RESUMO: ESTE ARTIGO TEM COMO FINALIDADE APRESENTAR OS RESULTADOS DE DUAS HORAS/AULA PROPOSTAS
PARA LICENCIANDOS EM QUÍMICA QUE JÁ CURSARAM AS DISCIPLINAS LIBRAS I E II DE UMA INSTITUIÇÃO DE
ENSINO SUPERIOR NO PARANÁ E QUE INICIARAM SEUS ESTÁGIOS EM ESCOLAS ESTADUAIS NO SEGUNDO
SEMESTRE DE 2017. AS AULAS TIVERAM COMO OBJETIVO FAZER OS LICENCIANDOS CONHECEREM O “SURDO” E
SUAS PARTICULARIDADES, REFLETINDO SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES, PROBLEMATIZANDO O ENSINO
DE QUÍMICA PARA SURDOS. O DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA CONTOU COM A PARTICIPAÇÃO DO PROFESSOR
SURDO DA INSTITUIÇÃO, O QUAL FOI CONVIDADO A ASSISTIR OS LICENCIANDOS CONTAREM SUA BIOGRAFIA
UTILIZANDO IMAGENS, SINAIS E/OU GESTOS. OS DEPOIMENTOS DOS ESTUDANTES, APÓS A AULA, FORAM
PROBLEMATIZADOS JUNTO À AVALIAÇÃO DO PROFESSOR SURDO, RESULTANDO NA CONCLUSÃO DE QUE
DEVEMOS INVESTIR EM PRÁTICAS ENTRE AS DISCIPLINAS DO ENSINO SUPERIOR, POSSIBILITANDO MELHOR
COMPREENSÃO DO “SURDO” PELOS FUTUROS PROFESSORES.
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
relato feito depois de algum tempo, férias coletivas, demonstra o que de fato foi
significativo para cada um na ocasião.
Concebemos os depoimentos dos Licenciandos o nosso material de estudo,
“corpus de análise”, tratado a partir da Análise Textual Discursiva - ATD (MORAES,
2003). A etapa de “unitarização” (MORAES, 2003), ou fragmentação das ideias centrais
dos depoimentos, foram realizadas de maneira a construir categorias emergentes,
buscando aprofundar a discussão sobre a Formação de Professores de Química e o
Ensino para Surdos a partir de uma análise criteriosa dos depoimentos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O professor nos fez entender que o surdo também merece lutar pelos seus
objetivos e sonhos e que eles podem alcançar. Os relatos da sua vida, da
família e de como chegou até a Universidade foi emocionante, pois mostrou
sua determinação (Licenciando 1)
(...) não somente pela simpatia do professor, mas pela história que ele trouxe
sobre sua vida e suas experiências que enriqueceu bastante o (pouco)
conhecimento que eu tinha sobre Cultura Surda. (Licenciando 5)
não é Surdo, mas Ouvinte e afirmar que estes Licenciandos foram prejudicados em
suas experiências acadêmicas. Contudo, não apostamos em nenhuma das hipóteses
levantadas.
A questão da exclusão do Surdo, considerá-lo deficiente e não reconhecer sua
Cultura ou sua Língua é uma questão histórica, social e cultural. Por anos os sujeitos
Surdos lutaram pelos seus direitos de comunicação através dos sinais, pelo
reconhecimento de sua Língua e continuam batalhando por espaço na sociedade.
Assim, não é possível em 1 ou 2 semestres fazer com que anos de pensamento
hegemônico seja superado e esquecido.
Comprovando que o professor ouvinte não foi o responsável pela inexperiência
dos Licenciandos, apresentamos o depoimento de um dos estudantes com relação as
disciplinas anteriores:
“... embora interessante as disciplinas de libras não são nem um pouquinho
suficiente para alcançar algum bom contato e conhecimento sobre a cultura
surda, embora o professor que me lecionou essas disciplinas fosse de fato
excelente” (Licenciando 1).
Tivemos facilidade em nos comunicar com ele, principalmente pelo fato dele
falar também, assim não tivemos tanta dificuldade como seria caso tivéssemos
que entender todos os sinais. (Licenciando 4)
“... devem se surpreender muitos professores com o fato de uma hora para
outra ter que adaptar todos os seus métodos de ensino para um novo tipo
de público...” (Licenciando 5, grifo nosso).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atendendo ao chamado de Lopes (2007, p,221):
“Que perguntem, que esclareçam todas as suas dúvidas e que conheçam
nossas diferenças e que nos tratem como tal, é a questão para que não se
invente anormalidades onde elas não existem”
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