Agroflorestais
SAF's
VerdeMinas 2010
FICHA TÉCNICA
Autores:
• Engº Agr. Esp. – Marco Aurélio Borba Moreira
Coordenador Técnico Estadual de Meio Ambiente – DETEC da Emater – MG;
• Engº Agr. Esp.- Fernando Cassimiro Tinoco França
Coordenador Técnico Estadual de Agroecologia – DETEC da Emater – MG;
• Engº Agr. MS – Maurício Roberto Fernandes
Coordenador Técnico Estadual de Bácias Hidrográficas – DETEC da Emater – MG;
• Engº Agr. MS – Márcio Stoduto de Mello
Coordenador Técnico Estadual de Solos – DETEC da Emater – MG;
• Engª Agr. MS Guilhermina Mª S. Borba Moreira
Coordenadora Técnica Regional de Horticultura – UREGI Belo Horizonte da
Emater – MG;
• Engº Florestal Esp.– Antônio Henrique Pereira – Coordenador Técnico Regional de
Meio Ambiente – UREGI Alfenas – Emater - MG
Colaboradores:
• Estagiária - Luisa Gouvea Pimenta;
• Estagiária – Gabriela Galvão Borges Machado;
• Estagiário – Adriano Figueiredo de Oliveira
• Estagiária – Laís Dias Vieira
Sumário
Apresentação................................................................................................. 01
Ecossistemas Naturais................................................................................... 01
Sistema Agroflorestais................................................................................... 06
Implantação de Agroflorestas......................................................................... 07
Compostagem................................................................................................ 08
1. Pioneiras – Espécies de ciclo curto............................................................... 14
2. Secundárias iniciais e tardias – Espécies de ciclo médio........................................ 14
3. Primárias – Espécies de ciclo longo...............................................................15
Plantio............................................................................................................ 20
Manejo de Agroflorestas................................................................................ 24
Podas............................................................................................................. 25
1. Podas de Formação............................................................................... 25
2. Podas de Limpeza ou de Rejuvenescimento..................................................... 25
3. Podas de Produção................................................................................ 25
Reformas do Sistema.......................................................................... 29
Calagem ….................................................................................................... 30
Glossário........................................................................................... 34
Referências Bibliográficas.................................................................... 37
Apresentação:
Ecossistemas Naturais:
Sistemas Agroflorestais:
Implantação de Agroflorestas:
Compostagem
MODO DE PREPARAR:
Escolha do local adequado:terreno com boa drenagem, pequena inclinação e
preferencialmente protegido de sol e chuva.
Misturar palha, capim, restos culturais, sobras de silagem, esterco, etc, antes do
empilhamento e, a seguir, fazer o umedecimento dessa massa (Teste da mão - espremer
o material e verificar o escorrimento entre os dedos. O ideal é que não haja excesso de
umidade, ou seja, o líquido não deve escorrer entre os dedos). Após o umedecimento,
deve-se espalhar a mistura sobre o solo (20 cm de altura e 2,0 de largura). O
comprimento poderá variar de acordo com a quantidade de material a ser compostado.
Formar uma pilha com a mistura umedecida até 1,20 m a 1,60m de altura.
Finalmente, cobrir com palha seca para manter a umidade e a temperatura.
OBS: O período de compostagem depende das temperaturas e do tamanho das
partículas dos materiais e da aeração, como por exemplo:
Partes pequenas, tipo capim picado, com temperaturas em torno de 60ºC = 55
a 60 dias.
Partes médias, com 15 a 20 cm, com temperaturas em torno de 60ºC = 60 a 80
dias.
Partes inteiras, com temperaturas até 60ºC = em torno de 90 dias.
Somente esterco bovino, com temperaturas de 60 a 70ºC = 30 a 35 dias.
O acréscimo de microrganismos promove a aceleração da decomposição.
A massa não necessita ser revirada
BOKASHI AERÓBIO
Desenho 2: Estágio médio de regeneração – algumas arvores mais grossas, início de formação de estratos
de diferentes alturas, mais matéria orgânica na superfície do solo (andiroba, fava-branca, louro, açaí,
tamboriu, ingá);
Desenho 3: Estágio avançado de regeneração – espécies climáticas no topo do estrato – árvores de vários
tamanhos, ocupando todos os estratos no sistema, exploração de várias profundidades pelas raízes, com
muita ciclagem de nutrientes, espessa camada de matéria orgânica cobrindo o solo, muito transito da fauna
se alimentando (angelim, maçaranduba, sucupira, aroeira, palmeiras em geral).
lento ou muito
Crescimento muito rápido rápido médio
lento
restrita
(gravidade);
ampla ampla
(zoocoria: alta (zoocoria: ampla (zoocoria:
Dispersão de diversidade de poucas principalmente pelo grandes animais);
sementes animais); espécies de vento restrita
pelo vento, a animais); (gravidade)
grande distância pelo vento,
a grande
distância
Obs.: Na cova da bananeira pode-se plantar rabanete, couve, tomate rasteiro e abobrinha
verde.
A colheita em si, já é uma das formas de manejo da área, além do que, deve
sempre aproveitar as colheitas para se fazer o manejo – podas, plantios, enriquecimento
do sistema com mais espécies, raleio, entre outras práticas.
Muitas vezes, o insucesso de um sistema agroflorestal está, diretamente, ligado ao
manejo, ou a falta dele. Um cafezal, um bananal, abandonado no meio à uma capoeira,
não é um sistema agroflorestal. Manejo significa remover as plantas doentes, assim como
as indesejáveis, como as gramíneas (capins e gramas) e ervas em floração, sem
revolvimento do solo, deixando a matéria sobre o solo para mineralização. Também deve
ser feito o enriquecimento, aí sim, através de mudas para correção do sistema, com
espécies que irão trazer benefícios, para a sucessão natural, da agrofloresta e
rendimentos econômicos. Podar as árvores e espécies que estejam provocando o
sombreamento excessivo, deve-se observar o chamado “fechamento de teto”, quando as
copas das árvores se fecham, de forma a não permitir a penetração da radiação solar
suficiente e necessária a todos os estratos do sistema. Isto significa que está na hora de
ser feita uma poda de abertura de luminosidade.
Cada espécie tem suas características, e devemos conhecê-las, de maneira a fazer
a prática certa no tempo certo.
É fato, que a maior parte das espécies reage melhor às podas feitas no inverno, época
que geralmente as espécies arbóreas estão em repouso vegetativo, porém, aconselha-se
a não fazer podas superiores a 70 %, uma vez que, muitas espécies não as suportariam.
De forma geral, para não errarmos deve se ter uma regra básica de podar em torno de
30% da copa, evitando assim, o risco de morte da planta.
Existem espécies de grande valor madeireiro, que não devem ter seu ápice
cortado, porém, os galhos podados para formação do fuste , devem ser cortados rentes
ao tronco, para facilitar a cicatrização, evitar a entrada de doenças, a desvalorização e a
possivel morte da planta.
Podas
• Importante: No manejo do SAF, todo material lenhoso oriundo das podas deve
ficar em contato com o solo. Deve-se misturar materiais com tempo de
decomposição diferente, nunca devendo abafar-se o colo da planta, deixar, pelo
menos, uma distância de 5 a 6 cm do caule.
• Sempre que fizer o manejo através da poda, deve ser mantido o formato natural da
árvore, a arquitetura da planta;
Desenho 4: Quando as copas se tocam e a incidência luminosa se reduz é o momento de ser realizada a
poda de limpeza e rejuvenescimento, que favorecerá o crescimento de outras espécies nos estratos mais
baixos;
Desenho 5: As podas devem ser realizadas de forma a ser respeitada a arquitetura da planta e nunca
ultrapassar os 70% da copa das árvores;
Desenho 6: O aumento da incidência de radiação solar estimula o crescimento das espécies dos estratos
inferiores.
Combate às pragas e doenças:
Nos SAF's, o que chamamos de pragas, muitas das vezes nos ajudam a visualizar
e a corrigir os problemas existentes no sistema. As pragas nos mostram e atacam uma
planta que está em local inadequado, ou que já cumpriu sua função.
Quanto às doenças, podem indicar a expressão de um sistema com quantidade
insuficiente de espécies ou indicar que o sistema está desequilibrado, com sucessão mal
sincronizada. Ocorrendo isto o sistema (SAF's) está nos indicando que necessita de
reformas.
Reformas do Sistema:
Para os solos eutróficos, ricos em matéria orgânica e baixa saturação por alumínio,
a calagem pode ser dispensada. Todavia, a maioria das áreas onde será realizado o SAF
encontra-se degradada e deve receber a calagem.
Tabela X – Valores máximos de saturação por alumínio tolerados por algumas plantas
(mt) e valores de X para o método do Al e do Ca + Mg trocáveis adequados para estas
plantas
1. Nitrogênio:
2. Fósforo:
3. Potássio:
• Pouca resposta
• Uso de formas não trocáveis
4. Enxofre:
• Algumas espécies: alta resposta (pau ferro, peroba rosa, cedro, pau jacaré,
canafístula)
• Fonte nitrogenada (sulfato de amônio) e fosfatada (super simples)
5. Micronutrientes:
• Poucos estudos
• Falta de resposta
Recomendações:
TEOR DE K NO SOLO
BAIXO MÉDIO ALTO
g K2O/COVA
30 20 10
• Fósforo:
TEOR DE P NO SOLO
Espécies Baixo Médio Alto
g P2O5/cova
Pioneiras/Secundárias 30 20 10
Clímax 40 30 10
• Embaúba – traz mais P para superfície dos solos, pela ciclagem de nutrientes –
considerada uma “bomba de P”;
• Mamona – traz mais Ca para superfície;
• Gliricídia – traz mais N para superfície;
• Margaridão – traz mais K para superfície;
• Bananeira – Enriquece com Mo, Zn;
• Mamão, mandioca, abacaxi – plantas companheiras;
• Desmódium e amendoim forrageiro – aceiro vivo contra fogo;
• Ora – pro – nobis – cerca viva;
• Abacaxi, mandioca, margaridão, feijão, andú, cagaita, angico, soja, bananeira,
piteira (capta água das chuvas, M.O e micorrizas),
• mucuna, paineira, bálsamo, ipê (plantas companheiras em um sistema),
• Margaridão deve ficar sempre por baixo da mandioca;
➔ Por que as formigas atacam uma planta e não a outra do lado? Praga, o que é?
Uma planta que indica, onde foi que eu errei. Se tem praga é porque eu deixei.
➔ Ocupa-se a área que era para a praga com margaridão (forrageira, melhora e
condiciona o solo e abriga os inimigos naturais)
Observação
1-Acima da mandioca seria o mamão.
4- Plantar via sementes e não por mudas, pois, as sementes já nascem mais adaptadas
ao ambiente onde foram semeadas, enquanto que as mudas, normalmente, estão super
nutridas, quando são transferidas para o local definitivo sentem muito os efeitos adversos
e as perdas acontecem.;
A colheita em si já é uma das formas de manejo da área, além de que deve sempre
aproveitar as colheitas para se fazer o manejo – podas, plantios, enriquecimento do
sistema com mais espécies, raleio entre outras;
• Pau – balsa – R$400,00 / m³ – parece com a Teca;
• Jambo Branco pertence ao extrato médio;
No manejo, todo material lenhoso, oriundo das podas, deve ficar por baixo, em contato
com o solo. Deve-se misturar materiais com tempo de decomposição diferente. Nunca
devendo se abafar o pé de nenhuma planta, deixar pelo menos uma distância de 5 a 6
cm de distância do caule.
Ao redor de um cupinzeiro planta-se leucena, guandú, maracujazeiro, guapuruvu,
copaíba – formando uma ilha e erradicando o cupinzeiro.
• Mandiocão – emergente, no pé do margaridão, no lugar do guapuruvu;
• Jambo Vermelho – feijão, mandioca, abacaxi, cara – do – ar, rabanete, copaíba;
• Feijão de porco com mandioca são companheiras, com o cuidado de plantar o
feijão de porco no mínimo 3 – 4 meses após o plantio da mandioca;
• Usar em áreas de Cerrado, com árvores velhas, o plantio do cara-do-ar (cara
moela), com maracujá, com feijão bravo (acumulando P e N) – Canavália
brasiliensis;
• Sempre que fizer o manejo através da poda, deve ser mantido o formato natural
da árvore, a arquitetura da planta;
• Para o plantio de hortaliças, sob outras espécies, usar na cova 250 ml de esterco /
composto;
Obs.: O Jaracatiá pode ser usado no lugar do Guapuruvu, ambas são emergentes no
sistema delas.
Simbiose ou mutualismo
A simbiose ou mutualismo é uma relação entre indivíduos de espécies diferentes, onde as
duas espécies envolvidas são beneficiadas e a associação é obrigatória para a
sobrevivência de ambas.
Protocooperação
Na protocooperação, embora as duas espécies envolvidas sejam beneficiadas, elas
podem viver de modo independente, sem que isso as prejudique.
Inquilinismo ou epibiose
O inquilinismo é um tipo de associação em que apenas um dos participantes se beneficia,
sem, no entanto, causar qualquer prejuízo ao outro.
Comensalismo
O comensalismo é um tipo de associação entre indivíduos onde um deles se aproveita
dos restos alimentares do outro sem prejudicá-lo. O ser vivo que se aproveita dos restos
alimentares é denominado comensal, enquanto que o ser vivo que lhe proporciona esse
alimento fácil é denominado anfitrião.
Amensalismo ou antibiose
O amensalismo ou antibiose consiste numa relação desarmônica em que indivíduos de
uma população secretam ou expelem substâncias que inibem ou impedem o
desenvolvimento de indivíduos de populações de outras espécies.
Predatismo
Predatismo ou predação é uma relação desarmônica em que um ser vivo, o predador
captura e mata um outro ser vivo, a presa, com o fim de se alimentar com a carne dele.
Geralmente é uma relação interespecífica ou seja uma relação que ocorre entre espécies
diferentes.
Aposematismo
Animais não-palatatáveis, tóxicos ou venenosos frequentemente anunciam sua
impalatabilidade através de coloração de alerta, conhecida como coloração aposemática.
Canibalismo
Canibalismo é uma relação de predatismo intra-específico em que seres de uma mesma
espécie comem outros seres da sua própria espécie.
Herbivoria
Herbivoria é uma relação desarmônica entre um consumidor primário e um produtor.
Ocorre quando esse consumidor primário, herbívoro, alimenta-se do produtor Planta.
Pode-se dar como exemplo qualquer consumidor primário que come a planta.
Parasitismo
Parasitismo é uma relação desarmônica entre seres de espécies diferentes, em que um
deles é o parasita que vive dentro ou sobre o corpo do outro que é designado hospedeiro,
do qual retira alimentos.
Sinfilia ou esclavagismo
Esclavagismo é um tipo de relação ecológica entre seres vivos onde um ser vivo se
aproveita das atividades, do trabalho ou de produtos produzidos por outros seres vivos.
Competição
A competição interespecífica é uma relação de competição entre indivíduos de espécies
diferentes, que concorrem pelos mesmos fatores do ambiente, fatores existentes em
quantidades limitadas.
A competição intra-específica é uma relação de competição entre indivíduos da mesma
espécie, que concorrem pelos mesmos fatores do ambiente, que existem em quantidade
limitada.
Sucessão natural
Processo espontâneo no qual uma comunidade de plantas cede lugar à outra,
recuperando o solo e recompondo a vegetação.
Biodiversidade
Variabilidade de organismos vivos de todas as origens e de todos ecossistemas.
Biomassa
Massa de toda a matéria verde e seca produzida pelas plantas de um determinado
ecossistema.
Referencias Bibliográficas: