Anda di halaman 1dari 4
y EDUCAGAO MUSICAL iS e) faveitonne Stier apeM _associag&o portuguesa de educagao musical Instituigao de utiidade pablica Representante om Portugal da ISME - Intemational Sociaty for Music Education Existe uma grande quantidade de misica para crian- gas escrita por adultos cuja qualidade é enormemente variada, Algumas pegas escritas para os mais peque- nos sio bastante superficiais, enquanto outras tém ‘uma intengdo pedagérica to rebuscada que se afas- tam de toda a intengdo artistica. O repertério infantil reduz-se consideravelmente quando nés, professores de miisica, procuramos materiais que no 6 ocupem as crianeas, mas que lhes eduquem 0 gosto € as aju- dem a formar critérios artisticos ¢ musicais. J.S.Bach, Robert Schumann e Bela Bartok so alguns dos gran- des nomes da misica que escreveram colecgdes de obras para os seus alunos e discfpulos. Algumas des- tas pegas possuiem um grande valor artistico © no exigem um alto nivel téenico para serem interpreta das, constituindo indubitavelmente um meio de aqui- sigdio de conhecimentos € destrezas musicais. Exem- plos deste tipo de peeas podemos encontré-los em “Le petit négre” de Debussy e no “O Palhago” de Kaba- lewsky. Em face destes materiais classicos, a Orff-Schulwerk tem como centro do ensino-aprendizagem uns prinet- pios pedagdgicos diferentes dos anteriores, ainda que também se pretends atingir com eles a qualidade artis- tica, Carl Orff pensava que as eriangas tm uma enorme capacidade para a criagio artistica ¢ umas potencialidades que devem ser estimuladas de uma forma adequada. Os materiais da Orff-Schulwerk esto feitos de tal maneira que se mantém disponiveis @ abertos para desenvolver a criatividade infantil. AS suas bases sio estruturas de ostinatos © materiais fle- xiveis que permitem serem manejados como pecas de tum quebra-cabegas, abrindo um espago para a improvi- sacéo. ‘Brest a reo pela quil'os exceplos cecollitdos nos's livros “Musik flir Kinder” so pegas que deve servir de modelo para fazer outras pecas com os alunos guia- dos pelo seu professor. As pegas da Orfi-Schulwerk ni se trabalham metodologicamente como composi- es terminadas; nem exigem, na sua maior parte, a posse de conhecimentos musicais prévios. Alguns professores, ao depararem com estas peas publicadas nos livros da Orff-Schulwerk, estudam-nas com os seus alunos seguindo fielmente o original, perdendo assim a intengdo pedagdgica de Orff, Dito de uma forma simples, estas pegas io “possiveis solugdes”, ‘0 Através da Orff-Schulwerk ‘Wolfgang Hartmann* “pontos finais” de um process criativo entre as erian- gas € 05 seus professores. Assim, ao referir-se & Schulwerk como uma “misica para as criangas”, Car] Orff fala de um estilo de misi- cea que pode ser, no $6 interpretada, mas criada por cles; por isso mesmo, esta ligada ao mais intimo do seu ser. Na Schulwerk, além disso, existe uma estreita ligastio com a danga ¢ 0 movimento, o que converte esta ideia pedagégica numa experiéncia muito mais integradora para a crianga, Nos primeiros livros da Schulwerk 0 movimento ainda ndo aparece integrado de nenhuma forma, mas Gunild Keetmann' assim como Barbara Haselbach’ escreveram matéria adicio- nal neste campo. "Neste artigo quero analisar a estrutura, forma e natu- reza musical das pegas de Carl Orff ¢ da sua colega Gunild Keetmann, assim como os aspectos que tor- nam possivel a participagao das eriangas como criado- ras. Basicamente, todas as pegas da Schulwerk mo- vvem-se no émbito tradicional das tonalidades maiores e ‘menores com algumas inclusdes as escalas modais Antes da introducio da escala maior inicia-se o traba- Tho com a escala pentaténica. © mbito da escala pentatinica oferece a possibilida- de de improvisar sem que se produzam deslizes nos meios-tons. £ por isso uma escala mais adequada para Iniciar a arte de criar e improvisar misica. O ponto de partida nos exemplos publicados na SchulWverk sio os motivos melédicos com duas ¢ trés notas (sol-mi ¢ sol-mi-la). Orff pretendia reflectir 0 repertério melé- ico infantil que aparece nas rimas, jogos, cantilenas ¢ lengas-lengas. Hoje em dia temos de reconhecer que muitos destes materiais tradicionais cairam em desuso ¢ sio mesmo desconhecidos para as nossas criangas. Por isso, um dos desafios para 0 professor € encontrar textos € rimas mais actuais que permitam trabalhar as ideias basicas da Schulwerk Deste modo evitamos ter de qualificar a Schulwerk como algo de ultrapassado, antiquado e histérico. Na Orff-Schulwerk é permitida a introdugo de materiais| novos e actuais sempre e quando se trabalha com um processo de aprendizagem ¢ criagdo activo e que des- 4 cnvolva a criatividade da crianga, Este processo de adaptagao € igualmente necessirio quando se querem. utilizar materiais noutras lingues de outras cultura, Além do trabalho com as rimas ¢ a Linguagem, outro dos aspectos fundamentais da Schulwerk desde 0 inicio € o trabalho ritmico. A vivéncia consciente do ritmo & uma base indispensivel para formar a conscin- cia do fraseio correcto, e, 20 mesmo tempo, a auséncia de melodia facilita a improvisaclo. Por exemplo, os jogos ritmicos de ecos e pergunta-resposta ajudam a capiacdo de frases de quatro compassos c, posterior ‘mente, os alunos podem criar os seus préprios mode- los ritmicos com a mesma duragio. (Ver 0 estudo de percussio), ‘A estrutura das pegas da Schulwerk é simples. Esta simplicidade, no entanto, no deve ser subestimada Vejamos um fragmento de uma pega a duas vozes: (0S Vol. TL p. 49/3) Nesta pega o acompanhamento é simples. Trata-se de lum ostinato que tem um aspecto contrapontistico com, a melodia, Esta parece complexa ao ser escutads porém, 20 observi-la eserita, vé-se que a estrutura € ‘muito clara; quatro motivos melédicos idénticos que terminam de forma diferente. Um exemplo de como utilizar este material para dar inicio a um processo criative é tomar estes motives melédicos como per- guntas e propor aos alunos a criaglo de novas respos- tas, numa forma de trabalho que ¢ igualmente aplica- dda a outras pegas. Outra forma de obter um espago criativo seria acrescentar acompanhamentos ritmicos. para o que esté escrito. Também se poderia utilizar a eva como a parte que se repete num rondé e inventar 8 outras partes. Outra possibilidade seria realizar ‘uma danga ou eriar uma sequéncia de movimento. A tarefa principal do professor que trabalha com @ Orff: “Schulwerk ¢ analisar a estrutura das pecas, e reco nhecs-las como elementos de grande plasticidade que podem ser manejados como blocos de consirugdes. Para além disto, pode deduzit-se daqui o processo de trabalho correspondente a cada classe. Nas primeiras publicagdes da Schulwerk quase nao se oferece ajuda metodol6gica, jé que Carl Orff estava convencide da ‘competéncia dos professores que iriam trabalhar os materia. Ao estudar as publicagdes da Schulwerk também constatamos que elas no cobrem 2 totalidade dos varios estilos musicais. E légico que, no seu tempo, 1nlo se valorizavam todas as formas que actualmente consideramos importantes e, portanto, dignas de se- rem ensinadas. Entre elas, podemos enumerar 0s te- mas relacionados com notagdo grética, escalas cromé- ticas, misica tonal, misica experimental ¢ misica conereta. ‘No entanto, consideramos hoje em dia que o professor de miisica deve integrar novos materiais para fomen- tar na aula a abordagem a outras lingusgens aplicando 5 principios da Orff-Schulwerk. Um exemplo de referéncia é a Edigdo Americana de Schullwerk que se editou anos mais tarde com a autorizagio do préprio Orff’, na qual & tratada uma série de aspectos rela- cionados com outtos estilos de expresso musical Apesar disto, os primeiros materiais publicados na Schulwerk continuam a ser de grande relevancia e Importincia para a educagio musical. Para termina, vamos propér uma sequéncia didéctica realizada para trabalhar um estudo de pereussio. stud par percussio 6, Maa [Aidaljassz {sara n[-as{= osfosafonsa fee | me [ce ee 4 de (oe ge | Sn nnanan| annalnany | Qxyana ! Esta pera é 0 resultado de um proceso criativo de um. grupo de alunos do primeiro ciclo dum colégio de Munique. © trabatho realizou-se ao longo de varias semanas, a par com outras actividades musicais. T ta-se de um modelo de como criar uma pega com ma- teriais proprios no estilo da Orff-Schulwerk. A deseri- fo do trabalho que realizei com as eriangas mostra ‘como a forma de ensinar e o processo nos levaram a lum resultado que tem 0 seu proprio valor musical. O cstudo de pereussio tem uma forma bipartida, de es- trutura clara, que ajuda os intérpretes a compreender a sequéncia da peca © a memorizé-la, Na primeira parte € apresentada a orquestragdo e o material ritmico da cobra. O segundo fragmento & um esquema que explica f sequéncia, Parte A: comega a conga que toca a sua parte 6 vezes; apés a segunda ver, juntam-se-the os bongos ¢ o triéngulo; depois de duas vezes mais, to- cam o guizo e as maracas. Parte B: as clavas e o bom: bo tocar esta parte. De seguida ha um tutti no qual se tocam a parte A e B simultaneamente. Como contras- te, acrescenta-se uma improvisagdo livre que comeca ‘com motivos curtos, intensificando-se a textura cada vez mais, até chegar a um longo tremolo que termina ‘com um ritmo em unissono ¢ uma parte colorida para o tridingulo. Vejamos qual foi o processo ¢ a sequéncia metodol6- ica seguida com 0s meus alunos de 10 anos. O ponto de partida deste trabalho consistiu em fazer exercicios ritmicos, tendo as criangas eriado frases de quatro compassos, Parte A: De entre as numerosas propostas, escolhe- ‘mos uma frase ritmica sobre a qual iriamos trabalhar cem seguida: PFDialMsseladdarseday Ao interpretar esta frase, verificimos a dificuldade que oferecia 0 comeyo do terceiro compasso com uma pause. As criangas sugeriram juntar uma voz que en chia 0s siléncios correspondentes: 2 ft 2 Saat = gdp m asfsearsta dary Fizeram-se mais algumas alteragies para juntar um pouco de sensago de final de frase: s2lay ane © passo seguinte foi criar um acompanhamento ritmico ‘com ostnates tocados pelos guizos e pelas maracas: eee AnD Parte B: O ritmo da parte B surgiu de um ostinato com pés e palmas que os alunos extrairam de uma danga que estavam a aprender. IN al [ann pte J? Je] see Forma: No principio tocémos a pega em forma ABA até que comegémos a explorar ampliando-a com a parte de improvisagao livre. Em seguida incorpori- ‘mos uma coda. Para uma festa da escola, juntémos- The uma dang com uma corcografia mais livre na parte de improvisagao, * Wolfgang Hartmann- Director do Departamento de Pedagogia do Canto ¢ Instrumentos no Conservatério de Klagenfurt’ Austria, 1) Keemant, Elememtaria, Scot, Landon, 1974 2) Haselbach, Dance Education, Sohot, London, 1978 3) Musi for Children, Orff Schulwerk, American Editon, 1977 Attigo publicado na Revista Orfi-Espafia, vol. 4, Jax neiro/Julho 2001 ‘Tradupdo: Luiza da Gama Santos. 16

Anda mungkin juga menyukai