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Extinção da punibilidade

Introdução
Com a prática da infração penal surge para o Estado o poder-dever de aplicar o
direito punitivo, através da chamada persecutio criminis. Irá perseguir o crime, investi-
gando em busca de indícios de autoria e materialidade – a prova da ocorrência do crime
– e, depois, através da ação penal, vai agir para aplicar uma pena ao criminoso, se houver
justificativa para tanto.

Porém, por razões de política criminal, o próprio legislador determina algumas


causas que irão fazer desaparecer o direito de punir do Estado. São as causas de extinção
da punibilidade. O artigo 107 do Código Penal (CP) exemplifica em seus incisos algumas
causas que irão impedir o Estado de seguir em busca da aplicação do direito punitivo.
Além delas existem várias outras:

■ ressarcimento do dano no peculato culposo (CP, art. 312, §3.º);

■ pagamento da contribuição previdenciária antes do início da ação fiscal (art.


168-A, §2.º);

■ desistência da queixa nos crimes contra a honra, formulada na audiência do


artigo 520 do Código de Processo Penal (CPP);

■ aquisição de renda superveniente na contravenção de vadiagem (LEP, art. 59,


parágrafo único);

■ pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios antes do


recebimento da denúncia (Lei 9.249/95, art. 34);

■ decurso do prazo da suspensão condicional do processo sem revogação (Lei


9.099/95, art. 89, §5.º); decurso do período de prova do sursis e do livramento
condicional sem revogação (CP, art. 82 e 90);

■ ressarcimento do dano antes do recebimento da denúncia no crime de estelio-


nato mediante emissão de cheque sem provisão de fundos (CP, art. 171, §2.º,
VI e STF, Súmula 554).
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Efeitos das causas extintivas


Quais são as consequências, os efeitos das causas extintivas da punibilidade?

As causas extintivas da punibilidade poderão ter efeitos amplos ou restritos, conforme o


momento em que se verifiquem. Caso operem antes do trânsito em julgado da sentença
penal condenatória, impedirão quaisquer efeitos decorrentes de uma condenação crimi-
nal, pois fazem extinguir a pretensão punitiva estatal. Por outro lado, se ocorrerem depois
do trânsito em julgado, de regra, somente têm o condão de apagar o efeito principal da
condenação, que é a imposição da pena (ou medida de segurança). As exceções são a anis-
tia e a abolitio criminis, as quais, mesmo sendo posteriores ao trânsito em julgado, atingem
todos os efeitos penais da sentença condenatória, principais e secundários, permanecendo
intocáveis, somente, os efeitos civis. (ESTEFAM, 2005, p. 228)

Autoridade judiciária competente para a declaração


CPP, art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade,
deverá declará-lo de ofício.
Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério Público, do querelante ou do réu,
o juiz mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte contrária e, se o julgar conveniente,
concederá o prazo de 5 (cinco) dias para a prova, proferindo a decisão dentro de 5 (cinco)
dias ou reservando-se para apreciar a matéria na sentença final.

Causas de extinção
da punibilidade do artigo 107 do CP
Art. 107. Extingue-se a punibilidade:
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
[...]
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Morte do agente
No caso de morte do acusado, o juiz, somente à vista da certidão de óbito e ­depois
de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade (CPP, art. 62).

Anistia, graça e indulto


São formas de minimizar a severidade do direito repressivo ao condenado em
condição de merecimento.

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Anistia normalmente incide aos crimes políticos, mediante lei emanada do Con-
gresso Nacional, operando-se erga omnes, indistintamente e impessoalmente a todos os
agentes que cometeram esses delitos, durante o período determinado em lei. Poderá
surtir efeitos antes ou depois do trânsito em julgado e leva à abolição de todos os efeitos
penais da sentença.

Graça é para crimes comuns, oriunda de decreto do Presidente da República ou


por autoridade por ele delegada. É pessoal e individual, e o decreto precisará arrolar
todos os apenados agraciados. Incide somente após o trânsito em julgado da sentença
condenatória e tem como consequência apagar apenas os efeitos da pena, permanecendo
o nome do condenado no rol dos culpados, que perdeu a primariedade e pagou as custas
processuais, diferentemente da anistia, para qual todos esses efeitos são deletados do
sistema repressivo.

Indulto é uma graça coletiva, pela qual o decreto presidencial descreve algumas
situações jurídicas nas quais todos os apenados que se adequarem receberão o benefício
do não cumprimento, de forma condicional ou não, do restante da pena ou parte, o que
se chama de comutação. No Brasil, foi institucionalizado através do Presidente Fernando
Henrique Cardoso que, todos os anos, editava o indulto de Natal.

O CPP, em alguns dispositivos dispõe sobre a anistia, a graça e o indulto nos arti-
gos 734 a 742, enquanto a Lei de Execução Penal, entre os artigos 187 e 193.

Retroatividade de lei que não mais


considera o fato como criminoso
É a chamada abolitio criminis, que retira da legislação uma conduta que até então
era considerada criminosa. Como exemplo pode-se citar a Lei 11.106, de 28 de março de
2005, que revogou os artigos 217 e 240 do CP, descriminalizando, respectivamente, os
crimes de sedução e adultério. Com isso, se há algum inquérito ­policial ou ação penal
em andamento, imediatamente deve ser trancada por falta de justa causa, com o juiz,
conforme determina o artigo 61 do CPP, declarando de ofício a extinção da punibilidade,
o mesmo em relação ao condenado que estiver ­cumprindo pena, que logicamente não
só deixará de cumpri-la, como poderá buscar a retirada de todos os efeitos penais da
sentença condenatória transitada em julgado, através de reabilitação criminal, conforme
prevê o artigo 93 e seguintes do CP.

Prescrição
Os fundamentos da prescrição são o decurso do tempo e a inércia estatal.

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Crimes imprescritíveis
Os crimes imprescritíveis são o racismo, previsto na Lei 7.716/89, e os prati-
cados por grupos armados civis ou militares contra o Estado Democrático de Direito
e a ordem constitucional (Lei 7.170/83) conforme prevê o artigo 5.º, XLII, da Cons-
tituição Federal (CF).

Espécies de prescrição
■■ Prescrição da pretensão punitiva: ocorre antes do trânsito em julgado (CP,
art. 109 e 110), divide-se em:
■■ prescrição pela pena máxima em abstrato (art. 109);
■■ prescrição retroativa (art. 110, §1.º);
■■ prescrição superveniente ou intercorrente (art. 110, §1.º).
■■ Estas duas últimas hipóteses levam em consideração a pena em concreto.
■■ Prescrição da pretensão executória: dá-se após o trânsito em julgado da
sentença condenatória.

Vejamos as peculiaridades de cada uma a seguir.

Prescrição da pretensão punitiva

Prazo prescricional
Para a prescrição pela pena em abstrato, leva-se em consideração a pena máxima
abstratamente prevista para o crime, enquanto para as demais, a pena concretizada, apli-
cada pelo juiz na sentença. Quanto à prescrição executória, a pena definitiva confronta-se
com o artigo 109 do CP.

Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto
no §1.º do artigo 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade
cominada ao crime, verificando-se:
I - em 20 (vinte) anos, se o máximo da pena é superior a 12 (doze);
II - em 16 (dezesseis) anos, se o máximo da pena é superior a 8 (oito) anos e não excede
a 12 (doze);
III - em 12 (doze) anos, se o máximo da pena é superior a 4 (quatro) anos e não excede a
8 (oito);
IV - em 8 (oito) anos, se o máximo da pena é superior a 2 (dois) anos e não excede a 4
(quatro);
V - em 4 (quatro) anos, se o máximo da pena é igual a 1 (um) ano ou, sendo superior, não
excede a 2 (dois);
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.

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Prescrição das penas restritivas de direito


Parágrafo único. Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos
para as privativas de liberdade.

Contagem do prazo
Conta-se a prescrição entre os marcos iniciais previstos no artigo 111 do CP e
as causas interruptivas do artigo 117. Termo inicial da prescrição antes de transitar em
julgado a sentença final:

Art. 111. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:
I - do dia em que o crime se consumou;
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da
data em que o fato se tornou conhecido.

Períodos prescricionais da prescrição punitiva


■■ Causas interruptivas da prescrição:

Art. 117. O curso da prescrição interrompe-se:


I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
II - pela pronúncia;
III - pela decisão confirmatória da pronúncia;
IV - pela publicação da sentença ou acórdão recorríveis;
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
VI - pela reincidência.
Acordão confirmatório da condenação. Assentada orientação sobre que o acordão em
apelação somente tem efeito interruptivo da prescrição quando tenha imposto a conde-
nação em grau apelatório.(STJ, RHC 4.201/SP, 5.ª T.)
A jurisprudência desta Corte Superior, bem assim, da Suprema Corte, tem-se inclinada
para o atendimento da norma insculpida no artigo 389 do Código de Processo Penal,
quanto ao marco interruptivo da prescrição, o que significa dizer que a intimação via
imprensa oficial, de regra, não serve para firmá-la, visto que o prazo se conta do recebi-
mento da sentença pelo escrivão. Ordem denegada. (STJ, HC 20.498/PE)

■■ Extensão dos efeitos interruptivos:

Art. 117. [...]


§1.º Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição
produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que
sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qual-
quer deles.
§2.º Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo
começa a correr, novamente, do dia da interrupção. 

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■■ Causas suspensivas:

Causas impeditivas da prescrição

Art. 116. Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:

I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconheci-


mento da existência do crime;
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.

Parágrafo único. Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição


não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.

Prescrição da pretensão executória


■■ Prescrição depois de transitar em julgado sentença final condenatória:

Art. 110. A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regu-


la-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se
aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.

■■ Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível:

Art. 112. No caso do artigo 110 deste Código, a prescrição começa a correr: 

I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que


revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva
computar-se na pena.

■■ Prescrição da multa:

Art. 114. A prescrição da pena de multa ocorrerá:

I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;


II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando
a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.

Se a única pena imposta foi a de multa que, como se sabe (art. 114, I, CP), prescreve em
dois anos, tendo o fato ocorrido em 18 de junho de 1997 e a denúncia recebida em 27
de novembro daquele ano, com a respectiva sentença editada em 8 de junho de 2000,
portanto mais de dois anos após o despacho liminar positivo, verificou-se a presença
do lapso temporal extintivo da punibilidade, causa que deve ser proclamada. (TJRJ,
A.Crim. 3.604/2000, 7.ª C.Crim.)

Redução dos prazos de prescrição


Art. 115. São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao
tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70
(setenta) anos.

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Prescrição das penas mais leves


Art. 118. As penas mais leves prescrevem com as mais graves. 

Prescrição e concurso de crimes


Art. 119. No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena
de cada um, isoladamente.

No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade recairá sobre a pena de cada


um deles, nos termos do artigo 119, do Código Penal. Súmula 220-STJ: “a reincidência não
influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva”. Verificando-se a fluência do prazo
prescricional pela pena concretizada na sentença condenatória transitada em julgado para
a acusação, entre o recebimento da denúncia e a publicação da sentença condenatória, é de
ser declarada extinta a punibilidade, em razão da prescrição retroativa da pretensão puni-
tiva estatal, nos termos do artigo 107, IV, c/c os artigos 109, V, 110, parágrafos 1.º e 2.º1, e
119, todos do Código Penal. ­Ordem concedida, declarando-se a extinção da punibilidade
do paciente. (STJ, HC 15.760/SP, 5.ª T.)

Casos práticos jurisprudenciais


[...] A denúncia imputa ao paciente a prática do crime de apropriação indébita, cuja pena
máxima cominada em abstrato é de quatro anos. Nesse caso a pena ultrapassa os dois anos
e não ­excede a quatro, verificando-se o lapso prescricional em oito anos nos termos do artigo
109 inciso IV – Assim, sendo o fato datado de julho de 1993 e tendo a denúncia sido recebida
em setembro de 2001 (fls. 65), ocorreu a prescrição. Ordem concedida para julgar extinta a
punibilidade em razão da prescrição da pretensão punitiva. (STJ, HC 22.364/BA, 5.ª T.)

Se a pena aplicada ao delito não é superior a dois anos e se da data da publicação da sen-
tença condenatória transita em julgado, para a acusação transcorreu lapso temporal acima
de quatro anos. É de se decretar a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão
punitiva. Não se justifica a fixação da pena-base acima do mínimo legal quando se tra-
tar de réu primário sem antecedentes desabonadores e forem pequenas as consequências
do crime máxime quando a aplicação da reprimenda se der anos após o fato criminoso,
devendo o juiz, ao aplicar a pena, buscar o equilíbrio necessário entre o máximo inte-
resse social e o mínimo de expiação do réu. Tratando-se de crime continuado a prescrição
regula-se pela pena imposta na sentença não sendo computado o acréscimo decorrente da
continuidade delitiva. (TJMG, A. Crim. 140.999/4, 1.ª C. Crim.)

Extinção da punibilidade pela prescrição projetada – irresignação ministerial quanto à decisão


do juízo a quo que extinguiu a punibilidade da ré, pela prescrição, considerando-se a pena em
perspectiva. No caso concreto, mesmo sendo considerado o período em que o lapso prescricio-
nal esteve suspenso, eventual condenação que venha a ser emitida contra a ré, será letra morta,
pela prescrição da pena em concreto. Se isto é possível estabelecer-se, não há justificativa
substancial para desconhecer a prescrição na forma projetada. Improveram o recurso. Decisão
majoritária. Vencido o Des. Marcelo Bandeira Pereira. (TJRS, Rec. Crim, 2.ª C. Crim.)

1 Parágrafo revogado pela Lei 12.234, de 5 de maio de 2010

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Decadência
Nos casos de ação penal privada, o ofendido terá um prazo determinado na lei
para apresentar sua acusação, para oferecer a queixa-crime, sob pena de ser declarada
extinta a punibilidade pela decadência. O CPP, no artigo 31, ensina que no caso de morte
do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer
queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá preferência o


cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na ordem de enumeração constante
do artigo 31, podendo entretanto qualquer delas prosseguir na ação caso o querelante
desista da instância ou a abandone (art. 36). As fundações, associações ou sociedades
legalmente constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por
quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus
diretores ou sócios-gerentes (art. 37).

Prazo decadencial
Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou
de representação se não o exerce dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que
veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do parágrafo 3.º do artigo 100 do CP,
do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia.

O CPP, no artigo 38, corrobora, afirmando:

Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no
direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de 6 (seis) meses,
contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do artigo 29, do
dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação, dentro
do mesmo prazo, nos casos dos artigos 24, parágrafo único, e 31.

Contagem do prazo decadencial


O prazo de decadência do direito de queixa, expresso em meses, conta-se na forma preconi-
zada no artigo 10, do Estatuto Punitivo, na linha do calendário comum, o que significa dizer
que o prazo de um mês tem início em determinado dia e termina na véspera do mesmo
dia do mês subsequente. Recurso especial conhecido. (STJ, REsp. 11.6041/BA, 6.ª T.)
O prazo de decadência de seis meses do direito de queixa expresso na regra geral do artigo
38, do Estatuto Processual Penal, é contado do dia em que o ofendido vier a tomar ciência
da autoria do fato. Não ocorre a extinção da punibilidade pela decadência do direito de
queixa na hipótese em que não restou comprovado nos autos a data do termo a quo da
decadência [...]. (STJ, HC 20.648/AM, 6.ª T.)

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Vício na procuração e decadência


STF, Entendimento: Órgão Julgador – 5.ª e 6.ª Turmas.

A falta de menção do fato criminoso no instrumento de mandato, com vistas à propositura


da queixa-crime, pode ser sanada a qualquer tempo e não apenas dentro do prazo deca-
dencial, pois as omissões que não caracterizam ilegitimidade de parte ou ilegitimidade ad
causam são consideradas meras irregularidades, sanáveis na forma dos artigos 568 e 569
do Código de Processo Penal.
I. Hipótese em que o Tribunal a quo julgou extinta a punibilidade das quereladas em fun-
ção do entendimento de que a imperfeição do instrumento procuratório seria insanável,
causando a decadência do direito de queixa. II. A falta de menção do fato delituoso na
procuração configura defeito sanável a qualquer tempo, pois não interfere na legitimatio
ad causam. Precedentes. III. Ocorridos os fatos em julho de 2000 e tendo sido a queixa
oferecida em novembro do mesmo ano, não se verifica o implemento do prazo decaden-
cial. IV [...]. V. Irresignação que merece ser provida para determinar o prosseguimento da
ação penal. VI. Recurso conhecido e provido, nos termos do voto do relator. (STJ, REsp.
421.852/RS, 5.ª T., Rel. Min. Gilson Dipp, DJU 09/06/2003)
A falha na procuração, não sendo questão pertinente à legitimidade de parte, possibilita
ao julgador aplicar o disposto no artigo 568 do CPP (“poderá ser a todo tempo sanada”),
inclusive se superado o prazo decadencial (Precedentes STJ e do Pretório Excelso). Recurso
desprovido. (STJ, RHC 13.864/RS, 5ª T., Rel. Min. Félix Fischer, DJU 1.º/12/2003)

Perempção
Reza o artigo 60 do CPP que:

Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta
a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo
durante 30 (trinta) dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em
juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das
pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato
do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas
alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
Não se aplica à ação pública, mesmo condicionada, a hipótese de perempção instituída
no artigo 60, I, do Código de Processo Penal. [...]. (STF, HC 74.710/SP, 1.ª T., Rel. Min.
Octavio Galloti, DJU 25/04/1997)

Renúncia do direito de queixa


A renúncia poderá ser expressa ou tácita do direito de queixa. O direito de queixa
não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente (CP, art. 104, caput).

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DIREITO PENAL

A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu repre-
sentante legal ou procurador com poderes especiais. A renúncia do representante legal
do menor que houver completado 18 anos não privará este do direito de queixa, nem a
renúncia do último excluirá o direito do primeiro (CPP, art. 50).

Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a


vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização
do dano causado pelo crime (CP, art. 104, parágrafo único).

É importante frisar que a queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao
processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade (CPP, art. 48),
porque a renúncia ao exercício do direito de queixa em relação a um dos autores do ­crime
se estenderá a todos (CPP, art. 49).

[...] A não inclusão na queixa, dentro do prazo decadencial de todos os corréus – embora
possível – importa em renúncia tácita do direito de ação quanto aos excluídos. Por força
do princípio da indivisibilidade da ação penal (art. 49 do CPP), deve tal renúncia produzir
efeitos em relação aos demais possíveis autores do crime (Precedentes). [...] Habeas conce-
dido. (STJ, HC 12.815/SP, 5.ª T. – Rel. Min. Félix Fischer – DJU 19/11/2001)

Perdão do ofendido aceito pelo ofensor


O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede mediante queixa,
obsta ao prosseguimento da ação (CP, art. 105). 

Reza o artigo 106 que:

Art. 106. O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito:


I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita;
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros;
III - se o querelado o recusa, não produz efeito. 
§1.º Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a vontade de prosse-
guir na ação.

O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza,


todavia, efeito em relação ao que o recusar (CPP, art. 51). E se o querelante for menor
de 21 e maior de 18 anos, o direito de perdão poderá ser exercido por ele ou por seu
representante legal, mas o perdão concedido por um, havendo oposição do outro, não
produzirá efeito (art. 52), o mesmo se dá caso o querelado for menor de 21 anos (art. 54).
De outra sorte, se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiver
representante legal, ou colidirem os interesses deste com os do querelado, a aceitação do
perdão caberá ao curador que o juiz lhe nomear (art. 53). Por fim, é bom lembrar que,
conforme o artigo 55 do CPP, o perdão poderá ser aceito por procurador com poderes
especiais.

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Em relação ao perdão tácito, o artigo 57 do CPP ensina que admitirão todos os


meios de prova. Porém, em relação ao perdão expresso, o artigo 58 preceitua:

Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será
intimado a dizer, dentro de 3 (três) dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cien-
tificado de que o seu silêncio importará aceitação.

O artigo 59, continuando o anterior, acrescenta que:

Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo constará de declaração assinada pelo que-
relado, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais.

Quanto ao momento possível para a concessão do perdão do ofendido, ensina o


legislador no artigo 106, parágrafo 2.º, do CP:

Art. 106. [...]


§2.º Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença condenatória.

Por outro lado, percebe-se que poderá ser concedido em qualquer momento
enquanto não transitar em julgado a sentença condenatória.

Corroborando com o artigo 107, IX, do CP, o artigo 58, no parágrafo único do CPP
prevê que, aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade.

Caso especial:

Admite–se perdão do ofendido em ação dependente de representação (exegese dos arti-


gos 105, 107, V fine, e 225, §1.º e 2.º do Código Penal). Decretaram extinta punibilidade
(TJRS, ACrim. 7000804823, 5.ª C. Crim., Rel. Des. Amilton Bueno de Carvalho, J. em
28/06/2000)

Retratação nos casos previstos em lei


A retratação é uma forma de se desculpar frente ao ofendido, demonstrando o seu
arrependimento por ter praticado o delito. A retratação só levará à extinção da punibi-
lidade nos casos previstos em lei. No CP, podem-se citar os casos dispostos nos artigos
143 e 342, parágrafo 2.º:

Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difa-
mação, fica isento de pena.

Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito,
contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito poli-
cial, ou em juízo arbitral:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

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DIREITO PENAL

[...]
§2.º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito,
o agente se retrata ou declara a verdade.

Perdão judicial
O perdão judicial é uma causa de extinção da possibilidade de o Estado punir o
infrator, conforme dispõe o artigo 107, IX, do CP, desde que expressamente previsto em
lei. As razões são decorrentes da finalidade e funcionalidade das sanções a serem impos-
tas para o autor do delito. A partir do momento em que a pena passa a ser totalmente
desnecessária, não poderá ser aplicada sob pena de arbitrariedade estatal no direito
repressivo. Precisa haver proporcionalidade entre a conduta do agente e a sua punição.
Por isso, quando, por exemplo, o médico, por erro, vem a causar a morte da esposa, do
filho, do melhor amigo ou de uma pessoa a quem nutre reais sentimentos e vínculos
afetivos, não há qualquer necessidade da imposição penal. O mesmo ocorre quando o
motorista de um avião ou de uma embarcação ou de um veículo automotor terrestre, ao
causar culposamente o sinistro, mata o irmão ou este fica tetraplégico ou com grande
disfunção motora e mental.

Nesses casos, questiona-se a natureza jurídica da sentença concessiva do perdão


judicial. Existem vários entendimentos.
■■ Sentença de natureza absolutória: não poderá ser imposta uma sentença
con­denatória sem que seja imposta uma sanção penal ao condenado.
■■ Sentença de natureza condenatória: para perdoar o infrator o Estado precisa
primeiramente considerá-lo culpado e, para tanto, há a necessidade de uma
condenação. Mas, o fato de haver a condenação não significa que o agente irá
cumprir a pena, em especial nos casos em que demonstra ser absolutamente
desnecessária. Assim, há a condenação, os efeitos secundários persistem (como
colocação do nome no rol dos culpados, dever de pagamento de custas proces-
suais), mas não os efeitos principais (execução da pena), o mesmo em relação
aos efeitos da reincidência, como bem observa o artigo 120 do CP.
■■ Sentença de natureza declaratória: não tem caráter absolutório nem con-
denatório, mas declaratório da extinção da punibilidade, tendo em vista que
o perdão está previsto no artigo 107 do CP, que trata das causas de extinção
da punibilidade, em face da demonstração da não culpabilidade, da não repro-
vabilidade da conduta do agente, em razão do sofrimento que lhe é imposto
pela fatalidade. Então, o perdão deve ser total, não persistindo qualquer efeito
de natureza condenatória, não devendo ter o nome incluído no rol dos culpa-
dos, nem pagar custas processuais, não subsistindo os efeitos da reincidência,

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como assevera o artigo 120 do CP, nem ser aplicada qualquer punição, como
prescreve a Súmula 18 do Superior Tribunal de Justiça, “a sentença conces-
siva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsis-
tindo qualquer efeito condenatório”. Esse é o entendimento que parece mais se
adequar ao Direito Penal e Processual Penal Constitucional moderno e que o
juiz deve analisar no caso concreto, e declarar extinta a punibilidade quando o
fato delituoso se amoldar ao disposto no artigo 121, parágrafo 5.º (posiciona-
mento que ratifica o que dispõe o artigo 120 do Código Penal): “a sentença que
conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência”.

O artigo 108 do CP
A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou
circunstância agravante de outro, não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção
da punibilidade de um deles não impede quanto aos outros a agravação da pena resul-
tante da conexão.

Como exemplo, pode-se citar que o fato de ser declarada extinta a punibilidade
do crime de furto do veículo não impossibilitará a responsabilização penal do receptador
de veículo furtado.

Curso do Direito Penal, de Rogério Greco, editora Impetus

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