Oficinas de gênero
e cidadania na escola. Mneme -
Revista de Humanidades, v. 16, n. mneme – revista de humanidades
36, p. 54-76, 21 dez. 2015. ISSN 1518-3394
RESUMO: Este artigo apresenta o Projeto de Extensão “Oficinas de Gênero e Cidadania na Escola” e a utilização
da metodologia da oficina pedagógica na sensibilização, na definição, na produção, no aprofundamento e na
produção de novos conhecimentos acerca de gênero e cidadania na escola. O artigo problematiza as construções
históricas, sociais e culturais sobre relações de gênero a partir da experiência de construir coletivamente com
estudantes da graduação propostas de oficinas pedagógicas para escola pública.
PALAVRAS-CHAVE: Oficinas Pedagógicas. Gênero. Cidadania. Escola.
ABSTRACT: This article presents the Extension Project "Gender and Citizenship workshops in School" and the
use of the pedagogical methodology workshop on raising awareness in the definition, production, deepening and
production of new knowledge about gender and citizenship in school. And discusses the historical, social and
cultural constructions of gender relations from the experience of building collectively with graduation students
proposals for educational workshops for public school.
KEYWORDS: Pedagogical Workshops. Gender. Citizenship. School.
Por meio dos componentes curriculares das instituições de ensino é possível mostrar
femininos, bem como suas relações. Os estudos dos discursos e das práticas das instituições de
ensino tem mostrado como ocorreu e ocorre o processo de gendrificação nas escolas. A escola
caracterizou Louro (1997), e, por outro lado, a escola pode ser um lugar de resistências levadas
dominação.
1
Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). paulafaustinosampaio@hotmail.com.
54
Caicó, v. 16, n. 36, p. 54-76, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.
mneme – revista de humanidades
ISSN 1518-3394
natural para as relações de gênero e pôr em evidência os conflitos entre os papeis e lugares
sociais impostos pela educação escolar e os vividos pelos sujeitos na escola. Transcender os
enquadramentos de gênero na escola discutindo seu próprio lugar neste processo histórico de
processo de gendrificação, o diálogo com a ideia de gênero enquanto “[...] uma forma
primeira de significar as relações de poder” (SCOTT, 1995, p.84) abre uma perspectiva
para Ações Afirmativa –PBEXT/AF/2014. Este edital previa ações voltada aos “indivíduos e
55
Caicó, v. 16, n. 36, p. 54-76, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.
mneme – revista de humanidades
ISSN 1518-3394
conhecimentos históricos na perspectiva de gênero, possibilitar aos (as) estudantes dos cursos
de graduação uma atividade de extensão sobre gênero e cidadania, estimular estudos teóricos
pedagógica e as problematizações sobre relações de gênero feitas por estudantes dos cursos de
“Putinha, não presta pra casar”; “Eu pensava que sexo era como nos filmes pornôs”;
“Meu corpo só sabe o que é trabalhar, dinheiro não dá para nada, ser mulher é desgraça”; “Ser
mãe é a realização da mulher”; “Bichinha, traveco ... tudo invenção do capeta.” “Homem não
chora”, “Eu não vou deixar minha filha tomar essa vacina HPV, ela é moça direita”; “Fala
direito, engrossa essa voz”; “Menina não pode ser engenheira”; “Escola não é lugar para
Estas foram algumas das afirmações feitas por estudantes da escola durante a
na Escola”, e representam ideias recorrentes dos (as) estudantes da escola sobre as mulheres,
papel da escola
A escola entende disso. Na verdade, a escola produz isso. Desde seus inícios,
a instituição escolar exerceu uma ação distintiva. Ela se incumbiu de separar
os sujeitos — tornando aqueles que nela entravam distintos dos outros, os
que a ela não tinham acesso. Ela dividiu também, internamente, os que lá
estavam, através de múltiplos mecanismos de classificação, ordenamento,
hierarquização. A escola que nos foi legada pela sociedade ocidental
moderna começou por separar adultos de crianças, católicos de protestantes.
56
Caicó, v. 16, n. 36, p. 54-76, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.
mneme – revista de humanidades
ISSN 1518-3394
Discutir sobre gênero na escola certamente não é tarefa fácil, muito pelo contrário, é
tarefa desafiadora dos padrões sociais e culturais de gênero imperantes. Estes padrões de
feminino e do masculino são tidas como biológicas, logo naturais e imutáveis. Trata-se do
suas vidas.
humana, devem viver suas vidas de acordo com o padrão heterossexual e com o corpo que
complexidade, dos embates e das disputas do uso do conceito de gênero na educação pode ser
acompanhado na história recente das estratégias dos processos gendrificação na escola por
meio dos debates entorno dos Planos Nacional, Estaduais e Municipais de Educação.
Em 2014, na Câmara dos Deputados Federais foi vetado do inciso III do art. 2º do
57
Caicó, v. 16, n. 36, p. 54-76, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.
mneme – revista de humanidades
ISSN 1518-3394
vetos são uma clara afirmação do padrão heterossexual para as relações de gênero e uma
brasileiro para vetar e eliminar o conceito gênero no Plano Nacional de Educação e nos Planos
vereadores de que a educação escolar deve ser neutra nos debates de gênero, estes por sua vez
relações de gênero.
homofobia vivenciadas por eles (as). As falas dos (as) estudantes em sala de aulas, nos
corredores, nas redes sociais indicavam a urgência do estudo e da ação sobre as relações de
machistas e homofóbicas a partir das experiências dos sujeitos da educação? Como discutir
ocidental?
foi fortalecido com o veto ao conceito gênero no Plano Nacional de Educação pelo Congresso
Nacional Brasileiro, apesar das manifestações dos movimentos sociais feministas e de alguns
de ações mobilizadoras dos conceitos. Estudar, debater, pensar e construir sobre relações de
gênero com crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos que estão nas escolas são ações
de estabelecer diálogos para além dos limites institucionais de acordo com a percepção do
59
Caicó, v. 16, n. 36, p. 54-76, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.
mneme – revista de humanidades
ISSN 1518-3394
Rondonópolis.
Deste modo, sete estudantes foram classificados como bolsistas no Edital n° 006/2014
participação de vinte e sete estudantes, que formaram dez grupos para produzir e vivenciar
O referido projeto de extensão foi elaborado para em seu próprio fazer desenvolver a
problemática, conforme define Candau (1995). Para esta educadora, a oficina pedagógica é
trocas de experiências.
oficinas pedagógicas para a escola e nas formações dos (as) estudantes participantes do
projeto.
conhecimentos a partir de uma realidade concreta. E, por isso, o Projeto de Extensão foi
elaborado a partir das percepções e das problematizações dos (as) estudantes dos cursos de
60
Caicó, v. 16, n. 36, p. 54-76, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.
mneme – revista de humanidades
ISSN 1518-3394
experiências.
etapas, a saber: 1. Rodas de Conversa e palestras sobre gênero, corpo, sexualidade, poder e
3. Interação com os (as) alunos (as) da escola pública parceira do Projeto de Extensão, no
jovens e adultos.2
referencial bibliográfico e didático e, também, gerar leituras e reflexões sobre os temas. Ainda,
esta etapa estimulou indagações sobre a metodologia: o que utilizar? Como selecionar? Como
realizamos a definição, a produção e o aprofundamento dos temas de cada uma das dez (10)
oficinas pedagógicas. Para definição e produção de cada oficina pedagógica foi necessário
conhecer, além das definições de gênero e cidadania, os conceitos de saúde, corpo, poder,
sexualidade e juventude.
central e os passos de cada oficina pedagógica voltada aos estudantes da escola pública.
61
Caicó, v. 16, n. 36, p. 54-76, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.
mneme – revista de humanidades
ISSN 1518-3394
bibliográfico.
relatórios. A partir das experiências com a realização das oficinas pedagógicas na escola os (as)
Licenciatura em História:
interrogar a respeito das relações de gênero e da cidadania no dia-a-dia permitiu a cada uma e
um dos (as) participantes do projeto de extensão construir autonomia para pensar e discutir
62
Caicó, v. 16, n. 36, p. 54-76, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.
mneme – revista de humanidades
ISSN 1518-3394
passaram a refletir acerca das experiências dos (as) estudantes da escola nos enfrentamentos
heterossexual, cidadania, poder, escola, jovem, adulto, idoso, branco, negro, indígena, rico,
pobre; e a estudar sobre as configurações passadas e presentes acerca das relações de gênero.
por professores (as) e da interação entre professores (as) e alunos(as) nas aulas. Na percepção
das estudantes Adriadna Lispector Rodrigues Pereira e Cirlene Correa Cadidé Oliveira, ambas
proposta de oficina pedagógica deviam considerar a diversidade etária, étnica, de classe social,
sua interface com o conceito de gênero, o que constituiu-se oportunidade para aprofundar as
temáticas e a metodologia.
Para os (as) estudantes Guilherme Gustavo Henrique Salvati, Jovelina Lenir Carlini da
Para Auad (2006), as características para o feminino e para o masculino vem sendo
64
Caicó, v. 16, n. 36, p. 54-76, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.
mneme – revista de humanidades
ISSN 1518-3394
Como defende Auad (2006), questionar o que percebemos como tipicamente feminino
ou tipicamente masculino pode estimular a notar como muitas diferenças entre homens e
mulheres não são naturais. Há de se duvidar de clichês como “isso é coisas de mulher” ou
“isso papo de homem”. Estas ideias revelam alcances dos processos de naturalização dos
padrões de gênero.
significados atribuídos pelos (as) estudantes da escola pública à diferença sexual. Estes
significados podem ser variáveis e contraditórios, pois, como afirma Scott (1995, 16) “a
relações sociais ou para construir o sentido da experiência”. Por isso, importa observar os
entender a diferença cultural assentada sobre o sexo e refletir até que ponto a cidadania é
tidos como femininos e os sujeitos tidos como masculinos se constituíram enquanto sujeitos
hetoronormatividade.
extensão, foram produzidas dez oficinas pedagógicas, sendo três oficinas pedagógicas que
conceitos Gênero, Cidadania, Juventude e Resistência. Cada oficina pedagógica foi construída
com a carga horária de vinte horas aulas e foram realizadas na escola pública.
1. Título: Oficina pedagógica “Ser ou não ser, eis a complicação”. Objetivo Geral:
65
Caicó, v. 16, n. 36, p. 54-76, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.
mneme – revista de humanidades
ISSN 1518-3394
2. Título: Oficina pedagógica “Ter filho não é obrigação! Ser pai e ser mãe: imposição
homoparentais”.
biologização dos corpos, a hierarquia sexual, a ideia de que a mulher é cuidadora e o homem
Um dos desafios postos foi pensar os diversos sujeitos como construção social e
determinismo biológico no qual o homem é dito como sujeito universal e a mulher como o
contrário do homem. O discurso biológico com pretensão de neutralidade define o que é ser
homem e o que é ser mulher, bem como diferencia a saúde para homens e para mulheres.
A ideia de que existe dois sexos biológicos (macho e fêmea) com respectivos órgãos
reprodutivos, amplamente difundida deste o século XVIII, permeia a ideia de saúde atrelada a
reprodução da espécie humana, que vem sendo criticada pelos feminismos deste os anos
sessenta do século XX, quando o movimento feminista passou a discutir sobre os direitos
reprodutivos das mulheres para além do que estava circunscrito no campo biológico, cujo
seu útero e buscava elabora oficinas de gênero, cidadania e saúde na perspectiva de gênero e
feminista.
entendendo que, conforme assevera Louro (1997, p.21), “Seja no âmbito do senso comum,
66
Caicó, v. 16, n. 36, p. 54-76, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.
mneme – revista de humanidades
ISSN 1518-3394
seja revestido por uma linguagem "científica", a distinção biológica, ou melhor, a distinção
As indagações “O que é ser homem e o que ser mulher? Ser pai e ser mãe é imposição
ou escolha? Quem cuida da minha saúde?” das oficinas pedagógicas propostas pelas
cuja distinção entre sexo masculino e feminino inferioriza o feminino e coloca o corpo da
partindo dos conceitos de Gênero, Cidadania, Poder e Corpo com os seguintes títulos e
objetivo geral:
mostrar o caráter histórico e social, portanto, não natural das relações de poder”.
2. Título: Oficina pedagógica “Beleza à venda: corpo, mídia e mercado”. Objetivo Geral:
social”. Objetivo Geral: “Dialogar e refletir sobre alguns efeitos da imposição do corpo
67
Caicó, v. 16, n. 36, p. 54-76, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.
mneme – revista de humanidades
ISSN 1518-3394
problematização dos discursos sobre a beleza, e para estimular a expressão de experiências dos
sujeitos da escola frente ao discurso midiático no qual o corpo magro, caucasiano e jovem é
Partiram da ideia de que de os sujeitos não são passivo diante da mídia, apesar do
buscam dizer quem são e onde estão frente ao padrão de beleza da mídia, as propostas de
mídia como vetor de subjetivação (COLLING, 2015) as oficinas pedagógicas que trabalharam
com os conceitos de Gênero, Cidadania, Poder e Corpo buscaram conversar com os (as)
estudantes da escola sobre como eles e elas, de forma individual e coletiva, relacionavam-se
com as ideias de corpos veiculadas nos programas de televisão e em revistas sobre moda.
Pensaram acerca dos modos de subjetivação frente aos significados sociais e culturais
68
Caicó, v. 16, n. 36, p. 54-76, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.
mneme – revista de humanidades
ISSN 1518-3394
atribuídos aos corpos pela mídia. Os corpos foram estudando como uma construção social,
cultural e histórica a partir do que foi dito sobre ele, dos investimentos discursivos e práticos
oficinas pedagógicas foi também discutir com os (as) estudantes da escola alguns
resistência foi considerada como norteadora, uma vez que “a partir do momento em que há
uma relação de poder, há uma possibilidade de resistência. Jamais somos aprisionados pelo
poder; podemos sempre modificar sua dominação em condições determinadas e segundo uma
2. Título: Oficina pedagógica “Ser mulher, ser homem no século XXI”. Objetivo Geral:
“Refletir historicamente sobre o que é ser mulher e o que ser homem nos dias atuais
feminista”;
3. Título: Oficina pedagógica “Mulher foi feita para o tanque e homem para o
69
Caicó, v. 16, n. 36, p. 54-76, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.
mneme – revista de humanidades
ISSN 1518-3394
4. Título: Oficina pedagógica “Jeito jovem: entre o(s) feminino (s) e masculino (s)”.
categoria analítica gênero. Estas oficinas pedagógicas objetivaram mostrar ser possível pensar
Estas oficinas pedagógicas buscaram confrontar o que se pensa sobre os jovens e as jovens
pobres com o que se diz nas canções, filmes, propagandas assistidos por jovens da periferia de
Rondonópolis, estado de Mato Grosso, com o que se os (as) jovens fazem no seu cotidiano e
com o que se é. Inspirados (as) em Foucault (2006, p. 219), quando afirma que "é preciso a
cada instante, passo a passo, confrontar o que se pensa e o que se diz com o que se faz e o que
escola de modo a resistir a um ensino de história em que os (as) jovens são tidos como
passivos.
Por isso, estas oficinas inovaram ao trazer à baila a reflexão histórica sobre juventude e
gênero e ao propor dialogar com os (as) jovens da escola sobre os papéis de gênero e as
homens e jovens mulheres, que para Weller (2005) são fundamentais na compreensão das
Dialogando com Silva Jr. et Guimarães (2012) que escreveram sobre ser jovem no Brasil
no âmbito dos processos de construção das identidades juvenis e de sujeitos de direitos, os (as)
70
Caicó, v. 16, n. 36, p. 54-76, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.
mneme – revista de humanidades
ISSN 1518-3394
estudantes Guilherme Gustavo Henrique Salvati, Jovelina Lenir Carlini da Rocha e Paula
Resistência ao construir oficinas pedagógica para a escola pensar a própria condição de jovem
juventude brasileira puseram em questão os rótulos de “rebeldes sem causa” dos anos 1950, de
“juventude transviada” dos anos 1960, de geração shopping center na década de 1990, entre
outros rótulos.
Os discursos sobre a juventude foram discutidos considerando que, segundo Silva Jr. et
Guimarães (2012, p. 7), “É comum, ainda, ouvirmos que o jovem não ‘deve ser levado a sério’
[...] É uma pessoa em formação, em transição para a vida adulta, um projeto de futuro...” Na
contramão do discurso de “jovem não deve ser levado a sério” as propostas de oficinas
pedagógicas levaram os jovens a discutir sobre esta ideia para perceber quais enfrentamentos
são feitos no dia-a-dia pelos (as) jovens da periferia de Rondonópolis, estado de Mato Grosso.
é ser jovem-homem e do que é ser jovem-mulher implica refletir as culturas jovens nas quais
se dão este o processo de construção de gênero. Por esta compreensão, conhecer e dialogar
sobre as experiências de socialização, de sociabilidade, de sexualidade et. dos (as) jovens foi
71
Caicó, v. 16, n. 36, p. 54-76, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.
mneme – revista de humanidades
ISSN 1518-3394
formação de visão crítica, a atuação social dos (as) estudantes universitário na comunidade no
educação.
ensina, aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (FREIRE, 1997, p.25). A
importância do trabalho coletivo, criativo e reflexivo na formação cidadão dos (as) futuros
novas possibilidades de reflexão sobre gênero e cidadania por meio de oficinas pedagógicas na
escola.
Considerações finais
Brasil.
uma oficina de gênero e cidadania, possibilitou aos (as) estudantes espaço para protagonismo,
72
Caicó, v. 16, n. 36, p. 54-76, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.
mneme – revista de humanidades
ISSN 1518-3394
autonomia e construção de proposta de oficinas pedagógicas. Por sua vez, este espaço foi
criado e recriado pelos (as) estudantes pari passu a construção de conhecimento em gênero e
pesquisa e extensão.
Por fim, enquanto a construção do projeto de extensão foi estimulada por frases
marcadas por sexismo, machismo e homofobia ouvidas na escola, como mostramos no início
deste artigo, e que comumente podem ser ouvidas em outros espaços da sociedade,
desigualdade nas relações de gênero: “Menina pode sim ser engenheira”; “Toda mulher pode
ou não casar, a decisão é dela”; “Sexo é parte da vida”; “Meu corpo me pertence, Meu corpo
minhas regras”; “Feminismo? Política? Isso é coisa de mulher”; “Basta de homofobia, basta de
machismo, basta de misoginia”, “Homem chora”; “Escola é lugar para discutir gênero e sexo,
sim.” São frases que nos provocam a novos desafios, a novos sonhos e a mais trabalhos no
gênero na escola.
Referências
AUAD, Daniela. Educar meninas e meninos: relações de gênero na escola. São Paulo:
Contexto, 2006. 96 p.
73
Caicó, v. 16, n. 36, p. 54-76, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.
mneme – revista de humanidades
ISSN 1518-3394
COLLING, Ana Maria. Subjetividade. In: COLLING, Ana Maria; TEDESCHI, Losandro
Antonio. (Orgs.) Dicionário Crítico de Gênero. Dourados, MS: Ed. UFGD, 2015, p. 607-611.
FOUCAULT, Michel. Ditos e escritos V: ética, sexualidade, política. 2ª edição. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 2006.
74
Caicó, v. 16, n. 36, p. 54-76, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.
mneme – revista de humanidades
ISSN 1518-3394
SALVATI, Guilherme Gustavo Henrique; ROCHA, Jovelina Lenir Carlini da; UMEKAWA,
Paula Akeime. Relatório de atividades no Projeto de Extensão Oficinas de Gênero e
Cidadania na Escola. Rondonópolis, MT, Universidade Federal de Mato Grosso. 2014.
Mimeo. 17p.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, Porto
Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99. Jul./dez., 1995.
SILVA, Wallace Rodolfo Pereira da. Relatório de atividades no Projeto de Extensão Oficinas
de Gênero e Cidadania na Escola. Rondonópolis, MT, Universidade Federal de Mato Grosso.
2014. Mimeo. 21p.
75
Caicó, v. 16, n. 36, p. 54-76, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.
mneme – revista de humanidades
ISSN 1518-3394
Notas
1
A escola pública estadual parceira do Projeto de Extensão “Oficinas de Gênero e Cidadania na Escola” situa-se
na periferia do perímetro urbano do Município de Rondonópolis, estado de Mato Grosso. Funciona nos turnos
matutino, vespertino e noturno. Oferece Ensino Fundamental de 1º a 9º ano e Ensino Médio (1º a 3º ano). No
turno noturno oferta o Ensino Fundamental na Modalidade de Educação Jovens e Adultos e Ensino Médio
Regular e na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos. É uma escola que atende aproximadamente mil e
quinhentos estudantes. Neste artigo optou-se por não mencionar o nome da escola uma vez que o Projeto de
Extensão “Oficinas de Gênero e Cidadania na Escola” volta-se para a escola pública, e não somente a escola
parceira deste projeto de extensão.
2
Vale ressaltar que a escola pública parceira do Projeto de Extensão permitiu a realização das atividades do
projeto de extensão durante o horário das aulas. Assim, o projeto de extensão foi assumido como componente
curricular do segundo semestre letivo do ano de 2014. Cada oficina pedagógica dispôs de vinte horas/aulas. Sobre
a realização das oficinas pedagógica e como se deu a relação com os professores da escola escreveremos em
próximo artigo.
76
Caicó, v. 16, n. 36, p. 54-76, jan./jul. 2015. Dossiê Ensino de História.