Anda di halaman 1dari 17

GABINETE DE INVESTIGAÇÃO E ACÇÃO SOCIAL

DO INSTITUTO SUPERIOR ECONÓMICO E SOCIAL DE ÉVORA

87

ECONOMIA
E

SOCIOLOGIA
A MODERNIDADE ENTRE SECULARIZAÇÃO
E TEOLOGIA POLÍTICA

É V O R A
2 0 0 9
ÍNDICE

APRESENTAÇÃO ...................................................................................... 5

Augusto da Silva
A SECULARIZAÇÃO AO ESPELHO DA SOCIOLOGIA DA
RELIGIÃO .......................................................................................... 7

José Luis Villacañas


LA LEYENDA DE LA LIQUIDACIÓN DE LA TEOLOGÍA
POLÍTICA .......................................................................................... 25

Enrico Donaggio
RESISTIR AO SÉCULO XIX. FILOSOFIA, POLÍTICA E
SECULARIZAÇÃO EM KARL LÖWITH ...................................... 69

Alexandre Franco de Sá
SENTIDO E SENTIDOS DA TEOLOGIA POLÍTICA NO
PENSAMENTO DE CARL SCHMITT ......................................... 79

Giacomo Marramao
PRESENTE MESSIANICO – SULLA TEOLOGIA POLITICA
DELL’ «INATTESO» IN WALTER BENJAMIN ............................ 93

António Caselas
SECULARIZAÇÃO E TEOLOGIA ECONÓMICA EM
GIORGIO AGAMBEN ..................................................................... 107
Antonio Rivera García
LEO STRAUSS, LECTOR DE LOS TRATADOS TEOLÓGICO-
POLÍTICOS DEL SIGLO XVII ....................................................... 121

Olivier Feron
A MODERNIDADE ENTRE SECULARIZAÇÃO E TEOLOGIA
POLÍTICA .......................................................................................... 149

Silvério da Rocha-Cunha
DRÔLE DE POLITIQUE E SECULARIZAÇÃO NUMA ERA
DE COMPRESSÃO ........................................................................... 159

José Caselas
A IDEIA DE SECULARIZAÇÃO E O PAPEL DOS INTE-
LECTUAIS EM FOUCAULT E BAUMAN .................................. 171

LIVROS & LEITURAS .......................................................................... 187


Apresentação Apresentação 5

No discurso proferido na Universidade de Marburg durante as celebra-


ções do quinquagésimo aniversário da morte de Hermann Cohen, Karl Löwith
conta uma anedota que segundo ele ilustra significativamente as relações entre
filosofia e teologia. Quando o jovem filósofo é apresentado pelo seu pro-
tector Steinthal ao famoso Leopold Zunz, fundador da «Ciência do Judaísmo»,
Steinthal declara: «Senhor, este é o Doutor Cohen, antigo teólogo, actual filó-
sofo!», a que o célebre judaizante responde «um antigo teólogo é sempre um
filósofo!». Löwith comenta a resposta irónica de Zunz insistindo sobre o facto
de que no caso de Cohen, fundador da escola neokantiana de Marburg e autor
de A religião da razão extraída das fontes do judaísmo, a proposição podia e deveria
ser igualmente invertida: «o filósofo Cohen permaneceu sempre também um
teólogo judeu, tornou-se até cada vez mais»1. A anedota é tanto mais signifi-
cativa quando evocada pelo pensador que elaborou a tese, hoje tornada cliché,
segundo a qual a estrutura messiânica da temporalidade sagrada teria sido
deslocada pela modernidade racionalizante para o nível da história mundana, e
qualquer esforço de racionalização moderna incarnado na filosofia e nas ciên-
cias naturais teria projectado as esperanças escatológicas no horizonte inelu-
tável do progresso.
Quão abrangente seja a partir daqui a tese de Löwith para pensar a nossa
contemporaneidade na sua inscrição ao longo da história moderna, ela não
deixa de ser problemática na relação imediatamente necessária que estabelece
entre uma história sagrada e o curso mundano dos acontecimentos. Mas para
além dos debates que continuam a suscitar a análise das relações entre as histo-
ricidades sagradas e profanas, esta tese é reveladora da necessidade de proceder
a um exame reflexivo da nossa relação com o discurso do e acerca do religioso,
exame sem o qual nos será impossível analisar as condições pelas quais somos

1 K. Löwith, «Philosophie der Vernunft und Religion der Offenbarung in H. Cohens


Religionsphilosophie» in K. Löwith, Wissen, Glaube und Skepsis (Sämtliche Schriften 3), Stuttgart,
J. B. Metzlersche Verlagsbuchhandlung, 1985, pp. 353-354.

ECONOMIA E SOCIOLOGIA, n.º 87, Évora, 2009 (págs. 5-6)


6 Apresentação

movidos por certas esperanças e certas expectativas, sem o qual nos será difícil
avaliar a contribuição que a acção política pode ter na realização destas expec-
tativas e sobretudo apreciar com moderação se o nosso compromisso político
pode responder por si só a essas expectativas. No cruzamento das ordens polí-
tica, histórica, teológica e filosófica joga-se uma possível compreensão de nós
mesmos como modernos, ou seja, como sendo a partir daqui obrigados a assu-
mir uma certa responsabilidade na forma como fazemos a nossa história.

O. FERON
Universidade de Évora
A Secularização
A Secularização ao espelho da Sociologia da Religião 7

ao espelho da Sociologia da Religião

Augusto da Silva *

Resumo: Neste artigo, após se ter definido «secularização» e alguns conceitos afins ou complementa-
res, recorda-se como este fenómeno foi vivido e negociado em Portugal, no relacionamento da Igreja e do estado
após conflitos mais ou menos graves por meio de sucessivas «Concordatas», antes de a sociologia estar constitu-
ída como ciência. Descrevem-se em seguida as etapas percorridas pela Sociologia da Religião, desde a sociográ-
fica, num esforço de quantificação e representação gráfica da descristianização, passando pela busca dos factores
explicativos das desigualdades encontradas em diferentes tempos, lugares e categorias sociais, sua incidência nas
dimensões estruturantes, crenças, ritos, moral, organização e termina-se apontando o lugar dado à secularização
por alguns sociólogos portugueses em suas pesquisas sobre sociologia da religião.

Palavras-chave: secularização; sacralização; Syllabus; eclipses do sagrado; religião invisível.

Abstract: Following a definition of ‘secularization’ and of some related or complementary concepts,


this article focuses on the manner in which such phenomenon was lived and negotiated in Portugal, within
the framework of the relationship between the Catholic Church and the State in the aftermath of more or less
dramatic conflicts, by means of successive agreements with the Holy See (Concordatas) prior to Sociology
being acknowledged as a science. Attention will then be paid to the stages undergone by the Sociology of
Religion, ranging from the sociographic one, in an attempt to quantify and present a graphic representation
of the decline of Christianity, to the identification of the factors that explain the inequalities found at different
times, places and social categories, and their rate of influence on the structuring dimensions, beliefs, rites, morals
and organization. Closing remarks will focus on the place given to secularization by some Portuguese sociolo-
gists in their research on sociology of religion.

Keywords: secularization; sacralization; Sillabus; eclipse of the sacred; invisible religion.

1. O investigador que com olhar sociológico pretenda documentar-se


para estudar o fenómeno da secularização1, não poderá deixar de admirar-se

* Professor jubilado. Universidade de Évora.


1 SECULARIZAÇÃO (atestada em 1789, segundo António de Morais Silva). Palavra derivada de

secular, com os sufixos -izar e -ção (secular + -izar + -ção).


t 4FDVMBS (atestada no século XIV): etimologicamente, deriva do lat. saecularis «secular, relativo
a século». No latim eclesiástico adquiriu significado de «secular, profano, mundano, relativo

ECONOMIA E SOCIOLOGIA, n.º 87, Évora, 2009 (págs. 7-24)


La leyendaLade la liquidación
leyenda de la liquidación de la teología política 25

de la teología política

José Luis Villacañas *

Resumo: Este estudo pretende convocar os interlocutores que intervêm nas diferentes etapas da elabo-
ração da célebre teologia política de Carl Schmitt. Através da influência ou da crítica da obra de pensadores
como Hans Barion, Erik Peterson, Max Weber, Santo Agostinho ou Hans Blumenberg, acompanharemos o
percurso teórico que conduz Carl Scmitt a desenvolver os argumentos de uma recusa cada vez mais radical de
uma modernidade complexa através da univocidade reactiva, orgânica e imperial do teológico-político.
Palavras-chave: Secularização, teologia política, Concílio Vaticano II, Césaro-papismo.

Résumé: Cette étude prétend convoquer les interlocuteurs qui interviennent dans les différentes étapes
de l’élaboration par Carl Schmitt de sa célèbre théologie politique. Au travers l’influence ou la critique de
l’œuvre de penseurs comme Hans Barion, Erik Peterson, Max Weber, Saint Augustin ou Hans Blumenberg,
nous accompagnerons le cheminement théorique qui conduit Carl Schmitt a développer les arguments d’un
refus sans cesse plus radical d’une modernité complexe au travers de l’univocité réactive, organique et impériale
du théologico-politique.
Mots clefs: Sécularisation, théologie politique, modernité, concile Vatican II, Césaro-papisme.

Quizá se pueda hacer la historia del siglo XX alrededor del complejo


asunto sobre el que este estudio trata. Así que el lector me disculpará si no
puedo ser exhaustivo aquí. Sólo me propongo convencerle de que tiene en
sus manos un documento central de la vida intelectual de la sociedad europea.
Sus personajes no son conocidos del gran público y sin embargo son deci-
sivos. La forma en la que los hago entrar en escena no obedece a su impor-
tancia, sino a cierto ordenamiento retórico. Primero hablaré de Hans Barion,
el menos conocido, un especialista en derecho canónico [1]. Luego de Erik
Peterson, un teólogo que fue dado a conocer por el agudo genio de Agustín
Andreu al público español hace ahora cuarenta años y que iluminó, con su

* Universidad de Murcia.

ECONOMIA E SOCIOLOGIA, n.º 87, Évora, 2009 (págs. 25-67)


ResistirResistir
aoao século
século XIX.
XIX. Filosofia, política e secularização em Karl Löwith 69

Filosofia, política e secularizção


em Karl Löwith *

Enrico Donaggio **

Resumo: Neste artigo serão analisados alguns traços da análise que Karl Löwith faz do papel estra-
tégico da filosofia da história no momento em que a aspiração à verdade que parecia ter definido a filosofia se
reduz a uma justificação ideológica do terror político. Recusando a alternativa Atenas-Jerusalém, Löwith exclui
qualquer nostalgia redentora de uma Grécia primitiva para assumir lucidamente um certo cepticismo moderno
face qualquer tipo de sacralização da história.

Palavras-chave: História, secularização, filosofia, política, antropologia.

Résumé: Dans cet article seront analysés certains motifs de l’analyse que Karl Löwith fait du rôle
stratégique de la philosophie de l’histoire à l’heure où l’aspiration à la vérité qui semblait avoir définit la
philosophie se réduit à une justification idéologique de la terreur politique. Refusant l’alternative Athènes
– Jérusalem, Löwith exclu toute nostalgie rédemptrice d’une Grèce primitive, pour assumer lucidement un
certain scepticisme moderne face à une quelconque sacralisation de l’histoire.

Mots clefs: Histoire, sécularisation, philosophie, politique, anthropologie.

1. Nos seus «anos selvagens», entre o emergir da fé nas Luzes e o período


que se seguiu à morte de Hegel, a filosofia sofre uma metamorfose radical.
Da contemplação daquilo que não muda, da reflexão sobre a estrutura eterna
do real, ela transforma-se em crítica da actualidade, numa «ontologia histó-
rica de nós mesmos»1. O seu objecto principal passa a ser aquela Weltgeschichte
[história universal] que – segundo uma afirmação muito célebre – coincide
com o Weltgericht [tribunal universal], a instância suprema de apelo e de sen-
tido para tudo quanto acontece na terra. A história e a política elevam-se assim

** Tradução de Irene Pinto Pardelha.


** Universidade de Turim.
1 Cfr. R. Safranski, Schopenhauer und die wilden Jahren der Philosophie, Hanser, München-Wien,

1987; M. Foucault, What is Enlightenment? (Qu‘est-ce que les Lumières ?), in P. Rabinow (ed. responsável),
The Foucault Reader, Pantheon Books, New York, 1984, pp. 32-50.

ECONOMIA E SOCIOLOGIA, n.º 87, Évora, 2009 (págs. 69-78)


SentidoSentido
e sentidos da teologia política
e sentidos da teologia política no pensamento de Carl Schmitt 79

no pensamento de Carl Schmitt

Alexandre Franco de Sá *

Resumo: O presente estudo pretende abordar o conceito de teologia política não só no conteúdo restrito
que Schmitt lhe atribui, mas também considera aquilo a que se poderia chamar o próprio horizonte em que o
conceito se inscreve e se situa, analisando o seu papel no âmbito da totalidade da obra de 1922 tal como o seu
peso no pensamento schmittiano.

Palavras-chave: Secularização, teologia política, Carl Schmitt.

Résumé: La présente étude prétend aborder le concept de théologie politique non seulement dans le
sens strict que Carl Schmitt lui attribue, mais considère également ce que l’on pourrait appeler l’horizon propre
dans lequel le concept s’inscrit et se situe, en analysant son rôle dans la totalité de l’œuvre de 1922 tout comme
son importance dans le pensée schmittienne.

Mots-clefs: Sécularisation, théologie politique, Carl Schmitt.

Formulado pela primeira vez em 1922, na obra Teologia Política, e presente


ao longo de todo o pensado schmittiano, como se prova pela publicação de
Teologia Política II em 1970 – o último livro que Schmitt publica em vida –,
o conceito de «teologia política» caracteriza-se, antes de mais, por uma difi-
culdade particular: a dificuldade de encerrar múltiplos matizes e sentidos, os
quais, não podendo deixar de se articular em função do carácter não equívoco
do conceito, não são, no entanto, redutíveis a uma unidade simples. Dir-se-ia
que, na sua própria formulação primordial, em 1922, o conceito de «teologia
política» diz já mais do que aquilo que é explicitamente formulado como o seu
conteúdo. E é justamente este «mais» que a compreensão da teologia política no
âmbito do pensamento schmittiano não pode deixar de tentar considerar.
Uma abordagem do problema da «teologia política» no âmbito do pensa-
mento schmittiano requer assim, para além da abordagem daquilo que Schmitt

* Universidade de Coimbra.

ECONOMIA E SOCIOLOGIA, n.º 87, Évora, 2009 (págs. 79-91)


Presente Messianico.
Presente Messianico. Sulla teologia politica dell’ «Inatteso» in Walter Benjamin 93

Sulla teologia politica dell’ «Inatteso»


in Walter Benjamin

Giacomo Marramao *

Resumo: O presente artigo apresenta o messianismo particular e paradoxal que Walter Benjamin
desenvolve numa reinterpretação moderna de uma teologia política não orientada para uma promessa de salva-
ção eventualmente secularizável, mas como messianismo que assume a contingência da sua posição na história,
messianismo pós-secular e pós-religioso.

Palavras-chave: Seculatização, teologia política, Messianismo, Walter Benjamin.

Résumé: Le présent article présente le type particulier et paradoxal de messianisme que Walter
Benjamin développe dans une réinterprétation moderne d’une forme de théologie politique non pas orientée vers
une promesse de salvation éventuellement sécularizable, mais comme messianisme assumant la contingence de
sa position dans l’histoire, comme messianisme post-séculier et post-religieux.

Mots clefs: Sécularisation, théologie politique, messianisme, Walter Benjamin.

1. La chiave di lettura delle tesi benjaminiane Über den Begriff der Geschichte
(Sul concetto di storia), che intendo qui prospettare, è espressa in forma deli-
beratamente provocatoria dal titolo: Messianismo senza attesa. Titolo letteral-
mente para-dossale: in contrasto con la dóxa, con ogni common sense o opinione
corrente circa i caratteri tradizionalmente attribuiti al «messianico». Come
può darsi, in senso proprio, messianismo senza «orizzonte di aspettativa»:
a prescindere, appunto, dalla dimensione dell’attesa messianica? E il venir
meno dell’attesa non costituisce, allora, ragion sufficiente del dissolvimento
della tensione messianica in quanto tale? Si trova qui racchiusa – è mia ferma
convinzione – la cifra segreta di un testo a un tempo translucido ed enigma-
tico, che può ricevere un senso compiuto solo ricomponendo la costellazione
multipolare dei suoi referenti concettuali e simbolici: reinterpretando, cioè, la

* Universidade de Roma 3.

ECONOMIA E SOCIOLOGIA, n.º 87, Évora, 2009 (págs. 93-105)


Secularização e Teologia Económica
Secularização e Teologia Económica em Giorgio Agamben 107

em Giorgio Agamben

António Caselas *

Rex regnat
Sed non gubernat
ADOLPHE THIERS

Resumo: Pretende-se abordar a perspectiva da secularização, partindo, sobretudo, do recente desenvol-


vimento da obra de Agamben. Através dela, propõe-se uma interpretação das relações entre o legado doutrinário
teológico e o domínio político. O papel assumido no devir histórico das sociedades modernas pelo poder sobe-
rano, pela economia e pelo governo como categorias secularizadas da transcendência e da imanência, constitui o
cerne da tese de Agamben que, assim, se afasta das concepções tradicionais da secularização escatológica. A cons-
tituição providencial de uma economia que já não se identifica com o modelo do pensamento aristotélico, decorre
dessa herança patrística e escolástica que dá forma à realidade social e ao pensamento político do Ocidente.
A temporalidade messiânica pensada através da releitura da Carta de Paulo aos Romanos é, também, aqui
invocada como categoria secularizada que pode elucidar o domínio político-jurídico. Esse objectivo programático
coexiste, porém, com uma visão crítica dessa interpretação tendo em conta a realidade política actual.
Palavras-chave: secularização; governo; glória; providência; temporalidade; Teologia Económica.

Abstract: The aim of this article is to approach the perspective of secularization, mainly based on
the recent development of the work by Agamben and through it to give an interpretation of the relationships
between the doctrinarian-theological legacy and the political power. The role played by the sovereign power,
the economy and the government as secularized categories of transcendence and immanence in the evolution
of modern societies is the core of Agamben’s thesis, and thus, moves away from traditional concepts of the
scatological secularization. The providential establishment of an economy that no longer identifies itself with
the model of Aristotelian thought comes from this patristic and scholastic inheritance that outlines the Western
social reality and political thought. The messianic temporality developed through the re-reading of the Letter of
Saint Paul to the Romans is also invoked here as a secularized category that can clarify the legal-political field.
However, that programmed objective co-exists with a critical view of that interpretation bearing in mind the
present political reality.
Key words: secularization; government; glory; providence; temporality; Economic Theology.

* Universidade de Évora.

ECONOMIA E SOCIOLOGIA, n.º 87, Évora, 2009 (págs. 107-120)


Leo Strauss, lector de los tratados
Leo Strauss, lector de los tratados teológico-políticos del siglo XVII 121

teológico-políticos del siglo XVII

Antonio Rivera García *

Resumo: Neste artigo abordamos a leitura straussiana dos tratados teológico-políticos que Hobbes
e Espinosa escreveram. Neles pode-se identificar os assuntos essenciais para compreender a modernidade:
a secularização crítica da religião revelada e a emergência do paradigma liberal dos direitos. Para o antiliberal
Strauss, o problema de desta teologia política radica no que conduz à politização da filosofia; e com isto ao
obscurecimento da alternativa mais séria acerca da melhor forma de vida, aquela que nos obriga a escolher entre
a procura autónoma da verdade e a vida entregue à fé religiosa ou a cidade.

Palavras-chave: secularização, teologia política, crítica da religião, motivo epicurista, liberalismo,


direitos, igualdade.

Resumen: En este artículo abordamos la lectura straussiana de los tratados teológico-políticos que
escribieron Hobbes y Spinoza. En ellos se puede localizar dos asuntos esenciales para comprender la moder-
nidad: la secularizadora crítica de la religión revelada y la emergencia del paradigma liberal de los derechos.
Para el antiliberal Strauss, el problema de esta teología política radica en que conduce a la politización de la
filosofía; y con ello al oscurecimiento de la alternativa más seria sobre la mejor forma de vida, la que nos obliga
a elegir entre la autónoma búsqueda de la verdad y la vida entregada a la fe religiosa o a la ciudad.

Palabras clave: secularización, teología política, crítica de la religión, motivo epicúreo, liberalismo,
derechos, igualdad.

1. Teología política y secularización1

La filosofía de Strauss se ha construido en gran medida en oposición a los


tratados teológico-políticos del siglo XVII, y en particular a los de Hobbes y
Spinoza. Su obra comenzó con el análisis del Tratado teológico-político de Spinoza

* Prof. Titular de Filosofia Política de la Universidad de Murcia. E-mail: anrivera@um.es.


1 Sobre este tema véase H. Meier, Leo Strauss y el problema teológico-político, Katz, Buenos Aires,

2006. También me permito citar mi artículo «Secularización y crítica del liberalismo moderno»,
en Isegoría. Revista de filosofía moral y política, n.º 39, 2008, pp. 79-100.

ECONOMIA E SOCIOLOGIA, n.º 87, Évora, 2009 (págs. 121-148)


A modernidade entre secularização
A modernidade entre secularização e teologia política 149

e teologia política *

Olivier Feron **

O anti-historicismo, sob as suas diversas formas, é pelo


menos uma tentativa de esquecer a contingência da
posição de cada um no tempo; tentativa de pelo menos
simular, visto que é impossível realizá-la, o postulado
da igualdade de todas as posições no tempo1.

Resumo: Neste artigo examinaremos os argumentos do debate que opôs C. Schmitt e H. Blumen-
berg à volta da definição de modernidade como secularização. Esta tese vital para a teologia política de Schmitt
baseia-se numa série de pressupostos como o da substancialização das constantes históricas às quais Blumenberg
opõe a obrigação de cada um de nós pensar a contingência da sua posição na história, garantia contra qualquer
tentação totalitária.
Palavras-chave: Secularização, teologia política, substância, retórica, contingência, história.

Résumé: Dans cet article, nous examinerons les termes du débat qui opposa C. Schmitt et H. Blu-
menberg autour de la définition de la modernité comme sécularisation. Cette thèse vitale pour la théologie
politique de Schmitt se fonde sur une série de présupposés, dont celui de la substantialisation des constants
historiques, thèses auxquelles Blumenberg oppose l’obligation pour chacun de nous de penser la contingence de
sa position dans l’histoire, garantie contre toute tentation totalitaire.
Mots clefs: Sécularisation, théologie politique, substance, rhétorique, contingence, histoire.

Nos últimos tempos, os estudos que incidem sobre a noção de seculari-


zação conheceram um novo impulso na sequência do debate que opôs dois dos
principais interlocutores que contribuíram para uma renovação e uma reactua-

** Tradução de Irene Pinto Pardelha.


** Universidade de Évora.
1 H. Blumenberg, «Ernst Cassirers Gedenkend» in Wirklichkeiten in denen wir leben, Stuttgart,

Reclam, 1999, p. 171.

ECONOMIA E SOCIOLOGIA, n.º 87, Évora, 2009 (págs. 149-158)


Drôle de Drôle
Politique e Secularização
de Politique e Secularização numa Era de Compressão 159

numa Era de Compressão *

Silvério da Rocha-Cunha **

Resumo: Este texto pretende sublinhar os dilemas políticos de uma Modernidade que é, actualmente
e de facto, um momento de decadência. E quer notar possibilidades de tornar estimulantes os valores utópicos
que, no entanto, deram à Modernidade a sua legitimidade.

Palavras-chave: Modernidade, política.

Résumé: Ce texte veut mettre l’accent sur les dilemmes politiques d’une Modernité qui est aujourd’hui,
en fait, un moment de décadence. Et veut pointer des possibilités de rendre vivifiantes les valeurs utopiques qui,
pourtant, ont donné à la Modernité sa légitimité.

Mots-clef: Modernité, politique.

Fazendo nossa uma expressão atribuída ao reconhecido jurista italiano


Tullio Ascarelli (1903-1959), segundo a qual «Na actual crise de valores o mundo
pede aos juristas ideias novas, mais que subtis interpretações», teríamos de acrescen-
tar aquilo que um dos seus mais importantes estudiosos e igualmente grande
nome da teoria do direito e da filosofia política contemporâneas, Norberto
Bobbio (1909-2004)1, sustentou a propósito e como tese geral do seu pró-
prio pensamento: o direito é um produto histórico e não resultado de racio-
cínios abstractos «segundo o ideal universalista sempre renascente dos juristas
em tempos de grandes conflitos sociais e de lacerações ideológicas» 2. Todavia,

** Este texto é financiado pela FCT (FEDER/POCI 2010) e insere-se no projecto de uma
equipa do NICPRI sob título «Visões e possibilidades de uma cidadania mundial no século XXI».
** Doutor em Teoria Jurídico-Política. Professor da Universidade de Évora. Membro do
NICPRI.
1 Cf. N. Bobbio, «Tullio Ascarelli», in ID., Dalla Struttura alla Funzione. Nuovi studi di teoria del

diritto, 2.ª ed., Milano, Ed. di Comunità, 1984, pp. 217 ss.
2 N. Bobbio, op. cit., p. 251.

ECONOMIA E SOCIOLOGIA, n.º 87, Évora, 2009 (págs. 159-171)


A ideiaA ideia
dede secularização e o papel
secularização e o papel dos intelectuais em Foucault e Bauman 171

dos intelectuais em Foucault e Bauman

José Caselas *

Resumo: O presente artigo aborda a noção de secularização em Foucault e Bauman. Para o pri-
meiro, o poder disciplinar e mesmo o Estado moderno derivam de técnicas pastorais secularizadas através de
uma razão governamental (designada governamentalidade) que se expandiram a todo o tecido social a partir
da matriz da razão de Estado. O ponto de cristalização dessa razão governamental foi a individualização,
herdeira do poder pastoral, indissociável, todavia, das revoltas de conduta assumidas pelo ascetismo e pelos inte-
lectuais. Para Bauman, na esteira de Foucault, o poder pastoral e prosélito da Igreja originou um poder pastoral
do Estado, assumido pelos filósofos do Iluminismo a partir da matriz do consenso. Na época contemporânea
já não é mais possível defender esse paradigma comunicativo, passando o intelectual de legislador a intérprete
num contexto de pluralismo.
Palavras-chave: secularização; poder pastoral; governamentalidade; Estado moderno; razão de Estado.

Résumé: Le présent article approche la notion de sécularisation chez Foucault et chez Bauman. Pour
le premier, le pouvoir disciplinaire et même l’État moderne émanent de techniques pastorales sécularisées par
une raison gouvernementale (dénommée gouvernementalité) qui se sont propagées à tout le tissu social à partir
de la matrice de la raison d’État. Le point de cristallisation de cette raison gouvernementale fut l’individualisa-
tion, héritière du pouvoir pastoral, toutefois indissociable de l’insoumission prise sur eux-mêmes par l’ascétisme
et par les intellectuels. Pour Bauman, dans la trace de Foucault, le pouvoir pastoral et prosélyte de l’Église
donna lieu à un pouvoir pastoral de l’État, assumé par les philosophes de l’Illuminisme à partir de la matrice
du consensus. À présent, ce paradigme communicatif n’est plus possible, en passant l’intellectuel de législateur à
interprète dans un contexte de pluralisme.
Mots-clé: sécularisation; pouvoir pastoral; governementalité; État moderne; raison d’État.

Do poder pastoral ao nascimento do Estado moderno

Ao analisar a proximidade entre o poder religioso e a dimensão política


em Michel Foucault, é possível divisar a conceptualização de um poder secular
no seio daquilo a que chamou o poder pastoral ou pastorado. O novo eixo

* Universidade de Évora.

ECONOMIA E SOCIOLOGIA, n.º 87, Évora, 2009 (págs. 171-186)


LIVROS & LEITURAS

Pág.

Educar com Sentido – no horizonte de Teilhard de Chardin


por Manuel Ferreira Patrício ................................................................ 189

Crescer e Envelhecer. Constrangimento e Oportunidades do Envelhecimento


Demográfico
por Augusto da Silva ............................................................................. 195

Comment Je suis Devenu Ethnologue


por Francisco Martins Ramos .............................................................. 196

Portugaliae Monumenta Misericordiarum,


Vol. 7: Sob o Signo da Mudança: de D. José a 1834
por Maria da Graça David de Morais .................................................. 198

Anda mungkin juga menyukai