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Índice

1. Introdução..................................................................................................................1

1.1. Objectivos...................................................................................................................2

1.2. Objectivo geral...........................................................................................................2

1.2.1. Objectivos específicos........................................................................................2

1.3. Metodologia usada..................................................................................................2

2. REVISÃO DA LITERATURA......................................................................................3

2.1. Personalidade..............................................................................................................3

2.1.1. Conceito de Personalidade......................................................................................3

2.2. Tipologias, traços e fatores.........................................................................................3

2.2.1. Tipos de personalidade............................................................................................3

2.2.2. Traços de personalidade..........................................................................................4

2.2.3. Factores de personalidade......................................................................................4

2.2.4. Personalidade Segundo Allport, Cattell e Eysenck.................................................4

3. Perturbação de Personalidade Antissocial.....................................................................5

3.1. Características da Personalidade Antissocial..............................................................7

3.2. Causas da Personalidade Antissocial..........................................................................7

3.3. Diagnóstico do transtorno de antissocial....................................................................9

3.4. Conduta Criminosa dos Psicopatas..........................................................................10

3.5. Perfil Criminal..........................................................................................................11

3.6. Modus Operandi, Ritual e Assinatura.......................................................................12

4. Conclusão....................................................................................................................13

5. Referencias Bibliográficas...........................................................................................14

0
1. Introdução
O presente trabalho debruçar-se-á sobre Perturbação Destrutiva do Comportamento
Antissocial da Personalidade, o mesmo insere-se na cadeira de Psicologia Forense
ministrada pelo Instituto Superior Ciência e Tecnologia Alberto Chipande (ISCTAC).

A Organização Mundial da Saúde considera os maus tratos na infância como uma


prioridade de saúde pública no âmbito da prevenção do espetro da violência. Os maus
tratos em crianças e adolescentes, que se encontram em etapas importantes de
desenvolvimento da sua personalidade, incluem experiências negativas sérias e precoces
com os seus cuidadores que podem prejudicar ou ameaçar o desenvolvimento físico,
social e/ou mental da criança.

A personalidade de um individuo é moldada pela predisposição genética e o ambiente


no qual se vai desenvolver. As experiências que as crianças e adolescentes vão
realizando são igualmente, senão mais importantes, na construção da sua personalidade
até a vida adulta e ao longo da mesma. O abuso verbal ou físico, a negligência (neglect)
e maus tratos continuam a ser um problema significativo de saúde pública o que afeta
muitas crianças e famílias a nível mundial, em todos os aspetos ao longo da vida, e estão
fortemente conectados com sintomas psicológicos severos como por exemplo a
correlação entre abuso físico do cuidador e comportamentos agressivos ou delinquência
da criança.

Assim é possível vir a desenvolver-se uma perturbação de personalidade seja ela de


conduta, disruptiva ou desafiante opositora, o que posteriormente em idade adulta,
mantendo os mesmos comportamentos, pode vir a culminar numa perturbação de
personalidade antissocial. Uma perturbação de personalidade define-se como um padrão
persistente de pensamento, sentimento e comportamento que pode ser difuso e inflexível
com início na infância, adolescência ou no início da fase adulta e é relativamente estável
ao longo do tempo e leva a sofrimento ou prejuízo do próprio individuo.

1
1.1. Objectivos

1.2. Objectivo geral


 Analisar as principais causas que podem prever o desenvolvimento de
Perturbação Antissocial nos comportamentos em indivíduos.

1.2.1. Objectivos específicos


 Descrever os conceitos de personalidade e perturbação de personalidade
antissocial;

 Identificar as Características e causas da Personalidade Antissocial;

 Decifrar o diagonostico do transtorno antissocial e Conduta Criminosa dos


Psicopatas.

1.3. Metodologia usada


Para a efectivação deste estudo, recorreu-se a pesquisa bibliográfica, que consistiu na
abordagens dos aspestos referentes as perturbações de personalidade que mais se
correlacionam com a perturbação de personalidade antissocial na tentativa de
compreender, quando ao persistirem determinados comportamentos pode vir a evoluir
para um diagnóstico de perturbação antissocial ao atingir a idade adulta.

2
2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Personalidade

2.1.1. Conceito de Personalidade


O conceito de personalidade dado por Kaplan e Sadok (1993:556) é a totalidade
relativamente estável e previsível dos traços emocionais e comportamentais que
caracterizam a pessoa na vida quotidiana, sob condições normais.

Acentue-se que a personalidade só se manifesta quando a pessoa está se comportando


em relação a um ou mais indivíduos (Fiorelli, Mangini, 2011:97). Personalidade é
definida, de modo simplificado, como sendo a forma do indivíduo agir, seu carácter,
seus traços emocionais e como ele sente e vivencia essas emoções.

Segundo o CID 10 (Código Internacional de doenças), os transtornos de personalidade


são: transtornos de personalidade abrangem padrões de comportamento
profundamente arraigados e permanentes, manifestando-se como respostas inflexíveis a
uma ampla série de situações pessoais e sociais.

O trabalho de Gordon Allport, na sua obra Personality: A Psychological Interpretation


(1937) foi um contributo determinante para que este constructo se tornasse matéria de
um número crescente de publicações científicas. Deste interesse emergiram as mais
diversas teorias, consoante a abordagem adotada pelos investigadores, tais como a
humanista, a cognitivista, a comportamental, a da aprendizagem social e a dos traços de
personalidade.

2.2. Tipologias, traços e fatores

2.2.1. Tipos de personalidade


A abordagem das tipologias postula que cada indivíduo se enquadra num determinado
tipo de personalidade, sendo este constructo divisível num número limitado de
categorias ou tipos, distintos. Na antiga Grécia, Hipócrates descreveu 4 tipos básicos de
temperamento: sanguíneo ou otimista, melancólico ou deprimido, colérico ou irritável e
fleumático ou apático. Atualmente, quando é feito um diagnóstico como por exemplo de
depressão ou de esquizofrenia, continua-se a recorrer à categorização (Cloninger, 2004).

3
2.2.2. Traços de personalidade
Um traço de personalidade é uma característica que varia de indivíduo para indivíduo e
que torna o comportamento de uma pessoa relativamente consistente em diversas
circunstâncias. Comparativamente aos tipos, os traços dão-nos uma perspetiva mais
precisa da personalidade, uma vez que cada traço se foca num conjunto de
características muito específicas.

Allport e Odbert (1936) realizaram uma investigação em que se propuseram a encontrar,


na língua inglesa, todos os termos que descrevessem traços de personalidade, vocábulos
como por exemplo, tímido, honesto, simpático, entre outros.

2.2.3. Factores de personalidade


Os autores encontraram cerca de 18.000 vocábulos que se referiam a características de
personalidade, após eliminarem os desnecessários, tais como sinónimos e redundâncias,
recorreram à análise estatística, estabelecendo correlações e propuseram que se criassem
factores de personalidade, mais abrangentes do que os traços, mas mantendo a sua
característica quantitativa, onde o sujeito recebe uma cotação final, em vez de ser
integrado numa categoria (Cloninger, 2004).

2.2.4. Personalidade Segundo Allport, Cattell e Eysenck


De acordo com Cloninger (2004) para Allport (1937) a personalidade é o resultado de
uma organização dinâmica entre sistemas psicofísicos do indivíduo que determinam a
sua adaptação única ao ambiente. Para o autor os traços são a unidade básica da
personalidade e podem ser definidos de acordo com três propriedades: frequência,
intensidade e variedade de situações em que se manifestam. Assim, alguém muito
honesto, será honesto com frequência e numa grande diversidade de situações.

Allport considera que a base psicofisiológica dos traços de personalidade explica a


consistência nos comportamentos, em múltiplas situações ao longo da vida. A
especificidade da combinação dos traços e das motivações de cada indivíduo devem
levar a psicologia a tratar a personalidade através de uma abordagem ideográfica (Ewen,
2003; Schultz & Schultz, 2012). Raymond B. Cattell (1965) entende os traços de
personalidade como as suas unidades estruturais básicas. Deste modo, considera que os
traços são características relativamente estáveis e previsíveis, constituintes da

4
personalidade e que permitem predizer como um determinado indivíduo agirá numa
situação específica.

Cattell (1910) destaca o papel da hereditariedade e da aprendizagem no


desenvolvimento da personalidade e na determinação das contribuições específicas para
cada traço, concluindo que a importância desses fatores varia consoante o traço que está
a ser analisado. O autor considera também que todos os indivíduos possuem traços
idênticos, estes apenas diferem na intensidade com que se manifestam. O autor
fundamentou as suas conclusões nos resultados obtidos em estudos com pares de
gémeos monozigóticos ou idênticos e dizigóticos ou gémeos falsos, onde se demonstrou
que, gémeos idênticos possuem mais características semelhantes entre eles do que os
gémeos falsos, mesmo quando criados por pais diferentes e num ambiente diferente. As
características de personalidade em crianças adotadas sugerem também que estas
possuem maiores semelhanças com os seus pais biológicos do que com os adotivos,
mesmo quando só conheceram os últimos. O modelo de Eysenck considerava três
dimensões tipológicas básicas da personalidade, Psicoticismo versus Controlo dos
Impulsos, Extroversão versus Introversão e Neuroticismo versus Estabilidade.

Segundo o autor, um tipo de Personalidade é um grupo de traços correlacionados e um


traço de Personalidade é um grupo de atos correlacionados, que se traduzem por
comportamentos ou tendências para a ação. Deste modo, um determinado tipo de
Personalidade remete-nos para um grupo que abrange diversos traços de Personalidade
(Schultz & Schultz, 2012).

3. Perturbação de Personalidade Antissocial


A Perturbação da Personalidade Antissocial (PPAS) é uma categoria de diagnóstico
presente no Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais - DSM-IV-
TR (APA, 2006)1, onde o comportamento antissocial e criminal têm um papel
preponderante, assemelhando-se mais à sociopatia do que à psicopatia (Babiak & Hare,
2006).

Wall (2013) estudou a eficácia do modelo Triárquico da Psicopatia na sua capacidade


para distinguir a Psicopatia da PPAS, recorrendo aos critérios adotados pela mais
recente versão do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais - DSM-
1
APA - American Psychiatric Association. (2006). DSM 5. Manual de Diagnóstico e Estatístico das
Perturbações Mentais. Lisboa: Climepsi.

5
V (APA, 2013) e considerou que os critérios de diagnósticos apresentados no manual
incidem apenas nas dimensões Malvadez e Desinibição, excluindo a Ousadia, apesar de
esta ser de entre as três, o melhor preditor da Psicopatia.

Anderson, Sellbom, Wygant, Salekin e Krueger (2014) constataram também essa


realidade, num estudo efetuado com estudantes universitários e indivíduos da
comunidade, cujos resultados apontaram no sentido da existência de uma correlação
forte entre os traços compreendidos no DSM-V para a PPAS e os traços de Psicopatia
avaliados na investigação em todos os domínios, à exceção do domínio Fearless-
dominance/Ousadia.

Outras pesquisas já efetuadas demonstram que a psicopatia e a PPAS são, de um ponto


de vista empírico, conceitos distintos. Os critérios de diagnóstico da PPAS apresentados
no DSM-V (APA, 2013) estão fortemente associados à vertente comportamental da
patologia, atribuindo ao comportamento desviante e ao estilo de vida criminal um peso
muito superior, relativamente à vertente afetiva e interpessoal, que também é parte
integrante da patologia.

Desta forma, não se pode considerar que a psicopatia esteja representada nos critérios
abrangidos pela PPAS (Wall, Wygant & Sellbom, 2014). A PPAS é frequentemente
usada para explicar diversas formas de criminalidade e condutas desviantes, no entanto
a maioria dos indivíduos diagnosticados com PPAS não são psicopatas mas a maioria
dos sujeitos com Psicopatia exibem sintomas de PPAS (Hare, 1993).

A perturbação de conduta, por exemplo, envolve um padrão repetitivo e persistente de


comportamento em que os direitos básicos de outros são violados, seja pelas principais
normas ou regras da sociedade apropriadas para a idade ou comportamentos
especificamente característicos da perturbação de conduta como agressão a pessoas e/ou
animais, destruição de propriedade, engano, roubo, ou outro tipo de violação grave das
normas sociais e da lei. São frequentemente manipuladores por puro ganho pessoal.
Tomam decisões no impulso do momento, sem previsão ou consideração das
consequências que advém das suas atitudes2.

A perturbação de personalidade antissocial é definida por um conjunto de características


que incluem uma insensibilidade e experiência afetiva deficiente, atitude arrogante e
2
Arlington, V., Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5ª ed. 2013: Associação
Americano Psiquiátrica

6
estilo de vida impulsivo e irresponsável. De acordo com Obradovic, J., et al., (2007, p.
276-292), a identificação de factores preditivos na infância para o desenvolvimento de
personalidade antissocial parecem estar relacionados com aspetos afetivos (isto é, pouca
empatia, fraco sentimento de culpa, indiferença), que são descritas como traços de
insensibilidade (Callous-Unemotional traits (CU)).

3.1. Características da Personalidade Antissocial


Segundo McCord e McCordapud Maranhão (1995, p. 85): “O psicopata é anti-social.
Sua conduta frequentemente o leva a conflitos com a sociedade. Ele é impelido por
impulsos primitivos e por ardentes desejos de excitação. Na sua busca autocentrada de
prazeres, ignora as restrições de sua cultura. O psicopata é altamente impulsivo. É um
homem para quem o momento que passa é um segmento de tempo separado dos demais.
Suas acções não são planejadas e ele é guiado pelos seus impulsos. O psicopata é
agressivo. Ele aprendeu poucos meios socializados de lutar contra frustrações. Tem ou
nenhum sentimento de culpa.

3.2. Causas da Personalidade Antissocial


Não existe uma razão que de causa à psicopatia. Esse transtorno apresenta dois
elementos causais fundamentais: uma disfunção neurobiológica e o conjunto de
influências sociais e educativas, ambientais e familiares que o psicopata recebe ao longo
da vida. As bases para a definição de psicopatia oscilam entre aspectos orgânicos e
sociais, nos levando a uma conjugação de factores. Logo, permanece ainda a dúvida
quanto a uma causa real e específica desse transtorno.

Existem evidências consistentes de que a exposição a repetidos episódios de maus-


tratos, está associada a um posterior aumento de risco de perturbações de
comportamento. Em teoria, experiências repetidas de maus tratos que persistem ao
longo das várias etapas de desenvolvimento diminuem as possibilidades de recuperação
e resiliência da criança, o que vai-se traduzir num alto impacto nos problemas
comportamentais3. No entanto, estudos que examinaram a trajetória de desenvolvimento
de maus tratos, revelou que os maus tratos precoces são fator contribuinte para
posteriores problemas de comportamento.

3
Branco, A. V. (2004). Competência Emocional. Coimbra: Quarteto

7
Duas teorias que sugerem uma explicação para a relação entre maus-tratos e posteriores
perturbações de comportamento são a perspetiva da psicopatologia do desenvolvimento
e a perspetiva do curso de vida. A perspetiva do curso de vida sugere que o
desenvolvimento humano é de natureza hierárquica e a experiência com adversidades de
início precoce como os maus tratos, impedem o desenvolvimento crítico de tarefas mais
tarde na vida. Os estudos que favorecem a perspetiva da psicopatologia do
desenvolvimento geralmente se concentram em crianças de menor idade e estabelecem
uma ligação entre os maus tratos que ocorreram nos primeiros 5 anos de vida e
perturbações comportamentais em idades posteriores. Ambas as perspetivas estão de
acordo que a cronicidade de maus tratos tem grande impacto no desenvolvimento de
perturbações comportamentais.

A literatura sobre diferenças comportamentais ofusca a literatura dos fatores de risco


psicossocial para o desenvolvimento de personalidade antissocial, no entanto existem
estudos, realizados ao longo de mais de uma década que documentam uma ligação entre
maus tratos infantis e personalidade antissocial. Num estudo longitudinal, examinaram
scores de psicopatia entre 652 indivíduos com história legalmente documentada de
maus tratos infantis (abuso físico, sexual e/ou negligência, em comparação com um
grupo de controlo correspondente de 489 Indivíduos sem historial documentado de
maus tratos.

O estudo demonstrou que as vítimas de maus tratos na infância obtiveram um score


mais elevado na Psychopathic Check List – Revised, equiparáveis aos scores que se
verificam em adultos. A negligência, no entanto, tem sido relativamente pouco estudada
com relação à personalidade antissocial.

Dado que a negligência parece estar associada a deficiências afetivas é importante


considerar Neglect como um factor de risco para desenvolvimento de personalidade
antissocial. Por exemplo, à semelhança de indivíduos com diagnóstico de perturbação
de personalidade antissocial, as crianças negligenciadas são mais propensas a
demonstrar reações afetivas mais bruscas. Crianças negligenciadas experienciam
ambientes de aprendizagem emocional estéril o que pode ser responsável pelo seu
funcionamento afetivo anormal.

Comparados com outros grupos de maus tratos, os pais negligentes que interagem com
menos frequência com seus educandos, são emocionalmente menos expressivos e

8
simpatizantes com seus filhos4. Esses ambientes de desenvolvimento infantil são
inadequados em promover respostas empáticas ou altruístas relativamente à angústia
dos outros ou seja, privação de afeto e negligência tem grande probabilidade de levar ao
desenvolvimento de personalidade antissocial.

3.3. Diagnóstico do transtorno de antissocial

O diagnóstico de um sujeito com TPAS pode ser de semi-imputabilidade porque, apesar


de o agente ter alguma capacidade de entender o caráter delituoso de sua ação, ele não a
compreende por inteiro, não sendo inteiramente responsável por seus actos 5. É
considerado que o indivíduo tem uma perturbação da saúde mental, o que pode
comprometer sua capacidade de autodeterminação, apesar de ainda manter preservada a
capacidade de entendimento.

Tal diagnóstico, em alguns casos, pode ser de imputabilidade se o indivíduo não tiver
comprometida a capacidade de determinação para o delito analisado.

No contexto Moçambicano, o diagnostico deve ser feito segundo o Artigo 122° que
refere que: Falta de integridade mental posterior à prática da infracção; O exame
médico-forense do arguido é ordenado, ainda que possa presumir-se que a sua falta de
integridade mental é posterior à prática da infracção. Assim, quando caracterizado tal
quadro e houver nexo de causalidade entre o transtorno diagnosticado e o delito
praticado o indivíduo será considerado semi-imputável.

Sendo, então, caracterizada a semi-imputabilidade há a possibilidade deste sujeito ser


submetido à pena atenuada ou medida de segurança, conforme prevê o artigo 126 do
Código Penal Moçambicano. Entretanto, tais possibilidades são insatisfatórias no que
diz respeito àqueles com transtorno de personalidade anti-social. A pena não é eficaz
nestes casos considerando o objectivo de uma ressocialização, já que a pessoa portadora
de tal transtorno é incapaz de experimentar culpa e de aprender com a experiência,
particularmente a punição, conforme descrição da CID 10.

4
Bousha, D.M., & Twentyman, C. T. (1984). Mother-child interactional style in abuse, neglect, and
control groups: Naturalistic observations in the home. Journal of Abnormal Psychology, 93, 106–114.
5
BITENCOURT, CR. (2004) - Tratado de direito penal: parte geral. Vol. 1. 9. ed. São Paulo: Saraiva.

9
Os transtornos de personalidade, segundo Morana, "são anomalias do desenvolvimento
psicológico que perturbam a integridade psíquica de forma contínua e
persistentemente"6. Tais indivíduos apresentam maior impulsividade, descontrole dos
impulsos, déficit de empatia e de consideração pelos demais, incapacidade de sentir
culpa ou remorso pelos danos infligidos a outrem e conduta impiedosa.

A medida de segurança, de outro lado, também não é a melhor indicação nestes casos.
Um portador de transtorno de personalidade antissocial é nocivo aos demais pacientes
de um instituto psiquiátrico forense, considerando que na situação terapêutica eles
podem mentir, trapacear, roubar, ameaçar, como também podem se utilizar de outros
modos para causar prejuízos aos outros.

Dentro dessa concepção, Amaro complementa: "os portadores de TPAS apresentam-se


com um padrão de desrespeito e violação dos direitos dos outros, que se inicia na
infância ou começo da adolescência e continua na idade adulta"7. Assim, eles podem
abusar de todas as formas dos demais pacientes, causar problemas administrativos e
prejudicar o tratamento dos mais desvalidos.

3.4. Conduta Criminosa dos Psicopatas


Enquanto criminosos comuns almejam riqueza, status e poder, os psicopatas apresentam
manifesta e gratuita crueldade. Mentem para conseguir atrair suas vítimas, para
conseguir a confiança delas, e quando alcançam seus objectivos, praticam a crueldade
de forma absurda. Eles buscam constantemente o próprio prazer, sendo solitários, muito
sociáveis e de aspecto encantador, tendo a sólida convicção de que tudo lhe é permitido,
excitando-se com o risco e com o proibido. Quando matam, tem como objectivo final
humilhar suas vítimas, reafirmando sua autoridade e realizando sua autoestima.

Para o psicopata, o crime é secundário, sendo que o que realmente lhe interessa é o
desejo de dominar, de sentir-se superior (Filho, 2013, p.174). As análises dos perfis de
personalidade estabelecem como estereótipo dos assassinos (existem excepções),
homens jovens, de raça branca, que atacam preferencialmente as mulheres, e cujo
primeiro crime foi cometido antes dos 30 anos. Alguns têm histórico de infância

6
MORANA, H. Reincidência criminal: é possível prevenir? Disponível em www.iced.org.br

7
AMARO, JWF. (2004) - O debate sobre a maioridade penal. Revista de Psiquiatria Clínica, São Paulo, v.
31, n. 3.

10
traumática, devido a maus tratos físicos ou psí- quicos, motivo pelo qual têm tendência
a isolar-se da sociedade e/ou vingar-se dela (Filho, 2013, p. 173).

Ainda segundo as análises de estereótipos, essas frustrações os induzem a um mundo


imaginário, melhor que o real, onde revivem os abusos sofridos, porém dessa vez se
identificando com o agressor. Por essa razão, sua forma de matar pode ser de contacto
directo com a vítima, utilizando armas brancas, estrangulando, golpeando, quando
nunca utilizando arma de fogo.

3.5. Perfil Criminal


Segundo R. N. Kocsis, os perfis criminais são definidos como uma técnica de
investigação da cena do crime, utilizada para analisar padrões de comportamento que
melhor definem um crime violento ou uma série de crimes que podem estar associados,
com o propósito de identificar as características do presumível ofensor. Esta técnica
integra processos de recolha e análise da cena de um crime, com o objectivo de predizer
o comportamento, as características de personalidade e os indicadores
sociodemográficos do ofensor que cometeu esse mesmo, estreitando o campo de
suspeitos e ajudando na sua detenção (Kocsis, 2003, citado por Soeiro 2009, p. 37). A
construção de um Perfil Criminal é uma técnica de investigação evolutiva que tem como
base as ciências humanas e comportamentais, tais como a Psicologia, a Psicopatologia,
a Psiquiatria Forense, levando-se em conta também a percep- ção do serviço
investigativo militar.

O ponto central desta técnica passa por determinar com certa exatidão no tocante à
predisposição das características de um ofensor desconhecido. Podemos considerar que
a técnica de elaboração de um Perfil Criminal, tendo em conta os objectivos tradicionais
associados, pretende responder às cinco questões fundamentais da investigação criminal
(Kocsis, 2006, p.458): a. Quem cometeu o crime? b. Quando cometeu o crime? c. Como
foi executado o crime? d. Qual a motivação que está na base deste (s) comportamento
(s)? e. Onde foi cometido o crime? A resposta a estas questões, na maioria dos crimes
investigados é adquirida através do trabalho que é desenvolvido pelos profissionais de
polícia. O recurso à técnica surge associado a crime.

11
3.6. Modus Operandi, Ritual e Assinatura
Em relação ao local do crime e cadáver deixados por um assassino, é extremamente
importante que se proceda ao exame, à constatação de vestígios e à exacta descrição do
local e cadáver. O modus operandi, o ritual e a assinatura são os elementos que
conectam os crimes (Casoy, 2004, p. 22).

O modus operandi é o procedimento seguido pelo delinquente para a prática da


infracção penal, assegurando o sucesso do criminoso em sua empreitada, protegendo a
sua identidade e garantindo sua fuga. Mas encontrar o mesmo modus operandi em
diversos crimes não é característica suficiente para conectá-los, já que o modo de agir é
dinâmico, sofisticado conforme o aprendizado do criminoso e a experiência adquirida
com os crimes anteriores.

O ritual é o comportamento que excede o necessário para a execução do crime. É


baseado nas necessidades psicossexuais e é crítico para a satisfação emocional do
criminoso. Já a assinatura é a combinação de comportamentos, identificada pelos dois
primeiros elementos. A assinatura é a marca do criminoso, seu “cartão-de-visita”, algo
que se faz imprescindível para o assassino. A assinatura do crime pode até colocar o
criminoso em risco de captura, mas, como um vício, ele precisa dessa marca para aliviar
uma tensão interna, quase sempre relacionada à sexualidade mal resolvida (Filho, 2013,
p. 173). Ferimentos específicos podem ser uma forma de assinar um crime. Outras
vezes, algum tipo de amarração específica ou um roteiro de acções executadas. Pode
também ser a assinatura a exposição do cadáver, tortura, mutilação, inserção de objecto
estranho, canibalismo, necrofilia (Filho, 2013, p.173).

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4. Conclusão
Nesta revisão bibliográfica, tanto durante a pesquisa, como durante a leitura de artigos,
foi possível verificar a extensa documentação, revisões e evolução não só dos termos de
diagnóstico como seus critérios. Apesar de as perturbações aqui referidas terem algumas
características em comum e sobreponíveis em outros aspetos, são as que parecem poder
evoluir para um diagnóstico de perturbação de personalidade antissocial, aquando da
passagem para idade adulta pelo adolescente.

Podemos, ainda, não definir com exatidão fatores preditivos para o desenvolvimento de
um futuro diagnóstico de Perturbação de Personalidade Antissocial, mas é possível
verificar que muitos dos casos de maus tratos, neglect e de pré-delinquência podem
servir como fatores de risco prováveis de desenvolvimento de Personalidade
Antissocial. Ainda existe muita investigação a ser realizada, não só nos fatores
ambientais onde as crianças e adolescentes se desenvolvem, a influência de sua carga
genética em termos do comportamento do individuo e suas trajetórias de
comportamento de internalização e externalização, mas principalmente o
desenvolvimento de estudos em núcleos familiares em que os fatores de risco
mencionados se encontram presentes, e com igual importância, dar inicio a esses
estudos em crianças que apresentam perturbações de personalidade desde antes os 5
anos de idade com seguimento até pelo menos à sua idade adulta jovem.

No fundo seguir o desenvolvimento psicossocial da criança que apresente fatores de


risco durante o seu curso de vida, na tentativa de melhor compreender todo o processo e
mitigar o desenvolvimento de perturbações de personalidade.

13
5. Referencias Bibliográficas
I. APA - American Psychiatric Association. (2002). DSM-IV-TR: Manual de
Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (4th ed.). Lisboa: Climepsi.

II. Branco, A. V. (2004). Competência Emocional. Coimbra: Quarteto

III. Cloninger, S. C. (2004). Theories of personality: Understanding persons (4th


ed.). Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall.

IV. Filho, Nestor Sampaio Penteado. Manual Esquemático de Criminologia. 3. ed.


São Paulo: Saraiva, 2013.

V. Fiorelli, José Osmir, Mangini, Rosana Cathya Ragazzoni. Psicologia


Jurídica.3.ed. São Paulo: Atlas, 2011.

VI. Hall, C. S., Lindzey, G., & Campbell, J. B. (1998). Theories of personality. New
York: J. Wiley & Sons.

VII. Hare, R. D. (1996). PsychopathyA Clinical Construct Whose Time Has Come.
Criminal Justice and Behavior, 23, 25-54. doi:10.1177/0093854896023001004

VIII. Obradovic, J., et al., Medindo a insensibilidade interpessoal em meninos da


infância à adolescência: Um exame de invariância longitudinal e estabilidade
temporal. Jornal da criança clínica e Psicologia do Adolescente, 2007. 36 (3): p.
276-292.

IX. Perturbação Destrutiva do Comportamento Antissocial da Personalidade

X. Wall, T. D., Wygant, D. B., & Sellbom, M. (2014). Boldness Explains a Key
Difference Between Psychopathy and Antisocial Personality Disorder.
Psychiatry, Psychology and Law, 1-12. doi:10.1080/13218719.2014.919627.

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