O luto

Luto, do latim “lucto” é definido pelo dicionário como um sentimento profundo de tristeza e
pesar pela morte de alguém. Em uma perspectiva psicanalítica á partir de Freud e Klein o luto
poderia ser definido como a perda de um elo significativo entre uma pessoa e seu objeto,
portanto, um fenômeno mental natural e constante no processo de desenvolvimento humano.
(CAVALCANTI, SAMCZUK e BONFIM, 2013).

Para Maria Julia Kovács, psicóloga e professora livre docente do Instituto de Psicologia da
Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do Laboratório de Estudos sobre a Morte, O
luto é o processo de elaboração de perdas significativas que ocorre quando há vínculo de amor,
amizade ou familiar o luto é uma experiência humana universal e vivida conscientemente, com
aspectos singulares para cada indivíduo.

Sabemos que as influências culturais e históricas, quanto ao significado da morte

interferem na maneira como vivenciamos este fenômeno. Será que temos vivenciado a morte da
mesma maneira que os nossos antepassados a vivenciaram?

Há quase meio século atrás, em junho de 1971, o militante Stuart Edgard Angel Jones,-,
após ser acusado de assaltar e de sequestrar o então embaixador americano, foi preso,
brutalmente torturado e morto por membros do CISA (Centro de Informações de Segurança da
Aeronáutica) aos 25 anos de idade. Pelos anos seguintes, sua mãe Zuzu Angel peregrinou pelo
poder militar tentando conseguir explicações e informações sobre o corpo do filho, oficialmente
dado como desaparecido. Até sua Morte em 1976, num suspeito acidente de carro, ela não havia
conseguido descobrir o paradeiro do corpo de Stuart.

O então amigo da estilista Zuzu Angel, Chico Buarque de Holanda compôs então em sua
homenagem a canção: Pedaço de mim, que registra a recordação que Zuzu, possuía da morte
de seu filho Stuart.

Pedaço de Mim

Oh, pedaço de mim

Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim

Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim

Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim

Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim

Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus