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Portugal

No reinado de D. João II (1481-1495), cria-se o Desembargo do Paço, grande órgão da administração da


justiça: um Conselho de Justiça (responsável por administrar todos os outros tribunais; nomear juízes,
corregedores e desembargadores – é o órgão superior do sistema judicial). “Ao lado dele estão os altos
tribunais do reino: em primeiro lugar a Casa de Suplicação de Lisboa; em segundo lugar a Mesa de
Consciência e Ordens (cuja competência abrangia as matérias eclesiásticas, as Ordens Militares)”.

Havia também os tribunais intermediários (ou relações): a Relação do Porto (criada em 1580), a Relação de
Goa (Índia), a Relação da Bahia e a do Rio de Janeiro (1609 e 1751, respectivamente).

Os cargos judiciais eram:

§ Juiz de fora: nomeados pelo rei, para exercerem uma jurisdição que competia com a dos juízes
ordinários, leigos e eleitos pelas Câmaras; portavam uma vara (bastão) branca em público.

§ Corregedores: jurisdição era definida como uma Comarca; função de ouvir recursos, investigar,
inspecionar eleições, denunciar criminosos, supervisionar os serviços públicos.

§ Juízes de órfãos: função de cuidar das causas envolvendo órfãos, ausentes, escravos, irmandades
ou associações religiosas leigas.

§ Ligados à justiça, mas sem exercerem jurisdição: oficiais auxiliares (escrivões, inquiridores,
meirinhos, etc.).

Para ter maior controle do aparelho judicial, a Coroa criou vários cargos com jurisdições que se
sobrepunham e regulou o sistema “de modo a permitir cada vez mais que os tribunais mais próximos do rei
pudessem ouvir apelos e recursos vindos de tribunais e magistraturas locais e inferiores”.

A partir de 1539, “exigiu-se de todo juiz de fora e corregedor o título de bacharel universitário em direito”.

Brasil

A administração da justiça no período das capitanias hereditárias era competência dos donatários que,
como soberanos da terra, eram os administradores, juízes e chefes militares.

O mesmo documento que designava esses poderes, a Carta de Doação, também orientava para a criação
da primeira autoridade da Justiça Colonial, o cargo de ouvidor, que era designado e subordinado aos
senhores donatários pelo prazo de três anos, com possível renovação, tendo meramente a função de
representantes judiciais dos proprietários das capitanias, com competência sobre ações civis e criminais.

Nessa época das capitanias, havia a tripartição dos poderes jurisdicionais:

§ Juízes municipais (ordinários, das Câmaras): ocupando a base do sistema;

§ Justiça senhoril dos donatários e governadores: justiça intermediária exercida pelos ouvidores, ora
exclusiva (dependendo da pessoa ou da matéria), ora instância de recurso da decisão municipal;

§ Tribunais superiores (de apelação): no topo estavam os tribunais da Metrópole, com competência de
ouvir apelações e agravos, diretamente ligados ao rei.

Com o advento dos governos-gerais, a situação mudou de forma considerável, sendo criada uma justiça
colonial, possível graças à reforma político-administrativa que impôs um sistema de jurisdição
centralizadora, regida pela legislação da Coroa. No regimento de Tomé de Sousa, menciona-se o seu
Ouvidor-geral, que ocuparia o topo da hierarquia na vida judiciária colonial, os donatários deveriam
submeter-se a ele, começando então a diminuição dos poderes dos donatários.

“Ao lado do ouvidor vinha o séqüito de oficiais menores: escrivão para lavratura dos atos (autos) do
processo, tabelião (para a redação de documentos como notário), meirinhos (oficiais de diligências),
eventualmente os inquiridores (cuja função era tomar os depoimentos das testemunhas e inquiri-las), etc.”.

Em 1549, com o primeiro governo-geral, aumentaram as responsabilidades burocráticas e fiscais, fazendo


que os primeiros ouvidores se tornassem ouvidores-gerais, com mais poderes e menos dependência da
administração política.

Tal realidade refletia o desejo da Coroa de melhorar a justiça, assim como centralizar mais o poder e, no
ano seguinte, o interesse dessa pela colônia aumentou, fazendo com que o ouvidor-geral adquirisse cargos
cada vez mais poderosos, tanto quanto eram os de governador-geral e de provedor-mor da fazenda. Para
resolver as questões de justiça, seu poder era quase ilimitado, sujeito apenas a seu próprio arbítrio e sem o
direito de apelação.

“Na medida em que o governo do Brasil saiu das mãos dos donatários das capitanias e passou a ser
diretamente controlado pela Coroa, os funcionários judiciais (...) assumiram importantes funções políticas e
administrativas”.

Quanto mais aumentavam as cidades e a população, maior era o número de conflitos e a necessidade de
expandir o quadro de funcionários da justiça. Sendo assim, foi implantado um sistema semelhante ao
português:

§ Primeira instância: juízes singulares, divididos em ouvidores, juízes ordinários e juízes especiais (de
vintena, de fora, de órfãos, de sesmarias, etc.);

§ Segunda instância: juízes colegiados que se agrupavam em Tribunais de Relação, seus membros
eram chamados de desembargadores e suas decisões eram os acórdãos;

§ Terceira instância: Tribunal Superior, com sede na Metrópole, representado pela Casa de Suplicação
(que posteriormente teve uma sede no Brasil, mesmo assim continuou sendo uma “instituição remota para
a maioria dos brasileiros”).

Criado em 1587 para atuar na Colônia, o primeiro Tribunal de Relação não chegou a entrar em
funcionamento, pois os dez ministros nomeados não puderam sair de Portugal. Posteriormente, a
Metrópole constituiu um segundo Tribunal de Relação, regulamentado em 7 de março de 1609, com intuito
de ocorrer no estado da Bahia, mas devido à invasão holandesa, o Tribunal foi suspenso temporariamente
por um alvará expedido em 5 de abril de 1626, sendo reaberto somente em setembro de 1652, por
interesse da Câmara Baiana.

O tribunal foi constituído com dez desembargadores, todos letrados e, “estando a Bahia na rota de
navegação para a África, a Relação ficou incumbida de julgar causas dos territórios africanos”. Também era
função dessa Relação fiscalizar a Câmara de Salvador e todos os “oficiais de justiça” e o poder inspetivo
(ou de polícia).

“Os castigos ou penas mais comuns, seguindo critérios normais da época eram multas, degredo
(obrigação de residência em certo lugar), marca com ferro para identificar certos tipos como criminosos,
espancamento e morte por enforcamento ou decapitação”. A prisão não era utilizada como pena, apenas
tinha a função preventiva, de assegurar as investigações ou garantir a ordem. Os criminosos eram
beneficiados por cartas de fiança, sendo assim, os brancos compravam sua liberdade e os negros eram
resgatados por interesse de seus donos. Portanto quem sofria as penas eram os brancos pobres, os
libertos, os artesãos e os trabalhadores braçais.

“Era caro e desconfortável para os desembargadores irem até o sertão fazer residências ou correições”,
desse modo “o sertão tornava-se sinônimo de esconderijo e terra sem lei”.

O funcionamento desse Tribunal, assim como também viria a acontecer no Rio de Janeiro, consolidou-se
numa forma de administração judiciária não mais dominada pelo ouvidor-geral, e sim centrada na
burocracia de funcionários treinados pela Metrópole e compreendia em “três situações do ponto de vista
jurídico processual. Era uma instância recursal e enquanto tal recebia dois tipos de recursos: as ações e os
agravos. Recebia ações novas nas áreas civil, criminal e do patrimônio estatal, em certos casos. Possuía,
também, competência avocatória em situações de juízo criminal.” (WEHLING, Arno e WEHLING, Maria
José. “A Atividade Judicial do Tribunal da Relação do Rio de Janeiro, 1751 – < xml="true" ns="urn:schemas-
microsoft-com:office:smarttags" prefix="st1" namespace="">1808”. Revista do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, 156 (386): jan./mar. 1995, p. 81.).

Os magistrados eram leais e obedientes aos interesses reais, evitando ao máximo o envolvimento com a
vida local, através de regras como a permanência por apenas certo período de tempo no mesmo lugar e a
proibição de casar sem licença especial. Para exercer essa atividade profissional era necessário ser
graduado pela Universidade de Coimbra, ter exercido a profissão por dois anos, ter sido selecionado
através do exame de serviço público realizado pelo Desembargo do Paço em Lisboa, além de uma origem
social privilegiada. A carreira iniciava como “juiz de fora”, em seguida ouvidor da comarca e corregedor,
podendo ser designado tanto para a Metrópole como para as colônias.

Outros Tribunais de Relação foram implantados no Brasil: em 1751 no Rio de Janeiro (para maior
“integração” do sul do País e maior eficácia da máquina judiciária), em 1812 no Maranhão e em
Pernambuco no ano de 1821.

Junto ao organismo judiciário da época, existiam as Juntas de Justiça, já referidas pelo Regimento de Tomé
de Souza, que passaram a ter maior importância a partir de 18 de junho de 1765, quando se tornaram
extensivas a todo território brasileiro, onde houvesse ouvidores. Os tribunais eram compostos pelo ouvidor
da capitania e de dois letrados adjuntos, responsáveis pela sentença em certas partes do País.

Analisando a administração da justiça no período colonial, Stuart B. Schwartz relatou a convivência e a


inter-relação de duas, complexas e opostas, formas de organização sócio-política:

§ As “relações burocráticas, calcadas em procedimentos racionais, formais e profissionais”;

§ As “relações primárias pessoais baseadas em parentesco, amizade, apadrinhamento e suborno”.

“O entrelaçamento desses dois sistemas – burocracia e relações pessoais – projetaria uma distorção que
marcaria profundamente o desenvolvimento de nossa cultura jurídica institucional”.

Em virtude desse entrelaçamento, surgiu um fenômeno chamado “abrasileiramento”, “a corrupção das


metas essencialmente burocráticas, porquanto os critérios de validade passavam a ser imputados a
pessoas, à posição social e a interesses econômicos”.

É indiscutível o fato de que no Brasil-Colônia, “a administração da justiça atuou sempre como instrumento
de dominação colonial”.

É importante ressaltar, que além das formas convencionais de administração da justiça, havia a forte
presença da Igreja Católica e sua “justiça eclesiástica acolhida e resguardada pela Inquisição”. Apesar de
não ter existido um Tribunal Inquisitorial do Brasil, “a Inquisição teve atuação marcante na Colônia com as
chamadas Visitação do Santo Ofício” e, em casos muito graves, os acusados eram mandados ao Tribunal
Inquisitorial de Lisboa.
A estrutura jurídica no Brasil colonial criação, ordenação e
implementação
por Leandro Fazollo Cezario
SUMÁRIO: 1 INTRODUÇÃO. 2 ESTRUTURA JURÍDICA DO IMPÉRIO PORTUGUÊS. 3 INÍCIO DA
JUSTIÇA NO BRASIL COLÔNIA. 3.1 ESTRUTURA DO JUDICIÁRIO NO BRASIL COLÔNIA. 3.1.1
PRIMEIROS TRIBUNAIS NO BRASIL COLÔNIA. 4 CONCLUSÃO. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
1 INTRODUÇÃO
O período historicamente denominado Brasil Colônia – em que o Brasil esteve sob domínio de Portugal –
compreende os anos de 1500 até 1822.
Procuraremos esmiuçar toda a complexidade estrutural do sistema judicial brasileiro neste período colonial,
desde a sua criação, suas influências, a sua implementação e a sua consolidação, que reflete no modelo
vigente nos dias atuais.
Para destrincharmos e compreendermos a estrutura judicial no Brasil Colônia é preciso, de antemão,
conhecermos um pouco do que foi a estrutura jurídica portuguesa à época
2 ESTRUTURA JURÍDICA DO IMPÉRIO PORTUGUÊS
Cabia ao rei a administração da justiça. Em muitos documentos e leis, a justiça é considerada a primeira
responsabilidade do rei.
O ordenamento e toda a estrutura jurídica portuguesa estavam reunidos nas Ordenações.
Três grandes compilações formavam a estrutura jurídica portuguesa. O primeiro a ordenar uma codificação
foi D. João I, que reinou de 1385 a 1433. A elaboração atravessou o reinado de D. Duarte, a regência de D.
Leonor, sendo promulgadas pelo recém-coroado Afonso V, que, apesar de nada ter contribuído para a obra,
deu-lhe nome: Ordenações Afonsinas, que vigoraram de 1446 a 1521, ano em que D. Manoel promulgou a
que levou seu nome: Ordenações Manoelinas, fruto da revisão das Afonsinas e da recompilação das leis
extravagantes[1]. Depois das Manoelinas, Duarte Nunes de Leão recompilou novas leis extravagantes, até
1569, publicação muito conhecida por Código Sebastiânico, apesar de não ter havido participação ativa de
D. Sebastião. Uma nova revisão das Ordenações foi encomendada pelo rei Filipe II a grupo de juristas
chefiado por Damião de Aguiar, que as apresentou e obteve aprovação, em 1595, somente impressa e
entrada em vigor em 1605 com o nome de Ordenações Filipinas.[2]-[3]
As Ordenações abrangiam juridicamente não só a sede do império, mas também suas colônias, porém, nem
todas as leis eram de fácil aplicação no Brasil (assim como em outras colônias, onde muitas leis precisaram
ser adaptadas), devido às peculiaridades culturais ou à falta de condições (de aplicação).
3 INÍCIO DA JUSTIÇA NO BRASIL COLÔNIA
Em 1530 chega ao Brasil a primeira expedição colonizadora, chefiada por Martim Afonso de Sousa. Foi-lhe
concedido plenos poderes, tanto judiciais quanto policiais; assim como aos donatários das capitanias
hereditárias, que também gozavam dos mesmos poderes.
Devido a abusos nas funções judiciais que alguns cometiam, houve uma estruturação do judiciário (que
iniciou-se em 1549, com a instalação do Governo-Geral, por Tomé de Sousa).
Junto com o Governador-Geral veio o Desembargador Pero Borges, que desempenhou a função de
administrador da Justiça, no cargo de Ouvidor-Geral.
Cada capitania tinha um Ouvidor da Comarca, que solucionava as pendengas jurídicas nas vilas.
Caso alguém se sentisse prejudicado com alguma decisão do Ouvidor da Comarca, poderia recorrer ao
Ouvidor-Geral, que ficava na Bahia.
Devido à complexidade e especificidades das funções judiciais da época (as funções judiciais confundiam-
se com as funções administrativas e também com as funções policiais) haviam outros responsáveis pela
efetivação das atividades jurisdicionais nas comarcas: chanceleres, contadores e vereadores, que
formavam os Conselhos ou Câmaras Municipais.
Na Bahia surgiram os Juízes do Povo, que eram eleitos pela população.[4]
Também houve os almotacés[5], que tinham jurisdição restrita (assim como os Juízes do Povo). Os
almotacés julgavam as causas relacionadas a obras e construções; e de suas decisões cabiam recursos
para os ouvidores da comarca.
Com o tempo o Corregedor passou a ter mais poderes sobre os ouvidores e juízes, tornando-se a
autoridade judiciária superior nas Comarcas.
3.1 ESTRUTURA DO JUDICIÁRIO NO BRASIL COLÔNIA
Com a chegada da corte real ao Brasil, vieram, também, os juízes, que eram chamados de ouvidores do
cível e ouvidores do crime (o nome variava conforme a especialidade que julgavam). Estes juízes formaram
o que denominou-se Casa da Justiça da Corte.
Além das Ordenações, as fontes normativas utilizadas pelo judiciário da época eram:
“Lex Romana Wisigothorum – direito comum dos povos germânicos;
Privilégios – direitos assegurados aos nobres pelos reis;
Forais – leis particulares locais, asseguradas pelos reis.”[6]
Com a expansão do reino pela reconquista do território da península ibérica aos mouros, e a uniformização
das normas legais, consolidadas nas Ordenações do Reino (Afonsinas de 1480, Manoelinas de 1520 e
Filipinas de 1603), foram surgindo outras figuras para exercerem a função judicante e aplicarem as diversas
formas normativas:
Juízes da Terra (ou juízes ordinários) – eleitos pela comunidade, não sendo letrados, que apreciavam as
causas em que se aplicavam os forais, isto é, o direito local, e cuja jurisdição era simbolizada pelo bastão
vermelho que empunhavam (2 por cidade).
Juízes de Fora (figura criada em 1352) – nomeados pelo rei dentre bacharéis letrados, com a finalidade de
serem o suporte do rei nas localidades, garantindo a aplicação das ordenações gerais do Reino.
Juízes de Órfãos – com a função de serem guardiões dos órfãos e das heranças, solucionando as
questões sucessórias a eles ligados.
Provedores – colocados acima dos juízes de órfãos, para o cuidado geral dos órfãos, instituições de
caridade (hospitais e irmandades) e legitimação de testamentos (feitos, naquela época, verbalmente, o que
gerava muitos problemas).
Corregedores – nomeados pelo rei, com função primordialmente investigatória e recursal, inspecionando,
em visitas às cidades e vilas que integravam sua comarca, como se dava a administração da Justiça,
julgando as causas em que os próprios juízes estivessem implicados.
Desembargadores - magistrados de 2ª instância, que apreciavam as apelações e os recursos de
suplicação (para obter a clemência real). Recebiam tal nome porque despachavam ("desembargavam")
diretamente com o rei as petições formuladas pelos particulares em questões de graça e de justiça,
preparando e executando as deciões régias. Aos poucos, os reis foram lhes conferindo autoridade para
tomar, em seu nome, as decisões sobre tais matérias, passando a constituir o Desembargo do Paço.[7]
A Casa da Justiça da Corte passou, então, a se chamar Casa da Suplicação, mudando também sua função,
constituindo-se um tribunal de apelação.
A Casa da Suplicação era formada por duas mesas, uma cívil (do Cívil) e uma criminal (do Crime), também
conhecida como “casinha” e formalmente chamada de Desembargo do Paço (julgava as apelações
criminais onde a pena imputada fosse a pena de morte, podendo ser agraciada, ou não, com a concessão
da clemência real.
Em 1521 o Desembargo do Paço transformou-se em corte independente e especial.
Em 1532 foi criada a Mesa de Consciência e Ordens para resolver os casos jurídicos e administrativos que
contavam com foro privilegiado, que eram os que referiam-se às ordens militar-religiosas: Ordem de Cristo,
Ordem de Avis e Ordem de Santiago.
Com o tempo a Mesa de Consciência e Ordens excedeu suas funções e passou a julgar as causas
eclesiásticas que envolviam os clérigos do reino.
Com a instituição dos Tribunais de Relação[8] como cortes de 2ª instância, a Casa da Suplicação passou a
ser a Corte Suprema para Portugal e as Colônias.
“Assim, a Casa da Suplicação passou a ser o intérprete máximo do direito português, constituindo suas
decisões assentos que deveriam ser acolhidos pelas instâncias inferiores como jurisprudência
vinculante.”[9]
O Corregedor ou o Provedor é quem decidia o que podia ser considerado como instância última (a indicação
das instâncias recursais variava pelo valor da causa) e, conforme o valor, a apelação poderia ser direta para
o Tribunal de Relação.
“Essa é a origem do instituto da alçada como limite valorativo para revisão de determinada decisão.”[10]
3.1.1 PRIMEIROS TRIBUNAIS NO BRASIL COLÔNIA
Em 1587, Filipe II criou um Tribunal de Relação no Brasil: o Tribunal de Relação da Bahia.[11] Com a
criação desse órgão colegiado, houve um declínio nos poderes dos ouvidores.
Sob pressão dos Governadores-Gerais (que controlavam os ouvidores[12]), o tribunal de Relação da Bahia
foi extinto em 1626, voltando a ser reinstalado em 1652, desta vez como Corte Superior Brasileira.
Em 1734 foi criado o Tribunal de Relação do Rio de Janeiro[13] (para desafogar o excesso de processos
que comprometiam o bom funcionamento do Tribunal de Relação da Bahia).
O Tribunal de Relação do Rio de Janeiro era formado por 10 Desembargadores (divididos em 4 Câmaras de
2 ou 3 juízes).
Uma missa era celebrada antes das sessões “para que as decisões a serem tomadas fossem presididas
pelo ideal de Justiça.”[14]
Em 1758 foi criado a Junta de Justiça do Pará, que era um órgão recursal colegiado de nível inferior aos
Tribunais de Relações. Era presidida pelo Governador da província e formada por 1 ouvidor, 1 intendente, 1
Juiz de Fora e 3 vereadores. Adotavam uma forma processual sumária.
A partir de 1765 foram criadas outras juntas semelhantes, abrangendo localidades distantes. “Assim (…) foi
se estruturando a Justiça no Brasil, através da criação de Cortes de Justiça responsáveis pela revisão das
sentenças dos magistrados singulares de 1º grau.”[15]
A partir do século XVII começam a funcionar tribunais e juizados especializados: Juntas Militares e
Conselhos de Guerra (para julgar os crimes militares e crimes conexos); Juntas da Fazenda (para apreciar
as questões alfandegárias, tributárias e fiscais); Juntas do Comércio (para apreciar as questões
econômicas, envolvendo também a agricultura, navegação, indústria e comércio).[16]
Já no fim do período colonial, o Brasil possuia seus tribunais e magistrados próprios, porém as instâncias
recursais superiores encontravam-se em Portugal.
A estrutura da Justiça brasileira, no fim do período colonial era a seguinte:
1ª Instância
Juiz de Vintena (Juiz de paz para os lugares com mais de 20 famílias, decidindo verbalmente pequenas
causas cíveis, sem direito a apelação ou agravo (nomeado por um ano pela Câmara Municipal).
Juiz Ordinário (eleito na localidade, para as causas comuns);
Juiz de fora (substituía o ouvidor da comarca).
2ª Instância
Relação da Bahia (de 1609 a 1758, teve 168 Desembargadores);
Relação do Rio de Janeiro.
3ª Instância
Casa da Suplicação;
Desembargo do Paço;
Mesa da Consciência e Ordens.[17]
Com a vinda da família real ao Brasil em 1808, a Relação do Rio de Janeiro foi transformada em Casa da
Suplicação para todo o Reino, com 23 desembargadores (Alvará de 10 de maio de 1808), criando-se, então,
as Relações do Maranhão, em 1812, e de Pernambuco, em 1821.
Como órgãos superiores das jurisdições especializadas, foram instituídos nessa época:
Conselho Supremo Militar (Alvará de 1 de abril de 1808);
Mesa do Desembargo do Paço e da Consciência e Ordens (Alvará de 22 de abril de 1808);
Juiz Conservador da Nação Britânica (Decreto de 4 de maio de 1808), como garantia de foro privilegiado
para os súditos ingleses, sendo exercido por um juiz brasileiro, mas eleito pelos ingleses residentes no
Brasil e aprovado pelo embaixador britânico (foi mantido após a independência brasileira, como parte do
tratado de reconhecimento da independência pela Inglaterra, sendo extinto pela Lei de 7 de dezembro de
1831);
Intendente Geral de Polícia (Alvará de 10 de maio de 1808), com jurisdição sobre os juízes criminais, que
recorriam para ele, podendo prender e soltar presos para investigação;
Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas, Navegação do Estado e Domínios Ultramarinos
(Decreto de 23 de agosto de 1808).[18]
4 CONCLUSÃO
É de se notar – e impossível deixar que passe despercebido aos olhos mais atentos – que a burocracia está
no âmago da Justiça brasileira desde o seu nascimento, desde a sua criação. O sistema judicial e o sistema
jurídico (com diferenças entre ambos, no que tange à semântica) herdaram uma estruturação altamente
burocrática e, talvez, por isso, devido aos vários postos e cargos que engendram a máquina judiciária – no
passado e hodiernamente – temos uma Justiça arcaica e lenta.
Também não podemos deixar de frisar o papel que o sistema jurídico teve nos primeiros séculos, onde
serviu tão somente como instrumento de manutenção do poder imperial português; onde não havia uma
justiça plena e igualitária como a “conhecemos” nos dias modernos (ou pelos menos como pretendemos
que ela seja).
Segundo Wolkmer, durante o período colonial, os bacharéis brasileiros eram preparados e treinados para
servir aos interesses da administração colonial. A arrogância profissional, o isolamento elitista e a própria
acumulação do trabalho desses magistrados (...) motivaram as forças liberais para desencadear a luta por
reformas institucionais, sobretudo, para alguns, no âmbito do sistema de justiça.[19]
Não atentemos somente às críticas negativas, pois também é louvável a evolução que o sistema jurídico
brasileiro experimentou neste período, com uma estrutura complexa (um sinal positivo, por que não?), pois
é na complexidade que as várias formas de pensar se encontram e interagem, formando – ou ao menos
tentando formar – e experimentando, um Direito moderno e evolutivo por natureza.
1- O que é direito ?

2- Características básicas do direito burguês ?


*geral -
*abstrato -
*coercível -
*impessoal -

3- Institutos principais
*propriedade privada
*contrato
*direitos subjetivos
*sucesssão

4- Paradigma da modernidade
*segurança
*certeza
5- Direito no brasil colônia
*formação social/produção econômica
*cartas de doação/forais/sesmarias/capitanias hereditárias
*pacto colonial
6- Características do estado português no brasil - colônia
*patrialismo
*burocracia
*tradicção conservadora
*pessoalidade
*elitismo
*liberalismo
7- Administração da justiça
*capitanias(donatario) - ouvidor
*governo geral(ouvidor-mor)
*estrutura hierarquica
8- Ordenações
*afonsinas
*manuelinas
*filipinas
9- A constituição de 1824
*monarquia hereditária parlamentar
*poder moderador
*voto censitário
10- O código criminal de 1830
*maioridade penal: 14 anos
*crime justificável
*pena de morte(forca)
*conselho de jurados(tribunal do juri)
*imprescritibilidade das penas
*juri popular
11- Código de processo penal de 1832
*juiz de paz como conciliador
*juri da pronuncia/juri da sentença
12- O código comercial (1850) e código civil (1916)
13- Casa de suplicação
13- Tribunal de relação
14- Ouvidor de comarca
15- juizes de paz
16- O direito no império brasileiro
* as ordenações filipinas
* a carta outorgada de 1824
*o código criminal de 1830
* o código de processo penal de 1832
*o código comercial de 1850
17-A carta outorgada de 1824
*o poder emana do povo
*poder moderador
*272 artigos
*restrição aos estrangeiros
*voto censitário
*monarquia parlamentar hereditaria
*tranformação das capitanias em províncias
*juri popular

http://www.scribd.com/doc/26370694/Wolkmer-Antonio-HISTORIA-DO-DIREITO-NO-BRASIL

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