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A Igreja na Idade Média

Professor: Juberto Santos**

A história da Igreja cobre um período de aproximadamente dois mil anos, é uma das
mais antigas instituições religiosas em atividade, influindo no mundo em aspectos
espirituais-religiosos, morais, políticos e sócio-culturais. Não poderíamos assinalar a
Cristandade Medieval sem antes, rapidamente, marcar as primeiras comunidades cristãs.

A Igreja Primitiva

Era a Igreja formada pelos primeiros cristãos em áreas urbanas (forma organizada das
cidades romanas), onde as transformaram (At 17,4). Todos continuavam firmes no
ensino dos apóstolos, viviam em amizade uns com os outros, e se reuniam para as
refeições e as orações. O melhor documento histórico para entendermos bem o período
é o livro dos Atos dos Apóstolos, onde vemos como essas comunidades se
desenvolveram, suas dificuldades nos arredores da Palestina e parte da Ásia menor. Ao
ler At 2, 42-47, podemos perceber o dia-a-dia dos primeiros cristãos. Eles viviam em
regime de comunhão de bens, se aplicavam também na Oração (sendo a força
catalisadora para a mudança de vida  a oração precisa da razão, assim como a fé), a
fração do pão (partilha do todo, segundo a necessidade de cada um – o “pão” – sendo
visto como a totalidade da necessidade) e havia meditação na Doutrina dos Apóstolos
(consideravam o estudo, a investigação e a reflexão para terem certeza daquilo que
iriam acreditar). Sua atuação se dá em Atenas, Jerusalém, Éfeso, Corinto, Roma,
Alexandria, Antioquia e Tessalônia. Os primeiros cristãos mudavam as cidades, mexiam
com o sistema, eram intelectuais... Podemos dividir esse período em “Período
Apostólico” (30-70 d.C), “Período Sub-apóstólico” (70-135 d.C) e “Período dos
Mártires e da Institucionalização da Igreja” (135-313 d.C). O termo “Apóstolo”
significa “enviado”, em grego. Missionários itinerantes, que tiveram contato com Jesus
de Nazaré. Foram testemunhas oculares. Até o ano 100 d.C os cristãos ainda são bem
desconhecidos. Os romanos os confundem com os judeus. Aos poucos, o cristianismo
vai mostrando sua existência. Era o início da “Grande Igreja”. O Cristianismo nasceu e
desenvolveu-se dentro do quadro político-cultural do Império Romano. Durante três
séculos o Império Romano perseguiu os cristãos (época das perseguições), porque a sua
religião era vista como uma ofensa ao estado, representava outro universalismo e
proibia os fiéis de prestarem culto religioso ao soberano. Aos poucos se propagou em
Roma e pelo império. As principais e maiores perseguições foram as do imperador
Nero, no século I (morte de Paulo, Pedro), a de Décio no ano 250, a de Valeriano (253-
260) e a maior, mais violenta e última a de Diocleciano entre 303 e 304 que tinha por
objetivo declarado acabar com o cristianismo e a Igreja. O balanço final desta última
perseguição constituiu-se num rotundo fracasso, Diocleciano, após ter renunciado, ainda
viveu o bastante para ver os cristãos viverem em liberdade. No século IV, o
Cristianismo começou a ser tolerado pelo Império, para alcançar depois um estatuto de
liberdade e converter-se finalmente, no tempo do imperador Teodósio (379-395), em
religião oficial do Estado (380). O imperador romano, por esta época, convocou as
grandes assembléias dos bispos, a saber, os concílios e a Igreja puderam então dar início
à organização de suas estruturas territoriais.

• O Concílio de Jerusalém (49 d.C) - Ele seria o marco definitivo da ruptura do


judaísmo com o cristianismo. A admissão de gentios (não-judeus) era um fato de difícil
compreensão para os cristãos-judeus, que ainda se encontravam em parte presos às
velhas tradições e práticas antigas. Foi presidido pelo Apóstolo Pedro. Seria o Concílio
de Jerusalém, o primeiro deles. Assim foi aceito o batismo de não-judeus. “A salvação é
pela fé e pela graça, não pela observância da Lei” (At 15:7-11).

• Início do Monaquismo (séc. IV) - A Cristandade instrumentaliza a Igreja pelo Estado


até um determinado ponto. Alguns bispos e os ascetas (eremitas) percebem esse perigo
da “mundanização da Igreja”, pois o imperador está “na Igreja e não acima da Igreja”
(Santo Ambrósio, bispo de Milão). Eremitas (Latim) / Anacoretas “ir para” (Grego) /
Mônacos (Grego)  pessoas solitárias que fugiam do convívio das cidades e aldeias e
iam para as margens do deserto. Esses bispos escrevem textos assinalando fronteiras,
pois a igreja está no mundo, mas não é o mundo. Ela podia ser protegida pelo Estado,
mas não queriam pagar com a sua submissão perante ele. Ela não é poder político.
Primeiramente esse movimento é considerado “anárquico”, pois ele se
automarginalizou, contudo, foi recuperado pela Igreja e deixou de ficar a margem.

A Cristandade Medieval

Em meio à desorganização administrativa, econômica e social produzida pelas invasões


ou migrações germânicas e ao esfacelamento do Império Romano, praticamente apenas
a Igreja Católica, com sede em Roma, conseguiu manter-se como instituição. Vemos os
Vândalos na África, os Visigodos na Hispania, os Francos na Gália, os Anglos e Saxões
nas Ilhas Britânicas, os bárbaros na Itália. Consolidando sua estrutura religiosa, a Igreja
foi difundindo o cristianismo entre os povos bárbaros, enquanto preservava muitos
elementos da cultura greco-romana. Valendo-se de sua crescente influência religiosa, a
Igreja passou a exercer importante papel em diversos setores da vida medieval, servindo
como instrumento de unificação, diante da fragmentação política da sociedade feudal. O
termo católico (adjetivo grego que significa “Universal”) é usado a partir do Concílio de
Trento (1545 - 1563) para designar a Igreja Romana em oposição às Igrejas da Reforma.
Antes, o termo utilizado era Cristandade.

• Periodização

A Idade Média (Medium Aevum ou Middle Age)  Termo usado para o período situado
entre a Antiguidade e a Idade Moderna. Conceito estipulado no período do
Renascimento (XVI) volta do somente para a região da Europa Ocidental, ou seja, não
há Idade Média na África, Japão, China... Tem como marco inicial o ano de 476 d.C
(fim do Império Romano no Ocidente – tomada de Roma, pelo imperador germânico
Odoacro) e tem seu término no ano de 1453 d.C (Fim do Império Romano no Oriente -
Tomada de Constantinopla pelos Turcos Otomanos). Suas características, entretanto,
nunca foram às mesmas no tempo ou no espaço, pois não havia unidade nesse período.
É preciso dizer o contexto específico. O período está dividido em: Alta Idade Média
(séc. VI - X), Idade Média Central (séc. XI - XIII) e Baixa Idade Média (séc. XIV e
XV). Há até hoje um forte preconceito sobre este período, tomado como “Idade das
Trevas”, “Escuridão”, de “Pestes e Guerras”, não havia “cidades, nem comércio”, dentre
outros adjetivos. Contudo, deve ser levado em consideração que num período de mil
anos, não houve apenas pestes, guerras..., Temos que ter um olhar consciente: Nesse
período houve a criação das Universidades, da letra minúscula, Parlamento, Hospitais,
Tribunal com Júri, aperfeiçoamento da Matemática, geografia, escrita... Devemos
estudá-la sem preconceitos, com um olhar crítico e consciente.

• A Cristandade

Entende-se Cristandade por um sistema de relações da Igreja e do Estado (ou qualquer


outra forma de poder político) numa determinada sociedade e cultura. Ela perdura até
praticamente a Revolução Francesa (1789), com várias modalidades dentro desse
processo através dos séculos. Na história do cristianismo, o sistema iniciou-se por
ocasião da Pax Ecclesiae em 313 (paz concedida pelo imperador Constantino à Grande
Igreja), com o Edito de Milão (põe fim às perseguições) e deu origem à primeira
modalidade de Cristandade dita “constantiniana” a qual se apresenta como um sistema
único de poder e legitimação da Igreja e do Império tardo-romano. As características
gerais desta modalidade “constantiniana” são, entre outras, o cristianismo apresentar-se
como uma religião de Estado, obrigatória, portanto para todos os súditos; a relação
particular da Igreja e do Estado dar-se num regime de união; a religião cristã tender a
manifestar-se como uma religião de unanimidade, multifuncional e polivalente; o
código religioso cristão, considerado como o único oficial, ser, todavia diferentemente
apropriado pelos vários grupos sociais, pelos letrados e iletrados, pelo clero e leigos. A
figura ao lado é o “Monograma de Cristo”, da época de Constantino. Ele é formado por
duas letras entrelaçadas, as letras gregas "chi" (X) e "rô" (P). Essas letras são as iniciais
de "Christós", em grego: CRISTOS”

• Os Padres da Igreja

Os tempos de ouro da Patrística foram os séculos IV e V, embora possa se entender que


se estenda até o século VII a chamada "idade dos Padres". Os principais Pais do Oriente
foram: Eusébio de Cesaréia, Santo Atanásio, Basílio de Cesaréia, Gregório de Nisa,
Gregório Nazianzo, São João Crisóstomo e São Cirilo de Alexandria. Os principais
Padres do Ocidente são: Santo Agostinho, autor das "Confissões", obra prima da
literatura universal e Santo Ambrósio, Eusébio Jerônimo, dálmata, conhecido como São
Jerônimo que traduziu a Bíblia diretamente do hebraico, aramaico e grego para o latim.
Esta versão é a célebre Vulgata, cuja autenticidade foi declara pelo Concílio de Trento.
Outros pais que se destacaram foram São Leão Magno e Gregório Magno, este um
romano com vistas para a Idade Média, as suas obras "os Morais e os Diálogos" serão
lidas pelos intelectuais da Idade Média, e o canto "gregoriano" permanece vivo até os
dias de hoje. Santo Isidoro de Sevilha, falecido em 636, é considerado o último dos
grandes padres ocidentais.

• A Cristandade Medieval

A Cristandade medieval ocidental é, em certa medida, a continuadora da Cristandade


antiga, a do “Império Cristão” dos séculos IV e V. No contexto medieval, acentuou-se
muito mais a situação de unanimidade e conformismo, obtida por um consenso social
homogeneizador e normatizador, consenso este favorecido pela constituição progressiva
de uma vasta rede paroquial e clerical. As instituições todas tendiam, pois, a apresentar
um caráter sacral e oficialmente cristão. Sabemos que nela predominou, em geral, a
tutela do clero. Não, todavia durante os séculos IX e X, quando a tutela dos leigos sobre
as instituições eclesiais a levou à sua feudalização, o que provocou a partir do século
XI, o grito dos reformadores, sobretudo eclesiásticos: libertas Ecclesiae. Ocorreu então
a reforma “gregoriana”, no século XI, que operou a síntese de uma reforma na e da
Igreja, de uma reforma “na cabeça e nos membros”.

• Alguns Fatos Históricos Relevantes

- A Distinção Gelasiana (494)  O Bispo de Roma, “Papa” Gelásio I (492-496) efetuou


a distinção entre o poder temporal dos imperadores e o espiritual dos papas,
considerando superior o poder destes últimos. Envia um documento ao imperador do
Oriente (Anastácio).Definiu a teoria dos dois poderes: o poder temporal (poder do
imperador) e o poder espiritual (poder dos bispos). Os bispos, de acordo com essa
teoria, seriam superiores ao poder temporal. Estabelecido ainda que a figura do papa
não poderia ser julgada por ninguém. Dizia que o papel do Pontífice era antes ouvir do
que julgar.

- As Heresias – Define-se como negação ou dúvida pertinaz de uma verdade que se


deve crer com fé divina e católica, por quem recebeu o batismo. Ao longo da história da
Igreja vemos: O Gnosticismo (séc. II); Maniqueísmo (séc. III); Arianismo (séc. IV);
Pelagianismo (séc. V); Iconoclastas (séc. VIII); Cátara e valdense (séc. XII-XIII);
Protestantismo e Anglicanismo (séc. XVI); Jansenismo (séc. XVII); Modernismo (séc.
XIX). O relativismo doutrinal e moral é tido como a grande heresia atual. O rigor da
Igreja no combate às heresias e cismas variaram ao longo dos tempos, com períodos de
grande repressão, sobretudo quando tais desvios eram cominados com penas graves
pelo poder político.

- Os Mosteiros – Vemos com São Bento de Nursia (529), uma retomada e


revigoramento dos mosteiros. Os ermitões (Ermo - desertos), atuavam sozinhos e
passam a se organizar em pequenos grupos. São Bento traça uma regra, dando uma
forma a vida monástica, a qual passa a ser copiada em outros mosteiros. O dia do
monge é dividido em 7 momentos de oração, mais o trabalho manual (penitência),
produz seu alimento. “Ora et Labora”. Não é necessário buscar mosteiros distantes, mas
se santificar com aqueles que convive. Deu forma ao monasticismo medieval. Ao longo
da Idade Média vemos que os mosteiros preservam as escrituras sagradas, tornam-se
refúgio, guardam as obras de arte e cultura...

- Fragmentação do Império Romano no Ocidente  Com as migrações germânicas e a


queda do Império Romano no ocidente (476) os bispos começam a buscar a unificação.
Apelam para a elite romana “Romanitas”, que passam a defender os valores cristãos. Os
reis bárbaros vão se convertendo ao longo dos anos. Vemos a ação do papa Gregório I,
o Magno (590-604) assinala que “todo o poder foi dado ao alto aos meus senhores para
ajudar os homens a fazer o bem”. Assim os bispos e o Imperador e os reis têm a função
de ajudar o bem e punir o mal. Primeiro papa monge, intitulava-se Servidor dos
Servidores de Deus. Aproveitou-se da falência imperial na Itália para assumir o poder
temporal. Desligou-se da influência bizantina e aproximou-se dos germânicos.
Visigodos, suábios e lombardos se converteram. Agostinho foi à Inglaterra e converteu
os anglo-saxões. Os escritos de Gregório Magno instruíram o clero e fortaleceram a
religiosidade dos fiéis. Sua Regra Pastoral serviu de manual para os padres em toda a
Idade Média.
- As Cruzadas - Atendendo ao apelo do papa Urbano II, em 1095, foram organizadas na
Europa expedições militares conhecidas como cruzadas (esses missionários assim se
chamavam pela cruz de pano que levavam na veste), cujo objetivo oficial era conquistar
os lugares sagrados do cristianismo (Jerusalém, por exemplo) que estavam em poder
dos muçulmanos e turcos. Entretanto, além da questão religiosa, outras causas
motivaram as cruzadas: a mentalidade guerreira da nobreza feudal, canalizada pela
Igreja contra inimigos externos do cristianismo (os muçulmanos); e o interesse
econômico de dominar importantes cidades comerciais do Oriente. Os cristãos eram
estimulados pelas indulgências que lhes prometiam o perdão dos pecados e a posse do
céu. De 1095 a 1270, a cristandade européia organizou oito cruzadas, tendo como
bandeira promover guerra santa contra os infiéis. Era a guerra santa, justa, pois eles
estavam difamando o santo sepulcro, a terra santa. Foram, ao todo, oito grandes
incursões. Vemos a Cruzada Popular ou dos Mendigos (1096), Primeira Cruzada (1096-
1099), Segunda Cruzada (1147-1149), Terceira Cruzada (1189-1192), Quarta Cruzada
(1202-1204), Cruzada Albigense, Quinta Cruzada (1217-1221), Sexta Cruzada (1228-
1229), Sétima Cruzada (1248-1250), em março de 1270, o rei Luís IX, São Luís, decide
organizar uma nova cruzada - Oitava Cruzada (1270), a qual fracassa e ele morre em
combate.

- Querela das Investiduras - A Questão das Investiduras refere-se ao problema de a


quem caberia o direito de nomear sacerdotes para os cargos eclesiásticos, ao papa ou ao
imperador. No século X, o imperador Oto I, do Sacro Império Romano Germânico,
iniciou um processo de intervenção política nos assuntos da Igreja a fim de fortalecer
seus poderes. Fundou bispados e abadias; nomeou seus titulares (abades leigos) e, em
troca da proteção que concedia ao Estado da Igreja, passou a exercer total controle sobre
as ações do papa. Durante esse período, a Igreja foi contaminada por um clima crescente
de corrupção, afastando-se de sua missão religiosa e, com isso, perdendo sua autoridade
espiritual. As investiduras (nomeações) feitas pelo imperador só visavam os interesses
locais. Os bispos e os padres nomeados colocavam o compromisso assumindo com o
soberano acima da fidelidade ao papa. No século XI surgiu um movimento reformista,
visando recuperar a autoridade moral da Igreja, liderado pela Ordem Religiosa de do
mosteiro de Cluny (França). Esses ideais foram ganhando força dentro da Igreja,
culminando com a eleição, em 1073, do papa Gregório VII, antigo monge daquela
ordem reformista.

- A Reforma Gregoriana (Século XI) – Os papas escolhidos passam a ser de origem


germânica (monges), logo os papas romanos saem de cena, pois os primeiros não teriam
parte com a política local. Com isso as reformas têm inicio com esses papas de origem
monástica, com amplas mudanças de cima para baixo, hierarquizada, uma reforma das
instituições. Hildebrando, reformador ligado ao movimento de Cluny, tinha acesso ao
papa e, sob sua influência, Nicolau II criou em 1059 o Colégio dos Cardeais, com
finalidade de eleger o papa, limitado o cesaropapismo. Primeiro, há uma reforma do
clero, contra os abusos existentes, das instituições (reforma da Igreja). Também havia a
necessidade da mudança dos corações, dos pensamentos (reforma na Igreja). A reforma
viria do papado, passaria pelos bispos, presbíteros e monges até chegar aos leigos. Esse
espírito de reforma foi lento e progressivo, aos poucos, vemos os abusos sendo
retirados. Em 1073, Hildebrando foi eleito papa, com o nome de Gregório VII. Instituiu
totalmente o celibato dos sacerdotes, em 1074, e proibiu que o imperador investisse
sacerdotes em cargos eclesiásticos, em 1075. O Imperador alemão Henrique IV reagiu
dando o papa como deposto. Desenvolveu-se, então, um conflito aberto entre o poder
temporal do imperador e o poder espiritual do papa. O papa considerou o imperador
igualmente deposto, excomungando-o, e proibindo os vassalos de lhe prestar serviço,
sob pena de excomunhão. Há uma interdição (sem batismos, sem eucaristia, sem
extrema unção). Henrique foi ao Castelo de Canossa em 1077 e pediu perdão ao papa,
que o concedeu. Esse conflito foi resolvido somente em 1122, pela Concordata de
Worms, assinada pelo papa Calixto III e pelo imperador Henrique V. Adotou-se uma
solução de meio termo: caberia ao papa a investidura espiritual dos bispos (representada
pelo báculo), isto é, antes de assumir a posse da terra de um bispado, o bispo deveria
jurar fidelidade ao imperador.

- Hospitalários (Ordem dos) - O ideal cavalheiresco da Idade Média levou à criação de


várias instituições de apoio aos doentes internados, ordem leiga de caráter
assistencialista (1113), hospital para os peregrinos que vinham feridos e cansados.

- Os Templários - Ordem fundada em França (1119) para lutar contra os infiéis. O nome
veio-lhes da casa que tiveram em Jerusalém sobre as ruínas de uma mesquita (cavaleiros
da Ordem do Templo). Fazem votos dados pelo patriarca de Jerusalém. Em 1129, vê-se
a implantação militar. Prestaram notáveis serviços na Terra Santa e no Sul da Europa,
chegando a ter 5 províncias e 4000 membros. É oficializada em 1199. As benesses
recebidas de reis e papas deram-lhes grande poder financeiro, o que levou Filipe o Belo,
rei de França, a acusá-los, com a conivência da Inquisição, de crimes graves, obrigando
o Papa (Clemente V) a suprimi-los. Muitos foram mortos. Os seus bens, em França,
foram confiscados pelo rei; em Portugal, passaram para a Ordem de Cristo, fundada por
D. Dinis.

- Cisma do Ocidente (1378-1417) - resultante da coexistência de papas e antipapas,


fruto de rivalidades dentro e fora da Igreja. Não há um “cisma” de fato, pois o que se
dividiu é a obediência a dois papas e não à obediência eclesial. Após a morte do papa
Gregório XI, há um conclave com 16 cardeais e depois de muitas dificuldades elegem
um italiano, Urbano VI. Ele era intransigente, rude, indelicado e os cardeais assinalam
que querem rever a decisão e pedem a sua renúncia. Ele rejeita. Grande parte dos
cardeais vão para Nápoles e realizam novo Conclave, elegendo Clemente VII. A Igreja
passa a ter “dois papas”. Eles ficam em Avinhão (França). A obediência fica dividida,
ambos governando. Estados que apoiavam Urbano VI (Escandinávia, Flandres,
Inglaterra, o Imperador e a maioria dos príncipes) usam a força para destituir Clemente
VII (apoiado pelos parentes do rei da França Carlos V, Escócia, Castela), como uma
cruzada. Essa seria a “Via Facti”. Os reis, os prelados, os párocos, as ordens religiosas
tomam partido e ajudam nessa adesão de obediências. Em 1394, morre Clemente VII e é
eleito Bento XIII. Também morre Urbano VI e é eleito Gregório XII. Continuam dois
papas a governar. Em 1409, os dois grupos buscam uma via conciliar para resolver a
situação, com o Concílio de Pisa, destituem os dois papas e elegem Alexandre V (com a
maior parte das Ordens Religiosas decididas a fazer uma inteira reforma na Igreja). Os
dois papas não aceitam e a igreja passa a ser governada por 3 papas. Alexandre V morre
e é eleito João XXIII (nome depois cancelado e renascido somente no século XX - e já
no ano seguinte tomou posse da catedra romana). Apenas em 1417, vemos uma solução:
João XXIII se demite, Gregório XII abdica e Bento XIII é deposto e se isola na
Catalunha, sem apoio. Martinho V (1417-1431) é eleito e traz a unicidade novamente.
Retorna para Roma. Em 1439, ainda teríamos o antipapa Félix V, contudo, não avança
tal fato.
- A Inquisição - Tribunal eclesiástico para averiguar e julgar os acusados de heresia. A
sua instituição jurídica data de 1232 (Inquisição Medieval), pelo papa Gregório IX, para
disciplinar as freqüentes práticas persecutórias da parte do povo e dos príncipes, muitas
vezes sob a forma de linchamentos. No séc. XI apareceu uma heresia fanática e
revolucionária, como não houvera até então: o Catarismo (do grego katharós, puro) ou o
movimento dos Albigenses (de Albi, cidade da França meridional, onde os hereges
tinham seu foco principal). Em geral, a Inquisição quando condenava um herege
entregava-o ao braço secular, para lhe aplicar o castigo previsto nas respectivas leis e
costumes, incluindo a morte na fogueira. A Igreja aplicava a condenação espiritual, “no
outro mundo”. O seu funcionamento dependia muito dos inquisidores, que eram
normalmente dominicanos, alguns deles elevados às honras dos altares (como S. Pedro
de Verona, morto às mãos dos Cátaros). Devem reconhecer-se, além da crueza própria
dos costumes de então, verdadeiros abusos e injustiças (como a condenação dos
Templários e de Sta. Joana de Arc). Ficou também célebre a condenação (sem
execução) de Galileu. Nos sécs. XV-XVI, a Inquisição foi reorganizada para enfrentar a
heresia protestante, em geral, a pedido dos príncipes católicos. Em Espanha foi
autorizada em 1478, em moldes que a fazia depender muito do poder civil. Em Portugal
teve acuação moderada desde o séc. XIV, mas só se tornou particularmente rigorosa
com D. Manuel I e D. João III, pelas medidas discriminatórias contra judeus e cristãos-
novos. A Inquisição é inconcebível para a atual mentalidade, mas a sua correta
apreciação deve ter em conta os tempos em que vigorou, em que a heresia era sentida
como perigo grave para a unidade da Igreja e do Estado, e em que as penas aplicadas
eram comuns no direito corrente dos povos. A Igreja aplicava as penas espirituais (na
outra vida), tais como a excomunhão. Os condenados pela inquisição eram entregues às
autoridades administrativas do Estado, que se encarregavam da execução das sentenças.
As penas aplicadas a cada caso iam desde a confiscação de bens até a morte em
fogueiras.

A intervenção do poder secular exerceu profunda influência no desenvolvimento da


inquisição. As autoridades civis anteciparam-se na aplicação da forma física e da pena
de morte aos hereges; instigaram a autoridade eclesiástica para que agisse
energicamente; provocaram certos abusos motivados pela cobiça de vantagens políticas
ou materiais.

De resto, o poder espiritual e o temporal na Idade Média estavam, ao menos em tese, tão
unidos entre si, que lhes parecia normal recorrer um ao outro em tudo que dissesse
respeito ao bem comum. Quanto a Inquisição Papal instituída no séc. XVI era herdeira
das leis e da mentalidade da lnquisição medieval. Os países ibéricos (Portugal e
Espanha) foram os grandes difusores do Santo Ofício, principalmente no Novo Mundo.

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ZILLES, Urbano. Adorar ou venerar imagens? Porto Alegre: EDIPUCRS, 1997.
(Coleção: Debates – 6)

**Juberto de O. Santos é professor de História, bacharel e licenciado pela Universidade


Federal do Rio de Janeiro, lecionando atualmente em cursos pré-vestibulares e
preparatórios.
Quaisquer dúvidas: historiador_ufrj@yahoo.com.br

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