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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA - UEFS


PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

Aplicação de um Modelo de Dano Contínuo


na Análise de Placas de Concreto

MÉRCURIE JANEAI MATEUS ARAUJO ROCHA

Feira de Santana
Maio/2016
ii

MÉRCURIE JANEAI MATEUS ARAUJO ROCHA

Aplicação de um Modelo de Dano Contínuo


na Análise de Placas de Concreto

Projeto de Pesquisa apresentado ao Programa de Pós-


graduação em Engenharia Civil e Ambiental da
Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS, como
requisito parcial dos estudos orientados para a obtenção do
título de Mestre em Engenharia Civil e Ambiental.

Área de concentração: Materiais de Construção e


Estruturas

Linha de pesquisa: Experimentação e modelagem de


novos materiais e elementos estruturais

Feira de Santana
Maio/2016
iii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 5

1.1 JUSTIFICATIVA 7

1.2 OBJETIVOS 7

1.2.1 Geral 7
1.2.2 Específicos 8

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 9

2.1 CONCRETO 9

2.2 Modelos constitutivos aplicados ao concreto 13


2.2.1 Mecânica do dano 13

2.3 Comportamento mecânico e modelo para o aço 19

3 MODELO DE DANO CONTÍNUO 21

3.1 Proposição 1 26

3.2 Proposição 2 27

4 MODELO NUMÉRICO 29

4.1 Teoria clássica de flexão de placas laminadas 29


4.1.1 Hipóteses consideradas 29
4.1.2 Campo de deslocamentos 30
4.1.3 Relações deformação-deslocamento 30
4.1.4 Relações constitutivas 32
4.1.5 Integrais de tensões (esforços solicitantes) 34
4.1.6 Trabalho virtual das forças internas 39
4.1.7 Trabalho virtual das forças externas 41
4.1.8 Princípio dos trabalhos virtuais 43
4.1.9 Equações de equilíbrio 44
4.1.10Equações de contorno 44

4.2 FORMULAÇÃO NUMÉRICA 45


4.2.1 Caracterização do elemento 46
4.2.2 Discretização 49
iv

4.2.3 Matriz de rigidez local 51


4.2.4 Matriz de rigidez global 52
4.2.5 Vetor de forças 52
4.2.6 Introdução das condições de contorno 53
4.2.7 Resolução do sistema 53
4.2.8 Cálculo de deformações, esforços e tensões 54

5 CRONOGRAMA 56

REFERÊNCIAS 57
5

1 INTRODUÇÃO
A plena utilização dos materiais em estruturas, de forma econômica e com
segurança, depende fundamentalmente do conhecimento do comportamento mecânico
dos mesmos, bem como do comportamento da própria estrutura. Dentre os materiais
utilizados nas estruturas um dos mais importantes é o concreto, o qual na maioria das
aplicações é utilizado em conjunto com o aço, formando o denominado concreto
armado.
Esse material é empregado em diversos elementos com função estrutural, a
exemplo de barras, pórticos, arcos, placas, cascas, etc. Focalizando as aplicações na
construção civil, as placas de concreto armado são normalmente empregadas nos
reservatórios, pisos, tetos, fundações, entre outras aplicações. Algumas placas de
concreto armado, em função da aplicação, são comumente denominadas de lajes, as
quais, por serem placas, são caracterizadas por terem duas dimensões com tamanhos
superiores à terceira dimensão (a espessura), além de normalmente serem submetidas a
carregamentos transversais.
Muito esforço tem sido empreendido no sentido de melhor analisar esforços e
deslocamentos em placas, tendo como trabalho pioneiro o de Kirchoff, que no século
XIX conseguiu, usando as hipóteses de Bernoulli, que vinham sendo usadas para vigas e
reduzindo o problema ao âmbito de pequenos deslocamentos e rotações, chegar a uma
equação diferencial para o problema. O produto desse estudo recebeu o nome de Teoria
Clássica de Placas. Essa teoria, por considerar que a placa seja constituída de um
material único e isotrópico, acaba por se afastar das condições reais em que alguns
materiais são aplicados, mas ainda assim são resultados válidos e ainda muito
utilizados.
A Teoria Clássica de Laminados complementa a Teoria Clássica no que se refere
às duas limitações apontadas acima. Essa teoria considera que o elemento estrutural é
formado por lâminas de espessura constante, perfeitamente unidas, constituídas de
materiais distintos. Os materiais podem ter módulos de elasticidade diferentes, em
direções ortogonais, permitindo assim modelar materiais ortotrópicos, como diversos
compósitos, dentre estes os reforçados com fibras naturais e artificiais, que tem
considerável importância para a construção civil.
6

Outro aspecto interessante da Teoria Clássica de Laminados é permitir simular


compósitos reforçados com fibras longas, que possuem assim semelhança com o
observado no caso do concreto armado, onde as barras de aço são envolvidas pelo
concreto.
Cabe frisar que as teorias acima mencionadas consideram o material constituinte
da placa como linear elástico, o que de forma geral não corresponde ao comportamento
real dos materiais comumente usados, especialmente o concreto e o aço.
Para o aço utilizado como reforço em elementos de concreto, pode ser admitido
o comportamento elastoplástico perfeito, provendo bons resultados, conforme Lima
(2013), que fez a utilização de tal modelo embasado nos trabalhos de Fernandes (1998),
Bandeira (2006), bem como trabalhos desenvolvidos no próprio Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil e Ambiental da UEFS, Santos (2009) e Neves (2012).
Já em relação ao material concreto, diversos modelos têm sido aplicados tendo
em vista a simulação de seu comportamento não linear físico. Conforme destacado por
Álvares (1993), uma série de propostas de modelo já foram apresentadas por
pesquisadores, considerando desde a Elasticidade não Linear e a Plasticidade, até os
modelos mais recentes, que empregam a Mecânica da Fratura e/ou a Mecânica do Dano.
Essa vertente teórica mais recente, a Mecânica do Dano, considera a perda de
rigidez em decorrência das falhas e defeitos que levam a fissuração, e apesar de ter sido
aplicada inicialmente aos metais percebeu-se, há algumas poucas décadas, a
possibilidade de aplicação dessa vertente teórica à previsão do comportamento
mecânico do concreto. Conforme Pituba (1998), o concreto antes mesmo da aplicação
de qualquer carga já apresenta um estágio de microfissuração, decorrente da retração
por secagem, mais a liberação de calor com a consequente variação das dimensões, que
se desenvolve nas fases iniciais de secagem e endurecimento. Com a aplicação de um
esforço mecânico crescente o processo de fissuração, e consequente perda de
resistência, aumenta.
Em se tratando especificamente da modelagem de placas de concreto armado, a
modelagem não linear desses elementos tem sido estudada por diversos pesquisadores, a
exemplo de Figueiras (1983), Jiang e Mirza (1997), Fernandes (1998), Cresce (2003) e
Krätzig e Pölling (2004). Apesar disso, Lima (2013) ressaltou que a quantidade de
trabalhos desenvolvidos versando sobre a modelagem de vigas de concreto armado é
bem maior do que os trabalhos que modelam lajes.
7

1.1 JUSTIFICATIVA
Tendo em vista a complexidade do comportamento mecânico do concreto,
devido a diversos fatores como a alta não linearidade, aparecimento de deformações
permanentes com o aumento progressivo de tensões, completa diferença entre
comportamento quando submetido à compressão e submetido à tração, é de fato difícil
formular uma lei constitutiva suficientemente geral para o mesmo, como afirmam
Pituba e Proença (2005). Apesar disso, uma série de modelos foram aplicados com
resultados satisfatórios, embora com a detecção de situações onde são necessárias
melhorias.
Nesse sentido, o uso da Mecânica do Dano Contínuo pode ser útil. De fato,
tendo em vista os trabalhos desenvolvidos no âmbito do PPGECEA usando o modelo de
dano isotrópico de Mazars (1984), como em Santos (2009), Neves (2012) e em Lima
(2013), verificou-se excelente precisão nos casos onde o cisalhamento não é relevante
na resposta carga-deslocamento. Entretanto, conforme atestou Lima (2013), é
interessante verificar se o uso de um modelo mais complexo e abrangente poderá prover
melhores respostas em situações onde o cisalhamento é importante no processo de
danificação do concreto. Essa constatação de Lima (2013) foi decorrente da dificuldade
encontrada na análise de algumas lajes, onde a perda de resistência ao cisalhamento teve
papel predominante na resposta carga-deslocamento.
Como essa situação não é levada em conta no modelo de Mazars (1984), ou seja
não é prevista qualquer penalização do módulo de elasticidade transversal do material
concreto, Lima (2013) apresentou uma alternativa de danificação da resistência ao
cisalhamento que não foi completamente apoiada nos princípios da mecânica do dano, e
nem da mecânica da fratura. Portanto, o presente trabalho visa deter-se sobre essa
lacuna observada por Lima (2013), quanto à necessidade de incorporar no modelo de
dano, a progressiva deterioração da resistência ao cisalhamento do concreto, com o
avanço do carregamento, melhorando assim a precisão da resposta teórica prevista na
modelagem.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Geral
A partir da Teoria Clássica de Laminados e de um modelo de Dano Contínuo,
propor uma formulação que represente adequadamente o comportamento de placas
8

retangulares de concreto armado, em flexão, incorporando a danificação no


cisalhamento do concreto.

1.2.2 Específicos
1) Fazendo uso do Método dos Elementos Finitos, desenvolver uma ferramenta
numérica com base na formulação, capaz de simular o comportamento estrutural das
placas (lajes) em questão;
2) Verificar, com base nos resultados apresentados pelo programa, se o uso de
um modelo de dano contínuo mais geral, tem vantagens ante o modelo de dano
isotrópico de Mazars (1984).

A pesquisa a ser desenvolvida é, portanto, uma pesquisa exploratória, de caráter


teórico experimental. A parte teórica da mesma advém do desenvolvimento do modelo
para o concreto. Posteriormente, com o desenvolvimento da formulação numérica e do
programa que a aplique, serão modeladas diversas lajes para verificação do modelo,
constituindo a parte experimental da pesquisa.
9

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CONCRETO
O concreto é tradicionalmente um produto advindo de uma mistura em
proporções adequadas de materiais inertes, os agregados, com um aglomerante
hidráulico, o cimento Portland, e água necessária para a hidratação do aglomerante.
Devido à sua versatilidade e conseqüentemente extensa aplicabilidade, é um dos
materiais mais consumidos pelo ser humano (MEHTA e MONTEIRO, 2008).
Esse material pode ser caracterizado como um compósito e, macroscopicamente,
notam-se duas fases: a matriz cimentícia e os agregados inertes imersos na primeira.
Porém, analisando de forma microscópica a composição do mesmo é mais complexa,
notando-se três fases: os agregados; a matriz; e a zona de transição.
A matriz não é exatamente um contínuo. Apresenta produtos da hidratação do
cimento, principalmente silicatos e carbonatos, grande quantidade de poros decorrente
do processo de saída do excedente de água (além do que é necessária à hidratação do
cimento), e ainda água presente nos poros. A presença dessa quantidade de poros é
determinante em aspectos como permeabilidade e durabilidade do mesmo.
Já a zona de transição é uma região formada no entorno dos agregados. No
estado fresco ocorre um fenômeno chamado de efeito parede, no qual a concentração de
água em torno do agregado em relação à quantidade de cimento se torna maior. A
conseqüência é que esta região após a secagem e endurecimento, apresenta-se mais
porosa, com cristais maiores e orientados, de Carbonato de Cálcio, e naturalmente
fissurada, sendo mecanicamente mais fraca e um limitante na resistência do concreto,
fenômeno ilustrado pela figura 2.1.
10

Figura 2.1 Zona de transição no concreto


FONTE: Mehta e Monteiro (2008)

Sob o aspecto do comportamento mecânico essas fissuras tem um papel


importante na curva tensão-deformação, quando se ensaia o concreto com uma carga
compressiva axial e crescente. Inicialmente o concreto se comporta de maneira linear-
elástica. Posteriormente, as fissuras pré-existentes na zona de transição passam a
aumentar o que leva ao aparecimento de deformações plásticas, bem como não
linearidade na curva tensão-deformação. O aumento progressivo de carga leva ao início
e progressiva fissuração da matriz até que haja coalescência das fissuras, e conseqüente
ruptura do material, a figura 2.2 mostra estes estágios.
.

Figura 2.2 Curva tensão-deformação do concreto sob compressão


FONTE: Mehta e Monteiro (2008)
11

Em geral o aparecimento de deformações plásticas e não linearidade se dá em


baixos níveis de tensões, em torno de 30%, evidenciando a importância dessas pré-
fissuras no comportamento mecânico do concreto e uma das dificuldades na modelagem
do concreto. Porém, a ruptura de um elemento de concreto submetido à compressão só
se dá com a fissuração completa da matriz, e consequente união das fissuras. Esse
aspecto faz com que seja requerida uma grande quantidade de energia e a ruptura só
aconteça com considerável deformação, dando um aspecto de ductilidade ao material,
fenômeno não observado, por exemplo, quando ensaiado um corpo de prova à tração
axial ou compressão diametral.
À tração uma única fissura pode levar o corpo de prova à ruptura, requerendo
um nível de energia muito mais baixo e atribuindo ao concreto um comportamento
frágil, caracterizando assim outra complexidade para a elaboração de uma lei
constitutiva do concreto: a grande diferença entre o comportamento à compressão e à
tração.
Na figura 2.3 observa-se que após atingido o pico de tensões, pouca deformação
acontece após este estágio em comparação com os ensaios com compressão axial.

Figura 2.3 Curva tensão-deformação do concreto sob compressão diametral


FONTE: Álvares (1993)
12

Principalmente pela dificuldade na realização de ensaios como de cisalhamento


puro é mais difícil ver discussões a cerca do concreto submetido a esse esforço.
esforço Porém,
como destacado em Figueiras (1983), citado por Pituba (2010), em peças de concreto
armado o concreto fissurado tem uma importante contribuição na resistência do
elemento estrutural e dois fenômenos são observados: a ação de "pino" e a transferência
de tensão de cisalhamento entre as faces das bordas das fissuras.
Richard et al. (2010) descreve dois fenômenos que ocorrem
ocorrem no concreto
relacionados à parcela desviatória das tensões aplicadas ao concreto.
concreto O primeiro
fenômeno, denominado "sliding",
"sliding" ocorre quando há uma
ma fissura e em função dos
esforços as bordas da fissura escorregam na direção da abertura,, o que é descrito em
Mazars (1986) como modo II de fissuração.
fissuração O segundo é a fricção, que é o atrito entre
as bordas da fissura já que em geral estas se abrem contornando
contornando agregados gráudos,
gráudos
além de serem irregulares.
Na figura 2.4 é apresentada uma curva tensão-deformação
tensão deformação resultante de um
ensaio de cisalhamento puro em um corpo de prova de concreto.
concreto. O ensaio foi realizado
por Khaloo e Ahmad (1988) com um concreto de fck igual a 36 MPa .

Figura 2.4 Curva tensão-deformação


tensão deformação de concreto submetido a cisalhamento
puro
FONTE: Adaptada de Pituba (2010)
13

2.2 MODELOS CONSTITUTIVOS APLICADOS AO CONCRETO

2.2.1 Mecânica do dano


A Mecânica do Dano, segundo Álvares (1993), tem início com os estudos de
Kachanov (1958) que estudou o efeito da fissuração distribuída na ruptura frágil de
metais e teve contribuição de Rabotnov (1969), que propôs incluir a perda de rigidez do
material como conseqüência da fissuração.
Focalizando o material concreto, Álvares (1993) destaca que a preexistência de
fissuras no concreto antes mesmo do carregamento, fenômeno decorrente do efeito
parede (onde nas proximidades dos agregados é verificado um teor de água/cimento
maior do que no restante do material fresco), desencadeia a formação da fase de
transição, naturalmente fissurada.
Ainda segundo Pituba e Proença (2005), o desenvolvimento da microfissuração
pode ser considerado contínuo e se inicia com baixas tensões ou deformações, e as
deformações permanentes são também devidas ao processo de evolução de
microfissuras. Assim, a natureza das fissuras é diferente da observada nos metais, mas o
processo de perda de rigidez por conta das fissuras se assemelha.
Dentro da Mecânica do Dano há algumas variações dos modelos em decorrência
das variáveis de dano escolhidas. No caso dos isotrópicos, a variável de dano é
representada por uma grandeza escalar e esta é suficiente para descrever a perda de
resistência do material. Lima (2013) cita diversos modelos, como Chaboche (1988),
Lublineret et al. (1989), Mazars e Pijaudier-Cabot (1989), Mazars e Pijaudier-Cabot
(2001). É possível, em função do comportamento assimétrico entre tração e compressão
do concreto, a variável ser separada em duas parcelas, uma para cada tipo de esforço,
como ocorre no modelo de Mazars (1984).
O modelo de dano de Mazars (1984) é o principal dentre estes modelos e tem
por características representar através de uma única variável a danificação, calculando a
mesma em função das deformações principais positivas. Conta em favor deste modelo o
fato de serem necessários apenas cinco parâmetros, além dos usuais módulos de
elasticidade e coeficiente de Poisson, para obtenção das curvas de tração e compressão
características do concreto, o que facilita a implementação e a validação do modelo.
Por outro lado, algumas limitações são apontadas. Segundo Pijaudier-Cabot e La
Bordeire (1997) após o processo de fissuração, o concreto passa a ter comportamento
anisotrópico, o que faz com que muitos fenômenos não sejam levados em consideração
14

como, por exemplo, a resposta do material às tensões cisalhantes. Mais ainda, segundo
os mesmos autores, os modelos isotrópicos de uma forma geral não representam
satisfatoriamente a perda da rigidez ao cisalhamento por implicitamente associarem-na
às deformações extensionais.
Pituba (1998), em relação à anisotropia, diz que este fenômeno induzido no
material com dano é um aspecto importante a ser considerado na elaboração do modelo
e, no caso do concreto, mesmo antes de ocorrer carregamento outras razões podem
induzir ao comportamento anisotrópico, como a própria direção de moldagem do
elemento.
Mais complexos que os modelos isotrópicos existem diversas alternativas, como
modelos que empregam vetores para as variáveis de dano, como Krajcinovic e Fonseka
(1981), citado por Fichant, La Borderie e Pijaudier-Cabot (1998), modelos que usam
tensores de 2ª ordem, como Chaboche (1988), Cordebois e Sidoroff (1982), Murakami
(1988) ou mesmo modelos que utilizam tensores de 4ª ordem como Pavan (2008),
Voyiadjis, Taqieddin, Kattan (2008), Creus e Maghous (2009) e Pituba (2010).
Assim, tem-se uma dificuldade maior na formulação e implementação, contando
contra os últimos modelos (anisotrópicos) e esta complexidade se dá em razão de
melhor separar as variáveis intervenientes no problema e melhor descrever os
fenômenos de danificação dos materiais.
Sobre o formalismo matemático da Mecânica do Dano Contínuo, Pituba (2005)
explica que a mesma está inserida na termodinâmica dos processos irreversíveis sendo
admitidas as segunites hipóteses:
- os processos irreversíveis podem ser aproximados por uma sequência de
estados de equilíbrio aos quais correspondem valores instantâneos de um número finito
de variáveis internas;
- as variáveis internas a serem escolhidas devem representar os processos
dissipativos dominantes;
- a resposta do meio depende exclusivamente de seu estado atual.

Além das hipóteses inicialmente admitidas também devem ser seguidas as duas
leis da termodinâmica. A primeira delas trata do princípio de balanço de energia,
consistindo numa transição entre dois estados infinitamente próximos de equilíbrio
termodinâmico, sendo apresentado através da equação 2.1
15

= + + (2.1)

onde é a potência das forças externas, é a taxa de energia interna, é a taxa de


energia cinética e é a taxa de energia dissipada.
A potência das forças externas pode ser dada pela soma da potência das tensões
mais uma variação de energia cinética:

= ∙ + (2.2)

Substituindo a equação 2.1 na equação 2.2, têm-se:

∙ = + (2.3)

Considerando-se agora a 2ª lei da termodinâmica, relacionada à entropia, têm-se


que a taxa de energia dissipada deve ser sempre positiva:

≥0 (2.4)

Comparando a equação 2.4 com a equação 2.3 obtem-se que:

∙ ≥ (2.5)

A equação 2.5 é chamada de desigualdade de Clausius-Duheim, e é condição


necessária para verificação de processos ditos termodinamicamente admissíveis.
Para exemplificar alguns conceitos relativos à Mecânica do Dano Contínuo, tem-
se a situação apresentada na figura 2.5, de onde se retira um elemento representativo
submetido à um esforço uniaxial.
O elemento tem uma área total , uma área de defeitos e uma área efetiva
relacionadas através da equação 2.6.

= − (2.6)
16

Figura 2.5 Elemento representativo


FONTE: Álvares (1993)

Sendo o elemento contínuo geometricamente pode aplicar o seguinte limite:

= lim
(2.7)

onde é uma variável representativa da danificação.


danificação Nesse
esse caso, um valor igual a 0
significa que o material está integro, e um valor igual a 1 indica que toda a seção
encontra-se danificada.
Expressando a área efetiva em função desse parâmetro tem-se:
tem

= 1− (2.8)

Estando o elemento submetido à um esforço uniaxial e sendo infinitamente


pequeno, a tensão efetiva , ou seja, a tensão que atua na área não danificada do
elemento é dada por:

= = → =
1− 1−
(2.9)
17

onde é tensão média.


Também é possível relacionar a rigidez no estado íntegro com a rigidez no
estado danificado, fazendo-se
fazendo para isso uso da hipótese da deformação equivalente.
equivalente A
situação utilizada para esta dedução é representada na figura 2.6.

Figura 2.6 Deformação equivalente


FONTE: Adaptada de Cresce (2003)

Considerando que as deformações devem


evem ser iguais nas duas situações, tem-se:
tem

= =
(2.10)
1−

onde é o módulo de elasticidade do material íntegro. Expressando a deformação em


função da tensão média atuante na seção e do módulo de elasticidade,
elasticidade resulta:

= (2.11)

com representando o módulo de elasticidade efetivo do material.


Igualando as equações 2.10 e 2.11 têm-se
têm se a relação entre o módulo de
elasticidade para o estado não danificado e o módulo de elasticidade efetivo,
efetivo ou seja:
18

= 1− (2.12)

Considerando casos mais gerais de estados de tensões, e principalmente de


variáveis para representação da danificação do concreto, outras estratégias podem ser
adotadas para transformação das tensões no material não danificado para as tensões
efetivas. Por exemplo, em Voyiadjis, Taqieddin e Kattan (2008), é usado a hipótese da
equivalência da energia elástica onde é estabelecido que a energia de deformação
elástica para um material danificado é equivalente, em forma, àquela do material não
danificado, tal como representado na equação 2.13.

1 1
=
2 2
(2.13)

onde e são os respectivos tensores de tensões para o estado não danificado e de


tensões efetivas, e , são, respectivamente, as porções elásticas dos tensores de
deformações nas condições não danificada e danificada.
No trabalho em questão são empregados tensores de dano de 4ª ordem, e o
tensor de transformação das tensões !" tem a mesma forma.

= !" (2.14)

Segundo os autores, o tensor !" deve manter o tensor de tensões efetivas


simétrico, e para isso são demonstradas algumas formas de obtenção desse tensor.
Outra estratégia de transformação, dessa vez vista em Mazars e Pijaudier-Cabot
(2001) e Fichant, La Borderie e Pijaudier-Cabot (1999), é empregar um artifício
utilizado em modelos de microplano, onde se faz uso de uma equação de trabalhos
virtuais.

4$ ∗
= '()*1 − + , -,! !" ," ,
.
+ *1 − / , -* .
, − ,! !" ," ,
.
-0 ∗
, -+Ω
3
(2.15)

.
onde !" é o tensor de tensões efetivas, é o tensor de tensões para o estado não-
danificado, ∗
as deformações principais, + , e / , são as superfícies de dano, e , é
19

o vetor normal ao microplano. As tensões são solução da equação ∀ ∗


e o domínio
de integração é uma esfera de raio igual a 1.

2.3 COMPORTAMENTO MECÂNICO E MODELO PARA O AÇO


Apesar do concreto possuir uma boa resistência à esforços compressivos, o
mesmo não ocorre quando os esforços são de tração. Por esta razão, há muito tempo se
utiliza barras de aço em diversos elementos estruturais de concreto com o intuito de
obter uma satisfatória resistência mecânica à tração, do material final.
O aço é uma liga metálica de ferro, carbono além de outros elementos químicos
adicionados para obtenção de características específicas como durabilidade, resistência
à corrosão, entre outras, sendo bastante utilizado na construção civil pela sua alta
relação entre resistência mecânica e peso, garantindo estruturas mais leves entre outros
benefícios.
Os aços empregados no concreto armado, CA-50 e CA-60, tem um
comportamento mecânico característico. O CA-50 é um material bastante dúctil,
apresenta um patamar de escoamento bem notável e é o aço empregado nas regiões
tracionadas das seções, principalmente porque em caso de ruptura, para seções sub-
armadas e normalmente armadas, se notará grande deformação do elemento estrutural.
Já o CA-60, utilizado por exemplo na composição de estribos para vigas de
concreto armado, tem um comportamento característico frágil, não exibe grandes
deformações quando submetido à tração e nem tampouco patamar de escoamento. A
figura 2.7 apresenta uma representação esquemática desses dois comportamentos.
Em razão do aço empregado para reforço de lajes ter um comportamento dúctil,
costuma ser adotado um modelo plástico perfeito para o comportamento tensão-
deformação, conforme representado na figura 2.8. Observa-se que o aço tem um
comportamento linear elástico até ser atingida a tensão de escoamento. Em seguida a
curva tensão-deformação fica horizontal e, portanto, o módulo de elasticidade do aço
passa a ser nulo, caracterizando a fase de escoamento do aço. Na figura 2.8 estão
representada duas tensões de escoamento em função da norma NBR 6118 adotar
coeficientes de segurança para fins de projeto estrutural, reduzindo a tensão de
escoamento.
20

Figura 2.7 Comportamento mecânico do aço


aço a) Frágil b) Dúctil
FONTE: Callister (2009)

Figura 2.88 Modelo para o comportamento mecânico do aço


FONTE: NBR-6118 (2014)

No modelo em questão será considerado uma união sem defeitos entre aço e
concreto, desprezando efeitos que acontecem em estruturas reais,
reais durante a transferência
de tensões.
21

3 MODELO DE DANO CONTÍNUO


Após um estudo detalhado de vários modelos de dano direcionados ao concreto,
concreto
alguns dos quais já relacionados no capítulo anterior,
anteri foi escolhido o modelo de Pituba
(2010), o qual foi desenvolvido visando fazer uma proposição para as variáveis de dano
intervenientes quando o concreto é submetido a tensões de cisalhamento. Tal modelo
em questão, Pituba (2010), é uma expansão do apresentado em Pituba (2003),
(2003) que por
sua vez se baseou no trabalho de Curnier et al. (1995),
(1995) onde havia sido desenvolvida
uma formulação para materiais com isotropia ou anisotropia elástica,
elástica que apresentam
diferentes comportamentos sob tração e compressão no regime de pequenas
deformações.
O concreto é considerado no
n modelo como um material inicialmente isótropo
que passa a apresentar isotropia transversal e resposta bimodular induzida pelo dano.
Uma justificativa para esta consideração foi apresentada em Pituba (2006),
(2006) onde é
demonstrado que para as expressões do potencial quadrático e da relação linear entre
tensões e deformações, no caso de isotropia,
isotropia são necessárias duas constantes, as
constantes de Lamè. Já para
ara isotropia transversal se fazem necessárias
necessárias 5 constantes,
constantes e
para ortotropia, 9 constantes.
constantes
Tendo em vista as possíveis limitações dos modelos isotrópicos e objetivando
um modelo mais completo, considerar a isotropia transversal é melhorar o modelo sem
aumentar excessivamente as variáveis envolvidas.
envolvid Na figura 3.1 têm-se
se a demostranção
de meios com isotropia transversal e estratificados .

Figura 3.1 a) Meio com isotropia tranversal vertical, b) horizontal e c)


inclinada
FONTE Pacheco, Pestana e Vivas (2011)
FONTE:
22

Tendo em vista o comportamento bimodular do concreto, são utilizados dois


tensores de dano, o primeiro deles é o tensor de dano para estados predominantes de
tração:

34 = 56 76 , 79 , 7: ;⨂; + 25= 79 , 7: [*;⨂? + ?⨂;- − ;⨂; ] (3.1)

onde:

56 76 , 79 , 7: = 76 − 25= 79 , 7: (3.2.a)
5= 79 , 7: = 1 − 1 − 79 1 − 7: (3.2.b)

Na equação (3.1) as grandezas em negrito são tensores; 34 é um tensor de


quarta ordem, ? é o tensor identidade de segunda ordem e ; é também um tensor de
segunda ordem, obtido pelo produto tensorial do versor transversal ao plano de isotropia
tranversal por ele mesmo. A variável escalar 76 representa a danificação na direção
perpendicular ao plano local de isotropia tranversal. Por outro lado, 79 representa a
danificação por cisalhamento no plano. 7: é ativada somente se tiver havido
compressão prévia com ocorrência de danificação.
As operações com tensores são explicitadas e exemplificadas em Pituba (2003):

;⨂; = A A!" *B ⨂ B ⨂ B! ⨂ B" - (3.3.a)

1
;⨂? = A ! / " + / " A ! *B ⨂ B ⨂ B! ⨂ B" -
2
(3.3.b)

1
?⨂; = / ! A " + A " / ! *B ⨂ B ⨂ B! ⨂ B" -
2
(3.3.c)

onde / é o delta de Kronecker.


Para estados predominantes de compressão tem-se o seguinte tensor de dano:

3C = 56 7= , 79 , 7: ;⨂; + 5= 7D [?⨂? − ;⨂; ] (3.4)

+ 25D 79 , 7: [*;⨂? + ?⨂;- − ;⨂; ]


onde:
23

56 7= , 79 , 7: = 7= − 25D 79 , 7: (3.5.a)

5= 7D = 7D (3.5.b)
5D 79 , 7: = 1 − 79 1 − 7: (3.5.c)

As variáveis escalares 7= , 7D e 7: representam, respectivamente, a danificação


perpendicular ao plano local de isotropia transversal, a penalização do coeficiente de
Poisson em planos perpendiculares ao de isotropia transversal e a danificação por
cisalhamento no plano de isotropia. Por sua vez, a variável escalar 79 está relacionada a
efeitos de tração pré-existentes.
A operação tensorial não definida anteriormente é:

?⨂? = / " / ! *B ⨂ B ⨂ B! ⨂ B" - (3.6)

Posteriormente são definidos os tensores constitutivos para os casos de estados


predominantes de tração e compressão:

E4 = (3.7.a)
λ66 [?⨂?] + 2G6 [?⨂?] − λH
== 76 , 79 , 7: [;⨂;] − λ6= 76 [ ;⨂? +
H

?⨂;]- G= 79 , 7: [ ;⨂? + ?⨂;]

EC = λ66 [?⨂?] + 2G6 [?⨂?] − λI


== 7= , 7D , 79 , 7: [;⨂;] −
(3.7.b)

λ6= 7= , 7D [ ;⨂? + ?⨂;]- λ66 7D [ ?⨂?] − λ66 7D [ ?⨂?] −


I I 6I=JK I
LK

G= 79 , 7: [;⨂? + ?⨂;]

onde M66 = M e G66 = G , são as constantes de Lamè.


Nos casos em que todas as variáveis de dano (ou seja, 76 a 7: ) são nulas, que
expressa a situação de material íntegro, tem se que os tensores constitutivos são iguais e
o comportamento mecânico à compressão é o mesmo do observado à tração, uma das
prerrogativas do formalismo matemático em Pituba (2006).
Os demais parâmetros dependentes das variáveis de dano são:
24

λH
== 76 , 79 , 7: = M + 2G 276 − 76= − 2λ6=
H
76 − 2G= 79 , 7: (3.8.a)

λ6=
H
76 = M 76 (3.8.b)
O −1 I
μ= 79 , 7: = 2G [1 − 1 − 79 =
1 − 7: = ] + M66 7D
P
(3.8.c)

λ6=
I
7= , 7D = M [ 1 − 7D =
− 1 − 7= 1 − 7D ] (3.8.d)
λ66
I
7D = M 27D − 7D= (3.8.e)
μ= 79 , 7: = 2G [1 − 1 − 79 =
1 − 7: = ] (3.8.f)

A definição se o estado é predominante de tração ou compressão vem de Curnier


(1995), onde é definida uma hipersuperfície no espaço das tensões ou deformações. No
modelo de Pituba (2010), essa hipersuperfície é um hiperplano Q caracterizado por
sua normal unitária R. Para a versão uniaxial do modelo tem-se:

Q , 34 , 3C = R 34 , 3C = S6 76 , 7= T + S= 76 , 7= 66 (3.9)

onde:

S6 76 , 7= = {1 + V 7= [V 76 − 1]}X 76 + {1 + V 76 [V 7= (3.10.a)
− 1]}X 7=
S= 76 , 7= = 76 + 7= (3.10.b)

Na equação anterior são empregadas as funções de Heaveside, definidas como:

V 7 = 1 YZ[Z 7 > 0 B V 7 = 0 YZ[Z 7 = 0 ] = 1, 2 (3.11)

As funções X 76 e X 7= por sua vez são assim expressas:

−76 + ^3 − 276=
X 76 =
(3.12.a)
3

−7= + ^3 − 27==
X 7= =
(3.12.b)
3
25

O critério para início da danificação é definido em termos da energia de


deformação elástica, sendo detectado previamente se o estado predominante é de tração
ou compressão, o regime elástico é delimitado por:

5_, = ` ∗ − a _, <0 (3.13)

onde a _ e a são as quantidades de energia necessárias para iniciar a danificação e


definidos a partir dos ensaios uniaxiais de tração ou compressão, mediante as seguintes
equações:

=
a_ =
_
2 (3.14.a)
=
a =
(3.14.b)
2

Observando que as grandezas _ e são as tensões de limite elástico e é o


módulo de elasticidade longitudinal, considerado como o mesmo valor nas duas
situações. ` ∗ é avaliada de forma diferenciada de acordo com o valor de Q . 34 , 3C :

` ∗H = YZ[Z Q . 34 , 3C > 0
dee
f
(3.15.a)
=gK 6I e f

` ∗H = YZ[Z Q . 34 , 3C < 0
dee
f
(3.15.b)
=gK 6I f f

Após iniciado o processo de danificação a equação (3.13) é avaliado de forma


diferente, ou seja:

5_, = ` ∗ H,I − a ∗_, <0 (3.16)

onde a ∗_, registra não a energia inicial, mas o maior valor alcançado durante a
evolução do carregamento.
A evolução das variáveis de dano, por sua vez, dá-se da seguinte forma:
26

1+A
7 =1− , jkl ] = 1,3
A + BhY[i a − a
(3.17)

São parâmetros do modelo, portanto, A , i e a , sendo a os limites iniciais


para danificação. As constantes A6 , i6 e a 6 = a _ são obtidos a partir de um ensaio de
tração uniaxial. A= , i= e a = são obtidos a partir de um ensaio de compressão uniaxial e
por fim AD , iD e a D = a = = a são encontrados por meio de um ensaio de
compressão biaxial. 79 e 7: , associadas ao dano por cisalhamento, tem suas leis de
evolução definidas posteriormente.
Para a utilização do modelo é preciso também estabelecer como será definido o
plano de isotropia transversal. Nesse sentido, Pituba (2010) apresenta algumas regras
para o estabelecimento do mesmo:
- No espaço das deformações principais, se duas das três taxas das deformações
forem de alongamento, encurtamento ou nulas simultaneamente, o plano definido por
elas será o plano de isotropia;
- Num estado plano de deformações, se as deformações não nulas são de sinais
contrários o plano local de isotropia transversal do material fica definido pelas direções
da deformação permanentemente nula, e da deformação cuja taxa seja positiva;
- Se as três taxas de deformações principais são positivas, assume-se que a
direção de maior alongamento é perpendicular ao plano de isotropia transversal.
Em relação às variáveis de dano associadas ao cisalhamento, Pituba (2010) faz
duas proposições para a mesma:

3.1 PROPOSIÇÃO 1
Nesta proposição as variáveis relacionadas ao cisalhamento estão diretamente
relacionadas aos danos perpendiculares aos planos de isotropia transversal.

79 = Ωm D6 (3.18.a)

7: = Ωo DD (3.18.b)

Relembrando, D6 e DD são variáveis representativas da danificação


perpendicular ao plano de isotropia respectivamente para estados predominantes de
27

tração e compressão. D9 e D: representam a danificação devido ao cisalhamento para


estados de tração e compressão.
As variáveis Ωm e Ωo nesse caso podem ser constantes numéricas ou mesmo
funções de valor escalar. Em todo caso elas representam uma complexidade a mais para
o modelo, principalmente se forem usadas funções.

3.2 PROPOSIÇÃO 2
Nesta proposição,, que é de fato empregada pelo autor,
au são definidas funções
para evolução das variáveis independentes das definidas previamente e tendo por base
resultados experimentais para ensaios com cisalhamento de corpos de prova de
concreto.
Na avaliação do autor a forma mais simples para esta curva
curva é considerando o
módulo de elasticidade ao cisalhamento inalterado até que um valor limite para a
deformação seja atingida e após isso o módulo é penalizado. A figura 3.2 a seguir
exemplifica a proposição.

Figura 3.2 Curva tensão-deformação


deformação idealizada para cisalhamento puro
FONTE: `Pituba (2010)

Tém-se, portanto, as seguintes relações tensão-deformação:


tensão

p = q S rB S s S (3.19.a)

p = t _ Su − S rB S > S (3.19.b)

onde q é o módulo de elasticidade transversal inicial, S é a deformação


puro u é a deformação
correspondente à tensão de pico em um ensaio de cisalhamento puro, S
28

última e t _ é a inclinação da reta após a deformação limite ser atingida, considerando o


estado predominante de tração. Por este modo são acrescidos ao modelo 3 parâmetros a
serem identificados, quais sejam, S , Su e t _ .
Pituba (2010) considera a seguinte relação tensão-deformação para o material
danificado:

p = 1 − 79 = q S (3.20)

Igualando a equação 3.20 à 3.19.b, tem-se a definição da lei de evolução para a


variável de dano 79 :

t _ Su − S
79 = 1 − v
(3.21)

q S

A equação final para a relação tensão-deformação é portanto:

p = q S rB S s S (3.22.a)
p = q 1 − 79 =
1 − 7: = S rB S > S (3.22.b)

Onde 7: é um valor constante, empregado se houve danificação prévia por


compressão. No caso do estado predominante de compressão 7: é quem passa a evoluir
segundo as equações previamente definidas. Além disso, t ocupa o lugar de t _ e 79 é
ativada se houver dano por tração previamente.
Para a validação do modelo, Pituba (2010) modelou 3 vigas que também foram
estudadas por Álvares (1993). No caso dos parâmetros para o cisalhamento, foram
escolhidos de forma a representar adequadamente a curva tensão-deformação obtida por
Khaloo e Ahmad (1988) para um ensaio de cisalhamento puro com fck próximo ao de
Álvares (1993). Nesse ponto, cabe observar, desde já, que o estudo dos parâmetros e
também dos critérios para a escolha dos mesmos, requer uma investigação aprofundada.
29

4 MODELO NUMÉRICO
Os modelos físicos para os materiais constituintes das placas aqui estudadas, de
dano contínuo com isotropia transversal para o concreto bem como elastoplástico
perfeito para o reforço de aço, serão incorporados em um programa desenvolvido
anteriormente, Rocha (2014), para a análise de placas laminadas com base no método
dos elementos finitos. Inicialmente é apresentada a formulação analítica do problema
utilizando a Teoria Clássica de Laminados (com a não linearidade física dos materiais
constituintes embutida nas relações tensão-deformação) em termos do Princípio dos
Trabalhos Virtuais. Posteriormente é apresentada uma síntese da formulação
computacional, colm base no método dos elementos finitos.

4.1 TEORIA CLÁSSICA DE FLEXÃO DE PLACAS LAMINADAS

4.1.1 Hipóteses consideradas


Na teoria clássica de flexão de placas laminadas (TCL) cabe destacar que a
geometria de deformação segue as hipóteses de Kirchhoff, estas instituídas para a
análise de placas isotrópicas e delgadas. Portanto, a seguir estão listadas essas e as
demais hipóteses formadoras da teoria:
1) Supõe-se que o carregamento na placa acarreta rotações e deformações
pequenas, perante a unidade, enquadrando o problema no âmbito linear geométrico;
2) A placa é considerada delgada, ou seja, a espessura é relativamente pequena
em relação às outras duas dimensões (da superfície);
3) A placa é formada por lâminas perfeitamente coladas entre si, isto é, sem
deslizamento ou deslocamento. Isto significa que os deslocamentos são descritos por
funções contínuas;
4) Linhas inicialmente retas e perpendiculares à superfície média da placa
permanecem retas e perpendiculares a esta superfície, quando o laminado for
deformado;
5) Os segmentos normais à superfície média são considerados inextensíveis,
isto é, têm comprimentos constantes;
6) As lâminas são formadas por materiais ortotrópicos de comportamento
linear elástico;
7) Admite-se que as cargas são aplicadas na superfície média da placa.
30

4.1.2 Campo de deslocamentos


As hipóteses 1 a 5 permitem que seja adotado o seguinte campo de
deslocamentos:

z{
w h, x, y = w h, x − y
zh
(4.1.a)

z{
| h, x, y = | h, x − y
zx
(4.1.b)

{ h, x, y = { h, x (4.1.c)

onde u, | e { são os deslocamentos de um ponto qualquer da placa nas direções h, x e


y, respectivamente, e u , v e w indicam os deslocamentos nessas mesmas direções do
ponto associado ao primeiro, e localizado na superfície média da placa (ver figura 4.1).
Cabe observar que os eixos h e x pertencem ao plano médio da placa, conforme
ilustrado na figura 4.1.

Figura 4.1 Sistema de referência e geometria de deformação da placa


considerando a teoria clássica de Kirchhoff
FONTE: Reddy (2004)

4.1.3 Relações deformação-deslocamento


Sendo válido o comportamento linear geométrico, admitido através da hipótese
1, têm-se as seguintes relações deformação-deslocamento:
31

zw
=
zh
(4.2.a)

z|
=
zx
(4.2.b)

z{
=
zh
(4.2.c)

zw z|
Sۥ = +
zx zh
(4.2.d)

zw z{
S€‚ = +
zy zh
(4.2.e)

z| z{
S•‚ = +
zy zx
(4.2.f)

onde ε„ , ε… , ε† , são as deformações lineares nas direções h, x e y, respectivamente, e


S€• , S€‚ e S•‚ são as deformações angulares.
Da hipótese cinco tem-se que a deformação linear específica segundo a direção
transversal ao plano médio da placa é nula, ou seja ‚ = 0. Por sua vez, a hipótese
quatro, em que as linhas normais à superfície permanecem normais após a flexão,
acarreta que as distorções S€‚ e S•‚ são também nulas. Portanto, partindo-se dessas
observações e substituindo o campo de deslocamentos 4.1 nas expressões acima, tem-
se que:

zw z ={
= − y =
(4.3.a)

zh z h
z| z ={
= − y =
(4.3.b)

zx z h
zw z| z ={
S€• = + − 2y
(4.3.c)
zx zh zhzx
‚ = 0 (4.3.d)
S€‚ = 0 (4.3.e)
S•‚ = 0 (4.3.f)

Cabe observar, portanto, que a Teoria Clássica de Laminados gera um problema


de estado plano de deformação.
32

4.1.4 Relações constitutivas


Partindo-se para o uso de matrizes constitutivas associadas ao estado plano de
tensões para cada lâmina da placa de material ortotrópico (hipótese seis) acarreta em:

€ ‹ 66
Q ‹ 6=
Q ‹ 6Œ
Q €
‹ 6=
‡ • ˆ = ‰Q ‹ == ‹ =Œ • ‡ • ˆ
(4.4)
Q Q
p€• ‹ 6Œ
Q ‹ =Œ
Q ‹ ŒŒ S€•
Q

com σ„ e σ… sendo as tensões normais, nas direções h e x respectivamente, e τ„… a


tensão cisalhante.
‹ •‘ , denominada de matriz de rigidez reduzida da lâmina em
A matriz quadrada Q
relação ao sistema global de coordenadas, é função das propriedades mecânicas da
lâmina e seus elementos são assim definidos:
‹ 66 = ’66 cos9 – + 2 ’6= + 2 ∗ ’ŒŒ rB,= – cos= – + ’== rB,9 –
Q (4.5.a)
‹ 6= = ’66 + ’== − 4’ŒŒ rB,= – cos= – + ’6= rB,9 – + cos9 –
Q (4.5.b)
‹ == = ’66 rB,9 – + 2 ’6= + 2’ŒŒ rB,= – cos= – + ’== cos9 –
Q (4.5.c)
‹ 6Œ = ’66 − ’6= − 2’ŒŒ rB,– cosD – + ’6= − ’== + 2’ŒŒ rB,D –jkr–
Q (4.5.d)
‹ =Œ = ’66 − ’6= − 2’ŒŒ rB,D –jkr– + ’6= − ’== + 2’ŒŒ rB,– cosD –
Q (4.5.e)
‹ ŒŒ = ’66 + ’== − 2’6= − 2’ŒŒ rB,= – cos= – + ’ŒŒ rB,9 –
Q (4.5.f)
+ cos9 –
33

onde – representa o ângulo de orientação da fibra de reforço da camada, formado entre


os eixos h6 (local) e h (global), conforme figura 4.2, e os demais termos são os
elementos da matriz de rigidez reduzida da lâmina, em relação ao sistema local de
coordenadas, os quais são assim definidos:

’66 =
6
1 − |6= |=6
(4.6.a)

|6= =
’6= =
1 − |6= |=6
(4.6.b)

’== =
=
1 − |6= |=6
(4.6.c)

’ŒŒ = q6= (4.6.d)

Figura 4.2 Sistemas de coordenadas local e global


FONTE: Reddy (2004)

Na expressão acima, 6 e = são os módulos de elasticidade nas direções h6 e h=


da camada, e q6= é o módulo de elasticidade transversal associado às direções h6 e h= .
Além disto, |6= e |=6 são os coeficientes de Poisson, também associados às direções h6
e h= , e relacionados por:
34

|6= E6
=
|=6 E=
(4.7)

(2.8)

4.1.5 Integrais de tensões (esforços solicitantes)


Os esforços solicitantes, por unidade de comprimento, representados na Figura
4.3, são definidos pelas seguintes integrais de tensões, avaliadas na espessura ℎ da placa
laminada:

Figura 4.3 Esforços internos na placa


FONTE: Reddy (2004)

=
R€€ = ' € +y
(4.8.a)

I
=

=
R•• = ' • +y
(4.8.b)

I
=
35


=
Rۥ = ' pۥ +y
(4.8.c)

I
=

=
=' € y+y
(4.8.d)
€€ ™
I
=

=
=' y+y
(4.8.e)
•• ™ •
I
=

=
= ' pۥ y+y
(4.8.f)
€• ™
I
=

onde R€€ , R•• , R€• são esforços de membrana por unidade de comprimento e €€ , ••

e €• são momentos solicitantes decorrentes da flexão da placa também dados por


unidade de comprimento.
Esses esforços podem ser expressos em função da laminação da placa, ou seja:

R€€ Ÿ ‚•že €
šR•• › = œ ' ‡ • ˆ +y
(4.9.a)

Rۥ ! 6 ⥠pۥ

€€ Ÿ ‚•že €
š •• › = œ ' ‡ • ˆ y+y
(4.9.b)

ۥ ! 6 ⥠pۥ

sendo , é o número de lâminas que compõe a placa, e y! e y!H6 são as coordenadas y


de início e fim de cada uma das lâminas (ver figura 4.4).
Substituindo em (4.9) as equações (4.4), que relacionam as tensões e
deformações:

R€€ Ÿ ¡
‚•že ’66 ’¡6= ’¡6Œ €
šR•• › = œ š' ‰’¡6= ’¡== ¡
’=Œ • ‡ • ˆ› +y
(4.10.a)

R€• ! 6 ‚•
’¡6Œ ’¡=Œ ’¡ŒŒ S€•
€€ Ÿ ‚•že ’¡66 ’¡6= ’¡6Œ €
š •• › = œ š' ‰’¡6= ’¡== ¡ • ‡ ˆ› y+y
(4.10.b)
’=Œ •
€• ! 6 ‚•
’¡6Œ ’¡=Œ ’¡ŒŒ €• S
36

Figura 4.4 Numeração das lâminas e origem do eixo z


FONTE: Reddy (2004)

Substituindo agora em (4.10) as relações deformação-deslocamento 4.3 tem-se


que:
37

zw z ={
¥ ¥ −y =
(4.11.a)
Ÿ £ £ zh z h £̈
R€€ £ ‚•že ’¡66 ’¡6= ¡
’6Œ £ z| z ={ ££̈
£
šR•• › = œ ' ‰’¡6= ’¡== ¡
’=Œ • −y = +y
¤ ¤ zx z h §§
R€• ‚•
’¡6Œ ’¡=Œ ¡
’ŒŒ
£ £
£zw + z| − 2y z { £££
! 6 =
£ £
¢ ¢ zx zh zhzx¦¦
zw z ={
¥ ¥ −y =
(4.11.b)
£ £ zh z h £̈
€€ Ÿ £ ‚•že ’¡66 ’¡6= ’¡6Œ£ z| z ={ ££̈
£
š •• › = œ ' ‰’¡6= ’¡== ’¡=Œ • −y = y+y
¤ ‚• ¤ zx z h § §
’¡6Œ ’¡=Œ ’¡ŒŒ
£ £
£zw + z| − 2y z { £££
ۥ ! 6 =
£ £
¢ ¢ zx zh zhzx¦¦

Reorganizando as expressões anteriores, resulta:

¥−
«uK « f ¬K
R€€ A66 A6= A6Œ ¥
£̈ i66 i6= i6Œ £ «ff € £̈
(4.12.a)
£
«€

šR•• › = ©A6= A== A=Œ ª +©i6= i== i=Œ ª − f K


«JK « ¬

R€• A6Œ A=Œ ¤ «•


§
AŒŒ £«uK «JK £ i6Œ i=Œ iŒŒ ¤
« €
§
£−2 «f ¬K £
¢ «• + «€ ¦ ¢ «€«• ¦

¥−
«uK « f ¬K
i66 i6= i6Œ ¥
£̈ 766 76= 76Œ £ «ff € £̈
(4.12.b)
£
«€
€€
= ©i6= i== i=Œ ª +©76= 7== 7=Œ ª − f K
«JK
š •• ›
« ¬

i6Œ i=Œ ¤ «•
§
iŒŒ £«uK «JK £ 76Œ 7=Œ 7ŒŒ ¤
« €
§
£−2 «f ¬K £
¢ «• + «€ ¦
ۥ
¢ «€«• ¦

A matriz formada pelos elementos A é denominada matriz de rigidez


extensional. Por sua vez, a matriz com elementos 7 é a matriz de rigidez flexional e a
composta pelos elementos i é a matriz de rigidez de acoplamento flexo-extensional.
Os elementos A , i e 7 são funções das propriedades mecânicas e espessura das
lâminas, conforme as respectivas expressões a seguir:
38

™ Ÿ ‚•že
*A , i , 7 - = ' ’¡ ’¡
=
1, y, y +y = œ ' 1, y, y +y
!
(4.13)
= =

I ! 6 ‚•
=
Ÿ

A = œ ’¡ y!H6 − y!
!
(4.14.a)

! 6
Ÿ
1
i = ∗ œ ’¡ y!H6 − y! ²
! =
(4.14.b)
2
! 6
Ÿ
1
7 = ∗ œ ’¡ y!H6 − y! ³
! D
(4.14.c)
3
! 6

Desenvolvendo os produtos matriciais em 4.12 , têm-se as expressões finais


para os esforços solicitantes:
39

zw z| zw z| z ={ z ={
R€€ = A66 + A6= + A6Œ - + ® − i66 − i6=
(4.15.a)
zh zx zx zh ∂h = ∂x =
z ={
− 2i6Œ
zhzx
zw z| zw z| z ={ z ={
R•• = A6= + A== + A=Œ - + ® − i6= − i
(4.15.b)
zh zx zx zh ∂h = ==
∂x =
z ={
− 2i=Œ
zhzx
zw z| zw z| z ={ z ={
R€• = A6Œ + A=Œ + AŒŒ - + ® − i6Œ − i
(4.15.c)
zh zx zx zh ∂h = =Œ
∂x =
z ={
− 2iŒŒ
zhzx
zw z| zw z| z ={ z ={
= i66 + i6= + i6Œ - + ® − 766 − 7
(4.15.d)
€€
zh zx zx zh ∂h = 6=
∂x =
z ={
− 276Œ
zhzx
zw z| zw z| z ={ z ={
= i6= + i== + i=Œ - + ® − 76= − 7
(4.15.e)
••
zh zx zx zh ∂h = ==
∂x =
z ={
− 27=Œ
zhzx
zw z| zw z| z ={ z ={
= i6Œ + i=Œ + iŒŒ - + ® − 76Œ − 7
(4.15.f)
ۥ
zh zx zx zh ∂h = =Œ
∂x =
z ={
− 27ŒŒ
zhzx

4.1.6 Trabalho virtual das forças internas

O trabalho virtual realizado pelas forças internas é dado por:

/` Ÿ. = ' * €/ € + •/ • + p€• /S€• -+|


(4.16)
T

com ° representando o volume da placa, e / € , / • e /S€• as variações das


deformações €, • e S€• , as quais a partir das expressões (4.4a) a (4.4c) são assim
calculadas:
40

zw z ={
/ = /- ® − y/ ± = ²
(4.17.a)

zh zh
z| z ={
/ =/- ® − y/ ± = ²
(4.17.b)

zx zx
zw z| z ={
/S€• =/- ®+/- ® − 2y/ ± = ²
(4.17.c)
zh zx zx

Substituindo as expressões acima na integral 4.16 e levando em consideração


que se pode encarar a integral em volume como uma integração em relação à área Ω da
superfície média e em relação à espessura ℎ da placa, obtêm-se:


= zw z ={ z| z ={
/` Ÿ. = ' ' ± € ´/ - ® − y/ ± = ²µ + ´/ - ® − y/ ± ²µ
(4.18)

ΩK I
™ zh zh •
zx zx =
=

zw z| z ={
+ p€• ´/ - ®+/- ® − 2y/ ± ²µ² +|
zh zx zhzx

Identificando-se na expressão acima os esforços solicitantes dados em (4.8),


tem-se:

/` Ÿ. = ¶)R€€ /w·,€ − €€ /{·,€€ +R•• /|·,• − •• /{·,••


(4.19)
¸

+ R€• /*w·,• + |·,€ - − 2 €• /{·,€• 0+h+x

onde a vírgula indica derivação parcial do esforço em questão em relação as variáveis


indicadas (após o mesmo). Essa equação pode ser expressa em função dos
deslocamentos a partir da substituição da equação 4.15 na equação 4.19.
41

4.1.7 Trabalho virtual das forças externas


O trabalho virtual realizado pelas forças externas representadas na figura 4.5 é
dado pela seguinte expressão:

/` €. = ' ¹ h, x /{· +A
(4.20)
¸
• ¼
½
z{
+' º •€ /w· + •• /|· + •‚ /{· − •• / - ®» +h
zx

€ ½
¼
z{
+' º €€ /w + €• /| + €‚ /{ − €€ / - ®» +x
zh

onde ¹ h, x representa o carregamento transversal por unidade de área atuante no


plano médio da placa, €€ , €• , €‚ e €€ são as forças e momentos atuantes nos

bordos h = 0 e h = Z da placa, e •€ , •• , •‚ e •• são as forças e momentos


atuantes nos bordos x = 0 e x = ¾. As cargas de bordo, medidas por unidade de
comprimento, atuam supostamente na interseção do respectivo bordo com o plano
médio da placa, conforme a hipótese 7.

Figura 4.5 Cargas externas atuantes na placa


FONTE: Lima (2010)
42

Tendo em vista o prosseguimento na obtenção de equações de equilíbrio e


contorno, a expressão do trabalho das forças internas deve ser integrada por partes, no
caso de alguns termos, para compatibilizar com as variações dos deslocamentos
presentes na expressão do trabalho realizado pelas forças externas. Portanto, após a
integração, a expressão do trabalho das forças internas, em termos de esforços é dada
por:

¼
/` Ÿ. = ' [R€€ /w· ]€€ ½
+x
(4.21)

½
• ¼
− ¶ R€€,€ /w· +h+x + ' )R•• /|· 0• +h
¸
½
• ¼
− ¶ R••,• /|· +h+x + ' )R€• /w· 0• +h
¸
¼
€ ½
− ¶ R€•,• /w· +h+x + ' )R€• /|· 0€ +x
¸
¼
€ ½
− ¶ R€•,€ /|· +h+x − ' ) €€ /{·,€ 0€ +x
¸
¼
€ ½
+' ) €€,€ /{· 0€ +x

½
• ¼
−¶ €€,€€ /{· +h+x − ' ) •• /{·,• 0• +h
¸
½
• ¼
+' ) ••,• /{· 0• +h − ¶ ••,•• /{· +h+x
¸

€ ½ • ¼
− 2 ¿* €•,€• /{· -€ À

½
• ¼
− 2 ¶ €•,€• /{· +h+x + 2 ' ) €•,€ /{· 0• +h
¸
¼
€ ½
+ 2' ) €•,• /{· 0€ +x

Reorganizando a expressão em termos de esforços internos temos:


43

/` Ÿ. = − ¶ ) R€€,€ + R€•,• /w· + R••,• + R€•,€ /|· +


(4.22)
€€,€€
¸

+2∗ €•,€• + ••,•• /{· ]+h+x


½
+ Á' )R€• /w· + R•• /|· + * ••,• +2∗ €•,€ -/{·

• ¼
− •• /{·,• 0+hÂ

¼
+ Á' )R€€ /w· + R€• /|· + €€,€ +2∗ €•,• /{·

€ ½
€ ½ • ¼
− €€ /{·,€ ]+x − 2 ¿* €•,€• /{· -€ À

4.1.8 Princípio dos trabalhos virtuais


Segundo o Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV) na condição de equilíbrio o
trabalho virtual realizado pelas forças internas será igual ao trabalho virtual realizado
pelas forças externas, para um deslocamento compatível com as vinculações da placa.
Portanto, igualando as expressões do trabalho virtual interno (4.22) e do trabalho virtual
externo (4.20) tem-se:
44

− ¶ ) R€€,€ + R€•,• /w· + R••,• + R€•,€ /|· +


(4.23)
€€,€€
¸

+2∗ €•,€• + ••,•• /{· ]+h+x


½
+ Á' )R€• /w· + R•• /|· + ••,• +2∗ €•,€ /{·

• ¼
− •• /{·,• ]+hÂ

¼
+ Á' )R€€ /w· + R€• /|· + €€,€ +2∗ €•,• /{·

€ ½
€ ½ • ¼
− €€ /{·,€ ]+x − 2 ¿* €•,€ /{· -€ À

= ¶ ¹‚ h, x /{· +h+x
¸
¼ € ½
+ Á' [ ¡€€ /w· + ¡€• /|· + ¡€‚ /{· − ‹€€ /{·,€ ]+xÂ

½ • ¼
+ Á' [ ¡•€ /w· + ¡•• /|· + ¡•‚ /{· − ‹•• /{·,• ]+xÂ

Com a parcela do trabalho interno sendo expressa em função dos esforços


internos.

4.1.9 Equações de equilíbrio


Considerando as variações /w , /| e /{ arbitrárias e independentes, obtêm-se
as seguintes equações de equilíbrio, para o domínio da placa.
R€€,€ + R€•,• = 0 (4.24.a)
R••,• + R€•,€ = 0 (4.24.b)

€€,€€ + 2 €•,€• + ••,•• = −¹ h, x (4.24.c)

4.1.10 Equações de contorno


Ainda considerando arbitrárias e independentes as variações dos deslocamentos
encontram-se as condições de contorno válidas para os bordos e cantos da placa.
1 - Nos bordos h = 0 e h = Z
45

R€€ = ¡€€ ou w· = 0 (4.25.a)


R€• = ¡€• ou |· = 0 (4.25.b)

€€ = ‹€€ ou {·,€ = 0 (4.25.c)

€€,€ +2∗ €•,• = ¡€‚ ou {· = 0 (4.25.d)

2 - Nos bordos x = 0 e x = ¾
R•€ = ¡•€ ou w· = 0 (4.26.a)
R•• = ¡•• ou |· = 0 (4.26.b)

•• = ‹•• ou {·,• = 0 (4.26.c)

••,• +2∗ €•,€ = ¡•‚ ou {· = 0 (4.26.d)

3 - Nos cantos da placa


€• , = ‹€• , ou {· , =0 (4.27)

4.2 FORMULAÇÃO NUMÉRICA

Com relação à modelagem numérica de estruturas, constata-se na literatura que


diversos métodos foram desenvolvidos com o objetivo de resolver as equações
diferenciais resultantes do equilíbrio dos elementos estruturais, a exemplo do Método
das Diferenças Finitas (MDF), do Método das Diferenças Finitas Energéticas (MDFE),
do Método dos Elementos Finitos (MEF) e, mais recentemente, do Método dos
Elementos de Contorno (MEC). Todavia, sem sombra de dúvida o método dos
elementos finitos é o mais empregado por sua capacidade intrínseca de modelar diversas
condições de geometria, de carregamento e de condições de vinculação dos elementos
estruturais.
O Método dos Elementos Finitos tem embasamento matemático no trabalho de
Courant (1943). Seu primeiro uso para engenharia estrutural se deu com o trabalho de
Clough, Turner, Topp et al. (1956), que aplicaram o método na resolução de problemas
relacionados à aviação, empregando elementos discretos triangulares planos. Desde
então, observou-se um grande número de publicações sobre o tema e a consolidação do
método como o preferido mundialmente para a modelagem de estruturas em geral.
46

Por conta disso, no presente trabalho o MEF será utilizado como método
numérico-estrutural para tratar as equações oriundas do modelo teórico aqui utilizado,
envolvendo a Mecânica do Dano e a Teoria Clássica de Laminados.

4.2.1 Caracterização do elemento


No presente trabalho, o elemento finito utilizado na modelagem das placas em
estudo será um elemento de geometria retangular com 4 nós, conforme ilustrado na
figura seguinte:

Figura 4.6 Elemento finito: dimensões, nós e eixos de referência

onde a e b representam as dimensões do elemento respectivamente nas direções dos


eixos locais h e x, cabendo observar que estes eixos são paralelos aos eixos globais à e
a. Os números representam a numeração local dos quatro nós localizados nos vértices
do elemento finito considerado. Os eixos local e global z são ilustrados na figura
abaixo.
47

Figura 4.7 Eixos de referência locais e globais nas três direções


Para cada
ada um dos nós do elemento pode haver 3 deslocamentos,
eslocamentos, um em cada

direção (h, x e y), ter rotações em torno dos eixos h e x,, definidas como
«¬ «¬
«€ «•
e além
« ff ¬
de um grau de liberdade «€«•
«€«•
. Cada um desses deslocamentos e rotações recebe o nome

de grau de liberdade. Sendo


endo assim, têm-se
têm seis graus de liberdade por nó, 24 graus de
liberdade por elemento e 6,
,Ÿ· graus de liberdade para a estrutura, onde ,Ÿ· é o número
de nós definidos na discretização da placa em elementos finitos.. A figura seguinte
ilustra esses graus
aus de liberdade.

Figura 4.8 Graus de liberdade nodais

O número indica o nó em questão, d1 e d2 representam os deslocamentos w e |


respectivamente, que são os deslocamentos no plano médio da placa segundo os eixos X
e Y, respectivamente. d3 é o deslocamento { segundo o eixo Z tendo sentido positivo
48

, ou derivadas de { nas
«¬ «¬
«€ «•
para baixo. d4 e d5, em setas duplas são as rotações, e

direções h e x, d6 a derivada
«f ¬
«€«•
.

A numeração segue conforme o número do nó, portanto temos para o


deslocamento w o grau de liberdade 6,Ÿ· − 5, para o deslocamento | o grau de
liberdade 6,Ÿ· − 4, para o deslocamento { o grau de liberdade 6,Ÿ· − 3, para a

o grau de liberdade 6,Ÿ· − 2, para a rotação


«¬K «¬K
«€ «•
rotação o grau de liberdade

6,Ÿ· − 1 e por fim o grau de liberdade 6,Ÿ· para a derivada , onde ,Ÿ· é o número
«f ¬
«€«•

do nó no sistema de numeração local.


São definidas posteriormente as funções de interpolação para os deslocamentos
no elemento finito.

w
¥ v (4.28)
£ w £̈ 1 h 0 0 0 0 x hx 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
£ £ Ç0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 h 0 0 0 0 x hx 0 0 0 0 Í
£ z{ £ Æ Ì
Æ0 0 1 h x x= 0 0 xy x= xD x=y 0 0 xy = yD h Dx x= y= 0 0 hx D h Dx= h =xD x y Ì
D D
U+W = zh =Æ = DÌ
¤ z{ § Æ0 0 0 1 0 2x 0 0 x 0 3h = 2xy 0 0 x= 0 3x = y 2xy = 0 0 xD 3h = x = 2xx D 3x y
Ì
£ zx £ Æ0 0 0 0 1 0 0 0 h 2x 0 x= 0 0 2hx 3x = hD 2x = y 0 0 3x = 2h D y 3h = x = 3x D y = Ì
£ = £ Å0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 2x 0 0 2y 0 3x = 4xy 0 0 0 6x = y 6xy = 9x = y = Ë
£z { £
¢zhzx¦

O elemento finito com a geometria descrita anteriormente bem como estes


polinômios de interpolação é chamado de BFS (Bogner-Fox-Schmit) (TAYLOR e
ZIENKIEWIZ, 1991)

Em notação compacta:

U+W = [∅]UtW (4.29)

onde U+W é o vetor deslocamento de 6 linhas para o nó em questão, [∅] é a matriz de 6


linhas e 24 colunas que representa os polinômios interpoladores e UtW é o vetor de
constates de 24 linhas a ser determinado.
Particularizando a equação acima para os pontos nodais e chamando de U+W os
deslocamentos nodais tem-se:
49

U+W = [∅] UtW (4.30)

sendo U+W o vetor de deslocamentos para o elemento respeitando o sistema de


numeração local. Cabe observar que o índice após a indicação dos deslocamentos tem o
objetivo de identificar qual nó, no sistema de referência local, está sendo tratado.
As matrizes U+W, para cada um dos nós, são explicitadas substituindo as
coordenadas locais dos nós do elemento finito, isto é, h = 0 e x = 0 para o primeiro nó,
h = Z e x = 0 para o segundo, h = 0 e x = ¾ para o terceiro nó e por fim h = Z e
x = ¾ para o quarto e último nó.
A partir da equação abaixo deduz-se a matriz de coeficientes UtW:

UtW = U[∅] WI6 U+W (4.31)

A posterior obtenção de U[∅] WI6 pode ser encontrada com o uso, por exemplo,
de um aplicativo de matemática simbólica, como o módulo Sympy da linguagem de
programação Python.
As funções de interpolação, a serem usadas posteriormente, são cada uma das 6
linhas de [R], obtidas pela seguinte operação:

U+W = [R]U+W = [∅]U[∅] WI6 U+W (4.32)

4.2.2 Discretização
Para que a discretização seja feita é necessário subdividir a placa segundo
elementos menores. É possível que tal discretização seja feita com elementos distintos
ao longo da placa, por exemplo, nos bordos. O objetivo é melhorar os resultados quando
se sabe antecipadamente que algum elemento tenha comportamento melhor para essa
situação. No entanto, no programa desenvolvido, a discretização é feita usando apenas o
elemento retangular descrito acima (ver Figura 4.9).
50

É necessário aplicar uma nova regra de numeração com o objetivo de fazê-la nas
coordenadas globais, para a placa, e não mais nas coordenadas locais, para um único
elemento. A numeração dos elementos e nós para a placa é ilustrada na figura 4.9:

Figura 4.9 Sistema de numeração global dos elementos e nós

onde I e J são usados como referência para indicar a linha e a coluna em que estão
localizados os nós. Os números escritos internamente indicam a numeração dos
elementos que é feita da esquerda para a direita e de cima para baixo.
A numeração dos nós é feita igualmente da esquerda para a direita e de cima
para baixo. A passagem da numeração local para global para um elemento se dá pelas
relações:

R1 = (Ï − 1)RRh + Ð (4.33.a)
R2 = R1 + 1 (4.33.b)
R3 = R1 + RRh (4.33.c)
R4 = R3 + 1 (4.33.d)

sendo R1, R2, R3 e R4 a numeração global para os nós 1, 2, 3 e 4 locais,


respectivamente. RRh é o número de nós em que é subdividida a placa na direção x.
51

4.2.3 Matriz de rigidez local

Partindo do PTV pode-se avaliar a parcela de trabalho desenvolvida pelos


esforços internos para uma placa laminada, descritos pela equação seguinte.

zw z| zw z| z={ z={
' δW•ÓÔ dA = 'U´A66 + A6= + A6Œ - + ® − i66 − i
(4.34)
¸ zh zx zx zh ∂h = 6=
∂x =
z {
=
zw
− 2i6Œ µ/- ®
zhzx zh
zw z| zw z| z={ z={
− ´i66 + i6= + i6Œ - + ® − 766 − 7
zh zx zx zh ∂h = 6=
∂x =
z {
=
z {=
− 276Œ µ/± = ²
zhzx zh
zw z| zw z| z={ z={
+ ´A6= + A== + A=Œ - + ® − i6= − i
zh zx zx zh ∂h = ==
∂x =
z {
=
z|
− 2i=Œ µ/- ®
zhzx zx
zw z| zw z| z={ z={
− ´i6= + i== + i=Œ - + ® − 76= − 7
zh zx zx zh ∂h = ==
∂x =
z {
=
z {=
− 27=Œ µ/± = ²
zhzx zx
zw z| zw z| z={ z={
+ ´A6Œ + A=Œ + AŒŒ - + ® − i6Œ − i
zh zx zx zh ∂h = =Œ
∂x =
z {
=
zw z|
− 2iŒŒ µ ×/ - ®+/- ®Ø
zhzx zh zx
zw z| zw z| z={ z={
−2 ´i6Œ + i=Œ + iŒŒ - + ® − 76Œ − 7
zh zx zx zh ∂h = =Œ
∂x =
z={ z={
− 27ŒŒ µ / ± = ² W+h+x
zhzx zx

Substituindo as funções de interpolação na equação anterior e integrando-a no


domínio do elemento retangular obtêm-se a matriz de rigidez local que é uma matriz
quadrada e simétrica de ordem 24:


Ç Í
6,6 6,= 6,D 6,=9

(4.35)
Æ =,= =,D =,=9 Ì
= Æ … D,=9 Ì
Æ Ì
(=9€=9) D,D

Æ ⋱ ⋮ Ì
Å =9,=9 Ë
52

4.2.4 Matriz de rigidez global

Tendo em vista que o princípio do MEF é discretizar (subdividir) o elemento de


estudo em diversos elementos, é necessário obter uma matriz de rigidez para a estrutura
como um todo, a matriz de rigidez global, combinando as matrizes de rigidez local de
todos os elementos, tal como já consagrado pela literatura. A discretização sendo feita
com um único tipo de elemento, como no presente caso, trará uma maior simplicidade
ao procedimento de elaboração do código computacional.

4.2.5 Vetor de forças

O vetor de cargas, ou de forças, local apresenta 24 linhas, ou seja, o número de


linhas corresponde aos graus de liberdade associados ao elemento. É gerado diretamente
do trabalho desenvolvido pelas forças externas, como visto através da equação (4.20)
repetida abaixo:

/` €. = ' ¹(h, x)/{+A


(4.36)
¸
• ¼
½
z{
+' º •€ /w + •• /| + •‚ /{ − •• / - ®» +h
zx

€ ½
¼
z{
+' º €€ /w + €• /| + €‚ /{ − €€ / - ®» +x
zh

A primeira parte da equação acima, a integral no domínio da placa, são as cargas


que estão atuando perpendicularmente ao plano médio da placa. Para fins de
implementação computacional, serão adotadas as seguintes opções (ver figura 4.10): i)
trapezoidais; ii) cargas de linha (paralelas ao eixo h ou x) que atravessam toda a placa;
iii) ou ainda cargas pontuais.
53

Figura 4.10 Tipos de carregamentos


FONTE: Reddy (2004)

As segunda e terceira partes da equação estão relacionadas às cargas de bordo


que podem estar atuando no contorno da placa, bordo x = 0 e x = ¾ e bordo h = 0 e
h = Z respectivamente, conforme já visto no ítem 4.1.7. No que se refere a
implementação computacional será adotado que todos os esforços atuantes nos bordos
são considerados constantes ao longo destes (não variam ao longo do bordo).

4.2.6 Introdução das condições de contorno


Depois de realizada a montagem da matriz de rigidez global e do vetor de forças
(também global) é necessária a introdução das condições de contorno para que sejam
avaliados deslocamentos e deformações na estrutura. Nesse sentido, o MEF permite que
as condições de contorno sejam aplicadas diretamente, prescrevendo valores para
qualquer um dos graus de liberdade nodais, bastando apenas especificar o nó e o grau de
liberdade deste.
Como estratégia aqui adotada, a introdução das condições de contorno será feita
através do procedimento de zeros e um, que consiste em atribuir 0 a todos os elementos
da linha e da coluna relacionada ao grau de liberdade que está restrito da matriz de
rigidez global e a linha do vetor de forças e atribuindo 1 exatamente ao pivô, elemento
que está simultaneamente na linha e coluna zeradas.

4.2.7 Resolução do sistema

Ao obter a matriz de rigidez global e o vetor de forças nodais, chega-se a um


sistema do tipo:
54

U W = [Ý]UhW (4.37)

onde U W é o vetor de forças nodais, [Ý] é a matriz de rigidez global e UhW é o vetor de
deslocamentos que se procura obter após a devida introdução das condições de contorno
e resolução do sistema final.
A resolução será feita através do método de eliminação de Gauss. Todavia, por
conta da inerente não linearidade física considerada no modelo teórico aqui proposto, as
relações tensão-deformação dos materiais envolvidos (concreto e aço) implicam em
relações carga-deslocamento não lineares, o que resultará em não atendimento direto
das equações nodais de equilíbrio (4.37). Para resolver esse problema será
implementada a técnica de continuação de controle de deslocamentos, visando assim
varrer transpor eventuais pontos limites de carga na trajetória de equilíbrio, para
análises até a ruptura das placas em estudo.

4.2.8 Cálculo de deformações, esforços e tensões

As deformações, os esforços e as tensões são avaliados para todos os nós do


elemento ou opcionalmente no centro do mesmo, onde não está presente um nó em que
tenham sido calculados os graus de liberdade, mas é possível calcular as derivadas a
partir dos graus de liberdade dos demais. A primeira opção é necessária ao se avaliar,
por exemplo, momentos e deslocamentos nos bordos, já que avaliar no centro do
elemento provoca uma significativa diferença.
Por outro lado, o elemento é não conforme, isto é, as derivadas calculadas para
um mesmo nó compartilhado entre elementos apresentam diferenças de acordo com os
graus de liberdade do elemento que são usados, sendo necessária calcular a média entre
os valores. A segunda opção pode ser utilizada quando o ponto estudado estiver no
centro de algum elemento. Desta maneira a saída de dados se torna menor e a tendência
que o tempo de processamento seja menor, apesar de não ser essa etapa a preponderante
no mesmo. A desvantagem é que, por exemplo, ao se avaliar esforços internos no centro
da placa, seriam necessárias usar duas malhas, uma para deslocamentos, outra pra
esforços internos.
55

As funções usadas nesta etapa do cálculo são obtidas por derivação das funções
de interpolação, por meio do já mencionado Sympy, e são aplicadas as coordenadas
locais do ponto estudado, os 4 nós, ou o centro do elemento.
Conhecendo-se estas derivadas, são então calculados os esforços internos na
placa nos nós em que foram avaliadas as derivadas anteriormente. Da mesma forma são
calculadas as deformaçõe e tensões, obsevando neste último caso a dependência dessas
grandezas com a coordenada z, conforme expressões (4.3) e (4.4).
56

5 CRONOGRAMA

2016 2017
ETAPAS
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR
Referencial
Teórico x x x x x x x x x x x x
Elaboração do
Projeto x x x x x
Qualificação x
Desenvolvimento
do Programa x x x x x x x x
Obtenção e
Análise dos
Dados x x x x x x x x x
Calibração e
Modificações no
Modelo x x x x x x x x
Elaboração da
Dissertação x x x x
Elaboração do
artigo x x x
Defesa x
57

REFERÊNCIAS

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formulação, identificação paramétrica e aplicação com emprego do método
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Universidade de São Paulo. São Carlos/SP, 1993.
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concreto - Procedimento, NBR 6118, ABNT, Rio de Janeiro, 2014.
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