <levado, a iJnorratida.de e a
pos de ciianos, como ê o caso da Transilvânia. pôr extu1plo 11' . Ju\•entude ttcma estão concenuadas nas plantas ou nas árvores;
O casame,uo das ár\·ores raz.-se, em geral, quando, algutlS'atlos
após se ta.sarem, as mulheres .oào têm ainda filhos. Ncste casot a humanidade ou a1·aça derivam de uma espêcie vegçtal: a vida
huntaoa rtfugia st- nas formas \'eg«ais quando o seu curso é in-
no dja e na hora apropriados. os CSJ)()SOS dirigem-- para junto
de um la go e plantam um arbuscocada u m - a mulher, uma fi- lélTómpido aidilosamente e antes do, <empo; t m resumo, rudo o
gueira dos pagodes, o marido, uma ruangueira. O pl otio é feito que.e, tudo o que é vivo e crí<Jdor. em estado de .regeueraçãooon-
com um verdadeiro ritual, precedido de banhos. A n.n.1Jber liga L(o\1a, se exprime por sim bolos vege1 ais. O COSàlOS é representa-
o ,ronco da ârvorc Vepu ao tro1100 da ár,.•9re IU3Cho Arasu. de- do sob a fonna de uma árvore p0rque, da mesma forma que es•
pois- re;ia•as tom âgua do lago e faz oon1 o marido a prudokshl· ca, eteregener«--sépériôdi<·ame11fe. A prima\·era ê uma ressutre.i-
na, a 1narcba ritual 1>ara a dirC'it 3, 27 ou 108 vezes. Se uma ção da vida universal C·, por conseauio1e, da vida humana. Por
das Arvores morre, é mau s.inal. E por isso que se tomam todas este ato cós-mioo, todas as forçãS de criação rccncootranl o seu
as medidas para que elas sçan\ normaJmentC': rodeiam-nas de vJg;or inicial. A vida é integralmente reconstinúda; tudo co,neça
uma battk.a<la. ele. ConsiC,era•sc que o seu casameflto desc,mpe.. d e n o v o ; cm rc.çumo, repe1e,se o ato, primordiaJ da criação oõs,.
nha um grande )XI.piei na fecundidade da mulher. Ao íim de certo mica, porque toda a regeneração é um no,;o nascimenco. u,n re-
tempo, estas ár\'ores tornam-se objeto de um culto, sobretudo gtesso a esse tempo mitico e:m que al)areceu, pela primeira vez,
quando se põe junto dos troucos enu·ec::ruwd0$ um ,u1gakkuf que a forma que se reienera.
rei>rsC'.nta duas cobras tntretaça s. esculpidas n;;a_pcdra"ª· 1\ idéia de regeneração do coletivo b\lntano Pot utna partk -
Este costume, praticado em g.raode escala na lndia, $Upõe paÇ".Jo ativa deste na rcssurt o da vegetaÇão, e portanto na r
un)a iníluência possi\•el da união nupcial de du:is esP.é(ies vegc- gcncração do cos1nos. está lmplicita cm numerosos rit\11'.is d.ave-
lais na (ccundidade-da mulher. ·em ouuas regiões da Judia, oca- getação. Na! tradições populares européias coll.Ser,•aram-sc ves-
samento das plant;;as cfelua-se juntamenteoom o das pessoas.No ligios ou fragmentos dos cenários arcaicos por meio dos quais
Pendjabe, qu"ndo um homem se casa pela tercdra vez, celebra. se apressa\'ª a ehegada da primavera ornamentando uma ál'\•Ore
se o ca.santento de um t>ambu (Acucia arabiCà) ou de unla A.sele,, e Jevando-a depois f f l l cortejo co111 aparato cerimonial. Na Eu-
pia glgonrtsa1. No Nepal, faa-,c o casamento da jo, m newari ropa, ainda há o costume de trazer u1na án1orc da Rot'esta na _pri.
com um bel. quando aquela ainda ê menina: o csp0so é depois ,navera, no oomtÇo do verão, ou -pelo São João. e colocá-la no
lançado à água' . Estabelecem-se ainda relações nupclaiieatre centro,da aldeia; ou o de se ir ao bosqu -co,tar ramos verdes e
as árvores por outros moti\•os: a boa sorte e a opulência co)eti\•a. pcodurâ•los à poeta de <:asa para ,garantir a prosperidade do seu
p0r exemplo. UIJJ çostume paralelo ao casamento das árvores é dono. Tal tostume lcm o oonte de '"árvore de Maio n ou May-
o.seguinte: e:otre recénl-<aS.."ldos, nas pri:mciras noites do casanttn- pofe151. Na lnglacerr.l, grupos de rapai.es e moças andan\ de ça.
to, ooloc.a-st um pau (daitd(I) da ár\•ore Udumt>ara, que repre- $3 ein casa. no dia primeiro d e n1ajo. com ooroas de ramos e de
senta os úandha,,•as, que, coo,o $e sa!,e, gozavam do jus prünae llor . cantando e pedindo presentes. Nos Vosges., a cerin1ônia
noc1is'W'.>. Supõe-se que a força S(13.N1da er&jc., e Jecundadorn dos realiza-se no prime.iro domingo de maio. Na Suécia, pôeln,se
Oandharvas, i.neorp0rada oo pau, c.owuma, antes do cspo.ço, a ''n\as1ros de faio'' (1'.faj stãngqr) nas casas, sobretu<lo no so1stí-
união com a noiva. cio de vtrão; são pinheiros desprovidos de ramos e.decorados com
11ores artificiajs, etc. Onde quer que se. encontre c;s1e cerituonial
(da Escócia e da Suécia até os Pircneus e entre os eslavos) o ''mas-
113, O ''!\talo" ou "l\taias'' - Vimos cot»o a.s hvor-es ou tro de l\•laio" é uma ocasião paro d.ive.rtit.nentosoo)ctivos que. aca-
a vese1ação encarnam sempre. a viéla inesgot.i\'el: o que con·es,. bam c<>m uma dança em volta do m.astro. Os principais !Xl(>é:is
2S2 TRATADO DE HI.STÓRIA DAS REL!G!ÔSS A VRGE.'TAÇÃO: SíMBOLOS E RITOS DE REt\'OVAÇ-.,iO 253
cabem., aer.llm.ente., às crian e aos jovetLS. a uma ftsta da pô- \"O do ano, no nt de maio, pelo S!io João, etc.). Ora, a ánrorc
ma,,era mas que ) como quakjuer manifestação dc,ste ti p o , parti- ou o 1nastro quclmado cerimonialmen1e adquirenl a_sua efi cia
cipa 01ais 01,1 menos da orgia (§ 137). pela simples regressão em vo1ência, pelo reto1'DO ao es1ado dt "se-
Um autor puritáno ing.Jês, Philjpp Stubbcs 1'2 , <"oodena com mente" que a queima realiia.; a ·':forç.a•· que eles repre.scnuim ou
indignação essas sobrc,•ivên<:ia$ pagãs-, porque, dii de, os jovens -i,ersoolílcam. niio podendo já rnanifcscar•se de 01odo formàl.
dos dois sexos passam a noite na noresta, com Satã por Deus: concenlla-se na -cinza ou no airvào.
e quando lt\iam para a aldeia o "mastro do 1aio 11 (11this stintyng Muitas vezes a chegada d ·n,aio é figurado não só POr uma
ydol r.ulter") daoçam todos en1 volta deJe u1na dança p3$â. Ape• árvore ou por um mastro mas tan1bétu por figuras antropamór·
nM um terço da.ç Jovens entram em casa "undefiled"'*'· Não ficas, decoradas con> foll,::13,em e florts, e até por urna pe.ssoa de-
obstante a resisténcJa da Igreja, " a fes1a de r,.1aio" ou "'?vlaias" terminada que encarna a força da ,·egetaÇào ou ,1ma das suas tna-
continuou a ser ceJebr.ada. As profundas trwsfonnacõts sociaJs 11ifesta,ções míticas. É assim que na Baviera do Norte se leva cm
tan1pou.:o conseguiram abolHa: mudaram-lhe apenas o no 1ne. procis.'iâo a1é o Cffltl'O da akleia ·uma árvore \VaJber e, sob unl
"'º Périgord, e em outras regiões, o "árvore de Maio'· 1.or00\.1-se disfarce de palha, um jovem, também <:banuido '"Ylatber''.
u1n s1mbo1o da Revolução Ftancesa: chatnam-lhe " a itvore da Coloca.se a ár,.·ore dian1e de u.1n !botequim e. toda a aldeia dança
Liberdade", mas cm volta dela o..c: camponeseJ; dançam as mes- em volla dela; ojove.m \Vti.lber não ê mais do aue-unt "duplo''
mas rondas arcaicas que lhes íorrun· transmjtid.as pelos antepas- antropotnórfico das forças da vegccaçâo, O mesmo se dá entre
sados•&.1. O dia printeiro de- maio é celebrado hoje como dia do os esla,;os da Carintia. que, poI ocasil\o de São Jorge, decocao)
trabalho e da Ubcrdadc: para a mentalidade moderna, <Sta festa u1na :it\'Ore. ao mesmo tempo que. cn"otvcm oom rao1os verdts
cotlSefVa eru. patt o mi10 da regtueração e da melhoria do btm- um JOvem. tambCm chamado "Jorae \'erde''. Depoi!i dos cantos
estar coletivo, mito comum a todas as sociodadc:s tradicionalistas. e das danças inevilá.,-eks ein qu.alqll('r fe.sta da pri.mavera, unla Una•
Eni muitas ceaiôes., por ocas)âo da deslocação .s-0Jene do aeu1 do "Jorge \'erde'', ou mesmo o prôprio jovecn. é lan(ada
" 1n astro de ti.iaio v , a árvore do ano anterior é queimada'u. A à água. Na RUSiia, a árvore desapareceu, e ;{Jorge. Verde" só se
consumação da madeira pelo fogo ê provavctn1eaie U1Jnbéin um apUca ao jovem eofeitado. Na fng.Jaterra, para a fest..1 de maio.
rito. de re3enecaçâo da ,;,ege1acâo e da teoovação do ano. potque, "Jack.in-the.greeo", limpa-chatnjnês enfeilado de folhagem e de
na India e na Antiguidade c t m c a , queimava·sc uma árvore no bera, dança diaott" de $J1.lpos de IUl'lpà-cbamittb . ..-\pó$ a dança,
con1e90 do aoqlU, A. celebração do novo ano e :.I' e9usumaçào os limt>a·cba.iuinés fazem o pedidório entre os assisientes•SI().
da árVore pek> fogo são, freqüentemente. oa Índia, <x.""Mião de Aliás, iodas as ccriroôn,jas de maio <enninan, com uma dsn·
orgias: é o C 3 S Q dOS'biyar das Provincias Unidss (AS:ra e ()udh), ça de presentes. Os jrl.lJ)OS que pncorrcm a aldeia com taLU.ljeüS
que coloca,n fo30 ua át\10re çabnali e terminam com uma org:la e flores. quer levem cm cortejo fig:uras de flotes, quer sejam per·
coltti,;a 1&1. A clnzá de1ta árvore fica càrrcgáda dC' propriedade:$ sonificações da vcgecsção_. recoU1e1n as prendas cm cada casa (atÇ
apotro(Xticas e fertiliiantes. Protege das doenças, do man olhado, me$JT\O essas prendas têlll um caráter tradicional: º"os, frutos se.
dos espíritos maus•'3. Na Europa. as cinz."IS do ''ma.saco de cos, certos bolos, etc.). Os que- recusanl sâo ameaçados em verso
Majo'' ou os tições no Carna,·al e no Natal são espalhados pelos ou cm prosa, segundo o cerimonial em uso: que não tcohron boas
campo$ para favorecer e au1))entar a..s colheitas. oolh.ei as. que o pomar não dê- frutos, que a vinha nâo produz.'\,
ludo isso set.'Cp!ica se oonsiderat"los q_u.e$e trata de um mes-. etc ... 1O grupo arroga·se o direito de injuriar os avarentos na sua
mo complexo ritual: regeneração da ,...egdação e regeneração do qualidade de mensageiro da vegecaç.ão: por um lado, porque a
ano (len1bremo:s que o novo ano. para muitos po,.·os do Oriente ava za é pre;udJclal a toda a coleti,;idade e porque, num mo.
an1lgo, começ.ava a primeiro de março). Atribuem.se os \!atores tuento dramático como e o da ch.eg:ida. da prima,,era, é preciso
mágicos e fc-rtili.zantes do mastro do sacrifício às <;inzas e aos que a substância vital, a ;"1Jimem.'\Ç:ii.o, circ.ule com generosidade
carvõcs 139 • A sua "for " C devida à sua scrriethança conl um no interior da oofetividade 1 para promover de fonna Dlág.ica o
pro1ó1lpo (dnza de uma árvore queimada rimalmenw no com circuito das r f'·as cósmiÇ!\$ Qç snl;>sltncia ,·hal (rcrdura, rct?a·
1 2l4 TRA7AD() DE FIJSTóRIA DAS RBLJGl0f1S

nhos. colheiia.s); por outro lado, t10CQ,1e- o gruPo, ao anunciar


a boa nova de ,,egetaç!io, lemo sen1iinet110 de (Umpri.r u1n ato
ceri.monial que interessa o conjunto da coktividade, e que es.ta
função ex recompensa: o grupo '1> 2, dos outros, a prima·
anws
vera, conduz. a J)f'i1navera à aldeia, ntMfru-a aMOOlt0$, estt,nu!q,o
com C.'l»tos, danças e rituais.
A YEOETAc,i"O: S/}.f.B()LOS E RITOS DE Rl:1'f0VAÇÂO

lôU(o"). O cos1umc permite aos "çavaleil'OS" do cortejo do "rci''


aPoderare.m-se de tudo o que encon.trarem em matéria de com.i-
da dentro das casas, saJvo o que estiver fechado à chave. Oc:pois
o corcejo dirige-se·pai·a nlornda da noiva do <:.rei". a quem cha-
1nam ''rainha do Pellte<:ost s·• e a qucm oferecem prcscnt.cs. O
2SS

''rei'' tem mesmo o direito de erguer a á1'\'0re de laio dianie d.1


<:a.s.'I do pacrào, onde ela fica a1é o a.no seguinte. Para term.inar,
reúnem-se. todos no botequim e o "'rei" e a "rainha" al,)re1n o
119. O " re i " e a "ninht1 1' - E-fe1h(amen1c, em cenas re· baile 1? l.
giõcs, a chegada do mês de m.aio é uma o,potturtidade para oon,
cursos çli\lcrsos, seJoção dos pares mais vigorosos (o "rei'' e a "rai.
nha''J, lul3S ceri1noniais, et..: ... A .funçâo de todas C5S3S pro,·as, J'?O. Sc:u:aJJda<Se e vegt.1u o - E m ou1ras regiões {França
mo se o seu.se-.s11Jdo originaJ rot diferentt-, é, atualmente, esú• lnglaterra, Boêmia, por exemplo) o uso manda que escolhs •
,nular as- energias da natureza. Gcrahncnite, a festa começa por desde o princípio, urna "rainba de Jl.taio". Mas a )naioria d3;
uma corrida ao ''f\tas1ro", ou Por wna cowpetiçào entre jovens tradiçôes populares européias. <:Otis«,·á o par primordial sob di-
que procuram chegar elU tlrimciro lugar ao tope> do tnMtro. fercntes designações: rei e rainha, amo e ama, noivo e noiva, os
Llmhemo-nos a alguns extntplos na SaxôJlia. <$te cerimonial tem a1uorosos (como é o caso oa Sicilia e n3 Sardenha). Ttata.se. se.n
lugar no pcimelro de maio ou no Pét'lteicosres e consiste em trans• <!úvida, de uma hnag m alterada do jovem par que, outrora, es-
po1ta( da noresta árvote,$ novo.s (111ajun1.quaerere) para derorat t!mulava as forças c-nadoras da natuN:za l'talizando a sua 1.1nião
as <:áS.'\Seem erguer solenemenle wn.a árvore. o ''MOOo". no e.en- ruuabuenle nos cainpos (cf, §§ 135 s.) t repetindo assim a à hie-
tro da aldeia. Corcaru-.se,.lhe os ramo$, à xoeção de ata:u.os no rogani.ia cósmica entrt o Cru e a Te.rra. Estes pares enoon1ram-
copo, onde se penduram pcendas (s:aJsichas, ovos, bolos). Os ra· sc sempre à cabeça dss procissôes.qoe levanta "ár',•orede Maio''
pazes rivalitarn paro chegar ao tOf)O da árvore, eu, certas r(&iõcs, ou as figuras \'t:getai.s de herdade eut herdade recolhendo. as dá-
e, eIU outras, parà chegar o mais rapidamente possi>'Cl atê o ''?\ias-. div . J\.1uitas vezes são considerados con10 sados en1 outros
tro''. Por vezes, a corrida fawe a ca,•3)0 19 1, O herói Cle\'ado aos CODJuntos e en1 outros llÍ\'eis <:Ulturais, o par cerimonial pérde o
ombros e f slejado. Out(ora, era-lhe ofetecldo. pelas mais belas seu sentido originário hierogâmioo, sendo absorvido pelo rito da
jovens, um tecido vermell,o. Na Sil6ia, o vencedor da co,rida orgia. É aliás dificil precisar em que medida um rito se arlicuJa,
de cavalos é chamado ·•rei do Pentecostes'' e a sua noh•a, "tai- em ce1·1os casos, nun1 sisteina erótic:o ou nu1n sistema ttlúrioo-
nha do Penteoostes". O Ullimo a chegar é obrigado a fa-ztr opa- a.grário. A vida revela-se como unidade; O$nivcis de vida cósmi•
pel de bobo: tnue outras coisas. tem dc.oomer trinta pães peque- .:s correspondem uns aos ouu·os (Lu.a-mulher-Terra; Cé-.;1-ehuva.-
nos e beber Qualt-0 litros de agun.rdente an1-esda che&nda do "rei"; bon1e:in, ec<:.) e hneríerem mestoo en1 centros dctenninados (ter
este, levando um ,amo de flo�s de maio e uma corô<l, é aoompa- dos os atributos cosmológicos da L.11a 1 da noi1e, das j,,guas. da
nhàdô em conejo por toda a aldcla. e por fini coodurido ate o Terra, das sententes, do nasdmen1(J, da regelleração, etc .. se
albergue. Se o ·'bobo" consegue- beber e comer tudo o que lhe acha,_n presentes, mesmo virtualmente, na tnulher e pode1n :;er
foi ordenadQc cs,_á em es1ado de acolher o "rei'' co1n uJn discur- atualu:ados e aumeolados por rituais femininos ou hieroaanllas).
so é uru copo de cen·eja, o seu escote é pago pe.Jo "rct"·; e.aso Dcvcn10$, pois, fazer incidu· a nossa ateoçâo ne.sce oonjun10 uni-
contrário J é o própt'io bobo qucm Lerá de pagá-lo. Depois da mis- 1ário de que deriva. em parte, càda ritual e que é o seu funds-
sa, a procissão pãê-se em marcha, com o ''rei" e o .. bobo u à mento. Sobretudo os cultos da veg«ação devem sei inierpreta•
f re ntt.. levando n·a cabeça a <:oro., do PeD(e(OS1es; pára diante de do_s segundo a COl)cepçlo biooosmológica originária que lhes deu
cada herdade para pedjr pn:se-ntes em gêneros e enl dinheiro {a onaen1. O seu polim?rfisroo-é, muit<ll vezes, utna iJusão de ópü·
fõrml,lla e a quinte.: "Par comprar sabão e- lavar a barba do ca moderna: ék$ drn,•am, no fundo, de uma i.otuição ontolóaica
TRATA.DO DE H.IS'lÔJl.{,,l .D.'1S J!ELIOJÓES ti VSÇ,BTAÇÂO: Silof,BOLOS E RfTO'S DE RENQJlAÇÂO 257
256
arcaita (o real não -6 só o que- JJer,nant'Ct indc:linid,'\ot.t11e igual, 121. Repr-esentanles da vtg ltfio - O essencial nas festas
mas também o que se transform" e,11/ormas (Jf'g,QJ":i<a$ mais cl da vegetação, tal como se conservaram nas tradições europeias,
di(.-(JS) e oon\•ergcm para o n1esmo !bn: o de :a ::egwar, por quais· não é sô a ex,)()Siçllo cerilnoffial de uma árvore, mss também n
quer meios, a regem-raçâo das forças da nuurua. bênç6o de um novo ano qut eomtÇa, Compreenderemos ludo is
É :issim que eu1 «nas ilhas de Amboino, por e,:anplo. q_uan• .so a partir dos exemplos que citaremos mais adiante-. As modifi-
do a1 pl.ini,,ç<}cs de árvores de cravo .t mc,stra.m deficientc:s, o.s çações que o calendário sofreu no deC1.irso dos tempos escondein,
homens ditisem•se para elas dur.intc a n001e,. $.E:1nroupas, e tcn· pór \•ézCS, uni poucoõte elêutc:.ni:o de regeneração de ''uóvõcó-
t.a,n fen)lizar as ál'\'ores gritando: "Cr8''0$·dt-índia!" Entre.os meço" que e J)OSSfvel vislumbrar em inúnieros co;•u,ncs da pri
bagandas da África Ctnlral, a mulher qne il?·VC _gô:neos tor11a·se, mavera. O aparecimento d.a v t:1ação inaugura wn oovo ciclo
J)OTessa prova de· fcc.unilidade, un1 ce11tro gei1ésico capaz de fe. temporal; a vida vegetativa renasce em cada primavera, "reco-
rondar as bananehas; uma folha de bananeira oolocada c-ntre as a". A fon1e co1num desses dois J1'l1pos de cerimônin.s - a
suas rnas e eOlpurrada para o lado pelo marido, corn um gesto exp.os.J lio da átvore. _de maio_ e o tôn1c"{O de um no\•O "te.mpo 1 '
de macho, adqu.ire vi nu de.o: excepcion.ais, a tal poot.o que eh - e ev,denle c:m muitas uad, 'Õe:s. Em oenas regicks, f)Or eiccm
a ser procurada ·pelos oolonos das aldeias vil.inbts e se vende p0r pi<>. é costume n>at.1.r o ''rei de Maio'', representante e estlmula-
bom pre901W. Encontramo nos, nesses doí casos, pcnuile wna d r da \'Cgctação. Na Saxônia e-na Turingia, grupos de rapazes
aplicacãQ do retg:iJne·erótico humano à vida lfes.et-,1.tiYa, eplicaçào pocm-$e à procura do "selvagem••, cobeno de folhagem e esoon•
grotesca, exOCW,..amente concreta. litlli .da a ''<ibjecos indi\•i- <tido na Jlore\ta; agarram-no e fazem dele alvo dos seus mosque-
du js" («'rtas árvores, certas.n\ulhere.s) e nno projetada ,nailca tes _sem pólvora 19J. Na Boêmia, em dia de. Entrudo, um grupo
n1ente no "coujunco", quer dizer, na vida como to1alidade. de JO\'CI\S masca.rados põe,,se a perseiulr o "rei" nunta corrida
Esses casos excepeionais confinnam C>princípio implícito na patética atra"ts da ctdade, agarram-no, julgam-no e oondenam-
bierogamia, na u1tião prima"erll dos pard jo\•ens SQbre a 1erra, no â morte. O "rei". que tc1n un., pescÓço mui10 aJto com_pos.to
nas corridas e nos.ooncursos que estimulam as for.;as vegetati\•as d( vál'ios chapéus sobrepostos, é decapi1ad.o. No dlSf ito de Pil-
no decurso de certas festas da prima,,era e do verão, no "rei" sen (Boêmia). o ''rei" apr-eseola-sc vestido de er\'as e de- flores
e oa ••rainha de 'f,.faio''. e,c. Por toda ·parteenoouttamos a von• e, apôs o 1>rooesso, pode fl.igir a cav Jo. Se não for aaarrado le•
t.ade de pron1ovcr num vasto plano o ,circuito da enereia bjoc6.s-- rá o direito de fk:ar "reJ" ainda um ano: caso contrário. tem ÔÔt-
tada a cabeça*.%.
n1lca e, sôhter.udo, da energia vegetali\1n. Ne1n sempre é a veg,c·
taÇ:,ilo, co1no se viu, que ê cstimulad:.i. pelo hon\tln por meio de EnCOutramos aluda nas tradições Populares eoropé-las duM
um cerimottial e de uma hierogamia; 1-nuitas vezes. é a vicb vcgc- "representações'' qut.1 cm estrtitn relação rom esra.s festas da pri-
1allva que e.stimuln a fecuudidade-do-s home1\S (por cXC"tttplo, o tna\'era, desc.mpe.nham funções $tmelbaotes no quadro do LUes•
casamento das ârvores na india. a fec"udidadt-pelos fru1t» e pe,. n10 sjsten1a oerimooial da reaeneraçào do "auo·· eda vegetaçtio.
las sententes, pela sombra da árvore. ttc,). á o mesmo<:i.rcuito Trata-se da ''morte- e enlerro do Carnaval" e da "lula enr.re o
fechado da substância vital que irro11-1pc em 1odos os níveis <:ós• ln\•erno e o Verão". seguida da exr>Ulsãodo 1n,-erno (ou da "i\1or-
micos, roas que é p0$Sl'vel fazer concen.u:ar e projelar en1 certos le .. ) e da htuodoçào da Primavera. A data deste último costume
centros (mulher, vegetação, animais) !itgundo a\ necd$ld;1de do \'aria: tm geral, a C'Xpulsão do IJ3vcrno (e a morle· da "Mor1c 1' )
hon)ffll. A circulaç:.'l:o d:t substâ11cia ,•ita1 e das focças sagradM lem lugar no quano domingo da Quaresma ou - como sucede
entre os 1n(dt.i_ptos níveis biocomlioos, drçulaç-ão d.iriaida pelo ho- entre 0 5 tcheCO$ da Boêmia - uma semana maii tarde; tm <:crtas
mem para seu proveito imediato, sc.rá maJs 1arde ntiliz.1.da como aldeias ak.mãs da J.,1orávia, eferua-se no primeiro d-Omingo de-
o melhor meio para adquirir a in\onalidade ou a "s.alvaç,.ão" da pois da Pãsc:oa. Es1a diferença, que nós eucontr.unos wnbêm no
alnia 19' 1, cerimonial de "J\.talo'• (J de maio, _Peute<:ostcs. <"Ome,ço de. ju-
oho. São João, ele.), é., ela própria, um sinal de que a cerimônia
mudou de data ao passar de uma região para outra e ao ltuejrar,
- -
2;s TRATADODeHtStóR.lA DAS 8HLIGIÔES A V.i::tOETAç.f'O: Sl"1/JOlOS B RITOS DE RE.V(JVA('.ÃO 2S9
se cm ou1ros oonjuntos rituais. Nâo podentos referir-nos aqui, QuaJuo ao segundo ato - incrodução do verão - . a sua ori-
mais ponnenorizadamentc, :i origcn, e . ª º !eDlido do 0.l val: gem está, sc-gundo Llu1iaman, o a rcprc.scnc.açâo ar<:aica do Car-
o que nos interiessa é o {UO final dcsua 1mporiante festa; a una- naval. Este sejuJ>do ato consist em n1ostrar um animal, gera].
ge1n do Çarna\'al C, cm muitas regiões. "condenada à mane" e Jnente um pássaro-, ou uru ramo verde, ou ,1n1 rruno de flor e s ,
executada (Q modo de ex«-ução varia; ora .queimada. ora afo. em suma, unJ sinal da prima,•cra -seme1hante à án•ore de
gada, ora dc<:npítada). Por ocasi!lo desta exooução.r a!izam-se lu- "Maio••·?l),t. Os "erso.s que se cantam durante a expulsão do in-
tas e comba1cs corpo-a-oorpo 1 mandam-se nozes à figura grotes- verno e Qintroducão da prlJnavera são os mes:u1os qué st tãntam
ca que represe.tua o Carnaval, flores e legu t1;1tran1 nap _a: a, no Carnaval, sendo ,ambém igu.ais as anleaças fcitas nos doi.s ca•
etc·. Em outras r e g i õ e s - por exemplo, nas nuediações deTub1n- sos pela (ê'.C\1sa de dâdivasx i s . Com efeito, tal como a cerimônia
3en - condena-se, decapita-se e enterra- ern caixllo, no ce1ni- de carnaval e as outras que dela derivam, cainbém esta f m a ter-
tério, no fim de \Una cerimônia divenida, a figura do Carna\'al, mina com Ulll peditório.
O costume tem o non1e de ''eoterro do Carnaval"19'.
O outro episódio que se lhe- assemelha, a expuJSâo ou a 1nor•
te da ''1'.tortt", desenrola-sede diversas mancira!. O costume mais 122. Lluois rihutis- Por fim, convém ainda ass.inalM neste
disseminado na Europa é o seguinte: algumas cnanças Íab!OO uma con1exto um costunl c: .l- luta entre- o verão e o lnvetno. episódio
boneca de- paJba e de rar:nose IC\•am·na para fora da akleia, dl· dramãtico que oonsis1e., por um lado, na Juta .entre- rcp.rcsentan•
zendo: "Nós le\•amos a r,,,lorte par a água... "; depois, jogam· tes.descasduases1açõesc-, ro1out10 lado, num longo diálogo ver-
na oum lago ou num poço, ou a queimam. Na Áusui;i. dia.o.te sificado de que cada personagem mtoa sucessivamente uma es-
da fo g ueira da "}\,forte" desenrolam-se luta.,; entre especta.doces. trofe. Este co1nplexo, como mos rou Liungman, esui.muito me•
tentando e.ada um pegar um pédaço do booeco l ?-.1 , Reveta-se aqui nos difundido do que s cerimônia da expulsão do lnven10 e da
o poder fercilizante.da "Morte'', P°':1« que tam poss, os introdução do verão, o que indica um.a origem mais rccenr.c:l:06.
outros símbolos da vege1ação e as cmzas da madeira queunada D mos apenas alguns exemplos. Na Suécia, no dia da (e:$ta de.
por OC3siilo das diversas festas da regtneraç.ão d:a natu-reia e do "Maio•·. rc-aliut-se uma Juta et1tre. dois grupos de cavaleiros. lJm
comee,x, do ano. Logo a1>Ós a ex.pulsão ou a morte da "Motce", deles, que personifica o In,•erno ,, esrá vestido de peks e ar(eme:s,.
cnua a primavera. Entre os sa:x s da Transih•§nia, enquanto os sa bolas de neve. e de gelo; o ouc:ro está enfeitado com ramagens
rapam Je,•Jm para fora da aJde-ia a "boneca da Morte''. as mo-- e fl<;)tt!'$. Por fim. o srupo do ;iVerão" vence e a cerimônia ter-
çàs preparam a vinda da prlmav-era, personH'ieada numa delas 199 , mina com um banquete g('f"al. No Rerio, o ''Inverno" aparece
.Em ou1ras regiões, são ainda o s jovet1s que in1roduzem o ve- vesddo de palha e o "Ver«o" de htra. A luta·ac=i.b.a. bem enten-
rão e este cerhnonial é un•a variante da ''árvore de Maio » ; :1.l• dido, com a vitória do '·Verão"; o jovem Qut desempenha o p a ,
gun's rapazc.S ,·rt0 à .tlores-1a, oort.,lU.. uma árvore nova, tiram-lhe pcl de "lnve.rno .. é lançado por cerra e a fantasia de pal]lt1 lhe
os ran1os. decoram-na - e depois voltarn pata a alde:ia, onde vão é arra.rK'ada; depois O:Sparticipantes, coln uma llnd.a coroa de f1o.
de eas.a ero e.isa canca.odo que trazem o verão e fazendo o rcs, percorrem as cas.u. cada uni pot sua "ez. rec,Juma.ndo as
peditório?OO. Llungman provou que, este oos&u1nc1>0polar ro- dádivas1'Y1.
peu detl\'-'"ª do complexo ritual do Carnaval, qut:r dizer. da 1ns- A forma mais fregGente dessa luta é a passagem pelas dife-
uturação do "Ano Novo"21l1• l'Ja Sufça, enlre os suábiM. e.!'° rente, casas e a recilação aJtemada de estrofes pelos rcpresentan·
Ostmark, ainda hoje. pdo carnaval, se expulsa a Íl.!!"ura do u1- tcs das dua&està\,iks. LiuogJ)l,3n r«:0lhru um n mero oonsiderá-
vecno ou da "A.vó";;oi_ Um texto do-século Vlll tuenciona que vel de-variantes dcs1ecau10. em que se ceJebra1n suoefflvamente
a:s pOpulaçôes alemã.nicas '"in mense Februario hiberuwn credi o in\·erno e o-verão. Segundo o âbio suooowe, a fonna literária
cxpcllere''- Pelo Carna\·al, em certas localidades, queimavam-se não é anterior no sêcuJo X\', rnas o protôti1>0 J»fdco dessa luta
feiticeiras (personificações do "Inverno"). •nava-se a figura do é. sem Qualquer dlivida. arcaico Depois de ter assinalado nume-
uln\•erno'' a unta rod3. cte ..:oo rosa,; trçJ.iç(>e;s lilerári 1ne<lic,·ais e ruuigas., Gomo ''DllS_poppe
2<,0 TRATADO DE HISTÓRIA DAS RELJGIÔES
A l"EOi'TAÇÃO: S/J.fJKiLOS E RJTO$ DB REi\'OVAÇÃO 261
.Hofton" manusçrito do $Cculo XV, o poe1na de Hans Sachs
"Gesprdh z.,vischcn detn Sonuner 1lnd \\1inter · de 1538, o 1>0c- se, cnUlo, <le lutas seguidas de lameruaçl)es2JI, Ainda na Rássia.
ma latino "ConOktus Veris n Hielllis'' dos $&:uk>s Vffl-IX. a a ruol'te e a ressurreti;.ão de Kostrubonko - outra designação da
teroeira écloga de Vlra:Uio, o quinto idilío de 'feócrito e outros, mesma di,.•indade popular da primavera, aluenticamcnte esJava,
Lilu1antan 1)3$$8. cm revista, para as rejeitar, as hipó1eses de ou- sesundo A. BruecJmer2,!2 - são celebradas por unt coro de moças:
tros eruditos (por e,:cn1plo, a lut<>: entte Xanth0$ e r vlelanthos,
1·0 }ouro" -e ''o n ··, etu que Uscncr via o ptolótipo d nosso Mono, cs1á rnorto o nosso l<l)$lrobonl:o
motl\·o) e admite que seja oonvenier:ue identificar o arquéupo lll · \4Õ(lol aquele que, 1'.10$ê qocr!do es1:l morto!
tico à luta encre Tiamat e t>.iarduk. luta q_ue era co1nernorada fl· De súbito, uma delas a1·[1a:
tualo>en1e no princípio de cada anO""O#.
PartiJh.lntos a1 conclusões do invesli.gador sueco no que dz
respeito ao protótipo ini1ico (ao qual clê- acrescenta. a luta. da d1- Reye$$0u à vtda? o t1<>S,o Koo1rubonk<> reiuessou à vida?
vin<lade da vegetação com o seu a(l,,ersârio, a see-a: (r:1$-Seth Aquc-1t que .oos e querido t·tgr sou-à vi.d:1!2u
no Bgito, Alein,Mot tntre os fenícios) porque. como Jli hVt!"os
ocasião de assinalar ínfuner.tS ,..ezes neste trabalh.o, cada ntu Se bem que, segundo a opiniâo de um especl;1.lis1á como
não passa da ('CJ'etição de um o primordi I qu.e teve lua.l_r ,n Brückner, o ri10 e o nome da dí,•indadc sejam autentkamcnre pro.
filo fempore. No que diz respeito à difus o htstórlc.s do mo.t,,.·o, t0<;:$lavos. o lnmc.nto das jo,•eos seguido da aJegria causada pela
nâo saben1os em que medida.o.s res\llltadoo das pesquiSas de l1ung-- ressurreição de Kostrubonko Je1nbra-no.,; o modelo tradicional do
m.ãn poclem seroonsiderados dtfinitlvos. Ele· 1>róprio aMina q dranta das divindades orientais da ve9,e1ação.
a luta entre o verão e o inverno sr. encontra entre os esqui <»
e os yakots, sem, no entanto, poder plicar seo <:ostun1e der,va
da tradição Jnesopotâlnico-europtia ou de outro cenllo .. luta llJ. Simbolisn10 cósmico - Um ponto comu1n ressaJta de
em si mesma é um ritua1 de. e.stilnulação d.u forças. ienes1cas e iodas essas cerimônias po1>1.dare.s: a ocleb,ração de um aconteci•
das forças da vida \'egctativa. AS ba1alhas e os coníbto.s que( n1enro cMmiro (primavera ou verio) pela máni p ulação d.e um s,rl;-
lugar em muitos Juaares 1>0r ocasião da primavera ou as colhe,. bolo da •·e:geroçbc.,ifostro-se unta árvore, unia tlor, um anim-al,
d�·oro-s,e e f)(ISSt!ia·se ritualmei:ue. uma â1.,.·ore , um. pedaço de tna-
tas de,•e1n, sem dúvida, a iua 01·igem à concepç.ão arcaica se&un·
do a qual as lutas, os concurso$, -0s joa,os bruta s en e..grupo$ deira. u.t'll homem vtslido d ran1os ou uma cfJgie; por vcICS,
de sexo diferente aumen1al).t e fomentam a eue1·a1a U(l1\·L O reaJh:am·sc lulas, cona,rsos, 11as dranulticos que se reíefe1n a
que nos Interessa cm primeiro 1u3.'l.r é o 111odelo,o arttuefflpo qu.c uma 01orce ou a uma rtS$Urreição. A vida do grupo homano
fundamenta _precisamente- os cmtu1nes: Jau,11-se todos es1e.s n• co11centra•se, ))Or um momento, numa lir\'oreou num.a. figura ve
tos porque ele$ fol'am Jeitos ''naquele tcmpO'.' p r nos seres geull. sim1>les símbolo dcs1inado a represenJ((r e á obençOQr.u.m
divinos e e1n conformidade oom as nonnas ntua1s ul$lauradas acol)teci,nento cósmico: a primavera. Tudo se pas.s,a como se o
e1114o. oole1ivo hun1ano fo.sst incapaz de manifestar a sua alegria e de
- a.r-
Eocootramos a">lutas oetiruoniajs em nun1erosas re 1·1gh,,-;;i <:olaborar 11<'1instauração da p:rimavtra tlllln plano - objetÍ\'tl.·
caicas por txem1>lo nas mais antia-1..S camadas do culto 3a,il'lo me:ute falando - lUaJs vasto, que enalobasse toda a nalureza. A
osíric , nM religiões proto•históricas escandlnavas:111• As n:iestnas sua akgri.a, e 1.atnbén1 o fai:o de cooperar na vhória dclinitjva da
lutas têm lugar oa Europa ,noderna e.t:unbérn em OUU'aS c,rcuns- ,·ida vegetativa, limita-se- a um. microcostno: um ra.ino, uma ár-
tãneias, 110 quadro deste mesmo oonjunto de- testas da ..PrJm.'lve-. vore, lima efigie, um penonag:e1n mascarado. Um único objeto
ra: é assim que. l'lO SA:o Pedro, por exemplo, a 29 de Junho. S! (ou slÍnbolo) indica a presença da nalureza. Não se trat..-i,. pojs,
oeld>ra na Rússia ;·oenterto de Kostro1na1' , unla das íig1,1ras nu- de um $entitnento pau teísta de simpati e de adoraçào da naturc,..
tiwque imb9Jga,m a vida e a morterfnnic-a da . etação. Tr.'tta· Z3, mas de um sien1imen10 provocado pela 1>reseoça do sfm/Jolo
(ramo, árvore), e cs1imulado ptla rcalil:lção do rit (prõei<s .
262 TRATJID0 DE HIS1Úl(IA DAS kPLIGlôES li V.eóETAÇÃO: S/).1BOL-OS E'1U1"0S DB REi\'OVifÇÃO 263

lutas cont.>:ursos). Este cerimonial tem o seu fundamento numa do Badojak, no Natal, no Ano Novo e-na Epifania. O l3adnjak
inruiÇão global do sagrado biooós:mico que se manifts1a etn to- rude váriQS dias a fio cm casa e a sua dnza é dispersa pelos cam-
dos os n.íveis da vida, se dcscnvolve. s esg?lª e er't ta . P para os fertilizar; também traz riqueza e faz aun:ientár os re...
riodicamentc. As personificações desta c aUdade bt<>?Osnuca sao banhos. En1re os búlgaros, o Dac3njak é mesmo objeto de oeri-
poli1noí'tas e -marían1os tentados a d1·zc-to- pro.vi tl.l.s: n, 1hônias com inccnso, ulll ra e azeite; este costume, muito antigo
"gfnio" da vegetação aparec t as ve-Les, por uma cr1açao m1t ea, nos .Bálcris, e.,;tá espaJhado por ioda a Europa. o que confirma
vive dif undc-sc para t m squ1da dcssparCCC't. O que se n1a.o1em, o seu arcaisn1o214.
1

0 qu e é prhná.lio e permanente. é o "poder" da \<c-getàçãô, post_o 6videntcmen1c, há regiões onde a IU"ore é queimada anda•
à i>rova e controlado ooni igual eficácia nllnt ranto: numa cfíg c u,s difercn1cs. No 1irol. é na J)(imc.ira qulnta-fcira da Quaresma
ou nuo1a (X'rsonil'icação roitica, .l\1as en nar-nos-, s atr1- que se leva uma acha em prociMão,solene; na Suíça, e na véspera
buisscmos um vtilor rçl,igioso mais aut nuoo a um cenmo al que de Natal, no Ano No,·o e no C"anlavaJ. Mé:1n diS.$0, o oerimonh'd
se pr0<:cssa cm torno de um persQntll(e,n 1l1Jco (cotno suu- do transporte e d."l queima da "'acha de Cri.sr.o'', do coiendeau
bonko. por exemplo) do que a \un cetlt1lon1al cm ue nti.o f aura ou da âf\•ore de Carnaval (no Ocidente) Cexecutado pelos n1es•
senão um shrai (ramaien,, "!,..laio''. ecc.). S preciso .atrtbutr es,. n1os petsonagcos da introdução d.o ·•ri.taio' ; encofltramos aJ o
,as dlftrenças a diferenças na pacidade m!ti os dJVe.t'S?S gru "rti" e .a "tainha'', o "mouro",<> "selvage1n' 1, o ''bobo'', etc.,
pos huinanos, ou. muito sin1plesmente- ,. à histona. EMM d1f«en• como enoontramos ,ambém o$ mesmos personagens dtamáricos.
ças não são, cm todo caso, muito imp<>rtantes. Por toda a parte. cotn à mesma árvo·recerimonial, no momento das núpcias. Lill.ng-
cnoont.raolos a mesma intuição tw1darnental e à mesma tendên· n1an pensa que todos os costumes gue consistem cm Je..,ar solene•
eia para celebrar o acontecimento oósnüco ttum microoosmo, p.l.fa mente lima árvore e Queimá-la del'iva.m do costume antigo de qooi-
oelebrá•k> si111/Jo/ü:amt11te. 1nar às árvores <lo primeiro de maio, quer dizer, no coo1eço do
O que in,porc.a, insistamos, n o é son1entc a ma,níftSf«JÕO Novo Ano. Em cenas regiões (BáleliS). o costume "erlfica-se pe.
da fo(ça \•egetativa, tll:J.S o ternpo em que ela se realiza. Nao é las festas do Natal e do A.oo No\'o; e01 outras (Ocidente), oco
s6 um aco1n«;io1ent.o que tem lu,aar no espaço m. t_am . o lume fixou-se ·na 'T rça.fclra Gord:a (Carnaval) e de is no Pri•
tempo. Orna nova e1apa começa: rtpece--se-o ato 1n1c1.al, m_1t11.;0. nieiro de maio. no Pttitccos1es e n,o São !oão2•s. O que interes-
da regenccação. é p0r isso q\le TI. encontra1nos o cer11non1al da sa sublinhar aqui é a signifi,cação cósmico-icmpotal que d.nhti (e
ycgetã(ão - em difcr<nte, regi s e em diferentes épocas- ce, que-consel",la, ainda que·de forma atenuada) este C'Qt11me.dc quei•
lebrado entre o Carnaval e o São João. Não foJ o apare-cunento mar ª! ár"orct. A Queima era e contiJJua a ser um ritual de rege-
real da prin1a..,cra q criou i? rit:UI da \'cget!çã ; uào se trata 11-eraçao, de recomeço e, ao 1ncsmo tempo. de comeo)oração de
do que já foi des. oad por •(rcli.g1ão narurahsta m s de 113 um gesto p1imordial. realiz&do "M q uclc te1npo". O \'alor mágico.
representação ccrunon1al que se ad!ptou se.a,undo as: c1rcunstao- ve;eetal passa para segundo plano ;ne.ste cerimonial: o seu \'alor
cias às diferentes datas do Càlendáno. (\·las .rcpreset'l ac,'l.o co/1- ,nànifcsto é o de comemorar o ··Ano Novo''. Pockrlruno.s, pois,
se:1:..,0u, por toda a parte, a otrutura lnc1-1l: _cta e uma .e. con.cluir que-, neste conjunto ritual, a concepção teórica., metafi-
a11u,tf o do ato primordial da regcneraçao. VullOS.. além d1s· sica, precede a experiência ooncrcta da vinda da prin1avera.
so, que se queima o ·· taio'' do ru.o preccd;nte quando cbesa
a no,;a árvore, que 1oonbCn1 se queu'l,arn as imagens o Carna-
val. do tn,·erno, da t-,ione, da Vcgetitção, e qoe, mu1a.s ezcs, 12". Síntese - Não devemos <leiitar-nos perturbar pela ri
a cinza daí resultante é procurada pelas ·\•irtudc$ germ111auvas e quc:za q,,.ase ilimitada das hierof.a.ttias vegetais. Sua abundância
apotropaie-as. Que ela encerra. Liungruao observou. no cntM1?, e ,,ariedade morfológica são r.. cifmc:nte redutíveis a u1na estrutu-
que se Queimam Lambém certos troncos de t\•ore. em outras c1r- ra oocrane. Para meociou.-ir apenas alguns dos fatos que ac:.aba·
cunstà11cias: 1>0rexemplo, os tslavos que \•1vcm nas t't$:iôes a su1 mos de 1X1ssar cm reviMa, lembremos que se torna evidente que
do ()a.núbio t.-Ostu1nain queimar uma i1rvore ou um ramo ebani.A- a principal diferença cntrç. por e c:mplo, a árvore có$mica e a
TRA 7i1D0 J'J/'l lfJSTóR.íA D.AS P.ELJQIÔE
S ,e JlliGliTAÇÂO: sl.lf8óLOS E R/1()$ DE RE!lOYAÇÃO 26;
264
procissão da .árvore- de "t\·faio" é d ida, en,idtograma cosmo-
primeiro haaar, à r,11 s ai ·;; OlO vcmal, . casameatr, das árvores, etc.),
: á ? sagra as 'etc.) ..ri..1;:is nunca houve uma
difetença de modalidade- que cxisle entre um
lógico t- UtU rilua/. Um rit.0 ••raliza-soe:" por
de um idoogrwn.-i, um mito ou 1.uua ler.da.
fórmulas. dife(CnleS
Mas lodas-essas fór·
é a manifes-
"r4:JJgião da e.seta
11t1s-s>lan1as ou nas f r .., r
ur:.i: e!:vame _nte
tI:
e•• nlaojpulação t'ltuàl da \; i da ve o::,ativa , uvesempre, mesmo
concentrado
que a homenagem
mulas exprimem a n1es.ma "verdade '": a vegetàç{lo
vida que- se- (egenera peri()o(lic amente. 111111r"(ligíões mais ''es 'ali.W.d as.;, (por ,exen11>lo. nas celiafckt
1ação da rea/J<lode vi\'il, da oósm! a hopccl
ihl fc: c-0 11didade) e a n1an1pu.l o rhual das ou-
os cerimoni ai$ primaver is
Os ·1n itos das árvores antrop0g!neas ,. sobrt. a ltll·• for-ças que,e1n
icas. Omen Sé c:hama "cuhí>$ da ve$«ação" sâ0
dos simplts, ou
da vegelaçJo, as lendas sobre a oti tm
a exprimir, sil.n· •1t11ull propriamente r!luai s sazonais. que n.\o se explica m em ne-
u·ansformaçtio dos herô-is em pi.antas, limilam-s e 11ium caso pôr uma snnplcs hierof.-.n.ia. vege1.ai , mas se enquadram
bólic:i ou draroalicament.c, uma mesn1a aúnnaçâo rtalldode teórica: ave,
que-, n1 re.prcsenta õe-$ infin.it net Ém rus complexas que envolveol
gc-tação el)carna (ou significa, ou patcJcipa cm) a o conjunto da vida bioCÓ:,m_ec, . el.mesmo, por vez , diffctt di:S·
st tegenera manifest ando·
se í n vida, q_ue cria $Cm se.exaurir, qw: lfn,auir os e-lenlentos veaet:; os ementos cultuais eo) rtlação
se em formas .scm-n\\roero, sem ll\UJ se-ttcém·na C$gOH\r. Tocar num.a con, a Te,rra-1'-l e • ou · com Eros, o c:uho dos antepassados o Sol
séido, implica
árvore para 1er filhos, ou para protcgier o inoorporada
o A ir, N ete, Nesw. nossa exposição, e.scolhem los ;
da ,wlidade e da Yido opr ntn: º· :•os Js_olados 1-,ata me-lllor e\•idenciar a ('struiura das
unla oerta concepção global te implícita no ideO·
na \'egetação. conce-pçâ o que está i.au:ilincn hicro(ao.Ías 1,cge!aiS. ·las, oroo sucede sempre com a c peti n
grama da árvore C(lsmica ou nos mitOIS da .tr ·Qrc de vid.-i; num 4:ia reli ios ª arcaica. CMaS diversas hierofauias (veiteação 1'erm
caso colno no c:nuro, a vida matl.ifest: a 4
se através de um sim bolo
ofa
rvnr j 1
:;;:;
! U. ' o e já .organi.zad s nu;,;
vegetal: o Jl)esn10 é dizer que- a vcgecaçâ o toma \lnl.:rhier rt s;t';!;,;' "Jti 1 = os_ vegcta1.s.e prestando ho.
4

nia - quer dizer. <ncarna e revela o sagrado - na medida


Uma árvore
<m 1nenage1n a m "sinal" ,•c•etal s1gn1! ) ,
- if / c«-sea vida em todas
que ela significa alguma coisa difmttte dela f
111f!StrlJ, m ida c:s!_a JlaturC?a DOs,eu trabalho rc:c,1odo e infaii
ou conio planta, : 1. = 1,
ou 1,.1ma plaota nunca são sa&:radas como tr ·ore dcnie, p0rquc . s te «eoc1as à vida e à llatu z:a niio devetn str c
mas pela sua pártlciJ)(IÇÕQ numa rea)idade
signijica111 esta realidade transcendente. Pela
''·profan a" é
-transoen
transubs
sua coosagração, a
tanciada; segun·
;C:! : i:
x c i
: f : i
: is:;-• como uma lf>tn ;
n1os ocasião de nocar· (§ 123) '. nâo. é o cn ômor<Jue,
mo Jã uvc,
eno nato.tal" ·da
espécie \•egetal ooncrcta ,
i,rinla,·era • ? acon.tec1mento cosn:uc.:o em si inesruo que provoca
,,
fragment o (uma árvore, utna planta)
do a dialética do sagrado, um torna sc uma o#rituais pnru..1vçr1s mas, pelo conllário é o riLual qu•sio11V"'' tn ...,
a vidi) um objeto profano !
vale o todo (o cosmos,
1 -
1
qualquer carva- que cot1,uc uma significa ""º ao aparecim ento da pnmaver.a· é
b.ierofania. Yg,gdrasil sin1boliza o un.ivcrso.1nastorn;:ir« sagrado • . ·'
) ' Q

gá'mano s tlsimbor
', ismo e o ntuaJ que . tomam cransparcn1es a r
lho poder . aos olhos dQs antigos 1
"repetisse" YSQ(lrnsil. dli;i natuieza e o coroeç:o de utna •',,ida nova" ' quer d'egcne1a lZC'r, ª -re:pe-
ç-âo
se participasse desse estado atQ\létipo se de t bétula se torna, pela l 'ão perj dica de uma nova criação.
Da mesma fonna para os altaioos, qualque
; aomalâ..fa, ritual- Não fu:cmos menção nesta rápida expos:iç ; · ão. dos pretensos
força da COLuag:ração, a "á.rvore d<>mundo'' realidade. aos di- ''deuses da ec ..,. ·• pc1' a s1mp
• v-eta..,.o • 1es razão de- que""'ª ........, tal dcno-
Lnen1c, cerimonlal'ro ente. o xrunã ekva-se. na .
nlJnação se presta a de.pi · · f s es â cpifatliil;S v ege.
,·ersos céus. portanlo, mais Uti de «'rtas divinda de-s ::t;ii: t: ! · z; estas
O que se designa p0r " c u hos da -.·e:ieração" e, 1
complexo do que.a denomin ação deixa 1rans1:>ar ecer.
rese.nera
v g.etação. ê a ,·ida jnteira, ê a natureza que se solicitada . As for-
Atrav($ da
por mlil•
11111,mas a uma bierofanla veg.c(aJ. Est es ! u s ; : : : :
CStino, auerevela
llli-!doq
u ahierofaniavegeral: :lSua · "fonua' '
.sua modahdade de sei.- superam a.sunp ks reveJaç,10
!':
•_ da
tiplos riunos, que é ''honrad a", pto1novi da, rCnJídade viva, da vida que li re ª se
Na rnedida em t
ça.s vegetativas são uma epifania da vida cósmica. e crê poder utilizar
co.olp!oendcr r, que pode ser um : : d' : : ; ; . Pa-eciso ,
que o bon1e1n eslá .lutcgrado nessa natureza pnn,euamcnte, saber o que é, na realidade, uJ',,d:u s' ;
seus próprios fins. ele n1anipula os "sinais" ve,
essa vida. PQ;ra os
--

IX

A agricultura
e os cultos de fertilidade

l15. RJtos atr.ãrios - A agric:t1.hura reveta de maneira mais


dramlttica o mistCrio da Na;eneraçHo vegetal. No cerintooíaJ e na
técnica agrfoola, o homem intervêln direcainetHe: a vida \'egetal
e o sagrado da vegeração j á n!lo li.e são exteriores, part.icipa tm
ambos, manipulando-os e conjurando-os. Pata o homem "pri-
n1jdvo''. a agricultura, como todft atividadec:Mencial, não é urna
simples têcnica prQfana. Ligada à vida e prosseaulndo o desen-
volvi1nenro prodigioso desta vida l)l'esente nas smicnte$, n=l terra
cultivada, na chuva e nos g!nios da vegetação, .1 a8ficultura C,
primo,rdialmente. uin ritual. AssiLTI foi no princípio e a situação
é ainda a mesma nas sociedades agrárias, até 1:.1as reQiões mais ci-
vilizadas da Europa. O lavrador p,c-netr:i e lntegra-s numa zona
Iica e,n sagrado. o, seus gestos. o seu trabalho são respoosávds
por graves couseq-O ocias, porque- se processam no interior de um
ciç_Jo cósmico e. porque o ano, as ,estaÇões, o verão e-o inverno.
a época das sementeiias e a da ceita, rortificam as suas próprias
estruturas e adquirem e.ada 1,1mauo1 valor autônomo.
Bm primeiro Jus.ar, cemos de fazer incidir a nossa atenção
sobrea in1portll.11cia que o tempo, ,o rit.mo das estações adquiren1
para a experiência relia.iosa das: sociedades agrá.Jia.s. O lavrador
j á n.ilo .se encon1ta s6 empenhado nas ZOll.'tS sagrndas "espaciais"
- a gleba fecunda, as forças ;Ui\'& nas sementes, nos rebentos,
nas n o r q - mas trunbém o seu trabalbo se adta lote.grado eco-
mandado por um conjunt.0 cen1pora1, pela ronda das est.aÇÔes •
.E-sta solidariçcl.ade das sociedades agrárias co1n ciclos Ccmporai5
fcthados e, pUca bom numero de ieerlmôni.as ligadas â exp1.dslio
do "'ano \'clho" e à cbeaada do ;{novo ano". à expulsão dos
-
U8 TRATADO D& HIST'ó TA DAS #.EL./GIÔES A 11(/NICUbTURA E 0 $ CULTOS DB n:R'nLIDADE 269
"maus" e à rcgtneração dos "poderes", oerimõnias que se en. lt\t'Jlltrual, no sapato de uma prostit\11.a ou nas mtias de um filho
conua.m se1nprc cm simbiose rom os ricos aatários. Os ritmos c ó r b11111nt<10}, au1nentando ;)SS.jm a fecundidade dM sementes pelo
micos torna,n, aaor.l, mais pr«isa a sua i."Oerência e amnenuun 1.'0llt!lilO co1n objetos usados por pe.ssoos marcadas po:r- u1na forte
a sua eficiência. Uma certa co11cepção otimis,a da existência Cô-- flllli' crólic.a. A OOerr!'lbn senieada por uma mulher é doce, a que
meça a surgir depoi$ dõte longo 001né:rcio com a afeba e as esta· ; wroioad.a 1>or tun homem é amarga'. A semente do linho na Es·
ções; a morte re"ela-se, como uma simples_ udanra provisória 1ti11ln 6lelloda--para os campos por mocas eossueCO$Só pennitem
ua. ,naneira de ser; o in\•erno nul'lca. é defin1uvo, 1Xlrquc a de se 11uci o linho seja senteado por mulheres. Entre os alemães são ain•
segue uma re&eneraçào total da natureza, uma manifestação de 1111t,s n1u1heres, tm particular as casadas e grávidas. que lançam
formas novas e-infinitas da vi<l ; naêla morre realmente, tudo se l\11,ic1nentcs à t.erra s. A. solidariedade_nústi<::a entre a fecuodidack
rel.n1eara na maréria primordial, tudo repousa na expoctativa de tlc1 terra e a força criadora da mulher é uma das intuições funda
uma nova prirnavera. No entanto esta. conceP<ão sertna, cou_so.. 1not1tai do que P.Qderíamos chamar 11"consciência agrícola".
ladora, não e.'tclui o dtama. Seja qual for a valorização do mun. J!vidt'ntffl)C.nte, se a mulher e,ceree tal influ!ncia na vcgec.a-
do baseada no ritmo, no eterno retomo, não podar, evitar os mo- çllo, {I hierOg.amla e mesmo a orgia coleti\·a terão, oro 1nuito mais
mentos dràmáticos. Viver rit.\lalmente- os ritmos cósmicos Sl$\Ú• 1 1zlio, ai n1àis fdizc.s oonseqüanciais para a fecundidade vegetal.
fica em primeiro lugar \•i\•er t m tensões mfiltipla.s e contradítórias. 11'crc1nos ocasião de examínar inúmeros ritos que atcstall\ a i·n-
O ttabalbo asricola e um rito, não s6 porq_ue se process.1 so,. nue1\cia decisiva da m·agia erótica na agriculturn (§ 138}. Lem-
bre Q oorpo da Terra.Mâe e desencadeia a.'i forças sagrudas- da bré.1nos, por ora. que as camJ)Onesas finesas espaJhain na terra,
vea.eca o, mas tambêm porque implica a intea,ação do sgricul-- nntcs çlas sementeiras, algumas gôtas do seu próprio Jei(e6.
tor rm o e r t 0 $ ptrfodos de tCll.lJ)() benignos ou nocivos; porque é l :,oder-se.ii.\ interpretar esse cxmun1e de diferentes modos: oferenda
uma atividade acompanhada de perigos (como, por exemplo, a f\(>S monos, transíoonaçâo 1náaica do camp0 ainda estéril cm gte--
eótera do espíl'llO que era senhor do catnpO antes de este ter sido bà íér.til ou, n1ais simplesmente, a inOuênc-is .simpáti da mu-
arroteado): porque pressupõe uma $Cl'ie de.cerimônlas.de escru• lher fecunda, da nuk nas scooeote:iras. Tatubé,:o devemos men-
tur;:i e o-ri&ém diversas destinadas a pro-1nover o ercscimento·dos cionar q papcl desen1.peuhado _Rela nudez ritual nos trabalhos agrf.
cereais e ajusciítem o g:esto do cultivador; p0rq\1e o introduz num colas. sem reduzi-lo exclusivamente. a um .rito de 1ooa,Ja erótica.
domínio que est:i, de. oeno modo. wb jurisdição dos mortos, «e. Na Finlândia e ns Estônia, semeia-se, p0r vezé$, de corpo nu,
Seria impossivcf passar em revista até Q)e:SIDO os mais importan- durante a noite, nturmurando: ·'Sen.hor, estou nu! Abençoa o meu
l<S grupos de .:,enças e de ritos que se w:ham cm li o çom ª linhol"7 O que se pretende é, cvidco1eme111e, o aumen10 da 00-
airicultura. Este- problema foi freqüentetnenre abordado desde lheila, mas também que ela seja ptottgída oontra o mau-olhado
Mannhardt e Fraz.er atê .Rantasalo, J. J. tvleyer e Waidcmar otJ contra as lebres. (Tambên1 o fetticeiro cstâ nu quando expul-
l.iungman. Contentar.nos,eu1os em apresentar os rit05 e as.aen• sa os sorti16gios ou outros flagelos do (:3Jtlp0.) Na &tõnia os
ças n\aLs sigll.ificativos, referindo.nos, de preferência, às zon.u luvradores estão oon\'encidos de obter uma boa oolheita se lavra•
mais metodk:a1nen1e est-udadas, como, pOr e.xtn1plo. as regiões rcm nus*. Duraote a seta, as mnlberC$ hindus puxa,u, oomple.
finesa. e otoniana, objeto dos cinoo volun1e:5 da obra de Ranta- 1amente nuas, uma chaxrun pelos c:runpos1, E, ainda em Ligação
salo1. com a ·magia erôtico,ag:rária. hti que registrar o uso, muito di·
fundido, de resar a c.htlfrua com água na primeil'a lavra do ano.
!',jeste -caso, a água uão tc,m urucarnente um valor si,nb6Uco plu-
U6. Mulb.er, sexnalidadl', ítí;rlcufl - Já nos referimos vial, tem t..ttmbéJn uma sia.nificação st1ninaL A aspersão dos la-
à wlid-à.t'itdade que sentpre existiu cntI"C a mulher e a aat'icuhura. vradores com á3ua é muíto frcqüc:nte na Alemanha, na Finlàn-
Na PrUSSi.a Orientâl ainda se.respeitava, h:i pouco temPo, ocos- cUa e na Estônia 1°. Um te·XIO indi.mo diz. que- a thu,·a desempe-
1\lme de uma mulher nua ir ao carnpo semeax trvilhas ?' . Entte os nha. o mesmo papel que o fluxo seminal nas relações entre o ho,,
fíncses, as mttlherts leva1n as sementes para o c;:impo na camisa mem. e a 1nulher 11, De resto, o desen•lolvimento da aarJcultuta
270 TRATA.Dó b B JIT$1'ÓRJA DAS REllOlôllS A A-ORICUJ.TURA E OS CULTOS DE FBR11UDAl>E 271
tenõc a dar também ao homem u.nrp,apcl e.ada "e2 nw.is. impor- slo, por sua vez, enquadradas em ,coujuotos cullurai.s e religio-
tanle. Se a mulher se. identÍÍl(a ro1n. a S,leba, o hotncm é vislo sos diferentes, e-in1crprctadas de maneiras dlferentes, 3tê mesmo
como solidário dS$ sementes que a fecundam. No ritual indiano. contraditórias, no seio de tuna mes.ma população (por exeulplo,
os grãos de arroz personificam o esperma que .fecunda a no norte- da Europa as m()(lifi ações verificadas nas concepções
mulbe.r ll . ri?:ligiosas das ,ribos germânicas durante a época de nügração ou
a influência do crisliani.snlo na Euro1>a, do islamismo na África
e oa Ásia).
127. Oferendas ainiri:as - sse:s exeo,plos, tirados de · un
proccSso particularmente- rico. tomam manifesto o : áter r ritual
dos u·abalhos agriooJas. A mulher, a fertilidade, a sexualidade, 128. ''Pod r" da colhcita - O que :se pode disii.nguir com
a nudez s.ii.o outros tantos ccnuos de energia sasrada e de pontos muita precisão é a e:su·uiura dottniu:io agrícola. Assim, oboorv se
de JXlrtlda para as represc.01.aes cerimoniais. Mas, mestuo fora que toda a infinita variedade dos ritos e das crenças agrárias SU·
desses ' ' ocn tros.i•, que re\'elam em prbnelroJugar asolidatiedade· j)Õe o reconbecúnento de unta/orça manifesruda nq co/J1eita. Es-
entre as dh•ersas modalidades da fcrttUdade biocósmjça, o ltilba- te ''poder'' ora é oonoebido co_i:no impessoal, como o são os ''po,.
lbo agrícola rt\·ela.se, em si n\esn10, um ritual. Tal con10 num deres'' (k.1antos objetos e atos i ota é re.presen1ado cm estruturas
sacriflcio ou em outra cerimônia rellglosa. $Ó se pode oo,ntiç:)f míticas, ou ainda concentrado em 1.-ertos. ani.truljs, O\I eLU certas
utn trabalho a_ar(<:0la cm estado de pllreza ritual. No oo:me,ço das pessoas humanas. Os ri1uals, s.imp'ks ou processados etn repre-
selilenteiras ou das colheitas. o lavradof deve Ja\•ar-st e vestir uina seJUações dramáticas densas, t mpor finalidade estabelecer rela-
camisa nova. Toda uma sé-rie de gestos rituais se processa no co- ções favoráveis entre o homem e estes ''poderes'' e assea,urar a
meço das semeotelras das ceifas . .Esta coincidêocla 1>ào é ronui- su regeneração rióc:Uca. Às vezes, o "poder" encarnado e ati-
ta: semear e colher são mornentos rult1Unanu:s do drama ;1$fá- vo na -colheita Cmanipulado de taJ forma que é diffcil determinar
rio. Os gestos preliminares con$titucm, no fundo, s:Kriftcios des- sc'o rito pretende.prestar homenagem a uma figura (t\ftk.'a Ql)t
tinados a garantit bons reruhados. Assim, os primeiros.aràos.não 1l re1>rcsenta ou se tem eàl vista, muüo siu\1>J.esmente, a conscr·
são semeados, mas lançados para fora do sulco arado, ofetecl• vaç-.ão do '"poder" cm. si mesmo. Assim, o oos1ume de n!to cclJar
dos aos diíeien1es $êJ>io.s (o,s mort(),S, os vent0$, a "deusa do tri· as Ultimas espigas tstá ooui,o difundido; são deixadas para " o
g.o · , etc.) da mesma forma. na oeifa:, as primeiras espigas Jicam pfrito da casa do vi7.inho'', ou para "aquelts que habitam de-
no campo j:k\rã os pâ.s.sarõS, ou parn os anjos., para ss ''três·vir- baixo da terra", ou para os "c-avlUOs de Othin'', co1no dlze1n os
a,ens", para a ",uâe do triso", etc E os sacrifícios que 1ê.n1 lugar finescs, os cstônios e os suecos. para a Gute- Frau, Anne Frau
no começo das Sffllen1eirn! repetem-se. no começ,o da {-tifa e da ou \Vald Fraukin, na Alemanha_. ou para a " tsposa do trigo"
debuJha º·· Eutre os finescs e alemães 5.a.crificalll·se O\•elhas:. ou a Holt Fn.u lS.
cordeiros, gatos, câest-1. Como observa -Jar) de Vries16, o sentido desse costume. deve
Com que fim e a quem são ofe-.recidos e$SCS sacrifícios? A estar na preocupação de não esgotar a essência, ;i "força" vi\•jfi.
resposta tt1n p,osto à prova os talentos e suscitado pacientes pes- cante da oolhtita. É da mesma n1aneira que se não colhem nunca
quisas. Não e po&i\'el duvidat do caráter ritual dos <:OMlu»es agrá- os últimos frutos de uma árvore, .que se deixam sempre alguns
rios: a s\la fi.nalidade e assegurar uma boa colheita. J,.tas as for• nos de Jâno dorso das ovelhas, que - na Estônia e na Finlândia
ças de que depende ·uma boa colheita são inúooeras, e t natural - nunca se esvazia oompletamente a arca onde se 3u.1rd3 o trigo
que eocontremO$ uma certa oonf\lS3o na maneira oomo elas são e.que os campone.stS despejam um pouco de água no poço quan-
personificadas e distribuídas. Tambe1u é: JJl!tural que a represen· do a i-iraJJJ, para que. o poço não seque. As espigas oão ceifadas
tação dessas forças sa.gradas,·pi:escnces ou impUcitas no drama tornam possi\•el que a vcgetaç;ão e a gleba <:on.setveu1.a sua for•
aa,rfoola, varie de tipo cultural para 1ipo cultural e de un1 povo ça. Este.costume- derl do da-concepção rundamental do •·po-
para outro, mesmo se a origen1 é a mes1na tais rcprestt\JaQÕes der" que se consuma, mas nuaca 001upleta.mente, refazcndo·se
272 TltATA.DO oe HlSTóRIA PA.s REIJGJÔES A AGRICJJL1'URA E 0 $ CULTOS D E FE/l.11LIOADE 273

em seguida pela sua pr6prin magia - f()f in rpxetado mais tru-de acreditam que a mulher que a amarrar fi<:ará grávida. Nas mes--
como urna oferenda às perronific:açOes mllicas dai forças da ve,, mas: rea,.lffl, assim co1no nos pai ses jerruânkos, é freqüente o oos•
getação e aos diferentes t$píiitos oonccbidos Cl"ll re "âo direta tume de fazer ·um feixe enorme com as ül6mas éspigas para ga 4

01,1 indire1a com da. rantir b?a oolhci no ano ;'!Cguinteei por isso que no tempo das
Mas muito mais freq(l(nte e malsdra.mádco é o ritual da. oeifa -senttnlelras se misturam com as semcnkS grâos dessas cspig.isll.
da primeira ou da úlüma gavcla de- om csmpo. A ''força" d to-
d3 a VtS« ãô «"side nc a gavela, d:a mesrua forma que está con,
centrada cm algun1as e.spigas que se evita oeiíar. tâs esta pri- 119. PersonJtet:açõe.1 odd s - Bm todas essas crenças e oos 4

mcif;l ou \'Íhima g.avcla, saturada de foi sairada, é valoriz.ada tum nos eocontraruos perante o "poder" da colhella rtprC$CO•
de maneira conuaditóri.i.. Em <:tnas regiões. os homens apJe..'-Sa.ill· tada como tal. conto ''força S."\St'ada". e não Ltansfigurad.a nu 4

se a ccifâ,Ja em priJneiro lugar, m1 outras 1odos os lavradores ,na pe-rwnüjcação mitica. Mas existem huímeras C(rintônias que
evitam ceifá-la; num caso, é kvada e1n cortejo até a proprieda- ·Supõem, de mancjr.i ooais ou menos manifcsU'I, um ''poder" per-
de. noutro, ê lsnçadi para o campo do ,•i:tinho. Não há dl1Yida sonificado. As figuras, os nomes e a iotensldàde d s personi-
de que o óhimo feixe concentra cm si tnCSJno uma fO(Ça sagrada, fic.açõcs variam: "t.ilàe do trigo• nos países ansJo.gennãnicos,
propicia ou nociva: os homens disputam entr si quer a sU2 apro- ou "Grande mà'e''; ·· tãc da espiga", "Velha <Lissoluta", "?,.1u 4

priação quer a sua expulsão. Esta ambh•afêncis não ooniradh: a lher velha", "Ancião". entre os csla,,os; ''Mãe da oolheila", "O
estrutura do sagrado, mas ê. n)ais provâvel que as valorizações Velho''. entre os árabes; ''O Ancião" ou "A Barba" (a barba
controditôria$ da última gaveJa seja:m devidas a ceo.ãrios parafe. do Sa vador, de Santo Eli.-is, ou de São Nicolau, enu-e os bútga·
los cm relação com a manipulação e a <lisiribuiçào do ''poder-'' ros, servios e russos), e 1antos outros nomes afflda qi.té se dão ao
encartiado oa ,•egetação. Os ale1nles fazem um ftixe com as pri- ser nútico que se supõe cs1ar oo último feixe de trigou.
meiras e a$ lilti1nas espigas e põem·no sobre a mCS!, porque isso Obscrva se uma tennitlologia e concepi;õcs sintila.res nos po-
4

trai fdicldade t:. Para os fincses e os estonianos, o primtiro fe-i 4 vos não europeus. Assim, os perua.nos pensam que as plantas úteis
:<e - que ê levado com s:rande. pompa à propriedade - tr.lz. a csUi.o animadas de uma força di\'in que lliés assegura o c.resci•
bênção p..'lra toda o casa, protege-a das doenças, do raio. etc 4, mento e a fertilidade: a fig_ura. da '}.fãe do milho'' (µro-nu1nt(I),
como também protege a colheita contra os rotos. Também está por exemplo, é feila de pés de rniJho de Luantira a parecer uma
muito dís ª4o Qçostunw <te guar<lar o priJnc.iro feixe de tri· mulhc-r, eos indígenas crêem que "co1no mãe, ela ten1 o POder
go n3 principal casa da propriedack durante- as refdçôes de u,na de produzir muiio fojJho"lJ. &1a figura ê conservada até a co-
noite il'lteira, como .sucede na Alemanha, na Estônia e na lheita seguilne, mas, por voha do meio do ano, os "feiticeiros"
Suécia 111•Em outros lugares. dá .se a primeira gavda 30 aado pa
4 4 pergu1uam lhe se ela. ses.ente com forças para chegar ató o (iru;
4

rn protejtê-lo e ab<'nçoá 1o.


4
n.o caso cm que a z.aro-nu1nui respol)de que. se sente fraca
Na Estónia, o prin1eiro feixe d.e trigo tem poderes ))Coféll• queimam-na e fazem uma nova "1:\1.\e. do nlilho", pata que a se:
cos: lançando as espigas s,egundo um certo cerimoniaJ, as jovens mente do milho nto morra! S . Os:indonC:5ios conhecem um " es-.
fiC'.l.m sabendo qual $til a ptimeira a casar. Pelo contrário, na piritó do arroz.'i, poder que fazçrcscer efrutificsr o attoz: ê por
Escócia, é aquele que ceífa a (IJtimâ ga,•ela - c.hamada " 3 jo. itso que eles se comportam para com o arroz em flor e.amo f)at'3
\'em" - que sie casa no decurso do ano, e e por isso que os « 1 4
com \Lma mulher arávida, toruaodo muitas precauções para que
fe:iros r.eootrem a vários.cstr31agQUas para se a[)Oderarem dela 1!1 . o "espírito•· seja captado e metido nuJD ctSlo e cuidadOMmente
Em muitas regiões, a \1ltúua fiada de: trigo <.-clfado é cha1nada " a guarda o no <:eleiras. c,mn os karens da Birmânia, sempre que
casada"lO. O pteçc:> do trigo no decurso do :t1:10 pode ser pre,•isto a 09lbe1ta está enl rasco de se perder, que é ti alma (Keloh) do ar 4

em el'las rc.g.iõC$ ds Ak'man.ha por meio do J)duteiri> feixel 1• Na (Ot(luese a faseou dela e que, se. não se conseguir 3 sua reintegra.
Finlândia e na Estônia, osceifeil'OSâpreSSãm ecm che g ar à Ulli• '.".àO, a colheita se: perderá. t por isso que se pronu,lciam oerw
ma fiada,de trigo. Os fíneses ébamsm-lhc .. berço de cri3.nça" e fórmulas dirigidas à 11a.Jma 11, à força que parece já não estar- ati·
274 TRATADO De Jf!Sf'ól/.JA DAS REI.JGIÔES AAORICUt.TURA EOSC-ULTOS DE FE.R.TllJJ>A))E 275
va na planta: ''Oh. \ e1n, Ke!ah do art'OZ.. vem!, vetn piara o ct11n•
1 dos o ceifeiro que cortava a Ultima gavcla ou o es1rao3eiro que
po. \'em para o arroz. c·om sementes dos dois sc:xo.s, Vfflt! Vem P,.'I.SSilva pór acaso ao longo do campo. ou o próprio fazendeiro.
do tio Kho, vem do rio Kaw; do h1B3r onde el.as SI! enoon1raUl, Na uócia, por cxe1nP10. a jovem que ccifa,·a as últi1nas espi$as
vem; vem do Ocidente, ve1n do Orience. Oa .g,argt'tt'lta do pá.ss-O.· devia .anlai'1'á.Jas ao pescoço, lc\13·1.as p;,:ira casa e, na fesla que:
ro, das mandíbulas do mac.a<:o, da ga.rganla do clefanté. Vem da se fazia no fi.m da ceifa, danca1· ootn es1a efigieJ2. Na Dinamar
nascente dos rios e da sua cmbocad'ura. Vcll\ do pais do Chail ca, . ª ceifeira danç:,l con) o manequim formado com ;1S óhirols
e do Binnan. Dos reinos longtnquos.. de wdos o:s oeleiros, oli, esptJ,as. e chora Porque se con$idt·ra·"vi\1V'1 11• tstaodó tóm efei-
vem! Ob, Kelo/1 do arrQ'Z. vem p:3ra o arroz. " n to c ada com um ser 1ni1ico destinado à morte".
Os mittangkabauers de Sun1atra pensam que o arro e pro- As vezes, testemunha.se grande respeito para -com os repr
tegido por um esp{rito fcn1i.níno chamado Sanins S.:irl. uunbêm sentantes humanos do .,pode(" personificado na- colheita. Ou-
designado por indOl!a podi (Littrabneote, 'ºMãe do arroz."). Cer- tta.'l vezes, pelo oont(ário. zonlba-.sedeles. Esta ambivalência pa•
lOS pCS de anoz, cuJtivados tom e;speckll cuidado e cransplanta 8 roce ser devid3 à dupl_a fuoç-.ão Que o que ceifa as últ.iJnas espigas
dos para o meio do ca.mpo, representam ts1 iltdoeo padi cuja e desero enh ru:: identific,ado ao "espírito" ou ao ' ' p o der"
íorça exe1npJar .se cxer-ce de rnat\e:lra coativa e benfazeja na agtt !a.. ele e fc.stcJado; oous1derado, pelo contrário, (ORlO o que
oolheita . 0 $ lomoris das Celebc5 também conbcc.:1» um:i "n1ie dcs,ro1 ou tua1a esse poder-, ele é.olhado co1n hostilidade e amea·
do arroi•• (ineno f)(Jef". Na península mélaia, , v , \V. Ske31 as- çado de mo t . Assim, no$ dilere les p.1Jses germânicos, d.aquele
sistiu a c.-erinlôWas relacionadas cóm a "}vlãc do arroz. criança". que deu Q ultimo cone conl a fo1<:e di1.-se q "feriu o velho''
que pl-ovam que se assimila. d\1rante tm di3S, a mu1her do fa. ou "apanhou o velho º ; de. tem d e levar o mru)equjm de paJba
-zcndeiro a \ltna mu.lhel' parida, a p.artir do moo1e.nto em que a a é a a1dcia. no meio de risos e a:racejos de todos, ou então de\•e-
·"ahua do artoz criança'' eru.rou ern e.asa. Nas ilbM de Java, Bali ra lançá-lo, sem ser visto, no can1po de um vi2.inbo que ainda não
e Sombok, rc-alizam-seos noi\'<'ldos e as nôpcia!<: de .dois lUolhos 1 acabado de debulhar ! . Na Alemanha, o último ceifeiro ou
de arro J escolhidos er111e .is plantas Ul;tduras at'lles de seco â JO\·em que ata o último feixe são atados ao molho e conduzi-
çar a ooJbeita. O par nupcial t'. le\'ado pata ( . u a e posto na granJa dos à aldei oom aro,nde pómpa, sendo·lbes servidos os mélhorcs
" p a ra que o arroz. pos a mulliplicar•se:".,'· íta1a-sc, nesles U.ltt- ptacos do ftstim 3s .
mos casos. de uma mistuta de duas representações: a força que Na Escôcia, o óltitno feixe é eh.amado a ''f\.1ulher velha" (C(l/1.
faz ,nultiplic--ar a planut e a maiia fc;nili.WOJe do ,a&1un,:1u9. le.ach) todos se esforçam por evilar eeifá•lo •.com medo. da fo-
Dir-se.-la que está personificaçâo d • "ío a'' ativa na "ea:e. n\,e., Po1S que se crê- que gueln o ceifar lerá de sust-entar uma ve,.
tação se rcali:dl completamente quando os oetfeir0$ faun1, com lha imaginária a,é a _próxhna colheita*. Os noruea11eses cr m
as últirnas espigas, uma figura que- se assc:tnelhe o mais possível que skur k(l/1 (o ceifeiro) \•iv.e durante todo o ªf.K> nos campos
à fiiura humaoa, habituabueDtc: uma fia ora de m\dher, ou d eco . e, ser Mo e se nutre do ing.o d<, fazendeiro. E capturado no
ram mesi»o uma pessoa com palha, dando-1he o nome do ser mí- ultimo fc,xe, de que se faz. uma bo;nccs chalU;tda sk11rtk<1iP'. Se-
tico que seadmite-queela.reprcsmle: 3. pessoa desernpenha sem- gundo ouc!as fontes, a bonccs é lança.da no campo de um vizi.
pre u.m certo peJ ..:erimonial. Assim, na Dinamarca, a figura nho que ainda não tenha a(3bado de ceifar e este ê obrl.aado a
chamada " o Velho" (aa111melm,u1den) é etl.reh.ada oom Rore.ç e sustcntâ--Ja durante codo o ano. Entre os eslavos, pelo contrário
conduz.ida à casa co1n a,raodc dt.rerência. {\'las. segundo outl'as aqueJe que ata a ''Baba" (a mulher \'elha) éoonsiderndo uma J)eS:
fontes, dava-se \1ma forma hun1:tna ao llltimo feixe de trigo, re- soa f li , pois terá um fiJbo o .decurso do ano-1 1• Na região da
cortando nek uma eJbeça, dóis bra.;os e duas pernas, lançando-o Craoov1a, a ))essoa que ata o ultimo feixe ê chamada "Baba" ou
( D ) seguida no campô ainda não c ifado do vi.zínbo31• E.nu-e 0,1 "Avô"; é enfeixada com palha de 1n..ineira a lhe ficar livre apc,.
alemàes a •'f\11ulhet vcltul'' ou o "Ancião" eram lançado$ ao cnm- nas a cabeç e conduzida no '111hn,o t'"arro atea propried e on- 1

po do vÍz il1ho ou.enl!o le,•ados para casa e-conserv-c1.dos 3iC a co- de toda a família a asperge oorn água. Duraote um ano esta p'-S-
1.heita segui11te. Com est.e Str mítít.'O era.m, oo entanto, identifica- 'i9ª wnserva o 11001 -dc "Baba"l9• Na Coríntia o que amarra

- 1
276 TR.-tTAD0 DE HfS1ÓX.fA l>AS P.llJ.JGJÔE'S A AORICULTUl<A 6 OS CULTOS DE FlYtTIL1DAD€ 277

oi últimos fdxesi ,eo\lC)J\<ido com palha e J3nç-.tdo à iw.,a. Os b\11- E no diso:üo de Sleu.io; "Bateremos no visitante- oosn as
ga.ros chan,am ã úllima 8(1.Vela a ''Rainha do lritl().": vesiem-na ooss:is espadas nuru - com que tosquia.o>os campos t- pra-
com uma <:(ln'.llsa de 1uulhcr, desfilam oom tia pela aldeia e de,. dos. :.43 O mesmo costume se verJfica oonlra o estranho que se
pois JMçam-oa oo rio para gar:tnlircm a chuva para a colheita aproxima da eira da debulha: e agarrado, amafrado e :imeaçado.
seguinte; ou eal!io ql!cimam-n!l e espaUl:tJO a:s: cinzas no canrpo É provávtl que tcnhamos l;lq\Lf reminiscências de u,n cenário
para aumentar sua fertl.tidade'l>. rltual que implicava u1n sacrlffcio huLnaoo real. Essas rcmiois,.
cências não sopOem, no rntanto, que ,odas as sociedades agrá-
rias. que prHique1u .hoje a amarra.cão e a aroeaça de morte para
130. Sacclfidoi; lluml\nos-0 ç0$rwne de .uperair e lançar com o est.tanho apanhado nas imediações do can1PO ceifado te,.
à água o represeotantc da vegeta.ç-J.o lá w11i10 dissernínado, CO• nham praticado outrora o sacrificio hulnano por ocasttio da co-
mo o de queima, o booeco de palha e es!Xllll:l'J' as cinzas los lheita. ' é provávd que todas essas c e rlmôr das agricolas se: tenham
erunpos. Todos esses atos têm mu sentido ritual preciso e fazem di uudido, a panir de 3launs tentros - Egito, Síria, lesopotâ·
pane.de um c:.c.nirlo dr mático que foi oonservado iotato em cer.. nua - . por 3n<1nde parte do mundo·e que muhos po,•os só te-
13.S regiões e que, por si só, nos fará comp,ee11der o cerimonial nha,n incorporado fragmentos dos cenários originais. Já na An·
agrário. Na Snh;ia., por exemplo, se u111a mulher estranha pene.- tiguidadedâssica o "sacrifício humano" por oc.isiào da 00.fa não
tra na eira. ela ê envolvi.da em palha e clt31ll'-da a ''Mulher do 1nais <!O qltt: uma v ga recordação de te1npos antigos. supc·
ttigo", Na Vcndcia, é a fazendeira que dtSi!01penha te papel: rados havia mu,10. Assun, u1na lc!nda gr<"ga menciona Ulll bas•
envolta em palha ê k"\IOOa para 8 debulb dora e empurrada pani tardo do rei friaio Midas, Lityersés, conh ido pelo seu fabul0;$ô
debaixo dela; dep0is é relirada do meio das es1>iga; e estas são 3Pftile pt:lo gosto apaixonado em ctífar o trigo. Todo es.tran,-
de.bulhadas. mss a mulher é Jru1çada ao ar numa cobertura, co- gctro que passasse por acaso pertó dos seus campos era po,· ele
mo se ela próprl'a foss,e. de trigo qu,e houvesse de 5e .noer41, A obsequjado e depois conduzido oo·campo e obri.aado a far com
ideo.tidadc (nu-e o ''pc>der'' dos cereais e o seu repre.scn1an1e hu- ele. Se fosse venc.ido nest concurso, Lityértés amarrava·o a um
mano é, neste caso, compkta: à lavradeira sofre, sirnbolicaOlen- feixe, cortava-lhe :i cabeça com a. foice- e lançava o corpo para
.te. o drama do trigo, cujo "poder" t$l.\ ooooeoirado no Ultimo o campo. Finalmente, Héracles <lesafiou Lit>•l!lffl, ,·cnceu-o,
feixe e que passa pôr uma série de ritos destipado-s a l.'Cgeocr.i.-1<> conou·lhea cabeça co1na soa foice e lançou o corpo no rio fl.1e3.ll•
• a apla a-10, dro, o que nos kva a supor que. LitycrsCS faz.ia o mesJno oom as
Ei:n muitas outras l'tgiõcs da Euro[X). a.01eaç:HC de morte, suas v(tlmas-l'l. t pro\1ável que. muitos sécuJos antes, os frig_ios
gra<:ejru1do. o estranho que se aproxima do ca.mpO que se ceiía pr ücassem oom efeito um sactifieio humano por ocasião da c:ó-
,
ou da eira onde se debulha o tl'i.go4ª Etn algun1as regiões, lhena; seaundo alguns indícios, c.ste sacrilkio era igualmente (re-
qO.ente em outras regiões do Orienle meditcrr.·mioo.
mordem-lhe as pontas dos dedos, ciu:gam-lbe a foice ao pesco-
ço, etc. E.ln certas regi&$ da A1entamba, o desconhecido é-amar-
rado pelos ceifeiros e terá de pagar uma Jnulta se qui.scf alcao.çar
a liberdade. O jogo é aco,npanhado de canções que falam uma 1.31. Sacrificios hu.manos entrt. os a:a,:c:as e. os khoods - Te•
linguagem élat.-i • .Na PotnC'lânia, por exemplo, o chefe dos cei- mos provas de sacrifícios humanos para propiciar coll1eitas entre.
feiros diz a.Wm: certas popuJaçôes da América Cel)tral e do Norte, em algumas
rt$iões d:i Africa, c-,n certas ilhas do Pacífico e entre nun1erosas
Os homc:ns o prontos. po ulaçôe$ drávidas da fndla"' . Limi1.ar-oos-e1nos, para uma
AS foices s:Ao curv.is. ma1s cf ra 001npretnsà9 da estrutu.ra destes sactific."ios humanos,
O uie,o e: lf<'Odé e _pequeno. a Jeo:ibrar alguns exemplos, ,nas eo,n detalhes suficientes.
Tr,;11a-3e de ceifar o estrangêrol Sahagun dtixou•nos uma deseri1;ão rigorosa dos ritos do mi-
lho entre os astecas do f'i.•Jé.x.ico. Logo que a planta germinava,
278 rRA r:AOO DE HlS1CIUtJ DAS .REL!CJÕE& ;J AOl?ICULTUl<A e o s CULTOS DE FZRnLTDADE 279
ia-se ao earn:pa ''.pf()Curlll' ( l deu$ do milho' , quer <liu:r 11t'l'l re,. tcjado e 0$ pedaços enten-ados nos cainpOS'". Encontra-se o mes-
bento que se k:.vava pera tas..'\ e ao qual se 3presen1a-\1am oferen- mo costume de tsquartejar e <"Spalhar o corpo na terra .u:ada em
das em alimenios. coO'lo se se tra de uma divindade. A ooi- c:enas tribos da Âírica"3,
te, a planta éra 1t'·ad ao templo da deu.sa das subs11\n<:ías, Mas o caso de sacrifício humano agrícola mais conhecido é
Cb.ico1nêocoad, onde se reuniam moças que levavaru, (ada uma, o que era praticado, até. meados do século XlX, por uma lribo
um feixe de .se1e espjgai de i:nilho de uma c:olheíta aJltt::l'!or,_num drâvida de Beng:iJa, os khouds. Os sacrifícios crant oferecidos à
invólucro vermelho e borriladas cooo cuch1.1. O nome que sé dà- deus da Terra, Ta.ri Pennu ou Bera Pcnu, e- a vitinla. chamada
va a tste feixe-, çliiroluolotf (a sétupla espiga), desJsnava 1ambém f\•leriah, ora era compi:ada, ora era filha d.e indjviduos que tam-
a deusa do milho. As jovens era.o) de- três idades diferentes: pe• ·béfn tinham servido de vitinlas. Os sacrifícios tinham h.1g.ar em
<1ue11as, adolescentes e gràndes, e personificavam, sem dlJ ,ida, fesias periódicas ou cm circunstãnc:ins excepcionais, 1nas as víti·
de uma maneir:-i simbólica, aç etapas <lo erescinten.10 cio milho; mas eram scoo1>re volun1át'ias. Os t,..teriahs \'i"iam aliás bastante
tinham os bni.ços e as pernas OObcrt0$ de plumas vermelbas, cor felizes durante Jongos anos e C'ram considerados conlo seres con-
das dl\'indadc.<:, do mi.lho. Srtn «:timôn!.3, Qllt se,Jim.ilsva a ho· sagrados; dC"Sposavam outras "v(li11,a.s'' e recebiam "!-má porção
menagem à deusa t il bênçiQ mãgica da colhri!a alndl 1nal gcr· de terreno em dote. Dei ou cto:.:e dires antes do sac:rificio, cc:,Nava-
minada, não co1npOl'lava sacrifício. Era somente lrêsf!ieScS mais se o cabelo da ,•itima, cC'rimõnia a que o povo a.. lstia, J)()ÍS que.
tarde, q11andQ a oolhcita já to.v.i ,nadura, que uma J''c:m que o sacriíício ei:a oferecido, seawido criam os khonds_. no interesse
rep, ntava a deu..<:;.'! do 1nilli.o novo, Xtloncn, tra decapttada; este de todos. Seguia-se wna orgia indescritível - sintoma: que va.
sacrific.io abria o uso filirnentac. profano, do rnílho novo, o que mos ncontrar cm muitas fcsla.$ qu,e prendem à agl'icultura e
fazsupôr que a su, função t ' T i l mais riam te a de um sacri- à fecundidade da n tureza - e conduzia-se o C\•lcriah, cm 1>rocis,,
ficio das prithiclas, Qoando, sessenta dias mais tarde. acabava são. d W e a aldeia até o lugar do sacrificio, en1 geral un,a flores-
a ceifa, tiJlha Jugar um nôvo sacrifício,. Uma ooulher, que rc:pre- ta onde nunca entrara o tnachado. Agui, era cOn$ágrado: ungi·
:sentaYa a deusa Toei, "Nossa Mãe'' (a deusa do ,:njlho oolhido do com .n,auteig,a de.rre.tida e açaJ'rão-das·indias. oroado de Oo-
e utili2ado), era dec.'l.J)i1ada e esfolada i,ncdiatamcnte. Um sacer r s, o 'f,.feriah parc<:ia idcotifi(a.f•Se à dh·indade. Porque o P<>"º
dole envotvia...se com a pele, um pedaço da ooxa era levado o se comprimia etn volta deJe pata lht. tocar e as homenagens que
T ,mplo de Cln1eoil, deus do n1ilho, onde outto figurante fa?.Ja lhe eram dirigidas dHicihnente-.sedistingui;un da ador çâo. A rnul·
com de uma mást-âra. Duran1e ª1$ 1m;i sç1n@llas, este era lr'3ta- tidão dançava cm volla da vftiola ao SOin dt música e dirigindo-
do cotuo wna mulher parida., porque, J)fovavelntent.c·, <>sentido se à terra, exclamava: ''Oh. Deus, nós te oferccco1os este sacrifí-
deste rito t:rà que Toci, um3 vez morta, renascia no stU filho, o cio; dá-nos boas colheitas, boas escações, boa saúdeF' Depois,
1nilbo seco, nos grãos que iam servir de aJimento dura?te todo diria, dirigindo-se à vftim.a: "Nós oon1pramos-te, não te tOJ»a•
o inverno. Seguia-se un1a série- de cerimônias: os 9,uerre:1ros des- n1os à força; agora, sacrificamo..<.-te de acordo com o costume e
filavam (Toei era_. ao tlle$JUO tempo, como diversa$ dh•indades ntnhum pecado caii::i sobre nós!" As otgías, suspensas durante
orientais ds fecundidade. diYindade da auerra e da mortt), a noite, reQOmeçavam de manhã e dura,•am até o mcio-<lia, quan-
executavam-se d.1.uças e, por .ficn, o rei, seguido de todo<> povo, do todos se reuniam cm volta do 1eriab pata as:s:istil' ao !iã!.Tifi-
Jan,;ava â cabeça do que ref)teseutava Toei tudo o que tú)h.l à do. A morte podia.ser consw:o.ada de diferentes lnodos: drogava-
mâo recirando-se imcdiatamcnlt. Parece que Toei se transfor· se a vitima cc:,m ópio e em seguida 1rituravan1·sc•lhe os ossos, ou
mavÂ, pOt firn, em bode.e,cpiatório e que to_mava sobre si, quai r era estrangulada, ou cortada cm pedaços, ou ainda queimada len-
do era e:.:putsa, todos oo pecados da oomun1dade, porque o fiau- tamente na fogucira. Todos os que assistiám à festa, assim como
ranle levava:. pele. até um t-&.1elo da fronteira onde de a pendu· t.od as aldeias qoe tinham m,iado repre.scntantcs, rece:bian\ wu
ra\·a, de btaços al>enos. Era cambém para lá 9ue levavam a más· l)edaço do oorpo sacrificado. O saocrdote JXl,rlilhava cuJdadosa-
cara de Cinteott"S. En1 outros povo:.s ameru:anos, oon\o, por mente os pcdaQOs., que rapidamente ttam viados a toda,; as ai·
exe1nplo, os Pawoccs, o corpo ela jo\•etu saaificada ra uar- dtias t entt-rrados not Cdffipõ! éom um certQ ritual. Os restos·,
-
280 A AG81CUL1lJRA E OS C(JLTQS DG PERT1LIDADE 281

cm particular a cabeça e os ossos. era incin::racios e 1\s cima5 es• cas do ''Poder", eolUO a vegetação, cujo ritmo conheoe momeo.
paJhadas pela gleba, a fim de gata.nlir uma OOa..<:c:1lltcitit. Quan- tos deextinç."10 aparen1e. E a ansiedade é aioda mais aguda quando
do .as aucorid des britâllil!:tS proibiram os socrlfícios bi.unaoos, a desagregação da .. força'• parc<:e ser de.\1ida à ltnervençào do
os kbonds substituíram o Meriah.s l)Or c,eno.,ç animtus (bode. homem: a colhei1.a das prlln.fcias a ceifa, etc. Neste e.aso,·
búfalo> '. oferecem-se sacrifícios des.ig,11ados 'ªprindcias'': o ritual rcoonci-
Ua o home1u eon1 as forças que. atuam nos frutos e Ouloraa-lhe
permi o para os çonsumir se1u perjgQ, T is rit<» mare:am, ao
131. 8:}:Crifícto e. regcocraç:lc>- O «'-ntlclo dcss.es crillcios mesmo tempo, o começo do rtovo ano. quer dizer. de OJll oovo
humanos de"'c ser procurado na teotii r(ak:a da rc.icnera o J)e· perfodo de 1en1po, "regenerado". Entre os cafrcs do Natal t o s
ô6dica das forças sagradas. Evidenttmea.ite. codo 1ito ou cenário zuhts, apM as fes.as do novo ano. tetn lugar JlO Kraal do rei a
dramático que prttende obter a regeneração de uma ''força" e. grande dança, durante a qual são ooz.idas divea.1.sespéc de fcu•
ele pl'óprio, a repetição de um-ato prhJ\ordiaJ, d.o tipo counogô- cos, t1un1 foso novo a ç ( S ( l por mágicos, em potes novos que só
nico, que teve lugar ab lnitio. O sacrif:icio de rt.go:.l\eraç:1o e u1n:i servem para m a eerí.mônia. É só depois de o rei ter feito co1uun-
repetição ritual da Criação. O n1iio cos1nogônico implica a mor- gar cada um do$ participantes nesta papa das ptimícittS que pod.e
te ritual (quer di1.er, violenta) de um gigante prltuordial, de cujo começar o consumo 3Jin1entar d()S frutos-so . Entre os índios
corpo se constituirnm os mundos, cresccratn a.s plan1as, etc. É Creek, o ritual da ofere«)da das prirn(cias coincide com o da pu-
sobretudo a origem da.5 p1antast-dos oer js que $C acha em liga. rific.tçâo e d3 expulsão de todos os males e pecados. Bxtingutm-
ção com ta1 sacríficio: vitnos queª" plani.as, o tri&o, a vinha, g.cr se todos os rogos e os sacerdO(es acendem, por frjeção, 1i1m fogo
tn.inar m do sangue: e: da <."ãnte de uma aiat\lra 1ní.tica sa.crlfica novo; todos se purificam com um jejum de oi10 dias. com vorni•
iórios. etc. Só é J)efmitido eons.umic Q S grã0$ colhidos depois de
4

da ritual.inente "no principio", in illô le,npl>re. De foto, o sacri·


ficio de uma vítima humana para a regreeração da (orça 1nanl• o ano ser. deste modo. •1reno vado ''s1.
festada na colheita tem por objeto a rtpeliçoo do ato d.e criação NCSIC$ rituais de- primícias distinguem-se vário! clell'Jeotos
que deu vida às st.rnen1es, O ritual ref4Z a criaçãtr, a fo'rça atj,•s constiluú,•os: 1! , o perijo que aoompanha o consu1no de uma
nas pl.lnta regenera-se por uma suspensão do tempo e pelo l't• nova colheita, qUtt por(tut a espécie ·,-et,etal possa esgotar-se, quer
tomo ao momento inicial da plenitude oosn1ojônica. O corpo o.-- P.OrQ\le aquele que a consome corr:11 o risco de atrair as reprcs..í.-
quMtçji!,do da vitima coincide coln occ,rpo do ser mitlco pria1oc:· Jias da "'for.ça" que esi;i prese1ne: nos fn1tos; 2?, a necessidade
ditll que deu vida às sementes pelo seu esqu3.flejamcnto ritual. de afastar esse: perigo pe-la cons.agr.a,çâo rit·ual das prlmiclas bu
Tal é, poder-se-ia dizer, o ccnãrio ideal que se _pode colocar pela purificaçàO prévia ("e.,cpulsão <IO$ p«ados", tipo bode ex-
na Oc'i de qualquer sacriücio buooru,o ou animal praticado oom piatório) e a regcneraçiio da oomunidade 3 , reatner.-.çllo qoe tem
a intenção de aunlentar e dar vigor à colheita. O sentido mais ime- Jugar pela ••rc:novaç:ão do tempo• 1, quer dizer, pelo reoomoço de
diato e mais cvidentt t simplesmente<> da regc:.neraç.ão da força urn tempo puro, priluordial (cada oovo a.oo é uma nova criação
sagt'ada que se encontra nas colheitas. A fecundidade é, cm si mes• do tempo - cf. § IS3). Vimos que entre ôS astecas a expolslio
ma, uma rcaliza o. e pOL1anto u.m esgotamento de todllS as pos· do ano velho e ao .Lncsn10 tem1>0 d e todos os males e de todos
sibiJidades al.C então \•irtuais. O bo1uetl) "rllintitivo '' vive en1 per os pecados linha lugar siínultaneanw1)te com o sacri.fieio à deusa
pétua atlsiedade de ,•cr esgotaram.se as forças útei$ que o rodeiat11. do milho. O cenário dramá1lcooompreende paradas 1nilitares, Ju-
O 1nedo de que o Sol se ex.til)gs dc.finitl,·art1etlte no solstic.io de 1as milnadas, etc., que tamb6n e,ncontramos a n outras cerimô-
inverno, de que a Lua não se levante mais, de:. que. a vea,et ç:lo nias as,rát'ia (por exe1nplo. nos 1n;ijs aniigos rit-uai.$ osirkos).
desal)(Ueça atot'lnentou-o dllrante mllbates de anos. Perante qual.
quer manifestação do "poder" a mesma inqtüe1açã.o se 3podera
dele; este poder é prcclirio. corre o risco de se esgotar. A aos.ie rn. ruwals ffn!l.Ls - Para concluir esta posição .sumária
dade é pa.rtlcularm,c:ntc, palêtica (X'-tani.e tuaojfcstaçõ;:$ perió4i· das cerimônias agitirias, deve1nos menclo11ar alguns <:0snunesoo1u
232 T.IU1i1D0 DE f/JST(j./fJA DAS R.ELIC/ôF..S A AORJCULnJRA E OS CULTOS DB PER1JL/D;1DE
os. quais o ciclo se fecha, os sacdfícios que têm lugar q-u,.'\Odo se: começo da') semooteiras, da ccifa, da debulha ou do enceleira•
leva 1\colbei1a pi\ra a.s granjas e outr<i$. Os finlandeses, ao come- mento. O ciclo fecha con.1 a fest.'l coletiva da colhtil.-i que. se rea-
çarem a <:ei.fa, .sacrificam o primeiro cot'deiro nascido nesse ano. liza no outono (nas regiões do Norte, pt-lo S. Miguel) e que com·
iJ.'\-St. escorrer o san,au.e para a tt:rra as 'Vlsceras $io dadas porta uni festim, danças e sacrificio oferecidos aos diferentes
em ''p.a,ga tio urso ... ''ao guarda.campestre''. A. carne: é assada esplritoi59• Com esta cerimônia termina o ano a8f{cola. Os cle-
e comida em comum, nos C3J»tlOS, fiieando n<l solo 313do tres pe- n1ez1cos a,:tá/ios ptesenles nas fts•as do in\·erno explicam-se pela
daço. para o "%WiiO da itrra". Tem lllmblm o,osunnc de prc, fusiio dos cultos da fertilidade com os C\lllos funer.§.rios. Os.roor-
parar, no con)eço dàccifa, Cl!ftOS pta.:os... vaga rcminisoênci.1, pro- 1os-que vão prO(eaec os artios semeados l'la terra lCm 1ambé-m de-
\1av lmente, de um festiln cerimóniat.:ii. Uma ioformação e 1onia· baixo da sua jurisdição a colheita rn.cdeirada, alimento dos Vi•
na meociona u.m lugar do camlJ<> deoo1ninado '1cova dos sscrifi• ,•os durante' todo o inveroo.
cios". onde outrora se pul100n,, lodos os anos, as mirnfcias da A si1uilitude erure os rituais agt.lrio.s do começo e- do Jf111ê
oova colheitas3. Já vimos que a ceifa corue1-vou. até os n0$$0S digl'la de registro. Com ela, accni1.1a-se o carate, de ciclo fechado
dias. Uln cará1er ritual; os crês prim4!itos fei.,:cs sio ctifados em do cerimonial agrícola. O "an.o" torn.l-se uma uoidade fechada.
silêncio; os estoniaJ1os. Oi aJeinães e os suecos: nào colhem as pri- O tempo perde a homogeneidade rtlativa que tinha nas s-ocieda·
meiras pigas S\ Este úJtimo costume -á mui10 espalhado e as dts pré-agrârias. Já não e:$0 dividido e1u estações, mas delhnl(a.
espigas que íicàmcomo oferenda dt!Stioam-sc, segundo dh--ersas do cm unidadcsl)effei1amente íecltadas: ·'o ano vellw'' difere. ni-
crenças, ..ao,s cavalos de Othin", ''il vaca da :a:nulher da flore$- 1ídam(.11te. do ''ano 1)0\'0 ·•. A regeneração da forço ati\'O da W!•
ta", "aos raios•·. ''âs sete jovem das g1anjas" (Bavicra) ou "à ge1açiio estende o sua eficdcia sobre o regenerac4o da socitcladt
mes!lna do bosquc"ss. )tunurrtftpela rtl'IO\'àçl/O do fe1npc. A expulsão do "ano velho"
Quando se leva o trigo para as granjas realizam-se várias oe,. fai-se ao mesmo tempo ·que- a expuJsão dos nia1e$ e dos pecados
riulônias; pot exemplo, lança-se, po:r cima do ombro fsquerdo. de toda co1nunida;de-(§ 1S2). Esta idéia da regene-taçAo periódi-
um punhado dcgríos, cUiendo: ''Estt:$sik> par-a os ,atos.'' O om- ca peoecra -al.nda em outtos domínios, por exC'mplo, no da sobe•
bro csque1·do indi o sentido runerArh> da oferenda. Por outro ratúa. A mesma troria oencr I gcca e aumenta a esperança numa
Jado. entre os alemães exlste o costume de rnoer os J)rimeiros pés regeneração espirii11al por iniciaçâo. Finalmente-, cm rC'laç-ão di·
de feno le":idos p.aro a granja, diul).do: ".É a comida dos mor- teta oom essas tren\ãS da regeneração dclica - realizada. pelo
tc;,.s?'' Na Suécia, le\·a-.sc paca as a,ran.jas pão e-vinho, para se ob- cerimonial agrário-. e.noootranl« tambén1 inlhneros rituais da
ttt 1\ bmevolEocta do esJ)itHo da casaU . Por ocasitt.o da debulha, "orgia'', da reaJualitação fulgurante do caos primordial, da re.in•
dcix.arn,se de lado algumas t:.5pigas p:ira o espírito da eira. Os fi 1egra o na unidade não diferen,c.ia.da anterior à Cri::Jção.
nesies dizem que a oferenda é feita para ••quQo trigo cresça ainda
no próximo ano••$?. Uma outra tradio;ilo flJl.laudesa <liz que a ga-
vela <rue f,ca por debulhar pertence ao espírito da t«ra (moonhal• 134. Os mortos e as seolenu s - A asricultura, oomo ttkni·
tia). B1n outras regiões cr se que o espírito da 1erra (ta/onhallia) ca pcofana e coLno forma de culto, eélcontra o mundo dos mor-
vem, na l)Oitede. Páscoa, det,ulbur os trfs feixes que- ficaram des- tos em dois planos di:stintos. o primeiro C a solidariedade co,n
de o outono. Chamam-se esses frixes. em alguns casos, "os rei- a terra: os mortos, como as sementes., sâo encerrados. penetrd.ffl
xes dos espiritos ". En1re os suecos, o Ultimo febie ntlo é debu- na dimensâo ciônica só a eles acessí..el. Por outro lado, a agri·
lhado mas deixado no campo atC a oolbeita seguinte, "para que. cultura é, por exctlê-ncia, uma tCcnica d fertilidade, da vida que
o ano seja abundante"-"11• se reproduz mul1iplicando•se: e os 1.uor&os são panjcularntente
Não hâ dúvida de que muitas destas: oferendas cê111 c.aráter atrakl9s por esse mistérío do tei1ftS<:in1ento, da palingencsia e da
funerário. As relaç entre os 1norto:s e a fertítidade ag;riCola são fecundidade sem tréguas. SC'me'Jhantes às se,nentes eocerra.das na
bas1ante Importantes e teremos ocas.itlo de voltar a elas. NO(e,. mauiz telúrk.a, os mortos- esperam o seu rea1-esso à vida sob uma
1uos, tntretanto, a perfeila simetTÍa entre 3$ oferendas feitas no nova forma, Por mo se aproxitnam dos ,·h·os, sobrcludo nos mo·
-
ATA.DO DE lflSTÓRIA DAS REUGIÔBS A AGR/CUL7VRA E OS CULTOS DB FERTII.IOADE 285

Yntntos cm que a t(nslo vital das C<>lnntl.idades a1lnge o seu 1ná• delas para defellder as suas se,nenteiras e proteger as coJhcitas.
ximo, qv r dizer, nas <:hamad.ás (e!tàs da fertilidade, quándo as Bnquanto os grãos se acham en1err..1ck>s. a.cham sc, por isso. sob
forças jtnésii:âs da natureza e do grupo humano são evocadas, jurlsdiçào dos mortQS. A •1T<"rra-Mãe' ' ou a Grande Deusa da
desencad<ada.;, cxa. ixuJas por ritos, peJa opulência e pela or- í«tiljdade ít.SCaliia da mesma man-tira o destino das s<"mcntes e.
gia. Al :.ilnt.u dos Ulôr'tOs estão sedt'ntas de plenitude biológica, o dos t1\ort0$. f\.fas estes estão. às-..·eus. 1nais peno do bometu
dett<:t$ o OrgãnX:o, porque es1c 1ran, bordamento vital co1npen e o la\'J'adot diJlse-,se..,Uics para que- eles abençoem e amparem o
sa a pc;brt2.."1 d$ su::i subsl!\ncin e proje1:t1.-os numa. corrente impe.- s,u trabalho (o negro é a ror da 1err> o do, morto,). Hipócf11tcs
tuo.sil de virtualidades e de germes. dlz..oos Que os espiritos dos defuntos fazei), crescer e getmiaar
O icstim coJetivo representa justa,neute essa concepçâo de as se.mentes, e o autor dos Oeopo11ica sabe que os ventos (isto
enecgi:i. vital: uu1 festim. com todos os excessos que implica, f-, é. as almas dos mortos) dâo vida às plantas e a todas as coisas.6$ ,
pois, íodls.pensável, tanto pa.ra fcst.s. agricolas como para a Na Arábi;t, o óltin10 feix<', chan1ado ''o Vdho''. é ceifado pelo
comemora;ão d mortos. Outrora. banquetes tinhanl lugar próprio dono do ca.1.ni,o. colocado numa cova e scpultado com
p:no doo próprios tU.mulos, para que- o defunto pudesse partici- preçes pelas quais se pode ·a ele que " o uiio renasca para a vi-
par d.o t'..tecdente vital dcsenaideado 1>er10 deJe. Na Índia, o fei• da 1•66, Entre os barubaras, quando se verte a água sóbre a cabe·
jão era Qfcrenda le\'ada aos 1norlo:s, mas eril considerado. ao 1nes- ça do cadá\•cr deitado na cova prestes a ser cobe.rta, imploro-se:
mo tetnpo. wn. afrotlisiaro 6 0. Na China, o leito conjugal "Que o.s ventos nos scjam benfazejos, q_ue soprem do Norte ou
enoontra\'a-s,:. no c:1nto 1nais -sombrio da casa, k>caJ onde se con• do Sul, do Oe$Ce ou do l(ste! Dá.·oos c.bu\'a! Dá-nos uma co--
servavar:u as sementes e p0r eima de onde se t.nterravam os lheita abundant.eP•6'1 Duran1e as semente.jras, os _finlandeses en·
mortos6-1 . A ligação entre os antepassados. a..s oolhcitas e a scxua· 1erran1. ossos de 111ortos (do cemit6rio, só os l'es(huindô dep0is
lidadc é tão estreita que oscule os funerários., a3{á.rlos t $e'Jlési<:os da colheita) ou objetos que 1enhan1 pertencido a algum morto.
se in penetra,n às vezes atê a fusão compfet.11. Nos povos nór· Se un$ ou outros lhes faltam. oontentam--se oom 1crra do ce1nité•
díeos, o Natal era a f ta dos monos e, ao 1nesnlo rcmpo, uma rio ou de um caminho por onde tenham passádo os mortosrA . Os
ex31tação da fertilidade e da vida. l l no Natal que se r izam ban- alemães têm o eostume de espalhar no campo, com as sementes,
quetes copiO.s-óS e que, muitas vezes, se celebram O$,casamentos terra de um 1úmulo reee-nte ou palha que tenha servido de leito
t lle cuida dos tún1ul . a wn defutu#. A serpcnt<'-, animal ftnter-ário por excelência,
Os n101tos resressam t1:1 dias para tomar parte nos ritos protege as colheitas. Na prhuavera., ao começo das S<"menteiras,
de fertilidade dos vivos. Na Suócja, a ,nulbcr guarda no bali do ofereclan1-sc sacriffci-os aos mortos, para defenderem a oolhrita
dotC"um t,edaço do bolo de sarnento. para le\1á-lo oonslgo para e tomarem.na sob seus cuidadosm .
3. oova. Da mesma forma, tanto nos paí:se.c; nórdicos como na Chi·
na, as mulheres são :imortalbadas nos seus vestidos de noi"a? >.
" O arco de honra" que se ergue no camjnho do pa.r oonjugal ! 135. Oi\'indades :.1g.r.irl.as e f1111erãria - Podt'.mo.s observar
idêolk:o ao quê .se ergue no cemitério para acolher o morto. A n1ais claramente a solidariedade. <los mortos «nu a fertiltdade e
árvore de Natal (orisiJlaJiai.nenre, no :None. un\a árvore a que a agrlcullura quando esu1dan10$ as festas ou as divindades que
$0sedeL1avMl as f da copa, niaJ) é usada tanto nas núpeias $C-rdacionam com wn desses dois cenários cultuais.. Geratineo1e.
COLUOnos enterrosM. E inútil mencio.nar ainda 0$ c.a:sammios uma divindade da fertilidade ctônie.o-vea,e1al torna-se também
pOsl n1orfe1n., reais ou simbóUcos - e ;a.os quais nos reíerireiuos uma dívindade funerária. Holika, originaria1rtente. rtpresentada
mais adiante-. e cujo stntido deve ser procurildo no desejo de .com a aparência de urna árvore. 1orna,sc n1ais tarde divindade
;is.segurar ao defunto uma condição vital ótima<'· uma plenitude. dos n1orto e gênio da fecundidad,e veset.al 1 1• Uma 1nullidào de
gené.sica. gênios d Yesctacà:o e do c,escimento, de estrulur.i e de o,igem
Se os mo1·tos procutam as modali-dades espumádc·as e ger- ctõnic:as, são assilnilados. até se tornarem irreconho.:civci$, ao gru.
mioativas, não Ó',ncnos vcrdad,c. que o!; vivos tambêm p suu po1u119rf9 dos morlo('l. Na Grécia arcaica os mor1os 1 cotno os
286 .-1 AGRICUI,.'TURA E OS CULTOS DE.FER71l/DADE 287
TRATAOO DE .HisrdRJ.4 lM.$' U:UG!ÔES

cereaisJ eram pos10 em vasos de- lCt'ra cozida. Ã.s di•1i"ndades do ric:o--\•ese1al. Est:. simbiose deu origem a muitas confusões e as
mundo subterrâneo ofereciam.se círios, tal como à$ div:indadcs controvérsias dos especialistas não terminaram aioda no <1ue diz
da ferti.Udaden. Ferollia é chamada dea agrorum si're ifl/ero• ·tespeito, por ex.rn1plo, ao cani1er asrário ou fwierário de Odin,
rum 14• Durgâ, grande deu da fecundidade que ag(UJ)a wn tuj. à origem das 0;-ri1nônias do Jul. Traia-se, n.a realidade, de coo•
mero considetávd de cultos locais, e sobretudo de culto.s da 'C- juncos 1·1tuais e míticos nos quais a L1lorte,e o renascio1e1,to se in
getaçâo. toma-se ta1ubéltl a divindade nhora dos cspiritos dos terpcnetram., se convcnein en\ mo1neutos distintos da mesma rea-
,nortos. lidade trans•humaàa. ,-\s zonas de interfer{nçiR tnue QS çuJtos
No que diz respeito i i !es1ai, registremos somenreque a an- da fertilidade e os cultos. funcrârios sã"o 1antas tia.o imp0rtan1cs
lla:a oon1emoraç§o indiat1t1 dos mortoo çaía ju.stamentc cro plena que não e de admirar que chegue, após a sjmbio:;,c e a fusâ.o,
ce1f-a e era, ao tnesmo tempo, a festa principal da CQJJ1eita1J. Vi- a uma nova síntese religiosa baseada numa 1najs ampla valoriza.
Çf10 da existência do ho•» nl no cos,nos.
m.os que o m mo aoo-n1ecia nos paises nórdicos. Na Antiguida·
de, o <ulto dos n1tn,es etl\ c('kbrado como o cerimonial d:i ve Bncontra...se-essa síntese sob à sua forma definiti.va no seiun.
tação. As tuais importantc.5 festas agrái:ias ou da fettUidade ;:.he- do )nilênio a.e, no mundo cgeu asiático. e foi ela que tomou pos-
gararn a coincidir com as Íe$l.:ts que comemorayam os manos.. sívd a eflorcs,.::ência dos 1\1.istérios. A fusão dos dois cultos CO•
Outrora, o Sâo MJgutl (29 de scten1bto) era, ao m(smO te:mPo, mcço11 no norte dá Buropa e ua China nos tempos pré.históri-
a ÍC$ta dos 1nortos e da ceifa em iodo o norte e cen1ro da Euro- cos"' , m.u é provã,·.eJ que uma síntese de{lnitiva e formulada de.
pa, E o culto funerário Jnfluencia ainda Ola.is os euhos d.a fcrtili• 1naneira cocf'tllce só tenha tido lugar mais tarde. O falo é que o
dade-, apropriando--.se dos rit.Q:S, que con·verte.ffll oferendas ou sa- solstício de lnverno tem muito maior im1>0r1ância no norte da eu.
crifícios oferecidos à$ ahnas dos antepa5.iados. Os defuntos são ropa do que no sul J»ediierrânioo. Jul é a festa patttica desse mo-
"os (lue moram debaixo da terra" e a su.a benevolência deve .se, mcl)tO cósmico decisivo, e os de.funto!t reún.em« eruào e,n voha
c.a ada. A!, serntrttes lsn,çadas por cim.1 do ombro esquerdo, ofe- dos ,•ivos, porque é então q1.1ese 1>Ndiia ''ressurrtição do ano",
recidas tm homenagem "ao rato'', são destinadas a elc.s. Recon• portanto da prirnavera. ;\s almas dos mortos são atraídas pelo
ciliado . n1.1tridos e solicitados, el _protegnn e- muhiplicam as q1,1e "oomeça", pelo que- "se cria_": um novo ano (e, oomo todo
colheitas. O .. velho" ou a '"l•elba'', que os c:uupooeses . etn co- o oomeço., uma repcticlo sicubólica <la criação), uma n9va xpJo.
mo personifici.ção dos "poderes" e da ferüUdade do campo,.com são vital no torpor do inverno (banquetes sc1n fi1n, libaQOes e or-
o tempo têm .-icencuado o seu perfil mhico sob a inOuência das si3S, festas matrimoniais), uma »ova primaveta. Os vi"os reúnem-
c1eni;as funerárias: eles :iproprlatfi.§e da es(rut-ura e dos atribu· se para mimulâr oom o:s seus txt s bioJ6g:Íc0$ a energia do
tos dos ••ant.cpassados", dos espíritos dos defuntos. Sol inn pleoo declinio; as suas inquietações e .1.S suas esperanças
Este fenômeno é de fácil ide1uiíteação nas crenças dos po· concentram-se na ,•egctsção, no de:s(u)o da próxlln.a colheita. Os
vos 3ennânicos. Odin, divindade funcn\ria, chefe da ''caça fu- d is deslino.s, a21ário e funerário, cruzam-se e fundein«. ror-
f!osa" das aln1as que não tem repo\lso. aproprin-se-de uma quan. manào por firo uma ·únjca modalidade da exi.Mblcia. a existência
lárvar, pr6-germinativa.
udade de ritos do conjunto dos cultos agrários. "'Na.festa ptopria·
menté funerária dos aermanos, o Jul_, que <aJ no sols1icio de in•
\'emo, do U1titno fe.ixé da colheita do ano faz.-se uma .ti.aura de
ho m Ol_l de mulher, de um gato ou de um bode ou outro 136. Sexualidade t fe<:undk1ade :.:, ria - Os germes têm oe•
arumaJ U , B significativo o fa10 de as forn1asaniJnais sob as quais cessidadede ser ajudados, ou pelo menos ":.cotupauhad0$'' no
se manifesta o ''poder" da vegetação sertm as mesmas que re. seu processo de crc-scimcnto. Esra so,lidariedade das formas e dos
presentam as almas dos def1.111tos. Em certo momento dahíst6fia atos da. vida foi uma das i;tescobenas essenciais do homem arcai-
dos dois cult0$ não possível determinar se u,u ''espirita", ao co, e e-le:. fez frutificar de maneira mágica pelo $CSUinte méto-
manifestar-se de maneira teriomorfa, representa as almas dos que do: o que é /til<> e,n t·o,num dd 111/l,ores resultados. A fecundi-
já não existem ou se é- uma P«SOnificaç.rto animal d.-i força telú-- dade da mulher mnuc"cia a fecundktatledos campos, n,as a opu.
iss 1TUTAD0 r,e Hf$T'OAIA ll.AS /1.ELJGJôES A AORICUI. Tf.l/M E OS CULTOS DE FERTll..ll)ADB 289
lência da. vegetação_, por su.a •;c-z, ajuda a mulher a cooo:ber. Os lcsia. os Jovens noivos eratn oon.dW!.ldos por toda a popul a ção,
mortos colaboraru nos dols casos. esperu1do cless.:as dua$ ron1e.s num carro nupciaJ orname-nt.ado, do catnpo para a aldcia3$.
de fertilidade a energia e-a substância que os retllte.grodio no flu. Lembremos que os costumes obser\'ados na Europa por oca--
,:o vital. Por isso, logo que se aproxi1n:i o nu,.nleftto critico da siâo da colheita são aná.log.os aos que têiu lugar na primavera.
c-0lhc--ita e a <"e\•ada começa a germinru, os nea.ros .,.e da África. quando se anuncia o apar«imento da 'legetação. Nos dois con-
()c denlal (Costa dos ravos) tomam me<Udas de ptttaução OOO· juntos til\lais, o "poder" ou o •lespirito" e representado, direta-
ira os desasms, por 1neio d( orgias ritu:is, Um níamcro consi<k- mente, por u1na rvore ou por urn molho de espiga& e: por uni
rã,,cJ de moças e oferecido. à guisa de. nOtvas, ao deus pito». A par humano, e as du cerimônia.s têm uma influência fertilizan-
b.ierogmnia cous.un1a-.se no templo com os repres,c:ntantcs do cbu, te na vegetação, nos. rebanhos e nas mulhel't$*4; é sen1pre- a mes.
oom os sa«tdotes, e as jovens ou -esposas consa.aradas desse mo,. ma ncccs1,id senlida pelo homem arcaico de fazer as coisas "e tn
do continuam a prostituição sagrada ,durante álgu:m tempo no re- comun1'', "de estar cm COlllUD\''. O próprio par que personifica
assegurar a fertilidade da tecra e dos aniri,aJ.s1*.
ciluo do santuário. Reconhece-se q·ue-il h,ie(ogamia e t'cita para

O papel dos sace-rdotes traduz uma forma evoluida do ritual


o pode, ou o njo d vegetação e um ce1uro de energia, capaz.
de aumen1ar as forras do agen1e que repr eota . A força 1nágica
da \'egetaçào é aumc:n1adn pelo simples raro de ela ser ''represen-
Qúe, otiginariame11te, supunha.soJnen1e ;:i unjAo do lllai(lJ nume- tada". personificada, diríamos nós, por um par jovem. rico ao
ro poss.ivcl de casais no camp<> verdejanle. t o que acontecia, 1náx.imo de possibilidade.s - até .mesmo de, rcaJizaQOes - «óti-
aliâs, na Cb.ina, onde os ral).'l-zes c,ai. moças se-uniam, na primà- cas. Este par, o "noivo" e a "nolva", nà"o é mais do que uul si-
\'e:rá,-SObre a terra. oon,•encidos de que o seu aestocontribufa 1>ara mu1ácro alegórico do que, omrora, se passá\'ª ria realidade: a rc-
a regeneração cósmica, favorcornd·o a gcnni.naçào universal. pctiçào do ge.uo primordi.ll, a h:icrogamia.
a1raindo a chuva e abrindo os ca1npo,s às obras íêneis19. Nas tra-
dições helênicas é. também possível identificar ,•estlf,ios de seme,.
lhan1.es cas3men1os juvenis sobre o solo de g_ermina ões n:oen- 137. Função ritual da Ortill - De modo geral, a orgia cor--
tes, sendo a \1niâo de Dt1néter e-de- Jasâo o pro1ótipo. Os Pipi los rtsponde â hicro.s.amia. A união do par divino deve correspon-
da AmCric.a Central dormmt, nas quatro noites que precedeo) as der, na terra, o delirio genêsico ili:mitado. A par dos jo\ ens que
1

sen1enteiras, longe das esp0$3S, a fim de se exceder na noite que ·repe$iaoo ti hi«ogamia nos sukos arados devia produzir o aú-
as antecode. Em C*rtos casos a uolãc, sexual de marido e mulher rue.nto má. i,no de todas as forças d;:i coletividade. Quando o po-
de,·e mesmo ser ativa no n101ne-nto das scmenlei.ras. Em certas \'o oraoncelebra. no mês de maio, o ca.s:uneoto do deus Sol co1u
,egiôe:s, ea, Java, qua.11do o anoz Oores«·, os cônjuges tén1 suas a eusa Terra, o sacerdote pratica o ooi(o com a esposa. en1 pú-
relações no próprio campoii>. As núpeias coosun\ad.'U riiualmen- blico, .:110 a que se segue uma orgia indescrit(veJ85, Em algumas
ce nos qiJ))J>O$, a ligação estreita da 'lcgetação e do crotis,no mar- ilha$ situadas a oeste da Nova úutnê e ao norte da Austrália (Le-
cada pt.la ptesen da árvore saarada 1a.i) na celeb(ação dos ca· ti. Sarmata, e1c.) S Olesmas orgia,:s 1êtn lugar no começo da esta-
sarnentos, são ainda frcqúentes nos nossos dias. no norte e no ção das cbuvas&6. Os homens nâo pode,n fazer melhor do que
centro da Europa". Na Ucrânia, cxi:stia o seguinte costume: pr:· intitar exemplo divino. sobretud.Q se desta itnitação depende a
lo São Jorge, dep0ís de o padre ter benzido a oolbeita, os jovcru prOSpcridltdc do Dl\lndo inteiro e, e!n particular, o desdno da \'Í·
1>ares rola,·am-sc pdo campo. Na kússia, era o próprio padt·eque da \'cgemt e animal. Os excessos dtsempenha111 um papcl pr«iso
e,a rolado na cerra pelas mulheres, sem dúvida não só para con- e salutru· na economja do sagrado_ Eles q\1ebtan1 as barreiras en-
sagrar a tolheita, mas també,n en\ ren)ülis ucia confusa da hic tre o ho tem, a sociedade, o.atu.reza e'os deuses; eles ajudam
roga,nia primordialc. Em outras zona. . a bieroiamJa fíoou l't• a fazer c1rcuJar a forç.a, a YJda, os germes de un1 nh·e-1 para ou•
dutida à dança cel'inlonial de um (a.$31 ornado com Q:pÍgâs de. tr9, de uma zona da realidade- para tod.i.s as outras. o que estava
trigo, ou ao cas.ameiito ale;aórico d.i "noi"a do 1rigo" com o "noi- v:aio de substância ressarcia-se; o que estava fraSll'Jentado
vo". Taii; casamentos são celebrados oom muito apatalOi na Si· rtiutcgra,se na unidade; o qoe es<a"a isol:tdo fwide.-se na m11de
290 A AOR/CUL'TURA e o s CUL'ro:s DSFERTIUJMDe 291
R\3.triz uni,·cn:al. A ofgia raz clrCt1l;1r a energia -vital e sagrM . do e era apreciado me.s:010 nos cultos evoluídos (casos das 1'es-
Os. moulttítos dt: cri <:ósmi<a ou de opulência &tJ'\'E:ln, em partt- 1noforias atelbetUt:s). Os hindus pe.nnítem-sc tubém uma gran
cular, de: pra:extó para o desencadeamento de uma. orgia. E.m mui• de liberdade sexual durante a! fes.tas de BaU, em que, co1n exce-
tos l\Jtates .$ mulheres correm n\13$ pelos campos durante a se- ção do incesto, toda a união é· lf.:it ?O. Os hoses do norotste da
ca a fim <le desperf3.1·e1u a virilidade d o CC'u e prc.vocarem a chu- fndia praticam formidáveis orgias durante a ce.lfa, justificando
va: :En1 oucras repõe! f,es1,ejam.•se os casamentos e o nascllnr..tuo C$tCS desregramentos pelas teudertciais viciosas exacerbadas dô!
de g!,neos oom orias.: auim, pót' tXtmpló, entN.?! baga.nda a homens e: das muJheré$, tendtnci..'\S que de,•cm r s;.1cladàs para
África ou entre os ba.bilan1es do arqu1pttago F,;l 11, As orgias se estabelecer o équilibrio dfl comunidade. O deboche habitu l
praticadas cm ligação com o drama da wgcWÇàQ e espeéia cll· nas festas das-colheitas, na Europa oenlral e setentrional, foi es-
lC' coin as cedru.ônias agrárias, e)(püczim-se ainda melhor. E. pre- Ligmat.izado 1,or muitos ooncfljos.- como o d t AU.'Cetre m1 590
ciso reanimar a Terra, e,.;citzir o Cêu, !l)ara que-a hierogarnia CÓS• - e por n1uitos autores da fdade Média, mas sobre.,•iveu, apesar
mica - a ctu1va - se ÍaÇá nas melbC1res c<indiç&s, para que os disso. em cena!> res,lôes até os nossos dias'i.
oer-eais cresçam é frulifiquc1n, para que as mulhet'es gerem 6Jhos,
para que os animaii se multipliq·uen1 e para que os mortos pos,
sam S."IClar a S\la vacuidade com a for,ça \•it.al. 138. O i:a e rti:nt ração -As.orgias não se inserem txclu-
Os ka11a do Brasil estUllulam as forçu dt rtjX'odl O da ter- Sivamentc nas cerimônias agrári;.1.s, se bem que das tenham Sêm•
ra. dos aajmais e-dos homens pot uma dança. f:il!ca imita o pfc coincidências precisas oom o s ritos da tegencraç.ão (o "nô\'O
alo gerador; a dao,ça é seguida de urnil. of8ia co ttva 1quc6. Podemos
-;i.oo") e da fecundidade. o $Cntido metafísico e a fuoção psico-.
entrever \'estigios de shnbolUmo [áli,co nas cenmõnias agrár!-3s 16gica da orgia ficarão lUais claros em outros capítulos desta obra.
européias: assim, represeutu-se, às ,,ez,es, o 'velho" de maneira Podemos, no entanto, st1fl)ftendcr. desde já, uma perfei,a ana·
falomorfa e cha,na se à \il1i1na gavcla ''a prostituta''• oo, então, logia entre. o ftoômtno agrkola e a mística agrária, de um is.do.
faz. se-Jhc uma cabo;a ntgra co,n 13bi<>s \'ennelhos, Cl!'i nah:ne11; e, de: outro. a orgia co1no modalidade: da vida coletiva. Coo.lo
te as COl"e$ mágico.simbólicas do órgão genital femuu.oom-. Ha as sem ntcs que pe.rdt1n o seu coo.torno na grande fusao subter-
que- mencionar· ainda os exoessos que tinham lu m oertas fes- rânea, desas.regando-se: e tornando-se outro coisa (germinação),
tas arcaicas da vegetação, p0r exemplo, nas Ftorabas dO:$ roma- oS homeos perdem a sua individualidade 11a orgia, fundindo-se
nos - a 2? de.al>ril -QY:'!nçlo cortejos de ta pazes e moças desfi- n,una única unidade viva. B assinl que U' realiza lUna confusão
Javam nus nas ruas, ou nas Lupercálias, cm que rapazes Locava1n patéüca e definitiva cm que já nál>i possivel dJsti.nguir nem "for-
nas 1nulheres·para Wrná-las fecundas., ou na Holi, s 1,rincipal fota ma" ne,n ;iki". Experimenta-se <>\Hta vez o es1ndo priroordiat,
indiana da .,e,getaçâo. em que tudo e pc-nnitido. r,ré-tonnal, "c.16lico" - esi.ado que oorresponde, na ordem cos.
A Holi conservou, até épc,ct'I reçeote, todos os atributos e mológica, à "tndifcrenciaçâo'' -ta.ótica snterior à criação-. pa-
uma otgia coletiva. desencadeada para e. ace-i bar e· levar ao ma- ra pron:iovcr, pela \'irtude da magia Unitativa, .a fus o dos gcr-
)(i1no as forç.3$ d-e reptodução e de criação de loda a 11atu eu. lites na mcsana matriz tclUrica. O homem rcinte.a,ra-se numa uni•
Tod:J decência ée!)quecida, pórque se traia de sigo bem mrus sé* dade biocósmica, ntesmo se essa unidade sig,iiifica uma rea:ressão
rio do que o respeilA) da$ normas e dos. co.stumes: tr.ua•se de- as- da .modalidade de J>CSS,()a à de sem.ente, Em ocno .s;eniido, a orgia
segurar à vida a sua 00111.lnuidade. Grupos co.mpaaos de ho?""e.os tt.tnsmuta o hoinem ouma condlÇtie> agricola. A aboUÇão das nor•
e de criao,ças circulam pelas ruas cantaindo, gritando_e asp«g111do· mas, dos Jimites e das indi\•idualidndes, a experiência de ,odas
se com o pó de holi e com água avennelhad:i. pois o \•crmelho as ssibíüd:idçs teh1rlcas e noturnas equjvalem à aquisiç,ã-o da
é cor vital e- genésica por excelén-cia* Sempre q u e enoont.ra1:1 condição das se1nentes que se deCômpõem na terra, abandonan-
mnlheres ou que se- as vislumbram por ftá!i das cortLnas, a tradi-- do·a $Ua fonna para darem origem a uma nova planta.
ção impõe que se dirijam a elas as 1nais violenl.tS obsccnidad A orgia, entre ou1ros funçõ que <lesempenha na economia
e injúria,. O valor má&lco das injúri . . ob,(:ellas t bem <onbm- espiritual e ])Sicológie-a de uma colêlividade, tem também a de. tOJ•
-
292 TRATADO D E HISTÓRIA DAS .R.iL/0/ÓES A AGRICULTURA E OS l'ULTOS DE FERTIUDADE 293
nar possível e de preparar a renovaç;1<>, a 1eaeuer ção da vida. quetfpico. Nada se obtém sem c:sfor90, só tt<'tbalhando se pode
O dcs1>crtar de uma orgia pode ser assimilado ao apatcclmeu10 ganh a vida, isto é, agindo em çon(ormidade com as normas:
do reben.10 verde na lerra arada: é uma vida nova que. com('Ç<l repetindo o.s geslos primordiais. Ponanto, as csperaoças que o
e, para esta vida a orgia saciou o ho.oient de substância e de to• h_otnt'm da civ1Jj2ação a ricoJ põt. no e-xemplo da vegetação es•
u1siasmo. ti.tais ainda: orgia, reatualizando o e.aos mítico arth!· tao, desde o começo, onentacfas para o ge$IO, para o 010. Proce-
rior à criação, torna possível a repetição d criação. O homem dendo de certa n1aneira, aa;l.ndo segundo cercos modcJos, o ho-
regrt$S.ll provisoriamente ao eslàdo amorfo, no1urno. do C30S, me1n pode ter esperança na regmera o. O ato, o ritõ, é lndi s -
para poder renascer com n1ais vigor na sua forma diurna. A or- pensávd. Teremos de Ler presente esle p0m1<nor qua,1do t'stu
gia. da mesma forma qúe a imersão Jtá água(§ 64), anula a aia- da!'m s 0$ antigo$, qu,,e não ronserYaram $6 vestigios
. ti.slérl
çào mas regcnern-a ao mesmo tempo; ideutiítcando-s.eoom a to- de cenmôn1a..s a3ninas, mas que riâo teria sido possh•cl organizar
talidade nâo diferenciô'lda, pre 0 cósmi ca, o h,omcm espera voltàr em reJig.iões h'liciáticas se uào livC$Siem 1>0r trás um longo perío-
a si restaurado e-regenerado, numa palavra, "um homem oo,•o". do pré•hlstóriéo de misiica agrária: quel' díter, se o espetáculo
Na estruu.1ra e n11 função da orgia, encontramos o mesmo desejo da rq:entrnção periódica da vegetação não tivesse revelado mui +
de re()étil' um gesto primordial: a cria,çlo organi1.ando o caos. Na (OS milênios antes, a solidariedade do homem e da sement'e e a
alternância vida cotidiana-orgia (Satu.rnai&, o CatnavaJ, etc.) en• e.sper nça e tl01 regeneração obtida ap6s a m0tcee pela m ne.
contramos a mesma visão rítmica da \•ida, formada da ação do E hab1n1al d17.er-se que a descoberta da agricultura mudou
sono, do nascimtnlO e da morte, e a 01es1ua intuição clclica do radicah1.1en1e o destino da humanidade, assesurando-lhc unta ali-
cosn\OS, que nasce do caos ·e a ele regrc!Sa por \utH\ catástcofe mentação abundante e permitindo, desse 1nôdo. um crescimento
ou uma nu1hâf)l'flfaya, 11nla "grande diM-Oluçil.o". Não há dlivida prodigioso da população. ti.ias a descoberta da agricultura teve

º.
de que.as formas monstruosas s.."to de& d desta iniuiçào fun- COllStQüências decisivas por 1Jma raZlio muito diferente. Não íoi
dau 1ental do ritmo .cósmico e da sede de regeneração e de teno• C!escimcoto população ne1n .a sua superalitutntação que de,.
,da
\'Q\iíO. }.fas nâo é dessas fotnt.'IS abe1Ta:U.teS que nó& devemos partir c1d1ram o deshàO a humanidade. mas a reorla Q.ue o ho1uem ela-
para co1npreenckr a origem e a funçilO da 01"3ia. Toda "festa" borou ao descobrir a ag,rlcuhura_ O que ele ,•iu, nos -cereais, o
oo,npofta a ,, çào orgiástica. na sua estrutura. <iue ele aprendeu nesse oonta1.o, o que eJe ,·01111,reendeu do exem-
plo das sementes que perdem a sua forma debajxo da ttrra tudo
isso '?Onstituiu a Hç·.ã dcc-isiva. ,A agricultura re\•elou ao h menl
139. MísOca agníria t sote:rlologi:1 - T e m o s de sublinhar à a uo1dade fUndrunental da vldá. Orgâni c a . A anal o g ia roull1er-
estrutura soteriol6gicíl da mistica agrária O\esme> nas formas que campo, aio gera or-semeadu.ra, assi1n oomo as mais in1pottan-
nâo são Of$iâsticas. A vida vegetal que se- rt',genera p o dt.s.apa. tcs sinteses mentais, saíram dessa r \·eJaçâo: a vida ritmi . a mor-
recimento apal'ettle (o entetTill' das seinentcs) ê ao n1esmo tem· te co1àprecndida COOlO rcgrcssão R ESS3$ sinteses, n,entais foram
po, Ull) exemplo e uma aperança; o mtsn10 J)Odt. acontecer 001n esse ais par3 a evolução da bumaàidadc e só íoram possí v eis
os ,nortos e çotn as almas. É •;crdadc que o espetáculo dessa ,e. <1:ix:,1 da descoberta da agdcuJtura. E na 1nftica agrária pr +
h1sto:1ca que se encontra uma das principais raízes do otimistl;'lo
gcncração ritmica não é um ''dado n , que ele não se oferece. dire-
tam-enie- à çontemplaç.ão do homem; não deixa, no entanto, de sotcnológjco: tal conto a semwte oculta na ter,ra, o 1nor10 póde-
1cr esperança de um rear.esso â vr.<!a sob uma forma no,,,.a. /\;las
stf nas crenças arcaic.a.s un1 fa10 que. se produ..: gra,;áS aos rito
a vis:ã? melancóliC.'I, por vezes plica, da vida tem. tambem, a
e às ações huJnanàs.. Obflm•U a ce eraç:lo por tos mágicos.
,Sua ori.gcm n.a OOtUemplação do mundo \'egetal: o homem é se--
pela Grande Deusa, pela presença da mulhe.r, pela força do Ero
JUelhantc à flor dos cam1,os ...
e pelaoolaboraç/ki do cosm.M inteiro (a chuYa,. oro.lar, etc.). Mais:
ainda, tudo isso 6 é possivel como re-pet(çlo. de um gesto pri-
lUOrdiaJ, obtido quer pela hitrogalllia, quet pela rea,ene1ação do
temp,o (o "uovo mo''), QIJ.ÇJ txla çrgiaguc: reatualiza o <iS ar-
X

O espaço sagrado:
templo, palácio, "centro do mundo"

140. Bkn>íania <' r<'P«iç:ic, - T o d a a-cratofania e toda a


hie-.rofania, sem distinção a.L,auu1a. ttansfi.guram o lugar que lh e s
ser,•iu de teairo: de.espaço profaoo que era até então, tal lus.:i.r
ascende à categoria de espaço sa.$C'ado. Assim, para os canaqucs
da N-oYa CaJedô1úa. "no mato grande: quru11jdade de rochedos,
de pedras furadas Lêm um sencjdo pattic:u)ar: tal concavidade é
propíC:ia à chuva, ou1ta é bábftaLdc um iotero; certo lugar é frc,
qOen1ado pelo espírito vinga.dor d,e uLn homem assassinado. To-
da a paisagcJn es1 . desse modo, ani.mada, os seus nuUs pcquc-
oos detalhes: têm uma significação, a n.1.1ureza está ai.rl'q:-ada de
história humana'''· Dir-se•ia mais .exatàmen1c que, devido às cra-
tofanias e às hJerofan.ias, a naturc,t3 sofre um.a tran.\fi&\!rnção (le
que s.ai carregada de. mito. Partindo das observações de A . R.
R1.1dcUffe-8rowned A. P. Elkin, Uvy•BL'Uhl esclareceu. de modo
feliz, a õtrutura hicrofâWca dos espaços sagrados: ''Entre os in-
digena$, nunca o lugar sagrado se anresen1a lsoladamentc ao es•
pírho. Ele sempre faz pane de. om complexo em que entram tam-
bém as esl)êcies vegeta.is ou animais qut af abundam em cen;;is
es1aç . os hcrôis mi1icos que a( viveram. vaguearani. ctiaram
e freqüen1cme.11te forain incorpora.dos ao solo, as cerimõni!1$ que
ai se c:debraraao periodicamente e. enfim. as emoções suscitadas
por este conjunto. •·l
O principal elemento desse co1nµlexo é, scgu.ndo Radcliffe-
'Bro\\'n, "o centro local 101êrujco1 e \ 1erifica-se. ná maior parte
dos caso.s, Utt\a Ligação direta - uma "p a r1i1::ipação'', para em-
pregar o vocabulârio de Uvy. Bru.Ld - entre os turos totêmi·
cos c, cerw fia,uras míticas que viveram na origem dos ie,;npos
TRAT.- tDO DE HIS1'ÓIUA {)AS REUOIÕES O ESPAÇO $AGRADO 291
e que criá.fui, OESSe 1nomento, oenLros tolêmicos. Fui fd, nesses toda a sua «onomias. . O que eles vão pedir a estes lugares-é que
espa._. likrofànko . que se opc.ra:rllm as revelações primordiais, os tnanienhatu ffll solidarieda.de mística <:om o ttrritóôo e oom
foi. aí que.o homem foi iniciado na maneira de se nutro, de-asse·· os antepassad que. fundaram a c:ivilizaçiio do clã. A ne<.:CS$ida·
gurar a.continuidade das suas res«:1vas alilnentares. Por isso to• de que O$ australianos sentem de- nt.µiter o contato conl os e-spa.
dos os ri1uais alimentares celebrados nos limites da área sagrada, ços .hierofânlcos é de essência :religiosa; e não é outra $Cnão a de
do ceat1ó 1otêm>Co. não são mais <lo que a imitaçãC> e a reprodu· ptrmancccr em comunicação direta com um "centro" l>fodutor
çã'o dO!Sgestos re liz."'os in illo te111póre p.:los seres m.í1icos. u s de saeralidade. Por 'isso esses oeotxos se deixam muito dlti<:llmenie
dessa forma que 01; heróis do 1e1n·po tira\•am, ouuora ú)o pcrío· despojar dOISSéus. sortilégios iP.\Ssam, à guisa de herança, de. um
d<1 mitiro, bugart), dos us. bura<:os. os 'bandicoots 1• os opos• povo psra outro, de- uma religião para outra. Os rochedos, as nas-
sums, os peixe-3 e M abelhas. "3 ceut.es. as a,ucas. os lx!S<lttes \·enerados no decurso da ·proto-
De fato. a noção de ttpaço s:a.s:rado implicá a idéia dn repe- hjStória continuam, sob form.a.s \'ariadas, a sc-r tidos como sagra.
tição da bierofru.1i.;"J primordial que oonsagrou este esp.,ço dos pelas populações cristãs de hoje. Unt observador superficial
tra.nsfiam-aodo-o, singulari:z..,ndo-o, cm resumo, isolando-o does-- corre o risco de tomar por uma ''supcr.,<;lição" este aspa:10 da
paço profaoo a s1Ja voha. O capltttlo seguin1e- mQ.\'tlará como uma rdi;iosidade popuJar e de. ver nele a prova de que (Oda a \•ida
idé{a anákJga de repetição serve desupOl'te à no,;ão de tempo S3• rclís.iosa coletiva é oonsrltufdtt, em boa parte, por uma hec,wça
grado e funda1t1enta tanto os inú11.leros sistemas 1·huai.s como, de a pré.história. Na re.alidade, a Continuidade dos lugares sagra-
maneira geral. as esperanças dó h<>1nem religioso quanto à sua dos dcmons1f;;1 a autonomia das bierofanias; o s.'lgrndo U\aoifesta-
stdvaçã.o pessoal. Um (Spaço grado àsserna {l sua vaJidade 1l se. seg1wdo as leis da sua dialética próprià e t:5ta manlfestação
perma.n.:-ncia da bicrqfanja que. e:m dada altura. o oonsagrou.. E impõe-se. ao homem de/ora. Supor que. a ''C$COlha" dos lugares
por isso que ce,1.1 1ribo da Boli\'ia volta ao lugar que julg,a ter sa.grados é dejx_ada ao próprio, bomesn é, ao mwt•o tempo. tor-
ido o berço d<J5 seus antepassados sempre (lue sente necessidade na( inexplicável a <:on1i11uidade dos espaços sagrados.
de renovar sua energia e sua \•itaUd.'lde-1 . .. \ hie-rofania não teve,
p0ls. por Uniro efeito santiticar nma dettrnünada fraç-ã.o.do es•
paç-0 profano homogê:noo; aléo, disso, assegura para o futuro a 141.. Consaa:raçio do espllço - De- fato, o lugar ounca é··
perseverança dessa sacr.t1klade. A , : 11esu1 área, a hkrof-aoia revete- coU1jdo" pelo horne1n: ele é, sUupleso)en1e, "descoberto'' por
,e. O lugar uansforma-se, assim, numa fonte lnesgo1áY<l <le for· ele6, Q\I, por ou..tras palavras, o (Spaço sagra.do re'lefa·se-lhe K>ti
ça e de sacrali®de que permite .-o homem, na oondiçào de que uma ou outra f'onna. A ''revelação" 11:lo se produz oeces ria•
alj peueue, tomar parte uessa força e.00tnungar nessa sacraiida· mente por intertuéd{9 de fornw hietoíãnica.5 dir'etas (este espa.
de. Tornando-se essa intuíçâo elementar do luiar, pela hierofa. ço, esta nascente, esta árvore, etc.) ela é obtida, por \'CZCS, at.ra•
Dia, um ''centro" permanente.de s:i.cralidade ela otieu1a e cxpli- "<és do uma técnica tradicional saída de- um sistema costnoló.$1.co
:a iodo u1n conjunto de sistemas .muitas vezes complexM e den• e baseado nele. A t>rit11totit> é um dos p sos usados para ''des-
so.,<;. ·las. pot· muito variados e odifercntemé'nte elaborados que cobrir" os lugares.
sejam os e.spaçô$ sagrados, todos des ofe1ece111 u1n traço comum: Evidenten1oe111e, coolo se vetá, os sarttuátios não sao os úni·
há sempre unlll á.rea defi.nída que torna pOS$Í\•el (sob formas aliás cos <1ue exigem a consagração de um espaço. A construção de
muito variadas) a comunhão oa S,..1cralklack. uma casa irnplica, também, u.ma uansíiguração aoáJoga do "
A continuidade d.as hicrofania.s. 1aJ é a cxplic.açào d;i perc- paço pro(an9. Mas, em 1odos os (;)SOS, o lugar é tegularme.nte
oidade desse:s espaços consagrados. Penis1lndo .(la consetva lndi do Pôf aJturtta oojsa difertnte, JSCja uma hi«ofania fulgu·
dos seus ha.gares secretos tradlcion;,j_s. os austtaJj::ino.s não pen· rante, seja pelos principios 005mológicos que fundament.'\lll a
san1 na pressão de um lntc-n:sse de ordem c:c:onómita. Yisto que. orientação e a s:eomancia, ou ainda. eiu forma ,n.-ús si.inples, por
co,no no1a Elkin uma vez. ao rviço dos branoos os indlgcoas um "sinat•t carregado de uma hierofanin, geralmente um animal.
passam à depender des.tt! no que djz re!J)C'ítO à alimentação e a Snrtori rtUniu abundante docurntntaçào sob(c a validac:J.o pelos
298 TRAT.,.1D0DB HIS((JRJA DAS RELIG'IÓ&' O ESPAÇO SAGR..tDO
299
sinaj:;, anima.is di â.reá destinada a \Ull.3. institui,;:itO humana-'. 1\ O inesruo se passa com as muralhas da cidade: antes da se-
presença ou a aus ocia de fcrmigas, d.e ratos ... é tida como sinal rem defesa militar, são defesa mágica, visto que rcçervaw no 1ne.io
túerofllnioo dtcisiv-0. Por vezes. deiia.-se em liberdade um ani- de um espa o ''c-.i.ótico'', povoado de demônios e de J as. um
mal do1néstico, u.111toi1ro, por exeo1plcx ti<> fin1 de alguns dias, espaço organizado . . . oosmicWdo••. quer dizer, ptovido de um
procura-se o an.imal -e. no local oode ê<ncoiur do, 3Í é sacrifica- "cc tro". Assim se explica que. e,n período crhico - ct'rco, epi-
do: ê aí q,1e deverá erautr-s: a cidade. dem.1a - . <?da .l população se rtú.na em procissão cm \'oha dos
"Todos os $antuárlos $âo corqr:;idQs pôf un.1a t oíanla". muros da c,dacle, reforçando deste modo a " ' ª qualidade de li•
CSCN\'ia Robe.rcoon Smilh*. /\.las i l S\Ul observação nào deve ser míte e J?fOIOÇf10mágico-religiosa. Es1e cnvolvin)ento pt·ocessi
CO!lsiderada linlit:itiva. Aá. que estcnd!!-kt iu moradas dos eremi- nal da od&de com todo o seu apardho de retfqu.ias, de círios, etc-. 1
tas ou do• santos e, em get't'\I, a toda habita.cão humana. ••Se,. rcstt'SC-, às vezes, de UD\3 fOl'Jlla. 1ná$ico-sintbó-líca: oferece-se
gundo a lenda, o 10:trabu que fundou Bl-Hemel no fi1n do s&uto ao santo JXl-trono da cidttde um cí.rio c\\jo co1nprimento é igual
XVI parou para passar a noite perto da nasc:enle e tSpelOU um ao perímetro do reci.tuo. Essas práticas de det'esa es1.ava1n muito
pau na tetra. No di.i .seiuinte-, oo pretenda arroncá-lo para oon- difundídas na Idade f\fcdia U . Mas encontram-se tambêo1 em OU•
tluuar a sua rota, viu que o pau dnlla ga.nho ralu$ e que nele 1tas éix,cas e e oul os meios. No norte da Índia. por exemplo,
tit\b.am aparecido rcb,entos. \ 1t.ndo nisso \lm sinal da vontade d t m tempo de epidemia, faz-se.em \olOlla.dn aldeia \ltn cttcu)o d s
Deus, ali fixou a iUa motada-. ,,, Pc:,1 seu 1ado os lugarts nos tinado a i.mpedi_r aos demônios da doença a etn.rada no recinto•'.
quals \'i\'eram, prcgara,n e foram entt:rr.i.dol os s;11.n1os são satlli• O " irculo ntági,eo·", que 302.a de t.anto fa\'Or en1 muitos riluai$
ficados e, a e título. isolados <;lo espaço prof'ano lin1ftrofe p0r 1»á8)co-reU.3Josos. 1era por principal finalidade estabek(:cr u1n;i,
meio de O\Uros ou bam:iras <le pedras'º. Já tiaviátt'!OS: e:ncontta- compru1in)en1ação entre- dois espaços hctc:rogêne-0s.
do ('Stes amontoodos de pedras oo l,ugares onde alg1.1é111 per«e-
ra de n1ortc "iolcnta (raio, mordedu.ra de serpente., etc.), u:ndo
cnlão a "morte \ iolerna" valor de c.ratoíauja ou de hie:rofania.
1
142. ''Coostr'l o· do tsp ço, sagrido - P. certo que- os es-
O 1nuro ou o círculo de pedras que encerram o tsp390 sa- paços sagrados por excelência - altar . santuários - são ''cous.
srado con1am-SC- entre as mais antitas estru1ur arquj1etônicas truídos" segundo as prcscÔ:ções de cânones tradicionais. 1as es-
conhecidas no domínio dos santuátios. Apáreoetnjá nas civiti:t.a· ta " tlStl'ução" baseia-se., cm última análise, numa revelação pri-
es l)roto-indianas r ,t pJo, e oh njo,-Daro) e ea,éias 11. m rdial que .d bt ill<J 1e111pore o a1·quér.ipo do espaçosa-
nd
o 1nuro ou vedação não •m1>11ca t nlo s1g.nirtta a1>ent1S a presen- grado, arquct11,o ucol)lado • l'•peudo depois indefinidamente na
ça continua de utna cratot'ania ou de no)a hierofania no interior conltrução de todos os novos aliares, de todos os novos templos
do recinto; ele cen1, além disso, por objetivo preser,•ar o prof no ou santoá.rios. Dessa ·'con.st.rução'' de wn espaço rado a par.
do peri&o aqui! se exporia se al.i penetrasse os devidos cuida-
dos. O sagro.do é sempre peri.gQSO para quem t.nt.ra cm tontato r de um .in?ckJo ou irquêtipo enconuam·se cxe1nplos por toda
,l P.'Ul. Limitar-nos-emos a alguns Ca$0$ tirados do n)undo otien-
com ele sem estar preparado, sem ter passado pelos •·moviJneo• tàl.. C1tc:inos, lXlr exem1>lo, o magd iraniano. Des.ligando-se das
tos de apro,cimaçiio" que qualquer ato de religião requer. ··Não
te aproxlmes daqui - diz o Senhor a Moisés-_. tira os te sa• tlf.tS Lntc-rp1açõ:es de:;te termo" Nybe-rg liga-o ao n1ayo do
V1dt!l'd.i1 11, que clesia,1:i o aio de. purificàção rc.ali.zado nutn es,
patos, porqi.ie o luaar onde tsl.ás é terra santa.''1 i D.'lf ?i inúme- p ç,o consaarado e no\·e covas e ve nele o lugar sagrado onde
ros ritos e prescrições (como é o caso dos pés nus) refauvos à en- 3 impureza é abolida e- onde se lorna po$$ívcl a \11l1'1.o do Céu t.
trada no ten,p1o, atestados freqCientcmente tanto entre os fflni- T rra 1' . é nesta zona be1n delimitada que se .reaJjza a expe-
tas como eoue. os ou1.ros po\·Os t1\editerrârtioos I!. Quaisquer que r cmdo grupo q1sc Nybéra desia;ua: ''a comunidade Galha"•'.
tenham sido a.s \1aloriiaçõcs e interpretações dadas, no decurso
dos tcmpOS.. à impuf'!.ãncia do ritual do lint.iar do templ() ou da
casa. ela e.'(p)ica-se ig1.1aln>cnte pela função separadora dos limi- • Cddnet tctdu.ti.ll-0 p,:,r "811nd, Cel1dmbund" - "União" ·'União SI?·
tes tal oomo a definimos l -4. <'l'tl3. Ou 1:«fo". (N.T.P.)
)00 TRA·TAJ).() D E HISTÓRJA .DA$ RELIOJ(}E,S O ESPAÇO SAGRADO 301
A construção do altar sacrifical védico é alnda )»ais instruti· Qualquer uo instalação humana ê, em certo sentido., uma
va 3 esse respeito . .. \ consagraÇão do espaço deseru:oJa•se segun- reconstrução do mundo(§ 151). Para poder durar, para ser reol,
do u1n duplo sin1boll$mo. Por um lado, a CônSLruçâo do ait3J' é a uo,,a babh.ação ou a nova cidade devem s.er projetadas, por meio
coi>cehlda como u1na c,riação do mundO""(.I . A água na qual se do.ri1ual da construção, no ''oentr'O do uttiverw''. Segl!.OdO lo\1-
Mi.assa a argila é assimilada à âgua primordial, a argila <las run- mffilS tradições, a criaçâo do inundo começou nu1n cen1to e, p0r
dações do altar à terra, as parede$ laterais à atmosfera e. assím e,ssa razão, a COLUlruçtto d.a <:idàde deve 1ambê1u desenrolat-st C'm
!:ur.essivameru#'. Por ou1r-0 lado, essa C'Onstrução tquivale a \1 01t a de UU\ cenuo. Depois de. ter aberto um fosso pi-o fundo U'os-
uma intcg.raçr,o sirobólica do ten1po, a sua ·•materialii.ação no $0), Rô1nulo encheu-o de frutos. eobdu-o de terrn, erigiu po.r ci•
próprio corpo do âltat''. ·•o altar do fogo é- o ano ... As no!tes LU:t deJe um altar (ara) e traçou «im o arado o sulco dos liJnites
s:ão as pedras de vedação e destas há 360 porque hã 360 no11es de proteção (desig_npr moenla sulto)15. O fosso era uru ,nundus
no µ.o; os dias são os tijolos yaír,sma1t. pois <1ue es1c.s são 360; e., Cômo obse,1·,·a Plu1arco1'S, '",deu-se a este ÍO$SO-, como ao pró-
ori, hà 360 dias no ano. u n O nltâr torna-se assltn um microoos-- prio universo. o no1ne de mundo" (ntundus). Este mundus era
mos que existe oun1 e;paço e num tempo místicos qualicativruneJHC o lugar de in1erseçâo dos três níveis eósinicosl?. S provável que
di r-ere1ues do es1>aço e do tempo profanos. Quem di.t construção o n1odelo primitivo de Roma lenha sido. um quadrado inseri10
de altar diz, ao tuestno tempo, r(])etiçiio da cosmogonia. O sen- nunl cf.rculo: a difusão extreLuao>ente extensa da tradição tênlea
tKlo profundo de tal repetição cm breve nos aparecerá(§ ISJ ss.). do circuJo e do quadrado )eva a tMa suposição:*.
O mes,no sianlficado cosmogónico se ,·erifica na eons1rução Por outro lãdo, não devemos nos dei)Cr iludir oo,n a :.igni·
do mondala lal co,no a proticam escol8$ tântricas. A palavra Ítcação ctôoica dos monumentos circulares. gregos (bathros, tllo-
signifiea '<:íl'<:'ulo' 1 e as u·aduQOes tibetanas traduzem-na qutt pOr f<>s, thy1118{!)" tão ,•igorosamenie manifestada pelas investigações
·'cenlro'', quer por ''aquJJo Que r,ode:ia". Consiste numa $ér?e de receotes de P. Robert 29•·Res1.a.s.1ber se & a significaç!lo exclUsi-
círculos? eoneêntríoos ou n;)o, inscritos nu,n q'!adrado. No 1nte va nâoé, de fato, o r \Jltado de uma "especialização'' eaéia, dado
rior deste diagrama, desenhado no solo por n1eto de um fio oolo- que os monumentos saa.rados de qualquer espécie, 1nes1no os me>+
rido ou de farinha de artoi colorida, oonstroem-sc inaage.ns de llumcntos funerál'ios (cr. o stUpa indiano), apreseritam e,m geral
diversas d.ivindadcs tântrlros. O mandata é, sôn\dtancamcnte, un1a um sentido cosmológico mais asto: o de uma interseção de to-
imoao ,nundi e um panttf10 siml>ólico. A iuici o çonsiste, es- dos os Lúveis.cósm.icos que raz.de cad.1 construção um "centro'',
scncialme-nte ) para o ncófit , em penetrar nas difetentes zon ' África oftm:c·nos, a e,<e respeito, um e.xempto insirutivo em
A
ou nivcis do mandata. O rito podie ser encarado como ums cqw• que ó Íâtor ctônico não OC\ui.a :a Inspiração cosmog6nlca. Trata-
valêoci3 do prodakshina, o eerimonial bein oonhecido ·da volta se do cerimon_inl de fw1daçrío <las cidades no l>O"º mande, que
ao templo ou ao monumealo sagrado (#fipa). ou d:11ioicisção pela Frob<:nius descreve e que Jcarimairc e Kerenl comparam, com jus•
en11ado ritual no labirinto. A assi:mitação do templo ao msndala tez.a, ao cerimonial da fundação de Ro1ua » . &te ritual africa.
é videute no caso de Barabudur!3 e dos 1emplos indot:ibeu,nos no, mesmo con1portando Jeateruos aõnice>+agrários (sacríf(clo
coostrufdos sob innuancia das doutrinas tãncti . 'Iodas <::ssas d lOUt(? e ereção de. um altar falomorfo por cima do seu órgão
construções saaradss representam simbolicamente o lntl,•erso na gerador), repousa nun1a concepção oosmogônica. A fundação da
sua totaUd.ade: os nndâr<::s ou t«raços são ide11t.lficados co1n os "º"ª cidade·repete a cria1,'ão do mundo; oo,n efeito, uma 1,·ez o
"céus v ou os níveis cós1nicos. Em certo sentido, cada u1na dei- lugar ,·atid3do rhuahnente, erguc $C· uma defesa em forma de c(r.
sas cons.ttu9Ôes reproduz. o monte cósmico, quer dizer, é oonsi• culo ou de quadrado. nela se abrindo q·uatro porl8$ correspou-
dcrada <::oroo sendo construfda no ''centro do mundo•'. Este !im• den,es aos quatro pontos wdeaJs. Ora, como já Usend" tinha
bolismo do ces,uo está impUcito tanto na eonstruçúo das cidades mostrado, as cidades est!io à .se1nelhança do coonos, rtpartidas
como na das casas. co1110 ntos1.rarem()$ cm brc,-c: é "centro", com em quatro; em. outras palavras, elas são uma cópia do unive1'$0.
efeito, todo espaço cousaa:rsdo, quer dizer, todo espaço no q al
podem ter lug.lt as hierofanias e as tcofanias e. no qual S'e veriftea
urna po:1:1ibilidade de ruptura de nlvel en,rt o Cêu t a Tt·!Ti%, • ·Borlrrw a ros..,it; thQ!Q,t • abõtlaaa. «ipul:i; 1Jmn1ét6 • 9lta.r. (N.T.)
302 TIU TADO DB IJIS'tó.P.IA DA.S REUG/(i.BS O ESPAÇO &10.8AD0 30)
143. O ''ttniro do ,uundo" - Dado que o simbolismo do imaae111 o eo$mos, é oonstruid..) em forma de montanha 4 l .
"centro'' e. suas implica s cosn,ológicas jà Ja.sam objeto d e " ' · Subindo-o, o perea.Jino aproxima-se do ·"centro do mundo'·' e,
rios estudos an,erioresn. mt.neionartmoo aqui a.pena$ alguns no terraço superior, tealiia uma ruptura de nível. Lranscendendo
exemplos. Ab.arc-0.ndo os fatos. numa visâo geral, pode-se dizer o esp"9') profaoo, heterogeneo. e penetrando numa ''terra pura''.
que o si t bbolisn10 cm ques1âo se anicula nn tr@s <'onjuntos soli- As cidades e os lugares i;antos são asslnúk1dos aos cumes das
dários e- complerne1itares: 1! , no eentro do muJ'ldO encontra« tuonta.nbas çõsmicas. Por Isso Jerusalém e Sião não foram sub,
a ··montanha sagrada", e é ai que o C*l.l i\ Tçrraseencomran1; me,s.as pelo dHúvio. Por outro lado, &eal1ndo a tradição islâmi-
2?, qual<1uer templo ou palácio e. PQr cxcensào, qualquer cidade ca, o lugar n1ais elevado da ,erra é a Kaaba, porque a estrela l)O·
saar;ada e qualquer residência real.são ;'ll,$lmilados a ·tuna ••mon· lar indica que ela se acha ero fren.te do centro do Céu ,1.1. Na ca•
t.anha sa&l'ada"., sendo assim f.levados a ••c:en1r ''; 3 . por sua pital do soberano chiuês perfeito o gnô1noo não deve projetar
vez, sendo o templo ou a cidade sagrada o lUtlat por onde ptl.SS3 sombra no dja do solstk.io de verão, ao meio-dia. Esta t,ifal
o ,-1xis n1u11di, slio por isso olhados como o ponto de juor$o do aeha,se. efetivamente, no ten1ro do univer.so, perto da árvore ml 4

Céu, da Terra e do (nferno. raculosa ;. l ) au ergujd()" (J(ie11•111011) 1 no local onde se cnLrecru-


É·as.Ym que nas crenças ln.dJ na:; o monte feru se ergue t\O ??m as crês zona,; cósmicas: Céu. Terra e lnferno,1s .
meio do rnundo e por cima de-lc brilba :i estrela polar. Esta con- Bfec,ivrunentc, por se situare:in no ceuu·o do cosmos, o tem-
cepção é partilhada pelos po,·os utalo#altaico.s, irao.ianos, plo ou a cidade saar;;ida slfo $Cmp;re o ponto de ei1coou·o de três
g.erm!inicos"; ela aparece até entre os ''prin1ilívos·•, como os real&s cósmicas . Dur-an-kl, "lj&..lçâo entre o Céu e a Terra",
pigrueUJ de ?vlalru::o''. e parçcc estar ta,nbém presente no Wllbo-- e.ra o nome dos santuários de Nippur, de LarS3 e certamente tam-
lismo dos monumentos pré-tilitôricos >1 • Na lesopotâmin. llJ» bénl de Sippat46. Babilô11.ia possuía uma infinidade de no1n.cs,
monle central - a "montanha dos terras" - une o Céu e a Ter- ntre os quais "Casa da b do Céu e da Terra", ''Llg_açúo e11-
ra . Tabor, o nome da monwnha palt'$tina, poderià rnnito bçm ti:e- o Céu e a Terra'>-4'. 1\13$ era sempre e,n Babilônia que se fa.
ser ,ahbúr e. sJani(icar •·uu1bigo". ort1phalos'J1 : o monte úeri·ânl zia a ligação entre a Terra e as Nsiôcs inferiores, potque acida-
era dtsiSJ'lado ,·,o u1nbis.o d3 terra" (tabbt'lr eres)li, A Pal-ci;tina, de tinha sido oonstru:ida sobre bâb-ops1, "porta de Apsu"4, e
graç à sua oondição de. luaar mais <le,,.ado - encontra-se, efe,. aJ)Su designava as águas do C.I'OS anterior à <tiaçâo. Encontra-
ti.vamcnte. perto do topo da moniaJtha cõsn1ica-, não foi inun- 1nos essa 1uesma tradição entre os hebreus. O rochedo de Jerusa•
dada p,elo dilúvio . Para os crb1tíos, o Gólgota achava.se no lém penetrava profundamente nas águas sublerrâJleas (lehô1n).
centro do inundo: era, ao tuesmo tempó, o cimo de n1on1anhs Está dito na 1lishna que o TeLnplo se encontra jus10mente por
cósmica e o lugat onde Adão tinha S3do criado e enterrado. De cima de 1ehlJ1u (equivalente beb,alco de OJ>$U). E, tal como e,u
fonna <Jue o sangue do &f'.•ador havia banb::'ldo o crânio de Adio, Babilónia havia a "' J)()J't3. de Of)$U", também o rochedo de Jeru-
cnte-rrado pred mentc ao pé da Cruz e- ó res3a1ado 4 ' . salém eooe«ava a ''boca do 1elrtJ.t11"4?. Encontran,-se concepções
Sobre a semelhança dos templos e das cidadeseom a monta- idênticas no muodo romano. "'Qoando o mu;1dus está aberto. é.
nha oósn\ic:a, a tenninoloa,ia mesopotâmica e dara: os ten\plos por assim dizer, a porta das tristes divindades lnfel'nais que estâ
chamam-se o " m o nte cMa", a ''C3Sa do monte de todas as ler- a ". diz V rrã º. íambésn <>templo itãlico crà a zona de
ras", o "monte das lemJ>C$tadd:", a "ligação entre Céu e Ter- interseção dos mundos superior (divil'.lo), terl'estree subterrâneo.
r a " e outras dcsignaçõestl, Um clliodro do telnpo do rei Oude.a J ã obscr\1a mos (§ $1) que o 0111plu1/os era enca,ado como
diz que 1•a câmara (do deus) que ele (rcl) coostruiu era igual tlO o ·'un\bigo da terra", quer dizer, como o "centro do universo".
mon.te cósmico'"12. Cada ddade oriental se eucon1r.-iva no cen- As ,•atências-ctôo.ico•funerárias do 0111pli.o!os não lhe llnpedem
tro do n,,1ndo. Babilõt\.Ía tta uma Bâ.b-iUlini. uma "porta dos deu- a priori toda a incidência co.sntolõgica. O simb0Us1.no do "cen-
ses", pois q_ue era por ali que os deui;es desciaol a Terra. O tis:a• tro" abarca noções rnúltiplas: a de ponto de interseçâo <los nf•
raie lUesopotánllCO ,era - para dliê·IO con1 rigor - u1na monta- veis cósmicos (de canal de junção enu-e o Jnferno e a Terra)S•.
nha cósnüca (§ 31). O templo de Buabudur, que é r.unbénJ u,na a de espaço hic,ofâlliOO e siroultan.camentereal, a de espsço .. cria-
304 TP.ATA.l>O D E HJSTÔRJA DAS feELIG!ÓES -0 F.Sl'AÇO S.1.GRADO
30S
cion.al'' per e.xcelênc.ia, () único onde: a criação prx:Je co,ncçar. Por vadas pelo judai 1oõ1, O Apocslip:se judaico e.os rnlsdrasl,im di
isso. ,•e-mos na.s d1Ve1sas trndiç.õe.s a criação parti, de um "cen· r.ern de modo preciso, que Adão foi criado em JerusaJémf>l. Ten-
tro", pois que aqui se tlLCOntra a fonttde cedas realidade e, pOt- d .sido Adão enterrado no própri.Q Jocal onde foi cria.do, quer
tanco, da entrgit, óa vida. A<.:onte(C mesmo de .as tta<iiçôcs c,o,._ dizer, no tro do mundo, no 061301a, o sangue do Salvador
010Jó:8ic e:tprimi1t1n o simbo1ismo do c:eotro ern termos: que - <"orno Ja mencionamos - resgatou-o direcamente.
dil'iam colhidos na embrlotoii.1: ·'O Santíssimo c::riou o mundo
como \nn embtillo. Tal como o en'Lbrião cresce: a prutlr do umbi·
. é1.44.
"'º• tambén) PC'lts romeçou a criar <I tttund<i l)tl<i umbigô e dali 1\todelos cósmicos e ritOl de. consO'Uçiio - A cosinogo.
le eXPaodiu·9! em todas ai1 direções. »s? Yoma afirma: ..O mun· n1a o modelo de todas as con.s1rUQOes. Construi.l' uroa cidade
do foi a:iado a oom r por Sião.••JS TambCl!'.l no Rig Vedn o rna " º ! ª essa, é imitar mai.. uma \'CZ e, cm oer10 sentido, repe:
universo é oon<:cbido como dil3t:indo a·sua txtensiCo a partir de llr a cnaçâo do mundo. Com efeito, cada cidade cada casa
um p..-,nto centraJ..!<4. encon1ra-se "centro!'º uni\'erso" e., nessas eit·c nstâncias,'
A tr dição budi'ila apccsenta-nos uma. co1)cepção id!nlica sua oonsrrução_no só é póssivel sraç:.as à abolição do espaço e do tem ,.
a erjação parle d.e um cume, que< dizer, de um pooto que é, ao po profanos e insrauraçâo do cs;,aço e do tempo sag:rad .

mçsmo tei:npo, ctottal e transc::endeote. "Logo que na:ice, o Bod· 1\ casa m microcosmos, do ntesmo modo que a cidade e $ C t l l
hiS.3.ttva assenta os pés ooc:npletamentc no elt..\o e voltado para o Ptc m 1111ogo- ,nundi. O Ulnbra.J sepsra os dois espaços, o lar
Nor,e dá sett passadas, atinge o pólo e exclama; •so.u eu <1uc cs- C as.$Jffillado º. c.ensro do mundo. -O poue central 4a habitação
lOU ·no 1opo do mundo ..• (oggo'hjam asn,t tokiJSSa), sou eu que os povos pnm,u os (Urkulturd:.i escola Oraebuer.Sc.hmidt) ár-
sou o mais vdho do mundo Uet1//<>' han1 &'mi lokassa).' ,,,s uoos e none-amencano.s (S.lmoiedos. ainos. ca1ifomianos do norte
Com efeito, ao atingir o cume cósmico, Buda torna-se ronte11r- e do centro, algonqulnos) assin1ilado ao eixo cósmico. Quando
porà11eo do 0111eço do nu,nd<>. De ma:néira inâiica - pelo pró- a forma da habhaç}ío varia (por exemplo, entre os pastores-cria-
priO fato de se inserir no ''Centro'' donde saiu o univel'SO-, Bu· dore.s de g.1 da s a Cen1nt1) e. a casa é substituida pela iurta,
d.l abôliu o 1c1npoc: a <:dação ecnco11tta...se si1n oo instante atein- a funçao 0?111co•relia1osa do pilar central e assegurada pela aber-
p0ral que precede a cosmog;onia f.õ . Em breve nos dare1uos conta h';"à upc or destinada à safda da :fumaça, Por ocasião dos sa-
de que a abolição do tem.J)() profano e a inserção cm illt> tempore. cnfTc1os, mtroduz-se na iurta uma árvore cuja copa sai por aque,.
m.J'tjco da cosmogonia es1âo in11)1ícitastm qualquer "consuuç-J.o" 1. :ib tura 64 • A á.rvore do sacrifício, com os seus .sete ramos.
e en1 qualqutr coo,ato rom u.m "9ecnro". s1mboh.za as: set sferas celestes. Assint, por um Jado, a casai
Visto que a crínÇ!(o do mundo coitieça ou1» certo ctntro, a homóloaa do uruve so e. pôr outro, é encarada conto \.'SlaÕdo si-
do homem só poderia ter lugar LU?S\.Cmesmo Ponlo, real e \'ivo 1uada no ''centro'' dó mundo, achando-se a :.ibertura para a saí.
J)o màis alto grau. Sej.undo a tradiçâo mesoJ)otil.mic.a o home1:o da de. fumaça em frente da estrcla J)olar. cada habicaç·ao. pe-lo
roifeito no "umbigo da Terra" em U.v, (carne) Sàr(ligação) KI par;,ldoxo da consas.ração do cs1X1.ço e pelo rito de construção
(lugar, terra). no local ondeseencon1ra 1ambétn Du,..lln-k;, a "li- se vê transfonnada uum "centro'', De fornta que todas as casas'
3.1ção entre o Céu e. a Terra".s7• Onnuzd criou o boi primordlal, 1:'1º todos os templos, _lXIJácios e cidades. sie acham :situada\ nu
E:v.i,g:dãth. assim como o ho,nem l)rimordi:ll, Gayomard. no cen· un100 e me!mo ponto comum, o centro do uuiverso. Traia,se.
tro do ,nundoS*. O pa,aiso onde. Ad-à.o foi criado a partir do bar- como se cv;a perceber, de utn espáço transcendente, de uina e,s.
ro enconira·sc bem entendido, no ntro do cosmos. O paraíso tr t ra dife.re,uc.do espaço profano COL\lpatívcJ com uma multi·
cta o ''umblg.o da u:rra'' . seg-unclo uma trudiçOO sfria, achava. ph<:1da e _mesmo com uma infinidade de .. centros''.
se '·sobre uma won1anha mais alta do que todas as outras".s'. Na Jnd1a, no l't!_Omento de se proceder à cottStruç-ão da casa.
Segundo o livro sírio A Ca1rer-,10 d-Os Taouros, Adão foi ctiado o astrólogo determina quaJ pedra da fundação se deve ool o car
no centro da Terra, no vtóprio local onde mais tru'dc hnveriá de sob.re a cabeça da serpente que su1)c)J'ta o mundo. o mestre J-
se er:e,uer a Cruz de Jcsu . As 1nesroas: tradições foratu conser- dre1ro coloca uma es1at.-a no local de:siguado, de ruodo a "fixar º
306 Tn.ATAOO DE HISTÔRIA DAS RELJGTÔES 0 E$J>AÇO SAGRA.Dó 307
bctn a cabeça da serpente ctônica e a. evitar os trc-mores de componava, c\'idencenlente. fisura«,es muito diferentes. o la-
ter,·a . Não só a construção da casa se situa no recuro o mun- birinto podia defender \Jma cidade, u.m túmulo ou um santuário,
do oonto ela repete ainda, tm C(crto sentido, a cosmogon S be· mas.to\ quaJquer dos casos defencUa um espaço má3ioo-reJjgioso
se. efctivamecue. Que em muitas mit91ogia as mundos sauam do que se pretendia tornar inviolável :aos não·iruclados<4. A funçâo
desn\offllbramento de um monstro- p:nmord1al, geralmtl\te em for- militar do labirinto tra aJ)enas uma varian1e da sua fuução es-
ma de supeote. Tal como todas ai; habit s se cnconuarn_ nta.• sencial de defesa oonua o "mat•·, os espíritos hostis e a lllOrte.
3iç;m-wnte no "een1ro do mundo" > c.ambê.m à sua construçao se llnl ltng"";isan. militar, um Ja.birinLO impedia ou, pelo menos, di-
insere no ,nesn10 mo11,e1110auroral da cr1ação dos n\\utdoo (§ ficultava a pene-traç-ãQ do fnjmigo, mesmo permitindo a entrada
l52 s.). O 1e1npo miticó, oomo o espaço sairado, repete-se até :.\qucles que conheciam o plano da.sobras defensivas. Em lingua-
o infinito, por ocasião de cada OO\'.l obra do home,u. gem religiosa, impodkt o acesso da cidade aos cspfrllos de fora,
nos <len\ónios do deserto, à morte. O '·centro" abarcava, cn1ão,
codo o conjunto da cidade., cuja oonfiguraç.ão repl'oduzia, como
]45. SimboltSmo do "centr ·· - Oran e núme::i.'? de '!1-ilos vill)OS, o próprio u.njverso.
e de te,1das fazem inttt,•ir \lma ar,..or cósmica que s,m bza o 'Mas, muif:\S Veits. o labirinto tinha JXlr finalidade defender
universo (os se,e ra.m.oscorrespoodem aos sete céus), uma arvo,_e um "<:entro" na aeepç.ãq inicial e rigorosa do tenno, quer dizer
oo utua coluna centt.al que sustenla o mundo, un átvore da \'I· representava o actsso iniciásJco à sacralid.ade, à lmon lidade, à
da ou urna árvore miraculosa que dá a imort de aos Que Pf<: realídade obsoJ"'ª· Os riluaJs. labirínticos cru Que- se ba.se::ia o oe-
vamos seus frucos {§§ 97 s.). cada ULn desses rn1tos e lendas vcn- rimonial de iniciação {por e..1emplo, em ta1ekuJa) têlU justamente
fica a teoria do 11 ceutre>" , no scatido de que a á ore incorpora CQlll9 objetivo ensinar ao neófito, no decurso da sua vida ne:s.te
a realidade absoluta, a fonle da vida e da sacra)1dadc, e. nesta 1nupdo, a maneira de penetrar, sem se perder, nos 1erritórios da
quaJidadc, se. acha no centro do 1:nun.do . Quer -se U':Ue de um? n1ofte. O labirint0, 1al como as outras pro\•as iniciáticas, e uma
ârvore. cósmica ou de uma árvore da \•tda imortal ou do 00!1 ec,- prov.1 difícil que nem todos podem venc.«. De cetta 1nancira, a
tueotQ do bem e do mal, o c.'l.mittbo que cooduz até c-Ja e u1n experiência illiciá1K".a de: Teseu J)O labirinto de Creta oquivaUa à
caminho dificil'', semeado de obSláculos: a árvore acha:se cm re- expedição ao Ja.rdjrn das Hespéridcs cm busca dos po1uos de ou.
ro. ou à do velo de ouro da Cólquida. Cada uma dessas !)(Ovas
giões inaoessl\teis e e guardad.'l por monstros(§ JOS}. Nao dad5> se. resumia, paro falar cm tmnos de morfologia. cm pc:netrar vi-
a (Jualquec- pe:ssoo chegar alé ela neu1, se acaso o co.nsegwr, sair 1oriosamer1te num cspaw dificilmcn1c acessh·el e bcru defendi-
vitorióSó dó dueto que lerá de travar oom o n1onstr0 que aguar· do. no qual se enoontrava um símbolo ntais ou menos transpa-
da. Cabe aos "heróis" vencer esse. obstáculos e matar mons- rente. do J)()(le.,-, da socral/dade e da imort,llidade.
lJ'O q\1e defende as imediações da :lrvore ou da plaota da 1morta- t\1as es1e "i1inerâ.rio dlfícil'' não se verifica só 1>.as provas de
lidade., dos pomos de ouro. do vc-16 de ouro, etc. orno pudemos fniôação oo heróicas jâ mencionadas. V:unos encontrá-lo em mui-
verif°K.ar ixtos capítulos anteriores, o sintb lo que- u)oori:xn a rea, U1! outras circunstâncias. fencionemos, a ütulo de exemplo, as
!idade ab$olut"-ct a sacralidade e a hno11al1dade é de difJctl ac - \ircunvo)uç6es compLicadas de certos templos COlUO o de Rara,
·s o. Os sltnbol dessa tspécle situam-se num "i.!entro' '. q:,1er· dt- bud1,.1r, :i peregrinaç.ãO aos lugares $:'l.lllOS (t\1eca, Hardwar, Jcru•
zer c,stão sempre bem defendidos: e o c-hegar atê e!cs e u1vale a llai&n}, as lnbuJações do uceta :;e.inpre ero busca do caminho para
u io.i.ciação, a uma conquista ("heróica'' ou '·Jnfsoca") da ele próprio. para o "c:enlro" do seu ser ... A cstr.ida é penosa,
imonaHdade·. · sc,ncada de perigos, pois se traia, de (ato, de uni rito de passa•
Sc.m prete.11der fazer juízos prcanaturos 5?'>rc a s1g1u·1·1caç:10
• Qc1n do profano para o sagrado. do efemero e do ilusório pata
e a função originais do labirinto, nãe> há dUv1da de. que Jas 111- it realidade e-para a eternidade, da morte ll8J3 n ,•ida, do homem
ct íam a idéia de- defesa de um ••-t.-enlro". /'.tingu_é,n_ pod1a 1cr a parn a di\·indade. O acesso ao "centro" equivale â uma consa-
pretensão de penetrar num labirinto ou sair dele 1ncolume: a en· ção, a uma iniciação. A existência de ontem, profana e illl»-
trada iinha o valor de uma iniciação. Quanto ao "centro", d e rk1, S'Uétde uma DC>Yaex.istêncja 1 real, dyr;ivfl e tfiçaz.
TRATADO DE HJSróRJA DAS RELJófôES
ô ESPAÇO SAOJtADO 309
303
coração do mundo, da realidade e da sacr.-iJidade e e,n suma
S.uminada mais de peno, a dh'dética dos espaços saarados de su_pcr,u- .d! maneira nan1ral a condição humana e' recob r a r ;
e, em primeiro l ar, do "centro"', p u contraditória. T°:''lo condi,.çâo divina ou, conto diria un1 ctistão, -a oondição anterior
u:,n conjunto de OÜIOS:, de simboloo e de rituais sublinham a dtfi· à qu«la.
euklade de.penetrar. kn'I. perigo, oum "centro'', mas, por ouiro Além disso, a assimilação do piJar da casa ao eixo do muo.
lado, ama série de mitos. de súnoo!os e de ri1uais estabelece que \'.lo nas populações que perte.nce.i)J à.s culturas primiti\'as, da 1nes-
este "centro" é faci..lmcntc. aceMivet A peregrinação aos lugares .roa fonna que a crença ecstudada .algur 7 relativa á junc!lo mais
1á1t1-0s ! difícil, ma qualquer visita a umal ia é uma perein• ou m.e os tátiJ do Céu e da Terra, autorizam.nos a afirmar que
oação. A áf'\'Ol'e OOOmica é,.pode-se dizer, inactss{vel, ,nas é per- o dese,o que o homem tem de se colocar, de maneira natural e
feit.a.ooente 1(1';ltimo iluroduzit-sc ,em qt1a1g·ucr iurta urna árvo(e pe an nte, nu espaço sa.g.rado, no ' ' <:t ntro do mnndo'', era
cquivakn.te a els. O itimratio QUC·conduz ao "centro" está ehelo ma,s .f c.ll desausfaier no quadro dassocaedades arcaicas do que
deobstácu)os. e, no cntanlo, cada cidade, cada templo, cada ha- n c1vlll1.ações qoe Lhes su r.un . .E.çte rcsuJJado torna-se com
bitação se ac/1a no centro do universo. Penetrar num lablrinto tte1to, cada vez mais difícil de cons(8uir. Os mitos de "her'6is"
e regressar le, tal ê o rito luiciático por excelêoci , e no ntan- que são o.s únicos que penetran, num ''centro" , torrui.m·sc tant
to toda existência. mesmo a menos tnovirnouada, t SU$CeUvel de inals freqüentes quanto as civilizações qu.e os,produze:1n ou pro-
t s.i:otiJada ao caminhar num labirinto. Os sofrimentos e as pagam s o mais e.''º!ufdas. As no
provaçõe:s por que passou Ulisses são f'abuJosos e. no entanto. e mérito, de COJ"at"t'm, de
personalidade enet )C.3 1 de provas 101c1âticas. desempenham um
qu )qoer regre$$() ao lar "vale u o reares$0 de Ulisses a ftaca. papel de crescen1e 1 por1âncla .e. !São su.scentada5 e servidas pela
crença cada ,·cz_ maior na magia e na idéia· de personalidade.
, fas n s dois case» anoslalgla do Portifso revela-se-nos oom
J46. A 'noshl1g.b11 do Po.,-.tf:so" - Em resumo, todos os si1n JguaJ 1ntenSJdadt.. ·lc:smo onde se verifica o dominio da tradição
bolismos e assil:nilações <iue analjsamos provaau que o homem, de un1 ''.centro" muito defendido .• se encontram. em grande nll-
por difaer.tes que sejam qualitatlv;uuente o espaço S:l8,f3do e o me!º· "e.gui aleotes'' deste centro siluados em nivei.s cada \'Ci.
profano. só pode vi,•er nwn es1,açosagrotlo desse ginero. E sem, mais acessíveis. Podcr•se•la mesmo faJac de ''duplos fáceis" do
prc que este na'o se lhe revele atravts de uma hierorania., rle o "c rnro", _taJ e-orno vimos(§ IU) Q\1e a ár,·ore da vida e a planta
oonstrói aplicando os cânon e s cosmolóaicos e gcomânticos. D<:s· da unortah,dade têm ''duplos f oeis" na magia, na faro1a00Jos:ia
se modo, se bem que o ''"centro'' seja concebido como sic_uado e na medlciJla popular, no senu o de que. qualquer planta mâgi•
''algures ", onde só at2,uns iniciados podem ter (::)-peranç3$ de pe- ca ou i:nedicir.at pode fazer as veze:1 dela$. Em rtsumo, qualquer
neuar, não deixa., por isso, de se julgar construida cada casa nes· Que seJs o An3ulo por que se encare, a dJalttica das espéci e s sa-
te n1e,çn10 cettlro d<>,nun<lo. Podieríamos dizet que Uln grupo de gradas denuncia sempre a "nos1a.Ja;ja do Paraíso'',
tradições atesta o desejo do homem de se encontrar se111 e$.forço io fatos os de interesse: anunciam t dão n1esmo uma oon-
oo ''ceutro do ntundo'', enquanto outro arupo in$iste na dlflcul· .
tnbu1ção pcec1osa. para o es1abeleicin,eoco de uma au1ênüca ao
dode e, por conseguinte, no mé.riro que há et'O penetrar netC. Nã tCOJ>Ok>:gia t'itosófica. Eles ttm, acitna de tudo, o mérito de reve-
oos inte.rcssa, p0r ora. fazer a história de cada uma dessas tradi- lar, !1º ª h tanid.ade que está ainda, para usar uma expressão
ções. O fato de a pri.tttelra deJas - a que facilits a conStI'UÇão lilbe,a, a.o n,,..d.etnográfico" .•wn posiçâo espiritual q'ue só pela
dQ '' c r nuo" na J>Tópria casa do homem - se tl)(:Ontrar quase PQbreza dos n1aos de expressão - reduzidos a simbol0$ ritos
por 1Qda a parte )eva.nos a encará-ta, se. não imediatamente co- e "supem-ições" - se di$titl$ut dos si.sten1as elaborados ; IOgi-
mo a oojs prjmiliva, pelo menos ,con10 si.3,1.lficativa, caracterf:uf- catu t: coo:entes da teologia eda tuetafisica. tas precitamen1e
ca do oonjWJIO da humanidade. Ela faz ressaltat e trai uma <."ôn- esta .u>d1cul c.,t.a vulg.ari de dos.meios de expressão dílo um
dlçllo determinada do homem no cosmos a que peder(anlos de- particula r a at1t\Jde-cs1nr1tual que exprimem. A sua autenti-
signar ••nos1algiodô Pãrafso''. Entende.tnos oom isso o desejo exª P;O
cidade, a funçâo impor1:1J.He que e.!es desempen.tiªm na rida. <tos
pcrimcntado pd.o homroi de s çflar sen,pre t se,,1 es/orro no
310 T M TADC> D ê HJS'(ÓRIA .DAS REI,TGfÔES 0 ESPAÇO S.-tGRADO
311
povos.priulirivo,c senüci,,ilizados provaln. cm todo caso. que os par!ce s guificati o, 1nas o fato de o homem tender. inesmo 00$
p1<1blcmas d.1. metafí.l:ica e da teologia estão Jonge de .sereu1 uma mais ruxos nfvets da su expC"rifflcia reli&iosa. "imC"diata", a
i.nvencão recente do e5pirlto hu1n.ano ou de representarem uma 1Jpro:1(11nar-se desse arquétipo e: a reoliuf,/o. Se há um sinal reve-
fase aberraltie ( ) i l 1.r'dtlsilÓN. na história espiritual da bwnanidade. l!d .r do lusar do homem no cosmos, não é, por cxcmolo, a pos-
Mas a dialética paradoxal do e5paço saarado - aoessivcl e
inacessível, único e trau.sccndcntt p<>r um lado, "repcti\'el'' sem
s,b•l(daded<: árvore dt vida ser rebàiJcada a uma supers{IÇão
mds1co-med1c1naJ qualquer, nein .11possibilidade, para o símbolo
resuiçõeS p:x- outmlado - deve ainda ser es1udada de Q\1tro pon- do centro, de se. de;radar num ''duplo. fácil" como é o do lar.
to de vista. EJti cabe sem diliculda.de no que chamamos a runbi· Não: é utaii; propriamt.tue a necessidade que o homem e:rperimen-
\•alt'ncia do J:igrado(§§ 6 s.). Vimos que o sagrado atrai e repele, ta co.ns{ ntenwnte de realizar Q S ,u·quitlpos até os niveis 1nais \'iS
é útil e pcri3ooo. tanto dá 1\morte como a itnonalidadt.. Essa am- e mais "1m ros'' da sua c:<isiência. lmedia:ta; é mais proprianieure
bi\•alência des(mpe.uha também o seu papt':I na criação da mor. est..1 nostalgia das formas transcendentes - neste c so. do espa-
t'ologia densa e-contrad1iória dos c:Sp.'IÇ,OS sagrados. As qualida- ço sagtado.
des negativas dos espaçossa.gt;.;00$ (inacessí.,..eii. perigosos. auar-
dados por monstros) podem ser explicadas, sem d\.'lvida alguma,
pe-la morlol<>ai "1crrível" do sagrado (tabu. perigoso ... ) e vice-
versa.
Cot:l\'êm, por fi1n, dizer wna palavra acerca dos ''duplos fá-
cei5 do es:paç,o sagrado" e. em particular. do "oentro". A sua
fabricação cm série. eei:n planos cada vez mais ''baixos ", "aces•
sivàs'' (gr:tças a mU.hiplas assimila.çõe.s tud<>ê i.1Js<:et(vel de setor-
nar um "ctnlto' ', um labirlluo. um símbolo de imortaUdade),
ates1a uroa reproduç o. diríamos 1necânka, de uni úoico e-mes•
mo arquétipo em varian1es cada vez mais "k)calizadas" e mais
"Ql'O$SC'iras » . Nâo podemos ocupar-nos mais aqui da e\"ttutura
e da ful\ção destes arquétipos, que j.\ encontramos Vl\rias vezes
ein outros capítulos deste Livro: quaktuer árvore ê suscetâ,•cl de
se IOl'l\3! ãrvore cósmica qualqtter água é ldeatificãvcl õôffi àS
ê.guas primordiais. Consagramos a t$JeJroblt:ma u1n estudo cs-
_pe(;ia.J e tet"cmos ocasião de. voltar. a ele . BasUl sublinhar que a
"dinâmica" e a "fisiologia" dos espaçoi; sagrados permite oons•
tatar a txistência de um es ço sagrado COl)tO arquétipo que as
hierofanias e a cotlS!I.Sraç.ã() de qualquer esp o procuram "rea·
li:r.ar''. A nlultiplicidade dos "centros .. explica-se, como Yimos,
pela csuutuia do espsço sagrado que admite a coe((istêricla de O?'ª
''iJifinidade'' de ")ligares" num me:;.mo cel'ltto. Quanto à .. dl·
nãmica", à "realização" dessa n1uttip-Ucidade, c:le ê possfvd graças
à Npetição de um arquétip0, Que o arquétipo possa repetir-se ao
nível q·uc se queira, e mesmo em. formas gt seim, j á o "1mos
(a árvote 33.grada, as ;\a\l3.S sagra.das), e ,não é aliás o fato de o
arquêtipo ser suscctívt.J de. lmit.-çõe! (rq,etiç:ôes} grlM.seira$ que-
Xl
O tempo sagrado e o mito do
eterno recomeço

147. Htterogencldade do tenipo - O problema que aborda,


mo.s no presc-nte tti.pitulo é. dos n1ais difícci;S da fenon1cnologia
religiosa. , \ dificuldade não está aP.('naS numa diferença de es-
trutura entre. o tempo tnágioo•religjo.so e o tempo profa.no; ela
tesí ainda no fato de a própria e.rptriê.(ftfo f)() tentpo com-o tal
nos po\'OS primi1h•os nt\o equivaler .$Cmpre. à experiência do 1e1l:l•
po de um ocidental moderno. Por um lado, pois. o tempo sagryt·
do opõe-se à d11rQç4(, profana e, por outro lado. es1a mes,ua. dtr•
rflçõo apr nta tipos dif ntes de estnu.ur.i, segundo se trate. de
sociedades arc icas ou de soc.icdades modc-rnas. Ê difícil decidir,
de momcnlo, se esta difetellÇ3 provént do fato de a experiência
do tempo profano, nos primicivos l não se ter ainda desligado das
cat.egorias do temp0 1nitico•religioso. Jl.,tas é um fato que esta ex-
pe,iência do tempo deixa. por âttim dJzer, ao p1·imitivo uma
"abcnura'' permanente $Obre() tcn1J)Q religioso. SiJnplificando
a exposição e antecipando um tai:uo os res\11tados do nosso estu-
do, p0cktianK>S dizer que. a própria estrutura da exj)erlênci.t tetn•
r,otal do primitivo lhe facilita a transformação da duração em
te.,npo s.-ia.rado. No en1anto, como C$$t: proble,na 1eo1 illteressc
cn1 especjal pará a aiitropoJoaia filosófjca e para a sociologia, só
nos oco_pa1·em0$ dele aqui na medida em que ele nos imponha
a discussão do 1eoopo bierofinico.
O problema que aqui nos ocup.i é, eotn efeito, o seguinte:
em que !e distinaue unl 1empo sagrado da duraçuo "profana"
que o 1:>rcccde e que. lhe sucede? O &ermo "te1npo hicroíãnico",
oomo \>Ct'flDOS, abraoge- realidade$ muito vruiadas. Pode desis:·
nar o tempo no qual se ooloca a celebração de um ritual e que
1:R.-tTADó DE HISTÓJUA DAS ,tq;J.JG!Ôl:S O TFltfPO SAOMDO E O MITO f)Q l!T'ER.l\'O Rl!Có,.\fl!ÇO 31S

6, por i5SO, um 1-e1npo sagr()d(), que.r di!er, u.111ttn\po essencial- tras palav-m. o ien1po des\·enda uma OO'la diluensão (lue pode·
mente difeJenLC da durao.10 P<Ofana que o antc:ce:J . Pode tam- i:i1os designar de hierofânic.i e graças à qual a dura.ção em si ad-
1:)énl d-c-signat o tempo i:nltico, ora !' avido 8l"BÇ35 ao intermédio quire na.o l>Óuma cadência particul.ar mas também "vocaQÕ(:s n
de um rit\lnl, ora realizado pela repetição pura. e SUltplts de. uma diversas, ''destinos" contraditório$. E\'ide.111emeote, esta di.inen-
ação provida de um arquétipo tnítioo. Eofim, pode ainda desSs· são bieroíanica do te.mpo pode ser revetada, "<:ausadX', pelos
nar 05 ritcnos eósJnicos - por exemplo. <'IS hierofaflias lunares ritmos cósmicos, como oo caso dos cinco letupos dos dayak. ou
- l\a h\edida em que ses rltinos são consklentdos revebçêcs {Jas c.r s sol"1<.iaj$, das fases da Lua, oonto pode também ser
- quer dize,, ntanifestação, a ç õ e s - d e uma sacralidade fuoda.- 1
' <: aus a" pela própria vjda rNigiosa das socitdades humanas,
rueotalsubjaccnle ao oosmos. :\ssim, um momen10 ou u1na por- sob a fortua, por exemplo. das festas de in,1er. no concen,radas
ção de. tentpo pode tornar-se, o qualquer 1non1ent<>, hierofAniea: ua estação morta da vida ag.rf<:ola.
basta que se pro(h.v.a uma cratofania.. uma hlerofania ou uma tW· AJ.suos autores destacaram recentemente a origt1n social dos
fania para que d e seja ttansiiaurado, consagrado. oomemorado ritmos S;actot.eml)Orais - por exemplo, Marcel t\Jlauss e Marcel
por e-feito da sua repetição e por coruea,uinte, ••n: pctí\1e1•· até Granei. Não !óCpode, 1>0r isso, oon,es1a.r que os ritmos cósmicos
o infinilo. Todo o tempo, qualquer que e!e seja, se()i)r para um tenham tantbêm desempenhado um papel pl'eponderante na ''re-
ttlnPo sagrado ou, por outras pala\•ras, pode revelar aquilo a Qu<: velação" e na organiza.ção desces sistemas. Basta lembrar a i.Jn.
chamarian1os, enl exp o cômoda, o absoluto, quer dizer, o pOrtâocia das \'alorlzaçôes religiosas do drama lul\ar (§§ 47 s.)
sobrenatural, o sobfê.-hUn'3l\O, o $'Upra-bistótioo. ou vegetal(§ 139) no destloo espiritua.1 do hoo\em arcaico. As
Para a mentalidade prin1iti\'ª• o te1upo não é ho1nog:êueo. idéias de ritmo e repetição, a que voltaremos no decurso dtite
Sem falar das suas eveo,ua.i:s. hierofanizações, o tempo como tal capítulo, pode1n ser oonsider::idas uu1a "revelação" das hierofa-
aptesenta•sc cm \"árias formas, de intensidade \'ariada e finalida- nia;. lunares. independente de eveoLuais t.xecnplificaç&s do ti(.
de múltipla. Lévr·Brubl, após Hard,eland, distinguiu cntrr. os da- rno e da repctiçrto no quadro da \'kla social conto tal. Já se disse
yak cinco tempos diferentes cuja finalidade.dJversifica a duração que. a " <i rleem" soLial do cômputo do tempo sagrado é oonfir-
de um mestuo dia, neste caso o do1:ninao: .. 1! O nasce, do Sol, ntada pelo desacordo que se ,•etifica (ntrc os <:alel)dários sagra-
fa\'orãvel aó começo de quaJquer operação. As <:fianças que náS- dos e os ritmos cósmicosi . .De fato,, ess.l di, ergência oâo anula,
1

<: etn a es.1a hora são felim. COD\1êm, no entanto, não lr à caç.a, 1'e formá alaum . a solidariedade dos sistemáS de cômputo e dos
à pesca ne1n pan:i,r cm \'iasem ém t J momento, pois que não se ritntos c0$1nioos: d a proya sím))les:iuentc, por um lado, .a incon-
seria bem-sucedido, 2 Por \•Olta das nO\le horàs. da manhã é. um sisiêncla dos C'Õmpuh\S t dM cronometrias prin1iti,.•a,;,e. por ou-
momento de infelicidade, pois que tudo o que st comece eot.ão tro lado o caráier oão "natUt(llis,a" da rttigiosidade arcàica,
c:$1ã voltado ao fracasso; n<>entanto, quem se nieta aos caminhos cujas festas não vis«m o feaômenó natural e.m si mes-iuo mas seu
não terá que- ten1er os salteador($. 3 Meio-dia: •,empo' muito alcanl-e relísio.so.
favotável. 4? Três horas da tarde-: n._omento da luta, P'óPÍ<:io aos Al> hierofaui.is vegetais deraro-1\os ocasir,o p;;ira sublinhar
inimigos, àOS salteadores, aos caçadores, aos pescadores, funes- quanto <>lugar da festa da primavera tlO calendário é variável.
to J)ar.t os viajantes. S? O pôr do•Sol: momento feliz. "J
4 Tambétn mo t·anlosque o que caracteriza esta fesia da prima\•e-
Os. exemplos são abundantes. 'Todas as religiões e.onhecem ta é a sig_nificaçno 01etafisico-rtliglosa do renascimeulo da natu-
dias fastos e dias nef s,os, momentm ótlroos no dCCU1$0 de um reza. e da ren<J•'OÇÕO da vkla, e não o fenô,ueno ''natural'' da pri-
roes1no dia faslo, períodos de terop<.> "conctnt,odo" e de ,cmpo ma,·cr,1 como tal. Não é Potque UDl calendátio não tem com<> mo-
''WJuído1• . de tempo .. forte" e de tiempo "fcaco" ... Uma carac. delo o 1c1npo astronôn1ico que o teinpo sagrado de"e organizar--
tcristicachanúl. desde já a nos:sa at-cnção. a saber, que o tcmpO se stmpre iudepcodente,nente dos riunos oóS11Uoos. O qúe se passa
aparece como não hon103 neo ru1t1?$ mesmo de toclas as valoriza- é que: esstS rh1nos·são valoritad05 :i.pc:nas na 1uedida em que stto
oc,es que ele possa receber no quadr-0 de um dctcrminado siStema hierofanias e que es.s.a hicrofanitação os libC'rta do lempo ast,o-
ritual: alguns períodos são fasto,, o-utros nefMtQA:, Por ou- nômíco que lhes.serviu. por assim dizer, de n1atriz. Um ''sinal"
316 TRATADO DE f{)SJó.R.fA DAS R.EL/GIÔES O 'fE,WPO SA.GRADO e O MITO DO ETERNO RE(.;(),\fEÇO 317

da primavera pode ·1tYelar" apritnaYera antes de a "primavera


1 religioso, por exemplo, à meia-noite do dla de S. João. Durante
1!3lt.tral" se fs:.re:r sentir(§ 12:3), o 400 ni\o itupede o sinal de mar- alguns segundos - é o <:aso d;.l "erva dos faros''. dos fetos -
( . l . l ' ó (()111.<,f()<lt uJna nova •'era"' que a ••primavera natutal '' lo,. as crenças populares l)fetendem que ''osoêus se abrem'': as plan-
<> verificará, niio tont<i 001.l.10 feuônlello da, na,ur(:'ZD mas como tas mágicas adquirem então virtudes exeepcionais > e aquele que
retiovuclJ.c>, r«()ntaço total da vida côsmica. Bet11 en1endklo a as <:olhe nesse n1omeuto p0de 101nar-se invubtetáve), invislvel,
idéia de rooovaçâo oompori.- v:ma reno,•açio indjviduat t,SO<:'ial c,c....
concomitantes à restauração do c.::o.sinoo. NJ.o é a prime.ira vez que :&;es undos hierofâoiws rc?'trnrse lodos os @n9s. Na
t\OS é d.ado neste li\'JO sublinttar que, aos olhos da espi.rltuallda, medida em que eles constituem uma "duração" de eslrurura sa-
de. arcaicllt todoo os objetos se encontnJn e, todos os planos se arad.l - mas wua du1·ação apesar de t u d o - • .vode-se dizer Que
oorrestiond.em. eles se conlinuan1, que, ao lon.ao de anos e s6culOS, eles formam
um único "terupo". fsto não impede (l\le, aparentemente, eles
se repitam periodicanteote. Poderiamos imaal11á•los corno uma
L48. S.oU<IArltd,ult e co.ntig:iid:1d dM tem1,os hierori,nfoos abertura "fulguranle'' sobre o OrnndeTcmpo, abertura qoe per·
- A heterógt:neldade do 1empo. sua divisão em ••sagrado" e mite a este patadoxal segundo do ternp,o mágico-religioso pene,.
" p r o fano•.' não implicam apenas ·oortes'> periódfoos praticados lrat na dui:ação profana. As ideias de periodicidade e de repeti-
na dwaç:tio profana a fim de. ncl.a se inserir- o temPo sagrado. im- ção ocupaoi um lugar considerável não só na mitolog.ia mas ta.1:n-
plicam lambé:rn que essa,; inserç&s do 1e,npo sagrado sejam soli- be 1u no folclore. "NasJeodas de caslelos, cidades, n1osteiros, igre-
dárias, dirlan,os 1ne$mo<ontínuas. A lilutgia ctist de ,un de\er. jas desaparecidos, a maldição ntinca ê definitiva: ela renova«
minado domingo é solidária da liturgia do domingo anlc.rior e pe,riodic.am.eote - todo$ os anos, de sete en1 sete anos, de nove
da do domint.o seguinte. Não s ó o ltlllPo saarado que vê o mis- e1n .no\·esnos, à data da eatás.troíc, a cidade ressu.sci.ta, os sinos
tério da trausubsta11ciação do pão e do vinho no eorp0 e no sau- tangem. a (aStclã sai da sua reclusão, os tesouros abcen\•Se > 0 $
gue do SaJ,,ador é qualitativam nte diferente, como um enclave g1.1ardiães adormeoem: mas, na hora marcada, o sortilégio oeMa
en1re o presente e o futuro, da duração profana de que-se desu.- e tudo se extingue. B.s:tas repeLiçôes periódicas: bas1aol para mos-
ca; níio só es1e temPo saarado é solidário do das liturgias pr«e- trar que as Q)e:Sn)SS datas rc.µroduzew os 01csmos fatos. ••3
dcnt e. seguintes, como pode. alí!:n disso, ser tido co,no conti-
nua.no de todas as liturgias quo , , r<alizaranl desde o 1nomtn10
em que foi c,iado o mistério da transubstanciação até o minuto 149. Pc,rlodld.d111de - elerao prtst11te - Na rdigião tôillô
presente. Pelo contrário > a dur.ação profana que se esooa entre 11a 1nagia a periodicida<le sisnifica sobretudo a utilização indefi-
dois serviços divinos não poderia apresentar contigüidade aJgu. nida de um tempo mitico tor11ado presente. Todos os rituais tên1
ma com o temp() .bierofân.lco do t'ito, dado que não foi uansfi- a propriedade de se passarem agora, neste lustcuue. o tempo que
gurada em tempo sagrado: essa duração corre. por 3Mbn dizer, viu o acout«imc:nto comffl\otado ou repetido pelo ritual lU qu
paraldamei:ile ao ten,po sag1ado que se. nos revela como um co11 tão é tt>rn(ldOpresente, •·re-pctstntado", se as.'ljm se. pc,de dizer.
th1uun1 que só aparentemente t interrorop1do pelos int.çrva!os tão rei:uado no 1ernp0 quau10 se pos.'la imaginar, i \ paixão de. Cris-
pJ'-OfallOS, to, a sua tuortc: e a sua ressumteào não são simplesment( come-
O que é verdadeiro para o aernpo do culto cristão vale igual. moradas no decurso dos ofícios da Semana Santa: et.u sucede>»
tncnte para todos os tempos que a reliailio, magla, o mito e a vcrdadeirarmnte. tntúo sob 0.$ olhos dos fiéis. B um verdadeiro
da oonheçem. Um ritual não se limita a tepetlr o ritual pre• crlstào de ·e $Cntir-se co11fe1r1pord11eQdesses acontecimentos JrafJS-
cedente - (tue é.. ele próprio > a repetição de um iuquCtipO: ele: hisiórie.os, visto que, ao repetir-se, o cempo twfãnioo se lhe lOJ.
lhe ê contiguo e continua-o, pe,ciodican1en1e ou não. A colheita na presente:.
das plan1as mágicas faz.-sc. nos momentos crhtoOs que marc:un O mesmo se dirá da m3&;ja, Vimos a feiticeira partir ã pro-
u1uà ruptura de ujvel entre. o tcmpio profano e o tempo mágico• cura dO$ sltnples, dizendo: u\ramos colher plantas para pô-las nas
1

318 TRAíAl>O DE f1/STÓRJA DAS RElJGJÔJ1S O TEJ,f.PO SAGRADO E O .\{/TO, DO ElER!','O RECO/IIEÇO 319
chagas do Senhot .•• Pela ,·ir1ude do ri10 u1iJ,ko, a feiticcirs coro.l• ç.a, <:olhcita de frutos-, agricultura - !é tornaram, de[)Oís, se bem
se co1uemporatlca da Paix!o do Senhor; as plantas que ela colhe que sc,npre incomplcta1nente . atividade$ "profanas'', os.ritos fo-
devem a sua eficácia ao rato de que sii colocadas - ou em todo ra,n 1evelados por deuses ou txJr "antepassados''. Sem1>re <1ue
o caso pedem Jer co!oc.ada.s - sobre as c.ba..gas do Salvador ou se repete. o rito ou um ato significativo - caça, por exemplo-,
ao pé da Cruz. O quadro temporal de encaotacao i d a ordeiu do im.ita,se o ges10 arquetfpico do deus ou do antepassado, o gesto
presente. Cou1a..se que a curandeira enco1Llra a Yi1gem Santa ou que teve Jugar na õrlgt,n d0$ tempos. <Juer dlzec, nuau ten)po
ootrossan1os·, que• Virgem é ioformada d• doença de X .. , e que mílíoo.
ela indica o rcmtdio ... Limitemo-nos a citar unt exemplo, reco· C\·tas (SSa repetição cem., a.o meso>o ten\po, como efeito ins•
lhido no 1esonro panic:utarme,ntc ibundante do folclore romeno. taurar o tempo mitico doo <kuses e dos aotepatSados.. assim e
'"Reuniram.se nove iro1ãos. de nove pais diferentes, todos com que, nzi Nova Guinê, ao fa1.er-se ao nuo:, o chcíc de um barco
a mCffl'ls rouJ)a, com nove en."ladas amolJdas, com nove macha persoll.iftea o herói Olílico Aorl: ''Ele v ste o traje que Aori ves-
do.s afiados; fóram até o meio <ia l)OtUe de brooze; ai encontra.• tia segundo o mito e tem, como este, a cara cscurocida e nos e.a-
ram Santa Maria, que descia pôr urna C-itada.de cera e se pôs a betos um !ove semelll.inte ao cn1e Ao ri a1tancou da caboçtt de. Ivi-
perg1,1n t·lhes: - Onde ,·ão ·ocCs, Oi oo,·e irmãos, de no ·c pais ri. Ele <Lança e abre os braços oomo Aorl estencUa as asas .•. U1n
dlfererues. todos com a mesnta roupa? - Vamos ao (\>Jonte da pescador disse-me que quando ia pe..scar {oom arco) se julga,•a o
Galiléia cortar a Arvore do Paraíso. - Deixem a Árvore do Pa- próprio Kivavia. Nào intplorav.l a vaça e a ajuda deste herói m(.
raiso. Vão à casa de lon por cau.sa das feridas dele; retalhem-nas, tito: idt'ntíficava-se co1n cle.!>•S Em outras palavras, o pesrador
cortem-na e deit.e1n,nas ao fundo do mar. " 4 A cena passa-se vive. no tempo 1nftjco de f<jva,.•ia, da n1esma forma que o mari.
oum tempo 1uítlco esn Que a árvore do Paraíso não estava ainda nheito que se i-deatifica com Aori víve no tempo trans-histótico
COl'tda e, não obstante, da teln lugar ogora, neste mQmento pre- desse herói. Quer etc se torne o prôprio herói, quer e k se loruc-
ciso em que- alguém.sofre <las a! pústulas. A encantação náo a.penas seu conre,npordneo, (> melanésio vive um presen1-e ,nfrlco.
- limita a invO<:ru" o poder da Virgem &ln1a, J)OrQue lod0$ os po- que é impO!.'Slvel confundir oom qualquer duração profana. Ao
deres, mesmo divinos. se diJue1:n e se perdem desde q\>e se exet- TCpetir u,n gcsto-arqu-éti1>0, ele insere-se num tempo s grado a-
çam na duração profana; ela instaura um ou,ro temp0, o tempo bistórlco. e esta i.üserçâo só pode acontecer se o 1e1npo profano
mâgioo-teUs.-ioso, um tempo em Qlle os homens poden1 ir cortar for abolido. Veremos adiante a importância que tem essa aboll-
a át\•Ore do Paraíso e en1 que a Virgem S:tnta desce en, pessoa .çij9 l)l!J 9 homem ;tierueo,
por uma escada ctleste:. E esta instauN!çâo não é- ale górica mas
real: 1011:e' a llua doença $ão oon1:e1npotlncos do encontro d:, Vir-
gem com os nove irolãos. Esta contcmPOraoeidade com os gran- JS(). Res1aariçAo do ttl'll1,o mfrJco - P o r u1eio de <1uaJqu.er
des mo1nentos 111.Ític.os ê uma condição lndis_pensávcl da cíicátia cl10 e, por conseguinte, pc>r Meio de qualquer gesto significativo
1nágiro.rtligiosa, qualquer que seja a sua na1urcui. Enc.arado a - c.aça., pesca ... - o pi:imi•ivo insere-se no "te,:npo mítico".
m a luz, o esfo o de Sõren Kirkcgaard para tradmir a <:ondição Porque" época mítica", d.1,14gur, não deve ser pensada simples-
cris1ã na fórmula "ser <ontcmp,orâ11eo de Jesus'' mostra-se me• mente- como um tempo passado, mas iambêm como presente e
nos revolucionário do<1ue pa ce à primeira vista. KirJ::qa.a.rd não futuro: como un1 estado tttnto conlo um perlod<f. Este período
fez m.ais do que formular em termos novos uma aLilu<k geral e é ''criador". no sentido de qoe é, tnc!io, ln li/o te111_()()re, que ti-
nocn1a.l do homein arcaico. v:eram )ugttr a cri&Ç-âóe a orgarúzação do cosmos, da mesma for-
Periodicidade, repetição, eterno presente: estas três caracre- 1na que a revelação, pelos deuses, ou pelos antepassados. ou pe.

1
n'st-ica:s do 1.en1po 1n.igico-reli.gioso ooncorrem para esdarroer o lç,s heróis c_iviliz::idorts, de todas as atividades arquetlpi<:3.s. /11li/o
seotido da.t1.ãC>-homogencidadc deste temp0 cratofãnico e hiero• fe1npore, na êpcxa mítica, tudo era possível. As •· p6cics•· não
fânico em rtolação à duração p1•-0fat)a. Da mesma fonna que tO· estavam ainda fixadas e. as f<)rmas eram "Jluid8$'·'. (A lcmbran-
das as outras atividades essenciáis da vi<,I§ h\!.lllil.Uíl - pesi;.a,.<:a- a dessa nuidez denuncia Ullla sobrevh·!ncla a1t mesmo nas ua.

'1
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1.
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320 TRATADO D E HISTÓRIA DAS RELJG/ÔES ó TEMPO SAGkAD() 8 O ,lllTO 0(> 1.TER,VO REC<Ji\f.E(:O 321
cliçôC$ n1i1ológicas el;1boradas: ns .roJtoloafu gce,&a., po.r exeinpk>, dotada de sentido), pe:Jo próprio fJ10 de.sé ter produt/d() 110te1 . 11-
a época de lirano, a de Cronos, ct-c., § 23.) Por outro lado, a P<>, rtpreseo.ta uma ruptura da duração profana e uma invasão
própria fluidez das •·formas" çonstitui, na ou11a extremidade do do GrandeTeinpo. Como tal, todo acontecimento, sintplesmtn-
tempo, UJna das sú\drotUes do "escbaton''. do ,oomento em qu(' te porque se: ,·erificou, porque teve lugar no tempo, é uma hiero•
' ' a história" c.hegará ao fim cem que o mundo com rá a vi\'cr fania, unJa «revtJaç--ão". O pa;radoxo desse ••aconteciJneiuo-
num tempo sagrado. na eternidade. "Enlão, o lobo viverá oo,n hkrofania'' ,e. des.ic "'tempo histórico = tempo mit'ico·• .!.apena
o cordclro, e o leopardo com o Cábrlto ... u1 "E.ntão, nec 111ognos aparente: para dissipar o que bá nele de aparência bàsta que nos
metüe111 arn1enta leones, " a s manadas de boi.$ não t.e11.1erào os ooloquen1os nas <.\ondições patticularc s da ft)ef1talidade que osoon-
leões"ª· cebeu. Potque-, oo fundo., o primh.ivo s6 cnoonn·a significação
Não é demais iublinhar a tcndéncia - obscrvâvel em qual· e. interesse nas ações bumal)as (por c:,cemplo, nos trabaJho.s atrí•
quer sociedade, seja qual for o $ C U grau de evolu o - f)al'a res• éolas, nos costurncs sociais, na \'i<la sexual. na cultura) na medi-
1ouror "uq11ele 1e1npo", o ten\J:)O m(doo. o Grande Tempo. Por- da em que elas repetem gestos revelados pe.la s divindades, pelos
que essa rc!tauração ê o resultado de todo rito e de todo gesto heróis civil.iz;.ldorcs ou pelos antepu<;ados. O que não cabe no
signjfic ivo, .sem distinção. "Um rito a repetição de. um frai- quadro dessas a9(5es s.l3nificativas, dado que não ,em modelo
1ne1uo do teinp(> otl3inal"; ''o tempo original scr;e de modelo lOU\,S-humano, 11.ao tem non1e.nem importância. Mas todas essas
para todos os tempos; o que sucedeu um dia repete-se sem inter- àções arque1fpicas forant reveladas c1>tlo. ln il/o 1e111port., num
n.ipção; basta conhecer o nt.ito par.a coo1preendet a vida. •"9 A tc1npo qut não e possível situar c::ronologicantente. num tempo
l)(Opósito da arti<:ula áo e da sig.nífi-cação do m.ito, avaliaremos milico. Ao se revdarem, rasa.aram a duraç.'lo profana e introdu-
o.grau c:,cato de verdade q·ue .há oa e.xpressã"o de Van der Leeuw: ziram nela o tempo 1nitlco. Mas, ao m.esmo te·m1>0, criaram. um
"basta coo.becer o ll\Íto para cOlllpreend« a vida". Rqistrtm0$ 1 "começo·•. um «acontocimento'' que \1em inserir-se na pcrspeç..
pôr ora. essas duas características d,o tempo mitico ou, .segundo tiva triste e un.Jformc da du.r do profana - d a duraçlo na qual
os contextoo, sagrado, ntá8ioo•l'eli8loso, hierofâni(o: 1?. a sua apa.reoesn e desaparecem os atos insianifiôà.lltcs - e col'lstrói, desse
"repetibilídade", no sentido de que toda ação sig.nific--.ath·a ore- n1odo, a "história", a sêrie dos "aoontccilnentos dotados de um
produz;; 2 , o fato de que, se bem que-ron$3clerado trans-bistórico, sentido'', b(m difc-rcnte <la seqü ocia do.s gcstQS- au1omálicos t
situado alêtn de toda coml0$ência. de çerco niodo, me.sino na e1er- scn1.significação. De fonna que, poc paradonl que pareça-. aquilo
nidadt. 1 t-$tC temp0 sagrado tem, na história, u1n ",omtçoº 1 a a q_ue podcríanlos chamar a "história" das soeiedadt$:t>t'i.mitivas
saber: o momento cm que a divindade criou o mundo ou o ot·a:a• roduz..se exclusiva1ne.nte aos acontecin1entos mítioos que li \'cram
nizou, o n1omeuto e.in que o het6i civilizador ou o antepassado h;1a,ar in iflo ten1por e que n o deixaram de se repetir desde en-
rc\'elaram uma atividade qualquer .•. tão ate os nosros-diaf. Tudo quanto aos olhos do horuem modcr·
Do ponto de visu da espiTitualidade arcai . todo <.:omeço no e ,•erdadeiramente ''his1ôrioo'", quer dizer, único c-.irrc\'e1·s(...
é um lllutl 1t111pust., pOrtanto, uma abertura para o Grande Tem- v I. é considerado pelo primhivo como desdtuído de importân-
po para a eternidade. 1'alar.xl t\iau..,;;s \'iU bc1n que ''as coisas reli• cia., porque não tem precedente mítico-histórico.
aidsas que se passam 1io tempo são leshima e logicamente oonsi-
derada.s como se k passassem na nc-.midack"1º. Efetivamente-,
cada uma dessas "'c<>isas rclig:ios.as" cepcte sc1n fim o arquétipo, ISt. R<'pctiçio 1uto .P('riódica - Essas observaÇVes contri•
quer dizei', repete o que te,·e lusar no "con1eço", oo cnomenco buen1. em igual medida, pa.ra a inteligência do 1nito (§§ 1>6 ss.)
em qut., ao se ,e ·elarem, um rito ou um gesto religioso se mani- c_., pa ra a explicação do cempo mítico, lderofãnico, n\áiic<>-rcli-
festaram, ao mesmo tempo, na hisrória. g1oso, que é o principal objelo deste capitulo. Estamos daqui em
Como mosua.ren\OS mais po1meoorizadatnente 11a seqU(.n- diante em tondi.ções de compreender por gue razão o tc1upo sa.
cia desta obra. a hi5'ória, na perspectiva da mentalidade primiti- Jl,rado. religioso. não se reproduz. sempre periodicamente. Se de--
va, coincide com o mito: todo ocon1ecime11JQ (loda conjuntura terminada festà (situ.àda. betn e11tendldo, num tempo hicrof:l
l22 TP.ATAOó D E H1$TÓRJA DAS' J,•E.LJ(;JÔES O T'E/tfÍ"ÓSAOP.ADO E O itJTO DO G'f.BRA'O JlECO.\l&Ç() l23

niéó) se repele periodicame1ue, há outras ações ap..'\J'e.:ntcmente t'!I do Wn!f}()·Como já escudamos caiu alaurua mini.leia C>Seeuá-
profanas- mas só aparcntement - q u e , rocsn10 f.i:.i:todO·f.( pas-- nos 1'.11t_1a que marcatn o fim do ano velho e o co,ncço do ano
sa.r por "inauguradas'' eul uu1 illud tempus, podem ter ll1g,1r uho !lO\'O, llm1tar•DOS·emos1 aqui, a uma abordagem sumária desse
i"1por1u qu,;ndo. É "11.io ilnpl)(l() quando" que .se pode partir importante ·probk-ma.
para a pese-a, para a caça ... e imitar também um herói mfüco, A_ rfologia dos cenários rituais periódicos é de uma e.,.
tncarná•Jo, rc.•;:taumr assiro. o teD1po mítioo, sair da du ,ação pro- trao d,naoa l'lqueza. As pesqulw de Frszer, de Wm si.nck. de 0u.
fana, repetir o mito•hist6rla. Para voltarmos ao que há pouco mCx:11e. de utros aut res mencioiados t'lâ bibliografia permitem·
cUii:lmos, todo ,empo é sus vcl de se tontar 1,11n tcmpó sagra• nos resumir o essencial no esquema seguinte.
do; em qualquer momento, a duração pode set transmutada em . O fim. do ano e o cotoeço do no\'O ano dão lugar a;um con-
etcmidadt-. Nanualroente, como veremos, a periodicidade do telll· 1unto de ntos:
po sas.rado tem um lugar considerá..,el nas concepções rdigk>sas
da humanidade. tvtas é um fato ple:no de se.oddo que o próprio 1 Pu.r.gaÇões, purific.ações, confissâo dos pocados . afasta·
meC211is.mo tia irnhação de um arquéllp,o e da repdiçno de lnn mento dos demon1os, expulsão do mal da aldcia ' etc ·
2? Extinção e reati\•ação do fogo· ''
gesto arquctipico possa abolir a duração ptof.lna e transfigurá +
la em tempo sasrado e que. o faça e teriormenlé aos ri,os ptrió· J? Procissões mascaradas (as 1nás as representam as aJmas
dicos. &se fato ptova. J)Or um lado, que a tendência para hlero- d mortos). ttoepção cerinlorúaJ dos mortos, que são fes-
teJa os(banq.ue!es ... ) e que
fj.njzar o te.Jnpo-é cw:ncial, n,esmo independerl1emente dos sis.. .no fim das festas são , oo-n-
dundos aos llúlites da localidade.,
temss organiiados no quadro da vi.da social. e dos n1ecânis1nos ao mar ' ao rio • etc ··
destinados a abolir o te1npo profano-p0, exemplo, o "ano ,·e. 4.? Combates entre dois $fupos inimiaos·
5 u r : .• , r,....ez>> caruavat=o.
.,.__ 1_.__ •
sai urna.is, .•
in,•ersão da ordem
lho'' - e a instaurar o lCmf)O :S.1$.rado - o aoo n o v o - a00, quais • ,CJ.I

voltaremos em breve; e, po-r outro lado, Jen1bra+no.s os '"duplos normal "orgia".


fáceis" <1uc jâ mencionamos JXlia a :instauração do espaço sagra-
do (§146). Assiro corno um ''t.-tntro do mundo" que se acha, por O cel)ário do fiJl1do ano e do começo do-ano novo rm 1»1r1e
definição, num lugar inacessJvel pode. não obstaote, scrconstruI alguma reúne todos tsses ritos., cuja lista, de resto. não ti.vem0$
do t•n qualquer parte sem se deparar com as dlficuklades de que àyre1e.nsão de c:sgotar, pois que- passamos em sílêncio as inícia--
ralam os milos e as leoda\ heróicas, tam m o 1.ernpo sn$l'il<IQ, ç?es e, em certa$ re$Jões t os casameotos pç,r apto Todos esses
geralmente instaurado nas festas coletivas pot· via do calendário. ruos não deixan1, por is.so, de íazer pane de uni ú ico e mt$lno
pode ser realizado seja quando/ore· 1X>r quen, quer (Jue Sf,jo, gra- quadro erimonial. Cada uJn deles rn·etende realizar - na sua
. de um gesto arqufflpico mit.ico. Conside.
ças à simples r('.petit. "lo perspectiva e no . u próprio plano - a abolição do tempo pas-
re,nos desde jã essa ttndência para superar os quadros coletivos sad? o c1 0 que cermina_ Dcs1.e modô, a vuraaç:io, as
_durante
punJ1ca e.s, a quein1.a_das imagens do ''ano velho". a expulsão
da iru.tauraçã'o do tempo sagrado. pois d a ten1 uma hnpoT1!ricia
que não tardará a aparecer. dos deinon,os. das ínuceiras e, de: maneira ieral de tudo o que
rtpr('S(:Ola o ano acab:u.fo ten1 por objeto dcs ir a totalidade
do ten1po_ passado, suprimi-lo. A iexli.os·ão dos foaos equjvale à
152. Regencraç1hl do reo1po - A s (estas pa. m +se num ltm• ! laura o das "trevas". da ''lloite- cósmica", na qual todas as
po sagr;.1do, quer dizer, conto obsc:rva !\1itrcd lauss, na eterni- formas , perdtm os seus contornos e. se oonfundcn1. No plano
dade:. !\1as há oertas festas periódicas - ccrtame-lltt. as 1nais im ro mológ.ico, as "trevas'' são idênlicas ao caos coi:no Oreavi\'at
pot·tan s - que nos raiem cntrc:,1c:r algo m is: o dffi:jO de a i » do fogo simbotizaa criação, .1 restauração das formas e dos Jimi-
lir o 1eu1po profano já passado e de instaurar um "tempo no- t . As n1 as que ncat,!lam os a11tepassados, as ai.mas dos
vo''. Pot ôUtras·pala\'ras, as festas. pei:iódieas q:ut encerram um mortos q e ,•1s1m oerut'lon1almcnte os , i, os (Jap3o. Germâoia)
1 1

citlô 1tmporal e abren\ ou1ro empreendem u1ns rrgenençbo ro Mo tamb<m o ,mal de que lLl fron, fra, foram anuladas e substi-

:;;r--
O TP.AfPQ $A0R.AD0 E O J.f/1'0 DO El'ERNô 11.ECOM.EÇO

tufdas pela confusão de, toslar; as modaidades. N'eUeint.ervalo pa- Entre os babilónios, no ãecurso do ce-rimonial do Ano No,
rado,cal entre dois ' 1tempos" . ls10 é. entre dcis<:OJll)OS, ili oomu \-'Q,akftu (que durava J2 dlas), rocita,..·a,se-várias vezes no templo
nicaçiio torna-se possível mtJc os vi,1 os e os n1onoi, Quer dizc.r, de Matduk o chamado '•Poema da Criação", E11ú1nb efish: era
tncre as "fortna.s" realizadas e o pr · formal, o lat"-ar. Em cerco um mcio de.reatualizar. pela n)ag.ía oral e pelos rlio s que a acom-
sentido pode-sedb:cr que, na.s '·trev.-s'' e n o ' •caos'' iostaurados panhivom, a luta entre larduk e o 1uonstro marinho Tiamat,
1:w:la liquidação do ano yclh<i, todas as modalidades coincidem luta que se t('aVa.t'a in illo Je111pore e que, pela v.i\Qfia final <lo deus,
ea ooalescêacia w»,•crsal {"110lte11 =·udl]ó-,1011 =dissotuçào) 1>0s pusera tetn\C> ao caos. Os hititas prat}cavam wn uso análogo: no
sibilita sem esf'orço, automaticamente, uma cci11a·d.!ntiaoppóSI,. q11adro da festa do Novo Ano, recitavam e reatualizavam o due
1on-1m etn todos os ptaoos. lo exemplar tra"ado enuc o deus atmosfúico Teshup e a serpen-
Bs.1.edesejo de obolir o tempo n.aniítsta-$e mais eiar mente te lluyaokash 11• o combate sing·lllar cn1re farduk e Tiatnat era
ainda na "orgia" que. $0 re:dit..a, seg:undo wna es.c:ala_ muito v - repr nt.ado pe:Jo choque de dois arup0s de ho111ensi:. Esse ri•
riaM de violênc:li. por ocasilo do Ano Novo. Tan:i.bcoo a orgia tuaJ e encontrado wnbéJn entre os hititas e os egip c i os l l . A pas-
é wna regressão ao "obscuro'', uma :rcstáu!açâo do COO! priJn r- s:iien:i. do caos ao cosmos era rcpr.oduzida n-e:ucs ermos; '"Possa
diat e, nessa qualidade, preoeõc todacriaçao, toda man1íc.staÇao ele conrinuar a vencerTiamat.e a abr iar os seus dias!" A luta.
de formas orgo.1U2:adas. A fusão de lodM s "fonria.$" nwna só, a vicórla de Mardul: e a criação do mundo tornavam-se, assim,
vasta unidade indiferenciada, repete precisammte ti modalidade coisas prescnc.cs.
iildistiu.ta do real. J assina.lan1os (§ 138) a fuoç.ão e a ..significa- Por ocasUlo do aki1u, celebrava-se 1ambé:1n oza/anuk, a "fe.s-
ção simultaneamtnte sexual e agríoola da o ia. No il$_pecto oos. . ia das sortes", assim chalT!ada P(ltQue nela se tiravam as Sórte.$
n10Jógioo a "orgia" Ço correlato do caos ou da plrmtude final para cada n1s do ano ou, por outras palavras. tri<n•a,,t·se nela
e. na peupe(cjva teinp0raJ. do Orind-e TtRJl>O, cl.o ··1;nstan,te eter- o.s doze rneses futuros squndo uma conoepçao comum a 1nuitas
no" da não-<luração. A presença da orgia nas eerunôtuas que outras tradiçôes. A estes ritos juncavam-se outros: descida de Mar.
nlar m oo:nes pel'iódicos do tempo denuncia um de.slfio de abo- duk aoit tnfernos, humilhação do rd, expulsâo dos maltS Uá fi-
lição integral do passado Mia oboJiçdo da. crlu(lo. :«u1f "l.o gura de un1 bode expiatório, hicroaan,ia do deus corn Sarpani-
das formas" é ilu.$trada pela perturbação das rondtÇõcs soc1a1s tüm - bierosamia que o cei rei,,roduzia co1n uma hieródula.na
- nas Saturnais o escravo tonta-se seubor e o senhor, escravo; câmara da deusa e que <:ettament<! dava o sinal de um nlotnento
na Mcsopo1ânúa d..irona-se e hwtrílba-se o rei - pelll çoi_n9· de lict"liciosidade coleti\1al ' . Assistimo&, assim, s um regresso ao
dência dos con1.rários - . a matrona é tratada como oortesa - cao.s (supremacia de Tia.1na1, "cq-nfusão 4as formas"), sea:ulda
pela suspensão de todas M nortnas. O desr r3n1epto moral, a de 1una novs cria.çâo (vitõria de lardul.:, fixação dos destinQS,
vjofaçiio de todas as inte.rdiçõc:s, a coiucidfncta de todos os con- hierogami.'I = ··o.o\'o nasci1nento"). Ao mesmo tesnpo que.o mun•
tráJ·iosnllo ten.1 outra inwoçãoque .não seja a di.swluçãodo mu_ndo do anti.ao se di™>tvia oo caos primordial, obtinha-se 1ambémJrn-
- cuja imageru é a eomunido.de - e a rt:Stauraçl(o d jllud 1e,11. plicitamcnte a abolição do tcn1po aruigo. Di.rfa1nos, hoje, que a
pus primordial, que é, evidentement.c, o momento m.1t:1éO do ct>· ''históri.-" do ciclo c«minara.
iu(!f.o (caos) e do /ün (dih\vio ou ekpy,6sls, apoe3bpse). Para a mcatalidade primiiiva:, o tetllpo antigo ê constituído
pela duração profana. na qual se lnscte\·c-ra1n lodos aconteci•
n1enLQs sen> importância, quer dizer. sem modeJos ou arquétipos;
153. Rt'pttlç:Ao anual drt cosmogon ia- Essa significação cos- a "hiscória" a memória desses acontecimentos, daqtiiJo que,
1nok>gica da orgia carnavalesca de fi:m de ano é cot flt!'Jada pelo afinal de- contas, p0demos cb:nnar nã valores ou mesmo "pe.
fato de o caos ser sc1n))(c seguido de uma no,·a rnaçao do cos- cados'' - na medida em que elts -constituem dtS\'ios cm rela tio
mos. 6n1 formas 1uais ou n,enos claras, o.s ocrimoniai$ pcôõdi- às n9rnw arquctíJ>ieas. Vin1os qu.e. para os primitivos. a verC,a-
eos procedem todos a uma repetição slrnbólic.l da ctiação. deira história é, pelo contnil:io, uroa mito-históri . que ela regis-.
Llmitemo,no; a alguns exemplos. tra tã()-$) a repetição dos ;es1os arquedp!cos te\·elados pelos deu-
326 TRA1ALJ0 Dli HJS'TóitfA DAS RELJGIÓES o ra,ro SAGRADO E o JtllTO DO ETERJ.'ô kECOi\fE(:ó 327
ses, pelos ruuepossaOOS ou pelos heróis c 1ili:aKlon:s durat11t. o tem- ções judaica e cristã 17: o mundo teria sido criado durante os me-
po mítico, i11illo tempere. Para o p1JIO.itivo, tod3$ repetições ses de iishri ou Nisan, quer dize-r, durante o período das chuvas
dos arquêtir,os têm lugar fora da duração profana: $e se da• pcriodo coSJnogônico ide-a!. Para o.s cristãos, o mistério da bêll:
qui que, por um lado. ações deste tipo não poderiaa., constituir çâo das águas na Epifania ltm, igualmente, uni sentido cosmo•
•• pecad0$•', desvios em relação à no11n.a t que. por outi:o tado, gônico: "Deus<:rlou de novo os céus pot<111e os pecadores adora•
tais ações nada têm a ver con1 a <lurar;ão, oom o •(ttmPo antigo .. rJJD os çor_pot crlcsu: ; çrioo de novo o mundo Que linha sido
periodicamente abolido. A e:<puls1i.o cios demôf'lios e. dos espiri· ,nanchado por Adão; realjzou uma l)Ova criação 1:om sua pró•
tos, a confissão dos pccados, as purificaçõest, e1tt.esp<:cla!, ore• pria saJiva.''1' "Alá ê aqude que t:ai a criação e portanto ar ·
grci;so sitnbôlico ao caos prítnordial, 11Ldo ;sso !iignifica. a a:bOli· pete'', diz o Corão•-9. Es-1a eterna repetição do ato éosmogõni•
ção do tempo profano, do tempo aotlso uo qual&: veriíicsram, co, que faz de cada Ano Novo a inaugtu·aç:(o de uma era, permi
por um lado, os cot11eciment05dcstituldos destritido e, poro\1• te o reg.ressodos mort0$ à vida e alirnenta a esperança que os cren·
tro. todos os des,·ios. t-eS lêm na ressurreição da carne. Essa ttadiçâo subsiste tanto nos
Um.l vez. por ano, o tempo antigo, o paslado. a ruemória povos seuúlicos como nos eristâosW. ''0 onipotente desperta: os
dos acontei..;mt.ntos 1\ão exe-n1plares, cm resumo., a ,:história" no corpos e as almas oo dia da Epifania. »21
sentjdo atual do tenno, são abolidos.. A re,,eticão simbólica da Um texto pelúevi, tradu:ddo Por Dar1nestcter, diz que "é 110
oosmogouJ3 q\le se .segue no aniquilame-nto 3irnbólico do inundo mê$ Frava,din,. dia Xurdhâtb, que Ormazd fará a ressi1rrcição
velho regenera o tanpô ,u, $rl0 /()talidade. N:!o se trata unicamente e o 1segundo corpo• e que o mundo será subtraido à impotêacia
dt. t.uua Jesta <1ue ve1_ninserir na duraçl\O pro farta o "inst3D.tc eter- oom os dentôníos, os drugs ... E b3vecá em tudo abundâJlti.a· não
no" do tempo sagrado; o que se tem em vista é, afC-!tl disso, e haverá m .s desejo de alitnentos; o mundo set·á puto, e o ho e,n
como já di$'iefflos.• a.anulàç o de todo o te1npo proiano ncoado ver-se-á livre da opc,slçâo (do C$J>irito .1nau) e será imortal para
nos linti1es do ciclo que se fecha. Na aspir.r.çüo de reoome-<ar u,,,a sempre", Qru:Wlui diz que, no dia de- Naurôz. Deus re&uscitou
vida 11Qva no seio dt un,a 11ova crluç.4<1 - aspiração mãnifesta· os m rtos, ''lhes deu as suas aJmas, e deu ordens ao ccu. que
meo1e presente em todss as cerimônias de fim e de começo de f<"..:cair uma chuva sobre eles, e ê po.r isso que as pessoas adqujfi.
ano - transparece •a1nbé1n o dC$Cjo paradoxal de se conseguir ra1u o <:Ostume de despeja.e água nesse dia" 2. A $ estreita\ liga.
inaugurar uma existência a-histórica, q11er dib?r, de $C" poder vi- çôes nt e 8$ idéi.i.s de ''criação pela á3ua ''. (eosmosonia aquáti-
ver exclusivaLue1ue 110 tempo sagrado, o que equlvi)e a 1>rojctar ca, ddóy10 qoe regenera pcriodicament'e a ,•ida "histórica" chu-
unta regeneração de todo ,empo, uma transfiguração da dura- va). de na:scimento e de ressurrcição confirmam-se lle$ta f do
çlio en1 "eternidade". Taltnud: •<])cus tern 1 chaves: a da ehu,·a, do nascimento · •
1
En<:ontramos essa necessidade de regen«aÇãOtotal do wu1po a da ressurreição d0$ 1norcos. •.u
- realizáNcl pela repd:içr,o anual da cos1nologia- me-smoent tra- O Naurõz, o Ano Novo persa ,. é ao ntcsmo tempo a festa
dições que não se podem qualificar de ;'pri1niti,,as••, Já 1nenci:ona· de Ahura Í\1aufa - celebrado no ••dia Ohnnazd'' do primeiro
mo,.s as articulações da festa do Ano NO"o entre os babílônios. Os. mês - o dia c-n\ que teve lugar a criação do mundo e do
eltmentos cosmoeônicos são igualmenle lraospa1e1ues.no cerimo· h1nem M. É no dia de Na\1rô:z. que tem lugar a •·rtJto,·ação da
nial Judaico correspondeute. Na ••,'Oh.a do ano'', oa "saída do cn:.çâo .. 25. Segundo a tradlçâo trins:mitida por Dimasqi, o rei
:i.no"ls tinha lugar é. luta de Jeová com Rahab, a derrota deste proclama"a: "Eis aqui UJ1'Jno\'O dia. de wn novo m de um no--
monsl(O ntarinho (que corresponde a Tiam.at.) por Jeovã e a vitô· vo ano: é preciso rtnovar o que o ttlnpo consunliut" É também
ria sobre .as águas, ql>t equivalia à repetição da criação dos n1uo• ncs1e dia Que o destino dos homens ê 1na ado para um ano iu-
dose, 30 mesmo tem àsal"açãodo ho)pem(vitóriasobrc.a. morte. l ro. Na noite de Naurõz vecm Sl!"fog,os e tUtts em grande'quau.
gru·aruia da subsistê-ncia alimcota.r para o ano q1,1e chega) 16• tidade e raze:,n . se puriflcações pela .lgua e libações para se obte-
\Vensinct assinala ainçla outros vcstíe.ios da concepção ar· rem clwvas abundantes no ano vindouro .
caka da re-c.riação anual do eosmos q:u.e se consiervam nas tendi- Aitm disso. por cx.asião do ''O·rande NaurQZ'', punhatu-sc
-
1

328 TRATADQ DE ff1$TÔRIA DAS kEUGJôES O TE/.fPO SAGRADO I! 0 }.flfO DO &TERNO RECOJ,/EÇO 329

num jarro sete cspêcies de se.mentes e " d o seu crescimc-oto uma nova ordem do temJ)O, ele- aboli.a a aotiga'', Assurbanipal
tiravam,se-conclusões sobre a oolhcita <lo ano". Trata-se aqui de ,,ia a si mesn10 como uJn regenerador do cosmos, porque, dltia,
um costume análogo à ''n\ar ção das sone$" do A110 No,·o ba- "desde que os deu . na sua bondade, me lns1alatam no trono
bilônico, que chegou a,é os noosos di s nos ctÜ9lo.oi.li$ do dia dos meus pais, Adah enviou a chuva ... o trigo crc:sceu ... a co
do Ano NO\fO entre os mandea11os e ()5 yézidls. E ainda porque lheita foi abundante ... os rebruthos multiplicaram-se .. .'•3S,
o Ano Novo repete o ato costnogônioo que os º"002e. di.M'' que A profecia da l V écloga, mognus ob lntegro satelon1n1 nas-
separam o Natal dà EpÜàuiã Sâó <:onsidtt'adM umA tfigtlraçâo ci1ur ordo... aplica.se, em certo sentido . a qualqutr so rano.
dos doze meses do ano: os catnpon s da Europà nlk'> tffll outto Com efeito, oonl qualquer novo soberano, J)Or ins[anificante que
meio de determinar a temperatura e a quantSdade de chuva que fosse. começava uma «nova era". U1n novo reinado era consi·
can1,C(erizarão cada um dos meses seguinte$ s.cnio o dO!:i ''sinais derado uma regeneração da história da nação e até mesmo ela hl.$.
meteorológicos" desses doz.c dias2; . Por oc.nião da festa dos Ta· tória unjversal. Eoganar-sc-ia quem prncodesse reduzir essas ex-
bernárulos delenninava,se, iguabnente. a quantidade.de â,g.ua que presslies prettnsiosas quilo c1n que das se transformaram oas
eaberia a CM.a mêslS, Entre os indianos védioos, os dote dias do monarquias decadentes: presunç,.ão, dos soberanos. adulaçâo dos
me-io do inverno eram urna imagem e uma 1éplica do MO conmos. A esperança de uma ,.nova era" iuaugutada pelo no·
inteiro >e o memio teme? oonotntrado nessts doie dias reap.a. vo soberruto não era apenas autên1ic:a e sincera: se. nos colocar•
rc,ce na tradiç-ão chinesa· mos na peT$pcctlva da espiritualidade da humanidade arcaíca,
(SDeraoça P.'lftotc·nos--á também naioral. Aliás, oão há necessj-
dade de um novo reinado para abr[r unia no,•a era: basta ,un ca.
IS4. Repetlç:io coatincenle- da cosmoionia - lodos os ta- sarnento, o nascimeéltO de uma criança, a construção de uma ca-
1os que acabam()$ de analisar têm uma caractcrlstica comum: SU·- sa ... Sem i:nterrupç.ão e quaisquer Qlle sejnm os meios usados, o
põem a idéia da regcn_cração periódica do tempo i:cla repetição cosmos e o home1n reaeneram-se, o passado consuma«, as fal-
simbóliça da oosmogl)oia. l'.1a.s a repetição da cosmogonia não tas e os pecados s.ão di1ninados ... Todos esses 1neios de regenc-
es1á ria,orosamente ligada ás cerimônias coletivas do ..\no Novo. raçâo têm a n1csma finalidade. por diferente.que seja sua rornlu•
Por ou1ras palavras. o 1en1po "antiao" > profano, .. bi tórico"_. lação: lr.lta-se d,e anular o ttmpo ,passado, de abolJt a história
pode ser abolido e C>te1npo n1ftioo, "novo", regenerado, pode por uni rqresso contínuo in il/Q 1 1npore- .
ser).ns1au.rado, pela rtpe1Fç/Jo da cosmogonia, no próprio dtn1r· As.sim, os fijiano.s repetem a .criaÇão do mundo não só por
i ô do àüó e Lod.epettdtittemt1tt.e dós ritos col.etivos menciori:.dos. ocasião do ooroamerito do novo chefe., Luas ainda cada vez que
As!im, para os antigos islandeses, 1or:uar posse de um terreno .as colhei1as eSlào comprome1.id:is'1• Quando os ritm0$ cósmicos
(la11dnâ111a) equh•atia à transformação -do e.aos em oosn1os>1, e o:i se tomam aberrantes e a vida na sua totalidade se clia ameaça-
Jndia \'éclica a ocupação d wn território t<:)fnava,se vjlid:i da, de$ procuram .a salvação num f'Ctorno l11prlncíph,ru. isto é,
erigindo-se wn altar do fogo, isto é, no flllal das contas. PC>r1neio esperam a rN::upe,ração do Cosmos nào por uma reparação, 1nas
da repctiçãO da cosmogonia. Com efeito, o altar do fogo repro, p_or urna regenctuçdo. Concepções análogas explicam o papel do
du2.ia a universo e erigi-lo correspondia à criaçr,o do mundo; a "comeoo". do "novo". do "viraioal'' na magia e na medicina
OO$trução (lc. um altar desse tipo repeti.a. s<:ntpreo ato arquetípi-
co da criação e "construia" o Lempon. popular ('•a água não coosumida''· a ''bilha nova", o sitnboHs-
Os ftjianosc-hamam "criação do mundo" à oerimônia da ios-- mo da •·eria.nça", da '"virgem". d.a "in1sç1.d.1da" ...). Já vil.nos
talação de um novo chcfê l . A mesma ide:ia se. encontra. não n que :1 1naaJa 1orna .atual o acontecintenlo nU1ioo que garante a
Cfflal'ia.mente press-1 com tanta clare:ui, cm cjviJJzações mais validade do remódio e a ctu·a do doente. O simbolisn10 do "no-
e,·ohúda$, en\ que toda a entroni.zação tem Q valor de uma rc- vo•·, do ''não-<:otueivado''. tambén1 garante a oonteroporruieida·
crlaçâo ol.i: de w11a regeneração do mundo. de. de um gesto atual com o acootecituento mítito arquetípioo.
O primeiro decreto que o imJ)CfadQr chinês promulgava ao Cotno no caso de- uma colheila que se acha cm perigo, ob rtl4se
subir ao trono nxava utn novo caleudario e., ante$ de estabelecer uma cura, nQ PQrnteio <le uma reparação, mas POr tneio de um
330 17v11'ADO {)E HlSTóRJA DAS ftELJ(Jf()ES O TEM.Fó SAGRA.Dó e ó ,\1rt0 0 0 STER!v'O RECOJI.EÇO 331

reco,neço. que implica o retorno ln illo Jen,pore. (N3o e ab olu· cio co»1eça de munei!IJ absoluta. vj$10 que- todo o passado e toda
tamemc. neoc:sslirio que a fcitioetra que pratica os ritos tenha. 001\S'- a ' 1hiscórl.1'' foram definitivruneure abolidos sraç3.5 a ,una fui•
ciência dos· SCU$ fundai:ncntos teóricos - l)asta que os ritM em gurante reintegração i:10 "t os",
qu tiio impliquem estas 1eorlas e delas resuJte1n; cf. § 3.) Encontramos pois, no homem ,. a todos os nívc:i , o mesmo
Idéias análogas, ccr1amentc desfiguradas por e.xttesc:ências desejo de abo.lir o cemPQ profano e de viver no tempo sagrado.
aberraflres e s:,01· j1levic.iveis de&radaçOes, se maoift:tttam nas tb:· 0\1 n}eJhor, encontran1.o oos perante- um desejo e uma esperança
ni mineiras e meu.Uúrgii:d!''· Por outro }ado, as cerimônias de de regenerar o 1empo na sua 101nlidade, quer dizer, de poder vi·
iniciaçâo (isto é·, a "01one·• do homem \'clho e o "nascimento" y e r - ''viver humanamente", "hiscotkamea1e'' - J\a etertllda-
do homem novo) o.sse,uaitt na esperança de que o ten1po passado de-, pela transfiguração da· duração cm wn instante:- eterno. Esta
- a ''biscória" - p0$$a ser abolido e de qtl<! um tempó novo nostalgia da e1c:rnidade C', de certo modo, simétrica da nostalgia
J)OSSa.ser h\S1aurado. Seo simbotisn10 aquático(§§ 6 l s.) e lunar do Paraíso que patenLcanm no capítulo anterior (f 146). Ao d-e-
desempe-nhou um papel tão ilnp0rtante :na vida espiritual do ho• sejo de se encontrar perpétua e espo1na1w.1mente num espaçosa
meLU arcaico, íoi justalncn1.c porque tornava evidentes e uans- 3tado corres-ponde o des:e.jo de víver perpet,1amen1e. graças à re-
partntes a aboUçâo o tes1abeleci.tuento i.ninterrup1os dat "íor . petição dos gt:s.tos arquetípicos, na eternidade:. A repetição dos
mas'', o desaparecimento e o reaparecimento cíclico. o eterno re- arquétipos denuncia o desejo paradoxal de realizar uma fornta
t o r n o - de fato, o elerno re,orno às origens. Em todos os pla- ideal, o arquétipo, na própri.a condição da exi.st.éncia humsna,
nos - desde-a cosmologia à soterlolog:ia- a idéia da 1-e:,enera,. de se achar na dura o setu lhe suportar o peso, quer dizer, Sffll
o seacha ligada à cooccpção de um tempo no,•o, quer dizer, sofrer a sua lrre\'ersibilidade. Tal desejo, noten,o-Lo, 1:i.ão Pode
à crença num éórntÇfJ(Jf>s<>ltitoao qual o homem pode, -por ve- ser interpretado como uma atitude. ·'t$pirifualista' ·, para. a qual
z.cs, ter acesso. a exístência terrestre, com tudo o que implica, se des,•alorizaria
em proveito de uma .. cspiritualidack" de desapego ao inundo.
Pelo con11ário, aquilo .a que J)Oderfaluos cban1ar .a ''nostaJgja. da
155. A regeueraçao co1il - E, obs::ssão pela rcgenernção eteroJd(lde" proYa q_ue o hometu aspira a UJU paraiso coucreco
e erêque a conquista desse parais<> pOde se realizar 11t!sle mundo,
exprime-se ainda nos rnitos e nas doucrinas. do tempo cíctioo que na Terra. e. agora, no instante atual. Nesse- sentido, os n1itos e
cswdamos cm L e 111J1the de 1�é1er11e/relour. As crel'lçat num tem· os ritos arca)C()s ligados ao C$paço e ao tempo ag.rados podem-
po c{clico, tlO eterno retorno, na de.s1rut'Çào pc.rió ic.a do univer-
se reclulir, ao que , 1ree<, a outras iamas le(()tdações oosláigi•
so e da hunwnidadc, prefácio de um novo lmive1:so e de unta o.o- cas de um "p a r aíso tenes1re'' e de uma espécie de ecernidade "ex-
va humanidade "rc:gene,rada» , todas atestam sobretudo o jo perimCtltal''. a qual o homem julgâ pOder ter ainda ))fetensões
e a esper.mça <.te uma r eneração pel'iódica do 1eo11)() passado, de aJcanç.ar.
da hi:rfória. No fundo o cielo em questão é wn "Grande Ano'',
paro u.sannos u1ua. expressão, aliás, bem conhecida da tc:nnino.
Jogia grtto-orien1al: o '"Grande Ano" coineçava .numa criação
e te:nnina, a num caos, quer dittr, numa fusão completa de to-
1

dos os clen,eiuos. Um ciclo cósmico contêm uma ••criação". uma


.. existanci.a". iStoé, uma '"hislória'', uoiaoonsruua.ção, uma de-
generescência - e um ''retorno ao cào.,.;1' (tkpyrosls, ragna-r6k,
pra/ay11, '"Allãntida", -;tpocalif)Se). En1 termos de es.t.rutura. um
"úrande Ano" é para o "ano'' o que este é p.1ra o "n;t " e p.ara
o .. dia". !\ias o que nos interessa n-e:ssie oont xto é, sobretudo,
a espe,auça ntima regeneração total do te,npo, e,,idente.tm 10-
d01- o.s mit01- e <touuinas que-iwpUcan1 çiçtos Ww..iç9s. T9do ci-
XD
Morfologia e função dos mitos

156. Os mil os oos,no:ônicus - mitos exemplares - No prin•


cipio, dizem os polinésios, só exls1iau1 as águas prhnordJais, me-r·
guthadas nas U'c\•as cósmica.s. Da imensidão do espaço onde se
encontrava, lo, ó deus supremo, exprimiu o desejo de sair do seu
repouso. No mesmo instante, apareceu a luz. Depois ele disse:
"Que as águas se separei.u, que os Céus se formem. que a Terra
surja! ' 'Foi as. m. peJ.as palavras cosru.ogôllicas delo, que o mun-
do passou a e1ds1ir. Relen1brando estes "ancicnt and oriainal sa-
yings ... ,he ancienl anel original oosmologiéitl wisdom (wanan-
.ga), which causcd growth from the: void, etc; ••• " , um polinêsio
dos f ) O $ S O S dias, Harc Hongi, aci:<SCenra com ,una eloqoence fal-
ia de jclto: "Oia, 1neus amigoíl, há três apUcaçõ muito ilDPOI·
r:antcs dessas Jórmulas anti.$:as, tais como se enoontram nos ritos
sagrados. A primeira tem lugar por ,ocasi!lo do rho da fecunda·
ção de uma matriz e11t&il. A segunda, por ocasião do rito da iJu.
minação do col'J)O e do espírl10. A ttreeira e úJtima diz rcs1:>ei10
ao tema .solene da morte, d3 guerra, do badsooo, de narrativas
.a.enealó3ieas e de outros te-mas tambCm i1n))()na:ntes que são .• em
especial, objeto da atividade dos sacerdotes. A.t palavras pelas
quais lo moldou o universo, quer dlz.er, &raças às quais o uni ver·
so foi criado e levado a gerar um mundo de luz, essas -mesmas
palavras sâo empregadas no rito da fecundação de uma n1a1éria
estéril. As ()a.lavras pelas quais Jo fez. brilhar a luz nas trevas são
ett'IJ)legadas nos ritos destinados a alesrar UDl.ooração 1ri.s1eeaba·
lido, a impotência e a senilidade, a espalhar luz. sobre coisas. e
lugares escondidos, a, lllSl)i.rar os q,1e oom[)Ôffll cantos ) sendo tant·
btm usadas nas desyaças d guerra e em talltas outra\ circuns--
i!ttcla! que levâm o homem ao desespero. P;1ro tod.os os casós
.-- ' • ...-n

i fORFOLOOIA 6 PU/o,IÇÃO DOS .\{/TOS 33S


334 TJ{ATAJ)O DE HISTÓRIA DAS RELtOIÔES
Seria wn erro ver nessa Cóucepção da hierogantia wna COO•
lhantes., esc rito, que tem por objeto .espàlbar a luz e a ale•
gna, re))roduz as pa.lavras de que l o se serviu para vcaocr e dissl- diií'.âO e.xclusiva da "coen1alidade primit.iva'': o ,nesmo antrop0-
par tre,•as, Em terceiro lugar, vem o rito prcp,ara1ório que se 1norfismo se encontra até 110 sir:nbolismo al4uicnico mais elabo-
r laCJona mas fonn ções_suce.ssivas ue tiveran1 lUSOO'oo inte- rado, reta1Jvo à união do Sol e da Lu.l e em outros casos de "ro•
rior do u?-1verso e da hlstónae nealógica do próprio homem.''' ,1iunclio" entre pcincfpios cosmológi<:os ou espirituai.f. Em su-
O m!t<:> c:os:mog{>nico serve, assim, aos polinésios, de mode- liti\, 1' 11.it:rogamia conserva a Sll:t cstruwra cosmológ.lca indepen·
lo arqué.t1p1co para todas as heri es n , <JU$J4u-er Q.\lé stjà o pla- dentemente.dos conltxtos variados.ern que se situa e qualqut.f <1ue
no em que se-dcsenrolesn: biológico, psicolóaico, espiritual. A fun- sej:t o grau de antropomorf:iz.ação das fól'mulas <1ue a cxprimeul,
ç-Jo cstra do nlito é a de fixar os ·rnoddos exemplares de todos Quer ponha ou não enl joa,o uJn,íl hierogarnia_, o mito cos-
"!ºS e de todas ções hun1 oas sia,nific.ativu, como aJ11s. mogónico, até.ln da sua imponante fun o de ,nodelo e deJustl·
Ja fot cons.ui:tado por 1numero.c: ctnôl.ogos. ''En os marind-aniLn Jicoçiio de todas as ações humanas, forma ta,nbém o arquélipa
(No,•a Guiné hota11deiia)", ci;creve P . "\\'ir2:, ·•o mito é, na vei·da• de um cau.}111110 de nliios e de slste,nas rituais. Toda idéia de ''Cc·
de, o fundamento quer de todas IS grandes fest.aS, em que apare- novação'', de "recomeço", de ''restauração", por muito dife.
cem aro1'(S ma arados que rcj)resien·ram os Det11a, quer o dos cul- l'entes que se suponham os ptaoos e.m que se n1anife:.t.1, é rcduti-
tos-secretos.": Já vimos que, fora dos atos stritanletUe teligl o - ,·el à noçtio de "n3$Cimmto'' e esta, por sua vez, à de "criaçào
s ..º mi o ser:-e igualmente de modelo a outras ações hUmanas cósmka". E.ncootramos já a'l.similações idênticas ao est.udarmos
S18J}rfic.at1vas: a na\'Cgação e à pe$Ca, por exen1plo. os rituais e o simbolismo do reaparccimt'-ntoda \' O(§ J 18);
O lado interessante do mito cosmogônico polinésio é preci- cada vez- q,ue volta, a l,rimaveta r-eatualiza :t cosmogonia. qual-
samente a su aplicação nulh!pla em .circunstâncias que, pelo me- quer sinal da rcssuttek:ào da vegetação t<:iuívale a lrma manifcs-
nos na aparenc1a, nâo quesflonam ,mediatamente a "vida re-li· Ú\ção plena do universo. e t por es1,a razão que. éó1no vilnos (§
giosa·• como tal: o aio de procri a ç ã o, o reconfot(O dos desespo- 123), o sinal - utn ramo, uma flõr, wn ao.ima1- ê le1,•ado ein
tados,. do:; Ytlh s e dos d ntes, a ins.piraçto dos bardos e dos procissão de casa em casa e ,nosirado a todos: coin·o ·uma pro\'a
CUC1Teiros ... Assuu, a COSIDQl!onia íl)rne<;e o 1n()(/t/o, .seroprc que de que 1'a primavera chegou'': nã,o necessariamente a prlu1avera
se 1.rata defo;erolg11ma coisa, muitas veies alguma coisa de ''vi "nawral", o fenôn,eno cósmico, mas a ressurreição da vida. As
v " , de- "aniinado" - na orde1n biolótica, psicolôgic ou espi• tep1 sentações rituais que se realizam, quer pOr ocasião do Ano
ntual - . como se viu nos casos citados achua, mas tambem al• Nô\'O, quer à chegada daprin1ave1·a (duelo da prima\•era t.do il\·
guma coisa de "inanimado'' em apar ncia, uma casa., un1 barco, :v«no, expulsão da Jnone, c.xecução do inveruo ou da morie ... ),
um Esi.ado - lembremos, neste caso, o modelo cosmogônico l't\•elau\ 01,1tras tantas vetsões fragmentárias e ''especializadas·•
cons.tru o das casas, dos pa.lácios. das cidades(§ 143). de um só e mesino 1nito procede.ute do Lll.ito cosmogônioo.
Esses 1nódelos miticos não se euoontrarn somente. nas rradi- Todos os anos o muo,do se faz de novo. Chega a acontecer.
cõcs "primit!vas": um trataçlo 111etfilfsieo indiano, o p,-//od(lr/J. oomo é o caso da tvlesopOtãtnja, ciue a cosmogonia seja repetida
nyoko•Uponü·had, fez chegar até nós o ritual da procri3çâo de de uma manei.ta e,q>Ucita (recitação do ''Poema da Criação•').
UJ» rapaz. istim0$ aqui a un1a. lran.sfigurnçãQ hierogãmica do C\-las 1ncsmo quando não nos é d,it·o que se traia de uma inJitação
ato da g,e-raçao. O par huntano é identificado co1n o par cósmi- da cria.;âo, os vestígios da cosmQ$ouia são bastante transparen·
co: "Eu sou o CCu", di7, o 1narido. 11 tu és a Terra. ••3 A conCtp· tcs (extinÇAo e reavivar dos fogos;, visilas dos mortos, combates
ç_ão torna.se. uma construcào de pro-porções CÔ$micas que u,obi- en1-cc dois campOS adversos, iniciações, casaiuelltOS, orgias, etc.
hza um grupo de deuses: ''Que Vi5hnu prepare a matril. Que - § 152) Ê certo que nem todos esses rituais do Ano Novo ou
Tvashtar modeJe as fonnas. Que PraJãpatlfaça oorrtr o líquido. da primavera estào exprC$samcnte ligados a um mito, oomo tcerto
Que Dhâtar depo ite tin li o gcnne."'" _A hieros.:un.la C.éu-Terra, l:t,mbem que podem estar iJllcgrados em mi1os Jatera.is cm que a
ou Sol-Lua, f munas \+eu s ooncebicla ein tcrJnos tao t:stritos oo· tôni.c;l não e posta na fuoção cosmogônidl. No encanto, toma-
mo estes: .. Ul mariius supra feminam in çoitione iocet., lic coe·
lum :supra ,crram"s, dos no seu conj1Jnto, lodos os atos $fados e todos os ''sinais"
336 n A T A O O '()J; JJfSTÓRl.'1 DAS AELIGtúES Jt!ORFOLOCI.A E FVtJÇ3.o DOS J,ff1'óS 337
atualiuidos por ocasião do Ano NO\'(I 011 da abertura d.a prim3• prC$CJ1(:içôe.s do Ano No,'o. Na Pérsia, por exemplo, os ovos co•
vera - q u e r sejam de essência $linti 6lK'a ou ritual, rnftic'a ou len- lorldos c:onsti1ue1n o prescn1e. específico do Ano Novo que cou-
dária - se moscraoo dotador. de oma estrutoca oomwn: ele$ ma- servou até boje o nome de '·Festa. dos ovos vermclbos"" Eº-"
nif am. com desigual releYo, o drnma da <:riação. N çe senti• ovos vermC'I que se disuibU('m peta Páscoa nas regiões bsJcâ .
do, participam todos do.1nitot ônico, bcn1 qne, ern mais Jlicas fazen1 parre. provavelmen1e, ,de um. sistema ritual a.ná.1030,
de. u1)) caso, n.ão se trate de mitos pf'OP{'imente ditos, mas de ri· cuja finalidade ê c:on1eroorar o principio da pri1llavera..
wais ou de ' 1!iinais" . AS5im, o ".siJhal'' (JllC anwicia a primavera Em fod0$ os t.SOS citados. conlo uaquCJes: a que vamos-ain-
pode ser encarado oon\o um mito c:riptico oo concenuado, visto da fazer referência, não seéxptka a ,•irrude ritual do ovo por uma
que Jnostrar este ''sinal'' equivale a p1ocla.1t1.:ar a criação. Tal co- valorizaçr.o ffllpirioo, racionalista do o,•o con. idcrado germe: a sua
n10 o míto propriamenre dito narra ,;,ert;aJmcnrc un1 acontecin:ien- ju.s1ificação está no símbolo (l'l'leo ovo encarna e l'lãose refere tanto
to exemplar (neste caso. a cosmogo:aia), 1an1béln o "$inar• (nes- ao nascitneruo quanto a um , nascin1enro repetido de acordo 1.'001
te caso, o ramo verde ou o animal) vc,ca este acontecimento pe,. o IJlodelo cosmogônioo. De outra fcfma não se cowprocndcria a
Jo simples fato de mostrá•lo. Em brc:vc mencionm1nos exemplos in'tportância do.sovas na celebrai;-ão do Aoo Novo e nas fesw<los
que esclarewào as relaÇ'ô(.s entre o ro.i10 propria111tnte dito e es- 1nonos. Sàooonhecidas as Ligações do cuJtodos nlortoscom oco-
sas outras categoria.ç de fato$ mâ.gloo-reHgiosos a que podemos ;i.neco do ano: no Ano No,·o, qua,ulo o mundo é re.críado, os mor-
chamar mitos "crf()ticos· Oú ''00 1:i cm trados' ' . tos scntc1u-se a1rnido.s para os vivos e podem. até certo ponto, ter
.acsperanç:a de \'Oltar à vida. Em qualquer desses conjuntos mi1ico-
ri&uais, a idêi:l fundamental nlo está no ''nascimento" mas na re-
JS7. O º " º <:os,rsotõnico - Om mi10 cosinoj:ônico do ar- peliçãi> do nascilnento e,.·tn1plar do oosmos, na im.i1açtio da cos•
qujpélago da Soci«iade mc»r(a•nos Ta 1roa., " o antepassado de nl03oniá. No decurso da festa biodu da vcge:1;içào, Holi, que é
tódosos deuses" e criador do uni'ltt'So, • na sua conc.ha, no n1eio 1ambém u1n festa dos mor,os 1 há o costume. cm ccr(as régiõC;S,
das trevas, desde a eternidade. A $\la oonclt3 as.semelha-se a wn de acender fogos e lançar riclcs duas í1.3urinha h1nnanas, uma 111;1.
ovo que rola no espaoo iiirui1ado'''· O motivo do ovo cosmoaô- cho, outra Rmea. e que rcpl'eséntam Kâm:.ldeva e R.nti. Ao mes-
nico, que se encon1ta na Polinésia ,. é comunt à Cr1dia antiga, á mo te1npo que a primeira figurinha-, 1auçam-se também no fo go
lildonésia, ao lrã, a Grécia, à Fen,cia, à .Letônia, à E.uõnia, à um ovo e utna galinha vi,·a 11. Sob esta forma, a festa simboliza
Finlândia, aos 1:,aog1A;•e da 1-\frica OcidéataJ, â América Central a mortcç ª rmurrcição de Kâmadtva e de Rati. O º " ' º conlinna
e â cosia oeste da Ámérica do Suí'. O c:clllJ'o de difusão deste mi- c-pro 1nO\'I?a rcssurrciçào. que, repetimo-lo, não é um nascimen-
to es1á prova,•elmentc na Índia ou na fndonésia. tvluito imJ>0r- to, ,nas um .. retorno", uma "repttiçã o''.
tante para nós são C)$parale&os miticos ou rituais do ovo co'.s:mo- Um simbolismo desse tipo aparece já em certas sociedades
gônko: na Oceãnia, pOrexanplo, c:ré-se que o ho 1nem nasceu de prê•hisl6rk.a.,; e pro10-liistóticas. Em muitas sepuJluras da Rós
um o - ou seja, a cosn103ooia serve, aqui, de modelo à an• sJa e da Suêcia forrun encontradôS ovos de argila (Arne vê ne-les,
tropogonia, a criaç:.'(o do ho,nffll imita e: repete a do oosruos. com raz. . um emblema da .ímortalidade) 13• No rhuat osírico,
Por outro lado, etn muito$ lugares, o ovo aparece junto ao$ a 1nodelação de lun º " º por nleío de diversos lngredien.tes (poei-
sínlbolos e: aos emblemas da renovação da natureza e da vegeta . ra de dian1an1c, farinha de fi g. os. pc:,rfl,11nes ... ) dCS('n\i,enha um
ção. A.s chamaá árvores do Ano Novo, o "'Maio'·, a árvore papel acerca do qual n:fo possuimos :dnda informações suticien-
do São João. sâo decoradas com ovos ou cascas de ovos 10. Ora, ces l •. Tochas -as est.lructas de Dioniso cnoon1radas nos o.imulos
ê sabido que todos C$SCSemblemas da ,,egetação e do Ano Novo beócios tê1n um ovo na tuào. sinal de regresso à vida1s. Isso cs:c-
raumcm, de certa 01aueira. o mito da criação periódlca. Ug.,do plica a inierdição órfiça de comer ovos visto que o orfismo pre-
à "á.rvore º , d a própria símbolo da natureza e da infatigável re- tc1)dia alcançar, en, J)fimciro Ju.aar. a ruptura do 1.iclo das reen-
11ovação. o ovo confirma todos esses prestigios cosmogónicos. car-naçõc:s. i11finit.as, ou, por O\Jtras pal.avras. a abolição do retor-
Daí o impon-an1.e papel que d e dêsempcnha 1 no Oriente, nas re- no pcfiód.ico à existência''·
338 1M1ADÓ 0B HISTÓRIA DAS REUCiJÔ.ES J.IORFOLO<JJA E FUNÇÃO [)()$ J,tf70S 339
r-v1eo:ionarffllos, para 1er11tinar alguns 01.1uos empretos ri po ÍUL\.ll"O. lvlas não I: scnssto deixrumo-nos prender a fórmulas
l"UaiS do ovo. I m ptimeiro tuc.ar o seu _papel n.c» rituais agtioo- e reduUr mos todos o i dpos de mitos a um protóti po único, co•
las que s.ctc.in mantido a1ê a nossa.Ct)cxa. Para flSSegurar Q crcs- mo aconteceu há alguns anos, quando certos especialistas notá·
dn"teruodru ,11t11tes, o caruJX)ôê:s.fiolandts. deve gnardat wn O\.'O ·eis reduziram toda mitologia a epifanias do Sol ou da Lua. 1',fais
na aJgibeira enquanto duram as. sementeiras, oo então colocar um msttutivo ainda do que a cJassificaçio dos mitos e a pr0<:ura das
o,·o na terra aroda ir. Os es1ô 1ios comenl ovos durante o tcn,po suas po ssjvcis "ori3ens" e, cm nosso entende.r, o cstodo da sua
da lavoura ••pira terem foc;a•• ossueoos lanç,am ovos oos cam- ç trutura e da sua função na experiência CSDirituaJ da humanida,
pos lavrado5. Ao scmcarmt o linho, os. alemks juntam-lhe, às de areaica.
vezes, ovos. ou deposi1a1n um O"<'O 11-0 trunoo. 0,1 einâo censo,.
mem o,'Os durante o te-mpo das liCffiénteirosl•. Também e:nt.rt- os
alemães bá o costume de enterrar nos •lgueives ovos de Pâscoa 158. O que os mi(OS r e v e l a m - Qualquer que seja a sua na.
bttl2idos ,,a jgtejai t . Os cclleremlsses e os ,•otyaks Jançrutl ovos tureza, o n1ito é strupre um preccdent,e um exen1plo, não só cm
para o ar antes de começarem a .sanear e, outral VC?'.t's, enterram relaçâo às ações - "saaradM'' ou_ "profanas" - do ho1nero
u.n1 ovo ria terra la\'1.tda como·ofereuda à Terra•C\.idc;).'I . O ovo ruas também em 1-elaçtio à sua própri::i condição. Ou lnelbor: u
é, t1ô mesmo tc:mpô, uma oferendo às divi.ttdades ctôo.icas e uma precedente para oi modos do l'tal em geral. "Nôs. d.e.vemos fazer
ofercl)da corrente no culto dos mortos I. l\'Jas, qualquer que se· o que os deuses fiuram DOprincípio."24 "Assint fizeram os deu-
. ses, assim fazem os homens. u::5 Afirmações deste tipo traduzem
ja o conjunto rirual ettl que se insira, o º ' ' º nunca perde o seu
sentido principal: assegura a repetição do ato de <"nação que deu perfeiwueni.e a conduta do bo1nem arcaico, ntas ntio se pod e di
origein in li/o ren,poreàs forinas vivas. Quando coJbc um sim· zet que elas esgotem o contetido e a funçao dos mitos: oom erei-
ple.s, tk*s.e, no seu lugar, um OV(I, de LO..'u1eira a garantit o cres-- to, uma boa parce dos mitos, ao Jnesmo tempo que uarra O que.
ci1ncn10 compensatório de uma planta semelhante.=z . fizeram ln lllô te111PQre os deuses ou os seres núdcos, re,•ela un>i
Eoi cada um desses e:teinplos. o ovo sarance a possibilidad(: rutura do real iuacessh·cl à aJ)reensâó empírico-racionalista.
de repelir() ato primQrdiol, quer dizer, a criação. Pode-se pôr· eotre outros, os •nitos que poderiamos designar. cm pou.
_Citemos,
cas pal:t\'ttis, mitos da polaridade - da biwtidade - e da reinte--
santo falar, em. ceno sentido, de varianies rituai do mito cos·
mogõnico. S- prc:ciSO que nos habiluentos a dls:sociar a ooçâo de graç-ão e a que dedicamos um es-tudo espcciaJM. Un} i,nipo im·
"mi Lo" das de ••palavra" de "íá:bula" (veja•sea acepção homé· portal)te de tradições mit,ica.s faJ.a de ''fra1cr1tid::ide'' eotrc deu-
rica de·,nythos: ' ' p alavra" , "discurso"}, para a a1,roxin\;lrroo5 ses e demônios - por exemplo, devas e (lSUrat-, -de ºaDlizade''
das noQÕC's de "ação sar;rada" de ''ic:$to significativo", de ou de oonsangt\inidade entre heróis e seus antagoniscas - tipo
"acon1ecime1uo priniordial''. É mítico não só o que se cp,ua de lndra e NamuL'i - , entre santos e mulheres diabólk.is- tipo Sâo
certos aconteclmentoo que se desenrolan1 e de pefS-Onag.ens que SJsiJ1io e- sua irmà Uerzelia, um clcmôojo.fâne.a. O mito que dli
viv«n.n) in illo ,enrp,ore, ma$ ainda tudo o que se acha n, rela· u!" ''psi'' comum a doi$ person gens que cncar11am os princí
çOo direta ou útdln111 com lâls ccontecitue1110$ e co,n J)l!t'$<Jna· J)fOS polares sobrevive até nas tra.diÇQcs relia.Iosas que acentuam
gells primordiawl. Na medida t m que é solid.\ttó dos riluais do o dualismo, con10 suctde com a. teologia iraniana. O zervanis1no
Ano Novo e do renas<:in1cn10 da prima\1cra, o ovo reprtsenta uma tem Onnuid .e Ahciman por lrmtiôs, am desceodendo de Zer,
epifarlia <la crfaç.lio e - no quadro não da experiência cmpiri· van, e no pr6prio A.vesta é v d encont.rar vestígio$ de COO·
co·racionalista, mas da experiência hierorânica - um rtsU(l\O d3 cepção semeJhan 7. O mesmo mito 1ransitou para as cradiçõcs
COSD\C,SOJlia. populares: 1nultas crenças e provérbios romenos afirmam que
De ctrto poa10 de visca. co<lo mito é "oosmogônico'', visto Deus e Satã eram irmãos21i.
que enuncia o aparocirnento de uma nova ·'situaÇ[tO" cóstuica ou U1na outra ct1teJ;oria de mitos e tendas esclarece uào só a fi.
de um acootecim,en10 primordial, que se tornam dt5:sc modo, pe. Jiação c.om.um de persooa_g.cos a 1agoaistas n1;is ta,nbém a ua
I<>siinples falo da sua n '\llifestaç:k>, Pllf•dismas l)llrn 1\l<!o o,,.,. converublJ1dadc- parado J. O Sol 1 pro1ó1ipo ,dos deuse , ff bt
-
340 TRArADO t>F. ll!STÓRIA DAS R.EIJOIÔES MORFOLOGIA E FU}.'(, lo DOS ,i,1rros 341

às vezes o uon,e de '-Se.rp<:nte" (§ 4S) e A.gni, o deus do fogo a par de uma ••fqrma su-a','t;"''. cada divindade.aprcc;enta uma ''for
é, ta1nbém, um .. sao."rdotc,a:siira". quer dizer, ess.encialJllElnte uJn n1.i terrivcl" (krodha-1ni,r11). A esse- respeito, Shlva pode ser tido
«d mónio", de,(cJito, por l'eaes, 0011\0 "te:Jn pés setn (abeça., por arquêtipo de u.ma rica serie de <leUSC$ e de deusas.• visto que
e e:sicondendo as f1.t&s d11t\s cabeças", exatamente como uma ser cria e destrói tit1nkamen1c todo o universo.
penle tnrolada211 . o Aitareya Br(JJunana aúrms que Abj 1 hll·
yia é, de Ul\1.a runelra in,•isi\'tl (paroksh.ma), o que Ag:ru e de
159. Ccincide11#a opp()siforur,, - ,nodeln 0101eo - T o d o s
uma maneira. vi:si,•el (prq1:,qk:sl!fl) 1 ou, pqr Q\llril$ Pi\!ª'(f , ª «wr
esses mitos nos- apresentàrn uma dopla revclaçâo:
pente" nada mais e que u.rua \lir1ualidade o fogo, t.nqua_nto as
trevas sâo a Juz ero estado l.aien1c. Na Vtt,asaneye Sornlutfl, V,
33. Ahi Budhnyia é identificado com o Sol. O som11, a bebida J! Mruúfes1am, por um lado, a polaridade de duas persona-
lidades divinas. provel)ientes de um único e rutsmo principio e
que confere a i1nonalidade, é, pO/ exeeJêttcia, ''di,ina'', ".solar", d tinadas. t m dh·C1Sas versões, a reconciliaretn-se nun1.illud ftm·
o que o:loim_pede que se. leia no .Rig Yeà.aque ;'Soma'', "da mes· pus escatol6gjco;
ma rorma que.Agni, .sai da sua velha pele". expressno gueoonfe-
rc à ambrosia unla modalklade ofídica». \ 1t1rur, a. deus celeste- e 2- r vlaniíest am. por outro lado. a c'-Oincidenriocpposiloru,n
arquétipo do 1'Só berano Unh'Crsal" (§LI). e., ao m.esmo 1empo, na estrutura profunda da divlndade. a qual se revela alternada
o deus do oce-ano, mc,rada d.u serpeott3, co'mo meuclooa o 1\fo- ou eoncorrencentcnte benévola e te-Trivel, criadora e destruidora,
hábh6rota: ele é o "rti das se.rp ntes" (nâgarâja), e o Atharva solar e ofldiana, isto é, manifesta e virtual. Nesse seottdo, é jus-
Ve</(1 chama.Lhe mesn,o "vfbora". to diter·k' que- o mito revela, mais P.l'Ofunda1ncn1.e do que reve-
Na per.spcctiva da e>:pe1iêncla lógica. todos s atributos laria a própria experi cia racionatis(a, a es1r1.1tma da divinda-
ofidicos 11/lodeW!.rlan, convira uma divindade urartiana como Va- de, que se situa alén1 dos a1ribu1os. reúne todos os contrários.
runa, Ma& o mito deS\·cnda uma rt&ião ontológica inacessível à A prova de que tp.l e.xperiência mJtíe-.a não ê a rrante está no íà-
expcriE.neia lógi Sl.l}:)erfkial. O milo de Varuna ft\ttla a biul · to de ela se. integrar quase u.uiversalmente na txperitncia relígio--
dade divina. a coincklência doscontrãrio.s, a totali ção dos.a,r1· sa d.a humanidade, até 1nesmo num. trad.içiio tão riiorosa co1no
butos no seio da dh•inda.de. O mito expri.iue plásdca e dtamati- é a tradição juda.ico-cristã. Jeovâ é bo1u e.éolC:rico ao mesmo tem-
camcnte o qve a metafísica e a teologia definem dialeticamente. po. O deus dos místicos e dos 1eólo3os cristãos é turifica,11e e
Heráclilo sabe que "Deu$ e o dia e a noii-e, o iQverno e o \'erào, d<Jce e é desta cohttidenria Q.PJ)()Siloruur que parciram ai ITJP..i§QU·
a guerra• a J)a?. a Sâcied de e foMe: tõdM M õílõsk<,es <!tão .sadas cspecuJaçüt.s de. um pseudo--Diniss, de m Mestre EctJiart.
nele''l 1• Fortnulaçâo análoga aparccc no texto ínc:Uano que n ou de uro Nicolau de Cusa.
<Ut que a Deusa ''ê Shri (esplendor) na casa daqueles que prah·
cam o bem, mas que el<'I é Alakshmi'(o contrário da lakshmi, A coiltcidentlá OPJX)siforJ11n é uwa das.maneiras mais arcaj.
deu da sorte eda prosperidade) na casa dos maus"32• Mas, pot cas de exprimir o paradoxo da l'talidede divina. Voltaremos aes,..
seu lado, este texto ex.plkita some1)te, -à sua nianeira. o fato de sa íórmul.a, a propósito das "fotmas" divinas, quer diier, da es-
as grandes deus3S indianas (como Kâ i), como as grandes deusas l!Utura t,·ul ge11eris qµe revela qualquer '' p e rsonalidade'' divina,
ent aeral acuniularetó tanlo os atributos da do ra cot.uo os do ba1.-endoque se entender que.a pel"$ODalidade. di..,ina oâo Pode ser
1error. EÍas são, ao mcsnio tempo, djvindades da fecundl<Lade e tid,..., em caso algum, l)Or simples projeção da pel'SOJlalidack, hu-
da destruição, do nMCimento e da morte (fr«iütntcmentc, são 1nana. No eutanto, se bent que 1al ooncepç.ão, na qual todos os
tambén1 deusM dá guerra). l<âli, por exemplQ, e chamada ''a der contrários ooihcldem - ou n\.elhor, são t(aoscendidos - . eons-
ce e a benevolente". o que u3o i.Lupede :i sua mitologia e a sua titU3 1>recisamente uma definiç-ão r,11)1in111da divindade e Jnostre
iconogra.fia de seren1 terrificantes (JCâU tst.l «> t;rta d sangue-, até que Ponto esta ê "absohua1nente diferente'' do homem, a coit1-
traz unt colar de crAniô$ humanos, segura u1n cabce fcn.o de. um clde,uü1 ôpposi1on,n1 não deixa por isso de se tornar ont rnodclo
rânio) e o seu culio de ser o mais sangrento da Ásia. Na Índia. exemplar para certas categorias de llomtns religiosos ou para cer-
342
,ltORFOI.OGIA. E FUl\'Ç .,.f ODOS ,\111(}$ 343
ias modaLidades da. l;')(J eriência religiosa. A t·oinrit:kntW opposl•
tórum ou a trao.s«'tkiêJtcia. de todo! os wributos podem ser reali- tes mes1no de e.-.:pritnjr este conceito da biunidade divina em ter-
,zadas pelo homem de 1odas llS mai h.as. I; M-Sin1 (J.Je a "orgia" mos metafísicos (e.sse-1W11 e$$C) ou 1eol63icos (manifestado -
a apresenta Dlvel mais demcnlar da,vid r<ligiora: pois não M0-1ua.oifestado). oomeçou pór exprimi-lo em termos biolóiJcos
.simboliza ela o relomo ao amorfo e ao indi 1U\1Q, a r«uperaçio (bisSi:.'\'.ualidade). Já tivemos <icasião, 01ais de un1a vez. de verifi-
de D"1 estado no qual lodoi os íltributos se anulani e os conu:i- car que a ontolosia arcaiea se exprime em termos biolôgic0$. Mas
ri l!:oioc em? M o devenlos.dei.":tr-oos iludir pelo aspecto exterior dessa Ungua-
1'.tas, pôr ouuo lado, d veadamos o, D\ie3mos eniiname.n- gtm, tomando II terminol®à ft\Ítie.-1. no sentidó ôôii<:ielo, profa.
tos o o J)róprio jdeal do sage e do asceta orieBtal,. cujas 1écnicas oo, ''moderno'' d(tS palavras. ,.:A mulher'' num texto 1nftico ou
t mé!odos ronteJnplad\'0$ tên1 ffll vista transcender radicalmen- ritual nunca é a ''mulher": ela remete f>ara o principio cosmo16-
te todas: as qualidades. qualqllt.r quekja a soa oa.twez..a. O asce- gico que ela incoJ'))Oia. Por isso, a ruidtogloja di\'ina, qu se en
t;,1, o JO.ge, o miStico indiano ou -chinês esforÇa-se Por suprimir contra. en1 1ancos mitos e·tft'nças, tem um ,·aJor teórico nletafi.
da lua (. periêncJa e 00 soo consci.êocja i()da a pécie de ''extre- síco. A \'erdadeira i.ntenção da fónnulaé exprlioir - cm termos
mos", quer dll.C!, poc adquirir u1n es1ado de aeuu·aõd.1de e de biológicos - a coexls1et1cia dos oontrários 1 dos principios cos--
iudifet'eoçi perfeitas, por 5e tomar impc.nneá:vel ao prazer e à mológicos - quer dizer., 111aclto e fl111eo - 110 seio da divindade.
dor... por se !Orn.·u· autÔOOú.'10, Essa superação do,s extremos por Não ê este o lUS,-'\l' Jndie.tdG) para retomar um problcn1a já
n1eio da ascese e da contemplaçã,o co,1duz. latnbém, à "coinci· 1rai.tdo no nosso ,Wylhetle lo réintégrotion. Lcmbrcn).OS, siêi.1ples-
d1.ncia dos oontr:i..tios": a consciência de tal homc:m deixA de co- mente, que as divindades da fc:nilid.ade cósn\ica são, na.maior
nhecer conflitos e-os pares de coauários - prazer ·e dor. desejo parte, andróginas, ou fêineas nu:rn ano e mac.bos no ano s,eguinte
e repuls.a, frio e quen1e, a.gradá,·,el e dcsagrach\vel - desapare. . (. por exempl ,. do ''P.spirito da Flofcsta" dos es1ônios). A
ocrn da sua expetiêocl.a. '10 mes(I)() 1cnlpo que uma "totalização" maior parte das d1v1ndades da veiiet çâo - tJpo Attis, Ad nis
se opera nele e- empárell:ta oom a ',oralJza ·' dos ex1Teroos no DJoniso - e da Grande Mãe - tipo Cibele - são ·bissexuadas'.

'
selo da divindade. Aliás, co1no já vimos, na perspectiva oriental Nwna religião tão arcaica como C a religião australiana. o deus
a perfeição é i.tlco.ncebível se1n 1.1ma cotali1..ação efetiva dos primordial e andr6$itlO·, como o é, também, nas religiões mais
couuârio.sll. ·o neófito começa por tentar "oos1niciz.lr'' toda a evoloJdas., na Índia. por excm o - 1x.>r vezes. mestl10 Dyaus,
iua experiência, assimilando • aos ritmos que- dominam o uul- Purusha, o Macrantropo cósmLC0 $4, , O par dívinô mrus impor.
vcno (o Sol e a Lull), DlllS, uma. vez obtida essa ''cosn1ici1.ação" 1 tante do 111teâo iudiano.1 Sh.ivã-Kâlt, é, por\' , re1, sen1ado
ele orienta todo o seu esf'orço no :sentido de 11ni/fear o "Sol" e fo
b 3: f!ll deu ser único (ardlurilfirts/n,ara). B a iconografia
-a ''Lua•·, quet dizer, de assumir t()do o CQSlnQS; d e rc-t'az cm si 1an1nca e nca ein unaa.ens que nos tllOStràm o deus Shh•a enJa.
e-por sua conta a unjdade primordial aoletior à criação, un1a uni- çando eslteitrunentc.Shakti, a sua própria ''potência'', figurada
dade que não s:ignifKa o caos da prê-criáç.ão, tnas o ser ludife,. oomo divindade feminina (Kâti). Aliás, toei.a a .mfstk"á erótica in•
rencia<lo no qual todas as form são .reabsorvidas. diana tent por <ibjeto especifico â pet"fciç-ão do homcn1 pela sua
identiíicaçiio com um "par di,..i'no", quer dizer, pot via da an-
droginia.
160. O mito dl'I a11drogtaJa dl"l1hu1 - ·um nO\'O e:te-mplo ih,s· 1\ bissexualidade. divina é um íenôme.no muit0 dissesninado
trará mals claramcnte ainda o esforço- feito pelo ho1ne1n religio- nas rtligiõt$ e - caracteristica que- deve ser sublinhada - são
so pata imitar o arquétipo divino re\'clado pelc>s niitos. Dado que and.róginas até nlesn10 divi11dotles m(lst.uliuos ou /en1i1tinas por
todos os a1rlbu,os coe,istem na di\•indade, é de.esperar que nela excelh1c/(I . Qualq,ucr que seja a forma em que a di\•indade s,e
(Qiru:.idam, iguahnt'ntC., sob uma !forma mais ou 01eno m.aoifes· tllanifeste, ela é a realidade i.iltirna, o. podef" absoluto e. essa rea-
1.a, os dois $ex<is:. A androginia divina não passa de u1na fórmula lidade, este poder, oeáam-se a deiicartm-se lilnitar r quatq·uet
arcaica da biunidade divioa. O pee1s,men10 mitico e religioso, an. espécie de ,uributos e. de.qualidades (bom, mau, i:nacbo., fêmea).
Alguns dos druscs Q.ipcios mais antigos eram bíssexuadoS'6• fin•

'!""'-----------=---
-
,l10RFOLOCl.4 B FU,VÇÂó DOS J.flTO$ 34$
1 l U TA.DO D E HJSTÓRJA DAS RELIOIOES

tro! os grc.gos, a androginill ni\o deixou de ser admitida, tnesmo 001mntários rab(oJcos dão a eJUendcr que Adão também foi, por
nos lilütl1os séculos da AnLiguidade3T. Quase Lodos oo deuses iJ»· vc1.cs, concebido como MdrógÍt\O. O "naschuento'' de Eva não
cería sido, pois, mais do que a cisão do andrógino prirnordi31 en1
portantes d.l initot-0t1a tieaodioava cooscrvam ainda \'estigios de
androg:inia Odin, lol:i, Tuisto, Nettbus .!t, O deus iraniano do dois seres: mac.ho e fêmea. ''A<lào e Eva íoran:i feitos dorso com
Len1p0 i.liml1ado. Zer,·an, que os. historiadorcsgrtgM tn1dutiam. dorso,·liga.dospdosombros.EntãoDeusseparou-osdando\ltllgol•
oorn raião, Cronos. é t1u'!lbét11 andrógino, C·Zcrvan deu origem, pede ntaclt doou cortando,.osem dois. Outros são de opinião di·
Jercnte: o primeiro homem (Adão) era hon)e1n do lado direito e
como já di1SOJ11C11,ao, gi'rnros Onnuzd eAhriman, o deus do bem muJber do lado esquerdo, roas Deus rasg.,au cm duas metadts. ••41
e o deus do l. o <kus da luz e o dell$ das tre\'as.». Os próprios
chineses ro:onhcoem uma divindade supt·etna andrógina, que era A bissexualidade do homero pri.mi1Jvo forma uma tradiç-ão ainda
precisa.inentt o deus da obsçuridadc e da luz40: o slmbolo é cor• mu.i.10 viva nas chamadas sociedades primitivas - por exetuplo,
rente, ,i.::to que a luz e u trevas são apenas. aspectos sucdSÍ\'OS oa Austrália, na Oceãnia,'-'1 - e fiC()U n1csmo no seu estado origi-
de \1Ul1l 1.in.ica e.mcs:na realidade. Considerados isoladai.ncntc, cs ná.rio ou cm estado rtformado nu.ma antropologia tão avançsda
ses OSJ:t?CIOSplre:triam separados, opostos, mas aos olhos do.sage como a de Placao e a dos gn0$"1irosu .
ele$ re\•e!am-sc mais do (Jue "3êu1eos'' (00010 Ormu.zd e Ahri- Mais uJna provadequedeveulQS ver na androgjnia do homem
tnao): eles foJma.11, uma única essê.ncia. ora manifestada, ora oão primordial ums das expressões da perf iÇão e da tocaUzaçâ'o está
n1anifes.ttda. àO faco_de o andróginooriginal ser freqüentemente concebidotó-
Os "pares divinos" - do LipO.Bêl·Bêlil - silo, na maior par· mo esfcrico (Austr'1ia,, Platão): ora - é luna característica bem
te dos caros, loveuções iardias ou for,mutaçõcs irnpetfeiw da ;in. conhecida - , d dc as msi$ arcaicas culturas a esfera simbolizou
drogi.nia primordial lJlle caractecizã toda divindade. Assim. en a peifcição e a totalidade. O 1nitod<1 andL'Ógiuo esférico encontra·
tte os semitas, a deusa Tanit era oognomlnada "a ftlha de. Baal" se assim como o do o,.:ocosmogônico. Pot t..xetnplo. segundo a tra•
e Astarlé, ''ô nonte de Baal"'1. São muitos os casos t.m que a diçâo 1ao1sta, oriainarian1e1ue., os '"sopros" - que encarnavam,
divi»dadc. tinha o nome de '' pa i e m1ie''. e da sua substância, sem eotrc.outros, os dois.sexos - ooofundlain e forma,•am um ovo,
Qualquer ln1erveoção, nasciam. os mundos, os seres. os hontel\.5. o Orande,.Uno, do qual sedestacs.r.am, mais tarde, o C u e a 'Ter-
A androzjnía divina lrnpl . como conseqüência lógica, a m ra. E.ste e$querua cosn,ológioo serviu, e\•identemcotc, de mod-e-lo
noJeoia ou a autogenia: inúmeros mitos COl\tam como a divin· às técnicas de fisiologia mística d taoisfaS4S.
dade lirou a sua existência de i mesma, maneira simples e dra.• Omito dodeos :indrógino cdo "antepassado" - o ''home1n
mática de acentuar que a divll1dade se basta plenamente. ô mes. primordial" - bissexuado é paradigmá1ico em relação a todo um
rno tn.lto reaparecerá, ba ado então numa 1necafisica refinada, conjunto de cerimônias coletivas que tendem a rttrtuál/1,arper(o,.
dicaménle esta condi,ç.3.o inicia), consjde1:ada o n1odo perfeito da
nas especulações nooplatônlcas e gnósticas do lim da Antiguidade.
humanidade. Além das operaÇOO <l:e ci. ncls!lo t de subincis:lo,
que têm por finalidade a traosrormação ritual do jo\•em·australia.
t(i:I. O mito da and inla b111tlft.na - Ao mito da androgi-- noou da jovem australiana 1111n) andrógjnO, hã que coosid rar to·
nia dí,•lna - que revela o melhor po ivel. en1re oueras expres- das asccrimôniasdc ''troca de trajes", quesr10 apenas versões ate•
sões da c()Ílu:itlénlifl ()J)PQsi1or11n1, o pRradoxo da CllisLência divj. nuadas da androaini . Na fndia. na PCrsia, e em outras partes
na - corresponde toda uma série de ntitos e de rituais relati\·OS da Ásia. o ritual de "ttoca de t1'a] s" desen)J)enha um papel im·
à androainia humana. Aqui, o mito divhto consô1uio o 'l)atadig· portante. nas fc.!>1as agrícolas. Em tas regiões da fudía, os bo·
tna da e. periêncla teli,alosa do homem. r-..tuitas tradlçõts eoc:;i. n)ens usan,ruesotoseiosartificiais nodec.ursode uma festa da deu-
cam o ''hol)le1n primurdia)•t. o antepass.'tdo, como um andrôg,i- sa da vegetáÇão que é, naturalnlente, t.lmbém andrógina47.
no 1 lipO Tui.s10, e versões miticas mais tar<lía.s falam dos "pares Em resumo, o homem experimenta periodicaruente a necessi•
primordiais'' - 1 i p o Yanta, isto é, ••gêmeo'', e sua irmã. Yamt, dade de recu1>erar - nem que $Cja pelo tempo de utn relâmpago
ou o tmr irania;no Yima-Yimagh, Mash)·asb·l'o1a.shyánagh. Alplns - acondtÇli.o da hUJoauldade perfc:it.i., na qual os sexos coexistiam
-
146 TIU r.'IDO o.e HISTÓRIA DA$ RE:.LJOlóE.S
,\fORtOLOOl I e FUt.'Çiló nos ,\_(ITOS 347
C'Omo coexistem, a p;u- de t00êl$ as (UJIJas quaUdades e de lodos
os oulros attibutos, oo diviadade. O homem que usava roupas l62. Mi10 S de rett(>\'açio, de wnstruç:11.o, de iniciação, tcc.
de mulher nãO$C·tomB\'ª• por b.so, mulher. coroo parecetiaa uma - Em caso algum pode o mito ser tido por sirni>les projeção fan-
obsefva,ão sup,etrida.l, ina.s realizava poo: u1n momento a unida· tástica de um .lCOotecimento "narural". No plano da experi{!n
de dos.sexos, um estado que lhe facilitava a compreensao to1al d a mágiooMreligiosa- j io.sistimos neste ()Onto- a natureza
do cosmos. A nec.c :sidade que o hon1em experitnenta de anular nunca é "natural". O que parece :i mentalidade empirioo--
periodicamente: uma condição difc,rcn,iada ç hem fi"ada,. para racionalista uma sittiQfÕo ou um processo natural rC\·ela:-se, na
reencontrar a "totalizaç.ão 11 primo1dial. e.1pUca...se pela mesma cxperi nci·a m:igico-rdísiosa, (.omo umá erutof niâ ou umn hie-
neictssidade da ••o, .;," eeriôdi.ca em que todas as ronnas se de· rofa nia. E é onic1uncnle por meio cldas que a ;•natureza" tor-
sirues.rron para 1onninarem na rccuJ>eraç.ão do ·· tesmo''. do ll.'I objeto mágico-religioso e, nesta Qualidade, tem interesse para
"Todo-Uno" anteriot à Crlaçào. Acabamos, de descobrir aqui a ftnotnenologia religio.sa e para a história das reUeiõcs. Os mi-
inais un\a vez.. a nccc.sjidade de abolir o passado, de supri.ruir a tos dos ·1deu$eS dn vegetação" <»11.st.ituc1n. a esse respeito, u m
"história" ede reoomo;-arurna oova vidr1 por uma l)Ovacriação. excelente e!(emplo de tninsmutação e de ,•aloriz.ação de u1u acon-
tecimento cósmico ''natural". N!lo e o desapar«:hnemo nem o
}.foríolog,icamente, orimaJ d• "troca dos trajes'' é análogo à ··or-
rcal)arecimento da vegetação que l.':ciatn as figuras e os rni1os des-
gia'' cerimonial. Acontecia. de resto. freqüet1temen1e, que o&dis,. ses deuses - d o tipa T;1.Jnmu,z, ;\ttis, Osíris .•. ; não e, cm qual-
faroes f'ouem pretextos pa:r;i orgias propriamente ditas. No en-
quer caso, a sjmpks observação eoopírico-rationalls1a deste t'c-
tanto, lnesn10 as vatiaçõesmais aberràntesdesses rltlíals oâo con- nôn1cno •1nat ural' ' , O aparecimento e o desaparccimet1tt) da ve-
.scguiram anular-lhes a significaçâo essencial. quer dizer, a rein- getàeà<> sempre foram sentidos, ,ia pcrspetOva da cxperié.ncia
tegração na condiçâo i:,arodisiltCS do ·'homem primordial'•. E (O· mágico-reJi3,iosa. como wn sinal d a c ria ção periódica do oosmos.
dos ele:; têm por n1odelos exemplares os mitos da androginia 1\ paixão, a morte e a ressurreição de1'anunuz, tal como se reve-
divina. latn t10 1nito e no que. elas própl'i:is rc,·elam, es1ão ,:to longe. do
Se quisêsscffl0$ if\lstrar con1 mais exemplos a fuoçâo p.ir.v "fenõ111eno n,iturar• do inverno e da prima,•era como f\iladamt
digmática dos nLitos ,. não terían\os mais do que retomar boa par- Bovaryou An.a Karenina estão do adultério. É que, como a obra
te do processo reunido no&capítulos anteriores. Como se.viu. ne1n de arte, o rnito é um ato de cri.ação autônomo do tspírilo: ê J}()T
sempre se trata de um paradigma des•inado aos rituais., mal) tam· este ato de r.'ri(lf/Jo que a rcvelaçr10 se opel'a e não pela 1natérla
bém a ourras experiências religiosas e metaífskas! tais oomo a "sa. ou pelos 3'-0nttcim<:nlOS qu,:: el;i çxplora. Em resu.1no i e o mito
gez.a", as técnicas de fisk>logia mística.. ele. Poder,se,ia Lncs:010 de Tacn.ntuz. que rei e/a o drama da morte e: da ressurtelçâo da
1

diz.er que 0 $ mitos fundamentais revela1n arquétipos que o ho- ..,eietação, e não o contrário.
me,n se ;:iplica a Nalizar muitll \'ezes além da vida rell,alosa pro, Bfedvaluente, o mito de Tan.1lnuz, como o dos deuses anã-
priamcute dila. Um exemplo: a androgjnia ê obtida não sô por J·ogos, d svel\d3. un\a modatidade.<:ósmica que. supero consider.J:·
meio das oper;;iQOes c:ii:urgjcas que acompanham aseerimôolas aus- \•elmente a zona da vida vegew.1. Ele d vela, por um lado, a uni-
tralianas de iniciação. pOr lUna "oraf;.1" ritual, pela "u-oca de tra- dade f11ndat\lental vida-mor1e e. por outro lado, as espe1·anças
jes'', nias lalubé1n por via da alquimia - Rebis, fótmu.la da " t » que o homent põe nes1a unidade fundamental e- que dizem. res-
dra filosofal" também cl1amada a ''a.ndrógilla hern1Ctica » - . por peito à sua própria vida depois d a morte, D te Pol\tO de-v1Sla,
easameoio- por exemplo na Cabala - e al pe!o ato sexual (na pode-se encar.lr o míto da paixão. da morte e da ressurtelçâo dos
idoologia romântica altcnã.Jei, No f'w:tdo, l)Odt,,sic n1esmo !slur de "deu.ses da vee.e1a o" (orno paradigmático en.1 relação à C'.Ondi-
uma "atidt0$1niuçào"' do hoi,nem pelo amor, visto que., no aino,·, çto humana, pois revela a Utlh1.reza me-lhor e mais iotiman1ente
cada $C!(0 adquire, conquista as Hqu.i.LidJdes" do se.xo opo:1to {a do que o fariam a obs«vaÇào e ;:i esperiênc.ia c:mplrlco-raciona·
graça. a subnlissll.o, o devotamento adquirido p<:lo ho1nem lisl&, e para .tuau1er e. renovar essa re,.,ela.çâo que o mito deve
amoroso ... ). ser celebrado e repetido. O aparoc.imeato e o desaparecimento dá
vegetaçâo em si mesmos, c0tno '"fenôro.eoos oósmioos'', nada Lnajs
-

TltA T.-IDO DE HJSTóRIA DAS.RWGI ÔES J.!ORFOLOOI.A E FUNÇÃO DO$ i\f/TOS

significam do que aquil:i Q!Je 3AO: um ap.'lr&:inlento e um . com monstros. etc. t>.{uitos destes mitos COllstítuem, incon1e.s1tt•
psrecitnertl() periódicos ela \.ida \'egetal. Só o nLito r.ramfia,uta este vetn1ence, o arquétipo dos ritos de inic:iação"'. t,..fas esses nlitos
óC011lt'tin1eruo em coier.orio: vor 1ltI'I lado, ocrc;uneoté, porque da '"procura da rcgiâo l.t'AllSoendeote" denuociam aillda uma coi
a mor c e a ressurr(içã<> dos deu da veaeração se tornam os diferente dos rhuais iniciátko$, e que é a modalidade. "paro.do·
arquéll()(>S de 1odoJ os mortos c de codas as ressun:eicl)(s.. quais· xal'' da superação dessa polaridade que e iri.sepaclvel de qual·
quer que- sejam. e qualguef' que5eja o plano e1n que se msnjfes quer n1undo, de Qualquer ''condição ". A passa.sem pe-la '"porta
tc:m, mas, por 00110 lado. utmb&n i,orqll êlâs re\'elaoo o destino tstrtità". i,,eló Hburaco da agulha 11, el'ltre os "r o chedos que se
da condição huMaoa melhor do que o Poderia fazer qualquer ou· ioca.n1 ''. mobiliza sc,npre Unl par de contrários - dPo bem.mal,
tro mei-o empfrleo-racionallsta. noite-dia, alto-baixo .. .J 1• 'Neste ntido é legítimo dizer que os
Do cneJmo mOOo. «tios- mitos cosmogônicos que narram a mitos da ••p,tocumº .e das "provas ink:iátic:as" rcvclan1, sob uma
cria do universo a partir do oorpo de um gjg..1.ote primordiaJ, fo.rma plástica e dramática, C>próprio alo pelo qual o espírito
ou atê·mes.ino a partir do(-O(p() e d o sangue do próprio deus cria. transcende 1.1nl oosinos condicionado, polar ,e fragmentário, para
dor. _rorn ram·se o modelo não só .<l?s "ritos de coosttuÇào" - reeoc:on[rar a unidade runcbtnen[al antC'rior à cliaçâo.
que tmphca, co,1.no se- .sabe, o acrLlicio de utn ser vivo quando
se erige uma casa, uot.a pome, um &ant.Uárlo- mas também de.
toda espécie de Hcrfaç<'io". na cxten:sâo mais a,npta do termo. O J63. A estr•tura de um ,ni(o: VAruna e: Vr1n1 - O 1ni10, co.
mito revelou a oor.dição de todas a:.s hc1iações'• cujo prooessa. mo o símbolo, tcnl a sua ''lógica'' própria, uma eoerfflcia intrin
1nento requc-r uma ••a.cu.mação'', quer <Uzer• a comunicação dirc-- ,seca que lhe permitesiec ''\'erdadeia'Q'' em muitos plan POf afas.
tà da vids POI.' uma criarura que já possua.essa vida; ele revelou, cados que t 1es esteja1\l do pJano ,tm que o mito orl$illariamente
ao n:i.esn.10 tempo. a itttpo1l.ncia do ho1nem tm criar para .:dé:m se 1nanifes1ou. Dissemos já de qu.e maneiras e em que pcrspecti
da S\1a própria re1>rodt1Çúo. que, de res:10, em muitas socit'd.a d vas C ..verdadeiro" - e porca1HCt aplicável, utilizável - o mito
-é atribuida. a totÇas rdigt()SM CSLraohas BO homem (as crianças OOSnlGgônico. Lembremos, para dar ainda uni exemplo. o mlto
nascecn das ârvores. das pedra.$, das ii3uas, dos "antepassados", e a estrutura de Varuna, deus CC"leste e soberano. todo-poderoso
de.). e, se for ocaso, "liga.dor'' peh> seu ''poder cspió1ttal'', pela ''ma·
fuitos n-1ito:s e len.da.s dest::re\1e:m as "difit::uldadt$'' e.1con. sJa'', Mas o seu aspecto cósmico e: 1nais- complexo ainda: c.le não
tradas por um scruidcus ou por um herói para penrn;v 11.um ·:·do- é só1 como vimos, um deus çc;Jçir,, 1u.as lambtm um deU.S Junar
mútio inlc(di10" que simboliza sie,upre um território tran-scendt-nte e aQ\lático. Houve em \'ar.una, e talvC'Z. desde 1.nuito cedo, uma
- o Céu ou o inferno. Uma ponte conante como unia faca a oerta dominante "n0<utllt1" que .Berg:tigne e, reoenteme.ntc, A.
atra,·C3Sar. um cipó instável a .ser pe.r<:orrido, dois rochedos qua K. Coomaraswamy não dcixara1n de sublinhar. Bcrgaigne: fazia
se contiguos entre os quais é preciso passar, urna porta ent,re,a. re(erência ao con1cntador de Ta/ttiriya San1bil8, seaundo o qual
berta um.a fraçlo de se9undo pela qual entrar, u1ua re,a:íâo ro. Varu11a designa .. aquele que cnvol\'C ,como a e-scuridão"'2. E,.e
deada de montanhas, de âgua., de um círculo de fogo guardad.'l aspecto .. noturno" de Varuna oâo pode ser interpretadoexcluSi·
por mons1ros. ou ainda uma pOrta shuada no lugar ••onde o C vrunente no sentido urani,1.110 de •' Céu noturno'', o,as no sentido
e a Terra se abraçam•', ou no local onde se jun1:un "os fins do ma'is amplo, verdadeiramente cos:mológico e mesrno metafísico:
Ano" 49• AJgumas versões des9es miios das "pro\!as1 ' , como 0 $ a noite etantbém virtualidade, ge.1,ne, tiãO-manifestação, e é jus.-
tr:tba.lhos e as aventuras de Héraclcs, a expedição dos Arsonau- tamente essa modalidade .. llOlU.rna'' de Varun-3 que lhe pernlitiu
1as e outros tiveram mesmo uma brilhante carreira liretát:ia na 1ornar.S(: uni deus das áa:llas e que abriu o cainJnh-o à sua assimi-
Antiguidade, não deixando de ser-exploradas e rehuldidas pelos lação oom o "de,nôoio" Vttra.
mi1ógrafos e pelos poetas, tendo sido, 1>0r sua 11ez, imitadas oos N l o podtmos abordar aqui o problema "Vnra-Vatuua:•.,
ciclos de lendas semi-históricas, corno o ciclo de Alexandre "-fag. mas Jetttbremos que há entre as duas entidades m.'lls d-e um traQO
no, que rn pela rtgião das t vas 1 busca a l)lanta. da \'ida, Juta çomum. Mesmo que não se faça caso do parentc,co c<imológico
-
350 'rnATADO D B HJS1'ÓR/A DAS l?ELfOJ6ES
,lfORFOlOGIA e FV1''ÇÁO DOS ,\ffTOS lSI
o homem numa época atemporal que é, de fato, uw lllud tem-
pr v-ávd dos seus nomes, e i1nporca111 saUentar que ambos se re- pus, quer dizer, un1 tempo .tnroral, paradisíaco, alêm da histó-
lacionam com as águcise, etn primeiro lugar, com "as áauas reti- ria. ,\quele que reali:i:a uto rito qualquer transcende o 1empo e
das" ("O '1"Mdé ·vanura escondeu o mar ... '.')'3• e que Vrtra, co- O<"$J)aço profanos: do n1cso10 modo, aquele.<1ue 11 iJnita" urn mo-
mo Va.runa.. é, âs vezes, chan1ado ,nú)'ht, ·•mago" . Em «rt3 delo mítico ou siIL1p)esroenieescuu, ritualmente (partkipando nela)
perspectiva, estas diferences assinLilaçõcs de \rr1ra e Varu11a, a ttc:iLaçno de um mito é arrancado ao devir profano e reencon-
11)0 !lllás todas ai .º":"l:'5 modalidad;e3 e r,1nçôes de Varuna, tra o Grande:, TtmPO.
tôiiéspondcm-sc e J\lsilÍ1C.lm•se umas às outras. A noite (o n!er Na pe.rspecti"'ª <lo ts-pirito moderno, o miLO- e oon1 ele to-
manifC5tado), -as águas (o virtual, os germes). a "transoendên- <las as: outras e. pcriêocias religiosa$ - anula a "história•t. r,.1as
cla" e o ''n o- ir" (caractere$ dos deuses eek'$tes e soberanos) há que notac Ql•e amaio1'ia dos mitos. pelo simples fato de cnun•
têm uma sohdaned.ade 30 mesmo temi><> mítica e metafisica cou1 ciareo) o que se J)(JSf()u ''in illo ieinportt", cons1in1en>, eies pró-
s .. ljg.ado es" deqúalquer tipo, de. um l.ado, e co1n o Vttra, que prios. uma história exemplar do S,l'UPO hurnano que os conser-
reteve•·, ''estancou" ou ''acorrentou'' as águas, de outro lado. vou e do cosmos deste grupo humano. Não hã mito cosmQ$ôni-
No plano cósooico, Vnra é também um ''ligador". Con10 todos co que não .seja tàmbêm uma histdrio, visto que conta 1udo o que
os &l'andes initos, o mito de \'rtra e. pois, 1nuhivalenle e a sua se pasrou ab origine. Com uma reserva, no entanto n saber -
interpretação não $C gota em lun só sentido. Pode-se mc$n10 que nào se.tr.ua de ·'históóa'' na moderna acq:iç!o do tertuo -
dizer que un1a das prlocipais fun9àes do mito C fixar, lea,aUzar a de acontcchnentos irre.,·erslveis e nâc, repecfveís - mas de uma
os lll\'eis do rtaJ que se mostram, tanto à conscib\cia imediata histdria exet,,pt.or que. pode tepetir··Se - periodican)cnte ou não
como à reflexão, n1UJriplos e l1eterog oos. Assim, n(I mito de sentido e o seu v or m própria repetição.
Vrtra, ;ao kido de outros valores, nota·sc o de, un1 regresso ao núo- - e. qlle. lem o
Justtjno q tefo, na orlgen, deve repetir-se porque toda a cpifa
mat1jfestado. de uma "parada'', de uu1a ''Uga\iió'' que impede ma 1n101·diat. é rl<:u,_ ou, por outras palavras, não se esjoLa nu-
a expansão das "forn1as'', Q\1er dizer, da vida cósm . Não é: ma un1ca manitcstaçao. Poi: outro lado, os OlÍtOS são ricos pelo
evide:ntemecne. legítimo levar mais looge a aproxl.01açtlo de Vrtr; seu contctido, que é qe,npta, e.. como tal, Qjerece um sentido.
e. de \'aruna. Ma$ não se pode Degat o parentc:;.co estrutural eu•
trc o "noturno", o '"não-atuánte", o ".mago'' Vanimi que prertde (ria alguma coisa, anuncia alguma CQis.\.
à dls ância os cuJpados - e o Vrtra qoe ºacortenLa'' á s águas. A função da hiS,Cória exen1p}a1· d()S mitos toma·se intel.ig(-
'lel, atém disso, pela necessidade que o homem arcaico sente de
A a5 0 de um ÇQIDOª 4.Q QUlrQ ltm por tfc-ilo parar 3 \•ida, traª
ll)Ost.rar as 1'provasH do acontecim.:nto inscrico no mito. Seja o
z:cr a·morce- 110 plano individual nu1n caso. no plarto cósmico tema mítico beoo conhecido: tendo sucedido tal ou tal coisa os
110 Outl'O. bonteus tornaram.se mortais, ou então s focas deíxaram de ter
1

dedos., ou ainda a Lua -apa«ceu tua:nchada ... Este te-ma ê perfci-


tamcn1c "'de0Jons1rável'' para a mcntaUdadc arcaica, pelo fa10
164. filo - "bJstórla tXtmplar"' - 'rodo mito, indepco• de que o bomem é. efetivamc,nte- mo:naJ, de que as foeâS nãó tiu:
dcntcmcote da sua Jtorurtza, cnur,c:ia u:m acontecimento que 1eve dedos e de que a Lua (ipresenta manchas. O míto que revela oo-
lugar in illo 1empore e constitui, pot i:sso, um prttedente exan- mo a Hba Tonaa foi peS(ada do fundo do oceano ,em a p1ova
plar para •.odas as ações e "situações·• que, depois, re tirlo es,
te acontecnueoio. Exei<:utados pelo homem, 1odo ritual 01.1 aç..tó da .s•a veracldad no f'afo de se DQdcr 1nos1rar ainda a tinha que
dotada de sentido re-pet.c:m um arquélipo m(úco. Ora oomo vi· serviu para pesca-la e o rochedo onde se prendeu o an101s.s. Jis•
mos. a repetição ÜJ)J)Jica a abolição dó ttrnpo profano' e a -proje, sa necessidad de provar a veracidade do mito ajuda-nos ades.
vendar o seu11do que a "histôria" e os ''docume111os históricos"
ção do homem num 1empl) mágico·rdigioso que onda te,u a v.i:, Linham na mentalidade a,caica. El.'\ denun<'ia a ituportãncis que
oom a duração propriamente dita, ffia.$ oonsntul es1e. •fetemo pre· o homem primitivo dá às coisas que verdade;ro,nente sucedera,n
sente" tempo mitico. O qlle equivale a dizer que, paralela· aos :t00n1eci.metnos qu,c tiveram Jus:ar 1 oonc.retamenle, en1 volt
mente .do
as ou1ras experiência! migico-rcligiosai, o mito reituegra
352 TRATA DO .J>e' fiiST(}RtA. DAS REUOlÔES JotORFOLOGIA E FUN('..ÃQ /)()$ 1,fl10$ 3S3

dele, e o apetite que o sc--u espírito ni.sni Íf$1;1 l,'t]O "'real". peJo seus "celerados", as $U8S "mcnin.3.1 raptadas", os seus "prote,.
que: ···é" de modo 1>leno. M s. no mes:ioo tempo. Junção é."l'.e-m- tores disfarçados'' ... f\.1as. se as lonalidades da tfabulação ex-
pJ:ir que se prende a estes acontecimentos de fffltd ten,ptt$ dcixa plicam pe-la ooloração e ))('la orientação variá\·el da sensibilidade
adivinhar o intcrcuc que o homem -arc:3jco $e11t la$ rt!a.lidades popular, o te1na não n1udou.
signifi<::aiivas, cri doras, paradit1náti<.as. íottr !e que sobrevi- Evide1ut1ne11te, <:ada nova modalidade i111plica um ''aden-
via ai.tlda entre os primeiros historiadior<:s cio moodo ant.i&O, r, - samento do conflito e dos personagens dra1nãticos, um obscur,c-.
ra os quais o "Oll!isado" só tiol1a lenlido oa 1ncdida em Que c:ra cimento da trmsparêuci, orig:Jnal, assim oomo a mulliplicação
um exeniplo a segnit e constituía p01 isso, e nhnuh pcdagógic-a das notas (SJ)e(ifi,t"...S de f'eor local'·. t\1as osmodctos cransmit.i-
de toda a humanidade. &1a missão a e "llist.órii e:tetupfar,• re- dos do mais longinquo passado nto desalXt]"ecem nem perdem o
servada $O mito um de se aproximru - sea quisermos compreen- seu poder de reat.uaJizaçâ-0. perrnallectndo \·ilidos para a oon!--
d e r - da tendência do homml arcaico par realizar concrttamenre <:iên<:ia •·moderna". Um exemplo ,c,ntre muitos: Aquiles e Sõ1en
um arquê1Jpo ide.ai, para viver "experiroe111ab:nei1teº a eteniida- KirkcgaaÍd. Aquiles, coLuo 1antos outl'()S heróis. não se casa. se
de ;1 partir deste mundo, aspiração q,ue dei.vendamo., por meio beol que- lhe tenha sido vaticinada un1a vida feliz e fecunda: caso
da análise do ten1po sagrado (f l 55). se casa:ssei masentio teria de renunciar a ser um herói. não reali·
zaria o ''tíni<:o", n.\o <:ouquJstaria a llnortatldade. Kirkegaard p.
s..1. exatamen1.e pelo 1uesmo drama cxislrocial a propósito d e R
16S. Degradação dos mh9S - O mito pode dearadar-se en1 gina Olscn: ele rerusa o casarncn,o para permaneoer, ele próprio,
lend3 épica. eu1 balada ou em rotnance, ou então sobreviver, cm "o \lnico ... para pod«. esperar o Eterno, repelindo a modalida-
forma dimjnuida, nas ''sur,erscições'>, hábito&, nostaf,gias, etc .• de de uma existência felii. para o ''gccal''. Confessa-o claramen-
não perdendo. por isso, a sua esttut\l(a oeól o seu valor. Ttmos te num fra.gn1cnLO do seu J()urn(J/ íntimo; ''6\l seda mais feli.t,
presente que o mito da árvore c6smj a se mantém na$ lendas e ntun senddo finito, se pudesse afasiar de mim este. espinho que
nos rit da colheita dos situ1>les (§ Jl t). ,..\s " p <o ,•u '' , os sofri- sinto na minha carne; mas, num sentido i.o.finito, estaria perdi•
tnefltos, as pere3rill,aÇôê'$ do candidato à iniciação sobrevivem na do." Eis aqui oomo \Una esrnuura mítica continua a ser realizá-
narrativa dos sofrimentos: e dos obsiáculos que o herói épico ou vtl, e se rtaliza d,:. fato, no plano da cxperiancia exi5teneialitita
dranui.ti;co ictn de soporcar ances.de alcanç:u o seu c>bjetivo (Ulis- e, neste caso particular, scn1 qualquer consciência De:Jn JJl.fluê.o
ses, Enéias, Parsifal, <:tnos pcrsonag-cns de ShakC$J)C8re, Faus· eia do n'!Odek> 1nfdco.
to ... ): Toda$ essas " J>Tovas " e "sofri.Jnen10S'' que têtn dado cn.a- O arquétipo continua a s « criador mesmo quando se degra•
têcia à.epopéia, ao drama e.ao rorµan . podem facilmente se re- da para uiveis cada vez mais baixos. To1netnos, po1• e.xemplo, o
duzir aos sofrimentos e aos obstãcul0$ ritlUtis do ••camjoho para milo dM IJhas Afortunada! ou do P.araiso Terrestre, que não só
o centro'' (f l 46). Sem dllvida o "cru:nloho'' já não se desenrola perturbou a imaginação dos 1;,rofanos nuas tanlbêm a ciência Lt.i\l·
oo mesmo plano iniciático mas - (atando em termos de tipolo- ti<:a aié a .atoliosa época dos grruuks des<::obrimcn1os mruitimos.
gia - as deambulações de. UUsscs. 01.1 a busca do SruJ.tO Graal Quase todos os na\'egadores. atê mesmo aqueles que perseguian1
encontrain•se aré oos grandes romanc.es do s6culo XIX, para não ums finalidade econômica precisa {c.1so do canllnho marhiroo da
falarmos da literatura de pacotiJha cujas origens arcaica.$ são bem fndJa), tinham rambéln em vis1a o des<obrimento das ilhas dos
conhecidas.. Enquanto .hoje o ronu1oce- polici J conta a !tua de u:m Bem-a\·enturados ou do Paraíso Terrestre. E toda a gente sabe
criminoso e de um detefjve (o u&êniu bom" e o "gfflio mau''. que não faltou quem imaginnswquedes Qnhrun, com efeito, des-
o dragãC> e o Príncipe Bncantado dos conto.s ... ), hã algumas ge. coberlo a ilha do Paraíso. Dos ftnicios aos pOrtugucses. todos
rações havia um cerro deleite cut mostl'ar unt prCocipe órfllo ou os grandes desoobrime111os geográficos foram provocadoti por este
uma criauç:i juooenr.e \'ÍliJnas de um • ·oetc.rado' ·• e há uns cento mito da região ed&lica. B foram só essas viageos. ind..laaçôes e
e cingütnto anos estnva.m cn1 voga os romances "negros" e .. f1t· de$CObenas as qoai adquit'itam \ l l Ú sentido espiritual e foram
néticos", com o:s seus "'mon2.es negros", os,seus "italiauos" 1 os crladoms de culturá. Se a 1nem6ria da viagc;m d Alc;X{lí!d.fç M
354 rnATADO DJ;º HlSTóRJA DAS R&IGIÔES

jndias p:rmaneocu imorredoura é crue, assimil.td.a à catea,01ia mf.


üca. ela safisfazía a necess.lda.de de ·-•geograf'ía mitica'\ a única
que o homem não podt dispensar. As bases comerciais dQs geno•
'CS.."S na Oiméia e no olar Cáspio, a s dos veuezlaoos na Síria e
no E.alto, supunham u1na dan-0ia náutica muito avançada e. no
entanto, os itinerários comerciais cm qQC3t:ão "Mo dcixaran1 qual• XllI
quoc lembrança na histócta dos descobrimentos goográficos"".
Em CO(npensação, ."d expedi\'ÕC'$ para o dcscobrin1ento das rqiõe:.
míticas não foram apen3$ criadotas de lendas: eJas oontribufr.un A estrutura dos símbolos
u1esmo Patft o progresso da ciência seográlica .
.Essas ilhas e terras no,·as consienararn o seu c.aráLer mitK'Q
muito tempo depoi$ de a geografia se ter torna<lo cientifica. " A
iUla dos Be:.in..a,•ennu·ados'' sobre.,•iveu a Cam . atra,·e.ssou o
s&:uJo do.s luzes, a época do romantismo e não perdeu o seu ln• 166. Pedr:t$ sintbóllw - Raroo tão os fenômenos ntásioo•
gar no n lCD\l)O, Mas a ilha lllfti,ca Já não slgoJfica, para o rell3losos que não impliquent, de u1na. forma ou de outra, um
futuro, o Paraíso Terrestte! d a é a ilha dos Amores (Camões), certo sinlbotis1uo. Prova-o largam.ente o m31Cfi;tJ docunteiual que
a ilhá do "bom sdvagem" (Daniel de: F'oe). a illi.n de Eutanasius passamos a n rev.LS;ta nos ,-apilulos anteriores. Não há dtl,•ida de
(EmiQcscu) ou a iJh "exótica''. utua. região de sonho com bete- que-. todo fato mâgi«i•l'Clisioso é uma crtttofanja, uma hierofa.
zas secretas, a ilha dà liberdade, do j a u , do repouso pcrfcito, nia ot1 uma leoíania: não e- pfcciso fC'.\'Cr este assunlo. ri.ias fre-
das férias ideais, dos cru,iiir.0$ em navios de luxo, e a que o ho- qüentemente ettconc.rarno-nos cm ·p.cscnça de cratofao.ias, de hjc.
mem moderno .lspJra por influência d a Hteratura, do cinema ou, rofanias ou de ccofanias 1uedla1as, ob1ldas por meio de uma J).1.r•
mui lo simplc!n1ente-, da sua imaginação. A fu,1çil() da região edê• tic:ipaçâo ou dé uma integração nun1 sisteJ»a .má,8:too-rciigioso que
nica, privilegiada, pennaoeceu Unulá,,..el, só asua \'alorização so- é sempre llln siscema simbólico, quer di1.cr, um siu1botistllo. As-
freu nuJl,el'OSOS desvios, desde o .Paraíso Terrestre (no sentido que. sim, para n1e't')C:lonar aptnas um .exemplo, \'imos que certas pe-
a l3iblia dá a este oome) até o paraíso exótico COO.l que sonham dras se tornam sagradas por<1ue as almas dos mortos - dos ••an-
os nossos contetuporâneos, "Queda'•, sem dú\'ida. mas queda 1e.1xis.s."'\dos ' ' - encarnrun neJas o u então J)Orque n\anlfes1am ou
fecuuda. Ein todos os ni\'c:ÍS da experiência humana, por modes-, rcpr cntsm uma fo1°Ça sa3rada, uma djvindade, c,u a.ioda por.
tos que. se s.uponham, o arquCtipo continua .l valorii.ar a exis1ên- que um pacto solene ou um aeoo:teciroooto r ligioso th·era,n lu•
cia e a Ct'iar "valores cti)turais'': a iJhn dos romanc.es modernos a.ar na sua vizinhança. Mas mWra.s ou iras pedras ad.q_'uirem a sua
ou a ilha de Camôés não é menor \•aJor cul1ural do que 1an1as qualidade mági.oo reUgiosa graças .a uma hicrofania ou :a ,una « a ·
e tantas ilhas da li1cratura medieval. tofanja mcdiatns, quer dizer, por Urn simbolismo qnc lhes confe,.
QueJ'emos oont Jsso dizer que o homem alnda que escape re llm 'llalOr mágico ou religioso-
a tudo o rnais, fica irremediavelmente preso às suas inHlições ar• A pedro eru que Jac6 adormeceu e de onde eJe viu. em so-
queúpicas, criadas no ))lomento em que tomou oonsciencia da sua nho, a Cl!Cada do.is anjos só se cornôu sagrada porque fora o Jugar
.situaçâouo cosnlos, A oo algla do Pãraí.so dentmcia-se nos atos de uma hie-rofania. Ma$ outIOS berllel ou o,nphalói são sagrados
mais banais do homem moderno. O ut,.w/utQ não 1>0de- $eT extir• pol'()\le se acham no ••centro do mundo" e, pot COJtse3uinte 1 no
pado: d e é tã()-só susced\'el de dear açAo. B a iespirilualidade lXlnto de-junção dris u'ês zonas cósmicas. Evidcotemeote, o Pl'Ó·
arcaica sobrevive, à sua 1narteira, não oomo mo., não co1no pos- prio ·•centro" é uma iona s.1..gra<la e, nc-:sta quaUdade, o objc,o
sibilidade de realização r<-aJ para o hom-em ma1; c-omo uma nos- 9.ue -0 el\carna ou o represcn,a torna-se iantbém sagrado e pode,
talgia criadora de valores autônomos! arte, ciências. mística por i o • .ser enc.1.rado Cómo uma tuerol'ania. Mas, ao 1uesnlo tein-
soci:U ...
po, t.certo que um bethel ou um ompholos ê um 11 si n1bofo11 dó
lS6 TRATADO D 8 HISTókfA DAS RELIO/ÓES A ESTRUTUR.A DOS SÍl,fROLOS )57
••c:eturo•• 'fia 1ncdidaffll qu seja portador de uma reaUdade u:an· lr até a pré-história na busc:a de um simbolismo arcaiço•é.
sespacial (o "centro''} e o introdu1. nutn espaço profano. D o possível no que diz re$peito à pérola. Já o ten1ainos nu1n estudo
mômodo certas pedras furadastorn.am-sesagradasaiaças ao stm- anierior 7• Enoontraram-se pérolas e conchas em stpulturas prC-
bolisano { 1;:ir ou sexual) re,•elado pe a sua própria. fonua. este históricas; são utiJizadas pela magia e pela medicina e oferecidas
caso, a hic:rofanizaç:io f a z « por um s1mbobsmoev1dentc, d1.re1a- ritualmenlC às divindades dos r.ios: ocupam lug.vdedestaque êin
men1e revdadopclapróp1ia "forma" da pedra(a ••ronna" <:nten- cen:os cultos as.iáti<:oíi e são u!áda:s pelas mulheres para dar sorte
dida nftturnlmente, tal como ó apreendida pela experiência máaico• e fecundidade. Houve h m1,o em (IUC â ooneba e a pérola tinha.1u
rcligiow e não pelá e p,el'iência empírico·-rnclollalista). tas há ainda ,\nJ1a signifte:1.çào má.a:ico•relíaiosa mas. po·uoo a p0uoo, o :seu pa-
ouc:tas pedras mágicas, medicinais ou ••preciosas''. cujo valor re- pel teslringiu-sc à feitiç-ària e à medicina. Na êpoca moderna e
side 1m1ua partlcipacão num sirnbolismo nem.se1nprc transpar o· para algumas cla.sses $0('jais. a pêroJa não teot n1ais do qoe. u1n
LC. AJguns c-xcn1plos tornarão mai$ claras as art1culaçõesdc um s1m- vaJor econômico e eslélico. Es1a degradação da significação me-
bol15mo c:id.a v t 2 mais denso e que em \olio teríamos proeurado11as tafí. ica dô ''cosmológico'' para o ''cstetico'' . por si só. u,n fe-
hierofanias t ttas <:r-atofanias líticas acima 1nencion.adas. nômeno interessante e ao qual voltaremos, nlas é preciso. cn1 pri-
O jade é uma ''pedra preci<>Sa" que descmpeohou un1 papc.1 n\eiro lugar, responde< a outra quesí.ão: por que aprc.sen1a,·a <'S·
consideri'ldna simbólica arcaicachi.ncsa l . Na ordem soclaléen· ta pérola uma significação mágic:\, n1edicinal ou funerária? Por-
carnação da soberania. e do poder, na medicina. é uma panadia e que ela tioha "nascido das á3uas'', porque tla tinha_ "nascido
too1a-se para $ C alcançar a rq.eneração do corpo. Ma:s ê tam])C:m da Lua'', p0rquc. ela rcpresenta\·a o principio yin, porque ela ti
encaradocomoalin1en1odosespirito.se os taoistas ac.rcditavatn que nha sido e,ncon1rada numa ooncba, sinlbolo da feminilidade cria-
de ))(,)dia assegurar a i1nOl't.'l]idade, e daqui vem o papel i portan- dora. Todas essas <::ircúnMânclas transfiguravam a l)Crola num
le do jade na alquimia e o lutar que sempre te\'e nas IOOl'Hl.S e nas ''tentro cosmológico" no qual coincidian\ os prestígios da Lua.
práticas íunttátias"l , L k nu,n texto do alqWlllista Ko-1-lung: "Se da nlul.ber, da fecundidade, do parlo. A pérola estava carregada
secoJocar ouro ejade uas noveabenuras do C'itdá\'et. tste será prc· da força germinadora da água em que- se formara. "Nascida da
servado da p\ltrefação."l Por OúltO lado, o tratado T'110 Hung• Lua", partilhava com ela as virtudes n\áaicas e é por isso que se
Clting, do século V, dá as seguintes indieações:. "Se, ao abr.ir-se iLupunb;i como adol'nO da mu)her. O simbolismo seicual da con
wn ,umu!Q antigo, o C<tdá\/er P3Noer-vi\•o, sabei <&ue .há, no 1.ntc- cha comunicava-lhe todas a.,; forças que etc i1npüca.. Enfim, a se-
rior e fora do corpo, "
'
uma grande quantidade de:. ouro e de jade. melhança entre a pérola e.o feto eonferia-lhe propriedades gené-
De acordo ooni as <li$pOSiQÕes da dinastia Han. os príncipes e. os sicas e obstei.ticiais (ô me:ôlhão pang quando está pre ltbe de pé-
senho1es era.tu enterrados com as roopãSornadasd pérolas e com rolas e semelhante à mµJhcr que tem o feio no ventre. dii um le'l'.lô
estojos de jade p.'\ra prestfVar o oorp<> da Je«)mposiçãC?. •'4 Es - chinês citado por KarJaren). Deste triplo simbolismo - Lua, água.
vaçõcs arqucológieas recentesconfirmarnos rextoirelat1v9sao Ja- mulher -derivam todas as propricdade5 1nágicas da péroJa: me-
de l'tinerárlos. dicinais, gin«:ológicas, fuoerárla.s.
Mas o próprio jade só encerra todas essa3 virtudes porque N-a ÍDdía, a pérola é uma panacéia: boa contta ss beworra.

euc;:imsção do princípio cosmológico ytmg e porQ\le, nesta quab· gias,.a icterícia a loucura, o envcn-.?llamento, as doe11ças de ()lhos.
dade. l'.)O:S:)1.ll u.m conjunto de qualidades solares, imperiais. if!de$.- a tisica'. A ,nediciaa européia ser-1iu-se dela sobretudo para tra·
trull\•eis. O jade, coroo de (Csto o ouro.• oontém o )'(ltJ.g e., por ISSO, 1ar a o>elaoootia, a epilep5ia e a loucura. Como se ,·ê, a maior
torna·« um ccntrocaneg,do de energia cósmica. A sua multi a- parte das afecçõcs em causa são d,oenças "lunares" (melancolia,
tência inurumental é a conseqü!ncl.a lóaica da multi valtncia pnn- epilepsia, hemorraQia .•. ). As suas propriedades antitóxicas não
cipio cosmológico )'Ol1f. E, mesmo supon,do que 1:irocu aruunos têm {)utra explicação: a Lua era o remédio para todas as espécies
peuetr3r na prê..Jti stdria <iue"1.lteceôeu 11. fórmula COSUt?lósicayang- de envencnan1ento11. Mas o valor da pé.rola no Oderue está so-
yitr, ariamoscom uma outra fót'lll l3 cosmol gt:::a e com um bn-ludo na ua qualidade af1oclisíaca, fecundaiite e talisinânica.
011lro simbolismo q, jV&fificaria a apbcaçi.ct do Jadc6. .e quando é po;,a no túmulo, no próprio cadáver, cJasolidilliza
A ESTRUTURA DOS SIM!JóLOS 359
358 TRATADO DE HISTÓRIA D.-tS P.l:"LTGJÓES
j spe pa.ss.ou para o mundo areoo-romaoo, onde se conservou a.1é
o morto c:om seu princíl,"Xo cosmolõg.ico: a Lua, a água. a mu- a (dack (\clédia. Un1 simbolismo análogo explica, igualmente, o
lher. Por ou1ras palavras, ela rcgcne.ra o mono, inscrindo·o num ía\'Ot de que gozou oa Antiguidade a ''pedra das águia$", ae1l·
ritmo OO!mioo que é por e,'(ctlê.ocia dcHco. e pressupôe - t. iJn::t• lés: utilis esl, now PUnJo. muliê!ribus praeg110111ibusJI; sacudin-
gcm das fases da Lua - nascimcoto, vida, morte, rcna."Seimento. do- . ouve-se utn ruido bizarro, co1no se ela escondesse no "ven-
O tuorto coberto de pérolas adquire um destino "lunar"., pode ire" uma outra pedra. A virtude dessas pedras gineoológjcas e.
ter CSl)('lanç..l de tntrar no circuito CÓSmiCO, Vis(O que Or n w a n l obstétricas d.Í\!(I dirttaffie'nte. cru« da sua partlclpaçtio no prin-
todas as virtudes, criadoras de formas \•ivas, da Lua. 1 cípio lunar, Quer de uma cooforma.ç!io qu,e,. as singularila e que,
pOr Cóa.scguin1.c, só pode Jodioar uma proveniência excepcional.
A sua essência mágica é a consc:qilêocia da sua "vida", porque
167. Oegradaçio dqs t.ímboJos - Ê fácil compreender que elas "vivem'', lêm um sexo. fican1 prtnhcs. Aliás não são uma
o que eoasticui o valor n1tlliiplo da SSérola é. em primeiro lugar, t.xeoção. Todas as oullas. pedr e lodos os outros metais ' 1vi·
o simboli.$lllo no qual se enquadra. Quer se- intel'prete esse slm- \'cm" isuaJmen1e e são scxu dos 1l , Mas a "ida deslcs Ultimos ê
boüstuo valorizando seus ekmcntos se;icuais ou reduzindo-o a um 1nais uanqüila, a sua sexualidade é mais vaga: ••cresce.tu'' 110seio
conjunto cultural pré.-histôrico, um pon10 per1nanece locon1es- da Tcna, segundo um ritmo sonolento, poucos "'chégando à ma-
távcl, a saber, a sua estrutura cosmológica. Os embkmas e as run-- turidade · (assim, para os indianos.. o diamante é pokko, "ma
,;ôes da inu.lbel' conservam tm 1od:,.s .as sociedades ar<.:aicas um duro", enquanto o cristal é kocclra, "não maduro'')ll,
valor cosmológico. Soinoo incapazes de dt1ern1lnat eot:n t?tecisào Um exemplo ex<:eknte de desk>caçâo e dé variabilidade do
o momento da prê-hi.5tória cn1 que. a i pérola adquiriu todos os va- síu1b0Jo nos é dado LlCJa "pedra da serpente". Em muitas regiões
lore:s éitados aL.tás. Pelo menos é .c:erto Que ela e1Jcontrou o acrcditava·sc que as pedras pro::k)sas tinhan\ caído da cabeça das
seu caráter de: •-·pcc1ra mágica" no m<unento em que o homem serpentes ou dos dragões. Daqui a obset"ação de que o diam nie
cotnou consciêltcia do co1)junto cosmoJógjco á.gua-Lua-de,.•ir e cm é venenoso e. a rccomei1daçào de não o levar aos lábios. porque
que- te-.·e. a revelação do riuno cósmico dotrdnado i)ela. Lua. As esteve na boca de stlJ)ente..s (crença de orígern incHaoa e que JXIS·
''origens'' do $imbôli$mO da pérola não .são, pois. empíricas, mas sou para o muodo hclenistico e átabé)'"'· As crenças qu_-e faztm
ttóri<:as, n\etafisl $. Esse simbolisn1.o foi. dcpqis., interpretado, vir as pedras preciosas da baba das serpcoies estendem-se por uma
dif'ercntcmenl:c. •<vivido''. para se degradat alé nas supecstições área nn,irQ \•asc.1., désde a Çhffi@ ;i;té-a lnglaterra'j· Na india 1 crt-
e oo v:dor econôroico-csl.Ctico que rc.prcs-ent.a para nós a pérola. se que 0 $ nâgas trazem na aoela e na cabeça cettas pedras mági-
Completemos-o nosso processo com a ajuda de alguma$ pe,, cas, rcsrllandecentes. PJínio raci·onaliza estas crenças de origcn
dras mâgico-religiosas J a co-1ncçar pelo ldpis-Jaz;ill, a pedra azul oriental quando refere que .i dratontio ou droco,uites fuma pe.
que gozava de certo prestigio na Mesopotâmia e cujo valor sa- dra que se forma no cérebro (te:rebra) dos ctrai6es 16. O proces-
g,ado se devia à sua signifte'a .ão CO$:n'IOlóaí: ela rep,reunta, ef<> so de xacio.nallzação é ainda mai!; acentuado etn "FiJosU'3to*?, pa,
tivamente, a noite estrelada e o deus da Lua, Sin. Os babilônios ra qUe1n o olho deccr1os draa,ôes é uma pedra de um "brilho des-
coóhccfam ee&lirn..,v:un cert s pedr3figioeooJógica$ que J)a.Sl!aram lumbrante", dotado de ,•irtudcs m:igkas: os fcllioeiros 1 acrescc:.nta
d ix:iis para a medicina greg.a. Uma déJas; a ''pWJa da p,:enhu." Ftlo$hato, depois de adorarcn1 ,os répceis conam·lhc$ a cabeça
(" Nfe-e), foi identificada- por Boson com o !ilhes san1io:s de e- dda reliram pedrai preciosas.
Oioscorides; uma 01.11ra. <!t'l>"ratnl, 3 "pedra do :,.mor", da "fc-- A oriscn1 e o ri1ndame.oto teórico dessas lendas e de ,antas
<,:undidadc'-' par.«e confundtr-st oom o Jilli<>S setenitt.s de Dios- outras não s!o obscuros: e o mit.o arcaico dos •·monstros" (set-
corides. 1\s Í,edras de$tc _gênero S$$Cntavrun a sua cl'icâ.cia gíno- pe1ues, <lrag:00), gua;rdiàe,: da •>lárvC>rc- de vid:,1", de uma zooa
cológi<:a na ho11:1ologj co1n a .LJ.Ja. O valor obs:tcuicial do jas_:pc, pOr txccléncia consaarada, de urna substância sagrada, de ,,alo·
«x111$hup, tioha a sua e-X.plícaÇão oo falo de que. ao qutbrar•se. re.s absolutos CTmor1aJidade, juvcnt1.1de eterna. citnc:ia do beru e
da'r'i\ QfiSem R9 ,wu "vCfllrc" a várias outras pedras. O Mmbol-0 do mal, e1c,), Corno estamos Jem.biado,. o,. ,imlJolos dessa reali-
é, neste caso, evldei11e. Dos babilôtüos. a função ginc,::ok)gica do
)60 TRA·TADO DE fllSTÓRIA DAS 11.ELJOlôES À ES1'P.V1T/RA DOS $IJ.IB0LOS 361
dl\de. abtóluta estão sempre guardados por tnonsu·os que lmpos• nais, quer tenham ou não uma nomenclatura ofídk--a, estão di,•er-
sibilitam o sccs.w aos nãereleitos: a ''árvore de vida", á árvore same1nerelaclonadas coro.a serpel)tc en, ,•irtudc do mito original,
dos p<>Dl0$ de ouro ou o velo de ouro. ''1c.souros" de LQda a troutível, <:on1odi!l:lemos. a wn 1e1i)a ooetaíísioo: "omons,rogoar-
r-\pê<ie (as pC!rólas do fundo do oceano, o ouro da Tel'ra, etc.) diàodossímboJos da imortalidade''. Não hádú,•idadequemuitas
são ddendidos por um cirl\gãO ( aquele que quer apropriar-se de. tet'ldas e supets1Jçôesuão derivaram dire1;imentedn {órmula mfti•
u.m dos simbolos da imotta)idade de'i(e t'ln1es pôr :, prova o seu ca primordial n1as dasinún1eras variantes laterais ou ''degradadas"
"haoismo" ou a sua ''sabedoria'' frcatea todoso.s pe.rigo eara- a que aquela deu 01igem.
baodo por matar o ruons,ro Ns>tiliaoo. Peste tema mirico arcai-
co derlY.1.1am, por mUJtiplos processos de rac:lonaliutçâo ê de de-
gradação, todas as crcnç3s em tesouros, p«Lras mágicas e jóias. 168. lnJa.n.tlJJsmo- Limitamo-nos, de propôsito, a e.xeooplos
A árvore da vida ou 'árvore dos ponlos de ouro, ou ainda o velo recolhidos num Unicosetora fi1n de esclarecer, p0r um fado, as
deouto - q u e simboliza um estado absoluto (O ouro i3ual à "gló- múltrl)las i:amificações do símbolo, e, por outro, os proce.<.SO-$ de
ria", à ii:a.0ctalidade) - , tornavan1-sc um "tesouro" escondido nl.cl:onali2aç5o, de de,.radaçào e de in{antilisn10 que um sín1bolo
na lerrrt e guardado por dtagôe-s ou serpentes. .sofre na.sua interpretação nos planos mais i.xóS. Como sé reco-
.Os en11)/enws metafisicas _guardados e defendidos por .ser- nhece, ;,lchaiuo•nos n1uicas "ezcscm J>Jcscnça de "ariantcs •·po1>U•
pente$ tr.lrufocmam-se em objetos concretos que. si encontram lares" na aparência, ruas Cl :l orl,aem erudlta - n1ec.afísica (oos-
na sua cabeça, olho ou goela. O Que â-a originatiamtnte tstirua- mológics) em Ultima instância - é fácil de de<scobrir (por exem-
do como si11ol do absoluto toma, dep,ois - para ouuas camadas plo, a ''pedra d.e serpente'') e.i.1>reseuta todos os sinais de un1 pro-
sociais ou _pot uma degradação <1e sentido-. valores má"aicos. cesso de infancllismo. Este proccss.o pode ter lugar, aliás t de mui-
medicinais, estéticos. Na india, por c:xemplo, o diamante pássa· ias ouiras 1nanciras. Citc1nos doi;: dos mais freqüentes:
vapor ser uru e1nbleLna da 1 alidade .abs.oluta: o seu oom . vaj·
ra, era também o do raio, símbolo de hidra, emblema da essên- l ! Um simbolismo ;'erudito'" acaba, com o tempo, por scr-
.;ia incorrupti\'el. Neste conjunto teórico - força, incorruptibi· vlt· para ::is c.u11ada.s sociais infel'iores, degl'adando assim
tidade. raio, manifesta o cósmica da vi.l'Uidade-, o di.1man1e o seu sentido primiti"o;
era consagrado na medida em que, n.a ordem mineralôgicc1. cl-e
encarnava essas essências. No Quadro do oo,ro conjunto teóri· 2! Osím olo é compreendido delnodopueriJ.querdizer, ex
00 1 o da va!-Orizaçíio 1;p ó pul ar" da reaHda<k. absoluta au rdada cessivamcnteconcreto e-isolado do .s.istetna de que faz parte.
por um monstro, o dian1ante era a1,rc:ci3do pela sua descenden.
eia ofídk.a. Era a 1nesi:na dêSCeudfnci:a - depadada, as,ot . P<l• Já mencionamos alguns exémplô:S, da primeira e.>.tegoria ('' p e -
ra ni\!eis cada ,•ei. mais baixos - que dava ao dianH\l'lte as suas dra de serpente." pcrola, etc.). Cttemos ainda um easq b tante
propriedades máQ:icas e mediciuajs: d,çfcndia do envenenamento suges1ivo.1J1na ,,etba.recieiía pop11larro1neua prescre·fe·: "'Quan-
e di.s serpentes, tal oorno tanw O\llroJ "'pedras de serpentes'' (ca� do um homem ou umanimalsofrerem de prisão de ventre, escrevei
but1culus, l)()rax, o be20ar... ). Algumas dessas ''pedra.s de $t:r- es1as p:'davras n,1m prato novo: Fi:son, Gheon.• Tisre. Eufrates. e
pe111es-'' for:un efetivam.w.1eexrrokla3 da cabeça de SCTJ)Cn1cs, onde laYai-o oom água limpa: se o doente a beber ficará bom; e se for
se encontram, às vezes., ooncttçôes dut.-is e pétreas. l'tfas se elas o animal ,•ertei-lha P.C"lo nariz." 1ª O nome d-os quatro rioll bibli-
J()ra111 d c(J(}erros uli é porque afi tinliarn sido pl"0(11rtJdos. A ato· COS Que banh3n1 o Paraíso podeL11 purificar, nu.ma perspectiva
ç.a na ''pedra de serpente'' tuCOJU:r:l-se numa :ire.a e.xten.sa e, no mág:lco-teUg.iosa, qualquer ·1cosmo s ' ' e, poruuuo, o microcosmos
entanto, l!Ó recentemen1e se obse:fvaram. eJl, serpentei. coocre, qucéo oorpo do homem ou do animal. Neste ca.c.o, o infantilismo
ções resistentes e l)C'r.rcas. Em suma, só mu:ilo raramente uma ··pe- denuncia•se de inledi.uo pel3, lUaneira sioiplista. êoncreta. como
dra de en1e'' é me$WO uma dra cxtraida da cabeça dt. urua é OOmpreendido o simb01ísmo da purificação pelas águas paradi-
scrpc:nLe, J \ ,rande maioria das ou,rais pedras mj$icas e mediei- $ÍlttAS: licbc-sc a á.gua q_uc lavou as quatro palavra.$ escritas,

.. ,1
A ESTRU1VRA DOS s/J.tBOLOS 363
362 TR..ITAD0 D./! Hlsró.R!A l>AS REllOIÚES
papel impottanteem todas as sociedades. A sua função permaocoe
No que diz respeito ao segundo ti.pode inf:tntili çào do shn• invariáYd: transformar umobjctoou :itoetn Q/godffere,uedaq1.ülo
bolo (que -não implica necessariafitenle uma "história'\ uma por que es,e objelo ou ato sa.o ,jdc,s na e."peritncia profana. Para
' queda" d um meio erudito num popular), encontram·se mui-
tos cxcmpk:1$ no bclo livro de Lévy . .Bnhl, L•experlencep1ystique
nosceftl'irmos, mais uma ,·e2,
a exemple» jd c i t a d o i - quer setrn1e
dewn on1phal0$, símbolo do " ntl'O", quer se trace de uma pedra
et les sy,nboles <'h lts prlmitf/s 19. A maioria dos documentos preciosa oou10 o jade e a pé:rota. ou dé uma pedra mãgica como a
citúdos pcJo sábio (rances apon m o simbolo como sub.sti1uto " p e dra de- sapente" - . cada un1a delas rcoebe um Ya.lor na expe.
do objeto S3GJ3<ioou como ''símb<llo-pettença" e, 4,wncto se trata riência mâgioo-re)igiosa do bontent naJnedlda em<1ue manifesta wn
de substítulO t. de particípações, o J>Tooc:sso de infsntitiução e shuboUsn,o qo.alquec.
incvif.ávcl, e não só eotre os • pr intitivo s·" 1.nas nas sociedades mais
ev'oluídas. Para darmos um exemplo • .seja este caso retirado da-
quela obra: "Na Áfric.a. equatorial, no sito Ogoouê, o antílope 169. Símbolôs t' hil'fOÍanUIS- Encarado deste ângulo o sfm-
ocibl só pasta - sea:undo um chefe 'bainba - durante a ooite.; bok> prolonga a dialttka da hierofania: tudo o que nllo é dirt1u,nente
durante o dia, dorme ou rumina, sem mudar de lugar. le hábi- C()IISOgrodo por u1n(I hltrQjanlú lOrna·SI!sagrado graças itsua porti-
to le,•ou os ir.idigooas a fmrelU dele o símbolo da ii.'00.ez. Estão clpofifó 1n1111 .s,ínbolo. A maior p:irte dos símbolos primitivos dis-
co11vencid-01 de que todos os que comerctn, ém comwn, carne da- cutidos por Uvy-Bruhl são 3S pa11lcip..1ções ou os substitutos de ob-
quele antílope, por ocasião da inauguração de um.a llova aldeia, jelo.s saa,rados. q\lalquer questja a l)Ôck.dc:stcs últimos. Verifica•
nâo 1rocat'ào esta por outra. "lo No pensamento dos. índi3enas, se mecanismo idênt.iço nas religiões "cvolufdas" . .&sta q\le íoU1ee-
o simbolo comunica-se por participação, de maneira concreta, mos u1n repertório exaust[,,·ocomo é, p0r exemplo, Sy1nbóls of tire
do meslno 1uodo que as gua,ro pala"ras escritas no fundo u,n Gods ln Mt!'S()póta,1nia11 Art, de E. Dougl8.$ Van Burcu, IXlfa nos
prato p0dem "purific.ar'', na magia infantilizada já citada, um con.,-cocermos de que toda uooa série de objetos ou sinais shnb61i-
individ1.10 obstipado. !\·las essa di-vcrs.idade de interpretação não cos deve1u o seu valor e.a sua funÇ[o sagrada ao (ato de-se in1cgra·
esaola 1>eoo o símbolo original nem M possibilidades (J\le t!,n os rtm na "'forma" ou naeplfaniadeu:1na divindade (on>.uuentos, a,.a.
"primitivos" de. alcançarem um simboli o coerente. Trata-se., vios, sinal dos deuses, objetos usados Por eles ... ). (vlas não estão
(epetiJno•lo, apenas de urna amostra de un, htfanüUSJno cujos aí LOdos os sínlbolos: há outros que prettdem a "fonna'' hlstólica
e.,einplos são abundantes na experiência reHgiosa de qualqua po- da divindade: re.fcrimo--nos a muitos $JmboJos. vejetais, à Lua. ao
pulação ci\•ilizada. Que o.s "primitivos" sejam capazes, carobéln 1 SQI, !19 ritio, i w1100 dçsenbos 3 Q1nétri{os, «1mo a çruz., os pe:ntá·
de um simbolismo coerente. quer d i w , o.rtictllado em princípios ionos, os tombos, asuá.stica, etc. Muitos deles vincularam-.stàs di-
cosmoteológicos, pro\'am-no os muitos fatos Já vistos nos capi- vindades que dominaram a histôria reliaiosa do fesopc:,tânúa: o si-
tuJos ante,:iores - o simbolismo cio · ctn1ro' 1, por e.,eolplo, nos nal do nte a Sln. deus lunar, o disco solar a Shamash, ou•
povos árticos, camitioos. fino-úgricos; a eomu.nk.ação .:iltre as t:tes tcos. Se alguns conservaram certa antonon1ia em rda aos deuses
zooas cósmicas nos pigmeus de t.-laJaca, o sioobolis:010 do arro-- (por exemplo, oertas emas. ce11os s.ítnbolos arquitetu.rtus, certos si
!,is, da montanha. dos cipós OOsrnk:os e ou1ros, entre os austra- naisc;o1noodâs ''três p0n1as' 1) , mlUtos outros, e d o a nurjor parte,
lianos, os PQVOS da O ilnia, etc. foram solicitados, ahernativamcnte, por numerosas divindades. o
f\,1as tere1nos ainda oc o de voltar a ess., cap idade 100- que no lc\'a acrcÍque ao1ecederrun os dif rtntespantcõesmesopo-
réti<:a dos primitivos ou das popu1aç,ões primicivas. Por ora re-
gistremos a coe.xis1ência, canto na sociedades primitivas conlO
tâJnicos.·.oe resto, a lransmissiiodos símbolos de um deus para ou•
tro é um fenômeno corrente na história das reJiaiôes, É assim que
nas evoluídas, de utn si1nbolisn,o coe:renie a par de u1n iofantili• na india, por exemplo, vojro, simulJaoeamentt. "raio 11 e "diatnan-
zado. Det,emos de lado o problema da causa dess::i infantllita- ,. -.sbnbolc,dasobetartio universal, da i.noorrup1íbiH e. dar ·
ção, assin1 como a questão de .saber se d a ou não efeito da pró- tidade absoluta, etc. - , passou de Agni para lndra e depois [)."\ra
pria colld o bun\:tl\a. Basia,nos ;lQIJi marcarcoin cl.tre.za que. Buda. Seria fácil muhjplicar os e.xetuplos.
cocr<:n1c ou dcgradado 1 o símbolo continua a desempenhar um
7/fATADO 05 H{STÓR)A DAS R.Et.lOtOes A ES'rffVTVRA DOS SJi.fBOLOS 365
Dess:u o:xisidttações res11ha qu<: a maior parte d.as hicrofa. um símbolo do centro (pilar oent:ral. lareira). Cada habitação é
nins.s.io sus<ttivci de se tor:narcm sfmbolos. 1'.f.as oão é nesta COO· um "centro do mundo" porque, de uma maneira ou de outra,
vcrtibilidadc das hierof Di'3S tnl slltllk>los que há de se ptoc--urar o seu simbolismo reproduz. o do ceruro. >,,ias. co1no já civemos
o p l impor1anledesen:'lpe!lha.do pdo simbolismo na experiên· ocasião de notar, um ·'centro" é difícil de ·conquistar e coloc.i•
cià mágiOO·rdigioJa da humanidade. O ibnbolo n1'o é in,ponan- lo à disposição de qualquer um denuncia $quilo a que cham mos
te apcQas J>OíQt.lt prol1>1tg;1 l.ltna hierofania ou pOrque a substi· '';y uostata:la do Paraíso'•, o desej-0 de.se achat, permal'lentcmco-
'"'· mas, w,brtludo. porque pode 0011tinuar o prooesso de hi ro· u;. &tm esforço e até, de certo modo, .sem !iC dar conta disso. nu
fanização e. pocque, IU.l mol'll:flto próprio, é-ele próprio unia hlt· m. i.ona sagrada por excel-ê'ncia. Do 1nesn10 modo se pode dizer
roJQrtla, quer dl2er, porque eit rHtf-a unia realidade sagrada ou que o simbolismo dwuncla a nectssidâde. que o homem tem de
cotni(J/ógita que 11en/1un1a outra "v1.a1tifes1açãq >•re\-elo. Assim. prolongar até o infinito a hierofanização do mundo, e encon.
para dar um e.xempk.l de 1.1rni lllero:fan.i,1 que se- prolongá num u w COlUlantemente d,1plos, substiwtos e po..rticlpaQl:ies numa dada
sirobofo, todos C6 am.llltlOS t. todos os ··'.sinais" nos q_uais a Lua hletofania, ou melhor, uma tendl!"ncia para ídtntificar esta hie•
está prc.sc11tc- - o ercsoente, meia 1113.;. lua cheia - tii:an.1 desln rofania ao conjunto do uni\'erso. \'ohsrcmos, no fim deste.capí-
pr<Sençã a sua tficácia: de tona ,ua.nelra. ou de oorra., ,lXlrticipam tulo. a esla inlponante fu11ç"ão do simboto.
da sacralidade da Lua. Poder- a d.izc.r que são epifanias redu•
zidas da Lua. !\tas não é, cont ccneu. es,a epifania (tduzida e.
por vezes, indistinta (como quando o quarto cr eotc- da Lua é J 70. CotriAtia dos símbolos - A rigor deveríamos r rvar
grosseiramente reproduzido ein pequcn pães voti\.W)11 que ex o termo símbolo para o caso dos simbolo..'i que prolongam unta
plica a imponãoc.i:i. dos- an1ule<os e-dos talisro.."ls: é no prdprio t1ín- bierofania ou Qlte coust.it.uem, eles próprios, uma "revelação"
bolo qoeestáa e);plicaçao. O processo é evidente-para uma muJti- ine.xp-iimível de outra forma mág:iC().teligiosa {rito, mito, form.a
dão de desenhos e de ornamentos ccrâm.ico.s da 1>roto-história chi- divina). Em sentido amplo, no entanto, i'ud() pode ser um s(ru.
nesa e euro--Miática, qoo siJnboUz.·un as fases da Lua pela di\'crsi- bolo 0,1 desen1penhar o papel de um sfmbolo, desde a cratofania
<l.ade. de oposições de. branco e de ne,gro, isto . luz c. obscuridn· mais rudimentar (que ''simboliza", de uma maneira ou de ou
dc.21 . Bstcs- de cnh<» e oroamen,os 1m unta ruoc«o e wn ,·aJor tra, o poder mágioo-rcUgioso jncon>0rado nu1n obj,e:to qualquer)
ruáaico-rell.tlosos13, f\1 a ania lunar é neles quase irro.:onbe- at Jesus Cristo, que, <le certo ponto de vistn, pOde ser eonsidc-.
dvd, e o que lhes contcre.o seu valor e o simboli$11JO lunar. rado utn ·'símbolo·• do miJagrc- da encarnação da divindade no
Mais ainda: enquamo uma blerof:utia pressupõe uma des- homeLn.
oonlinuldade na expe.ri!ttcia reli g: io -viAto que existe sempre, O vocabulário oorrtnte da ttoo)ogia, da história das religiões
sob uma ou outra forma, uma ruptJu·oentre o sag:F.1do e o profa e da filosofia admiie 0$ dois sentidos da palavra "simbo-Jo'' t.,
no e uma passage,11 de wu para oo,ro. ruptura e pa.-ssagem que oomo já tivemos oeasi!lo de ,•e1·ifi,car. os dois- sentldos apóiam-se
oonstituem a própria essência da ,,id.a religiosa-. um si.mbolis- na experi&tcia mágico-religiosã de tôda a hun1anidade. No eu•
mo rUza a wlidariedade per111,1ner1 te d<>hmneni c<»n o SHCralJ. tanto, a estrutura e 3 função autênticas do sfinbolo pode1n ser
dude (sotidariz.1çâo confusa, como é evidente, pois o home.m só penecrodas sot1do pelo estudo p;:irlicular do símbolo como pro-
e:sporadicamentc. toma consciência dela). O q11e traz consigo um longamento da hierofanla e como forma autônoma da revelaçào.
talismã, o jade ou as 1X:rolas é projetado IX>f eles, de fotrua per• Já mencionamos antes o simbol.ismo lunar dos desenhos pré-
1naneute, na zona sagrada reptesen1:ada. quer djzer, simbolizá. bjs.1ó1·icos e p1·oto•histórioos. Os desenhos deste tipo prolongain,
da, por uni ou por outro, respecti\'amente. Ora, essa permanên· seguráàlenle, a hitrofMia lunar mas. considerados no seu oon•
eia não pode !Cr adquirida por meio de.un\8. eiq>etiêocia má.gioo,. junto; dizem mais do que qualquer outra epifania .lunar. Ajuda,n.
rdiaiosa, que supô( pre.viainente uma ruptuta entrt o profano aos a destac3r, de ,odas essas epifanias, o situbolis_mo lunar, que
e o sagrado. \'imos qut <.'li •'duplos fáceis'' da árvore. cósmica, teru a vaotagetn de poder "revetar'', nw.Jhor do q_ue todas as ou,
do eixo do universo, do templo, são scmp rei>reWDtados Por tras epifanias reunidas, e, ao mesmo tempo, revelar simultânea
rn.-1 rAtJo .Dli RJSf'OklA DAS RE.LIOJÔES
A E:STRUTVR.A 00S SÍMiJOLOS 367
e p:\nôratuicamet11e o que t s o-u.tras ci;ífania$ &svet:l'm de ,nodo
sucessiv(l fraa,Alt'Jllàrio. O simbolism,o da Lu:i 1<,rl'la. transpa- lar no fim da Antigi,iidade (§ 46). A ituegra ão de uma hierofa-
ren a IX'ÓIJrl õ'trul11ra das liierofaiLias LIM:'lares. O emblema de nia no bolismo que ela impHca é uma pcriênCia a1.1tênlic.a.
um animal l11nar(t'o<»'..f'k-. <>u,so. . ó:.)011 um e1u J)relO· da tnel'ltalidadc arcaica e todo.s o:s que P:ll'ttc1p.1.1n des1a mentah*
e-branco. no q11 se intc.gta a figlli8 do '"an1epassado 1 ' , revela dade 'êen1, vcrdadeira.n1e:nte, esce siMtmà sjmbólico cm qualquer
oo mesmo grau a totalidade dos s t1ilégios lunares e o dçstino suporce niaterlal. E, se alguns já não o vêem ou já não têoi aces-
do cosmos e d,o ti.ome1n no s w de,,ir rítmico e perpé1uo (cf. os so senão a unt simbolismo infa1)til, a validade da estrulur-.i do
estudos de· He11t2e). .simbolismo n:lo fica. por Jsso. comprometida, oi! que um s\m .
Tambem a :iaaa1tdade das á.iuas e c:!truturn das <:osmolo,. bolis,no é it1depcndtn1e do fato de ser ou não contpreeudido: ele
gias e dos aPQct11i s aquáltoo.s só podem $Ct re-r--elOOas, iJltegral- COrtS«\'a a sua consistência, a despeito de toda à degradação, e
n1ente, aira,·ês do simbolismo aquã1K'C), que i: o úul.:o «sistema" coosçrva•a mes1no uma vez t$(Juecida, como o 1csteroun ant.os
C:3(Xtl de integrar toda.e; as xe-,·e.J.açOEs particulares dB.$ inúmeras sín1bolos pré-hist6riL-os cujo scn1 ido se- perdeu duranle mllln1os
lúerofanfa$. Nawralrne1ue este- simbolismo IK)uático nâo $C ma- para :1er ••rcde.scoberto" mais ca1· e. . ..
nife ta ent parle alguma de modo coocreio, lllO letn ''suporte", De resto, é perfeitamente indlfcrente que-os 1mnuuvos con.
éoonstituido por un1 ooajun10 de Símbolos intcrô:pendq:ntes· e sus- 1emp0râneos compr«ndam ou não que u.1 hnersão na. água
cetívcis de se hne8)'3ittn num sistt<m.a., 1uss oe:Jn poc'" Isso é menos e.quivale tanto a uni dih'ivl-0 como à s.ubmc:rsao de. um nuneote
real. Basta q_ue nô:$ lcmbren1Qs da Q>etêocia do si.n,bolismo da no ooeano e que um e outro simbolizam o desapar tento de
imersão nas âguas (batismo, dJhí.vio, ''Atlântida'' >, da purifica- uma ''l'orma envelhecida'' a fin1 de reaparecer uma fonna no
ção·pela água (l>a.rlsmo, libações funerárias), da p(é-cosmogonia ,•a". Ulna única coisa cotltn para a. história dat r igjôcs: o fato
(as .1&uas. o ,.'Jóto:i" ·ou s ''iJJ\a''. e1c.). paro nos darmQs oon,a de que a imersâo de um homem QU de un.> coo ille11te;, tanto e ·
de que estamos cn1 presença de um "sistema" bem anjculado, tno o sentido cósmico,escato co dessas uttersocs. eXJste--em m,-
sistema que, evid nttmente, está implícito e1n qualquer hicrofa. lOS e rituais· e o fato de que todos e M e $ mitos e rituais são coe*
nia aqu.ltica, por modesta que S'eja, mas que se re, ela m:\i clara•
1 rent ou, r outras palavras, que fortnao) Wll sistema simb6li-
mente:- at.ravf$ de unl s(mbolo (por c,cc.mplo, o "dilli,•io'\ ou o co ue, em cerco sentido. é artterior a t-àda um tomado separada•
''OOtiS1no'') esó se rc,,da 1otalmeote- no simbolismo aquátioo, tal ruen1e. Temos, pois, razões para falar, como se verá maiS clara*
oomo se. dc;rtaca de: iQC/as as hierof:allltu. mente dentro cm JXlUOO, de unta "lógk:a do símbolo", de- u1na
Um •xame rápido dos capítulos an,eriores moora com suf lógica q1.1e não te1n a S\la. oonfinneção s6 no simboli&-mo mâgiço,
ienie evidência que: nos encontramos, conforme os casos, perante i-ttigioso; n1as tambml no simbolismo manifestado pela a1ivida-
um simbolismo cdeste, ou perante um simbolismo relt\rico. ,•e- dc subcon$Cicote e cransconscien.te do homem.
g_ctal, sohu, espacía). ternporal, etc. Esses diferentes simboltslllos Um dos troços caracteristlcos do simt>olo e a simuh uielda-
J>odem ser eocaredos con10 " steroas" autônomos na mcdid.i em de dos swtidos que clc revela. Um sfutbolo lunar ou aquático C
que n1auit'estan1 mais claramente, tna:is totalmente e conl a oo vâlido em lodos os ufvt"is <lo real e. é$ta multivalência revela-se
rê(lcia -superior o que as hicroianins manifestam de mane1ra par- SUuullaneamente. O díptico ''luz.-obscurid e··, J)Ol"exemplo, sím-
ticular. local, $Ucess:iva. Por isso nos dedicamos, sempre Que o boli.za ao mC$mO tempo o "dia e a 11olle-'' OOilmicos, o aparcci-
documento eJn questão a tal nos convidava, a in1erpre1ar unia meoto e o des;"tparecimeoto de uma forma qualqu«, mo11e e
dada hici:of;i..ui.-i à luz do seu próprio simbolismo, a 6m de po- .ressurreição, a criação e a dissolução do cosntos. o "!rf tl e. o
dermos aiing,ir a sua significaç. profunda. dC$neccssârio di• manifesto... Esta simultaneidade dos se.11tldos q_ue wn s1n1bolo
ier que não se u-a1:i de ' ded:U'tit'' arbitrariameo1e um sianbolis- encerra verifiça«. iguatmente à margem da ,•ida rdig:iosa propri;t•
mo qualquer a partir de uma hic:roía.r.i.ia dementar; ta1npouco n.iio mente dita. Como $C mostrou(§ 166), o jsdedesempenb.l ou anun-
sc: trata de racionalizar um simbolismo para torná-lo mais con.• cia, na China, um.a função mâgico-Jeüaiosa. mas esta função não
si&te1ue e mais transpacenie, oo,no s.e fez para Q $imbolisuto so- esgots o simbolismo do jade: o jade tem, ao mesmo tempo, va.
lor d t uma lingua;t111 simbóli<a, no sentido �• que o 110mero,
36& TRATADO DE ff/STÔRíA .D.,tS IU!.LJGJôES A ESTRUTURA DOS SfMBOLOS 369
a oor e .a disi.»si,;ão d ped.taS; d.e jade usadas P'-'' ui:na pe$soa L)rinc(pios? Assim, 1Xlr \lm lado, o sfn1bolo continua a dialética
não St limitam a solidari:mr C$la pei$0a com o e-os ou Qm da hicrofanja ao 1ran.sform.ai: os objetóS em algo diferente do que
.u eS:ttÇôe$.. 1-nru catia.biiu (X'-Oclam.a.,n ull "idenúdadt." t dt:let"· ks parecem ser à experiência profana: uma pedra torna-se. o sím-
mina.m, IX)r c>.'Cmpl<>,. que se 1ra1a. de \Hna jovel\}, de uma mulher bolo do ... ,entro do mundo", elc., . por outro lado, ao 10,nan:m-
casada ou de u1na vi \'O, ptrtmoentes a tal c.lássc: social e a tal se símbolos, quer dizer, sinais de uma rc:slidade uan.scendcn.te.
familia. a 1i rep.'lo, t cujo noivo <>u esposo se acha ttn vjaaem, esses objetosanu!a,n os seus limiie."i con<:rt.JOS, deixam de ser frag-
etc. Do m(smo n1odo, na ilha de- Java1 o simbolismo dos mentos isolados para se inwgrar num sistttna, ou O:lelhor, c,Jes
nhos t d;isoo,es do f>rttlk proclama o se;<o e a si,uaç ó wcittl do encarua,n ecn si próprios. a despeito da sua precariedade e do seu
individ110 que o t1sa, a C$tação e s "ocasião'' em QIJC t usado24. c.iráter fragmentário, todo o sistema em questão.
Sistemas idên1íoos são freqlltntes e1.n toda a Poli a !J. Em liltiulo caso, um objeto (lue se to.rna um símbolo tende
A e-sr.e re$p!ito, o simbolismo aprescnt3°$C 001n.o un)a ''lin• a coiocidir com o iodo, da mesma fonna que a hicrofania tende
guageat ' ' ao al.cat1.cedt:> todos os membros da comunidade e in:t· a in. .'órpora,r o s rado na sua to1alidade, a csgorar, por si S(),
c<:-$$Ivcl aos C;5traust:il'.'0$, mas, em todo caso. \lrna "linsuas:cm" todas as 1uao.ifestaçõcs da sac,atidade. Ql1alquer pedra do altar
que exJ)C'ime simultanea1nente oo mesmo grau a «:ondiçr.o rocial. \'édJco, ao torn.ar•se Ptajâp.ati, LCode a identificar a si iodo o uni-
''histórica" e )$cfqui.c:i. ds pessoa que usa. o símbolo e as suas re• verso, ds mesrna fonna que (ada deusa local 1et1de a tornar.se
lações com a sódedade e o l'OSmos (oer1os jade$ ou batiks $.ão a Orande Deu a e, em '1ltín1a instância.. a anexar a si toda a s a .
usados 11a prima.,·cra. oas vésperas <> trabalhos airfçolas. por cralidade dimonh'd. Este ''i.nlperiaUstno" das "fonnas" réligjosa.s
ocasião dô oquinótio ou do .sol.stí<:ió). Em suma, o simbolismo aparccer.i ,nais clar:uuente ai.nda ao vo1unte complementar que
vestinlen.lat solidariza. a PCSSCXI. humana, por um lado, com o oos• dedicaremos a elas. Contentemo-nos em. assinalnr que f f l à ten-
mos e-, por outro, com a comunidé.de de que ela (ai. parle, J?TO· dênda anexionisu\ reaparece na dialética do sim.bolo. Não só J>Ol•'
clao)rutd<> direU1111eote aos olhos d cada 1nclllbro da oomuruda· que iodo simbolis1no aspira a. i:ntegrar e a unificar o maior nú-
de a sua identidade profunda. Expressão s1mul1.ânea de utna mul- tl}eto possi"cl de zonas e de setores da experiência antropocós,.
(iplicidadc de significações, solid.a.:riz:tçâo co1n o oosn>00. trans• mica, D>as 1runbém porque todo o simbolo ltttde a identificar a
parência pelo que rc.spcit.a à sociedade: tais são as fun5ões que si próprio o maior u\\mcro possfve] de objetos, de siTMçôeS e-de
denunclon, o mesmo iu,p,dso e .3 11,esma or.ieut.a,ção. Todas elas n1oclalidades. O simbolismo aquático ou lunar rende a intcgrnr
con,1ergcm para um fim con1um: a.abolição dos liniitc.s do ... frag- tudo o Q\le é "ida e: morte. quer dizer, "devir'' e "formss••. Qu.'ln-
lUent-0 1• que é o bo1nent no seio d.a sodedade e no 01e1o do oos- to a um sim bolo oomoa pérola, d e tende a rcpreseo1ar ao mes•
tnos e a sua integração - por meio- da transparência da sua iden- mo ten,po tstts dois sistemas simbólicos (da Lun e das águas),
tidade profunda e-do seu estado social e $l'aças à sua solidariza- encarnando por si SÓ(}iJà5e todas as epifanias da vida, da ftmini-
ção cont os ritmos cósmicos - numa unidade mais \'as.ta: a S O · Udadç, da fen(Udade, c:tc. Esta ''UtJirteação" não equivale a: unta
ciedade. o universo. confu ·o: o simboti.so10 p«mite a passaiern, a drculacão de un1
nivel para outro, de um modo para outro, intcgi:ando todos este$
ni"e-is e rodos estes planos. n1assem nt J'usionar. A 1endênci.11 pa-
171. Funçio dos$i,nbo1os - Esta função unificadora C, ocr- r:;i coincldit com<> todo deve. ser entendida como un1a tendência
ta1nen1e, de consltlerável itnporlâuda, nâo só na txpedência ,ná- para integrar-o codo num si.sLCma., pata reduzir a multiplicidade
gico-reJigioss do homem, mas mesmo para a $Ull nperiência to- a uma "si11.1aç o" única, de tuaneira a 1orná•la, ao mesmo tetU·
tal. U.m súnbolo revtla seropre. q11aJquer que seja o seu contex- po, o niai.s transparente possi\'cl.
to, a ur:iidadc fundamental de vári.as zonas do real. Será preciso Tratamos em OUlta obra do sitllbolísmo dai Li&a,;ôes, dos nós
lembrar os immsas ···uniíicações º rcaliz.-.ctas pelos sÚl'lbolos das é das rode. U. Podemos, c1nâo, dar.r,os conta de que-, desdç a SÍ8·
âguaS-0u da Lua, g.raçss às quais um nlimero considerável de pJa- nilicaçâo cosmológica da "ligação'' das á3uas por Vrtra e desde
.nos C· de zont1s bio..antrop ósm.ieas. se. id,eiitiJiçam a algun.s a siJnifica ,ão cos1n0Crática <los " u ó s " <fc Varuna até as ••1iga,
.1'1.ESTRUTU/1.A OOS.SÓ,t'BOlóS 371
370 TR,,t T;tD0 DE il!S'fóll.JA D.-IS RE.LJ{JJÔES
1 Te.remos ainda o d.ireiio de c.oncinuar a (alar exclusiva-
ções'• do iri,uigo (01t'l cordas ,•crdadeiraj ou com nós nulgiros. mente de um subconscle-nte'? Não seria preferi,•el pressu-
a.tê o acorteJ11ante11to dos cadáveres e OS:ri1i1os em que. divinda- por também a e stência d<' um rransronscientt?
des funerárias pt«lde,n os homens ou as aJma.s dos mortos nutna
rede - pass odo p:l.o sl.t.1bolismo do ho nem " <!o:• "acor- 2? Terá undamento a afirruaç:ã.o de que as cti es do sub·
rentado" (fndl:t, Platiio) e do «desatar' do fK> lab1nnHOO Oll da consc1en1e:oferecem 1,una tstrutura dife rente das cri çôes
''iOl\lçào'' de um problema fundainental ... - encont.ramo-iios do .oonsc;Je,1tc? 1'11as ess e s dois probleinas devem ser dis-
sc1npre êti\ ,:ttsença de wn \\nito oomplexo sim1>51.ico. realizado cundos J\à sua J)erspeciiva proplia, que I: a da filosofia.
de· maneira 111ais o,L menos ituperfcita nos roúltiplos plMos da
vida má9,ioo-rcligio.sa (oosmologia. ít\ to do l'O Te · SUbUnhemos, .no entanto - e liJ)lltar-nos-emos a t:sta obser•
tuagia ag1es9.va ou defensiva, mitologia funerária, rituais 1n1cas- v a ç à o - ! ue ,:nuHa! c iaç.õcs do subeonscicote aprtscnram um
tivos. etc.): mU3.·S'e de unt arquétipo que JXOC'Unt i:taliur-se caráter s,m,csoo, de ,muação, de OOpia a1,roxJmada de arquéti·
toda$ os plan<1s. da experiência mágico,religjosa. f\i(as M algo mais l)OS (Jue, em t<J;dó caro, não parectm ser a projeção ex.clusiva da
significativo: es.te mbolismo do "li.ga " e. do "dcst ,gftt''_revc1a 2ona subconsciente. Acon1 e oe muitas vezes que um sonho. uma
uma sit1,1ção limile do homem »o ll.ln1,·enio, uma s1tuaçao que efabu.la io óu u.ma PSi?<'Se itu.itm :i .e lrutura de- um ato espiri-
ncnhu1nn outra hierofania i$01ada fê\'elaria.. Poder-se-ia mesmo 1ual Que é, em s,,. pe,:f nrunentc ultelig:tvel, quer dizer, isc.nto de
dizer que é ap e 11as por este simbo l ismo do Uan-.e que ó h mffll <J.uaJq ontra 15âo interna, que ''J6gioo" e. por conseqOêil·
toma plena co ncii.l da sua siluaçào no côSLtlOS e nm:- a c,,1, denva da auv1dade consciente (ou l.l3Jlscousciente). &ta ob-
si próprio de _1 nancira coetente. Poi:- ouuó J:ido. as arucu1a ocs set\'ação P!Ocu.ra lançar utiia luz sobre o problema do símbo-
desse co11.,plex.o sàiitb-Oliccf desvendam ao ntno ce1npo a. untd · lo .cm. J>J1.tcu1ru-. e da hierofania em aeral. Podc1nos Verifi c a r .i
de de siiuação de todo o "condicionado'', qualquer <1ue ele Sie.Jª ex1s1.eoeta, quase por toda a part e , na hjMória das religiões, de
("cativo" 1 ·' e rob1uxado' ' ou,. simplcsmt.nte, o homem frent ao um enôr o de 1mltá( o {'f4i if' dô arquêtipo, que desi.gnrunos
seu destino). ea nectssidade ''lógica · de todas essas bomotog1as. por ,nfanuilsmo. Tambem ver1flca1nos que o l11fantilismo te ode
a ·prolonga( até o iufiniro as h.ie.rofanias, jsto é, tenc!e a ool o c -.ar
o·sagrado e1n (tuaJquer fragmento, quer dizer, cm úJti.mo caso,
172. Uglc.a dos slmbolos - Por cons,eguinte. é legítimo fa. · a col?Car o todo nu•!l simples fragmeu10. EsLJ tendência não e.
k'\r 4c; uma u ca do simbolo", no sentido de que os sfmb los, m· S), aberrBntc, \'JS(() que o sagrado tel)de oorn efeito a
qualquer que seja a sua natureta e o plano em <ruc se mtuufes,. 1deniJfíear.se S realidade profana. quer dim, a' trausfigÜra:r
-Sacralizar ioda criação. f\.tas o infantilisn» apresenta quase sem-
tem. são se1nprc coe.rentes esistetná1ioos. Esta lógica do sfb_olo pre uma no1a de facilidade, . autom:t1iSJnó freqücrue1nente mes-
sai. do dominio próprio da b.istól'ia dai rtli3iões para cn.f 1le r r ar mo de- artlflclo. Poder,se-ia. pois, esc.abel er un1. paralelo entre
nos problemas dá filoso{ia. Com efei10 - e já ÜYemos ocaslão .i tcndência do su conscientc para imitar nas suas criaçõC$ ases.
de verificá-lo ao cstudttnn().S o -simbolis,no da "ascensD.o" - , as t:rutlf3,S do consc,eme ou do irrulsco.nscicnte e a lendência do ín-
criações daquilo a que se- challl3 o s-ubconsclente (sonhos. "so- fat)Ulismo para prfk?ngar até o i finíto as bierófanias, para re peti-
nhos ltCOtdados". efabuJaçõcs, psicop01og.cnias, etc.) aprtSC'lltain las em todos os n1veis e de 1nant.1ra uni tanto mecânica e grossei-
uma c.çtrutura.e uma significação ":l'feitru:nente suscctivels de ho· ra: tanto unta oomo outra tendê:nci..l têm tm c.omoJn os traços
moloa,ia, por um lado, con1 os nlitos e os ritos a,sccnsio ais e, por ca!'3ecerísclc da. íaci.lidadcc do automatismo. É fXlSSÍ\'el dcsco-
outro cotn a metarisiei da ascensãol1• Não c:x:1ste, i ngor, solu- bt1r outra co,sa a.inda .ueste·contexio: o desejo de 11nificar a crio.
ç.\o d- c-0n1.louidadc entr e as criaçi,cii e.spontãneas do subco tlfo- e.de abolir a 11111/tiplici<úldt, de:ejo que é cambêm à sua ma--
ciente (os sonhos ascensionais, por exemplo) e os sistemas teón· rleira, u1na imüação da ati\'idádeda razão, visto que a' J'atâo ten-
cos elaborados no eslado de vi,gnla (por c,cemplo, a n,ctafísi<.'3 <e tambéJn para a unificaçâo do real e póttanto ffll lUtima anã,.
da elcvaÇào e da asceu.sao espirituai.4). Esta verificação descmbo· lise, para a abo l ição da criação. Nc> entanto, n caso da.!f cria•
c:a eiu dois probletna.,:
312 TRATADO O E HlSTóRJA DAS R.iLJOJôtJS

çõt1 do subconsdente u da infanti.li oda.s hicrofanías, dep:ua·


mosmai.spropriamtn1eoom um mo\•imento da ,•ida que tende para
o repouso, Q\le asp:tre a recuperar o estado original da matéria: a
lnê1'<'ia. Em outro pkcnoe-no quadtode uma outra ncees1idade.dia-
Jética, a ,•ida- aó Je1tde1 poro Q rep<>u$0, paro Q equillbrlo eJ'JQra
a unidade - truiur o espln'to no seu ,rr"°viJnt•n10po,·u � u,tifit.-açii(J
e poro a esJablfl� .
Para 1ercm ua1 Ju 11dawcnto eti<:az, essas observações exiaira•:n
uma série de comcn1ârlos que não podemos. sequer esboçar aquJ. Concl.usões
Se lhes ican,os a.lgunJas linhas é porque nosaju atn a oompr«n-
dtt. aomeimoteittpo• .11endé11cia para a rer1etiçiiofátildashicro-
fanias eo pa l eit.remame1ne.imponanteque osin1bolismodesern•
penha na vida IU.áiico·r<-lig;osa, Aqui)o a que se poderia chamaf o
péJIS(tNHJlllO 11in1lióJJco toma possível ao .homem a livre clrcul ão
Se é <:etto, tomo adi:m"3.ltlos no oomeço deste nosso traba-
atra\-és de todos os ni\1eÍS do real. .u,•reárculaç!o ê, aliás, dizer PoU· lho. qe. a maoe:l':l roais simples de definir o sagrado é ai.Ilda a
co: o símbolo. oomose viu1 idealifica., assimila, uoif.ca planos hete- de Opo-lo ao !'ro_Juno, ':lüência dos capítulos não de-i;icou de
rogêneos e realfda.cles :l.parcntrmente irredudvcis. !\fuis ainda: a ex- acusar a tendene1a da dtalellca hierofãnica para reduzir constan·
periência mágico-rcligiosapennit.c a tramformação do pr6pl'io bo, temente as ton P.rofanas e, no fim de coutas. para aboli·las.
roem em súnbolo. AJgumas_e-xpert nc as rdigiosas supedor s ldcntificanl o s..'tgrà·
Todos os sisttmM e iodas as c,.;,;pe.r.iências antrop000snúcas $Ao do ao unt\'Cr 1.n1etro •. Para uit?S n1Istioos, a intcgraUdade do
possíveis enqU(lrtto o hc,nt,n se torna. t l t própriQ, um sirnbo/o. B eosm const1t 1 un1a h1erofan1a. " O uni\·crso inteiro, desde Bra.
preciso acrts«ntar, todavia, que. neste caso, a sua própria vida é te \lm r.l1nU1ho de planta, ê .ls fotn1à:s d'Elc''. e-xclal'na 0Ma-
cottsideravclmente enriQuixida e adquire maior amplitude. O ho- l101urvõ1w !o,urtJ (JI. 46), retomando luna (ónnuta indiana mui-
mem já. se sente um íraamcnw impetmeável, mas wn cos,nos t,ssi1!'C> antiga e bastru.ue difundida. Este "Ele'', âftuan-Brol1num,
vivo aberto a todos os ouuoscosooos vivos que o rodeiam. As expe- . mantfes1a-se.por toda a parte: ··tHâmsa, ele reside no (Céu) pu-
riênciaspulcroc66m.ic.ls cixam de ser para ele e'der!ores e. cotim, ro, (deus) brilhante e-J reside no éter. oficiante ele rCSide 110 aJ-
"estranhas" e "objetivas": elas não .o aJieu(ltlf de si n,ewno mas, 1ar, bóspcdc dcresíde na sua momd•. Ele residten11, o homem
pelo contrárlO. COlldll7.Ctn·nO a ele próprio., revdam•Ule a sua pró- si<le no voto., reside na lei, ftside no firn1a.rueolo.'·1 Que esta:
pria exisiência e.ó-seu próprio destino. Os 11,iJos cósmicos e iodo mos perante algo diferente de u1na simples concepção qualifi c a -
o vida ritual aprese11ta11t,stassi,n comô experf&tcio.i existend41$ do da, com ou s,e raião. de "pan.tc(sta", é o que se prova coin o
homen, or((Jko: este últi1no não se pccde, não seesquecedc si como 1exto em que Lêon 81oy fala d o " ... mistério da vida que ê Jesus·
htxistente'' quando se o:,nfomta 001n um mito ou inter,•ém num Eg() su,t1 Vlt<1. Que a.vida ,esteja JlôS .homens, nos animais ou na;
ritual. Pclo oontrârio, de reenoontra-se e oon1proendc-se. porque- plantas, é sempre a V1da 1 e quando chega o minuto, o iua.preel'lsí-
esses mit0$e rlt\lais proclamam acooux:imentos macrocósmi::os. quer 'vel ponto que sc-cbtuna a morte, Cai;ada Jesus que se r«ira, ,an.
diier. antropológicos e-, em última iJlsúlncia ., ''existenciais". Para to de. um.l átvore como de u,n se.r '.human.o"l.
o bomein arcaico todos os JlÍ\'eis do real oferecem uma porosk/ade
tão perfeita que a erooção sentida ero prescnÇà<le uma ooitcestreia. ,,E cvide- te que estamos aqui em presença não do "panteis-
1o no scnrido eot·rente da palavra ,. 1u.1S daquilo a que- se pode.
da, Pol cxetnplo, eguivale ã. experiêttcia J)ÇSSOal nl.3.i.s "UltiJnisla ·• na <:bamar ''pan-on.tis1no ", O Jesus de. Léon Bloy oomo o àuno11.
de m hotue-tn moderno. Blsso porque, gttl sobrctudo aos1'olbO• Broh1no11da u11.dição indiana, encon.tra-se cm tudo o que é quer
lo, a e.,istêncla au!intica do homero arcaico nlk) se reduz à exi11ên• dlzer. cm tudo o qoe txiste de 111aneir() ,,bsoh,to. B com ,h·e-
ci.a fragmentada aliem(W do homein c.Jvilizadô do nosso tempo. ooos o<:asi o de verificar por várias vçzej, para a ont logia areal·
374 11{AT;IDO DE ro.r;ró. vt D.1SRELIGI-ÔES
CóNC.UJSÔES 375
ca o real ê identificado sobretudo a uma ''fOfça". a. úma ''\•i.
d.i'', a \1ma fecundidade. a uma opulência. lllas tambCm ao que $()/iclt(}('/i() t()tal do sagrado, quando ele ê cha1nado a tomar a dc-
e!: estranho, singular - em outrt1S. pala"ras, a tudo o que existe cis,io :suprema: adolat, e-0,npfelll.mtute e sem recuar, os valores
de maneira plena ou manifesta um modo de existência e1Cttpcio. sagrados ou 1nanter-se em r lação a eles nu1na atiwde equívoca.
nal. A sacralida-de . em ptlineiro lusar, rc41. Quanto nlais reli- . Esra resist ncia o sagrado 1,eni como ootrelato. na perspec-
gioso ê o homem, mais real etc. é. e- mais ele se dls'li.l da irreali• tiva da metafis1 e,usteitclal, o fuga à oute,uicidade. Ao profa-
dade de uin devir priv do de sisnific.ação. tn.r a tendencia do ho- no, ilusâo ao não-significante, responde. sen1pre na mesma pers.
mem para "'consagrar" toda a sua vida. A&.lúerofaoias sacrali- pect1và. o p!Mo do '1 a t ra.l11• O tl'Mbóló' da ºmarcha para o cen-
u m o cosmo.s, os rir.os sacralizam a ,•ida. Esta sac.rtlizaçâo pode tro" traduzir se u . i no vocabulêiri,o da metafisica coniemporâneà
també-1n ser obtida de nta"dra iodire1a. is10 e, pela transforma- pe marcb ara o ccncr9 da si.a essência própria e pela saída
ção da vida num ritual. A ''fome. à sede, a Có111h111cla são no da 1nautcnuc1dade. Acontéee que essa resistência a uma confis..
bome1n (o que) a consagraç-.ão e (no sacrificio), dikshá. A com.i- c o radical de roda a vida pelo sagrado se u1a.nifesta a.lé no se.io
da, a bebida ,. o prazer corcespoode1n para ele às (cerimônias cha4 das lsrtJas: não é: raro que estas cenhrun de de.fender o homem
madas) UJJasado; o riso, a boa mesa. o ítm01· oor:tesPonderu aos s exc ws das exp lências.tdigiosas, cm cspocial das eXl)eJ'Jêu.
càntioos e rtcitaçôes (s1u1a,.ç6s1ra). A. mortiíicação (tapas), a es- c1as nUSuc:as e do.pe,ngo de uma abolição da vida laica. Estes c-.:i.-
mola, a honestidade. o respeito da v(d;\ ("hints.6) e da ,•er.dadc sos de r:csistCncia, cuja an.álise se far;i no "o lume compie1ncntar,
são ncl.e as doações (feitas aos sacerdotes oficiantes)"!. Quando dcnunc1a1n, !•.D«rta medida, a atração exercida pela "história'-',
abordarmos, IK>\'O lume oompltntffltar. as articulações e a fun4 nponâoaa crescente que 1ende1n a 2<1quit'i.r, sobrttudo nas re-
ção dos ritos, teremos ocasião de éxpOr o mecanismo mediante ligiões "C't'Olufdas", os valores da vida humana, entre os quais
o qual as atividades fiS.)ológicas podem Lransionnar-se em ativi há q,i.e lo r, em primeiro p ano, a ap1idão desc.i vJd.-i para es·
lór '"' h1,sfór1a e para J o u r a história. Meoelonamos a importàn·
4

dadcs rituais. O Ideal do.homem relisioso é·, e\•idec:itcma,tc, que


cudo o que ek faz se descuro - de ma.ncit<'l ritual ou, potoo1ras eia que os va.lores·vicais Lm tomado até: nas- fases 1nais antips
palavras. seja un1 sâcr/ffcio. En1 qualq1.1c1" rociedade arcaica ou da .reUsJão: lembrernos a passagc,m a prin1eiro pla110 da divin-
tradicional a obra da sua ,·ocaçãc> oonsiste, para cada homem, dades dinãmic:ss, organi.2...,doras e fecundántcs (§ 26). No decur•
nu1n saC"tifício desse c:ipo. A esse r.:spcito, todo ofo se mostta ap 4 5 0 dos teinpos. a atração exercida pelo$ vaJores vitais nlio deixou
to a tornar· llJn ato religioso, da mewia maoejra que todo ob- de aument;tr, em cspec.ial sob a fonna de um lrite-resse e-ada vez
jero cósmico se mostra apto a toraar !e unLa hierofania. O que n_,ais ,,ivo 1>e1os
i
valores humanos como tais e, cm óltimi\ illStân•
.eia. pela hs tória. A existência do hoo\em co1uo exist ncia histó·
4

é o n\esmo que dizer que qualquer inslante se pode in.serir no


úrande ·rcmpo projetar o homem em pleõa eternidade. A exis· rica adquire um valor, se não bnediatamente. religioso pelo 1ne•
êl,cia humana realiza.se, pois., simultaneamentt en1 dois planos n01 "t1ans•humauo''. Examinaremos no volun\e conlPie1nen1ar
paralelos: o do temporal. do devir, da ilusão. e o da eternidade, até q\1e ponto a "bistôria" e suscetível de ser S3.<r.l.Uzada e. em
da substância, da realidade. que medid os valores .relia;losos foram historici..7.ados. Mas po-
Por ou1ro lado, há que CQnsiderar urna tendência contiária, dtmos snbhnbar desde Já que a ''nostalgia do Paraíso'' e os "du·
a da re&stfncia ao sagrado. Tesist ncia que se man.it'est:a no pró- plo fttceis" das expcriencias e stmbolos religiosos principais nos
prio âmago da cxperiênliil rdigiosa. A ali1ude amblvaleo1e·do bo assinalam jã cm q1Je dire.:;âo poderio. ser encontrada a $Oluçâo do
lDem perante um $agrado que simultane.amtnte at,ai e repele é p1obleina.. Porqlie essa nostalgia " e C$$eS ''duplos-fáoeis·• de-
01

benf.fica e perigosa. tem a soa explicação não só na estrutura am 4 1uonsttruti tanto a rcpugnlincia natural do hon1em histórico a
bivalente do próprio sagrado, mas ai!lda 11as·reações naturais que abandonar·$C totalmente à e>;periência sagrada como a sua Uu-
o bomen1 manifesta perante esta realidade transoenden1e que o J)C)têocia a reauociar definitivam.cnte a uma 1al experilncia.
a1rai e 1\terrori.2...'l COJUidêntjca vi<>Jê.Qçia. A rcsistencia fimia-se No presente volume- cvitsmo.s es,udar os fenômenos religio-
mais nitidan1cnte quando o f1ocne1n se vê colocado perante ums sos na "Ua pcnpccti'ia hislÕrica, limitando.nos a tratá·los em si
mtSn1os. isco é, COJno hierofanias. Por isso, a fim de ducidnr·
376 TRATADO DE fflSTÓRIA DAS RE.LIOJÔJ:S C.<Jl•CLUSÕES 377
lUOS a estrutura das hicrofanias aquáticas, permhlmo-nos apre-- nas viziJ:i.has. Há quesublinhã·lo desde já: essas minúfaçu(s e fu.
sentat' paraklarnente o batisooo cri.srão, por wn lado, e, por ou- sões não podem ser imputadas e.xclusívamente às clrcunstãocias his·
tro, os mitos e os ritos da 0 1-.. e..\ nia . da Atnêric:i ou da Antiguida tóricas Qntcrpenetração<le duas tribos vizinhas, submiss3o deum
de 3l'eCO·Ot'ieutal, fa,.cndo abstração ,de tudo o que os separa, quer 1errh6rio. etc.); o processo opera-se en> vir,ude<la própria dlalCti·
dizer, numa palavra, da história. Na..mcdlda em que.a nossa aten- ca das hierofanias: quer ela se ache ou não em contato com un1a
ção se dirigia diretamente ao problema rellgloso, ig.uorar a pcrs.-. forma religiosa ariMoga ou dif«ent.e, uma hicrofani3 tende . .oa
póctJva h.istóri justifica,•a-se 1Xlr s.i mesmo. Não bá dúvida de oon t:lettciâ rêligiosa daqueles a. quem ela se re"ela <:orno tal a
que - desde as primeiras páginas dest.'\ obra o rcwnhecemos - manit'estar-seo 1nais tot;:dnlence, o mais plenamente possivcl. Ás•
não e sle bierofania que não seja "histórica" a partir do mo• Ji"9 se-explica wn fenômeno que se \'Critica de·uma ponca a outra
me:nto em que se ma.1l.ifesr3 coroo cal. Pelo simples fato de o ho- da·hi.slóriadasreligiões: a possibllid.ade<1uetodan forma religiosa
me,n tomar conhec-imeuto de un:ia te\felaçào do sasrado esta rc- lem dese dcscnvoh:er, de se putifit"'JJ', de se enol;,rccer, a possibili•
vetaçâo. qualquer que seja o plano ent que rtalize. coma-se: dade (XU'a um deus tribal, por cxem1)-lo, de se.tomar. graças a uma
histórica. A história il'uetVM\ desde que o homem c:<pcrimenta, no"a epifania, o deus de um monoteís1uo, ou para uma humilde
seaundo a inspiração das suas noees:sidades . .o sag.rado. A mani• deusa rural de se transforn1ar tm •'mãe do universo".
puhtçito e a transmissâo das hierofanias a«:ntua ainda a suá •"hiS· Todo.sessesmovimemosapsnmceo)enteéo1nraditórios,deuni--
toricização". No entanto, a sua esmuura não deixa por is1;0 de fic.açãoc: de fragmenta,ção, de idet1tificQÇãot de se.paração, dca.tra•
.ser idêotica a sl tnesnta e Cju.5,tamente a pe-nnenência dessa es1ru• ção e de res.is,êncla ou d repulsão, poderão ser Dla.is claramente
Lura que permite conhecê-las. Os deuses do Ctu podem ler sofri. preendidos quando, examinadas as diferentes t cnicas de aproxi·
do inúnter s tl3nsformaçõcs: a sua estrutura celeste não deixa de maçãoedemaoipulaçào do sagrado (preces, ofercndss,rilos), pu•
se-r o !eu elemeiuo perntru.1en1,e, a constante da sua personaUda- dc,Jnos at car o problema da histô-ria dos fenôluenos religiosos.
de. As fusões e as intcrpolaÇ{les que sobrevêm numa figura divi- Reservamos este estudo para un1 voluo1e oomplemenmr. De mo·
na da fecundidade são, talvez. numerosas: a sua eslrulura tehirj. mc:nto, ao terminarmos este, limitar·nos-cmo:s a afirlllar que Qlla•
ca e vegetal nunca 6 por isso desn·uJda. MaiS ainda: não existe se todas as posições rdigiosas do b()Ulent lhe fora,n dadas desde
uma fornta rcligiosa que: não tenda .a aproximar...se o 1nais possf· OStempos primitivos. De cerco ponto de \•ista, não existe solução
\•el do u arquétipo próprio, quer Qizcr, a purific.ar·SC d-0$ seus de continuidade entre os pl'imitivos e o cristianismo. A dialética
aluviõc, e dos seus ,odimtàtos ''hiS1órlcos". Qualquer deusa tende da hl of ania mostra-se idç.nri , qyer se tr,ue <le um rhuringa aus·
a ton>ar-se un>a Grande Deusa ao incorporar tl'>l:los os auibuws traliano, quer se ITTUeda encarn:,çAo do Logos. E.m ambos os ca•
e t'unçõe.,; que o arquêlip,o da Grande Deusa comporta. De modo '°s, acbamo-nos<llantcdeurna mani festaçãodosaaradonum frag-
que podemos rcgL tts.r jâ um duplo processo na h.1.stót'ia. dos ía· 1nento do cosmos: aqui co1no ali se acha implicitamente. posto o
tos rdigiosC>.S: por um lado, um aparecimento continuo e fulgu . problema da "pcrsooa.lJdade º e da ''im p crsonalidade" da epiía,
rootc de hierofanias e, por coru;e3uinle, 111na frasmentaf,âo ei1:· nia. Vimos <JUe no caso das hierofani:lS eleme1llares (mana, ct .
cessiva da manifes1ação do sagrado no cosmos; por outro J3do. S) nem sempre displl.nbamos de lun mcio de. determinar se no;
uma unificação déssM hierofanias por efeito da sua tendêmia ina- cnoontrãvalnos perruue uma ré\·elação do sagradoent estrutur.i. pes.
1a para encarnar o mais perfeitamen1e p,ossivel os arqutti1,os e soai ou Unpessoo.l: quase sempre as duaseslruturascoexistem, vis-
pata realizar assint 1>lcnn1nente a sua estrutura própria. co que o primitivo se preocupa rn1uilo mt-nos com a oposição
Seria um erl'O Vet t1() siocretismo apenas um fenômeno reli- • •pessoal-irn,1:icssoal" do queoom a oposição "real (poderoso, ecc, )·
gioso tardio que só poderia ter resu.hado do oon1.ito en1rç diver- irreal''. Tereo1os OCâSião de- \'Oltar a encon(.raressa mt$ttla polari·
sas religiões evolufd.a.c;. O que se chamá sincretismo obselva.•se dade. a propósito de inUm.er-asfó11n.utas, nas rtlígjõesc.nas misti•
inlnterruptrurtente eu, todo o curso da ,•ida religiosa. N'ão M tê- cas mais "evolufdas".
nio agrtrio rural nem dtus tribal qt1e uào seja o 1csultado de: um Se Ptincipais Posições religiosas foran1 a.s.simdadasdeuma
lóOgó próctsso de <ISSin1il•c•o < de identifi ç1to s formas divi- vez para.semprea partir do momento ein que o homa11 tom()ucons,.
378 TRATADO DE RJSTÓRL4. PAS R/lJ..J()/ÔES
CONCLV$()SS 379
ciência da sua siluação e:<istencial nos.cio do Wlive,so, i,s-o não
quer dittr que a ''his16ria" não tenha nenhuma impo!ttlrtc.kl pa-- a dialética das hierofanias permite a redescôbe ,u espontânea e
ra a eXl)C;riê:ncia relitiosa en\ si. Pclo contrário, UJdo o que se- pro- intesral de todos os valores religioso:;., quais.quer que eles seja,in
duz na vida do homem, ,ne.smo na su vida nuutrial. tem tam· e qualq\ler que seja o nível histórico ei:.n que pos.sam encourrar-se
bC:111ressonância na sua cxp«iê,11:ia relJgiosa. J,. descoberta das a sociedade ou o iJ1di\•iduo que realiza essa descoberta. A hi.s:16-
téicrtícas d caça, d agrlcullura, do mC'taJ não e. li.lrütoo a modJ- rin das reli8,iões vê-se, mim, reduz.ida ,. em úhin1a anátis!C" ao dra·
ma provocado pela perda e pela red<:liCOberta desses valores, (X'f·
fitar a vida mate.ti.li o homem: ela feeundou 1 além. disso - e
1aJvez de mane.ira ainda mais consideráv el-, a espiriLualidáde
da t rcOOoobcna qoe nao nuJKa, que uiiú Podent mmrt<' nu11-
ca ser., defi11iti,•os.
humana. f o i assim que à agricultura p,ermitiu toda wna série de
revelações que não pode.riam produzir.se nas SQ iedades prê.aari .
colas. Bcn1 entendido que as wodifica,ções «-0nôtulcis e sociais
e. em última análise, os aoon1eclnlen1<.>s históricos .nlo podem,
por si sós, expliw os fenômenos reli,glolOS coo10 1ais, mas as
.
transformações operadas no mUJ1.do n1:11.terial (agdeultura, .meta-
lurgia) abrern ao espírito novos meios de abarca.r a realidade. E
pode-se dizer que. se a história fez ptsar a sua influência sobre.
a expetiência religiosa, é no sentido de que os aoonLechneutos ofe·
roccram ao hôtueni 1nodos inéditoi e d.if ren1es de ser, de desco•
btir a si próprio e de dar uni valor mágico-rt.lígioso .io universo.
Citmmos apenas um exemplo: mn dos elementos futtd:.unemai
4a revolução religiosa empreendida pOt btad1,1.S1ra foi a sua opc,..
sição aos sac;rificios sang-reatos de animais". É t>1lden1e. que aLra-
vés dessa atiLude trans.r1areoc: ;, entre O\ltros, o jnteresseeco1Jômi•
oo de uma -sociedade que e,;,oluj da vida pastoril pora a \'ida agrÍ·
oola. 1as esse acontc:cimenlO histórico foi ,·aJoriz.ado por Zara-
tbustra nun1 senddo religioso: a aboliç;Jo dos sacri lkios saus:ren•
tos tórnou--sc, graça! à éle, un1 n1eio de di plina e. de. elevação
espiritual; a renúnc,ia. a este tipo de l'ito abriu uma nova perspec. .
tiva à oontempla,ção; etu suma, o acontecimento histórico permi•
tiu um;i experiência re-ligiosa inédita e a dc:scobetca de DOVO$\'a-
lorcs espirituais. É dcsnccessá.tio diz.er que a evolução pode. se•
eu.ir uma marcha inversa e que elevadas t.xper ciss religiosas
dassocied.'ldes pritniti\'as foram-se toru31ldo de cumprimento cada
\'C1. mais difícil a1)óS modificações (11.)e a "história" introduziu
nestas sociedades. Em alguns casos - a express!lo não C'e.".ag<e·
rada - pode sc falar de verdadeiras catástrofts espirituais {por
exemplo, a intearação das s01.1edades arcaicas no circ..-uito tconô•
mioo das sociedades coloniali..5w scmi·industriai.s).
!,.las, se a história! eap-aide promover ou de ne\1u·aliw no-
vas ex.petiências religiosas, nno consegue nunca abolir definiti-
vamente a nci."itssidade de uma experiênci.a religiosa. Mais ainda;
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importância das hipóteses de Mannhardt. Como diz J, J, tvleycr no poo· (uo que depende quase exclusivanletite <111documentação de Frazc:r) do
fácioda sua Tri/ogie, nr, p. 284. o iennanista Franz Pítiíftr escrevera que na crítica que faz_à hlp61e$e cte t\1annhir41-Fraw (conlinuando
gue o autor da IV<tld-unó Pefdkuile.. nii.o p;1sw,·a de "um sin1ples çolç. ae.ue respeito, as,c:rfricasde ,\. Lan&, Anit$éhkofr, A, Haberlandt, Vo,;
cionador de ficha!'', e a maior panedosc.speçialista.s ocm $d«1 aot.r;r,, S)·dow e outros) e 1,0 seu ef()rQ() rtl Uoi.,, .a "bi.stória" ds dll'u$:!O
bal.ho de: lê4a, É pro,·,i,•d que- aii tooria de ('.t;i.nnbardt ounca se ti e dos ritos 1?,dos mlt<>S asráriôS dt:$dc o Oriente ar<"airo atê o N(l(te, ser·
tornado popular u-m o rcíot"ço que lhe deu ;a obr41 de Sir Ja.tnts fml-(r. 1nân1co. H.á que acre:,ceniár, no ct1ni.nco, que esta ...hisuM.ía" nem. sem
Foi Jf&ÇM, en1 plimeiro lua ar, ã iroens.• c-rlldiç.io<Jt F z.a e .tO$CU reaJ pre n pa.rcce convíncc:nce.
talento literilrio qoc- a m();.la dos ··dtntoõni<>., de "l!gtta,ção" C()1\5letulu 1'.il\.NNHI\ROT(IY11Jd-11t1d FttJdkulte, 2! cdlç.lio, vol. J, pp, J.JSS)
dominar s de einosrafia.t de bi!(óri.l da! religiõq 16 a , $1* b:udll * suti hipótC$e da CÃlst&lcia de um ",c:spftlto da rv<>ri: t 1 (Baum-
Jii.s lól frimdril ÜlleJIA h1wodi31, f(r, :a1xavés de 4,t R'11n(ou d'()r que lç) DQJ!q\linl fatos: 1?, ti ltudhl !a gtral pa:r:i t.Xlmp.11ar o (Olmos
TRATA.DO DE JJIJTól f,t DAS ElfO/,OE.S
IJ/bllOGR,lFIA 425

e Ohomem ti u.nia âtvorc; i. o cotu.ne <le liafr -0 destilo cl.< 11n ho- 1u:1.i1 pré-0.Uricos, de que ck rtc01'1$1IWI n.s fom1as mais anti.ps: 00$ten1-
mem â vid-1 de urna iirvore: 3'?. a: "eoça printitha 6* 'l a árvor Ili<> pos pft•hiStódc . um bomem ra arnonado a u,n molho de papiro{pr°"
é $6a morada do "<wfrito d• f\orel',W'' (Wakl.,;cist) m11s t:ir'llbétu ah.- 1ôtipo da ooluna ded) e era-lhe oonada a cab\.'\':tl: o CQtpo era então jo,.
bita,ção dQo$outros g&tios, t,enigl'IO> oo ho5ti$, e)? qnt:. alJuns('?°" xe.m gado à âgua ou euna-pdo, O\I ert1ão laoçava-se a um Jago o órg!o g_era·
pio os ham.Jdri.'td..es) 1 h a....- üe,ada dt,.ua;a m.0111;11:1 01gâoi-c., 11\1da dOl e ep1ertava-s:c o corpo nosçam.pó.\. Raallzt1\ 1:t sc um combate rinI
d.a i. tvorc-: 4!, oços.11.1me de ptulir os riasãrv<,r.ffl. Os :· piri cnuc dois-1tupos ()()t oe:islão do sacr:iflcio. UQl.ti t'<>t1'na m.alt. rcccntc do
tos" in6ivlduals das ãrvoce, fundan-se. i.cg111ulo Mannhard1 (1b1d., 1, titual klcndficaYa <hiris, .o V lho", con1 o homem amarmdo a<>teixe,
d«.lpitado ou Jacc111do. e Seth, 11 l)e:1'$0f'!lflcação da scxa, <:om aquele
p <i04). nwn upfthõ tod\'O da flomsti. que o mal.i\'il.. õu o Jâl\C:\Yâ à água. CUmi,rUl.ec a .,int!l.l}Ç:1 dt' Osí!U kl·
• "·1ss, como notll Uung,nsn {1 3}6), e!;Aa "ooktM:.;)ÇiO"-ou "'10!&- c1iflcando um animal q11c repte$€:111ao/a Seth (bode. paio pOt'CO, talvn
lizaç.io'' 1 "es1)t'.ri1os" i11di1Jktuals nto , ta, cl modo l\!gum, dos lebre). essas Cfflmônias tinham h•r n<> f1in da colhdh'I (meados de
fatos. 4ann1t:ud1 r,roced!a se,0000 a ot'kctaçl.t> J.lóo1u1Us1a, as a, maio). A subidll 4as tisuu do N'ilo começa\·;i ;1 17 dt ju.11bo - no plano
ci()('lll.la, da sua qx)í:à. Élt- rccciaY11, à 111:1. llll:UlCira, p(lr u1iia s&ie e uútko, ( s ptOQ.1ra\.1 o <hftls. Os bomens r<:"uniaUl·$C eotã.o nas nlflr-
oombinaçol)et. artificiais, o fenõnlC:00 gu.:3õeprop11nha cxPlie-At; o ",:spf-
rho da-árvore" t(:S'!a dado orismi 2 um "espirito floresta'', qt1e, p0r ge:1',S ei:ho,a\'am o dcus l))Qno. era cahre1 1M:SSaclrcunsttlncia que serea--
s,e-u Ull'no, se tcriaf111.dldo com o ·•e-.svh'i1a do \'-Ct'tlo'' e tetia p-odu.z:ido lizavao p;l,'s&e\O riwal das bll!cas i.lumi1100l1& no Nilo. Noco1nêÇ'OdeaJ:.OO-
um "cw,irito geral da ,·csttiç:!o'•. "'larinhl,n.lt {Jl).!é., l. pp. 148 s.1.) }ul- ro, fsis ("a noi\•a do Nll<>"), resprescn1ada por um.i çohu:ta nlea com
ga pod« l!fO\'tlf es:1a no,•a .siuldt pela p;c1enço. J)C)$ caiapos de tnSo, o tOPo guarnc,.'ido de cspip.s., e;.\ (111,dada shnbolicameote pela dl:$•
de cenos geniO'.õ flQre,tsl.s - oomo lls."ds1uos \•crd ". !fº!:traultin, trui,çil.o dn., t,arrag_eM do Nilo.,\. deu.sa çonoeôi3 H6nu. Dcpoi.1, Totb
reunia os ímamento:; d<>Cl,'IC'po de.Osiris o deus era, ;1s.$im, retnconrra-
etc, 1'4as essas asSO<:iaç&:$ de ,g.o-s si],•es1res com csptnt(.)$. 11grá_rlos d(). Coo:ie,norava·se Oa('Ootccimen10 cul1iva1.00 periodicamerue(no le:<to
.si.o fortuila.s e. no fim de cOOUI.$, n:.da ÇCO\'.U., A 1ecot1s1ruçao arbitrá• franQés: l)Q.r '.'Jes jardins d'Osiris", •os i,udios de Osfrís"). O uabalho
rià ao s,andc espiri_tqda ing.:cação niió 1enl'lina. alia!, 00111 a coalescea· e as .scmetneirM ritu:,is ,eali2a...-at1l·SC no comcco de oov-e:1nbf<> e a s,er-,.
ela "espi1•ltos" agrá.rio-!loeensls. }l.fanob:.rd.c.a gu. <>g_l'lio Ye· mit1ac:1.0 das scincotcs tC''el.1\·11 o re:n:isciinen10 de Osíris,
getal, quer ditet, a Bsumi«le, qu.e, como dt vo d veg,c:ta\ll(l, e1-- Ê d&e$ rit0$, ,naà ou menos intesr:.a.lm n:t tcproduzldos na costa
c;1rna nunia árvore, #Ctrausfonna n\lJ'C3. persontíK&çàO d prlmavcrA da Síria. na ri.tesopotãmia. At1atóll.á e.Grécia, quetodoso.s l."-'ntlti().$ ere·
ou do vetão e é tambêm desta.nado _por ates n.xnes {ibkJ,,. I, 1>. 1$5). ritnônia.1 agf..'Olas do mul1do lntcir<> se dlfundlranl. nào só na Antisui·
Na re.alido1dc, todas essas catruttitl!i mfti.c.as oor.respO!'ldem il intuiç,õet dadc oomo 1wbéin, 111als tarde, pela vi.- do<:ris1iat1i noe do islamismo
origii1ake nào se dcduttm, aoalitic..im..:tu.e, umas das oulta+ Cada UJO'- (Uungman, Euph.rat Rhein, 1, 103 ss.). As populações scrmaoic:1.$ e
deta., se't depcndcn1c de urn rltual especffiCO e este Ulti.mo é jut.Ll cado l:t\l:Uter!am rcoolhidooril\l.llJ ariooJ:1. nooonta10 coma Europ.1 orienu11
por uma t;olm.a: isfosas«al. Lh•nvuan (op. ,.;,., 1,341) tem raii.t<> e1n ç btlçi!nii.:IA {\/e,,• u.esma ori«uaç:.lo. O. Gruppe 1 Gric/dsr.he Otlte,
Jl'"l,'IP<)l', cm , ei.do "d1t16nlo da ,·ct:\,ç-SO" de l\1annhard1, u1na/01ç,:,
1
26. pp. JSI s.s., e Gcsr:ffichte de,r Kloss. tvlythol()Jie, § n, pp. 190 $.'I.).
savadii " t>$J>tciall.zada" nn o/tgetação oo., diri-amos nós, a tlterofa- A hlp6t.esc de Llun,pnau bte n()o/'l'IS perspecd'..8 S ao estudo das çc-
nls ,ttG(tal. O ,ncrifid'o das divind.'ldd da \'ta{ii:O detl.vana, SCl(Ul'ldO ri.mõni.ii; e d3SCl't'tlÇilll ag.rárias. mas . secla pode &er ,<tri11ds no doml-
Uune;inan.• de saçrificiot. fcltos vUa. ltgeoett ã? e uma força nioeuro e afro-Mi:idco, dlNcllmcote pode C."(plicar os lXJWi().$ a1i1e--
sagrada e, ern primeiro lug:ir, do ·•sa,:.ut'k:10 do filho (ib1d., 1, .P· 3,J2), ricaoos. O que nós podemos a itar das pesquisas do espeçialis1a sucro
B preciso tambtm corukkrar a crfdca que o sâbio sutt:0 faz. às hipóteses e a oriscm orie11L1) (Egito, Síria, Meroporilmiõt) d<>cerimonial sgricola
de 1'1anrih3rdt e Frazcr tCij)(:ltante$ ã e,xi,têncla de um "'demônio da ..-e. concebido coroo sllCrifi..io rtt,eneraçâo inte,rado oum «o.úi<> dt:I•
gctaçio". de- orig_cm cspccificartte:nte nnâni<:a; porque, pergu11 ck. IÍC<I (ver também A. f.forct, RiJuds uf!.rolrts de/'onden OtiC'III, ..-lê--
oo,no aplic.tr epi!O o fato de ois ri1os e ss çrcoçllS que se relQ1;1.on:un lauaes capart''. Bruxtlas, 1!>3S, pp, JJ 1--42; A. "1. Olac.knuin, Osfrlsas
wm es1e ''demônio" serem mai$ íreqiie_i11cs no rui do Que 110 norte d i
tcnitóri gtt1nAnkos? Liunsman pensa p<_Klerdrar.asaeo AS
cnJ de um modelo 0tlental, ele próprio dcnv-ado de ,nlluf'naa. mmdiO·
1!1•· 1!1e ,\faker q f Co,:n, "$4udla Aegypdaca" 1. 1933; oobrc 0-1 (.\t-0$ india-
nos e oob1oe o.simbolismo dn "mon d<>trigo·•. verAnanda CoomarlS-
aai.s q_uc se. teriam cxercld·o na êpoçn 4:is yan.dcs roisril()i)ts, t(ll( que \\',imr, Aur.aya/11/i: Sef/-S9Cri[t<e, "H.af'\lard JOtu:i.'lal <>FAslatlc Studies".
ck não 1:0t1sesuc no cntant4 provar. VI, 1942, e;speçialmcnie os,. 362·3).
o sãbio sueco era que: a <>riB.e111dos. sac:ri(íCÍO$ l1umanos feitos em Resca verificar se o Q0$4W11é'(luôllle universal de- ideotiftear um ani-
bel'lefído da. oolheila deve, ser pr«ufads no E.gjto, e sobretudo n0$ d· mal (csb<a, pol'oo, ca...-ato, bode, 111:to, fap()63, @.alo, lobo, etc. - Fra·
TRAT.< 0 0 D.e.Jlt$(Ók!IJ ().&S gl2J..IGIÔES Bf.8LIOORAFlf1 427

icr, SpiJiJ.$ ()jri!.�Ctitn. 1. -pp. Uli-3 5; Ran1ilt>. V, A). 4-óss.) ao tílli· tit1.1ir o rhu.31 pti:·oslr!co. ela nào cxp,lk:,, .oe:m a ôi ll,dad dt 0..{ris nem
mo feixe, de f'M:.1 'C()(I 3$ dkbnru esp t n bo,l)IXo l)lte s,e assemelha 1-1 <.>risen'I d() tnl10 osrrlco. A difercaç.a entre-o cenário dt:unátko egipcio
a um uilmal do qual p a s s ; : i a 1a <1norae e {li.);?- uma pr:nooi.Jico;,:-ão do Que tinbi\ tuga, no tnotnento da colheita c o dr.uni\ dt 0$írls é 1Ao g.ran-
poc,k:r (láColhet1 e à<'>'1('S{Íritodoscercais" - }< e tJ eos:1u111d e rilos decomo a quétJliSlt eoue-W11 adultkioe},fad111ne &lVJ,YOu Ann.a Ko-
(a mo«e $imtóli.."'í.'1 di> 4'1fjtll:I..I) p«fe,n sa: derivad1>i do $JQ1.1C1ii,o egíp• Nnü10. O mito, tomo Oro,nanoo, significa. cm primeiro lu.sM, u1n ato
ei<> ou et! ta1. Slbe·3e- Q.lte Frai!\!1 1.,Ucs a &mli'k:ação do "<$pírilo de uia,;ão aut611omo do J'llrito (cf. i 158).
do trito" i. 11m31iml i;,cl18Si0Ciw'...âo que 0$ PJitn.ffl'O!i l:.vradores te- Para uma in1erpfd.;1ção dil'ettote das «rimônia..1 airãrias ver;
ri:in1 feito cntr 01, Miru.fü ®:iU1dknsta phnta.-io eques:potl.am em
l'uga qua!IOO tomlf!asse a <:cifv da-l \ihif'l1 dpig:.as e o poder máJ)(o /\. LQJSV, EssJJi hlstoriq11es.11r lesm:rif,ct, Paris, l920, pp. 235 s.s.
da V(:;8Q.õ)ÇÜO ( f b t (;ofde» B<XltkJ, JIP• 447 s.s.; Spiri/$ (!.{ the Corn, 1, WES'TtvlARCl( - L 'origine et /q di\ loppm nt d a l d k t 111010/es, tr.
pp. ?70ss.). t-1:as o enulito fugi $ aio oon«".gu.e fa2t'C-no.s w1nvreét\der f.r., vol. 1, 1918, pp. 451 ss. - 01plic.1 o saerifido dos tho,kts pelo
corno cavttlM, bois. lo boi e oulrôs .l-J.ÚC'táis u·rla1n podido eK.Ondcr-i,e "priru..'ipiO d wbultulção", f6fmu.lac:õmod:i m.;iS $umiria, que nâo
nM çamp01. considcta ;t C()1t1plexldadc do fcmõmeno.
'To.nibàn a $lia bip de que as dlY-Jndadcsd& ,t.tiet<,çiiô (to mu.n- Sobre o r,.1('riah:
d<>aJ1!Tg0 fou1m0t1cc:bida-; OfiJi1uu.ia.m:i1té eotno anluiais(Oio11i,o co- L. DE LA VAL'LEE-POUSSIN, Jn4<>..e.uropb.ltS et lndo-lra11kns (Pa-
n,o b<><ko• tôUro, \1h e Ad6nb 001no porco e «.>t1tr<>i) f.11peoss uma ris:, 1936). pp. 375-99.
c:lsçâo arbitrária <1-cum et11fri10 tacio.11aU.J1a. Por seu l..ido, Llu11gman
crC(lue e:Ue!:1m,lmais, quec.hes.ir..uu eo,u <>1,npo a p:rsonificar o "po· $Obre. a lnffuh'lda dos mon0$ na aJriculh11á:
der'' ou .. cspilito•· da coilw:ha, .slo apc:nas fomiu 111.l, e111se,ra! es.. PRAZER. The Dtlic/ ln hn1t1or10/lr.)·. \'OI. J, Lolldrc.s., 1913.
vattadas do se• scn1ido original, d0$1tnlmais scthianos sa<.:rific.)doo e1n FRAZER. LQ crninie dç$ mo.rts(rrsd. fr.). 1, pp. 75 S1., 101,s.,110 ss.
bcncfi<:i<> da rolhe!ta para vingar a mort.c dt ôS:fris por Setb. O('Sj)eti.1-
lhtasuoco ('l(J)!iç;i, a<,Jil'II <1s:aerlllcio dos animais vctmel.hOt, pe1t!cular· Sobre as rdaçôçs eo1rc s !est:.s q:dria. e o casa.meato. a sexualidade:
mente dO!l tOtlíOS no fai.10: 0 $ pé)Of;wtlll. thos eram um a1ributodt-Seclt H. K. (,JAEBEBRLIN, Tht Ideia o f PerJili.:sotiOn in lhe CJ1/1ure o f 1/te
e. porc;ooi.esuirue, os que os possuiam eram Ct,',n e-se identificados, W l - Pud.Jlo lndlans. Ame:rlcan Anthropolotic.1) A:!SOCi.UiOf'l., r-.1en1órlas,
do imola.dos pam ,·mc a mottede <>siris. O lOOJo .s.tcrif.cado Gré- ,·oi. 111. 1916, p. 1.
cia - por e.xcmp!o, oas BufónW - . 0 $ véstf.gf.os de forma t"urioA que r-.-1. OR1-\J'iE"f, FJ1e3 , ehans.onsa11cier111esde '" Chili,ç, Patis. 1920, pp.
se d;i. na Eur<>J'tl., ao \\ltlmo fejx('.• ou a, .w.i dl$gooções 1au.rioas, o 1 n .$$.
boi sacrificado< contuntldQ na França na oeasão d.it coJbeila, a laocra- B, C\ll\J...lNOWSJ..'1, Ct>,al Gardt,i.s and 1/ttir ,Va,.ic, L<>odtes. 193-5, I,
çiO ou osacrlffcio dos boda ois cti.fa.,,, o sacrl.fT('io do pmw no Egi10 pp. JIO "'·· 119 (pum, se.,ual e uabJJho, •ati,ol:U), 219 "· (m•gl•
(na Át1$ U"i.'I t ça Su(ç-a o tiltimo f<'ixc. é-c;bamft-do "porca"), a roocte ri· d3 prosperidade):
1ual dos cães de pêlo vetm(lbo, das rapo!>a..s - 1udo Ís:50 :ietla devido,
!cauod<> l.iungman, ã 1ran,1tnis5â<> di1(.w ou lndir.."1.a do ll<K'.rificio dos Sobt"e ti ruu1)ogia e:,mpo,.:mulbet:
,utiowii stlbia)\.t)t. O.ASTBR. "Arcbiv Orie:nt.alni", ·v, 1933, p. 119 .
. Não nos parece QIJé().$ f310, conflrmem sempre 11. l:tipóle$e. Osaa:1- OASTER. A C4naat1ik Ritual Dl'ttUlú, ''Journal of ,\merioan Oriental
tietO d<>touro e do boi. pOJ C."<<mplo, leti'I t:úh'IS n.e prê--b.istôria mediter• Soeiety". vol. (56, pp. 49-76.
râniça, m i que ni<>' possível pe1-sc uwua ioíh1n<:l:'I do cenário o.,i- Sobre. a mfstica telúrica e a "mc:eânic., es:pirihiJtJ" 4-,e <>bris;-un
rlco. Não se pode duvidar do 111.ldo COsmog6nico de..::si::; sacrlrr ..ios., e :.queks que aderem totalmmtc: ao reaitne noturno d<>tspllito a
a. wa (t?ll23Ç!io no quadro do ccritnoc1Jat 33r-irlo cxpiiea-$e pclq, -Simt• se dcoomporcm nos subtttrànCO.$ (tou,o é o caso, f)()r exemplo,
tria mís.:.iat Q11t-se vetff1 a mpreeotrc qu.i 1.1« :uo decri11.çào ea cria- da seita mode1oa dos "itux:.beutist.as" n.a RÍMiti e oa R<>n1.:!ni).
ção como argUCtil)C), 1; C<>$t1IOQOrtla.A f<1rça gwic;1l d<>e<)1,1ro; do bo·
de, do o<>teo explica de mancir• ,u.tisf-atótia o s..>mido do sacrifkio n<> 1IRCBA BLIADE, A·llr11l Relt11tg,'ar(I. S-ucareste. 1942, pp. 24 .ss.
conjunto da.s<:tri11las agrárias: a t'OCf&ia-fertiliian1e, oonocntrada oe Sobte. CI$ rl Obieenos en1 relaç:11.0 eom a agr-1.:uhura:
tcs animais. tiberua•n é espalba-.ie pelos campOf.. O weYt"lo con1pklto
Q:pUe11 a· rrcqúência dai of'S)M ou dos tft.uals «óticos pm o,:asi;lo d.as t.lANNHAADT, ,\111/r, F()r$ch., PP· 142•3.
í IS ngríç,c>lit, Noq:ue.djl. respeito à ta11atl,•t1 de- Unngruan de reootu• - H1'1k/·111td Joi:ldltulte, 1, pp. 4i4.J.t.
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428 71?..l rA{)() OIJ Hl$TÔH.(A DAS RJ:LIOIÔES BlllllóGRAPIA 4Z9
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Sobre ., fmili:Ulcão dos cat'llJ)OJ pdos carros sairados.
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d(>, podi:ri -no,ír..tcrp, i·la.1 COOIO1cota:tlva$<J ;adas 6: pr,:í,g11r , o mí.s- é' n.eca,.iriocorriJir açQ! o.'-s matttlafs 11aroPlldo• e ÇQfJlffllad o , poi- Sdim.idt nru
tétlo 611 fflClmA?O, Dt'lltc panlo de ,u1s. toda II v! tdfilose d$ bumanid11êc $d$ pri m eiro• volume, do.stu Ur!f;NMnt. dir Ó()tff!Sldtt (c«qu:ise, de ebc.n11
- v i . t a rcll&1os11.eypc peb dialétieaffl biei:ol.aniM - iE'Jia SOll'ltll.lC lflll.a CX· CIWl'C-0$ l)ia1M%1S, de: Guú-ude "Ofl?m tntl'? Ot.scilrn,am, de V erbcreb cn-
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grit.a11do: "V11!
e resgato as mi nb 1"w lp11, ! Aceita à millhadlvida. eu 8 Pfl&.OI'' Ou: ''Oh!, Oh!
a. wa bem. espc,•il11 uJt c:x·eaias, Ta rêdn, Q\IC 1 nAo te tl'IBll-
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136. C'f. RGROAJ<NE.. Ri!f. 'lilid,, Ili. I ! S. LE.Vl, l>ooritti, pp,. J$3 ss,: erobius, 1, IS, 1-t; cf. COOK. Ztu..t, 1, PP 1 5$.
HOPKlNS, l!pfc ,,11-:Jtc,Jca.;, l?Vo 116 . 132. cr. HEStODO. Of lrdbdii,()$e o , dtdr, ,., 46$,
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't
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1
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4S2 TRATADO DE IJJS1Ól!JA DAS RJU.J(}fÔlJS ,'iOTAS 4S3

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ailuu l)(ii ;:o, ,. port11nt0, qvt� ind.:,<uropc:11$ pu6e.uem dt :il;vmn manei, 11, ll'Jid., TIi. 45, 6; I, SO, 9.
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J7, STREHLO\V. 1. p. 16. finl:a, tli'.i uma ffltuluta<b hicrofn.niA. [>,(la l.l. rarl&l.kdosdocumcn.1os, idificil

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J!. HOW!TT, .'•4t!fr· TriM o / $ . A�«oJfti, p. 427. - t, tiart o nchl'a objetivo, sur,.edhto - OOtJl'Oioar cm quie ml".did.:i ;1 MrlltUJII
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1,.
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4S4 TRATADO DE HISTÓRIA D.,tS RUIOJÔES NOTAS 4SS
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102. T 11I ()()fflO a b!rca ril\lal do 1orto fol o pro1ôdpo Ja bGtct proí111U1. JJ. HENTZE, lii$. 74·82,
O dw.lbe tCl.tl cttta importi11d:i., pois que 1*ri:nl1e <OOl!»«fldct' mdbor • orieem 34. ARISTôTELES., Hiu. Anin ra !, li, p. 12: H;,i. No.t., XI. $2.
das 1écnb1 hUU\8M.\, AquOoa ci.tie$C l.c:m ch2nu:lo II coi,q11iita 11a.tu:1t1a IIC·
3.S, FAAZE:k, 11>t: FoJkl() t,1 thlr Qld Tt#11t, "OI, T. pp. 66 $S,
lo hooicm é m;..11014 (\)1t'l('(j\UOcla ln1oc:lbta ele dC$000 1 pi do ql)C o
36, 611.IFFAULT, li., ti, }35.
fn.:10 div.:n.u "siw11ç&," do ho11W'nl oo co,11Jo0s, $in1açõe$ dcl«mlrwdas pela l7. \fAN GENNEP, ,\f:,tlrcr. pp. 101,2...
dialflk:l das bkrofRui». Mc1:11lu.rgj.l, -sricubura, c.alendàfi<>. etc •• tOOo iSSOOO·
'8, KRAPPE. Ot1 se, p. J06.
IIK'ÇOII por-9« !I ecu19tqU 4 - pci pelo borncm dt 11.ma d.&s 1ill:ts situ:l• )9. FINA>,IOR.li, T'rl:tlftJMf. l}()P()fml Q / ) , l l t f f l f p,
, 237,
ç,ôes. deu:rmin11W 110 cosm0$. Volt:lttd'IOi li <:,1. ass1.u1to,
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i 1,1n11Jk:, r: ue., e. ltlyrlw$ i : qmhnScs ,'f)QirtS. vP, s, s.•1 • ftis, , 49. PANHARD'l', "1 ' Jf1V$tg,11, J, l i 1, U I ,
$0, J, A, ElSl:NJ.t.eNúBR. Dtul«*tdS J1'(féll"ft11, 1, W, 83? lS. URlf'·
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S5. HENTZE. Objm ritIU$., fi. ; , . ,.1.

J
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S. A .t .B,-4.-111'-llr.c, Vfrt, 28, IS. $1, l{E.{ll'rZS, .-\{y1JI. tl.1, IJ6.
9. õ,nt:f.('(N..-, n:t.rG, 1,.11: 16-J.
10. Cit. ALBRIOH'r, Soiwit ,11,
o} lm1zdo.m Epic, p. 68.. n. '"º
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1), 1.
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90. lbld,, ?45 <-. d', l.11 pro,ql)f1Uf, 1, pp. 246 ss,: A. H. KR,\PPE. &,>d tk ,n,dwltJSie tfnl'Hl1tj
!H. !J: ,y1'1'1/J()/itme /Nr,i1qfre, PQ. '2(JO f.f. (/Vo/ 1 p. 74.
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93, FllOON. E:lrpltrr.,t·Rhtin, JJ, W· 6S6 u .
9-1. Ri'f)4b!,, TV, 4 441-c: X. 6Sl•b-61t· rtmrtM, 69ç.'?l.d. 13l. 8mo(fa1tJ10-.Jitt Up., 111. p . 1 , 2.
95. V1!1 l&n it1CV\'SOURY, f..6,-fMIOllofusitdtf>tirJtrt . Pa1li, 1 2. 1)4, "Qlx:m 1wni ndrt O $0-pfO?'', AJ}wr(a Y«f(), X, p. l . 13.
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%. Cf, CVr..fONT'. pp. 200 ti.
9l. /e(,, pp. llJ i,e,
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IJ.tí, BfllF'FAOL'f, li, PJ), 6 U .u.
ll1. Od1s1,tf/q, \'J, p. 197.
Jl$. KR.APPE, OM&lt, . 121.

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100. Cí. FRJ\Z,fR,Mi'(f, 1, 65 i,;N)!G1'altl11MtOfdTQf&,1«11, I, l $, 140. ELtAOE, /tf;tul ll'imqrnii. 1>, 33,
10•. 1k!Í.ief, W· «i ss.. 141, f>lCARD. EphêMet CJorw. p. 497.
--
•S3 rnATADO oe lll!iTÓk.J.A })AS Rl!I.JGJôES
,VOTA$ 459
l l. Ji\ Í!,et&nl cn ilp1ó:tin1 i:<.S entrc06'do4 lcffl.<l'C: J, PRZYLUS·

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Ayodh711,K:uida. CX, : ,lkif;Nunr, V.íuu,PrMá, C.XLII, 28-ól., CCLXXII. to d:i s fortt111s de vid:i i11lrlo1C:S, era ffd;i!eote 1,0tc:iio1otla t r t P . Um f'r:;ia-
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462 TRATADO DI! fflSTÓRIA DAS RELICIÔES
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1
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W w• .e@. $0.

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COOMARAS\VM(Y. /IJ t«l rMr.20, xlmtirK-a IJYJVlÍil().4),$,pf,
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N ó TAS 475
474 TRATAOODEHTSTÓRTA 0.-IS ltEllOIÓES
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19. PI). 169 $1.
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mopotlimiOOI, \'AN OÜREN, up. c# .• ·p. J•
e.
.u. Ct. os t,111».lln •lc Hmw::.
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14, P. }.t\JS, lhnrlJul/llr, 1, p, ))2.
2$. A. M. SA YCE e "· e. l\tARCH. P<>IJ,MSia.'I W't/{Jf!ttlll, ptrUl'Nl.
24. lt: ''dku l,W'' i:f k s11nh,JJ.r111.: d...s 1MIM'is: ,:J, hnrrg,s a S)'IJ:oo,ks,
car,. 111.
11. Cf. Díi:"b:mo 11rtd tAif •·w.nUII d=ni ".

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