1 DESCRIÇÃO DO PROJETO
Título do Projeto: Utilização de óleo de soja bruto na produção de ésteres metílicos através do processo
de hidroesterificação enzimática
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A escassez global dos combustíveis fósseis, os impactos ambientais que ocasionam, e ainda, o
alto preço em virtude dos elevados custos de produção, induzem a busca por fontes renováveis de
energia. Segundo a Agência Nacional de Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP, 2017), cerca de
55% da energia, e 82% dos combustíveis consumidos no Brasil são não-renováveis. No mesmo
caminho, tratando-se do cenário global, 86% da energia consumida também vêm de fontes energéticas
não-renováveis. Por tais motivos, o Brasil é apontado como modelo no uso de energias renováveis, bem
como é considerado o pioneiro mundial no uso de biocombustíveis.
A importância comercial e econômica da síntese de ésteres metílicos está relacionada à ampla
aplicação desses compostos nos diversos tipos de indústrias, podendo-se citar a farmacêutica,
alimentícia e cosmética. Além disso, esses ésteres são empregados na obtenção do biodiesel, que se
caracteriza como uma alternativa vantajosa para a substituição dos combustíveis de origem fóssil, pois,
além de ser obtido a partir de uma biomassa renovável, sua queima emite menor quantidade de gases
poluentes e tóxicos (CHEN et al., 2009; MISHRA et al., 2009; FAN; WANG; CHEN, 2011; SOARES,
2014). Os principais componentes do biodiesel são ésteres obtidos a partir de álcoois de cadeia curta e
misturas de ácidos graxos de cadeias longas, comumente derivadas de óleos vegetais (POPIOLSKI,
2011; GALLINA, 2011). Porém outras fontes de ácidos graxos vêm sendo estudadas, por exemplo: as
gorduras de origem animal, gorduras provenientes de esgotos, óleos residuais de frituras e borras ácidas
provenientes do processo de refino de oleaginosas, com o objetivo de reduzir o custo da produção desse
combustível (SOARES, 2014).
O Brasil é destaque devido ao seu grande potencial energético, pela variedade de matérias-primas
e alternativas de produção. Dentro dessa diversidade, um biocombustível que vem se destacando é o
biodiesel, que atua como substituto natural e renovável do diesel de petróleo (RAMOS et al, 2011). O
biodiesel é uma espécie de biocombustível, sendo um substituto natural e renovável do diesel de
petróleo, e o seu principal método de produção a transesterificação, onde neste processo, um mol de
triacilglicerol reage com três mols de álcool (usualmente metanol ou etanol) na presença de um
catalisador, que pode ser homogêneo, heterogêneo ou enzimático (RAMOS et al, 2011).
O Brasil exibe um grande potencial para produção de biodiesel, pois possui abundância em terras
cultiváveis e etanol, além de uma vasta diversidade vegetal. Em 2016, a produção de biodiesel foi de
3.801,339 m3 e em janeiro de 2017 o Brasil produziu 255,361m3 (ANP, 2017), destaca-se que
atualmente o país é um dos maiores produtores e consumidores mundiais desse biocombustível.
Atualmente para a produção industrial deste biocombustível, a transesterificação alcalina é o
método mais utilizado, devido à alta eficiência, rapidez e baixo custo. Nesse processo ocorre a reação
entre óleos vegetais e/ou gordura animal, com um álcool (geralmente metanol ou etanol), na presença de
um catalisador (comumente hidróxido de potássio), tendo como produtos ésteres metílicos e como co-
produto o glicerol (GALLINA, 2011; SOARES, 2014).
Neste processo de produção de biodiesel, a partir da rota catalítica homogênea, devem ser
utilizadas matérias-primas com baixa acidez e livre de umidade, ou seja, com alto grau de refino. A
principal matéria-prima utilizada atualmente é o óleo de soja refinado, o qual possui baixos teores de
ácidos graxos livres (AGLs) (< 1%) e umidade (<0,5%). Para a transesterificação alcalina, os AGLs
consomem o catalisador, resultando em sabão (dificultando a recuperação do biodiesel) e a água pode
hidrolisar os TAGs, consequentemente reduzindo o rendimento da reação. Fato este, que limita a
utilização de matérias-primas de baixo custo, que contêm quantidades significativas de AGLs e água
(BANKOVIć-ILIć; STAMENKOVIć; VELJKOVIć, 2012; DEMIRBAS et al., 2016 ;SOARES, 2014).
Uma alternativa para o método convencional de produção do biodiesel é a hidroesterificação,
pois na etapa de hidrólise todos os TAGs são convertidos em AGLs, independentemente da acidez e da
umidade da matéria-prima. Com esse processo pode-se aumentar o rendimento da reação, já que o
glicerol é removido na hidrólise. Além disso, tanto a etapa de hidrólise, quanto a de esterificação, podem
ser catalisadas por via química, por via enzimática, ou ainda pela combinação das duas vias (SOARES,
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2014).
Em relação à catálise enzimática, destaca-se que o uso de enzimas como catalisadores na síntese
de biodiesel apresenta diversas vantagens, podendo-se citar a alta eficiência catalítica em condições
brandas de reação, biodegradabilidade, reutilização do catalisador e redução do volume de efluentes
decorrentes do processo de purificação dos ésteres metílicos (CESARINI et al., 2014).
Apesar das diversas vantagens ambientais relacionadas ao uso e produção do biodiesel,
comercialmente ainda considera-se mais viável o diesel mineral. Uma vez que o custo médio, para as
distribuidoras, desse combustível é de R$ 2,68 por litro, enquanto o biodiesel custa em torno de R$ 3,17
por litro. O elevado custo do biodiesel está relacionado, principalmente, à matéria prima empregada na
sua produção. No mês de janeiro de 2017, o óleo de soja refinado correspondeu a 64,84% da matéria
prima utilizada, e que devido aos processos envolvidos na sua obtenção possui um alto valor agregado
(ENCARNAÇÃO, 2008; CESARINI et al., 2014; ANP, 2017).
Desse modo, a sustentabilidade da cadeia de produção de biodiesel, passa, primordialmente, pelo
desenvolvimento de processos economicamente viáveis, pautado na utilização de matérias-primas de
baixo custo. Neste contexto, evidencia-se a potencialidade de estudar a produção de ésteres metílicos por
hidroesterificação enzimática, a qual possibilita a utilização de matérias-primas de menor custo, como
por exemplo, o óleo de soja bruto. Diante dessas considerações, propõe-se nesse trabalho o estudo do
processo de hidroesterificação para a produção de ésteres metílicos utilizando o óleo de soja bruto como
matéria-prima, a partir de catalisadores enzimáticos.
Objetivo Geral:
Este trabalho tem como objetivo geral estudar o processo de hidroesterificação enzimática na
produção de ésteres metílicos, utilizando óleo de soja bruto como matéria-prima.
Objetivos Específicos:
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Breve contextualização teórica da proposta (texto limitado em uma página):
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Metodologia:
Revisão bibliográfica
Será realizada inicialmente uma pesquisa bibliográfica sobre o tema, com o intuito de obter
informações atualizadas e melhor conhecimento dos métodos de análise. Esta revisão será atualizada e
complementada ao longo de toda a pesquisa, devido ao tema ser novo e novas publicações devem estar
sendo disponibilizadas.
Coleta da matéria-prima
A matéria-prima, óleo de soja bruto, será adquirida de empresas processadoras de soja instaladas
na região Oeste Catarinense. Na sequência, o óleo bruto de soja será acondicionado em recipientes
plásticos e posteriormente armazenados em refrigerador doméstico até sua utilização para as análises de
caracterização química e reações de hidrólise e esterificação.
Caracterização da matéria-prima
Índice de acidez: O índice de acidez é uma das análises mais importantes e deve ser realizada para
orientar se a matéria-prima escolhida para a produção do biodiesel pode ser utilizada. O índice de acidez
nos fornece informações sobre as características do produto da reação de transesterificação. Esta análise
informa o quanto há de ácidos graxos livres e, se a presença for acentuada, tal matéria-prima não pode
ser utilizada em uma transesterificação básica, pois esta característica favorece a formação de sabões na
reação, indicando que uma reação enzimática poderá ser a melhor escolha para uma matéria-prima com
elevado índice de acidez. O índice de acidez é definido pela quantidade de álcali, expressa em
miligramas de KOH por g de amostra que é necessário para atingir o ponto de viragem da titulação de
amostra. Este ponto informa o quanto há de ácidos graxos livres, provenientes de triacilgliceróis
hidrolisados na amostra original. O índice de acidez para óleos e gorduras será determinado pela norma
Acid Value - AOCS Cd 3d-63. É aplicável a óleos, gorduras, ácidos graxos e tocoferol.
Índice de iodo: O índice de iodo é utilizado como uma estimativa do grau de insaturação dos óleos
e gorduras. Quanto maior o índice de iodo, maior o número de duplas ligações (insaturações) presentes
no óleo, sendo assim, há uma maior probabilidade da amostra ser considerada um óleo do que uma
gordura, pois, é sabido de que os óleos possuem um maior grau de insaturação do que as gorduras, o que
justifica elas serem sólidas à temperatura ambiente (25ºC). O índice de iodo de uma determinada
amostra é geralmente descrito como uma faixa de valor, ao invés de um número fixo, porque o grau de
insaturação pode variar sazonalmente ou em função de diferentes processamentos do óleo.
Esta determinação será realizada segundo a norma A.O.C.S.
Índice de saponificação: O índice de saponificação é a quantidade de álcali necessário para
saponificar uma quantidade definida de amostra. Este método é aplicável a todos os óleos e gorduras e
expressa o numero de miligramas de hidróxido de potássio necessário para saponificar um grama de
amostra. Uma massa de 4,5 g de biodiesel será adicionada a 50 mL de uma solução de KOH metanólica
(4 %). A mistura será mantida a 90 °C, com agitação, durante 1 hora. Após o resfriamento a temperatura
ambiente, será adicionado 1 mL de solução de fenolftaleína (1%, Synth) e procedeu-se a titulação com
HCl 0,5 mol L-1 até o desaparecimento da cor rósea. Esta determinação será realizada segundo a norma
A.O.C.S.
Descrição detalhada
Principais referenciais teóricos a serem estudados (relacionar os autores/obras mais importantes):
Resultados esperados:
Tecnológicas:
Entendimento da viabilidade tecnológica da produção enzimática de ésteres metílicos a partir de
matérias-primas de baixo custo;
Entendimento do processo de hidroesterificação na produção de ésteres metílicos;
Incentivar o estudo das variáveis de processo que afetam o tempo reacional e o rendimento em
ésteres metílicos.
Estímulo ao desenvolvimento da tecnologia de produção de ésteres metílicos a partir de matérias-
primas alternativas.
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2 CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO*
ATIVIDADES MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
Revisão
X X X X X X X X X X
Bibliográfica
Caracterização da
X X X X
matéria-prima
Realizar ensaios de
hidrólise do óleo X X X X X
Realizar ensaios de
esterificação X X X X X
Otimização dos
parâmetros dos X X X X X X
ensaios
Análise dos
X X X X X X X X X X
Resultados
Publicação do
X X X
estudo
Elaboração do
X X
relatório final