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design : programa ambiental

espécie de poetizar do urbano -> as ruas e as bobagens do nosso daydream diário se enriquecem -> vê-se q elas não
são bobagens nem trouvailles sem consequência -> são o pé calçado pronto para o delirium ambulatorium renovado a
cada dia. (hélio oiticica, 1978)

Este exercício-ensaio de produção de texto se inicia a partir de um convite: você gostaria de participar
de uma experiência artística? Em 2011, a exposição conjs., re-bancos*: exercícios&conversas do artista
Ricardo Basbaum, no Museu de Arte da Pampulha (MAP), em Belo Horizonte, propunha, “uma equação social
a ser resolvida por todos”1. Naquele momento, eu, ou qualquer pessoa, encontrava a possibilidade de
deslocamento de um lugar qualquer para outros lugares. Analisando hoje, inicio essa pesquisa.
Naquela situação, também me deslocava da posição de estudante de design2 para uma prática
educador-estudante no Projeto Escola Integrada da Prefeitura, propondo oficinas de intervenção urbana em
uma escola municipal que, por acaso, ficava próximo ao MAP. O convite do Ricardo Basbaum foi feito, então,
por mim aos estudantes que, surpreendentemente, ainda não haviam sido convidados para ir ao museu.
A intervenção urbana, que até então se dava nos muros da escola, foi deslocada para o corpo múltiplo
no qual a escola se faz, ou seja, para os próprios corpos dos estudantes, para o ambiente que os integrava
(revelador ser corpo discente o conjunto). Nas proposições do artista, os participadores compunham o jogo
aberto de variações programadas de modos de usar a cidade, a partir das equações sociais de Basbaum,
intervindo nas equações urbanas com o deslocamento do corpo. Na poética-crítica da linguagem, nós =
eu+você3, compomos a matemática indisciplinada e incerta do corpo urbano (discente-docente).
A escola de design, então, passava a ser um outro lugar. Encontrava na cidade potencialidades
educativas, ou outros lugares educativos. Aceitava, sem expectativas, o convite à experiência artística nos
modos de fazer design. Encontrava no aprofundamento das proposições educativas e nas inquietações da
arte contemporânea esses outros lugares do design. A tentativa de diferenciar arte, educação e design se
mostrava incerta no exercício a que me propus e a tentativa de sustentar na academia algumas certezas da
historiografia desta área do conhecimento se mostrava, por sua vez, vivas na arte contemporânea. As
referências da arte brasileira nas décadas de 1950 e 1960 iam ao encontro da história do design no Brasil.
Inevitável tal justaposição.
Ao mesmo tempo, um certo descaso do ensino do design com as referências e os processos artísticos,
a análise crítica da arte e o pensamento, poético e político, nos modos de fazer design no Brasil parece existir
até os dias de hoje. Explicitado neste trecho de Lina Bo Bardi onde diz que “a arte não é tão inocente: a
grande tentativa de fazer do desenho industrial a força regeneradora de toda uma sociedade faliu e
transformou-se na mais estarrecedora denúncia da perversidade de um sistema”. O design oferecendo à
sociedade e à indústria, desserviços descontextualizados e acríticos.
A interdisciplinaridade de saberes pela experiência através de processos artísticos foi evidenciada,
então, em mais um dos lugares educativos. Em 2012, explorava como educador o acervo in progress do
Instituto Inhotim que, na trajetória pessoal, compõe a potência das ambiências descentralizadas de estudo:
ora os jardins sensoriais do acervo botânico, ora a escola, ora as cosmococas do Hélio Oiticica, ora os
jardineiros, ora os professores e estudantes, ora os processos artísticos do eu-participador etc. O que Edgard
Morin chama de aprender a viver a interdisciplinaridade, ou a incorporação da sapiência para a vida ou
conhecimento-experimento transformador.
Nesta situação, publiquei dois textos que são importantes para esta narrativa. O primeiro, geografia do
4
corpo , explorava as potências dos deslocamentos por parte dos educadores e estudantes. Na ocasião,
propus a feitura de mapas in situ após perceber a sutileza da fala da professora (que havia estudado e dava

1
BASBAUM, Ricardo. Conjs., re-bancos*: exercícios&conversas. Organização de Renata Marquez. Belo Horizonte: Museu de Arte da Pampulha, 2012.
2
Ingressei no curso de Design da EAD UFMG – Escola de Arquitetura e Design da Universidade Federal de Minas Gerais – em 2011 e iniciei a bolsa
de pesquisa no Projeto Escola Integrada também em 2011.
3
Idem 1
4
MONTEIRO, Otávio Arcanjo. Geografia do Corpo. Brumadinho: Instituto Inhotim, 2013. Instituto Inhotim (Descentralizando o Acesso: Caderno
Educativo 08).
aula na mesma escola) ao dizer que conhecia aquele lugar como a palma da mão dela. O mapa estava ali,
naquele corpo. Adiciono a este relato, o pensamento sobre a antropologia da educação4, título do segundo
texto. O olhar atento e a construção conjunta da liberdade dos conhecimentos era a tentativa dos encontros
que realizava com professores. As várias narrativas que possibilitam desdobramentos a partir dos processos
artísticos dos artistas do acervo e as multi-imagens5 imaginadas e interpretadas das obras de arte pelos
participadores compunham essa tentativa antropológica no processo educativo.
E então, com um mapa de referências artísticas, proposições educativas e projetos de design embarco
para a Inglaterra para estudar na escola de artes de Cambridge. Se por um lado, ao iniciar os estudos, ficava
evidente uma certa proposta estética do design naquela escola, e que Lina Bo Bardi, ao compreender os
processos de fazer design no Brasil anunciara um fim, na década de 60, quando cita especialmente “a
desmistificação do design como arma de um sistema, a procura antropológica no campo das artes contra a
procura estética está em curso em um debate lúcido, reexame de história do fazer nas artes”, contradizendo
os pensamentos iniciais do design de John Ruskin e William Morris; por outro, ficava clara a descontinuidade
de contextos dos projetos desenvolvidos nas escolas brasileiras, tentativa também frustrada de importar tais
modos de fazer. Entre educativos de museus6 de Cambridge e as aulas da universidade que frequentava,
percebia a diferença do entendimento dos processos educativos em relação ao Brasil. Os modos de fazer
eram outros, acredito, pois os lugares-corpos são outros.
Retorno, elogiando a errância. A procura por uma máquina de xerox provocou o encontro com dois
lugares: uma banca de revistas e o Robson. À procura de distribuir conteúdos independentes de uma
produção editorial autônoma que realizava com alguns amigos propomos, neste encontro, a ocupação,
transformação e organização da BANCA, hoje ponto de encontro, divulgação e distribuição de publicadores do
Brasil em Belo Horizonte.
Neste elogio: encontrar lugares surpreendentes e extraordinários. Matérias-primas para um design
situacionista. Proposições em uma dada situação7. Nada muito disciplinado, nada tão certo. Dispositivos que
permitam a alteração livre e espontânea do outro. Compreender o processo inútil, da não-finalidade das
coisas. Errar na tradução do design, mas compreender a experiência artística no esforço contínuo do fazer, de
estar. "O artista deve agir como parte ligada ao povo ativo, além de ligada ao intelectual8". Ser um outro para
construir projetos coletivos de design. Libertar da posse dos nomes próprios e construir situações artísticas
livres. Imaginar este lugar do design como dispositivo entre a arte, a educação e a antropologia. Aquilo
de perceber que "a tarefa do atuante no campo do desenho é, apesar de tudo, fundamental. Aquilo que Brecht
chamava a capacidade de dizer não. A liberdade do artista foi sempre individual, mas a verdadeira liberdade
só pode ser coletiva8."
programa ambiental:
Para o ensaio do programa ambiental do design: a introdução da manifestação social e atuação ética
no projeto, a manifestação individual dos comportamentos em posições referentes ao ambiente ser uma
operação política, assim como introduzido por Lina ou Oiticica, caracterizando noções ambientais definidas,
relacionadas e formando um todo orgânico na escala do projeto artístico. Não se trata de eleger, no contexto
do design, um objeto de estudo, mas de tomar a diversidade de ambientes como "objeto". Talvez a não
existência do objeto de estudo do design, mas ambiências9.
Importante é aceitar, fazer uso antropológico, quando necessário, de coisas esteticamente negativas: a
arte (como a arquitetura e o desenho industrial) é sempre uma operação política.10
Ao programa ambiental propriamente referido de Hélio Oiticica, participo a noção da palavra na
tentativa de questioná-la e reconhecer possíveis significados ao longo da pesquisa. “Ambiental é para mim a
reunião indivisível de todas as modalidades em posse do artista ao criar – as já conhecidas: a cor, palavra,

5
SANTOS, Laymert Garcia. “Projeções da terra-floresta: o desenho-imagem yanomami”. In Anjos, Moacir dos (ed.). Pertença – Cadernos
SESC_Videobrasil 8. São Paulo: SESC, 2012-2013, pp. 49-54.
6
Cito Fitzwilliam Museum, Curating Cambridge e Kattle's Yard, Circuit, Cambridge.
7
ALŸS, Francis. Numa Dada Situação. Cosac Naify, 2010.
8
BARDI, Lina Bo. Tempos de Grossura: o design no impasse. São Paulo: Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, 1994.
9
MARQUEZ, Renata Moreira. Geografias portáteis [manuscrito] : arte e conhecimento espacial. 2009.
10
Idem 9
luz, ação, construção etc., e as que a cada momento surgem na ânsia inventiva do mesmo ou do próprio
participador ao tomar contato com a obra.” 11Tal programa ambiental vem da prática do deslocamento, do
delirium ambulatorium, também realizados por outros artistas contemporâneos.
Na liberdade dos meios, a posição ética e política a partir de dispositivos que podem promover a
incorporação de uma posição social-ambiental dos indivíduos. Um possível movimento contraditório de
registro acadêmico de um estudante de design interessado em promover e pensar as práticas errantes,
educativas, artísticas, sociais e políticas no coletivo. O conjunto para apropriações ambientais: lugares ou
obras transformáveis. As possibilidades da errância ao estar disponível a reconhecer um outro em situações
meio ambientes.

referências bibliográficas
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11
OITICICA, Hélio et al. Hélio Oiticica. Rio de Janeiro: Centro de Arte Hélio Oiticica, 1997.

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