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Orientarão Bibliográficat

uma experiência

Luís Augusto Milanesi"^

A disciplina Orientação Bibliográfica da O Departamento de Bibliotecono-


ECA/USP situa a prática da busca de mia e Documentação da Univer-
informações em biblioteca dentro de uma sidade de São Paulo está inte-
atividade abrangente que vai desde a grado na Escola de Comunicações e
escolha do assunto, coleta e organização Artes. Esta, além de bibliotecários,
dos dados até a apresentação das forma jornalistas, cineastas, publicitá-
conclusões e avaliação do produto final. A
bibliografia é elemento que adquire rios, músicos e outros profissionais
exata dimensão para o estudante na identificados como "comunicadores".
medida em que for significativa dentro Na formação desses elementos julgou-
das etapas da elaboração de uma se conveniente incluir, ao lado de um
pesquisa. Esta só tem sentido para o aluno leque vasto de disciplinas, uma deno-
quando ele compreende a função da minada Biblioteconomia, Bibliografia
Universidade. e Documentação, ministrada aos alu-
nos do ciclo básico. Tal denominação
abria um campo tão amplo quanto
vago. Seria possível dar aulas de cata-
logação para cineastas, de indexação
para artistas plásticos e de uso da
biblioteca para bibliotecários. Poste-
riormente, foi eliminado o termo Do-
cumentação do título da disciplina
(sem que aí houvesse qualquer impli-
cação ideológica), mas sem, ainda,
resolver o problema, pois Biblioteco-
nomia e Bibliografia não querem dizer
muito em termos, de direcionamento
de conteúdo.

* Bacharel em Biblioteconomia, Mestre em Ciên-


cias da Comunicação e Professor da Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São
Paulo.
R.Bras.Bibliotecon.Doc.ll(l/2):47-64, jan./jun.l978 47

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Luís Augusto Milanesi!
Com esse título incrustrado no ções, de qualquer maneira, não seriam
rol das disciplinas da Escola de Comu- confirmadoras de uma situação ante-
nicações e Artes, coube aos professo- rior, sob pena de se reforçar o estereó-
res desincumbirem-se da trabalhosa tipo bibhotecário. Ou a profissão era
tarefa de oferecer aos alunos uma ruim mesmo ou estaria havendo al-
disciplina que pudesse ter alguma uti- gum mal entendido. Os professores
lidade geral. As dificuldades começam bibliotecários, acreditando na segun-
pela própria existência de Biblioteco- da possibilidade, escolheram uma di-
nomia na ECA: supõe-se, de modo reção identificada como utilitária. A
genérico, que ela nada tem a ver com Biblioteconomia e Bibliografia não se-
Comunicação e muito menos com ria uma introdução às técnicas de
Arte. Essa é a impressão dos alunos no classificar e catalogar, mas um subsí-
ato da matrícula quando eles devem se dio ao trabalho intelectual de univer-
inscrever numa disciplina chamada sitários. Mais precisamente, ela daria
Biblioteconomia e Bibliografia logo instrumentos de pesquisa e de elabo-
no primeiro semestre. E não é sem ração de trabalhos aos ingressantes na
espanto e desencanto que o fazem. universidade. Assim, semestre após
Sabe-se que a profissão de bibHotecá- semestre, procurou-se ajustar a disci-
rio tem uma imagem um tanto avaria- plina à Escola de Comunicações e
da, colocando-se em oposição a pro- Artes e, portanto, aos alunos de Jor-
fissões, como jornalismo por exem- nalismo, Relações Públicas, Publicida-
plo, que todos julgam mais bem remu- de, Turismo, Música, Editoração, Ci-
neradas, mais emocionantes e com um nema, Artes Plásticas, Teatro e, inclu-
papel social mais importante. O este- sive, Biblioteconomia e Documen-
reótipo do bibliotecário é feminino tação.
como o do geólogo é masculino. Nada O contato inicial com os alunos,
de mal haveria nisso se ao feminino
em 1972, mostrou que o trabalho
não fosse acrescentado o termo "pa- deveria ser organizado a partir da
cata", ou pior, "não-criativa". Não é
biblioteca, mas tal ponto de partida
preciso muita imaginação para se con- não pôde ser seguido pelo simples fato
cluir que os discentes, os 90% que
de ser a biblioteca uma quimera (ou
optaram por outras carreiras, não
um fantasma) na vida escolar brasilei-
evitariam um certo desdém pela disci-
ra. Ou ela não existia ou era um
plina Biblioteconomia e Bibliografia,
desastre. Portanto, não foram criadas
algo fora de propósito para quem
atividades a partir da bibHoteca uni-
procurava as emoções do Jornalismo, versitária, mas da idéia fundamental
a exuberância do Teatro, a criativida- de que ela é útil. Ou seja, sem ela
de do Rádio e TV. Enfim, Biblioteco-
dificilmente haverá ensino. Aí surge a
nomia mostrava-se uma profissão sem
necessidade de vincular a biblioteca a
nenhum charme e, ainda, despolitiza-
um conjunto de elementos pois ela
da. A disciplina, portanto, só iria
não existe isolada. Em primeiro lugar,
ocupar um espaço que poderia ser
à pesquisa. E depois, a pesquisa à
aproveitado para estudos mais enqua-
universidade. E necessário que o alu-
drados nas expectativas dos discentes.
no tenha oportunidade de estudar a
Em vista do panorama, novos cami- função da universidade para poder
nhos deveriam ser tentados. As op- entender a biblioteca no conjunto. De
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acordo com o seu conceito ele direcio- tuindo, as doses homeopáticas de um
nará as suas pesquisas e o seu próprio ensino de doze anos que transforma-
relacionamento com a biblioteca. ram a biblioteca em uma inutilidade.
Dessa forma, não basta dizer que a
2. O ENSINO SEM biblioteca é fundamental. E preciso
A BIBLIOTECA NECESSÁRIA demonstrar isso, demonstração que
Estudante e livro, ao que tudo indica, contraria as experiências anteriores
nunca se deram bem no Brasil. Am- sendo, portanto, uma tarefa difícil.
pliaram-se as escolas, as instituições
As reformas do ensino brasileiro
de ensino superior multiplicaram-se,
levam por decretos a um objetivo
mas entre os que estudam e os livros
vago, controvertido e até misterioso: a
há, ainda, um fosso. Esse distancia-
pesquisa. De repente, foi introduzida
mento corta pela raiz quaisquer possi-
uma nova palavra na vida escolar que
bilidades de desenvolvimento de pes-
apesar de ampliar o vocabulário não
quisa. E isso ocorre a partir dos estu-
introduziu uma nova prática. Ou pelo
dos primários. O manual ensebado
menos uma prática mais adequada ao
continua cortando a procura de infor-
sentido do termo pesquisa. No dia-a-
mações. Como um defeito atávico a
dia do escolar brasileiro pesquisar é
situação persiste e, provavelmente,
copiar enciclopédia ou, quando o alu-
não serão os bibliotecários os que
no é brilhante, transcrever páginas de
romperão com ela. A biblioteca não se
livros. De forma geral os textos enci-
mostra um elemento imprescindível
clopédicos, aqueles que geralmente
ao processo sistemático de educação.
adornam com os seus dourados as
Portanto, ela é ineficiente porque ain-
estantes das classes média e alta, são
da não foi estabelecido o seu lugar na
suficientes para as pesquisas que os
escola. Com a sua indigência, caracte-
professores pedem. Tanto assim é que
riza-se como um organismo caridoso
existem algumas enciclopédias com
para servir aos estudantes que não
poucos verbetes, exatamente aqueles
tenham condições financeiras que per-
mais solicitados pelo programa oficial
mitam a eles entrar no rol privilegiado
de ensino.
dos que compram livros. Isso, quando
a biblioteca existe. Uma prática errônea de pesquisa
(saberiam os mestres pesquisar?), uma
Dentro da regra geral aparecem
organização escolar transferidora de
as exceções, mas elas não alteram a
conhecimento sem mudança de com-
paisagem. A bibHoteca é o pé de barro
portamento, os cursinhos (onde o ter-
do ensino brasileiro.
mo educação pode ser substituído por
O estudante ao chegar à universi- amestramento) e por fim, sem que seja
dade vem com a carga que recebeu e, o problema menor, as bibliotecas es-
talvez por isso, as bibliotecas universi- colares fazem do ingressante, o orgu-
tárias estejam também aquém do de- lhoso calouro, um despreparado para
sejável. Então, é preciso começar da as tarefas básicas de um curso supe-
base, trazendo aos alunos em um rior. Ultimamente, o problema vem
semestre uma série de informações sendo resolvido com o rebaixamento
que os leve racionalmente a re-ver o geral do nível universitário, tornando
problema, na esperança que os dados as faculdades dignas do ensino médio.
novos possam suprir a falta, substi- O problema do aprimoramento do
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ensino, no entanto, permanece com- grafia ou Orientação Bibliográfica po-
plexo, tendo as universidades mais de ter alguma utilidade num curso
exigentes dificuldades para adaptar as superior. Isso se a organização do
hordas de ingressantes que passam ensino universitário permitir levanta-
pelo vestibular, mas que não sabem mento bibliográfico, busca de infor-
colocar uma idéia no papel, às exigên- mações, pesquisa. Um procedimento
cias mínimas da universidade. Aí surge pré-gutenberguiano leva, com muita
um impasse claro, ou o professor freqüência, o professor a assumir o
desce ou os alunos sobem. Geralmente papel de animador de auditório, um
a lei da gravidade prevalece. showman apto a manter a multidão
Quando se indaga a um universi- presa ao seu discurso. O ensino per-
tário, de preferência a um que está manece na fase oral, ainda que não
saindo do curso, como ele realiza os seja peripatético, o que faz supor a
seus trabalhos escritos (quando os conveniência de ser transferida as pre-
há), as respostas mais freqüentes são: cárias verbas das bibliotecas para a
montagem de textos a partir de con- criação de áreas adequadas à prática
sultas aos livros que estejam em volta peripatética. Isso, sem dúvida, seria
da máquina de datilografia; leitura e mais adequado que confinar os alunos
resumo, comentado ou não; elabora- em salas onde devem ouvir, ou não, as
ção a partir da memória (uma espécie aulas preparadas pelo professor.
de psicografia com fortes traços literá-
rios). Deve ser observado, ainda, que Esse processo de ensino funda-
essas técnicas de elaboração de textos menta-se, em grande parte, na memo-
escritos são realizados quase sempre rização. O professor, ciente do pro-
em grupo. grama, prepara as suas aulas, prova-
velmente a partir de alguns textos; em
Estabelecido tal quadro e não se
classe, expõe da melhor maneira pos-
aceitando a universidade como uma
sível o que preparou, usando a lousa
barreira formal que se antepõe ao
e, quando mais sofisticados, recursos
diploma, mas encarando-a como uma
audiovisuais. Não deve ser descartada
instituição que desenvolve a criativi-
a possibilidade do ditado do "ponto".
dade como exigência de solução dos
Ao aluno, cabe reter as palavras do
problemas do meio que a mantém,
mestre, aquilo que ele conta. Os que
torna-se imperioso marcar uma dife-
têm memória fraca usam recursos
rença entre o ensino anterior e o
mnemônicos. Normalmente, os dis-
ensino na universidade. E isso não
centes colhem as palavras do profes-
será conseguido pela mudança dos
sor, registrando-as no caderno para
assuntos estudados ou por um maior
posterior estudo. Vale dizer que a
aprofundamento deles, mas sobretudo
taquigrafia nesse caso é muito impor-
pela aquisição de um novo instrumen-
tante já que o professor faz um ditado
tal de trabalho adequado às novas muito rápido.
exigências (ainda que este instrumen-
tal, dificilmente, torne os alunos mais Após o processo de transferência
criativos). de informação do professor para o
aluno cabe a este provar que reteve na
3. A MEMÓRIA É O MEIO memória as lições. O aluno é, então,
E' exatamente aí que uma discipli- provado, averigüando-se no fim do
na chamada Biblioteconomia e Biblio- período letivo se ele sabe reproduzir
50 R. Bras. Bibliotecon. Doc.ll (1/2): 47-64, jan./jun. 1978

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aquilo que o professor disse, ou me- tas que no dia-a-dia mostram-se im-
lhor, aquilo que o professor pretende prescindíveis. E essas respostas serão
que ele saiba. Feita a prova, as infor- as realimentadoras da interrogação
mações são liberadas e descartadas. Já num processo contínuo de pesquisa. E
cumpriram a sua função. só dentro desta visão que as bibliote-
cas escolar e universitária têm sentido.
Eventualmente, é usado um livro Fora dela, as bibliotecas não passam
básico, um texto "adotado". Isso sim- de coleções semi-mortas de livros,
plifica um pouco a tarefa de docentes geralmente os adotados, que os alunos
e discentes, pois, com ele, elimina-se o menos privilegiados retiram para fa-
ditado. O que é preciso ser aprendido zer as tarefas de casa. A função biblio-
está no livro. Na ausência dele circu- teconômica torna-se, então, assisten-
lam as apostilas que são transcrições cial num esforço das associações de
resumidas das aulas ou textos selecio- pais e mestres para impedir que a
nados de vários autores. Com esses kixa de menor poder aquisitivo fique
textos, normalmente, são realizados sem os livros que o professor pediu.
os seminários que, com freqüência, se
Esses livros, provavelmente, são o
caracterizam como aulas dadas por
complemento ou a redundância da
alunos.
aula dada, uma extensão do magister
Muitos caminhos são propostos, dixit.
indicados para a superação desses
problemas. Um deles envolve a tecno- A disciplina Orientação Biblio-
logia, propondo o uso de máquinas gráfica só se ajusta a uma organização
educativas: projetores, gravadores, re- de ensino que prevê bibliografia. Isso
troprojetores e outros equipamentos não deve ser motivo para espanto,
da parafernália eletrônica que preten- pois, vez ou outra, chegam notícias de
de ensinar. Ao professor que, normal- atritos entre professores e bibliotecá-
mente, recebe os pacotes informativos rios por estes permitirem o acesso dos
prontos cabe acionar botões, reprodu- alunos a livros outros que não os
zindo audiovisualescamente o mesmo adotados. Neste caso, a simples con-
esquema de aula expositiva: transferir sulta a um catálogo ou a busca numa
para os alunos as informações (se estante podem ser caracterizadas co-
assim podem ser chamadas) pertinen- mo uma prática, em certa medida, que
tes ao programa. Depois de todas contradiz senão o sistema de ensino
essas inovações o sistema de "tomar o que está escrito nas leis, decretos,
ponto" do aluno é o que prevalece. normas e portarias, pelo menos a
prática estabelecida. Portanto, as téc-
Sejam quais forem as alterações nicas desenvolvidas para a busca de
de recursos, o sistema de ensino, como informações articulam uma atividade
um todo, leva aqueles que aprendem a incômoda ao processo de transferên-
reproduzirem, num exercício cansati- cia de pacotes de sabedoria do profes-
vo de memorização ou mesmo de sor ao aluno. Esse é o motivo funda-
cópia, aquilo que deve ser apreendido. mental para, antes de entrar na orien-
A opção a isso seria um trabalho mais tação bibliográfica, discuti-la num
fundamentado na criatividade que campo adverso à sua existência e
permitisse aos alunos, com a orienta- analisar as suas possibilidades de so-
ção dos professores, buscar as respos- brevivência.
R. Bras. Bibliotecon. Doe. 11 (1/2); 47-64, jan./jun. 1978 51

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igual a tantas outras espalhadas no
decorrer dos semestres, mas que deve-
rá superar estoicamente ou à maneira
de Pedro Malazartes, ou será uma
4. REVISÃO DA possibilidade de re-visão de todo um
procedimento de pesquisa realizado
BIBLIOGRAFIA
anteriormente.
O levantamento bibliográfico su-
O aluno ao chegar à universidade põe a necessidade de se ter acesso a
vem célere na bitola enrijecida duran- informações circunscritas numa área
te vários anos de vida escolar e, então, de conhecimento como acontece na
a Orientação Bibliográfica será, ou maioria dos casos. Portanto, antes da
uma barreira sem sentido para ele, bibliografia deve existir a necessidade
de informação. Aí abre-se a perspecti-
va do estudo da pesquisa na universi-
m ijli f^ jJ"-.- ■■■ -- dade e, como decorrência, a própria
função desta. Ou seja, biblioteca-
busca de informação-universidade são
elementos articulados que se movem
m uns em função dos outros. Supor que
um levantamento bibliográfico possa
'Tft
interessar profundamente aos que
procuram chegar ao diploma com o
' ■ mínimo de dor possível é entrar mal
na área de Orientação Bibliográfica.
m Antes do conhecimento das técnicas é
;158| importante que se conheça a função
delas. E preciso dar um sentido às
novas aquisições para que os discentes
possam saber o que fazer com elas.
m Um dado novo sem sentido, ou par-
cialmente compreendido, não é assi-
ÍS - milado ou se atrofia. O fenômeno é
paralelo à alfabetização: por mais que
se faça propaganda em torno das suas
vantagens, ela não terá êxito se a nova
# aquisição não puder ser utilizada. Em
pouco tempo os alfabetizados regredi-
Í!B !
íTJ
Orientação Bibliográfica: uma experiência
rão ao estado anterior. O mesmo um catálogo e listagens. Como isso
ocorre com o trabalho bibliográfico, ainda não ocorre cabe aos professores
que supõe o domínio de uma certa desenvolverem a outra parte do todo;
técnica. Acredita-se que num curso o por quê fazer. O elemento mecânico
superior haja a certeza por parte de da busca é apenas um dos elementos
professores e alunos de que não é da pesquisa, cabendo à criatividade
apenas necessário dominar a escrita um papel fundamental no processo. E
(fenômeno que nem sempre ocorre), ela, infelizmente, não é nenhum dom e
mas dispor de instrumentos para en- nem pode ser adquirida num semes-
contrar os dados necessários para de- tre nem por professores, nem por bi-
senvolver um pensamento, e isso pode bliotecários.
ser entendido como uma espécie de Dentro do por quê fazer situa-se
segunda alfabetização. O ler e enten- a visão que o aluno tem de pesquisa.
der não é suficiente, é preciso saber Por sua vez a idéia de universidade
chegar ao que é procurado. determina os caminhos da pesquisa.
Uma pergunta que se faz com Portanto, torna-se imprescindível que
freqüência é se esta segunda alfabeti- os discentes tenham um conceito de
zação é tarefa de professores ou bi- universidade e do trabalho universitá-
bliotecários. Aqui não deve ser feita rio para que a ação possa ter compati-
nenhuma divisão de categoria. Profes- bihdade com a visão. O sentido que
sores, bibliotecários e todos que tra- um aluno encontra num levantamento
balham com ensino ou cooperam com de informações está ligado ao sentido
a formação do indivíduo participam que um determinado curso ou discipli-
do processo permanente da descober- na tem para ele. O levantamento bi-
ta dos caminhos de acesso às informa- bliográfico existe em função de um
ções. O bibliotecário, especificamente interesse e este deve situar-se no con-
por suas funções, tem a possibilidadè ceito que ele tem de universidade.
maior de atuar sistematicamente so- Caso contrário haverá contradição.
bre o público que se dirige à biblioteca Educação só existe quando há
buscando informações. De forma ge- mudança de comportamento. Se o
ral, e infehzmente, o bibliotecário tor- aluno através da Orientação Biblio\
na mecânica a função da busca, ditan- gráfica vai aprender como utilizar
do, nem sempre com bom humor, as alguns dos instrumentos da pesquisa,
instruções necessárias que permitem esses instrumentos devem ser adequa-
ao usuário ter acesso aos dados que dos aos objetivos dele como estudante
deseja. Isso se deve, sem dúvida, à de curso superior. No caso, não é o
formação do profissional bibUotecá- instrumental que mudará o conceito.
rio cuja área de conhecimento rara- Se assim fosse, uma aula de referencia-
mente ultrapassa os 7,5 x 12,5 cm. ção, num caso extremo, poderia dar
Assim, quase nunca consegue o biblio- consciência política. Portanto, deve a
tecário ultrapassar os limites do como disciplina Orientação Bibliográfica
fazer da forma mais prática e assépti- discutir o porquê também. Assim, e
ca possível e, na maioria dos casos, só assim, as técnicas poderão ser en-
ineficiente. A chamada seção de Refe- tendidas e assimiladas na prática diá-
rência supõe notadamente em uma ria como elementos úteis. Caso con-
biblioteca universitária a existência de trário, a disciphna será um buquê sem
um bibüotecário que domine mais que graça de inutilidades.
R. Bras. Bibliotecon. Doe. 11 (1/2): 47-64, jan./jun. 1978 53

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avaliação das atividades desenvolvi-
5. A ORGANIZAÇÃO das. Nessa primeira aula são dadas
DA DISCIPLINA explicações sobre a disciplina e sobre
o desenvolvimento do programa e isso
Orientação Bibliográfica em vista é feito principalmente a partir das
de seu caráter de fornecedora de ins- perguntas da classe.
trumental básico de pesquisa foi pro- A primeira atividade fora da clas-
gramada para o primerio semestre, ou se, prevista para ser executada em
seja, para os alunos que ingressam na urna semana, é relativa a uma redação
Universidade, Escola de Comunica- sobre o tema: Conceituar e relacionar
ções e Artes. O|.número|de discentes é Universidade e Pesquisa Científica.
variável, mas sempre superior a 200. Tal tarefa, que a princípio pode pare-
A carga horária disponível é de duas cer prematura, tem três objetivos: 1)
horas semanais para aulas durante 16 propiciar ao aluno um primeiro con-
semanas. tato com o assunto, de absoluto inte-
No primeiro contato com o pro- resse para a disciplina; 2) permitir aos
fessor, os alunos já devem ter em discentes um trabalho com os'instru-
mãos um Roteiro da disciplina. Nele, mentos disponíveis para a pesquisa,
todas as etapas do programa estão dando a possibilidade de, em poucas
assinaladas bem como a cronologia semanas, fazer uma reavaliação do
prevista. Em cada fase do desenvolvi- que foi escrito e do processo utilizado;
mento do trabalho há indicação bi- 3) ter o professor oportunidade de
bliográfica específica e informações conhecer a produção de cada um e
pertinentes à disciplina na ECA. Esse procurar, a partir daí, orientar o alu-
Roteiro permite ao aluno ter uma no. Apesar de existir um vestibular
visão ampla das atividades que deverá que seleciona os prováveis'melhores,
desenvolver durante o semestre com os mais aptos, existe uma heterogenei-
todas as datas de antemão estabeleci- dade desconcertante, impedindo que o
das. Através das leituras indicadas e professor padronize o seu esquema de
das discussões com o professor, os ensino.
alunos poderão antecipar as tarefas Na segunda aula é feita uma
terminando os trabalhos antes do pra- explanação sobre a Biblioteca da Es-
zo previsto. No entanto, isso raramen- cola de Comunicação e os seus recur-
te ocorre, acontecendo, com freqüên- sos, supondo-se que nela o aluno
cia, o oposto. passará um bom tempo de sua vida
A primeira aula é reservada para escolar, sendo, portanto, importante
o preenchimento de um formulário saber explorar as suas possibilidades.
onde se pede ao aluno que dê respos- Essa aula precede a segunda atividade
tas a alguns quesitos, tais como, curso prevista no Roteiro: a procura na
que pretende fazer, como fazia pesqui- Biblioteca de três livros, duas obras de
sa no colegial, hábitos de leitura, referência e três títulos de periódico,
freqüência à biblioteca e outros. A todos os documentos referentes a um
partir desse questionário preenchido asssunto do interesse do aluno, esco-
abrem-se pastas, reservando-se uma lhido de uma lista. E ainda: uma
para cada aluno. Nelas, toda a produ- bibliografia e um artigo de peritídico
ção individual é arquivada para ser de quaisquer assuntos. Dessa forma, o
possível, no final do semestre, fazer aluno acaba tendo um primeiro conta-
54 R. Bras. Bibliotecon. Doe. 11 (1/2): 47-64, jan./jun. 1978

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to com a Biblioteca, descobrindo que Essa tarefa na Biblioteca acaba


os livros nas estantes estão separados levantando alguns problemas. De iní-
por assunto e que existe um catálogo cio são apontados os problemas pró-
que pode fornecer muitas indicações. prios do trabalho e as prováveis solu-
Acaba conhecendo também a seção de ções para superá-los. Naturalmente as
referência e o bibliotecário encarrega- discussões encaminham-se para o pa-
do dela. Os funcionários da Biblioteca pel da biblioteca dentro das institui-
nessa ocasião dão uma atenção espe- ções de ensino e a sua função relacio-
cial aos alunos, mostrando os possí- nada à pesquisa. Aí acentua-se a im-
veis meandros e mistérios de um servi- portância do usuário não apenas co-
ço que para muitos ingressantes é mo usufruidor dos prováveis benefí-
inédito. A partir desse exercício o cios das bibliotecas, mas também co-
aluno torna-se mais independente em mo um agente que atua sobre elas,
termos de recolhimento de informa- sugerindo, pedindo e, muitas vezes,
ções. Assim, o profissional bibliotecá- exigindo, melhores condições.
rio libera-se de atividades que podem
e devem ser desempenhadas pelos 5.1. A eleição
usuários. De início, para o aluno o de um problema
processo pode parecer doloroso, com
alguns erros e perda de tempo. Poste- Depois do reconhecimento da Bi-
riormente, a rotina estabelece-se e bhoteca e suas possibilidades, o aluno
usar a biblioteca torna-se uma ativida- inicia a terceira tarefa: a escolha de
de normal. um tema para a pesquisa. Supondo-se
Deve ser destacado que no Rotei- que a localização de livros, revistas e
ro há um guia sucinto da Biblioteca, outros documentos não oferece maio-
fornecendo um quadro onde em qua- res dificuldades, cabe ao discente, a
tro colunas são indicados: 1) tipo de partir de um interesse pessoal, buscar
material disponível na Biblioteca; 2) informações sobre algum problema
se é emprestado; 3) em que área da que lhe seja particularmente interes-
Biblioteca está localizado e como che- sante. Alguns alunos fazem isso em
gar às informações; 4) se é empresta- poucos dias, outros demoram sema-
do. O quadro, entre outras, tem a nas e uma parte significativa não
função de indicar coleções que não supera a dificuldade durante o semes-
são usadas com freqüência, como re- tre. E, portanto, a escolha do tema
cortes de jornais, discos, slides e ou- uma das mais difíceis barreiras que os
tros. discentes encontram na disciplina. E
O aluno ao fazer o levantamento tão complexa que a pergunta pode ser
bibliográfico (referente ao exercício) e feita: por que o aluno escolhe o tema.'
transcrevê-lo, normalmente não o fará Em primeiro lugar, supõe-se que a
dentro das normas de referenciação. escolha livre permitirá um interesse
Isso, no início das atividades, não é maior pela pesquisa. Além disso, a
motivo de preocupação, pois fixar-se liberdade de escolher permite opções
nos aspectos formais poderia caracte- que exigem uma pré-avaliação. Por
rizar-se como um desvio do essencial. exemplo, se o aluno estiver interessa-
As normas devem aparecer como uma do em estudar as raízes ideológicas do
necessidade (que o próprio aluno per- ■ nacionalismo musical brasileiro cabe-
cebe) e nunca como imposição. ria a ele, antes de tudo, constatar a
R. Bras. Bibliotecon. Doe. 11 (1/2): 47-64, jan./jun. 1978 55

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existência ou não de material biblio- Muitos alunos pedem para o profes-
gráfico; estabelecer o interesse especí- sor que imponha um tema, repetindo,
fico dentro do prazo disponível; des- mais uma vez, a prática de todo o
cobrir se as bases informativas e teóri- ensino anterior. Dentro de um tema
cas não superam as condições do imposto o aluno tem maiores possibi-
pesquisador no momento; perceber se lidades de eximir-se da obrigação de
há possibilidade de conclusão ou se o apresentar um bom trabalho. A impo-
assunto é resistente a isso. Enfim, uma sição torna-se um álibi para justificar
série de reflexão deve ser feita sobre a mediocridade. Sendo livre a escolha
um assunto em pauta. Depois dos a responsabilidade passa a ser maior
testes preliminares ele é discutido com para o aluno e, nesse sentido, o apro-
o professor. Nessa altura o aluno já veitamento superará o ritual das obri-
deve ter um certo controle bibliográfi- gações cumpridas.
co e ter lido o mínimo que lhe permi- Uma tendência que se observa
ta, pelo menos, expor o assunto. Aqui, nos discentes, como foi dito, é a opção
com freqüência, surge um obstáculo; por assuntos que não permitem ir
o discente, em grande parte, tem difi- além de um resumo. Isso resulta num
culdade em fazer a mais simples opção trabalho mais braçal do que intelec-
que, posteriormente, daria a direção tual. Algumas leituras são feitas e,
do levantamento bibliográfico e das simultaneamente, os respectivos resu-
primeiras leituras. Isso, sem dúvida, mos. Após isso, de acordo com a
deve ser atribuído a um sistema de capacidade redacional do aluno, o
ensino que impõe ao aluno o saber texto é articulado, resultando um pro-
como uma obrigação. Ele é conduzido duto que, sem dúvida, revela o que o
pelo professor-pai: autoridade. Quan- aluno leu, mas não o que ele pensa. E
do surge a liberdade de escolha a fundamental que os discentes tenham,
tarefa torna-se mais complexa do que além de uma autonomia intelectual,
se fosse vítima de uma imposição. alguma imaginação. Sem ela a pesqui-
Normalmente, o aluno traz assuntos sa poderá reduzir-se a uma monótona
amplos dos quais poderia fazer um e exaustiva busca de dados que não
resumo, a partir dos manuais. E o serão combinados. Um recurso que
resumo, apesar de ser uma constante permite estabelecer a pesquisa como
no colegial, não é o que se indica para uma procura de resposta é solicitar
o trabalho universitário. Outras vezes, que o título seja feito em forma de
o aluno surge com assuntos esdrúxu- pergunta.
los, inviáveis. Em todos os casos, cabe Em relação ao tema recomenda-
ao professor discutir com ele, ou en- se ao aluno que permaneça, de prefe-
tão, encaminhar, para quem possa rência, na área de comunicações e
dialogar sobre o tema com mais segu- artes e que utiHze a pesquisa para
rança. Normalmente, os assuntos outra disciplina do semestre, fazendo
apresentados estão no âmbito do co- apenas um trabalho para dois profes-
nhecimento do professor para poder sores.
discuti-los. E de qualquer forma cabe Deve ser ressaltado que a escolha
ao docente capacitar-se a manter um de assunto implica, antes de tudo, no
diálogo. levantamento bibliográfico, seguido
O não saber escolher o assunto é pelas primeiras leituras. Nesse senti-
uma situação freqüente e complexa. do, a classe é orientada: onde fazer.
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quais os instrumentos disponíveis e as possível que ele o conheça através de


mais freqüentes dificuldades encon- uma aula expositiva e até com de-
tradas. Se o aluno não conseguir uma monstrações, mas é impossível que
bibliografia básica para o seu trabalho use se isso não lhe parecer necessário.
deverá, ou mudar de tema ou rever as No período da escolha de assun-
suas técnicas de busca. Como os casos to, durante uma aula, alguns alunos
variam de acordo com a particularida- são convidados a fazer uma exposição
de do assunto e análise torna-se im- relativa ao tema. Isso permite um
prescindível a orientação individual. conhecimento por parte da classe, das
Muitas vezes é preciso que o professor áreas que estão sendo pesquisadas. Ao
mostre na prática, na biblioteca, como lado das perguntas e discussões que o
os levantamentos devem ser efetua- relato pode provocar, estabelece-se
dos. Só a consulta ao catálogo de uma possibilidade de intercâmbio de
assunto, como é, normalmente, reco- referências. Essa heterogeneidade de
mendada em aula, não é suficiente, interesses rompe com o esquema das
pois ele, quase sempre, é tosco, ocul- grandes tarefas coletivas deflagradas
tando informações e conduzindo a pelo professor e executada pelos alu-
outras inadequadas. Em alguns casos, nos. Discutir os assuntos (e cada um
o catálogo de assunto é mudo quando tem o seu) pode não levar às incursões
a biblioteca é rica e isso pode ser um profundas que um único tema analisa-
estímulo ao desânimo do aluno. A do pela classe levaria, mas oferece a
superação do problema situa-se em oportunidade de ver a complexidade
outras possibilidades como o estabele- dos problemas que a ciência oferece
cimento de palavras-chaves, aquelas num salutar exercício de aprender o
que servirão de guia para o levanta- que não se sabe.
mento, principalmente nas estantes
através de uma localização propiciada 5.2. A proposta refletida
pela classificação decimal. Esse conta-
to direto com os textos, o exame do Após o levantamento bibliográfico e
sumário e mesmo uma leitura rápida as primeiras leituras, o aluno deverá
de partes são passos significativos que estar em condições de apresentar uma
propiciarão ao aluno um ajuste maior proposta. Esta, mesmo reduzida à sua
em relação ao assunto escolhido. São expressão mais simples, passa a ser
estabelecidas as possíveis ramificações um obstáculo. Pede-se apenas a espe-
e desdobramentos do tema, tornando- cificação sucinta do problema e a
se assim, uma área na qual o trânsito bibliografia básica. Para o aluno é o
torna-se mais fácil. Se o discente não momento em que as suas reflexões
consegue explicar o seu tema, ele não devem transformar-se em palavras e
colheu informações suficientes. frases e isso quase sempre é difícil
A aproximação entre o aluno e porque ou o aluno tem pouco conhe-
um aparato bibliográfico mais com- cimento da área escolhida ou tem os
pleto depende das reações e rendimen- habituais problemas com redação,
tos dele. Se, por exemplo, existem não conseguindo comunicar as suas
problemas para dominar um catálogo idéias através da escrita. Não é raro
de assunto, dificilmente o discente encontrar esses dois obstáculos juntos
encontrará um lugar para o Sociologi- impossibilitando a concretização da
cal Abstracts em sua investigação. E proposta. De qualquer forma, os dis-
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centes recebem o estímulo para o desenvolverem a criatividade. Em fun-
exercício de redigir. Principalmente ção disso, organizar um fichário de
por se estar numa Escola de Comuni- trabalho torna-se algo desnecessário,
cações que forma jornalistas. Saber sem sentido e função. Com freqüência
escrever não deveria ser um objetivo, o próprio ensino universitário dá ra-
mas um ponto de partida. No vestibu- zão ao aluno. No entanto, em muitos
lar existe uma redação que permitiria casos o experimentar de uma técnica
avaliar a habilidade de cada candida- nova pode ser um ovo de Colombo
to, mas, ao que tudo indica essa prova que permitirá melhorar o nível de
não seleciona como pretendia. Assim, rendimento das atividades universitá-
no momento de transformar as con- rias.
jecturas num texto para ser discutido Cabe aqui ressaltar a necessidade
e aperfeiçoado os bloqueios apare- da ação: aprende-se fazendo. Uma
cem, dando a dimensão da capacidade série de aulas sobre "como fazer ano-
de cada um. tações de leitura" seria pouco útil. É
Deve ser observado que a propos- necessário que os alunos organizem os
ta é, praticamente, a introdução do seus fichários para poderem descobrir
trabalho escrito. È ela que dará a o valor que eles têm. Inclusive para
direção do texto. Portanto, discuti-la criticá-los, sugerindo alterações. De
propicia a antecipação dos problemas qualquer forma já que os trabalhos da
que aparecerão no corpo do trabalho. disciplina são sobre as técnicas para a
Alem disso, o exercício da discussão elaboração e comunicação de uma
leva o aluno a avaliar o seu projeto, pesquisa, torna-se necessária a discus-
identificando os seus pontos fracos e são dessas técnicas. Se o aluno faz
direcionando a investigação no senti- restrições ao que o professor sugere, é
do de superá-los. importante que o discente demonstre
Concomitante ao aprendizado a funcionahdade de seu esquema.
das técnicas de levantamento biblio- Enquanto desenvolvem as suas
gráfico desenvolve-se a técnica de pesquisas os alunos têm aulas curtas
anotação de leitura. Anteriormente o onde apenas são sugeridas as direções
aluno copiava trechos de enciclope'- (ampliada pelos livros indicados no
dias; agora deve recolher as informa- Roteiro da disciplina). Nessa altura já
ções, anotando-as em fichas e dando são possíveis debates mais amplos
uma classificação a elas para que fundamentados nas tentativas de cada
possam ser organizadas num fichário um. Todos estão passando pela expe-
de assunto. A nova técnica de anota- riência do levantamento bibliográfico
ção de leitura (que, inclusive, acaba se e logo mostram os problemas que
opondo às observações marginais no encontram. Por exemplo, pode e deve
próprio livro tão comuns entre univer- ser discutida a seleção dos textos. A
sitários) leva a uma ruptura com a experiência demonstra que o iniciante
prática antiga. A formação de fichá- nos lavores bibliográficos tem a ten-
rios de anotações como instrumento dência para recolher tudo que encon-
de trabalho exige uma disciplina difi- trar com o rastelo da inexperiência.
cilmente aceita pelos alunos conve- Assim, ele junta obras poucamente
nientemente acomodados no paoel de utilizáveis ou mesmo inúteis. E não
tarefeiros que não necessitanii: de um será em um semestre que a capacidade
instrumental mais aprimorado para de seleção_^será desenvolvida, que os
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alunos adquirirão um pente fino que se é que chega a descobrir. O exame
permitirá a separação do joio do trigo. bibliográfico exige algum cuidado bá-
Não existem regras para isso. Apenas sico para que possa ser evitada uma
alguns princípios gerais são aponta- sinuosidade desgastante. Em todo o
dos. Cabe depois nas pesquisas que caso cabe ao professor discutir isso
serão desenvolvidas o aprimoramento com os alunos.
constante da capacidade de identificar Aí pode surgir a pergunta inevitá-
os filões que mais nutrem uma teoria. vel: o professor deve ser um gênio que
Dentro desse processo, os primeiros sabe de tudo, um conhecedor extraor-
passos serão, realmente, vacilantes. dinário das ciências para poder ser útil
Até os livros inúteis para a pesquisa aos alunos nas discussões A resposta
serão úteis: através das tentativas, de afirmativa faz supor que o professor
erro e acerto aprende-se a identificar deva ser um recipiente pleno de saber
os caminhos inúteis. Isso pode ser e o aluno um recipiente vazio à espera
exemplificado pelos estudos desenvol- da sabedoria dos profissionais do en-
vidos na área de Comunicação através sino. Essa idéia, infelizmente não mui-
da Sociologia: entre algumas das to rara, acaba sendo um obstáculo a
idéias que transitam no setor desta- um trabalho escolar que exclua a
cam-se as do franckfurtiano Adorno. prática da imposição de informações.
No entanto, o aluno passa por vários O professor pode não ser especialista
diluidores das idéias do pensador ale- nos caminhos pelos quais o discente
mão (muitas vezes nem citado) e só no envereda, mas ele deve ter uma noção
final do semestre descobre o cerne — geral que o permita conversar sobre o

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assunto, fazer indagações. A situação ela seja aperfeiçoada porque nada
pode parecer inusitada: o discípulo deve estar no limite da perfeição.
dando explicações ao mestre. Inusita- Cada nova leitura ou discussão deve
da e altamente saudável, pois o aluno ser uma oportunidade de reflexão so-
explicando, mostrando, desmontando bre o esquema. Este só é definitivo no
o seu conjunto de idéias e opções instante que precede a redação.
estará capacitado a perceber com Com o esquema do trabalho (o
maior facilidade as suas falhas, con- termo roteiro também é usado) é
tradições e as áreas obscuras do seu possível discutir as anotações de leitu-
trabalho. A partir disso, é possível ra. Estas são classificadas por assunto
corrigir a trajetória. Ao professor, no que correspondem aos itens do esque-
caso, não cabe a ação paternalista de ma. Portanto, há uma ligação entre
impor trilhas, mas questionar os cami- ambas. Caso o aluno não siga essas
nhos trilhados. orientações cabe a ele demonstrar que
Isso tudo supõe que o professor a técnica que escolheu é a mais ade-
possa ter condição de dar orientação quada. A discussão, no caso, é realiza-
individual aos discentes, quase um da sobre o material que o aluno
sonho na universidade que se divide apresenta, analisando-se o instrumen-
em classes de 80, 100 ou mais alunos. tal de trabalho do qual se serviu.
No entanto, por mais que isso seja Após essa etapa resta, depois de
difícil, não se pode submeter uma todas as leituras feitas, redigir o texto
filosofia de ensino aos erros da políti- onde são apresentadas as conclusões
ca educativa. Dar Orientação Biblio- da pesquisa. Observa-se que a intro-
gráfica através de conferências é tão dução do trabalho é, praticamente, a
inócuo quanto estudar anatomia atra- proposta apresentada anteriormente,
vés de gravuras. No entanto, a univer- restando apenas os ajustes necessá-
sidade cresceu em quantidade, tendo rios. Sobre a redação são feitos alguns
sido afetado o que deveria ser o fun- comentários em classe. Esta parte do
damental: a qualidade. E dentro des- programa não recebe uma atenção
sas circunstâncias é preciso acrescen- especial. São indicados princípios ge-
tar ao rol das qualidades de um do- rais estabelecidos na disciplina e leitu-
cente, mais uma: a imaginação criado- ra sobre o assunto. Nessa altura de
ra para poder atuar dentro dos limites seus estudos, o aluno já deve ter
do desejável e do possível. delineado o seu modo de redigir. Isso
é feito sobre as experiências anterio-
res. Não será através de aula num
5.3 Comunicar Idéia
final de semestre que o aluno aprende-
A orientação individual torna-se rá a redigir. Tentar homogeneizar a
mais necessária ainda quando o aluno redação com dezenas de regras e con-
está elaborando o seu esquema de selhos poderá ser um elemento inibi-
redação, ou seja, os itens que ele dor de algumas tendências que pode-
abordará coerentemente distribuídos. rão, nos próximos trabalhos, ser apro-
Este esquema deve estar para o texto veitadas de modo mais conveniente. O
escrito assim como a planta está para importante é que o aluno dispondo de
a construção. E fundamental que se dados, de um esquema que preveja a
discuta a planta (cada uma apresenta distribuição dos dados e, ainda, a
os seus problemas), é necessário que segurança em relação ao que dizer,
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possa redigir um texto que não conte- do profissional regrado acima de tu-
nha ambigüidades, passagens confu- do, vestal que preserva com grande
sas, falhas gramaticais, redundâncias. fidelidade todos os mandamentos. Tu-
Em suma, o leitor deverá entender do está codificado e a função mais
com clareza o que o autor quis dizer. importante é cumprir o decálogo. Há
O trabalho que se pede deve ter entre uma postura maniqueísta, exacerban-
cinco e oito páginas, o que permite um do o corte rígido entre os fiéis e os
cuidado maior na elaboração. desregrados. Existem motivos que for-
maram esta imagem deformadora.
5.4. As Normas Não se nega aqui a necessidade das
normas em hipótese alguma. Isso é
Quanto às formalidades de apre- fundamental, mas não é o suficiente.
sentação o Roteiro fornece o essen- A eficiência de um profissional não se
cial, não descendo a detalhes que, mede pela capacidade de cumprir to-
talvez, não fossem significativos aos das as regras. Isso é uma parte. No
alunos. Muitas normas não se explica- caso da Orientação Bibliográfica o
riam num primeiro semestre e, por- professor-bibliotecário deve procurar
tanto, exigir o cumprimento seria con- desenvolver o senso crítico dos alunos
traproducente. Se não for possível e isso não será conseguido através de
explicar o porquê das regras é impres- imposições. Se no caso de uma refe-
cindível que se tolere a quebra delas. rência bibliográfica o aluno, na segun-
O importante é preservar o mínimo da linha, não começar sob a quarta
essencial para que no futuro os desdo- letra tal fato não deverá abalar a
bramentos dele levem ao cumprimen- segurança do professor. E apenas mais
to consciente das exigências de docu- um motivo de discussão. É através
mentação. E mais importante aceitar dela que os melhores caminhos serão
as normas como imprescindíveis, mes- estabelecidos. Ao que tudo indica, as
mo não empregando-as corretamente, normas foram construídas sobre o
que normalizar tudo como uma impo- bom senso.
sição sem perceber a importância dis-
so. Ou seja, desenvolve-se mais uma
5.5 Avaliar o Processo e o Produto
reflexão em torno da necessidade de
normalizar do que sobre as próprias
Após a redação do texto os alu-
normas. Estas são apresentadas atra-
nos entregam dois exemplares de seu
vés de um modelo esquemático. Os
trabalho. Isso é feito num mesmo dia
complementos, de acordo com as ne-
na primeira semana do quarto mês de
cessidades dos alunos, são dados atra-
atividades. Um exemplar fica com o
vés de orientação individual. Cabe ao
professor e o outro vai para a Bibliote-
discente apresentar um modelo me-
ca da instituição. E aí inicia-se a etapa
lhor caso ele não aceite o modelo
mais importante da disciplina: a ava-
proposto. As regras são discutíveis.
liação. E o momento em que todos
Isso, provavelmente, não decretará a
analisam o que foi feito. Isso não deve
falência da ABNT que tem funções
ser feito pelo Supremo Juiz, o profes-
mais importantes que horrorizar pes-
sor, numa espécie de Juízo Final que
quisadores neófitos.
absolve ou condena o aluno. Após a
Cabe aqui uma observação: um entrega dos textos a atividade conti-
dos estereótipos de bibliotecário é o nua num exercício fundamental de
R Bras. Bibliotecon. Doe. 11 (1/2); 47-64, jan./jun. 1978 61

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crítica. Os trabalhos na Biblioteca são mento. Por outro lado, a timidez re-
lidos pelos alunos após prévia indica- sulta em críticas inócuas. As últimas
ção: durante três ou quatro semanas aulas produzem discussão, produtiva
cabe ao discente ler e avaliar os seis ou ou não, mas sempre um instante raro
oito trabalhos que lhe foram indica- em que os alunos e o professor têm a
dos. Essa indicação é feita, na medida possibilidade de avaliar abertamente o
do possível, de acordo com a área de trabalho de cada um.
interesse do aluno. A avaliação é reali- Cabe destacar uma postura não
zada sobre as sugestões em itens apre- rara no discente: ele chega a admitir o
sentadas no Roteiro de acordo com os desejo de não ser lido e, muitas, nem
propósitos da discipUna. acredita que o professor leia o seu
As últimas aulas são reservadas trabalho. Quando se estabelece a dis-
para as discussões que se organizam a cussão (entre meia hora a uma hora —
partir de um breve relato do autor de dois a quatro trabalhos por aula) o
escolhido sobre a sua pesquisa, segui- texto do aluno adquire uma outra
da pela avaHação oral dos alunos que dimensão, dimensão que, talvez, ele
leram aquele texto. O autor recebe as próprio nunca tenha dado. Em poucos
críticas e responde, estabelecendo-se, minutos ele acaba fazendo uma auto-
quase sempre, uma produtiva discus- avaliação provavelmente mais produ-
são em torno do trabalho. Deve ser tiva que as etapas anteriores. E aque-
notado que a discussão do produto les que não tiveram os seus textos
final, ou seja, o texto escrito, envolve discutidos, em silêncio, estarão criti-
a discussão do processo. A disciplina cando a sua própria produção.
refere-se, basicamente, ao processo, Além dos debates em classe há
ainda que se chegue ao produto. Este uma avaliação escrita e a discussão
está em função daquele. Por exemplo, individual. A partir de anotações nas
durante as avaHações em classe pode margens, realizadas durante a leitura,
ser feita crítica relativa à bibliografia. o professor discute com o aluno o
Nesse caso, cabe ao autor justificar a texto entregue, observando tudo que
sua bibliografia. E nessa oportunidade lhe pareça pertinente, de erros grama-
os problemas específicos do levanta- ticais aos problemas de conteúdo.
mento bibliográfico poderão surgir e, Nessa oportunidade questiona-se o
agora, dentro de uma perspectiva uso das normas de apresentação, mos-
pouco teórica e muito prática. trando-as integradas num conjunto
Com muita freqüência as discus- maior. E, se for o caso, o aluno, mais
sões tornam-se emotivas, confusas, ciente da importância daquilo que ele
com a participação de alunos que não julgava filigranas inúteis, refaz as par-
leram o trabalho, mas que entendem tes que destoam do conjunto.
ser importante opinar. A causa das A avaliação é feita pelo salto
dificuldades nos debates deve ser atri- qualitativo do aluno. O importante é
buída à falta de experiência anterior. dimensionar a mudança no discente.
O aluno, muitas vezes, não aceita que A heterógeneidade da classe impede
o seu trabalho seja devassado e, com que se avalia em termos absolutos. E
freqüência, asperamente; ao crítico por ser necessário atribuir a cada
que nunca fez exercícios de análise trabalho uma nota que vai de O a 10,
uma avaliação involuntariamente ás- procura-se dar os números mais altos
pera pode provocar algum constrangi- aos melhores, mas sem esquecer que a
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relatividade pode-ser um critério de das etapas. Um pode ser atribuído á


justiça. falta de disciplina de trabalho; um
outro é a ausência de imposição tipo
prova ou seminário; um terceiro fator
6. PERSPECTIVAS pode ser atribuído à transferência da
responsabilidade de conduzir os tra-
A disciplina Orientação Biblio- balhos aos próprios alunos. Esses fa-
gráfica, ministrada durante um semes- tores e outros acabam levando a um
tre (30 horas) com as dificuldades alto índice de desistência. Na medida
normais de quem rompe com o esque- em que o aluno se permite não acom-
ma típico do estudante brasileiro (o panhar o processo surge o inevitável
indivíduo que na escola é reduzido a congestionamento e o receio de não
um emérito e privilegiado cumpridor conseguir apresentar um trabalho
de deveres), ao seu final, no mês bom dentro dos padrões de cada um
reservado às avaliações, junta os seus (alias, um receio justificável). As ale-
cacos e mostra uma nova dimensão do gações mais freqüentes para a desis-
trabalho de pesquisa. No transcorrer tência referem-se ao atraso da escolha
das atividades a fragmentação é evi- do assunto; à perda de controle de
dente. Os discentes não compreendem tempo por ocasião das leituras; ao
com facilidade os objetivos da disci- desejo de apresentar um trabalho me-
plina. E por mais que se reitere, só lhor; ao não entendimento dos objeti-
mesmo a prática conduzirá a uma vos da disciplina.
visão mais clara de pesquisa. Todas as A desistência, ou seja, a reprova-
partes desarticuladas aparentemente ção, acaba gerando controvérsias, me-
passam a ter uma nova dimensão nos pelos alunos e mais por outros
quando o conjunto se esboça. O le- setores. A proposta da Orientação
vantamento bibliográfico, por exem- Bibliográfica não se situa exatamente
plo, adquirirá uma importância fun- dentro da faixa habitual de atividades
damental quando o aluno perceber escolares, ou seja, dentro da seqüência
que se ele não for feito com rigor a tradicional de aulas expositivas, semi-
pesquisa estará comprometida. E as- nários, provas, trabalho de grupo. O
sim, todas as outras etapas, progressi- fato de cada aluno trabalhar por con-
vamente, vão-se juntando, estabele- ta própria (ainda que possa contar
cendo-se, então, o arcabouço de uma com a colaboração de outras pessoas),
rotina básica de qualquer pesqui- escolhendo um assunto de seu interes-
sador. se, acaba sendo um obstáculo pois ele
Há uma seqüência lógica, de eta- não está habituado a esta inversão.
pas no transcorrer das atividades que Afinal, foi sempre o professor que
vai da escolha do assunto à avaliação impôs e o aluno cumpriu. Agora, o
dos trabalhos. Esses passos são distri- docente é um orientador. A criação é
buídos pelo semestre. É fundamental do aluno.
que os discentes executem os traba- Uma pergunta que deve ser feita
lhos no período previsto para que seja aqui é se cabe à Universidade suprir
evitado o acúmulo de tarefas e a toda a deficiência de organização inte-
conseqüente impossibilidade de exe- lectual estimulada pelo ensino ante-
cutá-las bem. Uma série de fatores rior a ela. Antes de partir para conjec-
interfere no desenvolvimento normal turas, de balançar entre o sim e o não,
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vale a pena ressaltar que mesmo ca-
bendo à Universidade esta tarefa recu-
peradora, seria impossível executá-la.
E inexeqüível em 30 horas dar uma
nova diretiva de trabalho intelectual
aos discentes, diretiva que foi formada
desde a escola primária. Normalmen-
te ocorre que o aluno sai da Universi-
dade como entrou, apenas com uns
salpicos de erudição, o diploma e o
status. Em alguns casos, ao lado disso,
ele adquire uma prática rotineira que
vai ser exercida pelo resto da vida. A
formação que permite ao aluno a
análise e a crítica é mais rara.
Dentro dessa visão pessimista a
Orientação Bibliográfica procura ser
uma possibilidade de reflexão, uma
forma de avaliar o que foi feito e o que
poderá ser realizado pelo menos du-
rante os quatro anos em que os alunos
permanecem à sombra da Universida-
de. A porcentagem de discentes que
aproveita a experiência é reduzida. E
por aproveitar entende-se, aqui, a mu-
dança de comportamento em relação
às atividades como universitário, ain-
da que isso seja difícil numa situação
globalmente falha. No entanto, a mi-
noria que aproveita integralmente jus-
tifica a continuidade do trabalho.

No Roteiro são citados, basicamente, os seguintes


textos que complementam as aulas expositivas:

ASn VERA, Armando. Metodologia da pesquisa


científica. Porto Alegre, Globo, 1973.

SALOMON, Décio V. Como fazer uma


monografia. 2. ed. Belo Horizonte Interlivros,
1972.

SEVERINO, Antônio J. Metodologia do trabalho


científico: diretrizes para o trabalho
didático-cientifico na Universidade. 2. ed. São
Paulo, Cortez e Moraes, 1976.
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