JULIÁN MARÍAS
A
ESTRUTURA
SOCIAL
TEORIA E MÉTODO
T ra d u ç ã o d e
D iv a R. de T oledo P iza
A p re s e n ta ç ã o
de
G ilb e rto F re y re
DUA S C ID A D E S
TITULO DO ORIGINAL CASTELHANO
La estructura Social
Revista de Occidente — Madrid
JULIÁN MARÍAS.
EM TÔRNO DA IM PO R TÂ N C IA PA N IB É R IC A DA
OBRA D E JU L IÁ N M ARÍAS
Gilberto Freyre
I
O TEMA DA INVESTIGAÇÃO
A ESTRUTURA SOCIAL
1. Sociedade e história
2. O sujeito da história
mente diversa.
No século XX, e não antes, a situação muda. O aumento
iln longevidade faz com que haja muitos velhos e que êstes
iilU> sejam tão velhos; isto é, lhes permite constituir uma
fruçío social coerente, ainda que nümericamente inferior às
nulrtis, dizimada pela morte ou pela invalidez mas ainda em
fl loiras ordenadas. Isto significa que a geração mais velha, a
doi dc mais de sessenta anos, persiste. E isto levanta um pro
blem a delicado, que não cabe neste lugar, mas que não quero
deixar de, pelo menos, formular. A presença de um a geração a
mnis não é um fato desprezível porque significa um a alteração
na estrutura. As gerações têm funções precisas, e a intervenção
iilivu de quatro em lugar de três modifica as relações entre elas.
Significa, visto se tratar de um drama, a entrada em cena de
um novo personagem e como êste exige um papel, é necessário
proceder a uma redistribuição dêstes. Em que medida mudam
nu funções das três gerações mais jovens pela presença de outra
milis velha, plenamente ativa? O fato de que a função de “so
breviventes” tenha sido assumida pelos indivíduos vivos de
uma quinta geração — no momento atual, a de 98 na Espanha
- faz com que esteja “presente”, em um momento da história,
uma zona mais ampla do tempo histórico e dilata a retentiva
CHHcncial a tôda sociedade. Estamos, pois, a caminho de uma
transformação profunda da estrutura social e do esquema das
gerações: se esta longevidade maior se confirma e se estabiliza
durante muito tempo — esta condição é inexcusável — , não
sabemos se se consolidará um novo esquema de relação inter-
Uencracional — quatro gerações ativas e um resto “sobrevi
vente” — ou então se restabelecerá o anterior, reajustando-se
os “papeis” das gerações e a custa, é claro, de um a alteração
de seu ritmo e de um aumento do intervalo das mesmas e de
sua duração. Talvez o prazo de vigência de uma figura de
mundo aumente e se aproxime, em um futuro não muito remo
to, dos vinte anos mais ou menos; alguns fenômenos de infanta-
lismo, prolongação da adolescência e da juventude, etc., fariam
pensar nesta solução; é prematuro, porém, decidir acêrca das
estruturas das sociedades que se seguirão à nossa.
Relativamente à sucessão das gerações, deve-se acrescen
tar ainda uma palavra. Ortega distinguiu entre épocas cum u-
>84 JULIÁN MARÍAS
(3) Veja-se meu livro Los Estados Unidos en escorzo (Obras, III).
A ESTRUTURA SOCIAL 73
AS VIGENCIAS SOCIAIS
meiro lugar que a pressão exercida por elas sôbre o homem não
c homogênea. Tanto naquilo que têm de negativo — o que
chamei pressão contra — , como em sua vertente positiva —
pressão para — , mostram uma diferença de intensidade ou grau.
Esta intensidade tem que ver muito pouco com a “gravidade”
dos conteúdos das vigências; homens que não têm por excessi
vamente inconveniente a infidelidade conjugal ou o apropriar-se
de bens alheios, por nada do mundo sairiam à rua com um laço
no cabelo ou um tem o amarelo, escreveriam sem ortografia ou
de sandálias compareceriam a um a festa. H á alguns decênios
atrás não teriam saído à rua sem chapéu, a não ser em caso de
incêndio ou de algo parecido. Uma mulher não sairia com saia
comprida pela manha; em muitos casos preferiria dizer uma
mentira a uma palavra grosseira, ser caluniada a deixar de ser
convidada.
Isto mostra precisamente o caráter da vigência como tal:
quando o indivíduo opina ou julga, reparte a gravidade de acor
do com princípios de outra ordem; quando se trata dessa
prim eira regulamentação da conduta que é o ter que se haver
com um sistema de pressões, é a ordem própria das vigências
que decide. As vigências básicas são de tal m aneira fortes, que
mal se pode imaginar sua infração e, portanto, tão pouco seu
cumprimento: simplesmente se as executa. No outro extremo
se colocam as vigências débeis, sentidas somente como diferen
ças de “densidade” no meio social, caminhos mais fáceis em
certas ocasiões, resistências para a m archa em outras, suaves
correntes que impulsionam em certo sentido, no caso das vigên
cias para. Do mesmo modo com que a gravidade normalmente
retém no solo e ordena a posição dos objetos no mundo, as
vigências fundamentais estabelecem uma disposição geral da
vida coletiva, e sôbre êsse fundo atuam fôrças diversas que
determinam todo um sistema de campos.
Estes campos de fôrças têm, é claro, sua estrutura própria..
Em primeiro lugar, uma dupla estrutura temporal. Prim eira
mente, a que corresponde às gerações; cada um a destas tem,
como vimos, suas próprias vigências peculiares, além daquelas
que são comuns a tôdas as que coexistem num a sociedade e
num dado momento do tempo. A isto deve-se acrescentar ape
nas algo, mas de real importância: se tomamos as coisas
inversamente, não se pode dizer que sejam vigências de uma
112 JULIÁN MARÍAS
por outra mais breve: o sistema das vigências; mas com a con
dição indispensável de que se tome ao pé da letra a palavra sis
tema, como conjunto de elementos que se reclamam reciproca
mente e se sustêm ou sustentam uns aos outros, mediante um
conjunto de tensões operantes. E isto nos esclarece de relance
algo de maior interêsse: o fato de que a estrutura social é preci
samente um sistema de vigências, porém não uma sociedade.
Poderíamos dizer que a estrutura social é a sociedade
menos os homens e, portanto, o que de fato fazem. Com efeito,
as vigências são sempre para certos indivíduos, sôbre êles se
exercem, estão parcialmente constituídas pelas suas pretensões,
condicionam seu comportamento, o limitam ou o canalisam,
porém não o decidem. Com isto quero dizer duas coisas: 1)
que a estrutura social ou sistema das vigências não pode ter rea
lidade — nenhum tipo de realidade — que não seja com os
homens, isto é, integrando uma sociedade, como estrutura de
uma sociedade; 2) que, dado êsse sistema estrutural, não está
dada a efetiva realidade histórico-social, a qual é livre, condi
cionada, evidentemente, porém aberta, indecisa, imprevisível
enfim.
Vimos antes também que uma vigência nunca se pode
engedrar na vida individual, mas que a ação genética do indi
víduo tem que passar pela “m atriz” da vida coletiva para que
a vigência se produza efetivamente; tôda vigência pressupõe a
sociedade e portanto outras vigências: omnis vigentia ex
vigentia, poder-se-ia concluir. É esta outra forma de enunciar
seu sistematismo, a m era impossibilidade de tom ar uma vigência
isolada das demais. Por êsse motivo também, muitas vigências se
tom am “inexplicáveis”; o são, evidentemente, a partir da vida
dos indivíduos e também a partir da sociedade,se se quer apenas
considerar a “sua linha” ; porque a sucessão das vigências não
tem caráter linear, não se vão substituindo em sua ordem e
dentro de cada um dos aspectos ou dimensões da vida, porque
isto constitui somente o excepcional. Normalmente, cada vi
gência tem suas raizes na estrutura social íntegra e suas varie
dades procedem dessa totalidade, não da vigência “homóloga”
precedente. D aí que se tom e impraticável a derivação das
vigências em linhas abstratas: uma “história da moda”, da
alimentação ou do direito, tomadas ao pé da letra, são impos
síveis. Quero dizer que as mudanças da moda não procedem da
A ESTRUTURA SOCIAL 121
(3) Cf. minha Idea de la Metafísica, cap. VII e ss. (Obras, II).
132 JULIÁN MARIAS
se que isto não significa que seu conteúdo não seja crido. A
evaporação da crença deixa de pé a questão de ser ou não
recusado o seu conteúdo: não se trata, de modo algum, de
afirmações ou de negações. A crença nos deuses pagãos se vola-
tizou em um longo processo, ao têrmo do qual ninguém mais
acreditava na existência dêsses deuses. A crença no progresso,
que a Europa sustentou durante mais de um século, se volati-
lizou como tal crença, nela não mais fundamos nossa vida, mas
isso não significa que os europeus atuais neguem o progresso; a
maioria déles o afirmam, com mais ou menos restrições,
opinam que o progresso existe e determina em boa parte o
curso da historia. O mesmo se dá se se compara a crença me
dieval no sepulcro de Santiago de Compostela com a opinião
atual, compartilhada por muitos, de que ali efetivamente está
enterrado o Apóstolo, sem que dessa opinião decorram as
conseqüências que aquela crença tinha para os castelhanos do
século XII.
Se a “volatilização” de uma crença não significa, pois,
forçosamente sua negação, como se produz e qual o seu sentido
concreto? Trata-se de uma mudança de estrutura, e esta traz
consigo um deslocamento de seus ingredientes, entre os quais
figuram as crenças. Se um povo deixa de viver na selva para
viver em cidades, devido talvez a um rápido processo de indus
trialização, as crenças sôbre o mundo animal se tornam inope
rantes, ficam para trás, sem que se produza um a “mudança de
opinião” sôbre seus conteúdos. As crenças quase sempre se
dissipam por uma modificação da orientação, por um a variação
da perspectiva, que retira a atenção daquilo que anteriormente
a absorvia. N a maior parte dos homens modernos, a crença no
“mau olhado” foi substituída pela crença nos micróbios; note-se
que o decisivo não está na opinião de que o mau olhado é im
possível — ninguém se preocupou em o demonstrar, nem a
questão se propõe nesse sentido — ; a volatilização da crença
na possessão diabólica não exclui o fato de que muitos milhões
de homens atuais pensem que é possível e mesmo que se dê em
certas ocasiões; esta idéia não evjta que efetivamente não
contem com a possessão, e quando deparem com alguém que
apresenta os sintomas que tradicionalmente se lhe atribuiam,
não se lhes ocorra exorcizá-lo e sim levá-lo ao psiquiatra.
Muito freqüentemente uma nova crença eclipsa literalmente
A ESTRUTURA SOCIAL 135
Com o que foi dito até agora não se obteve ainda uma
teoria suficiente das idéias, das crenças e de suas relações,
porém se definiu as linhas de seu funcionamento dentro de
uma sociedade e, portanto, determinou-se as possibilidades m e
tódicas efetivas de estudar uma estrutura social. Mas as crenças
e as idéias como tais não bastam, e é necessário levar agora
em conta o fenômeno da opinião.
Disse crenças e idéias como tais, porque é preciso saber se
as opiniões são em si mesmas diversas de umas e outras, ou ape
nas um a forma de seu funcionamento. As opiniões são expressas,
e nisso se diferenciam das crenças em sentido estrito; não se “está
em uma opinião”, como se está em uma crença, e sim se “tem”
um a opinião como se tem uma idéia. Mas, por outro lado, não
deixa de ser sintomático que se use o verbo “crer” muitas vêzes
para manifestar as opiniões: “creio que amanhã fará bom tem-
(8) Sôbre isto, veja-se meu estudo “La novela como método de
conocimiento”, incluído no livro La Escuela de Madrid (Obras, V ).
A ESTRUTURA SOCIAL 167
o mundo opina alguma vez, e sim dos que, num certo sentido,
fazem profissão de opinar, daqueles que normalmente opinam
sôbre as coisas e, portanto, contribuem para formar a opinião,
isto é, a opinião dominante na sociedade.) Com efeito, os opi
nantes podem ser uma massa amorfa ou constituir um conjunto
ou uma série de conjuntos articulados. Quando se fala, por
exemplo, da existência de um público, indica-se ésse fato — e
também outro que veremos depois — . Em algumas sociedades
existem núcleos de “entendidos” ou connaisseurs que opinam de
maneira coerente sôbre política, literatura, música, teatro, ele
gância; êsses núcleos podem ser mais ou menos incomunican
tes, e, portanto, as opiniões se articulam entre si em diverso
grau: talvez os que opinam sôbre a ópera não têm conexão
com os que opinam sôbre a literatura, mas sim com os que
regem as opiniões sôbre a beleza feminina ou a elegância; e
em outros momentos ou em outros países é nos salões onde se
opina sôbre literatura. A estimativa geral em uma sociedade de
pende, em grande parte, desta estrutura da opinião; e portanto,
o que Ortega denominou o “poder social” que possui cada
profissão ou cada indivíduo: os escritores, o clero, os militares,
os ricos, os políticos e cada um dêles em particular. Quando
a opinião está dividida em compartimentos estanques não é
fácil uma valorização genérica, e o trato social torna-se titu
beante e difícil, a menos que exista uma estimativa geral de
tudo o que é particularmente estimado; isto é, as valorizações
estritas, procedentes de círculos parciais, contarão, nesse caso,
com uma “cotização” n a sociedade que permite estimar o que
é “importante” em qualquer campo; então o grande físico goza
de estima entre os que nada entendem de física, e o grande mú
sico entre os que dormem em um concêrto, e o grande toureiro
entre os que são incapazes de distinguir um “miura” de uma
vaca holandêsa, não porque êles opinem e sim porque os cír
culos respectivos opinem que uns e outros são eminentes.
A opinião dominante quase sempre nasce em círculos redu
zidos; muito freqüentemente procede de indivíduos: um crítico
provoca a opinião literária ou musical, uma dam a define a
opinião sôbre a elegância, uma revista inicia a opinião intelec
tual que vai dominar num a extensa zona, um jornal de especial
prestígio configura um setor de opinião pública. Um núcleo
m aior “segue” essas opiniões, porém ativamente; isto é, os in
divíduos que o compõem opinam também, porque entendem
170 JULIÁN MARÍAS
PRETENSÃ O E FELIC ID A D E
O PO D ER E AS POSSIBILIDADES
discutir coisas que não se permite discutir, etc., então surge essa
privação. Quando Sevilha ou Cádiz tinham o privilégio do
comércio com as Indias, isto não implicava falta de liberdade
mercantil; como não é falta de liberdade que só o Banco da
Nação possa emitir notas ou que únicamente o Estado possa
cunhar moeda; mas se existem as estruturas exteriores da in
dustria e do comércio, se se organizam emprêsas de produção
e intercâmbio de produtos, e de fato não lhes é permitido fazer
isso que em princípio fazem, nesse momento se produz a priva
ção de liberdade econômica. De um modo análogo, se a crença
dominante é que cada pessoa as organize como puder, trabalhe
ou não, ganhe mais ou menos, viva a um nível ou a outro, se
gundo o possa alcançar efetivamente, esta situação poderá ser
boa ou má, talvez lamentável ou inclusive atroz, porém é de
liberdade; enquanto que se existem estruturas trabalhistas —
sindicatos, escalas de salários, inspeção do contratos, direitos
adquiridos, associação à emprêsa, etc. — e não podem se pôr
eficazmente em funcionamento, nisto precisamente se estriba a
destruição da liberdade, visto contradizer a situação vigente. O
serviço militar obrigatório, embora o sendo, é conciliável com
a liberdade; porém não o é — ainda que seu volume seja enor
memente inferior — o sistema de recrutamentos forçados, em
virtude do qual se contradiz o pressuposto de que o cidadão não
está obrigado a servir no exército ou na marinha. E assim su
cessivamente.
Dêste ponto de vista deveria ser estudado o difícil tema da
liberdade intelectual, que costuma ser muito escassamente es
clarecido. . Quando existe um consensus efetivo em um a so
ciedade a respeito de que algo é indiscutível, não é supressão
da liberdade o não se o poder discutir. É evidente que quando
é êste o caso, o Poder não precisa incomodar-se em proibi-lo,
porque é a pressão social como tal — a pressão intelectual
quando se trata de um tema de pensamento — aquela que
adequadamente o impede; e a intervenção dos poderes tempo
rais quase sempre corresponde à não existência dêsse consensus
na sociedade. Por outro lado, na maioria das épocas históricas
não houve liberdade de cátedra, nem de pubücação, nem de
expressão oral pública; e, no entanto, seria inexato dizer que
nunca houve liberdade intelectual; do ponto de vista do século
X IX , isto é, entendendo-se por liberdade intelectual o que se
206 JULIÁN MARÍAS
ser assim, tal ação ou tal gesto soem ser omitidas. Não é casual
e sim muito significativo, que a palavra soência não exista, nem
em latim nem nas línguas románicas; o que existe é o têrmo in
solência, precisamente porque a “soência” aparece ao ser nega
da, violada por um ato insólito; e êste é o primeiro sentido que
tem em latim insolentia ou insolens: não o des-usado (que se
deixou de usar), mas sim o desabitual, desacostumado, que não
se sói fazer, estranho, extravagante; e por isso irritante, im per
tinente, perturbante, insolente em sentido moderno. A insolentia
é a novidade imprevista; diz-se de um nome muito extrava
gante, insolentissimum. E como isto exaspera e parece uma
agressão ao social, a insolência se carrega de associações pejo
rativas: é descaramento, falta de respeito, desejo de se distin
guir, falta de vergonha. Se bem se observa, se vê que a maioria
das condutas que parecem insolentes são violações de usos ne
gativos e, portanto, raram ente formulados; digo a maioria porque
a linguagem possui certa elasticidade que impede a exatidão,
porém se pode perceber que a tendência geral é inequívoca.
As mulheres, concretamente, estão submetidas, em quase
tôdas as sociedades, a um acúmulo de usos negativos ou “soên-
cias” ; foi isto que formulei outras vêzes dizendo que a situação da
mulher tem sido a de não poder fazer nada, a menos que houvesse
acôrdo social expresso de que se tratava de algo lícito. Em prin
cípio, nada era possível; um a “soência” geral gravitava sôbre
a porção feminina da humanidade, que se ia descobrindo e se
tom ando concreta à medida que as mulheres iam tentando com
portamentos que se revelavam “insolentes”, qualquer que fôsse
seu conteúdo: isto ocorreu com as primeiras mulheres que qui-
zeram estudar nas Universidades; nem sequer estava proibido,
porque não estava previsto; mas aí estava latente o uso negativo
de que as mulheres não iam à Universidade. O mesmo se deu
quando algumas mulheres começaram a sair à rua sozinhas, ou
ir ao café, ou exercer certas profissões. Idêntica impressão de
insolência produziu quando um a mulher se pôs a nadar, a
acender um cigarro, ou cruzar as pernas. Poder-se-ia multipli
car os exemplos. E note-se que quando se trata de um uso
positivo, sua infração não é considerada especificamente como
insolência: há sessenta anos parecia insolente a mulher que se
pintava, mas não a que era infiel a seu marido; hoje o parece
em alguns países a que usa calças compridas, mas não a que
A ESTRUTURA SOCIAL 215
AS RELAÇÕES HUMANAS
51. Os modelos
52. O am or
56. As cidades.
No se os faga í a n amarga
la batalla temerosa
que esperais,
pues otra vida más larga
de fama tan gloriosa
acá dexáis.
INDICE
Pág.
APRESENTAÇÃO .................................................................... 9
I. O tema da investigação: a estrutura social
1. Sociedade e história ..................................................... 27
2. O sujeito da história ................................................... 30
3. Regiões, nações, Europa ............................................. 33
4. Inseparabilidade de sociologia e história .................. 38
5. As estruturas sociais, definidas por tensõese movi
mentos 41
6. O problema da “situação histórica” .......................... 43
7. Elementos analíticos e empíricos da estrutura ......... 46
8. Macroestrutura e microestrutura da história:
épocas históricas e gerações ...................................... 48
V. Pretensão e felicidade