INFANTIL
Resumo
O presente Artigo é fruto de uma pesquisa bibliográfica realizada no período de 2011 a 2012
através do Programa de Iniciação Cientifica – PIBIC, da Universidade Federal do Amazonas,
com o tema “A criança e o desenho: atuação docente na educação infantil”, vinculada ao
Grupo de Estudos Teoria Histórico-Cultural, Infância e Pedagogia com predomínio na área de
Ciências Humanas/Educação. A escolha do tema surgiu da necessidade de ampliar
conhecimento sobre o universo infantil e de como a prática docente influencia no
desenvolvimento da criança a partir da inserção do desenho como estratégia pedagógica.
Assim, o estudo bibliográfico tratou sobre as concepções de criança, de desenho e sobre a
relevância da atuação docente na Educação Infantil ao propiciar espaço de criação,
significação e ressignificação do conhecimento infantil, respeitando as representações da
produção da criança, concebendo-a como sujeito histórico-cultural, tendo em vista que, no
processo de construção do conhecimento, as crianças se utilizam das diferentes linguagens
com ideias e hipóteses que as identificam como únicas em suas individualidades e diferenças.
O resultado da pesquisa aponta a necessidade de o docente estudar sobre os vários aspectos
que destacam sobre a importância da utilização do desenho como atividade pedagógica,
ajudando-o a desvendar o potencial intelectual, emocional, social e perceptivo da criança,
contribuindo para o atendimento das suas necessidades ou melhoria quanto às dificuldades
apresentadas no processo educativo. Nesse sentido, é relevante destacar que a prática docente
tem papel fundamental para ajudar a diminuir as dificuldades de aprendizagem da criança,
projetando a inserção do desenho como produção que intencione favorecer o desenvolvimento
das áreas vitais e culturais, podendo ser um instrumento de investigação e exploração dos
vários aspectos que se fazem presentes no cotidiano da criança.
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Graduanda do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Amazonas. Pesquisadora vinculada ao Grupo de
Estudos Teoria Histórico-Cultural, Infância e Pedagogia. E-mail: adrianasouza.ss@gmail.com.
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Mestre em Educação: pela Universidade Federal do Amazonas - Brasil. Professora Assistente do curso de
Pedagogia, da Faculdade de Educação (UFAM). Pesquisadora, vinculada ao Grupo de Estudos Teoria Histórico-
Cultural, Infância e Pedagogia. Coordenadora do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu/EaD em “Coordenação
Pedagógica” com estudos voltados para a atuação docente na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino
Fundamental. E-mail: mariarita.dmt@gmail.com.
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Introdução
estudado e analisado há pouco tempo, mas aos poucos está sendo inserido na escola e,
lentamente se inclui de maneira interdisciplinar nas práticas pedagógicas.
Assim, apresentamos este artigo estruturado em três tópicos conforme segue. No
primeiro, apresentamos uma revisão literária sobre os conceitos de criança, infância e desenho
infantil. O segundo aborda sobre a criança, as representações e o significado do desenho. Por
sua vez, o terceiro, trata sobre a atuação do professor de Educação Infantil ao inserir o
desenho como estratégia pedagógica, prática que poderá ajudar a criança no desenvolvimento
da linguagem oral, escrita e visual.
Nas considerações finais apresentamos aspectos sobre a importância da inserção do
desenho na sala de aula como estratégia pedagógica e algumas questões que necessitam de
maior aprofundamento teórico.
A criança, quando desenha, expressa seu modo de ser, sentir, ver e se exercitar no
mundo e com o mundo, atribuindo-lhe significados, fazendo representações com sua
experiência pessoal, além de refletir sentimentos e capacidade intelectual e, ainda, ser possível
constatar sua própria evolução social na infância, como indivíduo, ser sócio-histórico. O
desenho também se constitui em linguagem e, portanto, uma das mais antigas formas de
expressão e de comunicação humana, produto da relação do ser humano com o mundo. Para
melhor compreender sobre o assunto, questionamos: Qual a importância do desenho no
processo de aprendizagem e de desenvolvimento da criança?
Como ressalta Machado (2007), o desenho representa para a criança sua visão de
mundo e a consciência de si mesma. Para que isso aconteça o docente precisa ter um olhar
aguçado sobre o desenho feito pela criança e analisar sobre a estrutura mental e o nível de
desenvolvimento cognitivo, emocional, social e perceptivo, podendo ser um diferencial no
contexto educacional infantil.
Nesse sentido, a atuação docente adquire grande relevância ao propiciar espaço de
criação, significação e ressignificação do conhecimento infantil, tendo como suporte as
representações e os significados do desenho da criança. Entretanto, o desenho não deve ser
concebido como um simples instrumento mecânico, projetando a ação de desenhar ou um
momento de entretenimento, mas como uma produção que favorece o desenvolvimento das
áreas vitais e culturais, podendo ser um instrumento de investigação, exploração dos vários
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aspectos que se fazem presentes no cotidiano da criança. Daí a importância de iniciar este
estudo buscando conhecer as concepções de criança e infância, bem como o desenho como
estratégia pedagógica no processo de aprendizagem e de desenvolvimento da criança.
Diversos campos teóricos buscam compreender a categoria infância e a definição do
ser criança e seu desenvolvimento com estudos e pesquisa tradicional, predominantemente,
pelo campo da Medicina, da Psicologia Desenvolvimentista e, mais recentemente, introduz-se
a Sociologia e a Antropologia em uma abordagem teórica mais contemporânea. As
concepções contemporâneas de infância e de criança, contrárias as concepções tradicionais
vem se caracterizando por meio de um movimento científico-acadêmico, a construção de uma
perspectiva composta por contribuições advindas da Sociologia da Infância, Pedagogia da
Infância, Psicologia, Antropologia da Criança e Filosofia, dando corpus a um paradigma
específico no interesse de conhecer as múltiplas facetas das diversas infâncias, referenciando
as crianças como seres concretos e contextualizados.
Vigotsky (1996), crítico da cultura e do desenvolvimento naturalista, insere a criança
no contexto histórico-cultural nos instigando a estudar as peculiaridades e diferenças entre
adultos e crianças. Sua abordagem histórico-cultural desconstrói a ideia abstrata, homogênea e
neutra de infância, situando a criança como sujeito ativo na cultura e nos processos de
socialização por meio das interações sociais, considera que a criança, ao mesmo tempo em
que recebe e se forma, cria e transforma. Nessa abordagem, o autor enfatiza, sobretudo, que:
Nesse sentido, para a criança compreender o mundo social e cultural, faz-se necessário
que os adultos considerem as relações sociais como uma dimensão fundamental de conexão
entre ela e as significações que a mesma elabora em uma interação ativa com a cultura. Diante
desse panorama, na Educação Infantil, origina-se um novo perfil de educador, que precisa se
apropriar dos pressupostos pedagógicos necessários para o desenvolvimento de uma prática
docente de qualidade. Isto diz respeito à construção de uma prática docente que tenha em
vista o desenvolvimento integral da criança.
As leituras realizadas apontam diferentes significados e concepções sobre criança e
infância, correlacionadas, também aos aspectos econômicos, culturais, políticos e ao contexto
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social em que ela se encontra. Em meio a tantas inquietações sobre o tempo de ser criança,
surge como primeiro desafio nesta pesquisa analisar o conceito de infância e para
compreendê-lo, precisamos refletir sobre o que é ser criança e de que maneira a visão da
infância foi construída ao longo da história.
O estudo da infância difundiu-se nos diversos campos de investigação devido às
contribuições teóricas que começaram a surgir no intuito de ampliar as discussões e reflexões
sobre o papel social e histórico da criança. Com base em suas pesquisas, Ariès (1978) chegou
à seguinte conclusão sobre o que caracterizavam o ser criança e a infância:
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - RCNEI (1998, p. 21), enfatiza que
“as crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza como seres que sentem e
pensam o mundo de um jeito muito próprio.” Expõe também que:
A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma
organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada
cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo
meio social em que se desenvolve, mas também o marca. (BRASIL, 1998, p. 21)
Ao contrário dos animais, o homem tem infância, não foi sempre falante, e precisa,
para falar, constituir-se em sujeito da linguagem. Se há uma história, se o homem é
um ser histórico, é só porque existe uma infância do homem, é porque ele deve se
apropriar da linguagem.
sujeito que constrói as suas relações no meio social em que vive, pois é um ser capaz de
descobrir-se no mundo, marcado por múltiplas linguagens.
Por certo, todas as mudanças ocorridas fazem parte da história, pois o homem quanto
mais amplia seu conhecimento mais constrói e muda o seu ambiente segundo os seus
interesses e necessidades. O RCNEI discorre sobre a criança e o processo de construção do
conhecimento, expondo que:
Ao apresentar, graficamente, imagens mentais daquilo que era visto, o homem das
cavernas representou, e criou sons, símbolos, para se comunicar, e conforme o
tempo foi se ajustando à realidade e se superando de modo cada vez mais eficaz,
tendo a arte, incluindo o desenho, como recurso no seu processo de crescimento e
registro do mundo.
Com isso, o autor discorre que a arte se constitui em um processo no qual a criança
reúne diversos elementos de sua experiência para se expressar, tendo como um dos recursos o
desenho. Ressalta também que, a criança não nasce sabendo desenhar, mas vai construindo
seu conhecimento acerca do desenho através da sua relação com este objeto de conhecimento.
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A criança, impulsionada pela alegria e pelo prazer dos movimentos de suas mãos,
descobre paulatinamente nas pontas dos dedos que pode exibir nas folhas de papéis
emaranhados de traços. São simples traços, estes se revelam como fonte rica de alegria e
tornam-se um verdadeiro fascínio para a criança.
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No início, ao emitir os seus traços, a criança rabisca no papel e sente prazer em deixar
uma marca impressa em qualquer superfície, seja “as marcas na areia da praia, o risco do caco
de tijolo no muro e na calçada, os furinhos feitos com o dedo na massinha, a impressão da
mão cheia de tinta no papel, a marca da ponta do dedo no vidro embaçado” (DERDYK, 1993,
p. 56). É brincando e fantasiando que a criança vai deixando o seu rastro, o seu registro, a sua
expressão, e gradativamente vai contando do seu jeito a sua história.
É a fase em que a criança se aventura no mundo mágico dos desenhos e através deles
revela seus desejos, suas conquistas, evoca novas descobertas, demonstra suas alegrias, seus
medos, suas angústias e, acima de tudo, retrata a beleza de sua infância. Ao experimentar o
prazer de rabiscar, a criança “[...] num piscar de olhos descobre uma “gente”, uma “semente”
(DERDYK, 1993, p. 10). Semente esta que pode ser redonda, quadrada, comprida, pequena,
grande, vazia, cheia, ou carregada de um horizonte de significados.
A cada desenho novo, a criança encontra diversas possibilidades de idealizar e criar
um mundo de sensações. É nessa aventura idealizada entre os seus desenhos e as
representações que a criança se autodescobre, reconhece as cores e suas diferenças,
experimenta as variadas formas, manipula as mais variadas texturas, explora os espaços do
papel, encontra as diferentes maneiras para interpretar e apresentar significados aos seus
desenhos.
Gradativamente, a criança vai elaborando e dando significado ao seu desenho. Para o
adulto, o desenho infantil pode não ter significado algum, daí a importância da interação, do
questionamento, da relevância de abrir espaço para a socialização da criança sobre sua
produção, só assim ela é capaz de desvendar o mundo que verdadeiramente é só seu, sua
imaginação, a qual ela busca traduzir e representar em suas atividades gráficas.
Importante destacar que, para adentrar no mundo imaginário do desenho da criança,
que parece estranho, às vezes incompreensível, e ao mesmo tempo desconhecido, discorre
Derdyk (1993, p. 49) “precisamos primeiramente arranjar um passaporte. Este passaporte
seria a nossa própria vivência da linguagem: o ato de desenhar”. Assim, como revela a autora,
não dá para nos tornarmos íntimos e conhecedores de uma criança, se não compreendermos a
essência da sua linguagem gráfica, o desenho.
Ao estudar sobre as práticas pedagógicas, percebe-se que ainda há um distanciamento
do docente com relação a inserção do desenho como prática pedagógica para além do aspecto
mecanicista, pois é preciso vivenciar esta linguagem tão presente no universo infantil e
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adquirir um novo olhar sobre a sua experiência gráfica, pois são muitas as inquietações que
afloram o pensamento sobre o desenho infantil, mas uma pergunta em especial: Que práticas
pedagógicas devem ser aplicadas a partir da inserção do desenho?
Derdyk (1993, p. 49) salienta que:
Quando pensamos no desenho infantil, precisamos ter em mente que, para a criança,
o desenho é um meio de expressão. Nele a criança comunica os seus gostos, desejos,
vontades, dúvidas e também apresenta sua própria maneira de compreender e
interpretar o mundo ao seu redor.
Desta forma, ao desenhar, a criança revela parte de si própria, como pensa, como sente
e como vê a sua realidade e a si mesma. Como descreve a autora, a cada experiência gráfica, a
criança revela quem ela é, o que está pensando e também expressa a sua subjetividade e a
maneira de como se sente existir.
Entre outras coisas, a criança desenha para se satisfazer, se realizar, sentir prazer e se
divertir. Desse modo, o ato de desenhar é:
[...] um jogo que não exige companheiros, onde a criança é dona de suas próprias
regras. Nesse jogo solitário, ela vai aprender a estar só, “aprender a ser só”. O
desenho é o palco de suas encenações, a construção de seu universo particular
(DERDYK, 1993, p.50)
p.16). Notadamente, a partir das palavras da autora, compreendemos que o desenho de uma
criança quando observados como ela desenha e organiza o seu espaço, ao brincar, fica mais
fácil planejar atividades de intervenção didático-pedagógicas que propicie a leitura e a
socialização da produção da criança.
O prazer de inventar, de criar e recriar, a atividade gráfica é movida, essencialmente,
pela vontade e pelo desejo da criança em se expressar. Nesse prazeroso movimento gráfico de
“ir, vir, nomear, desenhar, olhar, rabiscar, narrar, colorir, cantar, mexer que faz com que o
sujeito recrie, a todo instante, o significado do mundo em que se insere” (LEITE, 2003,
p.141). Conforme descreve a autora, a criança revela o seu mundo para o desenho, e através
desta linguagem, ela tem a possibilidade de criar uma nova realidade a cada instante.
O desenho para o adulto, pode até ser uma atividade indecifrável, mas “[...]
provavelmente para a criança, naquele instante, qualquer gesto, qualquer rabisco, além de ser
uma conduta sensório-motora, vem carregado de conteúdos e de significações simbólicas”
(DERDYK, 1993, p.57). Em outras palavras, o desenho configura-se como um campo de
possibilidades e significações para a criança, que confronta o real com o imaginário. Neste
movimento interno vão brotando as representações e um repertório de significados que irão se
modificar e se transformar em grandes realizações.
Ao observar uma criança desenhando aprendemos muito sobre ela, pois o desenho
revela o seu desenvolvimento e, também, as proezas do seu coração. Por isso, o desenho
significa, para a criança, “o seu próprio canal expressivo” (MOREIRA, 2009, p. 96). A
criança desenha expressando sobre as suas histórias de vida, as aventuras vivenciadas; ela
recria seu espaço lúdico e se afirma como ser humano. O desenho da criança tem significado
para ela, quando realmente vivencia esta linguagem, explora os seus limites, as suas
dificuldades, enfrenta os seus medos e vive a sua infância.
Ao desenhar, a criança conta sua história, seus pensamentos, fantasias, medos, alegrias
e tristezas. Enquanto desenha interage com o meio, seu corpo inteiro se envolve na ação,
traduzida em marca que a mesma produz, transportando para o desenho, modificando e se
modificando. O valor do desenho é perceptível porque emerge da necessidade da criança em
deixar fluir essa linguagem tão expressiva de suas vivências, havendo uma interrelação nos
vários aspectos de seu desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo. Com isso surge a seguinte
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inquietação: o que a literatura aborda sobre a atuação docente e sua intervenção didático-
pedagógica, tendo o desenho como elemento estratégico para o desenvolvimento da criança
na Educação Infantil?
Pillar (1996) salienta que o docente, ao observar o desenho de uma criança, pode
aprender muito sobre o seu modo de pensar, suas atitudes e comportamento. A autora destaca,
ainda que, quando, em um desenho, os braços de uma figura humana saem da cabeça e não do
tronco, por exemplo, significa que a criança ainda não tem construído interiormente em seu
pensamento o esquema corporal de uma figura humana, e, isso ajudará nas inferências
docentes e, consequentemente, a melhorar a prática pedagógica.
O docente que atua na Educação Infantil, ao trabalhar com as crianças, lança mão de
vários conhecimentos dos quais se apropriou no seu curso de formação, saberes oriundos da
Psicologia, da Sociologia, da Didática, da sua experiência no Estágio Curricular. Há também,
os saberes adquiridos na prática, que este profissional constrói quando se depara com as
problemáticas do cotidiano com as crianças.
Para melhor realizar a prática pedagógica na Educação Infantil, os docentes precisam
acompanhar o processo do desenvolvimento infantil, conhecer as propostas metodológicas
que mais possam auxiliar nesse processo. A organização do espaço e do tempo é outro fator
que influencia no desenvolvimento das atividades, de modo que, tudo precisa ser equilibrado:
atividades lúdicas, educativas, de higiene, sono, alimentação.
As artes, o teatro, a música, a dança, o desenho, são essenciais para que a criança
aprenda a explorar o mundo à sua volta. Por meio de distintos materiais, ela aprende a
expressar-se, compreendendo a si mesma e aos demais. A atuação do educador é fundamental
no apoio ao processo, zelando, pela condição de liberdade fundamental na preservação do
espaço do desenho infantil importante não só para o desenvolvimento cognitivo, como a
criatividade e expressão pessoal.
O desenho é uma linguagem, consta no currículo, na área de Artes, mas pode ser
desenvolvida de forma transversal, considerando todas as áreas do conhecimento. Na
estrutura curricular do Curso de Pedagogia há uma disciplina chamada “A Criança e as
Artes”. Esta disciplina contribui para a formação dos acadêmicos que poderão fazer a
diferença, quando de suas atuações enquanto docentes inserindo o desenho com uma
estratégia pedagógica, ação esta que envolve aspectos cognitivos e afetivos que passam pela
relação entre os sujeitos envolvidos no processo de ensino e de aprendizagem.
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Com este quadro comum na Educação Infantil, pensamos na grande necessidade dos
profissionais compreenderem o que as crianças perdem com esse tipo de prática, e como há
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possibilidades de se iniciar uma mudança sobre o olhar para com o desenho e as produções
infantis deixando a imaginação e a criação direcionarem o fazer criativo da criança.
Sabemos que este é um longo processo pelo qual os educadores precisarão passar para
enxergar no desenho infantil mais do que uma cópia de um modelo, conforme ressalta
Machado (2007 p.47), “a criança é conduzida pelo processo entre a fantasia e a criação para
criar”. Portanto, o papel do docente de educação infantil é muito importante neste processo.
Ele não é apenas um facilitador, é alguém que deverá desafiar, incentivar a curiosidade e
procurar ampliar as experiências e os conhecimentos da criança. Nesta concepção, não se
deve impor os próprios padrões estéticos e seus valores e, sim, criar oportunidades para que
os desenhos sejam construídos pela criança.
Por certo, o desenho infantil depende de outros fatores como também do meio em que
se vive e das oportunidades de acesso a materiais e atividades que permitam e incentivem a
expressão dessa linguagem. Há uma necessidade de respeito contínuo do ritmo de cada
criança, a maneira como sua obra esta evoluindo, porque cada uma tem um tempo e uma
maneira de internalizar suas experiências e vivências.
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
ARIÉS, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro. LTC, 1978.
BRASIL. MEC. SEF. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Vol. 1.
Brasília: MEC/SEF, 1998. p. 117-160.
GARCIA, Regina Leite e FILHO, Aristeo Leite (orgs.). Em defesa da Educação Infantil.
Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
LEITE, Maria Isabel. Educação, infância e arte: a escola pode ser um espaço de autoria e
expressão? Florianópolis: FE-UFSC/GEPIE – 2003.
MOREIRA, Angélica Albano. O espaço do desenho: a educação do educador. 13ª ed. São
Paulo: Editora Loyola, 2009.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. rev. e atual. São
Paulo: Cortez, 2007.