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U N I V E R S I DA D E

CANDIDO MENDES

CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA


PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010

MATERIAL DIDÁTICO

A INTERVENÇÃO E AVALIAÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA

Impressão
e
Editoração

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SUMÁRIO

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO .......................................................................... 03


UNIDADE 2 – ESBOÇO E PONTOS RELEVANTES DA INTERVENÇÃO ..... 05
UNIDADE 3 – O TRATAMENTO SEGUNDO SARA PAÍN.............................. 20
UNIDADE 4 – AVALIAÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS .................................... 27
UNIDADE 5 – OS NOVOS TRATAMENTOS, MEDICAMENTOS
E EQUIPAMENTOS ......................................................................................... 36
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 48
ANEXOS .......................................................................................................... 51

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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO

A intervenção e o tratamento psicopedagógico são os últimos passos que o


Psicopedagogo dá rumo ao sucesso do desafio lhe imposto.
A postura do psicopedagogo deve ser de compreensão das atitudes paternas
ante o problema e nunca de crítica. Nesse sentido, não pode haver abuso de poder,
pelo fato do psicopedagogo se encontrar munido de um aparato teórico e de uma
compreensão que os pais não tem no momento.
Deve-se esclarecer o papel do psicopedagogo que atuará como orientador e
direcionador do processo de crescimento, mas não será unicamente responsável
pela eliminação da sintomatologia do sujeito na família.
Relembramos ainda da importância do planejamento para que a intervenção
atinja seus objetivos.
Ao longo desta apostila, faremos um esboço e levantaremos pontos
relevantes da intervenção. Falar do tratamento, segundo Sara Paín, é fundamental,
portanto, tomaremos suas anotações como alicerce para essa etapa.
Apresentaremos avaliações psicopedagógicas para a matemática; para
alunos que vivem em ambientes desfavoráveis; alunos com necessidades
educacionais específicas decorrentes de situações sociais ou culturais
desfavorecidas; avaliação do ambiente social; alunos com problemas e transtornos
emocionais e de conduta.
Os novos tratamentos, alguns medicamentos e equipamentos que vêm sendo
utilizados fecham esta apostila, mas deixamos em anexo, talvez, o mais importante:
técnicas de avaliação, um caso a ser analisado e o lugar do Psicopedagogo.
Ressaltamos em primeiro lugar que, embora a escrita acadêmica tenha como
premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês, para que os temas abordados
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científica. Em segundo lugar,
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores,
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma
redação original.

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Ao final desta Apostila, além da lista de referências básicas, encontram-se


muitas outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas e que podem servir
para sanar lacunas que por ventura surgirem ao longo dos estudos.

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UNIDADE 2 – ESBOÇO E PONTOS RELEVANTES DA


INTERVENÇÃO

Após o diagnóstico claro e preciso, a primeira medida psicopedagógica é


delinear a entrevista devolutiva aos pais. Nesta, serão abordadas as reais causas
das dificuldades de aprendizagem da criança e explicada a forma pela qual o agente
corretor pretende atuar. É importante não só planejar, mas registrar as sessões.
Assim, o psicopedagogo estará de posse de um material a ser avaliado.
Para uma melhor visualização do tratamento psicopedagógico em sua
amplitude, considera-se necessário subdividi-lo em quatro dimensões, exatamente
nessa sequência (enquadramento1, planejamento das atividades a serem
desenvolvidas, desenvolvimento das sessões e avaliação) que serão apresentadas
a seguir.
O psicopedagogo deve ter em mãos o seguinte esquema:
1. Enquadramento:
a) Da problemática.
b) Das sessões de tratamento.
2. Planejamento das atividades a serem desenvolvidas.
3. Desenvolvimento das sessões:
a) Observação.
b) Os aspectos centrais, secundários e interpretações psicopedagógicas que
são diferentes das psicológicas, pois são operacionais.
c) Registro.
4. Avaliação:
a) Do sujeito.
b) Do processo corretor.
A tarefa psicopedagógica tem um enquadramento próprio, que possibilita
solucionar rapidamente os efeitos mais nocivos do sintoma, para depois dedicar-se a
afiançar os recursos cognitivos, ou mesmo paralelamente. Uma das abordagens que
se faz de extrema importância é, ao receber o sujeito, perguntar-lhe se sabe o
motivo de estar ali, caso contrário fale sobre o assunto.

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Denomina-se enquadramento o contrato estabelecido com os pais.

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Neste contexto, mostre-lhe que o auxiliará a se desenvolver, mas que a parte


principal virá do seu esforço e sua dedicação, e de sua predisposição para a
mudança. Dessa forma, desmitificam-se as fantasias de "cura". Este
desenvolvimento se inicia na entrevista devolutiva e estende-se por todo o
tratamento (PAÍN, 1992).
É também efetuado com o sujeito o contrato, compromissando-o com sua
problemática, tanto no diagnóstico como no início e durante o tratamento (quando se
fizer necessário).
Essa entrevista inicial, também denominada "Queixa", busca clarear os
aspectos obscuros acerca da problemática do sujeito na família, do processo
corretor e das fantasias a respeito dos sintomas e "cura" dos mesmos. O
enquadramento se inicia na entrevista devolutiva e estende-se por todo o
tratamento, podendo ocorrer por várias vezes, conforme a necessidade.
As informações acerca do diagnóstico e do tratamento deverão ser passadas
à escola, porém, com cuidado, preservando-se o sigilo profissional. Caso o professor
pergunte sobre aspectos pertinentes à intimidade da família, responda-lhe que sente
muito, mas as informações solicitadas fazem parte do sigilo de seu trabalho.
Esclareça, também, que se estas informações tiverem muita importância, devem ser
direcionadas a ambos os genitores (CHAMAT, 2008).
Informe aos pais que compreende a preocupação deles e que podem ficar
tranquilos, que você se empenhará muito no caso. Isso é um compromisso, porque,
caso você não se empenhe, perderá o paciente. Diante dessas questões, como
profissional, você deverá se submeter a uma psicoterapia a fim de organizar o seu
"ego".
É muito importante que o profissional que trabalha nesta área, esteja
"terapeutizado". Isso é importante para não se deixar envolver pela problemática
decorrente do estado confusional que a mesma acarreta.
O nível alto de ansiedade acerca dos sintomas do "não aprender" gera um
estado confusional e pelo temor à confusão e ao desequilíbrio, podem os sujeitos
utilizar vários mecanismos de defesa, que impedem a compreensão dos significados
e significantes e/ou até mesmo lançar mão de um mecanismo muito mais primitivo,
que é a fragmentação (dividir-se em partes). No entanto, o psicopedagogo não

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trabalha esses mecanismos defensivos do "ego", pois não é sua área. Nesse
aspecto, deve solicitar a intervenção do psicólogo.
Tendo-se em vista essas articulações da psique humana, o enquadramento
torna-se uma constante no processo corretor.
De acordo com Chamat (2008), para alcançar os objetivos a que o
psicopedagogo se propõe no tratamento psicopedagógico, é necessário fazer um
bom enquadramento com a finalidade de clarear pontos obscuros acerca da
problemática do sujeito na família, do processo corretor e das fantasias a respeito
dos sintomas de "cura" dos sintomas.
Inicia-se o enquadramento na entrevista devolutiva, que se estende por todo o
tratamento, quantas vezes forem necessárias. O psicopedagogo deve estar sempre
predisposto a atender as necessidades do sujeito, da família e da escola e ter
sempre em mente que na entrevista devolutiva, tanto com os pais como com a
criança, o nível de ansiedade é alto, o que ocorre devido ao temor do que está por
vir, algo de que não possuem controle e que suscita as ansiedades paranóides
(sentimentos de perseguição interna, é como penetrar no desconhecido), como
Visca (1987) se refere.
Geralmente, como autodefesa, os familiares distorcem o conteúdo discutido
pelo psicopedagogo e dão ênfase a aspectos irrelevantes, principalmente às atitudes
do agente. Com o objetivo de facilitar o trabalho Psicopedagógico, considera-se
relevante abordar na entrevista pós-diagnóstico aspectos do contrato de trabalho ou
enquadramento.

Da problemática
Assim como na primeira entrevista, que é a da queixa, a entrevista pós-
diagnóstico deve ser realizada fornecendo resultados e verificando o que estes
acarretam nos presentes. Por isso, não se pode esquecer que o objeto em estudo é
o sujeito com problemas de aprendizagem na família.
O delineamento dessa entrevista busca detectar e localizar o objeto não
desejado (mas presente). Busca-se em uma linguagem clara e precisa informar aos
pais as causas dos sintomas do "não aprender", na criança. Para tal, o
psicopedagogo deve concentrar-se no ponto principal que impede o sujeito de

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interagir ou integrar os objetos de "conhecimento" e, consequentemente, na


impossibilidade de sentir prazer com o mundo das ideias.
Ao lado da compreensão, o Psicopedagogo, deve mostrar os apontamentos e
assinalamentos percebidos na leitura da queixa secundária, na realização da
anamnese e durante todo o tratamento, demonstrando assim a falha na pedagogia
familiar.
Na maioria dos casos, na constatação da falha na pedagogia escolar, que se
mostra insuficiente, deve o agente corretor introduzir novas modalidades de
aprendizagem, auxiliando o professor e suprindo as falhas da pedagogia escolar.
Apontar também "Os Três Ds" (VISCA, 1987), isto é, o que a família está
depositando na criança e a forma pela qual as projeções vão sendo gradativamente
introjetadas e que, incorporadas ao self (eu), vão repercutindo na formação de
modelos inadequados de perceber, compreender e explicar o que a cerca.
Nesse momento, as primeiras orientações serão dadas, a fim de que os pais
possam refletir, repensar e provocar uma mudança em suas atitudes. Ao sujeito
também é realizada uma devolução do que foi detectado no processo de avaliação.
Utiliza-se para tal a retomada do questionamento do motivo que o trouxe para
essa avaliação. Em seguida, utiliza-se suas produções (o que foi realizado em
sessão e também o material escolar) para demonstrar a sintomatologia apresentada
e discutir suas causas.
Trata-se de um trabalho cuidadoso, pois o sujeito se desequilibra e poderá se
munir de todas as defesas contra a persecutoriedade intensa. Por esse motivo, faça
com que a situação seja a menos persecutória possível. Para tal, é necessário que
aponte suas defasagens, mas que também enfatize suas qualidades e seu potencial
para apreender o universo que o cerca. Ressalte, principalmente, que é um trabalho
em conjunto e, ele se esforçando para fazer o melhor, isso tudo logo será até
esquecido (CHAMAT, 2008).

Das sessões de intervenção


Dependendo do caso, o número de sessões de Intervenção varia de 1 a 3
vezes por semana. Os honorários deverão ser combinados previamente, assim
como a forma de pagamento.

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Deve-se deixar claro que as faltas serão cobradas, exceto em caso de


doença, bem como, todo trabalho de deslocamento do profissional. Essa atitude tem
a finalidade de lidar com pais displicentes, que transferem a responsabilidade da
melhora da criança para o agente corretor (VIGOTSKY et al., 1991).
Nesse sentido, na entrevista devolutiva (pós-diagnóstico), traça-se um rol de
atividades ou atitudes a serem cumpridas pelos pais e realizam-se entrevistas
quinzenais ou mensais com eles, para acompanhar a evolução das tarefas, bem
como seus consequentes resultados. Nessas sessões, não permita a entrada de
outra criança, um irmãozinho, por exemplo.

Planejamento das atividades


Para a realização da intervenção, as atividades devem ser cuidadosamente
planejadas, devendo-se prioritariamente, enfatizar a avaliação prévia e enfoque no
objeto a ser modificado. Deve-se focalizar o objetivo principal (da queixa) e quando
possível, direcionar para os secundários.
Deve-se, nesse aspecto, levar em consideração as duas etapas da sessão: a
pedagógica e a cognitivista. O psicopedagogo deve preparar atividades que levem a
interpretações operatórias, diferenciando da interpretação psicológica, que não é o
seu campo de atuação.
Nesse planejamento clínico, pode-se incluir o "Contar Histórias" e a seguir a
"Dramatização da História Narrada", com início, meio e fim. Após essa atividade, o
terapeuta pode narrar uma pequena história, misturando tudo. Pede-se ao sujeito
para corrigir verbalmente. Ele terá de pensar muito.
- Agora é sua vez, eu conto uma história e você, deve "bagunçá-Ia". Você
consegue, é só planejar como vai fazer. (Espere uns minutos) "Pronto!"
-Comece.
Ele manifestará um pouco de dificuldade, porque repetir é uma tarefa mais
fácil do que criar. Estimule-o e reforce os pequenos acertos.
Não se esqueça que o feedback do reforço e da aprovação estará
manifestado em seu rosto e suas expressões faciais.

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- Agora, vamos transformar essa história divertida em uma organizada e fique


tranquilo que vou ajudá-lo até você pegar o jeito; em outras sessões, você formulará
sozinho, mas até lá será uma brincadeira muito fácil.
Na sala de espera não pode haver repercussões de sons provenientes da
sessão. Mas, as risadas, se forem altas, serão ouvidas. Quando saírem, o
acompanhante do paciente perguntará:
- O que aconteceu que riram tanto?
- Isso é problema nosso; sinto muito, mas se ele quiser ele poderá contar,
mas não o pressione e respeite sua intimidade.
Usa-se um tom brando e sem alterar a voz, com expressão facial indiferente.
A dramatização faz parte do Anexo 1 (técnica de dramatização), de forma
elucidativa para que planeje o uso e como usar o material.
Essa técnica aqui descrita estará subsidiada no Anexo 2, com fábulas,
poesias e histórias. Existe um material muito útil que se encontra no Anexo 3. Esta
técnica se encontra acoplada aos itens anteriores.

Desenvolvimento das sessões


O tempo de cada sessão não deve ser inferior a 50 minutos nem superior a
uma hora, a não ser em caráter excepcional. As sessões de avaliação podem ser
mais demoradas, isto é, serem realizadas dentro de uma hora e meia, mas depende
do sujeito. Isso, para não sofrer alteração no ritmo e na qualidade das respostas.
Um dos recursos mais eficazes da psicopedagogia é a observação. O
psicopedagogo em toda sessão não deve se preocupar só com seu
desenvolvimento, mas principalmente com a coleta de novos dados e com situações
novas relacionadas pela criança, que aparecem no diagnóstico.
Na intervenção, as sessões devem ser dividas em duas partes. Na primeira
trabalha-se o conteúdo formal escolar de forma lúdica. Na segunda devem ser
inseridos jogos que trabalhem as estruturas mentais, ou seja, a cognição. Não é
necessário trabalhar com muitos jogos.
Deve-se aproveitar o que se tem e criar novas formas. Pede-se à criança que
escolha o jogo que mais gosta. Pergunta-se o motivo e solicita-se que crie um novo
jogo. Essas novas situações poderão auxiliar o psicopedagogo em seu

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replanejamento e, fundamentalmente, na pontuação, assinalamento a interpretação


operacional.
Sugestões de como confeccionar jogos estão no Anexo 4.

Pontuação, assinalamento e interpretação operacional


Toda interpretação durante a sessão psicopedagógica deve levar a criança a
comparar o que faz na sessão com o que faz na escola e por que o faz? Deve-se
levar a criança a construir o seu pensamento, a sair do egocentrismo e buscar um
pensamento que envolva causa e efeito, dentro do "real" (PIAGET, 1970).
A criança deve ser questionada a respeito de suas ações. Sempre lhe
perguntar o "por quê?", fazendo-a construir uma nova consciência da realidade.
Assim haverá uma construção gradativa, ampliando as estruturas mentais e o nível
de operatoriedade em que se encontra, mas que também pode propiciar a
passagem para um nível posterior (CHAMAT, 2008).
Toda interpretação, embora operacional, deve explicar também "por que você
age assim" e como isso desorganiza seu pensamento, deixando-a infantilizada, para
que possa resolver os conflitos.
Deve ser mostrado a ela, até mesmo no processo de construção, a perda e o
ganho enquanto fica aprisionada no pensamento do sentimento de prazer. Ao lado
do apontamento de seus déficits deve vir o apontamento de suas qualidades.
Concomitantemente, é uma constante do enquadramento de "por que está aqui",
compromissando-a com suas dificuldades.
Deve-se estimular e permitir o ressaltamento do desejo de crescimento que
traz consigo, pois está ali, e, se tem disposição de sempre vir para a sessão, esse
sentimento está presente.
A operacionalidade das interpretações, não devem ser efetuadas,
interpretando-se as emoções e sim questionando a inadequação da ação, isto é,
como foi efetuada, se havia outra forma de atuação e, fundamentalmente, quebrar a
resistência em pensar.

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Avaliação
1) Do sujeito
Em toda sessão deve haver um registro do conteúdo, no que diz respeito aos
bloqueios para facilitar o planejamento; da mesma forma, a evolução que deverá ser
confirmada.
A avaliação do sujeito, de preferência na frente da atividade planejada,
obedecerá a critérios subjetivos do profissional, em função do objetivo proposto.
Além das avaliações efetuadas por meio do registro das sessões, o sujeito deve ser
submetido a avaliações periódicas, para uma retestagem e replanejamento. Isso
quer dizer, detectar as mudanças ocorridas para replanejar. O relato do professor,
na escola, pode auxiliar o direcionamento do replanejamento e a atual avaliação.

2) Do processo corretor
Todas as sessões deverão sofrer uma análise do processo corretor e dos
resultados obtidos neste, tanto na etapa pedagógica como na cognitivista. Essa
forma de trabalho serve de subsídio para o replanejamento das sessões. Por meio
das observações e do registro dos recursos utilizados é possível avaliar as
mudanças ocorridas bem como a metodologia e os recursos utilizados.

Registro
As sessões devem ser registradas quanto aos aspectos trabalhados, os
emergentes e as mudanças estruturais do pensamento da criança. Pode acontecer
de ser necessário mudar a orientação dos pais, em algum aspecto (CHAMAT, 2008).

Aspectos relevantes da intervenção


O contrato sobre a intervenção deve se iniciar com o enquadramento do
processo corretor: como serão feitas as sessões, o comparecimento dos pais para
orientação, quando convocados, e discutir a forma de pagamento e cobrança das
faltas.
Como foi falado na introdução, deve-se esclarecer o papel do psicopedagogo
que atuará como orientador e direcionador do processo de crescimento, mas não

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será unicamente responsável pela eliminação da sintomatologia do sujeito na


família.
Ser esclarecido que se trata de um trabalho em conjunto e que o tratamento é
direcionado para o sujeito e para o ambiente a ser modificado (JOHNSON;
MYKLEBUST, 1987).
Eliminam-se as "fantasias de cura" dos genitores e inicia-se a explanação de
como é a intervenção psicopedagógica e o papel do lúdico, daí a necessidade de
trabalhar com jogos, teatros, histórias e outros instrumentos. Isso evita as "fantasias
e verbalizações" de quando vai terminar o tratamento e de comentários, tais como: -
Você só joga? - Quando vai terminar esse tratamento? - Vocês só jogam?
Também deve ser trabalhada, a "fantasia" dos pais acerca da duração do
tratamento. Acentua-se que a evolução da intervenção vai depender muito das
atitudes deles e exemplifica-se dentro do quadro da criança. Se uma sessão não for
suficiente para esclarecer o que é necessário, marca-se outra (NORONHA;
NORONHA, 1993). Esclarece-se que se depende de um conjunto de variáveis que
impossibilitam determinar o tempo a ser despendido (MOREIRA; MASINE, 1982).
Esta pergunta aparece constantemente: Quanto tempo vai durar? Enfatiza-se
a importância do jogo como instrumento de construção e de dissolução de conflitos,
medos e ansiedades, presentes no aprender, usando, para isso, uma linguagem
pedagógica.
À criança, também é feito esse enquadramento na sessão pós-diagnóstico.
Faz-se necessário compromissá-la com suas dificuldades e descompromissar-se
com o papel de agente curador, isto é, de resolver seu problema. Nesse sentido,
esclarece-se o seu papel, e que você está se propondo a auxiliá-Ia em suas
dificuldades.
Segundo Chamat (2008), é muito importante na primeira sessão de
tratamento fazer o contrato verbal com o sujeito quanto a horários, duração das
sessões, honorários, atrasos, faltas e férias. Explicar que ali não é escola, que o
agente corretor não é professor. Portanto, o calendário proposto não vem ao
encontro do calendário escolar.
Esclareça, ao sujeito, como serão realizadas as sessões, que serão duas
partes: uma parte em que se trabalham as dificuldades específicas (jogos e

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exercícios pedagógicos); na outra as dificuldades detectadas no campo afetivo-


cognitivo e social (fale em sua linguagem), mostrando em sua produção os sintomas
(primeira parte da sessão) e as causas (segunda parte da sessão).

Fases da intervenção
O planejamento da intervenção envolve duas fases: a fase pertinente ao
conteúdo escolar e exercícios elaborados de forma lúdica, mas com conteúdos, e
exercícios escolares, que estão em déficit, que foram ou não foram parcialmente
assimilados. A fase seguinte envolve a elaboração de jogos que possam trabalhar o
nível de operatoriedade do sujeito e seus déficits. Assim sendo, a sessão fica
composta de duas partes: a pedagógica e a operatória. Isso não quer dizer que a
fase pedagógica, não seja operatória, da mesma forma, a operatória conduz à
aprendizagem. Tudo de forma lúdica, como mostra Winnicott (1975).
Para planejar a intervenção psicopedagógica, o psicopedagogo deve resgatar
o sistema de hipóteses que foram levantadas no diagnóstico e subdividi-Ias,
conforme o esquema demonstrado a seguir.

As hipóteses
Após a avaliação inicial, o psicopedagogo deve elaborar as hipóteses
diagnósticas:
1. No sujeito – orgânicas; afetivo-cognitiva.
2. Psicológicas – o que percebeu e encaminhar ao psicólogo, com relatório.
3. Na família – como "aprendeu a aprender".
4. As relações vinculares – subsidiam a análise do vínculo com o
"conhecimento".
5. Na escola – problemas com o "Ser que ensina" (relação professor-aluno);
inadequação metodológica.
A inadequação metodológica se obtém com o exame do material escolar.
Esta é uma tarefa difícil, pois o professor trabalha com muitos alunos que requerem
a sua atenção.

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As hipóteses diagnósticas devem ser formuladas ao final da avaliação inicial.


Essas hipóteses terão três focos de análise: o sujeito, a família e a escola, como
se discutirá em seguida.
No sujeito, verificar, por meio de uma investigação criteriosa, dados sobre o
funcionamento orgânico e encaminhá-los ao clínico geral. Este deve fazer os
encaminhamentos que julgar necessário, no entanto, o psicopedagogo deve
examinar as receitas médicas e acompanhar, por meio do diálogo com os pais, esse
tratamento medicamentoso.
Caso haja alguma discordância do psicopedagogo quanto a algum
medicamento que provoque reação adversa, o profissional deverá procurar o médico
que receitou e esclarecer suas dúvidas.
As hipóteses afetivo-cognitivas podem ser formuladas com o auxílio de provas
piagetianas e a aplicação do "Teste Coleção Papel de Carta" (CHAMAT,1997). Esse
instrumento explica as causas da não aprendizagem, tanto no âmbito cognitivo (pela
articulação da história, da noção de causa-efeito e reversibilidade) como também
mostra o nível afetivo envolvido na problemática.
Para Chamat (2005), o estudo da causalidade e da contradição no Conto Os
Três Porquinhos tem como foco de análise o nível operatório. Caso ainda tenha
dúvidas de como levantar as hipóteses, verifique o Diagnóstico Psicopedagógico, da
mesma autora. Essa obra mostra como se faz um diagnóstico psicopedagógico, sem
utilizar instrumentos psicológicos e, ao final, como formular as hipóteses
diagnósticas que irão direcionar o tratamento. Se as dificuldades persistirem,
encaminhe o caso a um psicólogo.
Na família, conforme Lima (1980), o processamento contínuo da conduta do
sujeito e o modo como os pais reagem auxiliam muito o trabalho de inserção da
problemática, no replanejamento. Nesse questionamento constante com os pais, o
profissional deve atuar sobre esse aspecto, dando orientações a eles. Por exemplo:
"Vamos conversar sobre isso." Insistir com os genitores para estabelecerem o
diálogo construtivo. Ressaltar que não se pode esquecer que a aprendizagem é uma
constante na vida do indivíduo.
Todas estas sugestões apresentadas, antes da elaboração do planejamento,
do tratamento, são para fortalecer o diagnóstico já realizado e para o profissional

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verificar se estava de posse do material fidedigno. Todas as hipóteses obtidas na


avaliação inicial delinearão o trabalho de fortalecimento do vínculo com o
"conhecimento", aumentando o nível de operatoriedade e fortalecendo os
mecanismos de assimilação/ acomodação, segundo Lima (1980).
Munido dos resultados da avaliação inicial, o psicopedagogo pode realizar o
planejamento do tratamento.

Esquemas de intervenção
No quadro a seguir, delineado com o intuito de facilitar a tarefa do
psicopedagogo, enfatiza-se que o material deve ser coletado no sujeito, na família e
na escola.
NO SUJEITO
Sintomas Causas Procedimentos

NA FAMÍLIA
Sintomas Causas Procedimentos

NA ESCOLA
Sintomas Causas Procedimentos

Efetuado o esquema e o procedimento do planejamento da intervenção no


sujeito, este deve conter duas partes: uma voltada para a detecção dos sintomas e
outra para dissolução das causas dos sintomas. No quadro anterior, o profissional
deve assinalar o sintoma e, em seguida, buscar em suas anotações, as possíveis
causas (nesse contexto deve tomar cuidado para não entrar no campo do psicólogo,
pois, sem preparo, fracassará). Para cada causa deve delinear um procedimento;
isso nas três áreas: no sujeito, na família e na escola (CHAMAT, 2008).
Embora cada parte da sessão tenha suas prioridades, as pontuações, os
assinalamentos e/ou as interpretações são voltadas para a integração do sintoma
com suas respectivas causas. Sabe-se que a hipótese está correta, se houver
mudança pós-procedimento do agente corretor.
Paín (1989, p. 77) coloca a importância do trabalho com os sintomas do "não
aprender". "Diz Freud que o que resta da doença depois da desaparição dos
sintomas, é apenas a disposição para formar novos sintomas."

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A autora enfatiza que os sintomas e as causas, no tocante à aprendizagem,


devem ser trabalhados em conjunto e aponta que por esse motivo o reforço escolar
de nada adianta. Entretanto, quando se trata da aprendizagem e das atividades
cognitivas, o reforço do adequado e a eliminação dos estímulos inadequados levam
o sujeito a ter uma melhor disposição para elaborar seu trauma. Isso quando não for
tarefa do psicólogo.
Salienta-se, segundo Morais (1986), que no trabalho psicopedagógico,
mesmo que os sintomas desapareçam, deve-se proceder a uma nova avaliação
diagnóstica, a fim de dar continuidade ao trabalho de dissolução das causas dos
sintomas, para que estes não retornem posteriormente. Nesse sentido, há outra
alternativa, que se considera mais producente, após retirar os sintomas do "não
aprender", conscientizar os pais para procurarem um psicólogo, a fim de evitar o
reaparecimento do problema e/ou de novos sintomas.
De acordo com Paín (1989), essa colocação se embasa no discurso
freudiano. Se estiverem no campo emocional, encaminha-se ao profissional
adequado.
Deve-se, também, verificar se há deslocamento de sintomas, isto é, um
sintoma desaparecer de uma área e instalar-se em outra, em que o jogar sofrerá
alterações. De fato, a intervenção tende a reforçar aquelas vias que levam às
"satisfações substitutivas" das demandas instituais (SEBER, 1989).
Um trabalho psicopedagógico não se constitui em aula de reforço escolar, é
amplo e abrangente. Embora seja possível trabalhar com conteúdos escolares, deve
envolver as defasagens reais biopsicossociais, em um trabalho voltado para a
vinculação com a aprendizagem.
Essa consequente deliberação do afeto cognitivo, segundo Macedo (1994), é
determinante no desenvolvimento cognitivo. Trabalhar exclusivamente com sintomas
significa garantir a manutenção da patologia "na criança" e propiciar o
desenvolvimento de outras patologias, até mesmo em termos psicossomáticos, que
merece outra tomada de decisão por parte do profissional.
Intervir apenas nas causas da dificuldade do "não aprender" conduz a um
leque amplo de possibilidades de trabalho, aprofundando-se na parte psicológica,

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que é função do psicólogo. Além disso, torna-se um trabalho de longo prazo, no qual
a criança não tem recursos para ir resolvendo suas dificuldades de aprendizagem.
Isso faz sua autoestima ficar mais rebaixada, aumentando, o nível de
ansiedade da família, do professor e consequentemente da criança. Tudo isso, sem
falar do estado confusional e de ansiedade que pode gerar no agente corretor.
Segundo Chamat (2005), essas dificuldades acabam contaminando o
psicopedagogo, transformando-se num emaranhado psíquico, cujo manejo corretor
implicaria o uso intensivo da transferência e contratransferência, que não são
usadas na psicopedagogia como na ludoterapia que é tratamento psicológico.
A ausência de estruturas cognitivas para a aprendizagem, como uma causa
aparente, que tem suas raízes na problemática afetiva e na formação da autoestima,
sem profundidade ou sem penetrar no emocional, é tarefa psicopedagógica.
É importante delinear em psicopedagogia, o foco a ser trabalhado, porque a
criança necessita se ver progredindo na vida escolar e se valorizar.
Outro ponto relevante e que merece abrir uma discussão: a voracidade do
psicopedagogo!
Este deve delimitar um foco a ser trabalhado, mas em profundidade, com
esmero e crença em sua atuação. O profissional que se propõe a utilizar técnicas
psicopedagógicas que dirige a sessão para o surgimento do emergente, não pode
atuar (se psicólogo) com técnicas psicoterápicas psicanalíticas.
Estas não envolvem planejamento, e sim o surgimento do emergente, porém
não é dissolvido.
A questão da vinculação é outra vertente fundamental na psicopedagogia,
pois todo trabalho deve ser centrado no vínculo. O terapeuta representa na sessão,
por transferência, o novo, o desconhecido, assim aumenta e fortalece as outras
relações vinculares da criança. Dessa forma, o vínculo com o "Conhecimento" se
fortalecerá de forma gradativa, à medida que for removendo, na sessão, o temor, o
medo e a crença de não saber, sem pensar (CHAMAT, 2008).
Prioriza-se a relação entre paciente e terapeuta, como "continente-contido",
no qual o continente (terapeuta) apoia o contido (sujeito) e interpreta-se o "real"
(RUBINSTEIN, 1987).

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A interpretação no real quando enfatiza-se o concreto em relação ao abstrato


significa um modo especial de levar o sujeito a compreender operatoriamente o que
lhe foi colocado, mesmo que se utilize a comparação com outras situações (VISCA,
1996).
O pedagogo não deve buscar causas emocionais para exemplificar a origem
do problema, pois esse é o trabalho do psicólogo. Deve buscar dentro do real que
trata da causa e efeito consciente. Exemplo: Após o sujeito ter efetuado uma jogada,
pergunta-se a ele por que o fez e se havia outra forma de fazê-lo? Certamente, não
explicará ou terá dificuldades em fazê-Io, demonstrando que foi uma atitude
impensada. O terapeuta deve mostrar a ele a falta de envolvimento que leva ao erro,
e que é assim que se lida com as lições e com a vida.
No processo de intervenção, o psicopedagogo deve estar sempre e
constantemente avaliando sua postura, os procedimentos e as técnicas utilizadas.
Para tal, é necessário submeter o caso a uma supervisão periódica (CHAMAT,
2008).

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UNIDADE 3 – O TRATAMENTO SEGUNDO SARA PAÍN

A tarefa psicopedagógica tem um enquadramento próprio que possibilita


solucionar rapidamente os efeitos mais nocivos do sintoma para logo depois dedicar-
se a afiançar os recursos cognitivos. Consideraremos os aspectos mais importantes,
relatados por Sara Paín.
1) É sintomático: O tratamento centra-se no ponto de urgência do paciente
que é não poder integrar os objetos de conhecimento. Essa dificuldade está
comprometida numa situação mais complexa, da qual resulta ser uma articulação
privilegiada.
Os diferentes elementos ingressam relacionados com a aprendizagem, de
modo que faz-se necessário mobilizá-los, mas é este processo o fio condutor.
Diz Freud que o que resta da doença depois da desaparição do sintoma é
apenas a disposição para formar novos sintomas; entretanto quando se trata da
aprendizagem e das atividades cognitivas, o reforço destas deixa o sujeito numa
melhor disposição para elaborar seu trauma, caso se submeta a uma psicanálise, e
para encontrar vias de satisfação e sublimação na sua vida quotidiana, tal como se
expressa Freud no mesmo texto (Introdução à psicanálise, teoria sexual). De fato, o
tratamento tende a reforçar aquelas vias que "levam a satisfações substitutivas" das
demandas instintuais, "afrouxando-se os vínculos com os fins instintuais originais"
(Esquema de psicanálise, 1910 apud PAÍN, 1992, p.77).
A resposta do meio do sujeito que não aprende é uma imagem
excessivamente desvalorizada de si mesmo. A sociedade e a instituição não se
fazem cargo deste problema e o paciente resulta marginalizado. Embora, às vezes,
seja exatamente este o efeito inconscientemente buscado, a imagem que provoca
redunda dialeticamente no deterioramento do sujeito que deve assumi-Ia. No
tratamento psicopedagógico procura-se devolver ao sujeito a dimensão de seu
poder (poder escrever, poder saber, poder fazer), para que dê crédito às
potencialidades de seu ego (yo).
De acordo com Paín, ao longo de sua experiência, não tem havido
deslocamento de sintomas, ao menos não de maneira notória; pelo contrário, a
confiança conquistada no exercício da aprendizagem diminuiu em muitos casos
comportamentos fóbicos (medo do escuro, da solidão, de andar só na rua, etc.), e
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obsessivos (ordem excessiva, rituais), melhorando em alto grau a utilização de


linguagem e o corpo na expressão de suas próprias experiências.
2) É situacional: Isto quer dizer que o profissional se baseia quase
exclusivamente naquilo que ocorre na sessão. Mas não como no caso do aqui e
agora psicanalítico que refere o atual – explícito ao atual – implícito, onde o sujeito
pode ser o ego-bebê (yo-bebê) que demanda o terapeuta-mãe. A tarefa do
profissional será justamente salientar os enquadramentos reais, para que fique claro
que o psicólogo não é exatamente uma mamãe e que é possível tentar com ele um
novo tipo de relação.
O aspecto fundamental neste caso não recai sobre a relação transferencial,
que o psicopedagogo sempre levará em consideração, ainda que não a explicite,a
não ser que perturbe a tarefa e que esteja tão evidente que precise apenas de uma
confirmação verbal para ser assumida. Isto pode ocorrer quando alguma fantasia do
paciente vê-se confrontada pela realidade, como por exemplo, se descobre que
temos nossos próprios filhos ou quando nos acontece um acidente. Estas situações
são tomadas como oportunidades de aprendizagem, no sentido de que a criança
pode aproximar-se mais de nossa realidade, e não nos tomar como objetos de sua
necessidade; para isto é necessário trabalhar os comportamentos apresentados pela
criança no sentido de não conhecer-nos tal como somos.
Segundo Paín (1992, p. 78), o fundamental dos assinalamentos recai sobre o
sentido da operação omitida ou então sobre a operação errada, que o sujeito sugere
para resolução da tarefa, promovendo a construção de esquemas úteis e
econômicos que sirvam para ler a realidade e transformá-Ia. No caso do sujeito
trazer para sessão outro tipo de tarefas ou problemas, pode ocorrer que realmente
estes sejam prioritários, e também podem ser desculpas para evitar o exercício.
De qualquer forma, estes são retomados como temas de aprendizagem,
resgatando-se sua urgência ou sua função. Assim, uma criança com dificuldades
para ler tem como tarefa ler uma pequena história; diz que será melhor ler outra, "o
ursinho travesso", que ela sabe de cor. Aceitamos sua proposta, com a finalidade de
que note a diferença entre memória e aprendizagem, e resgatamos a primeira
fazendo-a identificar as palavras conhecidas num contexto, noutro contexto onde

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intervém; evitamos com isto qualquer sentimento de perda, junto com a satisfação
do exercício.
A intervenção, no nível do significante, pode ser feita em psicopedagogia
apenas quanto à redundância, isto é, quando são várias as rupturas que permitem
situar o lugar da articulação. Assim, em "O sujeito por fim questionado" Lacan
afirma: "o sintoma não se interpreta a não ser na ordem do significante; o
significante não tem sentido a não ser na sua relação com outro significante; nesta
articulação reside a verdade do sintoma". O desencadeamento dos significantes, isto
é, seu desligamento da cadeia, tem para o tratamento psicopedagógico uma
importância dupla; em primeiro lugar, dar evidência ao sujeito sobre seu próprio
funcionamento e, em segundo lugar, liberar a energia associada ao contrato
significativo.
3) É operativo: No tratamento psicopedagógico a relação é feita
principalmente em torno de uma tarefa precisa e concreta. Esta se evidencia para a
criança através de uma instrução que inclui uma orientação sobre a atividade a ser
desenvolvida e o objeto que esta atividade supõe para o tratamento em si. Desta
maneira, tenta explicitar por que e para que é o exercício que deve resolver. Fica
ainda por analisar o como da resolução e, em caso extremo, o porquê de seu
fracasso.
Tomemos o exemplo de uma criança de nove anos, à qual dá-se a instrução
de "aprender a distribuir, através de um jogo de baralho no qual supõe-se três
jogadores: João, Pedro e José". A criança distribui um total de 31 cartas, e
perguntamos a ela quantas tem João; ele as conta e responde que tem sete;
perguntamos quantas tem Pedro e volta a contar; por último, perguntamos quantas
tem José e a criança não vê maneira de antecipar esse número; é então estimulada
para que dê as cartas novamente descrevendo em voz alta os efeitos de sua ação
da seguinte maneira: uma para João, etc. Assim, são distribuídas três, seis e nove
cartas até que o mecanismo da distribuição faz-se evidente em relação à identidade
dos conjuntos resultantes.
Vejamos como encaramos a operação quando a perturbação não está
centrada na tarefa e sim na atitude. Tomemos o caso de um menino de sete anos do
tipo "não sei". A tarefa consiste em poder calcular diferenças de idade e para tanto

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tomamos as idades dos membros da família da criança. Primeira dificuldade: a


criança não se lembra da idade da mãe, nem se atreve a aventurar uma
possibilidade; trabalhamos sobre esta última da seguinte maneira:
- Tua mãe é menor, maior ou igual a ti?
- (Sorri) Minha mãe é grande, maior que meu irmão, é uma grande.
- E que idade tem os grandes?
- Mais do que vinte, a gente já é grande, mas minha mãe deve ter mais que
30.
- Muito mais que trinta, ou um pouco mais que trinta?
- Não sei.
- Tua mamãe é velhinha?
- Não! essa é minha vovozinha; minha mãe é quase jovem, de uns quarenta
anos.
- Vai lá e pergunta pra ela (o menino sai e volta).
- (Triunfante) Quarenta e um ela tem, por pouco eu acerto.
- Vamos pensar agora na idade do teu pai [...]
Não é necessário mostrar ao paciente como ele conta com elementos para
realizar uma operação, nem mesmo quando isto se tornou muito evidente; basta dar-
lhe a oportunidade de uma nova aplicação. De qualquer forma, ao participar da
satisfação da criança em função de seu êxito, este assume a conclusão. No entanto,
às vezes vale a pena levar a criança a certa reflexão sobre as transformações que
opera:
“- Tu achas que agora vais te lembrar da idade da tua mãe e do teu pai?
- Sim, agora sim ... prestei mais atenção ... foi visto de várias maneiras".
Depois de poucas sessões este menino desenhou um sonho, no qual
apareciam uns velhinhos muito velhinhos (simbolizados por óculos e bengalas). os
quais – no sonho – ele tentava reconhecer e não conseguia. Isto levou a uma série
de esclarecimentos sobre o envelhecimento e apareceu o temor da criança de que
seus pais fossem "à ruína" antes de que ele pudesse crescer o suficiente.
A fim de entender melhor o nível operativo de nossa tarefa, vamos dar outro
exemplo, um caso de disortografia no qual dominava uma falta de acomodação
desde o nível da formação de imagens. À paciente não interessava absolutamente

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se uma palavra se escrevia com "s" ou com "z". Falando sobre este tema dissera
que era absurdo que não houvesse um só signo para cada pronúncia. Recorremos a
interessá-Ia na origem histórica de cada palavra, e embora a origem dos vocábulos
a interessasse vivamente, continuava parecendo-lhe injusto o respeito à tradição.
Em vista da menina possuir uma razão, fizemos-lhe uma concessão e os
exercícios relativos à ortografia foram interrompidos, na medida em que este era um
problema que não colocava em risco sua escolaridade. Quando outras dificuldades
mais urgentes foram superadas, especialmente as de mecanização do cálculo,
vinculadas nesta menina ao arbitrário, ela própria solicitou rever "o assunto dos
erros", que, de todos os modos, tinham já diminuído de forma notória (PAÍN, 1992).
Desta forma, garante-se para o sujeito as melhores condições para que
aprenda, e com este cuidado, permite-se a ele viver uma experiência de
aprendizagem desprovida de perigo. À medida que as situações da tarefa são
resolvidas, se pontuam as operações que são úteis, e se assinalam as resistências
ou impedimentos que obstaculizam uma correta resolução. Quando nos referimos a
assinalar, queremos dizer marcar as situações de maneira a reconhecê-Ias na
interação e transformá-Ias em estrutura na redundância, pois a modificação pode
acontecer sobre a estrutura (PAÍN, 1992).

Objetivos do tratamento
Os objetivos básicos do tratamento psicopedagógico são, obviamente, a
desaparição do sintoma e a possibilidade para o sujeito de aprender normalmente
ou, ao menos, no nível mais alto que suas condições orgânicas, constitucionais e
pessoais lhe permitam. Entretanto, a aprendizagem não é uma função saudável em
si mesma; com isto, queremos dizer que não basta aprender para aprender bem: é
necessário pôr ênfase no como se aprende a definir a aprendizagem pelos seus
objetivos ideológicos, que resumiremos em três fundamentais:
1) Em primeiro lugar, o objetivo do tratamento é conseguir uma
aprendizagem que seja uma realização para o sujeito. Este termo resume o
processo pelo qual um indivíduo se transforma numa realidade, e isto através de
duas instâncias complementárias, uma enquanto alcança sua identidade nas suas

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capacidades e, outra, enquanto compreende a si mesmo como articulação de uma


sociedade que se transforma.
É verdade que "a liberdade é consciência da necessidade", mas a capacidade
de exercê-Ia radica na consciência de poder, e este se verifica no exercício. Por isto,
ao explicitar nitidamente os fins de cada ensino, e ao relevar os recursos
desdobrados pelo sujeito para superar a situação colocada pelo estímulo, tentamos
que fiquem definidos para o sujeito os limites justos de suas possibilidades.
Concordamos com Paín (1992) ao inferir que a intenção do profissional é que, ao
terminar uma sessão na qual o sujeito exercitou, digamos, a multiplicação do cinco,
não conclua simplesmente dizendo "hoje aprendi a multiplicar por cinco", mas que
saia dizendo "eu sou o que sabe multiplicar por cinco".
Entretanto este poder é inútil se o sujeito não compreende também que
mundo é aquele no qual vale a pena multiplicar por cinco, se ele não entende que
transformações possibilita o cálculo, se os problemas que se resolvem por seu
intermédio lhe são alheios. Não nos referimos aqui exclusivamente aos problemas
quotidianos que preocupam os que cultuam a escola ativa, mas também aos
problemas teóricos, dos próprios interrogantes do conhecimento. Neste nível, o
sujeito se realiza na medida em que é capaz de perguntar, de colocar-se alternativas
e finalmente propor.
2) Em segundo lugar, o objetivo do tratamento é conseguir uma
aprendizagem independente por parte do sujeito. Já dissemos que tal enquadre
psicopedagógico reforça o vínculo do paciente com a tarefa e não com o psicólogo,
o qual configura-se como testemunha do processo. No entanto, às vezes por ser
inevitável e outras por ser desejável, estabelece-se no início do tratamento uma
dependência muito forte, que precisa ceder antes da aquisição de novos
conhecimentos que, desta forma, correm o risco de ser propriedade do par paciente-
terapeuta, o que conduz a uma inoperância dos mesmos fora dos limites da sessão
e enreda a situação de aprendizagem na teia de sentimentos que caracterizam as
situações de dependência, como são a submissão, a inveja, o temor à própria perda,
etc. Enquanto houver dependência não se deve colocar o sujeito diante de novas
aprendizagens, mas trabalhar-se sobre o já conhecido, com o único propósito que o
paciente conheça o que é seu; se durante o transcurso das sessões a dependência

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não diminui, é necessário passar a um tratamento psicoterapêutico e corrigir o


diagnóstico.
Embora deva ter-se em mente a urgência escolar, para garantir o êxito no
tratamento é necessário dar-se tempo suficiente para que todo o conhecimento se
assegure completamente como propriedade do paciente esgotando-se em todas as
suas aplicações e incluindo-se em aquisições novas. O único conhecimento válido é
o que foi processado pelo sujeito, o que consta como uma experiência pessoal, o
que se descreve ao total de sua memória; é deste conhecimento que o sujeito pode
dispor quando precisa.
É óbvio insistir em que a capacidade de dependência não afeta apenas o
paciente, e que é bastante difícil construir uma relação que seja ao mesmo tempo
afetuosa e, no entanto, livre. A vocação psicopedagógica, se é que existe, contém
sem dúvida esta possibilidade necessária de "dar a troco de nada".
3) Por último, salientamos o último objetivo psicopedagógico, que é o de
propiciar uma correta autovalorização. A avaliação da tarefa é preocupação de
cada sessão e constitui uma aprendizagem tão valiosa como a própria tarefa. Se o
sujeito deve construir uma imagem de si mesmo através daquilo que pode, só a
autovalorização lhe permitirá aquilatar este poderio adequadamente. Este aspecto
do julgamento é o que está mais deteriorado em crianças com problemas de
aprendizagem, as quais mostram-se confusas diante de suas próprias
possibilidades, passando das fantasias mais onipotentes às desvalorizações mais
punitivas sem encontrar parâmetros para uma medida coerente.
Acostumadas às gratificações secundárias da aprendizagem e submetidas à
competição da nota ou do lugar, as crianças continuam procurando fora a notícia de
seu rendimento e deixam de atender o sinal interno de satisfação, que provém do
equilíbrio da lógica, segundo Freud, ou do exercício de uma operação equilibrante,
segundo Piaget. Para Paín (1992), a valorização que provém da melhor resolução
de uma situação permite avaliar da mesma maneira a situação já resolvida, seja
uma piada, uma máquina, ou uma obra de arte.

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UNIDADE 4 – AVALIAÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS

DA MATEMÁTICA

Antes de entrar na escola, as crianças já estão em contato com o mundo dos


números, essa é uma verdade incontestável!
Em sua relação com as pessoas mais próximas e na interação com os objetos
de seu entorno, apropriam-se de uma série de vivências. Estas lhes permitem
adquirir noções básicas do conhecimento matemático, como a linguagem numérica,
as relações quantitativas entre objetos, a contagem e a forma dos corpos situados
no espaço. Esses conhecimentos fazem parte da cultura na qual as crianças estão
imersas.
Dessa forma, antes de irem para a escola, experimentaram muitas situações
que resolveram graças aos conhecimentos matemáticos que foram adquirindo:
ordenar os brinquedos em caixas, colocar um copo na mesa para cada pessoa ou
saber quem tem menos balas. Seus conhecimentos dependerão em grande medida
do maior ou menor favorecimento do ambiente em que viveram, da possibilidade
que tiveram ou não de buscar respostas aos problemas que lhes foram colocados e
da informação que tenham recebido.
Com respeito à série numérica, as crianças utilizam noções e vocabulário em
situações diversas: sabem dizer quantos anos têm, primeiro com os dedos e mais
tarde verbalizando; são capazes de contar os degraus da escada; sabem quantas
bonecas têm. Pouco a pouco, percebem que os números lhes permitem quantificar
os objetos.
Finalmente, adquirem uma correspondência correta entre a série numérica
que mencionam e os objetos que contam quando se tornam capazes de ordenar os
elementos física e mentalmente, contando cada elemento só uma vez e aprendendo
que o último número contado designa a totalidade dos objetos.
Ao longo do ensino fundamental, os alunos consolidam e generalizam o
funcionamento do sistema decimal de numeração.
São capazes de contar e de escrever em torno de mais de seis cifras, para
frente, para trás e alternadamente. As dificuldades da passagem para as dezenas,

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centenas, assim por diante, se consolidaram. Chega o momento de introduzir outros


tipos de numerações, como a romana, como trabalho de comparação e de reflexão
entre diferentes sistemas de numeração.
Durante a 3ª e a 4ª séries (4º e 5º ano do ensino fundamental, atualmente), as
crianças iniciam o trabalho dos números fracionários, entre os quais se encontram
os decimais, que estão mais relacionados com a vida diária (dinheiro, conteúdo das
vasilhas, etc.).
Paralelamente à aprendizagem dos números, as crianças se deparam com
um conjunto de ações e de situações que estão na base das operações de adição e
subtração.
Fazem comparações quando dizem: "Tenho mais que João: faltam quatro
figurinhas para completar meu álbum". Experimentam ações que aumentam ou
diminuem uma quantidade: quando ganham mais balas ou comem algumas. Logo
passam dessas operações informais às formais, e tornam-se capazes de resolver
essas questões com o algoritmo correspondente, que mais tarde ampliarão com a
multiplicação e a divisão. Estão em contato também com o mundo da medida.
Compram objetos de acordo com seu tamanho, sua altura e seu comprimento.
Mais tarde, sabem quais as medidas que o adulto utiliza para comprar grão-
de-bico ou roupa. Ao mesmo tempo, nas séries iniciais, consolida-se a
aprendizagem do tempo cíclico (dias, meses, semanas e estações) que se amplia ao
longo das demais séries com a medida do tempo cronológico (horas, minutos).
Como recorda César Coll (1994), sob uma perspectiva construtivista, "o
desenvolvimento não surge do nada"; é uma construção sobre a base do
desenvolvimento que já existe previamente. Essa construção exige o envolvimento
tanto da criança quanto dos que interagem com ela. É evidente que, como já
comentamos, as crianças levam toda essa bagagem de conhecimentos matemáticos
prévios quando entram na escola. A partir de seus esquemas e da intervenção dos
adultos irão adquirir noções, procedimentos e habilidades cada vez mais complexas.

DE ALUNOS COM UM AMBIENTE DESFAVORÁVEL

No campo educativo, a assistência social parte de uma visão global que inclui
o aluno e o ambiente em que este vive. A avaliação que se realiza na assistência

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social é, segundo Dolors Llobet, Esther Andújar, Montserrat Fontbona e Ramona


Subias considerada uma contribuição significativa à avaliação psicopedagógica dos
alunos vindos de um ambiente social desfavorecido.
Embora o trabalho ocorra no âmbito de um serviço educacional, e a
psicopedagogia seja o núcleo central, iniciamos nossa contribuição conjunta com a
avaliação psicopedagógica.
Os níveis de intervenção nesse âmbito, que se concretizam nos planos de
trabalho, geralmente são estabelecidos por normas nas instruções de início de ano.
São três: atenção aos alunos e às suas famílias, atenção às escolas e atenção ao
setor.
A possibilidade de identificar as necessidades sociais que os alunos
apresentam, no momento de sua incorporação ao sistema educacional, facilita a
colaboração dos profissionais com as escolas e possibilita atuações dirigidas a uma
parte importante dos alunos que costumam manifestar dificuldades de adaptação.
A emissão de informes técnicos sobre alunos com necessidades educacionais
decorrentes de situações sociais e/ou culturais desfavorecidas implica um
reconhecimento da importância da situação social no processo educativo e de
aprendizagem dos alunos. Ao mesmo tempo, permite um trabalho que pode
diferenciar dois momentos: um no início da escolaridade e outro nas mudanças de
etapa educacional.
Em todo processo de avaliação e no acompanhamento individual da
escolaridade de alunos socialmente desfavorecidos, é necessário o trabalho de
equipe e a colaboração com as escolas em diferentes âmbitos:
 Trabalho conjunto com os profissionais das escolas para conhecer as
situações que propiciam a marginalização e oferecer recurso a fim de vincular
os alunos a espaços mais normalizados – tempo livre, autonomia diante do
possível consumo de substâncias tóxicas, protagonismo social e critérios de
indução de modelos positivos, etc;
 Colaboração com as escolas no planejamento de atuações dirigidas às
famílias com desvantagens sociais;
 Intervenção na comunidade educativa para que seja inclusiva e favoreça a
ligação entre a escola e os pais e entre a escola e o bairro, mediante

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programas de prevenção do absenteísmo, grupos de autoajuda, círculos de


pais e mestres, conselhos escolares, planos de apoio escolar, ente outros.

ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECÍFICAS


DECORRENTES DE SITUAÇÕES SOCIAIS OU CULTURAIS DESFAVORECIDAS
Quando falamos de alunos com necessidades educacionais específicas
decorrentes de situações sociais ou culturais desfavorecidas, referimo-nos aos
alunos que, por razões diversas, provêm de um meio familiar e social pouco
favorável ou com um sistema de valores diferente daquele da instituição escolar.
Referimo-nos também aos alunos que padeceram ou padecem da falta de estímulos
ou de respostas adequadas às suas necessidades, fatores que dificultam seu
desenvolvimento pessoal.
Essas circunstâncias implicam viver um divórcio entre a escola e sua
realidade. Correm o risco de passar por processos de inadaptação ao sistema
escolar, que pode estar ligados a:
 Falta de motivação relacionada com a aprendizagem acadêmica;
 Defasagem escolar significativa;
 Conflito com os colegas e professores;
 Absenteísmo e abandono da escola.
Não se trata tanto de identificar os meninos e as meninas que vivem
situações de desvantagem social, mas sim de considerar que todos têm os mesmos
direitos e, portanto, de promover medidas e proporcionar recursos para que o ponto
de partida, menos no espaço educativo, seja adequado a todos os alunos. Por esse
motivo, é necessário colaborar com as equipes educativas para potencializar uma
adequada vinculação desses alunos à escola.
Quando se trata da escola pública constatam-se as necessidades e
demandas por uma equipe psicopedagógica devido ao componente da problemática
social.
Um número elevado de alunos provém de famílias que não dispõem de um
trabalho estável nem de rendas regulares e suficientes. Além disso, não contam com
uma rede relacional sólida que lhes proporcione segurança e perspectivas de futuro.
Outros pertencem a famílias que vivem situações de vulnerabilidade, como

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consequência de padecerem de problemas de saúde (física ou mental) ou por


viverem em uma dinâmica familiar conflituosa. Outros vivem determinadas situações
familiares de exclusão social, com ausência de trabalho e isolamento.

AVALIAÇÃO DO AMBIENTE SOCIAL


Diante de uma demanda de intervenção, não podemos agir sem ter
conhecimento prévio da situação. É necessário propor uma pesquisa para coletar
informações suficientes.
Com base nas informações obtidas, ordenadas, reelaboradas e analisadas,
procede- se à interpretação: O que nos dizem os dados coletados? Como avaliamos
o que se passa? Que recursos e meios temos para superar as situações
problemáticas? Que aspectos facilitam ou impedem a realização de um projeto que
permita melhorar ou mudar a situação?
A partir do envolvimento do psicopedagogo, os serviços educacionais
constatam que, no momento de fazer a avaliação de uma situação ou de um caso
concreto, é preciso levar em conta uma série de questões básicas:
 Ter sempre presente quem nos formula a demanda de intervenção, para que
e qual objetivo persegue;
 Partir de um referencial teórico e também de um roteiro do que se pretende
investigar, dado que podem aparecer elementos não previstos no início;
 Avaliar que informação se passa a quem nos fez a demanda.
Para poder realizar essa avaliação, temos de obter informações tanto do
aluno quanto do núcleo familiar. Devemos selecionar os dados que nos
proporcionem elementos significativos para a avaliação, levando em conta o
princípio da confidencialidade.

COM PROBLEMAS E TRANSTORNOS EMOCIONAIS E DE CONDUTA


Geralmente, o transtorno emocional é considerado como uma experiência
desagradável de excesso ou de ausência de estimulação, que, potencial ou
efetivamente, prejudica a saúde. No caso de crianças, pode causar também uma
deficiência no desenvolvimento (ALSOP; MCCAFFREY, 1999)

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Nenhum ser humano pode funcionar sem estímulo e desafio. Estes fazem
parte da vida normal, proporcionando excitação, incentivo e motivação, bem como
sofrimento e ansiedade. Enquanto nos sentimos no controle, o desafio pode ser
revigorante e excitante. Em geral, o termo "transtorno" é usado para descrever a
incompatibilidade entre os desafios que enfrentamos e a convicção em nossa
habilidade para lidar com eles.
Os transtornos são cumulativos e, portanto, uma série de pequenos
transtornos pode gerar emoções prejudiciais, como ansiedade e tensão
esmagadoras, dificuldade para raciocinar com clareza e uma ampla variedade de
reações comportamentais. Os transtornos das crianças são, de muitas maneiras,
semelhantes aos dos adultos, podendo diferir em sua manifestação. Com
frequência, deixamos de reconhecer os seus sinais e sintomas em nós mesmos ou
em nossos colegas e, muitas vezes, pode ser ainda mais difícil reconhecer os sinais
de que uma criança se encontra nessa situação, uma vez que os seus meios de
comunicação são restritos e a sua compreensão dos mundos interno e externo é
limitada.
Há períodos na vida de uma criança que são "normalmente" mais
estressantes, como frequentar uma nova escola ou passar pela adolescência.
As pessoas diferem muito em sua maneira de lidar com as tensões da vida e
algumas adotam estratégias úteis e eficazes a curto prazo, perdendo a função
quando persistem muito tempo depois que o problema acabou. Algumas vezes, as
crianças escolhem estratégias inadequadas, as quais, em virtude de sua
compreensão imatura do mundo, são tidas como meios para resolver os seus
problemas quando, na verdade, podem provocar mais sofrimento. É pouco provável
que as crianças sejam capazes de equacionar sua aflição, demonstrando
provavelmente a existência de um problema por intermédio de seu comportamento
(AQUINO, 1999).
Atualmente, há muitas evidências de que os transtornos emocionais podem
afetar seriamente a saúde e o bem-estar das pessoas. Foram estabelecidas
relações causais entre a gravidade de determinadas doenças juvenis, como a artrite
reumatóide, a diabete, o câncer e a fibrose cística, e o sofrimento que o indivíduo
está vivenciando. Num livro sobre transtornos emocionais na infância e na

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adolescência, Johnson (1986 apud AQUINO, 1999) descreve estudos que indicam
que tais situações aflitivas estão associadas a uma ampla variedade de problemas
de saúde, incluindo não apenas problemas físicos e doenças crônicas, mas também
frequência de acidentes.
Esses transtornos são um problema específico na infância porque grande
parte da vida e do ambiente de uma criança é controlada por adultos. Com
frequência, as crianças podem ser levadas a sentir que nada podem fazer nessas
situações, que sua posição é de total impotência.
Isso, por sua vez, provoca sentimentos de apatia e perda de qualquer
motivação. A falta de motivação e a ausência de autoestima são, muitas vezes
consequências da aflição não reconhecida na criança, com a qual ela não conseguiu
lidar efetivamente, ficando com a sensação de ser incapaz e inadequada.
Embora existam muitos paralelos entre o sofrimento emocional dos adultos e
o encontrado nas crianças, também é verdade que estas, sob muitos aspectos,
vivem num mundo diferente do dos adultos, e as coisas que as preocupam e
angustiam refletem essa diferença. A vida das crianças é em grande parte
controlada e administrada pelos adultos.
Essa falta de autocontrole sobre os acontecimentos faz com que se sintam
particularmente vulneráveis. Se acrescentarmos também a essa reação as suas
imaturidades conceituais e percepções errôneas, fica fácil enxergarmos porque
podem ser tão afetadas por circunstâncias fora do seu controle.
Percebe-se que da mesma forma, os adultos precisam ser advertidos de que
pode haver uma diferença entre as suas percepções adultas e as das crianças, no
que se refere ao impacto dos acontecimentos da vida. Em estudos realizados nos
EUA e na Inglaterra, acerca dos efeitos de mudanças de vida sobre os níveis de
estresse em crianças, demonstrou-se que a avaliação das crianças sobre os fatos
que geram transtornos emocionais tende a mudar com a maturidade. Outros fatores
que influenciam o impacto desses eventos são: a capacidade da criança para
conceitualizar o evento, sua autoestima e as mensagens sobre o grau de ameaça
representado pelo evento que ela adquire das pessoas significativas em sua vida.

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O foco nas atividades prioritariamente escolares como uma fonte de aflições


cotidianas para todas as crianças pode ser considerado encorajador, pois, pelo
menos, essas são áreas nas quais os professores podem ter alguma influência.
Os pesquisadores também identificaram o fato de que algumas crianças são
mais vulneráveis a transtornos emocionais do que outras. Pertencer a uma minoria
étnica ou ser culturalmente diferente pode afetar consideravelmente a habilidade de
obter apoio dos colegas; esse tipo de dificuldade, em conjunto com outros
problemas, pode tornar essas crianças particularmente vulneráveis.
Werner (1985 apud AQUINO, 1999) descobriu que a sociabilidade, que pode
evocar a atenção positiva das pessoas que cuidam das crianças, e a capacidade de
comunicação, que lhes permite obter o apoio dos adultos quando necessário,
estavam associadas à capacidade de recuperação rápida em todas as idades, da
infância à vida adulta. Os meninos sofrem mais situações desse tipo na infância,
enquanto as meninas relatam maior ocorrência na adolescência. Os meninos
tendem mais a reagir aos transtornos com um comportamento destrutivo, mas as
meninas que não têm um modelo feminino efetivo e se encontram sob níveis
elevados de estresse também reagem de maneira destrutiva, conforme Masten
(1988 apud AQUINO, 1999). Masten também descobriu que, apesar de os
transtornos não afetarem o desempenho de crianças com QI elevado, eles de fato
afetam o desempenho de crianças com capacidade menor.
As variáveis interpessoais, particularmente aquelas que afetam o
funcionamento familiar, também podem influenciar sobremaneira a resposta de uma
criança aos transtornos; por exemplo, a descoberta de que a competência dos pais,
especialmente a da mãe, afeta a habilidade das meninas para reagir a níveis
elevados de estresse; e a de que as crianças que têm uma ligação forte com os pais
lidam melhor com a separação do que aquelas com ligação mais fraca. Descobriu-se
que o efeito de proteção dos bons relacionamentos familiares se estende até a
adolescência. Quando as crianças sentem que têm algum controle sobre sua vida,
sem precisar assumir responsabilidades adultas, elas sofrem menos transtornos. Foi
demonstrado que a competência pessoal e os apoios sociais benéficos (amizades e
atividades com colegas) têm um efeito profundo em sua capacidade para lidar com
essas situações.

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Quando a competência pessoal e o apoio social são considerados em


conjunto, tornam-se mais poderosos do que cada fator em separado.
Um contexto de relações positivas e uma política escolar comportamental
global podem ter uma considerável influência para estimular a capacidade de rápida
recuperação e diminuir a tensão dos alunos em situações aflitivas.
Precisamos pensar de quais maneiras podemos oferecer às crianças o direito
de ter suas necessidades emocionais e de desenvolvimento atendidas, sem lhes
transferir a responsabilidade para que isso aconteça. Esse equilíbrio pode ser a
contribuição mais efetiva para essa premissa enaltecida, porém ilusória, de "um
contexto escolar positivo". As crianças em idade escolar passam a maior parte da
vida em nossas escolas e os professores desempenham um papel importante no
que se refere à maneira de a criança lidar construtivamente com as suas
experiências.

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UNIDADE 5 – OS NOVOS TRATAMENTOS,


MEDICAMENTOS E EQUIPAMENTOS

Listamos a seguir alguns dos tratamentos, medicamentos (que foram usados


para tratamento de problemas de aprendizagem) e equipamentos utilizados na
atualidade, mas ressaltamos que somente a título de enriquecimento e alerta, pois
esta função pertence a outros profissionais e se lerem com atenção, perceberão que
existem contraindicações sérias decorrente do uso de alguns deles.
Dimetilaminoetanol ou simplesmente DMAE: Sua maior divulgação tem sido
diante do sucesso de tratamentos cosméticos, mas já foi muito usado para
tratamento de hiperatividade e como estimulante cerebral. Em consequência, foi
usado como auxiliar no tratamento de dificuldades de leitura e de escrita e falhas de
memória. Foi a partir de seu uso para controle desses distúrbios que descobriram-se
suas propriedades cosméticas. Conhecido também como Deanol ou
Dimetilaminoetanol, tem baixa toxicidade e é considerado natural, mas é
contraindicado em casos de epilepsia. Deve ser ingerido com cautela por vários
fatores e, se possível, devem-se ingerir alimentos que contenham a substância de
forma natural, como o caso de anchovas, sardinha e salmão.

METILFENIDATO: Usado no controle do TDAH ou da DOA com hiperatividade.

CLORIDRATO DEMETILFENIDATO: Usado basicamente para o controle do TDAH,


pode ser utilizado a partir dos seis anos. Não é indicado para ST. É um
medicamento polêmico, já que tem sido comparado até com anfetamina, alegando
que as duas substâncias causam os mesmos problemas que deveriam tratar – falta
de atenção, hiperatividade e comportamento impulsivo.
Pesquisas nos Estados Unidos concluíram que esta substância pode agir no
cérebro como cocaína. Os estudos também mostraram que as crianças hiperativas
que tomam este medicamento são mais propensas a se tornarem tóxico
dependentes do que aquelas que não tomam o medicamento. A droga também pode
alterar todo o perfil biodinâmico dos usuários e causar o mesmo efeito devastador
que o uso prolongado de cocaína. (Fonte: Journal of Neuroscience, 2001, 21). Isso

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rendeu até processos, pois é muito grande o número de crianças que se utilizam
desse medicamento no mundo todo. Portanto, é um medicamento que requer muita
análise para ser aconselhado a um paciente. Dois processos foram movidos, na
Califórnia e em New Jersey, afirmando que o principal fabricante desse
medicamento e a APA - American Psychiatric Association conspiraram para criar um
mercado para este produto. Esses processos aconteceram após uma ação coletiva
lançada em Dallas, Texas, pelo escritório de advocacia Waters & Kraus, que alega
que houve um planejamento e até conspiração para promover o diagnóstico de
TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade – em um esforço bem-
sucedido a fim de aumentar o mercado para seu produto. E que a APA tornou-se
conivente e cooperou com os outros demandados ao receber contribuições
financeiras de alguns membros da indústria farmacêutica.
Richard Scruggs, um dos advogados que participou da ação coletiva, disse
que os acusados "fabricaram uma doença. Houve um excesso de prescrições com
grave risco". (British Medical Journal, 2000, 321:723)
A APA emitiu um pronunciamento afirmando: "As alegações de que a APA
conspirou com outros para criar o diagnóstico TDAH para o uso da medicação são
totalmente falsas. A APA vai se defender vigorosamente apresentando provas
científicas para refutar essas alegações" .
O grupo norte-americano de apoio CHADD (Children and Adults with
Attention-Deficit Hyperactivity Disorder), que defende com firmeza o uso do
medicamento, é parcialmente financiado pela indústria farmacêutica e também é
citado no processo. Para mais detalhes, veja www.ritalinfraud.com (Fonte:
Relatório sobre Hiperatividade em What Doctors Don't TeUVou, vol. 11 nº 11,
fevereiro, 2001).

SULBUTIAMINA: Derivado da vitamina B1, reduz o cansaço físico e mental, sendo


indicado no tratamento de dificuldade de aprendizagem.

FOSFADITIL-COLINA: Melhora a memória, o sono e os processos de


aprendizagem.

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PIRACETAM: Usado para tratar distúrbios da atenção, distúrbio de concentração,


distúrbios do comportamento (em crianças) e outros.

Medicamentos específicos para controle do Transtorno Obsessivo Compulsivo


(TOC) e Síndrome de Tourette (ST)
Um grande número de drogas foi experimentado no tratamento do TOC
associado à ST, mas apenas as Inibidoras da Recaptação da Serotonina e
Inibidoras Seletivas da Recaptação de Serotonina (fluvoxamina, fluoxetina,
sertralina, paroxetina e citalopram) são eficazes em reduzir seus sintomas. Estas
são conhecidas como drogas de primeira linha e, geralmente, são associados aos
neurolépticos.

Tratamento Farmacológico (TOC)


Inicia-se, geralmente, pela monoterapia por, aproximadamente, 12 semanas.
Quando o paciente não responde ou tem resposta parcial e insatisfatória, tenta-se:
a) aumento das doses diárias; b) troca de IRS; c) combinação com outras
drogas; d) outras combinações; e) neurocirurgia (última alternativa).

Drogas experimentais:
Vários medicamentos experimentais já foram testados no tratamento do TOC,
apresentando resultados contraditórios: psicoestimulantes, clonidina,
anticonvulsivantes, clozapina, triiodotironina, ocitocina, antiandrógenos,
psicoestimulantes: d-anfetamina e metilfenidato. Em alguns destes estudos,
observou-se um agravamento dos sintomas, portanto seus benefícios no tratamento
do TOC ainda estão obscuros.

MUITA ATENÇÃO: A descrição destas substâncias e de suas utilizações é


apenas em caráter informativo. Ninguém deve tentar automedicar-se, muito menos
receitar medicamentos se não tiver preparo para isso. Consulte sempre um
profissional habilitado e experiente que saberá (ou deveria saber) o melhor
medicamento ou tratamento para cada caso.

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Os profissionais mais indicados para avaliar quadros que necessitam destes


medicamentos são psiquiatra, neurologista, neuropsiquiatra, neuropsicólogo. Na
ausência destes profissionais, um clínico geral poderá orientá-Io (OLIVIER, 2008).

MEDICAMENTOS (QUANDO E O QUE USAR?)


Segundo Olivier (2008), este assunto é delicadíssimo. O medicamento tem o
lado positivo e o negativo. E os dois lados precisam ser bem pesados para
encontrar-se o melhor caminho para cada paciente. O primeiro fato a se pensar e a
pesar é que todo medicamento trata o conjunto dos sintomas dos distúrbios,
principalmente no que se refere ao TOC e à ST. Então, o medicamento vai melhorar
os tiques, os rituais, mas também vai tirar a hiperatividade, a agilidade de raciocínio
que, para alguns pacientes, é boa de se sentir.
O paciente poderá tornar-se apático, lento e reclamar que sentia-se melhor
com os sintomas do distúrbio. Por isso, deve-se avaliar cada caso, conversar muito
com o paciente, com familiares e chegar a uma conclusão satisfatória para todos e,
se for o caso, tratar o paciente com medicamentos ou com terapias mais amenas.
Mas, seja qual for o método escolhido, deve haver tratamento.
Não se pode, simplesmente, deixar o distúrbio correr sem direção, pois a
tendência é piorar muito.

Exames que detectam distúrbios diversos com certa precisão


O PET (Tomografia por Emissão de Pósitrons) e o SPECT (Tomografia por
Emissão de Fóton Único) são tecnologias de neuroimagem dinâmica que se valem
de marcadores radioativos.
Por meio desses instrumentos, podem-se obter indicadores do nível de
ativação funcional de determinadas regiões do encéfalo (quanto maior for o fluxo
sanguíneo de determinada região do encéfalo, maior será o seu nível de ativação
funcional).
O grande problema dessas duas técnicas é a baixa resolução temporal. Elas
são incapazes de medir ocorrências em tempo menor do que um minuto, e isso
dificulta a medição de ocorrências relacionadas ao processamento de informações

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pelas redes neuronais que constituem o Sistema Nervoso Central (SNC) e ocorrem
em milissegundos.
A utilização de PET foi registrada pela primeira vez no final da década de
1980, em estudo feito por um grupo de importantes pesquisadores norte-
americanos, como Michael Posner, Marcus Raichle e Steve Petersen. Esses autores
estudaram as variações do nível de atividade encefálica, em estudantes da
Universidade de Washington, (todos normais) durante a execução de uma tarefa de
geração de verbos derivados de substantivos (OLIVIER, 2008).
Pode-se verificar que, além da ativação de regiões tradicionalmente
associadas ao processamento da linguagem, áreas de Wernicke e de Broca
localizadas, respectivamente, no lobo frontal e no lobo temporal, ambos no
hemisfério cerebral esquerdo, observou-se também a ativação seletiva de
estruturas, como a porção anterior do giro cíngulo e o cerebelo direito, cujo
envolvimento no processamento da linguagem não era, até então, previsto pelos
modelos tradicionais.
No entanto, o mais interessante desse trabalho foi a constatação da
existência de dois padrões distintos de ativação encefálica para um mesmo indivíduo
e para uma mesma tarefa cognitiva, cada um desses padrões estando associado a
um grau distinto de proficiência na execução dessa tarefa.
Assim, os pesquisadores observaram que indivíduos inexperientes na
execução da tarefa de geração de verbos derivados de substantivos apresentavam
uma ativação encefálica extensa, envolvendo o córtex frontal esquerdo (incluindo a
área de Broca), o córtex temporal esquerdo (incluindo a área de Wernicke), a porção
anterior do giro cíngulo e o hemisfério cerebelar direito.
À medida que esses indivíduos familiarizavam-se com a atividade de extensa
ativação do encéfalo, parecia dar lugar a uma ativação muito mais restrita e
localizada, em uma pequena região (o córtex insular) de ambos os hemisférios
cerebrais (baseado em matéria do Prof. Dr. Cláudio Guimarães citado por Olivier,
2008).

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Ressonânda Magnética Funcional


Um dos métodos não invasivos é o mapeamento obtido pela Ressonância
Magnética Funcional (FMRI).
Os primeiros trabalhos nesta área (Ogawa, et aI. 1990a, 1990b, 1992, 1993;
Belliveau, et a/. 1990,1991) mostram a FMRI como uma nova técnica capaz de
detectar regiões cerebrais que estão com o nível de funcionamento alterado durante
a realização de uma tarefa específica. Assim, consegue-se, por meio de um
processamento estatístico, detectar que áreas do cérebro são responsáveis pelo
estímulo em uma determinada área do corpo. Este mapeamento pode ser útil para
evitar-se que, em uma cirurgia no cérebro, extirpem-se partes do tecido nervoso
responsáveis pela parte sensitiva e motora.

Magnetoencefalografia
A Magnetoencefalografia (MEG) envolve a medição dos campos magnéticos
associados à atividade elétrica cerebral. Trata-se de uma técnica não invasiva, que
permite seguir, à semelhança da eletroencefalografia (EEG), a evolução dos
processos eletrofisiológicos na escala do milissegundo.
Com o auxílio desta técnica, é possível localizar regiões funcionais do córtex
cerebral, com uma resolução espacial superior à da EEG e avaliar a integridade das
vias de transmissão de sinais. As aplicações clínicas mais importantes da MEG são
a localização funcional pré-cirúrgica e a localização da atividade epiléptica.

Eletroencefalografia
De 1930 até bem pouco tempo atrás, a eletroencefalografia esteve quase
estagnada e com aplicação médica perdendo terreno seguidamente para outros
métodos de diagnóstico e de exames. Nas últimas décadas, entretanto, a informática
foi acoplada ao método eletroencefalográfico, modernizando muito essa técnica.
Uma dessas novas aplicações da EEG é tentar localizar com exatidão os
focos epilépticos ou os tumores cerebrais. Os focos epilépticos são pequenas
regiões no cérebro onde a atividade elétrica se apresenta anormal.
Pela observação dos traçados dos canais, o neurologista que interpreta a
EEG é capaz de verificar a área exata em que se encontra a anormalidade.

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Entretanto, a interpretação pessoal dos traçados é muito difícil quando o


número de canais é grande ou a natureza da anomalia é complexa. Vem daí a
necessidade de se acoplar ao processo os requintes da informática.
Assim, é possível a elaboração de um mapeamento (colorido) cerebral,
eletricamente determinado. O mapeamento cerebral colorido gerado pelos
computadores e pelas impressoras coloridas avalia a quantidade da atividade
elétrica de uma determinada região pelas diversas tonalidades de cor. Nesse
método, as cores roxa e preta representam baixa amplitude das ondas elétricas,
enquanto o vermelho e o amarelo podem representar amplitudes maiores.
Este tipo de exame é chamado de EEG Quantitativo, em contrapartida da
avaliação qualitativa da eletroencefalografia tradicional. O EEG Q proporciona uma
avaliação mais precisa da atividade cerebral, dando uma visão gráfica mais acurada
da localização de alterações elétricas. A informática também proporciona animações
dinâmicas das imagens cerebrais, facilitando o estudo da função cerebral e do
cérebro em ação.
Atualmente as principais indicações do EEG Q são determinar a localização
precisa de tumores cerebrais, bem como a localização precisa de doenças focais do
cérebro, incluindo, entre elas, a epilepsia, as alterações vasculares e o derrame.
Em Psiquiatria, o EEG Q tem sido usado para estabelecer diferenças entre
vários diagnósticos, tais como: a hiperatividade e os distúrbios da atenção em
crianças, as demências senis ou não, a atrofia cerebral, a esquizofrenia, e até
alguns casos de depressão.
Em Neurologia, o EEG Q, além dos focos epilépticos, é útil na monitoração da
abstinência de drogas, em infecções do cérebro, nos estados de coma, de
narcolepsia e no acompanhamento pós-operatório de pacientes que foram
submetidos à cirurgia cerebral.
O futuro do EEG Quantitativo será proporcional ao futuro acoplamento de
métodos digitais de análise de sinais e de processamento de imagens pelos
computadores

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Eletrochoque, lnsulinoterapia e Lobotomia


Estas são técnicas antigas e em desuso que, ainda assim, serviram de base
para estudos e aprimoramentos das técnicas usadas na atualidade. Explicando
melhor, devemos dizer que, na intenção de controlar crises de agressividade ou
alteração brusca de humor, nos anos de 1930 e 1940, os médicos utilizavam-se de
duas técnicas basicamente:
Lnsulinoterapia – Injetava-se insulina nos pacientes, provocando uma
hipoglicemia, fazendo com que as células do pâncreas retirassem a glicose do
sangue e, em consequência, havia convulsão. Resumindo, a convulsão desejada
era induzida pelo choque insulínico, e isso, obviamente, controlava qualquer crise
das mais agressivas e incontroláveis, mas prejudicava os pacientes.
Eletrochoque – Por volta de 1938, era tido como objeto de tortura, consistia
em colocarem-se placas na cabeça do doente e emitir, por meio delas, um forte
choque. Isso induzia a convulsões. Geralmente o paciente era amarrado a uma
maca e recebia o método sem anestesia nem preparativos, e isso era mesmo muito
agressivo. Hoje a técnica ainda é usada, mas a forma é bem mais amena.
Atualmente usa-se o termo eletroconvulsoterapia (ECT) para denominar um
método que utiliza o estímulo elétrico para gerar uma convulsão que é o elemento
terapêutico. Aplica-se com o paciente anestesiado, com preparativos que incluem
jejum na noite anterior. Ao chegar ao hospital ou ao ambulatório, o paciente recebe
um relaxante muscular, anestesia, oxigenação, monitores cardíacos e cerebrais e de
pressão arterial, e somente depois disso, aplicam-se apenas dois eletrodos na
região frontal que provocam um estímulo breve, apenas suficiente para induzir a
convulsão. Isso é usado para controlar casos graves de depressão, TOC, entre
outros.
Além dessa técnica (ECT), há uma outra bem mais amena que acaba
trazendo ótimos resultados de forma indolor e sem necessidade de tantos
preparativos. A TMS - Transcranial Magnetic Stimulation (Estimulação Magnética
Transcraniana).
A lobotomia consistia na penetração de um bisturi no cérebro, por meio de
orifícios perfurados na região das têmporas, o que destruía parcial ou totalmente os
lobos frontais do cérebro (região responsável pela cognição). Isso, além de provocar

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déficit cognitivo, deixava os pacientes incapazes de sentir e demonstrar emoções,


agiam como se fossem "zumbis".
Esse procedimento era muito usado para "controlar" personalidades
agressivas e desajustadas. Esse procedimento caiu em desuso há muito tempo,
mas serviu como base de estudos para que uma nova cirurgia fosse aprimorada,
sendo hoje usada em casos mais graves, sem controle por terapia cognitiva e/ou
medicamentosa, que mostraremos a seguir:

Cirurgia para corrigir o TOC


Estudos realizados por Darin D. Dougherty e sua equipe, do Hospital Geral de
Massachusetts e da Universidade de Harvard, demonstram que um tipo de cirurgia
cerebral pode ajudar alguns pacientes com Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)
que não respondem aos tratamentos convencionais e alternativos (OLIVIER, 2008).
Neste estudo, 44 pessoas com TOC foram tratadas com cingulotomia
(eletrodos usados para destruir pequenas quantidades de tecido no giro cingulado
do cérebro). O objetivo desse e outros procedimentos cerebrais similares no caso do
TOC é reparar um circuito cerebral específico que foi associado ao desenvolvimento
do distúrbio.
Segundo a Revista Brasileira de Psiquiatria vol. 26 nº 1 São Paulo: Mar.,
2004, até a presente data, há 36 estudos sobre cirurgia do TOC, excetuando-se
relatos isolados de caso. Entre estes, apenas dois são ensaios clínicos
randomizados, mas com número muito reduzido de pacientes, impedindo qualquer
conclusão sobre os desfechos clínicos. Assim, faltam estudos empregando ensaios
clínicos randomizados, controlados por placebo e com número adequado de
pacientes.
As primeiras neurocirurgias para o tratamento dos transtornos psiquiátricos
remontam aos casos descritos por Egas Moniz. A inexistência de alternativas
terapêuticas promoveu a rápida proliferação deste tratamento, nas décadas de 40 e
50, por vezes de forma indiscriminada.
A leucotomia pré-frontal era a principal técnica nos diferentes centros de
neurocirurgia da época. As alterações de personalidade e as disfunções de lobo
frontal eram, porém, a regra dentre os operados. O advento posterior de

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medicamentos efetivos e as pressões da opinião pública relativas aos efeitos


negativos da cirurgia culminaram no declínio progressivo do emprego da
psicocirurgia (OLIVIER, 2008).
Em 1947, desenvolveram-se as primeiras neurocirurgias estereotáxicas,
reduzindo-se consideravelmente muitos eventos adversos e complicações pós-
operatórias. Desde então, diferentes centros passaram a empregar variadas
técnicas estereotáxicas, como a cingulotomia anterior (Estados Unidos a
capsulotomia (Suécia), a tractotomia subcaudado e a leucotomia límbica (Inglaterra
e Austrália).
Atualmente, uma nova técnica começa a ser pesquisada (talamotomia central
lateral com palidotomia anteromedial) .
As últimas duas décadas atestam o renascimento das neurocirurgias no
tratamento de transtornos mentais, particularmente o TOC. Isto ocorre em função do
grande número de pacientes não responsivos às várias alternativas terapêuticas e
pelo fato de as técnicas estereotáxicas induzirem a um perfil de eventos adversos e
complicações muito menores, com respostas terapêuticas promissoras (Fonte:
Revista Brasileira de Psiquiatria vol. 26. nº 1. São Paulo: Mar., 2004).

EQUIPAMENTOS SOFISTICADOS QUE PROMETEM REVERTER OS


DISTÚRBIOS

Brainwave-I
Criado, em 1994, na Suíça e já utilizado em 14 países, inclusive no Brasil. O
aparelho é totalmente computadorizado, combina um eletroencefalógrafo espectral
digital e um dispositivo óptico-acústico e faz uma avaliação de como o cérebro está
funcionando por meio da análise dinâmica do órgão, ou seja, o exame para
diagnóstico é feito enquanto o paciente lê, fala ou realiza alguma outra atividade que
estimule o cérebro.
É feita uma estimulação visual ou auditiva, que demonstra em que área do
cérebro se encontra a disfunção, qual o nível dela, frequência e intensidade (esses
dados diferenciarão uma patologia da outra). Obtêm-se percentuais de cada função

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testada, podendo diagnosticar onde está a disfunção e estimulá-Ia, com o objetivo


da recuperação.
O aparelho parece ser eficaz, principalmente, no diagnóstico e no tratamento
de lesões funcionais – como alguns casos de perda de memória e de falta de
oxigenação no cérebro – de identificação mais difícil por exames, como tomografias
e eletroencefalografias, portanto, pode ser eficiente no tratamento de distúrbios de
aprendizagem causados por anoxia.

Estimulação Magnética Transcraniana (IMS – Transcranial Magnetic Stimulation)


Criada há 20 anos na Inglaterra, difundida e utilizada ao redor do mundo (nos
Estados Unidos existem 120 centros habilitados), já é usada no Brasil desde o ano
2000.
O aparelho é semelhante ao Brainwave em aspecto, mas não em funções.
Com ele, é possível medir a atividade do córtex cerebral e verificar suas alterações.
O método consiste em ativar ou inibir regiões cerebrais por meio de pulsos
eletromagnéticos que geram uma fraca corrente elétrica capaz de provocar
alterações na atividade das células nervosas.
A IMS é uma nova ferramenta desenvolvida para acessar a funcionalidade do
SNC. Depois de Backer e os colaboradores demonstrarem seu valor em humanos,
em 1985, pulsos simples e pareados de TMS têm sido usados para detecção de
anormalidades clínicas e subclínicas em uma série de desordens neurológicas e
neuropsiquiátricas, incluindo Síndrome de Tourette, transtorno obsessivo
compulsivo, depressão, esquizofrenia, transtorno bipolar, TDAH, entre outros. No
que concerne ao TDAH, a TMS se apresenta como o método ideal para se estudar o
processo de maturação dos trajetos motores, uma vez que claramente excita o
sistema neurocorticomotor que se presume estar envolvido neste transtorno (TDAH)
(OLIVIER, 2008).
Partindo-se do princípio de que a dopamina é a principal alteração
neuroquímica do TDAH, estudos antecipam que os efeitos da TMS no sistema
dopaminérgico encontrado em pessoas normais podem se reproduzir em pacientes
com TDAH. Apesar de ainda não ser considerada como opção terapêutica sem

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drogas, esse pode ser o primeiro passo para oferecer novas esperanças aos
pacientes, pesquisadores e clínicos.
No Brasil, desde o ano de 2005, dois pacientes vêm obtendo resultados
satisfatórios com esta técnica. Um dos pacientes tem 30 anos, é portador de DDA
(atenção: DDA sem hiperatividade, ou seja, a autêntica DDA) e deixou a medicação
antes de iniciar tratamento. Ele passou por 10 sessões consecutivas e está em sua
terceira manutenção, respondendo satisfatoriamente ao tratamento e sem
necessidade de medicação complementar. O segundo paciente tem 15 anos, está
tratando ST (Síndrome de Tourette) e também parou a medicação antes de iniciar o
tratamento. Está na fase de sessões consecutivas de TMS e segue apresentando
bons resultados, sem necessidade de medicação complementar (pacientes tratados
por Dr. Roni Cohen apud OLIVIER, 2008).
Olivier (2008) acredita que em futuro próximo, estes dois equipamentos
venham a substituir os exames hoje solicitados para detectar distúrbios de
aprendizagem, inclusive a famosa audiometria que é um exame realizado para
determinar o nível de audição do paciente para cada frequência sonora.

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REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS BÁSICAS

CHAMAT, Leila Sara José. Técnicas de intervenção psicopedagógica para


dificuldades e problemas de aprendizagem. São Paulo: Vetor, 2008.

PAÍN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Trad. Ana


Maria Netto Machado. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

AGÓN, Anna; PLA, Marta. A avaliação da matemática. In: SÁNCHEZ-CANO,


Manuel; BONALS, Joan. Avaliação psicopedagógica. Trad. Fátima Murad. Porto
Alegre: Artmed, 2008.

AQUINO, Julio G. Transtornos emocionais na escola: da consternação à inclusão.


In: ALSOP, Pippa; MCCAFFREY, Trisha (orgs). Transtorno emocionais na escola:
alternativas teóricas e práticas. 2 ed. Trad. Maria Bolanho. São Paulo: Summus,
1999.

BEAUCLAIR, João. Para entender psicopedagogia: perspectivas atuais, desafios


futuros. 3 ed. Rio de Janeiro: Wak, 2009.

BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto


Alegre: Artes Médicas, 2000.

CHAMAT, L. S. J. A arte de cultivar. São Paulo: Vetar, 2005.

_______________. Coleção papel de carta. São Paulo: Vetar, 1997.

_______________. Estudo da causalidade e da contradição no conto dos Três


Porquinhos: Teste de Detecção das Dificuldades de Aprendizagem. São Paulo:
Vetar, 2006.

________________. Relações vinculares e Aprendizagem. São Paulo: Vetar


Editora, 1996.

COOL, César. Aprendizagem e Construção do Conhecimento. Porto Alegre: Artes


Médicas, 1994.

DUCOURNEAU, G. Introdução à musicoterapia. São Paulo: Manole, 1984.


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FERNÁNDEZ, Alícia. A Inteligência Aprisionada. Trad. Iara Rodrigues. Porto Alegre:


Artes Médicas, 2008.

FIORI, Nicole. As neurociências cognitivas. Trad. Sonia M.S. Fuhrmann. Petrópolis


(RJ): Vozes, 2008.

FONSECA, Vítor da. Cognição, Neuropsicologia e Aprendizagem: abordagem


neuropsicológica e psicopedagógica. 4 ed. Petrópolis (RJ): Vozes, 2009.

GAINZA, V.H. Estudos de psicopedagogia musical. São Paulo: Summus, 1988.

JOHNSON, D. J.; MYKLEBUST, H. R. Distúrbio de aprendizagem: princípios e


práticas educacionais. São Paulo: Pioneira, 1987.

LIMA, L. O. Piaget para principiantes. São Paulo: Summus, 1980.

LLOBET, Dolors et al. A avaliação psicopedagógica dos alunos com um ambiente


social desfavorecido. In: SÁNCHEZ-CANO, Manuel; BONALS, Joan. Avaliação
psicopedagógica. Trad. Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2008.

MACEDO, L. Ensaios construtivistas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994.

MORAIS, A. M. P. Distúrbio de aprendizagem: uma abordagem psico-pedagógica.


São Paulo: Edicon, 1986.

MOREIRA, M. A.; MASINI, E. F.S. Aprendizagem significativa: a teoria de David


AusubeI. São Paulo: Moraes, 1982.

NORONHA, M.; NORONHA, Z. Apoio psicopedagógico. Lisboa: Edições


Técnicas,1993.

OLIVIER, Lou. Distúrbios de aprendizagem e de comportamento. 4 ed. Rio de


Janeiro: Wak, 2008.

PIAGET, J. A construção do real na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.

POLLARD, David. O aluno e o uso de drogas. In: ALSOP, Pippa; MCCAFFREY,


Trisha (orgs). Transtorno emocionais na escola: alternativas teóricas e práticas. 2 ed.
Trad. Maria Bolanho. São Paulo: Summus, 1999.

PORTO, Olivia. Bases da Psicopedagogia: diagnóstico e intervenção nos problemas


de aprendizagem. 4 ed. Rio de Janeiro: Wak, 2009.

ROMANA, M. A. Do psicodrama pedagógico à pedagogia do drama. Campinas:


Papirus, 1996.

RUBINSTEIN, E. Psicopedagogia. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

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SÁNCHEZ-CANO, Manuel; BONALS, Joan. Avaliação psicopedagógica. Trad.


Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2008.

SEBER, M. C. Construção da inteligência na criança: atividades do período pré-


operatório. São Paulo: Scipione, 1989

TELES, Antonio Xavier. Psicologia moderna. 23 ed. São Paulo: Ática, 1983.

VIGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

VIGOTSKY, L. S.; LURIA, A. R.; LEONIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e


aprendizagem. São Paulo: Cone, 1991.

VISCA, J. Clínica psicopedagógica: epistemologia convergente. Porto Alegre: Artes


Médicas, 1987.

VISCA, J. Grupos operativos. São Paulo, Fundação Santo André, mimeo, 1996.

WEISS, Maria Lucia Lemme. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica. Porto
Alegre: Artes Médicas, 2001.

WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

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ANEXO I – TÉCNICAS DIVERSAS

Técnica de dramatização e espelhamento


A inclusão do psicodrama no planejamento psicopedagógico objetiva
demonstrar a forma pela qual produz mudanças e desenvolvimento do paciente, em
níveis de operatoriedade.
O jogo psicodramático visa a inserir uma ligação entre o imaginário
fantasioso, o "real" e a realidade interior do indivíduo.
Sua aplicação clínica, trabalha com significantes e significados, nos quais a
palavra perdeu o significado e quando o nível de tensão é bastante forte no aluno
gera o bloqueio afetivo-cognitivo e de verbalização na comunicação (ROMANA,
1996).
A vivência revela o momento atual, sendo uma forma especial de
comunicação humana transformadora. Os resultados são observados tanto na
dimensão terapêutica quanto pedagógica, ou seja, na educação objetiva.
Na situação dramática, nas vivências de introspecção e operativas, e
envolvimento do indivíduo com situações que mobilizam sentimentos e emoções são
refletidas individualmente e/ou dentro do grupo.
É possível observar a inter-relação entre o psicodrama e a psicopedagogia
que se destina a intervir em situações diversas como nos casos de insubordinação e
baixo rendimento escolar, seja em uma ou várias áreas do "conhecimento".
A ausência de motivação para atividades pedagógicas, a baixa autoestima e
os bloqueios na criatividade podem ser trabalhadas enquanto a psicopedagogia
trabalha com as modalidades de aprendizagem. O psicodrama visa a oferecer
mecanismos para trabalhar os aspectos emocionais, afetivo cognitivos, sem
nenhuma interpretação. Lida apenas com as dificuldades que o sujeito apresenta
nos seus esquemas e relações com o meio e o "conhecimento", aumentando a
autoestima do aluno.
Segundo Pain (1992), o desenvolvimento humano é permeado de ações que
compõem as atividades lúdicas como o brincar e o jogar. Ela afirma que o brincar é
anterior ao jogar, o primeiro é uma forma mais livre e individual de exercício
funcional e o segundo é uma conduta social que impõem regras. Abrange tanto a

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atividade individual e livre quanto a atividade coletiva e desenvolvimentista, num


movimento progressivo e integrado, devido à sua modalidade lúdica.
O brincar é uma atividade dotada de significantes e significados que antecipa
a aprendizagem, pela necessidade de brincar. Dessa forma, subsidia a inserção de
"conhecimentos" formais e informais. Ocorre pelo fato de a brincadeira ser uma
expressão que emerge da cultura, sendo dotada de sinais enraizados no conjunto de
atividades humanas.
Paín mostra como o jogo, como atividade coletiva e regrada de aspectos
lúdicos, desempenha uma função semiótica na qual o objeto presente constitui o
símbolo para o objeto ausente. No jogo, a criança supera seu egocentrismo original,
buscando um relacionamento cooperativo.
O trabalho focado no atendimento individual ou coletivo na psicopedagogia
torna-se mais expressivo pela troca e pelo vínculo de confiança que vai se
estabelecendo com o paciente ou educando (FERNÁNDEZ, 2001).

A técnica do "espelho"
Esta técnica é muito útil. É feita em pares que ficarão frente a frente. Um
elemento da dupla faz movimentos com o corpo, sendo imitado pelo companheiro
que age como seu espelho. Deve-se explorar ao máximo a movimentação,
incentivando e invertendo os papéis. Pode também ser efetuado entre o paciente e
psicopedagogo.
Essa técnica aplicada em sala de aula é muito funcional. O terapeuta fala e as
crianças pensam e repetem as orientações, uma por vez. A ideia é levá-los a
refletirem e verbalizarem:
- Como nos sentimos espelhando e sendo espelhados?
- Do que mais gostei? Por quê?
- Do que menos gostei? Por quê?
- Tive dificuldades? Em quê? Por quê?
- Com quem foi mais fácil trabalhar?
- Com quem foi mais difícil trabalhar? Por quê?
Pode-se aproveitar o contar histórias, para dramatização e usar o dedoche.
As técnicas básicas do psicodrama, como a inversão de papéis e o solilóquio,

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podem ser adaptadas sem maiores problemas às metodologias escolares comuns.


Em síntese se faz um movimento e o outro reproduz.

Técnica do espelho concreto


Durante a dramatização, a criança vai fazer os movimentos em frente ao
espelho. Terminada a atividade, vai ficar de frente ao espelho e dizer o próprio nome
e ressaltar as situações que mais gostou e apreciou em si mesmo. Depois dessa
tarefa vai ser orientada a dar os parabéns para si mesmo, olhando no espelho.
Exemplo: Fulano (o nome) você está de parabéns, fez umas cenas muito boas.

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ANEXO II

Influências benéficas da música


A música pode alterar os estados de consciência de um indivíduo, na medida
em que ela aumenta e diminui o número de ciclos/segundos da onda cerebral
(GAINZA, 1988). Isto é, seja compassada e suave de forma que mentalmente
acompanhe-se o fluir do som musical.
Ainda dentro do terreno das pesquisas científicas, alguns estudiosos
analisaram a música barroca, especialmente os movimentos lentos. Mais uma vez
verificaram que o ritmo cerebral diminui quando o número de compassos musicais
desce a sessenta ou menos por minuto.
Assim, esse tipo de música é especialmente indicado para aqueles que
quiserem relaxar o corpo e a mente. Existe uma lei orgânica que faz o coração e o
biorritmo humano entrarem em sintonicidade. Ouvindo-se música barroca e outras
cadenciadas especialmente de movimentos lentos, não há necessidade de se
ordenar aos músculos para que relaxem e se soltem.
O corpo por si mesmo passa a acompanhar o ritmo da música, e você só tem
o trabalho de se deixar levar. A música ajuda o indivíduo a interiorizar a sua atenção.
O efeito massageador do som no corpo e no sistema nervoso produz excelentes
resultados, como um sono profundo e repousante (DUCOURNEAU, 1984).
Isso só é válido para certas músicas, pois, dependendo da atividade, deve-se
adotar outro ritmo. Para dormir, jamais se deve ouvir rock ou músicas agitadas,
porque o ritmo é incompatível com os estados profundos de relaxamento.
No seu trabalho enquanto Psicopedagogo, associe a música com
relaxamento e dê ordens mentais positivas, do tipo:
- Tenho a capacidade de aprender.
- Vou aumentar a concentração e aprender mais.
- Sou amado e querido pelas pessoas, então preciso aprender a me amar.
- Este som melodioso é o meu remédio para meus tenores e confusão.
- Relaxando e ficando descansado.

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Após o relaxamento, chame-o para jogar e verifique como vai haver


mudanças no comportamento. Planeje outras verbalizações, só que estas têm de
ser na segunda parte da sessão.

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ANEXO III

Relaxamento gradativo
O relaxamento deve ser introduzido gradativamente. Solicita-se à criança que
deite e ouça a música e você diz:
- Relaxado, bem relaxadinho. Fique tranquilo e calmo. Pense em pássaro
voando e imagine ser ele. Ele voa, voa, vai voando pelo céu azul. Voa para a escola
dos pássaros e todos estão felizes, felizes, felizes. Sinta a felicidade dele. Respire
profundamente, inspirando e soltando, inspirando e soltando, inspirando e soltando.
Ele encontra uma fada que lhe diz que é para parar e pensar no quanto é inteligente
e que pode vencer qualquer obstáculo. Que ela está vendo o seu futuro, que
estudou muito e está como presidente de um local, inspirando e expirando,
inspirando e expirando, inspirando e expirando. Veja os pássaros voando com você.
Está feliz muito feliz; pense nessa felicidade, inspirando e expirando."
Caso a criança comece a se movimentar, pare, desligue a música e chame-o
para jogar.
“- Por que parou?”
Após o primeiro jogo, pergunte-lhe como está se sentindo e o que sentiu e viu
na imaginação. Parece simples, mas em hiperativos, é necessário adicionar antes
exercícios de relaxamento, da ponta dos pés até o cabelo, depois sim se insere o
conteúdo. Este poderá ser mudado conforme imaginar e diante de suas
necessidades.

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ANEXO IV

Aplicação de trilha
Exemplo de trilha I:

Trata-se de um tabuleiro com risco nas diagonais e um risco no centro. É


composto de cinco peças de uma cor e cinco de outra. A trilha poderá ser formada
na vertical, na horizontal e diagonal, como mostra o exemplo acima.
Toda ação do sujeito no jogo deve ser perguntado por que o fez. Caso queira
fazê-lo, poderá questionar o terapeuta também e este deverá responder, sem
omissão da VERDADE.
Este jogo é uma adaptação do "Tic-Tac" e pode ser usado com constância.
Tem-se a Trilha 1, que é para crianças que estão no pré-operatório ou início
do estádio Operatório Concreto, segundo Piaget. Tem o seguinte formato:
Demonstração de Trilha na vertical.
Exemplo de trilha 2.

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Em balões, na diagonal e horizontal. Quem faz primeiro tira a pedra no


tabuleiro, do adversário. Faz-se semelhante ao jogo estrela, cuja diferença consiste
no uso dos balões, para cada jogador colocar uma peça por vez.
Exemplo: Coloca-se a peça nas bolinhas dos riscos.
Exemplo de Trilha 3 ou jogo balões

Mostra que tem de haver uma tríade na horizontal do balão, porém no traçado
diagonal, pode-se fazer mais uma tríade. Observe o desenho e veja que se pode
utilizar a reta diagonal, do centro do losango: o centro comum para todas as
jogadas, o centro da reta e o final no canto do quadrado.
Pode-se optar por marcar pontos (formação da tríade) com grãos e retirada
de uma peça do adversário.
Forma-se tríade:
- na horizontal: duas extremidades e o centro;
- na vertical: duas extremidades e o centro;
- na vertical: duas extremidades e o centro;
- do centro do quadrado, do centro do losango e da extremidade do quadrado
na mesma linha.
- no losango (balões) na horizontal.
Após terem assimilado, introduza uma terceira opção, que é: ao marcar ponto,
retire uma peça do adversário e fique com o direito a jogar novamente.

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59

ANEXO V

Sugestões para formar palavras


Dê a folha pronta com letras e peça para localizar as palavras a seguir do
quadro. Primeiro na vertical.
CALA; FALA; FALO; SALA; CAMA.

Completar:
LEU; MAU; PAU; AMA; MAU; AMO.

Após assimilação, exercitando por várias vezes a atividade, outros serão


introduzidos como exemplo:
Palavras:
CALO
CALA
MALA
LATA
VELA
CALO
PATA
FALA
SALA

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VALA
MELA
TALO
Ache as palavras descritas, circulando as SÍLABAS que as formam

Ache as palavras descritas, circulando as sílabas que as formam:


MAMÃE; FALO; CALA; CALO; COLA; COLO.

Após localização, leve-as a ler e perceber as diferenças na colocação das


vogais. É possível realizar inúmeras atividades com essas palavras: desenhos com
o nome, jogos de dominó, memória, de classificação de letras e sílabas. São
inúmeras, depende da criatividade do profissional.
Após a assimilação dessa estratégia, que levará tempo, devem-se introduzir
as verticais e horizontais. Primeiro, utilizando uma palavra-chave na vertical e depois
aumentando vagarosamente.

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Encontre as palavras e circule as sílabas que formam as palavras:

CALA
AMA
LATA
DADO
ATA
TATU
DEUS
Siga a sílaba:

Vá criando formas alternativas de inserir o lúdico formal. Será bem-sucedido.


Atenção: Todo e qualquer estímulo lhe desviará a atenção e é sua tarefa fazê-
lo voltar a atenção (de forma respeitosa, mas firme) para o trabalho proposto.

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ANEXO VI

Jogo da velha 3D
Trata-se de um material feito de madeira, composto por uma plataforma na
qual se encaixam nove pinos de 8 a 10 em aproximadamente e 28 peças de
encaixe, sendo quatorze de uma cor e quatorze de outra, a fim de determinar quais
peças pertencem a cada participante.
Participam desse jogo duas pessoas. Para jogar, utilizam-se fichas ou grãos
para definir os pontos de cada participante.
No jogo da velha tradicional, quando um dos participantes fecha uma coluna,
isto é, consegue colocar três peças consecutivas na mesma coluna, quer seja nas
laterais do quadrado ou nas diagonais, este vence o jogo. Portanto, trata-se de uma
atividade que demanda um tempo escasso.
Por outro lado, o jogo da velha em três dimensões envolve um maior tempo
de duração e muito mais raciocínio e concentração, porque o mesmo é trabalhado
em três dimensões, isto é, uma pedra sobre a outra, em número de três.
Objetiva-se com esse jogo desenvolver os esquemas e/ou estruturas de
pensamento do sujeito, por meio da aquisição das noções de conservação,
antecipação da ação, pensamento reversível e consequentemente a percepção da
lógica da ação.
Isso se torna possível, pois o agente corretor trabalhará durante todo o jogo
com argumentações e contra-argumentações.
O jogo é utilizado em sujeitos que estejam dentro do período operatório
concreto, pré-formal e formal, alterando-se apenas o modo pelo qual as
argumentações e contra-argumentações são feitas. Sendo assim, o aparato teórico
que subsidia o referido trabalho é o da epistemologia genética de Jean Piaget.
Assim como as provas operatórias, Piaget (1983) não ressalta as deficiências
do sujeito, mas busca as suas reais possibilidades. Estas constituirão a base sobre a
qual se fará o desenvolvimento das estruturas deficitárias.
É necessário lembrar que ele criou uma teoria enfocando o desenvolvimento
da espécie e não as patologias do sujeito. Nessas colocações lembre-se que uma

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estrutura só poderá ser desenvolvida se outras anteriores já tiverem se consolidado


no pensamento do sujeito.
Como exemplo pode-se citar o fato de que é impossível desenvolver a noção
de reversibilidade no sujeito, se este já não tiver adquirido as noções de
classificação, seriação, conservação, quoticidade, espaço e tempo, inclusão simples,
de classes e outras.
É por esse motivo que alguns neo-piagetianos denominam a noção de
reversibilidade, quando a criança está no período operatório concreto, de pré-
reversibilidade. Apontam que as noções anteriores, nesse período, encontram-se em
fase de fortalecimento ou ampliação, devido à percepção da compensação
(CHAMAT, 2009).
Sendo assim, a percepção de causa e efeito só será interiorizada se o
aplicador fizer uso, na argumentação, das hipóteses e probabilidades.
Quanto mais o sujeito perceber as probabilidades de sua ação sobre o real,
tanto mais aumentará o seu raciocínio lógico por meio dos processos
assimilativos/acomodativos.
Todo o trabalho com o jogo em questão, está centrado na lei das
probabilidades, conduzido o sujeito ao raciocínio hipotético dedutivo.
O trabalho com o jogo da velha em três dimensões requer que se persigam os
seguintes passos:
• Jogar em apenas uma dimensão, porém com argumentação;
• Jogar em duas dimensões, com maior número de argumentações;
• A terceira dimensão só poderá ser introduzida depois que o aplicador
constatou a assimilação e o domínio das etapas anteriores pelo sujeito, caso
contrário, usam-se apenas as duas dimensões;
• No jogo da velha em três dimensões só marca pontos quem fizer uma
sequência de peças da mesma cor: na vertical – no mesmo pino, uma peça sobre a
outra (da mesma cor); na diagonal – tanto na primeira ou na segunda e/ou na
terceira dimensão (com peças da mesma cor); na extremidade – tanto na primeira ou
na segunda e/ou na terceira dimensão (com peças da mesma cor).
Denomina-se de dimensão cada patamar em que repousam as peças, pois no
final, o tabuleiro ficará com três patamares (dimensões). O jogo não termina quando

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um participante marca um ponto. Faz-se o uso de fichas ou grãos para marcar os


pontos obtidos, e o vencedor será aquele que obtiver o maior número de pontos (do
começo ao fim, isto é, até preencher o tabuleiro). O jogo termina quando não houver
mais nenhum espaço para colocar a última peça.
Só depois de definir quem começa o jogo e qual a cor das peças de cada
participante é que este tem início. É importante observar o nível de "egocentrismo"
do sujeito quando verbaliza:
"Eu é que começo!" ''As peças azuis são minhas!".
Esse aspecto, entre outros, tem de ser bem trabalhado com a criança, a fim
de construir novos critérios, a partir da percepção de que o outro existe e tem
desejos e necessidades a serem satisfeitas.
Outro argumento comumente utilizado por meninos é o seguinte: "Fico com as
azuis porque é cor de homem!"
Daí pode-se perceber que outros esquemas encontram-se ligados a este, tais
como: "Homem não chora!" "Homem não fracassa!"
Sabe-se que esses julgamentos são decorrentes das aprendizagens
familiares, o que pode ser trabalhado nesse jogo, pois o acerto é fruto da tolerância
ao erro, ao fracasso, ficando intimamente ligado à autoestima.
Assim, depois de definidos os critérios anteriormente explicitados, um dos
participantes coloca uma peça (da cor escolhida), a seguir o outro (aplicador ou
adversário) coloca sua peça e, segue-se o jogo permeado de argumentações e
contra-argumentações por parte do aplicador.
As pausas são feitas em dois momentos:
1. quando um dos jogadores marca ponto e pega o objeto sinalizador (grão,
ficha ...);
2. Nas arguições do aplicador (argumentações e contra-argumentações).
Nessa última questão, argumenta-se nos momentos em que o sujeito
direciona bem suas jogadas, como nos momentos em que faz jogadas aleatórias ou
está bloqueando o pensar.
Alguns tipos de argumentações:
- "Por que você colocou sua peça aqui?"
- "E se colocasse aqui (apontar para o local), o que aconteceria?"

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- "Você teria outro lugar para colocar sua peça e também marcar ponto?"
- "Você teria outro lugar para colocar sua peça e impedir que eu marcasse
ponto?"
- "Se você coloca sua peça aqui (apontar) e eu coloco a minha aqui, o que
acontece?"
- "Se você marca ponto e eu marco ponto também, junto com você, existe
alguma vantagem nesta jogada que você fez?
Explique "
- "Teria outra jogada em que você levasse vantagem, mesmo que não
marcasse ponto de imediato? Mostre-me."
Todas as argumentações do sujeito devem passar por contra- argumentações
do apIicador. Este deve buscar desequilibrar o sujeito e fazê-lo explicar as
contradições, levando-o a pensar.
O agente corretor deve praticar esse trabalho onde a pressão não seja
intensa, tornando o jogo aversivo.
O sujeito e o jogar devem ser conduzidos de forma prazerosa, pois, além de
fortalecer, construir e organizar os esquemas de pensamento, visam ao
fortalecimento do vínculo entre o "ser que ensina" e o "ser que aprende".
Pelo exposto, percebe-se que o jogo da velha em três dimensões constitui-se
em um material rico em estímulos para trabalhar a área afetivo-cognitiva do sujeito.
O aplicador pode utilizá-lo na fase diagnóstica, com a finalidade de confirmar
as hipóteses levantadas nas provas operatórias ou mesmo levantar os esquemas e
as estruturas de pensamento de que o sujeito dispõe, com ênfase na articulação do
"conhecimento". Mas, sua relevância consiste no trabalho de construção e/ou
intervenção, objetivando o desenvolvimento do aparelho perceptual, a organização
do pensamento, a aquisição de novos esquemas cognitivos, eliminando os
processos de recalque (cujos objetivos explicitei no início da exposição).
Esse jogo possibilita também levantar as modalidades de aprendizagem da
criança, isto é, a forma pela qual aprendeu a aprender, desde os vínculos de
dependência até a sua forma de atuar sobre o real (CHAMAT, 2009).

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ANEXO VII

Jogo no processo de ensino e aprendizagem


O ato de jogar é tão antigo quanto o próprio homem, na verdade o jogo faz
parte da essência de ser dos mamíferos. O jogo é necessário ao nosso processo de
desenvolvimento, tem uma função vital para o sujeito, principalmente como forma de
assimilação do "real".
Na concepção de muitos neo-piagetianos, os jogos consistem numa simples
assimilação cujo exercício das ações conduz à aprendizagem, gerando, ainda, um
sentimento de prazer pela ação lúdica.
Têm influência também pelo domínio sobre as ações. Portanto, os jogos têm
dupla função: consolidar os esquemas já formados e dar prazer ou equilíbrio
emocional à criança.
Segundo Vigotsky (1984) o lúdico influência enormemente o desenvolvimento
da criança. É por meio do jogo que a criança aprende a agir; sua curiosidade é
estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança, proporciona o desenvolvimento da
linguagem, do pensamento e da concentração. Entretanto, o jogo não é um simples
brinquedo, aliado ao conhecimento formal, propicia uma vinculação com o conteúdo
escolar.
O uso da informática na educação por meio de softwares educativos é uma
das formas de exploração do desejo de aprender, porque se descobre, no
computador, que é muito capaz. No entanto, deve ser somado às vantagens que os
jogos trazem consigo: entusiasmo, concentração, motivação, entre outros.
Os jogos mantêm uma estreita relação com construção do conhecimento e
possui influência como emergente do desejo pelo novo e desconhecido e elemento
motivador no processo de ensino e aprendizagem. Alguns elementos que
caracterizam os diversos tipos de jogos existem e coexistem nos jogos, tais como:
 tolerar a dor e a frustração pelo erro e buscar acertar;
 capacidade de absorver o participante de maneira intensa e total (clima
entusiasta, cujos sentimentos de exaltação e tensão seguidos por um estado
de alegria e distensão);
 atmosfera de espontaneidade e criatividade, aliados a um extremo prazer;

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 estabelecimento de regras na limitação de tempo – o jogo tem um estado


inicial, um meio e um fim;
 ele tem um caráter dinâmico e oferece a possibilidade de repetição;
 limitação do espaço – o espaço reservado seja qual for a forma que assuma é
como um mundo temporário e fantástico;
 existência de regras – cada jogo se processa de acordo com certas regras
que determinam o que "vale" ou não dentro do mundo imaginário do jogo, o
que auxilia no processo de integração social das crianças;
 estimulação da imaginação, autoafirmação e autonomia.
Tem-se convicção de que o jogo muito contribuirá em seu trabalho, quer seja
clínico ou institucional, aliado ao seu poder criativo e à sua consciência do seu papel
como mediador do "conhecimento".

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ANEXO VIII – CASO A SER ANALISADO E O LUGAR


DO PSICOPEDAGOGO

P – 13 anos
Pai – 50 anos – bancário
Mãe – 48 anos – não trabalha

Resumo da queixa principal


P- 13 anos - encaminhada pela escola - cursa a classe de aceleração. A mãe
queixa-se da escola. Nasceu de parto normal, desenvolvimento normal. Segundo o
relato da Direção da Escola, a hipótese de diagnóstico é dislexia e tem "raciocínio
lento".
O pai e a mãe comparecem à primeira entrevista e demonstram muita
preocupação com P porque a criança "não consegue aprender".
Primeira entrevista (o discurso dos pais).
A mãe e o pai relatam que P nasceu de parto normal e é a filha caçula das
três meninas que têm. A gravidez não foi desejada - "foi um descuido", segundo a
mãe: "A gravidez foi um descuido, não fiz pré-natal, só fui ao hospital para ela
nascer". P não foi amamentada, pois a mãe diz que não teve leite, e os primeiros
cuidados ficaram a cargo da babá. Demorou a sentar, andar e falar. Aos dois anos
foi para a creche, ficando até os cinco anos, e o contato com os pais era somente
nos finais de semana. A mãe informa que, como a menor era muito quieta e calada,
diferente das outras irmãs, não era motivo de preocupação. Não participava das
brincadeiras com as outras irmãs. Quando perguntada sobre as outras filhas, ela
disse que são "meninas muito inteligentes, completamente diferente de P".
Questionada se as outras crianças também ficaram na creche, a mãe afirmou
que ficavam com a avó paterna, que "não queria tomar conta de mais de uma", P.
Os pais acrescentam que as outras filhas estudam em uma escola particular,
e P foi retirada dessa escola, pois estava fazendo com que eles "passarem muita
vergonha pelos anos de repetência" e, então,decidiram colocá-Ia em uma escola
pública municipal. P identifica-se com o lugar constituído para ela: "Minha mãe me

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colocou na escola pública, porque eu sou muito burra e não consigo aprender
direito" (P)
Na atual escola, já repetiu três vezes e, hoje, frequenta uma classe de
aceleração2.
Foi agendada uma entrevista de anamnese com a criança.
Pôde-se identificar no discurso dos pais, ou melhor dizendo, da mãe, pois é
essa que mais se expressa ao falar da filha, um lugar de negação constituído para
P, que acaba se reproduzindo na escola. A fala de preocupação dos pais é assim
apresentada:
P "não consegue aprender?". Pode-se, assim, verificar que há uma
responsabilidade imposta à P por não aprender. Não há nenhum questionamento do
espaço escolar, pois P é o sujeito da ação de não aprender, tanto é que os pais
relatam a vergonha que sentem pelos anos de repetência da filha. P é
responsabilizada pelo que não consegue, mas foi negado a ela o lugar de sujeito
desde a sua concepção, pois a gravidez "foi um descuido", segundo a mãe. E todas
as ações da mãe negam P (não fez pré-natal, não amamentou). Entretanto, ela
nasceu e foi se constituindo como sujeito e aí passou a ser no discurso,
principalmente da mãe, sujeito de ações consideradas negativas, tal como "não
aprender".
Segunda entrevista - Com a paciente P
A mãe a trouxe e queria permanecer na sala, porém foi-lhe explicado que a
entrevista era com a menor. A mãe foi muito insistente em não deixar a filha a sós
com a psicopedagoga. Novamente foi-lhe explicado que P só iria conversar e que o
trabalho era dessa forma: primeiro ouvindo os pais, depois a criança ou adolescente;
a mãe relutou muito, mas aceitou.
P entrou na sala. Apresentava um estado de grande ansiedade e medo,
estava muito pálida e com as extremidades geladas, muito limpa, arrumada e trazia
um patinho de pelúcia.
Iniciou-se a conversar sobre ela. A princípio, foi muito difícil estabelecer um
contato, pois toda hora a mãe batia à porta e, a cada batida, P ficava pálida.

2
Classe de Aceleração é um programa com o objetivo de atender alunos com anos de repetência e
tem um programa específico, segundo a Secretaria Municipal de Educação, especial para cada
criança, preparando-a para o segundo ciclo do Ensino Fundamental.

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A psicopedagoga/pesquisadora fez dobraduras para que ela colorisse. No


início, P disse que não sabia colorir, mas foi-lhe pedido que tentasse. Aos poucos,
foi colorindo, atendendo ao pedido para que desenhasse. No início, P disse que não
sabia desenhar, e a psicopedagoga/pesquisadora começou, então, a desenhar
figuras para que ela completasse e assim foi feito, até que P começou a desenhar
sozinha. A primeira sessão foi de 1 hora e 30 minutos. Ela perguntou se poderia
voltar, e a resposta foi afirmativa. Avisou-se à mãe que P viria para as consultas três
vezes por semana. A mãe disse que não poderia trazê-Ia. Nesta hora, P começou a
falar com a mãe que ela poderia vir sozinha, pois morava perto e, se ela ia para a
escola sozinha, que era muito mais longe, poderia e queria vir sim. A mãe ainda
tentou colocar obstáculos, mas aquela menina pálida do início da sessão já
apresentava um outro tônus vital e fazia uma fala afirmando seu lugar. A partir daí, P
começou a vir sozinha e já demonstra, após sete semanas, uma certa segurança.
Na primeira sessão, a psicopedagoga/pesquisadora, ao mesmo tempo em
que realiza ações para constituir vínculo com P, também age para que a mesma vá
se constituindo como sujeito de ações consideradas positivas (pintar, desenhar, ir à
sessão de atendimento sozinha). A mãe resistiu, pois o lugar de ações negativas
"precisa" ser mantido para P.
Avaliação Psicopedagógica
A avaliação começou somente na quinta sessão, pois a psicopedagoga queria
observar mais, construir um vínculo com P, pois ela havia dito, na quarta sessão,
que estava sempre com o patinho de pelúcia, pois ele era o único que a escutava.
Tal relato aconteceu porque ela não trouxe o patinho.
Perguntada sobre ele, P disse que não precisava mais dele, pois já tinha uma
amiga para conversar. Assim, a avaliação psicopedagógica podia ser feita, pois o
vínculo estava elaborado. Na avaliação, foi constatado alto grau de ansiedade, medo
de errar e não corresponder às expectativas, sentimentos intensos de
incompetência, agressividade contida (mas pronta para eclodir), sentimento de
menos valia e uma expressão de revolta contra os pais (por meio de desenhos). Na
EOCA, a professora não respondeu. Foi feito contato telefônico com a Direção da
escola e, posteriormente, a psicopedagoga/pesquisadora foi até lá. A professora de
P disse que não tinha tempo para preencher "papeizinhos ridículos" e que aquilo

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(referindo-se a P) não tinha mais jeito, pois "é uma deficiente mental e deve estar
numa escola especializada". Houve ainda uma conversa com a diretora da escola,
que ratificou as informações da professora.
Fica estabelecido que, também, a escola é o lugar de sujeito de ações
consideradas negativas para P. A professora ao utilizar o pronome demonstrativo
"aquilo" para referir-se a P, a identifica como alguém que não se pode ser nomeado.
P, nas palavras de sua professora, foi "coisificada", o que não possibilita que ela
constitua um lugar de sujeito. Quando a professora nomeia P, é para rotulá-Ia como
"deficiente mental", com todo o preconceito que a palavra deficiente (aquele que não
é eficiente) produz, chegando a afirmar que a escola, na qual P está, não é para ela,
que ela precisa de uma escola especial, instituição tão negada pela sociedade,
muitas vezes entendida, pelo senso comum, como um espaço de reclusão para
pessoas "indesejadas" pela sociedade, sendo, assim, a escola também nega P
como sujeito.
A avaliação pedagógica apenas começou a ser feita a partir da quinta sessão
porque foi o tempo necessário para o estabelecimento do vínculo entre a menina e a
psicopedagoga.
As primeiras sessões objetivaram diluir as tensões, fazer um bom "rapport"
com a menor e com a mãe, que foi encaminhada para outra psicóloga.
Intervenção Psicopedagógica
A caixa individual com diversos materiais e outras coisas pessoais de P que
ela coloca na caixa. Esta caixa tem como objetivo lúdico despertar estruturas
cognitivas (atenção, memória, concentração, criatividade entre outros aspectos). O
trabalho começa pelos jogos e vai desenvolvendo outros jogos que, de uma certa
forma, atuam como facilitador da aprendizagem. Como P tem muita dificuldade na
escrita e na leitura, começamos com dominó de letras e palavras e jogos que
incluíam a construção de palavras e frases.
A intervenção, no caso de P, foi feita por uma equipe interdisciplinar,
composta pelos seguintes profissionais: pediatra, fonoaudiólogo, psicopedagogo,
psicólogo e assistente social. Equipe interdisciplinar é aquela que atua em conjunto
com o objetivo de ver o paciente como um todo e não fragmentado para a eficácia
do tratamento.

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Um exemplo da atuação dessa equipe é, pois como o grupo estudava o caso


sugerido, a mãe, por meio da equipe, pediu que ela fosse transferida para outra
escola. E o serviço social procurou uma escola que pudesse atender às demandas
do caso P. Durante as reuniões da equipe interdisciplinar, com base na negação e
por que não dizer da rejeição da Direção da escola com P, houve um consenso de
que a melhor saída seria a transferência para uma escola que fosse mais
acolhedora e que proporcionasse um melhor desenvolvimento do trabalho que
estava sendo realizado com P.
A escola não me recebeu bem, a diretora e a professora são pessoas difíceis,
acho melhor mudar P de escola. (Assistente Social). Eu gosto da nova escola, a
professora é muito boazinha (P). A assistente social contactou com quatro escolas,
narrou o caso de P, e uma dessas escolas sensibilizou-se com o problema de P e
investiu na parceria com o Posto de Saúde.
Após quatro meses de atendimento psicopedagógico, três vezes por semana,
e com a fonoaudióloga, duas vezes por semana, a troca de escola e o atendimento
feito aos pais por uma psicóloga de abordagem sistêmica, P tem avançado
significativamente na leitura, apresentando autoconfiança. O interesse pela leitura
era o ponto crucial, pois o ler significava o não falar, o não se expressar e, durante a
trajetória de vida de P, sempre foram negados a fala, o discurso e a leitura da voz à
P para expressar-se e se constituir como sujeito dentro desta família e da sociedade.
Em uma sessão recente com P, ela deu o patinho para a psicopedagoga,
para que fosse doado a alguém que se sentisse sozinha como "ela esteve um dia".
Isso significa que o lugar de sujeito está sendo constituindo a partir de uma
autoafirmação de P. O trabalho continua, pois muita coisa precisa ser feita ainda,
como dar suporte nas condições emocionais, na autoestima, no perder e ganhar,
reelaborando este aparelho psíquico para que P consiga enfrentar a vida com mais
confiança e segurança (PORTO, 2009).

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