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Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

Expopibid – 2014
Subprojeto Filosofia
Coodenador: Alfredo de Oliveira Moraes

Título: Política na Escola (Supervisor – Marcelo Alves Santos)

Autores: Evely Koroline Barbosa Maranhão


Leandro Januário Rodrigues de Santana
Rafael Toscano de Lucena

O voto no Brasil é opcional dos 16 aos 18 anos incompletos e a partir do 60 anos, sendo
obrigatório para todos os brasileiros e brasileiras na faixa etária dos 18 anos completos aos 60
inclompletos. A escola no seu papel social de formar para o exercício da cidadania, deve também
oportunizar o tratamento dos temas vinculados ao processo eleitoral. No nossso país, por causa da
influência do ecletismo se costuma dizer que política é coisa sobre a qual não se pode discutir. O
ecletismo não é filosofia? De que modo essa filosofia chegou a influir tanto na vida nacional? Bem,
para entender isso é preciso retomar um pouco da história da filosofia no Brasil.
Vejamos, o ecletismo é uma proposta filosófica que nasceu na Roma antiga, os romanos
tomaram os gregos e a sua cultura como os pais culturais da pátria romana, julgaram que tudo já
havia sido feito pelos gregos e que eles somente teriam o trabalho de fazer adaptações à vida
romana. Assim, entenderam, por exemplo, que em matéria de filosofia era somente por em prática o
que os gregos haviam construido no pensamento; mas, como decidir entre os vários filósofos
gregos, uma vez que todos tinham tanta riqueza a ser explorada? Os romanos decidiram, então,
tomar o 'melhor' de cada filósofo grego, aí nasceu o ecletismo; só que os romanos não se
preocuparam em resolver as divergências ou contradições entre os filósofos gregos. Desse modo,
como juntar o que havia de melhor, por exemplo, de Parmênedes de Eléia com o 'melhor' de
Heráclito de Éfeso, pois Parmênedes afirmava que o ser é, ou seja, o ser é imutável, eterno, perfeito;
enquanto Heráclito dizia que o ser é vir-a-ser ou devir, ou seja, está em processo permanente de
mudança. Resumindo: para Parmênedes nada muda, para Heráclito tudo muda.
A solução romana foi justapor as frases de um e de outro, sem preocupações quanto às
possíveis contradições, o ecletismo é, portanto, uma reunião de coisas contraditórias entre si,
díspares, como se alguém quisesse juntar água e óleo, isto é, líquidos imiscíveis ou que não se
misturam, resultado: não se forma verdadeiramente uma nova unidade as coisas apesar de juntas
permanecem separadas. Em consequência, o ecletismo não prosperou, ficou aí mesmo no seu
nascedouro. Contudo, no século 19, um intelectual francês, chamado Victor Cousin, ao se deparar
com problema semelhante, ou seja, frente a sistemas filosóficos contraditórios (os sistemas de G. W.
F. Hegel e F. Schelling) e não sabendo resolver as contradições nem escolher entre um e outro,
optou por reviver o ecletismo. O que isso tudo tem a ver com a gente? É esse justamente o ponto.
No século 19 as famílias brasileiras de maior poder econômico, mandavam os seus filhos
estudarem na Europa, pois aqui não havia, segundo o critério dessas famílias, escolas adequadas aos
seus filhos, claro que para cursar a faculdade era preciso sair mesmo do Brasil, pois por volta da
metade do século 19, ou seja, lá pelos anos 1850 os estudos superiores no Brasil estavam ainda se
consolidando, com faculdades apenas em Pernambuco, Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, com
muito poucos cursos. De modo que era comum as pessoas de maior poder econômico irem estudar
na Europa. Ora, quando Victor Cousin reeditou o ecletismo, por algum tempo isso se tornou moda
em Paris, justamente para onde íam estudar a maioria dos brasileiros. Assim, os brasileiros que
estavam lá por essa época trouxeram pra cá o ecletismo, como a última moda na Europa; na
verdade, não chegou a ser moda em toda a Europa, só em Paris e por pouco tempo, mas tempo
suficiente para vir para o Brasil.
O ecletismo ao ser recebido no Brasil fora dos meios acadêmicos, isto é, nas ruas, na vida
comum das pessoas, não passou por uma análise crítica, foi simplesmente aceito sem mais. Sua
atitude básica: evitar conflitos, conciliar interesses sem resolver os problemas; veio a ser traduzido
popularmente ou resumido na conhecida frase – 'a gente dá um jeito'. O famoso jeitinho brasileiro
que tantos males nos tem causado, pois por um lado, impede as pessoas de assumir posições
determinadas, se afirmarem como si mesmas, dizer o que querem ser temer com isso desagradar os
outros, isso criou o mito do brasileiro 'bonzinho' que concorda com tudo e todos.
Por outro lado, essa atitude eclética, numa sociedade como a nossa formada desde o
princípio pela Lei do Gérson – aquela que diz que é preciso levar vantagem em tudo, certo? Resulta
numa sociedade de interesses obscuros, onde ninguém confia em ninguém, pois não se sabe se o
que outro está dizendo é só para ser 'bonzinho', e assim, todas as organizações sociais ficam
prejudicadas, não temos verdadeiros partidos políticos, por exemplo, pois os nossos partidos não
passam de agremiações formadas por pessoas que não comungam um projeto de sociedade e nem se
quer têm um projeto ideológico partilhado, juntam-se apenas para alcançar o poder e realizar
interesses individuais, em sua maioria esmagadora, sem qualquer preocupação com o bem estar
social ou com a ética no exercício da coisa pública.
Um grande orador romano disse certa vez que 'quem não conhece a sua história permanece
sempre infantil', ou seja, sendo levado pelas mãos dos outros, alienado, sem consciência crítica. Por
isso é tão importante que possamos ter conhecimento da nossa história, da história dos pensamentos
que formaram a nossa maneira de ser, que saibamos o que esses pensamentos trazem implícito neles
e as suas consequências, para que possamos, quando for o caso evita-los ou nos reapropriarmos
deles para ter um presente melhor e um futuro mais digno como povo, como nação.
Mas, o ecletismo também nos alcança nas pequenas coisas do dia a dia, e quase sempre com
efeitos nefastos para nós, por exemplo, se numa 5ª feira estamos no Recife e alguém nos convida a
ir numa festa no domingo em Gravatá, e já temos outro compromisso ou simplesmente sabemos que
temos muito trabalho a fazer e não teremos ânimo para viajar até lá no domingo, o que respondemos
normalmente? Num sei se vai dá, num prometo nada, mas vou fazer o possível para ir. Na verdade,
já sabemos que não iremos, mas não queremos dizer não à pessoa que nos convida. Esse medo de
desagradar, nos levar a não assumir o que realmente queremos. Quanta coisa já fizemos ou
deixamos de fazer simplesmente por ecletismo!?
Ah! O ecletismo é também ficar em cima do muro, não ser contra nem a favor: votar nulo ou
em branco. Isso é bom ou é ruim?
Raciocinemos, se eleger é escolher e isso é um direito e um dever do cidadão ou cidadã, o
que você escolhe quando vota nulo ou em branco? Aparentemente você ao votar nulo ou em branco
não escolheu, mas, é possível não escolher? Segundo Jean Paul Sartre, um pensador francês do
século passado, que inclusive esteve aqui no Recife e participou de encontros com intelectuais
locais, juntamente com a sua parceira Simone de Beauvoir, pois bem, de acordo com este pensador
nós somos livres e nossa liberdade se revela na possibilidade da escolha, aliás, mais do que uma
possibilidade a escolha é uma obrigatoriedade, estamos condenados a liberdade, parece paradoxal,
mas é verdade, nós sempre escolhemos, mesmo quando não tomamos partido, quando não
escolhemos é porque escolhemos não escolher. No caso, do voto nulo ou em branco, escolhemos
não escolher ou o que é pior escolhemos escolher que os outros escolham por nós.
Pelo visto, bem que poderíamos dizer que o ecletismo com o seu saber tudo sem aprofundar
em nada, termina por nos levar a uma atitude alienante, sem capacidade crítica. Ora, porque no dia a
dia vivemos abstratamente a gente raramente percebe as relações entre as coisas, assim, quando
reclamos pela falta de transportes públicos que ofereçam serviços dignos, quando nos queixamos do
alto preço das tarifas de energia e serviços de telefonia ou transmissão de dados, como a internet
(lembramos que o acesso a internet já é gratuito na maioria dos países civilizados), quando
tomamos conhecimento de que em países como a Guatemala, as pessoas tomam água diretamente
da torneira e a água que pagamos e recebemos em casa não tem um tratamento adequado e por isso
não é potável, não podemos bebe-la diretamente da torneira; quando os serviços médicos oferecidos
pelos nossos governos são precários, os sistemas educacionais não têm a qualidade que gostaríamos
e a nossa segurança, mesmo em casa, é sofrível e as nossas prisões ao invés de reeducar parecem
mais escolas de formação de criminosos; quando tudo isso acontece ou nos vemos frente a uma
delas, não lembramos que são os políticos que elegemos que governam essa realidade e poderiam
ou até mesmo deveriam resolver esses múltiplos problemas.
Muitas vezes nos comprazemos da inocência do sertanejo quando sofrendo os horrores da
seca, elevam as mãos por céu e pedem misericórdia divina, pois julgam que a seca é resultados dos
seus pecados, desconhecem que a seca é fruto de uma decisão política, o Estado de Israel, por
exemplo, está encravado num deserto, com um mar de um teor de sal maior do que o nosso e, no
entanto, usa processos de dessalinização da água e tem verdadeiros pomares em pleno deserto; Mas,
não seria também 'inocência' nossa todo o rosário de queixas que há pouco mencionamos? O que é
cidadania? É esperar um milagre ou um 'salvador da pátria' para resolver nossos problemas?
Muitas vezes comentamos que os políticos só aparecem em tempos de eleição, mas assim
como sabemos fazer carnavais fora de época e movimentos sociais específicos para interferir na
paisagem do cais de Santa Rita, ou arrecadamos milhões para o Criança Esperança e outros do
gênero; por que não nos dedicamos às cobranças, às exigências dos nossos direitos de cidadania ou
será que pensamos que com o direito eleitoral resolveremos nossos problemas?
Exercer a cidadania é exercitar a nossa liberdade no grau mais elevado que até hoje
conhecemos, nos tempos da ditadura militar clamávamos pelo direito à liberdade de imprensa, pela
liberdade de dizer o que pensávamos, com a redemocratização conquistamos o direito de falar
responsavelmente o que queremos e as denúncias de corrupção vieram à tona, agora já não basta
denunciar a corrupção, queremos a punição dos culpados, mas, como fazer isso se a corrupção
alcançou praticamente todas as esferas da vida pública e privada?
Ficamos deslumbrados quando sabemos, por exemplo, que um operário que chega mais
cedo na fábrica, lá na Suécia ou Alemanha, estaciona o seu carro no lugar mais longe da porta da
fábrica, pois espera que se algum colega seu chegar atrasado possa estacionar mais próximo para
não perder mais tempo, ele supõe que o atraso do colega não é voluntário e que, portanto, deve
ajuda-lo; achamos isso muito bonito, comovente grau de consciência social, mas como agimos nós?
Infelizmente, assistimos brigas por vaga em estacionamentos de shoppings, a velha Lei do Gérson
nos faz acreditar que é preciso levar vantagem sobre os outros, ora, numa sociedade em que todos
querem levar vantagem individualmente, ninguém leva vantagem socialmente.
Do mesmo modo, criticamos os corruptos, sejam políticos ou administradores das empresas
estatais, mas somos capazes de no dia a dia cometer pequenos deslizes sem culpa, tipo: furar uma
fila, burlar uma lei de trânsito, pressionar o botão do elevador para subir e descer quando não
podemos querer as duas coisas ao mesmo tempo, somente para forçar que o elevador nos atenda
antes dos outros etc. A isso a filosofia chama de pensamento abstrato, abstrair de tudo e de todos e
pensar só em si mesmo como uma existência absoluta, que vive fora da comunidade e não tem
nenhuma relação de compromisso com os outros. Parece que acreditamos ser possível uma
cidadania sem ética ou sem compromisso com o outro.
A propósito o que é ética? A ética mais do que uma ciência do comportamento humano é
uma práxis social, ou seja, como o ser humano não tem determinações no seu código genético que
definam seu comportamento social, nós necessitamos criar normas de convivência que nos
possibilitem a vida comunitária; ora, se como nos ensinou Aristóteles, o homem é por natureza um
animal político, isto é, da pólis (da cidade) e que por isso não pode viver isolado, a nossa vida e não
somente em termos de qualidade, mas de possibilidade de existir depende inteiramente da nossa
capacidade de viver com os outros, de conviver, de partilhar a existência. Por isso, ser ético não é
uma contingência, uma coisa que cada um de nós pode escolher ser ou não ser, mas é uma
necessidade absoluta, disso depende a nossa vida por inteiro.
A cidadania está, portanto, numa relação de implicação recíproca com a ética, uma não pode
ser exercida sem a outra, não devemos achar que atos éticos cabem apenas aos dirigentes das
empresas públicas e privadas, aos governantes, ao poder legislativo e ao poder judiciário, deve estar
presente nas grandes decisões, ora sabemos que que tem de estar presente nessas altas esferas da
vida social, mas devemos, igualmente, nos lembrar de que ética e cidadania devem estar presentes
em cada ato que realizamos e que repercute na vida dos outros. Ninguem é uma ilha, já ouviram
essa frase? Pois é, vivemos em relação seja com o meio ambiente, seja com os nossos semelhantes.
Por certo, não podemos entender como uma coisa piegas o cuidar do outro e a defesa do
meio ambiente (animais e plantas, principalmente), temos de nos conscientizar de que esse cuidado,
e aqui vale compreender o cuidado no sentido em que é empregado por Martin Heidegger (pensador
alemão do século passado), como o proteger e levar à plenitude. Significa dizer que devemos nos
esforçar para que nossos atos contribuam não apenas para preservar o meio ambiente e os nossos
semelhantes, mas, sobretudo, para propiciar de algum modo o bem estar e o desabrochar das
potencialidades alheias, assim como as nossas.
Percebem quantas implicações há na política e o quanto a Filosofia pode nos ajudar a nos
situarmos melhor, compreendendo melhor nosso papel no Universo? As questões políticas longe de
serem objeto apenas de teses acadêmicas e discursos eloquentes, na verdade são vitais para a nossa
existência; do amadurecimento que vem com o pensar, refletir sobre as situações, sobre os
momentos da vida política, sobre os direitos de cidadania e suas implicações, sobre as
complexidades das relações sociais é que podemos alcançar nossa própria evolução, nosso
desenvolvimento social, nossa civilidade.
Precisamos ouvir as propostas dos candidatos atentos, não para julgar de antemão se são
verdadeiras ou falsas, se em princípio são exequiveis ou não, mas para avaliar em que medida essas
propostas não compatíveis com a história de vida de cada candidato, pois o que eles fizeram no
passado são o melhor indicativo do que podem fazer hoje ou amanhã. Lembremos que é sempre
possível escolher um candidato para votar, não podemos cair no pensamento enganoso de que a
partir da má conduta de alguns políticos ou mesmo de muitos a gente possa julgar a todos. De
mesmo modo, não podemos pensar que porque esse assunto não cai na prova é perda de tempo
estuda-lo, ou porque a aula não teve fórmulas científicas na lousa foi menos importante ou mesmo
não teve aula, foi só uma conversa. É preciso fazer sempre o exercício da reflexão a partir das
informações que recebemos, só assim teremos consciência crítica e poderemos direcionar nossos
atos à conquista da cidadania que queremos.
Essa é a visão que temos de como deve ser tratada a política na Escola, bem como, de como
esse tema pode servir à pratica docente na formação do educandos.

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