Objetivos de Aprendizagem:
DISCUSSÃO
A reforma que unifica a ortografia da língua portuguesa já é um fato consumado, mas não faltam
debates, tanto no Brasil quanto em Portugal, sobre sua real necessidade.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “O acordo vem coroar o competente e dedicado labor de
linguístas, filólogos de todos os países integrantes da CPLP (Comunidade de Países de Língua
Portuguesa). Ele tem, na verdade, uma importância maior do que pode parecer à primeira vista.”
Marcos Vilaça (Ex-Presidente da ABL): “Hoje é preciso redigir dois documentos na entidades
internacionais: com a grafia de Portugal e do Brasil. Não faz sentido.”
Mauro de Salles Villar (Coautor do dicionário Houaiss): “Nós tínhamos a única língua do Ocidente que
possuía duas formas oficiais de ser escrita. O árabe, por exemplo, é falado em 21 países de maneira
diferente. As todos eles escrevem do mesmo modo. A ortografia é uma convenção que pode ser
simplificada ou complicada. Muitas foram simplificadas no século XIX. Nós fizemos isso no Terceiro
Milênio. Removemos quase 100 anos de imobilidade em direção a uma solução.”
Professor Marcos Bagno (Linguísta brasileiro): “O que interessa no acordo não é a ortografia em si,
mas o papel político que o Brasil tem a desempenhar na comunidade lusófona. Portugal, infinitamente
menos importante que o Brasil no cenário político e econômico mundial, se recusa a ver que quem lidera
a lusofonia, hoje, somos nós. (...) defender o acordo de uniformização ortográfica é defender essa
liderança, é exigir que Portugal pare de se arvorar como fonte „original e pura‟ de irradiação do português
e de decisões internacionais acerca da língua. O português que conta hoje, no mundo, é o nosso. E os
portugueses que enfiem sua viola no saco e parem de ter saudades de um império que começou a ruir
em 1808, senão antes...”
A língua portuguesa é a sétima mais falada no mundo, ficando atrás apenas dos idiomas chinês, hindi,
inglês, espanhol, bengali e árabe.
Ao todo, são oito os países que têm o português como idioma oficial - Portugal, Brasil, Cabo Verde, São
Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste -, e mais de 230 milhões de falantes
no planeta.
HISTÓRIA
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa finalmente entra em vigor 18 anos após sua elaboração. O
Brasil será o primeiro país entre os que integram a CPLP (Comunidade de Países de Língua
Portuguesa) a adotar oficialmente a nova grafia.
O objetivo das mudanças é unificar o idioma - falado oficialmente em oito países e que tem 230 milhões
de falantes no mundo - e disseminar a língua portuguesa.
As novas regras - que mudam o uso do hífen, padronizam palavras, extinguem o trema e a acentuação
em algumas palavras - não são as primeiras mudanças que o idioma já sofreu.
ESTRANHAMENTO
É normal que no começo haja um estranhamento para todo mundo, para quem está escrevendo e para
quem está lendo.
Uma das mudanças que devem causar mais estranheza é a retirada do acento do ditongo aberto das
palavras paroxítonas ("ideia", "assembleia", "estreia" etc).
PASSADO
No dia 19 de janeiro de 1972, quando começava a vigorar a lei que modificava o vocabulário, a
manchete da Folha de São Paulo foi: "Podada a floresta de acentos", uma referência à "simplificação da
acentuação" da época.
Deixaram de ser usados o acento circunflexo que diferenciava, por exemplo, o substantivo "govêrno" e o
verbo "governo", o acento grave em palavras como "sòmente" e "sòzinho" e o trema facultativo na
palavra "saüdade".
MOTIVAÇÕES
O Acordo segue critérios fonéticos, ou seja, a grafia das palavras obedecendo à pronúncia, em
detrimento de um critério etimológico, tendência que predominou ao longo do século XIX.
É um tentativa de unificar a ortografia do português nos países lusófonos, entretanto deixa a desejar em
alguns casos marcados por interpretação de caráter subjetivo e nos inúmeros casos de dupla grafia –
afinal, unifica-se mas não muito!
POLÊMICA
“A adopção do Acordo redundará em total benefício do Brasil. Os PALOP (Países Africanos de Língua
Oficial Portuguesa) e Timor ficarão completamente dependentes da edição e das indústrias culturais
brasileiras. E isso virá a contecer em Portugal. No resto do mundo, o Acordo não fará aumentar numa só
página a quantidade de peças traduzidas, numa só pessoa o número de estudantes ou falantes da
língua e num só fórum internacional a utilização dela.” (Vasco Graça Moura)
A preocupação de Vasco Graça também revela um dos maiores temores da indústria portuguesa: ter que
competir com o poderio das editoras brasileiras no mercado africano, até agora bastante fechado a outra
variação do português.
Mas há algo mais preocupante que não está em debate pelos portugueses: os meios de comunicação
portugueses, com a transmissão de programas da televisão brasileira, têm interferido muito na forma de
falar em Portugal, o que deveria incomodá-los muito mais do que o Acordo, porque as mudanças são
mais amplas e atingem um público muito maior. E não estão colocadas sob a forma de regras de lei.
VIAS POLÍTICAS
Outro ponto questionado é o real benefício que a unificação teria em termos políticos e diplomáticos para
os países lusófonos.
Espera-se que ocorra o reforço da participação dos países de língua portuguesa em encontros
internacionais, por meio do crescimento do português como idioma de negociação.
Um bom exemplo de como transformar a língua em arma diplomática pode ser observada tanto com o
inglês como com o espanhol.
Mesmo com as variantes registradas entre os vários países falantes de uma língua ou de outra, os dois
idiomas capitalizaram sua afirmação pelo mundo.
Ao contrário de Portugal, a Espanha investiu na expansão e difusão de seu idioma nas ex-colônias,
enquanto os EUA usaram seu poder político e econômico para tornar o inglês uma língua quase
universal.
É difícil estimar o quanto das expectativas que o Brasil depositou no Acordo irão se concretizar.
Sabemos apenas que a língua deveria agir como um elemento unificador entre o “povo português”, que
engloba não apenas Portugal, mas também o Brasil e os países lusófonos do continente africano,
Macau, e Timor Leste.
ALFABETO
• Regra Antiga: O 'k', 'w' e 'y' não eram consideradas letras do nosso alfabeto.
Como Será??
Essas letras serão usadas em siglas, símbolos, nomes próprios, palavras estrangeiras e seus
derivados. Exemplos: km, watt, Byron, byroniano
TREMA
• Nova Regra: Não existe mais o trema em língua portuguesa. Apenas em casos de nomes
próprios e seus derivados, por exemplo: Müller, mülleriano
Como Será??
ACENTUAÇÃO
• Nova Regra: Ditongos abertos (ei, oi) não são mais acentuados em palavras paroxítonas
• Regra Antiga: assembléia, platéia, idéia, colméia, boléia, panacéia, Coréia, hebréia, bóia, paranóia,
jibóia, apóio, heróico, paranóico
Como Será??
Assembleia, plateia, ideia, colmeia, boleia, panaceia, Coreia, hebreia, boia, paranoia, jiboia,
apoio, heroico, paranoico
Observações:
• nos ditongos abertos de palavras oxítonas e monossílabas o acento continua: herói, constrói, dói,
anéis, papéis.
• Regra Antiga: enjôo, vôo, corôo, perdôo, côo, môo, abençôo, povôo
Como Será??
Como Será??
• Regra Antiga: pára (verbo), péla (substantivo e verbo), pêlo (substantivo), pêra (substantivo), péra
(substantivo), pólo (substantivo)
Como Será??
Para (verbo), pela (substantivo e verbo), pelo (substantivo), pera (substantivo), pera (substantivo),
polo (substantivo)
Tome nota desta observação! Ela é importantíssima
Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus
derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.). Exemplos:
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o
uso do acento deixa a frase mais clara. Veja este exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo?
• Nova Regra: Não se acentua mais a letra 'u' nas formas verbais rizotônicas, quando precedido
de 'g' ou 'q' e antes de 'e' ou 'i' (gue, que, gui, qui)
Como Será??
Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar, averiguar,
apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em
algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo.
Veja:
Exemplos:
Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras):
Atenção!!
• Nova Regra: Não se acentua mais 'i' e 'u' tônicos em paroxítonas quando precedidos de ditongo
Como Será??
Atenção!!
Como Será??
Muita atenção à
próxima observação!
Observação:• em prefixos terminados por 'r', permanece o hífen se a palavra seguinte for iniciada pela
mesma letra: hiper-realista, hiper-requintado, hiper-requisitado, inter-racial, inter-regional, inter-relação,
super-racional, super-realista, super-resistente etc.
• Nova Regra: O hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos (ou falsos prefixos)
terminados em vogal + palavras iniciadas por outra vogal
Como Será??
• esta nova regra vai uniformizar algumas exceções já existentes antes: antiaéreo, antiamericano,
socioeconômico etc.
• esta regra não se encaixa quando a palavra seguinte iniciar por 'h': anti-herói, anti-higiênico, extra-
humano, semi-herbáceo etc.
• Nova Regra: Agora utiliza-se hífen quando a palavra é formada por um prefixo (ou falso prefixo)
terminado em vogal + palavra iniciada pela mesma vogal.
Como Será??
Observações:
• esta regra foi alterada por conta da regra anterior: prefixo termina com vogal + palavra inicia com vogal
diferente = não tem hífen; prefixo termina com vogal + palavra inicia com mesma vogal = com hífen
• uma exceção é o prefixo 'co'. Mesmo se a outra palavra inicia-se com a vogal 'o', NÃO utliza-se hífen.
• Nova Regra: Não usamos mais hífen em compostos que, pelo uso, perdeu-se a noção de
composição• Regra Antiga: manda-chuva, pára-quedas, pára-quedista, pára-lama, pára-brisa,
pára-choque, pára-vento
Como Será??
Observação:
• o uso do hífen permanece em palavras compostas que não contêm elemento de ligação e constiui
unidade sintagmática e semântica, mantendo o acento próprio, bem como naquelas que designam
espécies botânicas e zoológicas: ano-luz, azul-escuro, médico-cirurgião, conta-gotas, guarda-chuva,
segunda-feira, tenente-coronel, beija-flor, couve-flor, erva-doce, mal-me-quer, bem-te-vi etc.
Não esqueça que O uso do
hífen permanece...
• Em palavras formadas por prefixos 'ex', 'vice', 'soto': ex-marido, vice-presidente, soto-mestre
• Em palavras formadas por prefixos 'circum' e 'pan' + palavras iniciadas em vogal, M ou N: pan-
americano, circum-navegação
• Em palavras formadas com prefixos 'pré', 'pró' e 'pós' + palavras que tem significado próprio: pré-natal,
pró-desarmamento, pós-graduação
• Em palavras formadas pelas palavras 'além', 'aquém', 'recém', 'sem': além-mar, além-fronteiras, aquém-
oceano, recém-nascidos, recém-casados, sem-número, sem-teto
Regra básica
Sempre se usa o hífen diante de h:anti-higiênico, super-homem.
Outros casos
Observações
1. Com o prefi xo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r sub-região, sub-
raça etc. Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem hífen: subumano,
subumanidade.
2. Com os prefi xos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal:
circum-navegação, pan-americano etc.
3. O prefi xo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia
por o: coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc.
6. Com os prefi xos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen: ex-
aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-
europeu.
Grafia Dupla