Projeto de Graduação
EENX01 – Projeto Final em Engenharia Naval
2
1 Introdução
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .(1.1)
3
O problema da Teoria do Potencial para estimar as forças de segunda ordem
( é de difícil solução e atualmente só a força de difração deste problema tem sido
calculada. Dentre vários métodos podemos citar o de Pinkster (Pinkster, 1980) e o do
WAMIT (Korsmeyer, Lee, Newman and Sclavoulos, 1988). Existem indicativos de que
ambos os métodos, embora não consagrados como no caso da primeira ordem,
forneçam resultados confiáveis (Fernandes, 1994).
A grande desafio para se resolver a equação do movimento durante as fases de
projeto é a estimativa da força de amortecimento. Não existem modelos matemáticos
confiáveis para se determinar o coeficiente ( ) da Equação (1.1). A dependência dos
ensaios em tanque com modelos reduzidos ainda é grande.
As forças de amortecimento em unidades ancoradas podem ser divididas em dois
grupos principais: o amortecimento devido aos movimentos do casco (hull drift
damping - HDD) e a parcela decorrente das linhas de ancoragem (mooring line damping
- MLD). No capítulo 2 o amortecimento de plataformas será discutido com mais
detalhes.
Para equacionar o assunto, no capítulo 3, segere-se um procedimento numérico-
experimental (Fernandes, Mineiro, Rosa e Sales, 2006). Realizaram-se para tal ensaios
de decaimento em um modelo de casco de FPSO. Pode-se então verificar a influência
das linhas de ancoragem em face ao amortecimento global da plataforma. Realizaram-se
ensaios com diferentes diâmetros de linhas com o objetivo. Além dos ensaios em águas
tranquilas foram realizados ensaios adicionais com ondas afim de se verificar a parcela
do amortecimento decorrente da incidência de ondas (wave drift damping – WDD).
Concomitantemente, decidiu-se processar um programa não linear no domínio
do tempo adequado para o assunto, o ORCAFLEX 9.2. Assim, após a homogeneização
com resultados de ensaios, estenderam-se os resultados numericamente para diferentes
faixas de amplitudes e períodos de ondas, bem como para diâmetros de linhas
adicionais.
No capítulo 4, o trabalho sugere um modelo quadrático que pode ser útil para
calcular o coeficiente de amortecimento da equação do movimento.
O trabalho termina com sugestões de procedimentos para ensaios com modelos
reduzidos e projetos de linhas de ancoragem propriamente ditos.
4
2 Amortecimento de Segunda Ordem
5
ensaios com um VLCC 200.000 dwt e um LNG 125.000 dwt realizados por Wichers, na
qual pode-se observar o amortecimento decorrente da radiação de ondas praticamente
igual a zero na faixa de frequência de oscilação típica dos movimentos de deriva lenta
(0,05 rad.s-1).
. = . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .(2.1)
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (2.2)
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (2.3)
.
6
O coeficiente denota o coeficiente de amortecimento equivalente. Na equação
(2.3) ele está escrito em termos dos seus coeficientes. Onde é a amplitude do
movimento.
Como dito no capítulo 2, o amortecimento total é formado pela soma dos
componentes individuais:
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (2.4)
. . cos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (2.5)
amortecida, .
7
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (2.6)
. .
. .
. . sen . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (2.7)
No modelo linear, o termo sin da equação (2.4) fica sendo igual a 1, porque
, logo:
ln . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (2.8)
ln . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (2.9)
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (2.10)
8
2.2.2 Modelos Quadráticos
log . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (2.11)
coeficientes são estimados através de uma simples regressão linear. A figura 2.4 mostra
um exemplo deste ajuste linear.
9
Os coeficientes a e b da curva são substituídos na equação (2.12), que nada mais é
que a equação do decaimento.
. . . . . 0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (2.12)
2. . . . . 0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (2.13)
2. / e / .
. .
2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (2.14)
. .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (2.15)
10
3 Análise Numérica-Experimental
11
Tabela 2: Características das bolinas.
Case Description
Bilge Keel 0 (BK0) No Bilge Keel
Bilge Keel 1 (BK0) Breadth = 500mm, α = 45°
Bilge Keel 2 (BK0) Breadth = 750mm, α = 45°
Bilge Keel 3 (BK0) Breadth = 500mm, α = 20.6°
Bilge Keel 4 (BK0) Breadth = 750mm, α = 13.6°
12
Tabela 4: Coordenadas dos fairleads e ângulo de azimute.
X Y Z Angle
Line nº
(m) (m) (m) (deg )
1 133,85 -28,39 6,80 316
2 131,30 -28,39 6,80 313
3 128,48 -28,39 6,80 310
4 126,20 -28,39 6,80 307
5 123,65 -28,39 6,80 304
6 -88,83 -28,39 6,80 236
7 -91,38 -28,39 6,80 233
8 -93,93 -28,39 6,80 230
9 -96,48 -28,39 6,80 227
10 -99,03 28,39 6,80 224
11 -99,03 28,39 6,80 136
12 -96,48 28,39 6,80 133
13 -93,93 28,39 6,80 130
14 -91,38 28,39 6,80 127
15 -88,83 28,39 6,80 124
16 123,65 28,39 6,80 56
17 126,20 -28,39 6,80 53
18 128,75 -28,39 6,80 50
19 131,30 -28,39 6,80 47
20 133,85 -28,39 6,80 43
13
Tabela 5: Força de restauração da FPSO no plano horizontal.
Fx (KN) X (m) Fy (KN) Y (m)
21145,70 -96,95 31375,70 -95,36
18215,20 -87,31 26999,40 -86,38
15537,30 -78,27 22962,20 -77,94
13111,50 -69,89 19295,30 -70,17
10919,50 -62,10 15993,90 -63,06
8929,11 -54,82 13018,30 -46,57
7087,16 -42,90 10305,80 -40,45
5307,24 -31,06 7707,78 -34,30
3536,58 -24,00 5116,16 -27,77
1770,76 -16,34 2527,77 -10,56
8,18 -0,80 -59,05 5,15
-1753,00 19,61 -2646,09 18,35
-3514,28 28,40 -5228,00 25,61
-5276,50 35,66 -7795,91 32,25
-7054,00 42,64 -10443,20 48,86
-8907,24 51,49 -13327,40 55,79
-10902,90 61,61 -16525,20 63,24
-13091,80 74,26 -20102,00 71,35
-15503,40 82,49 -24069,80 80,13
-18152,70 91,28 -28396,40 89,51
-21038,90 100,55 -33023,60 99,35
Offset X (m)
30000
20000
10000
Tração (kN)
0
-150 -100 -50 0 50 100 150
-10000
-20000
-30000
Offset (m)
14
offset Y (m)
40000
20000
Tração (kn)
0
-150 -100 -50 0 50 100 150
-20000
-40000
offset (m)
Uma vez as análises estáticas concluídas, análises dinâmica foram realizadas para
que fossem estimados os amortecimentos das linhas e do casco nas simulaçoes
computacionais de decaimento, nas direções X e Y. Para a direção X os resultados estão
na tabela 6 e na figura 3.4. Na direção Y os resultados estão na tabela 7 e na figura 3.5.
Nas simulações para avaliar o amortecimento do somente do casco (HDD) o coeficiente
de arrasto das linhas Cd foi zerado.
O coeficiente do amortecimento linear foi calculado ajustando a envoltória
como explicado no capítulo 2.
. .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (3.1)
15
Linear Coef. (zeta) x Offset - surge
ORCAFLEX
90
80
70
Offset X - meters
60
Hull + Lines
50
Hull
40
Lines
30
20
10
0
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00
Zeta (% )
16
Linear Coef. (zeta) x Offset - sway
ORCAFLEX
90
80
70
Offset Y - meters
60
Hull + Lines
50
Hull
40
Lines
30
20
10
0
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00
Zeta (% )
17
As linhas equivalentes necessitaram de truncamento porque surgiram problemas no
momento de transpor a profundidade do oceano para a escala do modelo.
No caso estudado foi utilizada a escala 1:70 com quatro linhas de ancoragem
truncadas, para representar a profundidade de 770 metros, que na escala reduzida cabe
no LabOceano, cuja profundidade máxima é de 15 metros.
A figura 3.6 ilustra a nova configuração das linhas truncadas na profundidade de
770 metros.
18
Tabela 8: Comparação entre os modelos de 20 linhs e de 4 linhas equivalente
truncadas da força de restauração vs. offset inicial nas direções X e Y.
20 Lines 4 Lines 20 Lines 4 Lines
Fx (kN) Fy (kN)
X X Y Y
21145,7 -100 -98 31375,7 -100 -105
18215,2 -90 -90 26999,4 -90 -91
15537,3 -80 -77 22962,2 -80 -84
13111,5 -70 -69 19295,3 -70 -74
10919,5 -60 -58 15993,9 -60 -62
8929,1 -50 -49 13018,3 -50 -51
7087,2 -40 -38 10305,8 -40 -41
5307,5 -30 -28 7707,8 -30 -32
3536,6 -20 -19 5116,2 -20 -22
1770,8 -10 -8 2527,8 -10 -10
8,18 0 1 -59,1 0 0,1
-1753,0 10 11 -2646,1 10 10
-3514,3 20 21 -5228,0 20 20
-5276,5 30 31 -7795,9 30 29
-7054,0 40 41 -10443,2 40 38
-8907,3 50 51 -13327,4 50 49
-10902,9 60 61 -16525,2 60 60
-13091,8 70 72 -20102,0 70 69
-15503,4 80 81 -24069,8 80 79
-18152,7 90 90 -28396,4 90 89
-21038,9 100 100 -33023,6 100 100
Offset X (m)
25
20
Tension ( 1000 kN)
15
10
5
0
-150 -100 -50 -5 0 50 100 150
-10
-15
-20
-25
Offset (m)
Orcaflex 20 lines OrcaFlex 4 lines truncated
Figura 3.7: Restauração vs. offset inicial para os modelos de 20 linhas e de 4 linhas
equivalentes na direção X.
19
Offset Y (m)
30
20
0
-150 -100 -50 0 50 100 150
-10
-20
-30
offset (m)
OrcaFlex 20 lines OrcaFlex 4 lines truncated
Figura 3.8: Restauração vs. offset inicial para os modelos de 20 linhas e de 4 linhas
equivalentes na direção Y.
20
3.2 Ensaios com o Modelo Reduzido
21
Figura 3.10: Linha equivalente: a figura mostra a mola, a mangueira de 21 mm e o
cabo de aço de 2 mm.
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Offset (m) - SURGE
ORCAFLEX LabOceano
22
Linear Coef. x Initial Amplitude - (SWAY)
Full Scale (ORCAFLEX x LabOceano)
12,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Offset (m) - SWAY
ORCAFLEX LabOceano
Fica evidente nas figuras 3.11 e 3.12 que os resultados apresentaram boa aderência.
As tabelas 11 e 12 apresentam de forma resumida os resultados dos ensaios.
23
3.2.2 Decaimento em Ondas
Observe que a diferença entre os ensaios está na terceira casa decimal para
amplitude inicial de 20 metros. Os demais resultados numéricos estão na tabela 15. A
tabela 16 apresenta cada um dos componentes HDD, MLD e WDD.
24
Tabela 16: Resultados numéricos dos ensaios na direção X com as componentes
separadas do HDD, MLD e WDD.
ζ WDD ζ WDD
X0 (m) ζ HDD ζ MLD
Wave 1 Wave 2
25
3.2.3 Distorções dos Diâmetros das Linhas
· · · ·| | . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (3.2)
3
y = 0,1075x + 0,2754
2,5
2
Zeta (%)
1,5
0,5
0
0 5 10 15 20 25
Ø (mm)
26
4 Proposta de Modelo Matemático para Estimativa do
Amortecimento do Casco de FPSOs em Surge
Nota-se na figura 3.4 que o HDD em surge varia linearmente com o aumento da
amplitude inicial do ensaio. Logo, a expressão (4.1) é sugerida para estimativa do
amortecimento do casco. Está equação é obtida a partir do balanço de energia dissipada
em cada ciclo. Assumindo a hipótese que a cada é dissipada a mesma quantidade de
energia.
· · · · . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (4.1)
. .
1,17
5,20
0,9896 /
27
Coeficiente Linear (zeta) do Casco
0.030
0.025
0.020
HDD
0.015 orca
0.010
lab
0.005
mat
0.000
0 0.5 1 1.5
Amplitude Inicial (metros)
28
5 Conclusões e Trabalhos Futuros
29
6 Referências
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Spectrum”, OMAE 96. Florença, Itália, Junho.
Faltinsen, O.M., 1990. “Sea Loads on Ships and Offshore Structures”, Cambridge
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Fernandes, A.C., 1996. “O Exercício ISSC Sobre Mooring Line Damping”, Trabalho
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1996.
Fernandes, A.C., Mineiro, F., Rosa, A., Sales, J.S., 2006. “Amortecimento e elasticidade
das linhas de amarração nos ensaios com modelos reduzidos de FPSOs”, 21ª
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USA.
30