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Início » Ustra, morto e vivo (por Caroline Silveira Bauer) VÍDEOS

Ustra, morto e vivo (por Caroline Silveira


Bauer)
Publicado em: maio 2, 2016

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Na manhã de quinta-feira (28), as portas do Restaurante Universitário da


Universidade Federal do Rio Grande do Sul estavam pichadas com a seguinte
frase: “Ustra vive”. Não foram as primeiras manifestações deste teor feitas na Famílias kaingang realizam retomada de terra
em Passo Fundo
calada da noite nas dependências da universidade – “cotistas = macacos”, “negro
só se for na cozinha do RU”, bem como as agressões ao estudante indígena e as
ameaças e apologia ao estupro que as estudantes vem recebendo. Eles estavam

silenciosos, mas sempre estiveram ao nosso lado. A representatividade pública no PUBLICIDADE
executivo e no legislativo tem legitimado essas manifestações.

Ustra morreu em 2015, mas continua vivo. Foi condenado em uma ação declaratória, que permitiu à uma
família paulista de intitula-lo “torturador”. Uma família inteira recolhida a dependências policiais e militares,
incluindo duas crianças, que foram obrigadas a ver os pais torturados, e uma mulher no nal da gestação.
Subversivos, os adultos? Integrantes de organizações clandestinas, algumas de luta armada. O Estado
possuía mecanismos jurídicos para puni-los sem o uso da tortura física e psicológica? Com certeza. Por
que a aplicação da tortura? Porque se tratava de uma forma institucionalizada de coleta de informações e Cacique kaingang disputará cadeira na
Assembleia Legislativa pelo PSOL
de punição, legítima perante a sociedade.

Ustra, como comandante do DOI-CODI, deveria ter sido responsabilizado não somente pelos atos
praticados, mas também pela omissão em investigar as outras centenas de denúncias de torturas, mortes
OPINIÃO PÚBLICA
e desaparecimentos ocorridos em sua jurisdição. Eis que inicia sua relação com a impunidade.
A crescente onda eleitoral de
despersonalização da política (por Mandato
Assim como outros tantos militares envolvidos na repressão da ditadura civil-militar, Ustra passou Coletivo do Distrito Federal)
incólume pela transição política – seja pela lei de anistia, seja pela instituição do silêncio como forma de
conferir sentido ao passado recente. Sua existência, nunca esquecida por suas vítimas, foi tornada pública, O 25 de julho e a luta pela vida da mulher negra
novamente, com a denúncia de uma deputada federal, que o encontrou como adido militar na embaixada (por Karen Santos)

brasileira no Uruguai. E a resposta do militar veio em seu livro, que, parafraseando o título da obra, rompeu
o silêncio. E, assim, na conjuntura da reconstrução da democracia no Brasil, surgia uma produção que
sintetizava um pensamento corrente na autoritária sociedade brasileira: a tortura é uma prática legítima, COLUNISTAS
justi cável e que, historicamente, era/seria impune.
Via Campesina
Vejamos um dado recente, não sem antes lembrar que o crime de tortura é subnoti cado, ou seja, ocorre e O golpe atinge as sementes
é pouco registrado. Entre os meses de fevereiro de 2011 e fevereiro de 2012, a Secretaria de Direitos crioulas
Humanos da Presidência da República recebeu 1.007 denúncias torturas. Em outras palavras, se levarmos
apenas em consideração os casos denunciados, quase 3 pessoas são torturadas por dia no Brasil. Essa
informação permite que se a rme que a tortura não foi um método que se extinguiu com o término da Coluna APPOA
ditadura – como esperar algo diferente, se as instituições e algumas formações de agentes de segurança Sol na praça, Presidente…
permaneceram as mesmas?

Uma das respostas possíveis é que “Ustra vive”. Vive na memória e na pele das suas vítimas que não
conseguiram vê-lo responsabilizado penalmente por seus inúmeros crimes, ou seja, vive na impunidade; Selvino Heck
vive em uma memória apologética da ditadura civil-militar, ou seja, nesta justi cativa da utilização da O país vai/precisa “pegar fogo”
tortura; vive nesta legitimidade do extermínio, desde que o exterminado seja o outro; vive neste senso
comum que acredita que direitos humanos só protegem bandidos.

O repúdio que a pichação gera em mim como professora da universidade, como pesquisadora do tema e
como cidadã, não me impede de constatar que, sim, “Ustra vive”. Talvez seja uma lembrança para re etir PUBLICIDADE
sobre as práticas autoritárias que nos permeiam na sociedade; ou então, um recado sobre os tempos
vindouros. Mas também pode signi car que estamos certos em resistir às apologias fascistas que tentam
nos empurrar goela à baixo: ainda bem que encontraram as portas do restaurante fechadas.

.oOo.
SUJEITOS DA ESCOLA PÚBLICA
Caroline Silveira Bauer é professora de História do Brasil na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Doutora pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pela Universitat de Barcelona, é autora do livro
“Brasil e Argentina: ditaduras, desaparecimentos e políticas de memória.

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