Enquanto a sociedade civil luta para reduzir a pobreza e salvar o meio ambiente, os governos
continuam gastando rios de dinheiro com despesas de guerra e com o poderio bélico para
manter a hegemonia global e para reprimir os conflitos internos. Enquanto as campanhas
ambientalistas incentivem os indivíduos a fazerem sua parte na defesa do meio ambiente, as
autoridades constituídas continuam esterilizando grandes volumes de recursos em gastos
militares improdutivos e letais. A produção de armas e instrumentos de destruição em massa,
no mundo, contrasta com a falta de recursos para produzir alimentos orgânicos, energias
renováveis e investimentos em saúde e educação da população global.
As despesas militares na Ásia e na Oceania aumentaram pelo 29º ano consecutivo. A China, o
segundo maior gastador global, aumentou seus gastos militares em 5,6% para US$ 228 bilhões
em 2017. Os gastos da China como parcela das despesas militares mundiais aumentaram de
5,8% em 2008 para 13% em 2017. A Índia gastou US$ 63,9 bilhões em suas forças armadas em
2017, um aumento de 5,5% em comparação com 2016, enquanto os gastos da Coreia do Sul, de
US$ 39,2 bilhões, aumentaram 1,7% entre 2016 e 2017. As tensões entre a China e muitos de
seus vizinhos continuam impulsionando o crescimento dos gastos militares na Ásia.
Conduzidos, em parte, pela percepção de uma crescente ameaça da Rússia, os gastos militares
na Europa Central e Ocidental aumentaram em 2017, em 12% e 1,7%, respectivamente. Muitos
países europeus são membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e, nesse
contexto, concordaram em aumentar seus gastos militares. O total de gastos militares de todos
os 29 membros da OTAN foi de US$ 900 bilhões em 2017, representando 52% dos gastos
mundiais. E o presidente Donald Trump pressiona por gastos ainda maiores da OTAN.
Os gastos militares no Oriente Médio aumentaram 6,2% em 2017. Os gastos da Arábia Saudita
aumentaram 9,2% em 2017 após uma queda em 2016. Com gastos de US$ 69,4 bilhões, a Arábia
Saudita teve o terceiro gasto militar mais alto do mundo. O Irã (19%) e o Iraque (22%) também
registraram aumentos significativos nos gastos militares em 2017.
Os Estados Unidos continuam a ter o maior volume de gasto militar do mundo. Em 2017, os EUA
gastaram mais com as suas forças armadas do que os sete países que mais gastaram juntos. Em
US$ 610 bilhões, os gastos militares dos EUA permaneceram inalterados entre 2016 e 2017. Mas
a tendência de queda nos gastos militares dos EUA que começou em 2010 chegou ao fim e as
despesas de guerra dos EUA, em 2018, devem aumentar significativamente para apoiar o
aumento de pessoal militar e a modernização de armas convencionais e nucleares, conforme
proposto pelo Partido Republicano e o presidente do país.
O mundo seria muito diferente se todos estes recursos fossem utilizados para erradicar a
pobreza e enriquecer o meio ambiente. Contudo, o lobby militar tem grande força para manter
seus orçamentos e para continuar, sem restrições, emitindo gases de efeito estufa que
provocam a aceleração do aquecimento global.
Portanto, é preciso inverter a lógica da estratégia da logística da destruição e destinar parte dos
1,74 trilhão de dólares utilizados anualmente nos gastos militares para erradicar a pobreza e
salvar o meio ambiente. Pacifismo e ambientalismo são bandeiras que se complementam.
A batalha pela justiça social e pela preservação da natureza passa necessariamente pela luta
coletiva contra a corrida armamentista, pelo fim dos gastos militares, pelo desarmamento, pela
harmonia entre os povos e pela paz em nível internacional, regional, nacional e local. Como
sonhou John Lennon, “Imagine todas as pessoas vivendo em paz”.
You may say I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day you'll join us
And the world will be as one
John Lennon
Referência:
SIPRI. Global military spending remains high at $1.7 trillion, 02/05/2018
https://www.sipri.org/media/press-release/2018/global-military-spending-remains-high-17-
trillion
PNUMA, 2011, Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza –
Síntese para Tomadores de Decisão, www.unep.org/greeneconomy
http://www.fapesp.br/rio20/media/Rumo-a-uma-Economia-Verde.pdf