INSTITUTO DE ARTES
Julho 2018
SUMÁRIO
I-INTRODUÇÃO....................................................................................................................1
II-JUSTIFICATIVA................................................................................................................2
III-METODOLOGIA...............................................................................................................2
IV-REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................................2
V- RESULTADOS ESPERADOS..........................................................................................9
VI- CRONOGRAMA-............................................................................................................10
VII-REFERÊNCIAS..............................................................................................................11
I-INTRODUÇÃO
Logo no começo do semestre de dois mil e dezoito, quando entrei na pós graduação,
meu tema era sobre gênero e as meninas do funk.Com o passar do tempo percebi que já
haviam muitas escritas sobre o tema, além de eu me familiarizar pouco com o ritmo” funk “.
A troca do tema ocorreu após muitas conversas com professores e colegas. Depois de algum
tempo de reflexões optei por abordar um tema bem intimo e complexo. Com o titulo
provisório de: Entre Música, Cantos e Lágrimas: a etnografia de mulheres musicistas vitimas
de violência doméstica, vivendo em um ocupação em Porto Alegre, descrevo a seguir sobre
essa problemática social, e tão atual em nossa sociedade.
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II-JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS
III-METODOLOGIA
IV-REFERENCIAL TEÓRICO
Escolhi a autora Ângela Davis, filósofa, ativista, feminista para começar o meu
trabalho, fazendo uma reflexão sobre as condições do sexo feminino na sociedade desde o
tempo da escravatura. Segundo ela desde o inicio da escravidão as mulheres negras
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trabalhavam mais fora de casa do que as mulheres brancas. A autora diz que naquela época as
mulheres eram olhadas como bens móveis, como unidade rentável de trabalho, não havia
distinção de gênero ao que se referiam ao trabalho braçal, as mesmas eram trabalhadoras o
tempo inteiro para os seus donos e só incidentalmente assumia o papel de mães, ou donas de
casa.
Segundo a autora, na época da escravatura as mulheres negras eram avaliadas pela sua
fertilidade, ou pela falta dela, ou seja, quanto mais à mulher reproduzia maior era o seu valor
de venda, afim de posteriormente essas crianças serem vendidas em qualquer idade, porque
assumiam a posição de animais. As mulheres negras eram tratadas como fêmeas, e estavam
constantemente vulneráveis a todas as formas de punição e violência sexual.
Em concordância com a escritora citada acima, outra autora que destaco na minha
escrita é Suely Carneiro, uma mulher negra Doutora em Educação, fundadora da Instituição
Geledés, Instituto da Mulher negra. Segundo ela, a identidade é algo que se constrói em
oposição a algum fator, é resultado de um processo cultural. A mesma traz a definição sexual
e racial a partir do nascimento, essas definições ajudarão na construção da identidade social
de cada indivíduo somados a elementos culturais, religiosos e psicológicos. Aborda as
diferenciações entre homens e mulheres, seja no ponto de vista físico, biológico ou cultural,
todos esses aspectos contribuem na construção de uma identidade negativa em relação à
mulher, a fim de justificar os diversos níveis de subordinação e opressão a que nós mulheres
somos submetidas e, assim promover nas mesmas uma aceitação de um papel subordinado
socialmente.
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A escritora debate a saúde da mulher e questiona sobre os métodos contraceptivos que
ainda hoje ficam sob a total responsabilidade do sexo feminino. Aborda a questão da violência
doméstica, foco do meu projeto de pesquisa, explana sobre o exercício da violência como uma
infração pública social e cultural. A autora traz questionamentos referentes à cara das
mulheres desse País, traz a negritude feminina as quais já trabalhavam em inúmeros
ambientes rudes desde a escravidão, ganhamos a identidade de objeto, a serviço de
sinhozinhos e sinhazinhas. Infelizmente ainda hoje é válido destacar que algumas culturas
com forte senso patriarcal reservam a mulher uma hierarquia social semelhante á do escravo,
negando-lhe direitos básicos que constituem a noção de cidadão.
Trouxe esse tema polêmico para o meu trabalho por ter a consciência de ser uma
mulher negra e, entender que se faz necessário uma ampla reflexão á respeito. A história da
cultura negra foi, e é de suma importância para nossa sociedade, e nós mulheres ainda
sofremos com os resquícios de uma sociedade machista, que ainda insiste em tentar nos
colocar grilhões a fim de nos limitar pela força e pelas vontades impostas pelo “outro”. Isso se
evidência através das personagens do meu projeto, as quais vivenciaram toda essa situação de
dominação, subordinação tão latentes dentro do universo masculino
A autora traz reflexões pertinentes sobre salários entre homens e mulheres, e enfatiza
as diferenças de salários de uma mulher branca e uma negra. Afirma que a cada segundo no
Brasil uma mulher é espancada. E questiona, será que a classe social participa na produção
das desigualdades?Segundo ela a nomenclatura “mulher” pode ter vários significados,
variando muito de acordo com o lugar, a classe social e o momento histórico onde ela está
inserida. Problematiza a natureza do termo gênero, e entende o que define toda essa
pluralidade das diferenças de gênero ao âmbito cultural. De acordo com ela, as mulheres são
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percebidas de acordo com os espaços sociais por elas ocupados. Através do pensamento
feminicistas ocorreram várias reivindicações voltadas para a igualdade no exercício dos
direitos, questionando ao mesmo tempo as raízes dessas desigualdades. Através da mesma
linha de raciocínio trago as observações da escritora abaixo citada, a mesma fomenta mais
argumentos sobre a temática e compactua com as mesmas idéias da autora em questão.
A leitura sobre o campo de música e gênero em nosso país, a qual também realizei
para a escrita desse texto, complementam as idéias dos demais autores citados até o presente
momento. Ainda segundo carneiro citado no inicio desse trabalho, que descreve o contexto
histórico social de inclusão e exclusão das mulheres nas mais diversas áreas da sociedade. A
mesma aborda a quão essa condição de desigualdade ainda nos afeta. Ainda mais nós
mulheres não brancas inseridas nesse contexto. Essa discriminação é estendida para além das
classes econômicas, e permeiam-se nas questões de orientação, identidade sexual, religião
etc... A autora retraça a trajetória da música no Brasil evidenciando as opressões,
subalternações, desigualdades, exclusões e marginalizações tão latente contra nós mulheres
nesse cenário artístico cultural. Traz fatos importantes para essa evolução, como as marchas
que aconteceram entre 2010 e 2014, tais como: Marcha das Mulheres Negras, Marcha das
Margaridas, entre outras demais. Essas marchas, e os movimentos feministas foram de
extrema relevância para o fortalecimento do gênero. Segundo a pesquisadora o campo da
música ainda hoje é predominante masculino, branco, androcêntrico,eurocêntrico, marcado
pela constante e crônica exclusão e silenciamento de mulheres( e de outros grupos sociais
historicamente marginalizados).
A música faz parte da nossa cultura é um instrumento de diálogo não verbal, e pode
desencadear profundos processos de transformações pessoais os quais afetam não só o próprio
ser, mas também o universo que o rodeia em todas as suas manifestações e formas. Penso que
nós mulheres devemos nos apropriar dessa ferramenta milenar, para que através dela nossas
vozes sejam ouvidas, e principalmente respeitadas na sociedade.
Essa realidade fica explicita através das conversas com as minhas colaboradoras a
respeito da minha pesquisa, a qual abordará a problemática vivida por cinco mulheres
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musicista. Minhas personagens são mulheres de baixa renda, com escolaridades diferenciadas,
sendo que, apenas uma encontra-se no momento fazendo graduação em Ciências Políticas, as
demais ainda não terminaram o ensino médio. Com idades entre 25 á 36 anos, de etnias
variadas, com sonhos, frustrações, esperanças, marcas, traumas e medos distintos, mas que
carregam algo em comum. A Paixão pela música. Pude observar que todas cultivam um
histórico de amor e parceria com suas habilidades musicais, e que seus respectivos parceiros
da época, as conheceram da mesma forma, ou seja, fazendo música. Nesses diálogos também
observei que, para os seus agressores a música sempre serviu como justificativa para os
episódios de agressões.
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a violência física que deixa marcas evidentes, são elas: a violência psicológica, física, sexual,
patrimonial e moral.
Os tempos mudaram, e nós mulheres saímos pra rua e assumimos o nosso lugar no
mercado de trabalho. Lembro que eu ao passar por esse drama há 23 anos não trabalhava, e
além do meu medo, tinha os meus três filhos ainda pequenos, esse foi um dos fatores que me
fizeram tolerar sete anos de agressões. Hoje percebo através da narrativa de minhas
colaboradoras, as quais trabalhavam e tinham o seu próprio sustento que pouca coisa mudou,
pois mesmo trabalhando e tendo suas profissões, ainda que, sempre diminuídas pelos seus
cônjuges e vistas como algo sem valor e pouco produtivo, que essas não dependiam
financeiramente de maneira integral do salário de seus agressores, e mesmo com toda essa
autonomia, as agressões continuavam acontecendo, pois os mesmos as mantinham sob seus
mandos e desmandos pelo mesmo fator paralisante, o medo. O medo é uma sensação que
proporciona um estado de alerta, devastado pelo receio de acontecer algo, geralmente é
gerado por ameaças, tanto física quanto psicológica. O medo enfatizado vira pavor.
Mulheres que passam por esse tipo de violência precisam ultrapassar várias barreiras,
vergonha, incertezas, discriminação, coação, culpa. E de novo o medo, de denunciar, e das
conseqüências pós denuncia. A vontade de sair de casa deixando tudo pra trás, vem de
encontro com as incertezas do futuro. Questionamentos constantes pairam sobre a cabeça de
quem vivencia o problema. Onde eu vou morar com os meus filhos?Será que conseguirei
sustentá-los? Será...essas, e muitas outras dúvidas permeiam na cabeça de quem vivencia o
problema durante semanas, meses, anos. A decisão de dar um basta aos maus- tratos é sem
dúvida um ato de coragem e libertação. Muitas vezes as únicas saídas para essas mulheres é
morar na casa de parentes próximos ou, em ocupações urbanas nos prédios desativados na
cidade. A segunda opção foi à saída escolhida por minhas colaboradoras. Com intuito de
recomeçarem uma vida nova, digna, longe de seus agressores.
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Segundo a literatura que escolhi para embasar essa questão em meu trabalho, diz que a
Política Nacional tem o objetivo de promover ás condições de acesso á moradia digna, em
especial a populações de baixa renda. Ressalto aqui a ocupação dos Lanceiros Negros, a
construção de uma ocupação urbana, decorrente de um movimento social em Porto Alegre,
oriundos de uma casa de acolhimento para famílias em vulnerabilidade social, que foi
destituída através de uma ordem de desocupação judicial no ano de 2017. Essas ocupações e
movimentos sociais urbanos são respostas as demandas que surgem nos espaços da cidade e
expressam-se através dessas reivindicações
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a devastação de uma vida submetida a agressões diárias, não e refaz em três meses. Muitas
vezes nem em uma vida inteira.
Por ser um tema de magnitude tão complexa faz se necessário que a cidade ofereça
mais casas albergue como a Viva Maria. Pois atualmente temos na cidade apenas essa
legalmente reconhecida pelos órgãos competentes. Faço o uso do termo legalmente porque
temos na cidade mais duas ocupações ilegais que acolhem essas mulheres. Uma delas fica na
Figueira, a qual eu não conheço. Segundo relatos é um local bem escondido, seu endereço
também não é divulgado (embora seja ilegal há essa preocupação por parte da administração
da ocupação) também não é permitida a entrada de pessoas estranhas no local. A outra é a
ocupação Mirabal, localizada na zona central de Porto Alegre, um local sociável,
aconchegante, que atualmente encontra-se com seis mulheres abrigadas, todas vitima de
violência doméstica. Foi lá que encontrei algumas das personagens protagonistas do meu
projeto de pesquisa
V-RESULTADOS ESPERADOS
Através desse trabalho, pretendo trazer para o debate, a violência contra as mulheres
que escolhem a música como profissão, as discriminações e o preconceito sofridos por quem
deveria apoiar e não usar a perversidade como forma de punição contra essas.Faz-se
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importante também ressaltar a falta de albergues legalizados pelos órgãos públicos, com
profissionais capacitados para atender essas mulheres musicistas ou não, e seus filhos. As
políticas públicas precisam olhar essa demanda assim como olham para as demais. Essas
mulheres precisam de “providência” social. Pretendo por intermédio desse chamar atenção
não só do gênero feminino mas da sociedade em um âmbito geral. Com intuito de trazer a
problemática para uma longa e exaustiva reflexão a respeito não só da violência doméstica, ou
de gênero, mas com intuito de instigar ações e reações mais tolerantes perante as pluralidades
existentes em nosso meio social.
VI-CRONOGRAMA
Etapa 1 X
Etapa 2 X
Etapa 3 X
VII-RFERENCIAL
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BRUSCHI,A,Paula ,C.S.& Bordin,A(2006).Prevalência e procura de ajuda na violência
conjugal física ao longo da vida.Revista Saúde Publica(40(2)256 64.;2006.
https://www.geledes.org.br/wp-content/uploads/2015/05/Mulher-Negra.pdfacesso em junho de
2018.
https://we.riseup.net/assets/165852/mulheres-rac3a7a-e-classe.pdfacesso:em junho de 2018
PISCITELLI-Adriana-Genero-a-historia-de-um-conceito-1-pdf.Disponívelem:
https://pt.scribd.com/document/364207069.acesso em junho de 2018.
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