Todo estudo observacional aspira a identificar uma ligação causal genuína entre algum efeito sobre a saúde e certa atividade, desde comer junk food até morar perto de um reator nuclear. Entretanto, tudo que esse tipo de pesquisa oferece é uma evidência mais ou menos convincente de algum elo potencial. Como diz o ditado, “Correlação não é causalidade”, e separar as duas coisas nem sempre é algo fácil e direto. Existem, contudo, algumas regras práticas que podem ser usadas para decidir que estudos levar a sério e quais merecem apenas um “Está bom, seja lá o que for”. As mais úteis dessas regras foram sugeridas em meados da década de 1960 pelo professor sir Austin Bradford Hill, da Universidade de Londres, cujo estudo observacional sobre fumantes, iniciado nos anos 1950, estabeleceu um parâmetro raramente equiparado desde então. Inspirada nos critérios de Hill, eis uma lista proveitosa do que deve ser buscado: Qual o tipo de estudo observacional? Um estudo “caso-controle”? Estes geralmente se debatem mais com o problema do viés que as pesquisas “prospectivas de coorte”. Quão surpreendente é o achado? Seja especialmente cético em relação a argumentações que “vêm sem mais nem menos do nada”, acerca de efeitos antes desconhecidos sobre a saúde – em especial se a ligação for biologicamente implausível. Qual o tamanho do estudo? Se mil participantes parece um número grande, na hora em que o total for dividido e fatiado para focalizar certos grupos, achados fundamentais às vezes residem em números muito pequenos. Qual o tamanho do efeito? Se for um achado surpreendente, muitos epidemiologistas ignoram qualquer coisa que não tenha sido no mínimo duplicada em termos de risco/benefício de qualquer estudo observacional único. E se o risco inerente for pequeno, nem que seja duplicado, ele não é digno de preocupação. Quão consistente é a ligação? Existe uma ligação convincente entre efeito e exposição? Onde o estudo foi publicado? Ignore alegações feitas em conferências e aguarde a publicação num veículo científico respeitado. Mesmo então, lembre-se de que a publicação é uma condição necessária mas não suficiente para se impressionar. Veículos científicos de primeira linha podem publicar, e de fato publicam, bobagens.
Matthews, Robert (2017-05-10T22:58:59). As leis do acaso: Como a probabilidade pode nos
ajudar a compreender a incerteza (Locais do Kindle 1118-1122). Zahar. Edição do Kindle.
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