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A Paixão de Cristo...

a Nossa Paixão

Cesar Vasconcellos de Souza – psiquiatra do CAVS – Centro Adventista de Vida Saudável e


do Hospital Adventista Silvestre.

“Geralmente estamos tão presos e fortemente apegados a nós mesmos que


precisamos, no mínimo, ser atropelados por um caminhão para que nossa mente
desperte. Mas, quando começamos a praticar, até mesmo o vento que balança a
cortina tem esse poder.” Pema Chödrön, “Comece Onde Você Está”, Editora
Sextante, p.96, 2003.

Você já foi atropelado por um “caminhão” (crise) na vida? Eu já. Várias vezes.
Como dói! Mesmo assim podemos não despertar para tanta coisa! Será que só
despertamos com “atropelamentos”, como Jó? Ou no deserto, como Moisés? Ou
em vales sombrios, ou cavernas, como Davi, Elias? Num fundo de poço, como
tantos ex-drogadictos? No auge da fama, como Salomão, percebendo que tudo
era vaidade? Na gravidez indesejada de tantas jovens ao nosso redor ou dentro
de nossa casa? Num casamento destruído? Afinal, que poder nos desperta, nos
faz acordar para a vida e viver? Não a vida do coração batendo, da “máquina”
funcionando como em qualquer animal, mas da alma vibrando?

Na hora que líderes religiosos com Judas, o traidor, foram ao Jardim do


Getsêmani armados, para prenderem Jesus, como se Ele fosse um político
desses bem corruptos e perigosos que permanecem livres e em seus mandatos
(como pode?!?!), diante da palavra de Jesus “Sou EU” , caíram ao chão. (João
18:6). Que poder é este que uma pessoa apenas diz seu nome e homens caem ao
chão?! Creio ser um poder verdadeiro, puro, espiritual que desperta a mente das
pessoas que o desejam e o buscam, mesmo após paixões (dores) como a de
Cristo e como algumas nossas que experimentamos na vida sem entender o por
que delas. É o poder que faz o mau recuar sem o toque de mãos ou uso de
armas. Você já tinha reparado o detalhe dessa cena nos Evangelhos? Ali um
monte de homens machões e prepotentes caem ao chão como folhas secas
sopradas pelo vento simplesmente diante de uma Pessoa que diz “Sou EU”.

O filme de Mel Gibson, “A Paixão de Cristo” veio num momento excelente para a
humanidade. A humanidade precisa de um poder maior que ela, maior que a
tecnologia, vindo de cima, para mudar para melhor. Esse poder obrigatoriamente
envolve a compaixão, o amor, a verdade, a ação social justa livre de influência de
exaltação própria de instituições e pessoas, os princípios corretos acima das
personalidades. Os contrastes de imagens e falas que Gibson e equipe
apresentaram no filme revelam exatamente isto: 1)a arrogância dos discursos dos
poderes vigentes contrastando com a serenidade e beleza dos ensinos de Jesus;
2)a violência física dos opositores de Cristo e a mansidão do Mestre; 3)a
corrupção de um sacerdócio comprometido com o poder político que visava obter
benefícios de mão dupla (algo parecido hoje?) em contraste com a pureza das
relações humanas relatadas no Sermão da Montanha; 4)a cobrança cruel dos
pretensos “santos” para que se cumprisse a letra da lei contra uma mulher culpada
de adultério (o que queria jogar a primeira pedra havia sido um dos sedutores
dela) em contraste com a atitude perdoadora e educadora (“Eu não te condeno,
vai e não peques mais.”) de Jesus que legislou em cima do espírito da lei, etc.

Gibson mostrou também a carência afetiva e fraqueza moral de um líder jurídico


que se deixa influenciar pelo público possesso pelo mau para condenar um
inocente em nome de vantagem eleitoral. A história se repete.

Alguns exageros e erros hollywoodianos relembram atos de ditadores e


torturadores que nosso país conhece muito bem. Mas talvez eles possam servir
como um “caminhão” em mentes cauterizadas pelos “big-brothers” – bom símbolo
da falência moral atual. Será que nos esquecemos daquela lei mental que diz que
o que mais você pensa e medita, nisso você se torna? Como é que você vai
cobrar da polícia a contenção da violência na sociedade se ela é enfatizada e
incentivada na mídia por atitudes que divulgam transtornos morais, éticos,
espirituais num canal de maior influência sobre a opinião pública no país? Nessa
semana um ex-big-brother foi preso num aeroporto portando drogas ilícitas. Não
creio que nosso povo seja medíocre, mas muito da mídia quer faze-lo assim. E
muito político também. E dá muita raiva, não dá? Não somos burros como um
povo. Somos é carentes de melhor e mais educação que o Governo deveria
oferecer mais abundantemente.

A Paixão de Jesus é nossa paixão. Paixão aqui não sentido do arroubo de


emoções, mas a dor, sofrimento, amargura, angústia, dúvida pela complexidade
da vida, lidar com sentimentos difíceis, perceber nossa maldade interior, o que não
queríamos fazer, mas fazemos (Romanos 7). Jesus sofreu dores como a da
traição, da solidão pela incompreensão por parte de seus amigos, pelo abandono
dos amigos e seguidores, por falar a verdade para as pessoas repetidas vezes e
elas a rejeitarem, por mostrar bons caminhos e seus ouvintes decidirem tomar os
destrutivos, etc.

Mel Gibson conseguiu mostrar com muitas imagens e poucas palavras os


contrastes que encontramos em nossa vida social dolorosa e injusta: 1)corrupção
e pureza; 2)violência e paz; 3)mentira e verdade; 4)abuso de poder limitado (o
mau só vai até onde lhe é permitido) e uso positivo de poder genuíno; 5)fraqueza
moral e firmeza de caráter; 6)materialismo e possibilidade de justiça social;
7)realidade física e realidade espiritual; 8)ódio e amor; 9)indiferença para com o
semelhante e compaixão; 10)indignidade e dignidade; 11)religião como farsa de
santidade e religião como espiritualidade genuína, etc.

A paixão – amor – de Jesus pela humanidade só pode ser experimentada pela


relação direta com a divindade: você recebe e dá, dá e recebe. Você não precisa
entrar em nenhuma igreja para obter isso. Não precisa dar nenhum dinheiro parar
conseguir isso. Não precisa se filiar a nenhuma denominação para desfrutar dessa
companhia do SER-DEUS apaixonado para com o SER-CRIATURA, e receber o
suporte (poder) para viver as paixões (dores) inevitáveis dessa vida temporária. “E
quem tem sede, venha; e quem quiser, tome da graça da água da vida.”
Apocalipse 22:17. Um dia de cada vez.

Não Machuque...as pessoas...você...a Natureza

Não machuque você. Coloque limites para não machucar-se, para não deixar que
lhe machuquem com palavras abusivas, destrutivas, atitudes violentas, mentira,
traição da confiança, falsidade, querer tirar vantagens sobre você. Não permita
isso. Deixar que lhe machuquem não é ser gentil, nem compassivo, nem cristão.
Várias vezes Jesus não deu a segunda face, mas repreendeu duro, com firmeza,
amor e verdade.

Muitas crianças aprenderam desde pequenas que podiam abusar delas, que isso
era normal, ou podia ser normal (ficavam confusas), que deviam ficar caladas e
sofrer os abusos geralmente infringidos por pais alcoolizados, pessoas
descontroladas, com transtorno de personalidade. Tais crianças aprenderam tão
errado a sofrer abusos de vários tipos que um lado da mente delas permanece na
vida adulta a sussurrar: “Eu tenho o que mereço!”, “Eu tenho mais é que sofrer
calada!”, “A culpa é minha!” Estes são exemplos de auto-conceitos errados,
falsos, que perduram anos à fio, quem sabe a vida inteira, na mente de pessoas
que foram abusadas na infância, atingindo sua auto-estima, seu senso de valor
pessoal, suas relações sociais, muitas vezes sua saúde mental e escolhas que faz
na vida.

Não é incrível como podemos escolher relacionamentos destrutivos para nós, no


trabalho, na família, na vida romântica! Um dos exemplos mais típicos disto é uma
mulher que foi casada com um alcoólico que sempre rejeitou tratamento, negando
sempre a doença, se separa dele, e tempos depois se casa com outro alcoólico.
Como pode?! Pode.

A boa notícia é que podemos aprender a desfazer o que foi feito de errado em
nossas mentes. Podemos aprender a nos amar, a nos respeitar, a fazer melhores
escolhas para nossa vida e nossas relações. Podemos aprender a dar presentes
para nós mesmos também e não só para os outros. Quanto tempo faz que você
não compra uma coisa de boa qualidade para si mesmo? Você pode dormir até
dez da manhã ou até meio-dia porque está sem obrigações naquele dia, porque
gosta de curtir a cama, e pode ser uma pessoa produtiva e responsável.

Por outro lado, não machuque as pessoas. Deixe o motorista nervoso e


impaciente passar à frente. Brinque com a empacotadora do mercado para tentar
alegrar um pouco aquela tarefa enfadonha dela e deixar um sorriso no ambiente.
Agradeça ao varredor da rua por estar “dando um capricho” na nossa cidade! O
que fazemos com os outros, fazemos com nós mesmos. Ser bom não é ser bobo,
é deixar sair a ternura. Endurecemos para nos proteger. Mas podemos sorrir com
compaixão, sem ironia, e ter ternura. Ternura é coisa de macho também. Aliás, é
preciso ter muita segurança de sua macheza para poder permitir deixar sair a
ternura do próprio coração. Che Guevara costumava dizer que (muitas vezes)
temos que endurecer sem jamais perder a ternura, lembra?

Às vezes, caminhando com meus filhos num lugar muito alto e retirado, de onde
se pode ver a cidade lá embaixo no vale, eu brincava dizendo: “É lá onde moram
as pessoas!” As pessoas somos nós. O que é uma pessoa? O que é a pessoa
atrás da nossa “persona” (máscara)? “A armadura que construímos em torno de
nosso coração causa muita infelicidade.”(Pema Chödrön – “Comece Onde Você
Está”, Editora Sextante, p.29, 2003). Mas fazemos isso para nos proteger de dores
que achamos que não vamos agüentar, até quando conseguimos enfrentá-las. Daí
damos um passo para ser o que somos por fora, o que já somos por dentro. Isso
leva tempo. Dá um trabalhozinho danado! Tem que ser um dia de cada vez. Com
consciência. Perguntando a nós mesmos toda hora: é isso o que quero dizer? É
isso o que devo dizer? É isso o melhor a fazer? Desejo mesmo isso? Não é
melhor ficar calado? E tentar encontrar as verdades para tais questões. As SUAS
verdades. Porque é você. Você tem que ser você. Não seu pai. Não sua mãe. Não
seu irmão. Não seu chefe. Não o “santo” da sua igreja. Mas você. Creio que
quando Jesus disse que Seus seguidores deveriam negar seu eu e segui-Lo, isso
significava que deveríamos deixar de lado tudo aquilo que chamamos de eu que
no fundo é falso e atrapalha o eu verdadeiro saudável de surgir na realidade. Ele
não quer que você morra, mas que você viva. Mas qual é o eu que deve viver, e
qual o que deve morrer? Só Ele e você podem responder a tal questão.

Para nos tornarmos o que somos de verdade precisamos de um Poder Superior


para mudar aquilo que sozinho não conseguimos. Chamo este Poder de Deus.
Precisamos também de boa vontade (não é força de vontade!) para cuidar de nós,
devemos ler algo útil, assistir a uma palestra interessante... E quando vamos
conseguindo isso, a vida vai ficando um pouco mais leve, a dor mais aceitável, e
alguns sofrimentos desaparecem.

Cada um tem o seu tempo para mudar. Alguns levam anos, gastam muito dinheiro
com remédios (às vezes necessários por um tempo), com viagens (“faça uma
viagem que tudo melhora!”) , compras (“compre um novo apartamento e um carro
novo e você vai ficar curado disso!”) . A verdade é que mudamos quando estamos
prontos emocional e espiritualmente, e não quando somos (ficamos) ricos ou
poderosos nesse mundo.

Não machuque. Não machuque as pessoas. Não machuque você. Não machuque
a Natureza, nossa casa maravilhosa! Descanse. Tenha coragem de ser você. Fale
menos. Escute mais. Mais vale a dor de sermos rejeitados pela nossa
simplicidade, naturalidade, sinceridade, do que a outra dor originada na máscara
não mais necessária que muitos da sociedade gostam de manter para benefícios
duvidosos pessoais.

Se você quer viver com serenidade, não machuque mais. Não deixe que lhe
machuquem. Paz no seu coração, um dia de cada vez!
Fobia Social

Fobia significa medo. Fobia social, também chamada de Transtorno de Ansiedade


Social, é uma doença que se caracteriza pelo medo excessivo de ser o foco de
atenção de outras pessoas e acabar realizando algo ridículo ou que cause
humilhação, sendo que aproximadamente 7% das pessoas têm ou tiveram este
transtorno.

Podemos nos sentir um tanto ansiosos diante de certas situações sociais nas
quais a atenção é focada sobre nós, mas isto não nos leva a evitar estas
situações, não causa prejuízos para nós. No caso da Fobia Social a pessoa tem
um medo exagerado no relacionamento com os outros que a leva a se retrair,
mesmo que isto atrapalhe sua vida. Ela se sente muito desconfortável ao se tornar
o foco da atenção, como assinar cheques público, fazer perguntas na sala de aula,
ficar numa reunião no trabalho, etc., e geralmente passa a ter a chamada
“ansiedade antecipatória” que é a ansiedade experimentada antes da pessoa ter
de se defrontar com situações de exposição social.

Os sintomas que acompanham a pessoa com Fobia Social são: sudorese,


palpitações, tremor, taquicardia, sensação de perda da consciência, náuseas, fica
pálida, incômodo no abdominal e a forte sensação de inquietude.

Quem tem Fobia Social apresenta, além do medo de se apresentar em público,


medo de conversar com autoridades, com pessoas do sexo oposto e com
estranhos, medo de comer em público, ser observado, ser criticado em público,
usar banheiros públicos.

Alguns desenvolvem a Fobia Social por causas múltiplas, como sensibilidade


afetiva alta, ambiente familiar traumático gerador de insegurança pessoal e baixa
auto-estima, herança genética forte para a ansiedade, aprendizado errada quando
ao convívio social.

A pessoa com apenas uma ou outra dificuldade de se expor, tem Fobia Social
Restrita, enquanto que se possui vários tipos de medos ao mesmo tempo, tem
Fobia Social Generalizada, que é mais limitadora, com sérios prejuízos, como:
casam-se menos, estudam menos, suicidam-se mais, se sentem mais sozinhos,
ganham menos dinheiro, têm maior tendência de abuso/dependência do álcool,
mais freqüência de crises de pânico e depressão.

Geralmente a Fobia Social se inicia na adolescência, e a diferença entre ela e o


Transtorno do Pânico é que no pânico a pessoa tem a crise sem motivo aparente,
em qualquer lugar, enquanto que na Fobia Social a pessoa só se sente
desconfortável e com sintomas diante da situação fóbica, que é ser o foco da
atenção dos outros.
O tratamento da Fobia Social começa com a pessoa admitir que ela tem o
sofrimento e aceitar o tratamento que é feito com psicólogo e psiquiatra, que
utilizam psicoterapia, para mudar o padrão de comportamento sofredor, e
medicamentos para diminuir a ansiedade.

Parar Lidar com a Angústia ou Ansiedade

Existe a ansiedade agradável como aquela experimentada por uma pessoa


que está à espera de algo bom. Diz-se, então, que ela está ansiosa para
que aquele dia chegue, e o evento ocorra. Mas há ansiedade
desagradável, experimentada como inquietude, impaciência, sensação
de opressão no peito, bolo na garganta, frio na barriga, vazio, falta de
serenidade, de paz. Autores dizem que angústia é a ansiedade
experimentada mais no corpo, como sensação de aperto no peito,
enquanto que a ansiedade seria vivida mais na mente.

Todo ser humano tem angústia. Filósofos chamam de “angústia existencial”,


e teólogos de “angústia espiritual”. Mas nem todo mundo tem
angústia em níveis doentios. O bebê humano já nasce com angústia.
Alguns nascem com mais ansiedade que outros. Herdamos a
capacidade de experimentar ansiedade, a qual vai se tornar
desconfortável na dependência de outros dois fatores, além da
hereditariedade: a qualidade do meio-ambiente afetivo infantil e a
sensibilidade do indivíduo.

Quanto mais traumático foi ou é o ambiente familiar, e quanto mais os pais


são ansiosos e a criança sensível, mais esta criança se torna ansiosa.
Algumas conseguem resistir melhor ao ambiente desfavorável no lar e
não irão desenvolver uma ansiedade muito problemática para suas
relações sociais e paz interior. Filhos dos mesmos pais, vivendo no
mesmo ambiente, têm respostas diferentes quanto ao comportamento
ansioso. Isto se deve à sensibilidade de cada um, que é diferente numa
mesma família.
A ansiedade pode aparecer como ansiedade mesmo, ou através de outros
sintomas, como o transtorno obsessivo-compulsivo, fobia simples,
fobia social, doença do pânico, somatizações, compulsões, etc.

Algumas orientações gerais para se lidar com a ansiedade e tentar aliviá-la


ou eliminar o seu excesso podem ser:

1)Suportar algum nível de angústia ou de ansiedade – é importante aprender


isto ao invés de diante de qualquer desconforto emocional lançar mão
de mecanismos anestesiadores da dor emocional. Lembre-se, o que é
bom passa, e o que ruim também passa. A ansiedade pode ser sinal de
que algo precisa mudar no seu comportamento. Alguma coisa está
“em curto”. A luz vermelha acendeu. Então, é preciso analisar o que
está provocando isto.

2)Medicação e psicoterapia – os medicamentos para ansiedade chamam-se


“ansiolíticos” ou “tranqüilizantes” e só devem ser prescritos por
médico e usados sob supervisão médica porque podem criar
dependência. A psicoterapia é o tratamento feito por psicólogo ou
psiquiatra (ou por outro profissional treinado) cujo objetivo é tentar
eliminar o sofrimento que causa defesas ou comportamentos
desagradáveis e limitantes no indivíduo. Baseia-se em entrevistas,
individuais ou de grupo, nas quais se busca a compreensão dos
mecanismos mentais (pensamentos e sentimentos) em conflito, para
saber resolve-los construtivamente.

3)Abaixar a expectativa de retorno afetivo – muitas pessoas ansiosas têm


expectativas muito altas de receber afeto, atenção, aprovação, e
precisam ser ajudadas a conseguir diminui-las, para que a frustração
termine e assim haja serenidade.
4)Valorizar o retorno afetivo que existe – também é importante que os
ansiosos valorizem o que estão recebendo, ao invés de ficar pensando
ou fixados no que não funciona. A ansiedade pode diminuir o campo
da consciência e prejudicar a pessoa de perceber e aproveitar o afeto
que está sendo oferecido a ela.

5)Se envolver com a ajuda de outras pessoas – isto é um bom remédio para
“desgastar” a ansiedade e se sentir útil.

6)Cuidados físicos – caminhada, tomar muita água pura, alimentação


natural, sol, repouso, ar puro, tudo isso ajuda a regular a ansiedade.

7)Cuidados espirituais – procurar apoio na sua fé, contar com a ajuda de um


Poder Superior certamente ajuda no lidar com a angústia da vida.

Que Comece Por Mim

Esse é um texto escrito para você que é funcionário de alguma empresa que
pode estar vivendo situação difícil, causando estresse no trabalho.
Espero que ajude.

Já dirigiu um carro com câmbio automático? Eu já. E é um conforto. Basta


acelerar e frear. Ele passa as marchas sozinho. Em trânsito
engarrafado, nada melhor. Funcionamos assim, no “automático”. Ou
no “manual”. A maioria funciona no automático, o que significa que
não pensa, ou pensa pouco, agindo mais pelo impulso, pelo habitual.
Levanta da cama, troca de roupa, come algo, faz sua higiene pessoal,
vai trabalhar, almoça, volta a trabalhar, sai do trabalho, faz alguma
compra, volta para casa, janta, toma um banho, assiste TV, resolve
algo na família, vai dormir, levanta na manhã seguinte, etc. Isto é o
automático.

Funcionar no “manual” significa pensar no que faz ou não faz, no que


desejar da vida, o que dizer, o que quer dizer, que alvos tem para
alcançar, que emoções sente e quando, como se relacionar com as
pessoas, quão eficaz é seu trabalho, como funcionar na relação
familiar, etc. Agir assim dá mais trabalho, é bem diferente de agir no
automático. Nesse agir com o “câmbio manual” você requisita mais de
si mesmo porque pensa mais, reflete mais sobre seu próprio
comportamento e sobre o comportamento das pessoas ao redor. Dá
mais trabalho, mas parece ser um tipo de viver de melhor qualidade,
mais consciente, sabe melhor aonde ir e para aonde não quer ir, o que
quer ser e o que não quer ser.

Vivemos momentos difíceis no mundo. Muitos empregados se perguntam:


“Vou ser demitido(a)?” E conviver com isso é muito ruim. Desgasta.
Estressa. Não dá para conviver muito tempo com esse clima e ter
saúde, funcionar bem como pessoa e como profissional. Algo se perde.
A empresa perde. O cliente perde. Você perde. Não se vive sob tensão
emocional por muito tempo sem surgir sintomas físicos e/ou mentais.

Vivemos momentos difíceis na sociedade como um todo, nesse mundo que se


tornou tão mau quanto nos tempos de Sodoma e Gomorra. Se não é
igual é pior. Grandes empresas fecham as portas, ou reduzem
drasticamente seu quadro de funcionários. Corrupção existe desde em
meios eclesiásticos até naqueles que são pagos para controlar a
ilegalidade (auditores, fiscais, juízes...). É o fim do fim.

O que pode ser feito? Vamos ver algumas idéias que me vieram à mente e
que talvez possam ajudar. Saia do automático e pense:
1o)Evite fofoca. Fofoca é coisa de pessoas inconseqüentes. O que é uma
pessoa inconseqüente? É alguém que não mede suas próprias
palavras. Não sabe o que está dizendo. Não pensa nas conseqüências
de suas palavras. Fala sem pensar. Funciona só no automático
irresponsável. Não sabe que não sabe. E aquele que não sabe que não
sabe, pensa que sabe. E pode fazer muito estrago. A melhor coisa a
fazer na hora da dúvida é perguntar, não fofocar! Num trabalho sério
não é lugar para fofoqueiros. Se você quer continuar a ser
fofoqueiro(a), é melhor ir para um lugar (medíocre) aonde isso é
aceitável.

2o)Pense antes de falar. Fale pensando no que você está dizendo. Valorize o
impacto de suas palavras sobre outras pessoas. Alguém poderá ser
destruído com suas palavras? O que e quem você poderá construir
com suas palavras? Não diga se você não sabe. Se tem dúvidas,
pergunte ao responsável. Não “detone” a instituição ou as pessoas por
causa de seus problemas emocionais mal resolvidos ou o de outras
pessoas. Tenha coragem de falar com a pessoa apropriada e com bons
modos. Esclareça sua dúvida antes de passar informações deturpadas
e inverídicas. As pessoas podem errar. Alguém disse apropriadamente
que quem não erra não faz nada. Mas, lembre-se, há erros
premeditados e erros acidentais. Não envenene seu ambiente. Não
deixe o mau tomar conta de você.

3o)Não desperdice. Seja tempo, material, energia elétrica, sua própria


mente, seus talentos construtivos. O que você poupa no trabalho, você
ganha no trabalho. Se cada um não aprender a poupar todos
perderão. Você faz sua empresa, junto com os clientes. Você é
importante na empresa. Creia nisso. Viva e trabalhe crendo nisso.
Você é substituível sim, mas é insubstituível ao mesmo tempo porque
só você pode fazer as coisas do seu jeito. Ninguém pode fazer
igualzinho a você. Só existe um você na empresa e nesse mundo. A
empresa não precisa de você se você não gosta dela, mas precisa de
você se você coloca seu coração no trabalho e vibra com sua tarefa,
fazendo seu melhor. A empresas não é as paredes, mobiliário e nem os
equipamentos. Ele é você e todos os que trabalham aqui, junto clientes
que buscam os serviços e produtos da empresa. Não se esqueça: você é
importante! Você até certo ponto faz a empresa!
4o)Comece por você. Faça primeiro, sem esperar pelo outro, o que é bom,
correto, útil. Faça o que pode melhorar sua auto-estima e assim todos
ganharão com você. Se vão aproveitar isso é problema dos outros. Não
espere que outros façam o que é honesto e correto para você então
fazer também. Acabe com a idéia de que “tem alguém me vigiando,
por isso vou agir certo”, passando a funcionar baseado no “vou
trabalhar legal porque isso é bom para mim, porque sou pago para
isso e porque todos serão beneficiados com isso.” Tenha como lema na
sua mente não o fato de que “tem alguém do outro lado me olhando”,
mas sim “preciso cuidar de minha tarefa com responsabilidade e
profissionalismo”, estejam olhando ou não. Se você só funciona com
alguém “empurrando”, então você não funciona. Está fingindo. E isto
não é honesto, não é bom nem para você, nem para a empresa. E se
você quer continuar se enganando, a empresa séria não é seu lugar.

5o)Entenda a missão da sua empresa. Pergunte sobre isto. Viva isto se você
achar legal (dentro da lei e da ética). Vista a camisa da empresa que é
justa com você.

Você quer que o estresse acabe no trabalho? Então, comece por você. Faça o
seu melhor. Saia do automático e use o pensar e o sentir para agir
conseqüentemente, com responsabilidade, com compaixão (não é
pena, é com-paixão), com honestidade, sinceridade, com convicção de
que você é uma pessoa importante dentre os funcionários e que está
muito em suas mãos a vitória que todos querem e precisam para sua
empresa.

Por que você não pede ao Universo?

Vivemos situações nas quais não sabemos o que fazer, se devemos fazer, ou
ainda, queremos mas não podemos fazer, seja por problemas
econômicos, capacidade física, condição emocional ou até mesmo
discernimento espiritual. Podemos estar num impasse, numa
indecisão, numa situação ambivalente. E agora? Está você vivendo
uma situação assim agora em sua vida? Precisa decidir e não sabe o
que fazer? Está indeciso?

Em certas situações de indecisão na vida o melhor é esperar. A sabedoria diz


que quando em turbulência emocional, ou vivendo grandes mudanças
emocionais, numa psicoterapia, por exemplo, ou num retiro espiritual,
é melhor não tomar decisões importantes. Espere. Deixe os
sentimentos diminuírem sua influência e o fato deles nublarem sua
consciência.

Se você já esperou muito, se os sentimentos já foram para cima e para baixo,


já oscilaram para um lado e para outro, e você está agora mais seguro
emocionalmente, mais sereno, faça algo. Vá com calma, mas vá! Faça
algo por você mesmo. Já. Não adie mais. Aja com determinação e
responsabilidade. No livro “Coragem para Mudar – Um dia de cada
vez no Al-Anon II”, p.60, leitura para 29 de Fevereiro, há um
pensamento assim: “O homem que não comete erros geralmente não
faz nada.” Se você tem medo de agir e errar, não será melhor ir
adiante, e se errar, se perdoar e tomar novo rumo, do que ficar inerte?

No mesmo livro, p.81, o físico Albert Einstein diz: “O intelecto tem pouco a
ver no caminho da descoberta. Se acende uma luz na consciência,
chame isto de intuição ou seja lá o que for, a solução aparece sem que
você saiba como ou por quê.”

Goethe escreveu algo interessante no contexto: “Em relação a todos os atos


de iniciativa e de criação, existe uma verdade fundamental cujo
desconhecimento mata inúmeras idéias e planos esplêndidos: a de que,
no momento em que nos comprometemos definidamente, a
Providência move-se também. Toda uma corrente de acontecimentos
brota da decisão, fazendo surgir ao nosso favor toda sorte de
incidentes e encontros e assistência material que nenhum homem
sonharia que viesse em sua direção. O que quer que você possa fazer,
ou sonhe que possa, faça-o. Coragem contém genialidade, poder e
magia. Comece agora!”

O Mestre Jesus disse: “Peça, e você receberá; busque, e encontrará, bata e a


porta lhe será aberta.”

Porém, a Vida, o Universo, o Poder Superior, Deus conforme você O


concebe, lhe dará somente o que você realmente precisa. E isto pode
ser diferente do que você deseja. Não porque o que você deseja possa
ser algo ruim ou inadequado. Pode ser algo ruim e inadequado
NESSE momento de sua vida. Nem sempre quando pedimos alguma
coisa estamos prontos para recebe-la. O que você quer fazer com o que
está pedindo? Se for algo crucial para sua saúde e se tendo saúde você
fará coisas boas para si e para o próximo, haverá muita chance de
receber o que pede. Não force o que não está vindo naturalmente. Não
se acomode também, achando que nada ocorrerá. Um dia de cada vez
peça, aceitando o que vem, e perseverando em buscar sem
impaciência, fazendo o seu melhor e deixando o resto nas mãos do
Deus que você concebe. A melhor coisa a fazer quando temos dúvida é
perguntar. E pedir. Por que você não pede ao Universo? A Deus?

Quebrando o Silêncio – Dizendo Não à Violência – 1

“Erga a voz em favor dos que não podem defender-se, seja o defensor de
todos os desamparados. Erga a voz e julgue com justiça; defenda os
direitos dos pobres e dos necessitados.” Bíblia – Prov.31:8 e 9

Igreja Adventista do Sétimo Dia ( www.igrejaadventista.org.br ) vem


empreendendo uma luta de tomada de consciência e combate ao abuso
e violência em quaisquer de suas formas. Sua editora no Brasil, a Casa
Publicadora Brasileira-CPB (www.cpb.com.br , ligação gratuita em
horário comercial exceto Sábados e Domingos: 0800-99-0606 )
publicou recentemente um número especial da revista “Sinais dos
Tempos” sobre o assunto, com o título “Quebrando o Silêncio –
Dizendo Não à Violência”.

Em Utrech, na Holanda, em 1995, numa Assembléia Mundial da Igreja


Adventista, foi tomado um voto oficial sobre o abuso e violência na
família, no qual os adventistas afirmam o valor e a dignidade de cada
ser humano e rejeitam todas as formas de abuso físico, sexual e
emocional, e a violência na família. Quero compartilhar com você,
hoje e nas semanas seguintes, algumas informações sobre este assunto.

Na revista citada acima há um artigo muito bom chamado “Quando Ele


Sofre”, de Guilherme Silva, editor assistente da CPB no qual o autor
comenta que homens podem ser vítimas de abuso por parte de
mulheres e o tipo mais comum é o abuso psíquico como, por exemplo,
a chantagem emocional. Ele cita o psicanalista Erich Fromm que em
seu livro “A Anatomia da Destrutividade Humana” analisa as formas
de manifestação do sadismo e da crueldade no ser humano. Segundo
Fromm “a crueldade mental, o desejo de humilhar e de ferir os
sentimentos de outra pessoa é provavelmente mais difundido que até
mesmo o sadismo físico”, e que “a dor psíquica pode ser tão intensa –
ou até mais intensa – do que a dor física”. É verdade. Parece que a
chantagem emocional é o tipo de abuso mais executado pelas mulheres
contra homens. Claro que não se trata de uma exclusividade feminina.
Vamos ver a seguir alguns dados estatísticos sobre o abuso e violência
em geral em nossa sociedade, na qual as mulheres são de fato as
maiores vítimas.

Quais os tipos principais de abusos? (1)Abuso físico – envolve agressão


contra o corpo da vítima, incluindo empurrar, beliscar, cuspir, chutar,
bater, puxar os cabelos, esbofetear, golpear, esmurrar, esganar,
queimar, cacetear, lancinar, torcer os membros e confinar. Também
inclui lançar ácido, água quente ou objetos; jogar a vítima contra a
parede, ou pelas escadas; mutilar com a faca; tesoura ou outros
objetos perigosos, e o uso de armas de fogo. Em alguns países provoca-
se o aborto seletivo contra recém-nascidos do sexo feminino, queimar
a noiva e mutilação genital que constituem abuso físico e violento.

(2)Abuso psicológico ou emocional – envolve crítica constante e mordaz,


rebaixamento, menosprezo e nomes depreciativos, ameaças verbais,
episódios de ira, depreciação do caráter da pessoa e exigências
irrealistas quanto à perfeição. Uso constante de linguagem
ameaçadora, violenta e obscena dirigida à outra pessoa. Possessão
excessiva, isolamento, privação de recursos econômicos e materiais.
Negação do contato ou atividade sexual, resultando em frustração
sexual, dúvida e complexo de culpa quanto à atratividade sexual.
Atitudes violentas que destroem a propriedade da vítima tais como
roupas, móveis ou animais de estimação.

(3)Abuso sexual – carícias e toques impróprios ou observações verbais,


incesto (relação sexual com membro da família), molestação, estupro,
prostituição forçada, contato oral/genital ou carícias genitais ou no
seio. Essas ações são abusivas quando praticadas contra uma vítima
menor de idade por um líder religioso, professor, pai ou qualquer
adulto em posição de confiança que se aproveita da vulnerabilidade da
vítima ou do relacionamento de confiança para satisfazer sua próprias
necessidades ou desejos.

Essas são informações tiradas no material preparado pelo Departamento do


Ministério da Família da Associação Geral da Igreja Adventista do
Sétimo Dia, traduzido para o português pelo Departamento do
Ministério da Mulher da Divisão Sul-Americana desta mesma igreja,
encontradas na íntegra na revista citada aqui.

Você sabia que pelo menos 95% das vítimas de abuso na família são
mulheres? Que cerca de 3 a 4 milhões de mulheres, nos Estados
Unidos, são espancadas, a cada ano, por seus maridos ou
companheiros? No próximo texto vamos ver alguns números do abuso
e violência. O silêncio ajuda a perpetuar o problema. Vamos nos
informar, compreender, e falar, denunciando toda e qualquer forma
de abuso e violência!

Quebrando o Silêncio – Dizendo Não à Violência - 2

“Lembrem-se dos que estão sofrendo, como se vocês estivessem


sofrendo com eles.” Hebreus 13:3, A Bíblia na Linguagem de
Hoje

Essa é a segunda parte da série sobre abuso e violência nas relações


humanas. Alguém disse que as estatísticas revelam tudo, mas não
mostram o essencial. Há verdade nisso. Se pensarmos, por exemplo,
no mundo político, podemos ver ao longo da história das eleições que
quando uma estatística revela que determinado candidato está à
frente das intenções de votos, isto mostra a quantidade de pessoas que
poderão votar naquele indivíduo, enquanto que a qualidade da
escolha pode apontar para alguém que pode estar entre a minoria das
intenções de votos. Quem ganha uma eleição (não só na política!) não
é necessariamente o melhor candidato para o verdadeiro bem da
comunidade. Pode ser o mais corrupto.

Porém, as estatísticas revelam algo que não podemos desprezar. Elas podem
mostrar que temos que fazer algo. E com relação ao abuso e violência
elas estão dizendo que há um crescimento. Veja alguns dados oficiais
obtidos sobre esta questão:

* Pelo menos 95% das vítimas de abuso na família são mulheres.

* Na Inglaterra e País de Gales, uma em cada quatro vítimas de


assassinato era mulher morta por seus maridos (dados de 1982).
* Em um estudo realizado entre 1983 e 1985, em Bangladesh, 50% das
mulheres assassinadas foram vítimas de violência doméstica.

* O Departamento de Pesquisa e Estatísticas Criminais de New South


Wales, na Austrália, indica que dos homicídios resolvidos pela polícia,
entre 1968 e 1981, 42,5% ocorreram nos relacionamentos familiares.

* Estudos feitos em Bangladesh e na Índia indicam que as vítimas de


abuso dentro da família freqüentemente buscam a solução para o seu
problema no suicídio.

* Estima-se que 3 a 4 milhões de mulheres nos Estados Unidos são


espancadas a cada ano por seus maridos e companheiros.

* Uma em cada dez mulheres no Canadá é espancada.

* Estudo realizado na Inglaterra notou que a violência entre marido e


mulher é de um para cada três casamentos.

* Estima-se que 30% de todas as vítimas de estupro são também


mulheres espancadas. É muito mais provável que uma mulher seja
agredida, ferida, estuprada ou assassinada pelo companheiro do que
por qualquer outro tipo de agressor.

* Em Papua-Nova Guiné, em 1986, estudos revelaram que cerca de 67%


das esposas nos grupos tribais urbanos e rurais sofriam violência
doméstica.
* Em Bogotá, Colômbia, numa análise de casos de lesões físicas em
hospitais revelou que 20% dos casos eram decorrentes de violência
conjugal, com as mulheres sendo as vítimas das agressões em 94% dos
casos (coerente com dados de outros países).

* Na Universidade da Columbia Britânica, Canadá, verificou-se num


estudo que 40% das agressões contra a esposa iniciaram durante a
primeira gravidez.

* No Brasil cerca de 23% das mulheres estão sujeitas à violência


doméstica.

* Em nosso país a cada 4 minutos uma mulher é agredida em seu lar pelo
próprio marido ou companheiro.

* Ainda no Brasil, um em cada cinco dias de falta ao trabalho é


decorrente de violência sofrida pelas mulheres em suas casas.

* A cada 5 anos a mulher perde 1 ano de vida saudável se sofre violência


doméstica.

* No mundo, a cada minuto uma mulher é agredida, humilhada,


espancada, abusada, explorada, morta dentro do seu próprio lar, na
maioria das vezes por homens com quem elas mantêm uma relação de
afeto.
* Cerca de 100 crianças morrem por dia no Brasil, vítimas de maus-
tratos; negligência, violência física, abuso sexual e psicológico,
segundo estudo do Laboratório de Estudo da Criança da USP.

* 38% das mortes de pessoas no Brasil com até 19 anos são causadas por
agressões.

* No Brasil onde existe uma população de quase 67 milhões de crianças


até 14 anos, são registrados 500 mil casos de violência doméstica de
diferentes tipos. Em 70% deles os agressores são pais biológicos.

* Um levantamento feito pelo Núcleo de Atenção à Criança Vítima de


Violência, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em
dados coletados à partir de 1996, mostra que 29,1% de meninos e
meninas foram vítimas de abuso físico; a violência sexual aparece em
segundo lugar com 28,9%; sofreram negligência 25,7% e 16,3% abuso
psicológico.

* Em Nova Friburgo, RJ, o “Disque Mulher” em 2003 registrou 482


atendimentos telefônicos, sendo destes 48% ligados à violência física
(Ser Mulher-Laura Mury).

Cesar Vasconcellos de Souza – psiquiatra e psicoterapeuta

cesarvasconcellos@hasilvestre.org.br

Quebrando o Silêncio – Dizendo Não à Violência - 3


“Deixar um próximo a sofrer sem o auxiliar, é uma brecha na lei de Deus. ...Quem
ama a Deus, não somente ama a seu semelhante, mas olhará com terna
compaixão as criaturas feitas por Ele.” Ellen G. White, Filhos e Filhas de Deus,
MM 1956, p.52.

Crianças e adolescentes sofrem em seu próprio lar vários tipos de violência,


justamente no lugar onde deveriam receber apoio e ter segurança. Quando pais
batem com violência na criança pensando que estão educando, colocando limites,
estão fazendo o contrário porque elas ficam confusas e podem ficar revoltadas,
podendo se tornar adultos violentos mais tarde.

Segundo o Ministério da Saúde a principal causa de morte entre jovens de 5 à 19


anos é a agressão física que ocorre na maioria das vezes na família. A UNICEF
estima que cada dia 18 mil crianças e adolescentes são espancados no Brasil e
em torno de 7 mil mortes por ano são decorrentes destas agressões. E estes
devem ser números inferiores à realidade porque as informações chegam na sua
maioria ao conhecimento público através de denúncias que nem sempre são
feitas, e quando crianças chegam num Pronto Socorro com queimaduras ou
fraturas ósseas geralmente é informado que houve um acidente em casa, não
violência, enquanto que muitas vezes o que houve mesmo foi abuso físico
cometido por um adulto contra o menor.

Crianças violentadas em casa ficam quietas com medo, vergonha e culpa. E o


adulto que sabe da violência feita contra elas é responsável pelo cuidado para
com elas. Muitas mães que sabem que houve agressão contra seus filhos ficam
caladas com medo do marido, medo de separação conjugal caso denuncie o
marido violento, mas ficar calada nesta circunstância é se tornar cúmplice do
agressor. E o agressor é um covarde, podendo ser de qualquer religião, raça,
posição social ou econômica, e tem que ser denunciado o que pode promover o
tratamento que a pessoa precisa.

Ao contrário do que muitos pensam, a violência doméstica não está ligada à


pobreza, ou alcoolismo ou outra dependência química somente, e nem somente,
como disse, existente em classes sociais menos favorecidas. O agressor já possui
tendência agressiva e o que pode desencadear seus atos violentos pode ser
alguma droga (álcool, maconha, cocaína, etc.), desemprego, falta de dinheiro,
brigas com o cônjuge, problemas no trabalho, etc., o que evidentemente NÃO
justifica a agressão.

Segundo Edson Passetti no seu livro “Violentados – Crianças, Adolescentes e


Justiça”, cerca de 13% do total de denúncias de violência recebidas pelo Serviço
de Advocacia da Criança se refere à violência sexual, sendo a família responsável
por 62% destes casos; o pai é o principal agressor em 59% das vezes, seguido
pelo padrasto em 25%. Entre os meninos, o pai foi o agente violento principal em
48% dos casos, seguido dos padrastos e dos tios, independentemente se são
cristãos ou não.
Esta matéria de hoje está baseada no excelente artigo de Sueli Ferreira de
Oliveira, editora da revista Nosso Amiguinho da Casa Publicadora Brasileira,
Tatuí, SP, publicado na edição especial de “Sinais dos Tempos”, com o título
“Quebrando o Silêncio – Dizendo Não à Violência”, p. 18 e 19.

Na próxima semana vamos comentar sobre os tipos de violência contra as


crianças e jovens, características de uma criança com problemas e como prevenir
a violência contra os menores, também citados no artigo acima

Quebrando o Silêncio – Dizendo Não à Violência – 4(final)

“Eu sei que a gente se acostuma, mas não devia. ...Em doses pequenas, tentando
não perceber, vai afastando uma dor aqui, um sentimento ali, uma revolta acolá.”

Clarice Lispector

Encerrando esta série sobre abuso e violência entre seres humanos, vamos ver
hoje alguns tipos de violência contra a criança, características de uma criança com
possibilidade de estar sendo vitimizada e noções gerais quanto à prevenção
destes tipos de perversidade contra os pequenos.

Características de uma criança que pode estar sendo vítima de abuso ou


violência:

· Machucados que não podem ser explicados.

· Dificuldades para se concentrar.

· Timidez.

· Baixa auto-estima.

· Dificuldades de relacionamento, mostrando-se muito agressiva, rebelde ou


muito passiva.

· Comportamento autodestrutivo e até tentativas de suicídio.

· Depressão ou regressão a um comportamento muito infantil.

· Comportamento sexualmente explícito, como masturbação e brincadeiras


sexualmente agressivas.
· Alta ansiedade.

· Distúrbios do sono e da alimentação.

· Urina freqüentemente na cama.

· Problemas de aprendizado.

· Relutância em voltar para casa.

Tipos de violência contra crianças:

§ Física – uso da força com o objetivo claro ou não de ferir, deixando ou não
marcas evidentes. Podendo ser espancamentos, murros, tapas, agressões com
objetos e queimaduras com objetos ou líquidos quentes. Alguns agressores
chegam a amarrar a criança com cordas ou correntes.

§ Psicológica – rejeição, depreciação, discriminação, desrespeito, punições


extremas, confinamento.

§ Negligência – omissão em prover as necessidades básicas para o


desenvolvimento da criança. Incluindo alimentação, medicamento, instrução
acadêmica, atenção, higiene, relação mãe/pai-filho muito problemática.

§ Síndrome do bebê sacudido – agressão contra bebês e crianças pequenas,


sacudindo-os severa e violentamente. Pode causar lesões na visão, atraso no
desenvolvimento, convulsões, lesões na coluna, cérebro e até a morte.

§ Sexual – indução da criança a práticas sexuais com ou sem violência física


para satisfação de um adulto, atentado ao pudor e atos libidinosos.

Prevenção:

v Ensine às crianças os nomes reais das partes do corpo sem inventar apelidos
para os órgãos genitais, nádegas, seios.

v Diga para a criança que ninguém pode tocá-la de forma que a incomode,
mesmo sendo um dos pais, parente próximo, médico ou babá. Explique que se ela
se sentir incomodada, ela deve falar. Se o médico precisar fazer alguns exames
desagradáveis para ela, explique o que o médico irá fazer.

v Fale para a criança que não devem existir segredos que os pais não possam
saber.

v Ensine à criança que ela não deve permitir ser fotografada nua ou quase nua.
E deve contar aos seus pais se alguém pedir isso a ela, ou mesmo se apenas lhe
mostrar fotos de pessoas nuas.

v Explique que as crianças não devem aceitar doces ou dinheiro de estranhos,


e não devem entrar na casa ou no carro de pessoas desconhecidas. E se isso
ocorrer elas devem ser ensinadas a se afastar rapidamente.

Esquizofrenia: Noções Gerais

“Esquizo” vem de “dividido” e “frenia” de “mente”. Mente dividida, é a


esquizofrenia. Como assim? Ela é uma das mais graves doenças mentais. É uma
psicose. Psicose, bem menos grave e limitante do que a neurose, se refere à
presença de sintomas como ilusões, alucinações, comportamento desorganizado,
fala incoerente, delírios, agitação, etc. Tais sintomas podem estar presentes em
outras patologias mentais sem ser na esquizofrenia.

Geralmente ela atinge jovens, igualmente rapazes e moças, na fase final da


adolescência ou início da idade adulta, podendo atingir pessoas de mais idade
também.

Algumas características da esquizofrenia são:

1)Alterações do pensamento: delírios (alteração do conteúdo do pensamento),


interrupções do pensamento (alterações do curso do pensamento) e pensamento
desagregado (alteração da forma do pensamento).

2)Alterações da senso-percepção: alucinações (auditivas, visuais, olfativas, etc.).

3)Alterações da consciência do eu: perda da autonomia, do limite, da identidade e


da unidade do eu.

4)Alterações do afeto: incapacidade de vibrar com o sentimento, embotamento


afetivo, frieza afetiva.

5)Alterações da volição (vontade): hipobulia (muito pouca vontade de fazer as


coisas) e abulia (nenhuma vontade de fazer as coisas).

6)Alterações da psicomotricidade: estupor, agitação.


Formas Clínicas:

1)Esquizofrenia paranóide – predominam delírios e alucinações (melhor


prognóstico).

2)Esquizofrenia hebefrênica – início jovem, mais grave, risos imotivados, etc.

3)Esquizofrenia catatônica – apresenta agitação psicomotora ou estupor, ou seja,


a pessoa fica parada horas e horas numa posição.

4)Esquizofrenia residual – negativos sintomas estão presentes sempre (autismo,


abulia, embotamento do afeto) e positivos sintomas estão presentes só que
atenuados (delírios, alucinações).

5)Esquizofrenia indiferenciada – permanecem as ilusões, delírios,


desorganizações da fala e do comportamento de forma acentuada.

Tratamentos:

1)Apoio, orientação, de psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas


ocupacionais.

2)Medicação – antipsicóticos também chamados de neurolépticos.

3)Apoio à família orientando seus membros sobre a doença e como lidar com o
doente.

4)Eventual internação hospitalar especializada em casos de agitação, tentativas


de se agredir ou agredir outras pessoas, etc.

Evolução:

- 25% permanecem com defeitos de comportamento

- 50% permanecem com a doença que se torna crônica

- 25% evoluem para a cura

Prognóstico:
Há bom prognóstico se há: inteligência, início tardio da doença, melhor apoio
familiar, diagnóstico precoce e tratamento adequado, e nas formas catatônicas e
paranóides.

Há prognóstico ruim se há: déficit de inteligência, início cedo da doença, família


desagregada, nas formas hebefrênicas e indiferenciadas (simples), e se há
história de psicose na família.

Amar ou Honrar Pai e Mãe?

“Eu posso ainda me lembrar de minha mãe colocando a mão dela sobre o peito e
fingindo ter um ataque cardíaco e morrer, e me culpando por isso!” Anônimo
O 5o. Mandamento da Lei (Moral) de Deus – Os Dez Mandamentos – (Êxodo
capítulo 20) diz que devemos honrar pai e mãe. Por que não amar pai e mãe?
Será que todos os pais e mães são amáveis (capazes de serem amados)? Ou não
será verdade que alguns por serem violentos, rígidos demais, agressivos
verbalmente, depreciadores dos filhos, ausentes, não atrapalham os filhos de os
amar? Se isto é verdade, e creio que é, então, a ordem de Deus é, pelo menos,
honre seu pai e sua mãe, ou seja, respeite, se não consegue amá-los.

Podemos ter aprendido erradamente na infância que somos responsáveis pelos


sentimentos de nossos pais e de outras pessoas. Podemos ter ouvido repetidas
vezes quando crianças que fizemos nosso pai ou mãe infelizes, alcoólicos, com
problemas conjugais, e por isso viemos a crer que éramos os responsáveis pela
felicidade ou sobriedade deles. Isto produziu em nós, adultos, uma sensação de
que somos muito poderosos e também culpados.

A verdade, porém, é que não possuíamos esta espécie de poder sobre nossos
pais, sobre seus sentimentos, ou sobre o curso de suas vidas. Não temos que
assumir isto quando (e se) eles ainda jogam sobre nós esta responsabilidade.

Nossos pais fizeram o melhor que puderam ao nos criar. Mas não temos que
aceitar crenças deles que não sejam saudáveis e baseadas na verdade. Eles são
sempre nossos pais, mas não são sempre certos. E suas crenças e
comportamentos não são sempre saudáveis e de nosso melhor interesse. Eles
podem ter acreditado sinceramente que o que faziam era o melhor para nós, mas
pode não ter sido. E temos o direito, a liberdade de examinar e escolher nossas
crenças para a vida, as quais poderão coincidir com as deles, ou não.

Solte-se da culpa falsa, dos excessivos e inapropriados sentimentos de


responsabilidade perante seus pais ou outros da família. Não temos que permitir
que suas crenças destrutivas controlem nossos sentimentos, nossos
comportamentos, nossa vida, ou a nós mesmos.

Um tipo de crença destrutiva, por ex., que uma mãe passa para uma filha, por
causa dos problemas desta mãe com seu pai e/ou seu marido pode ser: “Cuidado
com os homens! Homem não presta! Olha seu pai...” Mesmo que este individuo
tenha (ou teve) problemas comportamentais sérios, isto não significa que TODOS
os homens são assim!

Um pai ou mãe, ou cuidador da criança, pode abusar dela fisicamente,


sexualmente, verbalmente (depreciando, xingando a criança, colocando nela
apelidos depreciadores, batendo sem razão, etc.), abandonando (literalmente indo
embora ou não), jogando expectativas altas demais sobre a criança quem sabe
por causa de frustrações pessoais.

Não se culpe se você não consegue amar, ter um sentimento agradável e


prazeroso, ter vontade de ficar junto, do seu pai ou de sua mãe. Tente analisar o
que está ocorrendo dentro de você quanto a isto. Respeite seus sentimentos. Não
force sentir o que não sente. Não force não sentir o que você sente. Aproveite o
que passaram de bom para você. E o que foi ruim não traga para você de uma
forma que produza culpa, responsabilidade indevida para com eles. Se não
conseguir amar, honre seus pais, ou seja, respeite-os e cuide de sua vida.

(texto baseado em “Responsibility for Family Members – Todaygift-Hazelden


Foundation, 18/01/04, by Melody Beattie, The Language of Letting Go)

Será que precisamos de uma “Delegacia do Homem”?

Se existe a “Delegacia da Mulher”, por que não a do homem? O que você sente
quando pensa em “Delegacia da Mulher”? Não é um sentimento de que é um lugar
aonde vão mulheres agredidas fisicamente, com edemas (inchações) no corpo,
dentes quebrados, olho roxo e pálpebras inchadas, etc., resultado de violência
masculina? É importante ter esta instituição. Porém, parece que a imagem
passada para o público é de que a mulher sempre é a vítima e o homem sempre é
o carrasco. Fica mais perto da realidade dizermos que quase sempre a mulher é a
vítima. Mulheres também podem ser agressivas, provocadoras, instigadoras de
agressão, violentas, autoritárias, onipotentes, maldosas, cruéis, sarcásticas.

A feminilidade é algo muito lindo e é uma pena que certas mulheres a percam ao
longo dos anos, às vezes bem precocemente, se tornando duras. Parecem flores
selvagens de lugares áridos que crescem duras, ásperas, grosseiras, sem
delicadeza, sem maciez.

Horrível isto, a falta de docilidade que faz parte da feminilidade! Claro, horrível
também o homem violento, sem tato nas relações humanas, bronco, que
feminilidade para ele são seios, vagina, pernas/coxas, bumbuns, etc.! Só.
Entretanto, uma mulher bronca, grossa, que perdeu (ou nunca desenvolveu) a
doçura, é algo inconveniente, frustrante para uma maioria de homens. Talvez este
tipo de mulher seja bom para algumas funções, como chefiar um grupo grande de
empregados numa empresa, síndica de prédios e condomínios, juiz de futebol,
policial, motorista de ônibus e caminhão, chefe de estivadores do cais do porto,
chefe de banca do jogo do bicho, cafetina (mulher que explora o comércio de
prostitutas), etc. Claro, nem todas as mulheres que ocupam estas funções são
agressivas, perderam a docilidade, são violentas e autoritárias. Depende.

Ser meiga como mulher, que um homem em amadurecimento admira, não é


sinônimo de ser submissa ou passiva negativamente falando! É, antes, não perder
a doçura, a meiguice, quanto tem que agir com firmeza e decidir agir com firmeza!
Uma mulher (ou homem) pode ser assertiva e não ser agressiva (autoritária,
onipotente). Parece que um homem só gosta da mulher submissa negativamente
e não assertiva quando é autoritário e prepotente.

Não creio que nenhum homem no fundo de sua alma goste de mulher agressiva e
autoritária. Muitos se ligam a mulheres com tais características talvez porque sua
(do homem) estrutura psicológica básica (não bem resolvida, embolada,
disfuncional) é a de uma pessoa insegura e dependente, que se une a alguém
(aparentemente?!) segura e autoritária porque uma mulher assim passa para ele
uma sensação (e realidade muitas vezes) de proteção, de que ele será cuidado
por ela. É o caso dos relacionamentos em que a mulher é quem praticamente faz
tudo, manda, desmanda, controla, administra, decide as coisas da família,
destrata, acaricia em seguida, destrata de novo, e o parceiro (namorado, noivo,
“ficante”, marido, amante) é como um cachorrinho temeroso que sempre vive com
o rabo entre as pernas com medo da “fera”, mas dependente dela e submisso
doentiamente.

No fundo do coração desta mulher “macho” pode haver forte desejo e necessidade
de ser cuidada por um homem, desejo este difícil para ela deixar aflorar em sua
consciência, ou que ela satisfaz numa “escapulida” extraconjugal quando lhe
parece que encontrou o “homem da minha vida”, que ela pensa irá finalmente
cuidar dela. Este tipo de mulher é que se une a um tipo de homem que ela domina
e, claro, ele se deixa dominar por ela.

Feminilidade não é sinônimo de permissividade no sentido de que a mulher não se


defender de abusos (verbais, físicos, sexuais, morais, espirituais). Grupos
“feministas”, de “defesa da mulher” podem exagerar na crítica e (pré) conceito
contra os homens. Um grupo que identifica, desmascara, denuncia, e procura
meios legais para parar com qualquer tipo de abuso contra as mulheres é muito
útil, necessário, e pode prestar um serviço à sociedade muito importante. Porém,
creio que isto não deveria ser usado e explorado para servir de chicote contra os
homens ao passar, por exemplo, a idéia de que homens são sempre carrascos e
mulheres são sempre vítimas. Porque isto não é verdade.
Conviver com uma mulher irritadiça, autoritária, prepotente, é abusivo para o
homem, seja ele o filho, o marido, etc. Palavras e atitudes ferinas de uma mulher
podem ser tão dolorosas e devastadoras para um homem quanto um tapa de um
homem no rosto da mulher. Uma língua maldosamente afiada destrói a auto-
estima, a noção de valor pessoal, a dignidade de pessoas de uma forma muito
difícil de ser concertado depois. Pode ser muito mais fácil lidar-se com uma
cicatriz no corpo do que na alma.

A hipotética “Delegacia do Homem” seria o lugar onde eles poderiam ir dar queixa,
denunciar a mulher agressiva, violenta, abusadora, provocadora e instigadora de
resposta agressiva dos outros (mesmo de outra mulher), ranzinza demais, seja
devido ao consumo de drogas (álcool, maconha, cocaína, anfetaminas das
fórmulas para emagrecer, etc.) ou não.

Vinícius de Morais dizia que as feias o perdoassem, mas a beleza (física) era
fundamental. Eu digo que a doçura, a meiguice, a ternura, a brandura, a
amabilidade, são fundamentais na mulher para que ela seja feminina, madura, e
realmente agradável e atraente para um homem ativo no processo de
amadurecimento emocional. Tais características não anulam o fato da mulher
precisar ser assertiva e não submissa negativamente.

A pessoa forte não chora porque é (está) fracaO homem que não chora
diante de certas dores emocionais (tristeza, medo, angústia, raiva,
vergonha, etc.) pode ser fraco, porque para conseguir chorar você
precisa primeiro sentir a dor e isto geralmente não é fácil. Podemos
desenvolver, um dia de cada vez, a capacidade de ter resistência ou
força para agüentarmos a experiência (experimentação, sentir o
sentimento) e a expressão (verbalizar, comunicar) da dor em nossa
consciência (mente) e em nosso corpo (físico). Não nascemos sabendo
isto. Podemos aprender. Podemos. E então conseguiremos chorar
quando isto for o natural, necessário, fisiológico.

Há o chorar por pena de si mesmo, o que deve ser evitado, e há o


chorar por causa de uma dor emocional (ou física) real, forte, o que
deve ser experimentado. Você pode dar uma de vítima que é sentir-se
como vítima embora não o seja na realidade, ou pode ser mesmo uma
vítima de maus tratos, de abusos físicos, sexuais ou outros. No primeiro
caso evite cair num lamento manipulador, e no segundo chorar faz parte
da resolução da dor, da obtenção de alívio, da expressão do sofrimento,
o que é certo.

Uma pessoa pode não expressar o choro que seria normal expressá-lo, e
isto pode ocorrer por preconceito (“homem não chora”, “chorar é sinal
de fraqueza”), por repressão aprendida (“não posso deixar os outros
verem que estou sofrendo”), por negação da vontade de chorar (“eu não
estou triste”, mas está) por frieza afetiva (pessoa muito racional), por
orgulho (“eu posso tudo, agüento tudo, não sou fraco como os outros”),
por compreensão religiosa errada (“cristão não chora”), etc.

Se você vive uma situação em que seria normal chorar, e não chora,
para aonde vai este choro? Você pode abafá-lo com o álcool, cocaína,
maconha, tranqüilizantes, ou outras químicas que servem para
anestesiar a dor e, portanto, o chorar natural. Ou pode meter a cara no
trabalho para não pensar no que incomoda por dentro de sua alma. E
outros subterfúgios são utilizados para se evitar dores emocionais e o
chorar, como o sexo, comida, consumismo, apego material, uso abusivo
de poder, etc.

Chore, quando seu coração pedir isto, quando sua alma estiver afogada
em angústia, quando se sentir partido, quebrantado, em desespero.
Quando parecer que todos foram embora e ficou só você em sua dor
insuportável. Quando o peito apertar, a garganta secar, a insônia surgir,
e o grito de socorro estiver na ponta da língua.

Ainda que ninguém entenda, ou lhe acuda, ou lhe dê um colo, o choro


poderá trazer alívio. Por quê? Porque será a expressão da dor interna
que se tornou inevitável neste momento de sua vida. Ele será tão
natural quanto é natural sentir sede e ir beber água. O choro não irá
matar a dor, mas ajudará você a sentir algum alívio e poder decidir o
que fazer para acabar com ela ou administrá-la se não for possível
eliminá-la quando você desejar.

O que é bom passa, e o que é ruim passa também. A alegria passa, mas
a dor também. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela
manhã (Salmo 30:5). Só que esta manhã pode ser na manhã seguinte
mesmo ou daqui a dois dias, ou três semanas, ou seis meses, às vezes
cinco anos... Você sabe. Mas ela vem. A alegria vem de novo. Solte-se
no choro certo e natural e depois vem o alívio e até mesmo a alegria.

A verdade dói, mas pode libertar

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jesus, em


João 8:32

Em geral não é fácil e agradável encararmos certas verdades sobre nós


mesmos. Podemos fugir de sua percepção, não pensando, desviando o
assunto, fechando nossa mente. Quando crescemos no conhecimento da
verdade, especialmente da verdade sobre nós mesmos, sobre quem
somos de fato, nos defrontamos aqui e ali com percepções muito
dolorosas. É quando tomamos consciência de características negativas
de nosso ser (pessoa), que podem ter permanecido por muito tempo
escondidas, negadas em nosso interior. Por exemplo, podemos ter
achado que éramos muito honestos. Enquanto permanecíamos
obscurecidos para a verdade de que não éramos tão honestos quanto
pensávamos, isto nos poupava de sentir uma angústia, a angústia que
surge quando você percebe algo errado em seu caráter e se incomoda
com isso, não quer isso. Quando e enquanto não podemos lidar com a
angústia da autovisão de um defeito de caráter, ficamos com ele e não
mudamos para melhor. Mudar envolve enfrentar angústia, e não são
muitos de nós que estamos dispostos a fazer isto.

Na medida em que você quer melhorar como pessoa, ser feliz dentro de
si mesmo, é preciso encarar suas verdades, todas elas, uma de cada
vez, no seu próprio tempo possível (timing). Daí precisamos fazer uma
auto-análise freqüente, um inventário como sugerido no 4o. Passo dos
12 Passos de Alcoólicos Anônimos, quando poderemos perceber como e
quando fomos maldosos, não honestos, egocêntricos, orgulhosos,
medrosos, covardes, corruptos, e também bons, caridosos,
compassivos, amáveis, honestos, etc. Toda pessoa normal possui estes
dois lados naturalmente. Crescer emocional e espiritualmente significa
passar a administrar o lado negativo, entregá-lo a um Poder Superior
para que Ele possa remover as imperfeições de nosso caráter, e
desenvolver, praticar, exercitar o lado positivo, pedindo ao mesmo
Poder Superior que implante em seu caráter uma virtude que você não
possui ainda.

Psicoterapia (psico= mente, terapia = tratamento) é um tratamento


feito por alguns psicólogos e por alguns psiquiatras (tem psicólogo que
só trabalha na área de recursos humanos em empresas, ou em ensino,
e há psiquiatras que trabalham predominantemente com
psicofarmacoterapia (prescrição de medicamentos). Na Psicoterapia, que
pode ser individual ou em grupo, a meta do psicoterapeuta é ajudar seu
cliente a buscar suas (do cliente) verdades. É um processo de pesquisa
e análise comportamental, das defesas, em busca de tipos de
pensamento e sentimentos que motivam a dor, a queixa que levou a
pessoa ao profissional, àquilo que causa sofrimento mental ou
emocional. Então, a psicoterapia é também um processo científico de
busca da verdade. Não é fácil se submeter à este tratamento. Muitos
preferem pedir ao médico uma receita de “medicação controlada”, para
comprar aquilo que acreditam aliviará sua angústia, medo, tristeza,
raiva, dor emocional, sem ter de trabalhar duro numa terapia (nome
abreviado de psicoterapia) em busca da verdade. Não que a pessoa não
possa nunca tomar alguma medicação psiquiátrica (tranqüilizante,
antidepressivo, indutor do sono, modulador do humor, etc.). Talvez
precise durante algum tempo de algum medicamento. Talvez. Quando é
preciso, eu os prescrevo, mas não como substituto da busca da verdade
interior no processo psicoterapêutico.

Ao crescermos de verdade como ser humano, aquilo que parecia


honesto em nossa conduta, passamos a ver como, vamos chamar de
“meio-honesto”, ou “meia-verdade”. E era o melhor que podíamos fazer
naquela situação, naquele tempo. Devido ao trabalho árduo para o
desenvolvimento pessoal e devido à graça de Deus (graça é o poder
espiritual que faz em você e por você o que sozinho lhe é impossível
fazer) nossa percepção da verdade pode ir aos poucos se aprofundando.
E vai, como disse Jesus, nos libertando. Libertando de quê? De auto-
engano, de atos mesquinhos, que ferem você mesmo e os outros.
Libertando da visão falsa do sentido da vida, para uma visão correta,
estimulante, animadora, produtiva.

“A verdade vence em você quando você tem a coragem de sentir a dor


de conhecê-la. Algumas de nossas dores têm sido o pesar de perceber o
que omitimos ou perdemos em nossa insanidade. Algumas têm sido a
angústia de encarar a ferida que causamos naqueles a quem amamos, e
algumas em admitir honestamente como nós mesmos fomos
feridos.”(Touchstones – A Book of Daily Meditation for Men, Hazelden,
1991, Jan.11).

Você pode aprender a ter coragem para encarar as verdades de sua


pessoa e de sua vida, mesmo que doa muito, porque ao final, se
permanecer querendo-as, elas o libertarão do materialismo, da
hipocrisia, do controle obsessivo sobre as pessoas, dos preconceitos, do
medo, do orgulho, da vaidade, e tudo irá se tornando simples e bonito
em você, em seu caráter. Um dia de cada vez. Eu desejo que você
queira a verdade e a busque. Sempre. Não dá para ser saudável e feliz
sem ela.

_____________

O Crescimento é Para Sempre

Começou um novo ano, que é um dos momentos em nosso viver


quando podemos pensar em mudanças, novos propósitos, alvos a
alcançar, etc. Mas você pode fazer isto dia 26 de Setembro, 4 de Maio, 3
de Fevereiro, 16 de Novembro, qualquer data, qualquer dia. O dia de
começar a mudar algo é qualquer um, é hoje. Não espere a próxima
segunda-feira para começar a caminhar, ou fazer dieta, reconciliar-se
com alguém, ou reivindicar com seu patrão o recebimento das horas
extras que ele não está pagando (e não vai pagar espontaneamente),
mas que você trabalhou nestes feriados de fim-de-ano.

Comece hoje o que precisa. Mesmo que seja um pequeno movimento,


um novo pensamento somente talvez, ou um passo firme e decidido
rumo à mudança. A gente muda quando a gente muda. Não espere pela
lua nova (ou cheia, ou seja lá que lua for!), pelo novo amor, pelo êxtase
espiritual (ele pode vir quando você menos esperar!), ou para quando
mudar o prefeito, ou você ganhar na raspadinha, ou quando aquela
pessoa sobre quem você colocou esperanças e expectativas demais
disser que gosta de você. Ela pode lhe machucar feio.

O crescimento é para sempre mas deve começar na prática da sua vida


e não ficar somente como uma filosofia da sua mente. Você precisa dar
um primeiro passo. É você quem tem de fazer isto. Não é Deus por você
ou qualquer “santo”. Não é seu cônjuge por você, nem seu filho, ou
mãe, pai, amante, conselheiro espiritual, terapeuta, cartomante,
vizinho, padrinho.

É verdade que algumas datas e pessoas podem nos incentivar a


começar a mudar para melhor nossa vida, nosso comportamento, nossa
maneira de nos relacionarmos com os outros e com a gente mesmo.
Mas você tem aproveitado isto? Você se trata bem?

Moisés colocou o pé dentro da água do Mar Vermelho quando não havia


saída para ele e todo o seu povo. E o Mar foi aberto. Um caminho
apareceu. A solução chegou. Alguém disse que quem está fora da porta,
já tem uma boa parte de sua jornada atrás de si. Concordo. Muita gente
fica a vida toda da porta para dentro. Presas, infelizes, lamentadoras,
mesmo que possuam fortunas nos bancos, ou lanchas em Angra dos
Reis.

Bote o pé no caminho e algo mudará. Pode não ser uma mudança


imediata. Pode não ser a mudança que você queria nesse momento de
sua vida. Porém provavelmente será a mudança que você mais
necessita agora. Dê uma olhada para trás em sua vida e veja se não
tem repetido o tempo todo o mesmo comportamento que pode ser ruim
para você, mesmo que dê dinheiro ou mantenha pessoas dependentes
de você (porque você as manipulou para isto e elas cederam). Há papéis
(scripts) que vivemos na vida por anos seguidos que nos estacionam
numa mesmice enfadonha produzindo até alguma satisfação, é verdade,
mas superficial, não duradoura. E depois do prazer que foi vivido sem
amor e sem amar, não vem um vazio? O que, então, precisa mudar?
Mudar em você, por você, partindo de você?

Muitas vezes pacientes meus de psicoterapia dizem: “Não sei o que


fazer! Não sei por que isto está acontecendo comigo!” Quando a gente
não sabe a resposta para alguma coisa na nossa vida, a melhor coisa a
fazer é perguntar! Mas você tem que aprender a perguntar com a alma,
com o coração, com a mente, com perseverança, com garra, com raiva,
com todas as suas forças! E persistir perguntando, mantendo sua mente
aberta, seu coração aberto, porque a resposta virá. Na verdade, ela já
está aí, mas pode ser que você ainda não esteja pronto para percebe-la.
Quando estiver, você saberá. Enquanto isto, continue perguntando,
buscando, prestando atenção.

Na vida parece que para cada resposta conseguida, surgem mais dez
outras perguntas novas! Na medida em que vamos vivendo, nunca
alcançamos um ponto aonde podemos parar de crescer. É assim. Isso é
o normal.

Desejo que nesse novo ano você saia da porta para fora e tome seu
caminho, um novo caminho nunca antes percorrido, com medo ou sem
medo, com humildade mas com coragem, sem desistir na primeira
curva ou subida porque algumas emoções em seu interior podem lhe
assustar. Siga compreendendo que o mais importante é que você está
no caminho, e já tem uma boa parte da jornada para trás. Dê um passo
de cada vez. Se tiver andado 324 passos e recair, voltando 257, está
valendo, você está no caminho, há um saldo positivo que é a sua
experiência da vida que bem material algum pode comprar ou vender. E
essa experiência se acumulará lhe dando sabedoria.

Paulo, o apóstolo, escreveu: “A tribulação produz a paciência. E a


paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não
traz confusão porquanto o amor de Deus está derramado em nossos
corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.” Romanos 5:3-5. Dado a
quem? Àquele que está no caminho em busca de crescimento e luz. Feliz
2004!

Eis Aqui o Homem! (João 19:5)


Quando Pilatos apresentou Jesus à multidão perversamente possessa
que pedia a pena de morte para Ele, violava sua consciência diante do
Inocente Personagem. Pilatos concluíra que Jesus não tinha nenhum
crime culposo ou doloso. Lavou as mãos mas deixou a alma
contaminada. Dali para frente nunca mais teve paz. Como ter paz ser
você viola sua consciência? Só se anestesiar a mente. Mesmo assim o
que sobra é uma falsa paz.

Natal é um caminho, é uma Pessoa, é um poder, uma energia vital, uma


certeza de mudança interior e a esperança de mudança exterior.
Mudança para sempre sem nenhum tipo de injustiça ou dor mais.

Natal é todo dia, se você quiser, se deixar ocorrer, se mantiver a mente


aberta ávido pelo crescimento interior. É um caminho estreito, porque
“larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição...”
Mateus 7:13. Jesus nunca falou de um terceiro, quarto, caminho do
meio ou qualquer outro caminho alternativo. Ele falou de existirem dois:
um estreito e um largo. E clarificou, ao dizer ser Ele o Caminho, e a
Verdade, e a Vida, e completou dizendo: “Ninguém vem ao Pai, senão
por Mim.” João 14:6. Você não precisa de nenhum intercessor humano
para se ligar ao Criador.

Talvez você tenha lido o que o apóstolo Pedro, cheio do Espírito Santo,
discursando perante o Sinédrio (o colégio dos mais altos magistrados do
povo judeu) afirmou: “Ele (Jesus) é a pedra que foi rejeitada por vós, os
edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. E em nenhum
outro há salvação porque também debaixo do céu nenhum outro nome
há dado entre os homens pelo qual devemos ser salvos.” Atos 4:11,12.
Portanto, Jesus é a Pedra sobre a qual a igreja (povo) de Deus, o
Criador, foi e é erguida, e não Pedro, caso contrário o próprio Pedro
teria dito nessa hora que sobre ele Jesus havia construído Sua igreja.
Então, Jesus é o Chefe autêntico do povo de Deus. Quem é o povo de
Deus? É todo aquele que deseja Deus, que O busca, que entrega sua
vida e sua vontade aos cuidados desse Poder Superior, Criador do
Universo. É todo aquele que vai crescendo no conhecimento da verdade
espiritual, procurando guardar os mandamentos de Deus conforme
relatados em Êxodo capítulo 20.

Natal é espiritualidade. Espiritualidade é graça (poder) que produz cura


interior um dia de cada vez. É grátis porque não é um produto ou
mercadoria à venda nos shoppings, farmácias ou igrejas, embora muitas
igrejas ditas cristãs deturpem e envergonhem a mensagem de Jesus ao
explorar pessoas com negociação de indulgências e de “milagres de
curas”. Jesus, na Bíblia, o manual de vida dos judeus (Antigo
Testamento-AT) e cristãos (AT e Novo Testamento), afirma: “...E quem
tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.”
Apocalipse 22:17. Você não precisa pagar nada, nem oferta, nem
dízimo, nada, para obter ajuda espiritual! Ela é de graça! Jesus não é
mercantilista, comerciante ou empresário da espiritualidade. “Mas a
todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de
Deus; aos que crêem no Seu nome, os quais não nasceram do sangue,
nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus.”
João 1:12,13. A mudança ou cura ocorre quando você recebe, de
graça, o poder de ser feito filho de Deus, não por decretos humanos,
não por herança familiar, não por posição eclesiástica, não por cultura
teológica, não por emissão de credencial de missionário, mas de graça,
de Deus diretamente para o seu coração, sua mente, seu corpo.

Natal é comunhão de uns com os outros. “E, chegando a Nazaré, onde


fora criado, (Jesus) entrou num dia de sábado, segundo o Seu costume,
na sinagoga, e levantou-Se para ler.” Lucas 4:17. Sabe o que Ele leu? O
que é dito no Antigo Testamento sobre o Messias: “O Espírito do Senhor
Jeová está sobre Mim, porque o Senhor Me ungiu para pregar boas
novas aos mansos; enviou-Me a restaurar os contritos de coração, a
proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos...a
consolar todos os tristes.” Isaías 61:1 De graça.

Numa das discussões que judeus resistentes à luz insistiam ter com
Jesus, Ele Se referiu como sendo ligado ao patriarca Abraão, quando os
judeus ali junto dEle, ironicamente disseram: “Ainda não tens cinqüenta
anos e viste Abraão?” E Jesus afirmou: “Em verdade, em verdade Eu
vos digo que antes que Abraão existisse EU SOU.” João 8:57,58. Esse
termo “EU SOU” é o mesmo usado no Antigo Testamento quando Moisés
havia perguntado a Deus sobre que nome ele deveria dar aos filhos de
Israel quando estes perguntassem qual era o nome do seu deus. Deus,
então, disse a Moisés: “EU SOU O QUE SOU. E disse mais: Assim dirás
aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.” Êxodo 3:14. Esse é o
nome do Deus Criador: EU SOU. Em hebraico é EHEYEH ASHER EHEYEH.
Na Bíblia Vulgata é EGO SUM QUI SUM. E na Septuaginta é EGO EIMI O
ON.

Natal é o que Isaías descreve afetivamente: “Porque um menino nos


nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros;
e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte, Pai da
eternidade, Príncipe da paz.” Isaías 9:6.

Feliz Natal, um dia de cada vez!


Cesar Vasconcellos de Souza – psiquiatra
cesarvasconcellos@hasilvestre.org.br

Casamento é Simples...Mas é Tão Complexo!

Meu primeiro livro tem o título “Casamento: O Que É Isso?”, publicado


no ano 2000. Ele contém uma coleção de artigos que escrevi sobre o
assunto ao longo dos anos anteriores. Eu queria responder para mim
mesmo esta pergunta do título. Já havia encontrado algumas respostas.
Mas parecia que cada vez surgiam mais perguntas. Confesso que ainda
tenho muitas perguntas sobre o casamento!

Já consigo saber algumas coisas que o casamento não é. Por exemplo,


ele não é a união de duas pessoas iguais em termos de gosto,
preferências, desejos. Então, imagine somente por essas diferenças o
desafio dessa relação! Um gosta de praia, o outro de montanha. Um de
música clássica, e o outro de música popular. Um se delicia em ouvir
música em volume alto, o outro detesta isto. Um precisa estar sempre
em contato com familiares, enquanto que o outro vive isolado deles e
não sente falta do contato.

Casamento também não é garantia de felicidade simplesmente pelo fato


de receber a bênção do líder espiritual que o oficializa e nem porque
assinaram no livro de Registro de Matrimônios diante do Juiz de Paz, e
porque casaram apaixonados. A felicidade conjugal vai precisar ser
construída um dia de cada vez, ao longo dos anos, e não é uma tarefa
fácil.

Casamento não deve ser a união perfeita de duas metades que se


complementam. Primeiro de tudo, não existe união perfeita entre seres
humanos nessa vida, simplesmente porque cada um de nós não é uma
pessoa perfeita. Todos possuímos defeitos de caráter que se manifestam
em todos os ambientes e relações e, obviamente, na vida conjugal.
Também não é a união de duas metades para se complementarem, algo
do tipo, ele fica calado sempre, e ela não pára de falar; ele é desleixado
e larga toalha molhada no chão do banheiro, e ela sempre ligada em
tudo sempre pega a toalha e a estende no secador; ele é o super-
homem forte que agüenta tudo o que é besteira que a esposa desatenta
e desleixada deixa complicar e sem fazer; ela é a parte romântica dos
dois e ele o racional; ele é perfeccionista e ela “avoada”. No começo do
casamento estas diferenças podem dar certo. Mas com o tempo o que é
perfeccionista vai acabando com o relacionamento de intimidade, de
carinho porque está sempre preocupado com os detalhes das coisas nos
seus lugares e horas “certas” do que com a relação afetiva do casal.
Aquela esposa que sempre saía pela casa catando as coisas que o
marido larga fora do lugar, desde a toalha de banho molhada no chão
do banheiro, até os livros e papéis espalhados em cima da mesa de
jantar que ela gostaria de manter arrumada, com uma bonita toalha e
um jarro florido, já não suporta mais o indivíduo folgado. O que podia
ser encaixe perfeito, passa a ser fonte de conflito.

Então, casamento precisa ser a busca de uma união de duas pessoas o


melhor que puder inteiras. Isto não quer dizer perfeitas. Não somos
perfeitos, já falei antes. Uma pessoa inteira não é dependente
doentiamente da outra. Ela precisa da outra e não precisa. Ou seja, ela
precisa da outra, mas se esta outra não estiver ali para ela, ela dá um
jeito e se vira para resolver sua vida. Claro, há necessidades que
somente podem ser resolvidas à dois, como o sexo no casal, o lado
romântico, o diálogo, planejamentos para filhos, férias, compras, etc. O
que quero dizer é que ao procurar ser inteiro eu não vou deixar que
minhas carências do passado, que eu trouxe, e todos trazemos, para
dentro do matrimônio, perturbem minha relação conjugal. Duas pessoas
inteiras não sobrecarregam nenhum das duas. Uma ajuda a outra, mas
não manipula, não controla, não age autoritariamente, nem como
vítima. Forma-se um diálogo honesto, aberto, sincero, para que a
intimidade afetiva seja mantida e desenvolvida, porque o que segura e
produz uma relação matrimonial em processo de felicidade é isso – o
aprofundamento da relação de intimidade afetiva, ou seja, o amor de
um pelo outro, desenvolvido um dia de cada vez. E isto está mais além
do sexo, do dinheiro, dos filhos e da realização profissional individual.

Pode ser que você esteja mais à frente do que eu

Como seres humanos todos temos lutas interiores, uns mais, outros menos,
uns mais conscientes, outros menos conscientes de sua própria dor, de
características positivas e negativas da própria personalidade.

Algumas pessoas estão avançando bem no crescimento pessoal. Outras estão


indo bem devagar, porque talvez ainda se sentem confusas sobre que
caminho seguir na vida. Mas se perseverarem em busca da verdade,
ela lhes será revelada na medida em que conseguem absorve-la e vive-
la. E outras pessoas estão estagnadas por rejeitarem caminhos e
oportunidades de crescimento e desenvolvimento pessoais, o que é
uma pena.

Não há ser humano com todos os seus problemas da vida resolvidos. Alguns
estão mais adiante do que outros quanto a certos aspectos de sua
personalidade, enquanto que estes outros indivíduos podem estar à
frente de nós com relação a outras características.

Deixa-me exemplificar. Uma pessoa pode ser um empresário ou profissional


liberal ou professor universitário bem sucedido nos aspectos sociais
(só para citar pessoas de um nível sócio-econômico-cultural acima da
média), como cultura, bens materiais, competência técnica, mas pode
ter importantes limitações e sofrimentos na esfera emocional, lutando
com reações depressivas, ou ansiedade em quaisquer de suas formas
(pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, fobia, etc.), ou transtornos
sexuais, compulsões, etc.

Você pode ser uma pessoa segura para resolver, por exemplo, problemas no
trabalho, mas insegura no que se refere a lidar com sentimentos nas
relações sociais e familiares. Como assim, insegura? Sem conseguir
expressar afeto, sem transmitir emoções nos momentos adequados,
podendo ficar em um extremo ou outro, como agir
preponderantemente com frieza (bloqueio afetivo) ou com paixão
excessiva (exagero sentimental).

Sempre precisamos de algum ajuste emocional nessa vida. Isso é o normal. O


crescimento emocional ou psicológico nunca termina. Mesmo após
uma terapia ou análise bem sucedida haverá algo a ser melhorado nos
anos seguintes após a alta da psicoterapia.
Já atendi pessoas, e sempre ocorrerá isto, que eu percebia que estavam com
certas questões interiores melhor resolvidas que eu, mas que trazia
para a terapia sofrimentos emocionais que eu podia lidar com eles
melhor que elas ou que eu nunca os havia experimentado na minha
vida, mas podia ajudá-las por causa da minha formação profissional.

Eu sigo no processo de crescimento emocional o qual nunca termina, mesmo


após minhas experiências pessoais em análise e psicoterapias. Por isso
pode ser que você esteja mais à frente do que eu enquanto a algumas
questões vitais. Ou não. E estou aprendendo a não me assustar ou me
apavorar com isto, com o fato de que ainda tenho muita coisa para ser
melhorada, resolvida, amadurecida em minha personalidade e caráter.

Creio que faz parte da saúde mental aceitar que ainda não temos saúde
mental como gostaríamos de ter e não nos apavorarmos com isso. E
ficarmos felizes quando virmos alguém que está mais adiante do que
nós na resolução de certos conflitos ou situações complicadas da vida,
até porque poderemos aprender muito com a experiência dos outros
para nosso crescimento pessoal. Muitos pacientes me ensinam coisas
maravilhosas com as experiências de vida deles. Assim é na nossa vida
no dia a dia, se prestarmos atenção, desejando crescer também
interiormente. Você dá e recebe, ensina e aprende. Um dia de cada vez.
E isto possibilita crescer juntos.

O Natal Se Aproxima. E você?

Você se afasta ou se aproxima das pessoas? Fica perto ou longe? Tem


intimidade afetiva ou afastamento e bloqueio? Timidez afasta, mas
agressividade também. A época do Natal deixa muitas pessoas alegres
e outras tristes. E uma maioria agitada pelas ruas e shoppings. O que
você faz no Natal aproxima você das pessoas, aproxima as pessoas de
você? Pelo menos do que depende de você? Nem todo mundo que
queremos ter perto de nós quer isso ou pode isso. Algumas estão perto
fisicamente, mas distantes afetivamente.
O Natal se aproxima e você, se aproxima de você mesmo, dos seus
sentimentos, do seu crescimento interior? Conseguiu nesse ano dar
algum passo, mesmo que pequeno para se aproximar mais das
pessoas? Se você é uma pessoa com muita facilidade de comunicação,
se é muito extrovertido, muito sociável, conseguiu ficar um pouco
consigo mesmo, sozinho?

Às vezes as coisas se interpõem entre nós e os outros. Um presente, por


exemplo. Você pode dar um presente e não se dar. Para muitos é mais
fácil dar um objeto do que uma palavra afetiva, um toque físico, sua
presença. E é isso que faz a diferença entre o Natal ou qualquer outra
data, mesmo num dia de semana comum, no sentido de poder nos
fazer sentir bem com a gente mesmo.

A beleza do Natal é a comunhão. É quando pode haver uma qualidade de


troca afetiva verdadeira que nutre nosso íntimo. Os presentes...bem os
presentes podem ou não existir, podem ou não ser caros ou muito
especiais, mas nada substitui o seu gesto de carinho, de genuíno
interesse pela pessoa, o ato de intimidade afetiva.

Jesus no Evangelho de S. João capítulo 17, verso 26, numa de Suas últimas
orações ao Pai Celestial, disse: “Que o amor com que Me tens amado
esteja neles (seres humanos que buscam ou virão a buscar a Deus de
todo o coração) e Eu neles esteja.” Isso é o Natal. Isso é união em
afeto, é intimidade afetiva que satisfaz nosso ser interior. Isso é
humano e é divino ao mesmo tempo. Não é uma coisa “religiosa” no
sentido formal, mas é espiritual no sentido da espontaneidade e
presença do amor.

Sugiro que você faça alguma coisa, mesmo pequena, mesmo que ninguém
veja, mesmo que não seja publicada na coluna social do jornal
badalado, mesmo que não seja manchete do jornal da TV, ou que a
Internet não navegue sobre isso, faça alguma coisa que melhore sua
intimidade afetiva com alguém, sua sensibilidade de afeto, sua
experimentação e expressão de sentimentos, mas especialmente a
expressão ou transmissão de uma atitude de carinho, não sexualizada,
não com fins de sedução, mas do coração desinteressado, da alma pura
(ainda que impura), da intenção consciente de dar amor de graça.
Esse creio que será um grande presente de Natal para alguém e para
você mesmo.

Eu nem percebi que machuquei meu dedo!

Ontem ao ir lanchar à noite, tentei abrir uma garrafa de suco que tem uma
tampa rosqueada. Fazia muita força, mas não conseguia abri-la.
Tentei várias vezes, e nada. Depois usei um guardanapo como apoio e
mesmo assim estava muito dura. Insisti, fazendo mais força ainda e
finalmente a tampa cedeu e consegui abrir a garrafa. Tomei meu
lanche. Fiz algumas coisas e fui dormir.

De madrugada senti um incômodo no meu dedo. Acendi a luz para ver o que
estava ocorrendo. Não era aquela ardência que ocorre quando um
pernilongo morde. Acendi a luz e notei que havia um lugar no dedo da
mão direita com a pele machucada, um tanto esfolada. Fiquei
pensando: Como isso ocorreu? Pensei por alguns minutos, tentando
achar a causa, quando me lembrei: “Ah! A tampa da garrafa do
suco!” Compreendi, então, que havia feito tanta força que a pele havia
ficado machucada. Mas por que não percebi que eu machucava aquele
local no exato momento em que tentava abrir a garrafa? Por que
fiquei insensível à dor da escoriação da pele naquele local?

Hoje de manhã, quando vim trabalhar no consultório não podia encostar um


dedo no outro porque o local machucado estava realmente esfolado.
Consegui um curativo e coloquei no local para proteger a pele. E
pensei: quantas coisas eu e você podemos fazer em nossa vida, com
nosso corpo, nossa mente, nossa espiritualidade, que machucam e não
percebemos naquela hora?!

Eu só podia parar de tentar abrir a tampa daquela garrafa usando aquela


parte do dedo se sentisse dor local. Mas não senti a dor na hora. Só
depois. Muitas vezes isto ocorre com a gente. Vivemos uma situação
dolorosa, agüentamos na hora, e passado algum tempo (umas poucas
horas, dias, meses e até anos!), vem a dor, o incômodo, a tristeza, a
angústia, seja lá o que for que vem para nossa vida como dor.

Como evitar inflingir dor a nós mesmos? Percebendo que estamos nos
machucando na hora que estamos nos machucando. E decidir parar
de fazer isto com a gente mesmo. Conseguimos quando paramos de
nos maltratar. Mas como parar de nos maltratar? Repito: quando
percebemos a dor. Quando percebemos o mau trato, o abuso, que pode
vir de fora de você ou de dentro mesmo! Incrível! Mas pode vir de
dentro de mim! Eu não percebia que minha pele estava sendo esfolada
enquanto fazia força para abrir aquela garrafa! É como se meu dedo
estivesse anestesiado, mas não estava. Acho que eu estava com sede e
fome e queria muito lanchar. Será que o tamanho da fome me fez ficar
insensível para com a dor no dedo?

Será que alguma fome, alguma carência em nossa vida nos faz agir de
maneira que machucamos a nós mesmos? Acho que sim. Isto ocorreu
com meu dedo hoje, mas já ocorreu com minhas emoções, com minha
espiritualidade também. Doeu. Doeu muito depois do fato ter
ocorrido. Algumas vezes doeu na hora mesmo em que eu vivia a
situação. Mas nem sempre.

Então, é importante que eu e você nos perguntemos hoje: estou fazendo


alguma coisa hoje com minha vida que está me machucando, seja algo
que eu faço comigo mesmo ou que permito que pessoas façam comigo?
Se descobrir que sim, então preciso assumir a responsabilidade e a
compaixão por mim mesmo de não permitir que isto siga assim. Dor
que não precisa, não precisa.

Você Já Consegue Ser Mais Autêntico?

É incrível como que aprendemos comportamentos ao longo da vida e os


adotamos em nosso viver que acabam nos fazendo mal, mas que é o
melhor que nos foi possível fazer. Dificilmente encontramos uma
pessoa muito autêntica. Mesmo aquelas que dizem de boca cheia que
são autênticas, dizem o que pensam, podem ter uma boa parcela de
sua personalidade inconsciente para elas mesmas. Perdemos nossa
autenticidade ao longo da meninice quando e se vamos verificando
que se formos o que somos de fato (autênticos), podemos não agradar
aquelas pessoas afetivamente importantes para nós. E uma criança
pequena é muito naturalmente dependente ainda para ter a clareza
mental e a determinação motivacional para dizer: “Já que não sou
aceito como sou, então vou viver minha vida do jeito que quero e ser
autêntico a todo custo.” A criança pequena precisa mesmo dos seus
cuidadores para muita coisa. Daí ela pode deixar de lado uma parte
(grande ou pequena) de sua autenticidade para adotar um outro jeito
de ser a fim de ver se assim se sente aceita e amada. Claro que este é
um processo inconsciente.

Adotamos, então, um comportamento defensivo para esconder a total


autenticidade que nos era perigosa de deixar aparecer sob o risco de
sentirmos rejeitados. E é com este comportamento defensivo que
vamos vivendo. E grande parte de nossos sofrimentos emocionais tem
que ver justamente com esta repressão de aspectos verdadeiros ou
autênticos de nosso ser.

Depressão e ansiedade podem ser sintomas de vários desejos e necessidades


reprimidas na perda de nossa autenticidade. O que a pessoa apresenta
como sintoma pode ser semelhante: depressão, ansiedade. Mas as
causas, as motivações básicas, podem ser diferentes, assim como febre
e pressão arterial alta poder ser sintomas de diversas doenças.
Muito se pergunta hoje sobre os fatores hereditários para o surgimento de
transtornos mentais. Inevitavelmente o fator genético influi na
resposta emocional da criança e do adulto, mas parece que ele não
determina esta resposta. Filho de uma dependente químico vai ter
maior propensão genética a se tornar um dependente químico, mas
não vai ser um obrigatoriamente.

Outro fator tem que ver com o temperamento da pessoa. Temperamento é a


maneira mais instintiva de uma pessoa agir, é o mais natural dela. Há
as pessoas de temperamento colérico que são muito empreendedoras,
realizadoras, ativas, mas também agressivas, autoritárias, “pavio-
curto”. E há as de temperamento melancólico que são idealizadoras,
organizadoras, reflexivas, mas também são mais facilmente magoadas,
emburradas, engolindo “sapos” demais.

Então, se juntarmos os (1) fatores emocionais relacionados com a perda da


autenticidade, com os (2) fatores genéticos e com o (3) tipo de
temperamento, vamos ter o jeito final de cada pessoa ser num dado
momento de sua vida psíquica. Mais doente, menos doente, mais triste,
mais alegre, com mais energia ou com menos, etc.

Assim como nossas impressões digitais, nenhuma personalidade é idêntica à


outra. Também por isso devemos respeitar o jeito como cada um é
como indivíduo.

Na medida em que eu vou podendo me tornar mais autêntico, e isto envolve


coragem, vulnerabilidade, abrir mão de querer afeto e aprovação do
meu jeito, posso me tornar mais leve, mais solto, menos defensivo na
minha relação com as pessoas. Torno-me mais humano. E
provavelmente mais feliz. E isto deve ser um dia de cada vez.
O Amor Verdadeiro Não É Por Uma Só Pessoa

O amor é uma energia. Quando você está movido por ele tudo vai bem,
mesmo na tempestade do sofrimento humano. Tudo vai bem porque a
energia do amor contamina sua relação com a(s) pessoa(s) ao redor e
algum ato terapêutico, de cura, ocorre, podendo ser a eliminação do
sofrimento atual, ou o alívio da dor, ou pelo menos o consolo na dor.

Quando você trabalha por amor e com amor, não há como falhar. George
Wald, prêmio Nobel de Biologia disse que ele trabalhou com tanto
amor que acabou ganhando o Nobel. Para ele o prêmio Nobel foi um
prêmio de consolação. O que importa é o amor.

Nem sempre o amor está aqui com a gente de forma perceptível. É


interessante como ele aparece em certos momentos quando estamos
sozinhos ou em nossas relações com as pessoas. É tão suave, leve,
abrangente, luminoso, meigo, firme, determinado, compassivo,
unificador. Ele vem, nos toma, e transborda para o outro porque
parece que era isso o que queríamos porque era isso o que era preciso,
era a grande e maior necessidade naquele instante. Sem ele tudo
ficaria técnico, formal, sem recheio, como um discurso vazio.

O benefício do amor em mim para o outro é que ele passa por mim
realizando todas as curas possíveis, como uma chuva abençoada que
rega a terra que estava de boca e coração abertos ressequidos, e que se
deliciam com o frescor da água celeste. A chuva não seleciona regar
somente aquele ou este jardim ou plantação, mas tudo. O amor é para
tudo e para todos. Ele é para curar. E ele quem cura.

Quando sou tomado pelo amor não há como selecionar as pessoas para
quem ele será dirigido. Eu não consigo fazer isto, porque fazer isto é
da alçada da paixão e do amor condicional, que são ilusões de amor.
Quando o amor me possui, não posso deixar de amar a todos os meus
semelhantes, os animais, a Natureza. É uma contaminação afetiva
positiva. É o agente mais poderoso da recuperação física, emocional e
espiritual.

Sendo didático, parece que desse amor verdadeiro deriva o amor sensual
saudável, o amor fraternal, o conjugal, o filial, etc. Mas ele é o maior, o
todo, o completo, a fonte da vida.

O amor é uma energia quando precisamos dele como energia. E o amor é


uma Pessoa quando precisamos dEle como uma Pessoa. A graça é uma
energia. A graça é uma Pessoa. Que deseja entrar em sua vida, um dia
de cada vez, todos os dias, e atravessar seu ser, preenchendo-o de paz e
leveza, e transpassando para seu semelhante necessitado do toque do
amor para a cura mais urgente segundo a avaliação do próprio amor
Pessoa. Você não precisa desse amor? Então peça-o, abra seu coração
a ele, mantenha sua mente aberta para a chegada dele hoje aí na sua
vida, no seu ser, do jeito dele. Que o amor inunde seu coração hoje e
lhe dê a cura possível para esse momento de sua vida!

A Vida é Bela. E dói.

Dr. Scott Peck, famoso psiquiatra norte-americano começa seu best-seller


“Road Less Travelled” (A Trilha Menos Percorrida) com “A vida é
difícil.”. No centro da filosofia budista encontramos a afirmação de
que “viver é sofrer”. Jesus disse que “no mundo tereis aflições”.
Melody Beattie escreveu: “A vida machuca” (“Pare de Se Maltratar”,
2003, Record). Quando uma pessoa morre é comum dizer-se:
“Descansou.” Ora, afinal, a vida é boa ou não? Talvez tenhamos que
fazer outra pergunta: Qual vida? Ou ainda, de que pessoa? E mesmo
assim, em que momento?

Outro dia estava indo para o trabalho e, por incrível que pareça, percebi que
havia ao mesmo tempo sol, uma chuva fininha, uma corrente de ar
quente que passou por meu carro, e mais adiante um ar frio. Baseado
nesta experiência eu até pensei em escreve esta matéria colocando o
título assim: “O tempo está nublado...mas o sol está lindo!’, sentindo,
confesso, uma certa ironia em meu coração contra as incertezas da
vida.

A vida parece ser assim, sem previsões, com, apesar ou sem as interpretações
dos esotéricos astrólogos (não confundir com a ciência da astronomia).
E parece que a imprevisibilidade esta cada vez maior em tudo, nas
decisões judiciais, numa eleição política, no tempo atmosférico, numa
relação conjugal, etc.

A vida, aquilo que mantém eu e você vivos é algo maravilhoso. Sem dúvida.
Olha um cadáver. Inerte. Sem circulação. Sem cor na pele. Sem vida.
Onde está a vida que o fazia se movimentar segundos antes da morte?
Cadê aquela energia que movia o corpo e a mente? A Bíblia diz que
está com Deus, a Fonte da vida. Neste sentido, a vida, como energia
que me faz estar vivo agora ao escrever este artigo, é estupenda! Não
tenho controle sobre ela. Não posso dizer a ela: “Fica aqui em meu
corpo mais 50 anos!” e ela ficar. Posso antecipar seu desaparecimento,
mas não posso esticar sua permanência mais do que está proposto.

E vida no sentido de como vivemos, de como decidimos ou não decidimos as


coisas, de como nos relacionamos uns com os outros, e de como
sentimos nossos sentimentos, como pensamos? É boa ou ruim? Feliz
ou infeliz? Depende.

Outro dia eu estava me sentindo muito bem. Estava sereno, em paz, e pensei:
“Puxa, quando é que isso (essa sensação) vai embora?” “Por que não
fica assim sempre?” Como estou aprendendo a viver um dia de cada
vez, uma emoção de cada vez, então deixei aquele pensamento de lado,
e curti o momento agradável. O que é bom passa, mas o que é
desagradável também passa. Vem o sol, depois vem a chuva, depois
vem a mormaço, depois uma neblina, depois um pouco de frio, em
seguida o céu azul e o sol esquenta. Tudo imprevisível, assim é nossa
vida.
Tenho aprendido a evitar dizer “sempre” ou “jamais”. Nunca sabemos. Eu
nunca digo para um paciente meu “Você vai ter que usar este
medicamento o resto de sua vida!” Não tenho condições para dizer
isto. Pode parecer que sim. Mas não afirmo isto. Muitas coisas podem
ocorrer fantásticas na vida de uma pessoa em termos terapêuticos que
nunca imaginaríamos ser possível pela Medicina convencional. Por
isso, no máximo, posso afirmar: “Pode ser que você vá precisar usar
isto por muito tempo. Mas, vamos ver o que ocorrerá no futuro.”

A vida dói porque vêm dores de fora e de dentro de nós. Dores emocionais.
Dores físicas. Dores da alma. Dores de perda. De abusos. De maldades
feitas contra a gente. Ou que fazemos contra pessoas. Deus fez os seres
humanos bons e equilibrados, mas nós criamos muitas complicações.
Não sei em que classe de seres humanos hoje em dia não encontramos
corrupção. Já reparou? Até em CPI que investiga corrupção! Em
Polícia Federal! Em Magistrados(Juízes)! Em Médicos! Religiosos!
Auditores! Fiscais! Políticos de todos os níveis! Muita injustiça social.
Muito abuso perverso do poder. E isso dói. Faz a vida doer mais do
que precisaria. Dá vontade de ir embora. Não é suicidar-se. É ir
embora para um lugar onde habita a justiça e a verdade e a paz. A
vida é bela? É. Mas essa aqui dói, machuca. Só mais um pouco. O sol
está lindo hoje...tira a roupa do varal que está começando a chover!

Vá Com Calma

Nos grupos de ajuda que utilizam os 12 Passos há os Lemas que são usados
como lembretes tranqüilizadores de que nossas situações podem não
ser tão impossíveis ou desesperadoras quanto parecem de início. Veja
este “Vá Com Calma”, adaptado para servir a você em seu trabalho,
na família, etc.
Às vezes forçamos soluções diante de sofrimentos ou lutas na vida para obter
alívio. E ao ver que nossos esforços para mudar alguma pessoa ou
situação não dão certo, forçamos mais. Quando queremos uma
resposta e ela não vem, podemos agir só para sentir que estamos
fazendo alguma coisa. É ruim a sensação de fazer algo e nada mudar!
Nos sentimos impotentes! Daí nossa frustração e nervosismo podem
aumentar, nos sentimos fracassados e juramos tentar agir com mais
força ainda. Em resumo, ficamos estressados, irritados. A sugestão do
Lema “Vá Com Calma” é que às vezes até não fazer nada num certo
momento poder ser muito mais produtivo! Difícil não fazer nada e
esperar, não é? Mas pode a melhor atitude em certos momentos da
vida.

Às vezes temos tentado fazer as coisas da maneira mais difícil. Podemos não
ter todas as respostas hoje para sabermos o que fazer. Isto não é um
fracasso, é apenas uma realidade do momento. Eu repito: ISSO NÃO
É UM FRACASSO! Nem sempre é da nossa conta solucionar todos os
problemas. Talvez estamos esperando demais de nós mesmos ou dos
outros. Na verdade, talvez saibamos tudo o que precisamos saber para
este dia. Se e quando for o momento certo, nos será revelado mais
coisas que realmente precisamos saber. “Vá com calma” nos lembra
de que aceitar a limitação de hoje e crer que alguma resposta poderá
surgir amanhã, pode tornar uma solução difícil muito mais
suportável.

Vá com calma, mas vá e procure agir no melhor possível. Se não souber o


que fazer, espere um pouco, alguma luz virá mais tarde, no mesmo
dia, na manhã seguinte, pela palavra de alguém, por um texto, pela
inspiração de Deus, etc.

(Como o Al-Anon Funciona Para Familiares e Amigos de Alcoólicos – p.77,


adaptado)

A Mudança É o Quê?
Atendi uma cliente hoje que logo que sentou na poltrona em meu consultório
disse: “Há vinte anos tenho depressão!” Assisti a um noticiário na TV
hoje que mostrava as maravilhas da tecnologia na área da cardiologia,
fazendo uma tendenciosa conexão entre tecnologia e cura. O que é
cura? Como as pessoas podem mudar emocionalmente para melhor?
A tecnologia contribui para a cura de doenças?

Cura é diferente de tratamento. Tratamento pode resolver sintomas, através


de procedimentos clínicos ou cirúrgicos. Se você, por exemplo, tem um
câncer localizado, e é submetido à cirurgia, pode-se extirpar o tumor e
isto é um tratamento. Aquele câncer localizado, sem metástases,
retirado por cirurgia pode voltar. Depende. Cura envolve mudança
nos fatores etiológicos (causadores) da doença que, no caso no câncer,
é algo complexo. Cura ocorre quando e significa que você muda
radicalmente aspectos de seu estilo de vida de maneira que aquilo que
produzia células malignas não mais faz isto. E mudar o estilo de vida
significa mudar o que você come, o que bebe, como lida com seu
corpo, tipo de descanso, lazer, como trabalha, como lida com suas
emoções, a maneira como se relaciona com as pessoas, prática de
exercícios físicos, etc.

Tratamento visa a resolução do que dói em você, que atrapalha seu bom
funcionamento físico e/ou mental, e pode ser uma sensação de
estômago cheio (plenitude pós-prandial), regurgitação esofágica
(alimento ou líquido que chega ao estômago e retorna em parte ao
esôfago causando queimação ou azia), dor de cabeça, dor na coluna,
insônia, tristeza, formigamento em uma parte do corpo, ansiedade,
febre, diarréia, constipação intestinal, dor precordial (na região do
coração), falta de ar, dor ao urinar, dor muscular, irritabilidade
acentuada e constante, perda de força muscular, transtornos
alimentares (anorexia, bulimia), tonteira, e um infindável número de
sintomas que podem ser aliviados ou eliminados através de
medicamentos, procedimentos cirúrgicos, fisioterápicos, psicológicos,
etc. Tratamento você encontra nas farmácias. Cura não.
Quando alguém baseia a busca de cura somente no tratamento
medicamentoso de um transtorno emocional, como o caso da senhora
que atendi hoje e que tem depressão há duas décadas, provavelmente
há, na melhor das hipóteses, eliminação dos sintomas. Prescrevo
medicamentos psicoativos, como psiquiatra que sou. E evito no melhor
que posso fazer isto, dando mais ênfase à psicoterapia. Porém existem
situações clínicas em que a medicação é imprescindível como no caso
de depressões graves, surtos psicóticos, insônias rebeldes, transtornos
obsessivo-compulsivos, e etc.

Mudança emocional positiva é quando eu consigo agir de forma diferente da


habitual e melhor, e cada vez mais freqüente em meu comportamento
comigo mesmo e com os outros. Ela ocorre quando posso aprender a
expressar e experimentar emoções que estavam indevidamente
reprimidas, quando consigo colocar limites para que não abusem de
mim, quando aprendo a não abusar também, quando sei me amar e
me respeitar, quando melhoro meu contato afetivo com as pessoas não
ficando nem afastado e nem próximo demais, quando consigo viver
momentos sozinho sem me apavorar com isso e gostar de ter
companhia sem ter medo de ser eu mesmo.

A mudança no seu jeito de ser é possível, é lenta, é gradativa quando você


está comprometido com algo que favorece seu crescimento pessoal.
Pode ser uma busca espiritual, uma terapia psicológica, a participação
em um grupo de ajuda mútua, a leitura de bons livros, freqüência a
seminários e palestras dentro do assunto.

A mudança envolve o abrir o coração, a mente, para que emoções de dor e


de prazer possam ser vividas como nunca antes porque antes você
estava bloqueado, talvez defensivo demais, acomodado. Abrir o
coração emocional é algo que a tecnologia médica não tem poder de
fazer, embora ela faça isso maravilhosamente abrindo o coração físico
numa cirurgia cardíaca. E só você pode abrir seu próprio coração
emocional, para que a mudança ocorra e porque a mudança já está
ocorrendo, porque quando vai ocorrendo a abertura para os
sentimentos, deixando de ser ou sub-humano (pensa e sente que não
pode nada) ou super-humano (pensa e sente que pode tudo), para
passar a ser humano (pensa e sente que pode algumas coisas e não
pode outras), é sinal de que a mudança está sendo processada, um dia
de cada vez. E isso é cura, o resto pode ser somente tratamento.

__________

Cesar Vasconcellos de Souza – psiquiatra e psicoterapeuta

www.hasilvestre.org.br cesarvasconcellos@hasilvestre.org.br

A Mudança é Possível

“Faça-me lembrar a cada dia de que a competição não é sempre com relação
à velocidade; que há muito mais na vida do que aumentar a sua
velocidade. Deixe-me olhar para a altura do carvalho e saber que ele
ficou majestoso e forte porque cresceu devagar e saudável.” Orin L.
Crain

(“Coragem para Mudar – Um Dia de Cada Vez no Al-Anon II”, p.221, 2000)

Será que mudamos como pessoa? Ocorrem mudanças mesmo em nossa


personalidade com ou sem terapia psicológica, em grupos de ajuda
mútua, etc.? Sim, mudamos. As mudanças são geralmente lentas, mas
reais. Podemos não perceber sempre que e como elas acontecem. Mas
acontecem. Podemos ter recaídas e voltar a ter um comportamento
que não mais gostaríamos de ter, mas pode ser temporariamente. A
“carne” é fraca, como bem disse Jesus. Mas podemos levantar e
reassumir o comportamento mais saudável que adquirimos. Podemos
escolher entre permanecer no padrão antigo e doentio, ou agir
diferente e melhor.

É importante lembrar que nos momentos em que parece que esquecemos


tudo o que sabíamos e recaímos, e embora os sentimentos possam ser
os mesmos hoje como os que vivemos no passado, nós não somos os
mesmos. Alguém escreveu: “Minha recuperação é importante. Toda a
experiência, força e esperança que acumulei estão dentro de mim hoje,
orientando minhas opções. Posso não as reconhecer no momento, mas
progredi, e continuo a progredir com cada passo que dou. Talvez eu
esteja aprendendo alguma coisa que já aprendi; talvez eu precise me
aprofundar mais. ...Em vez de aceitar que fracassei por estar
aprendendo mais uma vez uma lição difícil, posso admitir a
experiência como parte de um longo processo de recuperação que
requer repetição e prática. Posso confiar que finalmente eu a
aprenderei tão bem que se tornará uma resposta automática,
confiante e saudável.” (“Coragem Para Mudar – Um Dia de Cada Vez
no Al-Anon II”, p.292, 2000).

A mudança é possível quando e se eu mantenho minha mente aberta para os


ensinamentos que a vida proporciona todos os dias de maneiras mais
diferentes e imprevisíveis que podemos imaginar. Também você deve
desejar mudar, querer mudar, ardentemente, perseverantemente, o
que significa não ficar acomodado com o que é hoje.

Estando envolvido ativamente em um processo de recuperação


(aprimoramento pessoal), creia que você não é a mesma pessoa que
era ontem ou no ano passado. Se cometeu algum erro, não deixe que
isso o faça parar de viver e de experimentar totalmente a vida hoje.
Liberte-se de seu passado e confie em si mesmo. Não precisa se punir
com o seu passado. Arrependeu-se de coração pelos seus erros? Pediu
perdão a quem sua consciência mostrou que devia fazer isso
(independentemente se a pessoa aceitou ou não, porque aceitar ou não
passa a ser um problema dela, não mais seu)? Procurou fazer
reparações (exceto quando fazer isso viesse a prejudicar a pessoa ou a
outros)? Então se desligue do passado. Pegue um espelho, olhe bem
nos seus olhos e diga: “Confio em você. Não importa o que aconteça,
você pode cuidar de si mesmo. E o que acontece continuará a ser bom,
melhor do que você pensa.” (“A Linguagem da Liberdade”, Melody
Beattie, Editora Record, p.335, 1999.)

A mudança é possível. Um dia de cada vez. Fique com esse pensamento:


“Hoje, deixarei de agarrar-me às dolorosas lições do passado.
Assimilarei as lições positivas que o hoje e o amanhã têm para mim.
Confiarei em que agora posso e irei cuidar de mim mesmo. Confio em
que o Plano é bom, mesmo que não saiba qual é.” (M. Beattie, idem
acima)

Cesar Vasconcellos de Souza – psiquiatra, psicoterapeuta

www.hasilvestre.org.br cesarvasconcellos@hasilvestre.org.br

A Mudança é Lenta

Geralmente queremos rápido as coisas. Ganhar dinheiro, comprar um


objeto, chegar num destino, resolver um problema, terminar um
estudo, perder peso, eliminar um sofrimento físico ou emocional,
casar, descasar, etc. O caminho mais curto sempre é o natural. Mas,
contraditoriamente, parece que ele é o mais demorado! Se você pode
ter um frango pronto para o abate em um mês usando hormônios
sintéticos, exposição vinte e quatro horas por dia da ave à luz
artificial, isto lhe dará muito mais lucro do que esperar pelo
crescimento natural num quintal de uma casa. Você pode fazer um
produto transgênico, ou usar agrotóxicos ao invés de agricultura
orgânica e conseguir resultados rápidos e lucrar muito com isso. Você
pode demitir a maioria dos funcionários de experiência e colocar
novatos, recém formados, cheios de orgulho e prepotência “naturais”,
cheios de “gás”, para baratear os custos, deixando de lado a
experiência e sabedoria natural dos mais velhos.

O artificial produz resultados e muitas vezes muito mais rápidos, é verdade.


O “novo” atrai. E como vende! Mas o artificial, por mais que produza
algo externamente bonito, raramente é saudável, e o preço a longo
prazo (ou curto prazo!) pode ser muito caro, afinal.

Hoje ouvi um médico dizer que certo hormônio sintético é igualzinho ao que
é produzido pelo nosso corpo e a glândula que produz o hormônio
natural reconhece o sintético e o aceita. Fiquei pensando nisso. Não
creio, sinceramente, que nosso corpo não sabe distinguir entre o que é
natural e o que é artificial ou sintético. Creio que ele sabe. Nós é que
podemos tentar enganá-lo, mas nos enganamos a nós mesmos achando
que o enganamos! Quando você estuda biologia molecular, física
quântica associada à biologia e à medicina, pode compreender por que
não podemos enganar nosso corpo. Não é somente uma questão de se
fazer um “clone” molecular quimicamente idêntico ao natural e
pronto, tudo bem. Não está tudo bem não! Parece que está, mas não
está. Além da química, há as trocas elétricas e mesmo atômicas,
quânticas, e a interação com o todo do organismo, de uma
organização, de um simples frango, uma galinha, um hormônio, um
vegetal, uma fruta, um cereal, uma pessoa é fundamental. O todo é
mais do que a soma das partes.

Cientistas fizeram em laboratório um arroz igualzinho ao arroz integral


natural. Era tudo igual no exterior e até certo ponto no interior
(composição). O tamanho, a cor, o formato, o cheiro, tudo igual.
Colocaram um punhado de arroz integral natural num potinho e em
outro potinho colocaram o arroz integral sintético. Deixaram em um
local para ver qual deles os passarinhos comeriam. Sabe qual eles
comeram, não sabe? Claro, comeram o natural e rejeitaram o
sintético. A Natureza sabe. O bom senso das pessoas sabe. Nosso
coração sabe. A ética existe e ela irá cobrar a justiça das relações
interpessoais mais cedo ou mais tarde.

Crescimento natural demora. A mudança é lenta. Isso é o normal. É assim.


Esse “lento” é o mais rápido saudavelmente possível. Eu escrevi
“saudavelmente”. A sociedade conspira contra o natural e para provar
isso é só ver como as coisas da vida têm se tornado muito artificiais.
Por causa da pressa. Da ganância. Da arrogância. Do desejo obsessivo
e compulsivo de lucro. Por causa do falso conceito de felicidade e paz
interior. Não apresse o rio, ele corre sozinho.

Quase tudo hoje está precoce, reparou? Vemos isso até na idade do
aparecimento da primeira menstruação nas meninas no mundo
ocidental ou ocidentalizado! Uma pessoa me contou que seu pai e
outros amigos do pai se reuniram, pegaram cada um seu filho de cerca
de 12 anos de idade os levaram a uma “termas” para os garotos terem
sua primeira relação sexual. E esses pais acharam que estavam
fazendo o máximo! Garotos sem a mínima maturidade (normal nessa
idade) para amar e já foram levados a transar! Será que aqueles pais
se lembraram de ensinar os filhos a amar?! Transar é tão fácil não é?
Mas amar...

Se você quer crescer como ser humano, não se apresse. Não fique acomodado
também. Mas não se esqueça de que há um “timing” pessoal, ou seja,
há um momento e uma possibilidade no tempo certo para cada um de
nós. Não há como apressar isto. Não vai ser mais rápido se você tiver
uma sessão de psicoterapia por dia! Nem vai acelerar se você fizer
caridade, ou uma promessa a Deus, ou conseguir todo o dinheiro do
mundo. Você cresce quando você pode em termos emocionais e isto,
felizmente, o dinheiro, a fama, o poder social, a corrupção, a propina,
a ascensão eclesiástica são impotentes para produzir.
O jeito mais rápido de crescer como pessoa parece ser sem dúvida vinculado
à aceitação do nosso ritmo vital natural. Mantendo a mente aberta,
abrindo seu coração, o espírito aberto para a luz, para a ética, a
compaixão, a verdade, a liberdade. É lento, mas é rápido.

Cesar Vasconcellos de Souza – psiquiatra e psicoterapeuta

www.hasilvestre.org.br cvasconcelloss@portalnatural.com.br

Depressão: O Que é Isso?

Depressão é uma doença classificada no CID-10 (Código Internacional das


Doenças, versão 10) sob o título transtornos do humor, que afeta as
relações do indivíduo com as outras pessoas, prejudicando o contato
social, o trabalhar, estudar, etc. Ela é diferente de reação normal de
tristeza. Na tristeza há perda objetiva, como morte de um ente
querido, perda do emprego, etc. A tristeza é temporária não exigindo
para sua cura nenhum tratamento.

Por preconceito e falta de conhecimento muitas pessoas acham que a pessoa


deprimida é fraca, não usa sua força de vontade, está sendo punida
por algum pecado ou querendo chamar a atenção, porém isto não é
verdade. Ela está deprimida porque está doente! E esta doença pode
atingir qualquer pessoa de qualquer classe social, cultural, financeira.
Ocorre mais em zona urbana do que rural, mais em solteiros e viúvos,
porém mais em mulheres casadas do que solteiras. Surge em qualquer
idade, seja criança, jovem, adulto e idoso. Atinge cerca de 12% das
mulheres e 8% dos homens em algum momento da vida.

Quanto às causas da depressão acredita-se que exista uma base genética


(“marcador biológico”) que torna a pessoa vulnerável e predisposta à
depressão. Mas a genética não explica tudo. Nem todo filho de pais
que tiveram depressão vai ter depressão, porque além do fator
genético, hereditário, há a importância do meio ambiente onde a
criança vive sua infância e a própria sensibilidade dela, ou seja, a
maneira pessoal como ela reage ou interage com o meio. Então são
transtornos em um ou mais destes três fatores que acabam
produzindo uma resposta depressiva: (1)predisposição genética, (2)
meio ambiente afetivo na infância e (3)sensibilidade afetiva pessoal. Se
a pessoa nasceu com certa predisposição para depressão, se teve um
meio-ambiente infantil traumático e se é muito sensível
psicologicamente, ela tem tudo para desenvolver um quadro
depressivo dependendo de um fator desencadeador ao longo da vida,
que pode ser a morte de uma pessoa que ela gosta, uma separação
conjugal, saída de um filho de casa, demissão do emprego, etc.

Na pessoa deprimida algumas substâncias chamadas “neurotransmissores”


estão em quantidade diminuída, tais como a noradrenalina, a
dopamina e a serotonina. Estudos também mostram que parece haver
problemas não somente na transmissão dos neurotransmissores, mas
dentro da célula nervosa, o neurônio. Sabe-se que algumas
substâncias, como o álcool, a cocaína, produzem depressão, assim
como tumores cerebrais, derrames cerebrais, doenças da tireóide, etc.

Os sintomas mais comuns da depressão são: humor triste, apático ou


irritável; perda do prazer (sexual, diversão, alimentar, etc.), falta de
concentração, esquecimentos, pensamentos pessimistas e negativos,
idéias suicidas, falta de vontade de viver, vontade de ficar deitado e
isolado das pessoas, perda ou aumento do apetite desejo de doces),
insônia, dor de cabeça e na coluna, e outros. Cerca de 15% das pessoas
com depressão tentam suicídio. Também estão presentes insegurança,
indecisão, baixa auto-estima, desesperança.
O tratamento consiste numa combinação de medicação e psicoterapia e
alguns hábitos de saúde (citados adiante). Os anti-depressivos devem
ser usados em pessoas com depressão de média a grave, junto com a
psicoterapia que é um tratamento psicológico conduzido por psicólogo
clínico ou psiquiatra (não é o psicólogo, mas o psiquiatra quem
prescreve medicamentos como os anti-depressivos).

As depressões respondem bem à psicoterapia cognitivo-comportamental,


além de outras abordagens nas quais o terapeuta (psicólogo ou
psiquiatra) é mais participativo. Não está indicado o tratamento
psicanalítico para depressões medianas e graves.

Hábitos que atuam na recuperação do deprimido: (1)praticar exercícios


físicos regularmente (produzem neurotransmissores que corrigem a
depressão), (2)usar na dieta diária frutas frescas, verduras e legumes,
evitando gorduras e estimulantes como café, picles, vinagre, pimenta,
guaraná em pó, (3)ambiente calmo para dormir, (4)lazer saudável,
quebrar rotinas, (5)evitar bebidas alcoólicas (agravam os sintomas
depressivos), (6)tomar sol antes das 9 horas da manhã, (7)não fumar
(a nicotina está ligada à ansiedade e depressão).

Ser passivo não é ser fraco, ser ativo não é ser forte

É comum o conceito de que uma pessoa passiva é fraca. A pessoa passiva tem
dificuldade para iniciativas, para fazer algo acontecer, mesmo em
benefício próprio, é alguém parado, pouco ou nada empreendedor,
mas que pode ser bom idealizador, planejador, sem, contudo, ser
realizador. Uma pessoa passiva pode ser muito útil para planejar um
trabalho, montar uma estrutura de funcionamento de uma empresa,
mas quase que invariavelmente precisa de alguém que seja o executor
das idéias que ela teve e que colocou no papel. Tem a vantagem de ser
um pensador e a desvantagem pela dificuldade de fazer. Geralmente é
sensível para com os sentimentos dos outros. Evita atropelar as
pessoas com palavras, impulsos emocionais. Pode parecer ser fria, mas
pode não ser, e ter muito sentimento por dentro, só que contido,
represado. Uma pessoa passiva tem a tendência de ficar magoada por
um tempo longo quando se sentiu ferida, mesmo sem a outra pessoa
tivesse a intencionalidade de machucá-la. Tem dificuldade de perdoar
e esquecer a mágoa.

Também é comum o conceito de que uma pessoa ativa é forte. Ser ativo é ser
realizador, executor, pragmático, alguém que faz as coisas
acontecerem, toca para frente. Ela é evidentemente útil para realizar o
projeto idealizado pela pessoa passiva. A pessoa ativa tem a vantagem
de fazer as coisas funcionarem e a desvantagem de não ser sensível
para com os outros, atropelando os sentimentos das pessoas e achando
que elas se melindram com facilidade (o que pode ser verdade em
alguns casos), mas tendo importante dificuldade de perceber que do
jeito que agiram podem mesmo ter sido grosseiras, “broncas” e até
verbalmente abusivas, como se o outro fosse um objeto e não um
sujeito. Pessoas ativas podem parecer afetivas, mas podem não ser, ou
seja, podem ser crianças grandes que explodem facilmente e querem
colo (compreensão e perdão) o tempo todo, dizendo: “Pôxa! Você ficou
chateado só porque eu agi daquela maneira (agressiva), me desculpe!
Vamos fazer as pazes?” E quer porque quer que o outro, atropelado
pela impulsividade inconsciente (?) da pessoa ativa, fique “de bem”
rapidinho. Pessoas muito ativas e impulsivas têm dificuldade de
perceber que e como podem machucar os outros, talvez sem querer,
por causa da impulsividade que as leva a atropelar com um jeito
autoritário.

Então, um pensa (a pessoa passiva) e outro faz (a pessoa ativa). Vê como


ambos são necessários e importantes e que um não é melhor que o
outro? Um é forte numa área do ser (existir) e fraco em outra, e vice-
versa.

Mas o quero deixar aqui é que há um mito social de que a pessoa passiva é
fraca para enfrentar a vida, enquanto que a ativa é forte. Depende da
situação. E as coisas podem mudar na vida da pessoa. Já atendi
muitas pessoas empreendedoras, que fizeram muitas coisas na vida
(materiais, culturais) mas que estiveram por longos anos
desconectadas de seus sentimentos mais profundos e, por isso e nesse
sentido, eram fracas, e quando tais sentimentos precisaram vir à tona,
elas de desestruturaram, ficando sem saber como lidar com eles, o que
fazer, como cuidar de sua vida afetiva.

Por outro lado, conheci muita gente passiva que diante de sofrimentos
dolorosos, resistiram bravamente, revelando uma força emocional
interior invejável, embora não tenham sido empreendedoras. Diante
da dor (qualquer dor, física ou emocional), não desmoronaram. Eram
ativas na capacidade de lidar com afetos difíceis dentro de si e nas
relações interpessoais, coisa não muito comum de acontecer, repito,
com pessoas impulsivas.

Você não acha que é possível aprender a respeitar uns aos outros, sem
preconceitos, sem nos acharmos melhor que os demais porque somos
passivos (pensadores e que lidamos bem com nossos afetos mais
íntimos, mas que temos dificuldade de perdoar) ou porque somos
ativos (fazedores e que não lidamos bem com nossos afetos mais
íntimos, mas perdoamos mais facilmente)?

O Que Tem a Ver Como Eu Sou e Meus Pais

“Mães dão aos filhos permissão para ser um príncipe mas o pai deve
mostrar como...Pais dão

às filhas permissão para ser uma princesa. E as mães devem mostrá-las


como. Em caso
contrário, ambos, garotos e garotas, crescerão e sempre verão a si mesmos
como sapos.”

Eric Berne, Touchstones – A Book of Daily Meditation for Men – Sept 13,
1991, Hazelden.

Algumas vezes quando atendendo uma pessoa em psicoterapia, digo que


vamos dar uma olhada no seu relacionamento familiar no período da
infância porque ali podemos encontrar algumas respostas para a dor
atual, ela diz: “Ah! Isto é o meu passado! Está lá atrás! Agora tenho
53 anos de idade, e aquilo que vivi na infância não tem nada que ver
com o me trouxe à terapia!” Então digo: “Tem tudo a ver.”, e então
analisamos para buscar as conexões entre o passado e o presente para
elucidar, aliviar, resolver as dores emocionais atuais.

O relacionamento com nossos pais tem um papel fundamental na formação


da nossa personalidade e na maneira como vemos a nós mesmos, os
outros, a vida, e Deus. A influência é grande e você pode perceber que
vez ou outra age, ou diz coisas igual seu pai ou mãe, seja nos gestos,
nas palavras usadas, na entonação da voz, na carga emocional, etc. É
assim. Isso é o normal. Seria anormal você agir como o pai/mãe de um
amigo. A genética explica em parte isto. É algo hereditário e
aprendido. Funcionamos muito parecido como nossos pais
funcionaram em muitas coisas, mesmo que não queiramos
conscientemente.

Muitos de nós temos dores e ressentimentos para com os pais. Isto porque
queríamos mais tempo do que eles nos deram, ou porque esperávamos
por aprovação e ganhamos crítica, ou porque nunca conseguíamos
chegar no que eles esperavam, e eles podiam estar esperando algo
demais de nós (quem sabe para compensar frustrações deles com eles
mesmos).

Alguns podem mudar o relacionamento com os pais. Podem fazer isto não
por pedir a eles para serem diferentes, mas tornando-se adultos
maduros para com eles. Muitos não podem mudar o relacionamento
com seus pais, até porque pode não depender deles fazerem isto, mas
podem se tornar com seus filhos e filhas um tipo de pessoa que nutre o
crescimento deles, o que pode ser uma nova chance de refazer o que
foi perdido.

Ajuda em nosso crescimento pessoal compreender que mais importante do


que nossos pais fizeram com a gente, é o que fazemos com o que eles
fizeram. Filhos revoltados saíram e saem de casa e, na verdade, levam
a “casa” emocionalmente falando dentro de si. Você pode atravessar
mares, mudar de ares, mas não mudar a mente. Você pode
permanecer na casa de seus pais e crescer como pessoa. Quando você
consegue perdoá-los pelos erros deles, e se desligar do ressentimento, é
sinal de que você está crescendo como ser humano.

Chega de “Repensar”. Sinta a angústia, pense e faça o


bem!

“No mundo a vir eles não me perguntarão, ‘Por que você não foi Moisés?’

Eles me perguntarão, ‘Por que eu não fui Zusya?’”

Zusya de Hanipoli
Touchstones – A Book of Daily
Meditations for Men

August 21, Hazelden,


1991.

Na vida existem profissionais teóricos e práticos. Os que discursam (falam)


até bem, e só. E os que discursam (ou não, ou não tanto) bem ou mal, e
fazem. Dos que fazem, há os de má índole, sem ética pessoal e social
(que talvez nunca possuíram), egocêntricos, movidos pelo desejo
narcisista da glorificação pessoal contra a necessidade do outro, da
comunidade. E há – ainda – os bem intencionados, felizmente.

Falas estereotipadas de candidatos e de políticos no poder, enfadonhas,


manipuladoras da informação, ávidos por popularidade, denunciam
quão longe estão do cumprir as promessas das campanhas. O Jornal
do Brasil publicou uma crítica literária de um livro sobre se e o por
que políticos mentem. O autor do livro defendia a tese de que eles
podem (ou não) realmente crer no que estão dizendo. Quando se
acredita em idéias inviáveis, onde está a patologia (doença)? Numa
mente conscientemente perversa (mau caráter), numa mente incapaz
de juízo crítico (doente mental), ou numa mente ingênua (imaturo).

O voto livre não elimina a eleição de doentes da moral e da ética. E que


resultados obtemos num (e para um) povo com pobres (difícil acesso)
recursos educacionais (cerca de 80% das faculdades no Brasil são
particulares!) que ainda tende a eleger o candidato “artista” e “atleta”
famosos, o que fez obras visando as eleições, etc.? A vontade política
aliada à percepção sincera da necessidade social e que leva à ação
para o bem comunitário, acima e fora de preferências pessoais, faz do
governante uma bênção (princípios acima das personalidades). E o
contrário é uma maldição. De que lado você está?

Indo à teologia, psicologia, medicina, direito, etc., vemos que há retaliação,


abuso de poder, prática de interesses pessoais em todas as profissões.
No mundo eclesiástico, por ex., em várias denominações religiosas,
vemos isto escandalosamente, e em outras é sutil. Muitos religiosos
estão longe da dor e necessidade humanas, isolados em escritórios
confortáveis, abusando do poder eclesiástico. Cheios do Espírito
Santo, os verdadeiros seguidores de Jesus, logo após Sua ascensão,
repartiram entre si seus bens e todos foram ajudados e satisfeitos!
“Era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém
dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as
coisas lhes eram comuns. ...Não havia entre eles necessitado
algum. ...E repartia-se a cada um, segundo a sua necessidade.” Atos
cap.4, versos 32, 34 e 35. Existe isso hoje no mundo cristão?

No mundo “psi” é irritante a confusa posição de (pretensa) defesa da


liberdade do comportar-se nos discursos/textos sobre a necessidade de
acabar com o preconceito racial, homossexual, com aidéticos,
deficientes físicos e/ou mentais, etc. É abuso QUANDO colocam tudo
isto numa mesma classe de situação humana, havendo, entretanto,
diferenças clínicas, mentais, sociais, etiológicas, entre elas. Claro,
preconceitos são fruto de ignorância (“não sei do que se trata, mas sou
contra”), de desamor ou incapacidade de amar (“sinto repulsa”), e de
prepotência (“sou melhor que você”). Mas o outro extremo pode levar
a pessoa desavisada e, quem sabe desejosa de ser “moderna” ou
“boazinha”, a misturar as coisas e confundir pecado e pecador,
drogadicto com droga ou doente com doença, etc.

Uma coisa é evitar o preconceito (que deve ser feito), outra é englobar
características raciais, sócio-econômicas e culturais, com alterações de
comportamento, déficits cognitivos e imunológicos, como se tudo
tivesse uma correlação natural (o que não deve ser feito).
O que é amplamente aceito pela maioria não é sinônimo de normal, saudável
e ético. Quando uma pessoa não consegue lidar com e sentir a sua
angústia básica de frente e construtivamente, ela pode desenvolver
algum tipo de desvio de conduta e tentar enquadrá-lo na normalidade
como forma de evitar a dor interior e a (possível) vergonha. É quando,
então, surgem os discursos reducionista e monopolizadores do
“repensar”, ou “a nossa igreja”, ou “o nosso partido”, ou “o nosso
método”, ou “a minha abordagem”, ou “o meu campo”, etc.,
carregados de um ar de modernidade, liberdade, fidelidade
(partidária, denominacional), escondendo na raiz ideológica e no
discurso o vazio interior, o controle doutrinário (“ninguém deve
pensar, nós pensamos por vocês”) para conter as massas (os membros,
os eleitores, os funcionários, os obreiros), a fuga do enfrentamento da
angústia, preferências pessoais, indiferença diante do sofrimento e
privação alheias, rejeição ou perversão da vontade divina a favor do
desejo (mau) pessoal.

Quem aprendeu a lidar construtivamente com sua angústia, como bem disse
o filósofo dinamarquês, Sören Kierkegaard, aprendeu o mais
importante. “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa
da justiça, porque deles é o reino dos céus.” Jesus em Mateus 5:10.

As Muitas Faces da Ansiedade

Quando examinamos o Código Internacional da Doenças, versão 10, (CID-


10) que é a mais recente utilizada nos meios médicos, vemos no
capítulo sobre os transtornos da ansiedade que há uma série de
sofrimentos ligadas à ansiedade.

Ansiedade pode ser vista como algo bom, como uma expectativa de algo que
você deseja que aconteça e que você está esperando ansiosamente.
Esta é uma ansiedade agradável.
Por outro lado, podemos analisar a ansiedade como sendo uma sensação de
desconforto mental, uma inquietude, uma sensação de vazio interior,
falta de paz, angústia. Há pessoas que tem uma ansiedade mais forte
que outras constantemente. Algumas pessoas são mais agitadas que
outras, porém podendo ser produtivas.

A ansiedade pode crescer tanto num indivíduo que o bloqueia de agir mais
livremente. A ansiedade diminui o campo da consciência. Uma pessoa
muito ansiosa não percebe bem as coisas ao seu redor e nem dentro de
si mesma. Quando ela está mais calma, então pode desfrutar de muitas
coisas que antes não podia por estar nervosa, angustiada.

A presença da ansiedade na pessoa pode se apresentar tal como o nome


indica: ansiedade, ou seja, a pessoa diz: “Estou muito ansiosa! Meu
peito dói! Estou inquieta!” Isto é a manifestação direta da ansiedade.
Trata-se de um estado de ansiedade que pode ser passageiro ou
crônico.

A ansiedade pode também se manifestar por outras formas, como através de


um comportamento impulsivo, ou obsessivo-compulsivo (a pessoa
pensa fixamente numa coisa e se sente obrigada a faze-la para se
aliviar da angústia ou ansiedade), ou na doença do pânico (crises
agudas de ansiedade nas quais a pessoa sente que vai morrer,
geralmente através de um ataque cardíaco, ou que vai perder o
controle, vai enlouquecer), ou numa fobia simples (medo de avião, de
elevador, de bichos inofensivos, de contaminação, etc.) ou fobia social
(medo de sair sozinho, de estar em meio à pessoas, de estar em
público), ou numa reação de somatização (quando o corpo sofre algum
distúrbio originado na mente), etc.
São variadas as maneiras pelas quais a ansiedade se manifesta. Uma pessoa
pode negar que é ansiosa e apresentar ansiedade disfarçadamente,
como nas situações que citei acima ou de outra maneira.

A ansiedade em geral é um sintoma de conflitos interiores comumente


inconscientes para o indivíduo. Assim como a febre é um sinal de que
há infecção ou inflamação em algum ponto do corpo, a ansiedade é o
sinal de que alguma coisa está errada na mente da pessoa, ou seja,
existe conflito mal resolvido no seu psiquismo.

A ansiedade pode ser um traço ou um estado. Quando ela é um traço,


dizemos que a pessoa é ansiosa. Quando é um estado, dizemos que ela
está ansiosa, temporariamente. A primeira é crônica enquanto que a
segunda é passageira. Entretanto todos nós possuímos ansiedade, a
que é chamada pelos filósofos de ansiedade existencial.

A ansiedade só deve ser tratada com medicação – ansiolíticos ou


tranqüilizantes – quando está num nível muito alto perturbando o
bom desempenho pessoal e social do indivíduo. Mesmo assim o
tranqüilizante deve ser usado sob supervisão médica e por tempo
determinado. O psiquiatra e o psicólogo clínico são os profissionais
capacitados para atender as pessoas com ansiedade perturbadora, em
quaisquer de suas formas, e oferecer ao paciente algum tipo de
psicoterapia para o esclarecimento, redução e regulação da ansiedade.
O psiquiatra pode fornecer tratamento medicamentoso e
psicoterápico, enquanto que o psicólogo clínico pode fornecer somente
a psicoterapia, não podendo medicar a pessoa porque não é médico.
Só um médico pode prescrever medicamentos e especialmente os
controlados, como os para controlar a ansiedade, chamados
tranqüilizantes ou ansiolíticos ou calmantes. Há casos de transtornos
ansiosos que devem ser tratados com outros medicamentos como
alguns antidepressivos de última geração (os inibidores de recaptação
da serotonina e noradrenalina).
O filósofo dinarmaquês, Sören Kierkegaard, estudioso da angústia humana
afirmou que aquele que aprendeu a lidar corretamente com sua
angústia, aprendeu o mais importante. É verdade.

Com- pensa-a-dor

Uma pessoa comentava que fazer e ir a determinado lugar tinha sido


compensador para ela. Na mesma hora ela refletiu sobre a palavra
que acabara de dizer: compensador. Pensando em voz alta, disse,
soletrando: “Com-pensa-a-dor”. Ela estava refletindo sobre uma
situação de vida dela que compensava sua dor (física e emocional).

Existe dor no que você está fazendo em e de sua vida? Compensa a dor? É
uma dor inevitável? Ou você pode evitá-la? Você tem consciência da
origem da dor? Falo de dor emocional, que pode tristeza, angústia,
desânimo, irritação, medo, culpa, vergonha, etc.

Há muitas coisas na vida que compensam a dor exigida para vive-las, ou


consegui-las. Outras coisas não compensam a dor. Há também dores
que não podemos evitar, por isso precisamos aceitá-la, aprender a
deixar que ela tenha o espaço em nossa vida que ela precisa ter, e
depois ela pode ir embora. Podemos deixar a dor ir embora, soltá-la.
Parece que a melhor e mais rápida maneira de soltar a dor, deixando-
a ir embora, é não negar que ela existe, experimentá-la, talvez saber
nomeá-la, identificando o sentimento, e esperando. Não se
desesperando, não tendo medo da dor, não se automedicando, não
fugindo através do álcool ou outra droga, enfim, atravessando a dor.
Esta é a maneira dela passar.
Se você tem uma dor emocional e foge dela, usando qualquer artifício, ela
vai voltar, ela vai aparecer em algum momento na sua consciência, no
seu ser, na sua alma. Não tem como. Uma dor não se dissolve antes
que possa ser vivida e expressada através da sua pessoa. Muitos de nós
tentamos evitar toda e qualquer dor, e o mercado de consumo assim
como o estilo de vida artificial favorecem isto. É tão fácil fugir da dor
com tanta coisa disponível, não é? Fugir nunca dá certo, nunca
resolve, não acaba de verdade com a dor.

Compensa enfrentar a dor emocional de frente. Quando pudermos. Se não


podemos, então temos que esperar pelo momento certo. E ele virá. Sua
mente-corpo sabe a hora certa. Deus sabe. E na hora apropriada você
terá a oportunidade de vivenciar o desconforto emocional que surge.
Não fuja, então. Encare-o. Diga para si mesmo: “Esta dor não vai me
matar! Não vou enlouquecer! Ela vem e vai embora. Posso resistir.” E
seja humilde.

Saúde mental tem relação com a capacidade de lidarmos construtivamente


com nossas dores emocionais inevitáveis, e evitar as que não
precisamos ter.

Compensa a dor experimentar a dor inevitável sem fugir dela. Quando você
enfrenta este tipo de dor, a experimenta “a seco”, “limpo” (sem se
drogar com qualquer droga, inclusive com sexo, trabalho,
consumismo, comida, jogo, etc.), você sai mais fortalecido, mais
humano, mais sensível para com a dor das outras pessoas. Compensa
não fugir da dor que é real e inevitável. Depois dela vem um alívio.
Compensador.

Cesar Vasconcellos de Souza – psiquiatra do CAVS – Centro Adventista de


Vida Saudável – www.cavs.org.br e do Hospital Adventista Silvestre –
www.hasilvestre.org.br
Solidão: Você Sente?

O filósofo Jacob Needleman disse: “Há vários anos, perguntei aos meus
alunos: ‘O que vocês consideram os principais problemas de nossa
sociedade?’. Obtive as respostas usuais: desintegração da família,
guerra nuclear, ecologia. Então alguém disse ‘solidão’. Eu perguntei:
‘Quantas pessoas aqui se sentem basicamente sós?’. Todos levantaram
as mãos. Fiquei estarrecido. Então perguntei a um outro grupo maior
de pessoas, com um espectro mais amplo de tipos, e todas, exceto duas,
levantaram as mãos. Assim fiquei interessado na solidão.

Então um estudante de trinta e cinco anos de idade proveniente da Nigéria


disse: ‘Você sabe, quando cheguei à Inglaterra proveniente da Nigéria,
não entendia o que as pessoas queriam dizer quando falavam que
estavam sós. Somente agora, depois de estar morando nos Estados
Unidos por dois anos, é que sei o que significa estar só.” Na cultura
dele, a solidão simplesmente não existia; eles tampouco tinham uma
palavra para ela. Havia muito sofrimento, muita dor, muita tristeza,
mas não solidão.

O que é essa solidão que estamos experimentando? As pessoas ficam


separadas não somente umas das outras, mas também de uma força
harmonizadora em si mesmas. Não se trata somente de ‘Eu estou só’;
trata-se do ‘Eu’ estar sozinho. Estamos desprovidos de um
relacionamento harmonioso essencial com alguma força universal.
Para mim, eis por que a solidão é um fenômeno importante que se
deve entender.” Dr.Dean Ornish, Salvando o Seu Coração, cap. 4, ,
Editora Relume-Dumará, 1995

Se existe uma coisa comum a todos os seres humanos, além do fato de que
todos morreremos um dia, é que todos temos solidão. A diferença é
que nem todos sofrem com a solidão. Muitos tentam tapear o
sentimento de solidão, mas não é possível eliminá-la. Claro, você pode
fingir, pode se drogar, pode se fanatizar espiritualmente, pode se
envolver exageradamente no trabalho, pode virar um consumidor
compulsivo, e outras façanhas, a fim de evitar a solidão. Mas ela é
inevitável, porque é uma realidade de cada um.

Numa relação conjugal pode-se crer que o outro TEM que preencher todas
as minhas necessidades e assim não haver espaço para que a solidão
seja experimentada. Ilusão. Não é possível. Não dá para obliterar a
solidão. Mas, podemos aprender a aceitá-la e a lidar com ela. Estamos
sozinhos, e isto ocorre com todos. Podemos fazer contatos
significativos com os outros apesar de nossa solidão. Na verdade, a
genuína intimidade com o outro, homem ou mulher, ocorre tanto
melhor quanto melhor eu lidar com minha solidão. Sabendo lidar com
ela, posso construir a ponte de ligação com os outros de maneira
saudável.

Solidão é parte da vida humana. Quem sabe ficar em paz sozinho, quem não
se apavora com sua solidão, consegue formar relacionamentos afetivos
significativos com as outras pessoas, seja numa amizade, numa relação
profissional, numa relação conjugal, etc.

Cesar Vasconcellos de Souza, psiquiatra do CAVS – Centro Adventista de


Vida Saudável – www.cavs.org.br e do Hospital Adventista Silvestre
– www.hasilvestre.org.br

Codependência Afetiva: Conceitos

Dependente é uma pessoa que precisa ou pensa que precisa de algo ou


alguém para viver. Uma criança é naturalmente dependente do adulto
para muitas coisas. Mas um adulto dependente é o que ainda não
consegue crer que pode resolver ou assumir coisas na vida por si
próprio. O codependente afetivo é alguém que pensa, sente e decide
que precisa de uma outra pessoa para construir sua auto-estima, ser
feliz, sobreviver, viver, ter paz.

Muitas pessoas, mais do que pensamos, são codependentes. E pode haver


uma confusão, um limite tênue entre agir como codependente ou não.
Muitas coisas que codependentes fazem são coisas normais que
qualquer pessoa faz. O codependente tem, porém, a tendência a
exagerar comportamentos, ou para mais ou para menos. Oito ou
oitenta. Tudo ou nada.

Melody Beattie, codependente em recuperação, expert em Codependência,


diz: “Ser sensível aos sentimentos dos outros, preocupar-se com o que
os outros pensam é um comportamento bom e decente. Porém, cuidar
demais dos sentimentos dos outros e preocupar-se demais com o que
eles pensam, enquanto estamos, ao mesmo tempo, ignorando o que nós
sentimos e pensamos – desvalorizando nossas emoções e instintos e nos
sentindo culpados, envergonhados ou inconscientes do que pensamos –
é uma atitude tipicamente co-dependente.” (“Ouça o Seu Coração”,
Editora Record, p.302, 2003).

Há uma diferença entre ajudar pessoas, conhecidas ou não, e se envolver


demais nos problemas delas, assumindo responsabilidades que são
delas, por culpa, por se sentir obrigado, ou porque você foi
manipulado para fazer aquilo. A última é codependencia.

Afirma Melody: “Quando estamos afundando na areia movediça – porque


todo mundo que estamos tentando ajudar está afundando e nos
levando junto – e estamos esperando alguém que venha nos salvar, isto
é codependência não tratada.” (p.303).
Um codependente permite ser abusado seguidamente, sem colocar limites,
sem se proteger. É sempre magoado, ferido, pela mesma pessoa, não se
protege, e vive uma negação do seu sofrimento e dor. E – importante –
você pode aprender a ir deixando de ser codependente, ao prestar
atenção aos seus próprios sentimentos, pensamentos, desejos, evitando
cuidar das pessoas obsessivamente, salvá-las das conseqüências dos
erros delas, se tornar responsável pelo seu próprio bem estar. Leva
tempo, mas é possível mudar este comportamento.

“Preocupar-se com as pessoas que se ama,” – acrescenta Melody – “cuidar


delas e ajuda-las em tempos difíceis, estar presente quando precisam
de você, sem esperar que façam alguma coisa em troca, é um
comportamento exemplar. Mas dar sempre tudo o que se tem, deixar-
se manipular, ouvir mentiras, ser enganado e magoado, refletem uma
ausência de amor por si mesmo. Merecemos mais do que isso.”
(p.303). Não merecemos?

Cesar Vasconcellos de Souza – psiquiatra do CAVS – Centro Adventista de


Vida Saudável e do Hospital Adventista Silvestre. www.cavs.org.br
www.hasilvestre.org.br

Atitudes Práticas Positivas Para Sua Vida

Veja idéias práticas para a vida encontradas em um Totem no Nepal.

1)Dê para as pessoas mais do que elas esperam e faça isto com alegria.

2)Não creia em tudo o que escuta, não gaste tudo o que tem, não durma tudo
o que deseja.
3)Quando disser “Eu te amo”, seja verdadeiro.

4)Quando disser “Desculpe-me!”, olhe nos olhos da pessoa.

5)Nunca ria dos sonhos de qualquer pessoa.

6)Acredite no amor à primeira vista.

7)Ame profundamente e com paixão. Você pode ser ferido, mas esta é a
única maneira de viver a vida completamente.

8)Não julgue as pessoas por causa de seus parentes.

9)Fale devagar, mas pense rapidamente.

10)Ao fazerem uma pergunta que você não quer responder, sorria e
pergunte: “O que você quer saber?”

11)Lembre-se de que grande amor e grandes conquistas envolvem grande


risco.

12)Chame sua mãe.


13)Quando você perder, não perca a lição.

14)Lembre-se dos 3 “R”: respeito por si mesmo, respeito pelos outros e


responsabilidade para com todas as suas ações.

15)Não permita que uma pequena disputa fira uma grande amizade.

16)Sorria quando atender o telefone. Quem lhe chama ouvirá o sorriso


através da sua voz.

17)Gaste algum tempo sozinho.

18)Abra seus braços para mudar, mas não abandone seus valores.

19)Lembre-se de que o silêncio é algumas vezes a melhor resposta.

20)Leia mais livros e assista menos televisão.

21)Confie em Deus, mas tranque seu carro.

22)Discordando de pessoas amadas, lide com a situação atual. Não levante


coisas do passado.
23)Compartilhe seu conhecimento. Isto é um caminho para alcançar a
imortalidade.

24)Seja gentil com a Terra.

25)Ore. Existe um poder imensurável na oração.

26)Uma vez ao ano vá a algum lugar que você nunca esteve antes.

27)Se conseguir muito dinheiro, procure usá-lo para ajudar outras pessoas
enquanto você está vivo. Isto é a maior satisfação da prosperidade.

28)Lembre-se de que não conseguir o que você quer algumas vezes é um


golpe da sorte.

29)Aprenda as regras e então quebre algumas.

30)Lembre-se de que o melhor relacionamento é aquele no qual seu amor


por cada pessoa é maior do que sua necessidade por cada uma.

31)Julgue o seu sucesso pelo que você tem abandonado para consegui-lo.

32)Lembre-se de que seu caráter é seu destino.


O Significado do Desligamento Com Amor

O conceito de desligamento com amor é bem conhecido no meio dos grupos


de ajuda mútua e significa a mudança da maneira de uma pessoa em
recuperação (do objeto da sua dependência) se relacionar com os
outros, mudança para melhor, que visa assumir a sua própria vida e
deixar os outros (alcoólicos, dependentes de drogas ilícitas,
codependentes, etc.) viverem a vida deles, como eles querem e podem.
Mas, na verdade, o conceito de desligamento com amor é uma
ferramenta que pode ser aplicada a qualquer pessoa, e não somente
àquela com quem você tem tensões e relacionamento difícil e doloroso.

O conceito de desligamento com amor foi lançado pelo Al-Anon, grupo de


ajuda para familiares e amigos de pessoas alcoólicas. Uma idéia básica
dos membros do Al-Anon é que os alcoólicos não podem aprender com
seus erros se são superprotegidos.

A palavra “superprotegido” tem muitos significados. Pode significar que


você diz que seu marido não pôde ir trabalhar porque ele está doente,
enquanto que a verdade é que ele estava alcoolizado. Ou dizer que sua
mãe não pôde ir à reunião na escola porque ela trabalhou até tarde,
quando a verdade é que ela ficou no bar bebendo até meia-noite.

Há pessoas que confundem as coisas e acham que desligar com amor é


ameaçar a pessoa dizendo algo do tipo: “Se você não aceitar o
tratamento, então vou abandoná-lo!” Ameaças como esta podem ser
usadas com a idéia de que se você amedronta a pessoa, então ela pode
ser forçada a procurar ajuda. Raramente funciona, quando funciona.
Perguntas surgem, então, na mente da pessoa que convive com um alcoólico
ou drogadicto, como: “Se a pessoa que eu amo continua a beber ou
usar drogas, eu deveria me separar dele(a)?” . Podemos mudar o foco
da pergunta e dizer: “Quais são outras necessidades que você tem na
vida sem ser o desejo daquela pessoa parar com a dependência dela
(vício ou compulsão)?”, ou, “Como você pode cuidar de si mesmo
ainda que a pessoa que você ama escolhe não procurar ajuda para sua
dependência do álcool ou de outra droga?”

Desligar-se com amor significa ter o cuidado com o outro de tal modo que
você permite que ele aprenda com seus erros. Significa também
aprender a cuidar de você mesmo, tomar decisões, abandonando o
desejo de controlar os outros, de querer mudar os outros.

Importante reconhecer que não temos poder para mudar qualquer pessoa.
Um especialista em Dependência Química diz: “A maioria dos
membros de uma família de um dependente químico tem tentado
mudar o dependente por longo tempo, e não funciona. Estamos
envolvidos com outras pessoas mas não as controlamos. Simplesmente
não podemos parar as pessoas de fazer coisas se elas decidem
continuar a faze-las.” (“Detachment with love takes on deeper
meaning”, Hazelden Foundation, Hazelden Newsletter, June 30, 2003).

Recusando assumir a responsabilidade sobre o uso de álcool, etc., no lugar


do dependente, permitimos a ele encarar as conseqüências naturais do
seu comportamento. Se uma criança, filha de uma mãe alcoólica que
não foi na festa do Dia das Mães na escola porque estava bêbada,
pergunta: “Mamãe se esqueceu da festa?”, não precisamos mentir
para a criança. Ao invés de mentir podemos dizer: “Não sei porque ela
não foi. Pergunte a ela.”
Talvez a essência do desligamento com amor, diz o especialista, seja
“responder com escolha e não reagir com ansiedade”. Desligar-se
emocionalmente de alguém que tem um comportamento que está
machucando você pode ser aplicado a qualquer situação no
relacionamento humano. O mais importante é parar de ser
responsável PELA pessoa, e ser responsável PARA COM ela, e, claro,
para com você mesmo.

Relacionando-se com Parentes Saudavelmente

“Eu tinha trinta e cinco anos quando pela primeira vez


enfrentei minha mãe e recusei-me a aceitar seus
truques e manipulações Estava terrivelmente
assustado e quase não pude crer que estava fazendo
aquilo. Descobri que não tinha de ser grosseiro. Não
tinha de discutir. Mas pude dizer o que queria e
precisava para cuidar de mim mesmo. Aprendi que
poderia amar e honrar a mim mesmo, e ainda gostar
de minha mãe – como eu queria gostar – e não da
maneira que ela queria que eu gostasse.” Anônimo

Por que Jesus disse que “os inimigos do homem serão os


seus familiares”? (Mateus 10:36). Creio que Ele Se
referia ao fato de que um familiar pode prejudicar a
decisão espiritual de um parente. Mas talvez
possamos ampliar esta interpretação trazendo-a
para o fato de que alguns parentes têm complicações
comportamentais que prejudicam não somente a
espiritualidade de um, ou mais, membros da família,
como pode prejudicar o relacionamento afetivo,
social, comportamental também.

Quando se começa a melhorar o comportamento, quando


se está em recuperação de qualquer problema que
antes causava atritos na família, alguém da família
pode sabotar esta melhora e tentar empurrar a
pessoa em recuperação para recaídas. Daí, ser
necessário para a pessoa em recuperação aprender a
se desligar deste outro que não quer melhorar, não
quer se tratar e quer sabotar e manter uma estrutura
doentia familiar. Este é o “inimigo” familiar.

Desligar com amor de membros da família pode demorar.


Pode levar alguns anos. Também aprender a reagir
de maneira mais eficaz pode demorar. Não podemos
controlar o que familiares farão ou tentarão fazer,
mas podemos conseguir algum sentido de controle
sobre escolher a forma de reagir.

Desista de tentar fazer com que eles ajam ou trate você


de forma diferente. Você conseguirá se libertar do
“programa” deles recusando-se a tentar mudá-los ou
influenciá-los. O jeito deles funcionarem com você é
um problema deles. A maneira como você reage ou
permite que o jeito deles influencie você é que é seu
problema. Sua meta é tomar conta de você.

Você pode aprender a amar sua família e recusar-se a


adotar os problemas deles. Você pode amar sua
família e resistir aos esforços deles de manipular,
controlar ou culpar você.

Pode aprender a ser firme com eles, sem ser agressivo.


Pode estabelecer limites que são necessários e
desejados por você, sem ser desleal à família. Pode
aprender a amar sua família sem perder o respeito e
o amor por si mesmo. Pode cuidar de si e não se
sentir culpado em fazer isto. Pode não permitir que
os problemas deles controlem sua vida, seu dia ou
suas emoções. Isto é viver sua vida mais livremente.

Milhões de Folhas

Olhe as árvores e plantas no seu local de trabalho.


Quantas folhas! Muitas ainda nas árvores, nas
plantas, vivas, outras já machucadas, envelhecidas,
outras já no chão, mortas. Algumas dançando o balé
da morte ao voarem no ar, das alturas até o solo.
Algumas que já estão no solo, até alçam um pequeno
vôo quando um vento amigo e como encorajador
delas, as levanta para um novo bailado. Mas em vão.
Elas voltam ao solo. É assim.

Veja as cores, os tamanhos, os formatos, as


consistências, os cheiros, delas! São tantos e tão
diferentes! Você pode admirar mais umas que outras
e eu também. Mas todas são importantes. Todas têm
uma função estética e vital para a vida da Natureza o
que significa a nossa vida.

Milhões de folhas, milhões de pessoas. Milhões de vidas


humanas. No nosso local de trabalho, como
funcionários, somos quase “X” “folhas”, no mundo
inteiro quase 6 bilhões e 500 milhões.

Somos nós, folhas trabalhadoras, que formamos a bela


árvore ou planta – nossa empresa! A vida dela somos
nós! Não são paredes bem pintadas, o belo piso,
talvez o blindex que deixa passar a bela e infinita
luz, os equipamentos. SOMOS NÓS! Eu e você. Nós
somos a árvore – empresa - , seja uma loja
comercial, uma indústria, um escritório, um
consultório, uma fábrica, o que for a empresa onde
você trabalha. Viva, única, preciosa, que precisa de
todas as folhas para permanecer bela, crescer,
transmitir vida, beleza, saúde para os participantes e
para cada um de nós mesmos.

Se você é uma folha que está enfraquecida, peça ajuda


às demais. Abra seu coração. Aceite a ajuda possível.
Aprenda a receber o amor que podemos lhe dar. A
restauração. A seiva da árvore corre por cada folha
para nutri-la. A seiva entre nós é a sinceridade, o
afeto, a compreensão, a tolerância, a paciência, se
colocar no lugar do outro antes de criticar, e assim
por diante.

Se você é uma bela folha super saudável e animada,


vistosa, energética, não se glorie disto porque quem
faz você assim é a seiva. Você não é a seiva. Ela é
quem vem até você. Por isso, ao olhar sua folha
colega machucada, mais lenta, não tão capaz quanto
você, ao invés de criticar, de fofocar, de falar mal por
trás, veja como conseguir seiva para ela. A seiva
pode ser uma palavra de carinho, de advertência
com amor, pode ser um “puxão de orelha” dado com
firmeza e afeto juntos, pode ser seu exemplo mudo e
não prepotente, pode ser apenas um toque físico
respeitoso com uma palavra de estímulo, pode ser
você arregaçar as mangas e ir dar uma ajuda mesmo
naquilo que não é sua função, para a “folha” que
precisa de “irrigação”. Assim a árvore fica bonita.
Dá e recebe. Seja uma folha ajudadora hoje!
Sofrimento Mental Não É Vergonha

Ninguém fica envergonhado por ter diabetes, hipertensão


arterial, gastrite, câncer, artrite, hérnia de disco
vertebral, dor de cabeça. Ninguém critica uma
pessoa com doenças como estas. Mas o mesmo não é
verdade com relação às pessoas que sofrem
transtornos emocionais, seja depressão, crise do
pânico, esquizofrenia, transtorno obsessivo-
compulsivo, crise de ansiedade, fobias. Isto é
simplesmente injusto e fruto de ignorância, talvez
má vontade de compreender, preconceito, pessoa de
caráter irônico, pretensos indivíduos saudáveis
mentalmente.

Muitos que a sociedade aplaude como sendo pessoas


saudáveis, possuem transtornos emocionais às vezes
graves, como uma compulsão sexual, ou por drogas,
ou álcool, ou por dinheiro, e são eleitas como
membros de clubes sofisticados como gente de fino
trato e importância na sociedade. Na frente do palco
da vida elas são maravilhosas, todos aplaudem,
elogiam, são eleitos como os mais destacados do ano
nisto ou naquilo. Porém, por detrás dos bastidores, a
realidade é outra. Ali aparecem as doenças não
visíveis claramente pelo leigo, disfarçadas pela mídia
e até aplaudida pela mídia como façanhas da pessoa.
Mas quando, nós profissionais em saúde mental
temos acesso às histórias emocionais destes
indivíduos, homens e mulheres, podemos sem muita
dificuldade encontrar no CID-10 (Código
Internacional das Doenças, versão 10), na seção de
Transtornos Mentais, o (ou os) diagnóstico (s) da (s)
patologia (s) mental (is) deles.
Isto cria asco, raiva, revolta, não, evidentemente porque
a pessoa possui o transtorno mental, mas porque a
sociedade a aplaude e a exalta porque se trata de um
político influente, um empresário que “produz
riquezas”, ou até mesmo um médico que “cura todo
mundo” ou “o Dr. Fulano que é muito bom, ele pede
muitos exames, passa muitos remédios, opera muito,
interna bastante no hospital, especialmente como
particular”, enquanto que em certos casos o paciente
não precisava do exame, não precisava usar aquele
remédio naquela dosagem ou durante o tempo
estipulado pelo médico, não precisava fazer aquela
cirurgia, e provavelmente não precisava daquela
internação ou da internação com tantos dias de
hospitalização.

Não tire conclusões precipitadas sobre as pessoas que


sofrem emocionalmente, ou psicologicamente ou
psiquiatricamente. Elas são PESSOAS! Sofrimentos
mentais são sofrimentos da humanidade. Não é para
ter vergonha, nem o familiar do doente e nem o
próprio enfermo. Um empresário “bem sucedido” frio
e calculista pode ser um doente mental por causa de
seu embotamento afetivo que o seguimento louco da
sociedade hipócrita aplaude porque ela é cega e
ignorante e preconceituosa, olhando somente o lado
do “sucesso” empresarial deste indivíduo quase
esquizóide, mas muito inteligente em ganhar
dinheiro. Esta é a pior loucura. Esta é a loucura falsa.
A loucura verdadeira é honesta, não é hipócrita, é
sincera, é o que é e todos podem ver, não há
disfarces, há DOR, e MUITA DOR, tanta dor que o
louco entra em outro mundo mental para tentar
sobreviver do jeito que ele pode.
Para nós, que possuímos algum tipo de dor emocional
CONSCIENTE e NÃO NEGADA, não disfarçada, mas
enfrentada, nem que seja com aquilo que chamamos
de “doença” ou “sintoma”, - porque a doença é o
esforço do organismo para tentar se reequilibrar –
pode ser importante aprendermos não tirar
conclusões baseados no que sentimos, não nos
apegarmos demasiadamente no que sentimos, não
nos tornarmos nossas emoções, antes disso, saber
que somos mais do que a dor que sentimos nesse
momento da vida, e que o mesmo coração que sente
a dor difícil, tem a capacidade de amar.

O Que Importa É o Amor

Os jovens costumam chamar de “ficar” que é um


encontro entre um casal onde há trocas de carícias,
talvez sexo, sedução, prazer físico. Só. No dia
seguinte aquela garota que “ficou” com aquele rapaz
podem passar um pelo outro e talvez somente dizer
um “oi” muito sem graça e sem interesse. Ontem a
coisa rolava numa paixão louca. Hoje nada. Hä
rapazes que disputam uns com os outros sobre quem
fica com mais garotas numa noite. O que sobra em
termos de afeto? Nada. São dois corpos e nenhuma
intimidade. Talvez o mundo hoje careça mais de
intimidade afetiva do que em qualquer outra era.
Não será isto um reflexo da sociedade que cada dia
apresenta um novo produto para você “ficar” com
ele? Pois, quem sabe, não será este novo produto
sofisticado que irá preencher seu vazio interior?

Intimidade afetiva saudável ocorre quando você se


interessa em ver, sentir, ouvir e processar o mundo
interior de outra pessoa, ao invés de projetar nela
imagens do que você achava que ela era e o que
você queria que fosse.

Há um livro cujo título é: “O que você diz depois de dizer


olá?” E eu pergunto: o que você faz depois do
orgasmo? Conhece a pessoa? Procura a intimidade
afetiva ou fica preocupado se vai dar para dar mais
uma? Dr.Ornish disse: “Quando você ‘se apaixona’
geralmente é por sua ilusão, sua projeção. Não é o
mesmo que abrir o coração para a pessoa amada.
Parafraseando o escritor Henry Miller, não creio que
eu possa me apaixonar outra vez, assim agora talvez
eu aprenda a amar alguém.” (Amor e Sobrevivência,
p.89, Ed. Rocco).

O amor verdadeiro começa com um compromisso entre


duas pessoas. “Ficar” não envolve compromisso
algum. Quando você começa a amadurecer no amor,
em vez de repetir a mesma experiência superficial
com pessoas diferentes, você passa a ter
experiências extraordinárias e diferentes com a
mesma pessoa.

Dr. Ornish conta que um casal estava tendo problemas de


intimidade. O homem estava considerando
seriamente ter um caso com uma mulher conhecida
dele. Ele disse que não reclamava de sua esposa por
não haver intimidade entre ambos porque achava
que ela iria se magoar e agravar o problema. Disse o
Dr. Ornish: “Se você não disser nada, ela pode
começar a se afastar de você, para não ser ferida. E
a outra mulher pode lhe parecer mais atraente, mais
desejável, e você vai se sentir cada vez mais
justificado em estar com ela, dormir com ela, o que
cria um muro ainda maior entre vocês.

Cada mentira para a pessoa amada, cada engano – por


menor ou trivial que possa parecer – faz com que a
confiança comece a morrer. Quando a confiança
morre, a intimidade fenece.

Dr. Ornish completou para seu amigo: “Mas a nova


mulher não pode confiar em você porque sabe que
não foi sincero com sua esposa, assim a capacidade
de intimidade com a nova mulher é também limitada.
Então você começa a se sentir cada vez mais
frustrado com a falta de intimidade com a nova
mulher, exatamente como estava acontecendo com
sua esposa e você volta ao começo de tudo. Solitário.
Há um verso no I Ching: “Três se tornam dois se
tornam um.”

O segredo da sobrevivência é o amor. O Dr. George Wald,


biólogo de Harvard, ganhador do prêmio Nobel, certa
vez escreveu: “O que realmente precisamos não é do
prêmio Nobel, mas de amor. Como pensam que se
consegue o prêmio Nobel? Desejando amor, isso é
tudo. Desejando com tanta intensidade que se
trabalha o tempo todo e se acaba ganhando o prêmio
Nobel. É um prêmio de consolação. O que importa é o
amor.” (idem, p.97)

Esquizofrenia: Noções Gerais


“Esquizo” vem de “dividido” e “frenia” de “mente”. Mente
dividida, é a esquizofrenia. Como assim? Ela é uma
das mais graves doenças mentais. É uma psicose.
Psicose, bem menos grave e limitante do que a
neurose, se refere à presença de sintomas como
ilusões, alucinações, comportamento desorganizado,
fala incoerente, delírios, agitação, etc. Tais sintomas
podem estar presentes em outras patologias mentais
sem ser na esquizofrenia.

Geralmente ela atinge jovens, igualmente rapazes e


moças, na fase final da adolescência ou início da
idade adulta, podendo atingir pessoas de mais idade
também.

Algumas características da esquizofrenia são:

1)Alterações do pensamento: delírios (alteração do


conteúdo do pensamento), interrupções do
pensamento (alterações do curso do pensamento) e
pensamento desagregado (alteração da forma do
pensamento).

2)Alterações da senso-percepção: alucinações (auditivas,


visuais, olfativas, etc.).

3)Alterações da consciência do eu: perda da autonomia,


do limite, da identidade e da unidade do eu.
4)Alterações do afeto: incapacidade de vibrar com o
sentimento, embotamento afetivo, frieza afetiva.

5)Alterações da volição (vontade): hipobulia (muito


pouca vontade de fazer as coisas) e abulia (nenhuma
vontade de fazer as coisas).

6)Alterações da psicomotricidade: estupor, agitação.

Formas Clínicas:

1)Esquizofrenia paranóide – predominam delírios e


alucinações (melhor prognóstico).

2)Esquizofrenia hebefrênica – início jovem, mais grave,


risos imotivados, etc.

3)Esquizofrenia catatônica – apresenta agitação


psicomotora ou estupor, ou seja, a pessoa fica
parada horas e horas numa posição.

4)Esquizofrenia residual – negativos sintomas estão


presentes sempre (autismo, abulia, embotamento do
afeto) e positivos sintomas estão presentes só que
atenuados (delírios, alucinações).

5)Esquizofrenia indiferenciada – permanecem as ilusões,


delírios, desorganizações da fala e do
comportamento de forma acentuada.

Tratamentos:

1)Apoio, orientação, de psiquiatras, psicólogos,


assistentes sociais, terapeutas ocupacionais.

2)Medicação – antipsicóticos também chamados de


neurolépticos.

3)Apoio à família orientando seus membros sobre a


doença e como lidar com o doente.

4)Eventual internação hospitalar especializada em casos


de agitação, tentativas de se agredir ou agredir
outras pessoas, etc.
Evolução:

- 25% permanecem com defeitos de comportamento

- 50% permanecem com a doença que se torna


crônica

- 25% evoluem para a cura

Prognóstico:

Há bom prognóstico se há: inteligência, início tardio da


doença, melhor apoio familiar, diagnóstico precoce e
tratamento adequado, e nas formas catatônicas e
paranóides.

Há prognóstico ruim se há: déficit de inteligência, início


cedo da doença, família desagregada, nas formas
hebefrênicas e indiferenciadas (simples), e se há
história de psicose na família.

Mudança Emocional
É comum dizermos para nós mesmos que precisamos
mudar. Os anos passam, e somos os mesmos. Nada
muda se eu não mudo. E eu não mudo ninguém, a
não ser a mim mesmo. Prof. James Prochaska e
colegas descreveram que não só o comportamento
humano demora para mudar, mas que também ele
muda em estágios e que os pacientes variam muito
no que diz respeito à sua prontidão para mudança.

Nem todo mundo que vai a um médico quer a cura.


Geralmente querem sair como uma receita de um
remédio que possa curar seus males, enquanto que
os remédios que poderiam realmente curar têm que
ver com mudanças no estilo de vida, e isto envolve
mudanças no comportamento, na maneira de ser
afetivamente falando.

Prochaska e col., determinaram seis estágios para a


mudança. Vejamos:

1)Estágio pré-contemplativo – ele comumente acontece


em casos de problemas conjugais quando a mulher
chama o marido para um aconselhamento mas que
estes vão “arrastados”, contra a vontade,
dizem””Mas qual é o meu problema?”, ou, “Não
tenho problemas!”, ou “Não é problema meu!”, isto
ocorre também com adolescentes e com criminosos
sentenciados a tratamento pelo juiz.

2)Estágio contemplativo – a pessoa implicada afirma “Eu


acho que eu tenho um problema mas não tenho
certeza: eu não sei se eu quero mudar alguma coisa
ou continuar a empurrar o barco”. Ela está
começando a admitir que deva ter algum problema.

3)Estágio de preparação – neste estágio são feitos planos


e resoluções para a mudança porque a pessoa
finalmente admite que há problemas e que precisam
de tratamento.

4)Estágio da ação – a pessoa decidi agir decisivamente


para fazer algo para trabalhar o problema e tentar
resolve-lo ativamente.

5)Estágio de manutenção – neste estágio a pessoa já se


envolveu com os procedimentos de tratamento, está
ativamente envolvido com a terapia e se envolve em
manter os ganhos que o tratamento está
proporcionando.

6)Estágio de finalização – neste os resultados foram


ótimos, com sucesso, a mudança está bem
estabelecida e a pessoa se sente segura a ponto de
não temer uma recaída.

Ao estudarmos estes estágios vemos que nem todos


estão preparados para um tratamento sem receber
um apoio, esclarecimento, no estágio onde se acha.
Ao aceitar cada estágio, dá para seguir na direção da
cura que almejamos, passo a passo, um dia de cada
vez.

Use A Cabecinha!
A maioria das propagandas preventivas de doenças
sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada
dizem: use camisinha. Parece não adiantar o quanto
gostaríamos ou deveria. Acho que é porque falta o
uso da razão, do pensamento, do bom senso. Uma
boa propaganda poderia explorar outro lado de lidar
com o problema social, usando como slogan “Use a
Cabecinha!”. Ou seja, PENSE, antes de se envolver
em situações de risco de doenças e de gravidez
indesejada.

Geralmente as pessoas dizem: “Pintou o clima, e não


pensamos em mais nada!” Transaram. Veio a AIDS, a
gravidez, entre outras circunstâncias não desejadas.

Há cerca quatro anos atrás engravidavam no Brasil um


milhão de garotas entre 10 e 19 anos de idade. Hoje
esta cifra aumentou parar um milhão e cem mil. E
pior, destas que já têm filho, 25% engravidam uma
segunda vez. Os abortos ultrapassam os 200 mil por
ano, produzindo conseqüências dolorosas às vezes
para o resto da vida da pessoa.

As meninas de classe média e superior abortam em 80%


dos casos, enquanto que as de classe pobre abortam
somente 20%, e os restantes 80% levam a gravidez
até o fim. De cada cem garotas que iniciam a prática
sexual (cada vez mais precocemente), vinte e oito
engravidam nos primeiros três meses após este
início. E quase sempre elas falam que foi “sem
querer”.
De cada cem adolescentes que têm mais de um filho,
setenta engravidam do mesmo rapaz; sessenta
tinham menos de 16 anos quando engravidaram pela
primeira vez; cinqüenta passam para outras pessoas
a responsabilidade de cuidar dos bebês; noventa e
cinco conhecem e já usaram algum método
anticoncepcional e, vejam só, setenta param de
estudar!

As causas disto parecem ser, por incrível que pareça, a


falta de informação, a irresponsabilidade, o desleixo
para com precauções anticoncepcionais. Algumas
meninas, filhas de famílias ricas, que favorecem o
aborto numa primeira gravidez, parece que
“facilitam” o surgimento de uma nova gravidez para
compensar a perda da criança anterior, como se
fosse uma reparação. Para alguns estudiosos, uma
gravidez na adolescência seria uma forma de buscar
auto-estima e auto-afirmação inconscientes, já que
para uma grande maioria das mulheres a
maternidade é uma das fortes afirmações femininas.

Num mundo que valoriza o erotismo exagerada e


inadequadamente, o que mais se faz na mídia é
aconselhar a usar a camisinha, enquanto que se
deixa de lado as informações e as atuações para se
usar a cabeça e não ser manipulado por alguém que
quer experimentar o sexo em nome do amor, quando
há só o interesse de provar sexo. Que, aliás, é a
parte mais fácil de qualquer relacionamento. O mais
difícil é, com certeza, o crescimento de um
relacionamento afetivo que envolva respeito,
fidelidade, amizade, compreensão, respeito pelas
diferenças de personalidade e liberdade responsável
(deixar o outro ser, existir).

A mídia, irresponsavelmente, favorece o sexo precoce.


Mas compete à família orientar seus filhos nos
caminhos da sexualidade responsável e do
aprendizado da autoproteção contra abusos físicos,
morais, sexuais. Inclusive orientá-los quanto ao
domínio dos próprios impulsos. Mas a luta das
famílias contra o que a mídia faz de destruição moral
é desumana. Cuide, portanto, de seus filhos e filhas o
melhor que puder, orientando-os.

Transtornos de Ansiedade

Ansiedade é um fenômeno que todos sentimos em níveis


normais. Ela é uma inquietude, uma sensação de
vazio ou opressão no peito. Em níveis altos – os
transtorno de ansiedade – atingem 10% da
população em geral e podem se apresentar de várias
formas.

Há o Transtorno da Ansiedade Generalizada (TAG)


caracterizada por inquietação, irritabilidade, tensão,
sudorese, palpitações, etc. A pessoa se torna
apreensiva, impaciente e tem dificuldade para
dormir. Estes sintomas precisam durar várias
semanas para ser classificada como TAG.

Há o Transtorno do Pânico que atingem as pessoas


gerando ataques de pânico espontâneos que
ocorrem de repente, sem causa aparente. Ficam
extremamente amedrontadas e freqüentemente têm
a sensação de que vão morrer ou perder o controle
mental. Ocorrem palpitações, tonturas, dores no
peito e uma sensação de perda de contato com a
realidade, abafamento, e este distúrbio pode durar
algumas semanas ou meses. Entretanto a crise
propriamente dita dura apenas alguns minutos.

Devido aos ataques freqüentes de pânico, a pessoa fica


com sua vida limitada, porque evitar sair sozinha,
restringe sua vida social e apresentam o que se
chama Agorafobia, que a leva a evitar situações nas
quais seria difícil ou impossível escapar, como estar
em meio a multidões, túneis, grandes lojas, pontes,
elevadores e transportes públicos. Muitas evitam sair
de casa por um longo tempo devido a agorafobia.

Existem outros tipos de fobias como as Fobias Simples,


que se caracterizam por medo persistente e
irracional de um objeto, atividade ou situação
específicas, e as Fobias Sociais, que são medos
irracionais de sentir-se humilhado ou embaraçado
em público.

Outro transtorno ligado a ansiedade excessiva é o


Transtorno de Estresse Pós-traumático, que é uma
reação, freqüentemente recorrente (que se repete),
a um evento psicologicamente traumatizante, fora
da vivência humana habitual. Combates em guerras,
bombardeios, violência sexual, catástrofes, assaltos,
tortura, são exemplos do tipo de experiência que
pode produzir este transtorno. Os sintomas incluem
a lembrança do evento, ausência de resposta a
estímulos provindos de outras pessoas, pouco
interesse por atividades externas, sonolência
excessiva, problemas de memória e perda de
concentração.

Finalmente, outro distúrbio ligado a ansiedade é o


Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), que
envolve pensamentos e comportamentos repetitivos
difíceis ou impossíveis de se controlar. Os
pensamentos intrusivos ou obsessivos podem girar
em torno do medo de causar mal a outros ou de ser
vítima de algum mal. Em resposta a estes
pensamentos obsessivos, as pessoas com TOC
freqüentemente se sentem compelidas a executar
certos rituais para afugentar o mal temido, mesmo
estando conscientes de que seu comportamento é
irracional. Dentre os rituais mais comuns no TOC
encontra-se a pessoa que temendo ser contaminada
ou contaminar outros, lava as mãos inúmeras vezes,
durante muito tempo, todos os dias. Outras verificam
portas, janelas, chave do gás várias vezes para ver
se estão realmente fechadas, mesmo sabendo
racionalmente que estão. Os pensamentos
obsessivos que as perturbam só são aliviados
através dos atos compulsivos.

Para estes transtornos ligados a ansiedade é preciso


tratamento com psiquiatra e psicólogo, que farão um
esquema terapêutico com medicação e psicoterapia.
Parece que os melhores resultados quanto à
psicoterapia ocorrem com a Psicoterapia Cognitivo-
Comportamental.

Massacre Mental – 1a. parte de 2


“...Jesus respondeu: (o que me irá trair) é aquele a quem
eu der o bocado molhado. E...o deu a Judas
Iscariotes...após o bocado, entrou nele Satanás.”
João 13:21,26,27

Como psiquiatra já atendi pacientes com surtos psicóticos


violentos, que requeriam várias pessoas para
segurá-los e poder aplicar-se um sedativo. Também
participei de alguns casos de possessão demoníaca.
Quando alguém me diz que não crê no fato de um ser
humano poder ser tomado por uma força espiritual
má, eu fico quieto e pensativo. Não discuto. Não
tento provar nada. Sei que existe porque eu já
presenciei isto e sei que não se tratava de um
quadro psiquiátrico, porque já atendi os casos
mentais também.

Na Última Ceia de Jesus com os discípulos Simão Pedro


havia pedido a João para perguntar a Jesus quem
seria aquele que O trairia. E Jesus deixou claro que
seria Judas Iscariotes. O texto Bíblico afirma que
Satanás tomou posse de Judas o levando a trair
Jesus.

Uma possessão diabólica não ocorre somente em casos


tipo “O Exorcista”. Quando o mau toma posse de
uma pessoa você pode não perceber quase nada de
anormal. Claro, há os casos de mudança
comportamental violenta. Mas talvez a maioria seja
uma forma disfarçada de possessão espiritual. Você
não sabe que a pessoa está tomada, mas ela está.
Com Judas Iscariotes foi assim. Ele saiu da Ceia logo
e todos, menos Jesus, pensavam que ele iria
comprar algo para a festa ou que fosse dar alguma
coisa para os pobres (verso 29). Mas ele estava
REALMENTE tomado por um demônio.

Por que estou escrevendo isto, que parece ser um texto


religioso, aqui nesse espaço sobre saúde mental?
Porque quero comentar sobre massacre mental. Ou
seja, que e como um ser humano pode assediar
outro ser humano e massacrá-lo mentalmente, e isto
pode ser fruto de distúrbios mentais como também
de possessão espiritual. Irei voltar a este assunto
mais adiante no tempo após terminar de ler o livro
“Assédio Moral – A Violência Perversa no Cotidiano”,
da psiquiatra francesa Marie-France Hirigoyen.

Há pessoas muito más e perversas em famílias,


empresas, hospitais, prisões, no mundo militar, no
poderes legislativo, executivo e judiciário, no poder
eclesiástico também! Tenho escutado histórias e sido
testemunha de experiências de pessoas assediadas
moralmente, não só sexualmente. Escrevi aqui que
alguém, alguma coisa, alguma intervenção TEM que
parar estas pessoas perversas! Mas como pode ser
difícil isto! Há risco de retaliação, discriminação,
perseguição, de violência física e até de morte para
quem deseja fazer justiça e ajudar o fraco e
oprimido. Mas é necessário fazer algo. Somos
responsáveis. O mau não pode fazer o que ele quer,
a hora que quiser, quando quiser, com quem desejar,
impunemente. Não pode. Não devemos permitir.

Estou falando de pessoas autoritárias, que abusam de seu


poder o qual pode ser legal (dentro da lei), ou ilegal
(fora da lei), agressivas destrutivamente, sem
respeito pelos semelhantes, narcisistas ao extremo,
que vêem os outros como objeto de uso para subir
na vida, para se promoverem, que excluem os que
não se enquadram no seu modelo perverso de
funcionar numa empresa, ou em qualquer outro
lugar, mesmo numa organização religiosa, que são
ditadores hipócritas oprimindo pessoas e tirando
benefícios pessoais materiais e/ou egóicos (do ego
ou self). Ficamos enojados ao ver as loucuras de dois
prepotentes como Bush e Hussein, responsáveis pela
morte de pessoas inocentes, mas podemos não nos
dar conta da violência invisível, cotidiana,
relacionada com o fato de um indivíduo poder
destruir o outro sem que se derrame sangue e sem
um gesto brutal. Vidas têm sido profundamente
prejudicadas somente com palavras, olhares,
atitudes perversas em lugares os mais variados.

Assédio sexual é apenas um dos tipos de assédio. Atendi


recentemente uma pessoa que me falava de assédio
moral, ao dizer: “Sinto que querem puxar meu
tapete”. O agressor deseja se livrar de alguém sem
sujar as mãos, e deseja se livrar não porque a
pessoa é má em qualquer sentido (técnico, moral,
relacionamento, etc.), mas porque pode estar
ameaçando sua fama, sua posição hierárquica, suas
atitudes desonestas, seu uso errôneo do poder .

Você é Macho Mesmo?

“Requer-se mais coragem para revelar inseguranças do


que para esconde-las, mais força para se relacionar
com as pessoas do que para dominá-las, mais
‘hombridade’ para manter princípios corretos do que
para ter cego reflexo. A resistência está na alma e no
espírito, não nos músculos e numa mente imatura.”
Alex Karras (Touchstones, 17Fev, Hazelden Foundation)

Em nossa cultura ser um homem geralmente significa ser


durão, realizando proezas sexuais e não revelando
sentimentos. Quando você está vivendo um processo
de recuperação emocional, amadurecimento afetivo,
crescimento interior, percebe que isto são tolices e
imaturos mitos, mesmo quando tais idéias são
divulgadas exaustivamente na TV, ou em out-doors,
ou em jornais e revistas masculinas ou femininas.

Quando estas coisas são ditas a nós repetidas vezes, elas


exercem um impacto sobre nós. Isto ocorre, claro,
com qualquer modelo de comportamento chamado
“saudável” que a mídia bombardeia nossas mentes,
e que pode ser muito doentio na verdade.
Precisamos ter resistência para não admitirmos que
estes e outros modelos de comportamento são
saudáveis, quando não são. O que a maioria aprova
não significa ser o correto ou o melhor. Pode ser o
mais fácil, ou mais prazeroso, ou o que dá “status”,
etc. Mas pode não ser benéfico.

Não acredite nestes modelos nem nas histórias contadas


sobre eles como sendo sucesso, porque não são.
Verdadeiros homens conhecem a si mesmos e sabem
que isto não é verdade. Temos fortalezas e
fraquezas. Alegrias e tristezas. Coragem e medo. Paz
e angústia. Poder e impotência. Depende da hora, do
momento, da experiência que estamos vivendo no
dia de hoje. Depende.

Verdadeiros homens, homens maduros, que estão no


processo de crescer interiormente conseguem amar,
expressar sentimentos, ser compassivos, ativos
sexualmente, assim como podem experimentar dor
emocional (tristeza, angústia, medo), desânimo
sexual, medo de amar em certos momentos da vida.
Isto é o normal. Sentir a dor da vida é para homens
sim. Aliás quem consegue sentir a dor da vida sem
negá-la, e aprende a lidar com ela construtivamente
precisa ser, para usar uma expressão popular
distorcida, “muito macho”.

_________

“Eu não sou melhor que você.” – Parte 1 de 2

Nós, seres humanos somos muito parecidos no sentido


emocional, em nossa maneira de funcionar como
pessoas, seja em nossos relacionamentos com a
gente mesmo ou com os outros. Pode mudar a classe
sócio-econômica, o tipo de filosofia religiosa que a
pessoa siga, a cultura onde vive, a formação
acadêmica desenvolvida, etc., mas somos parecidos.

Alguns estão mais adiante no caminho da maturidade


emocional, outros têm mais experiência quanto ao
lidar com certas situações dolorosas e difíceis da
vida do que outros que ainda não viveram tais
situações. Alguns têm um grau maior de
discernimento espiritual que outros, ou são mais
expertos nos negócios. Umas têm excelente
experiência administrativa, outras são ótimas
criadoras e idealizadoras, mas pobres executoras.
Enfim, um não é melhor que o outro como ser
humano só porque os talentos são diferentes.

Mas parece que há um aspecto na vida e no


posicionamento mental e emocional das pessoas que
faz diferença importante. Vejamos o caso de marido
e mulher que estejam vivendo conflitos conjugais
importantes. Como no geral, há problemas entre
ambos e dentro de cada um, problemas originados
do relacionamento disfuncional entre duas pessoas,
e também conflitos que cada um já trouxe dentro de
si para o relacionamento a dois. Isto não deve ser
desconsiderado porque muito da recuperação de um
casamento – quando há recuperação possível –
deve-se à percepção de cada um de seus próprios
problemas em seu interior anteriores ao casamento.
Quanto mais defensiva e emocionalmente negadora
da realidade for a pessoa, mais ela vai negar ter
problemas pessoais e, portanto, tender a colocar
toda a culpa do problema do casal no cônjuge.

Parece que não há, de fato, pessoa cem por cento normal
mentalmente falando. Todos temos lutas interiores.
Uns mais, outros menos. Não precisamos ter medo
de admitir isto.

O que quero dizer é que a distinção que pode existir e


fazer diferença mesmo no resultado final de como
cada um se insere na vida e faz as escolhas que faz
no seu estilo de vida, parece se relacionar com a
maneira cada um vai lidar com suas dificuldades
pessoais.
Nesse exemplo de um casal com problemas conjugais
importantes, como disse, ambos podem ter
problemas internos, pessoais existentes antes do
casamento ou da união, e a diferença irá ocorrer
quando, e se, um escolher reconhecer suas
limitações e falhas, buscando ajuda para resolve-las,
enquanto que o outro pode negar ter problemas,
minimizá-los, desconsiderá-los, e culpar somente o
cônjuge. Somente um aceita ajuda, admite ter erros,
age com humildade reconhecendo suas falhas,
procura solução para aquilo que é o problema
pessoal. Isto faz um melhor que o outro. Porque o
que aceita que tem falhas e deseja e procura ajuda,
não quer ficar no auto-engano. Quer a verdade. E a
verdade liberta. Por que pessoas fogem da verdade
interior? Volto ao assunto na próxima semana.

“Eu não sou melhor que você.” – Parte 2 de 2

Semana passada tentei explicar aqui que nós, seres


humanos, somos parecidos quanto às nossas
atitudes emocionais, seja no contato com a gente
mesmo ou com as outras pessoas. Formação cultural
não resolve problemas emocionais. Pessoas ricas,
poderosas, cultas, respeitadas na sociedade, podem
ter complicações emocionais, no seu jeito de ser e de
viver como indivíduo. O que faz a diferença,
portanto, entre uma pessoa e outra no sentido de
saúde mental tem muito que ver com a maneira
como cada um lida com seus conflitos psicológicos, e
não tanto com a ausência/presença de conflitos. Não
existe ninguém cem por cento normal mentalmente
falando. E isto não nos diminui como pessoas. Pia
Melody, terapeuta norte-americana especializada em
dependência afetiva (codependência) e outras
compulsões, diz: “Nós, seres humanos, somos
perfeitamente imperfeitos.” É verdade.

Muitas pessoas, mesmo cultas, têm medo de admitir isto.


Outras simplesmente não admitem, se achando
infalíveis. Prepotentes. Horrível. Como fazem
estragos nas vidas das pessoas – e na sua própria! –
achando que estão fazendo o máximo! Um dia,
alguém ou algo TEM que parar uma pessoa dessa!
Mas é difícil mesmo, especialmente aquelas que
detêm muito poder (executivo, legislativo, judiciário,
policial, empresarial, da mídia, etc.). Vivemos numa
sociedade muito injusta e perversa de fato, onde
retaliações ocorrem dos poderosos (aquele que está
investido de algum poder lícito ou ilícito) sobre os
que dependem deles de alguma forma. Mas isto tem
um fim. Felizmente.

“Eu não sou melhor que você.” O que pode fazer uma
pessoa melhor que outra está relacionado com a
postura humilde de aceitar possuir defeitos de
caráter e de conduta, parar de negar isto, aceitar que
precisa de ajuda e procurá-la determinadamente, se
outras pessoas fazem isto ou não. Não importa.
Realmente não importa, porque o crescimento como
indivíduo pode ocorrer e felizmente ocorre quando
você procura instrumentos de amadurecimento às
vezes até indo contra a corrente de críticas injustas
e ignorantes.
Henry Cloud e John Townsend, psicólogos, em seu
interessante livro “God Will Make a Way – What To
Do When You Don’t Know What To Do” (“Deus Fará
Um Caminho – O Que Fazer Quando Você Não Sabe o
Que Fazer”), Integrity Publishers, 2002, afirmam na
página 54 que: “Perdoar não significa que negamos
que alguém nos tenha ferido. Nem significa que
temos que necessariamente voltar a confiar neles ou
permiti-los entrar em nossos corações novamente.
Tudo depende se eles têm percebido seus erros de
seus caminhos e arrependem-se. Se iremos voltar a
confiar neles outra vez, é importante que eles
tenham se tornado confiáveis.”

A 7a. Promessa de Codependentes Anônimos (CoDA), que


utilizam os 12 Passos de Alcoólicos Anônimos
adaptados ao CoDA, diz que: “Sou capaz de
desenvolver e manter relações saudáveis e
amorosas. A necessidade de controlar e manipular os
outros desaparecerá na medida em que eu aprenda a
confiar nas pessoas dignas de confiança.” Notem o
“dignas de confiança”. Por que pessoas, ainda que
sejam muito semelhantes a outras no sentido de
terem problemas emocionais, negam ter problemas,
rejeitam ajuda, ficam numa postura pré-potente,
causam sofrimentos nos relacionamentos pela
resistente negação obstinada de serem portadoras
também de defeitos de caráter? Eu sei algumas
respostas, e não sei outras. Quando analisamos isto
profundamente, descobrimos que o que nos faz
decidir por uma postura ou outra na vida é algo
complexo. Parece haver, às vezes, algo além do self
(eu) influenciando.

Eu sugiro que você escolha o caminho da recuperação ao


perceber seus sintomas e sinais de sofrimento
emocional. Não precisa negar que o outro ou os
outros têm problemas. Têm. Mas o que importa é
você procurar sua serenidade e equilíbrio emocional,
colocando, quem sabe, limites contra abusos, mas
focando na sua busca de cura interior. Viva e deixe
viver.

“...nós amaremos você...”

Uma conhecida minha é conselheira em Dependência


Química dentro do programa dos 12 Passos de
Narcóticos Anônimos - NA. Eu queria encontrar-me
com ela para lhe dar uma figura que ela havia
gostado muito ao ver em minhas mãos certo dia. Fui
até ao grupo dos Narcóticos Anônimos para
encontrá-la. Como ela não havia chegado, fiquei
assistindo o grupo já que era reunião aberta. O
coordenador fazia as leituras preliminares e eu
prestava atenção ao que ele dizia. Num certo
momento do texto, havia a frase: “...nós amaremos
você até que você possa amar você mesmo...”

Confesso que achei muito lindo isto! Vi compaixão ali.


Persistência na ação de amar. E tendo um interesse
puro: ver a recuperação de um companheiro de
grupo, vê-lo livre da escravidão das drogas. De
graça. De coração. Um dia de cada vez. Só por hoje.

Dentro do programa dos 12 Passos usados em Alcoólicos


Anônimos, Narcóticos Anônimos, Codependentes
Anônimos, Al-Anon (para familiares e amigos de
alcoólicos), Nar-Anon (para familiares e amigos de
dependentes químicos), etc. , segundo minha
compreensão, e segundo a sabedoria dos grupos, há
um resumo dos três primeiros passos que pode ser
descrito assim: 1)Eu não posso. 2)Alguém pode.
3)Se eu deixar. Como é isso? O que isso significa?
Como isso se aplica à recuperação de pessoas
viciadas em qualquer coisa, dependentes de afeto,
etc.?

Quando você chega ao ponto de entender e aceitar que


“Eu não posso”, então, finalmente, se abre uma
porta de mil possibilidades de recuperação. Para
você poder. Para adquirir o poder de mudar. Para
vencer, um dia de cada vez. O primeiro passo para a
obtenção da vitória sobre qualquer doença em
relação a qual você já fez tudo o que podia e não
ficou curado, é reconhecer que “Eu não posso.” Às
vezes leva tempo, mesmo anos, para uma pessoa
chegar a este ponto. Isto porque ela pode
permanecer na ignorância, sem saber que tem
solução, ou porque ela funciona prepotentemente,
até ver que não consegue vitória sobre seu
problema. Mas quando, finalmente, ela compreende
a aceita que realmente “Eu não posso.”, ela dá o
primeiro e fundamental passo rumo à recuperação.

Se ela não pode, e realmente vê que não consegue mudar


ao chegar ao primeiro passo, quem é que pode?
“Alguém pode.”, é o segundo passo. Quando a
pessoa começa a admitir que Alguém maior que ela
poderia restaurar sua saúde, devolve-la à sanidade,
dar-lhe sobriedade, autocontrole, autoestima, ela
pode conseguir esperança de cura ou de
recuperação. Ela passa a admitir que Alguém – um
Poder Superior – o Deus como cada um O concebe,
poderia recuperá-la. Este Poder Superior pode ser
para a pessoa o Deus dos cristãos, a Força da
Natureza, a Energia Cósmica, Gaia (mãe Natureza),
etc. O importante aqui é que o indivíduo que entra
em recuperação verdadeira aceite isto, ou seja, que
realmente um Poder Superior agindo sobre sua vida
poderia restaurá-lo. E pode. Mas cada um é que,
individualmente, precisa descobrir isto por si
mesmo. Sua recuperação não se processa pelo que
outra pessoa acredita ou faz. Mas pelo que VOCÊ
acredita e faz por si mesmo.

Tendo passado pelo primeiro e segundo passos, que


estou comentando aqui em resumo e de uma forma
diferente de como eles são descritos nos originais
dos 12 Passos, a pessoa chega ao terceiro passo: “Se
eu deixar.” Este “Se eu deixar.” Originalmente é
assim: “Tomamos a decisão de entregar nossa
vontade e nossa vida aos cuidados de Deus,
conforme nós O concebíamos.” Então, o “Se eu
deixar.” significa “se eu entregar minha vontade e
minha vida a Deus conforme O concebo”. Entregar só
é possível quando há confiança. Entregar só é
possível quando entendo que ao reter, eu perco.
Entregar só é possível quando reconheço que
sozinho não posso realmente.

Quando você atravessa a Ponte Rio-Niterói no sentido


Niterói-Rio há, bem depois do vão central, uma
propaganda dos Narcóticos Anônimos, referida ali
como Linha de Ajuda. Ali está uma chance de
despertamento para o necessitado seguir um
programa que funciona para milhares de pessoas.

No sentido contrário, Rio-Niterói há a propaganda dos


Alcoólicos Anônimos, e o que está ali escrito é de
muita sabedoria e humildade. Se não me engano,
está escrito, além do site e de um telefone de
contato, o seguinte: “Se você tem problemas com o
álcool, talvez os Alcoólicos Anônimos possam lhe
ajudar.”

Achei fenomenal o “TALVEZ” naquela frase. Não tem nada


que ver com prepotência, como vemos em
propagandas na área da saúde, sejam indústrias
farmacêuticas, serviços de saúde, etc. “Talvez.”
Muito lindo! Nenhuma promessa mirabolante.
Nenhum orgulho. Nenhuma arrogância. Este “Talvez”
não sinto como falta de confiança dos AA no
programa dos 12 Passos. Porque eles têm confiança
e esperança. Este “Talvez” é, como eu sinto, uma
porta que se abre para dar esperança, sem prometer
aquilo que não se sabe se ocorrerá. Mas que é muito
provável que ocorra, se você se dispuser, de todo o
coração seguir o programa oferecido dos 12 Passos:
lhe devolver à sanidade. Um dia de cada vez.

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