Resumo
O presente artigo tem como objetivo principal analisar os aspectos pedagógicos do
trabalho desenvolvido pelos profissionais da Assistência Social junto com as famílias
referenciadas tendo como princípio basilar a concepção de educação emancipadora
proposta pelo educador Paulo Freire. Neste sentido, utiliza-se como metodologia de
investigação a análise dos documentos elaborados pelo Ministério de Desenvolvimento
Social e Combate a Fome - MDS que apresentam as orientações técnicas para o
desenvolvimento das intervenções junto aos usuários que buscam atendimento
nos Centros de Referência da Assistência Social – CRAS, buscando identificar
características apontadas pela proposta freiriana de educação. Utiliza-se como obra de
referencia os livros escritos por Paulo Freire ao longo das últimas décadas no processo
de desenvolvimento e aprimoramento de sua “Pedagogia do Oprimido”, destacando suas
concepções políticas de uma prática educativa voltada para a libertação e emancipação
do indivíduo. O texto aqui apresentado aborda o trabalho social desenvolvido pela
equipe de profissionais inseridos na política de assistência social como sendo uma
atuação planejada de intervenção dialogada, buscando a superação das vulnerabilidades
vivenciadas por estes sujeitos a partir do desenvolvimento da sua autonomia e da
consciência crítica. Ao considerar os usuários enquanto sujeitos históricos, possuidores
de conhecimentos anteriores e de potencialidades de “ser mais”, as duas propostas de
intervenção social intercruzam-se como caminho metodológico eficiente na construção
de um processo de libertação e de emancipação social. Neste sentido, compreende-
se que as ações desenvolvidas pelos técnicos de nível superior de um CRAS tem,
essencialmente, o espírito emancipador propagado por Paulo Freire num instante em
que se propõe colaborar com o processo de libertação a ser desenvolvido pelo indivíduo,
buscando a superação das condições de opressão de seu contexto sociocultural.
Palavras -Chave:
Política de Assistência Social. Educação Emancipadora. Trabalho social com família.
1. Primeiras Palavras.
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Didática e Prática de Ensino na relação com a Escola
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1997, p. 32).
A pedagogia problematizadora pensada por Freire parte do pressuposto que
o homem é um ser inacabado, que está em constante processo de criação e recriação,
dentro de uma compreensão de que se pode “ser mais”. Neste sentido, estes emergem
como provocadores de um contínuo ato de desvelamento da realidade, mediatizado pela
intervenção dialogada com o meio social em que está inserido, a fim de reconhecer-se
enquanto sujeitos históricos e, por conseguinte, capazes de lutar contra a acomodação e a
opressão vivenciada.
É, portanto, nesta perspectiva que o trabalho social com as famílias cruza-
se com a pedagogia emancipadora, no instante em que emerge a possibilidade de
desenvolver uma intervenção baseada no “uso da pesquisa-problematização, na qual a
pesquisa não é para dar certezas, mas para possibilitar o questionamento de verdades
já instaladas e abrir novas alternativas de busca” assim como também, ao acreditar
que “homens e mulheres são sujeitos de sua busca e por isso autores da transformação
social” (BRASIL 2014, p.99).
Segundo as Orientações técnicas sobre o PAIF (Ibidem, p.99-100), pode-se
identificar outros pressupostos da pedagogia problematizadora que fortalecem o trabalho
social desenvolvido com as famílias dentro da assistência social, no instante em que se
defende:
• o ser humano enquanto ser inacabado e, portanto, com o caminho aberta de
possibilidade de “ser mais”;
• a necessidade de estabelecer uma relação pautada no diálogo e no respeito entre
o técnico e o usuário do PAIF, reconhecendo os diferentes saberes;
• a aprendizagem do saber escutar enquanto ferramenta dialógica;
• a investigação do universo temático das famílias, na investigação do próprio
pensar das famílias e de sua realidade;
• o desenvolvimento da autonomia do sujeito oprimido, estimulando-o a tomar
decisões;
• o estímulo da percepção por parte das famílias da situação concreta vivenciada,
auxiliando-as a problematizar as contradições presentes no território,
reconhecendo-se como possuidora de direitos que necessitam ser demandados;
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Didática e Prática de Ensino na relação com a Escola
3. Considerações finais.
4. Referências Bibliográfica
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