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O documento resume o documentário "Matriz Lusa" de Darcy Ribeiro sobre a formação cultural do povo português e como essa cultura influenciou o Brasil. Ele descreve a origem marítima e navegadora dos portugueses, suas influências árabes e judaicas, e como trouxeram essa herança cultural para o Brasil durante a colonização.
O documento resume o documentário "Matriz Lusa" de Darcy Ribeiro sobre a formação cultural do povo português e como essa cultura influenciou o Brasil. Ele descreve a origem marítima e navegadora dos portugueses, suas influências árabes e judaicas, e como trouxeram essa herança cultural para o Brasil durante a colonização.
O documento resume o documentário "Matriz Lusa" de Darcy Ribeiro sobre a formação cultural do povo português e como essa cultura influenciou o Brasil. Ele descreve a origem marítima e navegadora dos portugueses, suas influências árabes e judaicas, e como trouxeram essa herança cultural para o Brasil durante a colonização.
brasileiro a partir de nossa origem lusitana; TEXTO BASE O texto atual é um resumo comentado do documentário “Matriz Lusa”, baseado no livro cuja referência é mostrada abaixo: RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Disponível em: <http://www.iphi.org.br/sites/filosofia_brasil/Darcy_ Ribeiro_-_O_povo_Brasileiro-_a_forma_e_o_sentido_do_ Brasil.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2013.
É importante ressaltar que este texto jamais
substituirá o texto original. Darcy Ribeiro foi um dos maiores antropólogos brasileiros. Sua obra é leitura obrigatória para aqueles que querem saber mais sobre a origem de nosso povo. A MATRIZ LUSA
Darcy Ribeiro começa o documentário filosofando:
“Que disse a nau que foi para a lua? Só que a terra é azul, mais nada. Quando o príncipe Dom Henrique, um príncipe meio doidão, belo, que vivia vestindo um manto de Cristo... este homem estranho, filho da idade média, inesperadamente se convence de fazer algo mais avançado. Em uma praia portuguesa, ajeita as coisas para montar navios, que não existiam. Navios com leme fixo, que era uma coisa dos árabes, que na Europa nunca tinham usado. Navios com vela latina, que é boa para navegar e navios, que ele aprendeu com os chineses e os árabes, a por bússola, a por astrolábio. Com esse navio montado foi possível enfrentar o mar grosso, o Atlântico, para chegar aqui. Este navio, esta criação, é mais importante que uma nau, destas espaciais”. A MATRIZ LUSA
Na hora do descobrimento, Portugal estava na vanguarda dos
povos. Suas características contrastavam com tudo o que se via pela Europa, a começar pela precocidade do seu surgimento como nação, a primeira do mundo. E eram ousados, com imensa coragem de se ver. Darcy Ribeiro questiona: Como é que se explica que os povos português e espanhol se expandem e criam a primeira civilização mundial? A pesquisadora Judith Cortesão afirma que Portugal possui as fronteiras mais antigas da Europa, com mais de 800 anos de fronteiras estáveis. “Era uma faixa estreita, com apenas um milhão ou um milhão e meio de habitantes que não tinham saída, a não ser o mar, porque atrás estava o inimigo, a Espanha. A necessidade de ir ao mar para pescar, para descobrir, era imprescindível”. A MATRIZ LUSA
O pesquisador Roberto Pinho declara: "Isso fez de Portugal um
país de pescadores, um país de navegadores e necessariamente, um país onde a tecnologia naval foi desenvolvida de uma forma diferente do que poderia ser desenvolvida em outros países, porque aqui era uma questão de sobrevivência. Ou eles seriam bom pescadores e navegadores ou eles não sobreviveriam." E isso resultou, sem dúvida nenhuma, numa formação de uma tecnologia que recebeu a contribuição de povos árabes, do povo judeu e de toda aquela amálgama cultural e científica que existia na península. Desde tempos muitos remotos o território hoje português serviu de ponto de encontro para lusitanos, galegos e célticos, vindos de vários caminhos em busca de estanho e cobre. Viviam em uma economia agropastoril. Praticavam cultos e faziam oferendas aos seus deuses. A MATRIZ LUSA
No século VIII a.C os fenícios invadiram a península, trazendo
a metalurgia do ferro, as primeiras formas de escrita e o conceito de cidade. Depois vieram os gregos e cartagineses, gente marcada pela navegação e pelo comércio. Em 218 a.C, os romanos invadem a península. Darcy Ribeiro declara que os soldados romanos que desembarcaram na península ibérica comeram os povos que tinham lá antes... “Não é comer antropofagicamente não, comeram na alma, substituindo sua língua pelo latim, um latim porco, um latim sujo, um latim impuro, que resultou ser espanhol e português. Na onda bárbara, os visigodos, os alanos, e os suevos dominaram a península, por algum tempo, até que os árabes invadiram a península. A MATRIZ LUSA
Darcy Ribeiro declara:
“Os europeus se orgulham muito de serem herdeiros da cultura latina e grega. Mentira! Foram os árabes que ensinaram eles. Os árabes é que sabiam porque tinham os textos de Aristóteles e Platão. Os árabes tinham por exemplo, os números, os algarismos arábicos que a gente usa, e que em 1300 e pouco ensinaram Portugal e a Europa a fazer conta. Até então fazia-se conta com algarismos romanos. Você já imaginou? Pauzinho 37 multiplicado por pauzinho 24? Ninguém é capaz de fazer esta conta. Agora, com algarismos arábicos era outra coisa”. A MATRIZ LUSA
Portugal, sobre domínio muçulmano, era um colorido mosaico de
mercadores, artesãos e antigos camponeses de raízes étnicas muito variadas, todos falando árabe. O moinho d´água, o algodão, o bicho da seda, a laranjeira, a cana de açúcar, o azulejo, a telha mourisca, o mucharabi, a varanda, o gosto pelo açúcar, adoçaria o gosto pelo asseio, pela água, pela claridade e pelo pandeiro. O mouro viajou para o Brasil na memória do colonizador e ficou. Até hoje sentimos sua presença. A pesquisadora Judith Cortesão declarou: "Ao visitar Turquia, com grande surpresa eu descobri que a essência da paisagem de mais da metade de Portugal é de origem moura. Isso mudou por completo minha ideia da história do Brasil e do povo brasileiro. Nós somos mousárabes e somos portugueses. A MATRIZ LUSA
Tanto quanto do contato com os mouros, resultaram da
convivência com os judeus traços inconfundíveis sobre os portugueses colonizadores do Brasil, sobre sua vida econômica, social e politica, sobre seu caráter. Pode-se atribuir a influência israelita a muito do mercantilismo nas tendências do português. O próprio anel no dedo com rubi ou esmeralda não será outra coisa senão uma reminiscência israelita. A partir de Porto Cale, que era um condado chamado condado portucalense, uma realidade nova começou a se criar. Uma língua nova começou a se constituir. E a preocupação deste povo foi a criação de uma nação, que foi se formando a partir de duas grandes ações: uma, a de expulsão dos mouros, e a outra, de combate aos castelhanos. Esses eram os portugueses. A MATRIZ LUSA
A língua portuguesa é menos a língua que os portugueses falam
que a voz que fala os portugueses. Se escutássemos bem ouviríamos nela os rumores da longínqua fonte sânscrita, os mais próximos da Grécia e os familiares de Roma. Juntemos- lhes os pós da arábica língua e teremos o que chamamos de "Tesouro do Lácio". Darcy Ribeiro afirma que aquele príncipe Dom Henrique de que falávamos tinha uma coisa muito simpática, que era uma heresia: Ele acreditava que houve um tempo do Pai, de que fala o Velho Testamento, do Deus barbudo e velho, e veio depois um tempo do filho, que é o tempo do meio de que fala o Novo Testamento, e dizia o príncipe: "É chegado o tempo do Espirito Santo, em que os homens vão construir o paraíso na Terra”. No ano de 1400, antes do Brasil nascer, muita gente pensava nesta utopia de construir o mundo com um projeto, de fazer o paraíso perdido aqui na Terra para o gozo dos homens. A MATRIZ LUSA
O pesquisador Agostinho da Silva declarou que foi em
Abrantes que aconteceu a primeira festa do Espirito Santo, e a primeira coisa que há a se notar a respeito dessa festividade, é que não se trata, como em muitas outras, de uma comemoração de uma data, a comemoração de um acontecimento passado. É uma festa que dão os portugueses para comemorar o futuro. Na realidade, o que os portugueses fazem é dizer como se vai passar um dia em que houver no mundo a idade do Espírito Santo. Na altura de se fazer essa festa, o que acontecia é que se pegava um menino e se levava o menino à igreja. Ali, o menino era o coroado Imperador do Mundo, porque já na idade do Espírito Santo, era o menino que devia dirigir o mundo. A MATRIZ LUSA
Em seguida, se dava um baquete gratuito. Todas as pessoas que
passavam pelo local podiam levar o que quisessem comer, o que lhes apetecesse sem pagar absolutamente nada. Em terceiro lugar, o menino se dirigia acompanhado de sua comitiva à cadeia da terra, abria as portas e soltava todos os presos. Havia portanto esses 3 atos: eles entronizavam os meninos como os guias do mundo, declaravam que devia haver comida gratuita para toda a gente. E em terceiro lugar que jamais deveria haver gente presa em cadeias. Isso se desenvolveu, mas imediatamente houve sobre o culto do Espirito Santo, uma pressão eclesiástica. O culto deixa de ter qualquer espécie de vitalidade na península, nitidamente em Portugal, a partir do primeiro quartel do século XVI. A MATRIZ LUSA
Levaram o culto para as terras que iam descobrindo, e que, por
não haver oposição local, podiam ser teatro das festas se repetirem, nos Açores, por exemplo, e depois no Brasil. Darcy Ribeiro ressalta que há um heresia muita bonita, que paira sobre a história brasileira, que nos dá atarefa de criar um mundo feliz, feliz para os homens. Um mundo com muita fartura, muita alegria, com muita criança, com muito sorriso. O ano é 1288. O português se torna a língua oficial do país. É fundada a primeira universidade. Lisboa se converte em metrópole internacional. A corte é um núcleo de cultura cosmopolita de técnica e mercantilismo. A centralização sobre o sagrado dá lugar à centralização no econômico. Acresce ainda que estes lusíadas eram atiçados pela mais viva vontade de aventura com a missão tremenda de enricar e uma curiosidade cientifica e um pendor experimentalista sem paralelos. A MATRIZ LUSA
Diziam, por exemplo, contra toda a sabedoria do seu tempo,
que só era confiável o saber de experiência feita. Sua audácia maior era dizer que, apesar de racional a ideia de que o mundo era uma bola, ele era mesmo uma bola. Em Sagres, Dom Henrique reúne sábios e técnicos de diferentes origens. Ordena os conhecimentos adquiridos, estimula a experimentação e a inovação. Nesta escola de pensamento produz um corpo teórico e prático da arte e ciência da navegação. Financiado pelo estado, pela ordem de Cristo e pela poderosa burguesia mercantil, Dom Henrique desenvolve um programa progressivo e sistemático para conhecer o desconhecido. Envia 15 expedições à costa ocidental africana tentando ultrapassar o Cabo Bojador, limite do mundo conhecido pelo europeu. A MATRIZ LUSA
A pesquisadora Judith Cortesão declara que foi esse punhado
de homens, provenientes a maior parte de pescadores ou de camponeses, que foi chamado para o mar e foi avançando. Isso não teria sido possível antes porque a visão do mundo da Igreja ameaçava de heresia quem não concordasse com ela. Mas com a chegada dos ventos do renascimento e do conhecimento de Aristóteles e outros, caiu esse medo anterior e realmente o chamado do mar foi irresistível. O infante morre em 1460, mas a aventura marítima em busca de terras, povos a conquistar e riquezas não para. Serra Leoa, Principe, São Tomé, São Jorge da Mina, Rio Zaire, Baía de São Braz e em 1488, o Cabo da Boa Esperança. Desvenda-se então o mar Índico: Sofala, Mombaça. Os portugueses estabelecem benfeitorias, escravizam negros e criam empresas produtoras de gêneros tropicais. A MATRIZ LUSA
A pesquisadora Judith Cortesão fala que as pessoas queriam
imortalizarem-se e morrerem conhecidas pelos seus grandes feitos. Assim como hoje os rapazes gostam de glórias esportivas, naquele tempo era necessário para sobreviver ser respeitado pela sua valentia, pela sua pertinácia. Finalmente em 1498, Vasco da Gama alcança Calegute, a Índia. Outros mundos se revelam, renovam-se e alarga-se infinitamente os horizontes da vida. O pesquisador Roberto Pinho afirma que as naus e caravelas despejaram o mundo em Portugal, não só do ponto de vista da fisionomia humana, da geografia humana, mas da biologia, da botânica, da zoologia. Em Portugal desembarcaram animais nunca vistos, animais estranhos, povos estranhos e línguas estranhas. E isso veio a se somar a toda aquela amálgama cultural e humana que já fazia parte da fisionomia da península. Portanto, quando Portugal embarca, o que embarca é um povo mestiço. A MATRIZ LUSA
Domingo, 8 de março de 1500. A Capela da Ermida regurgitava
de gente nobre, de capitães e navegantes. Sobre o altar, a bandeira da Ordem da Cruz de Cristo. Depois, fez-se uma procissão de relíquias e cruzes para acompanhar Cabral ao embarque. As bandeiras, estandartes e librés cobriam de cores o Tejo, que não parecia mar, mas um campo de flores. Nos batéis, retiniam as trombetas, os atabaques e os tambores. Na manhã seguinte, as três naus de Cabral largaram âncoras, içaram velas e endireitaram proas para o mar. O Brasil de índios e negros, a obra colonial de Portugal, foi também radical. Seu produto verdadeiro não foram os ouros buscados e achados, nem as mercadorias produzidas e exportadas, nem mesmo o que tantas riquezas permitiram erguer no Velho Mundo. Seu produto real foi um povo nação. A MATRIZ LUSA
O pesquisador Roberto Pinho questiona: "Por que é muito
importante resgatar essa memória hoje? É preciso a gente reconhecer que há um preconceito no país pelo fato dele ter sido gerado pela cultura portuguesa. Então, o que nós estamos falando aqui, é que o Brasil é filho de uma sofisticadíssima imaginação e criação mental". “Vamos nos contentar em continuar pondo coroa de imperador na cabeça dos meninos? Coisa nenhuma! temos que ir à frente, temos que evitar que os meninos sejam maltratados como são, abandonados como são, vítimas de doenças como são, para que eles possam realmente, ser imperadores do mundo quando vier esta futura idade”. “Vamos continuar a usar o banquete gratuito como símbolo? Não senhor! Temos que fazer que toda a gente no mundo coma realmente, e não apenas que haja os tais banquetes gratuitos uma vez por ano. E que tenha saúde, e que tenha saber...
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