O texto trata sobre três estudos que foram realizados em ambientes
escolares e não escolares que visam provar a eficiência da musicoterapia no
melhoramento da habilidade de convívio social de crianças e adolescentes com deficiências de habilidades sociais. Um mesmo currículo foi adaptado para as diferentes faixas etárias, e contava com atividades ativas como a performance musical, bem como com atividades de desenvolvimento cognitivo/comportamental, como modelar ou resolução de problemas por exemplo. Esses estudos comprovam uma melhora no grupo amostral. A pesquisa indica que crianças e adolescentes com distúrbios sociais são mais propensos a diversos problemas bem como um mal convívio escolar, alto índice de delinquência entre outros problemas advindos disso, como a depressão. O melhoramento de habilidades sociais envolve a capacidade de conhecer diversas situações e saber interpretá-las, de forma a saber se comportar em cada uma delas, o que implica em uma capacidade de leitura de ambientes e pessoas, decantando assim uma melhor forma de conduzir aquele quadro social. A pesquisa aponta que jovens e adolescentes que participaram dos programas de melhoramento das habilidades sociais demonstraram real melhora no convívio com outras pessoas e consigo mesmos, melhorias acadêmicas entre outras. O papel da música é o de terapia, uma vez que a prática musical envolve invariavelmente a comunicação e o respeito a outras pessoas, havendo assim a necessidade de saber conduzir as situações a um bem comum, um objetivo geral, além de diversos outros fatores envolvidos como a responsabilidade ou o foco necessário para a realização de uma performance musical. A pesquisa foi realizada com quarenta e cinco indivíduos, no entanto apenas quarenta e quatro concluíram os procedimentos de recolhimento de dados, que consistia em passar pelos experimentos propostos pelos pesquisadores e sendo assim, recolhidos dados por meio de observação antes, durante e depois das intervenções propostas. O primeiro experimento era voltado para crianças e adolescentes entre onze e dezesseis anos, todas diagnosticadas com um ou mais déficits sociais, como dislexia ou síndrome de Asperger, por exemplo. Os estudos foram realizados no ambiente escolar, tendo como caráter organizacional aquele ditado pela instituição, não havendo possibilidade de mudança nesse quesito. Os métodos avaliativos foram feitos através de classificações realizadas pelos professores dos pesquisados, pelos pesquisadores e pelos próprios pesquisados, fazendo uma auto-avaliação, além do processo de observação comportamental durante o processo, havendo portanto os dados sido coletados por meio de uma escala criada pelos pesquisadores para tal finalidade. O objetivo era coletar dados na primeira e na quinta intervenções, havendo portanto taxas de confiabilidade estabelecidas para cada um dos ambientes relacionados a pesquisa, demonstrando assim o grau de melhora dos pesquisados após os testes, havendo sido especificados alguns pontos que deveriam ser observados, como o contato visual e a escuta atenta do que está sendo dito, entre outros. Os participantes da pesquisa realizada no ambiente escolar tiveram as habilidades sociais divididas em duas categorias e posteriormente subdivididas para melhor avaliação. Em primeiro momento são mostrados fatores de evolução no convívio social, havendo todos os objetivos tendo sido direcionados a musicoterapia, com um enfoque comportamental/cognitivo, com as intervenções anteriormente citadas. O resultado nesse primeiro momento não foi significante, levando em conta as análises dos quatro parâmetros avaliativos citados acima, no entanto, em um segundo momento, as diferenças começam a se tornar mais perceptíveis, principalmente levando em conta a continuidade de cinco semanas de intervenções. O segundo experimento foi realizado com pessoas em tratamento residencial com problemas de convívio social devido a diversos fatores como abuso ou disfunções de ordem psicológica de idade entre oito e dezessete anos. Nesse caso os parâmetros de avaliação também foram por avaliações realizadas pelos pesquisadores e pelos cuidadores dos pesquisados. O mesmo processo de cinco semanas de intervenção foi usado, salvo as modificações nas intervenções para torná-las mais adequadas a cada situação, levando assim a uma melhora significativa naqueles com tendências anti-sociais, demonstrando uma melhora real naquelas pessoas, havendo inclusive gerado sessões bastante diferentes umas das outras. O terceiro experimento foi realizado com crianças entre seis e onze anos, que são atendidas em um programa realizado após o período escolar regular, no qual constam crianças com disfunções de ordem psicológica entre outros. A avaliação foi feita principalmente por observação do comportamento destes indivíduos, além da auto-avaliação, como anteriormente. A musicoterapia aqui, como em todos os outros experimentos é o centro de mudança realizada na pesquisa, sendo assim o mote para a realização da mesma. As intervenções foram realizadas no período após a escola regular, havendo também o programa de cinco semanas de intervenções sido realizado. Os dados coletados indicam a melhora de grande parte do grupo, em relação ao início da pesquisa, bem como nas outras experiências. As intervenções, e a musicoterapia em geral, se mostram bastante eficientes com crianças de um modo geral, sendo portanto as mesmas sido designadas para melhor atender as especificidades de cada um dos clientes envolvidos. Pesquisas anteriores apontam que o uso de dados vindos de diferentes pontos levam a uma maior verosimilhança das avaliações sobre crianças no ambiente, havendo portanto o uso de diversas avaliações levado a idéia de que as diferenças nas classificações refletem as diferenças comportamentais, levando assim a coleta de dados de diferentes fontes para a melhor formação do panorama de cada participante. Apenas as observações de comportamento realizadas pelos pesquisadores demonstraram consistência, fator que pode ser atribuído ao treinamento comum a todos os observadores, gerando assim percepções semelhantes de uma maneira geral. A maioria dos pesquisados demonstrou real melhora a partir das intervenções musicoterapeuticas, revelando então a eficácia do do processo terapêutico através da música para o melhoramento das habilidades sociais, no entanto deve ser pensada com cautela. Um fator que foi pensado pelos pesquisadores foi a melhora nos parâmetros avaliativos, para solucionar alguns problemas gerados durante a pesquisa. O ambiente em que o estudado se encontra influencia diretamente sobre a sua postura, havendo portanto comportamentos diferentes daqueles que são naturais, dependendo das pessoas que o cercam ou algum fator externo que é incluído durante a pesquisa. Uma solução viável é a documentação do comportamento do estudado frente ao estímulo de um terceiro, ou seja, ver qual é a resposta do pesquisado quando estimulado de determinada maneira. O estudo em si pode não ser suficiente para a elucidação da problemática abordada, havendo portanto a necessidade de um acréscimo no material estudado, devendo ser levados em conta fatores como as diferenças entre cada local pesquisado, além das especificidades de cada indivíduo. A pesquisa demonstra a eficiência do processo musicoterapêutico em pacientes com transtornos de convívio social, especialmente eficiente em crianças, de uma maneira muito clara, havendo portanto a necessidade de investimentos em políticas públicas para o melhoramento da qualidade de vida desses indivíduos bem como para suas famílias.