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Na segunda-feira de cinzas, de volta à vaca fria

Alceu A. Sperança

Na segunda-feira de cinzas se
extinguiram em alguns estados, embora
ainda prossigam no plano federal, as
fantasias róseas e coloridas vendidas pelos
engabeladores profissionais. Depois delas,
os brasileiros voltam à vaca fria: ralar para
pagar a conta da crise.

O que se viu na campanha eleitoral no Brasil foi uma


sólida/sórdida união de contrários aparentes. Com um mesmo
propósito, partidos explicitamente neoliberais repartem os feudos
estaduais com grupos que se apresentam como de “esquerda”,
inclusive socialistas ou comunistas.
A escolha, entre dois ou três possíveis gerentes previamente
definidos, de qual deles fará o papel de tornar o Brasil uma potência
capitalista é um peixe estragadíssimo que o eleitorado está comendo
com a farinha da despolitização.
Alguns desses chamados partidos de “esquerda”, “social isso ou
aquilo”, “socialistas”, “verdistas” ou “cidadanistas”, não só servem
ao capitalismo como também abrem espaço à desmobilização dos
povos, frente a uma dura realidade.
Não há como considerar apenas iludidos ou desinformados os que
se prestaram ao jogo eleitoral neoliberal nestas eleições. Pelo menos
nas cúpulas, espertíssimas, é uma opção intencional.
Na Europa e nos EUA, os povos se submetem a estruturas de
poder que não resolvem seus problemas. Assim, tentam novas
fórmulas. Os primeiros testes se deram na Ucrânia e outros países
dominados por mafiosos na ex-URSS e agora vigoram na Itália e no
Chile: milionários chefiando o governo.
Outra é a experiência de colocar no poder sindicalistas pró-capital,
como Polônia e Brasil, que deu na desmobilização do movimento
popular, despolitização, aprofundamento das estruturas tradicionais
de poder e submissão capitalista. Heureca, as duas fórmulas
funcionam!
Há também variações: a esperança negra (Obama), a “onda
verde”, a mulher no poder (como se não houvesse as Margareths
Thatcher da vida)...
Mas apesar de todas as ilusões eleitorais, a atual crise, que engole
o mundo e vai se mostrar com muita força no Brasil depois do
segundo turno, é enfrentada pelos novos governos mais ou menos da
mesma forma, na modalidade “reestruturação do capital”.
Essa fórmula mágica impõe a “flexibilização” do trabalho (ou
flexinsegurança, como já se diz na Europa). Isso quer dizer
desmantelamento da seguridade social, crescente
precarização/privatização da saúde e da educação, salários e
aposentadorias congelados ou arrochados.

Na “Flex”, para os íntimos, tudo


funciona para reduzir o valor da
força de trabalho, aumentar a
exploração e os lucros dos
vencedores/financiadores das
eleições aqui, na Colômbia e no
Caixa-Prego (ou Dois).

No mundo todo, a receita dos controladores dos cordéis é jogar


todo o peso da crise e sua respectiva conta sobre os ombros dos
trabalhadores, aos quais será exigido calar-se por bem ou por mal.
Por “bem”, com uma intensa propaganda insinuando que o
“sacrifício será de todos” e que os grandes bilionários concordaram
em repartir suas fortunas com os pobres. Ora, se os maiores ricaços
do planeta vão doar metade de suas fortunas aos pobres, por que os
pobres não fariam um generoso “sacrificiozinho” a mais em
benefício de “todos”?
E por mal? É o que já se vê na Colômbia, Grécia, França,
Espanha, Tailândia, Moçambique e Alemanha. O cacete no lombo.
Milhões saem às ruas para lutar por demandas nada revolucionárias,
apenas social-democratas (estabilidade no trabalho, direito ao
emprego, aumento justo de salários e pensões, saúde e educação
gratuitas e com qualidade) e estão sendo combatidos a cassetete.
Como esses governos não são capazes de resolver os problemas,
recorrem à violência interna, reprimindo os descontentes, e externa,
recorrendo às guerras. É por bem ou por mal. Mas pouco bem, e um
bem ilusório. E muito mal, com cortes de direitos e exigência de
sacrifícios. Até este domingo reinou a ilusão. Amanhã começa a
hora da verdade.
alceusperanca@ig.com.br
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O autor é escritor

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