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PODER JUDICIÁRIO 1

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO


APELAÇÃO CRIMINAL Nº 2005.01.00.018791-3/MG

RELATÓRIO

O EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL HILTON QUEIROZ (RELATOR):

Ao manifestar-se nos autos, desfavoravelmente às postulações, a PRR/1ª Região


assim sumariou os fatos:
“Irresignados com o v. decisório a quo, via do qual se viram condenados às
penas do artigo 157, § 2º, I e II, c/c os artigos 29 e 288, todos do Código
Penal, no molde delimitado na sentença de fls. 1494/1502, José Costa do
Nascimento, Antônio Carlos Grucci, Carlos Otávio Galdino Gonçalves, Altamir
Siqueira Ramos e Epitácio Barbosa da Silva manejaram recursos de
apelação, buscando a reforma do édito de condenação.
O Ministério Público Federal opinou sobre os recursos de apelação
interpostos por Antônio Carlos Grucci, Altamir Siqueira Ramos, José Costa do
Nascimento e Epitácio Barbosa da Silva em parecer de fls. 1967, no sentido
do improvimento de todos os recursos.
Esse Tribunal Regional Federal da 1ª Região anulou parcialmente a
sentença, remetendo à origem, para que se reformasse a parte referente à
dosimetria da pena. A ementa da decisão restou assim redigida:
‘PENAL. PROCESSUAL PENAL. SENTENÇA CONDENATÓRIA. ASSALTO A
AGÊNCIA DE PENHORES DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL.
INCRIMINAÇÃO PELOS ARTIGOS 288 E 157, § 2º, I E II, TODOS DOS
CÓDIGO PENAL. NULIDADE PARCIAL DA SENTENÇA’ (do opinativo
ministerial).
1. Por inobservância dos artigos 59 e 68 do Código Penal, anula-se em parte,
a sentença, quanto a dosimetria aplicada.
2. Suspensão do julgamento das apelações que se determinou, para
saneamento da nulidade, na origem. Apelos improvidos.’ (fls. 1988).
Sanada a nulidade, em primeira instância, os denunciados apresentaram
novos recursos de apelação. Invectivando referido Decisum, aduziram
afigurar-se eivada de vício a decisão guerreada: a) para o réu Antônio Carlos
Grucci: a sentença, sobre não haver observado o princípio da
proporcionalidade, não individualizou as penas, visto que não considerou as
circunstâncias de natureza subjetiva em relação ao réu; b) para o réu José
Costa do Nascimento: haviam nos autos provas e pressupostos suficientes
para a absolvição ou redução das penas impostas; c) para o réu Carlos
Otávio Galdino Gonçalves: a prova dos autos não tem condão de levar à sua
condenação porque todas as testemunhas confirmam que ele esteve sempre
de óculos escuros e, portanto, o reconhecimento seria inviável.” (fls.
2314/2315).
O Ministério Público Federal apresentou contra-razões, às fls. 2212/2219 e 2302/2308.
Certidão do trânsito em julgado da sentença para os réus Epitácio Barbosa da Silva e
Jerônimo Matos da Costa, respectivamente, às fls. 2194 e 2271.
À fl. 2320, homologação da desistência do recurso de apelação interposto pelo réu
Altamir Siqueira Ramos.
A PRR/1ª Região manifestou-se pelo não provimento dos apelos.
É o relatório.

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VOTO

O EXMO. SR. JUIZ FEDERAL NEY BELLO (RELATOR CONVOCADO):

A denúncia contém a seguinte imputação:


“O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL por seu representante infra-assinado,
no desempenho de suas atribuições legais e com base no inquérito policial nº
90.0003508-2 e seus respectivos apensos, vem respeitosamente a V. Exa.
oferecer denúncia contra:
a) CARLOS OTÁVIO GALINDO GONÇALVES (vulgo "Gringo" ou "Russo"),
brasileiro, casado, natural sdo Rio de Janeiro/RJ, filho de Manoel Gonçalves
Magro e Luíza Galindo Gonçalves, nascido em 02/06/1961, pintor de
automóveis, portador da C.I. nº 05507327-SSP/RJ, residente a rua Joaquim
Gomes, nº 269, bloco 01 apt. 204, Bonsucesso, Rio de Janeiro/RJ,
atualmente cumprindo pena de reclusão no Estado da Bahia;
b) JOSÉ COSTA DO NASCIMENTO (vulgo “Costa”), que também usa o nome
falso de Lindomar Carvalho Gomes, brasileiro, casado, natural de
Fortaleza/CE, filho de Manoel do Nascimento e Albanisa Costa do
Nascimento, nascido em 18/10/1952, técnico em contabilidade, portador da
C.I. nº (Instituto Félix Pacheco), residente à rua Senador Machado, nº 180,
Fortaleza/CE, atualmente cumprindo pena de reclusão no Estado da Bahia;
c) EPITÁCIO BARBOSA DA SILVA (vulgo “Toca” ou “Doca”), brasileiro,
casado, natural de Campina Grande/PB, filho de Odilon Barbosa da Silva e
Sebastiana Galdino da Silva, nascido em 11/10/1946, comerciante, portador
da C.I, nº cujo último endereço foi rua Itapera, nº 286, bloco 38, apt. 102,
Bairro Irajá, Rio de Janeiro/RJ, atualmente em local desconhecido, após ter
se evadido de prisão no Estado da Bahia, onde cumpria pena de reclusão.
d) ANTÔNIO CARLOS GRUCCI (vulgo "Falcon"), brasileiro, casado, natural
de Salvador/BA, filho de Nicolau Grucci e Elvira Lopes da Cruz, nascido em
17/03/1949, motorista, portador da C.I. nº RG 934.369-SSP/BA, residente à
rua Pedro Cachoeira, nº 23, Bairro São Cristóvão, Salvador/BA;
e) ALTAMIR SIQUEIRA RAMOS (vulgo "Mirinho"), brasileiro, solteiro, natural
do Rio de Janeiro/RJ, filho de Ailton Joaquim Ramos e Vanir Siqueira de
Souza, nascido em 28/03/1962, enfermeiro veterinário, cujo último endereço
foi Av. Teixeira de Castro, nº 699, bloco 07, apt. 401, Bairro Bonsucesso, Rio
de Janeiro/RJ, atualmente em local desconhecido, após ter se evadido de
prisão no Estado da Bahia, onde cumpria pena de reclusão.
f) JERÔNIMO MATOS COSTA, que também usa o nome de Bruno Sebastião
Gregório ("Dr. Bruno"), brasileiro, natural de Recife/PE, filho de Ranulfo
Ferreira da Costa e Belmira Matos da Costa, nascido em 04/03/1948,
registrado no Instituto Félix Pacheco (SSP/RJ) sob o nº 2.9191582,
autalmente em local desconhecido;
por sua responsabilidade penal decorrente dos seguintes fatos:
1.1. No dia 18 de março de 1990, por volta das 9:00 horas da manhã, um
grupo de 6 (seis) indivíduos assaltou a Agência de Penhores da Caixa
Econômica Federal, situada à rua Cláudio Manoel, nº 197, bairro Serra, em
Belo Horizonte, dali subtraindo cerca de seis mil envelopes contendo jóias e
outros objetos dados em penhor por terceiros em garantia de mútuo
celebrado com a CEF, certa quantidade de moeda nacional e estrangeira
(dólares), dois (2) aparelhos de videocassete, dois (2) aparelhos de televisão
preto e branco - 12 polegadas e dois (2) revólveres marca Taurus, calibre 38.
O montante dos valores roubados foi inicialmente estimado em CR$
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50.000.000,00 (cinqüenta milhões de cruzeiros), em moeda do dia 20 de
março de 1990 (fls. 36 do inquérito). Após um levantamento mais apurado,
constatou-se que havia sido subtraída a quantia de CR$ 249.110,79
(numerário em caixa); que os aparelhos de televisão roubados possuíam o
valor de CR$ 8.300,00 e os aparelhos de videocassete o valor de CR$
22.524,00; que o peso total das garantias roubadas foi de 145,42 Kg; que o
valor das indenizações brutas pagas aos clientes pela CEF, até 28.09.90,
atingira o montante de CR$ 122.293.229,56 (fls. 339 do inquérito), tudo em
moeda da época, o que demonstra o vulto do prejuízo cau sado pelo assalto,
em detrimento do patrimônio e serviços desta empresa pública federal.
1.2. Ficou devidamente comprovado, através de confissão de alguns dos
acusados e através de reconhecimento de pessoas por parte de testemunhas
do assalto, conforme será a seguir detalhado, que do grupo de seis indivíduos
acima referido faziam parte, sem nenhuma dúvida, os denunciados Carlos
Otávio Galindo Gonçalves; José Costa do Nascimento; Epitácio Barbosa da
Silva; Antônio Carlos Grucci e Altamir Siqueira Ramos. O sexto elemento,
muito provavelmente, era acusado Jerônimo Matos Costa, cuja presença no
local não restou devidamente comprovada, mas que com toda certeza
integrava a quadrilha, conforme será de monstrado adiante.
1.3. O assalto foi meticulosamente planejado e preparado com bastante
antecedência, como se pode inferir dos depoimentos prestados pelos
acusados José Costa do Nascimento (fls. 262/268 do inquérito) e Altamir
Siqueira Ramos (fls. 282/287 do inquérito), tendo inclusive sido registrada a
presença de um dos membros da quadrilha (Antônio Carlos Grucci) dentro da
Agência de Penhores, cerca de um mês antes, provavelmente em missão de
reconhecimento, conforme depoimento prestado pelo vigilante (fls. 315/316 e
autos de reconhecimento de fls. 317 e 389) Onofre Gonçalves Lopes.
1.4. Ficou devidamente comprovado, nos autos do inquérito, que os
assaltantes ingressaram na Agência de Penhores através de um portão
lateral, situado à rua Piauí, nº 1.589, o qual teve sua corrente cortada com
instrumento próprio, conforme o laudo pericial de fls. 126/141. Não contando
com a presença no local - era domingo - de pessoa que possuísse as chaves
da caixa-forte e que conhecesse o respectivo segredo, levaram os mesmos,
para o interior da Agência, equipamento apropriado para o arrombamento de
cofres, descrito no laudo pericial (fls. 126/141). Portando pistolas automáticas,
os assaltantes renderam e amarraram os dois vigilantes em serviço e,
mediante ameaças, obrigaram José Monteiro dos Santos, supervisor (função
equivalente a sub-gerente) da Agência, a abrir a caixa-forte, franqueando-lhes
o acesso aos valores ali guardados.
1.5. Neste interim um dos assaltantes abriu o portão principal da Agência,
permitindo a entrada e o estacionamento no pátio interno da mesma de um
veículo Gol, de cor branca, objeto do exame pericial cujo laudo se encontra a
fls. 68/71. Para dentro deste veículo foram transportados vários sacos de
aniagem contendo o produto do roubo, a maior parte constituída de
envelopes de jóias, retirados de arquivos de aço e baús metálicos existentes
no interior da caixa-forte, os quais foram esvaziados por completo. Antes de
deixarem o local os assaltantes amarraram o supervisor e os dois vigilantes
no interior e contra as grades de ante-sala da caixa-forte, cortaram a linha
telefônica do único aparelho instalado na ante-sala e trancaram as duas
portas gradeadas, uma da caixa-forte e a outra da própria ante-sala, para
dificultar a ação dos funcionários, depois de haverem se soltado, no sentido
de comunicar-se com a autoridade policial.
1.6. O produto do roubo foi posteriormente dividido entre os membros da
quadrilha, sendo que alguns guardaram consigo as jóias recebidas na
partilha, as quais, sendo posteriormente apreendidas em seu poder, e
reconhecidas por seus proprietários (vide fls. 297, 309/310, 311/312, 736,
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753, 755, 776 e 777 deste inquérito e seu Apenso nº II), possibilitaram a
constatação de que todos os envolvidos no assalto pertencem à quadrilha
responsável pelo célebre roubo praticado contra a Delegacia do Meio Cir-
culante do Banco Central em Salvador/BA e por outros delitos da mesma
natureza na capital baiana.
De acordo com os elementos de convicção existentes nos autos deste
inquérito, foi a seguinte a participação de cada um dos acusados no assalto à
Agência de Penhores da CEF no bairro Serra, em Belo Horizonte:
a) CARLOS OTÁVIO GALINDO GONÇALVES: este acusado,em seu
depoimento prestado perante a autoridade policial (fls. 256/259), não admitiu
sua participação no assalto, embora tenha confirmado fazer parte da
quadrilha responsável pelo roubo praticado no Banco Central, no Estado da
Bahia. Foi entretanto reconhecido, tanto por fotografias como pessoalmente,
pelo vigilante Antônio Carlos Gonçalves (fls. 232, 243 e 254/255) e pelo sub-
gerente (supervisor) da Agência, José Monteiro dos Santos (fls. 234 e
254/255), como sendo um dos elementos que tomaram a mesma de
assalto,que em seu interior circulou, adentrando inclusive a caixa-forte,
portando óculos escuros e uma pistola automática. É de se registrar, também,
que este acusado esteve hospedado no Hotel Financial, em Belo Horizonte,
nos dias 10/03/90 e 17/03/90, sendo que na primeira data ocupou o mesmo
apartamento juntamente com o acusado Altamir Siqueira Ramos, que
confessou sua própria participação no crime.
b) JOSÉ COSTA DO NASCIMENTO: este acusado, em seu depoimento
prestado perante a autoridade policial (fls. 262/268), confessou sua
participação no delito, fornecendo detalhes que somente quem tivesse estado
no local e ocasião da ocorrência poderia fazê-lo. Naquela oportunidade,
confessou ter sido ele quem rendeu o vigilante mais velho (Geraldo Eliston de
Miranda), o que coincide com o depoimento deste, que o reconheceu através
de fotografia (fls. 236). Este acusado, segundo ele próprio afirmou, participou
também da rendição do 2º vigilante. Permaneceu, ainda de acordo com seu
depoimento, vigiando os guardas rendidos durante todo o assalto. Confessou
ter recebido, na partilha do produto do crime, 11 Kg de jóias, que lhe
renderam U$ 62.000 (sessenta e dois mil dólares). Foi reconhecido, tanto
através de fotografias como pessoalmente, por Antônio Carlos Gonçalves (fls.
232, 243 e 254/255) e por José Monteiro dos Santos (fls. 234 e 254/255).
Hospedou-se no Hotel Financial, em Belo Horizonte, juntamente com outros
membros da quadrilha, usando o nome falso de Lindomar Carvalho Gomes,
tendo ocupado, no dia 15/03/90, o apartamento nº 1002 com o também
acusado Epitácio Barbosa da Silva.
c) EPITÁCIO BARBOSA DA SILVA: este acusado, em seu depoimento
prestado perante a autoridade policial (fls. 271/273), negou sua participação
no delito mas admitiu fazer parte da quadrilha responsável pelo assalto ao
Banco Central, no Estado da Bahia. Foi reconhecido pessoalmente por José
Monteiro dos Santos (que também o reconheceu por fotografia - fls. 244) e
por Antônio Carlos Gonçalves (fls. 254/255) como sendo o elemento que
usava uma máscara cobrindo parte do nariz, boca e queixo, que ameaçou o
supervisor para que este não acionasse qualquer alarme e que, segundo o
vigilante, parecia ter algum problema de visão, já que enxugava os olhos com
a camisa, repetidamente. Foi reconhecido por Tânia Barbosa de Oliveira (fls.
399/400) e Flávia Maria Manetta Belém Meira (fls. 399/400), funcionárias da
Agência de Penhores da CEF, através de fotografias, como sendo o elemento
que esteve no local dias antes do assalto, portando óculos escuros espe-
lhados, observando tudo ao seu redor atentamente, não tendo na ocasião
penhorado ou retirado qualquer objeto. Hospedou-se no Hotel Financial com
outros membros da quadrilha; no dia 10/03/90 ocupava o mesmo
apartamento (1002) juntamente com o acusado Jerônimo Matos Costa,
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registrado como Bruno Gregório e, no dia 15 para 16/03/90, dividiu o mesmo
apartamento com José Costa do Nascimento, registrado como Lindomar
Carvalho Gomes.
d) ANTÔNIO CARLOS GRUCCI: este acusado, em seu depoimento prestado
perante a autoridade policial (fls. 276/279), não admitiu sua participação no
delito, mas confessou ter conduzido o acusado Jerônimo Matos Costa (Dr.
Bruno), de São Paulo para Belo Horizonte, na época do assalto, em um Gol
Branco idêntico ao utilizado neste. Ficou hospedado no mesmo hotel em que
estava o "Dr. Bruno" e outros membros da quadrilha, sem todavia se registrar;
posteriormente reconheceu o hotel como sendo o Financial (fls. 387).
Confessou receber do "Dr. Bruno", em pagamento de serviços como
motorista, valores incompatíveis (muito superiores) aos daqueles. Foi
reconhecido pelo vigilante Antônio Carlos Gonçalves (fls. 254/255) como
sendo um dos elementos que circulavam pela Agência durante o assalto,
portando um boné e uma pistola automática. Foi também reconhecido,
através de fotografia (fls. 317) e pessoalmente (fls. 389), por Onofre
Gonçalves Lopes, também vigilante da agência assaltada, como o elemento
que esteve no local um mês antes do crime, demonstrando certo nervosismo,
observando atentamente tudo ao seu redor e acompanhado de um indivíduo
que portava arma e que apresentou, quando abordado pelo citado vigilante,
uma carteira de policial civil do Estado de Minas Gerais.
e) ALTAMIR SIQUEIRA RAMOS: este acusado, em seu de poimento prestado
perante a autoridade policial (fls. 282/287), confessou sua participação no
assalto, fornecendo detalhes a respeito da preparação do delito e de sua
execução. Segundo afirma, foi ele quem dirigiu um dos veículos utilizados
pela quadrilha na ocasião, mais precisamente o Gol branco que foi conduzido
ao pátio interno da Agência de Penhores e ali estacionado e para o qual
foram levados os sacos de aniagem repletos de envelopes amarelos
contendo jóias, retirados da caixa-forte. Confessou ter recebido, na partilha
do produto do crime, dois quilos e oitocentos gramas de jóias, além de U$
800 (oitocentos dólares), parte do numerário em moeda estrangeira roubada
na ocasião. Confessou também ter se hospedado, junto com outros membros
da quadrilha, no Hotel Financial, o que coincide com os registros do
estabelecimento, que demonstram que no dia 10/03/90 este acusado
ocupava o apartamento 603, juntamente com Carlos Otávio Galindo
Gonçalves, e, no dia 15 para 16/03/90 o apartamento 602, juntamente com
Jerônimo Matos Costa, registrado como Bruno Sebastião Gregório.
f) JERÔNIMO MATOS COSTA: este acusado, único que não chegou a ser
ouvido pela autoridade policial, por ter aparentemente conseguido fugir para o
exterior, não pôde também ser identificado pelas testemunhas do crime,
sequer por fotografias. É certa, entretanto, sua participação no delito, pro-
vavelmente como líder da quadrilha durante sua execução. Veio para Belo
Horizonte em um Gol branco idêntico ao utilizado no assalto,conduzido por
Antônio Carlos Grucci, conforme consta do depoimento deste (fls. 276/279).
Esteve hospedado no Hotel Financial, juntamente com outros membros da
quadrilha, sendo certo que no dia 10/03/90 ocupava o mesmo apartamento
do acusado Epitácio Barbosa da Silva (1002); no dia 15 para16 e também no
dia 17 ocupava o apartamento 602 com o acusado Altamir Siqueira Ramos,
tendo se registrado com o nome falso de Bruno Sebastião Gregório. Sua
participação no delito se acha também comprovada através do depoimento
de José Costa do Nascimento (fls. 262/268), que afirmou textualmente,
referindo-se à questão da hospedagem dos assaltantes em Belo Horizonte:
"QUE, um dos componentes da quadrilha de nome Dr. BRUNO é que ficava
hospedado no hotel financial em Belo Horizonte;", e também: - "QUE, o
interrogado usava também o nome falso de LINDOMAR CARVALHO GOMES

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e o Dr. BRUNO GREGÓRIO também usa os nomes de JOSÉ JERÔNIMO DA
COSTA e JERONIMO MARQUES, digo JERÔNIMO MATOS DA COSTA;".
1.8. É certo, portanto, que os denunciados, em número de 6 (seis),
subtraíram coisa alheia móvel, para eles próprios, mediante grave ameaça,
exercida com emprego de armas - que todos portavam -, contra pessoas e
também depois de havê-las reduzido à impossibilidade de resistência,
amarrando-as. É certo, também que os mesmos, em número superior a três,
associaram-se em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes.
2.1. A conduta dos acusados, tal como acima descrita, realiza as figuras
típicas dos arts. 157, § 2º, incisos I e II, c/c art. 29 e 288 do Código Penal
Brasileiro, pelo que estão sujeitos à aplicação das sanções ali cominadas.
2.2. Face ao exposto, requer o M.P.F. se digne V. Exma. A receber a
presente denúncia e a mandar citar os acusados para todos os termos da
ação penal, bem como intimá-los a comparecer perante este Juízo, em data
previamente designada, para serem interrogados. Requer a expedição de
carta precatória dirigida ao Juízo da 1ª Vara da Justiça Federal - Seção
Judiciária da Bahia (Vara Privativa das Execuções Penais), requisitando a
apresentação dos acusados Carlos Otávio Galindo Gonçalves e José Costa
do Nascimento, que se encontram cumprindo pena naquele Estado (art. 360
do CPP). Também o acusado Antônio Carlos Grucci deverá ser citado através
de precatória dirigida àquela Seção Judiciária. Os acusados Epitácio Barbosa
da Silva, Altamir Siqueira Ramos (a menos que tenham sido recapturados), e
Jerônimo Matos da Costa, deverão ser citados por edital, por se encontrarem
em local desconhecido.
2.3. Requer mais o M.P.F. seja esta denúncia, afinal, julgada procedente e
condenados os acusados às penas da lei.” (fls. 02/13).
Cumpridos os trâmites legais, prolatou o magistrado a sentença, para acolher as
imputações instadas pelo Ministério Público, nesses termos:
“O Ministério Público Federal busca através da presente ação penal a
condenação de Carlos Otávio Galindo Gonçalves, José Costa do Nascimento,
Epitácio Barbosa da Silva, Antônio Carlos Grucci, Altamir Siqueira Ramos e
Jerônimo Matos Costa pela prática do crime de roubo, qualificado pelo
emprego de armas e pelo concurso de pessoas (art. 157, § 2º, I e II), e pelo
crime de formação de quadrilha (art. 288).
Consta dos autos que no dia 18.03.90, seis homens armados arrombaram a
entrada lateral e entraram na Agência de Penhores da Caixa Econômica
Federal, em Belo Horizonte, renderam dois vigilantes e obrigaram o
funcionário de plantão a abrir a caixa-forte, conseguindo subtrair da agência a
quantia de CR$ 249.100,79 (duzentos e quarenta e nove mil e cem cruzeiros
e setenta e nove centavos) em moeda nacional e estrangeira, dois aparelhos
de televisão com valor estimado em CR$ 8.300,00 (oito mil e trezentos
cruzeiros), dois aparelhos de vídeo com valor estimado em CR$ 22.524,00
(vinte e dois mil, quinhentos e vinte e quatro cruzeiros) e 145,42 kg de jóias e
outros valores dados em garantia, em relação às quais foram pagas
indenizações que chegaram, até 22.09.90, a CR$ 122.293.229,56 (cento e
vinte e dois milhões, duzentos e noventa e três mil, duzentos e vinte e nove
cruzeiros e cinqüenta e seis centavos), além de dois revólveres, marca
Taurus, calibre 38.
Vejamos, primeiramente, a prova da materialidade do crime de roubo em sua
forma qualificada (art. 157, § 2º, I e II).
A começar pela solicitação encaminhada pelo Chefe do Núcleo de Prevenção
e Perícias da Caixa Econômica Federal e o Ofício da Gerência de Operações
da Caixa Econômica Federal descrevendo o montante roubado da agência,

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fls. 353, percebe-se que não faltam provas nos autos da materialidade do
delito.
O Laudo Pericial nº 215/90, fls. 140/155, concluiu que “houve invasão seguida
de roubo de valores” e que “os assaltantes utilizaram de grave ameaça contra
funcionários a CEF (...) bem como empregaram violência e esforço físico
contra coisas, perfeitamente caracterizável nos arrombamentos do portão
localizado à Rua Piauí, nº 1589 e dos baús metálicos dos caixas que se
encontravam no interior do cofre-forte; na retirada dos cabos elétricos de
alguns circuladores de ar e, ainda, no corte da linha telefônica do aparelho
instalado na ante-sala do cofre...”.
No interior da agência foram encontrados um saco e uma caixa, contendo pé
de cabra, maçarico, alavancas, chaves ingleses, luvas de couro e cilindros de
gás, conforme descrito às fls. 22 e no laudo de fls. 140/155, material utilizado
no arrombamento do portão e próprios para o arrombamento do cofre-forte,
que só não ocorreu porque o funcionário José Monteiro dos Santos possuía
as chaves e sabia seu segredo, sendo obrigado a abri-lo. A polícia
apreendeu, dentro da agência, três envelopes contendo jóias que haviam sido
retirados do cofre.
Os depoimentos dos vigias e funcionários que se encontravam na agência no
momento do crime fornecem mais detalhes a seu respeito:
“que quando falava ao telefone com seu irmão, observou que um elemento
estranho entrou na sala onde fica a caixa-forte, sendo certo que tal elemento
tinha em uma das mãos uma pistola automática; que ficou surpreso mas não
pensou que fosse assalto, tendo certeza que era quando o tal elemento lhe
ordenou que desligasse imediatamente o telefone sem qualquer pergunta;
que logo em seguida, entrou o vigilante Geraldo Elistom de Miranda, seguido
por um desconhecido que lhe apontava o revólver” (declarações de José
Monteiro dos Santos, fls. 25).
“que, passados alguns instantes os assaltantes começaram a trazer diversos
sacos brancos e de um material parecendo plástico contendo as jóias
acondicionadas em embalagens próprias da caixa e que estavam no cofre-
forte da caixa; que os sacos eram colocados próximo da porta de saída e
outro assaltante os levava e colocava no carro que usavam, um gol de cor
branca, placa TT 4367 – São Paulo/SP” (declarações de Geraldo Elistom, fls.
30/32).” (fls. 1997/1998).
No que se refere ao crime de quadrilha ou bando, o magistrado fundamentou a
sentença nesses termos:
“O crime de formação de quadrilha, previsto no art. 288 do Código Penal
Brasileiro, também está configurado, pela organização apresentada pelo
grupo, desde o planejamento, execução e distribuição do produto do crime e
também pela prática de crime da mesma espécie contra o Banco Central no
Estado da Bahia, em relação ao qual todos os acusados, com exceção de
Antônio Carlos Grucci foram condenados. Há depoimentos que comprovam a
reunião, não eventual, do grupo para cometimento de crimes:
“mas sim é feito um contato com um receptador já conhecido da quadrilha e
de grande poder aquisitivo que vai imediatamente onde os assaltantes estão
com as jóias e rapidamente faz uma avaliação do material, fazendo uma
proposta de compra a qual normalmente é aceita após rápida negociação”
(depoimento de José Costa do Nascimento, fls. 279, sobre o que fizeram os
acusados com o produto do crime).
“que perguntado se conhece mais algum membro da quadrilha chefiada pelo
Dr. Bruno, respondeu que conhece Mirinho, Costa, Gringo e Nonato”
(depoimento de Antônio Carlos Grucci, fls. 292, referindo-se a Altamiro
Siqueira e outros acusados).
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Também as folhas de controle de hospedagem do Hotel Financial, que
serviram para comprovação da autoria do delito, também aqui serve para
comprovar o delito de formação de quadrilha, pois demonstram a organização
do grupo e sua coesão, fls. 345/349.
Configurado também está o crime de formação de quadrilha cometido por
todos os denunciados.” (fls. 2002/2003).
Passou, então, o juiz a apreciar a participação de cada acusado no crime de roubo
qualificado (art. 157, § 2º, incisos I e II, do CP), conforme passo a destacar:
“Quanto à autoria do crime, há nos autos provas suficientes para imputá-la a
todos os denunciados.
Os vigilantes e funcionários envolvidos no crime foram convocados a realizar
reconhecimento fotográfico nos arquivos da Polícia Federal, e os resultados
encontram-se nos Autos de fls. 246/250 e 257/258. Neles consta que Antônio
Carlos Gonçalves reconheceu José Costa do Nascimento como sendo o
assaltante que ficou a maior parte do tempo na caixa-forte. Também
reconheceu a fotografia de Antônio Carlos Grucci, como tendo participado do
assalto. José Monteiro reconheceu os réus José Costa do Nascimento e
Carlos Otávio Galindo, bem como Epitácio Barbosa da Silva, como sendo o
assaltante que usava máscara em parte do rosto, Geraldo Elistom
reconheceu José Costa como assaltante que o rendeu e que permaneceu
rendendo os dois vigilantes.
A partir de então, os acusados reconhecidos foram ouvidos, pois se
encontravam presos preventivamente nas dependências da Polícia Federal
na Bahia, por envolvimento em assalto ocorrido contra o Banco Central do
Brasil naquele Estado. Também foram ouvidos os demais participantes
daquele roubo, por suspeitas de que se tratava de uma quadrilha de
assaltantes.” (fls. 1998/1999).
E adiante:
“José Costa Nascimento, fls. 676/282, confessou ter participado do assalto,
fornecendo vários detalhes. Em juízo disse que:
“não prestou nenhum depoimento na delegacia (...) a assinatura não é do
acusado e ele não assinou nada (...) que a assinatura que ora lhe é exibida
aposta no interrogatório (...) é bem parecida com a sua mas não foi o
interrogando que assinou este depoimento e a assinatura não é sua”
E disse ainda que:
“esses acusados, com exceção de Antônio Grucci, participaram juntamente
com o interrogando do assalto ao BACEN, que o grupo que consta da inicial
com exceção do 4º acusado Grucci e do próprio depoente, segundo soube
através da confissão de Altamir com o qual inclusive teve contato na Bahia
quando esteve preso, foi o mesmo grupo que assaltou a CEF.”
Interrogado às fls. 290/293, Antônio Carlos Grucci negou ter participado do
crime, mas disse que levou ‘Dr. Bruno (nome falso utilizado por Jerônimo
Matos Costa) a Belo Horizonte em um gol branco, próximo ao dia 15.03.90.
Em juízo, o acusado confirmou ter trazido Jerônimo Matos Costa a Belo
Horizonte, em meados do dia 09 de março de 1990, em um gol branco
alugado na Localiza no aeroporto de Salvador e disse ter voltado a Salvador
dia 10 ou 11 de março. Negou ter participado do assalto e disse que estava
em sua casa neste dia. Foi absolvido pelo crime de roubo ao Banco Central
em Salvador, por falta de provas de sua participação, fls. 876/877 (cópias da
sentença, às fls. 881/910).
O acusado Antônio Carlos Grucci reconheceu os locais que esteve em Belo
Horizonte, juntamente com “Bruno Sebastião Gregório” quais sejam, o Hotel

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Financial e o estacionamento na Av. Amazonas onde ficou o veículo Gol, no
qual vieram de Salvador/BA.
As listas de vôo de fls. 408/409 atestam que o acusado Antônio Carlos Grucci
realmente voltou de Belo Horizonte no dia 11/03/90 para a Bahia, conforme
disse nos depoimentos, onde também afirmou desconhecer as atividades de
Bruno Sebastião, servindo apenas como seu motorista.” (fls. 1999/2000).
E ainda:
“O acusado Jerônimo Matos Costa, em seu depoimento judicial, fls.
1162/1164, afirmou não ter participado do assalto, mas disse que:
"quem efectuou o assalto foram os restantes argüidos, com os quais havia
estado um semana antes e com os quais costumava estar antes do assalto,
com os quais esteve dois dias depois do assalto, altura em que juntamente
com os restantes argüidos foi feita a divisão do ouro roubado, tendo o ora
depoente recebido cerca de 50 kg desse produto".
Disse também que:
"quando esteve hospedado no hotel Financial em Belo Horizonte, uma
semana antes dos factos, esteve sempre sozinho (...) tendo-se registrado das
vezes que lá esteve com o nome de Bruno Sebastião Gregório".
As negativas de participação no assalto formuladas pelos acusados, até
mesmo desmentindo declarações feitas na fase de inquérito, não são
suficientes para desfazer o que comprova o restante do conjunto probatório
dos autos.
Algumas jóias encontradas com o grupo na Bahia, periciadas nos autos do
IPL n° 052212/SR/DPF/BA, às fls. 750 destes autos, foram reconhecidas por
clientes da Caixa Econômica Federal, primeiramente através de fotografias,
fls. 323/327, e depois pessoalmente, fls. 767, fls. 769/770, fls. 790 e fls. 791.
O funcionário da Caixa Econômica Federal José Monteiro dos Santos
reconheceu, "de imediato, sem qualquer exitação (sic)”, os três assaltantes
anteriormente reconhecidos por fotografia, fls. 268, quais sejam, José Costa
do Nascimento, Carlos Otávio Galindo e Epitácio Barbosa da Silva. O vigia
Antônio Carlos Gonçalves reconheceu além dos três, o réu Antônio Carlos
Grucci, fls. 269.
Geraldo Eliston não reconheceu Antônio Carlos Grucci, fls. 402, mas o vigia
Onofre Gonçalves Lopes reconheceu o acusado como sendo o homem que
foi por ele abordado, por encontrar-se em atitude suspeita dentro da agência,
um mês antes do assalto, em companhia de outro que portava uma arma e
que se identificou como policial civil.
As funcionárias Tânia Barbosa de Oliveira e Flávia Maria Manetta Belém
Meira reconheceram a fotografia do acusado Epitácio Barbosa da Silva como
sendo o acusado que esteve na agência dias antes do assalto e ficou sentado
observando todo o ambiente e os funcionários, sem se utilizar de nenhum dos
serviços ali prestados.
Folhas de Controle de Hospedagem do Hotel Financial em Belo Horizonte,
indicam a presença nos dias 10/11 e 16/18 de março de 1990 de Epitácio B.
da Silva (10/11 e 16/18 de março), Bruno S. Gregório, nome falso de
Jerônimo Matos Costa (10/11 e 16/18 de março), Altamir Siqueira (10/11 e
16/18 de março), Lindomar C. Gomes, falso nome utilizado por José Costa do
nascimento (16/18 de março) e Carlos G. Gonçalves (10/11 e 17/18 de
março), fls. 345/349.
Estas fichas de controle aliadas aos depoimentos testemunhais e
reconhecimentos dos acusados permitem que sejam todos os réus
condenados, mesmo que alguns deles tenham negado a participação ou dito
que desconheciam as "atividades" do grupo.
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Vê-se claramente que todos os denunciados participaram, cada qual com sua
função, do roubo cometido na Agência de Penhor da Caixa Econômica
Federal em Belo Horizonte, no dia 18.03.90, previsto no art. 157 do Código
Penal Brasileiro, incidindo sobre o fato as agravantes previstas no § 2°,
incisos I e II, pelo concurso de pessoas e emprego de armas.” (fls.
2001/2002).
Esses, portanto, os fundamentos da sentença, à cuja vista impõe-se examinar as
alegações dos recursos dos apelantes.
Do crime de roubo qualificado (art. 157, § 2º, I e II, do Código Penal)
No que se refere ao crime de roubo qualificado, a materialidade da prática delitiva é
induvidosa. Basta cotejar o Ofício da Gerência de Operações da Caixa Econômica Federal,
descrevendo o montante roubado da Agência (fl. 353); os autos de apresentação e apreensão de fls.
1690/1692, relacionando jóias apreendidas em poder do integrante da quadrilha, Epitácio Barbosa
Teixeira, relativos aos bens subtraídos (jóias encontradas com a quadrilha, periciadas nos autos da
ação penal n. 90.3769-7 - IPL n. 1.153/90/SR/DPF/BA -, relacionadas no Laudo Pericial n. 05212 –
fls. 719/734 - e reconhecidas por clientes da CEF por fotografia às fls. 323/327, e, pessoalmente, às
fls. 767, 787, 769/770, 790, 791); pelas fichas de controle do Hotel Financial, em Belo Horizonte (fls.
345/352) e laudos periciais de exame em local de arrombamento n. 215/90, acostados às fls.
140/148, que são conclusivos no sentido de que “houve invasão seguida de roubo de valores
(aparelhos eletrônicos, jóias e em espécime) do Posto de Penhores/Serra da Caixa Econômica
Federal, situado à Rua Cláudio Manoel n. 197” (fl. 147).
Apelação do acusado ANTÔNIO CARLOS GRUCCI
Nas razões oferecidas pelo acusado ANTÔNIO CARLOS GRUCCI (fls. 2169/2179),
sustenta-se que não restou comprovada sua participação nos crimes contra si irrogados.
Não é essa, todavia, a conclusão a que se chega da análise do conjunto probatório
acostado aos autos, que não deixa dúvida quanto a sua participação no evento, tendo em vista que
foi reconhecido pelos vigilantes e funcionários da Caixa Econômica Federal – CEF, por fotografia (fls.
257, 269 e 331) e pessoalmente (fls. 269 e 403), fato este ratificado pelo depoimento das
testemunhas em Juízo (fls. 1.244/1.245 e 1.246/1.247).
Ademais, existem provas nos autos de que o réu esteve sondando a Agência de
Penhor da CEF em que ocorreu o assalto, fato este, inclusive, confirmado pelo depoimento de
Onofre Gonçalves Lopes, vigia da Caixa Econômica Federal, segundo o qual, mais ou menos um
mês antes do ocorrido, este réu foi abordado no interior da agência onde ocorreu o assalto, em
atitude suspeita, conforme depoimento de fl. 403-v, verbis:
“QUE, volta a afirmar que não existe a menor dúvida de que Antônio Carlos
Grucci é a mesma pessoa que acompanhava o homem que se identificou
como policial quando abordado pelo declarante no interior da Agência Penhor
da CEF-Serra, nesta Capital, há mais ou menos um mês antes da Agência
ser assaltada.”
Cumpre mencionar que o próprio réu declarou, à fl. 411, ter viajado de Salvador a Belo
Horizonte transportando Jerônimo Matos Costa, integrante da quadrilha, conduzindo um veículo Gol
branco, possivelmente o utilizado pela quadrilha no roubo à Agência da Caixa Econômica Federal,
tendo ainda afirmado, na ocasião, ter retornado a Salvador no dia 10 ou 11 de março, fato este que
restou demonstrado nos autos, pela lista de vôo de fls. 408/409.
Ataca, finalmente, a dosimetria da sanção, que entende estar desvinculada do
princípio da proporcionalidade, não tendo assegurado a devida individualização da pena. Alega que a
alusão às circunstâncias judiciais que seriam desfavoráveis ao réu se deu de forma genérica,
imprecisa e vaga, não sendo suficiente para atender às exigências do art. 59 do Código Penal.
Ocorre que, no particular, a sentença se encontra devidamente fundamentada, nesses termos:
“Antônio Carlos Grucci agiu, no presente caso, com alto grau de
culpabilidade, tendo em vista a gravidade da espécie do delito cometido, que
teve alto poder ofensivo e causou sérios danos e prejuízos à CEF e à
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sociedade em geral. Este acusado não possui bons antecedentes. Há
registros em sua folha de antecedentes criminais, o que demonstra a
tendência de sua personalidade ao cometimento de crimes. Exerce a
profissão de motorista. Participou dos fatos delituosos apurados nestes autos,
juntamente com os demais integrantes do grupo criminoso, que era
organizado especificamente para a prática deste tipo de delito. O motivo para
praticar o delito foi obtenção de grande soma em dinheiro em detrimento da
autarquia federal, por meio de ação altamente reprovável, organizada pela
quadrilha. O crime cometido trouxe conseqüências bastante graves, com
grande prejuízo à Caixa Econômica Federal, que efetuou o pagamento de
grande soma em indenizações aos clientes lesados, que suportaram diversos
transtornos para reaver os seus objetos pessoais dados em garantia.
Por estas razões, em relação ao delito do art. 157, § 2°, incisos I e II do
Código Penal, fixo a pena-base acima do mínimo legal, em 7 (sete) anos de
reclusão. Diante da incidência, na espécie, das causas especiais de aumento
previstas nos incisos I e II do § 2° do art. 157 do Código Penal, aumento pela
metade a pena-base, totalizando 10 (dez) anos e 6 (seis) meses de reclusão.
Pelas mesmas razões, fixo a pena de multa em 80 (oitenta) dias-multa no
valor unitário de 1/30 (um trigésimo) do salário mínimo vigente na data dos
fatos, atualizada no dia do pagamento.
Quanto ao delito de formação de quadrilha, previsto no art. 288 do Código
Penal, levando em conta as circunstâncias judiciais, fixo a pena-base acima
do mínimo legal, em 1 (um) ano e 10 (dez) meses de reclusão. Em vista da
causa especial de aumento de pena prevista no parágrafo único do artigo,
aumento da metade a pena fixada, totalizando 2 (dois) anos e 9 (nove) meses
de reclusão.
Na falta de outras agravantes ou atenuantes e causas especiais de aumento
e diminuição a considerar, torno definitivas as penas aplicadas.
O regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade é o fechado,
conforme o art. 33, § 1°, alínea "a" e § 2°, alínea "a" do Código Penal. Tendo
em vista as circunstâncias judiciais, não lhe concedo o direito de recorrer da
sentença em liberdade.” (fls. 2006/2007).
Estéril, portanto, o seu recurso.
Apelação do réu JOSÉ COSTA DO NASCIMENTO
Nas suas razões de recurso oferecidas às fls. 2396/2397, este acusado sustenta, em
síntese, que “somente foi punido em face de seus antecedentes criminais e por ter praticado outros
crimes, contudo não com base em provas de que tenha praticado o crime” (fl. 2396).
Não é essa, todavia, a conclusão a que se chega da análise do conjunto probatório
acostado aos autos, que não deixa dúvida quanto a sua participação no evento, senão vejamos:
Quando de seu interrogatório na fase policial, confessou o próprio engajamento na
prática ilícita (fls. 276/281), tendo, na ocasião, narrado com riqueza de detalhes toda a operação
criminosa, no que se refere ao motivo da escolha daquela Agência da CEF, no tocante à forma de
atuação de cada assaltante, número de veículos utilizados, a forma de divisão do produto do crime,
bem como a destinação do produto do roubo, nesses termos:
“(...) Que o interrogado faz parte da quadrilha que assaltou o Banco Central
de Salvador/BA, motivo pelo qual se encontra preso preventivamente em
razão de ordem do Meritíssimo Juiz Federal da 2ª Vara Criminal deste
Estado; Que, o assalto ao Banco Central ocorreu nos dias 07/08 de julho
passado e rendeu para a quadrilha um bilhão e cinqüenta milhões de
cruzeiros, cabendo cento e quatro milhões de cruzeiros para cada
participante; Que, cientificado pela autoridade policial que foi reconhecido
como um dos assaltantes da Caixa Econômica Federal, agência penhor de
Belo Horizonte, ocorrido em 18.03.90, esclarece que realmente participou
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daquele assalto, sendo inclusive o elemento que efetuou a rendição do
vigilante o mais velho que estava assentado dentro da agência ouvindo rádio
de pilha e com a porta de vidro aberta; Que, após render o vigilante, o
interrogado que se fazia acompanhar por outros dois elementos também
assaltante, invadiram as dependências da agência para verificar se lá dentro
havia mais alguém, acabando por encontrar o gerente da agência que estava
telefonando; Que, dominando o gerente e o vigilante mais velho e verificando
que dentro da agência não havia mais ninguém, perguntaram ao vigilante se
havia mais pessoas na agência, sendo informado que havia outro vigilante
que estava descansando em um quartinho existente no pátio da agência; que,
por determinação dos assaltantes o vigilante os conduziu até o quarto onde
foi rendido o vigilante mais novo, sendo ambos conduzidos para o interior da
agência e colocados em seus lugares habituais; Que, os vigilantes foram
desarmados e após terem suas armas descarregadas, as receberam de volta,
pois assim quem os visse consideraria a situação normal; que, o interrogado
foi quem ficou vigiando os dois vigilantes enquanto outro assaltante de posse
da chave do portão da garagem da agência para lá se dirigiu e o abriu,
comunicando aos outros elementos do grupo que estavam lá fora que a
agência estava sob domínio e que poderiam entrar; Que, assim o veículo
GOL Branco foi colocado dentro do pátio da agência sendo retirado do porta
malas do carro o maçarico e seus acessórios, além de um saco de fibras
sintéticas contendo ferramentas de tamanho grande; Que, esse material seria
destinado ao arrombamento da caixa forte pois acreditavam que seria
necessário uma vez que não supunham encontrar dentro da agência o
gerente que abrisse o cofre forte, como aconteceu; que, o bando portava
armas de calibre 45, nove milímetros, 765, e 357; Que, um dos assaltantes
coagiu o gerente a abrir o cofre, ameaçando-o se não obedecesse; Que,
aberto o cofre ali ingressaram dois assaltantes e o gerente da Caixa, sendo
arrombadas as gavetas dos armários que continham as jóias penhoradas
bem como as caixas de metal que continham pequenas importâncias em
dinheiro; Que, também foi encontrada certa quantidade de dólares em uma
das caixinhas de metal, os quais também foram roubados pela quadrilha; que,
as jóias foram acondicionadas em sacos de fibras sintéticas, acreditando o
interrogado terem sido cheios quatro ou cinco sacos; Que, os sacos foram
colocados no GOL branco e o interrogado e outro assaltante entraram
naquele carro que foi dirigido por outro elemento; Que, haviam três veículos
do lado de fora da agência para serem usados como apoio aos assaltantes se
necessário; Que, esses veículos eram um Monza preto, um Passat verde
Musgo e um Uno branco com placas de Governador Valadares; Que esses
três veículos eram de propriedade dos assaltantes e usavam suas placas
reais; Que, os outros dois veículos, um GOL branco e outro azul eram carros
furtados e estavam com placas frias pois era de uso ostensivo; Que, dessa
forma haviam cinco veículos no assalto que praticaram; Que, também eram
oito elementos os componentes da quadrilha, esclarecendo o interrogado que
em hipótese alguma declinará os nomes de seus companheiros de assalto
como também não fornecerá qualquer dado que possa facilitar a identificação
ou localização daqueles elementos; Que, após terminarem o assalto os
assaltantes apanharam também duas televisões pequenas e dois
videocassetes que estavam instalados próximo à sala gradeada que
antecede a entrada do cofre forte, os quais também foram levados por eles;
Que, um dos assaltantes colocou três saquinhos de jóias no quarto usado
pelos vigilantes, esclarecendo o interrogado que quando saiam com os sacos
de jóias tiraram alguns saquinhos de jóias penhoradas e ofereceram para os
vigilantes, mas todos os dois vigilantes recusaram de pronto a oferta; Que, os
saquinhos de jóias colocadas no quarto dos vigilantes foram ali postos por
iniciativa exclusiva de um dos assaltantes e sem qualquer aquiescência dos
vigilantes; Que, também o gerente da agência abriu de pronto a caixa forte
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porque não tinha alternativa para agir de outra forma; Que, as armas dos
vigilantes também foram levadas pelos assaltantes e depois dadas para
pessoas amigas, vez que são consideradas ineficazes e obsoletas pelos
componentes da quadrilha do interrogado; Que, apesar de todos os
assaltantes usarem armas de grosso calibre para praticarem o assalto e com
elas ameaçarem os vigilantes e o gerente, nenhuma violência física, chegou a
ser praticada pelos assaltantes contra aqueles; Que, terminado o assalto
todos os componentes saíram da agência, tendo antes dois deles amarrado
dentro da sala gradeada que antecede cofre os vigilantes e o gerente da
agência, usando para isso fios de telefone que arrancaram; Que, a sala
gradeada foi trancada e todos foram embora; Que antes de abrir a caixa forte,
um dos assaltantes arrombou uma mesa da gerência onde estava guardada a
chave do cofre; Que, ato contínuo os assaltantes ocuparam os cinco carros
que usaram no assalto e se dirigiram para uma casa que havia alugado
anteriormente a fim de fazerem a pesagem das jóias furtadas e a respectiva
partilha entre todos; Que, constatou que tinham roubado em torno de cento e
vinte quilos de jóias, cabendo a cada participante 11 quilos de ouro; que,
perguntado se eram oito os assaltantes e cada um recebeu onze quilos de
ouro, na realidade haviam sido furtados 88 quilos de jóias e não cento e vinte,
ao que respondeu que os onze quilos que receberam representaram o lucro
líquido apurado no assalto eis que foram abatidas todas as despesas feitas
pelos assaltantes e que incluía desde o planejamento até a execução do
assalto; Que, as jóias roubadas são pesadas pelos assaltantes e divididas
entre eles, entretanto nenhum deles saem levando consigo a parte que lhe
coube, mas sim é feito um contato com um receptador já conhecido da
quadrilha e de grande poder aquisitivo que vai imediatamente onde os
assaltantes estão com as jóias e rapidamente faz uma avaliação do material,
fazendo uma proposta de compra a qual normalmente é aceita após rápida
negociação; Que, combinado o preço o receptador efetua o pagamento em
dólar e já sai dali levando as jóias, produto do assalto e que acabava de
adquirir; que, especificamente no assalto da CEF/PENHOR/BH, coube ao
interrogado e aos demais participantes a importância de sessenta e dois mil
dólares para cada um; Que, terminantemente se recusa a fornecer o nome ou
dados que possam ajudar na identificação ou localização do receptador; Que,
também entende que não deve fornecer dados sobre a casa alugada pela
quadrilha, todavia afirma que se localiza em um bairro classe média alta,
zona sul de Belo Horizonte e que é uma casa velha e com um muro alto na
frente de cor cinza, ficando próximo de um Posto de gasolina Atlantic que tem
um restaurante ao lado; que, os saquinhos que acondicionavam as jóias
foram queimados e as cinzas enterradas no quintal da casa; no quintal da
casa; Que, afirma categoricamente que todas as jóias furtadas e vendidas em
um único lote ao receptador foram selecionadas e aquelas que valiam a pena
serem mantidas como jóias o foram e as outras foram derretidas e
transformadas em barras de ouro, sendo todas encaminhadas para os
Estados Unidos; Que, o receptador é um comerciante de jóias, de porte
internacional; Que, a quadrilha do interrogado é composta efetivamente de
seis elementos sendo certo que as vezes recrutam mais um ou dois, as vezes
até mais, dependendo do assalto a ser feito; que no caso da
CEF/PENHOR/BH foram oito os participantes e aquela agência foi escolhida
no mês de janeiro desse ano, esclarecendo o interrogado que a quadrilha
antes de decidir pelo assalto da agência da Rua Cláudio Manoel 197, bairro
da Serra, analisou também a outra agência de penhor da CEF em Belo
Horizonte localizada no bairro da floresta, próximo a um Posto de gasolina e
ainda da linha férrea; Que, tendo observado que na agência que fica próxima
ao Posto de Gasolina havia um vigilante armado e que a Rua era
movimentada mesmo nos fins de semana e ainda a existência do Posto de
gasolina, concluíram que seria mais fácil assaltarem a agência da Serra que
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ficava em uma rua de menor movimento e de mais fácil penetração; Que
assim, em princípio de março, os elementos da quadrilha do interrogado
passaram a vigiar aquela agência da CEF nos sábados e domingos, tomando
conhecimento de tudo que ali ocorria naquele dia; Que, inclusive observaram
que havia um policial militar que passava na porta da caixa e as vezes
entrava na agência no final de semana, ali ficando a conversar com os
vigilantes, as vezes por mais de um hora; Que, constatado que o dia ideal
para o assalto era domingo de manhã, ficou combinado que todos os
elementos da quadrilha que iriam participar do assalto se reuniriam na sexta-
feira ou no sábado, sendo no Hotel Financial escolhido como o “QG” da
quadrilha, pois ali ficava o elemento que devia receber o recado dos outros
que chegavam; Que, os componentes da quadrilha ficam sempre em hotéis
distintos, ficando no máximo dois elementos no mesmo hotel, isto por medida
da segurança; que, um dos componentes da quadrilha de nome Dr. Bruno é
que ficava hospedado no Hotel Financial em Belo Horizonte; Que, outro
intregante da quadrilha de nome Nilsinho é que ficava encarregado de furtar
os carros que seriam utilizados no assalto, ficando também encarregado de
providenciar as placas frias para os veículos; Que esses veículos não em
garagem de hotel, mas sim em estacionamento particular ou passam a noite
estacionados na rua; Que, normalmente existe um local pré-determinado para
o encontro da quadrilha de onde vão para um restaurante se alimentar e
discutir detalhes sobre o assalto; Que, no sábado que antecedeu ao assalto
também foi feita uma campana na agência visada tendo sido observadas
todas as pessoas que ali entravam e saiam; Que, antes de iniciarem o assalto
da agência CEF/PENHOR da Serra a quadrilha foi até a agência da
CEF/PENHOR/FLORESTA, local onde era pretensão realizar o assalto; que,
diante das dificuldades já citadas acharam melhor assaltar a agência da
serra, pois as condições eram mais favoráveis; Que, todas as duas agências
de Penhor foram observadas em dois ou três fins de semana (...)” (fls.
276/281).
Não obstante tenha o réu se retratado quando de seu depoimento em juízo (fls.
1.020/1.024), este fato, contudo, não tem o condão de invalidar sua confissão na fase pré-
processual, visto que os relatos, no concernente aos pontos essenciais, apresentam-se coerentes
com as demais provas dos autos.
Ademais, o réu José Costa do Nascimento foi reconhecido pelos vigilantes da Caixa
Econômica Federal – CEF, por fotografia (fls. 246, 248, 250 257 e 258) e pessoalmente (fls. 268-v e
269).
Cumpre, ainda, observar que, no período do evento criminoso, este acusado,
juntamente com outros integrantes da quadrilha, esteve hospedado no Hotel Financial, localizado na
Av. Afonso Pena, Praça Sete, em Belo Horizonte, conforme folhas de controle do hotel, acostadas às
fls. 344/352, fato este que só vem corroborar sua participação no episódio que se discute nestes
autos.
Pede, ainda, o réu, em suas razões de recurso, que seja afastada a qualificadora do
parágrafo 2º, incisos I e II, do art. 157 do Código Penal e a conseqüente diminuição da pena,
argumentando, para tanto, que nenhuma arma foi apreendida.
Tais alegações foram devidamente examinadas no opinativo ministerial, da lavra do
Procurador Regional da República, dr. José Osterno Campos de Araújo, que, por sua pertinência,
adoto como razões de decidir, nesses termos:
“Com relação à agravante de uso de arma de fogo, a testemunha Antônio
Carlos Gonçalves, vigilante da agência assaltada, descreveu, em juízo, com
minuciosos detalhes o delito, destacando que suas armas foram roubadas
pelos agentes:
"que os assaltantes chegaram à agência por volta de nove horas e armados e
renderam primeiramente Geraldo Miranda, posteriormente, o subgerente
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PODER JUDICIÁRIO 15
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 2005.01.00.018791-3/MG
Monteiro e, por último, o depoente, que estava tomando café num quartinho
fora a agência,- que os assaltantes tomaram as armas do depoente e seu
colega e os colocaram sentados no interior da agência, sendo que o
depoente foi colocado de costas para a rua, de maneira que podia ver
perfeitamente os rostos dos assaltantes, que estavam descobertos, enquanto
Miranda foi colocado virado para a rua Cláudio Manoel, dando a impressão
de que tudo estava normal." (fls. 1244)
Neste passo, não se deve dar trânsito à alegação de que não seria possível
averiguar a veracidade das armas utilizadas pelos assaltantes, visto que
estavam em seu poder também as armas dos vigilantes, estas, seguramente,
verdadeiras.” (fl. 2422).
Desta feita, dúvida não há quanto à participação deste apelante no evento delituoso,
devendo, ainda, ser mantida a qualificadora de uso de arma de fogo, como acima destacado.
Conclui-se, destarte, ser infrutífero este recurso.
Apelação do réu CARLOS OTÁVIO GALINDO GONÇALVES
Nas suas razões de recurso, oferecidas às fls. 2285/2287, este acusado sustenta, em
síntese, que “não houve a devida comprovação de autoria, nem mesmo achou-se a arma
supostamente usada no assalto que o Apelante não participou” (fl. 2286). A afirmativa é
improcedente, à falta de prova feita pelo apelante capaz de afastar as coligidas em seu desfavor,
atestando sua implicação nos fatos em exame.
Não é essa, todavia, a conclusão a que se chega da análise do conjunto probatório
acostado aos autos, que não deixa dúvida quanto a sua participação no evento, senão vejamos:
O apelante foi reconhecido pelos vigilantes da Caixa Econômica Federal – CEF, por
fotografia (fls. 246, 248, 257 e 258) e pessoalmente (fls. 268-v e 269).
Cumpre, ainda, observar que, no período do evento criminoso, este acusado,
juntamente com outros integrantes da quadrilha, esteve hospedado no Hotel Financial, localizado na
Av. Afonso Pena, Praça Sete, em Belo Horizonte, conforme folhas de controle do hotel, acostadas às
fls. 344/352, tendo, inclusive, dividido o apartamento com o também denunciado Altamir Siqueira, réu
confesso do assalto à Agência de Penhor da Caixa Econômica Federal, fato este que só vem
corroborar sua participação no episódio que se discute nestes autos.
No que se refere ao inconformismo do réu quanto à qualificadora do uso de arma,
igualmente não merece acolhida, considerando que, segundo prova testemunhal, este apelante,
durante o evento delituoso, portava uma pistola automática.
Desta feita, não obstante tenha o apelante negado sua participação no evento
delituoso, na verdade, existem nos autos provas robustas em seu desfavor, aptas a lastrear um
decreto condenatório, devendo, assim, ser mantida a sentença condenatória.
Do crime de formação de quadrilha e ameaça (arts. 288 e 147 do CP)
O art. 288 do Código Penal pune o crime de quadrilha ou bando, definido nos
seguintes termos: “associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de
cometer crimes”.
Assim, no crime de quadrilha ou bando, os seus membros associam-se, de forma
estável e permanente, para a prática de indeterminado número de crimes. O delito do art. 288 exige
um vínculo associativo entre os membros da quadrilha, que seja permanente, e não eventual,
esporádico. Exige-se para a configuração do crime de quadrilha um vínculo permanente, constante,
para a prática reiterada de crimes, ou seja, para a concretização de um programa delinqüencial, fato
este que restou demonstrado nos autos pelo depoimento de José Costa do Nascimento (fl. 279), que
confirma a ação do grupo criminoso em diversos Estados, inclusive no assalto ao Banco Central em
Salvador/BA.
Diante do exposto, nego provimento às apelações.
É o voto.
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