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FACULDADE PITÁGORAS

DISCIPLINA: HOMEM, CULTURA E SOCIEDADE

Prof. Ms. Carlos José Giudice dos Santos


cpgcarlos@yahoo.com.br
www.oficinadapesquisa.com.br
Objetivo:

Ao final desta unidade, o aluno deverá ser


capaz de:

Conhecer um pouco da cultura do povo


brasileiro a partir de nossa origem lusitana;
TEXTO BASE
O texto atual é um resumo comentado do
documentário “Matriz Lusa”, baseado no livro cuja
referência é mostrada abaixo:
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do
Brasil. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Disponível
em: <http://www.iphi.org.br/sites/filosofia_brasil/Darcy_
Ribeiro_-_O_povo_Brasileiro-_a_forma_e_o_sentido_do_
Brasil.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2013.

É importante ressaltar que este texto jamais


substituirá o texto original. Darcy Ribeiro foi um dos
maiores antropólogos brasileiros. Sua obra é leitura
obrigatória para aqueles que querem saber mais sobre
a origem de nosso povo.
A MATRIZ LUSA

Darcy Ribeiro começa o documentário filosofando:


“Que disse a nau que foi para a lua? Só que a terra é azul, mais
nada. Quando o príncipe Dom Henrique, um príncipe meio
doidão, belo, que vivia vestindo um manto de Cristo... este
homem estranho, filho da idade média, inesperadamente se
convence de fazer algo mais avançado. Em uma praia
portuguesa, ajeita as coisas para montar navios, que não
existiam. Navios com leme fixo, que era uma coisa dos árabes,
que na Europa nunca tinham usado. Navios com vela latina, que
é boa para navegar e navios, que ele aprendeu com os chineses
e os árabes, a por bússola, a por astrolábio. Com esse navio
montado foi possível enfrentar o mar grosso, o Atlântico, para
chegar aqui. Este navio, esta criação, é mais importante que
uma nau, destas espaciais”.
A MATRIZ LUSA

Na hora do descobrimento, Portugal estava na vanguarda dos


povos. Suas características contrastavam com tudo o que se via
pela Europa, a começar pela precocidade do seu surgimento
como nação, a primeira do mundo. E eram ousados, com imensa
coragem de se ver.
Darcy Ribeiro questiona: Como é que se explica que os povos
português e espanhol se expandem e criam a primeira
civilização mundial?
A pesquisadora Judith Cortesão afirma que Portugal possui as
fronteiras mais antigas da Europa, com mais de 800 anos de
fronteiras estáveis. “Era uma faixa estreita, com apenas um
milhão ou um milhão e meio de habitantes que não tinham saída,
a não ser o mar, porque atrás estava o inimigo, a Espanha. A
necessidade de ir ao mar para pescar, para descobrir, era
imprescindível”.
A MATRIZ LUSA

O pesquisador Roberto Pinho declara: "Isso fez de Portugal um


país de pescadores, um país de navegadores e necessariamente,
um país onde a tecnologia naval foi desenvolvida de uma forma
diferente do que poderia ser desenvolvida em outros países,
porque aqui era uma questão de sobrevivência. Ou eles seriam
bom pescadores e navegadores ou eles não sobreviveriam."
E isso resultou, sem dúvida nenhuma, numa formação de uma
tecnologia que recebeu a contribuição de povos árabes, do povo
judeu e de toda aquela amálgama cultural e científica que
existia na península.
Desde tempos muitos remotos o território hoje português
serviu de ponto de encontro para lusitanos, galegos e célticos,
vindos de vários caminhos em busca de estanho e cobre.
Viviam em uma economia agropastoril. Praticavam cultos e
faziam oferendas aos seus deuses.
A MATRIZ LUSA

No século VIII a.C os fenícios invadiram a península, trazendo


a metalurgia do ferro, as primeiras formas de escrita e o
conceito de cidade. Depois vieram os gregos e cartagineses,
gente marcada pela navegação e pelo comércio. Em 218 a.C, os
romanos invadem a península.
Darcy Ribeiro declara que os soldados romanos que
desembarcaram na península ibérica comeram os povos que
tinham lá antes... “Não é comer antropofagicamente não,
comeram na alma, substituindo sua língua pelo latim, um latim
porco, um latim sujo, um latim impuro, que resultou ser
espanhol e português.
Na onda bárbara, os visigodos, os alanos, e os suevos
dominaram a península, por algum tempo, até que os árabes
invadiram a península.
A MATRIZ LUSA

Darcy Ribeiro declara:


“Os europeus se orgulham muito de serem herdeiros da
cultura latina e grega. Mentira! Foram os árabes que
ensinaram eles. Os árabes é que sabiam porque tinham os
textos de Aristóteles e Platão. Os árabes tinham por
exemplo, os números, os algarismos arábicos que a gente
usa, e que em 1300 e pouco ensinaram Portugal e a Europa
a fazer conta. Até então fazia-se conta com algarismos
romanos. Você já imaginou? Pauzinho 37 multiplicado por
pauzinho 24? Ninguém é capaz de fazer esta conta.
Agora, com algarismos arábicos era outra coisa”.
A MATRIZ LUSA

Portugal, sobre domínio muçulmano, era um colorido mosaico de


mercadores, artesãos e antigos camponeses de raízes étnicas
muito variadas, todos falando árabe. O moinho d´água, o
algodão, o bicho da seda, a laranjeira, a cana de açúcar, o
azulejo, a telha mourisca, o mucharabi, a varanda, o gosto pelo
açúcar, adoçaria o gosto pelo asseio, pela água, pela claridade e
pelo pandeiro. O mouro viajou para o Brasil na memória do
colonizador e ficou. Até hoje sentimos sua presença.
A pesquisadora Judith Cortesão declarou: "Ao visitar Turquia,
com grande surpresa eu descobri que a essência da paisagem
de mais da metade de Portugal é de origem moura. Isso mudou
por completo minha ideia da história do Brasil e do povo
brasileiro. Nós somos mousárabes e somos portugueses.
A MATRIZ LUSA

Tanto quanto do contato com os mouros, resultaram da


convivência com os judeus traços inconfundíveis sobre os
portugueses colonizadores do Brasil, sobre sua vida econômica,
social e politica, sobre seu caráter.
Pode-se atribuir a influência israelita a muito do mercantilismo
nas tendências do português. O próprio anel no dedo com rubi
ou esmeralda não será outra coisa senão uma reminiscência
israelita.
A partir de Porto Cale, que era um condado chamado condado
portucalense, uma realidade nova começou a se criar. Uma
língua nova começou a se constituir. E a preocupação deste
povo foi a criação de uma nação, que foi se formando a partir
de duas grandes ações: uma, a de expulsão dos mouros, e a
outra, de combate aos castelhanos. Esses eram os portugueses.
A MATRIZ LUSA

A língua portuguesa é menos a língua que os portugueses falam


que a voz que fala os portugueses. Se escutássemos bem
ouviríamos nela os rumores da longínqua fonte sânscrita, os
mais próximos da Grécia e os familiares de Roma. Juntemos-
lhes os pós da arábica língua e teremos o que chamamos de
"Tesouro do Lácio". Darcy Ribeiro afirma que aquele príncipe
Dom Henrique de que falávamos tinha uma coisa muito
simpática, que era uma heresia: Ele acreditava que houve um
tempo do Pai, de que fala o Velho Testamento, do Deus
barbudo e velho, e veio depois um tempo do filho, que é o
tempo do meio de que fala o Novo Testamento, e dizia o
príncipe: "É chegado o tempo do Espirito Santo, em que os
homens vão construir o paraíso na Terra”. No ano de 1400,
antes do Brasil nascer, muita gente pensava nesta utopia de
construir o mundo com um projeto, de fazer o paraíso
perdido aqui na Terra para o gozo dos homens.
A MATRIZ LUSA

O pesquisador Agostinho da Silva declarou que foi em


Abrantes que aconteceu a primeira festa do Espirito Santo, e a
primeira coisa que há a se notar a respeito dessa festividade, é
que não se trata, como em muitas outras, de uma comemoração
de uma data, a comemoração de um acontecimento passado.
É uma festa que dão os portugueses para comemorar o futuro.
Na realidade, o que os portugueses fazem é dizer como se vai
passar um dia em que houver no mundo a idade do Espírito
Santo.
Na altura de se fazer essa festa, o que acontecia é que se
pegava um menino e se levava o menino à igreja. Ali, o menino
era o coroado Imperador do Mundo, porque já na idade do
Espírito Santo, era o menino que devia dirigir o mundo.
A MATRIZ LUSA

Em seguida, se dava um baquete gratuito. Todas as pessoas que


passavam pelo local podiam levar o que quisessem comer, o que
lhes apetecesse sem pagar absolutamente nada.
Em terceiro lugar, o menino se dirigia acompanhado de sua
comitiva à cadeia da terra, abria as portas e soltava todos os
presos.
Havia portanto esses 3 atos: eles entronizavam os meninos
como os guias do mundo, declaravam que devia haver comida
gratuita para toda a gente. E em terceiro lugar que jamais
deveria haver gente presa em cadeias.
Isso se desenvolveu, mas imediatamente houve sobre o culto do
Espirito Santo, uma pressão eclesiástica. O culto deixa de ter
qualquer espécie de vitalidade na península, nitidamente em
Portugal, a partir do primeiro quartel do século XVI.
A MATRIZ LUSA

Levaram o culto para as terras que iam descobrindo, e que, por


não haver oposição local, podiam ser teatro das festas se
repetirem, nos Açores, por exemplo, e depois no Brasil.
Darcy Ribeiro ressalta que há um heresia muita bonita, que
paira sobre a história brasileira, que nos dá atarefa de criar
um mundo feliz, feliz para os homens. Um mundo com muita
fartura, muita alegria, com muita criança, com muito sorriso.
O ano é 1288. O português se torna a língua oficial do país. É
fundada a primeira universidade. Lisboa se converte em
metrópole internacional. A corte é um núcleo de cultura
cosmopolita de técnica e mercantilismo. A centralização sobre
o sagrado dá lugar à centralização no econômico. Acresce ainda
que estes lusíadas eram atiçados pela mais viva vontade de
aventura com a missão tremenda de enricar e uma curiosidade
cientifica e um pendor experimentalista sem paralelos.
A MATRIZ LUSA

Diziam, por exemplo, contra toda a sabedoria do seu tempo,


que só era confiável o saber de experiência feita. Sua audácia
maior era dizer que, apesar de racional a ideia de que o mundo
era uma bola, ele era mesmo uma bola.
Em Sagres, Dom Henrique reúne sábios e técnicos de
diferentes origens. Ordena os conhecimentos adquiridos,
estimula a experimentação e a inovação. Nesta escola de
pensamento produz um corpo teórico e prático da arte e
ciência da navegação.
Financiado pelo estado, pela ordem de Cristo e pela poderosa
burguesia mercantil, Dom Henrique desenvolve um programa
progressivo e sistemático para conhecer o desconhecido. Envia
15 expedições à costa ocidental africana tentando ultrapassar
o Cabo Bojador, limite do mundo conhecido pelo europeu.
A MATRIZ LUSA

A pesquisadora Judith Cortesão declara que foi esse punhado


de homens, provenientes a maior parte de pescadores ou de
camponeses, que foi chamado para o mar e foi avançando. Isso
não teria sido possível antes porque a visão do mundo da Igreja
ameaçava de heresia quem não concordasse com ela. Mas com a
chegada dos ventos do renascimento e do conhecimento de
Aristóteles e outros, caiu esse medo anterior e realmente o
chamado do mar foi irresistível.
O infante morre em 1460, mas a aventura marítima em busca
de terras, povos a conquistar e riquezas não para. Serra Leoa,
Principe, São Tomé, São Jorge da Mina, Rio Zaire, Baía de São
Braz e em 1488, o Cabo da Boa Esperança.
Desvenda-se então o mar Índico: Sofala, Mombaça. Os
portugueses estabelecem benfeitorias, escravizam negros e
criam empresas produtoras de gêneros tropicais.
A MATRIZ LUSA

A pesquisadora Judith Cortesão fala que as pessoas queriam


imortalizarem-se e morrerem conhecidas pelos seus grandes
feitos. Assim como hoje os rapazes gostam de glórias esportivas,
naquele tempo era necessário para sobreviver ser respeitado pela
sua valentia, pela sua pertinácia. Finalmente em 1498, Vasco da
Gama alcança Calegute, a Índia. Outros mundos se revelam,
renovam-se e alarga-se infinitamente os horizontes da vida.
O pesquisador Roberto Pinho afirma que as naus e caravelas
despejaram o mundo em Portugal, não só do ponto de vista da
fisionomia humana, da geografia humana, mas da biologia, da
botânica, da zoologia. Em Portugal desembarcaram animais nunca
vistos, animais estranhos, povos estranhos e línguas estranhas. E
isso veio a se somar a toda aquela amálgama cultural e humana que
já fazia parte da fisionomia da península. Portanto, quando
Portugal embarca, o que embarca é um povo mestiço.
A MATRIZ LUSA

Domingo, 8 de março de 1500. A Capela da Ermida regurgitava


de gente nobre, de capitães e navegantes. Sobre o altar, a
bandeira da Ordem da Cruz de Cristo. Depois, fez-se uma
procissão de relíquias e cruzes para acompanhar Cabral ao
embarque. As bandeiras, estandartes e librés cobriam de cores
o Tejo, que não parecia mar, mas um campo de flores. Nos
batéis, retiniam as trombetas, os atabaques e os tambores. Na
manhã seguinte, as três naus de Cabral largaram âncoras,
içaram velas e endireitaram proas para o mar.
O Brasil de índios e negros, a obra colonial de Portugal, foi
também radical. Seu produto verdadeiro não foram os ouros
buscados e achados, nem as mercadorias produzidas e
exportadas, nem mesmo o que tantas riquezas permitiram
erguer no Velho Mundo. Seu produto real foi um povo nação.
A MATRIZ LUSA

O pesquisador Roberto Pinho questiona: "Por que é muito


importante resgatar essa memória hoje? É preciso a gente
reconhecer que há um preconceito no país pelo fato dele ter sido
gerado pela cultura portuguesa. Então, o que nós estamos falando
aqui, é que o Brasil é filho de uma sofisticadíssima imaginação e
criação mental".
“Vamos nos contentar em continuar pondo coroa de imperador na
cabeça dos meninos? Coisa nenhuma! temos que ir à frente, temos
que evitar que os meninos sejam maltratados como são,
abandonados como são, vítimas de doenças como são, para que
eles possam realmente, ser imperadores do mundo quando vier
esta futura idade”.
“Vamos continuar a usar o banquete gratuito como símbolo? Não
senhor! Temos que fazer que toda a gente no mundo coma
realmente, e não apenas que haja os tais banquetes gratuitos uma
vez por ano. E que tenha saúde, e que tenha saber...

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