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Ano XXVI- julho/2015 nº286 - R$ 13,00 - www.musitec.com.

br

ROCK IN RIO USA


Tudo sobre o som da mais
nova versão do megafestival

AG E M SEM
M I X
S
SEGREDO CISO
( PA RT E 3) LOGIC
PRE
O QUE É IXAR
Crie e salve camadas sonoras
PARA M com a sua assinatura
BEM

AES BRASIL EXPO 2015


HOME STUDIO Novidades e destaques do maior
Preparando a gravação da bateria evento de áudio profissional do país
DVD Luan Santana Acústico – Tecnologia une retrô e futurismo
A
CEN

Destaques do universo da iluminação na AES Brasil Expo 2015


Z&
LU

Trabalhando com as máscaras de efeitos do Final Cut


áudio música e tecnologia | 1
2 | áudio música e tecnologia
áudio música e tecnologia | 1
ISSN 1414-2821
EDITORIAL
Áudio Música & Tecnologia
Ano xxVI – Nº 286/julho de 2015
Fundador: Sólon do Valle

Direção geral: Lucinda Diniz -


lucinda@musitec.com.br

O que vem com a Edição jornalística: Marcio Teixeira


Consultoria de PA: Carlos Pedruzzi

segunda metade do ano COLABORARAM NESTA EDIçãO


André Paixão, Cristiano Moura, Daniel
Raizer, Enrico De Paoli, Fábio Henriques,
Pois, é, caro leitor: você piscou e já estamos na segunda parte desse Lucas Meneguette, Lucas Ramos, Marcelo
2015 cheio de desafios e, ainda bem, muito som! E, sim, nós sabemos Ferraz, Renato Muñoz e Rodrigo Horse.
que você quer começar muito bem esse novo capítulo do ano, que é
o último da primeira metade da década, sabendo absolutamente tudo REDAçãO
sobre mais uma edição da AES Brasil Expo. Então você está no lugar Marcio Teixeira - marcio@musitec.com.br
certo, pois aqui você saberá tudo o que de mais importante aconte- Rodrigo Sabatinelli - rodrigo@musitec.com.br
ceu naquela que é a mais importante feira de áudio profissional do redacao@musitec.com.br
nosso país. Produtos, empresas, personagens... Está tudo em nossas cartas@musitec.com.br
páginas, impressas e digitais. E por falar nisso, é importante destacar
que na AM&T Digital você encontra uma cobertura ainda maior da fei- DIREçãO DE ARTE E DIAgRAMAçãO
ra, fora as fotos e vídeos extras disponíveis para você em nosso site Client By - clientby.com.br
(www.musitec.com.br). Boa viagem! Frederico Adão e Caio César

Nossa matéria de capa traz o Rock in Rio USA, primeira edição Assinaturas
estadunidense do festival, agora trintão. Será que a qualidade (es- Karla Silva
trutural, sonora...) que sempre sobra nas versões nacionais do RiR assinatura@musitec.com.br
e que também chegaram às suas edições europeias foram uma rea-
lidade também em solo norte-americano? Se outras três edições já Distribuição: Eric Brito
estão agendadas para a terra do Tio Sam, você já deve imaginar a
resposta, não é? E para ficar sabendo como foi transformar o sonho Publicidade
de Roberto Medina em um acontecimento até em Las Vegas, o epi- Mônica Moraes
centro da diversão na maior potência do mundo, é só explorar essa monica@musitec.com.br
matéria de Rodrigo Sabatinelli.
Impressão: Ediouro gráfica e Editora Ltda.
E a série de Fábio Henriques sobre mixagem chega a mais um inte-
ressante capítulo, e surge a promissora série de Daniel Raizer sobre Áudio Música & Tecnologia
nosso amado Pro Tools, e o Nervoso mostra mais do itens que fazem é uma publicação mensal da Editora
com que o Logic também tenha tantos seguidores em todo o planeta... Música & Tecnologia Ltda,
Enfim, está aqui mais uma AM&T que é um prato cheio pra quem gosta CgC 86936028/0001-50
e precisa se informar com qualidade. Insc. mun. 01644696
Insc. est. 84907529
No caderno Luz & Cena o destaque vai pro DVD Luan Santana Acús- Periodicidade Mensal
tico, que coloca o jovem sertanejo num universo retrofuturista onde
ele é uma espécie de versão jovem de ninguém menos que Mr. Elvis ASSINATURAS
Presley. O visual impressiona. E na L&C você também encontra uma Tel/Fax: (21) 2436-1825
cobertura bem especial da parte de iluminação da AES Brasil Expo. É (21) 3435-0521
ler para se sentir na feira. Banco Bradesco
Ag. 1804-0 - c/c: 23011-1
Boa leitura!
Website: www.musitec.com.br
Marcio Teixeira
Não é permitida a reprodução total ou
parcial das matérias publicadas nesta revista.

AM&T não se responsabiliza pelas opiniões


de seus colaboradores e nem pelo conteúdo
2 | áudio música e tecnologia dos anúncios veiculados.
áudio música e tecnologia | 3
36 AES Brasil Expo 2015

30
Muitas novidades em um evento
que deu de ombros para a crise
Rodrigo Sabatinelli
Rock In Rio USA
Na terra do Tio Sam, 44 Desafiando a Lógica
Patch & Stacks – Crie e salve camadas
festival celebra 30 anos sonoras com a sua assinatura
André Paixão
Rodrigo Sabatinelli

48 Pro Tools
Curso de Pro Tools: Aula 1 – Instalação
Daniel Raizer

52 Mixagem
Mixagem sem segredos (Parte 3):
12 Em Tempo Real
Ivan Aragão Cunha, o Batata
O que é preciso para mixar bem
Fábio Henriques
Marcio Teixeira

14 Notícias do Front 60 Produção Fonográfica


Laboratório de áudio: Entendendo a digitalização
O que as pessoas querem ouvir ao vivo? Lucas C. Meneguette
Tudo não passa de uma questão de mercado
Renato Muñoz
96 Lugar da Verdade
Educação é a solução
20 Em Casa
Dicas e técnicas de gravação em um home studio (Parte 4)
Enrico De Paoli
Técnicas de gravação de bateria: Parte A – Preparação
Lucas Ramos

30 Plug-ins seções
Waves H-Reverb: Chega o irmão
mais novo do Trueverb e Rverb
editorial 2 notícias de mercado 6
Cristiano Moura
novos produtos 10 índice de anunciantes 95

76
evento
Luz para quem é de luz – Novidades no
setor agitam a AES Brasil Expo 2015

70
por Rodrigo Sabatinelli

86
media composer
capa Aspectos de performance do Avid Media Composer:
Luan Santana Trabalhando a favor do sistema
Acústico – Tecnologia por Cristiano Moura
une retrô e futurismo
por Rodrigo Sabatinelli
90
PRODUTOS ........................................... 66
iluminando
EM FOCO .............................................. 68 Montando, operando e iluminando: Definindo a
F inal C ut .............................................. 82 área de trabalho dos profissionais de iluminação
por Rodrigo Horse
4 | áudio música e tecnologia
FINAL CUT .............................................. 92

áudio música e tecnologia | 5


nacionais de pró-áudio e showbusiness ainda
têm muito a evoluir

NOTÍCIAS DE MERCADO

EVENTO NA AES BRASIL ExPO MARCA


LANçAMENTO DO GUIA DE MICROFONAÇÃO
Durante a AES Brasil Expo 2015, muito bacana ver o interesse das

AM&T
evento cuja cobertura comple- pessoas pelo que escrevo e ver
ta você encontra nesta edição da o carinho com que todos sempre
AM&T, o estande da Editora Mú- me tratam. A editora sempre foi
sica & Tecnologia recebeu o autor uma extensão da minha família,
Fábio Henriques para o lançamen- e estar com eles também é mui-
to e tarde de autógrafos do Guia to recompensador”, destacou
de Microfonação, que chega ao Fábio. “A coisa que me deixa
mercado com dicas e mais dicas Fábio Henriques autografando o Guia de mais feliz é quando alguém me
sobre técnicas, posicionamento de Microfonação, lançado na AES Brasil Expo escreve e diz como meus livros
microfones, tipos de mics e mais, ajudaram o seu trabalho. Neste
sempre aliando prática e teoria. Muitos leitores e entusiastas do Guia de Microfonação procurei ir a fundo na teoria, mas sem-
trabalho de Fábio compareceram ao evento e puderam conver- pre de uma maneira bem objetiva”, encerrou.
sar com o a autor, além de terem seus exemplares assinados.
Para adquirir seu exemplar do Guia de Microfonação, visite a loja
“É sempre bom ira à AES Expo para ficar em dia com o mer- virtual da Editora Música & Tecnologia (link direto: http://www.
cado e com o que a tecnologia tem pra oferecer. O bônus é musitec.com.br/loja/produto.asp?cod=1210). Para comprar a
encontrar os colegas de profissão e os amigos. Só que esse versão digital do livro, vá à App Store ou ao Google Play, procure
ano foi ainda mais especial devido ao lançamento do livro. Foi por “Livraria Música & Tecnologia”, baixe o app e a obra.

AULAS DE MÚSICA ONLINE: SITE DA MASTERCLASS JÁ NO AR


Cursos de música online conduzidos por profissionais de alta Collaço, Fúlvio Oliveira, Marcão Melloni, Vandinho e Fernando
categoria é o sonho de muita gente, e é exatamente esta a Rosa. Vídeos gratuitos, com duração próxima aos três mi-
proposta da Masterclass. A empresa, que oferece um recém- nutos, também podem ser conferidos. Neles, músicos como
-inaugurado site de fácil navegação, traz conteúdo qualifica- Sallaberry, Itamar Collaço, Daniel Baeder, Demetrius Locks e
do e diversificado, desenvolvido para aqueles que, com total muitos outros passam dicas e informações importantes. Em
comodidade, pretendem aprender a tocar um instrumento breve, outros cursos, voltados ao áudio profissional e à mú-
musical ou mesmo a aperfeiçoar seus conhecimentos. sica eletrônica, também estarão disponíveis.

De acordo com a empresa, serão oferecidos inicialmente cur- Para acessar as aulas da Masterclass basta visitar o site www.
sos de guitarra, baixo, bateria, vocal e teclados, e com eles masterclass.com.br, escolher o curso de interesse, realizar o
estão envolvidos músicos renomados como Faiska, Itamar pagamento e assistir via streaming o conteúdo.

IATEC NO RIO gRANDE DO SUL


Reprodução

Apostando no potencial criativo do Rio Grande do Sul, o IATEC está


lançando uma programação com cursos em parceria com universidades
e empresas locais. O conteúdo passa por produção executiva de shows,
técnicas de gravação, iluminação cênica e áudio para cinema e TV.

“Impulsionada pela tecnologia e pelo empreendedorismo jovem, a economia


criativa desponta como um grande fator de desenvolvimento em tempos de re-
cessão. No entanto, ainda existe uma carência de capacitação na área. Para su-
prir essa lacuna e promover a formação de profissionais com foco no segmento
de entretenimento, o IATEC procurou parceiros e está se estabelecendo no Rio Grande do Sul”, afirmou Luiz Helênio, diretor do instituto.

Para o mês de agosto, dois cursos, ambos ministrados por Ézio Filho, já estão agendados: Técnicas em Gravação (http://iat.ec/
tecnicas-de-gravacao), e Edição Mixagem e Gravação (http://iat.ec/edicao-mixagem-masterizacao). Em setembro, outro curso confir-
mado: Técnicas de Captação de Áudio para TV e Cinema (http://iat.ec/captacao-audio-tv-cinema), ministrado por Eduardo La Cava.
Para saber mais e realizar sua inscrição, visite os links acima ou escreva para iatec@iatec.com.br.
6 | áudio música e tecnologia
ORgANIZAçãO E QUALIFICAçãO
PROFISSIONAL NO TERçA TÉCNICA RJ
Unir a classe do profissional do audiovisual, que abrange de técnicos de áudio e luz a profissionais da produção, dubla-
gem e sonoplastia, tornando-nos organizados e capacitados no exercício de seu ofício, é o principal objetivo do movi-
mento Terça Técnica RJ, que, inspirado no Terça Técnica de Fortaleza, surgiu em janeiro de 2015 sucedendo a Liga dos
Profissionais do Backstage do RJ. Segundo Mauricio Pinto, profissional com 26 anos no universo do áudio, advogado e
um dos idealizadores da versão carioca da ação, é importante destacar que não se trata de um encontro de “compa-
nheiros” que querem bagunçar o mercado e prejudicar empregadores.

“Por meio do Terça Técnica tentamos criar uma consciência coletiva para conquistarmos o respeito e as condições ideais
para o exercício de nosso ofício. Estamos decididos em cobrar nossos direitos de forma coletiva e consciente, e somente
com organização e mobilização conseguiremos valorizar nossa profissão”, afirma Mauricio. “Diferentemente do que pen-
sam algumas pessoas, estamos qualificando e ofe-
recendo melhores condições com um caráter pe-
AM&T

dagógico. Temos o apoio da IATEC e sabemos que


o caminho do sucesso é o estudo”, acrescenta o
integrante do grupo, que trocou o som pelo Direito
por discordar das condições de trabalho do profis-
sionais do áudio, que, segundo ele, “não possuíam
qualquer plano de previdência, saúde, seguro de
vida, sendo que nossa profissão é altamente insa-
lubre. Dormimos mal, nos alimentamos mal”.

Segundo Maurício, qualquer profissional que atua em


entretenimento, cultos religiosos ou qualquer outro
tipo atuação em audiovisual é bem-vindo ao Terça
Técnica, que sempre promove workshops, master
classes, entrevistas, comparativos e convida profis-
sionais ao debate para agregar conhecimento. O Ter-
Membros da Terça Técnica: encontro no ça Técnica mantém um grupo fechado no Facebook.
estande do IATEC da AES Expo Brasil 2015 Seu endereço é www.tinyurl.com/tercatecnicarj.

áudio música e tecnologia | 7


NOVOS PRODUTOS

LINHA YAMAHA TF COM TOUCHFLOW OPERATION


Lançada na Musikmesse em abril, já pôde ser conferida du- Um dos recursos existentes na linha TF é a função que
rante a AES Brasil Expo 2015, no estande da Yamaha, a linha permite equalizar e trabalhar com a abertura de banda no
TF de consoles, que é composta pelos modelos TF5, TF3 (foto) modo multi touch. Mas também é possível fazer a equaliza-
e TF1. Com uma operação mais rápida e intuitiva em função ção usando o Knob Touch & Turn que se encontra à direita
do TouchFlow Operation, a linha TF do painel. Há também quatro kno-
permite que engenheiros experien- bs abaixo do painel que podem ser
Divulgação
tes, e também os que estão come- usados para controlar o compressor
çando agora, consigam mixagens threshold, EQ gain ou outros parâ-
de alta qualidade em menos tem- metros que precisem ser rapida-
po. Para aqueles que ainda estão mente acessados durante a mix.
vindo dos consoles analógicos, a
linha TF assegura uma passagem www.yamahaproaudio.com
tranquila para o formato digital. br.yamaha.com

TANNOY LANçA SÉRIE AMS


A nova série Tannoy AMS de caixas acústicas oferece, de acordo com a fabricante, um som uniforme e transparente, com
características sonoras totalmente compatíveis com a série CMS 3.0, lançada no verão passado. Esta última geração Dual
Concentrics (DC) tem sua origem em muitos dos melhores estúdios de gravação do mundo, que, com os monitores Tannoy,
foram palco de mixagens e masterizações de grandes clássicos da música

Divulgação
contemporânea. Os novos modelos AMS DC são bastante indicados para ins-
talação fixa ou para qualquer lugar onde o som precise ser claro e confiável.

A série AMS, que utiliza um driver de 16 ohm, sendo ideal para sistemas de alta
performace e baixa impedância, está disponível em sete modelos de tamanhos
que vão de 5” a 8”. Eles contam com um design bem moderno e e podem ser usa-
dos em qualquer lugar sem comprometer a decoração. Vale destacar, inclusive,
que suas cores podem ser personalizadas e pedidas por encomenda. Além disso,
as caixas foram submetidas a testes ambientais, alcançado a classificação IP65.

www.tannoy.com
www.proshows.com.br

FBT APRESENTA LINE ARRAY DE COLUNA VERTUS CLA604A


A italiana FBT está lançando o line Vertus CLA604A, que é uma coluna de duas vias bi-amplificada, leve, facilmente transportável e
ideal para aplicações ao vivo ou para instalações fixas. Trata-se de um sistema compacto, porém potente. Cada coluna é composta por
seis woofers de 4” (100 mm) de neodímio com bobina de 1” (25 mm) e quatro tweeters de 1” (25 mm). A resposta de frequência vai de
130 Hz a 20 kHz, com amplificacor de 400 W RMS para LF e 100 W RMS para HF e Classe D.
Divulgação

Outros recursos da coluna são o processador DSP com quatro presets de equalização, pai-
nel de controle com volume, presets, filtro HP, chave Mic-Line, LED de status, entrada XLR e
alimentação Powerconn Neutrik na parte inferior da coluna, saída XLR e link de alimentação
Powerconn Neutrik na parte superior, para ocultar cada cabo de conexão. Oferece dispersão
de 100° horizontal e 20° vertical e seu gabinete é revistido em alumínio extrudado. Contém
um sistema de fecho superior, que facilita o acoplamento de mais módulos CLA604A. O
subwoofer que acompanha cada coluna é o modelo ativo CLA 208 Sa.

www.fbt.it
www.hpl.com.br
áudio música e tecnologia | 9
NOVOS PRODUTOS

MIxER WALDMAN KP 12.4UFx


Lançamento da Waldman, o mixer Krystal Pod 12.4UFX tem uma boa qualidade de
som e oferece uma operação bem simples. Entre seus recursos estão os preamp
microfones Krystal, que contribuem para a alta qualidade de som do mixer, USB in-
terface (para gravações/conexões em computadores sem a necessidade de interfaces
externas), compressores integrados e equalizações profissionais de quatro bandas
nos canais estéreo e três bandas mais Mid paramétrico nos canais mono.

Conta também com equalizador gráfico de sete bandas pra o Main Mix. Compacto e práti-
co, o KP12.4UFX oferece um total de 12 entradas, sendo quatro de Mic e ALT3-4 (2+2 Bus)
para flexibilidade extrema de aplicações. Ainda conta com o processador Multi-FX 32 Bit
com inúmeros presets e com faders “Logarithmic-Taper” Premium de 60 mm de alta resis-
tência, incluindo Faders dedicados para FX Send e AUX Send e controles rotatórios selados.
Divulgação

wwww.waldman-music.com
www.equipo.com.br

VELOCIDADE DÁ O TOM NO SISTEMA


SENNHEISER EVOLUTION WIRELESS D1
O evolution D1 é um sistema de transmissão digital sem fio muito confiável
com alta qualidade de áudio e facilidade de uso. Pode executar até 15 canais
em paralelo e permite ajustar, de maneira independente, a sensibilidade de cada
transmissão. Em apenas uma fração de segundo o sistema localiza as melhores frequên-
cias e sincroniza até 15 canais de transmissão, e o controle de ganho automático garante
que a sensibilidade do sinal permanecerá ajustada. Se o usuário, em algum momento,
quiser assumir o controle, o ew D1 permite através do app disponível para iOS e Android.

Com o ew D1 (na foto, o modelo EW D1-E835), o usuário vai permanecer sempre conec-
tado, independentemente do que esteja nos arredores. O sistema analisa seus canais de rádio 133 vezes por segundo, respondendo
mais rapidamente às mudanças do que o som leva para chegar ao seu ouvido. Quando necessário, o ew D1 pode até aumentar a
potência de transmissão para fazer com que seu sinal seja o mais forte nos arredores, dentro de uma fração de segundo. Uma curio-
sidade: um piscar de olhos leva 20 vezes mais tempo.

www.sennheiser.com.br
www.quanta.com.br

FONE DE OUVIDO KOSS CC01


O in-ear Koss CC01 é, de acordo com a fabricante, um fone de ouvido ergonômico, de design acústico inteiramente novo, e que
permite uma experiência única e ajuste personalizado. Basta girar o botão prateado para que a almofada se expanda, proporcio-
nando encaixe perfeito, conforto e excelente vedação dos ruídos externos.

O fone trabalha com resposta de frequência de 10 a 20.000 Hz, tem impedância de 16 ohms e sensibili-
dade de 108 dB SPL. Conta com um cabo reto, duplo, de 1,21 m de comprimento, e é equipado com Fit
Custom. Como já foi dito, basta girar o botão serrilhado e a almofada se expande para fornecer uma
regulagem adequada às necessidades do usuário. O produto conta com a garantia vitalícia Koss, que
cobre apenas defeitos de fabricação. Desgaste natural de espumas e hastes, problemas causados por
uso inadequado, quedas ou impactos acidentais não estão cobertos por esta garantia.

www.koss.com.br
www.equipo.com.br

10 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 11
Em Tempo Real | Marcio Teixeira

Ivan Aragão
Cunha, o
Batata

Leo Lima
I
van Aragão Cunha é como ele foi ba-
tizado, mas no mundo do som só dá
Batata, apelido adquirido, claro, graças às semelhanças tes gêneros, mas também os de verdadeiras lendas: Rádio
que viram entre o técnico de PA do Só Pra Contrariar e o Táxi, Gilberto Gil, Elba Ramalho, Banda G.U.E.T.O, Inocentes,
simpático e divertido personagem Batatinha, do desenho Ultraje a Rigor, Zero, Camisa de Vênus, Marcelo Nova, Raul
do Manda Chuva. Seixas, Grupo Sereno, Grupo Rumo, Premeditando o Breque,
Clube do Balanço, Fabio Jr., Wando, Amizade Sincera, Beto
Aos 55 anos, ele volta no tempo para nos falar sobre as Barbosa, Bruno e Marrone, Banda Black Rio, Só Pra Contrariar
origens de seu interesse pelo áudio, que estão em seu san- e Alexandre Pires, com quem está, ao todo, há 20 anos.
gue. “Não tive outra opção (risos). Meu pai era técnico de
gravacão da companhia cinematográfica Vera Cruz, em São Para Ivan, o segredo para ser um bom profissional passa
Bernardo do Campo. Só dei continuidade”, diz ele, acres- por ter caráter e bons valores. “Infelizmente, no nosso país
centando que sua história se parece com a de outros nomes são coisas consideradas utópicas, mas creio ser possível”,
da área, como Marcelo Oliveira e Marcos e Marcelo Sabóia. afirma ele. “Fora a dedicação, a busca por atualização e
“Por influência de meu pai, sempre estive no meio, mas fazer o maior número possível de cursos, se capacitando a
meu primeiro registro profissional em carteira foi em 1976, cada dia mais.”
como sonoplasta em um restaurante”, destaca Ivan.
Quando o assunto é planos para o futuro, Batata reforça a
De lá pra cá, o técnico passou por diversas empresas: Tuka- vontade de querer se aperfeiçoar e de investir em sua em-
som, Poladian Produções, Troupe, Dama Xoc, Imaginasom, presa. “Como meu trabalho e hobby são os mesmos, quero
Sound 2000, Lugphil, Torau Equipamentos, JMA, Audio So- poder estudar, fazer treinamentos em outros segmentos da
lutions e Sunshine Eventos. Atualmente comanda sua pró- área de sonorização, como sound design, e dedicar mais
pria empresa, a BackstageExpress. tempo à BackstageExpress, que nasceu de um sonho meu
e do Paulo Braguetto e da nossa ideia de amparar bandas
A lista de artistas com os quais Batata até hoje trabalhou e quem mais precisar no meio, oferecendo um suporte di-
também é bem vasta, e inclui não apenas nomes de diferen- ferenciado.” •

BATE-BOLA
Console: Tive a honra de ser o primeiro a viajar com a depende muito do instrumento ou voz.
DiGiCo SD8 no Brasil, e hoje viajo com a Avid Venue S3L-
-X. Estou gostando muito. É um conceito novo de console, Equipamento: Aquele que me proporcione fazer meu tra-
muito compacto, mas não pequeno, pois oferece 64 canais balho com a maior qualidade e confiabilidade
e tem uma sonoridade incrível.
Periférico: Muitos vão rir, mas o meu preferido é o geren-
Microfone: Dificil dizer um, pois para cada aplicação ciador de energia. Se ele não atuar quando precisa, nenhum
existe um que se sai melhor. No estúdio gosto do AKG dos outros vai funcionar. Gostaria, inclusive, de aproveitar
414 exatamente por ser um coringa. Mas reforço que para parabenizar a Pentacústica pelo seu trabalho. É uma
empresa nacional que conseguiu se tornar unanimidade.

In-ear: Sennheiser SR 2000 IEM

Monitor de chão: D&B MAX2

Última grande novidade lançada no mercado: Se for-


mos falar em consoles, sem dúvida é a Avid Venue S6 L,
mas no geral creio que são os microfones sem fio com trans-
missão digital, dentre os quais destaco o Sennheiser D1.

Casa de shows no Brasil: Os Citibank Hall em São


Paulo e no Rio de Janeiro e o Chevrolet Hall, em Recife

Melhor companheiro de estrada: Não só na estrada


como em toda nossa vida – Deus

Melhor sistema de som: Atualmente duas empresas


se destacam – a d&b Audiotechnik e a L-Acoustic

Processador: Mesmo estando já fora de linha, o Dolby


Lake LP4D12. Se bem que agora, com os amplificadores
com DSP, provavelmente serão extintos.

Plug-in: Avid Space

SPL alto ou baixo? Por que? Nem alto, nem baixo. Mú-
sica não é para agredir, mas também tem que empolgar.
Uma média de 98 dBs acho confortável e envolvente.

Melhor posicionamento da house mix: Centralizada


é ideal pra você ter uma melhor referência, mas se con-
seguir, na passagem de som, dar uma volta pela área do
evento, se assustará com o que vai ouvir.

Unidade móvel de gravação: Destaco o Epah, a Mi-


x2Go e a R3 Estúdio Móvel

Técnico inspiração: Com certeza o Sr. Agnelo Lima da


Cunha, meu pai. Mas há vários, inclusive bem mais no-
vos na idade e na profissão. Um que vou citar, inclusive
por ter ficado um tempo fazendo outras coisas e resolveu
voltar para a estrada, é o Carlos Savalla.

Sonho na profissão: Poder viajar com o equipamento


completo para todos os shows e fazer uma tour, e não
shows, como diz o Walter Silva, que é algo que só os
grandes nomes da música mundial conseguem.

Sonhos já realizados na profissão: Ter trabalhado com


o Lincoln Olivetti em dois álbuns do Só Pra Contrariar e
ter sido convidado por ele a trabalhar em seu estúdio, a
confiança em mim depositada pelo Alexandre Pires não só
na estrada, como em trabalhos em CDs e DVDs, e, sem
dúvida nenhuma, a materialização da BackstageExpress.

Dica para iniciantes: Dedicação, dedicação e dedica-


ção. Sem perseverança não se chega a lugar nenhum.
áudio música e tecnologia | 13
Notícias do Front | Renato Muñoz

O que as pessoas
querem ouvir ao vivo?
Tudo não passa de uma questão de mercado

E
xistiam, existem e continuarão existindo no O que vemos há muito tempo são ondas e artistas
meio musical artistas que reclamam de seus que se tornam moda por algum tempo e depois
concorrentes diretos (comercialmente falan- acabam desaparecendo. Acontece em todos os
do), e esta briga pode ter motivações artísticas ou segmentos musicais. Na verdade, o que existe é
meramente comerciais. Estou escrevendo sobre isto uma seleção natural, e conseguem seguir em fren-
porque de uma forma ou de outra este assunto aca- te aqueles que se mostram mais fortes no merca-
ba chegando no nosso trabalho. do (nem sempre agradando a todos).

O pessoal da bossa nova reclamava do pessoal do iê iê QUAL É O SEGMENTO


iê, que reclamava da MPB, que reclamava do pessoal do
MAIS OUVIDO HOJE?
rock, que reclamava do axé, que reclamava do samba,
que reclamava do pagode, que reclamava do pop rock,
Pelas estatísticas, certamente o sertanejo já vem há
que reclama do sertanejo, que reclama da música ele- algum tempo na crista da onda, tocando bastante
trônica, e seguem todos reclamando de todos. nas rádios, programas de TV e, no que mais nos in-
teressa, fazendo uma grande quantidade de shows.
Na minha opinião, isto acontece e sempre irá Além disso, existe um grande rotatividade de artis-
acontecer por uma simples questão de mercado. tas deste gênero. Praticamente a cada seis meses
Cada representante do seu setor busca mais es- aparece um novo nome em evidência.
paço para os seus interesses, e é claro que quan-
to menos concorrência houver, melhor para quem Se isto acontece, é porque certamente eles entenderam
quer ficar no topo o tempo todo. o que o público gosta e conseguem manter a fórmula
do sucesso. Logo atrás temos os pagodeiros
e o pessoal do axé, que dividem o segun-
Acervo do autor

do lugar na preferência nacional, seguindo


mais ou mesmo a mesma fórmula de um
artista novo a cada seis meses.

É claro que neste três segmentos exis-


tem os grandes medalhões, que já estão
mais do que estabelecidos no mercado
e já são sucesso garantido nas rádios e
nos shows. Estes certamente consegui-
ram, por mérito próprio, superar aquele
tempo padrão de sucesso e resistiram
aos concorrentes diretos.

Nada nos garante que esta ordem con-


tinuará por muito tempo, pois sempre
existem viradas mercadológicas. Porém,
devemos admitir que o que vimos acima
é o que já está há bastante tempo do
mercado e preocupa seriamente artistas
A jovem guarda foi um dos primeiros movimentos de outros segmentos, que não encontram
musicais nacionais a sofrer preconceito de outros artistas muito espaço para o seu trabalho.

14 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 15
Notícias do Front

Acervo do autor
COMO ISTO ATINGE OS
PROFISSIONAIS
DE ÁUDIO?
A forma mais direta e simples de se
entender é a seguinte: se você tra-
balha com artistas de sertanejo, pa-
gode ou axé, a probabilidade de você
trabalhar mais do que técnicos de
outros segmentos é muito maior. Al-
guns destes artistas chegam a fazer
de 15 a 20 apresentações por mês.

A pergunta é: esta grande quantida-


de é seguida de uma igual qualida- Shows ou festivais de música sertaneja sempre
de? Não estou falando das capacida- têm um público de milhares de pessoas
des técnicas das pessoas envolvidas,
e sim das condições técnicas que estas pessoas en- Sempre me pergunto qual o nível de exigência da
contram para trabalhar. Será que já conseguimos plateia que está assistindo a um show que estou mi-
chegar a um nível de produção em que conseguimos xando. Quantos ali se preocupam com a qualidade
trabalhar da forma correta? sonora da mixagem? Quantos ali se preocupam em
ouvir qualquer coisa além da voz? Me pergunto qual
O que se paga por um dia de trabalho é pelo menos o grau de entendimento sonoro daquelas pessoas.
razoável? Não estou falando em quantidade no final
do mês, e sim por valor no final de cada show. É O padrão de qualidade vem de um conhecimento
claro que todos precisam trabalhar e ganhar o seu (ou falta dele) musical das pessoas, o que elas estão
sustento. Não poderia ser muito melhor? acostumadas a ouvir e também como elas ouvem
esta música. Será que elas ouvem aquele artista
A reclamação geral, principalmente daqueles que normalmente e então conhecem como soam seus
não trabalham tanto, é que muitos técnicos estão discos? Elas ouvem em um sistema de som bom ou
se submetendo a cachês irrisórios a troco de muita em fones de ouvido vagabundos?
quantidade, o que no final das contas acaba geran-
do um ganho muito aquém do que se deveria ter Não estou dizendo que ocorram situações como
em um mercado que gera tantos lucros. alguém virar para o amigo e dizer “ainda bem
que estão usando um LA2A na voz em vez de
um 1176, pois gosto mais da sonoridade do pri-
Além da parte financeira, que é fundamental, falando
meiro, que tem um resposta mais lenta, e assim
sobre outro ponto que muito nos interessa, que é a
não prejudica a dinâmica da voz do cantor e eu
parte técnica, é sabido que, para haver tanta quanti-
consigo entender melhor o que ele está cantan-
dade, a qualidade muitas vezes tem que ser deixada
do!”. É claro que isso é uma provocação, porém
de lado. Se as exigências ficarem muito grandes, a
já aconteceu comigo de, durante um festival de
realização de tantos shows ficará prejudicada, então,
jazz muito tradicional, no qual eu era o responsá-
quem se importa com a qualidade técnica?
vel pela mixagem das bandas, pessoas da plateia
virem discutir (num bom sentido) a sonoridade
E COM O PÚBLICO, de determinadas bandas e seus instrumentos! É
ALGUÉM SE IMPORTA? claro que isso é um reflexo do nível da plateia.

Todos concordamos que o público é o nosso principal Porém, isto é algo que reflete diretamente no traba-
objetivo. É ele que paga os ingressos dos shows e lho dos técnicos. Muitos de nós pensam: para que
é para ele que está direcionado o trabalho daqueles um som bom se a plateia não tem nenhum padrão
técnicos que fazem PA. Mais à frente falaremos dos de qualidade? Para que vou exigir tanto da produção
que fazem o monitor (o que também deve ser muito se as pessoas estão mais preocupadas em ver o ar-
levado em consideração). tista do que ouvir o que ele está cantando.

16 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 17
Notícias do Front
Acervo do autor

do evento, a responsabilidade
passa a ser nossa, e por isso
nós devemos estar preparados
para qualquer situação adver-
sa que possa surgir. Um bom
técnico é aquele que possui os
atributos técnicos necessários,
assim como uma boa dose de
experiência.

Para que o resultado sonoro fi-


nal nos agrade (sim, eu nunca
me importo com a plateia – o
Será que o público hipnotizado pelo artista se
som tem que estar bom para
preocupa com a qualidade técnica do espetáculo?
mim!), todas as precauções básicas devem ser
tomadas. Se sabemos que a mixagem não será
AFINAL, SE ESTÁ RUIM, fácil, devemos nos garantir que todo o resto está
DE QUEM É A CULPA? funcionamento minimamente bem, sem riscos
para o nosso trabalho.
Pelo que vimos até agora, a culpa pode ser joga-
da para diferentes alvos: o empresário, que não se Isto, para mim, pode ser chamado de ética no tra-
preocupa com qualidade e só pensa em quantidade balho. Não importa quais as condições que iremos
(e em dinheiro, é claro); o produtor, que recebe encontrar, já que concordamos em fazer o trabalho.
ordens do empresário (e normalmente joga a cul- O melhor sempre deve ser buscado. Temos que cha-
pa nele); a plateia, que não esta preocupada com mar a responsabilidade e fazer o nosso serviço da
nada, ou o técnico, que joga a culpa em todos? melhor maneira possível. •

Olhando para a nossa parte (a técnica),

Acervo do autor
é muito fácil colocar a culpa em outras
pessoas ou situações se o som não está
bom. Podemos culpar o músico ruim, o
instrumento ruim, o equipamento ruim,
a produção ruim, e assim vai. O que não
falta é uma boa desculpa.

Nós, técnicos, temos que assumir a res-


ponsabilidade sobre o som, independen-
temente de todas as situações adversas
que possam aparecer. Se o técnico não
está disposto a fazer isto, ele deve estar
preparado para cancelar a apresentação
(ou pelo menos sugerir isto), o que é
uma boa demonstração de que as coisas
podem não dar certo.

A partir do momento em que nós as- A falta de experiência do técnico pode ser um grande
sumimos fazer a mixagem do show ou problema para toda a produção envolvida no evento

Renato Muñoz é formado em Comunicação Social e atua como instrutor do IATEC e técnico de gravação e PA.
Iniciou sua carreira em 1990 e desde 2003 trabalha com o Skank. E-mail: renatomunoz@musitec.com.br

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áudio música e tecnologia | 19
em casa | Lucas Ramos

Dicas e técnicas de gravação


em um home studio (Parte 4)
Técnicas de gravação de bateria: Parte A – Preparação

N
essa edição da coluna vamos começar a falar so- Nessa hora é imprescindível ter em mente a sonoridade
bre gravação de bateria, partindo da preparação. desejada na gravação. Há diversas decisões que você
Assim como com qualquer instrumento, a grava- terá que tomar em relação à sonoridade da bateria, e
ção de uma bateria acústica tem início muito antes de se para poder tomar a decisão correta é preciso saber qual
apertar “rec”, antes mesmo do posicionamento dos mi- a sonoridade final que você deseja. Uma música de re-
crofones. Sem essa atenção e cuidado desde o início, fica ferência pode ser bem útil nessas horas, para comparar
bem difícil obter uma gravação de alta qualidade no final. com a sonoridade da sua bateria e poder tomar as deci-
sões de forma mais objetiva.
E a bateria, pelo tamanho e número de microfones en-
volvidos, é um dos instrumentos mais complicados de Não é possível obter uma sonoridade boa na gravação
se gravar. Além disso, emi- se a bateria em si não es-
te frequências que cobrem tiver soando bem. Por isso,
todo o espectro (grave, mé- invista todo o tempo possí-
dio e agudo), e muitas ve- vel e necessário para tirar
zes com bastante dinâmica. o melhor som possível da
A bateria é a base da músi- bateria a ser gravada. Um
ca (ocidental), e geralmente bom baterista também aju-
precisa de peso e intensi- da, pois grande parte do
dade, porém, com bastante timbre de uma bateria vem
definição e brilho. Para isso, da técnica na execução...
é essencial ter bastante cui- Mas aí nem sempre temos
dado e atenção para obter a escolha (infelizmente)!
sonoridade desejada. Pres-
tem atenção! PELES
INSTRUMENTO Antes de iniciar a gravação
– ONDE TUDO de uma bateria é impor-
COMEÇA tante se assegurar que as
peles estão em bom es-
Assim como com todo e tado. Peles gastas geram
qualquer instrumento, antes uma sonoridade sem peso
A bateria é um dos instrumentos mais
de começar a pensar em mi- ou “brilho”. Além disso,
complicados de se gravar, pelo tamanho e
crofones e posicionamento dificultam a afinação, tor-
número de microfones envolvidos. Cuidado
em uma gravação de bate- nando-a instável, muitas
e atenção são fundamentais para isso.
ria é preciso se certificar de vezes com ressonâncias
que a bateria em si está soando bem na sala, com uma indesejáveis. Se as peles estiverem gastas, o ideal é
sonoridade próxima àquela que você deseja no produ- trocá-las antes de iniciar a gravação. Se possível, utilize
to final. É claro que a escolha e o posicionamento dos peles novas para obter uma melhor sonoridade. Como
microfones vão influenciar, assim como a mixagem do eu já mencionei antes (e irei mencionar muitas vezes
material, mas tudo começa com o instrumento, e se ainda), o aspecto mais importante em relação à quali-
você otimizar a sonoridade desde o início, a tendência é dade de uma gravação é a sonoridade do instrumento
que o resultado final fique bem melhor. em si. E nisso incluem-se as peles de uma bateria!

20 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 21
em casa

- Pedal do bumbo – O pedal do bum-


bo muitas vezes emite ruídos, es-
pecialmente se as peças estiverem
oxidadas. Para minimizar os ruídos,
desmonte o pedal e limpe as peças
com um pano seco o máximo possí-
vel. Depois lubrifique as peças com
algum tipo de óleo leve, como óleo
para bicicleta ou máquinas de costura
(não use WD-40 ou graxa, pois dei-
xam resíduo, que a longo prazo en-
Antes de iniciar a gravação de uma bateria, é tope as partes), antes de remontar o
importante assegurar que as peles estão em bom estado pedal. Esse processo, inclusive, deve ser feito regularmente
com pedais de bateria, justamente para minimizar ruídos e
AFINAÇÃO aumentar a vida útil dos pedais. Ou então faça como o Led
Zeppelin e aceite o “rangido” do pedal nas suas gravações...
A afinação também é fundamental na sonoridade de uma Pelo menos se o seu baterista for o John Bonham!
bateria, e deve ser feita na sala de gravação e com muito
cuidado. Boa parte da sonoridade de uma bateria vem - Tarraxas – Muitas vezes as tarraxas de uma bateria estão
de sua afinação, e por isso deve-se alocar tempo e aten- soltas ou mal colocadas, e, assim, balançam, gerando ruí-
ção a essa etapa. Há diversos problemas de sonoridade dos durante a gravação. Por isso, verifique se não há tarra-
que uma boa afinação pode corrigir e que não daria para xas soltas, mal colocadas ou até faltando! Eu já encontrei
acertar na mixagem (ex.: ressonâncias etc.). Por isso é diversos kits de bateria com tarraxa faltando, e o grande
importante investir tempo e atençãoà afinação da bateria. problema é que, além de impossibilitar a afinação correta
da bateria, gera ruídos, pois a “rosca” de baixo fica solta. Se
Também pode ser útil aprender a afinar uma bateria, pois não tiver como arrumar outra tarraxa, faça uso da fita crepe!
infelizmente nem sempre podemos contar com o bateris-
ta para saber afinar direito (mesmo que eles digam que - Cascos – É importante verificar se os cascos dos tambo-
sabem!). Infelizmente, não tenho espaço aqui para des- res da bateria (bumbo, caixa e tons) não estão encostando,
crever todo o processo, mas não é difícil achar essa in- pois quando o baterista tocar eles irão “sacudir” um pouco
formação na internet. Inclusive, recomendo a “bíblia para e podem gerar ruídos. É bom verificar se há pelo menos um
afinar bateria” (The Drum Tuning Bible), escrita por Scott ou dois dedos de distância entre os cascos dos tambores.
Johnson e que pode ser facilmente encontrada na internet
(inclusive traduzida para o português). - Estantes – As estantes de pratos e dos tambores de uma
bateria muitas vezes ficam “amontoados” em um espaço
RUÍDOS reduzido, fazendo com que as peças fiquem bem próximas
umas das outras. Verifique que as estantes não estão encos-
Também é necessário verificar que não há ruídos sendo tando, deixando também um ou dois “dedos” de distância
emitidos pela bateria. Se houver, tente eliminá-los de al- entre elas. Isso também vale para os pedestais de microfone.
guma forma. Isso deve ser feito antes mesmo de posicio-
nar os microfones, e também deve ser feito com cuidado - Bumbo “fugitivo” – Outro possível problema na gravação
e atenção. Alguns dos pontos fracos para problemas e ru- de uma bateria é um bumbo que “foge” quando o bateris-
ídos em um kit de bateria são: ta toca. Isso se deve à força exercida sobre o bumbo pela

OUÇA O SOM “POR COMPLETO”


Quando estiver ouvindo o timbre de uma bateria, julgando a em torno de uma batida por segundo (ou 60 bpm). Isso per-
sonoridade seja da afinação ou do posicionamento do micro- mitirá que o som seja ouvido por completo, do início ao fim.
fone, é importante ouvir o som por completo (início, meio e É claro que também é imprescindível ouvir o som da bateria
fim). Por isso, é importante que o baterista não “metralhe” sendo tocada “à vera”, no jeito e velocidade em que será
a bateria e toque muito rápido, pois você não conseguirá feita a gravação. Mas na hora de ouvir o som de cada peça
distinguir entre o início, meio e fim dos sons. O ideal é que individualmente, e especialmente na hora de afinar a bate-
o baterista toque cada peça separada e em uma velocidade ria, é importante ouvir o som de cada peça “por completo”.

22 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 23
em casa

quências na gravação (especialmente


nos graves). Por isso, tente manter os
microfones o mais “paralelos” possível
para minimizar possíveis problemas de
fase. Isso não significa que os microfones têm
que estar precisamente paralelos uns aos outros, somen-
te o mais próximo possível sem atrapalhar o baterista ou
a captação do microfone.

Além desse cuidado no posicionamento dos microfo-


nes, é imprescindível “checar” a fase em toda gravação
de bateria. Eu expliquei o processo todo na edição em
uma edição anterior da revista, e vocês podem conferir
lá se não lembrarem! Esse processo pode ser a dife-
rença entre uma gravação “pesada” e “definida” e uma
Para minimizar o ruídos do pedal do bumbo, desmonte-o, gravação “sem peso” e “embolada”. Não esqueçam de
limpe as peças com um pano seco e lubrifique-as checar a fase sempre!

maceta (especialmente os bateristas com “pé pesado”), Esse cuidado todo na preparação pode parecer exagera-
forçando-o a mover-se para a frente. Para corrigir isso, do, mas é muitas vezes a diferença entre uma gravação
tente posicionar os “pés” do bumbo de forma que fiquem amadora e profissional. Eu mesmo já gastei mais de 12
bem firmes no chão, utilizando o peso do próprio bumbo horas só ajustando a sonoridade e afinação de uma ba-
para segurá-lo. Se mesmo assim o bumbo quiser “dar um teria antes mesmo de gravar o primeiro take. Isso por-
rolé”, é possível amarrar, com barbante ou algum tipo de que as peles da bateria em questão haviam entrado na
corda, os pés dele no banco do baterista, de modo que o puberdade, aos 14 anos de idade, e não estavam que-
peso do baterista impeça a “fuga” do bumbo. rendo afinar de acordo (troquem as peles da bateria!).
Para piorar, a sala de gravação era bem pequena e nela
- Ruídos no ambiente – Como uma bateria emite uma mal cabia o kit da bateria, muito menos os pedestais e
pressão sonora altíssima, quaisquer objetos que estive- microfones, dificultando bastante o posicionamento dos
rem em torno serão “sacudidos” e poderão gerar ruídos na mesmos. Como não havia a opção de trocar as peles ou
gravação. Por isso, remova tudo o que não for essencial mudar de sala, e como eu não aceitava fazer uma gra-
para a gravação e estiver próximo à bateria. Ande em vol- vação ruim, foram-se 12 horas só ajustando o timbre da
ta da sala, verificando se não há ressonâncias ou ruídos bateria e o posicionamento dos microfones.
no ambiente. Se houver, remova-os ou utilize algum ma-
terial como fita crepe ou espuma para segurá-los e elimi- O resultado final da gravação ficou muito bom e nin-
nar os ruídos. Uma vez, em uma gravação, gastei mais de guém ficou sabendo do esforço que eu tive... E as ho-
meia hora (e quase enlouqueci) porque havia esquecido ras extras não foram pagas! Mas, provavelmente, se
uma caneta sobre uma mesa dentro da sala de gravação eu não tivesse feito como fiz, a gravação não teria fica-
(não coloque mesas nas salas de gravação!), e toda vez do boa, e todo mundo ficaria sabendo disso... E eu pro-
que o baterista batia no bumbo a caneta “quicava”, geran- vavelmente teria dificuldade em arrumar outras grava-
do um ruído agudo na gravação... Demorei muito tempo ções no futuro! É o efeito dominó, que pode funcionar
até conseguir identificar de onde vinha o ruído, e fiquei me a seu favor ou contra. Basta escolher. Foco, atenção e
sentindo um “mané” quando descobri. persistência são necessários desde o início.

AS FASES DE UMA BATERIA Na próxima edição vamos seguir falando das técnicas de
posicionamento dos microfones para tirar o melhor som
Como em uma gravação de bateria haverá diversos mi- possível nas suas gravações de bateria. Não percam!
crofones envolvidos, os mesmos estarão suscetíveis a
interferências de fase, que podem causar perdas de fre- Até lá! •

Lucas Ramos é tricolor de coração, engenheiro de áudio, produtor musical e professor do IATEC. Formado em Engenharia de Áudio pela SAE (School
of Audio Engineering), dispõe de certificações oficiais como Pro Tools Certified Operator, Apple Logic Certified Trainer e Ableton Live Certified Trainer.
E-mail: lucas@musitec.com.br

24 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 25
Plug-ins | Cristiano Moura

Waves H-Reverb
Chega o irmão mais novo do Trueverb e Rverb

N
o ano passado, tratamos dos reverberado-
res da Waves, que incluem o Trueverb, Rei-
nassence Verb e o reverberador baseado em
convolução IR–1. Apesar das diferentes características
entre eles, A Waves entendeu que havia ainda uma la-
cuna a ser preenchida. Neste artigo, então, vamos en-
tender mais sobre o novo H-Reverb e seus diferenciais
se comparado aos outros reverberadores da empresa.

CONCEITO
Algo que podemos perceber rapidamente é a
proposta de dar mais flexibilidade no ajuste de
primeiras reflexões (ER) e a reverberação (tail)
do que a maioria dos reverberadores. Não custa
lembrar: usamos as configurações de Early Re-
flections (ER) para ajustar o tamanho e formato Fig. 2A – Nenhum Pre Delay
da sala e a reverberação, que reflete as caracte-
rísticas do revestimento e
itens de uma sala e estão
diretamente relacionados
à absorção da mesma.

Também introduz outras


seções que não estão li-
gadas diretamente à re-
verberação, mas são úteis
se usadas em conjunto.
Equalizadores, modulado-
res e controle de saturação
são alguns deles.

CUSTOMIZAÇÃO
TOTAL
Fig. 2B – Atraso
Na parte central do plug-
ocasionado pelo Pre Delay
-in temos um “seletor de
ER” (fig. 1), e, à esquer- reverberação demora para se concretizar.
da, controles de Pre Delay,
Build Up E Size. Em espe- É confundido com o Pre Delay, mas sonoramente
cial, o Build Up não é um os resultados são distintos. Enquanto o Pre Delay
controle comum em outros causa um atraso no reverberação (figs. 2A e 2B),
reverberadores. Ele funcio- podemos, de uma maneira bem “informal”, enca-
na como um “attack” do
Fig. 1 – Opções de rar o controle de Build up como um controle de
reverb, ou o tempo que a
primeiras reflexões fade-in da reverberação (fig. 3).

26 | áudio música e tecnologia


to inferior direi-
to uma seção de
modulação, filtros
baseados em LFO
e envelope (figs.
5A, 5B e 5C).
Eles permitem ex-
trapolar um pou-
co o conceito de
“natural” e buscar
uma característica
sintética. Inde-
pendentemente
do modo usado,
todos possuem
um controle de
Fig. 3 – Atuação do Fig. 4 – Atuação do Decay Envelope
mix para dosar o
parâmetro Build Up
quanto este filtro
Existem muitos casos em que um artista pede deve atuar na reverberação. É um recurso exce-
uma mixagem bem carregada de reverberação, lente e cada dia mais comum na música pop, seja
mas que, em contrapartida, deixa os instrumen- numa voz, bateria ou guitarra.
tos embolados e sem definição. Atrasar ou ame-
nizar a entrada da reverberação com o Pre Dely e Também há um controle de Drive (fig. 6) muito bem
Build Up é muito útil neste caso, pois permite que feito, pois ajuda a saturar de uma maneira muito
o ouvinte perceba primeiro o som natural, que é suave o output do HReverb.
mais claro, e depois de alguns milisegundos, tam-
bém ouça a reverberação atuando no elemento
sonoro em questão.

Outro controle inusitado está do lado esquerdo.


Chama-se de “Decay Envelope” (fig. 4), e não
lembro de tê-lo visto em nenhum outro rever-
berador. Os controles X-Time, X-Gain e Density
ajustam a curva de decaimento da reverberação,
o que deixa bem clara a intenção da Waves de
elevar o nível de customização da reverberação.

EXTRAS QUE
ANDAM JUNTOS
Afim de criar uma assinatura sonora, oferecer al-
gum diferencial, trazer algum interesse ou mes-
mo corrigir alguma limitação, mais e mais enge-
nheiros de som dedicam boa parte do tempo da
sua mixagem ao trabalho em processadores liga-
dos em série após a reverberação.

A Waves usou sua experiência no desenvolvimen- Fig. 5A – Decaimento


to dos pacotes signature series e colocou no can- por frequências

áudio música e tecnologia | 27


Plug-ins

Fig. 6 – Global Section com


destaque no parâmetro de Drive

e é de olho nisso que a Waves já incluiu estes dois


Fig. 5B – Envelope Filter setores no H-Reverb.
com controle de mix
BOTÕES PEQUENOS DE
Por fim, encontramos na parte central um equa- GRANDE UTILIDADE
lizador, algo que foi implementado também em
outros reverberadores da empresa. Geralmente No parte inferior do medidor de ganho de entrada
usamos o equalizador pensando em como pode- temos o botão “test”. Ele dispara um ruído que
mos encaixar o reverb na mixagem. Não há mais ajuda a regular o reverb sem precisar ficar dando
tanto comprometimento em simular com perfei- play na sessão.
ção uma sala. O objetivo é fazer a mixagem fun-
cionar, mesmo que se tenha que, por exemplo,
cortar os graves e acentuar os agudos, algo que
não acontece naturalmente.

MAIS PROFUNDIDADE À VISTA


A seção Input Echoes/Output Echoes (fig. 7) ser-
ve como pequenos delays que podem ajudar a
aumentar a sensação de espaço. Eles são repre-
sentados no gráfico pela cor amarela.

Um erro muito comum é aumentar o tamanho


do reverb para ter uma sensação de um espaço
maior, ou, pior ainda, a quantidade de reverbe-
ração. Estas duas ações mais atrapalham do que
ajudam. Misturar reverberadores e delay é uma
opção mais fácil de controlar, de forma a destacar
e aumentar a dimensão de um elemento sonoro, Fig. 7 – Atuação do input e output echoes

28 | áudio música e tecnologia


de pré-configurações interessantes, como as su-
gestões de vários vários mixadores, e em especial
uma, que se compromete a simular hardwares clás-
sicos como o Lexicon 480L (fig. 9). Num revebe-
rador mais do que complexo, vale muito a pena e
ajuda bastante o iniciante a entender os controles
e o que esperar da sua sonoridade.

Em resumo, apesar de muito pesado na CPU, é


sem dúvida um reverberador que vale a pena co-
nhecer e ter por perto. Principalmente para quem
gosta de produzir reverberação em conjunto com
outros efeitos, o H-Reverb é muito conveniente
por já ter vários outros processadores integrados
na mesma interface.

E, com isso, vamos ficando por aqui.


Fig. 8 – Comando Reverse

Não é apenas uma questão de conveniência. O Abraços e até a próxima! •


ruído branco disparado permite ouvir
a resposta da reverberação de forma
mais completa do que com um instru-
mento, pois qualquer outro elemen-
to sonoro vai ter sempre uma ênfase
numa região e deficiência em outra.
Já no medidor de saída temos o botão
reverse para gerar o efeito de reverb
reverso facilmente (fig. 8).

PRESETS QUE
PRESTAM – E MUITO!
Houve uma época em que reverbera-
dores vinham com centenas de pre-
sets que os fabricantes faziam com
intenção de demonstrar os produtos e
mostrar sua flexibilidade, não neces-
sariamente se comprometendo com
sua usabilidade.

A biblioteca do H-Reverb também


explora este conceito, mas é repleta
Fig. 9 – Menu de presets com destaque
para a categoria de hardwares

Cristiano Moura é produtor musical e instrutor certificado da Avid. Atualmente leciona cursos oficiais em Pro Tools, Waves,
Sibelius e os treinamentos em mixagem na ProClass. Também é professor da UFRJ, onde ministra as disciplinas Edição de Trilha
Sonora, Gravação e Mixagem de Áudio e Elementos da Linguagem Musical. Email: cmoura@proclass.com.br

áudio música e tecnologia | 29


CAPA | Rodrigo Sabatinelli
Divulgação

Rock In
Rio USA
na terra do Tio sam, festival celebra 30 anos

C
omemorando, em 2015, três décadas de sua pri- gem do festival pelas terras do Tio Sam, que, merecida-
meira edição, o Rock in Rio, um dos maiores fes- mente, ilustra a capa desta edição.
tivais de música do mundo, chegou a Las Vegas,
nos Estados Unidos, onde entre os dias 8 e 16 de maio ALInhAmEnTO E DIsTrIBuIÇãO
reuniu atrações como Ivete Sangalo, Taylor Swift, Bruno
Mars, Metallica, Linkin Park, John Legend e Joss Stone,
AssEgurAm COBErTurA AmpLA
entre muitas outras de expressão internacional.
O sistema utilizado para sonorizar o Palco Mundo, prin-
cipal ambiente do evento, foi um JBL VTX, composto por
Sonorizado pela Gabisom, o evento contou com sistemas
de sonorização JBL e consoles Avid, Yamaha e DiGiCo, quatro torres. Em cada uma das duas colunas principais
dentre outros equipamentos cedidos pela locadora pau- do PA, ou melhor, no L/R, estiveram dispostas duas linhas
listana, que enviou parte de seu arsenal por containers, de caixas V25, contendo, ao todo, 18 elementos, mais
transportados por navios, e aviões. uma linha de subs S28, contendo 15 unidades, enquanto
que nas colunas complementares, ou seja, nos outfills,
Em entrevista à AM&T, Maurice Hughes e Tobé Lombello, estiveram dispostas, por lado, mais duas linhas de caixas
respectivos gerentes de produção e de palco do Rock in V25, contendo nove elementos cada, e uma linha de subs
Rio, revelaram detalhes técnicos sobre a primeira passa- S28, contendo sete unidades cada.

30 | áudio música e tecnologia


Empurrado por amplificadores Crown, monitoração dos artistas, estiveram os side fills VTX, com-
o sistema contou ainda com o “apoio” postos por seis elementos de altas e quatro subs por lado,
de 24 elementos de subgraves G28, e consoles como Avid Profile e D-Show e Yamaha PM5D
sendo 12 por lado, ao chão, e dos 12 RH, mesmos consoles disponíveis na house mix, localiza-
elementos Norton LS8 dispostos em da a cerca de 50 metros da caixa cênica, onde também
dois grupos de seis elementos, nas havia uma DiGiCo SD7, usada para gerenciar o sistema, e
torres de delay, posicionadas a cerca outboards como pré-amplificadores Avalon e distressors.
de 80 metros e 160 metros de distân-
cia em relação à caixa cênica. Na ocasião, as Profile foram usadas pelos engenheiros
de PA de Ivete Sangalo, The Pretty Reckless e John Le-
Apesar da grande quantidade de caixas gend, enquanto que as D-Show ficaram a cargo dos en-
instaladas nos sistemas principal, com- genheiros de Big Sean e Smallpools e as PM5D com os
plementar e nos delays, a qualidade so- de Maná e do Cirque Du Soleil.
nora do festival se deu, de acordo com
Tobé, em razão da maneira como o PA No entanto, diversas equipes levaram seus próprios sis-
foi alinhado e como teve seus sinais e temas ao festival. Foram os casos do No Doubt, que usou
tempos distribuídos, “trabalho [de ali- um par de Midas XL4, sendo uma para o PA e outra para
nhamento e distribuição] muito bem os monitores; Metallica, que usou uma Midas XL8 no PA
executado por Peter Racy, engenheiro e uma Pro 9 e uma Midas Pro 2 nos monitores, e Linkin
que dispensa apresentações e que há Park, Bruno Mars, Taylor Swift e Ed Sheeran, que traba-
muitos anos trabalha para o Rock in lharam com as DiGiCo SD7, sendo este último usuário de
Rio”, disse o gerente de palco, endos- um único console para a realização de duas funções – a
sado por Maurice, seu companheiro e operação do PA e dos monitores.
gerente de produção de todo o festival.
TRANSMISSÃO PARA TV
“Há muita tecnologia em termos de ali- TEM DIÁLOGO ENTRE TÉCNICOS
nhamento e alguns procedimentos que
desconhecemos. Para se ter ideia, du- Na unidade móvel disponibilizada pela Gabisom para a gra-
rante o Rock in Rio USA utilizamos um vação e a transmissão de áudio dos shows do festival, o di-
equipamento de matrização digital com álogo esteve em alta. No local, comandado por Marcelinho
centenas
de com-

Divulgação
binações,
além de
uma DiGiCo
SD7, de 128 canais, para geren-
ciamento exclusivo do sistema,
mas por se tratar de um setup
dedicado única e exclusivamente
ao festival, muitas informações
acerca dele não foram disponi-
bilizadas pela empresa”, comple-
tou o gerente de produção.

“LUXO” NA HOUSE
MIX ATENDE
A GREGOS E
TROIANOS
Em cima no palco, por conta da

O Palco Mundo foi sonorizado por um sistema JBL “dobrado”

áudio música e tecnologia | 31


Capa

Divulgação

Em torres distribuídas pela área que abrigou o festival,


delays fizeram o complemento dos sistemas principais

Ferraz, engenheiros como Carlos Kalunga, que trabalha “É dessa forma que tem que ser feito. É preciso
com a cantora Ivete Sangalo, compartilharam com o re- dialogar e respeitar o técnico. Na ocasião, ao visitar
presentante da locadora detalhes de suas mixagens. a UM, pude mostrar a ele, Marcelinho, alguns dos
planos de minha mix, como, por exemplo, os das
O objetivo era que o amigo, responsável pelo “envio” músicas em que a guitarra tem que ser colocada mais
do som para a TV, realizasse um trabalho fiel ao que ‘na cara’, ou seja, com uma pegada mais rock’n roll,
o público ouvia ao vivo. E, diante de sua estação de e daquelas em que o Pro Tools atua somente como
trabalho, ele recebeu dicas preciosas, que nitidamen- preenchimento da base”, contou ele, também famoso
te fizeram a diferença para quem curtia o festival de por postar, em sua página no Facebook, vídeos
casa, algo que Kalunga fez questão de destacar. explicativos de seu trabalho.
Divulgação

Divulgação

Consoles como PM5D RH, da Yamaha, e SD7, da DiGiCo, estiveram presentes no Rock in Rio USA

32 | áudio música e tecnologia


sabedoria do fazer
"Cabeças" do festival, maurice e Tobé falam sobre como é produzi-lo

AM&T: Mais uma vez a Ga-

Divulgação
bisom ficou à frente da
sonorização do festival.
Dentro ou fora do Brasil, a
empresa parece ser sempre
a primeira opção da pro-
dução do evento. A que se
deve essa escolha?

Maurice Hughes: Essa esco-


lha se deve ao excelente tra-
balho que a empresa tem feito
desde que assumiu a sonori-
zação do festival, para o qual
desenvolveu um projeto ex-
clusivo, ou seja, disponibilizou
um setup que não é utilizado
em nenhum outro evento so- O áudio do show de Ivete Sangalo que seguiu para a TV foi operado
norizado por ela, somente o por Marcelinho Ferraz: engenheiro pegou dicas com Kalunga sobre
próprio Rock in Rio. os planos de mixagem das músicas da cantora baiana

Penso que, se uma das maiores empresas de áudio do va, um benefício à realização de um trabalho mais
mundo tem condição de atender a um festival como prático e eficiente neste tipo de evento?
esse, não há porque substitui-la. Gabi [dono da em-
presa] é um cara que está sempre disponível para re- Tobé Lombello: Na parte de áudio, o uso de multipinos
ceber seus clientes, e contar com esse atendimento em também facilita muito a nossa operação, mas, na minha
qualquer lugar do mundo é muito bom. Muitos no Brasil opinião, acho que a evolução nos sistemas de rigging e
podem não ter consciência de que, no país e exterior, a talhas motorizadas tem ajudado muito a todas as mu-
Gabisom é diferen- danças de estrutu-
ciada e qualificada ra que temos em
Divulgação

entre as maiores eventos como esse.


empresas do mun-
do nessa área. Mal acabou a edi-
ção de Las Ve-
O advento das gas e a do Rio de
mesas digitais Janeiro já está
foi, indiscutivel- “pronta”. Como
mente, um dos é feito o planeja-
grandes facilita- mento técnico do
dores da logística festival? O que
de festivais como muda de uma edi-
o Rock in Rio, que ção para outra?
tem, diariamente,
um “entra e sai” Maurice: Olha, o
de atrações ta- Rock in Rio, en-
rimbadas. Na sua quanto festival,
opinião, que ou- é o mesmo em
tro tipo de avan- qualquer lugar do
ço tecnológico Ao centro, de calça jeans preta, Maurice Hughes celebra, com mundo. Esse ano,
representou, de parte de sua equipe, o sucesso de mais uma edição do Rock in no Rio, estaremos
forma significati- Rio, dessa vez em Las Vegas, nos Estados Unidos “mais em casa”,

áudio música e tecnologia | 33


CAPA
Divulgação

papel importante
nas edições recen-
tes. O que tem a di-
zer sobre isso?

Tobé: Meu primeiro


Rock in Rio foi em 2001,
mas não estava traba-
lhando pelo festival, e
sim com o Tihuana. Até
que, em 2010, entrei
para a equipe técnica do
festival e, a partir dali,
fiz todas as edições na-
cionais e internacionais.
O Rock in Rio, que passou recentemente por Las
Vegas, volta à sua cidade natal ainda em 2015 É muito gratificante poder comandar um palco
com uma estrutura dessas e, principalmente,
pois contaremos com o fornecimento de todo o equi- tratar diretamente com os maiores artistas do
pamento de luz feito pela LPL, que irá executar o pro- mundo, que também têm os maiores produtores
jeto criado pelo escritório do lighting designer Patrick e técnicos. Isso faz com que nós, brasileiros,
Woodroff, sediado na Inglaterra. Além disso, teremos tenhamos a oportunidade de presenciar certas
a participação da LED Com, que, em vez de dividir o estruturas que, aqui no Brasil, nunca iremos ver.
trabalho com a PRG, dessa vez irá cuidar de todo o
fornecimento de LEDs do festival. Tobé: Ele [Maurice] me dá carta branca para levar a
direção de palco da forma como gosto de trabalhar, e
Tobé: Na verdade, durante a pré-produção, Maurice alinha isso é muito importante para que eu consiga desenvol-
muito bem as nossas necessidades, e, quando vamos exe- ver um método prático e único de atendimento a todos.
cutar o projeto em si, os problemas maiores já foram resol- Não é tão simples ter um artista com 12 carretas saindo
vidos. No Rio de Janeiro, o maior problema que vejo é com do palco enquanto outro está chegando com outras oito
o acesso de tantos caminhões em uma área e uma pista para a montagem do dia seguinte. •
de acesso pequena, pois,
Divulgação
além do próprio palco,
diversas outras “fren-
tes”, como o tráfego dos
serviços de alimentos e
bebidas, segurança, bri-
gada de incêndio e equi-
pes de emergência, por
exemplo, utilizam esse
acesso.

Maurice está à fren-


te da produção do
festival desde sua
segunda edição, e
você, Tobé, tem tido

Abraçado a Nuno Cruz (de boné), diretor técnico do Palco Sunset,


Tobé Tombello está na equipe do Rock in Rio desde 2010

34 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 35
EVENTO | Rodrigo Sabatinelli

AEs BrAsIL

VERSÃO REVISTA DIGITAL


EXpO 2015
muitas novidades em um evento
que deu de ombros para a crise

E
ntre os dias 25 e 28 de maio, a AES Brasil Expo desem- MADI e Dante, tem total integração com o Pro Tools, permite a
barcou, pela 19ª vez, na capital paulista para apre- gravação de até 300 canais, utilizando, para isso, somente um
sentar grandes novidades nos segmentos de áudio, cabo thunderbolt, e, por sua compatibilidade, atende perfeita-
iluminação e instalações especiais, além de seminários que mente às necessidades dos usuários da família Venue”, garan-
abordaram temas como gravação, mixagem, masterização, tiu Carlos Kalunga, especialista de produtos da marca.
som ao vivo e instalações.
Apresentadas na Prolight+Sound 2015, na Alemanha, as multi-
Ponto de encontro de profissionais renomados, a feira mos- touch da família TF foram destaque no estande da Yamaha do
trou-se alheia à atual crise financeira e levou, a mais de Brasil. Mas a grande novidade da empresa, a Rivage PM10, foi
5.700 pessoas – número fornecido por sua organização –, apreciada somente por quem visitou sua sede, a alguns quilô-
produtos como consoles de pequeno, médio e grande porte, metros da feira. “Com 44 canais de entrada, 72 auxiliares e 36
além de sistemas de sonorização e microfones, que, hoje, matrizes e um pacote de plug-ins Ruppert Neve, ela estará dis-
diferentemente do que ocorria no passado, chegam a nosso ponível no país somente no início de 2016”, anunciaram, no lo-
país logo após seus lançamentos internacionais. cal, os especialistas de produto Aldo Werner e Matheus Madeira.

No estande da Quanta Live, por exemplo, o público conheceu a Demonstrada na Roland, a M-5000, nova mesa da fabricante,
novíssima Avid S6L. Lançada na última NAB, em Las Vegas, “a também chamou a atenção do público presente e logo ganhou
mesa para som ao vivo, que trabalha com os protocolos AVB, status de estrela. Com suporte em 96 kHz para até 300 entradas

Kalunga e Ricardo Mancini ao lado Rivage PM10: grande M-5000: tecnologia


da S6L, novo console da Avid novidade da Yamaha O.H.R.C.A. é diferencial

X Air: compacto, console da


Renato Carneiro e a S21, da DiGiCo Behringer fez sucesso na ProShows XL-Desk: nova SSL para estúdios

36 | áudio música e tecnologia


Nas mãos de Milton, o No detalhe, o microfone surround
ATW1102, do System 10, novo da Sennheiser, apresentado na Em destaque na Gobos do Brasil,
sistema da Audio-Technica unidade móvel da Mix2Go o novo sistema da K-Array

e 286 saídas, o equipamento tem, dentre seus diferenciais, “o sos. “Ela suporta até 32 canais se usada com seu expansor, o
emprego da tecnologia O.H.R.C.A., que permite ao usuário con- AB168, e tem como principal recurso o controle via iPad”, disse
figurar todo o caminho do sinal, além de protocolos expansíveis”, Vladimir Ganzerla, distribuidor nacional da fabricante inglesa.
como disse o técnico de produtos Jorge Henrique Perez.
No estande da Music Company, o gerente e especialista de
Apresentada pela Audio System, a S21, da DiGiCo, reuniu um produtos Raven, Roberto Wielickza, anunciou, em primeira
grande número de pessoas no estande empresa. “Com 40 ca- mão, as atualizações do software do console totalmente tou-
nais de processamento e 16 bus, todos podendo ser estéreos, ch screen MTi, que agora pode ser usado com duas telas
a mesa conta ainda com 24 entradas e 12 saídas analógicas, dedicadas, sendo uma à mixagem e outra à edição de pistas
dois slots DMI, duas conexões Ethernet para redes, oito má- de áudio, e conta com mais de 500 batch commands, sele-
quinas de efeito e 16 equalizadores gráficos, entre outros dife- cionáveis via função search, também nova.
renciais”, disse o técnico especialista Renato Carneiro.
E da estrada para o estúdio, a novidade ficou a cargo da
Se as mesas grandiosas chamavam a atenção do público, XL-Desk, da SSL. Mostrada pelo engenheiro Conrado Ru-
as pequeninas também não passavam em branco. Lançadas ther, “ela conta com 24 canais, sendo 16 monos e quatro
pela ProShows, as X Air X18 e XR18, da Behringer, chegaram estéreos, quatro subgrupos estéreos e buss compressor
ao mercado com 18 entradas e oito saídas, gravando multi- SSL G-Series com filtro passa-altas para o side-chain,
pistas e podendo ser controladas remotamente por compu- além de oito pré-amplificadores SSL VHD”, disse.
tadores e iPads. “A diferença entre elas é que a superfície da
X18 conta com um dock station para encaixe de tablets”, dis- mICrOFOnEs E sIsTEmAs
se Emerson Duarte, especialista de produtos da fabricante. DE mOnITOrAÇãO pArA
EsTÚDIO E EsTrADA
Na ocasião, o especialista também anunciou a atualização
do firmware da Pro 6, console da Midas que, de acordo com Também estiveram em destaque na feira microfones para as
ele, “agora, permite ao usuário fazer seu soundcheck virtu- mais diversas aplicações. Distribuidora dos produtos Sen-
al, além de gravar até 56 canais das sessões executados ao nheiser, a Quanta apresentou o wireless D1, “composto pela
vivo, utilizar pacotes de plug-ins, como, por exemplo, os Wa- cápsula cardioide e945 e passível de controle via aplicativo”,
ves, e alinhar o sistema visualizando os gráficos de softwares segundo Daniel Reis, especialista de produtos da empresa. No
como o Smaart em sua própria tela”. entanto, o ClipMic Digital, um lapela para iPhones que con-
segue anular consideravelmente o vazamento de ambientes
Além da distribuidora gaúcha, a Audio Premier foi outra a apre- ruidosos, foi a grande surpresa do espaço.
sentar produtos compactos, como a QUPac, da Allen & Heath,
que, apesar de minúscula, mostrou-se dotada de muitos recur- Na ProShows, representante nacional da Audio-Technica, o

áudio música e tecnologia | 37


EVENTO

PSM 300: novo sistema da Shure


foi lançado pela Pride Music

TW Audio: caixas representadas


por Andreas Schimidt estiveram
em destaque na feira

Rodrigo Bordignon: executivo


da Amerco demonstrou Em destaque na Harman, a
produtos da Proel nova caixa JBL EON615

destaque ficou a cargo do do System 10, sistema sem fio como pancadas de chuva e exposição ao calor”. O executivo
digital que trabalha em 2.4 GHz com kits como o bastão ainda demonstrou os amplificadores X4 e X8, de quatro e oito
ATW1102, além de headsets, lapelas e transmissores para canais, da Série X, da PowerSoft.
instrumentos. Mas outros lançamentos, como o sem fio con-
densador cardioide AEW5255 e o dinâmico hipercardióide MB Na Amerco Brasil, o diretor técnico Rodrigo C. Bordignon
3k/c, também foram muito bem recebidos pelo público, de anunciou a distribuição exclusiva dos produtos da italiana
acordo com o especialista Milton Koprosky. Proel e destacou alguns modelos das linhas V Series, Flash
Series e Axiom, como a Flash12HDA, caixa ativa composta
Um dos produtos mais curiosos na linha de transmissões ao por um falante de 12” e um driver Celestion de 1” em ne-
vivo, o surround Esfera, da Sennheiser, foi demonstrado pelo odímio, e a Axiom ED25P, caixa passiva composta por dois
engenheiro Beto Neves em sua unidade móvel, a Mix2Go. falantes de 5.25” e um dome tweeter, “que nada mais é que
Projetado com a renomada tecnologia do condensador de RF um tweeter com guia de onda esférico”, observou ele.
da marca, “o microfone tem como função converter o sinal
estéreo em um 5.1 completo em qualquer lugar do fluxo de No estande da Harman do Brasil, que representa nacional-
produção, seja ao vivo, durante uma transmissão que requer mente produtos de marcas como JBL, AKG, Crown, Lexicon e
áudio 5.1 HD, ou numa pós-produção”, afirmou Beto. Soundcraft, o consultor técnico Richard Powell apresentou a
nova caixa EON615, da JBL. “Ela, que é dotada de bluetooth
Tradicional fabricante de microfones, a Shure, representada no integrado, guia de ondas exclusivo e entradas XLR ¼”, é am-
Brasil pela Pride Music, teve como lançamento um novo sistema plificada por um classe D de potência de 1.000 watts e pode
de monitoração pessoal, o PSM 300. Apresentado pelo especia- ter parâmetros como equalização controlados remotamente via
lista de produtos da marca, Raphael Andrade, “o equipamento é iPad”, disse Richard, que também apresentou alguns modelos de
de fácil configuração e trabalha com dois modelos de receptores microfones AKG, como o sistema digital sem fio DMS 700 e os
bodypacks estéreo – o P3R e o P3RA –, que têm alcance de 100 modelos para estúdio e ao vivo C414 XLII, P170, P220 e P420.
m de distância e utilizam baterias recarregáveis”, disse ele.
Na HPL, o especialista de produtos FBT, Selismar Oliveira, de-
LInEs E CAIXAs COm monstrou o line array de coluna Vertus, que, de acordo com
DnA InTErnACIOnAL o próprio, “pode ser utilizado tanto em eventos corporativos
como em shows de pequeno e médio porte”, e as caixas da
Como de costume em edições da AES, foram lançados di- linha Mitus, compostas por elementos com falantes de média
versos modelos de caixas acústicas. Na Gobos do Brasil, por alta de 6,5” e drivers de 1.4” e subs aéreos e de chão com
exemplo, o executivo Esteban Risso apresentou o Firenze, da falantes de 12” e 18”, respectivamente.
K-Array, line array que segue a filosofia slim de produtos da
fabricante e que, de acordo com ele, “por ser fabricado com Além desses dois produtos, Selismar também apresentou a
material ultra-resistente, suporta adversidades climáticas linha Mitus, de line array para médios e grandes espetáculos,

38 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 39
EVENTO

composta por caixas com falantes de média alta de 6,5”, dri- nético que faz uso de uma bobina de uma polegada”.
vers de 1.4”, por subs aéreos com falantes de 12” e subs de
chão com falantes de 18”. Ainda na ocasião, o técnico de suporte da empresa, Cleber
Pomerinskas, apresentou itens de outras marcas distribuídas
Na Decomac, o especialista de produtos Fernando Nanão esteve por ela, dentre eles interfaces e conversores RME, sintetiza-
mais uma vez demonstrando o line Aero 40, um sistema ampli- dores Moog Music Inc., amplificadores Kemper Amps e in-ears
ficado de três vias, da DAS Audio, que possui conectividade para Clear Tune Monitors. Sobre o Kemper, ele destacou se tratar
monitoração e controle remotos, e o Event 208A, que é um line de um aparelho que tem a função de captar, analisar e emular
de baixo custo, também da marca, destinado a pequenos e mé- timbres reais de amplificadores valvulados de guitarra, “e, a
dios clientes, enquanto que, na Bosch, Alex Lameira, gerente de partir disso, catalogá-los junto aos já existentes em seu ban-
marketing para a América Latina, apresentou caixas da Electro- co, como os clássicos vintage e os modernos de alto ganho”.
-Voice, como a ativa ZXA1 e o novo line da marca, o X2.
Na Lando Eletro-Acústica, o sócio-proprietário da empre-
Na Music Imports, distribuidora oficial dos produtos db Techno- sa, Lando Milbers, demonstrou itens da linha Evo de line
logies, o gerente comercial da empresa, Leandro Nogueira, des- arrays de coluna para ambientes específicos, como, por
tacou a chegada das caixas das linhas DVA, DVX, Arena, Black exemplo, templos religiosos. “Tratam-se de caixas feitas a
Line, Cromo e Sigma, como o line de três vias, segundo ele, partir da tecnologia de focalização digital Automatic Beam-
“carro-chefe do grupo”. Na Nexo, o especialista de produtos Mar- -Steering, desenvolvida pela alemã CVS, que podem ser
celo Costa mostrou os monitores de chão 4512, fabricados com montadas em até cinco módulos de oito grupos, cada, in-
falantes de 12” e que podem ser acoplados uns aos outros; os terconectados com um único DSP de até 40 canais”, expli-
subs RS15, compostos por dois falantes de 18” e indicados para cou ele, lembrando que seus sistemas hoje são utilizados
eventos de médio e grande porte; as PS15, que podem ser usa- na Catedral da Sé e no Mosteiro de São Bento.
das como line ou monitores, e os lines da linha GEO, indicados
para eventos coorporativos, além do sistema STM M46. No espaço da All Tech Pro, o sócio-administrador Alexandre
Barrios apresentou suportes de microfones e instrumentos da
No estande do Grupo Studio Brazil, o especialista de produtos Ultimate Support, mas destacou mesmo os sistemas alemães
Igor Ferreira apresentou, dentre outras novidades, as caixas LD Systems, marca que distribui com exclusividade no Brasil,
para monitoração de estúdio da EVE Audio. De todos os mode- tais como os modelos MAUI 11Mix, MAUI 28, MAUI 66 e Play
los demonstrados por ele, o destaque ficou por conta do SC205. 15, “dotados da filosofia all in one, fabricados com falantes
Segundo Igor, “trata-se de uma caixa de duas vias composta Celestion, e que contam com amplificação classe D e têm dis-
por um falante de 5” ativado por um sofisticado sistema mag- persão de 120 graus”, segundo disse.

L206D: nova caixa da Attack chega


para “engordar” linha tradicional

João Américo e suas caixas AED:


Selismar Oliveira e um line de coluna Fernando Nanão e um dos sistemas pela primeira vez engenheiro levou
FBT, distribuído no Brasil pela HPL DAS apresentados pela Decomac produtos a uma feira

40 | áudio música e tecnologia


E na EAS America, distribuidora dos produos TW Audio, o dire- no modo line quanto coluna, precisando, para isso, somente
tor executivo Andreas Schimidt e o diretor técnico Victor Pelúcia que o técnico gire seu guia de ondas em 90 graus”, disse o
mostraram, mais uma vez, produtos como as caixas de line ar- projetista, que também apresentou sua linha mais popular,
ray da linha Vera L24, S15, S30, 33 e 36, além de um conjunto Tec Áudio, totalmente fabricada com componentes nacionais.
de caixas compactas M6, os monitores de chão de baixíssimo
relevo C15 e os sistemas portáteis de mixagem MyMix. Conhecido pela fabricação de sistemas de sonorização, Fábio
Zacharias, proprietário da FZ Audio, apresentou o novo guia
de ondas criado por ele para enriquecer ainda mais os siste-
prODuÇãO mADE In BrAsIL
mas da marca, como os clássicos FZJ15 e o FZJ08A. “O co-
ração de um line array é, indiscutivelmente, o guia de ondas.
Desenvolvidas por engenheiros como Alexandre Rabaço,
E foi pensando nisso que desenvolvemos este modelo, que
Cotô Guarino e Denio Costa, as Vertcon, da Attack, chama-
conta com dois falantes de 8” e, diferentemente dos demais
ram a atenção do público no estande da empresa, onde o
da classe, trabalha com plugs de fase”, explicou Fábio.
especialista de produtos José Luis Vendrametto apresentou
a L206D, “composta por dois falantes de 6” e um guia de
Fabricadas pela equipe da LS Audio, as SlinPec 4660 e as
ondas, sendo indicada para uso em front fill e pequenas ins- HP26 foram apresentadas pelo diretor executivo da empresa,
talações”, além de dois subs compactos, “um com falante de Lucas Sallet. Segundo ele, as SlinPec contam com maior an-
12”, que pode ser usado nos modos cardioide e fly, pois con- gulação e cobertura de até 110 graus, enquanto que as HP26
ta com gride de suspensão, e outro com falante de 18”, que podem ser usadas horizontal ou verticalmente. Lucas ainda
também pode ser montado nesses dois arranjos”, destacou. apresentou o amplificador APM 20.000, de quatro canais de
5.000 watts cada, que recebe comandos via wireless.
Projetadas pelo engenheiro João Américo, as AED 205, de
duas vias, abrilhantaram o estande da Quanta Live. Compos- Na DB Tecnologia Acústica, o engenheiro Pedro Ghering le-
tas por dois falantes de 5” e um driver com garganta de 1”, vou ao público os principais produtos da empresa, como os
“elas podem”, de acordo com o próprio João, “ser usadas tanto já conhecidos line arrays compactos e ultracompactos, além

áudio música e tecnologia | 41


EVENTO

do novo elemento Picollo 6 – que pode ser usado em front tação, apresentou o V30, amplificador de 1 ohm, 28.000 wat-
fill e em torres de delay – e do novo mixer amplificador de ts, e capaz de suportar até seis falantes por canal, totalizando
seis canais, o VM810. De acordo com Pedro, que falou sobre 12 unidades suportadas; o X20, de 18.000 watts, sendo 9.000
o mixer, “o equipamento, que é silencioso por não ter coo- por canal, em duas unidades de rack, e o protótipo de uma
ler, é indicado para palestras e convenções e conta com um pequena caixa, ativa e biamplificada, para line array – D340S.
player de MP3, entre outros diferenciais”. “Composta por um falante de 8” e um driver, ela deve chegar
ao mercado nos próximos meses”, disse ele, que também de-
E na Staner Eletrônica, o especialista e técnico em produtos monstrou o 4HD25, amplificador lançado na última Expomusic.
Francisco Carlos, o Fran, mostrou, entre outras, a ativa e triam-
plificada SR615A, “composta por falantes de 15” e um driver No espaço da B&C Speakers, o representante comercial da
em titânio”; a PS520, “modelo que traz em seu painel um kit empresa, Claudio Abreu, apresentou alguns lançamentos da
multimídia para leitura de pen drive e possui sintonizador de fabricante italiana de falantes. Dentre eles, o driver DE250,
FM”; a SR88A, “composta por um falante de 8” e um driver com resposta de frequência que vai de 1.000 a 18.000 Hz, e
em titânio, contando com leitor de bluetooth e sintonizador de dois falantes de 3” e 8”, indicados para line sources e moni-
FM, além de chave para receber sinais de linha e microfone”, tores, respectivamente, enquanto que na Oversound o coor-
e a SR110A, “composta por um falante de 10” e um driver em denador de projetos Emerson Righi demonstrou falantes de
titânio, que pode ser usada como monitor”, destacou. 6”, 8”, 10” e 12” da linha LA, com destaque para o driver de
compressão DTI 3850, “indicado para quem deseja trabalhar
“Mas as novidades não param por aí! Tivemos ainda os lan- com guia de ondas importados, pois oferece duas opções de
çamentos do sub passivo PSW 212 P, que conta com amplifi- garganta: 2” com a tampa inferior e 1.5” sem a tampa”, disse.
cador externo; a também passiva SLR 504, que já conta com
suporte de parede e de pedestal, e o sistema de earphone No estande da Eros Alto-Falantes, o representante comercial
SRM1E, que possui 16 canais, chave de ajuste de sensibili- Cristian Prado apresentou dois modelos de falantes fabrica-
dade e um body pack com saída de linha para ser utilizado dos pela empresa: o E-21 Panzer 5.0K e o SDS Pro 3.0K. Se-
como transmissor de sinal”, completou Fran. gundo Cristian, “o E-21, que tem 21” de diâmetro e suporta
até 2.500 watts RMS de potência, é indicado para caixas de
FALAnTEs, AmpLIFICADOrEs, subgraves e som automotivo, enquanto que o SDS Pro, que
CABOs E AFIns tem 18” de diâmetro e suporta até 3.000 watts RMS de po-
tência, é voltado exclusivamente para a construção de subs”.
Na Studio R, fabricante de caixas acústicas e amplificadores de
potência, Norberto Iazzetta, gerente de comunicação e expor- Na Pentacústica, o diretor executivo Henrique Elisei apresentou

Lucas Sallet e a 4660: caixa


é novidade na LS Audio

Fábio Zacharias e o novo guia de


No detalhe, uma das caixas Equipe Studio R no estande da ondas da FZ Audio: novos lines
lançadas pela Staner empresa: amplificador V30 foi atração da empresa contarão com o item

42 | áudio música e tecnologia


main powers RMP-63 para equipa-
mentos de sonorização e iluminação
e gerenciadores de energia PM-1 e
PM-2, além de patchs plug and play
de áudio, dados, vídeo e RF Audio- Produtos apresentados ao público
Link, acessórios como painéis de fe- pela B&C Speakers em seu estande
chamento e gavetas padrão rack 19”
e hard cases fabricados em alumínio
composto para diversas aplicações. Já
na AF Datalink o diretor executivo da
empresa, Alexandre Freitas, demons-
trou alguns dos itens fabricados pelo
grupo. “De cabos para a microfones a
cabos para sistemas de sonorização,
passando por conectores de diversos Falante SDS, da Eros: produto
tipos, os produtos contam com dife- Henrique Elisei, diretor da lançado na feira é indicado
renciais importantes, como marcação Pentacústica, no estande da empresa para construção de subs
metro a metro e grande flexibilidade
estrutural”, disse ele.

E, aa Audicare, a fonoaudióloga Ka-


tya Freire, diretora executiva da em-
presa, promoveu pesquisas sobre
prevalência de perda auditiva nos
profissionais da música por meio de
audiometrias de alta precisão. Com
seu estande sempre cheio de técni- Itens da linha de caixas Equipe da AF Datalink: cabos e
cos, como Carlos Kalunga e Lázzaro lançadas pela All Tech Pro conectores em destaque
Jesus, que trabalham com a cantora
Ivete Sangalo, ela também demonstrou os monitores e proteto-
res auditivos com filtros flat da Westone By Audicare. •

LOgO ALI, nOs AuDITórIOs


palestras técnicas também reúnem “estrelas” da classe
Nos auditórios do Pavilhão Amarelo do Expo Center Norte di- efeitos e automação que utiliza em seus trabalhos. O encontro, que
versas personalidades do áudio nacional ministraram palestras seria realizado em uma pequena sala, foi, de última hora, transfe-
que reuniram, além de técnicos, músicos e produtores, tam- rido para um ambiente maior, devido à grande procura do público.
bém alguns curiosos. Uma das palestras mais interessantes,
de acordo com boa parte dos presentes, foi a do engenheiro de “Para minha surpresa, lotamos essa sala. Foi um encontro muito
masterização Carlinhos Freitas. Dono do Classic Master, de São bacana. Espero ter passado um pouco do meu conhecimento e
Paulo, ele falou sobre o aspecto emocional na masterização de desejo a todos os presentes muita felicidade em suas carreiras.
um álbum e destacou que masterizar um álbum é muito mais Agradeço especialmente ao meu amigo Joel Brito pela feira, que
do que simplesmente processar timbres e volumes. é de importância incrível para a evolução da engenharia de mú-
sica no Brasil”, comemorou De Paoli.
“Atualmente, quando falamos em masterização, a maioria das
pessoas pensa apenas em volume, equalização e compressão. Quem também marcou presença na feira com a palestra “Pas-
Porém, cada canção, além do seu aspecto técnico, tem o seu sado, Presente e Futuro dos Codificadores Perceptuais de Áudio”
aspecto emocional, e isso deve ser bem explorado no processo foi o cientista alemão Karlheinz Brandenburg. Inventor do MP3,
de masterização”, explicou. ele apresentou um histórico de seu trabalho, que, naturalmente,
se confunde com o modo com que a música é distribuída e ou-
Engenheiro de gravação, mixagem e masterização, Enrico De Pa- vida hoje em dia. “Quando me chamaram para trabalhar nisso,
oli levou ao seminário seu Mix Secrets Espresso, por meio do qual não imaginei que ia dar no que deu. Achei que ia ser o suficiente
compartilhou técnicas de compressão, equalização, inserção de para terminar o PHD. Já estava ótimo”, brincou.

Confira, na AM&T Digital (www.musitecdigital.com.br), mais sobre a AES Brasil


Expo, além de vídeos e mais fotos do evento em www.musitec.com.br. áudio música e tecnologia | 43
DESAFIANDO A LÓgICA | André Paixão

pATCh &
sTACKs
Crie e salve camadas sonoras
com a sua assinatura

V
ocê constrói e configura uma cadeia de efeitos Se quiser abrir outros patches, fique à vontade, pois
(plug-ins) inserida em um canal de audio, por isso só vai ajudar a compreender melhor a brincadeira,
exemplo, e decide salvá-la com o objetivo de aces- que, por sinal, está apenas começando.
sá-la em futuras produções para não perder tempo. Foi
por isso que o Logic criou o recurso “Save Channel Strip”, O primeiro passo é explorar as diferentes camadas des-
muito utilizado em versões anteriores. Agora, se pensar- se patch clicando na seta à esquerda do ícone referente
mos em uma evolução desse benefício, o que poderíamos ao instrumento, o que vai revelar todos os componentes
adicionar? Múltiplos instrumentos virtuais? Mandadas? desse som específico. Nesse caso, temos três instâncias
Controles inteligentes? Efeitos MIDI? Tudo isso? Sim, tudo do RetroSynth, um canal entitulado Delay e outro como
isso! O patch é uma evolução do channel strip, com o Reverb, todos inseridos num mesmo grupo de canais, que
mesmo conceito – em que você pode combinar diferentes conhecemos como “Track Stack”. Existem dois tipos de
fontes sonoras e tratamentos. Assim, pode começar a co- Stacks: Summing e Folder. A diferença básica entre eles
çar a cabeça e imaginar as possibilidades. Melhor: comece é que este último é puramente organizacional, e nele po-
abrindo um preset de fábrica e visualize a brincadeira. demos ter controle geral de volumes e pan. Já o primeiro
pode abrigar inserções e mandadas de efeitos, o que o
Abrindo “Library”, sua biblioteca, entre no menu/categoria torna muito mais poderoso.
Synthesizer > Pad e selecione o patch “Cosmic
Dust”. Utilize o seu controlador MIDI para evo-
car algumas ambiências sonoras a partir de
acordes aleatórios.

Ao abrir a janela de controles inteligentes


(Smart Controls) – através de um simples
clique no botão correspondente localizado na
barra principal de controles do lado esquer-
do superior –, você vai se deparar com uma
bela interface de controles selecionados pre-
viamente pelos desenvolvedores, que têm
relação direta com o patch, mas nada impe-
de que você crie os seus próprios controles,
como já publicado nesta coluna. É possível
indexar cada botão de seu controlador a di-
ferentes funções, mas o que mais importa
agora é entender como esse patch foi criado.

Figura 1 – Comece explorando os patches de fábrica do Logic X

44 | áudio música e tecnologia


virtuais, que geram essa arquitetura sonora
única, presente no Logic X.

Qualquer tipo de mudança pode ser feita em


cima dos patches de fábrica, como a inclusão
de outras camadas de sintetizadores, inserção
de efeitos, arpejador etc. E quando você esti-
ver satisfeito, salve o seu patch com um novo
nome simplesmente clicando no botão Save,
localizado na janela da biblioteca, à esquerda
Figura 2 – Ao clicar na seta ao lado do ícone, nos
da interface. Vale mencionar que, para efeitos
deparamos com todos os componentes do patch, nesse
de organização, caso você esteja migrando de uma versão
caso especialmente chamado de Summing Stack
antiga do Logic, seus presets deverão ser copiados para as
respectivas pastas. Só dessa maneira você poderá visuali-
Além disso, se você inserir um pista MIDI na pista prin- zá-las no menu de categorias da sua biblioteca.
cipal do seu Summing Stack, ela será tocada por todos
os instrumentos presentes no grupo. Isso aumenta ainda
mais as possibilidades criativas, pois podemos criar uma
pista MIDI principal e inserir outras notas complementa-
res em outras pistas que fazem parte do Summing. O úni-
co porém é que não é possivel inserir um Summing Track
dentro de outro. O restante é pura genialidade!

Cada canal possui plug-ins inseridos que ajudam a dar


forma ao som, combinando diferentes estruturas de
processamento, como você deve ter percebido. Clique
em cada um dos canais e escute cada camada sonora Figura 4 – Ao habilitar Enable Patch Merging
utilizada para essa combinação. O canal Texture Layer, você pode aproveitar suas configurações e
onde está inserido o RetroSynth, conta com cinco plug- cadeias de efeitos em outros instrumentos
-ins (Ringshifter, Tremolo 1, Tremolo 2, Channel EQ e
Dir Mixer), além de duas mandadas com os já mencio-
nados Delay e Reverb. Essas mandadas também estão No Logic X, a novidade é que todos presest estão localiza-
no patch, mas é claro que não têm som próprio, pois são dos na sua pasta Music do MacOSX, onde é criada a pasta
apenas efeitos. O que devemos entender é essa com- Audio Music Apps. É lá que nos deparamos com as pastas
binação de múltiplas cadeias de efeitos e instrumentos Channel Strip Settings, Drummer, Patches etc. Por algum
motivo, o patch que salvei durante a escrita
dessa coluna só apareceu no User Patches da
Library quando o direcionei para a pasta Ins-
truments, situada dentro de Patches. Um dos
mistérios que ainda quero compreender. Se
você sabe o motivo, não deixe de me contar.
Repare na figura 3.

Criar um patch customizado é como se fôs-


semos criar um preset de cadeia de efeitos
e salvar (Save Channel Strip Settings). A
diferença é que as possibilidades são muito
maiores quando trabalhamos com patches
criados a partir de camadas inseridas em
um grupo de canais, ou Track Stack. Uma
boa amostra do poder dos Patches é quando

Figura 3 – Crie seus patches, mas seja


organizado e salve-os na pasta correta

áudio música e tecnologia | 45


DESAFIANDO A LÓgICA

trumento sem sofrer alterações.

Sei que muitas vezes fica dificil com-


preender tudo o que tento explicar
através dessas páginas. Sei também
que hoje em dia temos a facilidade
de contar com a ajuda de conteúdo
audiovisual. Por isso, estou aprimo-
rando esse complemento, a fim de
permitir a melhor compreensão do
leitor. Nesse meio tempo, sinta-se à
vontade para entrar em contato e ti-
Figura 5 – Troque de instrumento mas rar qualquer dúvida.
mantenha intacta sua cadeia de efeitos
Até a próxima
queremos aplicar determinada configuração ou cadeia
de efeitos em outro instrumento. Para isso, basta ativar Grande abraço! •
a opção Enable Patch Merging.

Por padrão, quatro opções


aparecerão selecionadas: MIDI
Effects, Instruments, Audio
Effects e Sends. Isso signifi-
ca que essas quatro opções
poderão ser alteradas quando
você selecionar outro instru-
mento. Se você estiver satis-
feito com um plug-in de efei-
to MIDI, como o Note Repeat,
por exemplo, mas quer trocar
de patch, basta desmarcar a
opção MIDI Effects e escolher
outra opção. Você vai reparar
que, apesar da troca de instru-
mentos, o plug-in permaneceu Figura 6 – Dica mais do que boa: o Logic converte uma levada de
inserido no canal do novo ins- batera acústica em elementos da sua bateria eletrônica preferida

DICA BOA
Já pensou em aplicar uma levada de batera acústica numa bateria eletrônica? O Logic X apresenta um recurso fantás-
tico. Basta abrir uma instância do Drummer, gerar uma levada e copiá-la para um canal vazio de software instrument.
A partir daí basta escolher uma das diversas baterias eletrônicas e você terá uma surpresa: o Logic automaticamente
cria um Summing Stack com todos elementos e pistas separados.

André Paixão é compositor e produtor de trilhas sonoras para teatro, TV, publicidade e cinema. O SuperStudio é sua segunda casa, onde
passa grande parte de seu tempo criando, gravando e mixando. Faz parte das bandas Acabou La Tequila e Lafayette e os Tremendões.
Atualmente dedica-se à produção musical em seu estúdio, onde também acontece o workshop SynthCamp – Produção de Música Eletrônica
Vintage. Contato: superstudio@superstudio.com.br. URLs: www.superstudio.com.br e www.facebook.com/DesafiandoLogic.

46 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 47
Pro Tools | Daniel Raizer

Curso de
Pro Tools
Aula 1 – Instalação

O
lá, colega! Depois de sete anos escrevendo sunto instalação. E eu imaginando você lendo como
para essa estimada revista, depois de ter se estivesse caminhando por uma rua e apreciando
falado sobre um monte de coisas, confesso a paisagem, percebendo os detalhes da vizinhan-
que me vi sem assunto, mas isso já seria um assun- ça e descobrindo vida no entorno em vez de tomar
to que me renderia alguns parágrafos. Fato é que o ônibus, abstraindo a mesma paisagem inerte de
ainda sentia cócegas para falar sobre a migração de sempre até chegar ao trabalho sem se dar conta de
búfalos nas planíceis, de liquificadores, de diodos e onde passou...
de bactérias emissoras de fótons de forma metafóri-
ca para encaixar o assunto em meu discurso direto Vamulá?
ou indireto sobre Pro Tools.
COMEÇANDO
Pensei, então, com meus botões (como diria minha
avó): que tal fazer um apanhado geral do Pro Tools Nessa primeira aula você vai aprender a instalar o
desde o começo? Boa ideia! Mas eu não queria falar Pro Tools 12. Parece simples, mas não é. Eu poderia
tudo de novo, trocando as linguiças por gerânios. Eu simplesmente dizer para você baixar o aplicativo da
queria algo novo, então ouvi um “plim”, uma lampa- sua conta da Avid e instalá-lo, mas assim não teria
dinha se acendeu e eu digitei: “Curso de Pro Tools: graça e você perderia os detalhes.
Aula 1 – Instalação”.
Como a versão corrente é a 12, vamos partir dela,
Parei e fiquei olhando o título e subtítulo no papel que está diferente da 11 já na instalação, pois voltou
branco-azulado virtual e pensei: “Que porre! Conti- a ser um arquivo só, tanto para quem vai usar a
nuo sem assunto!”. Mas continuei a escrever coisas. versão plena quanto a HD, sendo que apenas a ati-
Essas que você acabou de ler. A essa altura eu já ti- vação é que ativa as ferramentas instrínsecas de
nha cumprido um bom parágrafo, estava começando cada versão.
o próximo e estava convencido de que muita gente
iria gostar de ler, mês a mês, uma matéria sobre Pro Mas, antes disso, o assunto tem que ser informática.
Tools na forma de curso que tivesse um caráter evo- Seu computador tem que estar preparado para re-
lutivo, encadeando um assunto no outro, da instala- ceber o Pro Tools 12. faça o checklist a seguir.
ção à masterização, passando pela gravação, edição
e mixagem, mas sem ter devaneios tão fantásticos - Máquina:
e serpenteantes como os das matérias que vieram
à tinta até aqui. ( ) Processador Intel i5 (i7 para sistemas HD em Mac
OS X ou Xeon para sistemas HD em Windows)
Nada mais justo, então, do que começar com o as- ( ) 4 GB de memória RAM (8 GB para sistemas HD)

48 | áudio música e tecnologia


( ) 15 GB de espaço em disco
( ) Porta USB
( ) Slot PCIe (para sistemas HD ou interfaces PCIe em Desktop)
() Porta Thunderbolt (para quem vai usar o sistema HD no
notebook com um chassi qualificado)
( ) Conexão com a internet
( ) iLok de segunda geração (modelo preto).

Marcou ao menos seis, incluindo as duas últimas? Ótimo. Con-


tinue, então.

- Sistema operacional:

( ) Windows 7 64 Bits (Home Premium, Professional ou Ulti-


mate) ou Windows 8 ou 8.1 (Standard ou Pro)
( ) Mac OS X 10.9.0 até 10.9.5 ou 10.10.0 até 10.10.2

Marcou uma das duas? Perfeito. Prossiga.

- Interface de áudio:
(Marque uma opção)

( ) Necessária, caso o sistema seja Windows.


( ) Não necessária, caso seja Mac OS X. Pode-se utilizar a
built-in (interna).

- Driver da interface de áudio:


(Tente marcar a primeira)

( ) A interface está instalada adequadamente através do últi-


mo driver disponível do site do fabricante e é compatível com
buffersize múltiplos de 32 (como o próprio 32, 64, 128, 256,
512 etc.)
( ) Vou usar o ASIO4ALL. Certeza? É por sua conta e risco.

Ok, você está pronto para o próximo passo. Siga em frente.

suA COnTA
Se é a primeira vez que você usa o Pro Tools, será necessário
ter uma conta em www.ilok.com, caso você ainda não tenha.
Acesse o site e clique em Create Free Account. Preencha os
dados, dando especial atenção ao campo User ID. Esse é o
seu nome de conta no iLok e é este que você irá fornecer à
Avid para ela depositar a licença do Pro Tools. Portanto, preste
bastante atenção.

Estando tudo certo no ilok.com, você vai precisar acessar sua


conta na Avid ou criar uma para pedir o depósito da licença
do Pro Tools 12 em sua conta do iLok. Se você comprou uma

áudio música e tecnologia | 49


Pro Tools

aparece perguntando se você quer


adicionar o iLok à sua conta. Clique
em “sim”, caso seja a primeira vez
em que você irá usar o iLok. Na la-
teral direita a licença do Pro Tools
deve estar aparecendo. Simples-
mente arraste-a para o ícone do
seu iLok, que está à esquerda. Só
isso. Pode fechar o programa. Ago-
ra a licença está no iLok.

INSTALAÇÃO
Pronto! Agora sim, vamos instalar o
Pro Tools? Ainda não.

Atente que se você está com o Pro


Tools 10.3.6 ou mais recente, ele
pode permanecer na máquina e
Figura 1 – O formulário do iLok.com. Preste atenção no campo User ID.
você ficará com dois Pro Tools – o 10
e o 12. Entretanto, se você estiver
versão física, usará o cartão de ativação que veio com o Pro Tools 11, ele será sobreescrito e vai virar o
junto com ela. Se você comprou a versão download, 12. Você pode decidir se vai apagar o Pro Tools antes
receberá o código de ativação no seu e-mail. de instalar o 12 ou instalar o 12 por cima. Tanto faz.

Entre no site www.avid.com/activation e faça login Após o passo acima você está pronto para reali-
em sua conta ou crie uma nova. Clique em Avid zar a instalação. Se você está no Mac OS X, rode
o arquivo que você baixou da sua conta da Avid
Software Activation and Download e siga os passos
e siga os passos da tela. Se você está no Windo-
da tela. Lembre-se de que você será solicitado a
ws, deverá ter privilégios de administrador para
informar o seu código de ativação (do cartão ou do
instalar o Pro Tools. Se o Autorun estiver ativo,
e-mail) e também o seu User ID do ilok.
um minibrowser aparece automaticamente. Caso

Agora você vai ter que esperar alguns


instantes até que a licença seja pro-
cessada e enviada para a sua conta.
Isso geralmente leva uns cinco minu-
tos. Enquanto isso, visite a aba Do-
wnloads e faça o download do arquivo
de instalação do Pro Tools 12 no link
Products Not Yet Downloaded.

De volta. Abra um browser, digite


www.ilok.com e baixe o aplicativo de
gerenciamento de ilok – o iLok Licen-
ce Manager, caso você ainda não o te-
nha. Da pasta de downloads, rode-o,
instale-o, abra-o e faça login em sua
conta através do aplicativo. Conecte
seu iLok ao computador. Um pop-up

Figura 2 – A minha página pessoal da Avid recheda de NFRs

50 | áudio música e tecnologia


propaganda, sugi-
ro adquirir meu li-
vro especial, com
mais de 300 pági-
nas, sobre como
fazer música com o
Pro Tools, que coin-
cidentemente leva
esse mesmo nome:
Como Fazer Músi-
ca com o Pro Tools.
A l t e r n a t i va m e n t e ,
você pode adquirir
um de meus produ-
tos em minha nova
loja virtual: www.
danielraizer.merca-
doshops.com.br.

Figura 3 – O aplicativo de gerenciamento de licenças do iLok Um abração e até a


próxima! •
contrário, clique no arquivo
Setup.exe que você baixou.

A instalação começa, parece que


fica travada na etapa writing fi-
les, mas, felizmente, termina.
Tenha paciência, especialmente
se seu HD não é SSD.

Um belo ícone com semblante


conhecido aparece na sua área
de trabalho, caso ela seja Ruín-
dows, ou na Dock, caso seja Ap-
ple. O ícone é igual ao do 11.

Parabéns! Agora é esperar a pró-


xima coluna para aprender como
começar a usar o Pro Tools para
fazer música! Brincadeira!

Se meu editor me permitir a Figura 4 – A instalação do Pro Tools 12. Parece que não vai, mas vai.

Daniel Raizer é músico, especialista em tecnologia musical e autor do livro Como Fazer Música Com o Pro Tools, lançado pela editora
Música & Tecnologia e já em sua segunda edição, e do blog www.danielraizer.blogspot.com.br. Trabalhou no estúdio de Belchior
como técnico principal, na Quanta Brasil como especialista de produtos e na Loudness Sonorização como gestor de Marketing e de
Contas de AV Pro. Atualmente dedica-se à música, aos seus trabalhos artísticos, aos seus clientes e seguidores virtuais.

áudio música e tecnologia | 51


Wiki Images
MIxAgEM | Fábio Henriques

mIXAgEm
sEm sEgrEDOs (parte 3)
O que é preciso para mixar bem

E
ssa questão ocupa uma boa parte dos pen- estava a cargo do “engenheiro de corte”, que era o
samentos de quem pretende se aventurar no responsável por cortar a master que iria gerar as có-
mundo das mixagens. Curiosamente, exis- pias dos LPs de vinil). Com o avanço da tecnologia,
te uma “hierarquia” informal entre as atividades todas as áreas técnicas vieram se especializando ao
relacionadas à gravação de música, o que leva as longo do tempo, e o áudio não foi uma exceção. As
pessoas a acharem que é normal começar por uma ferramentas de cada etapa foram aumentando em
função de assistente, progredindo para engenheiro quantidade e complexidade e começaram a exigir
de gravação, depois para engenheiro de mixagem e uma atenção maior dos profissionais e uma conse-
culminando como engenheiro de masterização. quente separação de funções.

Embora isso seja frequentemente verdade na car- Talvez essa tal hierarquia se deva às eventuais
reira de muita gente, a questão é mais de oportu- consequências que cada atitude tem em cada eta-
nidade e necessidade, do que de competência. E pa do processo. Por exemplo, um microfone mal
é típico que um profissional conhecido como “mi- escolhido ou mal posicionado na gravação pode
xador” assuma o papel de engenheiro de gravação ser “consertado” na mixagem, e, por sua vez, um
sem que isso represente uma perda de prestígio. desequilíbrio de resposta em frequência na mix
Conheço pelo menos um consagrado masterizador pode ser “arrumado” na masterização. Porém,
que adoraria fazer um “PA-zinho” de vez em quan- uma equalização equivocada na master não tem
do, pelo prazer da coisa. mais conserto porque é a última etapa. Assim,
é de se esperar que os produtores (artísticos
Antigamente (e isso não é tão longe assim), lá pelas e comerciais) confiem as sucessivas etapas a
décadas de 1960 e 1970, o profissional de áudio aca- profissionais com mais experiência e maior grau
bava se encarregando de todas as etapas do proces- de especialização. E como nesse meio a maior
so, já que o próprio conceito de mixagem estava no prova de capacitação de um profissional é o seu
nascedouro e o de masterização simplesmente não currículo, as produções acabam procurando não
existia (o que hoje conhecemos como masterização arriscar muito.

52 | áudio música e tecnologia


Isso não quer dizer que não há chances para profissionais novos.
Hoje, mais do que antigamente, as oportunidades surgem o tem-
po todo, principalmente pelo número cada vez maior de produções
não vinculadas a grandes gravadoras. Mídias como o YouTube po-
dem alavancar um profissional, tanto músico quanto técnico, de
modo surpreendente. O problema é conseguir se fazer ouvir.

vEnCEnDO Os DEsAFIOs
Talvez a primeira barreira que um iniciante tenha que vencer seja
a lei informal, que diz o seguinte: “Você faz todos os sacrifícios
para atender alguém que resolveu (por falta de recursos) acreditar
em um iniciante e consegue um excelente resultado. Depois do
sucesso, esta mesma pessoa, agora munida de verba, vai procurar
alguém mais consagrado que você”.

Infelizmente, isso acontece muito, o que nos leva a não esperar grati-
dão em alguém que nos contrata nessas condições. Mas felizmente há
muitos casos em que o cliente entende que fomos uma parte impor-
tante do seu sucesso e se mantém fiel – e isso já aconteceu comigo
muitas vezes. Além disso, nunca se sabe onde um trabalho bem feito
pode nos levar em termos de possibilidades, mas um trabalho mal
feito tem o destino certo de nos colocar em uma posição delicada.

Assim, é bom que sempre consideremos cada trabalho como o


mais importante do mundo. Mesmo aqueles que não parecem fi-
nanceiramente compensadores podem acabar sendo uma oportu-
nidade de colocar nosso nome em mais um produto.
Wiki Images

Se faça ouvir como mixador, mesmo que ainda não seja um. Por
exemplo, se você foi contratado para apenas gravar um trabalho,
ofereça ao cliente uma “cópia de monitor” caprichada.
áudio música e tecnologia | 53
Mixagem

O importante é se fazer ouvir como mixador, mes- Porém, não se pode confundir a habilidade em
mo que você não o seja ainda. Por exemplo, se usar as ferramentas do trabalho com a capacida-
você foi contratado para apenas gravar um tra- de em conseguir resultados artisticamente signi-
balho, ofereça ao cliente uma “cópia de monitor” ficativos. Dominar as ferramentas é só uma parte
caprichada. Use o seu tempo vago para isso. Você da coisa. É preciso saber o que fazer com elas pra
aparentemente estará perdendo dinheiro, mas se se chegar a uma finalidade. Você pode praticar
sua pré-mix for boa, haverá uma chance de que, escalas na guitarra o dia inteiro, todo dia, e no
lá na mix pra valer, o cliente chegue à conclusão final não produzir nada, musicalmente falando. A
de que a sua estava tão boa (ou até melhor) do habilidade mecânica é só um dos requisitos. Na
que a do mixador, e isso pode valer pontos para verdade, o que se pretende é que as limitações
um próximo trabalho. físicas não sejam um obstáculo à criatividade e à
habilidade artística.
Não se trata de ferir a ética e tentar “puxar o
tapete” do mixador. É simplesmente uma questão Essa discussão me levou a um outro assunto: a
de capricho e consideração pelo seu próprio tra- gente “aprende” a mixar? Sim, sem dúvida. Outro
balho. Quais são suas vantagens? Primeiro, por dia li uma frase ótima no livro de um cara de quem
ter participado do processo de gravação, você curiosamente discordo em 99%. Ele dizia que “mi-
sabe exatamente o que o cliente espera em ter- xar não se ensina, só se aprende”. Ou seja, o pro-
mos sonoros – algo que o mixador só vai ter cesso de aprendizado é contínuo, embora o en-
certeza lá pela quarta música. Segundo, sino seja muito difícil. O que se quer dizer
como a gravação é fruto de seu traba- Frases como quando falamos que não dá pra ensinar
lho, é normal que você queira que o “esse cara mixava a mixar é que os processos mais im-
resultado dela seja apresentado da mal, mas o trabalho dele portantes para uma boa mixagem
melhor maneira possível. foi ficando cada vez não são aqueles parametrizáveis.
melhor” não existem, Alguém pode te ensinar a compri-
Há, porém, coisas que você não porque se ele mixa mal, mir, mas você é que deve aprender
deve fazer. Por exemplo, entregar não vai achar um quando é que o ato de comprimir te
um material muito equalizado ou próximo trabalho oferecerá o resultado desejado.
comprimido ao mixador. Isso sim pode
ferir a ética profissional, pois você esta- É interessante notar que normalmente
rá impondo sua sonoridade. Tudo bem filtrar um mixador não vem melhorando com o
os graves do vazamento da técnica no violão, por tempo. Frases do tipo “esse cara mixava mal,
exemplo, mas timbrar definitivamente os instru- mas o trabalho dele foi ficando cada vez melhor”
mentos na gravação pega mal. simplesmente não existem, porque se o cara mixa
mal, não vai achar um próximo trabalho pra fazer.
Essa “pré-mix” que você fará ao cliente deve cons- Assim, precisamos usar nosso tempo disponível
tar de uma sessão separada, de preferência só sua, e essas tais cópias de monitor e pré-mixes como
usada para gerar a sua versão da mix. Porém, por laboratório, já que não há cobranças envolvidas.
mais que isso seja tentador, não tente convencer
o cliente a mixar contigo. Apresente apenas o seu COMO SE DESENVOLVER
trabalho e durma feliz com o resultado. Mais cedo
ou mais tarde as coisas irão acontecer. Na pior das Para que se consiga bons resultados mixando, é fun-
hipóteses, foi um ótimo exercício. damental desenvolver duas competências: a audi-
ção crítica e o método. Vamos conhecê-las melhor.
APRENDER A MIXAR?
A audição crítica se baseia em dois princípios: mor-
Existe um conceito generalizado de que para se mi- fológicos e semânticos. Morfologia se refere à forma,
xar bem basta dominar o uso dos equipamentos e ao aspecto externo das coisas. Ouvir morfologica-
plug-ins. É nisso que se baseia a maioria dos livros mente significa observar a resposta em frequência
sobre o assunto, já que se concentram em informar de uma informação musical, avaliar se está havendo
como usar equalizadores, compressores, reverbs etc. distorção, se há reverb etc. Essa análise é muito útil

54 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 55
Mixagem

que se deseja. É como o músico


katenasser.com

que pratica escalas.

Para desenvolver essa compe-


tência é preciso experimentar.
Ao ouvir um timbre que se acha
interessante, pode-se aplicar as
várias ferramentas disponíveis ao
som que temos e observar como
conseguimos nos aproximar da-
quele. O processo é lento e traba-
lhoso, mas acaba compensando.
Aos poucos a gente consegue as-
sociar o som que se ouve com a
ferramenta que se usou para che-
gar a ele. Tudo isso vai nos for-
necer um pacote de recursos que
serão muito úteis nas mixagens.

O segundo nível de audição críti-


ca é a análise semântica, que se
A audição crítica é fundamental para que
ocupa da função e não da forma, e
se consiga bons resultados mixando
tem a ver com a função desempe-
nhada por aquele som no conjunto
quando procuramos entender o que aquela informa- da música. Qual sua importância no arranjo? Ele
ção nos apresenta de agradável ou desagradável. A contribuiu ou atrapalhou? Como poderia contribuir
partir da observação cuidadosa dessas característi- mais ou atrapalhar menos? Ele aumenta a dramati-
cas podemos elaborar uma conclusão muito impor- cidade da música? O guitarrista usou distorção nes-
tante: “gosto” ou “não gosto”. te trecho e não um som limpo. Por que? Funcionou?

Saber se gostamos ou não de uma informação Podemos analisar também não só a informação so-
sonora é apenas a ponta do iceberg. O nora em si, mas a estrutura do arranjo. Por
mais importante de tudo é saber por que foi colocado um solo neste lugar?
que gostamos. Isso nos prepara Para exercitar Modular (subir o tom) foi útil e ne-
para o clássico momento em que a análise semântica, cessário?
o cliente nos pergunta: “o som pode-se importar uma
dessa guitarra está bom pra música de sucesso para Para exercitar a análise semântica,
você?”. A gente precisa resistir dentro de seu software e remontá- pode-se, por exemplo, importar
à tentação de responder “não, -la,tirando o solo, ou começando uma música de sucesso para
eu adoro ficar ouvindo um som pelo refrão, ou colocando o dentro de seu software e remontá-
que detesto”, e fornecer a ele solo no final, e observar os la, tirando o solo, ou começando
os motivos reais pelos quais dei- resultados artísticos pelo refrão, ou colocando o solo
xamos o som do jeito que está. envolvidos. no final, por exemplo, e observar os
resultados artísticos envolvidos. Um
Este primeiro nível de audição crítica, processo interessante é comparar duas
o que se concentra na forma, no “som do versões de uma mesma música e observar as
som”, não se preocupa muito com o papel que diferenças entre elas e o resultado obtido.
aquela informação desempenha no arranjo e na
mixagem. Exercitar essa habilidade nos capacita Alguém neste ponto pode argumentar que a coisa
a futuramente decidir como chegar a um timbre toda é muito pessoal, e na verdade é mesmo. É isso o

56 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 57
Mixagem

que vai acabar montando sua personalidade artística. é aguda. Assim, se em uma ocasião vimos que
Porém, como mixadores, precisamos desenvolver um foi útil filtrar todas as frequências abaixo de uns
bom grau de versatilidade e adaptabilidade, colocan- 1.200 Hz no hi-hat, podemos, a partir daí, elabo-
do-nos no lugar do cliente e do estilo que ele procura. rar um método de se chegar ao som do hi-hat, que
Isto vai permitir que consigamos conviver com duas se baseia nesta equalização.
situações que aparecem todo dia: a do cliente que
quer o seu som e a do cliente que quer que você É claro que esta foi uma enorme simplificação dos
consiga o som dele. processos bem mais complicados de uma mixagem.
Porém, se nós temos métodos para as pequenas
Dá pra ver que existem mais preocupações ao mi- coisas, as coisas maiores começam a ficar mais
xar do que simplesmente saber como equalizar ou simples. Mas será que toda essa visão tão formal e
comprimir. Por isso, a coisa mais importante de to- técnica não pode acabar com a espontaneidade da
das, a cada instante, é elaborar um conceito a partir coisa sob o ponto de vista artístico? Na verdade,
dessas análises. Isso nos permite saber o que fazer pode sim. É por isso que temos que ter cuidado
a seguir e para onde caminhar com o trabalho. para que todo esse processo que vimos não seja a
finalidade em si, mas apenas o facilitador.
A IMPORTÂNCIA DO MÉTODO
O método não é uma regra. É um orientador. Ha-
Vimos até aqui que é fundamental ser capaz de verá casos em que deixar o canal do hi-hat sem
analisar as informações sonoras, observando filtrar é tudo o que necessitamos. Porém, será
suas características de forma
e significado. A partir disso,
precisamos, então, elaborar
maneiras de atingir estas me-
tas. Gostar e não gostar de
um timbre ou de sua função
em um arranjo é só a primeira
etapa. Precisamos desenvolver
técnicas de chegar ao som que
desejamos, e para isso é fun-
damental que desenvolvamos
um método.

O método é um conjunto de ati-


tudes que visa chegar a um re-
sultado. Se existe um método,
conseguimos sempre aplicar es-
sas atitudes e chegar sempre ao
mesmo objetivo.

Um exemplo bem simples é a


equalização de um hi-hat. Exis-
te uma boa porção da informa-
ção sonora captada pelo micro-
fone deste instrumento que não
é útil, primeiro por se tratar do
vazamento das outras peças da Ten Years Gone, faixa gravada em 1974 pelo Led Zeppelin
bateria, segundo por não esta- e escondida no álbum Physical Graffiti, explora as
rem na resposta em frequência potencialidades, então ainda nascentes, do estúdio de
natural do instrumento, que gravação como nova forma de expressão musical

58 | áudio música e tecnologia


através da comparação com o canal filtrado que Physical Graffiti (1975), a faixa é uma exploração
tomaremos essa decisão. das potencialidades, então ainda nascentes, do
estúdio de gravação como nova forma de expressão
Uma regra de ouro do mixador é “aprenda com musical. Analisemos os diferentes timbres dos
tudo o que faz”. Rodar botões e dar de cara com instrumentos, principalmente de guitarras, e o modo
o resultado sem querer pode ser romântico, mas como funcionam para o arranjo, para a sonoridade
não é nada produtivo. A gente só aprende quando geral e para a música em si. Depois dessa análise,
entende como chegou a um resultado, e é “apren- vamos nos perguntar o que poderíamos fazer para
der” o nosso objetivo desde que nos propusemos aplicar esses princípios em mixagens.
a ler este texto.
E, por favor, não resista à tentação de ouvir assim
Como um exercício de análise morfológica e se- todo o resto deste álbum, que é um dos melhores
mântica, proponho aos leitores a audição crítica da história.
de Ten Years Gone, do Led Zeppelin. Gravada em
1974, esta música representa um marco na história Na próxima etapa estudaremos nossa relação com o
da produção musical. Ali, meio escondida no álbum equipamento. •

Fábio Henriques é engenheiro eletrônico e de gravação e autor dos Guias de Mixagem 1, 2 e 3, lançados pela editora Música &
Tecnologia. É responsável pelos produtos da gravadora Canção Nova, onde atua como engenheiro de gravação e mixagem e produtor
musical. Visite www.facebook.com/guiaDeMixagem, um espaço para comentários e discussões a respeito de mixagens, áudio e
música. Comente este artigo em www.facebook.com/guiaDeMixagem.
Produção Fonográfica | Lucas C. Meneguette

Laboratório
de áudio
Entendendo a digitalização

O
mundo do áudio tem seus
tópicos de discussão prefe-
ridos, bem como suas polê-
micas mais notórias e persistentes.
Um desses assuntos é a compara-
ção entre os domínios analógico e
digital, no que diz respeito à quali-
dade de equipamentos, de sinal de
áudio e de processos de produção.
Trata-se, ainda, de um território
contestado, de opiniões contraditó-
rias e por vezes guiadas por gostos
pessoais e pela falta de embasa-
mento científico. Há quem diga que
aí se opera uma espécie de fé tec-
nológica, contra a qual a presença
ou ausência de comprovação daqui-
lo que se afirma de nada serviria.
Comparação ao osciloscópio entre dois pares de sinais analógicos e
Nesse artigo procuramos apresen- suas digitalizações utilizando diferentes parâmetros de qualidade
tar o processo da digitalização do
áudio sob um ponto de vista labo-
ratorial. Para isso, iremos apresentar conceitos de permite a representação infinitesimal de valores
áudio digital e visualizar alguns de seus aspectos dentro de um intervalo numérico, ou seja, entre
utilizando geração de sinal analógico, conversão dois pontos existem infinitos outros pontos de
analógico-digital, combinadas com análise de sinal gradações de valores. Em um espaço discreto, ao
por osciloscópio. contrário, há uma quantidade limitada de grada-
ções, de forma que uma contagem numérica se
DIGITALIZAÇÃO daria em passos descontínuos. Imagine a tarefa
de contar quantas pessoas existem em uma sala:
A digitalização é um processo de codificação a contagem sempre daria números inteiros, pu-
que converte um sinal contínuo (analógico) em lando de um para dois, e assim por diante, sem
um sinal discreto (digital). Um espaço contínuo cortar ninguém ao meio.

60 | áudio música e tecnologia


Para que uma digitalização seja realizada, são necessários três
passos: a amostragem, a quantização e a codificação. Através
desses processos, respectivamente, discretiza-se a onda no
tempo, na amplitude, e escreve-se o arquivo em código binário,
de acordo com um formato digital estabelecido. A seguir, abor-
daremos aspectos da amostragem e da quantização.

AmOsTrAgEm
O processo de amostragem consiste em coletar amostras do si-
nal em intervalos periódicos. Em geral, o sinal de áudio analó-
gico é representado por uma variação de voltagem no circuito.
Desse modo, a voltagem é medida em instantâneos, algumas
vezes por segundo, pelo conversor analógico-digital.

Para que uma variação de voltagem, representando uma onda


de determinada frequência, seja amostrada, é necessário que se
obtenha pelo menos dois pontos de medição em diferentes am-
plitudes. Isso ocorre porque em uma onda existe um pólo positi-
vo e um negativo: se apenas o positivo ou apenas o negativo for
amostrado, isso resultará em um sinal em linha reta, portanto
um sinal vazio, sem variações.

A quantidade de medições por segundo configura o que chama-


mos de taxa de amostragem, medida em Hz. Como são neces-
sários dois pontos para representar uma onda, a taxa de amos-
tragem sempre deverá ser o dobro da frequência máxima a ser
amostrada (afirmação conhecida como Teorema de Nyquist).
Não será possível representar frequências maiores que essa, de
modo que, caso se tente fazer isso, frequências errôneas, mais
graves e inexistentes no sinal original, serão criadas. Esse fe-
nômeno indesejado é conhecido como “aliasing” ou “foldover”,

Acima, frequência maior que a máxima, causando aliasing. Abaixo,


uso de filtro anti-aliasing para remover frequências errôneas.

áudio música e tecnologia | 61


Produção Fonográfica

e é evitado através de filtros anti-


-aliasing, que basicamente elimi-
nam as altas frequências do sinal
sendo amostrado.

Os ouvidos humanos em perfeito


estado, quando ainda novos, ou-
vem até cerca de 20.000 Hz. Assim,
é necessário utilizar uma taxa de
amostragem de pelo menos 40.000
Hz para representar essa frequência
máxima. No entanto, corre-se o ris-
co de que a amplitude não seja bem
representada: caso o pulso de amos-
tragem seja sincronizado com o pon-
to de amplitude máxima da onda, a
representação de amplitude será fiel;
caso as amostras estejam sincroni-
zadas com o ponto de cruzamento
Sinais em baixas resolução têm faixa de variação
zero da onda, o resultado será uma
dinâmica bastante reduzida; a relação entre sinal e
amostragem nula. Em frequências
ruído também piora com baixas amplitudes
que não sincronizem com o pulso de
amostragem haverá uma pequena
modulação de amplitude periódica, conhecida como valores de cada ponto amostrado (o “tamanho de
batimento. Além disso, o filtro anti-aliasing pode cau- palavra”) definirá a resolução do áudio. Em uma re-
sar distorções de fase nessas frequências mais altas. solução de 1 bit só existem dois valores de amplitu-
de – a máxima (1) e a mínima (0) –, o que resultará
Por essas razões, é usual amostrar-se mais pontos em uma onda quadrada. Quanto mais bits, mais de-
do que o mínimo necessário, numa prática denomi- graus de variação de amplitude são possíveis escre-
nada oversampling. O padrão CD estabelece a taxa ver, ou seja, maior a faixa de variação dinâmica. A
de 44.100 Hz, portanto, com margem cerca de 10% quantidade total de degraus em função da quantida-
acima da frequência máxima de audição. Os padrões de de casas binárias pode ser calculada pela fórmula
utilizados em gravação e no cinema em geral são 2^R, sendo R a resolução em bits.
maiores – de 48.000 Hz a 192.000 Hz –, permitindo
maior precisão de fase e amplitude, o que é parti- A quantização consiste no arredondamento dos va-
cularmente crítico em sistemas de áudio surround. lores amostrados, uma vez que nem todos os valo-
res originais podem ser escritos com os bits dispo-
QUANTIZAÇÃO níveis. Essa aproximação numérica insere um ruído
de fundo conhecido como erro de quantização, que
No reino discreto do digital, os valores de variá- cresce conforme a resolução é diminuída. O pata-
veis são escritos usando código binário, sendo sua mar de ruído pode ser calculado em escala logarít-
unidade o dígito binário (bit). Nosso sistema de mica pela fórmula 20*log[1/(2^R)], ou, de forma
contagem corriqueiro é decimal, ou seja, cada uni- aproximada, por 6*R.
dade assume qualquer valor entre 0 e 9, mas o
sistema binário é diferente: cada bit pode assumir Resoluções muito baixas deixam a onda com um as-
dois valores, ou 0 ou 1. Para quaisquer outros valo- pecto quadriculado, de baixa fidelidade, mas vão me-
res maiores que isso são necessários mais bits, de lhorando acima de 8 bits, que é uma das resoluções
modo que o número 2 é escrito como 10, o 3 como usadas para telefonia digital. A resolução do padrão
11, o 4 como 100, o 8 como 1.000, por exemplo. CD é de 16 bits, o que resulta em 2^16 = 65536
valores de amplitude possíveis, e um patamar de ru-
A quantidade de casas binárias para escrever os ído pouco acima de 20*log[1/(2^16)] = -96 dBFS

62 | áudio música e tecnologia


em relação ao sinal máximo. Isso é suficien-
temente baixo para que o ruído seja masca-
rado pelo sinal, deixando assim de ser ouvido
sob condições normais de escuta. Além disso,
aproxima-se da extensão dinâmica do ouvido
humano, que vai de 0 a 130 dB SPL (sendo
que um ambiente bastante silencioso está em
média a 35 dB SPL).

Gravações utilizadas para produção fono-


gráfica e finalizações para cinema em geral
usam a resolução de 24 bits, o que garante
que o patamar de ruído digital esteja a cerca
de -144 dBFS, permitindo melhor fidelidade
dos sons mais silenciosos. O processamento
interno de alguns softwares de áudio utiliza Alunos e professores da Fatec Tatuí em prática de laboratório
até 64 bits, com ruído a -385 dBFS. de áudio, no grupo de estudo do Professor Otavio Gaijutis

CONCLUSÃO haja perda de informação. Isso se deve a dois tipos de


discretizações: a do tempo e a da amplitude do sinal.
Como um espaço discreto, digital, possui menos grada- Aquela incorre em perder informação de altas frequên-
ções de valores do que o espaço contínuo do analógi- cias, enquanto esta em perder informação de dinâmica
co, pode ser que, se um sinal contínuo for discretizado, e no aumento de patamar de ruído em relação ao sinal.
Produção Fonográfica

3) Há que se considerar os limia-


res de percepção auditiva hu-
mana: existem frequências que
simplesmente não ouvimos, bem
como variações de pressão sono-
ra tão sutis que não percebemos.
Portanto, existem informações
mais e menos relevantes no si-
nal, sendo que algumas pode-
riam, para propósitos de escuta,
ser desprezadas sem prejuízo es-
tético e funcional do áudio.

Diversos outros aspectos ainda


Gerador analógico de sinais, configurado próximo à frequência poderiam ser abordados em rela-
máxima de digitalização, para uma amostragem de 48 kHz ção à codificação, compactação,
processamento, finalização, entre
Essa perda de informação é vista por alguns enge- outros aspectos do áudio digital. Aqui introduzimos
nheiros e produtores fonográficos como prejudicial conceitos que permitem uma primeira compreen-
ao resultado sonoro, e com alguma razão. No entan- são desse campo de estudos. O conhecimento téc-
to, há que se considerar três aspectos desse suposto nico, tanto do reino analógico, quanto do digital,
comprometimento do sinal: é essencial para um bom trabalho fonográfico. De
qualquer forma, porém, nunca se pode esquecer
1) Se não houvesse perda de informação nenhuma, que os equipamentos e processos existem em prol
seria impossível registrar digitalmente um sinal ana- daquilo que se produz: sonoridade. No final das
lógico, uma vez que para registrar numericamen- contas, é o reino acústico que capta primeiro a
te infinitos pontos no tempo e na amplitude seria expressividade musical, e também para onde vol-
necessário um espaço em disco também infinito, o tam-se as atenções da escuta. •
que certamente não existe – seria
como tentar criar um mapa do uni-
verso em tamanho real.

2) O ruído digital imposto sobre o


sinal devido à perda de informação
é mínimo em altas resoluções, sen-
do às vezes inferior ao ruído ineren-
te ao sistema analógico: o hiss de
fitas magnéticas, de cabeamento e
de funcionamento de circuitos de
mesas e periféricos, advém em boa
parte do próprio calor interno dos
aparelhos, que agita aleatoriamen-
te as partículas eletromagnéticas
(o que é conhecido como ruído de
Johnson-Nyquist), além de interfe- Conjunto didático para eletrônica digital
rências externas de rádio, laços de utilizando um chip ADC0809 de 8 bits para
aterramento e outros fatores. demonstrar digitalização em baixa resolução

Lucas C. Meneguette, músico e pesquisador, é professor das disciplinas de Software e Hardware e Teoria e Percepção Musical
no curso de Produção Fonográfica da Fatec Tatuí. Em sua tese de doutorado estuda o design funcional de áudio para jogos
digitais. E-mail: lucasmeneguette@gmail.com.

64 | áudio música e tecnologia


LUAN SANTANA
ACÚSTICO
Tecnologia une retrô e
futurismo em novo DVD

AES BRASIL
EXPO 2015
As novidades em
iluminação que
agitaram o evento

FINAL CUT MEDIA COMPOSER


Como utilizar as Trabalhando a favor da
máscaras de efeitos performance do seu sistema
áudio música e tecnologia | 65
 produtos
PLS PAR LED OCTOPUS
A união entre alta tecnologia e confiabilidade em benefício do espetáculo e da emoção fazem com que
a PLS seja uma marca sempre tratada como opção interessante quando o assunto é equipamento
profissional para iluminação de shows em todo o território nacional. E um dos produtos em

Divulgação
destaque em sua linha 2015 é o Par LED Octopus.

O equipamento é um versátil ultra-refletor com 18 LEDS de 1W, sete canais DMX, mo-
delos de cores RGB e que é dotado de um extremamente útil sensor de áudio. O equi-
pamento oferece feixes luminosos a um ângulo de 25º, é bivolt e pesa apenas 1 kg, o
que facilita seu transporte e instalação.

www.proshows.com.br
www.penn-elcom.com.br

LED STROBE ST-S752 SF


A fabricante nacional de equipamentos de iluminação profissional para entretenimento
e arquitetural Star Lighting trouxe ao mercado brasileiro seu LED Strobe ST-S752 SF.
Com 4 ou 20 canais DMX e um total de 13 anéis de LEDs (752 LEDs x 0,5 W White), o
produto é dotado de Dimmer/Strobe, Auto/Sound e conta com um display digital que
torna sua operação muito mais prática.
Divulgação

O LED Strobe ST-S752 SF oferece conexões DMX in e out XLR de 3 pinos, programas
internos de efeitos e ajuste de velocidade do Flash. Suas dimensões são 33 cm x 26 cm
x 38 cm, pesando 5,3 kg. Consome 400 W e funciona com alimentação de 127 V-240 V.

www.star.ind.br

CÂMERA GOPRO HERO+LCD


A GoPro anunciou o lançamento de sua mais nova câmera – a HERO+LCD. A principal
novidade no produto é a presença de um display touch que permite tanto o controle de
configurações quanto o enquadramento das imagens. A exemplo do que acontece no mo-
delo HERO, a HERO+LCD também tem com ela uma caixa de proteção que permite que a
mesma funcione perfeitamente a até 40 metros de profundidade na água.

O novo produto da GoPro, que permite ao usuário realizar vídeos em alta definição a 60 frames
por segundo e fazer fotos supernítidas, de 8 megapixels, estreou nas prateileiras dos Estados

Divulgação
Unidos em junho, e a expectativa é a de que chegue a solo brasileiro até o final de 2015.

www.gopro.com

KUPO MEGALITE S4 750W


O mercado mundial oferece basicamente dois lidade, garantem projeções excelentes e de alto bri-
tipos de Elipsos: os modelos Source lho. Seu espelho elíptico é fabricado em cristal de
Four, que usam lâmpadas HPL 750 W e borosilicato que resiste a altas temperaturas, pro-
Gobos “padrão B”, e os modelos Source duzindo um brilho muito intenso. São especialmente
Four Junior, feitos para suportar lâmpa- fabricados para uso com lâmpadas HPL de 750 W.
das com potência máxima de 575 W, Aplicações profissionais em teatros, igrejas e even-
que utilizam Gobos menores, tos utilizam os modelos de 750 W, que oferecem pra-
“padrão M”. ticamente o dobro da luz quando comparados aos
Divulgação

modelos de 575 W.
Os modelos Megalite S4
750W, fabricados pela Kupo www.kupo.com.tw
66 | áudio música e tecnologia sob rígidos padrões de qua- www.gobos.com.br
áudio música e tecnologia | 67
em fo c o

SOLIDEZ NO MERCADO DE FLUIDOS


A USA Profissional, empresa que vem atuando no mercado de entretenimento há 25 anos e é líder de vendas em países
como Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai, há cinco anos se faz presente no Brasil. Instalada com mais uma fábrica em São
Paulo, a empresa hoje tem forte penetração no mercado nacional de shows, TV, danceterias, baladas e DJs, com seus pro-
dutos, nacionalmente distribuídos pela USA Profissional do Brasil - Tecnologias para Shows, chegando ao público por meio
de lojas espalhadas por todo o país.
Divulgação

De acordo com a companhia, a explicação para seu sucesso no


mercado pro é que os fluidos da linha Profissional USA Liquids são
capazes de produzir verdadeiro “êxtase visual”, dando destaque
a qualquer produção. “Projetados para todos os tipos e configu-
rações de máquinas, os fluídos serão capazes de projetar os mais
incríveis e dinâmicos efeitos, proporcionando o mais alto impacto
visual na produção dos feixes de luz e com o mais alto e brilhante
contraste de cores”, destaca a empresa, por meio de material
oficial, acrescentando que seus fluidos são indicados para uso em
iluminação profissional, shows, eventos de grande porte, instala-
ções permanentes em teatros, hotéis, cruzeiros, clubes, boates,
danceterias, produções artísticas de cinema e TV. Mais informa-
Fluidos da USA Profissional criando efeitos atmosféricos ções sobre a marca e seus produtos podem ser obtidos no site
ao vivo: marca é líder de vendas na América Latina www.usaprofissional.com.

PERNAMBUCO DIVULGA
CONTEMPLADOS PARA EDITAL
Por meio da oitava edição do Edital do Programa de Fomento

Wiki Images
ao Audiovisual de Pernambuco, a parceria entre governos fe-
deral e estadual resultou em mais de R$ 20 milhões para in-
centivar a produção audiovisual em Pernambuco. Do total de
recursos, R$ 8,55 milhões são do Programa Brasil de Todas as
Telas, gerenciado pela Agência Nacional do Audiovisual (An-
cine), com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA).
Outros R$ 11,5 milhões vêm do orçamento do Funcultura.

Ao todo, foram contemplados 112 projetos, de 22 dife-


rentes municípios do estado. Entre os longas-metragens
beneficiados estão novos trabalhos de consagrados nomes
do cinema pernambucano, como Kleber Mendonça Filho,
Lírio Ferreira e Marcelo Gomes, além de projetos de no-
mes promissores, como Leonardo Sette e Eduardo Morotó.
Programa de Fomento ao Audiovisual de Pernambuco:
“Trata-se de mais um investimento do Brasil de Todas as 112 projetos contemplados, de 22 municípios do estado
Telas para que todos os olhares e sotaques do Brasil circu-
lem pelo país, que é um compromisso da presidenta Dilma Rousseff, do Ministério da Cultura e da Ancine com o audiovisual
brasileiro”, destacou Manoel Rangel, diretor-presidente da Ancine. O edital recebeu este ano um número recorde de 460 ins-
crições. Dos 112 selecionados, 25 são projetos de longa-metragem, 18 de curta-metragem, 17 de difusão, 14 na categoria
Revelando os Pernambucos, 13 de produtos para TV, 12 de cineclubismo, dez de formação e três de pesquisa. Os recursos
do Programa Brasil de Todas as Telas são voltados às categorias longa-metragem e produtos para televisão.

68 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 69
Capa Rodrigo Sabatinelli

LUAN
SANTANA
ACÚSTICO
Tecnologia une retrô e futurismo

U
m dos maiores fenômenos da música pop brasileira A convite de Ludmila, que assim como Marcos e Joana está em
dos últimos tempos, Luan Santana lançou em abril seu terceiro projeto com o cantor, nossa equipe embarcou numa
passado seu quarto álbum ao vivo. Luan Santana viagem tecnológica ainda mais surpreendente do que a proposta
Acústico, o trabalho em questão, foi gravado em dezembro realizada em O Nosso Tempo É Hoje, DVD anterior ao acústico,
de 2014 nos Estúdios Quanta, em São Paulo, e ganhou ar no qual a linguagem das raves foi utilizada como conceito visual.
retrô claramente inspirado na estética sessentista das apre- Sejam bem-vindos, então, a Luan Santana Acústico.
sentações de ícones da música internacional, como o rei do
rock, Elvis Presley. rIDEr pODErOsO COnTA
COm rOBE, CLAY pAKY,
Dirigido por Joana Mazzucchelli, da Polar Filmes, o DVD teve sgm E WhITE vOID
direção de arte e cenografia de Ludmila Machado e desenho
de luz e direção de fotografia de Marcos Olivio, da Spectrum O rider de luz criado por Marcos Olivio literalmente reflete o
Design, locadora responsável por fornecer 100% dos equipa- tamanho do projeto. Grandioso, ele conta com 112 apare-
mentos de iluminação do espetáculo. lhos da Clay Paky, sendo 16 Bee Eye, 60 Sharpy e 36 Alpha

70 | áudio música e tecnologia


Divulgação
Spot 1500, e 108 aparelhos Robe, sendo 24 Wash Beam mentos são controlados por sistemas grandMA2 Light.
MMX, 48 Color Spot AT 1200 e 36 Wash LED 600, além de
200 Versa Tube v2, da Barco; 90 Strobe X-5, da SGM; 30 “A quantidade e a intensidade das luzes varia bastan-
módulos de LED P-5 e 40 de Six Pack, também da SGM; 24 te de música para música. Temos momentos de muito
módulos Halupix LED Matrix, 25 OLEDs e 84 triângulos de movimento, com os Sharpy passando pelo corpo de Luan,
LED da alemã White Void, entre outros itens. mas também temos cenas sublimes, feitas por quatro
focos e quatro OLEDs, que se alternam projetando a luz
Os Sharpy, os MMX, os Versa Tube e os Strobe formam es- contra a superfície de vidro do triângulo, que reflete uma
pécies de “paredes” diagonais, localizadas nas laterais e no seara de tons rosas e azuis”, descreve Ludmila.
fundo palco, enquanto que os Alpha Spot e os Color Spot são
dispostos entre os triângulos de LED. Os Wash LED 600 e os SHOW MONTADO EM ESTÚDIO 3D
P-5 se encarregam, respectivamente, de iluminar a plateia
e o ciclorama, e os Halupix formam uma “rampa” inclinada As cenas de Luan Santana Acústico foram criadas e progra-
sobre o pedestal de microfone de Luan. Todos esses equipa- mas pelo próprio Marcos Olivio em um estúdio 3D montado

áudio música e tecnologia | 71


Capa
Divulgação

Divulgação
Na sequência, dois momentos de destaque dos triângulos OLED

especialmente para a realização do projeto. No local, auxi- as suas fichas no intimismo, usando, para isso, um único
liando o iluminador, também estiveram eventualmente Lud- elemento luminoso: o Halupix.
mila e Joana, participando dessa criação, que teve por obje-
tivo oferecer a cada canção do repertório um look diferente. “Luan queria entrar no palco sob um ‘foquinho’ [de luz]. Achei
muito boa a ideia e sugeri o uso do equipamento [o Halupix],
“Escutávamos as músicas e encontrávamos o tom ideal de que ofereceu à cena um ar nostálgico, de um passado acon-
cores e movimentos para elas. O difícil mesmo foi dosar chegante, em que tudo era analógico. Dessa forma, já inicia-
mos o show de modo diferente, inesperado”, lembra Ludmila.
o uso da grande quantidade de equipamentos que tínha-
mos às mãos”, conta Marcos. “Se usássemos aquele apa-
Mas as surpresas não param por aí, e o segundo momento
rato todo sem critério e bom gosto, o resultado final seria,
do show é marcado pela entrada da fachada do cinema,
fatalmente, comprometido. Era tanta coisa que nem mesmo
que tem, além de portas que se abrem e fecham, uma
o programador alemão Daniel Dalfovo conseguia acreditar”,
vitrine com um cartaz retroiluminado anunciando a apre-
sentação do cantor e um grande letreiro iluminado, feito
SUBVERSÃO DO ÓBVIO de LEDs RGB dmx e neon.

Surpreender a plateia era o desejo da equipe de direção do A movimentação desse letreiro, que pesa cerca de quatro
DVD, que decidiu “se arriscar” logo no início do espetáculo toneladas e sai de cena em apenas quatro segundos, é feita
ao fugir das “óbvias” explosões de luzes e apostar todas manualmente por uma equipe de maquinistas especializados

Divulgação
Divulgação

A economia nas luzes, em momentos pontuais do show, fez A abertura do show, com pouca luz,
com que o espetáculo ganhasse amplitude em seu conceito mostrou a ousadia do projeto
áudio música e tecnologia | 73
Capa
Divulgação

Divulgação
Um total de 327 motores se encarregaram de movimentar os triângulos, que desceram bem perto da plateia

em cenotecnia de teatro. “Equipe essa que ensaiou exausti- graças a 327 motores Kinects – sendo um para cada vértice
vamente o movimento de desconstrução do cinema e que, de cada triângulo – em meio ao passeio dos moving lights,
para exercer tal função, utiliza roldanas, pesos e contrape- que bailam sobre a plateia. Mas é o quarto e último momento
sos”, explica a diretora de arte. que promove uma verdadeira catarse nos fãs do cantor, que
apreciam atentos o verdadeiro “balé” dos triângulos que des-
A desconstrução do cinema faz com que o teto da fachada, cem do teto até praticamente a altura de suas mãos, “numa
feito com os triângulos OLED, se movimente sinuosamente cena contemporânea e super colorida”, completa Ludmila. •

Do papel à mão de obra


O desafio de projetar algo tecnologicamente complexo
Luz & Cena: Ludmila, conceber e executar um LM: O cenário principal de Luan Santana Acústico re-
projeto como esse requer tempo. Como foi criar mete a um cinema antigo, algo solicitado pelo próprio
algo tão integrado e detalhado em termos de ce- artista. Sua ideia inicial, aliás, era gravar o DVD em um
nografia e iluminação? local do gênero. No entanto, diante da dificuldade de se
encontrar uma locação como essa no país, não tivemos
Ludmila Machado: Pois é! Trabalhamos pesado outra saída a não ser construir algo semelhante a ser
ao longo de sete meses, nos quais consideramos levado a um estúdio, no caso, os Estúdios Quanta.
“o todo e o detalhe”. Tudo o que criamos para o
espetáculo teve uma conexão física e conceitual. Fale sobre a logística de montagem do cená-
Os triângulos que subiam e desciam, por exemplo, rio. É verdade que, apesar de o estúdio onde
estiveram presentes formalmente no desenho dos foi gravado o DVD ser amplo, cada espaço a ser
letreiros e no desenho do palco; a parte construí- utilizado teve que ser “negociado”?
da do cinema foi desenhada com atenção especial
para não parecer um pastiche de cenário. Enfim, LM: Verdade! O estúdio da Quanta, que é bem con-
cada decisão tomada pela direção de arte afetou fortável, ficou pequeno para tudo o que colocamos
diretamente a planta de luz e vice-versa. lá dentro, e, por conta disso, tivemos de negociar
cada espacinho disponível. A montagem do letreiro,
Você precisou construir algum grande ele- por exemplo, foi uma operação que me tirou o sono
mento para o espetáculo? por diversas vezes, e para a qual contei com a fun-

74 | áudio música e tecnologia


os primeiros rascunhos desse
Divulgação

novo show, não pensávamos


em outra coisa a não ser um
local em que se pudesse “pen-
durar” as coisas ao modo tra-
dicional, ou seja, um local que
tivesse um teto, de fato.

Na sua opinião, abrir mão


do uso da tecnologia em
algum momento pode ser
bom para um projeto? De
que forma isso se aplicou
em Luan Santana Acústico?

LM: Olha, seguramente,


produzir o cinema em LED
Cinema antigo: dificuldade de encontrar locação seria, por exemplo, além de
real levou a construção de elemento cênico muito mais fácil, bem mais
barato. Porém, optamos por
damental coordenação de Luciano Filinto, Rodrigo investir no conceito old style, e, para isso, abrimos
Ribeiro e Marcello Belmundes. mão do uso de painéis, o que, para mim, espe-
cialmente, foi incrível, pois tive a oportunidade de
Pense num conjunto de elementos com 100% de pensar [o cenário] partindo de algo diferente, de
mobilidade em seu eixo vertical, indo do chão ao outras formas de tecnologia.
teto, subindo e descendo, com cada peça tendo, em
relação à outra, somente 8 cm de distância. Dá para É importante destacar que, para isso, tive o suporte
imaginar a loucura que foi? de Luan e seus empresários, seu pai Amarildo
Santana e Fábio Fakri. Eles acreditaram nas nossas
Tecnicamente falando, em que aspectos o es- ideias e nos permitiram trabalhar de forma ousada.
túdio como ambiente
cenográfico se difere dos

Divulgação
demais ambientes utili-
zados nos DVDs anterio-
res a esse feitos por vo-
cês, Marcos e Joana?

LM: Antes do acústico, ha-


víamos realizado projetos na
Arena Maeda [O Nosso Tem-
po É Hoje, de Luan], na Are-
na Fonte Nova [Multishow Ao
Vivo IS20, de Ivete Sangalo]
e no Maracanãzinho [Ao Vivo
no Maracanazinho, do grupo
Sorriso Maroto], nos quais
tanto cenários quanto luzes
eram autoportantes.

Então, no momento em que “Um teto, por favor”: diretora de arte e iluminador tiveram o
nos reunimos para elaborar conforto de montar cenário e luzes em um estúdio

áudio música e tecnologia | 75


Event o Rodrigo Sabatinelli

Luz para
quem é de luz
novidades no setor agitam a AEs Brasil Expo 2015

A
união entre a Associação Brasileira de Iluminação Dot2 XL-B, além de dois módulos de expansão, Dot2 F-
Profissional – ABRIP – e a AES Brasil, estabelecida -Wing e Dot2 B-Wing. “A nova série, voltada para aplica-
no ano passado, trouxe mais conforto a expositores ções de pequeno porte, como instalações teatrais, OB Vans
e ao público do segmento de iluminação e cenografia, que e pequenos espetáculos, vem se mostrando, graças a seu
neste ano pôde, mais uma vez, conferir na AES Brasil Expo preço mais acessível, uma excelente opção para quem de-
os principais lançamentos nas linhas de consoles, moving seja entrar no universo das MA”, afirmou o executivo.
lights, refletores e painéis de LED, dentre muitos outros
produtos espalhados pelos corredores do Pavilhão Amarelo Na Harman, o especialista de produtos Amandio Costa
do Expo Center Norte, em São Paulo. apresentou diversos produtos da Martin, tradicional fabri-
cante de consoles e moving lights. Na ocasião, o destaque
Além das novidades no setor, o público presente também ficou a cargo do M6, console da família M-Series, que, de
se beneficiou do tradicional Ciclo de Palestras, que con- acordo com ele, “controla, além de aparelhos convencionais
e móveis, servidores de mídia, dentre outros”. Composto
tou com as participações de iluminadores como Osvaldo
por duas telas de 3,5”, totalmente sensíveis ao toque, o
Perrenoud e Césio Lima.
equipamento fornece até 64 universos DMX por suas por-
tas de rede e conta com dez faders motorizados, 12 faders
COnsOLEs mOsTrAm adicionais e 17 codificadores para acesso de parâmetros.
EvOLuÇãO DE gErAÇãO
Ainda no estande da Harman foram demonstrados os moving
No estande da Lighting Bits, distribuidora nacional dos pro- lights MAC Viper Profile, que, segundo Amandio, “funcionam
dutos MA Lighting, o diretor da empresa, Daniel Ridano, com uma lâmpada de 1.000 watts e se apresentam como uma
apresentou os mais novos itens da família de mesas da alternativa compacta aos aparelhos de 1.500 watts”; os MAC
empresa: os pequenos consoles Dot2 Core, Dot2 XL-F e Quantum Wash, “que têm ótica de alta eficiência e trabalham
L&C

L&C

Daniel Ridano e um dos consoles Dot: Console e moving lights: Harman apresentou diversos lançamentos da Martin
lançamento em sua linha de entrada

76 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 77
Event o
L&C

L&C

L&C
Walter Silva, da Trust, e o
sistema de controle de motores

em alta velocidade”, e os MAC Quantum Profile,


“aparelhos de 700 watts de potência que usam
tecnologia LED e contam com funções como mistura
O Hot Beam e o Dome foram as grandes atrações da Star Lighting
de cores, entre outras”.

No estande da CM do Brasil, o sócio-proprietário da Trust, MOVING LIGHTS E


Walter Silva, apresentou o CDM 0802-cw. “É um sistema “DERIVADOS” SE RENOVAM
de comando de motores elétricos que controla, individu-
almente, até oito motores, mas, se lincado a outros apa- Na Star Lighting, o diretor de marketing, Marcus Paes,
relhos semelhantes, pode controlar até 120 destas uni- apresentou alguns produtos fabricados recentemente
dades”, explicou o executivo, que marcou presença no pela empresa, como, por exemplo, o moving head Hot
estande da CM, onde também foram demonstrados diver- Beam 280W, que têm, de acordo com ele, diferenciais
sos modelos de motores e como dois prismas rotativos, sendo um de seis
talhas de sua própria linha. faces linear e outro de oito, 14 gobos fixos, nove
L&C

gobos cambiáveis, disco de cor com 13 cores,


E na Auratec, fabricante de zoom de 2,5° a 20°, foco ajustável, íris e frost.
estruturas como box trus-
ses, entre outras, o diretor E na linha complementar Marcos também apresen-
comercial da empresa, Pe- tou as novas máquinas de fumaça da empresa, que
trônio Junior, apresentou
L&C

módulos Q30 de sustenta-


ção de refletores e telas de
projeção. A empresa, aliás,
foi responsável pelo forne-
cimento de equipamentos
para as montagens de gri-
des no auditório onde foi re-
alizado o ciclo de palestras
da Lighting Week Brasil e
do palco montado na área
externa da feira para de-
monstrações de técnicas de
alinhamentos de PA.
Na sequência, os aparelhos DTS e Clay Paky, demonstrados pela HPL

78 | áudio música e tecnologia


América Latina, apresentou o Robin BMFL Spot, apa-
L&C

relho lançado internacionalmente há um ano pela fa-


bricante e que, segundo ele, deve a partir de agora
figurar na maioria dos riders dos grandes espetáculos
nacionais. Trabalhando com uma lâmpada de 1.700
watts e pesando somente 36 kg, o equipamento conta
com dois discos de cores, com filtros que podem ser
utilizados na tarefa de ajustar a temperatura da cor, e
dois discos de gobos rotativos, cada um com seis posi-
ções slot&lock. “Tenho certeza que muita gente vai se
surpreender com esse aparelho, que desempenha fun-
ções spot e beam como poucos”, resumiu Guillermo.

Na Hot Machine, empresa que distribui produtos


SGM e Vari*lite, o diretor executivo da empresa,
João Alonso, apresentou novidades interessantes,
Conectores Kupo em destaque no estande da Gobos como o Quadri LED, aparelho móvel de 164 canais
que faz pan e tilt contínuo, e o Jarag LED, um mó-
dispõem da função hazer e simulam CO2; o DMX Hoist, uma dulo de 49 LEDs que, por ser vazado, funciona como
talha elétrica gerenciada via DMX e desenvolvida para gerar grande elemento cênico em projetos diferenciados. “De
mais dinâmica e movimentos em cenários, e os Domes – es- baixo consumo e trabalhando com temperatura de cor
pécie de capas de chuva –, para proteção de moving heads. de 2800 K, ele é montado como um tradicional painel de
LED, com sistema de acoplamento modular”, disse João.
No estande da HPL, conhecida nacionalmente pela represen-
tação da DTS, Felipe Silva, técnico especialista, demonstrou Na All Tech Pro, o sócio-proprietário Alexandre Barrios
pela primeira vez em uma feira os equipamentos da Clay demonstrou seu amplo catálogo na linha de iluminação
Paky, nova marca distribuída pela empresa. Dentre as novi- profissional. Entre moving heads, máquinas de fumaça,
dades apresentadas por ele estiveram os aparelhos Super-

L&C
Sharpy e Mythos, além do estrobo LED Stormy.

“O SuperSharpy nada mais é que uma evolução do clássico


Sharpy, porém, contando com uma lâmpada de 470 watts
que gera o dobro de sua potência, enquanto que o Mythos
é um aparelho que desempenha as funções spot e beam”,
disse. Ainda no espaço, Filipe destacou a qualidade dos mo-
vings DTS, como, por exemplo, o Evo, “que, assim como o
Mythos, da Clay Paky, é um equipamento híbrido”, e o NRG
1401, “um aparelho de LED equipado com o sistema FPR,
que permite a rotação pan ilimitada em ambas as direções,
sem a necessidade de inversão”.

Na Gobos do Brasil, distribuidora dos produtos Lumidesk,


Smoke Factory, LDR, Kupo, iLED e Sunlite, o diretor execu-
tivo Esteban Risso apresentou, entre outros itens, os mo-
ving lights R600, que, de acordo com ele, “são compostos
por 37 LEDs de 10 watts, cada, e contam com zoom de 13
a 45 graus”, além de uma série de ribaltas, refletores e pai-
néis de LED da iLED, conectores Power Fit de diversas cores
da Kupo e, claro, os kits de discos de gobos da empresa.

Na Robe Lighting, Guillermo Traverso, gerente de área na


Guillermo e o BMFL, novo aparelho da Robe

áudio música e tecnologia | 79


Event o
L&C

L&C
João Alonso e um módulo do Halupix, Spot LED de 90 watts da All Tech Pro:
produto em destaque na Hot Machine 16 canais DMX e 14 efeitos distintos

estrobos, lasers e refletores e ribaltas de LED, o desta- por sete LEDs RGBW de 10 watts, cada, além dos PR 5000
que ficou a cargo de um aparelho Spot LED de 90 watts. Spot, um dos mais avançados da linha, que conta com zoom
De acordo com Alexandre, “compacto, o equipamento ajustável, sistema de mistura de cores, um disco de cores e
de 16 canais DMX conta com gobos intercambiáveis e dois de gobos rotativos com seis gobos intercambiáveis e um
dispõe de 14 efeitos distintos”. disco de efeito intercambiável. •

E, por fim, na ProShows, distribuidora dos produtos PR Li-


ghting, Avolites e PLS, os destaques ficaram a cargo dos Ciclo de Palestras
aparelhos PLS Lancer Beam 5R, que contam com disco de Iluminadores compartilham conhecimento
14 cores além de branco e efeito rainbow, disco de go-
bos com 17 cores além de branco e efeito flow, função de O Ciclo de Palestras da Lighting Week Brasil foi, como
gobo motorizado com foco e pan de 540 graus e tilt de de costume, bem movimentado, e levou ao público
265 graus, e do LED Blizz, um mini moving head composto assuntos dos mais diversos referentes ao universo da
iluminação. Dentre os palestrantes deste ano, des-
taque para o lighting designer Osvaldo Perrenoud, o
L&C

“Oz”, que propôs uma reflexão sobre o posicionamen-


to da iluminação nos palcos, comentando conceitos
como luz íntegra, luz pura, que atinge o objeto sem
alteração, e luz filtrada, na qual há algo que a altera
antes de chegar ao objeto, seja cor ou formato.

Quem também aproveitou a oportunidade para mi-


nistrar uma palestra foi o diretor de fotografia Césio
Lima, que iluminou uma modelo utilizando, para isso,
técnicas diversas de posicionamento e movimento de
luzes, às quais atribuiu grande importância.

“São muitos fatores em jogo: a idade, os traços, a natu-


ralidade. Portanto, é preciso pensar bem antes de ligar
um refletor para iluminar um corpo feminino”, disse ele,
depois de comandar um verdadeiro show de iluminação
em um número de dança da bailarina Kelly Campello.
Em destaque na ProShows, os aparelhos Beam 5R, da PLS

80 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 81
F i n al Cut Marcelo Ferraz

Trabalhando
com as máscaras
de efeitos
Aplique efeitos a trechos específicos da imagem

A
versão 10.2 do Final Cut Pro trou-
xe uma novidade muito interes-
sante: a possibilidade de adicio-
nar máscaras a praticamente todos os
efeitos aplicados a um clipe. A ferramen-
ta de correção de cor já contava com este
recurso desde as primeiras versões. Com
a sua extensão para os efeitos ganhamos Figura 2 – Os efeitos de vídeo agora contam com
a possibilidade de modificar os clipes de opções de máscara, acessíveis via Inspector
forma muito mais precisa, criando com-
posições cada vez mais complexas. céu é bem diferente do restante da imagem, que
contém também tons esverdeados (grama) e próxi-
CRIANDO MÁSCARAS mos ao bege (igreja). Queremos isolar o azul do céu
BASEADAS EM COR para aplicar um efeito a ele.

Todo programa de edição interpreta as cores de uma No browser de efeitos (atalho Command+5), vamos
imagem em termos numéricos. Isso permite que escolher o efeito SciFi como exemplo. Selecione o cli-
isolemos determinada cor (e os tons próximos a ela) pe na timeline e dê um duplo clique no efeito SciFi.
para que então possamos aplicar efeitos somente ao Repare que toda a imagem ganhará um tom esverde-
trecho que nos interessa. ado, a la Matrix. Para que somente o céu seja afetado
pelo efeito, abra o Inspector (atalho Command+4),
Observe a figura 1. Repare que o tom azulado do posicione o cursor sobre o nome do efeito e repare no
ícone circular que representa as máscaras.

Clique nele, e no menu de pop-up que apa-


rece, selecione Add Color Mask (figura 2).

No viewer, o cursor vai se transformar


em um conta-gotas. Arraste o mouse
sobre o trecho do céu e repare que, à
medida que o faz, esta região fica azul,
enquanto todo o restante fica monocro-
mático. Se, enquanto arrastar, você per-
ceber que outras áreas da imagem que
não sejam o céu estão ficando coloridas,
volte o cursor lentamente em direção ao
ponto de partida: certos trechos da ima-
gem podem ter tons próximos ao do céu
Figura 1 – A imagem original, que será (reflexos, por exemplo), e por isso pode-
modificada com a ajuda das máscaras riam acabar recebendo o efeito.

82 | áudio música e tecnologia


observe a máscara criada. Áreas mostra-
das em branco são afetadas pelo efeito;
áreas em preto não são afetadas (figura
3). Arrastar o botão “Softness” no Ins-
pector permite ajustar a suavização das
bordas do efeito. Veja na figura 4 o efeito
aplicado somente ao céu.

Agora vamos imaginar que queremos o


efeito sci-fi aplicado não ao céu, mas
a todo o resto da imagem. Para isso,
clicamos no ícone de máscara no efei-
to (figura 2) e selecionamos “Invert
Masks”. O efeito passa a afetar a ima-
gem da igreja, deixando o céu intocado.
Figura 3 – O botão View Mask mostra as
Obtemos, então, um resultado surreal,
máscaras que aplicamos. No exemplo, o céu será
com o cenário carregado de verde (figura 5). Vamos fa-
afetado pela máscara (trecho em branco).
zer ajustes para que o efeito não fique tão “gritante”.

Caso queira selecionar outros trechos da


imagem (ou outros tons de azul), segure
a tecla Shift: um sinal de “+” aparecerá
junto ao cursor de conta-gotas. Se você
selecionou determinado trecho de forma
indevida, segure a tecla Option, clique e
arraste nos trechos que quer eliminar da
máscara.

Muito bem. Sua máscara de cor está


pronta. Se quiser saber como o recorte
final ficou (isto é, onde o efeito afetará
a imagem), clique no botão View Mask,
junto ao nome do efeito, no Inspector, e

Figura 5 – Ao invertermos a máscara


aplicada, o efeito passa a afetar as
áreas externas à mesma (a igreja)

Observe que o carro de cor branca e as


pessoas na imagem também estão es-
verdeados. Por que não isolar este tre-
cho, evitando que o efeito SciFi afete
estes elementos? Fazemos isso usando
as máscaras de forma.

USANDO MÁSCARAS
DE FORMA
Só podemos usar uma instância da más-
Figura 4 – O efeito aplicado ao céu
cara de cor por efeito. Já as máscaras de
dá a ele um tom esverdeado

áudio música e tecnologia | 83


F i n al Cut

querda, faz com que a máscara circular seja


transformada em um quadrado.

Posicione a máscara sobre o carro e perceba


que com isso estamos “protegendo” o mes-
mo do efeito SciFi. O carro tem sua imagem
original preservada. Vamos voltar ao Inspec-
tor e novamente escolher Add Shape Mask
para adicionar uma nova máscara de forma
(lembre-se: elas são ilimitadas!). Usaremos
esta nova máscara para isolar o trecho da
imagem onde há pessoas, excluindo o efeito
neste ponto e emprestando um pouco mais
de naturalidade à imagem.

Selecione a nova máscara e arraste para a


esquerda o ponto branco localizado na parte
de cima da mesma. O formato circular será
Figura 6A – A máscara de alterado para um quadrado. Reposicione a
forma aplicada sobre o carro máscara sobre a imagem das pessoas. Pron-
to! Agora temos o carro e as pessoas isola-
das, e o efeito SciFi afeta somente a igreja e
as plantas (figura 7).

Vamos clicar em View Masks no Inspector para


entender melhor como as máscaras afetaram
nossa imagem (figura 8). Os trechos em branco
são afetados pelo efeito, enquanto que os trechos
em preto estão protegidos pelas máscaras que
Figura 6B – A máscara de forma foi adicionada criamos (uma Color Mask – que invertemos com
no Inspector, junto com a Color Mask o comando Invert Mask – e duas Shape Masks).

forma (shape masks) podem ser


criadas sem limite de número
dentro de um efeito. Clique no
ícone de máscaras e selecione
Add Shape Mask. Uma máscara
redonda aparecerá no viewer,
e seu controle correspondente
será adicionado no Inspector
(figuras 6A e 6B).

Repare que a máscara conta


com seis pontos de controle:
os quatro pontos verdes ajus-
tam o tamanho da máscara; o
ponto central controla a posi-
ção da máscara na imagem;
o ponto ligado a uma haste Figura 7 – As duas máscaras aplicadas
regula a rotação; e, por fim, isolaram certos trechos, que não são
o ponto branco acima, à es- mais afetados pelo efeito

84 | áudio música e tecnologia


Figura 8 – Representação das máscaras
aplicadas. Neste exemplo estão em preto, pois
usamos o comando Invert Mask.

Figura 9 – As opções de interação


para cada máscara são acessadas
em um menu pop-up

Cada Shape Mask conta com um menu pop-up


no Inspector capaz de alterar a forma como
a máscara aplica o efeito (figura 9). A opção
Add adiciona um efeito dentro da máscara;
Subtract exclui o efeito dentro da mesma e
Intersect faz com que o efeito só funcione na
interseção entre duas ou mais máscaras. •

Marcelo Ferraz é editor de vídeo na TV


Brasil e professor do IATEC, no Rio de Ja-
neiro. Mantém um site voltado para Final
Cut Pro X em fcpxnerd.wordpress.com e
pode ser contatado pelo e-mail marcelo-
frodo@gmail.com.

áudio música e tecnologia | 85


Media Comp o s e r Cristiano Moura

Aspectos de
performance
do Avid Media
Composer
Trabalhando a favor do sistema

A
performance do Avid Media Composer de- decs nativos, que são aqueles que o Avid reproduz
pende diretamente não apenas da máquina, sem fazer muito esforço. Entre eles, estão o Avid
mas também da maneira com a qual o usu- DNxHD e DNxHR, Apple ProRes e XDCAM, entre ou-
ário trabalha. tros. Para ver a lista completa, basta acessar o Me-
dia Creation Settings e abrir a lista (fig. 1).
É importante entender que o Avid, basicamente,
permite jogar qualquer vídeo diretamente na ti- AMA É SEU INTÉRPRETE
meline, sem se importar com formato, codec, fra-
me rate e aspect ratio, mas isso não quer dizer Voltando aos idiomas, imagine que você precise
que ele “gosta” de trabalhar assim. Neste artigo fazer uma reunião com um alemão. Diferentemen-
vamos entender os limites e as contrapartidas te do espanhol, não há muita similaridade entre os
desta flexibilidade da ferramenta. dois idiomas, e, neste caso, o ideal seria termos ao
nosso lado um intérprete que pudesse ficar tradu-
SE PORTUGUÊS É SEU IDIOMA zindo o que cada um fala.

NATIVO, QUAL É O DO AVID?


Agora pensem comigo: vocês acham que é possível
ter uma conversa fluida e natural num ambiente em
Quando estamos fa-
lando de codificação,
gosto de compa-
rar com um idioma.
Português é nosso
idioma nativo, que é
nossa zona de con-
forto para escrever,
ler e falar... Porém,
se tivermos que ler
um texto em espa-
nhol, a maioria de
nós vai conseguir
entender boa parte,
mesmo que não de
forma ideal.

Da mesma forma, o
Avid tem os seus co- Fig. 1 – Media creation settings

86 | áudio música e tecnologia


que tudo o que
você fala e ouve
precisa ser tradu-
zido por um intér-
prete? Certamente
não. A conversa
fica truncada. Não
vai render tão bem
e não será tão
fluida e prazerosa
como uma conver-
sa entre duas pes-
soas que falam o
Fig. 2 – Full-Timeline 1024 x 413
mesmo idioma.

Da mesma forma, o AMA é o intérprete do Avid que “POR QUE” É MAIS IMPORTANTE
permite reproduzir vídeos codificados com outros
DO QUE “COMO”
codecs (ou idiomas), mesmo os que não são nativos.

“Como eu crio um projeto” não é importante. Prefi-


Se por um lado é excelente ter este intérprete
ro que pensem “por que devo criar meu projeto de
que permite trazer mídias imediatamente para o
tal maneira?”.
Avid, sem perda de tempo para converter, por ou-
tro lado há um trabalho extra em reproduzir uma
O Avid Media Composer foi projetado para adaptar
mídia que utiliza um codec diferente dos codecs
aplicando efeitos em tempo real em qualquer mídia
nativos do Avid.
que esteja diferente do formato do projeto. Ou seja,
quando se faz um link de uma mídia SD num pro-
Portanto, o uso de um intérprete deve ser visto
jeto HD, o vídeo será adaptado com um efeito para
como uma solução útil, porém temporária. E o link
alterar o aspect ratio e, possivelmente, também a
dos arquivos via AMA também. Tão logo sua mídia
velocidade. Não há dúvidas de que isso vai gerar um
esteja organizada nos bins e catalogada, o ideal é
trabalho extra para seu computador, e o resultado é
consolidar ou transcodificar as mídias para dentro do
perda de rendimento.
Avid para obter um melhor desempenho.

Então, não confunda. O formato de exportação é


SEU PROJETO DEVE ESTAR DE definido apenas na exportação. Para um bom ren-
ACORDO COM SUA MÍDIA dimento, o formato do projeto é definido de acordo
com as mídias brutas.
Na hora de criar um projeto, é um erro comum achar
que o mesmo deve ser configurado de acordo com o
formato de saída. Ou seja, não é porque a entrega
ENTENDENDO AS BARRAS
solicitada é de um arquivo em Full HD 1920 X 1080 DE PERFORMANCE DO AVID
com 29.97p que este será o formato do projeto. MEDIA COMPOSER
O formato do projeto deve ser configurado de acordo Dependendo da complexidade da sequência (fig. 2),
com o formato em que os vídeos foram capturados. o Avid Media Composer apresenta barras de desem-
Para ficar claro: se vamos editar um VT falando da penho na timeline (fig. 3) para ajudá-lo a detectar
Copa de 90 (SD), o projeto deve ficar em SD, mes- trechos com dificuldade de reprodução, mas nem
mo sabendo que ele vai ser entregue em Full HD. sempre significa que precisam ser renderizados.

áudio música e tecnologia | 87


Media Comp o s e r

marcar um In/Out na timeline. Mas, antes de acio-


nar a opção “render in/out”, com o botão direito va-
mos entender como configurar a ativação das pistas.

Na hora de renderizar, é comum supor que é ne-


cessário acionar todas as pistas que contêm efeitos,
mas, neste ponto, o Avid Media Composer é bem
mais esperto do que podemos supor.

Lidando com várias pistas, para o Avid, basta sele-


cionar e fazer apenas o render na última pista. Veja
na figura 4 um exemplo: nesta composição, basta
selecionar apenas a pista V5.

Desta forma, só temos que fazer o render de um efei-


to, e não de quatro. O motivo é muito simples: ao fa-
zer a renderização da pista V5, o Avid faz a renderiza-
ção do V5 e de tudo que estiver nas pistas inferiores.

E, com isso, vamos ficando por aqui. Lembre-se: por


Fig. 3 – Barra de performance mais flexível que uma ferramenta seja, há muitas
contrapartidas envolvidas. A flexibilidade é bem vin-
da para iniciar rápido um trabalho, mas sempre há
As barras azuis significam que seu disco rígido está um método de trabalho de melhor rendimento.
próximo do limite de operação. Geralmente acon-
tece quando temos muitos vídeos sendo executa- Abraços e até a próxima! •
dos ao mesmo tempo. Isso pode ser
resolvido facilmente distribuindo as
mídias em dois HDs, em vez de cen-
tralizar apenas em um.

Já as barras amarelas significam que


o CPU está próximo do limite. Geral-
mente isto é causado por efeitos que
estão sendo processados em tempo
real. Já as barras vermelhas signi-
ficam que o HD ou CPU não deram
conta do recado e a sequência não
pode ser reproduzida com perfeição.

Nestes casos, temos que fazer uma


renderização dos efeitos. O proces-
so é simples, mas tem detalhes im-
portantes. A primeira coisa a fazer é Fig. 4 – Estratégia para renderização

Cristiano Moura é instrutor certificado pela Avid. Por meio da ProClass, oferece consultoria e treinamentos
customizados, além de lecionar cursos oficiais em Avid Media Composer. Contato: cmoura@proclass.com.br.

88 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 89
Il um inando Rodrigo Horse

Montando,
operando e
iluminando
Definindo a área de trabalho
dos profissionais de iluminação

E
sses dias, conversando com um colega de nós poderia operar a luz de seu espetáculo, já que
profissão, estávamos falando sobre o merca- seu iluminador não poderia devido a um problema
do de trabalho, sobre as empresas que nos pessoal. Falamos que não teria como, pois tínhamos
dão suporte e a mão de obra que existe, que, aliás, outros trabalhos a fazer.
é pouca e muitas vezes de baixa qualidade. É por
isso que muitas vezes temos que “criar” técnicos de Ela então perguntou se poderíamos indicar um
luz para nos ajudar em montagens e no processo de “iluminador” para operar a luz. Eu lhe respon-
um projeto de luz. di com outra pergunta.
“Você quer um operador
Rodrigo Horse

Eu e este colega estávamos de luz ou um iluminador?”.


na entrada do teatro aguar- “Iluminador”, ela respon-
dando o intervalo do almoço deu. Eu, então, a indaguei.
para voltarmos ao trabalho. “Hum... Você já pensou
Ele estava me acompa- em chamar um operador
nhando como técnico de de luz?” Ela questionou.
luz. Bem, enquanto estáva- “Não é a mesma coisa?”
mos batendo papo, apare-
ce uma produtora pedindo Acontece com frequên-
uma ajuda. Em alguns dias cia essa confusão entre o
ela estaria com o seu espe- papel do iluminador e do
táculo se apresentando. Ela operador de luz, e acredito
observou que estávamos que vão concordar comi-
conversando sobre ilumina- go: muitos que trabalham
ção e chegou até nós, pe- na arte, como diretor, en-
dindo licença para participar cenador e produtor ainda
da conversa, pois percebeu não conhecem ou talvez
que éramos profissionais da não acham relevante pen-
área de iluminação e então sar sobre estes tipos de
veio perguntando se um de profissionais da iluminação

Fig. 1 – Técnico de luz

90 | áudio música e tecnologia


que se fazem presentes nos espetáculos – o iluminador, o ope-
rador de luz e o técnico de luz.

Normalmente há uma ordem cronológica para chegar a ser um pro-


fissional de iluminação. No começo da carreira, para a maioria, inicia-
mos como ator que não deu certo e se descobriu na iluminação (eu
sou um exemplo – trabalhei como ator, mas me descobri nos basti-
dores). Outra possibilidade é alguém convidar você para dar uma for-
ça em uma montagem, para ser um “quebra-galho” de última hora
numa montagem, ou por curiosidade. Enfim, pode-se começar de
várias formas, mas normalmente começamos como técnico de luz,
responsável pela montagem do sistema de iluminação criado pelo
iluminador, trabalhando em
um teatro, casa noturna ou
empresa de locação, mas
Acervo do autor

registro aqui a importância


deste começo.

Como podemos criar uma


luz se não conhecemos a
parte braçal, a parte prá-
tica, as “adaptações téc-
nicas” que enfrentamos
no dia a dia? Este come-
ço como técnico de luz
(fig. 1) é fundamental
para a formação de qual-
quer iluminador, conhecer
como tudo funciona, des-
de a compra do material,
manutenção e instalação.
Muitos começam em em-
presas de locação, e como
podemos ver hoje, a gran-
de maioria dos equipa-
Fig. 2 – Farol com lente Fresnel mentos de uma empresa
(Museu Nacional de La Marine, França) de locação concentra-se
em refletores de LED com
alta tecnologia, deixando
os analógicos de lado, como é o caso do Fresnel e PC. Outro dia
trabalhei com uma empresa de locação de luz, som e palco em
que os técnicos da empresa não sabiam o que era um refletor
Fresnel. Como assim? É um dos equipamentos mais básicos e
essenciais que ainda utilizamos em projetos cênicos.

Isso me faz lembrar de uma frase que ouvi uma vez: “Quem co-
nhecer as coisas nas origens terá um melhor entendimento delas”.
Este refletor em específico, por exemplo, surgiu da necessidade do
homem aperfeiçoar outro equipamento – os faróis de sinalização
marítima. No início do século 19, o físico Augustin Jean Fresnel
(1788-1827) criou um engenhoso artefato ótico com o objetivo de
Rodrigo Costa Assis
Il um inando

direcionar e concentrar a luz destes faróis. O primeiro 1654) escreveu em


a utilizar foi o Farol (fig. 2) de Chassiron, na Ilha 1638 o livro Pratica de
francesa de Oléron, em 1827. Este artefato poste- Fabricar Scene e Mac-
riormente foi inserido em faróis de carro, semáforos, chine Ne’teatri, des-
equipamentos fotográficos e em refletores cênicos, crevendo um artefato
como é o caso do nosso refletor. Claro que neste úl- para controlar a inten-
timo caso ele foi adaptado às necessidades técnicas, sidade da luz, nosso
como tamanho e distância focal. primeiro dimmer (fig.
4). Ele desenvolveu
Aproveito aqui para dar uma dica aos proprietários de muitos trabalhos ce-
empresas de locação e seus funcionários. Muitos que- nográficos e viu a
rem nos alugar equipamento “gato por lebre”. Quando necessidade de com-
pedimos no rider técnico uma quantidade de refletores plementar seu cená-
Fresnel, muitos nos entregam o refletor PC (plano con- rio com a iluminação,
vexo) apenas trocando suas lentes. Claro que isso não baseado no que pro-
dará certo. Eles possuem tamanho e distâncias focais punha o dramaturgo Fig. 4 – Dimmer Nicola Sabbatini
diferentes, produzindo assim outros efeitos. e encenador Italiano
Leone De’Sommi (1527–1592), que defendia que a
Mas voltando à nossa conversa, depois que passamos luz mais “alegre” era melhor para a comédia e a luz
por esta escola de formação que é ser um técnico mais escura contribuía para a tragédia e o drama.
de luz, aí sim podemos começar a trabalhar como
operador de luz (fig. 3) de um espetáculo. Se já te- Este “dimmer” era composto por um cilindro de ferro
mos o conhecimento de como tudo funciona, agora controlado por roldanas que desciam lentamente so-
podemos controlar esta luz através de um projeto bre as velas, e assim podia-se ter intensidades dife-
luminotécnico que o iluminador cênico criou. Claro rentes de luz e era possível expressar um ambiente
que isso não surge da noite para o dia. Precisamos mais iluminado ou mais escuro. Podemos dizer que,
praticar e estudar todos os dias, observar quem está com base em uma observação e na necessidade, se
a mais tempo na área. É esse trabalho que nos con- fez necessário criar um sistema para ajudar no con-
ferirá nosso principal aprendizado, na escola da vida, ceito cênico para uma encenação.
acompanhando um profissional mais experiente.
Essa observação diária e o estudo teórico nos leva a Voltando aos dias atuais, podemos dizer que, base-
buscar novas formas de expressar e controlar a luz. ado em um conceito e trabalho desenvolvidos por
um iluminador, o operador de luz entra em cena
Vamos voltar um pouco na história para entender para dar um suporte na parte de operação quando o
melhor. O arquiteto italiano Nicola Sabbatini (1574– iluminador não estiver presente ou talvez pela nego-
ciação que se fez com a produção do evento.
Com isso, o operador faz o papel deste sis-
Gabriel Lotufo

tema de polia e corda, controlando os canos


de ferro quando eles devem ser baixados,
sua velocidade e o tempo.

E, por último, chegamos ao iluminador cêni-


co, profissional que modifica o espaço com
a luz. Outro dia um colega de profissão fez
uma pergunta nas mídias sociais. Ele que-
ria saber a opinião de todos sobre o que
significa ser um iluminador cênico. Uma
ótima pergunta, já que quase sempre não
paramos para pensar sobre o que ou quem
é este profissional. Respondi da seguinte
forma: “O iluminador cênico concebe, cria,

Fig. 3 – Operador de luz

92 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 93
Il um inando

Faça um teste. Vá na
Reprodução

internet e coloque a
palavra “iluminador”
nos sites de busca.
Você encontrará
referências somente
a produtos de beleza
– mais uma razão
para se definir o que
é e como trabalham
estes profissionais.
Se olharmos a his-
tória da iluminação
teatral, veremos que
estas profissões não
Fig. 5 – Eletricista do século 18 (Documentário da BBC) existiam: iluminador
cênico, técnico de luz
executa, realiza, através de um projeto luminotéc- e operador, tudo era pensado e executado pelo dire-
nico, conceitos de iluminação, assim contribuindo tor ou o encenador e, muitas vezes, pelo cenógrafo.
para quem visualiza o trabalho (teatro, show, circo, Nos séculos 18 e 19 tínhamos a figura do diretor ou
instalação, desfile, arquitetura...). Concretiza ideias encenador que criava todo um ambiente cênico para
e pensamentos sobre a obra a ser iluminada, não seus espetáculos. Quando chegamos no século 20,
agindo como um personagem isolado, mas em con- após a descoberta e desenvolvimento de estudos
junto com o todo, construindo uma ideia visual do acerca da eletricidade, surge o termo “eletricista”
que representa esta obra em si.” (fig. 5), que no início era aplicado aos estudiosos
da eletricidade que muitas vezes utilizavam seus co-
Essas três frentes de trabalho contribuem para o nhecimento a favor de truques de mágica.
escopo final de um projeto, todos trabalhando em
conjunto para a conceptualização desta luz que irá Como curiosidade, recomendo assistirem ao filme O
transparecer ao público suas ideias e pensamentos, Grande Truque, de 2006, dirigido por Christopher No-
lembrando que cada função do trabalho é uma etapa lan, que retrata a competição de dois grandes mágicos
a ser construída durante sua vida profissional. Temos que utilizam a eletricidade como forma de truque. Já
que buscar justificar e orientar os outros profissionais no teatro, o termo eletricista é aplicado a pessoas que
quanto à importância de distinguir estas áreas. Já vi ligam os refletores, ou aos operadores. Somente mais
acontecer de um técnico de luz que acaba de ser con- tarde, com o grande Jorginho de Carvalho, é que o
tratado para um teatro sem nunca ter operado uma termo “iluminador” se aplicou a um profissional res-
luz e muito menos criado, assumindo uma luz dizen- ponsável pela luz de um espetáculo ou evento.
do-se “iluminador”. Por ter operado a luz uma única
vez, ele defende a ideia de que já é um iluminador. O que se precisa hoje é que a categoria defina cla-
A própria definição da palavra “iluminador” é difícil, ramente o que são esses três profissionais – técnico
pois se formos tentar traduzir o seu significado, seria de luz, operador de luz e iluminador cênico – peran-
alguém que somente ilumina, acende uma luz. Por te o mercado de trabalho. Assim, não contrataremos
isso muitos profissionais colocam-se como ilumina- mais “gato por lebre” e não aparecerá gente procu-
dores cênicos ou lighting designers, dando um signi- rando apenas o “iluminador” para lhe quebrar um
ficado mais objetivo à sua profissão. galho e operar a luz de seu espetáculo. •

Rodrigo Horse é graduado em Design de Interiores pela Faculdade Cambury-gO, especialista em


Docência do Ensino Superior pela Faculdade Brasileira de Educação e Cultura (FABEC-gO). Pro-
fessor da pós-graduação do IPOg do curso Master em Iluminação e Arquitetura e pela Faculdade
Unicuritiba na pós-graduação Arquitetura de Iluminação. É iluminador efetivo da Universidade Fe-
deral de goiás (UFg) e atua como iluminador cênico há 15 anos.

94 | áudio música e tecnologia Até o mês que vem, com mais um caderno Luz & Cena!
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áudio música e tecnologia | 95


lugar da verdade | Enrico De Paoli

Educação
é a solução
E
ssa frase anda na moda. Estamos vivendo problemas graves no país decorrentes da
falta dela – a educação. Mas quase sempre que falamos em educação (e sempre que
o governo fala), estamos nos referindo à educação acadêmica, quando, na verdade,
existem várias formas de ser educado. Desde ter um diploma pendurado na parede a simples-
mente ser cortês com pessoas ao redor.

Dentre as várias maneiras de praticar a educação, uma é ser interessado pela informação.
E, recentemente, durante um dos meus treinamentos Mix Secrets, me peguei contemplando
como aqueles seminários me realizavam pelo fato de ali eu sempre encontrar pessoas
interessantes, calmas, e, apesar das suas diferenças, todas tinham algo em comum:o
encantamento pelo aprendizado.

Na verdade, a conta é simples: quem realmente quer aprender não está interessado em “pulo
do gato”, em um truque que permita a eles parecer que são bons no que fazem. As pessoas mais
interessantes querem ser realmente boas. Note que terminei a frase no “boas” porque elas não
querem ser boas apenas no que fazem – elas querem ser boas em tudo. Boas pessoas.

Bem, neste momento da nossa página aqui, me lembro que há pouco mais de um ano escrevi
um artigo para esta nossa última página da Áudio Música & Tecnologia cujo título era “Música
não é Formula 1”. Ao mesmo tempo em que queremos ser bons (e bons no que fazemos),
aprendemos que, melhor do que competir com os outros, é aprender com os outros. Quando
percebemos que não adianta ficar dando chutes e que bons resultados não são questão de
sorte é que começamos a obtê-los, através da educação.

Posso dizer que, apesar de música ser uma área em que conhecemos pessoas atípicas, al-
gumas totalmente autodidatas, outras mais zen, outras com pouca disciplina acadêmica, foi
através da engenharia de música que eu conheci as pessoas mais perfeccionistas, mais capri-
chosas. As que não se contentam simplesmente em entregar um trabalho e que não medem
esforços para conseguir chegar (ou ultrapassar) no que elas pensam ser o melhor possível. E
pra quem, como eu, gosta de excelência, isso é um verdadeiro presente da vida.

Encerro nossa última página desse mês parabenizando e agradecendo a todos os perfeccio-
nistas por aí. Todo mundo que não cansa de descobrir novos jeitos, novas ferramentas, novos
métodos, todos que viram noites, ou os que acordam cedo (acho que estes são a minoria neste
ramo) a fim de chegar a resultados maravilhosos independentemente da exigência do cliente,
do artista, da gravadora, do contratante ou de quem for. Ninguém é capaz de exigir mais de
um profissional do que ele próprio quando existe o prazer pela excelência. Estudar incansavel-
mente e praticar as novas informações é o único caminho para nos fazer sermos melhores no
que fazemos. Ou simplesmente melhores.

Até mês que vem. •

Enrico De Paoli é perfeccionista por natureza e encontrou na engenharia de música o caminho


para praticar esta paixão. Engenheiro premiado com dois Grammys, seus créditos vão de Titãs
a Ray Charles. Conheça mais sobre ele e sobre seus treinamentos Mix Secrets visitando www.
EnricoDePaoli.com.

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