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Alguns Versos do Bhagavad Gita
Jeff Alves  | 14 de julho de 2012

O post mais querido no blog O Alvorecer até o exato momento é o dedicado à Krishna.
Atentando a isto, transcrevi algumas frases do Bhagavad Gita, principal parte do Mahabharata e
talvez o mais importante texto indiano, onde o Avatar dialoga lindamente com seu devoto Arjuna,
um nobre guerreiro, sobre yoga. Acompanhe as citações e sinta­se inspirado por estas belas
palavras deste grande Mestre.

Antes do texto, citarei Wagner Borges: “As pessoas fazem campeonato de mestres, ficam
discutindo quem é o melhor, em vez de aplicar o ensinamento deles, ou fazer um milésimo do
que pregavam e exemplificavam”.

———————————————————————————————

Conhece a paz quem esqueceu o desejo de sentir prazer.

Eu ofereço minhas respeitosas reverências ao Senhor Krishna, o mestre universal, que é filho de
Vasudeva; o removedor de todos os obstáculos; a suprema bem­aventurança de Sua mãe Devaki,
e cuja graça faz o mudo falar, e o aleijado cruzar as montanhas.

O rei inquiriu: Sanjaya, por favor, agora diga­me, em detalhes, o que fizeram os meus (os
Kauravas) e os Pandavas no campo de batalha antes da guerra começar?

Sanjaya disse: O Senhor Krishna falou as seguintes palavras para o abatido Arjuna, cujos olhos
estavam lacrimosos, e que estava sob a compaixão e o desespero.

O Senhor Krishna disse: dizendo sábias palavras, Seu lamento por aqueles não merece o seu
pesar. O sábio nunca se lamenta nem pelos vivos e nem pelos mortos.

Da mesma forma que a alma adquire um corpo na infância, um corpo na juventude, e um corpo
na velhice, durante a sua vida, similarmente, a alma adquire outro corpo após a morte. Isso não
deveria iludir um sábio.

O verdadeiro Ser vive sempre. Assim como a alma incorporada experimenta infância, maturidade
e velhice dentro do mesmo corpo, assim passa também de corpo a corpo — sabem os iluminados
e não se entristecem.

Quando os sentidos estão identificados com objetos sensórios, experimentam sensações de calor
e de frio, de prazer e de sofrimento — estas coisas vêm e vão; são temporárias por sua própria
natureza. Suporta­as com paciência!

Mas quem permanece sereno e imperturbável no meio de prazer e sofrimento, somente esse é
que atinge imortalidade.

Compreende como certo, que indestrutível é aquilo que permeia o Universo todo; ninguém pode
destruir o que é imperecível, a Realidade.

Perecíveis são os corpos, esses templos do espírito — eterna, indestrutível, infinita é a alma que
neles habita.

Quem pensa que é a alma, o Eu, que mata, ou o Eu que morre, não conhece a Verdade. O Eu
não pode matar nem morrer.

O Eu nunca nasceu nem jamais morrerá. E uma vez que existe, nunca deixará de existir. Sem
nascimento, sem morte, imutável, eterno — sempre ele mesmo é o Eu, a alma. Não é destruído
com a destruição do corpo (material).

Quem sabe que a alma de tudo é indestrutível e eterna, sem nascimento nem morte, sabe que a
essência não pode morrer, ainda que as formas pereçam.

Assim como uma pessoa coloca uma nova roupa após desfazer­se das velhas, similarmente, a
entidade viva, ou a alma individual, adquire um novo corpo após jogar fora o velho corpo.

Armas não ferem o Eu, fogo não queima, águas não molham, ventos não o ressecam.

O Eu não pode ser ferido nem queimado; não pode ser molhado nem ressecado — ele é imortal;
não se move nem é movido, e permeia todas as coisas — o Eu é eterno.

Inevitável é a morte para os que nascem; todo o morrer é um nascer — pelo que, não deves
entristecer­te por causa do inevitável.

Engaje­se da mesma forma, no manejo da luta, no prazer ou na dor, ganho ou perda, vitória e
derrota, no seu dever. Por fazer sua obrigação deste jeito você não irá incorrer em pecado.

Você tem o controle sobre os feitos apenas da sua responsabilidade, mas não controle ou
reclamação sobre os resultados. Os frutos do trabalho não devem ser seu motivo, e você nunca
deverá ser inativo.

Um Karmayogi, ou uma pessoa desapegada, torna­se livre tanto da virtude como do vício em sua
vida. Portanto, esforce­se por serviço desapegado. Trabalhar o melhor das suas habilidades, sem
apegar­se egoisticamente pelos frutos do trabalho, chama­se Karmayoga ou Seva.
A mente, quando controlada pelo vaguear dos sentidos, rouba o intelecto, do mesmo modo que
uma tempestade desvia um barco no mar do seu destino – a praia espiritual da paz e da
felicidade.

As forças da natureza fazem todo o trabalho, mas devido a ilusão uma pessoa ignorante supõem­
se a si mesma como executora.

Assim, conhecendo o Ser como o mais alto, e controlando a mente pela inteligência, que é
purificada pela prática espiritual, deve­se matar este poderoso inimigo, luxúria, Ó Arjuna, com a
espada do conhecimento verdadeiro do Ser.

Toda a vez que há um declínio do Dharma (reto­agir; Justiça) e a predominância de Adharma
(injustiça), Ó Arjuna, Eu Me manifesto. Eu apareço de tempos em tempos para proteger os bons,
para mudar os malvados, e restabelecer a ordem no mundo (Dharma).

Eu criei as quatro divisões da sociedade humana baseado na aptidão e na vocação. De qualquer
forma, Eu sou o autor deste sistema de divisão do trabalho; deve­se saber que Eu não faço nada
diretamente, e que Eu sou eterno.

Aquele que vê a inação na ação e a ação na inação, é uma pessoa sábia. Tal pessoa é um yogi e
possui tudo por completo.

O divino espírito é a causa transformadora de tudo. A Divindade (Brahman, o Ser, o Espírito)
será realizada por aqueles que consideram tudo como uma manifestação (ou um ato) do Divino.

Verdadeiramente, não há nada mais puro neste mundo do que o conhecimento do Ser Supremo.
Aquele que descobre este conhecimento interiormente, de forma natural, no curso do tempo,
quando suas mentes estão limpas e livres do egoísmo pelo Karma Yoga .

Mas a verdadeira renúncia (a renúncia da possessão e do fazer com vistas aos resultados), Ó
Arjuna, é difícil de alcançar sem o Karmayoga. Um sábio equipado com o karmayoga,
rapidamente alcança o Nirvana.

Aquele que faz todo o trabalho como uma oferenda para Deus – abandonando o apego egoísta
aos resultados – fica intocado pelas reações kármicas, ou pecados, exatamente como uma flor de
lótus jamais é molhada pela água.

Aquele que Me vê em Tudo, e vê tudo em Mim, não se desliga de Mim, e Eu não me desligo
dele.

Quatro tipo de pessoas virtuosas adoram­Me ou Me procuram, Ó Arjuna; são elas: o aflito; o que
busca por auto­conhecimento; o que procura riqueza, e o iluminado que experimentou o Ser
Supremo.

Após muitos nascimentos o devoto esclarecido recorre a Mim, entendendo que todas as coisas
são, na realidade, Minha manifestação. Semelhante alma é muito rara.

O ignorante – incapaz de entender Minha forma imutável, incomparável, incompreensível e
transcendental – supõe que Eu, o Ser Supremo, Sou sem forma, e pego uma forma ou
encarnação.
Portanto, sempre lembre­se de Mim, e faça a suas obrigações. Com certeza, você irá alcançar­
Me, se a sua mente, e o seu intelecto, estiverem sempre focados em Mim.

O que é noite para todos os seres é dia para o iogue disciplinado, pois ele é aquele que possui a
visão da alma (apavarga); quando todos os seres estão ativamente envolvidos nos prazeres
mundanos (bhoga), o iogue considera como noite e se mantém longe dos pensamentos
mundanos.

Assim como a água flui para o oceano, e ainda assim o nível do oceano não muda e nem oscila,
da mesma forma, aquele que tem a inteligência firme, não é ameaçado pelos prazeres, e atinge a
liberação.

Aquele que renuncia aos desejos e se mantém distante do apego, atinge a liberdade e a beatitude
(kaivalya).

Aquele que é livre de ilusões e se mantém em contato com a consciência divina, até no momento
de sua morte, alcança kaivalya e o Senhor Supremo.

Eu sou facilmente alcançado, Ó Arjuna, por aquele que é sempre leal, devotado, e que sempre
pensa em Mim, e cuja mente não vai para outro lugar.

Eu, pessoalmente, tomo conta tanto do bem­estar material como do espiritual dos devotos
sempre leais, que sempre se lembram e Me adoram com contemplação sincera.

Ofereça­Me uma folha, uma flor, um fruto ou água com devoção, Eu aceitarei e provarei a
oferenda da devoção pelo coração puro.

Pense sempre em Mim; seja devotado a Mim; adore­Me, e faça reverências para Mim. Assim,
unindo o seu ser Comigo, colocando­Me como meta suprema e único refúgio, você certamente
chegará até a Mim.

Eu sou a origem de tudo. Tudo emana de Mim. O sábio que entende isto, Me adora com amor e
devoção.

Aquele que dedica todos seus trabalhos para Mim, e para quem Eu sou a meta suprema; que é
meu devoto; que não possui apegos ou desejos egoístas; que está livre da maldade para com
todas as criaturas, alcança­Me, Ó Arjuna.

Portanto, focalize a sua mente em Mim e deixe a sua inteligência residir apenas em Mim, através
da meditação e da contemplação. Desde então, você certamente Me alcançará.

Aquele que vê o mesmo e eterno Senhor Supremo, residindo como Espírito, igualmente em
todos os seres mortais, de fato vê.

Aquele que serve a Mim com amor, e com devoção inabaláveis, transcende os três modos da
natureza material e adequa­se ao Nirvana,.

E Eu estou sentado na psique interior de todos os seres. Memória, auto­conhecimento, remoção
das dúvidas, e das falsas noções sobre Deus, vêm de Mim. Eu sou, na verdade, o que é para ser
conhecido pelo estudo de todos os Vedas. Eu sou, realmente, o autor bem como o estudante dos
Vedas.
Luxúria, ira e avareza são os três portões do inferno, que conduzem o indivíduo para a queda (ou
cativeiro). Então, aprenda como abandoná­los.

O discurso que não é ofensivo, verdadeiro, agradável, benéfico, e é usado para a leitura regular
em voz alta das escrituras é chamado de austeridade da palavra.

Pela devoção uma pessoa entende, verdadeiramente, o que, e quem, Eu sou em essência. Tendo
Me conhecido em essência, imediatamente, a pessoa liga­se a Mim.

O Senhor Supremo – como o controlador habitante na psique interior de todos os seres – motiva­
os para trabalhar nos seus Karmas, como um fantoche (do karma criado pelo livre arbítrio),
montados numa máquina.

Ponha de lado todas os feitos meritórios e rituais religiosos, e simplesmente renda­se por
completo a Mim, com fé firme, amor e devoção. Eu irei libertar você de todos os pecados, as
amarrados do Karma. Não sofra.

Aquele que propagar esta filosofia secreta – o transcendental conhecimento do Gita – entre Meus
devotos, realizará o mais elevado serviço devocional para Mim, e certamente virá até a Mim, e
não haverá ninguém sobre a Terra que seja mais querido por Mim.

Em todo o lugar que estejam, tanto Krishna, o Senhor do Yoga (ou Dharma na forma das
escrituras), e Arjuna, com o arco da obrigação, e proteção, ali haverá prosperidade, vitória,
felicidade e moralidade. Esta é a Minha convicção.

Que o Senhor abençoe a todos com Bondade, Prosperidade e Paz.
(Bhagavad Gita)

Gosto Uma pessoa gosta disto. Regista­te para veres aquilo de que os teus amigos
gostam.

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9 Responses to “Alguns Versos do Bhagavad Gita”
1.   Lincoln Mansur Coelho disse:
14 de julho de 2012 às 14:43

Há pouco tempo fui convidado para participar de sessões de Deeksha em minha cidade…
Procurei um pouco na net e vi alguns relatos negativos da mesma…
Pelo que observei da sessão de Deeksha, é uma forma de passe magnético. Mas tem uma ressalva que de
certa forma me incomoda muito, eles quando transmitem fazem diretamente sobre o chacra Coronário…
De toda forma, vocês conhecem algo sobre a Deeksha? é um trabalho sério?
Por favor dê suas opiniões sobre a mesma.
Muito obrigado!

Responder

 Ro disse:
16 de julho de 2012 às 17:43

[OFF]
Conheço a Deeksha faz mais de um ano e tenho experiências positivas.

Não conseguiria fazer uma análise ocultista do que ocorre por conta dos meus poucos estudos e
experiências dentro dessa área.

O que posso colocar é que me sinto bem dentro dos grupos onde frequento e muito tranquilo durante
as sessões. Das experiências que tive, encontrei pessoas bastante comprometidas com as metas do
movimento, que seria um estreitamento do relacionamento da pessoa com aquilo que ela considera
“divino”.

Me foi simpática também a natureza ecumênica do movimento (cada um que quiser pode levar uma
representação do seu “divino” para o altar) e a liberdade que senti dentro dos grupos.

Já tive também uma preocupação com a questão do coronário. Até onde sei, é instruído que aqueles
que recebem a Deeksha interrompam o processo caso sintam desconforto.

Hoje, como já possuo alguma convivência com aqueles que fazem as transmissões no grupo em que
frequento, sinto confiança na intenção deles. Também nunca me senti mal com as transmissões de
Deeksha (pelo contrário).

Espero que tenha ajudado.

@MDD – Valeu!

Responder

 Gustavo disse:
17 de julho de 2012 às 12:08

Sou um “deeksha giver”, e posso dizer: a energia é fantástica, e a ENERGIA não tem nenhuma
contra­indicação.
Não analisei pelo aspecto de receber a energia pela coroa, pois, diz­se, a energia atua nos
lóbulos para “diminuir a distância” entre o inconsciente e o consciente, trazendo a sensação de
unidade. É realmente um estado de graça, e mesmo diariamente, com a mentalização do mantra,
dissipa diversos estados vibracionais e te remete ao mesmo estado de uma sessão.
Porém, infelizmente, nem tudo são flores. O que compartilho abaixo são links que um grande
mestre e amigo me passou quando ele pesquisou sobre o movimento ao ver minha fascinação:
http://www.enlightened­spirituality.org/deeksha_oneness.html 
http://www.indiasummary.com/2010/03/01/kalki­bhagavan­fraud­exposed­in­tv9­kalki­avatar­
amma­bhagavan/
http://guruphiliac.blogspot.com/2007/05/how­kracki­became­criminal.html

Se o que se encontra nesses sites é verídico, não tenho como confirmar, estou apenas
retransmitindo algo que me foi passado.
Posso falar do fator capitalista do negócio. É MUITO CARO. O templo que construíram é
belíssimo, e se torna fácil quando, para um período de 28 dias, é preciso gastar em torno de 20
mil reais, por pessoa, agora multiplique por 2000 pessoas por mês.

De qualquer forma, quem tiver a oportunidade de participar de uma sessão, recomendo. As que
frequento em São Paulo são na Humaniversidade (e é uma das poucas gratuitas), e costumam
ser a cada 15 dias, é sempre bom ligar e confirmar.

Só espero que fique claro, minha crítica é à “entidade multinacional”, e não à energia.

Responder

2.   Jota disse:
14 de julho de 2012 às 15:00

Tive que escrever para agradecer, mas me abalei aqui que as palavras fogem. Obrigado.

Responder

3.   Gabriel disse:
14 de julho de 2012 às 16:11

Texto maravilhoso. Escutei tantas vezes sem entender direito o Gita… é lindo, simples, puro e belo, como
uma flor de lótus. A essencia do Absoluto em toda a manifestação e a manifestação toda como uma simples
projeção sua, sua essencia repartida em seus pensamentos, são ideias tão belas. Enfim, ve­lo no sonho, no
devaneio, no amigo que estende a mão, no mendigo pedindo ajuda, na música que toca nossos corações, na
alegria de uma vitória, na tristeza de não compreender, é experimenta­lo, respira­lo a todo instante, quer a
sensação da experiencia seja boa ou não, é um contato com ele, que tbm está em mim, pois nada há que
escape do Absoluto, já que o nada é ele, o tudo é ele, todas as partes, todas as experiencias, em essencia,
são ele… Parabéns por relembrar um texto tão significativo, que a cada leitura, se amplia.

Responder

4.   fe disse:
14 de julho de 2012 às 22:43

nossa sempre escutei/li elogios sobre o gita mas ñ pensei q fosse tão lindo…

Responder

5.   Alex disse:
15 de julho de 2012 às 14:15

[OFF]Alguém mais ai já viu esse video?
Responder

6.   Bela disse:
19 de julho de 2012 às 0:23

Me senti muito bem enquanto li o texto.Uma sensação engraçada…e ficou tocando a música The Secret Path
do The Moon and the Nightspirit na minha cabeça xD

Responder

7.   Hayabusa disse:
21 de julho de 2012 às 1:50

O texto me passou uma certa tranquilidade…

Responder

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