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21/08/2018

AULA DIREITO PENAL IV


TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
TÍTULO VI SEXUAL-ARTIGO- 213-234
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
 CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL (Modificações introduzidas
CAPÍTULO I-II-III-IV-V E VI pela Lei 12.015, de 7 de agosto de 2009)

ARTIGO 213 À 234  1.1 Crimes contra a liberdade sexual


 1.2 Crimes sexuais contra vulnerável
 1.3 Do lenocínio e do tráfico de pessoa para fim de prostituição ou
outra forma de exploração sexual
Diego Augusto Bayer  1.4 Do ultraje público ao pudor

6º Semestre
 Mudanças com a Lei 12.015/2009

TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE TÍTULO VI-DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL-ARTIGO- 213-234 SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL  CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL (Modificações introduzidas
pela Lei 12.015, de 7 de agosto de 2009)
 Estupro
 CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave  Estupro (art. 213) O delito consiste em obrigar alguém (homem
ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ou mulher) à conjunção carnal ou outro ato libidinoso, mediante
ele se pratique outro ato libidinoso: violência física ou grave ameaça.
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se • Qualquer ato libidinoso, mesmo que preparatório para a conjunção
a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: carnal, já consuma o delito.
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2o Se da conduta resulta morte: • A tentativa se configura com a prática da violência ou grave
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos ameaça, antes de iniciadas as manobras sexuais.

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• O sujeito ativo é comum (qualquer pessoa). Homem é estuprado por três mulheres em novo caso de roubo de
sêmen na África do Sul
• O sujeito passivo pode ser tanto homem como mulher, desde que Homem foi deixado a cerca de 550 quilômetros de onde foi abordado
maior de 14 anos e capaz de discernimento e defesa. Um homem de 33 anos foi sequestrado e estuprado por três mulheres que
queriam roubar seu sêmen em Port Elizabeth, na África do Sul. Segundo o
jornal britânico Daily Mail, o sequestro inusitado foi realizado por três
• Prostituta ? Transexual ? Estupro Marital ? Beijo ? mulheres armadas, à bordo de um BMW. O homem foi forçado a entrar no
veículo.
• Existe estupro sem contato físico ? Segundo o jornal Daily Mail, dentro do carro, as mulheres começaram a
acariciar o homem para que ele ficasse excitado. Como não conseguiram por
conta do medo da vítima, as suspeitas obrigaram o rapaz a beber uma
• A discordância da vítima é elemento implícito do crime. “Síndrome da substância desconhecida para conseguir a ejaculação.
Mulher de Potifar”. Aquele fato fez nascer no Direito Penal a Síndrome
As mulheres, então, coletaram o sêmen e, segundo o jornal, armazenaram
da Mulher de Potifar, importante figura jurídica, que trata da mulher em sacos plásticos e o acondicionaram em caixas térmicas. A vítima foi
que rejeitada faz denúncia apócrifa com a intenção de punir a pessoa deixada a cerca de 550 quilômetros do local onde foi abordado. A polícia
que a rejeitou. abriu uma investigação para apurar o estupro.
Em 2012, três mulheres foram presas na província de Gauteng, no mesmo
• A violência deve ser física (caso contrário será ameaça) e exercida país, acusadas de sequestrar homens para forçá-los a fazer sexo. Os sêmens
contra a própria vítima. seriam vendidos para pessoas que utilizavam o fluído para rituais.

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Noiva erra de quarto e faz sexo com padrinho após casamento na
China • A violência contra animais e terceiros pode configurar grave
Noiva errou de quarto ao voltar do banheiro na manhã após o casamento. ameaça. O objeto jurídico é a liberdade sexual.
Casal processou padrinho, mas Justiça disse que ele não fez nada errado. • A reiteração das relações sexuais ou dos atos libidinosos
Uma noiva chinesa se confundiu e fez sexo com um dos padrinhos na manhã caracteriza crime único. Trata-se de crime hediondo (tanto
seguinte após seu casamento na comarca de Napo, em Guangxi. A mulher disse
que só percebeu que o homem na cama não era seu marido após o fim do ato
na forma simples como nas qualificadas pelas lesões graves
sexual. ou morte).
Segundo a imprensa chinesa, a noiva estava na cama com o marido, mas
• A ação penal é pública condicionada à representação da vítima
levantou para ir ao banheiro. Na saída, desnorteada, a mulher errou de quarto e
acabou deitando na cama em que estava o padrinho. O homem começou a (art. 225), exceto se ocorrerem lesões corporais graves ou
cariciá-la, e os dois fizeram sexo. morte, quando a ação penal será pública incondicionada (art.
Ao descobrir que havia mantido relações sexuais com o padrinho, a noiva se 100 do CP).
desesperou e acusou o homem de abuso. Ela e seu marido pediram uma
indenização 20 mil iunes (R$ 7,16 mil), mas o padrinho se negou a pagar a
 Anotações especiais: ♦ Conjunção carnal é a introdução
quantia. Sem acordo, o casal chegou a entrar com uma ação contra o padrinho, completa ou incompleta do pênis na vagina, pouco
mas a Justiça considerou que ele não teve nenhuma culpa, pois foi a mulher importando se há ou não ejaculação. ♦ Ato libidinoso é
quem errou de quarto e manteve sexo consensual, sem perceber que o homem todo aquele que visa à satisfação da lascívia (cópula
não era seu marido. O incidente ocorreu no dia 30 de agosto, mas foi divulgado vulvar, sexo anal, oral, carícias etc.). ♦ Este é um crime
neste mês pela imprensa chinesa.
hediondo (art.1o, V, da Lei no 8.072/90).

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• Qualificada  Violação sexual mediante fraude
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a
vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou
§ 2o Se da conduta resulta morte: dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter
Crime Preterdoloso. Necessita de culpa no resultado. vantagem econômica, aplica-se também multa.

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• O crime pode ser cometido por qualquer meio que impeça ou dificulte
 Violação sexual mediante fraude - O agente, aqui, não a livre manifestação de vontade da vítima (ex. sorrateiramente, fazer
emprega violência ou grave ameaça, mas utiliza fraude ou com que a vítima consuma entorpecentes ou anestésicos, como no
qualquer outro meio para enganar a vítima ou colocá-la em golpe conhecido como “boa noite cinderela”).
situação de incapacidade e obter a conjunção carnal ou outro
ato libidinoso.
• Tanto o sujeito ativo como o passivo podem ser homem ou mulher.
Consuma-se o crime com o primeiro ato libidinoso. Admite tentativa
• Como ensina Magalhães Noronha, a fraude “é o estratagema, (ex. é empregada fraude ou outro meio turbador da vontade, mas não
o ardil, o embuste, o engodo, destinado a fazer a vítima se realizando a prática libidinosa).
acreditar em uma situação que a leva ao ato desejado pelo
agente, quando, na verdade, é inexistente essa situação” (ex.  Anotações especiais: ♦ Se a vítima é menor de 14 anos, ou, por
curandeiro que convenceu a vítima de possuía fístula interna, enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
necessitando, assim, de tratamento especial). discernimento para a prática do ato, ou se, por qualquer outra
causa, não pode oferecer resistência, o crime será de estupro
de vulnerável (art. 217-A). ♦ No estupro de vulnerável a vítima
já é encontrada pelo agente na situação de incapacidade. Na
violação sexual mediante fraude ele, por fraude ou outro meio
coloca a vítima em tal situação.

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Homem se passa por irmão gêmeo e faz sexo com a cunhada Pastor abusava de fiéis dizendo que tinha pênis abençoado
Mulher descobriu que estava sendo enganada ao perceber que o homem O pastor Valdeci Picanto Sobrinho (foto), de 59 anos, foi preso no interior de
com quem fazia sexo não tinha a tatuagem de cowboy no traseiro como a Aporé, interior de Goiás, sob a acusação de que abusava sexualmente das
do namorado mulheres da cidade utilizando o pretexto que teria o pênis abençoado.
01/07/2010 - 18:20 (atualizada em 01/07/2010 18:27) “Ele nos convencia de que Deus só entraria em nossa vida pela boca e por isso nós
O ex-policial Jared Rohrig, 26, enfrenta julgamento nos Estados Unidos por fingir deixávamos ele fazer o que fazia”, relata a jovem M.R., de 23 anos, que prefere
ser o irmão gêmeo e abusar sexualmente de sua namorada. não se identificar. “Muitas vezes, após os cultos, o Pastor Valdecir nos levava para
O fato aconteceu no dia 18 de julho, mas as partes ainda se enfrentam na corte. um terreno nos fundos da igreja e pedia para a gente fazer oral nele até o espírito
Nesta quarta-feira (30), os advogados de Jared conseguiram suspender o caso por santo aparecer por meio da ejaculação”, completa a jovem desolada.
mais dois meses. Valdecir, que chegou a abusar também de algumas idosas, se defende falando que
Segundo a vítima, ela foi até a residência dos irmãos para encontrar seu teve um encontro com Jesus num bordel e que Ele lhe deu a missão de “distribuir
namorado Joseph, mas só quem estava em casa era seu irmão gêmeo, Jared. o leite sagrado” por todo o estado, começando pelos fiéis da Assembléia de Aporé,
No entanto, ela só se deu conta disso depois de iniciar uma relação sexual e do qual é responsável.
perceber que ele não tinha uma tatuagem que seu namorado tinha: Joseph tinha o “Vocês estão prendendo um servo do Senhor e ainda se arrependerão disso.
desenho de um cowboy no traseiro, segundo notícia do “New Haven Register”. Espero poder continuar com meu belíssimo trabalho dentro da prisão”, reluta o
Ao perceber que havia sido enganada ela tentou se soltar, mas Jared colocou um sacerdote.
travesseiro em seu rosto e continuou a possuí-la. Denise Pinheiro, delegada responsável pela região, diz que Valdecir foi pego em
O caso ainda está em fase de pré-julgamento e não se sabe quando a corte flagrante enquanto esfregava seu membro no rosto de uma comerciante local, em
chegará a uma decisão definitiva. Por enquanto Jared está solto, depois de pagar que prometia ter mais vendas em seu negócio caso deixasse ser derramada pelo
uma fiança de US$ 50.000. líquido divino.

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• Assédio sexual

Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de


obter vantagem ou favorecimento sexual,
prevalecendo-se o agente da sua condição de
superior hierárquico ou ascendência inerentes ao
exercício de emprego, cargo ou função."
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. VETADO
§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a
vítima é menor de 18 (dezoito) anos.

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• Assédio sexual -O dispositivo foi acrescentado pela Lei • A ascendência abrange a relação de respeito ou influência não
10.224, de 15.5.2001. A ação consiste em pressionar uma decorrente propriamente da hierarquia (ex.: professor em
pessoa (homem ou mulher), para fins sexuais, valendo-se da relação ao aluno, enfermeiro em relação ao paciente).
posição de ascendência sobre a vítima ou da superioridade
hierárquica em emprego, cargo ou função. • A consumação exige que a vítima se sinta realmente
embaraçada ou em dificuldade (crime material), havendo,
• Objeto jurídico é a liberdade sexual. porém, entendimento no sentido de que se trata de crime
formal, bastando a conduta.
• A ação é dolosa, com o elemento subjetivo do injusto (dolo
específico) de obter vantagem ou favorecimento sexual. • Admite tentativa (ex.: o escrito embaraçoso é interceptado
pela gerência da empresa, não chegando ao conhecimento da
• Superior hierárquico é quem detém algum poder funcional vítima).
sobre a vítima, dentro de organização pública ou privada.

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 CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL  CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL

 Estupro de vulnerável  Estupro de vulnerável- O estupro, na forma básica (art.


Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato 213), consiste no constrangimento de alguém à prática de ato
libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: libidinoso, mediante o emprego de violência física ou grave
ameaça.
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas
• Porém, a lei presume a violência sempre que a vítima for
no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência
menor de 14 anos (vulnerável) ou se encontrar em uma das
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do
situações descritas no § 1o do art. 217 (equiparado a
ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer vulnerável), mesmo que a vítima tenha concordado com as
resistência. manobras sexuais.
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza
grave: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§ 4 o Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12
(doze) a 30 (trinta) anos.

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• O texto legal parece indicar que essa presunção de • De acordo com a melhor doutrina, o tipo exige dolo específico de
violência é absoluta, mas há tendência jurisprudencial de satisfazer a lascívia. O agente deve ter ciência plena (dolo direto) ou
considerá-la relativa, afastando o crime sempre que a desconfiar (dolo eventual) que a vítima é vulnerável ou equiparada.
vítima tiver discernimento e houver concordado com o ato
(sobre conjunção carnal e ato libidinoso, v. as anotações ao • A consumação ocorre imediatamente com a prática de qualquer ato
art. 213). libidinoso onde haja contato corporal. Somente é possível a tentativa
antes de iniciadas as manobras sexuais.

• O sujeito passivo pode ser homem ou mulher, desde que


• O resultados mais graves previstos nos §§ 3o e 4o (lesões graves e
vulnerável ou equiparado. morte) podem resultar tanto de dolo como de culpa, mas devem
necessariamente estar relacionados com o contexto do estupro de
• No art. 215 (violação sexual mediante fraude), a vítima é vulnerável.
colocada em situação de incapacidade, mediante meio
fraudulento ou dissimulado. Já aqui, no estupro de  Anotações especiais: ♦ Se a vítima é colocada na situação de
vulnerável (art. 217-A, § 1o), a vítima já é encontrada pelo incapacidade por fraude ou qualquer outro meio, o crime será
agente em situação de incapacidade. de violação mediante fraude. ♦ Este é um crime hediondo
(art.1o, VI, da L 8.072/90).

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 Corrupção de menores  Corrupção de menores

• O sujeito ativo deste crime pode ser homem ou mulher


Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) (crime comum).
anos a satisfazer a lascívia de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. • O mesmo ocorre com o sujeito passivo. Como a corrupção
é crime especial em relação à participação em estupro de
vulnerável (art. 217-A), mesmo que efetivamente ocorra o
estupro, o agente que apenas induziu o menor responde
por este crime do art. 218, cujas penas são
consideravelmente menores.

• O sujeito passivo é próprio. Ou seja, o crime só pode ser


cometido contra quem não tem ainda 14 anos de idade.
Induzir é persuadir, criar a vontade.

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• É necessário que a vítima tenha algum entendimento  Satisfação da lascívia mediante presença de
(crianças pequenas e débeis profundos não têm), pois, do criança ou adolescente
contrário e contato corporal, o agente responderá por
participação em estupro de vulnerável (art. 217-A).
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor
Outrem é terceira pessoa certa e determinada. Se a outra

de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar,
pessoa é indeterminada, o crime será o do art. 228-B
(favorecimento à prostituição de vulnerável). conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de
satisfazer lascívia própria ou de outrem:
• O tipo exige dolo específico de agir para a satisfação do
prazer sexual de outrem. A consumação ocorre com o Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
convencimento efetivo da vítima, caracterizado no primeiro
ato tendente à satisfação da lascívia de outrem.

• Admite-se teoricamente a tentativa.


• Anotações especiais: ♦ Lascívia se refere à satisfação
do desejo sexual. O mesmo que luxúria.

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 Satisfação da lascívia mediante presença de criança ou • É imprescindível que o agente tenha efetivo conhecimento de que o
adolescente menor está presenciando as manobras sexuais. Não pode haver
qualquer espécie de contato físico sexual dos praticantes com a
• Este é um tipo misto (mischgesetz), não cumulativo, que trata de pessoa vulnerável que o presencia. Se houver, o crime será de
dois crimes. O primeiro consiste em praticar ato libidinoso na estupro de vulnerável, do art. 217-A, cuja pena é sensivelmente mais
presença de vulnerável (exibicionismo). O segundo é induzir o grave.
vulnerável a presenciar o ato libidinoso.
• Nas duas modalidades, o crime se consuma quando a pessoa
• O sujeito ativo deste crime é qualquer pessoa, homem ou mulher. vulnerável presencia o ato libidinoso. É possível a tentativa.

• O sujeito passivo é exclusivamente o menor de 14 anos.

• Necessário o dolo específico de agir para satisfazer lascívia própria ou


de outrem. Lascívia é a vontade de satisfação sexual.

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 Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração  Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração
sexual de vulnerável. sexual de vulnerável.

Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de


exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por • Trata-se de tipo misto ou alternativo (não cumulativo).
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para
a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: • O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, de qualquer sexo (crime
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. comum).
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-
se também multa. • Se o agente, além de favorecer a prostituição ou a exploração sexual,
§ 2o Incorre nas mesmas penas: ainda pratica ato libidinoso com a pessoa prostituída, responderá em
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor concurso material com o crime do § 2o, I.
de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput
deste artigo;
• O sujeito passivo é exclusivamente o menor de 18 anos ou quem, por
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo.
discernimento para a prática do ato.
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da
condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do
estabelecimento.

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 Anotações especiais: ♦ Discernimento refere-se ao
• É necessário dolo específico de agir para introduzir ou manter entendimento do que seja prostituição ou exploração sexual,
alguém na prostituição ou outra forma de exploração sexual. conforme o caso. É a faculdade de escolher e optar, segundo
critérios pessoais, tendo plena consciência dos aspectos morais
• Nas formas submeter, induzir e atrair, a consumação ocorre e físicos envolvidos. ♦ Prostituição é a atividade habitual
quando a vítima se entrega à prostituição ou à outra forma de daquele que pratica sexo mediante pagamento. ♦ Outra forma
de exploração sexual refere-se a qualquer outra atividade
exploração sexual (crime material instantâneo), que se
libidinosa remunerada que envolva contato corporal e
caracterizam por certa habitualidade.
habitualidade (ex. reunião para troca de casais, bacanais, etc).
♦ Induzir é incitar, convencer, inspirar, dar a idéia.
• Nas modalidades facilitar, impedir ou dificultar, a consumação se
dá com a retirada do obstáculo, a colocação do impedimento ou
da dificuldade.

• É admissível teoricamente a tentativa.

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 A ameaça e as vias de fato são absorvidas pelo crime, mas • É necessário que o agente tenha ciência (dolo direto) ou desconfie
as lesões corporais e o homicídio são resolvidos em foros (dolo eventual) da situação da vítima. Cuidando-se de crimes
de concurso de crimes. ♦ Atrair é chamar, provocar. ♦ diversos, o agente responderá pela caput e também pelo § 2o,
Facilitar é retirar obstáculos. ♦ Impedir é obstar, somando-se as penas.
atrapalhar. ♦ Dificultar é criar empecilho, tornar mais difícil.
• A consumação se dá com o primeiro ato libidinoso, não sendo
 Os crimes do § 2o descartável a possibilidade de tentativa.

• Na primeira parte, o § 2o pune quem pratica ato libidinoso • Na segunda parte, o § 2o pune o proprietário, o gerente ou o
com alguém menor de 18 e maior de 14 anos, que entregou à responsável pelo local em que se verifiquem a prostituição ou a
prostituição ou outra forma de exploração sexual, nas outra exploração sexual do menor de 18 e maior de 14 anos.
condições do caput.
• Também aqui é preciso que o agente tenha conhecimento ou pelo
• Sendo a vítima menor de 14 anos ou se for empregada grave menos desconfiança de que o local está sendo utilizado para
ameaça ou violência, o crime será de estupro de vulnerável aqueles fins.
(art. 217-A) ou estupro padrão (art. 213), respectivamente.

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• Se o proprietário, o gerente ou o responsável é o próprio Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título,
facilitador, o crime do § 2o, II, fica absorvido, já que a conduta de procede-se mediante ação penal pública condicionada à
fornecer o local para o exercício da prostituição ou exploração não representação.
passa de modalidade de facilitação.
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal
pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos
ou pessoa vulnerável.

 Ação penal

• A persecução penal pelos crimes contra a liberdade sexual se


dá por ação penal pública condicionada à representação.

• Ocorrendo lesão corporal grave ou morte (v. art. 101 do CP),


bem como nos crimes contra menor de 18 anos ou vulnerável,
a ação penal é pública incondicionada.

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Aumento de pena • Causas de aumento de pena Havendo concurso de pessoas a
pena é aumentada da quarta parte.
Art. 226. A pena é aumentada:
• Se o crime é cometido com desrespeito às relações familiares
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de
ou domésticas, a pena é aumentada de metade.
2 (duas) ou mais pessoas; (Redação dada pela Lei nº 11.106,
de 2005)
 Anotações especiais: ♦ Ascendente é aquele parente que se
II – de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou
localiza na linha reta, em posição anterior (pai, avô, bisavô
madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, etc.). ♦ Padrasto é o companheiro ou esposo de uma
preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro mulher, em relação aos filhos unilaterais dela. ♦ Madrasta é
título tem autoridade sobre ela; a nova mulher do pai, em relação aos filhos anteriores dele.
♦ Tio é aquele que se coloca na linha colateral, no segundo
grau, irmão do pai. Pelo princípio da legalidade, que
informa o Direito Penal incriminador, o conceito de tio não
pode ser estendido à companheira ou esposa do irmão do
pai, ou ao companheiro ou esposo da irmã do pai.

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 ♦ Tutor é o nomeado para exercer o poder familiar em LENOCÍNIO E TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE
relação a menores órfãos ou cujos pais foram destituídos PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO
do poder familiar. ♦ Curador é o nomeado pelo juiz para SEXUAL
representar ou assistir menores. ♦ Preceptor é aquela
Mediação para servir a lascívia de outrem
pessoa responsável pela educação e formação do discípulo;
o que ministra instruções ou preceitos, como o professor Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem:
com ascendência sobre o aluno. É o educador particular. ♦ Pena - reclusão, de um a três anos.
Empregador é a pessoa que assume os riscos de determina § 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito)
atividade econômica, admitindo, dirigindo e assalariando o anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou
empregado que lhe presta serviços subordinados. É o companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja
patrão. ♦ Quem por qualquer outro título tem autoridade confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda:
sobre a vítima refere-se à superioridade hierárquica em Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
qualquer contexto, como o chefe do departamento, o
§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave
inspetor de alunos ou o diretor da escola.
ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à
violência.
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também
multa.

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 LENOCÍNIO E TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE • Consuma-se com o ato da vítima satisfazendo o
PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO destinatário. Cabe tentativa.
SEXUAL
• O crime pode ser qualificado conforme a idade da vítima ou
 Mediação para servir a lascívia de outrem a condição do agente em relação a ela (§ 1o); quando
empregada violência, grave ameaça ou fraude (§ 2o); ou
• A ação consiste em induzir (incitar, convencer) alguém a houver fim de lucro (§ 3o).
satisfazer a lascívia de um destinatário (pessoa certa e
determinada, homem ou mulher). O destinatário não comete
• Anotações especiais: ♦ Lascívia se refere à satisfação
crime (pois não induz, nem faz intermediação).
do desejo sexual. O mesmo que luxúria. ♦ v. tb. as
anotações ao próximo artigo.
• Se o destinatário for indeterminado – art. 228 (favorecimento
da prostituição ou outra forma de exploração sexual).

• O sujeito ativo ou passivo pode ser qualquer pessoa


(prostituta não – RT 487/347).

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SEXUAL-ARTIGO- 213-234 SEXUAL-ARTIGO- 213-234
 Favorecimento da prostituição ou outra forma de  Favorecimento da prostituição ou outra forma de
exploração sexual exploração sexual
Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de
exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a • O delito comporta três modalidades, sendo que a prática de
abandone: duas ou mais condutas constitui crime único (tipo misto
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. alternativo):
§ 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado,
cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador • (1) Induzir ou atrair à prostituição. Nessa hipótese o crime
da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de assemelha-se à mediação, do art. 227, com a diferença de que
cuidado, proteção ou vigilância: aqui o destinatário será indeterminado;
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave • (2) Facilitar a prostituição. A ação consiste em contribuir
ameaça ou fraude: (habitualmente – RT 770/621) para a prostituição, como
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente encaminhar mulheres (já prostituídas ou não) para casa ou
à violência. local de tolerância (RT 546/345). Há decisões que dispensam a
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também habitualidade (RT 414/55).
multa.

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• (3) Impedir alguém de abandonar a prostituição. Neste caso o
• Curador ♦ Preceptor ♦ Empregador – veja os
agente coage a vítima para obrigá-la a permanecer na
comentários ao art. 226. ♦ Irmão é o filho do mesmo
prostituição. Basta uma única ação.
pai ou da mesma mãe ou de ambos. ♦ Enteado é o
filho do companheiro ou da companheira. ♦ Se
• O sujeito ativo ou passivo pode ser homem ou mulher. assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de
cuidado, proteção ou vigilância refere-se aos
• A consumação ocorre com a ação descrita em cada modalidade. guardiões em geral e dirigentes ou operadores dos
estabelecimentos de ensino ou abrigo.
• Admite tentativa em todas as hipóteses. O art. 229 (casa de
prostituição) exclui o art. 228 (favorecimento da prostituição),
pois a primeira ação já engloba a segunda (RT 455/339).

• Anotações especiais: Sobre ♦ Prostituição ♦ Outra forma


de exploração sexual ♦ Induzir ♦ Atrair ♦ Facilitar ♦
Impedir ♦ Dificultar – v. comentários ao art. 218-B.
Sobre ♦ Ascendente ♦ Padrasto ♦ Madrasta ♦ Tutor ♦

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Prostitutas poderão receber programa com cartões de Prostitutas poderão receber programa com cartões de
débito e crédito em Minas débito e crédito em Minas

A CEF (Caixa Econômica Federal) firmou convênio com a Além da possibilidade de receber por meio de cartão, as prostitutas
Associação de Prostitutas de Minas Gerais e, reconhecendo essas terão também cobertura de previdência social, aposentadoria por
profissionais como autônomas, irá permitir que elas possam idade e invalidez, auxílio doença, salário maternidade, pensão por
receber pelos programas por meio de cartão de débito e crédito. morte, auxílio reclusão, custo zero para formalização, imposto zero
Os programas, inclusive, poderão ter seus pagamentos para o governo federal e talões de cheque, cheque especial e dinheiro
parcelados. para capital de giro.
Segundo a presidente da Associação de Prostitutas, Maria "Com os benefícios ficará mais fácil receber dos clientes, além de
ajudar, e muito, na questão da segurança. Sempre andamos com
Aparecida Vieira, a Cida, 46, 20 garotas de programas de Belo
dinheiro e isso facilita a ação dos assaltantes", diz.
Horizonte já abriram conta na CEF e devem receber as máquinas
para debitar e creditar os valores dos programas ainda neste mês. "Podendo pagar com cartão, o cliente que quer estender o programa
mas está sem dinheiro, vai poder ficar com a menina por mais tempo
A assessoria da Caixa informou que, com o convênio, as sem nenhum transtorno. Com isso, o número de programas e o lucro
prostitutas e travestis que fazem programas remunerados, terão das prostitutas devem aumentar", afirma Cida Vieira.
o mesmo tratamento de outras categorias de autônomos.

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• O estabelecimento mencionado pela lei abrange qualquer aposento
 Casa de prostituição
onde ocorra exploração sexual, assim entendida a prostituição e
qualquer outra atividade libidinosa habitual, onerosa, e onde ocorra
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, contato corporal.
estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou
não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou • Por conta própria ou de terceiro significa que o sujeito ativo
gerente: (mantenedor) pode ser tanto o dono do estabelecimento como quem
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. exerce apenas a direção ou gerência (excluem-se empregados não
graduados, camareiras, porteiros, prostitutas e o proprietário do
prédio alugado, estranho à sua utilização).

• Manter refere-se à incidência repetida ou permanente de uma • O sujeito passivo é a coletividade (e para alguns autores também as
atividade, de modo a caracterizar habitualidade (crime prostitutas ou explorados). A nova lei não exige mais que a atividade
habitual). do estabelecimento seja a exploração sexual, bastando que ali ocorra
a exploração sexual.

• Então, aquele que simplesmente aluga um salão pode ser incriminado,


se o locatário explorar tal atividade.

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• Basta o dolo genérico, sendo irrelevante o intuito de lucro.
 Rufianismo

• O crime de consuma com a habitualidade (RT 511/355, 536/290,


Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando
620/279 – há, porém, posição doutrinária que dá o crime por
diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em
consumado no primeiro ato de prostituição).
parte, por quem a exerça:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
• Não se admite tentativa (crime habitual).
§ 1o Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze)
anos ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta,
• Anotações especiais: ♦ Prostituta free lancer e Cooperativa de irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor
prostitutas. Manter casa para seu uso profissional exclusivo ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra
(prostíbulo individual) ou em regime de cooperativa não forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: Pena - reclusão,
configura este crime, pois a prostituição em si é atípica. ♦ Não de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
configuram o delito. Hotel (RT 507/332), motel (RT 587/390), § 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça,
drive-in (RT 610/335), sauna, banhos, duchas e bar (RT fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da
589/322, 619/290), casa de massagem (RT 761/567), vontade da vítima: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem
prostíbulo individual (RT 469/403). prejuízo da pena correspondente à violência.

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 Rufianismo • O § 2o qualifica o crime quando é cometido mediante
violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça
• Trata-se de “tipo de autor”, onde se incrimina um modo de vida. ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima.

• Sujeito ativo é o cafetão ou rufião, que vive da prostituição alheia. • Violência refere-se à agressão física.
Pode ser qualquer pessoa (crime comum), homem ou mulher,
menos a própria prostituta (“prostituição alheia”).
• A ameaça e as vias de fato são absorvidas pelo crime, mas
• O sujeito passivo é a pessoa que se prostitui e é explorada pelo
as penas das eventuais lesões corporais ou homicídio são
rufião. Também figura no pólo passivo a comunidade (crime somadas.
vago).
• A fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre
• O tipo se satisfaz com o dolo genérico de praticar a conduta manifestação da vontade da vítima refere-se a qualquer
descrita no tipo. expediente, não violento nem ameaçador, que turbe a
vontade da vítima, como a embriaguez e a ministração de
• Não há forma culposa. outras drogas incapacitantes.

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• Tirar proveito é auferir alguma espécie de vantagem. Participando • Anotações especiais: ♦ Prostituição é o comércio carnal
diretamente de seus lucros significa ficar, no todo ou em parte, com o
habitual. É a prestação continuada de serviços sexuais
mixe (preço do serviço sexual) recebido pela prostituta. mediante o pagamento de um preço (mixe). ♦ Companheiro
refere-se ao participante de União Estável informal. ♦
• Fazendo-se sustentar refere-se ao agente que não recebe dinheiro, Ascendente ♦ Padrasto ♦ Madrasta ♦ Tutor ♦ Curador ♦
mas pede ou exige que seus gastos (mantimentos, vestuários, Preceptor ♦ Empregador – v. comentários ao art. 226. ♦ Irmão
alugueis etc.) sejam suportados no todo ou em parte pela prostituta. ♦ Enteado – v. comentários ao art. 228. ♦ Com a expressão
“por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de
• Em ambas as formas (tirar proveito participando dos lucros e tirar cuidado proteção ou vigilância” o tipo indica que a lei
proveito fazendo-se sustentar) exige-se habitualidade. Assim, incrimina mais severamente também o diretor do
impossível a tentativa. estabelecimento de ensino, o dirigente de abrigo, de entidade
de orientação de jovens etc.

 Formas qualificadas

• O §1o traz uma forma qualificada que leva em conta a qualidade do


sujeito ativo do crime em relação ao explorado.

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 ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR  ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR

 Ato obsceno  Ato obsceno

Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou • O delito consiste em praticar ato obsceno em lugar público (ruas,
exposto ao público: praças), ou aberto ao público (cinemas, teatros), ou exposto ao
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. público (varanda de casa). Não é exposto ao público o lugar
privado que só pode ser visto de outro lugar privado (RT
473/360).

• Não importa se alguma pessoa viu, ou não, ou se ficou chocada,


ou não, com o ato. Basta ser local publicamente visível a um
número indeterminado de pessoas.

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• Ato obsceno é o que fere o pudor, com a exibição do corpo,  Anotações especiais: Lugar público. De acordo com
ou partes dele, que objetivamente sejam, ou possam ser, classificação atribuída a Chassan, lugares públicos por
relacionadas com o sexo, ainda que o agente não tenha natureza são os francamente acessíveis ao público, como
ruas e praças. Lugares públicos por destinação são os
qualquer finalidade erótica. Palavras não caracterizam o
abertos ao público, de acesso ocasional, controlado ou
crime. remunerado, como igrejas, teatros, cinemas. Lugares
públicos por acidente são os lugares privados
• O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. eventualmente expostos ao público, como a casa particular
em que se realiza um leilão, ou recinto da mesma que seja,
ou se torne, visível ao público.
• O sujeito passivo é a coletividade (crime vago); e,
secundariamente, quem presencia realmente o ato. O dolo  Jurisprudência classificada: -É ato obsceno. Exibição de
pode ser direto ou eventual (assumir conscientemente o órgão sexual (RT 735/608). Micção em via pública (RT
risco de ser visto). 691/333, 763/598, 801/551), mesmo à noite, em local não
iluminado (RT 517/357), mesmo que em campanha
publicitária (RT 622/288). Correr nu, “chispada” (RT
• A consumação se dá com a prática do ato. Difícil a
515/363). Relações sexuais em automóvel estacionado em
configuração da tentativa. via pública (RT 597/328).

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 -Embriaguez. Não exime, salvo fortuita ou de força maior (RT
587/347). -Não é ato obsceno. Ato em local privado, sem
visão para número indeterminado de pessoas (RT 786/649).
No quintal de casa, não exposto ao público (RT 728/609).
Micção em praça pública à noite e em local discreto (RT
683/326). Exibição de revista pornográfica (RT 658/299)

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 Escrito ou objeto obsceno

Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda,
para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito,
desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos
referidos neste artigo;
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação
teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer
outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio,
audição ou recitação de caráter obsceno.

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• O art. 234 traz um tipo misto ou de conteúdo variado. No mesmo • Distribuir se consuma com o ato de despachar a coisa para o
contexto, a prática de duas ou mais ações descritas no dispositivo destinatário.
constitui crime único.
• O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. • Expor se consuma com a exibição desimpedida do objeto (é crime
• O sujeito passivo é o Estado ou a coletividade (crime vago). permanente).
• A consumação se dá conforme a espécie de conduta.
• Fazer se consuma com o fim do processo de fabricação do objeto. • Realizar se consuma com o início da encenação ou projeção.
• Importar se consuma com a entrada do objeto no país.
• Exportar se consuma com a saída do objeto do país. • De regra, é admissível a tentativa sempre que a conduta puder ser
• Adquirir se consuma com o recebimento físico da coisa. fracionada, mas não é possível tentar guardar.
• Ter sob sua guarda se consuma no primeiro instante em que se
recebe a coisa (é crime permanente).  Figuras assemelhadas
• Vender se consuma com o acordo sobre o objeto e o preço,
independente da tradição da coisa e do recebimento do preço. • O parágrafo único do art. 234 acrescenta outras hipóteses de ação,
como venda dos objetos referidos no artigo, espetáculos públicos
obscenos, audição ou recitação radiofônica de caráter obsceno.

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• É importante lembrar que (1) a importação de revistas ou filmes  Jurisprudência classificada: ♦ Configura o delito. Venda de
pornográficos caracteriza o crime em exame (não o crime de revistas pornográficas (RT 529/367), em banca de jornais
contrabando do art. 334 (contrabando ou descaminho), (2) a (RT 600/367), em estabelecimento de chaveiro (RT
pedofilia, com envolvimento de criança ou adolescente caracteriza 527/381), ainda que envelopadas em plástico (RT
as condutas previstas no ECA (art. 240 e seguintes). 606/311); exibição de cartazes obscenos de filme
cinematográfico (RT 631/380). ♦ Não configura o delito.
 Anotações Especiais: ♦ Censura. Em função da garantia Venda em recinto fechado, de acesso proibido a menores
constitucional que veda qualquer espécie de censura, de idade (RT 609/331, 617/311; contra: RT 685/311).
entendemos que é inaplicável a incriminação no que se
refere à representação teatral, à exibição cinematográfica  DISPOSIÇÕES GERAIS
e qualquer outro espetáculo. As condutas de produzir,  Causas de aumento de pena
reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por
qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornografia,
envolvendo criança ou adolescente, constituem o crime do • Ocorrendo gravidez ou transmissão de doença sexualmente
art. 240, caput, da L 8.069/90 (ECA). O agenciamento, a transmissível, em razão de algum dos crimes contra a dignidade
venda, o oferecimento, a troca, a aquisição ou posse de tal sexual, a pena é aumentada de metade ou de um sexto até a
material configuram os crimes dos arts. 241 a 241-E do metade, respectivamente.
mesmo diploma legal.

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SEXUAL-ARTIGO- 213-234 SEXUAL-ARTIGO- 213-234
• O art. 234-A impõe que o agente saiba ou deveria saber ser • Segredo de justiça No Segredo de Justiça o direito de
portador da doença sexualmente transmissível. consultar autos e de pedir certidões de seus atos é restrito
às partes e a seus procuradores. O terceiro, que
• A expressão saiba se refere ao dolo direto ou eventual. demonstrar interesse jurídico, pode requerer ao juiz
Deveria saber é um elemento normativo do tipo. Significa que certidão do dispositivo da sentença (art. 155 do Código de
o agente, em face da situação em que se encontra, tem Processo Civil).
obrigação especial de cuidado exigida para o ato, como, por
exemplo, no relacionamento sexual forçado, onde o agente • O objetivo é evitar o tanto quanto possível a dupla
teve uma parceira sexual anterior que faleceu acometida por vitimização do sujeito passivo, com a inconveniente e
uma DST gravíssima. vexatória publicidade do crime sexual que sofreu.

• Mesmo que o agente não saiba estar contaminado, deve, nas


circunstâncias, adotar todas as providências necessárias para
que não transmita a outrem a doença que possa ter.

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CAP. 1 – Crimes contra o casamento CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Bigamia
Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com
pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com
reclusão ou detenção, de um a três anos.
§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou
o outro por motivo que não a bigamia, considera-se
inexistente o crime.

TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Objeto jurídico: A organização da família. Tipo objetivo: É pressuposto deste crime a existência formal e
a vigência de anterior casamento. Se for anulado o primeiro
Sujeito ativo: A pessoa casada que contrai novo matrimônio, matrimônio, por qualquer razão, ou o posterior, por motivo
na bigamia própria do caput. A pessoa solteira, viúva ou diverso da bigamia, considera-se inexistente o crime (§ 2º do
divorciada, que se casa com pessoa que sabe ser casada, é artigo 235-CP). Tratando-se de casamento inexistente, ou
sujeito ativo do crime de bigamia imprópria na figura mais seja, entre pessoas do mesmo sexo ou sem o consentimento
branda do § 1º deste artigo 235 do nosso Diploma Penal. válido de uma delas, não há crime pela inexistência jurídica do
matrimônio anterior (crime impossível). O casamento religioso
com exceção do que produz efeitos civis não serve de
Sujeito passivo: O Estado, o cônjuge do primeiro matrimônio pressuposto para o crime de bigamia. A pessoa separada
e o do segundo, se de boa-fé. judicialmente ou desquitada como era anteriormente
designada, não pode contrair novo matrimônio enquanto não
se divorciar.
Tipo subjetivo: O dolo, podendo ser excluído por erro quanto
à vigência do casamento anterior (de tipo art. 20 ou de
proibição art. 21-CP).

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TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Consuma-se no momento e lugar em que se efetiva o Induzimento a erro essencial e ocultação de


casamento (crime instantâneo e de efeitos permanentes). impedimento
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o
É duvidosa a admissibilidade da tentativa, entendendo-se, outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja
quando aceita que o casamento começa com os atos de casamento anterior:
celebração excluindo-se a habilitação Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do
Ação penal: Pública incondicionada. contraente enganado e não pode ser intentada senão depois
de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou
impedimento, anule o casamento.
“Pratica bigamia, se contrair novo casamento antes de
divorciar-se” (TJPR, RT 549/351).

TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Objeto jurídico: A regular formação da família. Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do
outro cônjuge:
Sujeito ativo: O cônjuge que induziu em erro ou ocultou I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama,
impedimento. sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne
insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
Sujeito passivo: O Estado e o cônjuge enganado. II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por
sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico
irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia
grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de
pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua
descendência;
IV - Revogado

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TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Art. 1.521. Não podem casar: Tipo subjetivo: O dolo, ou seja, a vontade livre e consciente
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco de contrair matrimônio, induzindo a erro essencial ou
natural ou civil; ocultando impedimento.
II - os afins em linha reta; Consuma-se no momento da celebração do casamento. A
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado tentativa é juridicamente inadmissível face à condição de
com quem o foi do adotante; procedibilidade imposta pelo parágrafo único do comentado
artigo 236 da lei punitiva pátria.
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais,
até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante; Ação penal: privada, devendo o direito de queixa ser exercido
pelo cônjuge enganado e após o trânsito em julgado da
VI - as pessoas casadas; sentença que anule o casamento por erro ou impedimento,
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio segundo o disposto no parágrafo único.
ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.

TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Conhecimento prévio de impedimento Objeto jurídico: A regular formação da família.


Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de
impedimento que lhe cause a nulidade absoluta: Sujeito ativo: O cônjuge (ou ambos os cônjuges) que contrai
Pena - detenção, de três meses a um ano. matrimônio sabendo da existência de impedimento absoluto.

Sujeito passivo: O Estado e o cônjuge desconhecedor do


impedimento.

Tipo objetivo: O agente se casa sabendo da existência de


impedimento que cause ao ato nulidade absoluta (norma
penal em branco cujo conteúdo carece de complementação
por outra lei).

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TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Tipo subjetivo: É o dolo direto, na vontade livre e consciente Simulação de autoridade para celebração de casamento
de contrair casamento, conhecendo a existência de Art. 238 - Atribuir-se falsamente autoridade para celebração
impedimento que lhe cause nulidade. Devido a expressão de casamento:
“conhecendo”, não se admite dolo eventual. Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui
Havendo erro quanto à existência de impedimento, ocorrerá o crime mais grave.
erro de tipo que exclui o dolo e, portanto o próprio crime (Art.
20-CP). Engano quanto ao alcance legal do impedimento
reflete na culpabilidade (Art. 21-CP).
Trata-se de crime instantâneo de efeitos permanentes.
Consuma-se com a realização do casamento, ou seja, com o
consentimento formal dos nubentes.

Ação Penal Pública Incondicionada

TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Objeto jurídico: A disciplina jurídica do casamento. Tipo objetivo: Delito formal cuja conduta é atribuir-se
falsamente competência para celebração de casamento. O
Sujeito ativo: Qualquer pessoa ou mesmo o funcionário agente fingindo ser juiz de paz, para presidir casamento civil
público sem atribuição para celebrar casamento. etc. Consoante o disposto no art. 98, II, da Constituição
Federal, “a justiça de paz, remunerada, é composta de
cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com
Sujeito passivo: O Estado, bem como o cônjuge de boa fé. mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei,
celebrar casamentos, verificar, de ofício em face de
impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer
atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de
outras previstas na legislação”.

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TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Elemento subjetivo: O dolo consistente na vontade livre e http://mais.uol.com.br/view/pj4p9vzv54s1/falso-padre-faz-


consciente de atribuir-se falsamente autoridade para casamento-fora-dos-padroes-da-igreja-
celebração de casamento. É necessário o efetivo 04024D1C3660E4B14326?types=V&
conhecimento da falta de atribuição para presidir o ato.
Consuma-se com o simples ato de o agente atribuir-se falsa
autoridade, independentemente da efetiva realização do
casamento.
O crime em comento é uma forma específica do delito de
usurpação de função pública (Art. 328-CP). É de natureza
subsidiária, somente incidindo se o fato não constituir delito
mais grave. Assim, se for praticado visando obtenção de
vantagem, a figura incidente será a do artigo 328 cuja pena é
de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, portanto, mais
grave.
Ação penal: Pública incondicionada inexige condição
procedibilidade

TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Simulação de casamento Objeto jurídico: A disciplina jurídica do casamento.


Art. 239 - Simular casamento mediante engano de outra
pessoa: Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui
elemento de crime mais grave. Sujeito passivo: Estado, o contraente ou seu representante
legal iludido.

Consuma-se com a efetiva simulação. Admite-se tentativa.


Poderão ser partícipes o juiz, escrivão, testemunhas ou outras
pessoas.

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TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 1 – Crimes contra o casamento CAP. 1 – Crimes contra o casamento

Tipo objetivo: O núcleo é simular (fingir, representar). O Tipo subjetivo: O dolo ínsito na vontade livre e consciente de
agente simula casamento mediante engano de outra pessoa. É simular casamento, com engano de outra pessoa. Inexiste
necessário, portanto, que o casamento seja simulado modalidade culposa.
mediante (por meio de) engano de outra pessoa, devendo Consuma-se com a efetiva simulação e admite-se a tentativa.
esta ser o nubente enganado ou seus responsáveis, na Poderão ser partícipes o escrivão, testemunhas ou outras
hipótese de ser necessário o consentimento destes. Se pessoas.
nenhum deles é enganado, inexiste o delito.
Este delito do artigo 239-CP é expressamente tipificado como
subsidiário sendo excluído quando constituir meio ou elemento
empregado para a prática de delito maior como para a posse
sexual fraudulenta (art. 215).

Ação penal: pública incondicionada.

TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação

Registro de nascimento inexistente Tipo penal:


Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de O crime de registro de nascimento inexistente está
nascimento inexistente: previsto no art. 241: “Promover no registro civil a
Pena - reclusão, de dois a seis anos. inscrição de nascimento inexistente. Pena –
reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos”.

Objetividade jurídica:
O estado de filiação e a própria fé pública.

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TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação

Sujeito do delito: Tipo subjetivo:


Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa, não O dolo, consistente na vontade de fazer falsa
abrangendo apenas os familiares. Sujeito passivo: declaração de nascimento.
o Estado.
Consumação:
Tipo objetivo: Consuma-se inscrição no registro civil, com a falsa
Promover: provocar a inscrição de nascimento declaração. Tratando-se de crime plurissubsistente,
inexistente ou realizar o registro de natimorto. isto é, crime cuja a conduta pode ser dividada, a
tentativa é admitida.

TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação

Parto suposto. Supressão ou alteração de Objetividade jurídica:


direito inerente ao estado civil de recém-
nascido (Adoção à Brasileira) O estado de filiação e a fé pública.
Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar
como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido Sujeitos do delito:
ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito
inerente ao estado civil: Sujeito ativo: no primeiro tipo (dar parto), o sujeito
Pena - reclusão, de dois a seis anos. ativo só pode ser a mulher; nos outros tipos, tanto
pode ser o homem ou a mulher. Sujeito passivo:
Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo normalmente, é o recém-nascido, mas pode ser a
de reconhecida nobreza: criança com registro tardio. Inclui também o Estado
Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz (fé pública).
deixar de aplicar a pena.

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TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação

Tipo objetivo: Tipo objetivo:

1. Dar parto alheio como próprio: como crime próprio, 3. Ocultar recém-nascido: esconder o neonato;
sujeito ativo é a mulher que assume falsamente a 4. Substituir recém-nascido: implica a troca.
maternidade. Admite a participação da mãe verdadeira. Damásio (Código Penal anotado, p. 805) entende como tipo
2. Registrar como seu o filho de outrem. Essa modalidade misto cumulativo, aplicando-se o concurso material.
é a mais comum, pois, ao invés de adotar o recém-nascido
pela via judicial, prefere fazer diretamente, registrando em
seu nome filho de outra pessoa. É a chamada adoção à
brasileira. As duas modalidades podem ocorrer
sequencialmente: a mulher se nomeia como a pessoa que deu
à luz e registra a criança em seu nome. O crime de falsidade
ideológica neste caso é absorvido pelo crime do art. 242 do
CP. Neste caso, o crime continua único, aplicando-se o
princípio da alternatividade: o agente pratica dois verbos, mas
é admitida conduta única, havendo um único intercriminis;

TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação

Tipo subjetivo: Consumação:

O dolo, consistente na vontade de praticar uma das 1. A primeira conduta consuma-se com a
quatro condutas acima mencionadas. Na ocultação apresentação da mulher como se fosse mãe
ou substituição, inclui-se o dolo específico de verdadeira;
suprimir ou alterar direito de filiação. 2. A segunda conduta, com o afetivo registro civil
no cartório;
3. A terceira e quarta condutas, com a ocultação, a
substituição ou a efetiva supressão ou alteração da
filiação.
Não se consuma o delito, por exemplo, se o agente
esconde o neonato, mas é descoberto e o registro é
feito corretamente. A tentativa é admitida como
nesta última hipótese.

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CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação

Forma privilegiada (art. 242, § único): Sonegação de estado de filiação


Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra
O crime é privilegiado (com pena-base menor) se instituição de assistência filho próprio ou alheio,
praticado por motivo de reconhecida nobreza. A ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra,
hipótese também abrange a possibilidade de perdão com o fim de prejudicar direito inerente ao estado
judicial. civil:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.

TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação CAP. 2 – Crimes contra o estado de filiação

Objetividade jurídica: Tipo subjetivo:


A família e o direito de filiação. O dolo, consistente na vontade livre e consciente de
abandonar o menor em uma instituição, acrescido do dolo
Sujeitos do delito: específico de prejudicar o estado de filiação.
Sujeito ativo: os pais, quando se trata de filho próprio,ou
qualquer pessoa, quando se tratar de filho alheio. Sujeito Consumação:
passivo: o Estado e o menor. Ocorre com o abandono do menor somado à ocultação ou
falseamento de atribuição da filiação. Admite-se a tentativa,
Tipo objetivo: mas se não houver prova de que o agente desejasse provocar
prejuízo ao estado de filiação, a conduta é desclassificada para
Deixar: abandonar a criança. Embora o Código fale em asilo os delitos dos arts. 133 e 134 do CP.
de expostos, hoje se refere a instituições de caridade, de
abrigamento de crianças e adolescentes. O agente deve
ocultar a filiação (afirma desconhecer quem é o pai) ou
atribuir outra filiação (afirma que tal filho é de Maria quando
na verdade era de Joana).

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CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Abandono material Objetividade jurídica:


Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do A proteção à família como garantia de alimentos (o tipo foi
cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto alterado pela Lei nº 5.478/68).
para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60
(sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos Sujeitos do delito:
necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia
judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem Sujeito ativo: a pessoa que possui o dever legal de assistir
justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, materialmente o sujeito passivo, inclusive a mulher. Se o
gravemente enfermo: empregador deixar de prestar as informações necessárias ao
processo de alimentos, não será partícipe, mas autor do crime
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de do art. 22 da Lei de Alimentos (Lei nº 5.478/69). Sujeito
uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no País. passivo: a pessoa que deve ser assistida. Quanto aos filhos, o
Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem, sendo dever se limita até os 18 anos, momento em que cessa o
solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por poder familiar; exceto quando inapto para o trabalho.
abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento
de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou
majorada.

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CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Tipo objetivo: Tipo objetivo:


1. Deixar sem justa causa a subsistência do sujeito passivo: 3. Falta de amparo a ascendente ou descendente enfermo: o
os alimentos são denominados stricto sensus e não no sentido tipo refere-se à falta de medicamentos, ida ao hospital etc.
amplo que a lei civil fornece. Significa que a subsistência Incluem-se também as pessoas envolvidas em união estável;
ficará afetada se não houver alimentos para remédios, mas 4. Frustração ou impedimento de pagamento de pensão (art.
não estará se não foi fornecido para o lazer; 244, § único). Ocorre com o abandono de emprego ou função
2. Falta de pagamento de pensão alimentícia fixada pelo juiz (§ único). Inocorre o crime com a existência de justa causa
civil: deve-se aguardar todo o trâmite do processo de (elemento normativo do tipo é aquele que depende de uma
alimentos, caracterizando a falta quando da execução. A apreciação do juiz, por exemplo, o que é justa causa?).
existência de prisão civil não afasta o crime, mas permite a Agente desempregado (RT 744/659), doente (RT 553/376) ou
detração do tempo cumprido (Victor Eduardo Rios Gonçalves, sem recursos (RT 543//380). Não é admitida como justa
Dos crimes contra os costumes aos crimes contra a causa a insolvência que não é provada (RT 433/424)
administração, p. 45) em razão de analogia in bonam partem (Maximilianus Cláudio Américo Fuhrer et al., Resumo de
da prisão administrativa (Celso Delmanto et al., Código penal direito penal, parte especial, p. 150).
comentado, p. 82);

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CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Tipo subjetivo: Entrega de filho menor a pessoa inidônea


O dolo, consistente na vontade livre e consciente de praticar Art. 245 - Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a pessoa
uma das quatro condutas acima elencadas. em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica
moral ou materialmente em perigo:
Consumação: Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
Como se trata de crime omissivo-próprio (previsto como tipo § 1º - A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de reclusão, se o
penal) consuma-se quando o agente deixa de prover a agente pratica delito para obter lucro, ou se o menor é
subsistência, exigindo-se a permanência da conduta enviado para o exterior.
(demonstrações reiteradas de inadimplemento) ou quando § 2º - Incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem,
não efetua o pagamento da pensão. Tem-se entendido que se embora excluído o perigo moral ou material, auxilia a
trata e crime permanente, o que permite a prisão em efetivação de ato destinado ao envio de menor para o
flagrante do agente. Ressalte-se que, uma vez consumado, o exterior, com o fito de obter lucro.
posterior adimplemento (pagamento) das obrigações não
exclui o crime. A tentativa, tratando-se de crime omissivo,
não é admitida.

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CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Tipo objetivo:
Objetividade jurídica:
Entregar: não tem conotação de definitividade, admitindo a
A tutela da criança ou do adolescente. entrega por breve período. Abrange tanto a guarda
(transferência da posse que pode ser judicial ou de fato) ou o
Sujeitos do delito: cuidado (posse breve). Embora seja crime de perigo, este é
Sujeito ativo: trata-se de crime próprio podendo apenas ser concreto, exige a demonstração do prejuízo moral (deixar com
praticado pelo pai ou pela mãe, vez que o código fala em prostituta, com criminoso) ou material (deixar com
“entregar filho”, de forma a limitar a conduta ao pai ou a mãe. tuberculoso).
Como crime próprio e não de mão-própria, admite-se a Tipo subjetivo:
coautoria (aquele que entrega junto) ou a participação O tipo subjetivo comporta duas modalidades: (1) o tradicional
(aquele que, por exemplo, empresta o veículo – auxilio dolo que é a vontade de entregar o filho, sabendo do perigo
material). Pai é aquele que consta da certidão de nascimento de colocar sob os cuidados de pessoa inadequada; (2) e
da criança ou adolescente, sendo assim, não responde o pai também o dolo eventual, expressada no “deve saber”. Aqui
natural que não assumiu a criança ou adolescente. Sujeito existe a exigência da previsibilidade. Embora o evento não
passivo:o filho menor de 18 anos, pois maior dessa idade não seja previsto, o “homem médio” é capaz de prever a
está mais submetido ao poder familiar. inadequação de deixar com determinada pessoa. Há posição
minoritária indicando o “deve saber” como culpa.

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CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Consumação:
Consuma-se o delito, uma vez se tratando de crime de perigo, Abandono intelectual
com a simples entrega, desde que esta seja inadequada. A Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à
tentativa é admitida.
instrução primária de filho em idade escolar:
Qualificadoras:
O crime qualificado está previsto no art. 245, § 1º: A pena é de 1
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou
(um) a 4 (quatro) anos de reclusão, se o agente pratica delito multa.
para obter lucro, ou se o menor é enviado para o exterior.
1. Lucro é a vantagem econômica do agente. Trata-se do
elemento subjetivo do injusto ou dolo específico. O exemplo é de
entregar a criança ou o adolescente para pedir esmolas;
2. O envio para o exterior, exigindo-se a efetiva saída para outro
país.
O art. 245, § 2º (incorre, também, na pena do § anterior quem,
embora excluído o perigo moral ou material, auxilia a efetivação
de ato destinado ao envio de menor para o exterior, com o fito de
obter lucro) foi revogado tacitamente pelo art. 239 do ECA.

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CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Objetividade jurídica: Tipo objetivo:


Tutela-se o direito à educação (primária). Deixar de prover a instrução primária: deixar de providenciar
(crime omissivo). Já se entendeu que a condição econômica
Sujeitos do delito: extrema pode afastar o crime (RT 275/601). A falta de vaga
também torna atípica a conduta (JUTACRIM 22/376).
Sujeito ativo: tratando-se de crime próprio , já que a lei fala
em “filho”, somente podem agir como sujeito ativo os pais. E
também de mão própria, pois só os pais podem ser autores, Tipo subjetivo:
não existindo coautoria. No entanto, inclui também aquele que O dolo, consistente na vontade de não prover a instrução de
não está com a guarda; basta possuir o poder familiar. O tipo primeiro grau. Frise-se que, nas camadas mais humildes da
permite que estranho seja partícipe, instigando, induzindo ou população, não se caracteriza o dolo, mas verdadeiro crime
auxiliando. Exemplo: pessoa muito amiga do pai diz culposo, furto da negligência ou desconhecimento do
continuamente que é besteira matricula seu filho em escola. mandamento legal.
Em razão disso, pai deixa de matricular o filho. Sujeito
passivo: o filho em idade escolar (4 aos 17 anos) (Lei nº
9.394/96, art. 6º com a redação fornecida pela Lei nº
12.796/2013).

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CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Consumação: Art. 247 - Permitir alguém que menor de dezoito


Consuma-se o delito com a prática de conduta omissiva anos, sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda
inequívoca (o que exige certo lapso de tempo) para consumar ou vigilância:
o delito em face de filho em idade escolar (a partir de 4 anos).
Se o pai, estando a criança com sete anos, não a matricula no I - freqüente casa de jogo ou mal-afamada, ou
ensino primário, comete o crime de abandono intelectual. A conviva com pessoa viciosa ou de má vida;
tentativa não é admitida, tratando-se de crime omissivo
II - freqüente espetáculo capaz de pervertê-lo ou
impróprio.
de ofender-lhe o pudor, ou participe de
representação de igual natureza;
III - resida ou trabalhe em casa de prostituição;
IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a
comiseração pública:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

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CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Objetividade jurídica: Tipo objetivo:


A moral da criança ou do adolescente.
1. Permitir frequência em casa de jogo ou má afamada:
significa consentir com a frequência de menor em boate,
Sujeitos do delito: prostíbulo etc. Uma vez exigida a frequência, é preciso uma
reiteração (várias idas) para que a conduta seja penalmente
Sujeito ativo: os pais, tutores e também quem
relevante. Assim, trata-se de crime habitual;
possui a guarda ou a ele foi confiado o menor,
2. Permitir a frequência em espetáculos que possam causar a
como os professores, os responsáveis por perversão ou ofensa ao pudor ou, ainda, permitir a
“acampamentos de férias” etc. Sujeito passivo: é o participação de representação dessa natureza. Ocorre por
menor de 18 anos. exemplo quando o agente permite que a criança ou
adolescente assista ao filme ou à peça teatral com violência,
em desacordo com a faixa etária estipulada. A segunda forma
de permitir a participação em representação teatral, de
cinema e televisão pune também o produtor ou o ator através
do art. 240 do ECA;

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CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar CAP. 3 – Crimes contra a assistência familiar

Tipo objetivo: Tipo subjetivo:


O dolo, consistente na vontade de permitir ou tolerar qualquer
3. Permitir a residência ou o trabalho em casa de prostituição. das quatro possibilidades acima descritas.
Pode ser cometido pela própria prostituta que permite que o Consumação:
filho more em sua companhia; A consumação pode-se dar por duas formas: (1) o responsável
4. Permitir que o menor mendigue ou sirva a mendigo, primeiro consente e depois o ato é realizado; (2) o ato é realizado e
depois o responsável consente. No primeiro caso, o crime se
excitando a comiseração pública, a compaixão através de
consuma com uma das condutas. Nota-se que todas as condutas
métodos, como a exposição de defeito físico, de trajes etc. contêm o caráter de habitualidade, com exceção da participação de
Basta a omissão para caracterização dos delitos, não se representação que admite por exemplo a participação uma só vez.
exigindo também o fito do lucro. Nesse caso, com uma só vez, consumou-se o crime (Damásio,
Código penal anotado, p. 818). Nos demais casos, a vítima realiza a
conduta e depois o responsável consente. Nesse caso, o crime só se
consuma com o assentimento. Exemplo: filho freqüenta casa de jogo
e o pai, sabendo depois, permite. Nesse caso, a tentativa não é
admitida para a doutrina (Cezar Roberto Bitencourt, Tratando de
direito penal, parte especial, v. 4, p. 158).

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CAP. 4 – Crimes contra o pátrio poder, tutela e curatela CAP. 4 – Crimes contra o pátrio poder, tutela e curatela

Induzimento a fuga, entrega arbitrária ou Objetividade jurídica:


sonegação de incapazes Tutela-se o direito ao poder familiar, à tutela e à
Art. 248 - Induzir menor de dezoito anos, ou curatela e também os incapazes.
interdito, a fugir do lugar em que se acha por
determinação de quem sobre ele exerce autoridade, Sujeitos do delito:
em virtude de lei ou de ordem judicial; confiar a
outrem sem ordem do pai, do tutor ou do curador Sujeito ativo: qualquer pessoa, podendo ser os pais
algum menor de dezoito anos ou interdito, ou que, por exemplo, tiverem o poder familiar
deixar, sem justa causa, de entregá-lo a quem suspenso. Sujeito passivo: o pai, tutor, o curador e
legitimamente o reclame: o incapaz. Na expressão “pai” inclui-se a mãe
(interpretação extensiva).
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

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CAP. 4 – Crimes contra o pátrio poder, tutela e curatela CAP. 4 – Crimes contra o pátrio poder, tutela e curatela

Tipo objetivo: Tipo subjetivo:


Induzimento à fuga: nesse caso, o agente faz O dolo, consistente na vontade de praticar uma das
nascer a ideias ao incapaz de fugir. Exemplo: três condutas antes mencionadas.
sugerir ao menor que fuja da casa onde reside com
os pais. Consumação:
Entrega arbitrária: nesse caso, o agente entrega a Consuma-se o delito com a fuga e não com o
outra pessoa não autorizada a receber o incapaz. simples convencimento, exigindo um real
Sonegação de incapaz: nesse caso, o agente deixar afastamento e uma certa duração. Na segunda
de entregar, sem justa causa, a quem conduta, com a entrega e na terceira, com a recusa
legitimamente o reclama. Nessa hipótese, o agente em entregar. A tentativa é permitir nas duas
possui a posse do incapaz, mas se recusa a primeiras condutas, mas não na terceira, já que se
entregar a quem de direito o requer. trata de crime omissivo puro.

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CAP. 4 – Crimes contra o pátrio poder, tutela e curatela CAP. 4 – Crimes contra o pátrio poder, tutela e curatela

Subtração de incapazes Objetividade jurídica:


Art. 249 - Subtrair menor de dezoito anos ou
interdito ao poder de quem o tem sob sua guarda Tutela-se o direito à guarda resultante de lei ou de
em virtude de lei ou de ordem judicial: ordem judicial. O art. 33, “caput” do ECA prevê o
Pena - detenção, de dois meses a dois anos, se o direito de oposição a terceiros, inclusive aos pais.
fato não constitui elemento de outro crime.
§ 1º - O fato de ser o agente pai ou tutor do menor Sujeitos do delito:
ou curador do interdito não o exime de pena, se
destituído ou temporariamente privado do pátrio
poder, tutela, curatela ou guarda. Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: o
pai, o tutor, o guardião, o curador e o incapaz.
§ 2º - No caso de restituição do menor ou do
interdito, se este não sofreu maus-tratos ou
privações, o juiz pode deixar de aplicar pena.

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CAP. 4 – Crimes contra o pátrio poder, tutela e curatela CAP. 4 – Crimes contra o pátrio poder, tutela e curatela

Tipo objetivo: Consumação:


Subtrair significa retirar o incapaz. Existe o crime Consuma-se o delito com a subtração. A doutrina
mesmo diante da concordância do incapaz. Comete entende como crime instantâneo. Mas Mirabete entende
tal delito o pai que se aproveita de visita aos filhos como crime permanente, sendo que a consumação se
prolonga no tempo (Mirabete, Manual de direito penal,
e os subtrai da guarda da mãe (RT 520/416).
parte especial, v. 3, p. 52). A tentativa é possível.

Tipo subjetivo: Conflito aparente de normas e subsidiariedade:


O dolo, bastando a vontade de retirar da vítima o A subtração só permanece, inexistindo outro delito.
incapaz. Existindo outro delito como o de extorsão, não
permanece, aplicando-se o princípio da subsidiariedade
por força do próprio tipo (“se o fato não constitui
elemento de outro crime”).

TÍTULO VII - DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA


CAP. 4 – Crimes contra o pátrio poder, tutela e curatela

Perdão judicial (art. 249, § 2º, do CP):


Havendo restituição, sem maus-tratos ao incapaz, o juiz
pode aplicar o perdão judicial, ou seja, deixa de aplicar
a pena. A restituição deve ser ao menor e deve ser
voluntaria, isto é, pode ser sugerida por outro, mas
deve ser feita pelo agente por sua própria vontade.

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