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As três faces do jejum – seus efeitos na saúde, composição corporal e


desempenho esportivo. The three faces of fasting – effects on health, body
composition and sports performance

Article · August 2016

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1 author:

Gustavo Barbosa Santos


Metropolitan College of Campinas (Metrocamp)
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Revista Brasileira de

NUTRIÇÃO
FUNCIONAL
Brazilian Journal of Functional Nutrition

ISSN 2176-4522
ano 16. edição 67
www.vponline.com.br

RECEITA
Creme de tubérculos com ervilha

Treinamento Intervalado de Alta Intensidade (HIIT):


Necessidade ou Possibilidade?

As três faces do jejum – seus efeitos na saúde,


composição corporal e desempenho esportivo

Análise contextual dos alimentos transgênicos


no âmbito da segurança alimentar e nutricional no Brasil
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Apresentação da Parceria entre VP Consultoria Nutricional e IBNF
Revista Brasileira de Nutrição Funcional

A VP Consultoria Nutricional, cumprindo mais uma vez sua missão de promover, aplicar e difundir
a ciência da Nutrição Funcional, apresenta a parceria com o Instituto Brasileiro de Nutrição Funcional
(IBNF) por meio da disponibilização da Revista Brasileira de Nutrição Funcional.

O grande intuito desta parceria é disseminar os conhecimentos desta ciência e contribuir para
fortalecimento científico do IBNF, o órgão representativo dos profissionais da Nutrição Funcional no
Brasil, fundado em 2004.

A Revista Brasileira de Nutrição Funcional foi iniciada 2010 como continuidade da Revista Nutrição,
Saúde & Performance lançada como Boletim em 1999. Apresenta como Diretoras Responsáveis a
Dra. Valéria Paschoal e Dra. Andréia Naves, com Redação, Editoração e Administração pela VP
Consultoria Nutricional.
A Revista Brasileira de Nutrição Funcional é indexada na base de dados da SUMÁRIOS e publica
artigos inéditos que contribuem para o estudo e o desenvolvimento da ciência da Nutrição nas áreas
de Nutrição Clínica Funcional, Nutrição Esportiva Funcional, Fitoterapia e Gastronomia Funcional,
abrangendo, ainda, os conceitos de Responsabilidade Socioambiental (RSA) e Agroecologia. São
publicados artigos originais (inclusive estudo de caso), artigos de revisão, receitas funcionais e
matérias relacionadas à Agroecologia, RSA e iniciativas inovadoras.

Esperamos que esta parceria seja uma nova ferramenta para seu crescimento profissional.

Dra Valéria Paschoal

Dra Andreia Naves


www.vponline.com.br

3
Dra. Valéria Paschoal
Diretora da VP Consultoria Nutricional

A VP Consultoria Nutricional, cumprindo mais uma vez a sua missão de


construir, aplicar e difundir o conhecimento científico da Nutrição Funcional
em todas as esferas sociais, econômicas, políticas e técnicas, de forma ética e
promovendo a saúde como vitalidade positiva, lança a primeira edição virtual
da Revista Brasileira de Nutrição Funcional, de acesso livre a todos os públicos,
mantendo o rigor e a qualidade científica de nosso conteúdo.

Discutiremos atualizações científicas nas diferentes áreas de conhecimento da


Nutrição Funcional. Em Nutrição Esportiva, abordaremos temas que vêm sendo
intensamente discutidos pela comunidade científica, despertando muito interesse
nos profissionais na prática clínica: jejum e seus efeitos na saúde, composição
corporal e desempenho esportivo; e treinamento intervalado de alta intensidade
(HIIT) como necessidade ou possibilidade.

Esta edição ainda apresenta um estudo de caso com excelentes resultados com
o consumo da farinha de semente de uva em perfil lipídico, além de uma importante revisão sobre a
análise contextual dos alimentos transgênicos no âmbito da segurança alimentar e nutricional no Brasil.

Para aprofundar os conhecimentos na prática clínica em Nutrição Estética, trazemos um artigo


esclarecedor acerca da estratégia de uso de suplementos à base de colágeno no tratamento da celulite.
Saiba mais sobre um grande marco para a saúde das crianças da cidade de São Paulo: a prefeitura
aprova Lei que obriga a introdução de alimentos nos cardápios da alimentação escolar.

Neste inverno, nada melhor que nos aquecermos com uma preparação repleta de sabor, nutrientes
e fitoquímicos: creme de tubérculos com ervilha.

Tenha uma excelente leitura!
Dra. Paula Gandin
Presidente do Instituto Brasileiro de Nutrição Funcional

“O conhecimento move o mundo.”

Partimos dessa premissa, pois nós, nutricionistas, trabalhamos para mudar a


maneira com a qual a sociedade encara a comida, para que ela seja peça essencial
da saúde e bem-estar de cada indivíduo. Somos profissionais dedicados à ciência da
Nutrição, questionadores, criativos e curiosos. Buscamos ampliar nosso conhecimento
constantemente para trabalhar a favor da saúde integral. Queremos dividir
informações, aplicar conceitos que promovam a importância da conscientização
geral e incorporação de mudanças de hábitos de forma permanente.

É nesse tom que compartilhamos a crescente necessidade de congregação entre


os milhares de nutricionistas associados que creditam o Instituto Brasileiro de
Nutrição Funcional. E faremos isso trazendo novos aprendizados, de uma ciência
que evolui diariamente. Por tudo isso, essa parceria com a Revista Brasileira de Nutrição
Funcional representa um marco importante e fundamental para o Instituto e seus associados.
Revista Brasileira de Nutrição Funcional

Que este seja mais um recurso importante para a ampliação e aprimoramento do conhecimento de
todos nós. Esperamos que todos possam ser grandes educadores em saúde em suas áreas de atuação.
Grande abraço,

Paula Gandin
Presidente do Instituto Brasileiro de Nutrição Funcional - Biênio 2016/18

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Revista Brasileira de Nutrição Funcional - 2016 - edição 67


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Diretoras Responsáveis Redação, Publicidade e Administração
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Valéria Paschoal e Andréia Naves VP Consultoria Nutricional
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Ana Beatriz Baptistella Leme da Fonseca Atendimento ao Associado
consultoriacientifica@vponline.com.br Paula Gimenez - contato@vponline.com.br
capa.

Neiva dos Santos Souza Fone/ Fax: (11)3582-5600


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As condutas nutricionais preconizadas na
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José Maria M. Filho devem ser supervisionadas exclusivamente
MTB – 19.852 - josemaria@vponline.com.br por nutricionistas ou médicos especializados.

Revisão Ortográfica Os editores não se responsabilizam pelo


Lemuel Cintra conteúdo dos anúncios, matérias e artigos
lcintra@gmail.com assinados. A reprodução total ou parcial
desta publicação só será permitida mediante
Capa, Ilustrações e Editoração autorização prévia.
Bárbara Feracin Meira
VP Consultoria Nutricional
Ctp e Impressão Fone/ Fax: (11)3582-5600
A.R. Fernandez Pré-Impressão e Gráfica contato@vponline.com.br
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Coordenação e Autores
Conselho Editorial
Ana Cláudia Poletto
Nutricionista pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (2002) e mestre em Ciências, com ênfase em Fisiologia
Humana pela Universidade de São Paulo (2006). Pesquisadora (doutoranda, desde 2007) do programa de Fisiologia
Humana da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Fisiologia Endócrina, atuando nos temas:
mecanismos transcricionais envolvidos na regulação da expressão do gene SLC2A4, sensibilidade à insulina,
metabolismo lipídico, obesidade e diabetes mellitus.

Ana Vládia Bandeira Moreira


Nutricionista graduada pela Universidade Estadual do Ceará (1996), mestre em Ciências dos Alimentos pela
Universidade de São Paulo (1999) e doutora em Ciências dos Alimentos pela Universidade de São Paulo (2003).
Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal de Viçosa (MG). Coordenadora do Laboratório de Análise
de alimentos e coordenadora do Projeto de extensão pró-celíaco. Ministra as disciplinas de Técnica Dietética na
Graduação e Dietética Aplicada no Mestrado e Doutorado e Gastronomia Funcional na especialização na UFV.

Andréia Naves
Nutricionista e Educadora Física. Diplomada pelo The Institute for Functional Medicine (USA) em 2007. Editora
Científica da Revista Brasileira de Nutrição Funcional. Diretora da VP Consultoria Nutricional. Docente convidada
dos cursos de pós-graduação em Nutrição Clínica Funcional e Nutrição Esportiva Funcional da Universidade
www.vponline.com.br

Cruzeiro do Sul. Autora dos Livros “Nutrição Clínica Funcional: dos Princípios à Prática Clínica”, “Nutrição Clínica
Funcional: Obesidade”, “Nutrição Clínica Funcional: Modulação Hormonal” e “Tratado de Nutrição Esportiva
Funcional”. Colaboradora do livro “Suplementação Funcional Magistral: dos Nutrientes aos Compostos Bioativos”.
Membro do The Institute for Functional Medicine – USA. Coordenadora científica dos cursos de pós-graduação

5
Coordenação e Autores
Anna Cecília Queiroz de Medeiros
Nutricionista pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Docente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Experiência na área
de Nutrição, com ênfase em Nutrição e metabolismo de nutrientes nos diversos estados fisiológicos.

Fátima Aparecida Arantes Sardinha


Nutricionista. Doutora em Ciência dos Alimentos pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas/USP. Mestre em
Ciências Aplicadas à Pediatria pela UNIFESP/EPM. Especialista em Nutrição e Saúde Pública pela UNIFESP/EPM.
Docente convidada do curso de pós-graduação em Nutrição Clínica Funcional da Universidade Cruzeiro do Sul.

Fernanda Serpa
Diretora e Docente da Empresa Nutconsult. Nutricionista pela Universidade do Estado do RJ/UERJ. Título de
residência em Clínica Médica no Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ. Pós-graduada em Nutrição Clínica
Funcional pela Universidade Cruzeiro do Sul. Docente convidada dos cursos de pós-graduação e extensão da
Universidade Cruzeiro do Sul. Mestre em Clínica Médica - IPPMG/UFRJ. Nutricionista Militar do Corpo de Bombeiros
do RJ. Nutricionista Municipal do Hospital Souza Aguiar.

Gilberti Hübscher
Nutricionista. Mestre e Doutora em Fisiologia Cardiovascular pela UFRGS. Especialista em Gestão e Saúde pela
PUC-RS, Gestão em UAN pela UNISINOS e em Saúde da Família pela ULBRA (RS). Docente convidada dos cursos
de pós-graduação em Nutrição Clínica Funcional da Universidade Cruzeiro do Sul e dos cursos de graduação em
Nutrição e pós-graduação em Saúde e Trabalho da Feevale (RS). Membro do Instituto Brasileiro de Nutrição
Funcional (IBNF).

Rosangela Passos de Jesus


Professora Adjunta da Escola de Nutrição da UFBA (ENUFBA). Doutora em Ciências da Saúde pela Faculdade de
Medicina da USP. Mestre em Nutrição pela Universidade Federal de São Paulo. Especialista em Nutrição Clínica
Funcional, coordenadora do Ambulatório de Nutrição e Hepatologia do Hospital Universitário Prof Edgard Santos.

Sandra Matsudo
Médica Especializada em Medicina Esportiva pela Escola Paulista de Medicina - UNIFESP. Doutorado e pós-
doutorado em Ciências pela Escola Paulista de Medicina - UNIFESP. Diretora Geral do Centro de Estudos do
Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul - CELAFISCS. Coordenadora geral do Projeto Longitudinal
de Envelhecimento e Aptidão Física de São Caetano do Sul. Coordenadora pela IUHPE dos Cursos de Atividade
Física e Saúde Pública - Agita Mundo. Professora Titular do Curso de Educação Física do Centro Universitário FMU.
Editora Executiva da Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Autora dos Livros: “Avaliação do Idoso - Física e
Funcional”, “Envelhecimento e Atividade Física” e “Obesidade e Atividade Física”.

Valéria Paschoal
Nutricionista. Mestre na área de Nutrição e Pediatria pela UNIFESP – EPM. Editora Científica da Revista Brasileira
de Nutrição Funcional. Coordenadora científica e docente convidada dos cursos de Nutrição Clínica Funcional
e Nutrição Esportiva Funcional da Universidade Cruzeiro do Sul. Diretora da VP Consultoria Nutricional. Autora
dos Livros “Nutrição Clínica Funcional: dos Princípios à Prática Clínica”, “Suplementação Funcional Magistral:
dos Nutrientes aos Compostos Bioativos”, “Nutrição Clínica Funcional: câncer” e “Tratado de Nutrição Esportiva
Funcional”. Coordenadora da Comissão Científica do Instituto Brasileiro de Nutrição Funcional (IBNF). Membro
Revista Brasileira de Nutrição Funcional

do The Institute for Functional Medicine – USA. Nutricionista do CSA Brasil (Community Supported Agriculture -
Agricultura Sustentada pela Comunidade). Membro do conselho consultivo da CNTU (Confederação Nacional dos
Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados).

6
Coordenação e Autores
Lista de Autores
Bernardo Neme Ide
Bacharel em Treinamento Esportivo pela UNICAMP. Doutor e Mestre em Biodinâmica do Movimento Humano
pela UNICAMP.

Camilla Almeida Menezes


Graduada em Nutrição pela Universidade Santa Úrsula (RJ-2005). Pós-graduada em Nutrição Clínica pela
Universidade Gama Filho (RJ-2006) e em Nutrição Clínica Funcional pela Universidade Cruzeiro do Sul (BA-2011),
onde atuou como aluna bolsista, desenvolvendo pesquisas científicas no âmbito da nutrição clínica funcional.
Mestre em Alimentos, Nutrição e Saúde pela Universidade Federal da Bahia (BA-2013), na linha de pesquisa Bases
Experimentais e Clínicas da Nutrição. Atuante na área de docência, como professora das disciplinas de Nutrição
Clínica da Faculdade Regional da Bahia (UNIRB), e na área de assistência clínica, em consultório, na cidade de
Salvador, BA.

Érica de Jesus dos Santos


Graduada em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda pela Faculdade Hélio Rocha
(2008). Graduanda em Nutrição pela Faculdade Regional da Bahia (UNIRB). Atuou como estagiária de Nutrição
no Hotel Tulip Inn Centro de Convenções-Ba (2014-2015).

Fernando Oliveira Catanho da Silva


Bacharel em Treinamento Esportivo pela UNICAMP. Licenciado em Educação Física pela UNICAMP. Especialista
em Bioquímica e Fisiologia do Exercício pela UNICAMP. Doutor em Biologia Funcional e Molecular pela UNICAMP.

Gabriela Pimentel
Nutricionista graduada pela Universidade Federal de Santa Catarina. Pós-graduada em Nutrição nas doenças
crônico-não transmissíveis pelo Albert Einstein. Pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional pela Universidade
Cruzeiro do Sul. Pós-graduada em Fitoterapia Funcional pela Universidade Cruzeiro do Sul. Docente dos cursos de
Pós-graduação em Fitoterapia Funcional Universidade Cruzeiro do Sul. Atua em atendimento clínico nutricional
em consultório.

Gustavo Barbosa dos Santos


Bacharel em Treinamento Esportivo pela UNICAMP. Especialista em Bioquímica e Fisiologia do Exercício pela
UNICAMP. Especialista em Bioquímica, Fisiologia, Treinamento e Nutrição Esportiva pela UNICAMP. Doutor e
Mestre em Biologia Funcional e Molecular pela UNICAMP.

Natália Marques
Nutricionista graduada pelo Centro Universitário São Camilo. Especialista em Nutrição Materno Infantil. Pós-
graduada em Nutrição Esportiva Funcional e em Fitoterapia. Formada pelo Institute for Functional Medicine.
Mestre em Ciências da Saúde, setor de Nefrologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Doutoranda
no setor de Cosmiatria da UNIFESP. Docente convidada dos cursos de pós-graduação e extensão em Nutrição
Clínica Funcional, Nutrição Esportiva Funcional e Fitoterapia Funcional e coordenadora científica da pós-graduação
em Fitoterapia Funcional pela Universidade Cruzeiro do Sul. Diretora da Nutrição Unida e Multiplicada (NUX).

Vivian Zague
Farmacêutica, Mestre em Fármaco e Medicamentos pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade
de São Paulo. Doutora em Biologia Celular e Tecidual pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de
São Paulo. Docente dos cursos de pós Graduação com MBA do Instituto IPUPO Educacional. Membro da Society
for Investigative Dermatology. Gerente Sênior de Life Science e Pesquisa Clínica em Saúde e Nutrição da GELITA.

Wagner Alessandro dos Reis


www.vponline.com.br

Nutricionista formado pelo Centro Universitário Newton Paiva/BH. Especialista em Formação Pedagógica para
Profissionais de Saúde pela Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pós-graduado
em Nutrição Esportiva Funcional e Fitoterapia Funcional pela Universidade Cruzeiro do Sul. Pós-graduando em
Nutrição Clínica Funcional pela Universidade Cruzeiro do Sul. Docente convidado do curso de pós-graduação da
Universidade Cruzeiro do Sul. Docente da Escola Técnica Profissional de Nível Médio do SITIPAN – MG. Nutricionista
e diretor do Espaço Wagner dos Reis. Personal Nutrition Funcional. Realiza palestras em empresas, escolas e
academias.
7
Índice

Análise contextual dos alimentos transgênicos no âmbito da segurança alimentar e


nutricional no Brasil
9

Efeito do consumo da farinha de semente de uva no perfil lipídico: estudo de caso.


17

As três faces do jejum – seus efeitos na saúde, composição corporal e desempenho


esportivo 22

Treinamento Intervalado de Alta Intensidade (HIIT): Necessidade ou Possibilidade?


30

Celulite: estratégia de uso de suplementos a base de colágeno


37

Creme de Tubérculos com Ervilha


43

Cidade de São Paulo aprova Lei que obriga a introdução de Alimentos Orgânicos nos
Cardápios da Alimentação Escolar
46

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Lucilene Ribeiro - Arapongas/PR

8
Gustavo Barbosa dos Santos

As três faces do jejum – seus efeitos na


saúde, composição corporal e desempenho
esportivo

The three faces of fasting – effects on health, body composition and sports performance

Resumo
Embora o jejum seja praticado há milhares de anos, apenas recentemente passamos a entender seus efeitos fisiológicos e porque, de
fato, esta prática pode ser benéfica em determinadas situações. Além disso, ela parece possuir aplicações médicas que, em alguns casos,
são tão eficazes quanto os medicamentos. Estudos sugerem, ainda, que o jejum pode ser uma estratégia eficaz para redução do peso
corporal, retardo do envelhecimento, melhora da saúde e do desempenho esportivo. O objetivo deste artigo é compilar evidências atuais
sobre as adaptações fisiológicas da prática do jejum, de forma geral, mas com ênfase no contexto esportivo. As evidências atuais deixam
claro as várias possibilidades para sua utilização. Tanto no âmbito da saúde quanto no âmbito esportivo, especificamente em relação às
respostas ao treino de endurance, os resultados são promissores. A prática regular do jejum parece, de forma especial, agir positivamente
sobre o sistema nervoso central, podendo trazer benefícios cognitivos e prevenir algumas doenças degenerativas. Além disso, o estresse
energético, por meio do exercício em jejum, potencializa respostas moleculares relacionadas ao desempenho de endurance. Por outro
lado, apesar de controversas, as evidências não apoiam o uso dessa estratégia com intuito de melhora na composição corporal. Justifica-
se a necessidade de mais estudos a fim de apontar condutas clínicas seguras para seu uso.

Palavras-chave: jejum intermitente, jejum, endurance, esporte, saúde.

Abstract
Revista Brasileira de Nutrição Funcional

Fasting has been practiced for millennia, but only recently we began to understand its physiological effects and why, in fact, this practice
can be beneficial in certain situations. Furthermore, it appears to have medical applications, in some cases, as effective as medicines.
Studies also suggest that fasting can be an effective strategy for reducing body weight, prevent aging, and improving health and sports
performance. The purpose of this article is to review the scientific literature on relevant topics to physiological adaptations of fasting,
with emphasis on the sporting context. Both in health and sporting area, specifically related to endurance training responses, the results
are promising. The regular practice of fasting seems to act positively on the central nervous system and could induce cognitive benefits
and prevent some degenerative diseases. Moreover, energy stress, through exercise while fasting, enhances molecular responses to en-
durance exercise. On the other hand, although controversial, the evidence does not support the use of this strategy aiming at improving
body composition. Further studies are necessary in order to point out safe clinical procedures for their use.

Keywords: intermittent fasting, fasting, endurance, sports, health.

9
As três faces do jejum – seus efeitos na saúde, composição corporal e desempenho esportivo

Introdução No âmbito esportivo, as alterações metabólicas

E
induzidas pelo jejum poderiam, em teoria,
Embora ainda seja tema de grande discussão favorecer a composição corporal, adaptação
e interesse científico, o jejum (i.e., abster-se importante para os fisiculturistas4, além de
voluntariamente da alimentação) vem sendo melhorar o desempenho de atletas de resistência
praticado há milhares de anos e incentivado pelas (endurance)5.
mais variadas culturas e religiões1. Do ponto de O objetivo deste artigo é compilar evidências
vista evolutivo, a capacidade de resistir a períodos atuais sobre as adaptações fisiológicas da prática
de escassez de alimento e ao jejum prolongado do jejum, de forma geral, mas com ênfase no
foi determinante para a sobrevivência da nossa contexto esportivo. A abordagem inicial será sua
espécie. É importante citar a diferença entre os aplicação clínica, passando pelas alterações de
termos jejum e inanição: enquanto o primeiro composição corporal induzidas pelo exercício
refere-se à abstenção total voluntária ou a ingestão físico realizado em jejum e, em seguida, serão
de quantidades mínimas de alimentos e bebidas abordados os mecanismos pelos quais as
calóricas por períodos que variam tipicamente adaptações orgânicas em resposta ao treino de
de 12 horas a 3 semanas, o segundo trata-se de endurance podem ser potencializadas pelo jejum
uma insuficiência nutricional crônica, que pode e/ou pela manipulação dos macronutrientes.
resultar em degeneração e morte. Apesar de
muitas vezes serem utilizados como sinônimos, Jejum e seus efeitos sobre a saúde
a inanição leva, invariavelmente, a prejuízos ao
organismo, enquanto o jejum promove mudanças O jejum é uma prática amplamente difundida
importantes em vias metabólicas e processos em quase todas as religiões e, apesar de ter
celulares como a lipólise e autofagia. Pode, ainda, como objetivo a saúde espiritual, também pode
ter aplicações médicas que, em alguns casos, são melhorar parâmetros bioquímicos e fisiológicos
tão eficazes quanto os medicamentos. Além disso, relacionados à saúde física. Relatos bíblicos,
é crescente o número de evidências que sugerem como a passagem do menino epilético no
que o jejum pode ser uma estratégia de redução evangelho de Mateus, mostram efeitos positivos
do peso corporal, no retardo do envelhecimento induzidos pelo jejum. Nesta passagem (Mateus
e na melhora da saúde e do desempenho físico2. 17:14-21), Jesus, após curar o menino, diz
Do ponto de vista metabólico, a principal que a fé do tamanho de um grão de mostarda
resposta induzida pelo jejum é a alteração no é capaz de mover montanhas e conclui: “Este
uso dos substratos energéticos. A depleção tipo de demônio só pode ser expulso com
dos estoques de glicogênio hepático estimula oração e jejum”. Além do cristianismo, também
a gliconeogênese, a lipólise, a oxidação de o judaísmo, o budismo e o islamismo impõem
gordura, além da produção de corpos cetônicos períodos de jejum, como no caso do Ramadan,
(cetogênese). Do ponto de vista clínico, que requer total abstenção de comida e bebida,
evidências apontam papel importante dos por um mês, do nascer ao pôr do sol6.
corpos cetônicos no tratamento de determinadas Embora praticado há milênios, apenas
doenças. Assim, alguns benefícios do jejum recentemente passamos a entender os efeitos
poderiam ser alcançados, também, por dietas fisiológicos do jejum e porque, de fato, esta prática
www.vponline.com.br

cetogênicas (caracterizadas pela redução na pode ser benéfica em determinadas situações.


ingestão de carboidratos, geralmente menor que Sabe-se que o jejum resulta em cetogênese,
50 g/dia, e aumento relativo nas proporções de que promove alterações significativas em vias
proteínas e de gordura)3. metabólicas e processos celulares tais como

10
Gustavo Barbosa dos Santos

resistência ao estresse, lipólise e autofagia, da função cognitiva, sob condição de escassez


podendo ter aplicações clínicas por vezes tão alimentar, seja determinante para a sobrevivência.
eficientes quanto medicamentos, como, por Em teoria, esta melhora cognitiva aumentaria
exemplo, diminuindo a intensidade e frequência as chances de o animal/indivíduo criar novas
de convulsões em pacientes epiléticos, além maneiras de encontrar alimento. Em roedores,
de promover melhora em pacientes com artrite por exemplo, alternar dias de alimentação normal
reumatoide2. Os corpos cetônicos, além de serem com dias de jejum (estratégia chamada de jejum
utilizados como substrato energético, podem intermitente) pode aumentar a função cerebral,
contribuir também para a redução do consumo indicada por melhora no desempenho de testes
de glicose no cérebro. No caso da epilepsia, os comportamentais de função sensorial e motora,
principais mecanismos propostos para explicar além de aprendizado e memória2,10. Do ponto de
a ação anticonvulsivante dos corpos cetônicos vista molecular, o jejum aumenta a expressão
é a inibição e/ou diminuição da excitação do do fator neurotrófico derivado do cérebro,
sistema nervoso central por meio da modulação representado pela sigla BDNF (do inglês brain-
de neurotransmissores. Altos níveis de GABA derived neurotrophic factor). Esta proteína está
(principal neurotransmissor inibitório) podem relacionada ao aumento de plasticidade sináptica,
estimular os receptores do canal de cloreto, neurogênese, além de maior resistência a dano
aumentando o influxo de íons carregados neuronal e doenças que acometem o sistema
negativamente e, consequentemente, induzindo nervoso central2. Parece ser neste ponto que as
hiperpolarização da membrana neuronal3,7. Isso adaptações neuronais induzidas pelo jejum e
dificulta a estimulação do neurônio, diminuindo pelo exercício de endurance (também chamado
a probabilidade de ocorrência de convulsões. de aeróbio ou de resistência) coincidem. Estudos
Outra manifestação clínica relevante feitos em roedores já demonstraram aumento de
relacionada ao jejum é o aumento da longevidade. BDNF nos ratos exercitados. Adicionalmente,
Estudos sobre jejum e/ou restrição calórica o exercício de endurance e a restrição calórica
têm demonstrado, sistematicamente, aumento também induzem algumas respostas semelhantes
na expectativa de vida em organismos como no sistema cardiovascular. Ambos aumentam a
bactérias, fungos, camundongos, roedores e atividade parassimpática (aumento da secreção
primatas2,8,9. Embora tal efeito seja de difícil de acetilcolina), reduzindo a frequência cardíaca
comprovação em humanos (por limitações de repouso e a pressão arterial11. A Figura 1
metodológicas), podemos inferir que alguns sumariza os efeitos do jejum e do exercício
mecanismos moleculares demonstrados em sobre os diferentes tecidos e sistemas do nosso
outras espécies provavelmente também ocorram organismo. Esses resultados sugerem que o
em humanos. De qualquer modo, são necessários estresse energético (vindo pelo exercício ou
mais estudos sobre o tema, para sabermos se e pelo jejum intermitente) seja determinante para
de que forma sua utilização deve ser feita em ativação das vias moleculares responsáveis pelas
humanos8. adaptações benéficas citadas e que a proteína
Revista Brasileira de Nutrição Funcional

Por último, resultados promissores têm sido BDNF seja a via que media estas adaptações12.
apresentados relacionando a prática do jejum e Entretanto, embora pareçam existir evidências
a função cognitiva. Em mamíferos, a restrição suficientes suportando o papel benéfico do
calórica severa ou a privação de alimentos jejum na saúde, mais ensaios clínicos são
resultam em atrofia da maioria dos órgãos, exceto necessários para testar a eficácia e a segurança
do cérebro2. De uma perspectiva evolucionária, desta intervenção na prevenção e no controle de
isso sugere que a manutenção de um alto nível doenças metabólicas e cardiovasculares13.

11
As três faces do jejum – seus efeitos na saúde, composição corporal e desempenho esportivo

Figura 1. Efeitos do jejum e do exercício sobre diferentes tecidos e sistemas orgânicos

O exercício e o jejum levam a respostas adaptativas complexas no cérebro e em tecidos periféricos envolvidos no metabolismo
energético. Como descrito no texto, ambos induzem neuroplasticidade e resistência do sistema nervoso central a lesões e doenças.
Alguns dos efeitos do exercício e do jejum em órgãos periféricos são mediados pelo sistema nervoso central, incluindo o aumento
da atividade parassimpática, a regulação da frequência cardíaca e o aumento da sensibilidade à insulina em células hepáticas e
musculares. Por sua vez, os tecidos periféricos podem responder ao exercício e ao jejum, produzindo fatores que potencializam
o metabolismo neuronal e a função do cérebro, como: mobilização dos ácidos graxos, produção de corpos cetônicos no fígado e
produção de miocinas (como a irisina).

Fonte: Adaptada de: Van Praag et al.14

O papel do exercício em jejum na compo- prandial15. Entretanto, isto não foi comprovado
sição corporal em estudo realizado em mulheres com sobrepeso
e submetidas a 20 minutos de exercício intenso,
Seja por motivos estéticos ou de saúde, 3 vezes por semana, durante 6 semanas. O jejum
estratégias que potencializem a perda de peso foi eficiente na melhora da composição corporal
e, em especial, a perda de gordura são, há muito e na capacidade oxidativa muscular, porém sem
tempo, tema de interesse da ciência e da população diferença estatística quando comparado com o
em geral. O famoso “aeróbio em jejum” (AEJ) ou grupo alimentado16.
“cardio em jejum”, que ganhou popularidade na Outro estudo sugere que, em longo prazo,
década de 1990 com a publicação do livro “Body exercitar-se em estado pós-prandial pode ser
for Life”, de Bill Phillips, ainda é muito utilizado mais eficiente do que em jejum, pois leva a maior
no fisiculturismo durante a fase de cutting (período consumo de oxigênio (VO2) após o exercício.
onde o atleta se prepara para a competição, O quociente respiratório mostrou-se menor na
diminuindo ao máximo seu percentual de gordura condição pós-prandial (indicando maior uso
corporal, com o objetivo de aumentar a definição de gordura como substrato energético), 12 e
muscular) e vem ganhando adeptos entre os 24 horas após o exercício, quando comparado
praticantes de atividade física. Postula-se que a com a condição de jejum, sugerindo um efeito
prática de exercícios aeróbios após uma noite de prolongado do exercício em condição pós-prandial
jejum acelera a perda de gordura corporal. De a favor da utilização de lipídios. Adicionalmente,
o VO2 apresentado nos momentos 12 e 24 horas
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acordo com Phillips, a realização de 20 minutos


de exercício aeróbio de alta intensidade, em após o exercício foi maior no estado pós-prandial,
jejum, leva a utilização de gordura maior do que representando gasto calórico 12% maior ( ~ 240
uma hora de exercício aeróbio em estado pós- kcal) em comparação ao jejum17. Embora estes

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Gustavo Barbosa dos Santos

resultados sejam, no mínimo, surpreendentes contexto, dois artigos analisaram a validade da


(já que o grupo jejum, recebia o mesmo café da realização do exercício em jejum na melhora da
manhã do grupo alimentado, após o exercício e, composição corporal. O primeiro, realizado com
portanto, tinham a mesma ingestão energética), vinte mulheres eutróficas e fisicamente ativas,
infelizmente não foram discutidos pelos autores não demostrou vantagem do exercício em jejum
e advogam contra a utilização do AEJ para o na perda de peso corporal e de massa gorda
emagrecimento. quando comparado ao exercício em estado pós-
Em teoria, os baixos níveis de glicogênio prandial, após 4 semanas de intervenção, sob
hepático e, principalmente, muscular, juntamente dieta restritiva (déficit de 500 kcal/d)4. Apesar
com baixos níveis de insulina, forçariam o de não apresentar diferença estatística, o grupo
organismo a diminuir o uso da glicose como em jejum alcançou perda aproximadamente 60%
substrato energético e aumentar a mobilização maior nos parâmetros citados (-1,6 vs. -1,0 kg no
dos estoques de lipídios. Alguns estudos delta do peso corporal e -1,1 vs. -0,7 kg no delta
corroboram com esta hipótese, mostrando que de massa gorda, ambos no grupo jejum e no pós-
o exercício realizado em estado pós-prandial prandial, respectivamente). Assim, os resultados
resulta em redução da entrada de ácidos graxos devem ser interpretados com cautela, pois, embora
de cadeia longa na mitocôndria e correspondente não mostrem vantagem do treino em jejum em
diminuição na oxidação de gordura18,19. Além comparação ao pós-prandial, o estudo possui
disso, foi demonstrado que o treinamento em (como apontado pelos próprios autores) algumas
jejum leva a maior aumento na tolerância à glicose limitações: a duração, o tamanho da amostra e
e na sensibilidade à insulina, quando comparado a população estudada. Portanto, o resultado
ao mesmo treinamento no estado pós-prandial20. não prova, por exemplo, que o uso do AEJ em
Nesse estudo, jovens eutróficos e saudáveis fisiculturistas, onde qualquer perda de gordura
foram divididos em 3 grupos, um controle e dois pode ser significativa, seja ineficaz, mas sugere
exercitados (24 sessões em 6 semanas), sendo que, se houver diferença entre as intervenções,
que um grupo realizava o treino em jejum (após ela seria pequena e pouco significante.
jejum noturno), enquanto o outro, após o café da O segundo estudo que considerou a ingestão
manhã. Todos os grupos foram submetidos a dieta calórica na prática do EAJ submeteu homens
hipercalórica (aumento de ~ 30% na ingestão fisicamente ativos que, por serem muçulmanos,
energética) e hiperlipídica (50% lipídios, 40% jejuavam (incluindo líquidos) do nascer ao pôr
carboidratos e 10% proteínas), sendo todas as do sol (o que pode variar de 11 a 18 horas em
refeições fornecidas pelos pesquisadores. Após países tropicais) durante o mês do Ramadan, uma
as 6 semanas de experimento, o único grupo que vez que esta prática constitui uma das obrigações
não teve aumento significativo no peso corporal fundamentais da fé muçulmana. Os participantes
foi aquele que havia se exercitado em jejum. foram divididos em dois grupos: um que
Este grupo ainda apresentou maior aumento de realizava o treino aeróbio em jejum e outro em
glicogênio muscular, da sensibilidade à insulina estado pós-prandial (após o pôr do sol). Após as
e da expressão de enzimas do metabolismo 4 semanas de período experimental, os resultados
aeróbio. Assim, o treinamento de endurance em mostraram que o AEJ foi eficaz em diminuir
jejum foi mais eficiente do que o realizado em tanto o peso corporal quanto o percentual de
estado pós-prandial, na melhora dos parâmetros gordura, enquanto o mesmo treino realizado
Revista Brasileira de Nutrição Funcional

mencionados, durante períodos de dieta em estado pós-prandial diminuiu apenas o peso


hiperlipídica. corporal21. Entretanto, assim como no primeiro
Entretanto, o AEJ é mais frequentemente estudo, a diferença entre as duas intervenções
utilizado durante a preparação de fisiculturistas foi bastante pequena, o que pode representar um
em períodos de dieta restritiva. Assim, apesar erro estatístico tipo II, limitando a interpretação
de importante, o estudo citado não corresponde dos resultados. Outra limitação em ambos os
à pratica realizada nas academias. Dentro desse estudos é o fato de que os participantes não foram

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As três faces do jejum – seus efeitos na saúde, composição corporal e desempenho esportivo

submetidos ao treino resistido (i.e., musculação), (muçulmanos fisicamente ativos, durante


o que, mais uma vez, foge do contexto em que o Ramadan), entretanto utilizando o treino
a estratégia é aplicada no âmbito esportivo por resistido, e não o treino aeróbio. Dessa vez, não
fisiculturistas ou frequentadores de academia. houve diferença na composição corporal entre o
Esse mesmo grupo de pesquisadores realizou grupo submetido ao exercício em jejum e o grupo
outro estudo, nos mesmos moldes do supracitado que treinou em estado pós-prandial22.

Figura 2. Visão esquemática das potenciais vias de sinalização celular que regulam a biogênese
mitocondrial durante exercício de endurance com baixa disponibilidade de carboidrato e/ou baixa
concentração glicogênio muscular

Exercitar-se em condições de baixa concentração de glicogênio potencializa a fosforilação tanto de AMPK quanto de p38MAPK,
resultando na fosforilação e consequente translocação do PGC-1α para a mitocôndria e o núcleo, estimulando a biogênese mitocondrial.
Fonte: Adaptada de: Bartlett, Hawley e Morton25

A escassez de estudos bem controlados e os a ciência avança sobre como nosso organismo
resultados conflitantes deixam clara a necessidade responde ao treinamento, mais se evidencia que,
da realização de mais pesquisas acerca do efeito em alguns momentos, o treinamento com estoques
do AEJ sobre a composição corporal. Até o energéticos depletados pode potencializar a
momento, apesar da possibilidade de o AEJ ser adaptação àquele treino23.
eficiente na melhora da composição corporal em O principal objetivo de qualquer atleta de
situações pontuais, as evidências disponíveis endurance é elevar ao máximo sua velocidade de
não justificam sua utilização de forma ampla e limiar anaeróbio, já que este é um dos melhores
generalizada. preditores do desempenho de resistência24.
Assim, potencializar o aumento no número de
Exercício em jejum e desempenho de mitocôndrias e de vasos sanguíneos nas fibras
endurance musculares é uma adaptação determinante para
a performance. Do ponto de vista molecular,
Todo atleta sabe que, para obter melhor o coativador-1 alfa do receptor ativado por
desempenho durante a prova, é aconselhável que proliferador do peroxissoma (PGC-1α) é uma
seus estoques de substrato energético estejam proteína-chave para estas adaptações celulares.
repletos e que uma das formas mais eficientes de Sabe-se, há mais de uma década, que o aumento
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se alcançar tal objetivo é por meio da ingestão de da concentração de PGC-1α induz a biogênese
quantidades adequadas de carboidratos. Mas será mitocondrial no músculo. Além disso, esta
que esta mesma regra se aplica durante o período proteína participa do controle da oxidação de
de preparação para a competição? Quanto mais gordura e da angiogênese, sugerindo que a

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Gustavo Barbosa dos Santos

adaptação ao treino de resistência seja mediada que cada perna podia ser submetida a um regime
pela via da PGC-1α23. Portanto, tanto o de treino distinto. Uma das pernas era submetida
treinamento físico quanto a nutrição devem ser a duas sessões de treino no mesmo dia, a cada
planejados para maximizar a ativação dessa via. dois dias, enquanto a outra perna era submetida
Existem várias proteínas que ativam a PGC-1α, ao mesmo treinamento, entretanto, com apenas
como a AMPK, a SIRT1 e a p38MAPK, entre uma sessão por dia. Assim, a perna que realizava
outras (Figura 2). Não surpreende que todas dois treinos no mesmo dia fazia a segunda sessão
elas sejam fortemente estimuladas pela queda com baixos níveis de glicogênio muscular,
na concentração de glicogênio e pelo estresse enquanto a outra perna realizava todas as sessões
energético23,25. Dessa forma, o exercício em de treino, com estoques de glicogênio altos. Os
jejum, a restrição de carboidratos antes, durante resultados foram bastante semelhantes ao estudo
e após o exercício ou, ainda, a dieta cetogênica anterior (aumento de glicogênio e da atividade
surgem como estratégias nutricionais importantes das enzimas CS e β-HAD), entretanto, dessa
para potencialização das adaptações ao treino de vez, com aumento significativo na performance,
resistência5,6,25-29. avaliada pelo tempo de exaustão (19,7 ± 2,4 vs.
Um estudo muito bem controlado abordou a 11,9 ± 1,3 min, perna com baixo glicogênio e
questão da manipulação dietética e adaptações ao perna com alto glicogênio, respectivamente).
treino de endurance. Vinte homens fisicamente Esses resultados levaram à criação de uma
ativos foram submetidos a 4 sessões de estratégia nutricional denominada train low,
treinamento de endurance por semana, durante compete high (treinar em baixa, competir em
seis semanas, sendo que metade deles realizava alta, se referindo à concentração de glicogênio
o treinamento em jejum, enquanto a outra muscular), onde durante algumas semanas
metade, após o café da manhã. Vale destacar (existe grande variação, mas, em média, de
que o protocolo de treinamento era exatamente o 3-12 semanas) algumas sessões de treino são
mesmo para ambos os grupos, assim como a dieta realizadas deliberadamente com baixo nível de
(padronizada e fornecida pelos pesquisadores). glicogênio muscular (seja pelo treino em jejum,
Dessa forma, o grupo jejum recebia, à tarde, a restrição de carboidratos, duas sessões de treinos
mesma quantidade calórica ingerida, no café da seguidas ou pela dieta cetogênica), com intuito
manhã, pelo grupo que se exercitava em estado de potencializar as adaptações ao treinamento.
pós-prandial. Ao final das seis semanas, o grupo Então, próximo à competição (em média, 1-3
jejum, quando comparado ao grupo alimentado, semanas), a dieta volta a ser manipulada, agora
apresentou maior concentração de glicogênio com intuito de repor os estoques de glicogênio
muscular, maior atividade da citrato sintase (CS) muscular26,28.
e da β-hidroxiacil-CoA desidrogenase (β-HAD), Portanto, o uso do jejum (assim como de
enzimas-chave do metabolismo aeróbio, além outras estratégias nutricionais) com intuito
de melhor controle glicêmico e maior utilização de potencializar as adaptações ao treino de
da gordura intramuscular durante o exercício resistência possui respaldo em evidências
prolongado5. Por outro lado, não houve diferença científicas recorrentes, já sendo, inclusive,
na performance entre os grupos, provavelmente utilizado na preparação de maratonistas de elite26.
pelo fato de o protocolo de treino ter sido
realizado em intensidade diferente do que o Conclusão
teste de performance. De qualquer forma, os
resultados sugerem que o treinamento regular de As evidências atuais demonstram as várias
endurance, realizado em jejum, é uma estratégia possibilidades da utilização do jejum. Tanto
Revista Brasileira de Nutrição Funcional

eficiente para estimular adaptações fisiológicas no âmbito da saúde quanto no esportivo,


musculares que podem, eventualmente, contribuir especificamente em relação às respostas ao treino
para a melhora do desempenho. de endurance, os resultados são promissores.
Outro estudo que tratou a questão de forma A prática regular do jejum parece, de forma
bastante coerente foi o de Hansen et al.30. Sete especial, agir positivamente sobre o sistema
homens destreinados foram submetidos a cinco nervoso central, podendo, eventualmente,
sessões de endurance por semana, durante 10 trazer benefícios cognitivos e prevenir algumas
semanas, em cicloergômetro unilateral, de forma doenças degenerativas. Além disso, o estresse

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As três faces do jejum – seus efeitos na saúde, composição corporal e desempenho esportivo

energético, por meio do exercício em jejum, o uso desta estratégia com intuito de melhora na
potencializa respostas moleculares relacionadas composição corporal. Justifica-se a necessidade
ao desempenho de endurance. Por outro lado, de mais estudos a fim de apontar condutas
apesar de controversas, as evidências não apoiam clínicas seguras para o uso do jejum.

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