Nós, professores, sabemos que, em geral, as crianças têm
contato com as formas geométricas desde antes de ingressarem
na escola através de brinquedos pedagógicos, da interação com a família ou mesmo de desenhos na televisão. Por essa razão, desde as séries iniciais já é iniciado um trabalho voltado para o ensino de geometria. Então por que no Ensino Fundamental e até mesmo no Ensino Médio os alunos apresentam dificuldade de identificar ou classificar algumas formas geométricas? A resposta para essa pergunta para é simples: apesar de estarem cercados por polígonos e outras formas a todo o tempo, muitos alunos não conseguem associar, por exemplo, que uma janela tem a forma de um retângulo porque ficam presos a uma figura que viram no livro de Matemática.
Mas isso pode ser mudado se o aluno passar por uma
abordagem diferenciada das formas geométricas na Educação Infantil com vistas à compreensão das formas, bem como de suas diferenças e semelhanças. Em vez de estimular os “decorebas”, a aula deve visar ao real entendimento sobre as formas.
Uma alternativa é trazer para a sala de aula brinquedos
pedagógicos com as formas geométricas que a escola possua. Outra proposta é que o professor, junto à turma, realize a confecção de formas geométricas através de materiais como o isopor ou o emborrachado. No caso do isopor, o professor pode cortar as figuras e pedir aos alunos que pintem cada forma de acordo com determinado padrão. Por exemplo: figuras com três lados devem ser coloridas de amarelo; as figuras que possuam quatro lados, de azul; entre outras variações. Confeccionadas as formas, os alunos devem tocá-las, e o professor pode fazer perguntas como: “Você conhece essa forma?”, “Qual é a diferença desta com aquela outra forma?”. Os alunos devem escolher uma das figuras e compará-la com a dos demais.
Em outro momento, o educador pode vendar um dos alunos ou
simplesmente deixá-lo de costas para o restante da turma. Em seguida, basta escolher uma das formas para que os demais alunos descrevam a figura para o que está vendado ou de costas. Com a descrição, ele deve fazer um desenho da forma descrita pelos colegas ou realizar a sua confecção através de materiais simples, como massa de modelar. Essa atividade deve ser repetida até que todos os colegas tenham participado pelo menos uma vez. Com esse tipo de aula, os alunos conseguem compreender as diferenças básicas entre as formas geométricas, pois devem encontrar uma maneira de diferenciar polígonos semelhantes, como é o caso do quadrado, losango e retângulo.
Se os alunos já estão na 1ª fase do Ensino Fundamental, o
professor pode colar formas geométricas no quadro e pedir para que os alunos escrevam no caderno todas as características de cada uma, esmiuçando todos os detalhes possíveis. Feito isso, eles devem escrever na lousa, junto às figuras, as características que julgarem mais adequadas. Após conseguirem detalhar bem essas formas, os nomes de cada uma delas podem ser apresentados. Além disso, pode ser sugerido que os alunos procurem essas figuras pela escola ou na rua e façam desenhos ou tirem fotos delas para apresentar para a turma.
Uma alternativa para ampliar a abordagem das propostas para o
ensino de geometria acima discutidas é propor aos alunos que eles tentem fazer as formas trabalhadas através do geoplano — uma importante ferramenta no ensino da geometria — ou ainda através de objetos simples como canudinhos ou palitos de picolé.
Os estudos iniciais sobre geometria abordam situações
relacionadas à forma, dimensão e direção. O objetivo de ensinar geometria aos alunos do 1º ao 5º ano está ligado ao sentido de localização, reconhecimento de figuras, manipulação de formas geométricas, representação espacial e estabelecimento de propriedades. Uma base consolidada objetiva uma maior facilidade nos conteúdos do 6º ao 9º ano. Por isso, os profissionais das séries iniciais devem trabalhar de forma estruturada. O grande problema desse ramo da matemática se divide em dois: a sensação de que o conhecimento seja intuitivo e que as informações fazem parte do cotidiano do aluno. Não devemos encarar dessa forma, pois alguns alunos precisam ser monitorados, pois não conseguem criar uma relação entre a geometria e o mundo ao seu redor.
Analisando pelo lado construtivista, o aluno estabelece seu
espaço na medida em que o pensamento cognitivo seja colocado em ação. Dessa forma, os alunos que possuem um maior grau de habilidade se destacam, relacionando a geometria a outros contextos. É com base nesse caso que a escola deve acionar mecanismos, a fim de fornecer o conhecimento de forma gradual, atendendo a todos os alunos de forma igualitária.
O professor deve aproveitar os diferentes pontos de vista e
opinião dos alunos, criando um ambiente de discussão de ideias, debates e formulação de novas definições. Trabalhos assim valorizam o aluno, pois ao utilizar conceitos particulares nas aulas, sua autoestima é valorizada. Alguns conteúdos possuem afinidade com a geometria, como os mapas, as figuras, os sólidos, as planificações entre outros.
Com o auxílio dos mapas, o aluno utiliza de formas
bidimensionais no estudo de situações tridimensionais. O sentido de localização é colocado em prática e termos como latitude, longitude e altitude são relacionados às coordenadas geográficas de países, estados e cidades. Essa seria uma boa oportunidade para a formação de uma parceria com o professor de Geografia, colocando em prática a interdisciplinaridade entre as ciências exatas e humanas.
As figuras e os sólidos são primordiais para o sucesso do aluno
nas séries seguintes. Podemos relacionar novamente as formas bidimensionais e tridimensionais através da planificação dos objetos. Todo sólido pode ser apresentado na forma de figura plana, denominada planificação, que possui como característica principal demonstrar o número de vértices, arestas e faces do sólido. Com isso a aluno está apto a classificar e nomear as figuras espaciais existentes e discutir os procedimentos a serem adotados na resolução de problemas. A esse conjunto de conteúdos, que devem ser abordados desde as séries iniciais, estão associados os conceitos geométricos pertencentes ao Ensino Médio.
A junção de toda a estrutura do Ensino Fundamental I e II,
envolvendo os conceitos geométricos, será utilizada na Geometria Analítica, onde o aluno tomará conhecimento de que todas as formas possuem fundamentos e estruturação matemática. Por isso devemos incluir em nossos planos os temas relacionados ao ensino da geometria, com o objetivo de conscientizar o aluno de sua extrema importância curricular. A proposta deve ir além da manipulação de sólidos e da observação de figuras, a fim de acabar de vez com a ruptura que existe entre a aprendizagem de representações planas e de sólidos tridimensionais, como se ambos não estivessem presentes simultaneamente na vida da criança.