Um fenômeno típico do final do século XX e inicio do séc. XXI é a percepção de mudanças ambientais
globais. Contribuem para isto de um lado, o avanço tecnológico (radares, satélites e supercomputadores) e do
outro a crescente interferência humana sobre os sistemas terrestres.
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Segundo o National Reaserch Council (Academia Nacional de Ciências dos EUA) e no relatório ”Nosso
Futuro Comum” da ONU, incluiriam:
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Algum desses gases existem naturalmente na atmosfera como os gases carbônicos e metano. Este é o
modo a terra se mantém aquecida o bastante para vida humana. Este fenômeno é conhecido desde 1896. O
problema é que nós, os humanos, estamos acrescendo cada vez mais gás carbônico e outros gases na atmosfera,
queimando combustíveis fósseis e biomassa. Nós também acrescentamos dois novos grupos de gases de estufa:
os óxidos nitrosos (NOx) e os CFC(s) . Além disso, estamos cortando milhares e milhares de árvores
impossibilitado que as florestas retirem o gás carbônico do ar
AQUECIMENTO GLOBAL
O efeito estufa é um fenômeno natural. Sem ele, a superfície da Terra seria, em média, 33 °C mais fria.
Graças ao efeito estufa, a vida pôde surgir no planeta.
Embora possam existir dúvidas sobre as causas de uma seca ou enchente, não há nenhuma
controvérsia sobre alguns fatos básicos de nossa atmosfera. Gases como o vapor de água, o dióxido de carbono,
o metano, os clorofluorcarbonos, o ozônio troposférico e o óxido nitroso criam um efeito estufa, que aprisionam o
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calor perto da superfície terrestre e as concentrações de destes gases estão aumentando na atmosfera. Por causa
deste aumento, espera-se que estes gases aprisionem mais energia na superfície e na atmosfera, o que, por sua
vez, provocaria elevações na temperatura, alterações nos padrões de precipitação e outras mudanças ainda
imprevistas no clima do mundo .
Fonte: IPCC
O princípio do efeito estufa explica o clima frio de Marte (onde o vapor - dágua, gás-estufa altamente
eficiente, é virtualmente ausente), o clima quente de Vênus (onde a atmosfera tem abundância de dióxido de
carbono e as condições são tão quentes que a vida, como a conhecemos, não sobreviveria) e o clima moderado
aqui na Terra. Os cientistas sabem há décadas que um acúmulo de dióxido de carbono na atmosfera poderia
aquecer o clima do planeta.
Sabem também que somente as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, aumentaram
aproximadamente 25 por cento desde que carvão, petróleo e gás passaram a ser as principais fontes de energia
para alimentar a Revolução Industrial.
As concentrações de dióxido de carbono no momento estão aumentando aproximadamente 0,4 por
cento ao ano. Depois do vapor de água, o dióxido de carbono e o gás-estufa mais abundante e eficaz. Ele ocorre
naturalmente mas também é produzido em grande quantidade durante a queima de combustíveis fósseis,
particularmente o carvão .
Quando o combustível é queimado, seu carbono é oxidado em dióxido de carbono é liberado .O dióxido
de carbono também é liberado quando florestas são desmatadas e o material orgânico é queimado ou deixado
apodrecer. Estas atividades humanas estão injetando quase 6 bilhões de toneladas de carbono na atmosfera a
cada ano. Ao comparar este número com o aumento real da concentração de dióxido de carbono
(aproximadamente 3 bilhões de toneladas anualmente), os cientistas presumem que quase metade do carbono
injetado na atmosfera e absorvida pelos oceanos e pela vida vegetal e a outra metade permanece na atmosfera.
Foi só na ultima década que os cientistas descobriram que outros gases-estufa podem também contribuir de
modo importante para o aquecimento global. Sabe-se que as concentrações de muitos destes gases variam
naturalmente, mas há concordância e geral de que as atividades humanas estão colaborando para o aumento
atual. Molécula por molécula, os gases a seguir absorvem radiação infravermelha muito mais eficientemente do
que o dióxido de carbono. Devido ao fato de suas concentrações na atmosfera serem muito menores do que as
do dióxido de carbono, o efeito isolado de cada um deles e muito menor. O efeito combinado, todavia, é
provavelmente igual ou maior do que o efeito do dióxido de carbono sozinho.
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Fonte IPCC,1997
O metano, também conhecido como gás natural, é produzido pela atividade bacteriana em charcos e
plantações de arroz e nos aparelhos digestivos de animais ruminantes e insetos como o cupim. Grande parte do
metano na atmosfera vem de fontes biológicas. Ele está atualmente no nível de 1,7 partes por milhão o e aumenta a
uma taxa de aproximadamente 1,1 porcento ao ano. Análises de bolhas de gases presas no gelo glacial mostram que
o aumento nos níveis do metano acompanha o crescimento da população humana. Por molécula; ele é 25 vezes
mais eficaz do que o dióxido de carbono na apreensão de calor.
CLOROFLUORCARBONOS (CFCs) .
Usando modelos matemáticos tridimensionais do sistema climático, os cientistas conseguem fazer várias
inferências sobre as condições do mundo no futuro. Os resultados de literalmente milhões de medições e cálculos
durante o século passado indicam que a Terra está para sofrer uma significativa mudanças climáticas nas
próximas décadas. Os modelos prevêem que por causa do dióxido de carbono e de outros gases que estão se
acumulando na atmosfera desde 1860, a Terra provavelmente já está comprometida com um aumento de 0,5°C
a 1,5°C na sua temperatura média. Se as atuais emissões continuarem, o efeito estufa combinado de todos estes
gases seria igual a uma duplicação efetiva dos níveis de dióxido de carbono" - ponto em que o dióxido de
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carbono e outros gases-estufa combinados apreendem a mesma quantidade de energia que o dióxido de carbono
sozinho aprisionaria se sua concentração dobrasse com relação ao nível pré-industrial - já em 2030. Apesar de os
modelos climáticos serem intricados e exigirem maciças quantidades tempo junto ao computador, eles são
representações bastante simplificadas das realidades complexas do sistema climático propriamente dito. É difícil,
por exemplo, incluir as nuvens nos modelos, muito embora estas possam ampliar ou moderar o efeito estufa. A
maioria dos modelos não inclui adequadamente a dinâmica da circulação dos oceanos, um determinante essencial
das concentrações de dióxido de carbono na atmosfera. Os modelos também não conseguem incorporar toda a
gama de incertezas sobre as respostas em potencial do sistema terrestre - a possibilidade, por exemplo, de que
um aumento da temperatura possa alterar a cobertura de nuvens ou aumentar a velocidade com que as
bactérias do solo decompõem materiais orgânicos inanimados e consequentemente acelerar a contribuição
biológica do dióxido de carbono para atmosfera ou a possibilidade de que uma mudança no clima possa
desencadear uma virada dramática na circulação dos oceanos, o que alteraria completamente a temperatura e os
padrões de precipitação.
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2.6. Cronologia
2005
16.02 – Após a ratificação da Rússia, entra em vigor o Protocolo de Kyoto sem a participação dos EUA
Fontes: O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, PNUMA , Aguaonline, TierraAmérica
2.7.Propostas para a Redução do Efeito Estufa (Taxas Sobre o Carbono ou Créditos Estufa)
“Ainda que no caso dos CFCs essas questões sejam complicadas e dispendiosas, serão
infinitamente mais difíceis no caso dos gases estufa. Esta e uma das razoes para considerar, como parte
integrante de qualquer acordo sobre mudanças climática, algum mecanismo que impeça os países de
produzir gases estufa e ao mesmo tempo transfira dinheiro daqueles que estão dispostos a pagar para os
que precisam ser subornados. Alguns acadêmicos já imaginaram programas para uma taxa internacional do
dioxido de carbono produzido por cada pais, sendo a arrecadação utilizada para ajudar os países mais
pobres a se adaptar, e licenças negociáveis a nível internacional para a produção de gases estufa, cuja
distribuição visaria penalizar alguns países e subornar outros. Os instrumentos econômicos tem duas
funções úteis nos tratados internacionais .Em primeiro lugar, oferecem um mecanismo de transferencia de
recursos dos virtusos para os potencialmente perversos.
Em segundo lugar, mantém baixo o custo de controle dos poluentes mundiais. O custo dessas
medidas sempre produzirão um determinado beneficio ambiental a um custo baixo para sociedade do que
a regulamentação estrita. A mera fixação, para cada pais, de uma meta de redução de sua emissão de
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CFCs, dióxido de carbono e outros gases nocivos será um método mais - talvez muito mais - dispendioso do
que usar um mecanismo que leve em conta os custos da redução. Isto é duplamente importante para
poluentes mundiais como os gases estufa. 0 que importa , em termos ambientais, não é quanto cada país
em si produz, mas o total geral do planeta. Para o planeta, portanto, mais do que qualquer outro objetivo
global fixado pelo acordo, o método mais eficiente será permitir que alguns países reduzam menos e
outros mais. Estabelecer um objetivo constante para cada país digamos estabilização aos níveis de 1990 no
final do século - (como propõe os EUA) pode parecer justo, mas na a verdade será profundamente
ineficiente A taxa seria fixada ao mesmo nível para todos os países ,mas as receitas seriam revertidas por
meio de alguma forma para subornar os não cooperadores. Estes poderiam ser os países em
desenvolvimento. ou os grandes produtores de energia.”
Os reservatórios de CO2 na terra e nos oceanos são maiores que o total de CO2 na atmosfera.
Pequenas mudanças nesses grandes reservatórios podem causar efeitos significativos na concentração
atmosférica. A liberação de 2% de carbono estocado nos oceanos, por exemplo, poderá dobrar a quantidade de
dióxido de carbono na atmosfera As formas de seqüestrar carbono florestal podem ser simplificadamente
classificadas em três tipos:
a) preservação do estoque de carbono nas florestas já existentes através de ação protetora;
b) aumento do estoque de carbono florestal por meio de uma ação combinada de práticas de manejo florestal
sustentável, regeneração florestal e reflorestamento em áreas degradadas, ou introdução de atividades
agroflorestais em áreas de agricultura;
c) substituição de combustíveis fósseis por produtos de biomassa vegetal sustentáveis.
Há muita polêmica sobre a retenção de carbono nas árvores. Enquanto a opinião mais aceita é a de
que a maior incorporação de carbono ocorre durante a fase de crescimento das árvores (reflorestamento ou
regeneração), que praticamente se estabiliza em uma floresta adulta (preservação de mata nativa).
Outro ponto que coloca em questão a eficiência da retenção de carbono em florestas – o limite de
temporalidade para essa retenção – é o de que um dia, finalmente, essa madeira será decomposta, e o carbono
será então liberado novamente para a atmosfera.
Há, ainda, outro aspecto que limita o alcance do seqüestro de carbono, de difícil previsão e
contabilização,
A Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 1992 foi assinada por mais
de 150 Estados assinaram na "Cúpula da Terra", no Rio. Reconhecendo, assim, a mudança do clima como "uma
preocupação comum da humanidade". Eles se propuseram a elaborar uma estratégia global "para proteger o
sistema climático para gerações presentes e futuras". Os Governos que se tornaram Partes da Convenção
tentarão atingir o objetivo final de estabilizar "as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera num nível
que impeça uma interferência antrópica (provocada pelo homem) perigosa no sistema climático."
A Convenção fornece um "quadro" dentro do qual os governos podem trabalhar juntos para
desenvolver novas políticas e programas que terão grande implicação na forma como as pessoas vivem e
trabalham. É um texto detalhado, negociado com cuidado, que reconhece as preocupações especiais de
diferentes grupos de países.
A Convenção enfatiza que os países desenvolvidos são os principais responsáveis pelas emissões
históricas e atuais, devendo tomar a iniciativa no combate à mudança do clima; que a prioridade primeira de
países em desenvolvimento deve ser o seu próprio desenvolvimento social e econômico, e que a sua parcela de
emissões globais totais deve aumentar a medida em que eles se industrializam; que estados economicamente
dependentes de carvão e petróleo enfrentarão dificuldades se a demanda de energia mudar; e que países com
ecossistemas frágeis, como pequenos países insulares e de terreno árido, são especialmente vulneráveis aos
impactos previstos da mudança do clima.
Ao tornarem-se Partes da Convenção, tanto os países desenvolvidos quanto os em
desenvolvimento assumiram um certo número de compromissos. Entre eles:
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● Submeter para apreciação informações sobre as quantidades de gases de efeito estufa que eles emitem, por
fontes, e sobre seus "sumidouros" nacionais (processos e atividades que absorvem gases de efeito estufa da
atmosfera, em especial, florestas e oceanos).
● Desenvolver programas nacionais para a mitigação da mudança do clima e adaptação a seus efeitos.
● Fortalecer a pesquisa científica e tecnológica e a observação sistemática do sistema climático e promover o
desenvolvimento e a difusão de tecnologias relevantes.
● Promover programas educativos e de conscientização pública sobre mudança do clima e seus efeitos prováveis.
Os países desenvolvidos assumem um certo número de compromissos adicionais que cabem
somente a eles. Os mais importantes são:
● Adotar políticas destinadas a limitar suas emissões de gases de efeito estufa e proteger e aumentar seus
"sumidouros" e "reservatórios" de gases de efeito estufa. Eles se comprometeram a retornar suas emissões aos
níveis de 1990 até o final desta década. Também submeterão informações detalhadas sobre seu progresso. A
Conferência das Partes revisará a implementação geral e a adequação desse compromisso pelo menos duas
vezes durante a década de 90.
● Transferir recursos tecnológicos e financeiros para países em desenvolvimento além da assistência que já seja
por eles oferecida, e apoiar os esforços desses países no cumprimento de suas obrigações sob a Convenção.
● Ajudar países em desenvolvimento que sejam particularmente vulneráveis aos efeitos adversos da mudança do
clima para fazer frente aos custos de adaptação.
A mudança do clima é um problema de enormes proporções. Solucionar esse problema requer o envolvimento de
pessoas em todo lugar, de acordo com suas"respectivas capacidades".
● A comunidade internacional pode assegurar que os objetivos da Convenção sejam buscados energicamente,
podendo fortalecer esse instrumento se necessário. Os países podem adotar políticas que promovam eficiência
energética e tecnologias "mais limpas", podem reduzir as emissões do setor agrícola, desenvolver programas que
protejam os cidadãos e a economia contra possíveis impactos da mudança do clima, apoiar pesquisa sobre o
sistema climático, prestar assistência a outros países em necessidade, e promover uma conscientização pública
sobre essa questão.
● As vilas, cidades e estados podem implementar a Convenção em nível local, melhorando a eficiência energética
de seus sistemas de transporte, edifícios públicos e infra-estrutura pública em geral, reabilitando florestas e
outros tipos de vegetação, reduzindo emissões provenientes de vazadouros e da fabricação de cimento e
controlando seus próprios níveis de emissões.
● As companhias industriais podem desenvolver tecnologias e produtos eficientes do ponto de vista energético,
assim como métodos melhorados que reduzam as emissões de gases de efeito estufa de outros setores, incluindo
a fabricação de cimento, a agricultura e a eliminação de resíduos.
● Os agricultores podem adotar novas tecnologias que reduzam as emissões dos fertilizantes, do gado e do
cultivo de arroz. As escolas e universidades podem promover mais pesquisas sobre mudança do clima,
introduzindo essa questão nos seus programas tanto para crianças como para adultos.
● As pessoas podem adaptar seus estilos de vida e a forma com que utilizam produtos, transporte e energia,
tanto em casa como no trabalho. Também podem aprender mais sobre mudança do clima, informar outras
pessoas e promover programas em nível comunitário.Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do
Clima. Para calcular a sua emissão individual faça um download do seguinte programa:
http://www.forumclimabr.org.br/imgs/calcula.gif
Em Dezembro de 1997 realizou-se em Kyoto no Japão uma conferência das partes contratantes da
“Convenção do Clima” . A conferência adotou uma série de decisões importantes relativas ao aquecimento global.
Estas decisões estão refletidas no “Protocolo de Kyoto” . O texto do relatório (da terceira sessão da conferência
pode ser visto em http://www.amerlis.pt/kyoto/kyotoprt.pdf
O Protocolo de Kyoto estabelece regras mais rígidas de redução de gases que causam o efeito estufa -
os chamados GEE - do que aquelas previstas na Convenção Quadro da ONU sobre Mudança do Clima A redução
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será feita apenas por países industrializados em cotas diferenciadas de até 8%, entre 2008 e 2012. O documento
estabelece que os países desenvolvidos - os inseridos no anexo I da Convenção - terão a obrigação de reduzir a
quantidade de seis gases que provocam o efeito estufa em pelo menos 5%, em relação aos níveis de 1990.
Para sua entrada em vigor, o Protocolo necessita ser ratificado por pelo menos 55 partes da Convenção,
incluindo os países desenvolvidos que eram responsáveis por pelo menos 55% das emissões totais de dióxido de
carbono em 1990.
Sua ratificação e conseqüente entrada em vigor por parte dos países signatários, só ocorreu devido a
ratificação do tratado pela Rússia. Mesmo com a recusa dos EUA em ratificá-lo. apesar de serem responsáveis por
cerca de 25% da emissão de GEEs no mundo, uma coados demais paises, viabilizou a entrada em vigor do
protocolo. Foi preciso reunir 55% dos "poluidores mundiais" para que o Protocolo passasse a ter força de lei
internacional a partir de dezesseis de fevereiro de 2005. Atualmente já estão garantidos mais de 43.9% + 17.4%
(da Rússia) = 61,39 % das emissões.
Em março de 2001, o presidente George W. Bush saiu unilateralmente do acordo, alegando que este
estaria equivocado e que seu cumprimento prejudicaria a economia americana. Essa posição trouxe um clima
pessimista para a viabilidade do acordo multilateral, porém, paradoxalmente, também serviu para unir os demais
países na necessidade de consenso. A fim de salvar o acordo, de não deixar que se perdessem dez anos de longa
e árdua negociação e de defender uma solução de cooperação multilateral para o aquecimento global
Mesmo sem os EUA, as reduções das emissões dos gases vão acontecer em várias atividades
econômicas. O Protocolo estimula os países a cooperarem entre si através de algumas ações básicas:
● reformar os setores de energia e transportes
● promover o uso de fontes energéticas renováveis
● eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados aos fins da Convenção
● limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos sistemas energéticos
● proteger florestas e outros sumidouros de carbono
A evolução das discussões nas Convenções das Partes (COPs) – tanto a COP1, de 1995, em Berlim,
quanto a COP2, de 1996, em Genebra – culminou no Protocolo de Kyoto (PK) e na COP3 em Kyoto, em 1997,
quando foi firmado um termo de compromisso de redução média de 5,2% na emissão de Gases de Efeito Estufa
(GEE) aos níveis de 1990, entre 2008 e 2012, para os países do Anexo I.7 O Protocolo de Kyoto, além de
estabelecer os compromissos de redução, também estabelece três mecanismos de flexibilização, com o objetivo
de permitir maior eficiência econômica na mitigação do efeito estufa. O Protocolo de Kyoto, prevê, ainda, além
das medidas necessárias ao cumprimento dos compromissos da Convenção, três mecanismos de flexibilização a
serem utilizados para o cumprimento das metas, quais sejam:
a) a Implementação Conjunta - Joint Implementation (JI) - consiste na possibilidade de um país do
Anexo I receber Unidades de Emissão Reduzida (UER), quando ajuda a desenvolver projetos que provoquem
redução de emissão em outros países do Anexo I, de forma suplementar às ações domésticas (art. 6 do
Protocolo); Dá maior flexibilidade aos países do Anexo I para investirem entre si no cumprimento de seus
compromissos de redução;
b) o Comércio de Emissões - Emission Trading (ET) - consiste na possibilidade de que países do
Anexo I, compromissados em reduzir emissões de GEE, possam comercializar as unidades de emissão evitada
com outras partes, com o objetivo de incrementar a eficiência econômica na redução de emissões (art.17 do
Protocolo); O Mercado Internacional das Emissões (International Emissions Trading), possibilita aos países do
Anexo I comercializarem entre si as quotas de emissão e os créditos adquiridos através do MDL em países em
desenvolvimento. O artigo 12 do PK define MDL somente em termos de “redução de emissões”, referindo-se, em
princípio, à transferência de tecnologias limpas dos países industrializados para os países em desenvolvimento, a
fim de que os últimos também passem a controlar as emissões, num esforço comum de mitigação do efeito
estufa no longo prazo. Pela insistência dos EUA, as negociações evoluíram na equiparação dos conceitos de
“redução das emissões de carbono” e “seqüestro de carbono emitido”, abrindo a possibilidade de incluir o
seqüestro de carbono florestal nos MDLs. Os opositores a essa inclusão argumentavam que os projetos florestais
não reduzem as emissões mas apenas as capturam
c) o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) - Clean Development Mechanism (CDM) - que permite
aos países industrializados financiar projetos de emissão evitada em países em desenvolvimento e receber
créditos por assim agirem, como forma de suprir parte de seus compromissos (art. 12 do Protocolo).
Os dois primeiros mecanismos são de exclusividade dos países que compõem o Anexo I e o terceiro (MDL)
possibilita os países em desenvolvimento auxiliarem na preservação do equilíbrio climático global.
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Também foi aprovado a criação, de um “Fundo de Desenvolvimento Limpo” proposto pelo Brasil, para
facilitar a transferência de tecnologias aos países em desenvolvimento e permitir que eles cresçam sem repetir o
padrão de uso de derivados de petróleo e de carvão dos países industrializados.
É a parte mais controvertida do Acordo de Kyoto pois permite às nações comprar direitos de poluição de
outras nações. As licenças de quotas de emissões são apresentadas como solução de "livre de mercado" para
problemas ambientais.
Os MDL(s), Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, criados no artigo 12 do Protocolo diz que: "o
objetivo do mecanismo de desenvolvimento limpo deve ser assistir às Partes não incluídas no anexo I para
que atinjam o desenvolvimento sustentável e contribuam para o objetivo final da Convenção e assistir às
Partes incluídas no anexo I para que cumpram seus compromissos quantificados de limitação e redução de
emissões".
Mais à frente, o documento estabelece que as Partes não incluídas no anexo I poderão se beneficiar "de
atividades de projetos que resultem em reduções certificadas de emissões"; e as Partes incluídas no anexo I
"podem utilizar as reduções certificadas de emissões, resultantes de tais atividades de projetos, para
contribuir com o cumprimento de parte de seus compromissos quantificados de limitação e redução de
emissões".
Ou seja, fica criada assim a possibilidade de países desenvolvidos (os do anexo I) negociarem com países
não-anexo I (normalmente, os países em desenvolvimento) a redução de emissões de GEEs nestes últimos.
Iso pode ser feito, por exemplo, através do financiamento de projetos de substituição de energia fóssil por
energia renovável, ou de atividades de redução de gases nocivos na atmosfera - como o seqüestro de
carbono. Este mercado em potencial é o que mais tem recebido atenção dos ambientalistas e,
principalmente, dos países desenvolvidos que não querem diminuir suas atividades produtivas, o que levaria
à diminuição dos GEEs. O mecanismo possibilita a elaboração, por países em desenvolvimento, de projetos
voltados à redução das emissões de CO² causadas pela queima de carvão e de derivados de petróleo. Com
base nesses projetos, seus países receberiam certificados chancelados de quotas em toneladas de carbono,
correspondentes às reduções propostas, que poderiam ser vendidos a países com metas de redução de
emissões. O fluxo estimado de capitais em CDM pode chegar a US$ 17.
Esta permissão para poluir não deverá exceder a capacidade de absorção do ecossistema. Em outras
palavras, alguém tem que determinar a quantidade total de poluição que o ecossistema pode tolerar, o que
dificilmente poderá ser exeqüível. Outro problema seria a alocação e distribuição dos recursos financeiros
gerados, (direitos para poluir). Eles devem ser inicialmente distribuído a vários setores (indivíduos, firmas, ou
nações, por exemplo)? Como efetuar distribuição justa? Devem estes direitos serem considerados propriedade
pública ? Devem passar por uma licitação? Ou simplesmente devam vendidos por um preço predeterminado?
Questiona-se também se ao plantar uma árvore agora e daqui a alguns anos ela for queimada ou
cortada, os países que investiram terão direito ao dinheiro de volta.
Outro principio bastante questionável é da “adicionalidade”. Onde estaria a adicionalidade de um plantio
de eucalipto para uma empresa de papel e celulose? Se a adicionalidade está no plantio em relação a uma área
de pastagem pré-existente. Mas essas empresas precisam plantar eucalipto para produzir celulose e papel, uma
vez que não existe o "ato nobre" de se preocupar com o meio ambiente. Muito pelo contrário. Todos sabem dos
problemas causados pelas grandes áreas ocupadas com eucalipto.
Visando a aproveitar a possibilidade de negociar certificados de emissão de carbono, as nações ricas já
estão atentas a projetos implementados em países em desenvolvimento: mesmo sem o Protocolo de Kyoto estar
vigorando. Os projetos que se voltam para a diminuição dos GEEs na atmosfera que tenham se iniciado a partir
de 2000 poderão ser aproveitados e considerados como MDL(s), quando o Protocolo entrar em vigor de acordo
com o artigo 12 "reduções certificadas de emissões obtidas durante o período do ano 2000 até o início do
primeiro período de compromisso podem ser utilizadas para auxiliar no cumprimento das responsabilidades
relativas ao primeiro período de compromisso."
É o caso, por exemplo, da recém-implementada iniciativa da Prefeitura de Palmas, Tocantins. Divulgada
como o primeiro projeto de seqüestro de gás carbônico em área urbana no mundo, a intenção é que se absorva
anualmente 16 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, totalizando 246.110 toneladas em 15
anos. A novidade prevê a preservação de 3.700 hectares de áreas não degradadas, o reflorestamento de 1.500
hectares de áreas degradadas e a implantação de 300 hectares de praças e jardins até 2005.
Neste contexto em que as atenções recaem sobre o futuro "mercado de
carbono" e - em menor escala - sobre a troca de energias fósseis por renováveis, problemas não deixam de ser
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apontados no modelo que pode surgir a partir daí. O primeiro deles é que, com, os países negociando ao bel-
prazer financiamento de projetos que diminuam a emissão de gases, a questão - essencialmente ambiental e de
desenvolvimento - pode vir a se reduzir a um assunto econômico uma que este fator tem sido decisivo para que
países ratifiquem ou não o Protocolo - afinal, aqueles que não querem diminuir sua produção são os que têm se
recusado a reafirmar o documento. Além disso, outro risco iminente é que a possibilidade de usar o MDL seja um
pretexto para que países desenvolvidos continuem poluindo da forma que sempre fizeram.
O comércio de carbono pode muito bem passar a ser uma das maiores indústrias do século 21.
Estimativas baseadas no potencial do comércio de carbono nos Estados Unidos e Europa indicam que poderá ser
avaliado entre 30 e 100 bilhões quando estiver funcionando em sua plenitude.
O preço de compensação de mercado para o comércio de carbono completo no Estados Unidos pode
alcançar de US$ 30 a US$ 40 por tonelada, e de US$ 70 a US$ 80 por tonelada no mercado europeu e japonês
Protocolo de Kyoto, em seu art. 12.5, estabelece algumas condições básicas para que as reduções de
emissões de GEE resultantes de um projeto ou de uma atividade de projeto obtenham Certificado de Redução de
Emissões. Tais condições demonstram que nem todos os projetos que resultem em redução de emissões serão
elegíveis, ou seja, para que seja reconhecida a elegibilidade de um projeto o mesmo deve apresentar requisitos
básicos para candidatar-se como um projeto de MDL, quais sejam:
a) Benefícios reais, mensuráveis e de longo prazo relacionados com a mitigação do clima;
b) Reduções de emissões que sejam adicionais às que ocorreriam na ausência da atividade certificada de projeto;
c) Participação voluntária e promoção do desenvolvimento sustentável.
Assim, para que os projetos sejam considerados elegíveis é necessário que atendam integralmente as
três condições acima mencionadas, estabelecidas no art. 12, item 5 do Protocolo de Kyoto. Portanto, pode haver
projetos que eventualmente apresentem redução de emissões de GEE, porém não promovam o desenvolvimento
sustentável, ou vice-versa, o que os torna inelegíveis.
Há várias empresas especializadas no desenvolvimento de projetos que reduzem o nível de gás
carbônico na atmosfera e na negociação de certificados de emissão do gás. Preparam-se para negociar contratos
de compra e venda de certificados que conferem aos países desenvolvidos o direito de poluir.
Os MDL s são alternativas que implicam em assumir uma responsabilidade para reduzir as emissões de
poluentes e promover o desenvolvimento sustentável. Trata-se de um mecanismo de investimentos, pelo qual
países desenvolvidos podem estabelecer metas de redução de emissões e de aplicação de recursos financeiros
em projetos como reflorestamentos, produção de energia limpa. As empresas, por exemplo, ao invés de utilizar
combustíveis fósseis, que são altamente poluentes, passariam a utilizar energia produzida em condições
sustentáveis, como é o caso da biomassa.
De fato, os reflorestamentos – ou a regeneração das florestas – apenas capturam o carbono já
emitido. Porém, os defensores contra-argumentavam que as ações que concorrem para evitar o desmatamento
ou a degradação das florestas existentes apresentam também o efeito de reduzir emissões. De qualquer forma,
a inclusão ou exclusão das florestas no MDL não depende tanto de uma leitura legalista do Protocolo mas de
uma decisão negociada entre as partes. Aliás, essa questão foi uma das mais polêmicas, marcando as diferenças
de posições entre os blocos de países nas últimas Conferências de Clima.
Uma vez ratificado o PK, o compromisso dos países industrializados em reduzir as emissões de
carbono será transferido para as empresas intensivas em emissão nesses países, por meio de uma política que
regulamentará as obrigações de redução contra as emissões das respectivas empresas. Na realidade, a posição
dos países industrializados nas convenções mundiais sobre o clima (somam-se a estes os países produtores de
petróleo) apresenta fortes lobbies das empresas intensivas em emissão. Cada vez mais, as grandes corporações
poluidoras, principalmente as geradoras de energia e do setor de transporte, estão se antecipando a essa
política, adotando planos de redução das emissões.
A lógica subjacente a essa estratégia é a de que quanto antes as empresas agirem, mais estarão se
garantindo diante de barreiras futuras, prevenindo-se contra custos maiores e criando possibilidades de fontes
de receitas. Em outras palavras, agindo antes, as empresas transformam uma ação defensiva em uma ofensiva
inteligente.
Diante desse novo mercado em formação, as empresas que não buscarem oportunidades e
alternativas correm o risco de ficar para trás e terem de pagar altos preços pelos certificados de carbono quando
o regulamento para a emissão global estiver em vigor. Enfim, uma melhor colocação nessa corrida traduz-se na
capacidade de competição da empresa no futuro.
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Créditos de Carbono são certificados que autorizam o direito de poluir. O princípio é simples. As
agências de proteção ambiental reguladoras emitem certificados autorizando emissões de toneladas de dióxido de
enxofre, monóxido de carbono e outros gases poluentes. Inicialmente, selecionam-se indústrias que mais poluem
no País e a partir daí são estabelecidas metas para a redução de suas emissões. A empresas recebem bônus
negociáveis na proporção de suas responsabilidades. Cada bônus, cotado em dólares, equivale a uma tonelada de
poluentes. Quem não cumpre as metas de redução progressiva estabelecidas por lei, tem que comprar
certificados das empresas mais bem sucedidas. O sistema tem a vantagem de permitir que cada empresa
estabeleça seu próprio ritmo de adequação às leis ambientais. Estes certificados podem ser comercializados
através das Bolsas de Valores e de Mercadorias e os contratos na bolsa dos EUA. (Emission Trading - Joint
Implementation).
Trata-se de um mecanismo de investimentos, pelo qual países desenvolvidos podem estabelecer metas
de redução de emissões e de aplicação de recursos financeiros em projetos como reflorestamentos, produção de
energia limpa. As empresas, por exemplo, ao invés de utilizar combustíveis fósseis, que são altamente poluentes,
passariam a utilizar energia produzida em condições sustentáveis, como é o caso da biomassa. Existe, enfim,
uma gama enorme de projetos ambientais e operações de engenharia financeira que podem ser desenvolvidos no
Brasil, proprietário das sete matrizes ambientais. (água, energia, biodiversidade, madeira, minério, reciclagem e
controle de emissão de poluentes - água, solo e ar)
A troca de créditos de cotas entre países desenvolvidos, que estabelecem limites de “direitos de poluir”
(Joint Implemetation e Emission Trading), pode ser transformada em títulos comercializáveis em mercados de
balcão (contratos de gaveta - side letters), ou em mercados organizados (Bolsas, Interbancários,
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Intergovernamentais, etc). Mas afirmar que poluição é mercadoria é um absurdo conceitual e chamá-la de
“commodity ambiental” é uma contradição.
Existe o risco dos certificados de carbono serem transformadas apenas numa operação financeira para
dar lucros aos seus investidores e acabar não gerando nenhuma vantagem para o meio ambiente. Isto é, se os
instrumentos econômicos forem uma promessa de capturar carbono no futuro.
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