O desenvolvimento foi a ideia força que mobilizou as nações capitalistas pobres no pós-guerra,
afirma VIOTTI. A industrialização foi vista como solução para superação da pobreza e do
subdesenvolvimento, bem como, incorporadora do progresso técnico ao processo produtivo,
gerando assim, elevação da produtividade, do trabalho e da renda.
VIOTTI, chama a atenção para o fato de que o esforço de uma nação para industrializar-se no
início do processo de surgimento e consolidação da indústria no mundo é completamente
diferente que passa uma nação quando já existem outras competindo nos mercados mundiais
de produtos industriais.
Isto significa que o Brasil não pôde e não pode contar com a vantagem de competir nos
mercados com produtos inovadores ou produzidos por tecnologias inovadoras e nem mais
produtivas ou eficientes do que as utilizadas pelos concorrentes, visto que, a competitividade
das economias industrializadas é baseada no emprego de tecnologias inovadoras, já nas
economias retardatárias como a do Brasil, se baseiam na absorção e no aperfeiçoamento de
inovações geradas nas economias industrializadas.
VIOTTI afirma que a única forma de assegurar ganhos de competitividade autênticos é através
do desenvolvimento de um esforço tecnológico eficaz por parte das economias retardatárias
que gere a inovação, a absorção de inovações e o aperfeiçoamento de inovações como nas
economias industrializadas que, além da simples capacitação para produzir investem também
nas capacitações tecnológicas para aperfeiçoar as tecnologias absorvidas e para inovar criando
novas tecnologias, diferente, das economias retardatárias, que objetivam essencialmente a
absorção de capacitação para produzir produtos manufaturados, e desta forma desenvolvem
apenas a capacitação para absorver tecnologias geradas em outros países.
Desta forma reconhece o autor que a inovação parece um fenômeno essencialmente estranho
a esse sistema e que esse é basicamente de natureza passiva, onde o esforço tecnológico da
maioria das empresas líderes concentra-se basicamente na simples assimilação de capacitação
para produzir.
É importante reconhecer que o Brasil é um caso de economia retardatária que teve um grande
êxito em seu processo de absorção de capacidade de produzir manufaturas, todavia, esse
expressivo processo de industrialização foi insuficiente para assegurar o desenvolvimento
econômico e gerar um padrão de vida elevado e crescente para população, antes, agravou a
desigualdade da distribuição da renda nacional, não conseguiu eliminar a miséria e mostrou-se
pouco responsável do ponto de vista ambiental.
Isso aconteceu, ressalta VIOTTI, devido um conjunto complexo de fatores está decorridos do
estilo brasileiro de desenvolvimento, entre eles: o abandono de políticas desenvolvimentistas
ou industrializantes na década de 90 e a abertura e a desregulamentação dos mercados internos
e externos esperando-se, entre outras coisas, fazer com que a pressão competitiva, aumentada
pela abertura do mercado interno para produtos e capitais externos, mudasse o padrão
tecnológico das empresas e a própria natureza do sistema de mudança técnica brasileiro.
VIOTTI afirma ainda que o desenvolvimento almejado durante grande parte do século XX não
foi alcançado pelo Brasil, porém é imperioso para o desenvolvimento sustentável brasileiro a
aceitação da insustentabilidade do estilo de desenvolvimento das nações ricas e da
impossibilidade de sua universalização, bem como, criação de um novo estilo de
desenvolvimento que tem como meta a busca da sustentabilidade social e humana capaz de ser
solidária com a biosfera.
Além disso, é preciso uma estratégia ativa de aprendizado tecnológico para a criação de
condições férteis para a inovação que oriente a construção da nova política tecnológica
brasileira tendendo como diretrizes: a política tendo como alvo transformar o processo de
mudança técnica das empresas; estimular à constituição de grandes grupos empresariais
nacionais, com massa crítica para desenvolver e coordenar esforços tecnológicos; concessão de
benefícios vinculados às demais políticas que elevem o grau de sustentabilidade dos
empreendimentos.