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Guerreiros Sombrios 04 - Guerreiro da Meia-Noite

Donna Grant
UM CORAÇÃO ESCONDIDO

Durante dez longos anos, Tara tem sido uma mulher em fuga, escon-
dendo-se dos Guerreiros e Druidas da Escócia moderna. Agora, como guia tu-
rístico em um remoto castelo Highland, ela espera finalmente escapar de seu
passado, até que um homem impossivelmente lindo entra em sua vida... e expõe
seus segredos mais selvagens.

UM GUERREIRO APAIXONADO

Durante séculos, Ramsey MacDonald tem escondido sua força e habilida-


de como parte Guerreiro, parte Druida, por medo de liberar toda a força de seu
poder. Mas quando ele toma Tara em seus braços, e sela seu destino com um
beijo, Ramsey terá que lutar por seu amor... embora possa significar perder o
controle da magia dentro dele.

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CAPÍTULO UM

Torre de Dunnoth
Norte da Escócia

Tara tamborilava o dedo do pé debaixo de sua escrivaninha en-


quanto discretamente escutava seu iPod em uma orelha. Ela gostava
bastante de seu trabalho como agente de reserva, guia de turismo, te-
soureira, e qualquer outra coisa que eles precisassem no castelo.
Ela não tinha pensado para onde iria quando deixou Edimburgo
depois daquela fuga desastrosa dos Guerreiros e Druidas.
Tinha dirigido e dirigido e dirigido até a estrada que levou― a
para o mar e Dunnoth Tower.
Tara havia parado no castelo medieval para comer e esticar as
pernas. Ela tinha sido imediatamente envolvida com a construção e fez
a turnê. Para sua surpresa, havia uma vaga aberta, e ela pediu. Come-
çou a trabalhar naquele mesmo dia.
Eram apenas algumas semanas, mas ela estava desfrutando com-
pletamente seu tempo em Dunnoth, que ela não esperava depois de
ensinar. No entanto, ela encontrara o silêncio e a paz do castelo e do
Mar do Norte que ajudou a resolver o tumulto dentro dela.
Também ajudava que os proprietários fossem agradáveis, seus
companheiros de trabalho amigáveis, e os turistas tão ávidos para
aprender sobre o castelo que não eram muito um problema de se lidar.
Embora o turismo em meados de janeiro no extremo norte da Es-
cócia não era muito para se falar. A maioria dos turistas estavam nas
estâncias de esqui, mas na chegada do verão, o castelo estaria muito
ocupado.
Tara esperava ansiosamente por isso. Por enquanto, ela estava
lendo os livros de contabilidade para ter certeza que tudo estava em
ordem, e fazendo as reservas para o castelo para os meses de verão.

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Uma porta se abriu à sua esquerda e entrou o mais novo membro
dos funcionários do castelo. A boca de Tara caiu aberta a primeira vez
que viu o alto, de cabelos negros com incríveis olhos cinzentos que pa-
reciam ver bem direto dentro de sua alma.
Isso tinha sido no dia anterior. E agora, ela se viu olhando para ele
novamente quando ele atravessou a entrada e começou a trabalhar na
tomada elétrica que tinha quebrado meses atrás.
Apesar que desta vez ela conseguiu manter a boca fechada e não
se mostrar uma tola completa.
Ele enchia a camiseta de mangas curtas azul-marinho com perfei-
ção com seus ombros largos e seus braços musculosos. Ontem à noite
eles tinham sido atingidos por uma chuva e mistura de neve, e ele ti-
nha ficado preso aqui. Quando veio correndo para o castelo com sua
camisa grudada no seu abdômen, ela tinha sido capaz de contar cada
músculo naquele estômago de tanquinho dele.
A visão a fez desejar que pudesse vê-lo sem camisa para ter um
bom vislumbre daquela pele bronzeada e corpo malhado.
Tara sorriu. Ela sempre foi uma boba para um homem que sou-
besse se cuidar. Mas com Ramsey não era apenas seu corpo.
Era seu cabelo comprido e preto que passava por cima dos om-
bros com apenas uma sugestão de uma onda para as brilhantes me-
chas Ele mantinha afastado dó rosto em um rabo de cavalo, mas ela
ansiava vê-lo com ele solto.
Depois estava seu rosto. Ela suspirou. E que rosto. Mandíbula es-
culpida com apenas uma pequena sombra de barba, queixo quadrado,
nariz forte e testa alta com sobrancelhas pretas cortadas sobre os
olhos. Seus lábios eram cheios e largos, e tinha cílios tão grossos, tão
pretos, que qualquer mulher ficaria invejosa. Seus olhos cinzentos de
aço mantinham um riso neles, como se soubesse muito mais do que
qualquer pessoa ao seu redor, e ele não iria compartilhar.
― Bom dia, ― disse Ramsey em sua profunda voz de barítono.

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Um arrepio percorria a pele de Tara toda vez que ele falava, como
se seu corpo estivesse em sintonia com sua voz rouca. ― Bom dia,
Ramsey.
― O que você está ouvindo? ― Ele perguntou. Ele encostou na
parede e se inclinou para abrir a caixa de ferramentas e puxou um par
de ferramentas.
Tara piscou. ― Hã?
Ramsey olhou para ela e sorriu. ― Sua música, garota. O que
você está ouvindo?
― Ah... Rihanna, ― ela respondeu, ainda desconcertada por ele
saber que ela tinha o iPod ligado. Ela tinha baixado o suficiente para
que ninguém ouvisse, e as cordas dos seus fones ocultas por seus ca-
belos.
O coração de Tara começou a bater enquanto sua mente corria.
Os Guerreiros a encontraram de novo? Ela puxou a cadeira de rodas
para trás, preparada para pegar a bolsa e as chaves e correr.
Até que ela viu o cordão branco contra seu suéter preto.
Ela olhou para Ramsey para encontrá-lo olhando para ela. Depois
de um momento, ele deu de ombros e virou as costas para ela.
Tara soltou um longo suspiro e colocou o cotovelo sobre a mesa
antes de deixar cair a cabeça em sua mão. Ela era tão paranoica. Ela
odiava viver sua vida dessa maneira, mas para ela, não havia outra ma-
neira.
Porque ela era uma druidesa. E não qualquer Druidesa.
Ela era uma perigosa.
Tara apertou os olhos e pensou nos últimos dez anos de sua vida.
Não era que tivesse tido uma infância boa ou má. Tinha sido média,
assim como suas notas na escola.
Inferno, ela tinha sido média. Altura média, aparência média, rou-
pas médias, tudo médio.

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Ela sabia desde criança que tinha magia. Isso era forte em sua fa-
mília, e nunca a preocupou. Ou seja, até o dia de seu décimo oitavo
aniversário e ela aprendeu muito mais sobre os Druidas do que ela
nunca tinha aprendido antes.
Sua família havia mentido para ela Todos aqueles anos, dizendo a
ela que todos os Druidas eram iguais. Não só havia dois tipos diferen-
tes de Druidas, mie, os bons Druidas, e droughs, os que viviam de ma-
gia negra e deram suas almas ao Diabo, sua família estava toda de
droughs.
Não era isso que a incomodasse. O que a tinha feito fugir de sua
família era a insistência deles que ela se tornasse também. Eles exigi-
ram que ela entregasse sua alma a Satanás, o que a teria condenado
ao inferno quando ela morresse.
Por alguma estranha razão, inexplicável, isso não incomodava nin-
guém em sua família. Apenas ela. E eles não a entendiam. Não que
eles já a tivessem entendido antes.
Tara não queria nada de extraordinário na vida. Só queria uma
vida simples. Um marido que a amasse, as crianças que a cercassem e
uma casa cheia de risadas.
Em vez disso, ela agora não poderia ficar muito tempo em um lu-
gar antes que tivesse que sair novamente. Já passara dez anos na Es-
cócia, o que provavelmente parecia dez longos anos. Ela deveria ter ido
embora e ter ido para outro lugar quando fugiu da família, mas ela
amava a Escócia demais para sair.
No entanto, ela sabia que esta era sua última parada em sua terra
amada. Ela teria que ir embora. E isso a entristecia.
Faltavam apenas cinco dias para o seu aniversário. Ela sempre
pensou que, quando chegasse aos 28 anos, teria pelo menos dois fi-
lhos.
Em vez disso, estava sozinha.
Ela nem se permitia fazer amigos, porque os amigos faziam per-
guntas e ficavam curiosos sobre seu passado. E ela odiava mentir. En-
tão, ela fechava-se em si.

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Houve uma vez que ela cometeu o erro de pensar que alguém era
um amigo. Mas Declan Wallace tinha sido qualquer coisa, menos ami-
go.
Até hoje ela não sabia como ele a encontrara naquele pub em
Aberdeen, mas sua boa aparência, charme e linguagem inteligente ti-
nham sido a armadilha perfeita para uma assustada e confusa garota
de dezoito anos que fugira de casa.
Tara deveria ter sabido que tipo de homem ele era, mas ela culpa-
va seu estado emocional por ter esquecido. Ela tinha ficado em sua
mansão por um mês antes de saber que ele era um Druida.
Quando ele não a forçou para passar pela cerimônia para se tor-
nar uma drough, ela trabalhou com ele no fortalecimento de sua magia
por vários meses. Tara tinha tido cuidado com o quanto ela usava sua
magia. Ninguém, muito menos ela, compreendia por que sua magia es-
tava tão fora de controle.
Mas Declan a pressionara a usar mais dela, a aprender a controlá-
la. Ele não tinha entendido sua relutância, e ela não tinha dito a ele.
Nada tinha funcionado, mas ele não ficou chateado. Ele parecia gostar
do fato de que a magia dela estava em todo lugar. Se suas emoções fi-
cassem extremas, ela poderia explodir uma lâmpada sem sequer ten-
tar.
Então, uma noite, ela não tinha sido capaz de dormir e se aventu-
rou no andar de baixo para conseguir algo para comer quando ela ou-
viu os planos de Declan para ela.
Mais uma vez Tara estava fugindo.
Sabia que eventualmente seria apanhada. Seria por sua família?
Os Guerreiros que a caçavam? Ou Declan? Quem entre eles terminaria
com sua vida? Eles viriam no meio da noite, ou à luz do dia? Será que
isso importava mais?
― Tara?
Ela estremeceu ao sentir a mão de Ramsey em seu braço. ― Sim?
― Ela perguntou enquanto puxava o fone de ouvido para fora da ore-
lha.

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― Você está bem? ― Sua sobrancelha estava franzida, seus olhos
cinzentos cheios de preocupação.
― Sim. ― Ela mentiu.
Ele ergueu uma grossa sobrancelha negra e aplainou seus lábios.
― Eu não acredito que você esteja me dizendo a verdade, mas não vou
pressionar você.
O calor de seu corpo chamuscou sua pele através do suéter onde
sua mão estava, mas não doeu. O que fez foi fazer seu sangue aquecer
e a fez pensar em se aproximar e pressionar seus lábios contra os dele.
Ela limpou a garganta e desviou o olhar de seus olhos hipnóticos.
― Estou bem. Realmente, ― ela disse, e esboçou um sorriso enquanto
olhava para ele.
Ele a soltou e deu um passo atrás. Instantaneamente, ela sentia
falta de sua proximidade, seu toque e seu calor. Como ele poderia an-
dar por ai com uma camiseta de manga curta neste clima frio de janei-
ro, com a neve lá fora quase 1 m de espessura, ela não sabia. Mas de-
sejaria poder fazer o mesmo.
― Há quanto tempo você está em Dunnoth Tower? ― ele pergun-
tou, de novo ajoelhado diante da tomada na parede oposta.
Ela odiava quando as pessoas faziam perguntas, mas por alguma
razão ela queria responder a Ramsey. O que não era um bom sinal para
ela. ― Algumas semanas.
Ele puxou a tomada da parede e inspecionou-a antes de torcer al-
guns fios. ― Humm, ― ele respondeu.
― O que trouxe você aqui? ― Ela lambeu os lábios, recusando-se
a se perguntar o que a fez fazer sua própria pergunta. Ela nunca fez
isso. Fazer isso parecia que ela estava interessada nele quando precisa-
va manter distância.
Mas havia algo tão sedutor, tão fascinante em Ramsey que ela não
podia se ajudar.
― Sorte, talvez. ― Ele deu de ombros e apertou um fio. ― Quem
sabe? E quanto a você?

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― Eu estava dirigindo e a estrada me trouxe aqui.
Ele olhou para cima e encontrou seu olhar. ― Definitivamente sor-
te de sua parte.
Ela sorriu enquanto apoiava os antebraços em sua escrivaninha.
Ela não tinha ideia do que tinha acontecido com ela, perguntando e
respondendo a perguntas. E ela deixou sua resposta aberta para que
Ramsey pudesse perguntar algo mais.
Mas ele não o fez.
Porque ele não lhe deu o insano desejo de perguntar sobre algu-
ma outra coisa. Felizmente, o telefone tocou, salvando-a de se fazer
uma tola absoluta.
Tara continuou olhando para Ramsey enquanto olhava para a
agenda para marcar uma conferência de empresa. Ela ficou agitada
com a mulher do outro lado da linha porque Ramsey estava terminan-
do com a tomada e ela ainda estava no telefone.
E então Ramsey fechou a caixa de ferramentas e se levantou. Ele
sorriu e se afastou.
Tara suspirou. ― Desculpe, senhora. Eu não ouvi esse último tre-
cho. Poderia repetir?
Enquanto marcava as datas na agenda e calculava o depósito,
Tara disse a si mesma que agora não era o momento de encontrar um
homem no qual ela estivesse interessada.
O problema era que nunca houve um bom momento para ela se
envolver com ninguém.

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CAPÍTULO DOIS

Ramsey encostou-se à parede e deixou cair a cabeça para trás.


Tocar Tara tinha sido um erro. Um erro drástico.
Ele olhou para os dedos da mão que a tinha segurado. Linhas
brancas de magia flutuavam ao longo de sua pele como névoa. Isso fa-
zia sua pele formigar e sua própria magia queimar para ser liberada.
Ramsey fechou a mão e apertou a mandíbula. Em todos os seus
anos imortais, nunca havia encontrado um Druida que tivesse afetado
sua magia do mesmo modo que Tara.
Ele inclinou ligeiramente a cabeça e escutou sua doce voz enquan-
to falava ao telefone. Ela riu, o som disparando direto para suas bolas,
fazendo-as apertar. Desejo, grosso e forte e inflexível, correu através
dele.
Se soubesse que estar perto de Tara o afetaria, Ramsey poderia
ter trazido outro Guerreiro com ele. Mas veio sozinho. Era um em-
preendimento arriscado, mas sabia que tinha de realiza-lo sozinho.
Afinal de contas, ele era um Guerreiro, um Highlander com um
deus primordial preso dentro dele que dava a Ramsey a imortalidade e
uma série de sentidos melhorados, bem como um poder incrível. Esses
mesmos deuses foram os libertados pelos droughs de sua prisão no In-
ferno para ajudar a combater os romanos que haviam invadido a Grã-
Bretanha tantos séculos antes.
Ele não era apenas um Guerreiro. Ele também era um Druida. Um
fato que manteve oculto de seus irmãos até alguns dias atrás. Ele não
sabia como reagiriam à notícia, mas essa não era a única razão pela
qual ele não contara. Era um segredo que tinha guardado de todos
desde o dia em que Deirdre o tomou e desatou seu deus.
Um sorriso puxou os lábios de Ramsey enquanto pensava em
Deirdre. Finalmente, depois de séculos lutando contra ela, eles conse-
guiram despertar sua gêmea de um sono mágico. Tinha sido perigoso

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encontrar e despertar Laria, mas no final, ela era a única que poderia
matar Deirdre.
Nenhum deles tinha esperado que fosse reivindicada a vida de La-
ria também.
A morte de Deirdre deveria ter acabado com todo o sofrimento
deles. Deveria ter, mas não acabou. Porque havia outro homem com
fome de poder, um homem que usara sua magia para puxar Deirdre
para frente quatrocentos anos no tempo.
Declan Wallace.
Ele era a razão pela qual Ramsey tinha rastreado Tara. Declan era
uma ameaça que precisava ser morta, mas tinha uma sorte diabólica.
Muito sortudo, na verdade.
Ramsey se inclinou em volta da passagem e olhou para Tara. Ela
tinha seus fones de ouvido de volta e estava batendo seu pé esquerdo
lentamente para a batida do que estava ouvindo.
Ela parecia inconsciente dos verdadeiros motivos dele para vir à
Torre de Dunnoth, e isso funcionou perfeitamente para Ramsey. Ele fa-
ria tudo o que pudesse para impedir que a visão de Saffron se tornasse
realidade.
Seu telefone celular vibrou em seu bolso de repente. Ramsey cor-
reu para longe de Tara e pegou o aparelho. Ele ainda estava se acostu-
mando com a tecnologia da época, mas ele estava pegando rápido.
Ramsey respondeu ao iPhone com um sussurro: ― Sim.
Houve um suspiro, e então a voz de Saffron disse: ― Você deveria
dizer 'Olá’.
― Ah. Bem, então, olá.
A vidente riu. ― Você já viu o Declan?
Ramsey olhou ao redor dele enquanto fazia seu caminho através
de uma porta que conduzia para a casa que lhe foi dada como o faz-
tudo de toda a torre. ― Ainda não. Como estão as coisas no Castelo
MacLeod?

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Ele sentia falta de estar no castelo. Era a único lar que ele tinha
tido em séculos, e agora que a maioria dos Guerreiros tinha encontrado
suas companheiras nas Druidesas, o castelo era mais um lar do que
nunca.
― Todo mundo está ansioso para saber de você. Hã... Na verda-
de, eu estava ligando para avisar que você vai ter uma visita.
― Uma visita? ― ele repetiu enquanto chegava a seu chalé e
abaixava a caixa de ferramentas para abrir a porta. Assim que entrou,
encontrou o líder dos Guerreiros, Fallon MacLeod, sentado na poltrona
estofada. ― Fallon.
― Sim, ― Saffron disse em seu sotaque americano. ― Ele já está
aí, não é?
Ramsey assentiu, depois disse: ― Sim.
― Minha deixa para desligar.
Ramsey devolveu o celular ao bolso quando Fallon se levantou.
Eles apertaram antebraços e cumprimentaram com a cabeça.
― É bom ver você, ― disse Ramsey. ― Algo está errado?
Fallon sacudiu a cabeça. ― Não. Eu só queria ver como as coisas
estavam indo.
― Aconteceu nada, só dois dias. ― Ramsey olhou para o primo-
gênito MacLeod e nomeado líder dos Guerreiros. ― O que realmente
traz você?
Fallon passou a mão pelo rosto. ― Eu nunca gostei da ideia de
você estar aqui sozinho, não com Declan vindo para Tara.
― Eu posso lidar com ele.
― Não estou dizendo que você não pode. Tudo o que estou dizen-
do é que não vou perder outro amigo. Faz quatro séculos, mas sinto a
perda de Duncan até hoje.
Ramsey esfregou a nuca e assentiu. ― Eu também. Quem você
quer enviar para cá?
Fallon sorriu.

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Ramsey revirou os olhos quando a compreensão se aproximou. ―
Quem está aqui?
― Arran e Charon.
Ele se encolheu. ― Não são os dois que eu tive que separar de-
pois do tempo deles juntos na montanha de Deirdre?
― Arran diz que já resolveu isso. Acho que ajudou-o saber agora,
que Deirdre estava forçando Charon a espionar para ela.
― Onde eles estão?
― Por aí. Você não vai vê-los a menos que haja problemas. Eu
ainda acho que você está tomando um enorme risco de fazer isso,
Ramsey. Declan poderia te reconhecer.
Ramsey sacudiu a cabeça. ― Ele estava muito preocupado com
Saffron e Camdyn, além de ver Malcolm virar-se contra Deirdre para ter
me notado durante a batalha no Anel de Brodgar.
― Se houver algum problema, pegue Tara a força, se necessário,
e volte para o Castelo MacLeod.
Ramsey fez um breve aceno de assentimento. Nenhum deles sa-
bia o quão poderoso ele era, e por enquanto, era exatamente como
Ramsey queria. Não haveria fuga para ele. Ele tinha a intenção de ma-
tar Declan antes que o drough tivesse a chance de chegar a Tara.
Ramsey era descendente de uma linha de Druidas masculinos da
floresta de Torrachilty que eram lendários por sua poderosa mágica.
Eles tinham sido os Guerreiros do mundo Druida, aqueles que tinham
impedido que droughs e mies se massacrassem, uns aos outros. Adicio-
ne o poder do deus de Ramsey e ele era uma força a ser considerada.
Em apenas uma ocasião ele havia demonstrado algo desse poder,
e essa foi a primeira vez que mataram Deirdre. Com todos os Guerrei-
ros lutando contra ela imediatamente, ninguém percebeu o que Ram-
sey tinha feito. Mas, apesar de todo seu poder, Deirdre não ficara mor-
ta. Desta vez, no entanto, foi diferente. Ela estava bem e verdadeira-
mente morta.

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Isso aliviou Ramsey por um dia inteiro antes da visão de Saffron.
Como vidente, Saffron nem sempre via tudo em suas visões. O que ela
tinha visto foi Tara. Saffron tinha mostrado que a vida de Tara estava
em perigo, e que Ramsey seria o único a salvá-la.
Não demorou muito para juntaremos pedaços das visões anterio-
res de Saffron de que Declan era a pessoa atrás de Tara. E depois que
Ramsey fez uma pequena visita para mãe bêbada de Tara, foi confir-
mado que Declan a tinha ligado para ela à procura de Tara.
Ramsey observou enquanto Fallon caminhava até a janela e olha-
va para o castelo pelos terrenos cobertos de neve. ― Você falou com
Tara? ― Fallon perguntou.
― Sim. Ela está cautelosa, como eu esperava. Pela descrição da
Druidesa que fugiu de você em Edimburgo, é a mesma pessoa.
Fallon cruzou os braços sobre o peito. ― Você parece diferente,
velho amigo.
Ramsey nunca tinha sido muito falador. Ele gostava de formular
suas respostas e pensar em todos os possíveis resultados ou decisões
antes de expressar qualquer coisa. Mas havia momentos, como agora,
quando não tinha essa opção.
Fallon era um homem nobre, um líder natural e um bom amigo.
Ele não queria mentir para Fallon.
― A magia de Tara é...
― Diferente? ― Fallon sugeriu enquanto virava a cabeça para
olhar para ele.
Ramsey assentiu com a cabeça. Ele ergueu a mão onde os liga-
mentos mágicos poderiam ainda serem vistos.
― Inferno! ― Fallon murmurou quando deixou cair os braços para
os lados e olhou para a mão de Ramsey.
― Eu toquei em seu braço brevemente. Através do suéter. Sua
magia é inexplicável. Eu nunca senti algo parecido. É forte, mas não
tão forte como Isla ou Reaghan. No entanto, em alguns aspectos é
mais forte do que todas as Druidesas do castelo MacLeod juntas.

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― Ela é drough?
Ramsey tinha procurado no pescoço de Tara pelo Beijo do Demô-
nio, um pequeno frasco de prata que continha as primeiras gotas de
sangue drough após a cerimônia em que eles davam sua alma ao dia-
bo. ― Não vi provas disso. E com as blusas que ela veste, eu não tive a
chance de olhar para os pulsos para ver as marcas de corte.
― Sua magia dói?
― Não. ― Tudo menos isso. Sua magia foi a coisa mais maravilho-
sa que Ramsey já sentira. Ele queria continuar a tocá-la, para manter
esse sentimento perto dele. Era como uma droga, e depois de apenas
um toque, ele ficou viciado.
Os olhos verdes de Fallon se estreitaram como se soubesse exata-
mente o que Ramsey estava pensando.
― Volte para a sua esposa ― disse Ramsey. ― Eu não quero Lare-
na irritada comigo porque você ficou longe por muito tempo.
A menção da esposa de Fallon e da única Guerreira feminina sem-
pre fazia Fallon sorrir. ― Sim. Ela e Isla querem ir ao Castelo de Edim-
burgo para ver se conseguem encontrar o feitiço escondido que pren-
deriam nossos deuses de que Laria falou. Eu sei que é muito longe de
Edimburgo, mas as garotas dizem que precisam começar em algum lu-
gar.
― Eu quero saber o progresso disso, então me mantenha informa-
do.
― Manterei. E não faça nada estúpido, Ramsey. Precisamos de
você no castelo.
Ramsey sorriu. ― Fallon, eu não sou o imprudente.
― É verdade, mas eu queria reforçar o aviso só para garantir. Eu
vi o que minhas cunhadas fizeram com meus irmãos e os outros Guer-
reiros. Parece que Druidesas ficam bem emparelhados com nós Guer-
reiros.
― Você não tem nada com que se preocupar comigo. Não quero
encontrar uma mulher.

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Fallon bateu no ombro dele. ― Boa sorte com isso. Até depois.
E então Fallon se teletransportou de volta para o Castelo MacLeod.
Cada Guerreiro tinha um poder especial, e Fallon saltava de um lu-
gar ao outro num piscar de olhos, mas ele tinha que ter visitado o lu-
gar antes. Ele não podia se teletransportar para algum lugar que nunca
esteve. E era por isso que ele dirigira com Ramsey até Dunnoth.
Mas isso fez a viagem fácil com Fallon por perto.
Ramsey balançou a cabeça enquanto caminhava até a geladeira e
pegava uma Coca-Cola. Ele tirou a tampa e virou-a nos lábios para um
longo gole.
Havia uma enorme lista de coisas para ele fazer em torno do cas-
telo, e com as nuvens pesadas acima, havia pouca dúvida que mais
neve estava a caminho. Ramsey devolveu a garrafa de Coca-Cola na
geladeira e decidiu fazer as tarefas externas antes de começar a nevar.
Se ele esperasse, eles começariam a perguntar por que ele não
estava usando um casaco. Ele não poderia dizer exatamente que não
sentia frio ou calor como os mortais, ou que preferia a sensação do frio
contra sua pele.
Era melhor não tomar quaisquer riscos desnecessários a menos
que fosse absolutamente essencial. Ele bufou. Ele tinha ouvido isso
tantas vezes de seu pai e tio que ele tinha arraigado. Tinha sido algo
que Ramsey tinha vivido, e raramente ele assumia tal risco.
Ele consultou a lista que os proprietários lhe deram naquela ma-
nhã ao amanhecer e procurou pelas coisas que precisavam ser feitas lá
fora. Depois de tomar nota dos dois primeiros, dobrou o papel e en-
fiou-o no bolso traseiro antes de sair pela porta.
A torre de Dunnoth localizava-se na praia, perto da Baía de Sin-
clair no Mar do Norte. A água era mais escura e mais revolto do que o
mar no Castelo MacLeod, mas não menos bonito.
O sal pendia no ar, e a brisa veloz que sai da água só aumentava
a beleza estoica do castelo. Não tinha suportado tanto como o Castelo
MacLeod, mas tampouco teve sua terrível história.

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Ramsey inalou profundamente enquanto terminava de fixar a fe-
chadura do portão que conduzia ao privado caminho de carros dos pro-
prietários. Ele caminhou em direção ao galpão para pegar a pá de neve
e remover a neve do caminho que levava até a praia. Havia apenas
dois hóspedes no castelo agora, mas tudo necessário era feito para a
estadia impecável em todos os momentos.
Ramsey tinha limpado metade do caminho quando sentiu alguém
observando-o. Ele parou e se apoiou contra a pá enquanto seu olhar
percorria a área.
E veio descansar em Tara, a três metros dele, segurando uma xí-
cara fumegante de café.
Sua magia inundou-o enquanto ele bebia em sua beleza. Ela tinha
uma aparência natural que ele gostava demais. Ela usava maquiagem,
mas muito pouco, e o que usava só acentuava seus grandes olhos em
forma de amêndoa e lábios cheios.
Sua pele era a cor do café que complementava seu longo e ondu-
lado cabelo castanho suave e luzes douradas com perfeição. E seus
olhos azul-esverdeados eram uma sombra que nenhuma paleta de co-
res poderia capturar.
Seu rosto oval tinha maçãs do rosto altas, um nariz pequeno e so-
brancelhas suavemente arqueadas. Ela era de altura média, não che-
gando bem ao ombro de Ramsey, mas ela era toda mulher.
Com seu sorriso contagioso que combinava sedução e malícia,
olhos tentadores que chamavam e uma voz que fazia seu sangue es-
quentar, Ramsey a desejava.
Desesperadamente.
Mas ele não estava lá para cortejar uma mulher, não importa quão
fina dama ela era. Ele estava lá para protegê-la, e encontrar Declan
para que pudesse matá-lo.
Todo o resto teria de esperar.
Ela sorriu e lambeu os lábios enquanto caminhava em direção a
ele. Ramsey podia ver que ela estava nervosa. O fato de que ela estava
vindo até ele era inesperado. Pelo que tinha visto dela, e ouvido dos

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proprietários e dos poucos outros empregados, Tara gostava de fechar-
se em si mesma e raramente, alguma vez, respondeu a qualquer per-
gunta sobre si mesma.
― Eu pensei que você poderia precisar disso, ― ela disse enquan-
to lhe entregava a grande caneca. ― Embora talvez eu esteja errado.
Eu não conheço ninguém que pudesse ficar aqui por mais alguns mo-
mentos sem algum tipo de casaco, pelo menos.
Ramsey encolheu os ombros enquanto tomava um gole do líquido
quente. ― Gosto do frio.
― Eu posso ver isso, ― ela respondeu com uma risada.
Seu cachecol escuro e multicolorido estava envolto firmemente em
volta de sua garganta, e seu casaco preto disfarçava o corpo bem feito
que ele vira quando ela usava apenas jeans e um suéter.
Ramsey percebeu o modo como ela tentava não olhar para ele por
muito tempo, e como seus dedos enluvados continuavam mexendo
com seu lenço ou cabelo.
― Não queria incomodá-lo ― disse ela.
De repente, ele percebeu que deixaria o silêncio entre eles durar
muito tempo. ― Você não incomodou. Eu sinto muito. Não sou muito
falante.
Ela deu de ombros e sorriu timidamente. ― Nem eu. Normalmen-
te. Eu não sei o que há de errado comigo.
― Às vezes, uma pessoa precisa conversar. Mesmo que seja sobre
nada.
Tara assentiu. ― Deve ser isso. Eu...
― Não pare por minha causa. Só porque eu não gosto de falar
não quer dizer que eu não estou curioso sobre você.
Ela puxou uma mecha de cabelo castanho claro atrás da orelha. ―
Eu geralmente gosto de me resguardar.
― Geralmente?

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― Sempre, ― ela disse com um pequeno levantamento dos om-
bros, seus olhos olhando para baixo em seus pés. ― Mas eu vi você
aqui fora e... ― Ela parou, desta vez dobrando as mãos juntas na fren-
te dela.
― O café era exatamente o que eu precisava. Eu que agradeço.
Seus lábios se separaram para começar a falar, mas então o tele-
fone tocou.
Tara deu a Ramsey mais um olhar antes de correr para o castelo.
― Droga, ― Ramsey disse enquanto levantava o copo para os lá-
bios, seus olhos seguindo Tara. ― Estou em apuros.

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CAPÍTULO TRÊS

Tara colocou o telefone no berço e passou os olhos no número de


cartão de crédito que ela tinha acabado de obter para o hóspede que
estava chegando mais tarde naquela noite.
Ela sorriu enquanto olhava para a lista de pedidos que haviam
sido solicitados, pois a máquina de cartões de crédito verificava todas
as informações. Assim que o cartão foi aprovado Tara fez uma anota-
ção em sua agenda.
Com as instruções na mão, ela se levantou de sua cadeira, mas
seu olhar foi rapidamente arrebatado por Ramsey mais uma vez. Não
conseguia afastar os olhos dele.
A forma como seus músculos se moviam sob a camiseta justa dei-
xava suas mãos coçando para tocar sua pele bronzeada. Os músculos
de Ramsey não eram enormes como os de um fisiculturista, mas eram
visíveis e muito, muito agradáveis de se olhar.
― Malhado, ― ela murmurou.
Cada músculo, mesmo em seus braços, era tonificado e definido
de modo que não havia um grama de gordura em qualquer lugar em
seu corpo. Ele virou as costas para as janelas e inclinou-se, dando Tara
uma visão perfeita de sua bunda.
― Que bunda! ― disse uma voz atrás de Tara.
Ela se sacudiu e se virou para encontrar uma das donas, Liz
Maxwell. Liz cortou seus olhos castanhos para Tara e sorriu.
― Não há mal em olhar ― disse Liz. ― Certamente já olhei o sufi-
ciente desde que Ramsey chegou.
Tara olhou de relance para Ramsey para descobrir que ele encara-
va o castelo mais uma vez enquanto ele continuou tirar a neve espes-
sa. Ela arrastou os olhos para longe dele e olhou para a dona. Liz tinha
quarenta e poucos anos, mas não parecia. Ela fazia exercícios e comia

20
saudavelmente, e ter um monte de dinheiro ajudava a mantê-la em
roupas de grife e seu cabelo loiro impecável.
Tara sorriu. ― Ele é bem bonito.
― Oh, por favor. Ele não é bonito, Tara. Ele é maravilhoso. Um ar-
raso mesmo. Eu não posso acreditar que ele não está na televisão ou
nos filmes. Homens como ele não são fáceis de encontrar. Eu o arreba-
taria se eu fosse você.
Tara deu de ombros, sem saber o que dizer. Ela queria passar as
mãos sobre Ramsey e beijá-lo até que ela esquecesse quem era? Defi-
nitivamente.
Ela queria um relacionamento com ele onde ele saberia tudo so-
bre seu passado e sua família? Isso seria um enorme não.
Havia muitas coisas em seu passado que ela não podia escapar, e
ela não queria que mais ninguém se machucasse quando essas coisas
a alcançassem.
― O que tem na mão? ― Liz perguntou.
― Ah, instruções, ― Tara disse, relutantemente rasgando seus
pensamentos longe de Ramsey. ― Temos um convidado de destaque
vindo esta noite para ficar no fim de semana. Ele está fazendo uma
surpresa para sua namorada, então ele tem alguns pedidos que gosta-
ria que nós providenciássemos.
― E quem é esse convidado de destaque? ― Liz perguntou, um
grande sorriso em seus lábios.
― O nome foi omitido. Foi-me dito que era para se certificar de
que a mídia não descobrisse onde ele estava.
― Bem, não é a realeza britânica. Eles têm castelos próprios na
Escócia. Liz bateu com o dedo no queixo dela. ― Eu não posso esperar
para descobrir quem é. Vamos começar a ter tudo em ordem. Só temos
algumas horas. Qual quarto que eles reservaram?
― Ficarão no quarto andar.
― Oh, os quartos do Duque, ― Liz disse com um assentimento
satisfeito.

21
Tara olhou para a lista. ― Ele quer champanhe, pelo menos qua-
tro dúzias de rosas...
― De que cor? ― Liz interrompeu.
― Ele não disse.
― Hmm. Estou pensando em uma mistura de vermelho, rosa e
branco. Continue.
― Morangos cobertos de chocolate, pétalas de rosa polvilhadas
sobre a cama, e muitas velas em todo o quarto. Ele também solicitou a
melhor refeição que nosso chef possa preparar para que eles possam
jantar no quarto hoje à noite. A coisa toda deve ser uma surpresa.
Liz esfregou as mãos. ― Eu vou falar com Stefan agora e também
entrar em contato com o florista sobre as rosas.
Tara fez anotações por esses itens e enfiou o lápis atrás da orelha.
― Vou pegar o resto.
Liz afastou-se apressada enquanto Tara tirava o cachecol e o casa-
co. Antes de pendurá-los nos ganchos perto da porta, ela agarrou suas
luvas que estavam em cima da escrivaninha e enfiou-as no bolso de
seu casaco.
Incapaz de resistir, Tara olhou novamente para Ramsey. Mas para
seu desapontamento, ele se fora, o caminho bem e verdadeiramente
limpo para quem queria se aventurar na praia.
Ela suspirou e correu para encontrar a governanta.
***
Ramsey guardou a pá no galpão antes de voltar para sua pequena
casa de um quarto e ligou para Arran.
― Acho que Fallon te contou ― disse Arran como um alô.
Ramsey riu entre dentes. ― Sim, ele falou. Há pouca vegetação
ou edifícios para esconder você ou Charon em torno do castelo. Vocês
dois devem vir para o chalé e ficar.
― E então como poderíamos dar uma olhada pelo lugar?

22
― À noite, obviamente. Quanto mais perto você estiver, mais rápi-
do poderá me ajudar se eu precisar.
Arran ficou quieto por tanto tempo que Ramsey estava começan-
do a se perguntar se o Guerreiro percebeu que ele planejava enfrentar
Declan.
― Charon não gosta da ideia ― disse finalmente Arran.
― Eu não gosto do fato de que qualquer um de vocês estejam
aqui, mas não há nada que eu possa fazer sobre isso. Fallon queria os
dois no caso de algo acontecer. Não é uma questão de se Declan virá,
é questão de quando. Vocês têm que estar a alguma distância do cas-
telo, a fim de encontrar cobertura. Se vocês estiverem aqui, eu não te-
rei que esperar por vocês chegarem.
― Não tente nos manipular, ― a voz do além de Charon disse por
telefone.
Ramsey sorriu. ― Tudo certo. Eu não confio em Declan. Não con-
sigo assistir Tara e os dois.
― Nós somos Guerreiros, Ramsey. Imortais. Com poderes ― disse
Arran, com a voz cheia de irritação.
― Sim. E no caso de você ter esquecido, Declan tem as balas X90
cheias de sangue drough. Uma gota. Isso é tudo o que é preciso para
nos matar.
Arran suspirou alto. ― Estaremos ai em breve.
― Vou deixar a janela de trás destrancada.
Ramsey terminou a ligação e passou a mão pelo rosto. Se neces-
sário, ele trancaria Charon e Arran em algum lugar para que não pu-
dessem ser prejudicados por Declan.
Na guerra contra Deirdre eles tinham saído com apenas a perda
de Duncan, mas todas demais Druidesas intactas. Ramsey não queria
mais morrer.
Declan não se importava com quem foi pego no meio. Ele iria ma-
tar qualquer um que se interpusesse em seu caminho. Ramsey tinha

23
uma chance contra ele, mas mesmo ele não tinha certeza de quanta
chance teria.
Durante os longos séculos de sua vida, Ramsey tinha tentado in-
vocar sua magia ao liberar seu deus apenas uma vez, e o poder disso o
tinha assustado o suficiente para não tentar de novo. No entanto, ele
sabia que para combater Declan, ele teria que usar toda a sua conside-
rável magia, e o poder de seu deus.
Ramsey se virou e olhou para o castelo através da grande janela
de sua casa. A torre, que tinha cinco andares, erguia-se alta acima do
resto do castelo. A torre fazia parte do edifício original, e as duas adi-
ções, em ambos os lados, foram construídas muitas décadas mais tar-
de.
Contudo, isso fluía bem. A Torre de Dunnoth não era nem de per-
to do tamanho do Castelo de MacLeod, mas como qualquer castelo, ti-
nha sua própria história especial que incluía um dos proprietários ante-
riores fugindo com a irmã de sua esposa e deixando sua esposa para
manter o castelo.
Um som em quarto fez Ramsey olhar sobre o ombro para ver Ar-
ran e Charon entrarem em visão.
Arran sorriu enquanto estendia o braço para que Ramsey apertas-
se. ― Você realmente não pensou que nós deixaríamos isso só para
você, não é?
― Eu esperava. ― Ramsey respondeu com um sorriso de boas-
vindas.
Charon deu um passo à frente quando Arran se afastou e agarrou
o antebraço de Ramsey com força. ― Eu não escapei do Castelo Ma-
cLeod rápido o suficiente, parece.
Ramsey riu e deixou cair o braço para o lado. ― Fallon tem uma
maneira de conseguir o que quer.
Charon empurrou para o lado seu cabelo escuro que batia nos
ombros, e estreitou os olhos para o castelo. ― Tara sabe o que você é?
― Não. E eu não acho que saberá, a menos que eu diga a ela.

24
― Ou até que Declan mostre seu rosto ― acrescentou Arran.
Ramsey enganchou os polegares nos bolsos dianteiros de sua cal-
ça jeans.
― Tara não está aqui há muito tempo, e pelo jeito que ela age, eu
posso apostar que ela tem suas malas arrumadas, prontas para sair de
imediato.
― Ela é uma fugitiva, ― disse Charon. ― Se o que sua mãe disse
é verdade, Tara não se estabeleceu em lugar nenhum, exceto Edimbur-
go.
Arran cruzou os braços sobre o peito. ― E isso não foi bom para
ela.
― Ela pensou que ela estivesse segura lá, ― disse Ramsey. ― É
por isso que ela ficou tanto tempo. Uma cidade enorme para se perder.
Os lábios de Charon se torceram em uma carranca. ― Você nunca
pode escapar do seu passado.
Ramsey olhou para o Guerreiro. Ele sabia como Charon tinha espi-
onado Quinn, Arran, Ian e Duncan enquanto eles estavam presos na
montanha de Deirdre. Mas tinha feito isso porque Deirdre ameaçou
matar sua família. Isso era algo a ser perdoado, mas parecia que havia
muito mais no passado de Charon do que ele tinha dito a qualquer um.
A cabeça de Charon girou e encontrou o olhar de Ramsey. ―
Quantas pessoas estão hospedadas no castelo?
― Agora mesmo só um casal. Por quê?
― Seria mais fácil mover-se com mais pessoas.
Arran esfregou o queixo. ― Eu acho que precisamos dar uma
olhada ao redor esta noite. Dentro e fora.
― Concordo ― disse Charon.
Ramsey levantou uma sobrancelha negra. ― Eu já fiz isso, mas
vocês dois precisam conhecer o layout tão bem quanto eu. O quarto de
Tara está no piso principal, em direção à parte de trás da torre à es-

25
querda. Os proprietários ocupam um conjunto de quartos no quinto an-
dar.
― E os outros funcionários? ― perguntou Arran.
― Também no piso inferior, e até mesmo no porão.
Charon girou sobre o calcanhar e caminhou até a cadeira estofada
afastada da televisão. Ele afundou nela e colocou as mãos atrás da ca-
beça. ― Você falou com Tara?
― Aye.
― Sobre o que?
Ramsey se recostou contra o peitoril da janela, as mãos apoiadas
no parapeito.
― Ela está fechada. Ninguém sabe nada sobre seu passado ou
mesmo muito sobre ela, a não ser que ela teve vários trabalhos nos úl-
timos dez anos.
― Então os proprietários do castelo saberiam mais ― disse Arran.
― Sua história de empregos.
Ramsey encolheu os ombros. ― Aye. A não ser que ela tenha
mentido.
― O que ela provavelmente fez ― disse Charon.
O barulho de sapatos na neve fez Ramsey olhar pela janela para
ver Tara vindo em sua direção. ― Escondam-se. Ela está vindo.
Charon e Arran estavam no quarto fora da visão sem um ruído
bem antes de Tara bater na porta.
Ramsey abriu a porta e convidou-a a entrar antes de fechá-la, e o
frio, atrás dela. ― Algo errado?
― Não, ― ela disse com uma risada suave enquanto afrouxava
seu cachecol. ― Liz queria que eu lhe dissesse que estaremos receben-
do convidados nos quartos do Duque esta noite. A última vez houve
um problema com o chuveiro, então ela queria ver se você poderia ve-
rificar.

26
Alarme atravessou Ramsey. ― Quem é o convidado?
― Tudo o que sei é que é um homem famoso que está vindo para
surpreender sua namorada. Não é romântico?
Ramsey lhe devolveu o sorriso. Mas não podia deixar de suspeitar
que o hóspede não era apenas qualquer um. Era certo ser Declan.
― Quando o convidado chega? ― Perguntou.
― Às seis.
Isso lhe dava várias horas para se preparar. Como não consegui-
am encontrar Declan porque sua magia bloqueava até mesmo Broc de
usar o poder de seu deus para encontrar alguém, em qualquer lugar,
eles tinham que confiar em outros meios.
A mão de Tara descansou em seu braço. ― Você está bem?
Ramsey mentalmente se sacudiu. ― Aye. Apenas pensando em
tudo o que preciso fazer.
― É melhor eu deixar você fazer isso. ― Ela deu-lhe outro sorriso
suave antes de sair.
Arran assobiou longo e devagar enquanto se apoiava na armação
da porta.
― Maldição. É uma mulher bonita.
― Você acha que é Declan chegando esta noite, ― disse Charon
enquanto ele saiu do quarto.
Ramsey assentiu, olhando de Charon para Arran. ― Mas rezo para
que eu esteja errado.

27
CAPÍTULO QUATRO

Declan Wallace não notou o cenário fora de sua janela enquanto


Robbie, seu primo e primeiro no comando, dirigia o A9 através das
Highlands.
Não, tudo o que Declan podia pensar era que finalmente rastreou
Tara. Levara muito mais tempo do que ele teria gostado. Anos de fato.
Ele sabia que a magia de Tara era potente, mas não deveria ter permi-
tido que ela se esquivasse dele por tanto tempo.
Não que Declan não gostasse de uma boa caçada. Tinha sido di-
vertido no início quando ele descobriu que ela fugiu de sua casa. Ele
não partiu imediatamente para pegá-la porque pensou que a encontra-
ria facilmente.
Como ele estava errado.
E a cada ano, cada caça que terminava em fracasso, sua raiva
crescia. Declan tinha advertido Tara que ela era dele. Ela não tinha ou-
vido, não o tinha levado a sério. Na hora que terminasse com ela, ela
saberia exatamente com quem estava lidando.
― Só mais algumas horas, ― Robbie disse enquanto olhava para
Declan através do espelho retrovisor.
Declan não se deu ao trabalho de responder. Ele estava gostando
da ideia de entrar na Torre de Dunnoth e ver o rosto surpreso de Tara.
Ela ainda era tão bonita como tinha sido aos dezoito anos? Ele
sempre achou que seus olhos azul-esverdeados eram incomuns, mas
agradáveis de olhar. Ela não era o que ele chamaria de uma grande be-
leza, mas ela serviria seu propósito.
Especialmente já que Deirdre tinha sido morta, e Saffron tinha
sido mais uma vez levada pelos Guerreiros do Castelo MacLeod.
Mesmo com Saffron e Deirdre fora do quadro, Tara poderia dar-lhe
tudo o que ele queria por causa de sua magia. Tudo o que ele tinha

28
que fazer era convencê-la ou força-la a submeter-se à cerimônia para
tornar-se uma drough.
Declan soltou um longo suspiro. Em questão de horas, Tara seria
sua.
***
Tara terminou de espalhar a última pétala de rosa sobre a cama
com dossel. Se afastou e olhou para seu trabalho com um sorriso.
― Quem quer que seja essa mulher, ela certamente terá uma sur-
presa, ― disse Tara.
Nunca pensou que fosse uma sonhadora. Ela sempre se manteve
firmemente plantada na realidade, mas pela primeira vez em sua vida,
ela não podia deixar de imaginar como seria ser a mulher que entraria
em tal quarto. Saber que o homem com quem ela estava se importava
tanto, e tinha ido tão longe por ela.
Ninguém jamais fizera uma coisa dessas por ela. Não que ela pu-
desse ficar chateada com isso. Ela nunca tinha deixado ninguém perto
o suficiente.
Claro que ela saiu para encontros. Ocasionalmente.
Tara rolou os olhos quando se virou e entrou no banheiro. Ela ti-
nha mais algumas rosas restantes, e ela queria adicionar um toque es-
pecial lá.
Encontros. A última vez que ela tinha ido a um tinha sido há mais
de dois anos. Ele tinha sido legal e muito bonito. Mas ele queria outro
encontro dela. Ele queria um relacionamento, e Tara não podia permitir
isso.
Ela rapidamente terminou isso. E as noites sozinhas na frente da
televisão não tinham sido tão ruins. Ela tinha assistido a quase todos os
filmes conhecidos pelo homem, e passou horas em seu laptop.
Tara balançou a cabeça enquanto pensava em sua vida austera.
Ela sabia que precisava seguir em frente e fazer as malas para sair da
Escócia. Ela deveria fazer isso amanhã.

29
Suas mãos, cheias de rosas, lentamente baixaram para a bancada
do banheiro quando uma imagem de Ramsey saltou em sua mente. Ela
não queria deixar Dunnoth Tower. Ela não queria deixar Ramsey.
Embora ela não pudesse dizer exatamente o porquê.
Tara balançou a cabeça para limpar seus pensamentos. Ela preci-
sava se concentrar em terminar o quarto, e decidir mais tarde naquela
noite o que fazer sobre partir.
Abriu o armário e encontrou o vaso que Liz sempre guardava na
sala para tais ocasiões. Tara levantou-se nas pontas dos dedos dos pés,
mas não conseguiu chegar ao vaso.
Com um suspiro, ela cuidadosamente pousou as rosas e tentou
novamente. Quando isso ainda não funcionou, ela encontrou o peque-
no banquinho e subiu nele.
Ela se esticou, seus dedos apenas roçando o vaso de cristal. ―
Oh, vamos lá, ― murmurou com frustração.
Tara lambeu os lábios e se moveu um pouco mais para a esquerda
do banquinho. Ela sabia que estava perto da borda, mas ela só precisa-
va chegar um pouco mais longe.
Seus dedos seguraram o vaso no mesmo instante em que sentiu a
inclinação do banquinho. Instintivamente, Tara soltou o vaso enquanto
se sentiu caindo de lado.
Seus braços se movimentaram violentamente para tentar agarrar-
se em algo para que não caísse, mas não havia nada.
E então braços como faixas de aço envolveram em torno dela.
Suas mãos agarraram braços musculosos. Por um momento, tudo o
que Tara pôde fazer foi absorver a sensação do calor e da força sob
suas palmas.
Ela soube sem olhar para cima que era Ramsey. Tara manteve os
olhos fixados no meio de seu peito e sua camiseta. Seu coração batia
rapidamente no peito e não tinha nada a ver com a queda e tudo a ver
com o homem segurando-a.

30
Não gostava de agir como uma estúpida colegial, mas em torno
de Ramsey, ela dificilmente conseguia formar um pensamento coeren-
te, muito menos agir racionalmente.
Lentamente, Tara ergueu o rosto para encontra-lo olhando-a, seus
olhos incríveis olhos cinzas cravados nela. Ele não disse uma palavra
enquanto gradualmente a deslocava para que ficasse em pé. No entan-
to, ele não a soltou.
Tara se deleitou com a sensação de seu calor, o mesmo calor que
a tinha arrebatado quando ele a tocara antes. Parecia incrível, quase
como se estivesse diretamente em seu peito e se espalhando para fora.
Fazia mais do que aquecê-la, no entanto. Isso fazia seu corpo for-
migar, como se toda terminação nervosa fosse estimulada e esperando
por mais.
Os dedos dele apertaram por um segundo, como se ele também
sentisse a corrente entre eles. Tara não sabia o que fazer com isso.
Ninguém a tinha afetado tão fortemente.
― Obrigada, ― ela finalmente conseguiu dizer.
― Estou feliz por estar aqui, ― Ele disse e a soltou. ― Poderia ter
sido uma queda desagradável.
Tara levantou a mão para a têmpora e a pequena cicatriz escondi-
da pelos cabelos. Uma memória esquecida de sua mãe empurrando-a
nas escadas numa tentativa de fazer Tara usar sua magia para prote-
ger-se encheu sua mente. Ela apertou seus olhos fechados quando um
estremecimento passou por ela.
― Tara?
Como ela amava o som de seu nome nos lábios de Ramsey. Ela
respirou fundo e abriu os olhos. ― Apenas uma má memória.
― Uma lembrança recente?
― Não. Uma de muito, muito tempo.
Ramsey deu um pequeno aceno de cabeça antes de dar um passo
em torno dela e pegar o vaso. Ele o colocou no balcão com um leve
sorriso.

31
Tara começou a arranjar as rosas enquanto Ramsey trabalhava no
chuveiro. Não havia nada para preencher o silêncio companheiro, mas,
novamente, não havia necessidade.
Ela secretamente observou o trabalho de Ramsey pelo espelho. E
muito tempo depois que ela terminara com as rosas, ela encontrou ra-
zões para permanecer no banheiro para que pudesse estar perto dele.
Seu corpo ainda formigava de seu toque, e ela odiou como queria
mais disso. Tara nunca fora uma daquelas garotas que se atiravam aos
homens, mas certamente estava pensando em fazer exatamente isso
com Ramsey.
Era ridículo, mas seu corpo desejava seu toque como se seus
pulmões desejassem oxigênio.
Tara reorganizou as rosas pela terceira vez. Ela deslocou uma das
flores e olhou no espelho para encontrar o olhar de Ramsey.
― Por que você está aqui? ― Ela perguntou.
Uma sobrancelha negra arqueou. ― Eu já te disse.
― Não. Sério. Olhe para você. Você é esperto e tem boa aparên-
cia. Você é capaz de consertar qualquer coisa. Um homem como você
não deveria estar fazendo um trabalho destinado a alguém que não pu-
desse se formar na escola.
Ramsey apoiou o antebraço no chuveiro. Seu peito se expandiu
quando ele respirou fundo e lentamente soltou o ar. ― Eu poderia te
fazer a mesma pergunta.
― Você poderia, ― Tara baixou os olhos, odiando que quisesse di-
zer-lhe o que a tinha levado a norte da Escócia.
― Mas você não iria me dizer.
― Assim como você não irá me dizer.
Tara pegou o vaso no canto da bancada e se virou para sair. Ela
rapidamente se deteve quando encontrou Ramsey enchendo a entrada.
E bloqueando sua saída.
― Você não precisa ter medo de mim. ― disse ele.

32
Ela ergueu o queixo. ― Eu não tenho medo de você.
― Bom. Por que não me dizer o verdadeiro motivo por que está
aqui?
O muro que ela erguera ao redor dela tremeu quando rachou,
mas ela não deixou que ele se desintegrasse. Se o fizesse, não teria
forças para continuar. Ela engoliu e expressou a mentira que tinha dito
a todos desde que chegou à Torre de Dunnoth. ― Eu estava procuran-
do por algo diferente.
Ramsey olhou para o chão por um momento. Ele não disse nada
enquanto pegava a caixa de ferramentas e saia do quarto.
Tara inclinou a testa contra a parede do banheiro e apertou as
mãos. Era a única demonstração de emoção que ela poderia permitir, a
única evidência de que ela queria muito mais.
Quando se recuperou, Tara saiu do quarto e voltou para o escritó-
rio. Ela estava riscando os itens da lista que seu misterioso convidado
lhe tinha dado quando as primeiras gotas de chuva bateram contra a
janela.
Ela olhou pela janela para o céu cinzento e grossas e pesadas nu-
vens. Antes que percebesse, levantou-se e caminhou até as janelas. A
chuva escorria pelo vidro enquanto riachos de água faziam trilhas pró-
prias antes de desaparecerem da vista.
Os faróis chamaram sua atenção enquanto um carro subia o longo
caminho. Ela deu um passo atrás quando viu o Jaguar preto e todo o
sangue drenou de seu rosto.
Declan sempre preferiu Jaguares. Possuía alguns outros veículos,
mas sempre usava o Jaguar.
Tara calculou quão rapidamente poderia agarrar as malas e sair
sem que Declan a visse quando a porta do carro se abriu. Ela deu mais
dois passos para trás.
Não havia tempo para pegar suas coisas. Ela tinha que sair. Imedi-
atamente.

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Ela correu até sua mesa e agarrou suas chaves enquanto o moto-
rista abria a porta traseira do Jaguar preto e um homem de cabelos
brancos saia do carro.
Tara entrou em colapso com o alívio. Ela soltou as chaves para
que caíssem de volta sobre a mesa, e só quando estava voltando para
a porta ela avistou Ramsey nas escadas a observá-la.

34
CAPÍTULO CINCO

Ramsey vinha descendo as escadas para a entrada da frente


quando sentiu o tremendo medo na magia de Tara. Ele saltou do ter-
ceiro andar da escada para o patamar que descia até o piso principal
quando a viu pegar as chaves.
Ele parou, imaginando o que ela faria. Era óbvio que ela pensava
que o Jaguar era de Declan, e não tinha a intenção de ficar para desco-
brir.
Vários cenários possíveis atravessaram a mente de Ramsey na-
queles poucos segundos, e o único tema em todos eles foi tirar Tara
antes que Declan a visse.
Mas enquanto olhava seus olhos claros azul-esverdeados, Ramsey
pôde sentir seu alívio. Embora ele estivesse igualmente satisfeito que
não fosse Declan, o que o episódio tinha provado era que Tara temia
Declan acima de tudo.
Seu respeito por ela cresceu quando ela acertou os ombros e
olhou-o nos olhos. Ela sabia que ele a vira, mas não ia esconder o que
tinha feito.
― Você não pode correr para sempre, ― ele disse enquanto des-
cia os poucos degraus restantes.
― Eu sei.
― Do que você está fugindo?
― Do que você está fugindo?
Ele sorriu interiormente por sua bravata. Ela estava assustada,
mas não deixaria ninguém saber. ― Não estou fugindo de nada, garo-
ta. Estou correndo para alguma coisa.
Sua sobrancelha franziu, mas antes que ela pudesse responder a
porta se abriu e o homem entrou no castelo, um grande sorriso em seu
rosto.

35
― Estou procurando Tara, ― ele disse numa voz amigável marca-
da com um sotaque inglês.
Tara devolveu o sorriso e estendeu a mão. ― Essa seria eu. Acho
que você é nosso convidado especial, Lord Huntington?
Ramsey saiu de vista enquanto Tara mostrava ao cavalheiro a sala
de estar da frente e pegava para ele um champanhe. Ele não tinha
ideia de quem era o homem, mas obviamente Tara tinha. Aparente-
mente Lord Huntington era bem conhecido.
― Tudo o que pedi está em ordem? ― perguntou Lord Hunting-
ton.
Ramsey não precisava se aproximar para ouvir a conversa. Sua
audição melhorada poderia captá-la facilmente, mas ele precisava estar
perto de Tara. Especialmente depois de tocá-la novamente.
A sensação de seu corpo contra o dele tinha sido uma sacudida di-
reto para sua alma. Havia algo notavelmente diferente em Tara, mas
ele ainda não tinha descoberto o que era.
― Claro, ― respondeu Tara. ― E se precisar de mais alguma coi-
sa, basta me perguntar.
― Bom. Bom, ― respondeu o senhor.
Ramsey observou das sombras enquanto Tara despejava o cham-
panhe em uma taça. Ela continuava a olhar pelas janelas, como se es-
perasse Declan a qualquer momento. E Ramsey suspeitava que era
exatamente o que ela sentia.
Tara pousou a garrafa de champanhe e disse: ― Seu jantar estará
pronto às oito, como pediu.
― Maravilhoso. Sara deve chegar em breve. Eu só queria que não
estivesse chovendo. Ela odeia subir em meu helicóptero na chuva.
O celular de Ramsey vibrou em seu bolso, e uma vez que ele viu
que era Arran, se afastou de Tara e respondeu.
― Aye?

36
Arran perguntou: ― Como está tudo? Vimos o carro chegar, mas
uma vez que percebemos que não era Declan, esperamos você ligar.
― Tara pensou que fosse Declan também. Ela pegou suas chaves,
pronta para correr.
― Poderíamos tê-la pegado.
― Sim. Ela está apavorada com ele.
Arran suspirou. ― Se o que Declan fez com Saffron é qualquer in-
dicação, Tara tem todo o direito de ter medo.
― Mantenha a observação na estrada. Não quero uma surpresa.
― Vamos cuidar disso. Um de nós vai ficar aqui e dar uma olhada
ao redor do terreno, enquanto o outro vai para a estrada como vigia.
― Lembre-se das balas X90 de Declan.
Arran bufou. ― Como se eu precisasse me lembrar.
Ramsey terminou a ligação e repôs o celular no bolso. Ele estava
pronto para entrar em ação quando achou que era Declan que tinha
chegado.
O que o preocupava era que ele não tinha decidido se primeiro
protegeria Tara levando-a para longe ou a teria primeiro a batalha De-
clan. Se ele lutasse contra Declan, Ramsey poderia acabar com isso
logo.
Mas se ele tirasse Tara, ele sabia que estaria segura no Castelo
MacLeod e não teria mais que fugir.
Ele passou a mão pelo rosto. As Druidesas do Castelo MacLeod
queriam que ele contasse a Tara quem era e convencê-la a voltar com
ele para o castelo.
Ramsey desejava que fosse assim tão fácil, mas depois de saber
que Tara fugira de sua casa aos dezoito anos, sabia que ganhar sua
confiança seria um processo lento. Não havia como fazê-lo no curto pe-
ríodo de tempo que ele suspeitava que tinha.
Nem permitiria que Tara fosse levada ao castelo contra sua vonta-
de a menos que fosse para se esconder de Declan. E mesmo assim era

37
a regra de Fallon que ninguém fosse mantido contra a sua vontade no
castelo.
Então isso deixou Ramsey exatamente onde ele estava. Esperan-
do. E observando.
Ele não estaria tão preocupado se a magia de Tara não o afetasse.
Um olhar para as mãos confirmou que as turbulentas linhas de magia
haviam retornado.
Quanto tempo ficariam dessa vez? E isso era só tocar em seu sué-
ter. E se ele realmente tocasse sua pele nua?
A ideia o atraía inteiramente demais. Demais.
Ramsey ficou no andar de cima e se assegurou de que poderia
ouvir Tara onde quer que estivesse. Sua audição realçada tornava mais
fácil para cuidar dela sem que ela soubesse, mas mesmo assim ele
descobriu que queria estar mais perto dela.
Não demorou muito para que o sol começasse a se pôr e a chuva
se transformasse numa mistura gelada. Ramsey esperava uma tempes-
tade de neve que impedisse as pessoas de circularem nas estradas.
Ele riu quando percebeu que tinha exatamente o que precisava no
castelo. Com uma discagem rápida em seu celular ele tinha Arran no
telefone. ― Eu preciso que você faça algo.
― O quê? ― perguntou Arran.
― Preciso de neve. Lotes e lotes da neve.
Arran soltou uma gargalhada. ― Ah. Você quer impedir que De-
clan chegue ao castelo.
― Aye.
― Por quanto tempo?
Ramsey esfregou a nuca. ― Não tenho certeza. Contanto que
possamos controlar isso.
― Eu posso lhe dar o tipo de neve que você precisa por anos,
meu amigo.

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― Não. Apenas alguns dias. Preciso tentar me aproximar de Tara.
Talvez eu devesse convencê-la a ir para o Castelo MacLeod.
― Ah, o argumento de Cara e Marcail finalmente chegou até você,
não é? Você acha que pode persuadir Tara?
― Não, mas vale a pena tentar.
― Porque agora?
Ramsey lembrou quão desesperadamente ele queria lutar contra
Declan. ― Eu não sei quando Declan chegará, mas eu sei em minhas
entranhas que ele vai. As visões de Saffron ainda não nos falharam. E
em sua visão Saffron viu que se Declan vier, ele mataria Tara.
― Então sugiro que você se aproxime de Tara. E rápido. Dê-me al-
guns momentos para a neve.
O telefone clicou quando a conversa foi encerrada por Arran.
Ramsey pensou longamente sobre como se aproximar de Tara. Não
gostava que estivesse se questionando agora.
Mas como poderia saber qual seria sua reação à magia dela? Ou
quanto ela estaria assustada com Declan?
Mesmo agora, ele não tinha certeza de qual caminho tomar. E isso
não era nada parecido com ele.
Ramsey ouviu os suaves passos das botas de Tara no tapete e ele
se dirigiu para a porta para ver que ela tinha ido para fora na chuva,
que quase instantaneamente virou neve.
Ele correu até ela e pegou a alça da mala de Lord Huntington an-
tes que ela pudesse. Ela deu um pulo para trás e ofegou.
― Que diabos! Você se move tão silenciosamente que eu nunca
ouço você, ― disse ofegante.
Ramsey encolheu os ombros e ergueu a mala para a outra mão
para que pudesse pegar a segunda peça. ― Pelo menos já não está
chovendo.

39
― Não, ― ela disse e olhou para o céu. Os flocos de neve caíram
sobre os cílios e ela piscou. ― Estranho como isso mudou de repente,
não é?
― Você nunca pode afirmar nada sobre o nosso tempo.
Ela se afastou e o motorista fechou o porta-malas do carro. Jun-
tos, Ramsey e Tara retornaram ao castelo. Ele continuou até a escada
levando a bagagem para a câmara de Lord Huntington enquanto Tara
se dirigia para a cozinha.
Ramsey entregou a bagagem em tempo recorde. Fez uma pausa
nos quartos do Duque para olhar pela janela. Como prometido, a neve
estava caindo rapidamente, e em logo as estradas estariam tão grossas
de neve que ninguém se aventuraria sair.
Mas até então, Ramsey teria que ficar de olho em Tara. Declan era
tão desonesto quanto Deirdre, de modo que Ramsey queria estar pre-
parado para qualquer coisa. E conhecendo Declan, tudo era possível.
Ramsey fez as rondas do castelo, verificando tudo. Ele viu Arran
um par de vezes, mas só por causa de sua visão melhorada. Nenhum
mortal teria sido capaz de ver Arran na escuridão e com a queda de
neve.
Foi só quando a companheira de Lord Huntington, uma bela more-
na de meia-idade, chegou e ambos se retiraram para a suíte que Ram-
sey deixou a área do andar de cima.
Ele desceu o último degrau e ouviu Tara chamar seu nome. Ram-
sey olhou por cima do ombro para ver a cabeça dela saindo da porta
da cozinha.
― Você está com fome? O Chef fez alguns extras para todos nós.
Ramsey caminhou até ela com um sorriso. ― Eu seria um tolo de
passar batido de seus excelentes pratos.
Quando chegou à mesa dos funcionários, encontrou apenas dois
lugares. E, com os olhos arregalados de Tara, não era o único surpreso.
― Para onde foram os outros? ― Ela perguntou.

40
Ramsey deu de ombros e puxou a cadeira. ― Talvez eles não gos-
tem de mim.
― Não. Provavelmente sou eu.
Ela se afundou na cadeira enquanto Ramsey tomava a que estava
em frente a ela.
― Não é 'você. Você tem um sorriso amigável e olhos meigos ―
disse ele.
Ela riu e tomou um gole de vinho. ― E você é muito generoso
com seus elogios.
― Eu nunca elogio a menos que eu ache isso.
Levantou o copo para ele. ― Então agradeço. Eu não recebo mui-
tos elogios.
― Por que isso? ― Ele perguntou enquanto cortava o frango assa-
do.
Ela enxugou os lábios com o guardanapo e engoliu a comida. ―
Você parece o tipo de cara que tem tudo planejado. Tenho certeza que
você me compreendeu.
― Não ― Prefiro que você me diga.
Ramsey ficou surpreso com o quanto estava gostando da conversa
e do jantar. Foi uma oportunidade inesperada para ele aprender mais
sobre Tara. O fato de que ele quisesse saber mais fazia cautela crescer
dentro dele.
Ganhando sua confiança ou não, ele não deveria querer saber
mais.
― Hmm. ― Ela deu outra mordida enquanto o estudava. ― Eu
normalmente não digo nada a ninguém.
― Por quê?
― Não é seguro.
― Para eles ou para você?

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Ela olhou para baixo e engoliu em seco. ― Principalmente para
mim. É melhor se eu não tiver amigos.
― Todo mundo precisa de amigos, Tara.
Seu olhar azul-esverdeado levantou-se para o dele. ― Mesmo que
não seja seguro?
― Especialmente quando não é seguro.
― Você está oferecendo?
Ramsey assentiu lentamente. ― De fato, eu estou.

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CAPÍTULO SEIS

Tara pousou o garfo e enfiou os dedos juntos enquanto estudava


Ramsey. ― Por quê?
― Por quê? ― Ele repetiu.
― Foi o que eu perguntei. Por que você quer ser meu amigo?
Ele encolheu os ombros e baixou o olhar para seu prato para esfa-
quear seu garfo em alguns feijões verdes. ― Porque não'?
― Estou falando sério.
Ele mastigou lentamente antes de abaixar o garfo e se recostar na
cadeira. Uma vez engolido, tomou um gole de vinho para dar a seus
pensamentos tempo para se estabelecer antes de responder. ― Do que
você tem medo?
― Como?
― Por que você tem medo de ter um amigo?
Ela revirou os olhos e tirou uma mecha de cabelo que caía em seu
rosto. ― Algumas pessoas têm problemas em confiar nos outros. Eu
estou nessa categoria.
― Sim ― disse ele, como se não estivesse surpreso com sua ad-
missão. ― Eu não lhe dei uma razão para não confiar em mim.
― Você não me deu uma razão para confiar em você.
― Nós poderíamos dar voltas e voltas a noite toda assim.
Tara sobreviveu durante dez anos fugindo aprendendo a ler as
pessoas, e apesar dos esforços de Ramsey, ela podia dizer que ele es-
tava escondendo alguma coisa. Mas o que?
― Você confia nas pessoas? ― perguntou, mais curiosa do que
queria.

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― Sim. Nem sempre vem fácil, mas tornou-se uma necessidade se
eu quisesse sobreviver.
Agora ela estava realmente interessada. ― Sobreviver? Sobreviver
a quê?
Ele encolheu os ombros. ― Foi uma figura de linguagem.
― Acho que você está mentindo.
Um lado de seus lábios se ergueu em um sorriso torto. ― Isso
está certo?
― Está. Assim como eu sei que você está escondendo alguma coi-
sa.
― E como é que você pode ver isso, garota?
Tara apoiou os antebraços na mesa e encontrou o olhar de prata
de Ramsey. ― Eu aprendi pelo caminho difícil como ler as pessoas. É
como eu sobrevivo.
― Então me diga o que você leu em mim.
Ela sabia que não deveria. As coisas já estavam totalmente pesso-
ais demais. O fato dela querer saber mais sobre Ramsey, e que ela
queria confiar nele, só complicava as coisas.
Se ela não desse um passo para trás, iria achar difícil partir quan-
do chegasse a hora. E era por isso que ela já estava pensando em ir
embora. Se aquela maldita tempestade de neve não tivesse explodido.
― Bem? ― Perguntou Ramsey.
Tara pegou seu copo de vinho e girou o líquido dourado do Pinot
Grigio. Ela inclinou o copo nos lábios e deixou o vinho escorregar por
sua garganta.
A deliciosa comida esquecida, ela se inclinou para trás e respirou
fundo. ― Tem certeza que quer saber?
― Faça o seu melhor.
― OK. Você tem uma alma velha. Você é cauteloso, e tem segre-
dos. Não muito, mas suspeito que sejam segredos perigosos. Você co-

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nhece as ferramentas modernas, mas você não tem a intenção de
mantê-las. Você é um guerreiro, um homem que sabe cuidar do que é
dele. Você tem amigos íntimos que você considera familiares, mas...
― Ela parou quando inclinou a cabeça para o lado. ― Mas você
deixou-os para fazer algo importante.
Tara piscou e olhou para longe do olhar de Ramsey e da confusão
que ela vislumbrava lá. Tomou outro gole de vinho. ― Eu disse que eu
podia ler as pessoas.
― Interessante.
― Eu estou certa? ― Ela perguntou sem olhar para cima.
― E se eu dissesse sim?
Lentamente, seu olhar se elevou para o dele. ― Eu perguntaria se
seus amigos conhecem seus segredos?
― Eles conhecem. Agora, acho que é a minha vez.
O corpo de Tara sacudiu. ― O que você quer dizer?
― Você não é a única que pode ler as pessoas, garota. É justo
que eu tenha a minha vez.
Ela queria fugir da cozinha e do castelo. Então ela percebeu que
Ramsey não poderia dizer nada sobre ela. Ela era muito boa em escon-
der seu verdadeiro eu de todos, incluindo de si mesma.
― Vá em frente, ― ela disse com um indiferente encolher de om-
bros.
O sorriso de Ramsey e a maneira como seu olhar cinzento se ele-
vou sobre ela deu-lhe arrepios pela espinha. O que ele achava que sa-
bia?
― Você está fugindo há muito tempo, ― disse Ramsey suavemen-
te. ― Você é uma solitária, mas também está solitária. Eu posso ver
isso em seus olhos quando você vê famílias e amigos juntos. Especial-
mente quando você vê um casal. Você tem seus próprios segredos, e
tem medo de tudo. Você não pode encontrar a paz, porque você não
tem como parar de fugir.

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Tara sacudiu a cabeça, consternada. Ela se levantou tão rapida-
mente que sua cadeira caiu para trás, quebrando o silêncio. Ramsey le-
vantou-se e estendeu a mão para ela, mas Tara se afastou bruscamen-
te.
― Quem é você? ― ela perguntou.
― Eu sou um amigo. Se você não acredita em mais nada, acredite
nisso.
Com as mãos tremendo, ela pousou o copo de vinho e deu um
passo para trás.
― Eu não posso permitir-me amigos.
Ela se virou e começou a se afastar. Tara chegou à porta quando
as palavras de Ramsey a pararam.
― Fugindo de novo?
Por um momento, ela vacilou. Ela desesperadamente queria des-
moronar na cadeira e derramar todos os seus segredos. Queria contar
a Ramsey tudo, e talvez ele pudesse até ajudá-la.
Mas Tara sabia que tipo de magia tinha Declan. Se ela envolvesse
Ramsey, ela o condenaria à morte. E ela gostava dele demais para fa-
zer isso.
Então, mais uma vez ela ficaria sozinha.
― Obrigada por compartilhar uma refeição comigo. ― Ela olhou
por cima do ombro para Ramsey.
Antes de desistir e contar tudo, Tara caminhou até seu quarto e
fechou a porta silenciosamente. Ela a trancou, e então passou o ferro-
lho. Não porque tivesse medo de Ramsey, mas era um hábito que não
podia abandonar.
Seus olhos nadaram com lágrimas não derramadas enquanto ela
inclinava a testa contra a porta. Ela tentou conter a maré de emoção,
mas Ramsey abriu as comportas quando ele a leu tão perfeitamente.
A primeira lágrima escapou, e então as outras rapidamente segui-
ram. Seus ombros tremiam com a força de sua solidão e medo. Ela co-

46
briu a boca com as mãos para conter seus soluços, mas era tarde de-
mais.
***
Ramsey pousou a palma da mão na porta de Tara. Ele abaixou a
cabeça quando ouviu o som de suas lágrimas. Ele não queria fazê-la
chorar. Ele esperava deixa-la ver que ele estava lá para ela.
Em vez de progredir, ele deu um salto gigantesco para trás. E ele
sabia que se não tivesse pedido a Arran a neve, que Tara teria deixado
a Torre Dunnoth. Como ele explicaria se a seguisse? Pelo menos ele es-
perava que não precisasse.
Tara estava assustada, mas não era tola. Ela não se aventuraria
com esse tempo.
Ramsey ficou perto da porta por mais alguns momentos ouvindo
os soluços profundos da alma dentro do quarto. Somente quando as
lágrimas de Tara começaram a diminuir ele retornou à cozinha e limpou
após a refeição.
Ele não podia deixar de passar pelo quarto de Tara mais uma vez
antes de sair. Depois que ele fechou a porta do castelo e trancou, Ram-
sey acrescentou um feitiço de proteção rápida.
― Isso vai manter o Declan de fora? ― perguntou a voz de Arran
atrás dele.
Ramsey não se surpreendeu ao encontrar seu amigo lá. ― Não ―
respondeu ele, voltando-se para Arran. ― Mas levará alguns minutos
para superar o feitiço.
― Momentos que poderíamos usar para tirar Tara.
― Sim.
― Boa ideia ― disse Arran.
Eles desceram os degraus enquanto caminhavam até o chalé de
Ramsey. A neve não tinha parado, e já estava amontoada no chão, de
modo que eles afundavam até joelhos quando passavam por ela.

47
Quando Ramsey abriu a porta de seu chalé tinha fogo na lareira e
o cheiro de café enchendo o ar. Charon se virou do fogão e colocou
duas canecas pesadas sobre a mesa antes de pegar a sua.
― Obrigado, ― disse Ramsey enquanto pegava a xícara e afunda-
va na cadeira.
Ele sentiu os olhos de Charon e Arran sobre ele enquanto se sen-
tavam e silenciosamente esperavam que ele contasse se alguma coisa
tinha acontecido com Tara.
― A neve vai manter afastados todos os visitantes, mas vou sair
em algumas horas para outra olhada de qualquer maneira, ― disse
Charon.
Arran deu uma risadinha. ― Não haverá ninguém nas estradas,
pelo menos não vindo para cá. Eu tenho certeza disso.
― Não vai manter Declan longe por muito tempo, ― disse Ram-
sey. ― Se ele quiser Tara tão desesperadamente como pensamos que
ele quer, ele vai descobrir uma maneira de chegar aqui.
― Então nós precisamos levar as coisas adiante, ― disse Charon.
Ramsey pousou a grande caneca. ― Eu acho que eu posso ter as-
sustado Tara esta noite.
― O que aconteceu? ― perguntou Arran.
Ramsey passou a mão pelos cabelos e tirou o cordão de couro
que usava para manter o cabelo amarrados. Ele jogou o couro sobre a
mesa e suspirou. ― Ela me disse que ela tem o dom de ler as pessoas,
então eu disse a ela para me ler.
― Você não pediu, ― Charon disse com surpresa.
― Eu pedi. E ela me leu.
Arran inclinou-se para frente na mesa. ― Bem?
― Ela é boa. É muito boa, na verdade ― confessou Ramsey. ―
Ela não entrou em detalhes, mas obviamente ela pode ler as pessoas.
― O que ela disse exatamente? ― perguntou Charon.

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― Ela disse que eu tinha uma alma velha, e que eu tinha alguns
segredos. Que eu deixei amigos que eu considerava minha família por
algo que julguei importante. Ela disse que eu era um guerreiro que
protegeria o que era meu.
― Caramba ― murmurou Charon. ― Ela é boa.
― Eu tentei dizer a ela que ela precisaria de amigos, mas quando
isso não funcionou, eu perguntei se eu poderia lê-la, assim como ela
fez comigo.
Arran rolou os olhos e suspirou. ― Bem, não nos deixe em sus-
pense!
Ramsey apoiou os cotovelos sobre a mesa. ― Aparentemente, eu
fiz um bom trabalho. Eu não dei detalhes, apenas coisas gerais como
ela fez comigo. Mas isso a atingiu, eu acho. Ela correu para o quarto.
Ele não lhes falou sobre seu choro, porque sabia que Tara ficaria
mortificada se soubesse. Ela era uma pessoa forte, que ele suspeitava
raramente cedia a tal emoção.
― E agora? ― perguntou Charon.
Ramsey sacudiu a cabeça. ― Não sei. Pensei em mostrar que ela
podia apoiar-se em mim, confiar em mim, mas acho que estraguei
tudo. Se não fosse pela neve, ela já teria ido embora.
― Merda. ― disse Arran.
Ramsey respirou fundo. Ele poderia ter perdido qualquer chance
de ganhar a confiança de Tara, mas ele não estava disposto a desistir
de protege-la.
― Vocês dois aprenderam o layout? ― Ele perguntou.
Charon assentiu enquanto engolia o café. ― Sim. A paisagem é
fácil o suficiente para que possamos detectar qualquer um se aproxi-
mando. Há alguns pontos que poderíamos usar a nosso favor se preci-
sarmos.
― Ah. No lado esquerdo do castelo, a cerca de duzentos metros?
― perguntou Ramsey.

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Charon sorriu. ― Esse é o único. A terra mergulha naturalmente, e
com um pouco de ajuda em fazer o buraco maior, em seguida, co-
brindo-o com neve, ele poderia ser usado.
― Preferia usar os nossos poderes ― disse Arran.
Ramsey sacudiu a cabeça. ― Não. Pode haver muitas testemu-
nhas. Se podemos fugir sem chamar nossos deuses, então é isso que
precisamos fazer.
― Além disso, Ramsey tem magia, ― Charon respondeu com um
sorriso malicioso.
Ramsey afastou-se da mesa e se levantou. Seu peito se apertara
com estas palavras, mas ele manteve a voz normal quando falou. ― É
melhor você esperar que possamos tirar Tara, então eu não preciso
usar minha magia e meu poder.
Arran levantou-se. ― Por quê?
― Vou descansar um pouco. ― disse Ramsey.
Charon e Arran trocaram um olhar preocupado enquanto observa-
vam Ramsey se afastar.

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CAPÍTULO SETE

Declan olhou pela janela da hospedaria, sua raiva crescendo a


cada batida de seu coração. O tempo tinha mudado rapidamente. Mui-
to rapidamente.
― Eles estão dizendo que esta é a pior queda de neve que têm
visto em décadas, ― disse Robbie da cadeira, onde ouvia o rádio.
― Estão dizendo agora? ― Declan viu o reflexo de Robbie no es-
pelho enquanto ele levantava a cabeça.
Robbie franziu o cenho. ― O que é foi?
― Só um sentimento, primo.
― Sobre a Tara?
― Acho suspeito que nós tivemos uma tempestade de neve tão
desagradável enquanto eu estava a caminho de Tara.
Robbie se levantou e caminhou para ficar ao lado de Declan na ja-
nela. ― Você acha que os Guerreiros estão envolvidos.
Não era uma pergunta. ― Eu acho.
― Eu posso cuidar deles com as balas X90.
Declan virou a cabeça e sorriu para seu primo. ― Com todas as
forças dos Guerreiros, o poder de seus deuses, e sua imortalidade,
vendo o que um pouco de sangue drough lhes faz é inestimável.
― E quanta dor.
Declan riu. ― Pelo menos matamos um deles durante a última ba-
talha.
― Aquele que estava tentando pegar Saffron, aquele enorme e
forte Guerreiro de cor marrom?
― Sim. Ele mesmo.

51
― Um para baixo e quantos mais para cair?
O sorriso de Declan desapareceu. ― Esse é o problema. Nós não
sabemos. Deirdre suspeitava quantos estavam lá, mas ela nunca me
contaria.
― Ainda não acredito que Malcolm a tenha traído.
Declan cerrou as mãos. ― Vou fazê-lo sofrer pelo que fez.
― Nós teremos que encontra-lo primeiro.
― Oh, não tenho dúvidas de que o encontraremos. Mas primeiro,
Tara. Uma vez que eu a faça submeter-se à cerimônia para se tornar
uma drough, começaremos a pegar os Guerreiros, um a um.
― Demorou muito para encontrar Tara. Ela já poderia ter fugido
já.
Declan bateu com o dedo no peitoril da janela. Ele queria que Tara
soubesse que estava indo para ela. Ele a queria aterrorizada, e ele co-
nhecia Tara o suficiente para saber como fazer isso.
Ele girou sobre os calcanhares e se ajoelhou no meio do quarto.
Com as palmas das mãos voltadas para baixo, ele se recostou nos cal-
canhares e fechou os olhos. Ele manteve o rosto de Tara em sua mente
enquanto começava a cantar o feitiço que lhe permitiria chegar à sua
mente se ela estivesse perto o suficiente.
Declan tentara isso várias vezes desde que Tara fugira, mas nunca
chegara perto o suficiente dela. Estavam apenas a cerca de quarenta
milhas da Torre de Dunnoth. Isso estava no limite de onde o feitiço po-
deria chegar, mas valia a pena tentar.
A antecipação cresceu quando o feitiço estendeu os dedos e pro-
curou o que buscava. Ele derramou mais de sua magia negra no feitiço,
incitando-a a procurar mais e mais.
E então ele sorriu quando a encontrou.
― Tara, ― ele sussurrou.
― Tara.

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Tara se ergueu na cama enquanto a voz de Declan ecoava em sua
mente. Seu coração batia em seus ouvidos e seu estômago caia a seus
pés.
Tinha o ouvido tão claramente como se estivesse ao seu lado.
Tara, ainda completamente vestida, olhou ao redor de seu quarto. Ela
deve ter adormecido porque a luz ainda estava acesa, e comprovou
que estava sozinha. Pelo menos em seu quarto.
Ela engoliu em seco, tentando molhar sua boca agora seca en-
quanto ela corria as mãos para cima e para baixo nos braços. Declan
estava perto, possivelmente no castelo em algum lugar. Não havia mais
tempo a perder. Tara tinha que ir embora.
Um olhar para fora lhe disse que não iria partir com o carro. Não
havia como dirigir na estrada, muito menos fora do caminho do castelo.
― Droga, ― ela murmurou enquanto pulava da cama.
Tara abriu a janela, agradecida por estar nos fundos. Ela ofegou
quando o ar gelado bateu nela. Seus dentes batiam, mas seu casaco e
lenço estavam na entrada. E ela não estava prestes a desafiar os can-
tos escuros do castelo para tentar alcança-los se Declan estivesse lá.
Com os ombros fixos, Tara sentou-se no parapeito da janela e ba-
lançou as pernas. Ela deslizou para fora do parapeito e afundou na
neve que agora chegava quase até seus quadris. Demorou algum es-
forço, mas ela finalmente foi capaz de fechar a janela.
Ela logo estava tremendo enquanto olhava em volta. As nuvens
escondiam a lua, que a esconderia, felizmente, mas também significava
que não havia luz para ajudá-la a encontrar o caminho para a estrada.
Tara estremeceu quando a espessa neve continuava a cair. Ela se
agarrava a seus cabelos e cílios, tornando ainda mais difícil de ver. Mas
ela não ia desistir. Declan poderia estar caçando-a, mas ela nunca dei-
xaria de correr.
A neve rapidamente penetrou no seu jeans, e ela não estava nem
a vinte passos do castelo. O desespero começou. Tara usou um esforço
extra para tentar caminhar pela neve densa e alta.

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Ela trabalhou seu caminho em torno do castelo para a entrada
onde a neve não deveria estar tão grossa. Seria um grande risco, por-
que se Declan estivesse lá, ele poderia vê-la. Mas se não se afastasse
do castelo, ele a pegaria em breve.
Tara podia ver a entrada, mas não importava o quão desesperada-
mente ela quisesse alcança-la, seu corpo estava exausto. Seus joelhos
se dobraram e ela caiu de bruços na neve.
Por mais que quisesse ficar deitada e recuperar o fôlego, Tara se
levantou e começou a andar. Ela ouviu o que soou como um arranhar
de um sapato na neve, então ela parou e ouviu.
Por alguns instantes ela não se mexeu. Não havia outro som, e
mesmo que ela olhasse ao redor, não via nada. Mas ela sabia que algo
estava lá fora.
Tara continuou até chegar à beira do castelo. Do outro lado da rua
estava a chalé de Ramsey. Ela poderia ir até ele, pedir-lhe ajuda, mas
assim que o pensamento entrou em sua mente ela descartou.
Ela verificou para certificar-se de que não havia luzes na casa an-
tes de dar uma corrida para a entrada. Ela tinha dado apenas dois pas-
sos quando uma grande forma pisou na frente dela.
Um grito parou em sua garganta, e uma mão rapidamente cobriu
sua boca.
― Tara, ― Ramsey sussurrou em seu ouvido quando ele a puxou
contra ele.
― Sou eu.
Ela balançou a cabeça enquanto se encontrava agarrada a ele.
― Merda, você está tremendo.
O pico de adrenalina, bem como o ar frio, deixaram seu corpo tre-
mendo incontrolavelmente.
Sem pedir sua permissão, ele a levantou em seus braços e seguiu
para seu chalé.

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― Tola mulher correndo por esse tempo sem um casaco. Você
está tentando se matar? ― Ele exigiu com raiva.
Já que seus dentes batiam tanto que mal podia falar, Tara balan-
çou a cabeça.
― O que você estava fazendo aqui fora?
Ela olhou para ele, agradecida por não poder falar, porque era ca-
paz de lhe contar tudo. Era a primeira vez desde que deixou Declan
que o sentiu quase em cima dela. E era a coisa mais assustadora que
já sentira.
Tara pousou a cabeça no ombro de Ramsey, espantada ao desco-
brir que ele ainda não tinha um casaco, nem parecia estar afetado pelo
frio.
Ele abriu a porta com o pé e empurrou seu caminho para dentro
antes de fechá-la com o cotovelo. Nada mais foi dito quando ele a colo-
cou na frente do fogo crepitante e a cobriu com um grosso cobertor ao
redor dela.
Ela se aconchegou sob o calor, grata por estar fora do frio. Por
baixo dos cílios, ela olhou para Ramsey enquanto ele pegava um dos
pés dela em suas mãos e gentilmente tirava a bota. Colocou-a ao lado
do fogo e repetiu o processo com a outra bota.
― Você está encharcada.
O áspero teor de sua voz fez uma emoção passar por Tara. Ela er-
gueu os olhos para o rosto dele. ― Um pouco.
― Encharcada, ― ele repetiu. ― Você precisa tirar suas roupas
antes de pegar um resfriado.
― Eu vou. Apenas me dê um momento para me aquecer, e eu vou
voltar para o castelo e trocar.
Ele balançou a cabeça, e foi quando ela viu que seu cabelo estava
solto ao redor do rosto. Pairando preto como a meia-noite apenas pas-
sando de seus ombros.
― Não até que você me diga por que você arriscou sua vida esta
noite.

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Tara desviou o olhar e focalizou as chamas diante dela.
Um momento depois, Ramsey se levantou. Ela o ouviu na cozinha,
e ela tomou esse tempo para olhar ao redor da pequena casa. A cozi-
nha e sala de estar eram um grande quarto aberto. Ela viu uma porta
que ela suspeitou levava para seu quarto e banheiro. A chalé era escas-
samente decorado com apenas o suficiente para oferecer conforto dos
ocupantes.
― Aqui.
Ela pulou quando encontrou Ramsey agachado na frente dela se-
gurando uma xícara de café fumegante. ― Como você constantemente
se move sorrateiro sobre mim?
― Beba ― ele insistiu.
Tara envolveu seus dedos entorpecidos ao redor da caneca quen-
te. Ela teve que se revezar segurando-a porque machucava seus dedos
retornar a sensação neles tão rapidamente. Mas o café provou estar
delicioso e ajudou-a se aquecer.
Ramsey sentou-se na cadeira ao lado dela, e a observou em silên-
cio. Seu olhar não era duro, mas desaprovador.
Tinha de admitir que não foi um dos seus planos mais inteligen-
tes, mas, novamente, nunca antes ouvira a voz de Declan na cabeça.
― Eu não queria te chatear mais cedo. ― disse Ramsey.
Tara soltou um suspiro e olhou para sua caneca de café. ― Eu não
deveria ter ficado tão defensiva. Fiquei sozinha por tanto tempo que
nem sempre reajo bem as pessoas.
Tinha sido diferente com as crianças que ela ensinava. Eram jo-
vens, curiosos e cheios de riso. Eles não tinham se preocupado com
seu passado ou queriam saber tudo sobre ela. Tudo o que eles queriam
era sua atenção e se divertir. Essas eram duas coisas que ela tinha sido
capaz de dar.
Mas estar com aquelas crianças tinha a feito chegar a um acordo
o quanto carinhosamente ela queria uma criança dela mesma.

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Demorou um momento para ela perceber que seu medo de De-
clan tinha desaparecido quase na hora que Ramsey a levantou. Como
um homem que ela mal conhecia a fazia se sentir segura?
― Você não vai me dizer, vai? ― Ramsey perguntou.
Tara pensou em voltar para o castelo e segurou o cobertor mais
apertado. Queria apenas mais alguns momentos com Ramsey, apenas
mais algum momento em que se sentisse segura.
Ela pousou a caneca e olhou para ele. ― Há um homem atrás de
mim.
― O que é que ele quer?
― Eu, ― ela respondeu, e riu de quanto isso soava absurdo. ―
Uma vez achei que ele era um amigo, mas descobri que ele era qual-
quer coisa menos isso.
― É dele que você está fugindo?
Tara não queria mentir, mas não estava pronta para contar tudo.
― Parcialmente.
Ramsey inclinou-se para a frente, de modo que seus cotovelos
apoiaram nos joelhos. Um sorriso suave puxou seus lábios. ― Isso não
foi tão difícil, foi?
― Na verdade, ― ela disse com uma risada sufocada, ― Foi.
Seu sorriso lentamente se dissipou e sua testa franziu. ― Tara,
você poderia ter congelado até a morte lá fora.
― Eu sei. Eu só... ― Ela parou quando as palavras se esquivaram.
Engoliu em seco outra lágrima e encolheu os ombros.
― Fique aqui esta noite. Nada vai te machucar aqui, e você preci-
sa descansar.
Queria dizer-lhe que não, mas estava tão cansada de cuidar de si
mesma. Apenas uma vez, ela ia desistir e permitir que outra pessoa
carregasse parte de seu fardo para ela.
― Está bem.

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58
CAPÍTULO OITO

Ramsey esperava uma briga. A facilidade com que Tara cedeu pro-
vou o quão aterrorizada ela estava. O que a tinha feito fugir no meio
de uma tempestade sem casaco?
― O homem que você diz estar perseguindo você, você acha que
ele está aqui? No castelo?
Tara balançou a cabeça lentamente. ― Eu acho, mas talvez eu es-
tivesse errada. Não sei mais.
― O que te fez pensar que ele estava aqui?
Seus olhos azul-esverdeados se voltaram para ele. ― Vai pensar
que sou uma idiota.
― Não ― disse Ramsey com um pequeno sorriso.
Ela lambeu os lábios e ajustou o cobertor em sua volta. ― Ouvi
sua voz.
― O que ele disse?
― O meu nome. Parecia que ele estava bem ao meu lado, mas
acho que foi apenas um sonho.
Ramsey deixou-a mentir para si mesma e para ele, mas sabia que
Declan não era nada além de um sonho. Ele poderia ter impedido De-
clan de chegar ao castelo, mas ele não tinha impedido Declan de usar
magia para chegar a Tara.
― Use minha cama, ― disse Ramsey. ― Posso encontrar algo
para você vestir.
― O sofá estará bem.
― Mas a cama é melhor ― disse ele, levantando-se.

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Ramsey estendeu a mão e a ajudou a se levantar. Assim que sua
pele o tocou, a magia disparou através dele como um relâmpago, ar-
dendo a pele dele até que seu corpo inteiro ansiava por mais dela.
Ele relutantemente a soltou e, em seguida, segurou sua mão en-
quanto os cachos de magia inundavam sua pele. Ramsey não precisava
olhar para baixo para vê-los mais. Ele conhecia a sensação dela, de sua
magia gloriosa e requintada.
Tomou uma grande quantidade de esforço para andar à frente de
Tara até seu quarto em vez de deixar seus dedos descerem pelo seu
rosto até seu pescoço.
Ramsey achou que afastar-se dela era difícil, mas uma vez em seu
quarto com a cama tão perto, seu corpo ansiava por uma coisa. Tara.
Ele puxou a primeira camisa sem uso no pequeno saco e jogou na
cama. Quanto mais ele ficava perto dela enquanto sua magia nadava
sobre sua pele, mais seu controle escorregava.
Tara podia ser bonita, e ele podia ser atraído por ela. Mas mantê-
la viva era seu único dever. Ramsey não tinha pensado que seria um
problema. Então, ele não sentira a magia de Tara até naquele momen-
to.
― O banheiro é lá ― disse Ramsey, apontando para a porta fecha-
da. Em dois passos, chegou à porta do quarto. Pouco antes de fechá-la
atrás dele, ele disse: ― Se você precisar de alguma coisa, me avise.
― Obrigada, ― disse Tara enquanto fechava a porta atrás dele.
Ramsey respirou fundo, depois outra vez antes de perceber que
sua mão ainda estava na maçaneta da porta. Seria tão fácil dar um pe-
queno toque e estar de volta no quarto com Tara.
― Não, ― Ramsey sussurrou, e soltou a maçaneta da porta.
Ele tropeçou até o sofá e se sentou, seu olhar na mão que tinha
tocado Tara. Como ele esperava, as ondas brancas eram mais grossas,
mais sólidas de tocar sua pele.
Como com qualquer Guerreiro, ele tinha a habilidade de sentir
magia. Isso permitia que um Guerreiro encontrasse e rastreasse Drui-

60
das. Mas havia uma conexão que nem os Druidas nem os Guerreiros ti-
nham percebido quando os Druidas chamaram os deuses pela primeira
vez.
Houve casos em que a magia de uma determinada Druidesa afe-
tava mais profundamente um Guerreiro. Ele podia sentir as emoções
dela em sua magia.
O fato de que um Guerreiro pudesse fazer isso era magia em si,
mas o que isso significava era um forte vínculo entre Guerreiro e Drui-
desa Esse vínculo havia se formado oito vezes no castelo MacLeod, e
cada vez que a Druidesa e o Guerreiro se apaixonavam.
Ramsey sentira a intensidade da enorme magia de Tara antes de
chegar à Torre de Dunnoth. Então ele a agarrou pelo braço e observou
enquanto sua magia girava em torno de sua mão.
Mas o que o deixou completamente chocado foi que o medo abso-
luto que ele sentira na magia dela que o levara para fora. Não havia
tempo de analisar por que ele sentiu a angústia dela. Ele simplesmente
reagiu e a levou para sua casa o mais rápido possível.
No entanto, enquanto ela estava com ele, ele tentou discernir
mais de sua emoção através de sua magia. Infelizmente, ele não sentiu
nada. Era como se ela, de alguma forma, tivesse cortado.
Ramsey levantou a mão. A magia movia― se com a graça da fu-
maça branca enquanto ela dançava sobre sua pele. Ele se moveu ao
redor e mais, rodando lentamente.
― Bem, foda-me.
Ramsey sacudiu a cabeça ao redor ao som da voz de Charon. En-
controu Charon e Arran olhando para ele, então baixou a mão. ― Prefi-
ro não.
Arran riu e empurrou Charon para a frente para poder fechar a
porta.
― Quer explicar o que está acontecendo com sua mão?
― Realmente não.
― Muito ruim. ― disse Charon. ― Nós queremos saber.

61
Ramsey flexionou seus dedos e observou as ondas se moverem
com eles. Toquei a mão de Tara.
― Droga ― disse Arran, com os olhos arregalados.
Ramsey balançou a cabeça e segurou o dedo nos lábios. ― Temos
uma visitante.
― A adorável Tara ― murmurou Charon com um sorriso.
Ramsey levantou-se e aproximou-se deles para que pudessem
conversar. ― Ela tentou fugir. Ela disse que ouviu a voz de Declan na
cabeça.
― Merda, ― Charon grunhiu enquanto passava uma mão pelo ca-
belo. ― Nós cobrimos toda a propriedade três vezes. Ele não está aqui.
Arran franziu o cenho. ― Espere. Ela lhe contou sobre o Declan?
― Não, ― admitiu Ramsey com um suspiro. ― Ela me disse que
havia um homem atrás dela, e esse mesmo homem é o que ela pensou
ter ouvido.
― Cuidado, não cometa um deslize ― advertiu Charon.
― Eu sei. Ela disse que só falou seu nome, mas foi suficiente para
mandá-la para a noite sem um casaco.
― Com esse tempo? ― Arran disse, com o rosto arregalado de
choque.
Ramsey assentiu com a cabeça. ― Ela tem muito medo dele.
― E Saffron também tinha. ― disse Charon.
Arran bufou. ― Ela ainda tem, mas Camdyn está lá para protegê-
la.
― Tara não sabe nada sobre vocês dois ainda. Eu não a deixaria
entrar se ela os visse.
Charon soltou um longo suspiro e apoiou as mãos sobre a mesa.
― Vou vigiar a estrada. O fato de Tara ter permitido que você a trou-
xesse aqui, e ficar, diz que você está fazendo progresso. Nós não que-
remos estragar isso.

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― Prometa-me que não vai lutar com Declan se o vir ― disse
Ramsey.
― O que você não está dizendo, companheiro?
Ramsey olhou para Charon e depois para Arran. ― São as balas
X90 que me preocupam.
Com um aceno de cabeça, Charon se endireitou e saiu da casa de-
pois de pegar um saco de batatas fritas no balcão da cozinha.
Quando a porta se fechou atrás dele, Arran cruzou os braços so-
bre o peito e olhou para Ramsey. ― Charon pode acreditar nessa mer-
da que você acabou de distribuir, mas eu não.
― É a verdade, ― respondeu Ramsey com um encolher de om-
bros.
― Minha bunda. Nós já não passamos o suficiente para merecer a
verdade? ―
― Você quer a verdade? ― Ramsey perguntou enquanto se apro-
ximava de Arran. Ele raramente deixava que a raiva o controlasse, mas
não era tão fácil de controlar no momento. E ele não se importava. ―
Eu lhe darei a verdade. A verdade é que nós não temos Sonya aqui
com sua magia de cura, nem temos Phelan e seu sangue que pode cu-
rar qualquer coisa. Somos apenas nós. É por isso que eu não queria
que Fallon trouxesse alguém aqui.
― Então, quem cuidaria de seu horrível traseiro?
Ramsey piscou, surpreso com a calma resposta de Arran.
― Vou dar uma olhada no quarto de Tara. Talvez encontremos
algo útil ― disse Arran.
Ramsey observou seu amigo partir. Ele esperava que Arran co-
mentasse sua falta de controle ou, pelo menos, sua raiva. Em vez dis-
so, Arran não disse nada.
Desde que chegou à Torre de Dunnoth, Ramsey não tinha sido ele
mesmo. Se ERA por causa de Tara, ou finalmente admitir a todos que
ele era meio Druida, bem como Guerreiro, e, em seguida, usando sua
magia, ele não sabia.

63
Nem importava. Tudo que ele queria era voltar a ser o homem
que era. O homem que sempre se manteve no controle. O homem que
não tomava decisões precipitadas. O homem que pensava as coisas
completamente pelo menos seis vezes antes de tomar uma decisão.
O homem que não permitia que a raiva o governasse.
Ramsey jogou outro tronco no fogo antes de apoiar a orelha con-
tra a porta para ouvir os sons de Tara. Quando não ouviu nada, temeu
que ela pudesse ter fugido de novo.
Tinha a porta aberta antes que o pensamento terminasse em sua
mente. Quando viu Tara dormindo sob as cobertas que ela tinha puxa-
do quase sobre sua cabeça, ele silenciosamente fechou a porta. Não foi
até que se sentou no sofá e avistou as botas de Tara que ele percebeu
que tipo de tolo ele tinha feito de si mesmo.
― O que há de errado comigo? ― Ele perguntou.
Seu olhar se moveu para seu braço que descansava sobre a perna
para ver que a magia ainda estava lá, ainda tão densa quanto antes.
Embora fosse um homem de vinte e um anos, quando Deirdre li-
berou seu deus, ele havia sido criado como um Druida da floresta Tor-
rachilty.
Desde que a magia deles corria poderosa e profunda, foram so-
mente os homens que poderiam controlar isso. Qualquer mulher nasci-
da com magia em Torrachilty era morta, porque se ela fosse permitida
viver ficaria louca com força da magia.
Ramsey vinha de uma longa linhagem de homens de Torrachilty.
Ele tinha aprendido feitiços assim que pôde falar, e esses eram aperfei-
çoados antes que ele aprendesse mais.
Seus professores haviam sido brutais, mas eficazes. Os Druidas de
Torrachilty eram conhecidos como Druidas guerreiros. Todos os Drui-
das, mesmo os droughs os temiam.
Como todos os Druidas, Ramsey tinha sido ensinado como os
droughs tinham chamado os deuses antigos do Inferno para que pu-
dessem tomar como hospedeiro um homem e livrar a Grã-Bretanha de

64
Roma. Ramsey também tinha aprendido como isso tinha tonado am-
bos, droughs e mies, iguais para unir os deuses dentro dos homens.
Ramsey tinha aprendido quão difícil tinha sido corrigir algo que os
droughs haviam feito. Houve consequências para tais decisões, e essas
consequências haviam caído nos mies. Eles eram os que seguiam as li-
nhas de sangue que os deuses viajavam através de geração em gera-
ção.
Mas os professores de Ramsey não sabiam de tudo. Eles não sabi-
am sobre Deirdre ou o que ela poderia fazer. Eles não tinham percebido
que os deuses poderiam ser liberados uma vez mais.
E eles não sabiam que ele seria levado por Deirdre e que seu deus
seria liberado.
Ramsey pensou em seu pai e seus tios, e pensou em sua família.
Não era algo que se permitia fazer com frequência, porque não fazia
ideia do que lhes tinha acontecido.
Tudo que ele sabia era que os notórios Druidas guerreiros da Flo-
resta Torrachilty não existiam mais.
Ele se levantou e pegou o laptop que Saffron enviara com ele. Não
conseguiria dormir aquela noite, mas talvez pudesse aprender algo so-
bre seu povo.
Talvez ele pudesse encontrar alguma pista sobre o que aconteceu
com eles, ou para onde eles foram.
Ele nunca encontraria sua família, ele sabia. Mas se havia outro lá
fora, Ramsey queria encontrá-lo. Ele não podia acreditar que fosse o
último dos Druidas da floresta de Torrachilty.
Parecia muito cruel, muito brutal.
Mas Ramsey teve um sentimento de naufrágio que era tudo ver-
dade.

65
CAPÍTULO NOVE

Castelo de MacLeod

Galen sentou-se no fim da longa mesa no grande salão, com o


dedo batendo lentamente na madeira.
― Você parece preocupado.
Galen começou a virar a cabeça para encontrar Lucan de pé ao
lado dele. Galen encolheu os ombros. ― Meus pensamentos estão
sombrios hoje.
― Você não é o único. ― Lucan se abaixou para o banco e apoiou
os cotovelos sobre a mesa que ele havia feito há tantos séculos. ―
Você está pensando em Ramsey.
Galen não ficou surpreso com a afirmação. Seu poder poderia ser
ler as mentes dos outros, mas Lucan não era um tolo. ― Sim. Eu não
gostei que ele quisesse ir sozinho.
― Ele não está sozinho agora.
Galen correu a mão pelo rosto e suspirou. ― Ramsey foi um que
Deirdre pegou depois de você e seus irmãos. Ele é o mais velho segui-
do de vocês três MacLeods.
― Seu ponto?
― Ele é cauteloso por uma razão, Lucan. O fato de ele querer en-
frentar Declan sozinho não assenta bem para mim.
― E nem para Fallon, por isso meu irmão mandou Charon e Arran
para a Torre de Dunnoth.
― Será o suficiente?
Os olhos verdes de Lucan se estreitaram. ― O que você não está
me dizendo, Galen?

66
― Nada. É só... Tenho um mau pressentimento. Ramsey pode ter
admitido ser meio Druida, mas não tenho certeza de que isso foi tudo.
― Como assim?
Galen sacudiu a cabeça. ― Estou supondo aqui, mas foi algo que
Reaghan disse ontem à noite antes de adormecer. Ela se perguntou
que tipo de magia Ramsey tinha.
― Muito poderosa se julgarmos pelo que vimos na batalha com
Deirdre e no despertar de Laria.
― Exatamente. ― Galen inclinou-se para a frente, de modo que
seus braços descansaram sobre a mesa. ― Fiz algumas pesquisas so-
bre os Druidas da floresta Torrachilty.
Quando Galen não continuou imediatamente, Lucan flexionou as
mãos em agitação. ― Bem?
― Eles eram considerados os Druidas Guerreiros, Lucan. Eles
eram temidos. Muito mesmo. Ninguém mexia com eles, nem mesmo
com os droughs.
― Foda! ― Lucan soltou um suspiro. ― Não sei se fico impressio-
nado ou preocupado.
― Eu também. A pergunta de Reaghan me deixou curioso. O que
aconteceu com a morte de Deirdre, o casamento de Camdyn e Saffron,
a busca do pergaminho que faltava com o feitiço para atar nossos deu-
ses, e Declan indo atrás de Tara, nenhum de nós falou com Ramsey so-
bre sua magia.
Lucan esfregou a testa. ― Não. Nós deveríamos. Acho que estáva-
mos todos tão aliviados por ter Deirdre finalmente morta que nós es-
quecemos. Mas eu não acho que Ramsey iria atrás de Declan se ele
próprio não acreditasse que poderia pegá-lo.
― E isso por si só me assusta. Eu esperava que Hayden ou mes-
mo Camdyn agissem dessa maneira, mas não Ramsey. Ele é quem
pensa em tudo, quem escuta a todos antes de fazer um comentário.
― Vou falar para Fallon ― disse Lucan. ― Veja se você pode des-
cobrir qualquer outra coisa sobre os Druidas Torrachilty.

67
Galen observou Lucan se afastar enquanto continuava preocupado
com Ramsey. Não estava bem para nenhum deles que Ramsey quises-
se ir sozinho. Todos queriam lutar contra Declan, mas Ramsey e Saf-
fron os convenceram da necessidade de levar Tara ao castelo primeiro.
Galen só esperava que a decisão de Ramsey não lhe custasse a
vida.
***
Tara estendeu os braços sobre a cabeça e bocejou. Quando ela
abriu os olhos para ver o cinzento do amanhecer vindo através das per-
sianas ela soube que não estava em seu quarto.
Um segundo depois, os acontecimentos da noite anterior se preci-
pitaram por sua mente. Ela lentamente se sentou, um sorriso puxando
seus lábios enquanto pensava em como ela se sentia segura com Ram-
sey. Nunca lhe ocorreu ter medo dele ou de Declan.
Tara não conseguia se lembrar da última vez em que se sentira
tão livre. Talvez fosse isso que lhe permitiu dormir tão profundamente,
mas fosse qual fosse a causa, sentia-se como uma nova mulher.
Ela jogou as cobertas para o lado e saiu da cama. O espelho na
parte de trás da porta parou seu frio quando viu seu reflexo. Não pres-
tara muita atenção à camisa que Ramsey lhe dera na noite anterior,
mas agora não podia desviar o olhar.
Era de flanela, mas que tinha sido lavada muitas vezes. O xadrez
era azul, branco e preto e cheirava a uma mistura embriagadora de pi-
nho e homem. Ela virou o nariz para a gola e inalou o cheiro que era
todo Ramsey.
Os punhos estavam desabotoados e penduravam bem além de
suas mãos quando ela abaixou os braços. Ela nunca tinha entendido
por que nos filmes eles sempre mostravam uma mulher andando com a
camisa do homem depois de terem feito sexo. Agora ela sabia.
Nunca se sentira mais sexy em sua vida.
Tara bufou com seus próprios pensamentos. ― Eu nunca me senti
sexy na verdade.

68
Tentou alisar os cabelos com os dedos sem sucesso. Então, ela
lentamente girou a maçaneta e abriu a porta.
Silenciosamente ela espiou pelo batente da porta no sofá, apenas
para encontra-lo vazio. Seus pés andaram silenciosamente pelo chão
de madeira e tapetes para a cozinha, mas ela se viu sozinha.
Tara estava prestes a voltar para seu quarto e ver se suas roupas
estavam secas quando seu olhar foi capturado pela visão das janelas
enormes que ocupavam uma grande porção da parede.
A neve tinha caído a uma taxa incrível na noite anterior, deixando
montes enormes dela em toda parte. As rajadas que continuavam a
cair eram grandes e não mostravam sinais de diminuir tão cedo.
Para todo o lugar que Tara olhava parecia branco. Somente as pe-
dras cinzentas do castelo quebraram para cima o país das maravilhas
branco. Se tentasse realmente, quase podia acreditar que estava em
outro mundo, um mundo onde Declan não existia e não precisava fugir
para salvar a vida.
***
Ramsey quase deixou cair a braçada de madeiras quando viu Tara.
Cada fibra de seu ser estava em sintonia com ela. Não foi só porque
Tara se inclinou e sua bainha de camisa subiu até o topo de sua coxa
bem torneada, dando-lhe uma visão de sua calcinha verde brilhante
com renda.
Não foi só porque seu cabelo estava desgrenhado como se tivesse
acabado de fazer amor.
Não foi só porque seu sorriso transformou seu rosto em algo que
lhe roubou o fôlego.
Ele estava vendo um lado de Tara que ele suspeitava que poucos
tinham visto. O sol passou pelo meio do espesso dossel de nuvens e
brilhava diretamente em Tara, destacando seu cabelo castanho claro de
modo que os fios dourados nele brilhavam.
Para seu espanto, ela se inclinou para o lado de modo que foi ca-
paz de ver uma rã branca na parte de trás de sua calcinha e a palavra
JAMMIN sobre ele.

69
Ele trouxe um sorriso para os lábios, porque não esperava ver
Tara usar calcinha assim. Ela era uma solitária, uma fugitiva, então ela
se expressara de maneiras que outros não seriam capazes de ver.
Ele poderia olhá-la durante todo o dia, sua imaginação correndo
loucamente sobre o que ela estava, ou não, estava usando, sob sua ca-
misa. Tudo o que ele conseguia pensar foi o quão bom era olhar isso
nela, mas quão desesperadamente ele queria arrancá-la de seu corpo.
Seu pau se espessou e seu sangue acelerou ao pensar. Como po-
deria a magia dele o afetar se eles se beijassem? Ou fizessem amor? O
fato de que ele estava mesmo pensando nisso lhe dizia que ela já o ti-
nha afetado demais.
― Oh,― ela disse enquanto se virava e o encontrou olhando. ―
Pensei que tivesse partido.
Ramsey finalmente fechou a porta atrás dele e bateu os pés para
tirar a neve antes que caminhasse para a lareira. ― Nós estávamos
com pouca madeira, e com as temperaturas continuando a cair, eu pre-
cisava estocar.
Ele ficou em pé depois de colocar a madeira e mais uma vez ele
estava perdido. Tara tinha uma beleza clássica, mas havia algo tão per-
suasivo, tão sedutor, sobre ela que Ramsey tinha sido atingido por ela
desde o primeiro momento em que a viu.
― Você dormiu bem?
Ela sorriu e olhou para os pés. ― Faz muito tempo que não durmo
tão bem.
― Fico feliz em ouvir isso.
― Obrigada pelo uso de sua camisa.
Ramsey caminhou de volta para a cozinha e se apoiou contra o fo-
gão. ― Parece muito melhor em você do que jamais ficou em mim.
Seu sorriso lento fez suas bolas se contraírem e suas mãos coça-
rem para tocá-la. Ele só tinha conseguido uma pequena sensação de
sua pele macia, e ele queria, não, ele precisava de mais.

70
Ramsey mentalmente se sacudiu. Ele não estava lá para seduzi-la,
ele estava lá para protegê-la. Precisava lembrar disso antes que ele a
matasse.
― Eu estava prestes a fazer panquecas e salsichas. Você está com
fome? ― Ele perguntou.
― Faminta. Você gostaria de alguma ajuda?
Ele balançou a cabeça enquanto começava a tirar tudo. ― Não.
Você se senta e fala.
― Sobre o que?
Ele olhou para ela quando abriu a geladeira. ― Qualquer coisa.
― Eu não sou tão interessante.
― Eu não acredito nisso. Todo mundo é interessante em sua pró-
pria maneira.
― Não eu, ― ela disse com uma risada.
Ramsey queria que ela se sentisse mais confortável com ele, con-
fiasse nele. E isso significava que ela tinha que começar a se abrir para
ele. ― Que tal me dizer algo que você fez quando que não era espera-
do?
Ela mordeu o lado de seu lábio inferior, seus olhos azul-esverdea-
dos de prazer.
― Está bem. Eu costumava me esgueirar fora de minha casa para
nadar no lago.
― Isso é o melhor que você pode fazer? ― Ele brincou enquanto
agitava a mistura na tigela. ― Eu não fugi apenas. Eu gostava de pegar
algo do meu pai e o colocava com um dos meus primos para que ele ti-
vesse problemas. Era uma brincadeira que fazíamos desde que tínha-
mos idade suficiente para andar.
― Eles alguma vez descobriram você?
Ele sorriu. ― Nem uma vez.

71
Eles compartilharam um riso, seus olhares travando. Ramsey foi o
primeiro a desviar o olhar. Ele disse a si mesmo que era porque não
queria que a panqueca queimasse, mas a verdadeira razão era que não
confiava em si mesmo com Tara.
Ela estava permitindo que ele visse um pouco em seu mundo, e
assustava-o pelo quanto mais ele queria saber. Ela só tinha ela própria
para apoiar-se para sobreviver, e através de tudo isso, ela ainda podia
sorrir como se o destino não a tivesse ferrado.
― O quê? ― Ela perguntou, sua cabeça inclinada para o lado de
modo que seu cabelo castanho ondulado ficou pendurado sobre seu
ombro.
Ele virou as panquecas com uma torção de seu pulso. ― Quanto
tempo você vai fugir desse homem que está atrás de você?
Ela olhou para a mesa e exalou. ― Até que ele me pegue ou eu o
mate.
― Você não acredita que ele vai desistir?
― Não.
A nota firme em sua voz o fez assentir. ― E se eu dissesse que eu
poderia ajudar?
― Por que você iria querer? Você não me conhece, Ramsey. Eu
não vou entregar meus problemas para você ou qualquer outra pessoa.
Ele pegou um prato e colocou a primeira panqueca nele antes de
entrega-lo. ― Por que você ficou aqui ontem à noite?
― O quê? ― Ela perguntou enquanto lentamente abaixava seu
prato para a mesa.
― Por que você ficou?
Tara levantou-se da mesa. ― Eu não deveria ter ficado.
― Mas você o fez, e há uma razão. Diga.
Ela abanou a cabeça.

72
Ramsey fechou a distância entre eles e levantou uma mecha de
seu cabelo castanho dourado com os dedos. ― Você se sentiu segura.
Ramsey já podia sentir sua mágica movendo-se de seu cabelo
para seus dedos. Seu deus quase ronronava com a sensação única e
embriagadora que estava se tornando muito familiar.
Ele se viu inclinado mais perto dela, afogando-se em seus belos
azul-esverdeados profundos. As ondas da magia estavam girando uma
vez mais em torno de sua mão e estavam seguindo seu caminho acima
de seu braço mais pelo muito tempo ele tocava seus cabelos.
― Sim, ― ela finalmente admitiu. ― Obrigada por isso.
Ela se levantou na ponta dos pés e beijou sua bochecha. Seus lá-
bios em sua pele foi sua ruína. Ele virou a cabeça ligeiramente então
suas bocas esbarraram, o que interrompeu o recuo dela.
Suas pálpebras se ergueram para que olhasse nos olhos dele, e a
necessidade que ele viu lá foi tudo o que precisou para virar a cabeça
um pouco mais até que seus lábios roçaram.
A respiração de Ramsey se fechou em seus pulmões naquele pri-
meiro toque hesitante de suas bocas. Ele inclinou a cabeça e a beijou
novamente, longa e profundamente
Seu corpo rugiu para a vida, exigente e necessitado. As pontas de
seu cabelo faziam cócegas em suas mãos quando as colocou nas cos-
tas dela. Ele persuadiu, ele seduziu. Qualquer coisa para se aproximar
dela, sentir mais dela.
Para saber mais dela.
Para tê-la.
O gemido suave de Tara fez seu sangue queimar em suas veias
como mercúrio, e quando ela pousou suavemente a mão em seu peito,
Ramsey queria esmaga-la para ele. O impulso de prendê-la contra a
parede e devastar seus lábios foi esmagadora.
Seu peito se contraiu, seu coração batendo dentro dele como se
tivesse corrido por dias. Ele ouviu sua respiração curta e ofegante.
E isso o deixou louco.

73
Ramsey agarrou sua camisa enquanto varria a língua dentro de
sua boca e ela ansiosamente devolvia seu beijo. Por um momento ele
não conseguia respirar, não conseguia se mover, a paixão e o prazer
eram tão intensos.
Ela se inclinou sobre ele, seus seios apertados contra seu peito.
Ramsey engoliu um gemido quando a magia dela se juntou ao frenesi
que o rodeava. Tornou-se demasiado para controlar, demasiado para
resistir.
Pouco antes de perder todo controle e beijá-la como ele tinha so-
nhando, ele ouviu passos se aproximando. De má vontade, relutante-
mente, ele se afastou.
Demorou um momento antes de Tara abrir os olhos. Eles estavam
dilatados e sua respiração estava rápida, provando que ela estava tão
afetada quanto ele pelo beijo.
― Estamos prestes a ter convidados, ― ele disse um momento
antes que a porta se abrisse e Charon e Arran entrassem.
Ramsey encontrou seus olhares surpresos, mas quando os olhos
de Charon baixaram, Ramsey sabia que ele tinha visto a magia que es-
tava mais uma vez girando em torno dele.

74
CAPÍTULO DEZ

Tara olhou para os dois homens que enchiam a entrada. Eles eram
altos, musculosos, e havia algo neles que a lembrava de Ramsey, mas
não tinha nada a ver com aparência.
Era algo a ver com os homens, algo que os diferenciava dos ou-
tros caras. Quase como se Ramsey e os outros dois estivessem em
uma classe sozinhos. Uma classe onde envolvia violência, o perigo tan-
gível e a sedução sombria faziam parte de seus DNAs.
Apesar de suas semelhanças, Tara não ficou atraída pelos recém-
chegados como ela estava por Ramsey. Ela encontrou o olhar sombrio
do que estava mais perto da porta, aquele que tinha estreitado seus
olhos em Ramsey antes de mudar para ela.
― Tara, esses são meus amigos, ― disse Ramsey enquanto se
movia para ficar atrás dela. ― Aquele com o sorriso pateta é Arran
MacCarrick, e o outro atrás dele é Charon Bruce. E esta é Tara Kincaid.
― É um prazer conhecê-la ― disse Arran, estendendo a mão.
Tara olhou em seus olhos castanhos pálidos e devolveu o sorriso
para ele enquanto segurava sua mão. ― Igualmente.
Charon se moveu ao redor de Arran e estendeu a mão. ― Tara.
― Charon ― disse ela, apertando as mãos.
Ele estava estudando-a, Tara tinha certeza. O porquê, porém, era
o que ela não sabia. Charon não foi rude, mas estava reservado, quase
como se não confiasse nela.
Isso fez Tara sorrir, que por sua vez fez as sobrancelhas escuras
de Charon erguendo-se.
― Alguma coisa divertida? ― ele perguntou.
Ela olhou para as mãos ainda entrelaçadas e tirou as dela. ― Você
não confia em mim.

75
― Ramsey disse que você era capaz de ler as pessoas. Isso te in-
comoda que eu esteja... ressabiado?
Ela olhou para Arran para encontrá-lo observando-a atentamente.
― De jeito nenhum ― respondeu para Charon. ― Eu vou deixar vocês
rapazes para o café da manhã.
― Você não vai ficar? ― perguntou Arran.
Tara balançou a cabeça, desejando que tivesse sido Ramsey quem
perguntou.
― Preciso voltar ao castelo e aos meus deveres.
Enquanto caminhava para o quarto, sentiu três pares de olhos ob-
servando-a, e fez de tudo o que pôde para não olhar por cima do om-
bro para Ramsey.
Ela fechou a porta atrás dela e se recostou contra ela antes que
de fechar os olhos. Um suspiro escapou de seus lábios enquanto pen-
sava no beijo muito breve.
Ele estava prestes a aprofundar o beijo, mas se afastou para
anunciar que tinha visitantes. Como ele poderia ter sabido disso? Cha-
ron e Arran não tinham batido.
Tara franziu o cenho, mas percebeu que provavelmente estava
exagerando. Ela fazia isso constantemente e a isso a tinha mantido em
fuga. Talvez fosse hora de relaxar um pouco.
Ela afastou-se da porta e começou a desabotoar a camisa de
Ramsey. Suas roupas ainda estavam úmidas quando ela as vestiu de
volta, mas ela não ficaria nelas muito tempo.
Depois de fazer a cama e tentar mais uma vez arrumar seu cabe-
lo, Tara saiu do quarto para encontrar os três homens sentados à
mesa. Eles olharam para a chegada dela, mas ela se concentrou em
Ramsey.
― Eu limpei um caminho para o castelo, ― disse ele enquanto se
levantava.
Ela sorriu, odiando sair. Não só gostava da companhia de Ramsey,
mas gostava de como se sentia ao redor dele. E então havia a atração.

76
― Você pode ficar. Coma suas panquecas, ― ele ofereceu.
Tara respirou fundo e agarrou suas botas. Ela balançou a cabeça
lentamente enquanto calçava seus sapatos. ― Eu aprecio tudo, mas eu
preciso voltar.
― Claro.
― Espero que não saia por nossa causa ― disse Charon, com a
mão em volta de uma grande caneca de café.
Ela encontrou seu olhar penetrante. ― De modo algum. Tenho um
trabalho a fazer. Com um último olhar para Ramsey, Tara partiu antes
que decidisse ficar.
O frio a atingiu instantaneamente, e ela cruzou os braços sobre o
peito e caminhou o mais rápido que pôde para o castelo. A primeira
coisa que ela ia fazer era tomar um longo banho quente para aquecer.
Embora pensar no beijo de Ramsey definitivamente a estava ajudando
a suportar o frio.
***
Ramsey ficou junto à janela e seguiu Tara com os olhos até que
ela estivesse dentro do castelo. Ele lambeu os lábios, ainda sabore-
ando-a sobre eles. Ele nunca tinha experimentado algo tão maravilho-
so, e ele desejava outro beijo.
Um que lhe permitiria explorar Tara para seu prazer com sua boca
e suas mãos. Tinha sido um erro beijá-la, mas um erro que ele não re-
verteria se pudesse.
Ele olhou para o braço direito, onde as ondas de magia envolviam
até seu ombro. De alguma forma, ele conseguira manter isso escondi-
do de Tara, mas quanto mais ele a tocava, mais sua magia se mostra-
va.
― Ela é uma mulher maldita linda, ― disse Charon. ― Se soubés-
semos que estávamos interrompendo, não teríamos voltado.
Ramsey sacudiu a cabeça e se virou para os amigos. ― Estou feliz
que vocês interromperam. Não precisa ir mais longe do que já foi, o
que foi muito mais longe do que eu pretendia.

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Arran se recostou na cadeira e olhou para Ramsey. ― Por que
não'? Todos nós tivemos um inferno de uma vida graças a Deirdre. Por
que não, tomar um pedaço de felicidade e apreciá-lo?
Ramsey ergueu o braço. ― Isso é o porquê. Isso é por tocar seu
cabelo e beijá-la brevemente.
― O que isso significa? ― Perguntou Charon.
― Inferno se eu souber. Eu sei que se eu tocar sua pele, a magia
é mais forte e dura muito mais tempo. Fora isso, não tenho respostas.
Arran ergueu-se e agarrou o braço de Ramsey, onde as ondas
brancas de magia se espalhavam. Ele se afastou quase instantanea-
mente. ― Merda! Isso é magia forte.
― Isso pode ter algo a ver com você ser parte Druida. ― disse
Charon.
Ramsey assentiu com a cabeça. ― Ou o fato de que um momento
a magia de Tara é a mais forte que já senti, e depois a outra, uma das
mais fracas.
― Quando entramos mais cedo, isso pareceu forte para mim ―
disse Arran.
Charon coçou o pescoço, franzindo a testa. ― Sim, mas quando
ela veio ver Ramsey ontem e nos escondemos no quarto, eu mal pude
senti-la.
― Eu toquei muitas outras Druidesas no Castelo MacLeod e até
mesmo antes, e nenhuma delas me fez ter uma reação assim. ― disse
Ramsey.
Arran encolheu os ombros e apunhalou o garfo na pilha de pan-
quecas antes de jogá-las no prato. Ele sentou na cadeira e se afundou
enquanto pegava o mel. ― Talvez seja por isso que Declan a quer tan-
to.
― Talvez. Mas se sua magia vem e vai tão rapidamente, será um
grande risco que ele está tomando. ― Ramsey empurrou quatro pan-
quecas em seu prato antes de Charon e Arran comê-las todas.

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Charon enfiou um enorme pedaço na boca e encolheu os ombros.
― Talvez Declan saiba algo que não saibamos, ― Ele disse olhando
para o prato.
― Eu já considerei, isso ― disse Ramsey, virando o mel de cabeça
para baixo e cobrindo as panquecas completamente antes que Arran o
pegasse. ― Tara está se abrindo para mim, mas está indo mais deva-
gar do que eu gostaria. Nós não temos o tipo de tempo que demoraria
para ganhar a sua confiança.
Charon pousou o garfo. ― Você percebe que qualquer confiança
que você ganha dela será quebrada no momento em que ela descobrir
o que você é? Ela vai pensar que você a enganou, companheiro.
― Estou ciente disso, ― disse Ramsey com um profundo suspiro.
Era algo que o incomodava desde que ele viera pela primeira vez à Tor-
re de Dunnoth. ― Não conheço outro caminho.
― Diga a ela o que você é, o que somos. ― disse Arran.
Ramsey parou o garfo no meio de sua boca e apenas olhou para
Arran. ― Ela fugirá.
― Correr para onde? Você olhou para fora? Estou me certificando
de que Declan não chegue aqui, lembra?
Charon riu e disse, ― Arran tem um ponto. Diga a ela, e se ela fu-
gir, então nós a pegaremos.
― Você não entende o quanto assustada ela está. ― disse Ram-
sey.
Charon bufou. ― Oh, mas, companheiro, eu entendo. Fui uma vez
muito parecido com ela. Eu poderia não ter gostado da verdade, mas
ter mentido, mesmo por omissão, era muito mais difícil de levar.
Ramsey, seu apetite de repente desapareceu, abaixou o garfo até
o prato e olhou pela janela para o castelo. ― Se eu não lhe disser, ela
pode se abrir mais e me dar informações sobre sua família e quem ela
é. Se eu disser a ela, podemos esquecer de conhecer algo dela.
― Não ― disse Arran. ― Não é como se ela te contasse, o qual
ela pensa ser apenas um homem comum, sobre magia ou que sua fa-

79
mília são Druidas. Esse é um segredo que ela só compartilharia com al-
guém que entenderia.
Era uma situação de não-vitória que Ramsey estava, e ele não
conseguia encontrar uma saída sem incorrer no ódio de Tara.
Passou a mão pelos cabelos e levantou-se da mesa. ― Arran, li-
gue para Broc. Veja se ele pode tentar localizar Declan. Eu sei que De-
clan tem usado sua magia para se blindar, mas eu suspeito que Declan
esteja muito perto.
― Ok. ― disse Arran.
Charon terminou o último gole de café e deixou de lado a caneca.
― O que você vai fazer?
― Primeiro, vou tomar um banho. Então, vou falar com Tara.
― O único lugar para ela fugir se for tentar é, ou pela a estrada
ou através das terras. Estarei na estrada vigiando, ― disse Charon.
Arran jogou um braço sobre o encosto da cadeira e apertou os lá-
bios. ― Eu sei que sugerimos dizer a ela, mas você acha que deveria
fazer isso hoje?
― Por isso para fora só será pior para todos os envolvidos. ― dis-
se Ramsey.
― Fazer isso no meio do dia no castelo não é uma grande ideia
também, ― acrescentou Charon.
Ramsey inalou profundamente e se perguntou por que era tão di-
fícil para ele tomar uma decisão sobre qualquer coisa envolvendo Tara.
Ele nunca tinha tido um problema antes.
Fechou os olhos e pensou nela, procurando sua magia. Demorou
menos de meia batida de coração para ele sentir sua magia. Ela estava
em seu quarto. Ela parecia feliz, mas antes que ele pudesse obter uma
leitura decente de sua magia, isso desapareceu. Como se nunca hou-
vesse existido.
Ramsey olhou para seu braço direito e sabia que ela realmente ti-
nha magia. Mas o que estava ligando e desligando isso? A única manei-

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ra de saber isso era dizer a ela que ele era um Guerreiro e meio Drui-
da.
Ele rezou para ela não fugir, porque ele a pegaria e ela nunca o
perdoaria por isso. Com a decisão tomada, olhou para Charon e Arran.
― Será feito hoje, ― Ramsey disse a seus amigos antes dele ca-
minhar para seu quarto.

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CAPÍTULO ONZE

Declan permaneceu de pé na neve, sem se importar que ela, rapi-


damente, cobrisse a cabeça desprotegida. Não era como se temesse fi-
car doente. O Diabo tinha investido muito nele para um pouco de frio
fazê-lo adoecer.
― Eu olhei o relatório do tempo como você pediu,― Robbie disse,
sua respiração pesada depois de rastrear a neve densa.
― E?
― Eles estão tão perplexos como todo mundo, como de onde veio
este tempo.
― Como eu suspeitava. É mágico, disse Declan.
― Por quem?
― Alguém que não quer que eu alcance Tara.
― Poderia ser Tara?
Declan riu do absurdo de tal ideia. ― Eu aposto toda a minha for-
tuna que ela não aprendeu a controlar a magia dela mais do que quan-
do estava comigo.
― Então quem?
― Essa é a questão, não é?
Robbie encolheu os ombros. ― Não importa, primo. Não podemos
ir a lugar nenhum com a neve caindo tão pesadamente.
― Eu não tenho toda essa magia negra para nada. ― Declan vi-
rou-se para seu primo e sorriu. ― Acho que é hora de avançarmos. Eu
esperei muito tempo para ter Tara de volta sob meu controle.
― Quando você quer começar?
― Agora. Esta noite espero ter Tara e voltar para casa.

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Robbie sorriu e esfregou as mãos. ― Eu vou começar a escavar a
neve em torno do carro.
***
Tara não conseguia se lembrar da última vez que estivera tão feliz
e quase despreocupada. Por causa do tempo, os convidados tinham
decidido passar algum tempo quietos em seus respectivos quartos, que
servia a Tara perfeitamente.
Ela não podia parar de sonhar com Ramsey e seu beijo. Quando
ela lhe deu o beijo leve na bochecha, não imaginou que se transfor-
masse em um beijo. Mas ela estava tão feliz que tinha.
Fazia pouco mais de uma hora que ela saíra do chalé de Ramsey,
mas quando ele apareceu na frente dela, o estômago de Tara deu um
salto mortal.
― Eu preciso falar com você. ― disse ele.
Tara lambeu os lábios nervosamente quando notou a seriedade de
sua expressão. ― Claro.
― Em algum lugar particular, se você tiver tempo.
― Sim. Está bem. Eu... Eu terminei tudo no momento, então você
quer falar agora?
― Eu quero.
Tara levantou-se, mas quando o fez ele soltou um suspiro áspero
quando seu telefone vibrou.
Ele olhou para o telefone e disse: ― Dê-me só um momento.
Ela assentiu e ele atendeu na frente dela.
― Aye? ― Ele disse.
Tara podia ouvir o timbre profundo de uma voz masculina, mas ela
não conseguia entender as palavras. O olhar franzido de Ramsey se
aprofundou ainda mais durante a conversa.
― Tem certeza? Existe alguma coisa que Arran possa fazer para
parar o que esteja interferindo?

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Tara tinha escutado conversas antes, quando pensou que Declan a
poderia tê-la encontrado, e embora soubesse que era errado fazê― lo,
ela estava ansiosa demais para saber o que tinha perturbado Ramsey
tão drasticamente.
― Merda. Você sabe o que isso significa? ― , Ele perguntou ao in-
terlocutor.
Houve uma resposta monossilábica que fez Tara entender que sig-
nificava que o interlocutor tinha entendido.
― Eu ia conversar com Tara.
A menção de seu nome a fez erguer o olhar para Ramsey para en-
contrá-lo observando-a. Qualquer coisa que ele tivesse a dizer para ela
não seria agradável.
Ela engoliu o amontoado de pavor em sua garganta e desejou que
pudesse ter desfrutado seu dia um pouco mais, um dia que começou
maravilhosamente, mas que ela suspeitava que terminaria mal.
― Eu irei, ― Ramsey disse, e terminou a chamada.
― Acho que não são boas notícias ― disse Tara.
Ramsey sacudiu a cabeça. ― Não.
― Eu não vou gostar dessa nossa conversinha, não é?
Novamente ele balançou a cabeça.
― Pode esperar?
O olhar de Ramsey rapidamente se moveu para o chão antes de
dizer: ― Não.
― Então vamos continuar com isso. O quarto atrás do escritório
da Liz deve ser bom o suficiente para privacidade.
― Na verdade,― Ramsey disse, parando-a. ― Eu estava pensan-
do em meu chalé.
― Vamos então.

84
Tara observou Ramsey caminhar até o armário de casacos e pegar
o dela. Ele vestia jeans desbotados, botas pretas pesadas e camiseta
verde escura com a triquetra1 celta prateada que cobria o seu ombro
esquerdo todo e descia pela manga.
Ela permitiu que ele a ajudasse em seu casaco e então ela cami-
nhou através da porta que ele mantinha aberta para ela. O trajeto que
tinha sido limpo não era bastante largo para eles andarem lado a lado,
assim ela permaneceu atrás dele.
Seu olhar absorveu seu atraente traseiro e a forma como seus ca-
belos, soltos novamente, moviam-se ao redor de seu rosto e ombros
enquanto a neve se enroscava em suas mechas escuras.
Tara estava excitada para ficar sozinha com Ramsey novamente,
mas ele a advertira que ela não iria gostar do que ele tinha a dizer.
Como de costume, sua mente viajou pelo que poderia ser. Qualquer
coisa desde sua família até Declan, e até mesmo para os Guerreiros
que a encontraram em Edimburgo.
Embora ela tendesse a pensar no pior resultado possível, ela tam-
bém gostava de especular sobre o que ela esperava que acontecesse.
O que a fazia pensar que talvez Ramsey quisesse pedir desculpas pelo
beijo e dizer-lhe que nunca mais poderia deixar isso acontecer de novo.
Se fosse esse o caso, ela ficaria mortificada, mas a ansiedade que
torcia o estômago em nós se afrouxaria e ela poderia ficar em Dunnoth
mais alguns dias pelo menos.
Logo eles chegaram ao chalé. Ela entrou, rapidamente envolvida
pelo calor. Ramsey estendeu a mão para seu casaco, mas se ela tivesse
que fazer uma saída rápida não queria ser pega no frio sem ele nova-
mente.
― Vou mantê-lo.― ela disse.
Ele assentiu e então apontou para o sofá. ― Quer se sentar?
― Eu gosto de ouvir minhas más notícias de pé.

1
Originário das tradições Celtas, representa as três faces da Grande Mãe, a energia criadora do universo, cujas três faces são a Virgem, a Mãe e a
Anciã.

85
Ela não queria soasse tão dura, mas quanto mais observava Ram-
sey, mais o nó no estômago dela se apertava até que ela pensou que
iria vomitar.
― Tara...
― Apenas me diga, ― ela o interrompeu.
Ele passou a mão pelos cabelos, linhas sombrias entrecortando a
boca. ― Você me perguntou por que eu vim para a Torre Dunnoth. Eu
disse que estava procurando algo.
Tara tentou engolir, mas sua garganta não funcionava. Ela soube
naquele instante que ele estava procurando por ela. E ela tinha se sen-
tido segura com ele, ela o deixou abriga-la na noite anterior.
― Você encontrou ― disse ela.
Ele deu um rápido aceno de cabeça. ― Eu sou... Tara, eu sou...
Ela revirou os olhos e bateu as mãos nas pernas. ― Apenas cuspa
isso.
Tara não sabia por que não tinha corrido para a porta. Talvez fos-
se porque ela queria saber quem tinha contratado Ramsey ou por que
ele não a tinha amarrado e trancado em seu quarto até que a nevasca
passar.
Talvez ela só quisesse saber por que ele a beijara.
Em vez de contar a ela o que ele estava prestes a dizer, estendeu
o braço, a palma para a lareira. Um segundo depois, uma explosão de
magia irrompeu de sua mão e quebrou o castiçal de vidro na lareira.
Tara tropeçou para trás até que colidiu com a parede atrás dela.
Seus olhos olharam dos pedaços quebrados de vidro para Ramsey.
― Eu queria te dizer, ― ele disse.
Ela tentou acalmar seu coração acelerado. Seu único recurso era
mentir, porque não podia admitir a verdade. Não para Ramsey. Não
para ninguém. ― Eu não sei do que você está falando.

86
A tristeza no rosto dele se evaporou, substituída pela raiva fria. Ele
andou em sua direção, fazendo com que ela se pressionasse contra a
parede.
― Sério? Você quer mentir?
Ela encolheu os ombros.
Ramsey se inclinou até que seu rosto estava a centímetros do dela
e ela podia ver a faixa de prata escura ao redor de sua íris. ― Eu sei
que você tem magia, Tara. Eu sei que você é uma Druidesa.
E então colocou um dedo em cima de sua mão.
Confusa, ela olhou para baixo e ofegou enquanto umas linhas de
fumaça branca enrolavam-se ao redor do dedo grosso de Ramsey para
sua mão, em torno de seu pulso, e acima de seu braço.
― Isto é o que acontece quando eu te toco, ― ele sussurrou.
Tara estava hipnotizada pelas linhas brancas que continuavam a
circundar Ramsey. Elas se originaram dela, mas quando ela afastou sua
mão, as linhas permaneceram com Ramsey.
― Tente mentir para mim agora.
Seus olhos se moveram para os dele. ― É por isso que você acha
que eu tenho magia?
Podia jurar que ouviu um rosnado quando ele apoiou as palmas
das mãos de cada lado da cabeça dela. ― Eu posso sentir sua magia,
Druida. Foi o medo em sua magia que me enviou lá fora procurando
por você na noite passada.
― Sentir?
Seu coração caiu em pânico. Havia apenas um tipo de ser que po-
deria sentir Druidas... Guerreiros. Com o sangue agora gelado em suas
veias, Tara olhou ansiosamente para a porta. Se ela pudesse alcança-
lo, ela poderia ser capaz de fugir.
― Aye,― ele disse suavemente. ― Eu vejo que você juntou tudo,
Tara. Eu sou um Guerreiro, mas eu também sou um Druida.
― Isso não é possível.

87
― Oh, mas é.
Tara sacudiu a cabeça. ― Eu não me importo com o que você é,
apenas me diga quem mandou você.
Ele piscou e olhou para ela estranhamente, como se acabasse de
perceber que ele a tinha presa à parede. Ramsey deixou cair as mãos e
deu alguns passos para trás.
Tara respirou profundamente. Ela podia se sentir um pouco me-
lhor sem o corpo de Ramsey tão perto dela, mas ela não se sentiria re-
motamente segura até estar tão longe de Ramsey quanto pudesse.
― Declan mandou você? ― perguntou ela.
Ramsey balançou a cabeça e se abaixou lentamente em uma ca-
deira. ― Há muito que você não sabe. Eu deveria ter começado pelo
início.
― Eu sei o que é um Guerreiro. Vários me atacaram em Edimbur-
go.
― Não, ― ele disse, seu olhar intenso. ― O marrom tinha sido en-
viado por Deirdre para trazê-la a ela para ser morta. Os outros são
meus amigos. Temos uma vidente no Castelo MacLeod, e ela viu o que
iria acontecer. Os outros estavam lá para impedir Malcolm, não para te
fazer mal.
― Você espera que eu acredite em você?
― Espero que você escute o que eu tenho a dizer antes de come-
çar a fugir novamente. Declan está perto, Tara. Muito perto. Nossa vi-
dente, Saffron, teve uma visão de Declan encontrando você, e de algu-
ma forma eu estava envolvido. Fui enviado para protegê-la de Declan.
Tara olhou para baixo para esconder as lágrimas que tinham se
reunido em seus olhos. Queria acreditar nele, porque significaria que
não estava mais sozinha no mundo. Mas para acreditar nele, ela teria
que confiar nele, e ele já provara que era um mentiroso.
― Arran criou a nevasca para manter Declan afastado. ― conti-
nuou Ramsey.

88
― Arran? ― perguntou, levantando a cabeça. ― Oh Deus. Arran e
Charon são Guerreiros também?
Ramsey esfregou o queixo e assentiu timidamente. ― Nosso líder,
Fallon MacLeod, não gostou que eu viesse sozinho. Então ele enviou
Arran e Charon para me ajudar a vigiar as coisas.
Tara deslizou pela parede até que estava sentada no chão, os joe-
lhos contra o peito. Seu estômago se revirou com náuseas, depois de
tudo o que ouvira.
Ela não sabia no que acreditar ou o que fazer.
― Estou aqui para protegê-la de Declan, Tara.
Ela levantou o olhar para encontra-lo olhando para ela, uma súpli-
ca silenciosa em seu rosto. Ele era tão malditamente magnifico. Doía
pensar que ela colocado tanta fé nele.
Tara segurou seu estômago e rastejou até ficar em pé. Ela correu
para a porta, mas em um borrão Ramsey estava repentinamente em pé
na frente dele, bloqueando a sua saída.
― Se você não acredita em mais nada, acredite que eu não dese-
jo que você se machuque. Eu tinha muitas oportunidades para tomá-la
se fosse essa a minha intenção. Mas eu fiz.
― Mova-se. ― ela exigiu.
Para sua surpresa, ele o fez, mas hesitantemente. Tara não des-
perdiçou um segundo se afastando dele. Sua mente estava muito con-
fusa para pensar direito.
Ela precisava ficar sozinha, pensar cuidadosamente sobre tudo o
que aprendera e tudo o que sabia. Um olhar para o céu mostrou que a
neve tinha diminuído, mas ainda estava caindo.
Arran criara a neve a pedido de Ramsey. Se Arran pudesse contro-
lar o tempo, então o que poderiam Ramsey e Charon fazer? E ela que-
ria mesmo descobrir?
Tara entrou no castelo e foi direto para seu quarto. Ela afundou
cansadamente sobre a cama, sua mente entre o beijo de Ramsey e
descobrindo que ele era um Guerreiro.

89
E um Druida.
Ela caiu de volta na cama e cobriu os olhos com o braço. Como
ela conseguia sempre se meter em situações tão horríveis?

90
CAPÍTULO DOZE

Ramsey lutou contra o impulso de seguir Tara. Ele precisava que


ela entendesse por que ele estava lá e que ele não era um homem
mau. No entanto, ele tinha visto a raiva em seus olhos, a fúria e a des-
confiança.
Seus lindos olhos azul-esverdeados nunca mais o encarariam com
paixão e desejo, disso ele tinha certeza.
Com um suspiro resignado, Ramsey sentou no sofá enquanto
olhava fixamente para a frente, revendo sua conversa com Tara repeti-
das vezes.
Ele não tinha ideia de quanto tempo ficou sentado lá quando a
porta se abriu e Arran entrou no chalé.
― É estranho que Tara esteja fazendo quase a mesma coisa em
seu quarto? ― Arran perguntou.
Ramsey inclinou-se para a frente e esfregou uma mão pelo rosto.
― Ela não aceitou isso bem.
― Já deduzi isso. ― disse Arran sem rodeios. Ele sentou na ca-
deira perto de Ramsey e balançou a cabeça. ― Eu sinto muito, mas eu
ainda acredito que foi a coisa certa a fazer.
― Foi. ― Ramsey não gostava de admitir, mas era a verdade. ―
Tentando continuar a mentir para ela e impedi-la de descobrir que eu
sou um Guerreiro só teria ficado mais difícil.
― Especialmente depois daquele beijo.
Ramsey olhou para a mão onde as linhas de magia estavam de-
saparecendo lentamente. ― Aye.
― Isso não significa que você não possa cortejá-la, meu amigo.
― Isso é exatamente o que isso significa. Como você está lidando
com a neve? ― Ramsey perguntou, mudando deliberadamente o as-
sunto.

91
Arran encolheu os ombros. ― Está cada vez mais difícil. É Declan.
Eu sei disso. Sua magia negra é forte, mas ele não será capaz de parar
a neve completamente.
― Ah, mas se diminuir, limparão as estradas e ele fará seu cami-
nho até aqui. ― disse Ramsey.
― Infelizmente, você está exatamente certo. Você acha que pode-
ria acrescentar sua magia ao meu poder?
Ramsey ficou tão surpreso com o pedido que só pôde encarar Ar-
ran. Finalmente ele balançou a cabeça. ― Nay. E não pergunte nova-
mente.
― Por quê?
― Não importa o porquê. Não pode ser feito. Ramsey se levan-
tou, mas Arran rapidamente se levantou para bloquear sua retirada.
Arran estreitou os olhos enquanto cruzava os braços sobre o pei-
to. ― Você nos diz há apenas dias que você é meio Guerreiro, meio
Druida, e então não se preocupa em explicar por que você não pode
adicionar sua magia ao meu poder quando Declan está atrás da garota
que estamos aqui para proteger.
― Arran...― Ramsey ia tentar convencer seu amigo a deixar para
lá, mas percebeu que seria uma tentativa fútil. Arran não desistiria de
tentar descobrir o que ele estava escondendo.
― Quão ruim pode ser? ―
Ramsey bufou. ― O que você sabe sobre os Druidas de Torra-
chilty?
― Só o que você nos disse, que eles eram muito poderosos e fe-
chados em si mesmos.
― Nós éramos os Druidas Guerreiros, Arran. Não era apenas nos-
sa magia que era forte. Éramos separados de outros Druidas, porque
só os homens podiam controlar a poderosa magia que corria por nós.
Arran deixou cair os braços para o lado, percebendo o amanhe-
cer. ― Essa magia ajudou em suas habilidades de luta.

92
― Sim. Apenas uma vez eu tentei usar toda a extensão da minha
magia com meus poderes. O resultado foi... horrendo.
― Eu não entendo. Você usou sua magia para ajudar a despertar
Laria, e então novamente para destruir Deirdre na batalha final.
― Com grande custo para mim. Eu usei somente uma porção de
minha magia cada vez, e tomou toda minha concentração para impedi-
la de expandir como queria fazer.
― Contanto que você não chame seu deus, você deveria estar
bem.
Ramsey sacudiu a cabeça. ― Não é tão fácil. O sangue do Torra-
chilty percorre minhas veias, mas também o sangue do deus. É mistu-
rado.
― Oh, inferno. ― Arran esfregou a parte de trás do pescoço
quando ele começou a andar. ― Os outros sabem?
― Não. Ninguém precisa saber se eu mantiver tudo sob controle.
Arran parou de andar de um lado para o outro e encarou Ramsey.
― Essa mistura que você tem, é a razão pela qual você quis vir sozinho
lutar contra Declan.
Ramsey não negou. Não havia necessidade. ― Aye. Eu sou a me-
lhor vantagem que temos para pegá-lo, mas eu não poderia fazer isso
e permitir que qualquer outra pessoa fosse prejudicada.
― E Tara?
― Eu sabia que depois de olhar para Declan e para mim, ela fugi-
ria. Não importava se ela voltasse comigo para o castelo de MacLeod,
só que Declan não a prendesse
― Merda ― disse Arran, virando a cabeça para olhar pelas jane-
las. ― Você pode ser capaz de pegar Declan sozinho, Ramsey, mas
você vai precisar de alguém para cuidar de suas costas porque Declan
não estará sozinho. ― Ele se virou para Ramsey. ― Além disso, Charon
e eu não somos exatamente fáceis de matar.
― Você sabe tão bem quanto eu que a magia pode prejudicar um
Guerreiro. Vimos o que aconteceu com Galen e Broc. E o Duncan.

93
Ramsey odiava citar seu amigo há muito morto, mas ele tinha um
ponto a provar e quanto mais rápido Arran compreendesse, melhor.
― Declan poderia matá-lo. ― disse Arran.
― Ele pode. Mas você e Charon irão tirar Tara daqui.
Arran olhou para o chão e balançou a cabeça lentamente, um
sorriso irônico em seu rosto. ― Você tem tudo planejado.
― Eu tenho. Nós não sabemos por que Tara é tão importante ou
porque ela continua a aparecer nas visões de Saffron, mas é ela que
precisa ser salva.
― E você não?
Ramsey encolheu os ombros. ― Declan é um flagelo sobre esta
terra, Arran. Eu daria a minha vida de boa vontade se isso significasse
que ele iria morrer.
― Que diabos está acontecendo? ― perguntou Charon da entrada
da cozinha.
Ramsey respirou fundo e encontrou o olhar furioso de Charon. ―
Estou explicando meu plano a Arran.
― O que ele está fazendo é tentar me convencer de que pode
pegar Declan sozinho ― disse Arran.
A sobrancelha escura de Charon ergueu-se lentamente. ― Você
não pode ser tão idiota, Ramsey.
― Oh, mas ele é ― Arran apressou-se em dizer.
Ramsey levantou um ombro para responder a Charon.
― É por causa de sua magia? ― perguntou Charon.
O mais rápido possível, Ramsey repetiu tudo o que dissera a Ar-
ran. Quando terminou, Charon estava sentado à mesa com uma ex-
pressão de surpresa no rosto.
― Merda. Isso é bom e ruim. Obviamente, concordo com Arran.
Não vou permitir que você lute com Declan sozinho.

94
― Você deve,― Ramsey disse. ― Ele tem as balas X90 que po-
dem matar cada um de vocês instantaneamente.
Arran sorriu enquanto abria uma Coca-Cola. ― Se o seu bando de
mercenários for rápido o suficiente, talvez. Não pretendo ser tão lento
assim.
Charon riu e acenou com a cabeça para Arran. ― Eu gosto do seu
pensamento. Esses mercenários são apenas mortais. Eles não têm ma-
gia, nem poder. Apenas armas que essas, ― disse ele enquanto esten-
dia suas mãos e suas garras de cobre estendiam das pontas dos dedos,
― podem facilmente fatiar.
― Preferia que os dois levassem Tara o mais longe possível daqui
― disse Ramsey.
― Vamos tentar convencê-la antes que Declan chegue, mas eu
quero lutar com aquele bastardo.
Arran concordou com a cabeça, um sorriso malicioso puxando
seus lábios. ― Eu não consegui minha chance em Declan na última ba-
talha. Estou ansioso para tomar seus mortais.
Ramsey sabia que era inútil tentar conversar com seus irmãos so-
bre o que ele queria. Eles eram Guerreiros, highlanders que não sabi-
am o significado de fugir.
Eles eram Guerreiros porque eram os mais fortes, os melhores, os
invencíveis de suas linhagens.
Ramsey olhou para a janela para ver que a neve não passava de
uma leve de rajada. ― A magia de Declan está vencendo, mas ele não
será capaz de deter a neve de Arran. Caiu o suficiente para ele vai le-
var, talvez, um outro dia para chegar aqui, dois se tivermos sorte.
― Nós nunca temos essa sorte. ― , acrescentou Charon.
― Seja como for, Tara não confia em mim agora. Duvido que ela
me permita chegar perto o suficiente para falar com ela, mas todos nós
temos que vigiá-la e ao castelo. Quero tanta advertência da chegada
de Declan quanto eu possa ter.

95
Arran inclinou-se contra o balcão e deu de ombros. ― Sentiremos
sua magia o bastante cedo. Nem mesmo sua habilidade de encobrir a
si mesmo vai parar c isso.
― Então usamos isso em nossa vantagem. ― Ramsey se apoiou
na parte de trás da cadeira com as mãos. ― Arran, já que você pode
controlar a neve e o gelo, fique fora da vista de Declan, mas use seu
poder contra ele e seus homens. Charon...
― Eu vou fazer a minha coisa.
Ramsey assentiu com a cabeça. ― E eu vou fazer a minha.
― Qual é exatamente a sua? ― perguntou Charon.
― Meu poder é manipular a massa, mas eu tenho que tocá-la pri-
meiro. O que significa que eu posso transformar os rifles do mercenário
em chocalhos do bebê se eu quiser.
Charon jogou a cabeça para trás e riu. ― Eu não posso esperar
para ver isso. Mas você tem que tocar a arma?
― Sim. Não há como evitar isso.
― E sua magia? ― perguntou Arran.
Ramsey não tinha uma resposta para eles, pelo menos não um
que eles gostariam. ― Teremos de esperar para ver.
― Eu desejaria que você tivesse aprendido exatamente o que
essa mistura de magia e poder poderia fazer, ― disse Charon. ― Não
saber poderia ser prejudicial.
Ramsey tinha aprendido em primeira mão quão prejudicial sua
mistura de magia e poder poderia ser. ― Um Druida Torrachilty apren-
de a partir do momento em que pode falar sobre sua magia. É muito
difícil de controlar desde o início, mas eventualmente nós dominamos
isso.
― A menos que você tenha um deus primitivo dentro de você
que amplifique suas emoções e qualquer outra coisa. ― disse Arran em
voz baixa.

96
― Sim. É por isso que eu não uso o meu poder ou minha magia
muito. Qualquer um dos dois pode facilmente ficar fora de controle se
eu não me concentrar.
― Diga-me, ― Charon disse, ― Por que só os homens receberam
a magia?
― Porque éramos os únicos capazes de suportar a força dela. Al-
gumas mulheres nasceram com nossa magia, mas a elas não era per-
mitido viver.
O rosto de Arran era uma máscara de horror. ― Por quê?
― Porque elas ficavam loucas pela magia.
― Maldição, ― resmungou Charon. ― Então você é o Druida
mais poderoso que temos no Castelo MacLeod?
Ramsey não estava pronto para pontuar que Charon disse “nós”.
Isso veio de um Guerreiro que se manteve longe dos MacLeods até
aquela batalha final com Deirdre.
― Eu sou. Apesar da magia de Deirdre, acredito que os Druidas
Torrachilty poderiam ter terminado com ela séculos atrás.
― Por que eles não fizeram?
― É o que eu gostaria de saber.
Arran jogou a lata de Coca-Cola vazia no lixo. ― Eu digo que co-
mecemos a procurar. Estou tão curioso quanto você para saber o que
aconteceu a um grupo tão poderoso de Druidas. Meu primeiro pensa-
mento é Deirdre, mas você nunca sabe.
Ramsey mudou de pé a pé e olhou para o castelo. ― Primeiro,
vamos nos concentrar em Tara e Declan.
O som de uma cadeira recuando chamou a atenção de Ramsey.
Charon se levantou e encontrou seu olhar por vários longos momentos.
― Deixe-me falar com Tara. ― disse Charon.
A ideia de um homem, qualquer homem, seja mortal ou Guerrei-
ro, sozinho com Tara fez Ramsey arrepiar. Mas eles precisavam conven-

97
cer Tara a não lutar contra eles, e se Charon ou Arran fosse capaz de
fazê-lo, então Ramsey não iria objetar.
― Ok.
Charon assentiu antes de sair do chalé.
Arran ficou ao lado de Ramsey e disse: ― Se ele falhar, vou ten-
tar falar com Tara. Ela pode não gostar de nós, mas no final, só preci-
samos dela para ser cooperativa.
O problema era que Ramsey a queria muito mais que cooperati-
va. Ele a desejava como no dia anterior, flertando e olhando para ele
como se não conseguisse parar de olhar.
Mas isso se fora.

98
CAPÍTULO TREZE

Castelo MacLeod

Galen encarou as pessoas que agora eram sua família enquanto


olhavam fixamente para ele em torno da longa mesa no grande salão.
Dez Guerreiros, incluindo a única Guerreira e esposa de Fallon, Larena,
assim como onze Druidesas, e esperavam que ele falasse.
Foi Reaghan quem tocou sua mão e deu-lhe um sorriso encoraja-
dor. Sua esposa o ajudara a fazer a pesquisa sobre os Druidas de Tor-
rachilty e compilar a informação.
― Não terminamos de ver as informações sobre os Druidas de
Torrachilty― , disse Reaghan. ― Porém, achamos importante comparti-
lhar com todos o que aprendemos até agora.
Quinn, o irmão mais jovem dos MacLeod, apoiou um antebraço
na mesa e perguntou: ― Há tanta informação?
― Surpreendentemente, sim ― respondeu Galen. ― Graças às
conexões de Saffron pudemos ver páginas digitalizadas de textos anti-
gos que muitos nem mesmo sabem que existem.
Saffron olhou ao redor da mesa. ― Em outras palavras, esses li-
vros são altamente valorizados e uma vez comprados nunca são vendi-
dos novamente. Eles não se veem um museu, e são mantidos em am-
bientes controlados onde ninguém toca uma página com suas mãos.
Eles nem sequer me permitiram ver os livros, mas eles se ofereceram
para digitalizar algumas páginas para nos ajudar.
― Agradeça-os por nós. ― disse Fallon.
― Eles ficaram bem agradecidos. ― Camdyn, marido do Saffron,
murmurou.
Houve um coro de risadas, porque todos sabiam que Saffron ha-
via enviado meia dúzia de champanhe Cristal e uma caixa de charutos
Macanudo aos donos do livro.

99
Galen estava agradecido de que alguém como Saffron, uma mul-
timilionária, tivesse as conexões e os meios para obter a informação
que de outra forma teria tido que roubar.
― O que você descobriu? ― Hayden perguntou.
Galen olhou para seu companheiro Guerreiro e se mexeu em seu
assento. ― Os Druidas Torrachilty foram exterminados por Deirdre.
― Maldição, ― Broc xingou, e balançou a cabeça.
Logan levantou os olhos cor de avelã para Galen e perguntou: ―
De uma vez como Deirdre fez com o clã MacLeod?
― Não ― respondeu Reaghan. ― Parece que os machos deixa-
ram a floresta de Torrachilty algumas vezes para matar Deirdre.
― Espere ― interveio Ian antes que ela pudesse continuar. ―
Isso foi antes ou depois de Ramsey ter sido levado?
Galen olhou para a mesa e soltou um suspiro. ― Depois. Pelo que
descobrimos, eles sabiam exatamente o que aconteceu com Ramsey, e
pretendiam trazê-lo de volta de Deirdre.
― O nome de Ramsey aparece em qualquer uma das páginas di-
gitalizadas? ― Perguntou Larena.
Reaghan sacudiu a cabeça de cabelos crespos ruivos. ― Infeliz-
mente não. O que é mencionado mais e mais é a palavra mac.
― O que significa filho. ― disse Isla.
Galen assentiu lentamente. ― Há também menção que eles não
só sabiam que sua linha tinha um deus através dela, mas eles sabiam
exatamente quem o deus escolheria.
― Ramsey ― disse Marcail.
Lucan inclinou-se para a frente e disse: ― Você disse que esses
Druidas eram Druidas guerreiros. Que eles eram muito temidos. Como
perderam contra Deirdre?
Galen deu de ombros e abriu as mãos. ― Não faço ideia. Tudo o
que diz é que eles saíram para lutar. Quando aqueles Guerreiros não
voltaram, mais foram. Continuou assim até que o grupo passou de vá-

100
rias centenas a algumas dúzias. Quando tudo o que restava era um pu-
nhado de Druidas, fêmeas e crianças, Deirdre atacou e matou-os.
― Ramsey sabe tudo isso? ― perguntou Cara.
Saffron sacudiu a cabeça, seu olhar se movendo de Camdyn para
Cara. ― Ele não. Quando acordou Laria, ele disse que queria saber o
que tinha acontecido com seu povo.
― Está certo. Ele disse. ― disse Camdyn.
Sonya enfiou uma mecha de cabelo ruivo encaracolado atrás da
orelha. ― Acho que devemos continuar a descobrir mais. Ramsey me-
rece saber sobre seu povo e sua família.
― Eu concordo, ― Gwynn disse suavemente, seu sotaque texano
acentuado. ― Mas como Saffron, eu tive um conflito pessoal com De-
clan. Ramsey pode realmente pegá-lo sozinho?
― Eu não arriscaria. ― Fallon respondeu. ― Charon e Arran estão
lá, e eles me chamarão se houver problemas. Eu posso ter todos eles
de volta aqui num piscar de olhos.
Dani limpou a garganta para chamar a atenção de todos. ― Tudo
bem, Fallon, e todos nós como quando você pode se teletransportar,
mas leva tempo para fazer esse chamado. Se eles estão lutando com
Declan não terão esse tempo.
Lucan virou a cabeça para olhar para Fallon que se sentava ao
lado dele. ― Quando foi a última vez que você falou com Ramsey ou os
outros?
― Arran ligou no início desta manhã ― Fallon respondeu. ― Pare-
ce que Declan tinha falado de alguma forma na mente de Tara, então
Ramsey mandou Arran trazer a neve.
― Eu sabia que era Arran quem fez nevar. ― Ian disse com uma
risada.
Hayden esfregou o queixo, pensativo. ― Com a quantidade de
neve caindo, ninguém está se movendo lá em cima. Foi uma escolha
sábia, mas então Ramsey sempre toma boas decisões.
― Sempre. ― concordou Logan.

101
Broc pousou as mãos na mesa e perguntou: ― E agora? Continu-
amos a esperar?
― Eu tenho uma boa vantagem sobre o pergaminho oculto que
estamos procurando, ― disse Larena. ― Enquanto Galen e Reaghan
continuam suas pesquisas, nós ainda estamos procurando este perga-
minho.
Hayden levantou-se e apoiou as mãos sobre a mesa. ― Tanto
quanto eu amo passar o tempo com Isla, não me sinto bem deixando
Ramsey, Charon, e Arran para enfrentar o que quer que esteja vindo
sozinhos. Eu vou atrás deles.
― Como eu ― disse Logan, depois de beijar Gwynn na bochecha.
Ian assentiu com a cabeça. ― Inclua-me nisso.
― E eu ― disse Quinn.
Fallon esfregou os olhos com o polegar e o indicador antes de
olhar para cada um dos homens e assentiu. ― Eu não quero que Cha-
ron ou Arran saibam que vocês estão lá, mas mais especialmente Ram-
sey. Vocês quatro só estarão lá como apoio.
― Entendido ― disse Hayden.
― Mas eu acho que é uma excelente ideia― , disse Fallon com
um sorriso. ― Eu gostaria de estar com vocês.
― Mas você é necessário aqui, meu amor,― Larena disse en-
quanto sorria para ele. ― Quem mais nos pularia de um lugar para ou-
tro?
Depois de um rápido beijo em Larena, Fallon gritou: ― Estejam
prontos em meia hora!
***
Tara disse a Liz que estava doente para ficar sozinha, e não tinha
sido uma mentira. Ela estava doente. Não apenas por tudo o que des-
cobrira sobre Ramsey, mas porque não podia sair. Ela estava essencial-
mente presa.

102
Uma leve batida em sua janela a fez erguer a cabeça de seu tra-
vesseiro para encontrar Charon fora, em pé, olhando para ela. Ela sabia
o que eram Guerreiros e como eles haviam surgido. Ela sabia que eles
eram imortais e tinham poderes individuais para cada deus.
Ela também sabia, e tinha visto, que a pele deles mudava para a
cor preferida do deus que estivesse dentro deles. Junto com presas e
garras.
Tara não sabia o que Charon estava fazendo. Se quisesse, pode-
ria forçar sua entrada. Com tudo o que ela sabia, seu poder era a habi-
lidade de atravessar paredes.
Mas ela não estava com disposição para ouvir qualquer coisa que
alguém tivesse a dizer, especialmente um Guerreiro. Ela abaixou a ca-
beça e fechou os olhos.
Um segundo depois houve uma batida mais alta e mais forte.
Tara bateu as mãos na cama e rosnou quando ela saltou da cama
para ficar em frente à janela. ― O quê? ― perguntou ela.
― Eu falarei com você. Me deixe entrar.
Ela balançou a cabeça para Charon.
― Tudo bem, ― ele disse calmamente. ― Nós podemos falar
através da janela.
― Oh, pelo amor de Deus ― murmurou Tara enquanto abria a ja-
nela. Ela apoiou as mãos no peitoril. ― Eu realmente não me importo
de ouvir qualquer coisa que você tenha a dizer.
― Na verdade, acho que sim.
Ele não tentou atravessar a parede, nem mentir. Sua simples afir-
mação fez o que era suposto fazer, atrair sua curiosidade.
― Ramsey mandou você?
Charon balançou a cabeça, seus olhos escuros se encontraram
com os dela. ― Não.

103
Com sua capacidade de ler as pessoas, Tara viu uma outra alma
que não confiava facilmente, alguém que poderia não ter fugido como
ela tinha, mas que se fechou para todos.
Ela afastou-se da janela, e ele rapidamente subiu. Uma vez den-
tro, ele fechou a janela e se apoiou contra ela. Ele não chegou perto
dela, quase como se estivesse saindo de seu caminho para fazê-la sen-
tir-se segura.
― Eu sei que você não confia em nós, ― disse ele. ― E você tem
todo o direito de não confiar. Tudo o que Ramsey disse foi a verdade.
Durante séculos, os Guerreiros do Castelo MacLeod vêm lutando contra
Deirdre, e mais recentemente Declan.
― Por quê?
Ele deu a ela um olhar direto. ― Por que você acha, garota? Por-
que Deirdre e Declan são maus, e eles devem ser parados. Os Guerrei-
ros lutam porque é no que eles acreditam, e nós ganhamos o dia com
a morte de Deirdre de uma vez por todas.
― Você continua dizendo 'eles'. Você não é um dos Guerreiros
dos MacLeod?
Ela observou como toda expressão deixava seu rosto. Seus olhos
ficaram fechados, e seu corpo inteiro enrijeceu ligeiramente. Ela tinha
atingido um nervo sem querer.
― Não, eu não sou.
― O fato de você estar aqui com dois daqueles Guerreiros me faz
pensar que você é um deles.
Charon balançou a cabeça, seu cabelo escuro e comprido, úmido
pela neve, movendo-se com ele. ― Você estaria errada. Depois de me
libertar de Deirdre, passei os últimos quatrocentos anos na minha al-
deia, protegendo meu povo. Eu não ajudei os MacLeods, e se não fosse
um desejo irresistível de ir às Ilhas Orkney, duvido que eu tivesse to-
mado uma posição contra Deirdre esta última vez.
Sua confissão atordoou-a, quase tanto quanto o conhecimento de
que ele estava dizendo para ela a verdade mesmo que não o colocasse
sob uma boa luz.

104
― Por quê? ― Ela perguntou novamente.
― Coisas aconteceram em Cairn Toul, Tara. Coisas que eu não ti-
nha controle por causa do meu deus. Eu devo viver com o que fiz. Eu
não acreditei que tivesse o direito de encontrar um lar ou um lugar
com os outros no Castelo MacLeod. Eu ainda não acredito, mas Fallon
me pediu para ajudar. Como eu poderia recusar quando eu sabia o que
estávamos enfrentando? A maioria dos Guerreiros lá são casados. Eu
não poderia ir embora e deixar um deles tomar o meu lugar.
Tara se abaixou sobre a cama e esfregou as mãos em suas coxas.
― Por que está me contando tudo isso?
― Porque você precisa saber quem somos.
Tara deixou escapar um suspiro e ignorou a dor de cabeça que
estava piorando.
― Ramsey não mentiu quando disse que ele foi enviado aqui pela
nossa vidente, Saffron. Ela viu Declan encontrar sua mãe e questioná-
la sobre você. Ela também viu Declan vindo para você e Ramsey estar
lá para ajudar. Você foi criada como uma Druidesa, você sabe a impor-
tância dos videntes.
― Como você sabe que eu fui criada como uma Druidesa?
Ele encolheu os ombros com indiferença. ― Ramsey e alguns ou-
tros visitaram sua família.
Os olhos de Tara se arregalaram quando ela cobriu a boca com a
mão. Ela não podia acreditar em tudo o que estava ouvindo. Fazia dez
anos que não via ou falava com a mãe, mas Declan e Ramsey a tinham
visto.
― Minha família sabia que Ramsey era um Guerreiro?
Charon deu um único movimento de cabeça. ― Nós tentamos re-
servar essa informação para poucos.
Ela olhou para o tapete, sua mente ainda mais confusa do que
antes.
― Você pode continuar fugindo, ― disse baixo Charon. ― Even-
tualmente, Declan vai te encontrar, mas você está ciente disso. Ou,

105
você pode ter uma chance e colocar uma pequena medida de sua con-
fiança em nós. Ramsey morrerá antes que ele permita que Declan pre-
judique um único cabelo em sua cabeça.
― Ele nem mesmo me conhece, ― ela disse, levantando os olhos
para Charon. ― Por que Ramsey se arriscaria tanto?
― Porque você goste ou não, seu destino está amarrado ao de
Ramsey.

106
CAPÍTULO QUATORZE

Ramsey olhou fixamente para o céu. Ele estava fazendo como Ar-
ran pediu e iria combinar sua magia com o poder de Arran. Era uma
coisa complicada que estavam prestes a fazer, e Ramsey preferiria não
fazê-lo.
Mas ele precisava de mais tempo com Tara, e a neve iria manter
Declan afastado.
― Pronto? ― Arran perguntou enquanto se aproximava.
Ramsey limpou os poucos flocos de neve de seus cílios. ― Não.
― Estamos tão longe do castelo quanto você nos deixou chegar,
meu amigo, e ainda estar perto o suficiente de Tara. Ou ficamos mais
distantes para manter todos a salvo no caso de você fique nuclear, ou
ficamos perto de Tara.
― Nuclear? ― repetiu Ramsey, virando a cabeça para Arran.
Arran sorriu e encolheu os ombros. ― Eu amo as palavras novas
que aprendi desde que saltei para a frente nesta época. As pessoas
neste tempo têm formas tão coloridas de expressar-se.
― Você tem assistindo muitos filmes com Dani e Ian.
O sorriso de Arran se alargou. ― Eles são fascinantes. Então.
Você acha que pode conter essa sua mistura de magia e poder?
― Não é como se eu tenha muito escolha, não é?
Ramsey esfregou as mãos e concentrou-se em sua magia. Havia
tanto tempo desde que ele tentara chamar apenas sua magia.
Ele passara seus anos imortais controlando seu deus e reprimindo
sua magia e poder para manter vivos aqueles ao seu redor. Ele sabia
que deveria ter aprendido seus limites sobre o que ele poderia fazer
com essa mistura dentro dele.

107
Agora, ele teria dias, se não horas, para aprender o que podia.
Ele deveria ter sabido que não cometeu um erro tão idiota. Ele deveria
ter sabido que havia uma razão para ter sobrevivido à tortura de Deir-
dre e sua montanha.
― Ramsey?
Ele piscou e acenou com a cabeça para Arran. ― Estou aqui.
― Não, você não está, não que eu não culpe você por se preocu-
par. Diga-me, quão grande era a sua magia antes de se tornar um
Guerreiro?
Uma lembrança brilhou na mente de Ramsey de estar na floresta,
cercado por sua família enquanto passava por mais um teste de sua
magia. Ele tinha sido enaltecido como um dos maiores Druidas de Tor-
rachilty desde sempre, sua magia tinha sido tão imensa.
Mas isso foi no passado.
― Eu era tão bom quanto qualquer um do meu povo.
Os lábios de Arran se contraíram quando ele grunhiu. ― Essa não
foi uma resposta, mas eu suspeito que é tudo que eu conseguir.
― Venha, Arran, antes que eu mude de ideia.
Na seguinte batida de coração Arran liberou o seu deus. Sua pele
ficou branca e longas garras brancas se estenderam de seus dedos.
Seus olhos, agora leitosos de canto a canto, viraram-se para Ramsey, e
ele sorriu, mostrando seus dentes.
― Estou pronto. Você está? ― Arran perguntou.
Ramsey queria apenas chamar a sua magia, mas cada vez que
sua magia lhe respondia, assim também fazia o seu deus. Não havia
maneira de contornar isso. Para usar um, ele tinha que usar o outro.
Com apenas um pensamento Ramsey chamou seu deus, Ethexia.
Ele olhou para baixo para ver que sua pele tinha se transformado no
bronze de seu deus e suas garras uma sombra mais escura. Ramsey
correu a língua por suas presas enquanto seu corpo inteiro vibrava com
a força da magia que ele havia chamado.

108
Normalmente, quando ele soltava seu deus, ele ignorava sua ma-
gia da melhor maneira que podia, mas desta vez foi totalmente diferen-
te. Ramsey podia praticamente sentir o estiramento da magia da ponta
do dedo à ponta do dedo e do topo da cabeça a solo dos pés.
Ela preencheu-o, fundindo-se com o poder de seu deus até que
Ramsey já não podia dizer onde um terminava e o outro começava. Era
uma sensação embriagadora, mas que também o enchia de tremores.
― Maldito inferno, ― Arran murmurou ao lado dele. ― Eu posso
sentir sua magia como eu faria com um Druida.
Ramsey abriu os olhos e viu-se sorrindo. Quando olhou para Arran
foi para ver como o Guerreiro se misturava com a neve enquanto ele se
destacava como um farol.
― Como é que eu nunca senti sua magia antes? ― Arran pergun-
tou.
― Porque eu a represei. Para não mencionar que sempre havia
outras Druidesas em torno de nós, então você presumiu que magia que
você sentia vinha delas.
― Ninguém nunca soube?
Ramsey se lembrou de uma vez em que Larena o questionou. ―
Larena suspeitou.
Arran balançou a cabeça, perplexo. Seu olhar se afastou de Ram-
sey e se concentrou no céu. Rajadas de neve começaram a girar em
torno dele. As nuvens inchavam como se quisessem derramar a neve,
mas eram impedidas.
Magia, potente e feroz, fluía pelo braço de Ramsey até a sua mão
enquanto colocava no ombro de Arran.
― Merda! ― Arran murmurou quando a magia e o poder muda-
ram de Ramsey para ele.
Os flocos de neve aumentaram quando caíam do céu, mas não
foi suficiente. Ramsey sabia que teria que usar mais de sua magia, e se
o fizesse, isso o colocaria além do limite seguro que sabia poder usar.

109
― Eu posso lidar com isso. ― disse Arran, como se estivesse len-
do sua mente.
Ramsey estava prestes a recusar, então pensou em Tara, do que
sabia que Declan era capaz de fazer, e sua decisão foi tomada. Ele libe-
rou mais magia.
Seu deus gritou em aprovação, e euforia encheu Ramsey com a
sensação de sua magia correndo através dele. Fazia tanto tempo. Es-
quecera-se de como se sentia bem, como era maravilhoso ter uma ha-
bilidade tão poderosa.
Ramsey fechou os olhos enquanto as lembranças de sua infância
o assaltavam. Memórias de sua família, de treinamento para ser um
dos poderosos Druidas de Torrachilty. De enfrentar o seu povo, saben-
do que sua magia excedia aqueles ao seu redor, e que estava dizendo
algo.
De repente, Ramsey foi atingido por trás e na neve densamente
compactada.
― Eu disse basta, porra ― gritou Charon ao seu ouvido.
Ramsey levantou suas mãos e tentou tirar Charon de suas costas.
― Saia de cima de mim.
― Não até que eu saiba que você controlou sua magia. ―
― Aye.
― Eu ainda posso sentir, Ramsey.
Ramsey parou e percebeu que ela se afastara dele como ele te-
mia. Ele tentou puxar sua magia de volta, e para sua fúria levou três
diferentes tentativas antes que que conseguisse.
Charon afastou-se dele e Ramsey levantou-se num salto. Ele no-
tou duas coisas ao mesmo tempo. Um, a neve estava mais uma vez
caindo espessa e rápida, e dois, Arran estava deitado na neve imóvel.
― Merda, ― Ramsey disse quando correu para seu amigo. Ele sa-
cudiu os ombros dele. ― Arran?
― Ele não se moveu desde que eu te derrubei ― , disse Charon.

110
Ramsey passou a mão pelo rosto, desejando não ter enviado
mais magia para Arran. ― É minha culpa.
― Sim, é, ― Arran disse, seus olhos ainda fechados como sua
pele branca e garras desbotadas. ― Me sinto como uma merda de ca-
valo.
Charon apoiou as mãos nos joelhos e se inclinou sobre Arran. ―
Você está ferido?
― Nada que não possa ser consertado. Os olhos de Arran se abri-
ram para olhar para Ramsey. ― Você foi quase nuclear. Você não podia
ouvir.
Ramsey deu uma rápida sacudida de cabeça. ― Agora vocês dois
sabem porque eu não gosto de usar minha magia.
Charon ajudou Arran a se levantar. ― Você fez o que tinha que
ser feito, e como Arran disse, ele é imortal. Ele vai ficar bem.
Ramsey levantou-se e seguiu-os de volta para o chalé. Eles esta-
vam quase chegando quando algo se moveu no ar. Ele parou e suave-
mente chamou os outros dois.
Charon e Arran se viraram, perguntas silenciosas em seus rostos.
― Vocês sentiram isso? ― perguntou Ramsey.
― Você quer dizer algo além da neve? ― Charon, perguntou sar-
casmo escorrendo de suas palavras.
Arran sacudiu a cabeça. ― Sinto muito, Ramsey, eu não senti
nada.
Quando Ramsey não respondeu, Charon olhou por cima do om-
bro de Ramsey e olhou ao redor.
― Onde você sentiu isso? ― perguntou Charon.
― Atrás de mim.
Arran moveu o ombro onde Ramsey o tinha segurado e franziu a
testa. ― Era Declan?

111
― Não ― disse Ramsey com um ligeiro movimento de cabeça. ―
Não foi Druida que eu senti. E foi diferente. Eu não posso apostar nis-
so.
Charon apertou as mãos ao lado dele. ― Você ainda sente isso?
― Levemente. Não acho que seja perigoso.
― Mas você sentiu. ― declarou Arran.
Charon afrouxou as mãos e bufou. ― Parece que sua mistura de
magia e poder será útil. Assim que descobrirmos o que é que você sen-
tiu.
***
― Juro que ele sabe que estamos aqui ― sussurrou Hayden a
seus amigos.
Fallon sacudiu a cabeça. ― Sem chance. Guerreiros sentem Drui-
das, não outros Guerreiros.
― Sim, mas Ramsey não é apenas um Guerreiro ― apontou Lo-
gan.
Ian suspirou. ― De qualquer forma, vamos ter que ficar escondi-
dos. Não quero que saibam que estamos aqui.
― Boa ideia ― disse Quinn. Ele se virou para Fallon e disse: ―
Pensei que Charon e Arran deveriam manter distância de Ramsey?
― Aparentemente, Ramsey tinha outras ideias ― disse Fallon. ―
Veja se você pode determinar o que eles estavam fazendo aqui fora tão
longe do castelo.
― Claro.
― Eu vou voltar amanhã, mas se você precisar de mim antes, li-
gue.
Quinn revirou os olhos e empurrou seu irmão. ― Saia daqui.
Quando Fallon voltou para o castelo, Quinn virou-se para os ou-
tros. ― Hayden, eu acho que você está certo. Acho que Ramsey sabe
que estamos aqui.

112
- Ou pelo menos que alguma coisa aconteceu. - disse Logan.
Ian assentiu. ― Poucos momentos depois de chegarmos, ele
para, e então Charon e Arran estão olhando para trás dele, para o exa-
to lugar em que estamos.
― Ramsey não acreditou que o que quer que fosse era perigoso
ou todos os três teriam investigado ― acrescentou Hayden.
Quinn olhou para o céu e a quantidade de neve caindo. ― Parece
que estamos no frio, companheiros. Vamos dividir em dois grupos. Ian,
venha comigo. Vamos dar uma olhada por aqui, assim como a estrada.
Ramsey disse que achava que Declan estava perto.
― Vamos encontrar o bastardo. ― disse Ian com um brilho exci-
tado em seus olhos.
― Logan e eu nos aproximaremos do castelo. ― disse Hayden.
Logan sorriu e disse: ― Nós chegaremos muito perto. Nós pro-
metemos.
― Quinn sorriu enquanto todos apertavam os antebraços. Eles ti-
nham estado juntos em suficientes batalhas para saber que qualquer
coisa poderia acontecer a qualquer momento. Eles estavam sempre
preparados, e nem uma vez que eles iam para a batalha sem dizer
adeus àqueles que se preocupavam.
Que incluía todos no castelo. Eles se tornaram uma família enor-
me, e como todas as famílias tiveram seus desentendimentos, mas o
mal que haviam lutado durante séculos os uniu profundamente.
Embora Fallon e Lucan fossem irmãos de Quinn por sangue, ele
considerava cada guerreiro no castelo seu irmão e cada druida sua
irmã.
― Hayden. Logan, ― ele chamou antes que pudessem se afastar.
― Há uma razão pela qual Ramsey queria levar essa missão sozinho.
Se ele descobrir que estamos aqui depois de enviar Charon e Arran, ele
provavelmente vai tentar ele mesmo sozinho pegar Declan mais tarde.
― Eu sei, ― disse Hayden, seus olhos negros sombrios. ― Pelo
menos aqui podemos ficar de olho nele e ajudar, se necessário.

113
Quinn assentiu. ― Exatamente.
― Estamos todos preocupados com Ramsey, ― disse Logan. ―
Ele não vai saber que estamos aqui.
Quinn observou-os se afastar, uma sensação de dúvida persisten-
te em sua mente.
― O que foi? ― perguntou Ian.
― Eu não sei. Ramsey não deveria ter percebido nossa chegada.
― Talvez haja mais na sua mistura de magia e poderes do que
sabemos.
― Suspeito que seja esse o caso. Esperemos que Ramsey não
faça nada estúpido.
O rosto de Ian se torceu. - Ramsey? Não. Ele é o último a fazer
algo irresponsável.

114
CAPÍTULO QUINZE

Ramsey ia fazer algo estúpido, Tara tinha certeza. Provavelmente


foi a conversa que Charon tinha tido com ela, ou talvez fosse a maneira
como os olhos prateados de Ramsey haviam segurado os dela, mas ela
sabia disso com tanta certeza quanto ela sabia que o mundo da magia
existia.
Embora tivesse medo e desconfiança dos Guerreiros, não havia
dúvidas de que Charon não lhe mentira. Tampouco Ramsey, se ela fos-
se honesta consigo mesma.
Ela não quis ver isso no momento em que ele estava tentando di-
zer a ela, mas ela tinha refletido sobre isso desde então.
Ainda assim, ela poderia confiar em um Guerreiro? E atreveria?
― Como não posso quando sei que Declan está chegando? ― Ela
murmurou.
Tara levantou-se da cama e pegou o casaco que tinha descartado
antes. Um olhar pela janela mostrou que a neve estava mais uma vez
caindo rapidamente. Ela amarrou seu cachecol confortavelmente ao re-
dor do pescoço e pegou as luvas antes de sair do quarto e então dei-
xou o castelo.
Em cada passo que a aproximava do chalé, só conseguia pensar
no beijo que Ramsey lhe dera. Não era como se tivesse sido seu pri-
meiro beijo. Ela tinha sido beijada antes. Não muitas vezes, ou mesmo
no ano passado, mas não havia razão para isso prender sua atenção da
maneira que prendia.
Especialmente depois de aprender sobre Ramsey. Não deveria im-
portar que alguém quisesse ajudá-la contra Declan, embora fosse ma-
ravilhoso não se sentir como se estivesse sozinha no mundo.
Mas isso não apagava as mentiras e omissões da verdade. Confi-
ando foi como ela sobreviveu. Sem confiança, não havia nada.
Havia o beijo.

115
Tara chutou a neve, odiando-se por voltar para o beijo novamen-
te. E não foi como se o beijo a tivesse derrubado.
Tinha sido suave, sensual. Mas ela tinha sentido sua fome e sua
paixão em seus lábios firmes. Bastava pensar nisso para fazer seu estô-
mago virar.
Se Ramsey pudesse fazê-la sentir assim com apenas um breve
encontro de seus lábios e língua, como seria se ele realmente a beijas-
se? Se suas línguas se entrelaçassem e ela o saboreasse como deseja-
va fazer?
E que Deus a ajudasse, ela queria desesperadamente descobrir.
― Eu sou tão patética, ― disse para si mesma. ― Patética e soli-
tária.
Aproximou-se do chalé e ouviu dentro o som das três vozes mas-
culinas. Tara parou um momento na porta enquanto tentava distinguir
o que estavam falando. Ela teve que pressionar sua orelha mais perto
da porta para ouvir.
― Pare de ser tão dramático, Ramsey ― disse Arran. ― Estou
bem.
― Você não está bem. Quase matei você.
― Você sabe que é preciso muito mais do que isso para matar
um Guerreiro. Decapitação funciona melhor, como você sabe.
― Pare de brincar, Arran, ― Charon disse bruscamente. ― Eu
concordo com Ramsey. Eu não entendi o que ele estava dizendo até
que vi com meus próprios olhos.
― E eu fui aquele que o incentivou a usar sua magia. ― disse Ar-
ran, levantando a voz. ― Eu fui aquele que se sentou lá e teve essa sa-
cudida da mágica e do poder atravessar-me.
― Talvez sim, mas eu vi isso. ― argumentou Charon. ― Eu vi
Ramsey lá em pé, sua magia explodindo em mim, mesmo dessa distân-
cia. Eu vi você gritando para ele e a dor em seu rosto por causa da ma-
gia dele. Eu vi que ele não te ouvia.

116
― Basta! ― gritou Ramsey. ― Acabou e foi feito. Arran sugeriu, e
eu fiz sabendo as consequências. Foi a única maneira de garantir para
Declan ficar longe e assim pudéssemos ter mais algumas horas com
Tara para tentar ganhar alguma confiança de volta. Peço desculpas a
ambos pelo que aconteceu hoje.
― Não há nada para se desculpar. ― disse Arran, sua voz profun-
da de emoção.
O coração de Tara doeu com dor que ouviu na voz de Ramsey.
― Há. ― disse Ramsey. ― Felizmente, não vai acontecer nova-
mente. Tenho um favor a pedir a ambos.
― Fale. ― disse Charon.
― Eu preciso que um de vocês fique na estrada, e o outro retor-
ne ao Castelo MacLeod.
O som de uma cadeira raspando o chão encheu s ouvidos de
Tara. Ela podia apenas imaginar um deles se levantando de um pulo ao
ouvir a declaração de Ramsey.
― Não vou deixar você aqui sozinho. ― disse Arran.
Outra cadeira raspou para trás e então a voz de Charon disse: ―
Nem eu.
― Não vou ficar sozinho por muito tempo.
Tara franziu o cenho, sem entender as palavras de Ramsey. Claro
que ele não estaria sozinho. Embora os convidados tivessem saído do
castelo, ainda havia os proprietários e funcionários.
― Por que quer que um de nós volte para o castelo MacLeod? ―
perguntou Arran.
Ramsey suspirou. ― Tirar Tara daqui, longe de Declan.
― E então você pode lutar contra Declan. ― Charon disse no
mesmo instante em que Tara compreendeu o mesmo.
Ela abriu a porta e entrou no chalé sem que nenhum deles perce-
besse que ela estava ali.

117
***
Ramsey olhou para seus dois amigos, perguntando-se como po-
deria fazê-los entender como era importante lutar contra Declan sozi-
nho.
― Ninguém vai morrer por mim.
O corpo de Ramsey se sacudiu como se tivesse sido atingido. Ele
lentamente se virou para ver a forma de Tara enchendo a entrada, seus
olhos azul-esverdeados cheios de fúria.
― Tara. ― ele disse, dando um passo em sua direção.
Ela ergueu a mão e disse: ― Não. ― Ela se virou para olhar para
Arran e Charon enquanto suavemente fechava a porta atrás dela, des-
prezando a fúria que ele via correndo através dela.
― Não. ― ela repetiu. ― Ninguém vai morrer por mim. Quero
que todos vocês partam.
― Não posso fazer isso. ― disse Ramsey.
Ela se recostou contra a porta e deu de ombros. ― Eu sempre
soube que Declan me pegaria um dia. Estou cansada de fugir e olhar
por cima do meu ombro. Estou cansada de desconfiar de todos. E es-
tou cansada das mentiras.
― Você pode estar assim, mas não pode entregar-se a Declan. ―
Ramsey engoliu e deu um pequeno passo em sua direção. Ele tinha
que convencê-la, e ele sabia que tinha apenas um tiro. ― Você estará
seguro no Castelo MacLeod. Declan não pode te alcançar lá.
― Oh, mas ele pode, Ramsey. ― Seu sorriso era triste. ― Ele
pode me alcançar em qualquer lugar.
― Haverá Druidesas lá para ajudá-la ― disse Charon.
Arran assentiu com a cabeça. ― E outros Guerreiros que morreri-
am antes que permitissem que qualquer dano chegasse a qualquer
Druidesa.

118
Ramsey observou Tara cuidadosamente, esperando por algum si-
nal de que estavam conseguindo chegar até ela. Seus olhos se volta-
ram para ele, onde ela enfrentou seu olhar.
― Se eu for, você vai?
Ramsey não queria nada mais do que voltar com ela e os outros,
mas ele não podia. Se o fizesse, significaria uma batalha com Declan
numa data futura que envolveria os outros. Na Torre de Dunnoth, ele
poderia cuidar de Declan de uma vez por todas.
― Eu irei. ― disse Ramsey. ― Quando eu terminar com Declan.
Tara empurrou a porta e atravessou a sala até estacar diante
dele. ― Você não vai, eu não vou.
― Você não está a salvo aqui.
― Posso me segurar contra Declan.
Ramsey viu Charon e Arran trocarem um olhar pelo canto do
olho. Ele engoliu em seco e disse: ― Você não está segura aqui comi-
go.
Sua admissão custou-lhe mais do que ele tinha percebido. Sentiu
como se ele mesmo tivesse mergulhado um punhal em seu próprio es-
tômago e girado o cabo. Mas a verdade do que ele era, o que ele era
capaz, tinha sido provado anteriormente com Arran.
Ramsey não colocaria inocentes em risco novamente. Nunca mais.
E Tara certamente era uma inocente. Ele nem sequer sentiu a
magia dela quando ela veio para o chalé. Ela era uma Druidesa. Deve-
ria ter sabido no instante em que deixou o castelo, mas, novamente,
sua magia sempre vinha e desaparecia.
Ele sabia que ela era uma Druidesa, mas que tipo exatamente era
o que o confundia. Ele queria saber. Para si e para ela.
― Eu não estou segura com você? ― Ela repetiu.
Ramsey balançou a cabeça, esperando que isso terminasse o de-
sacordo.

119
Em vez disso, ela caminhou até Arran e colocou a mão sobre a
dele na parte de trás da cadeira. Quando ela levantou a mão, olhou
para Ramsey. Então ela se mudou para Charon onde ela colocou a mão
em seu pescoço e repetiu o mesmo processo.
Ramsey arrastou uma respiração irregular quando ela ficou na
frente dele mais uma vez e colocou a mão em seu rosto. Ele não preci-
sava de um espelho para saber que os feixes brancos de magia se mo-
viam dela para ele.
Ele os sentiu, ouviu o chamado da magia dela para o sua. Mas
não foi apenas sua magia que respondeu. Era seu deus e sua paixão.
Ele queria puxá-la contra ele, para envolvê-la com os braços para que
suas curvas estivessem pressionadas contra ele e ele pudesse beijá-la.
― O que você está tentando provar? ― Ele perguntou.
Ela levantou uma sobrancelha e inclinou a cabeça. ― O que estou
tentando...? Eu sinto isso, Ramsey. Eu sinto a magia dentro de você.
Como isso é possível?
― Não sei.
Ela abaixou o braço e, por alguns momentos, os feixes de magia
puderam ser vistos ao redor de sua mão antes que deles desapareces-
sem. Mas não desapareceria de Ramsey por um tempo.
Ramsey procurou algo para lhe dizer, algo que aliviaria sua mente
e permitiria que ela fosse com Arran de volta ao Castelo MacLeod.
― Eu posso não confiar em você. Eu posso não concordar como
você foi dizer-me quem e o tudo que você é, mas algo aconteceu estes
poucos dias passados. Eu... ― Ela parou e engoliu em seco. ― Eu sou
quem eu sou, e eu não vou me esconder mais. Vou encarar minha fa-
mília, Declan, e qualquer outra coisa que venha para mim.
Ramsey balançava a cabeça antes que ela tivesse terminado. ―
Seja esperto sobre isso, Tara. Declan procurou por você por quase dez
anos. Você ficou à frente dele de alguma forma, mas ele encontrou
você.
― Eu sei.

120
― Não, você não sabe. ― disse Arran. ― Eu não acho que você
sabe que tipo de homem é Declan.
Seus olhos azul-esverdeados nunca saíram de Ramsey quando ela
respondeu para Arran. ― Eu posso não saber. Declan nunca me ma-
chucou. Ele nunca me tratou mal.
― Então por que você fugiu dele? ― Ramsey perguntou.
― Porque ele queria o que minha família queria. Ele queria me
forçar a tornar-me drough. Na noite em que o deixei, ouvi-o dizer a
Robbie sobre o seu elaborado plano para me seduzir e me enganar
para a cerimônia drough. Ele disse que seria feito antes que eu soubes-
se o que tinha acontecido. E por mais assustador que fosse, não era
nada perto do que ele tinha planejado em seguida.
Charon perguntou: ― Que era o quê?
― Ele disse que a magia dentro de mim seria sua para controlar.
Que eu o ajudaria em sua busca para...
― Assumir o controle do mundo, ― Ramsey terminou por ela.
Ele correu a mão pelo rosto e suspirou. Tinha pensado que De-
clan a queria para algo assim, e as palavras de Tara confirmaram isso.
― Toda vez que ele me fazia usar minha magia, eu podia me sen-
tir mais forte. Não foi até aquela noite que ouvi seus planos que eu
percebi que eu não estava crescendo forte. A magia que ele estava me
fazendo executar era magia negra. Ele estava me arrastando cada vez
mais e mais para o mal. Eu saí antes que ele me tomasse completa-
mente, mas tenho muito medo de minha magia agora.
― Merda! ― Isto era muito pior do que Ramsey poderia ter ima-
ginado.
― Se a sua magia é tão grande, como é que nós não sentimos
você chegar? ― Arran perguntou.
Ela encolheu os ombros. ― Minha magia sempre foi tão volátil.
Não importa o que eu faça, nunca consegui controlá-la adequadamen-
te.

121
― É por isso que você deve ir com Arran para castelo de MacLe-
od ― disse Ramsey.
Tara sorriu suavemente. ― Eu sei sobre Deirdre e tudo o que ela
fez. As histórias que minha avó me contou mencionavam Guerreiros
que se opuseram a ela, mas nunca acreditei nessa parte até hoje. Você
permaneceu contra ela, mesmo quando a possibilidade significava mor-
te ou cair sob seu controle mais uma vez. Você não fugiu.
― Havia mais do que apenas um de nós. ― Ramsey apressou-se
em dizer-lhe. ― Havia um grupo, e nós fizemos isso em parte para ma-
tar Deirdre, mas também para proteger Druidas e Druidesas. Você só
tinha a si mesma, e fez a única coisa que garantiria a sua sobrevivên-
cia.
― Eu fui um covarde.
― Você foi esperta.
A dúvida em seus olhos o fez querer confortá-la. Ele não se per-
mitiria abraça-la, mas poderia oferecer um pouco de conforto.
Ramsey dobrou suavemente uma mecha de seu cabelo castanho-
dourado atrás da orelha. A cabeça dela encostou-se ligeiramente na
sua mão, mas foi suficiente.
Quanto ele abaixou o braço, mais fios de magia se enrolavam em
sua mão enquanto seu olhar era capturado por Tara. Preso. Capturado.
E bem, e verdadeiramente, subjugado.

122
CAPÍTULO DEZESSEIS

― Estou realmente começando a ficar com raiva. ― disse Declan


no banco do passageiro dianteiro de seu Jaguar.
Robbie inclinou-se para a frente e olhou para o céu através do
para-brisa. ― Eu não entendo, primo. Sua magia deveria ter parado a
neve.
― Deveria ter, mas não deteve. Suspeito que isso seja mais do
que o trabalho dos Guerreiros.
― Druidas?
Declan assentiu com a cabeça.
― Mas certamente não Tara. Sua magia era muito volátil.
― Era. Faz uma década desde que eu trabalhei pela última vez
com ela. Ela estava progredindo muito bem. Em questão de meses ela
estaria se tornando drough.
― Você vai tê-la de volta sob seu teto em breve. Gostaria de sa-
ber por que ela fugiu de você.
― Eu também. Eu ainda não acho que é a magia de Tara esteja
envolvida nisso. Isso levaria uma magia muita poderosa. Meu tipo de
magia.
Robbie arqueou as sobrancelhas. ― Outro drough então?
― Essa é a única explicação.
― Um drough trabalhando com os Guerreiros?
Declan encolheu os ombros. ― Tudo é possível. Chame meu heli-
cóptero. Estou cansado de brincar.
Enquanto ouvia Robbie fazer a chamada para o helicóptero, o
olhar de Declan estava no horizonte para o norte, onde ele sabia que
Tara estava.

123
Não demoraria muito. Ela não teria para onde fugir, e com sua
magia adicionada, Tara não capaz de recusá-lo quando ele exigisse que
ela se torna-se drough.
― Em breve, doce Tara. ― disse Declan com um sorriso.
***
Tara sentou-se no sofá do chalé e tentou não mostrar o quanto
estava ansiosa. Não importava por que ela tinha vindo até os Guerrei-
ros para começar, especialmente depois que ela teve conhecimento do
plano de Ramsey.
Ela não havia mentido quando disse que não queria que ninguém
morresse por ela. Especialmente não alguém como Ramsey. Ela não
valia a pena.
Pelo que ela havia recolhido pelos olhares que trocaram e por
seus comentários não verbalizados, Ramsey era único entre seus ir-
mãos a ser parte Druida. O que isso significava exatamente, Tara não
sabia.
Ramsey entrou no chalé e deu um pequeno sorriso. ― O castelo
está vazio. Ninguém ficou para trás, exatamente como pedimos.
― Você ainda está firme com seu plano? ― Perguntou Charon.
O olhar de Ramsey se moveu para Tara por um momento. ― Es-
tou.
― Então não vai funcionar. ― disse Tara. ― Porque eu não vou
embora. Ou não estava me ouvindo?
― Eu ouvi você,― Ramsey respondeu. ― Eu só esperava que
você tivesse mudado de ideia.
― Eu sou teimosa assim.
― Então, eu percebi.
Arran pigarreou. ― Eu tenho um plano alternativo.
O modo como Ramsey não rejeitou imediatamente Arran provou
o quão ligados os homens eram. ― Isso envolve que eu fique? ― Ela
perguntou.

124
― Sim, mas só porque não quero forçá-la a partir. ― disse Arran.
Charon se encostou na parede, uma expressão aborrecida em seu
belo rosto. ― A menos que as coisas fiquem muito perigosas, garota.
Existem poucas Druidesas para que possamos permitir que uma delas
seja ferido ou morta se pudermos fazer algo a respeito.
― Bem dito. ― Ramsey respondeu suavemente.
Tara esfregou as mãos nas coxas. ― Não está em mim apenas
entregar a minha vida e permitir que você faça com ela o que quiser.
― Levar você para o MacLeods não é nos entregar sua vida. ―
disse Ramsey enquanto caminhava em sua direção. Ele parou quando
chegou à cadeira estofada e colocou as mãos no encosto. ― Os Guer-
reiros e Druidesas protegeriam você lá. Você pode ir e vir quando qui-
ser. Pense nisso como um santuário.
Ele fez isso soar como o céu que ela estava sonhando desde que
fugiu de sua família. Mas lugares como esse realmente não existiam.
Ela deveria saber já que estava procurando por uma década.
― Eu fico. ― ela declarou.
O olhar de Ramsey baixou enquanto balançava a cabeça. Ele
olhou para seus companheiros. ― Eu não gosto disso.
― Nossa única escolha é forçá-la. ― disse Arran.
Tara revirou os olhos e se levantou, a indignação fervendo dentro
dela. ― Ugh. Eu estou bem aqui. Posso ouvi-lo.
Charon apenas sorriu para ela. ― Nós sabemos.
― Qual é o seu plano? ― Ramsey perguntou para Arran.
Arran sorriu maliciosamente e bateu palmas enquanto as esfrega-
va ansiosamente. ― Embora eu goste de uma batalha, assim tanto
quanto o próximo Guerreiro, já que Tara estará conosco, eu digo que li-
demos com isso de forma diferente. Charon nos alertará quando De-
clan chegar. Estarei no castelo esperando o bastardo.
― Porque esse é o primeiro lugar que ele irá olhar. ― Charon dis-
se com um aceno de cabeça.

125
― Exatamente. Vou pegar o máximo de seus mercenários quanto
eu puder, enquanto Charon faz o mesmo.
O sorriso de Charon estava largo, seus olhos brilhando. ― Estou
gostando desse plano.
Tara olhou para Ramsey para encontra-lo com os braços cruzados
sobre seu peito musculoso e seu olhar intenso enquanto ouvia. Ela no-
tou isso sobre ele. Ele ouvia, observando e pegando tudo.
― Estarei aqui com Tara ― disse Ramsey.
Arran assentiu com a cabeça. ― Correto. Ele nunca vai esperar o
que você vai entregar a ele.
O coração de Tara saltou em sua garganta quando o olhar pratea-
do de Ramsey se moveu para ela. Ele olhou para ela por um momento,
dois, antes de olhar para os homens.
― Sob uma condição isso funcionará. Quando você e Charon tira-
rem os mercenários, eu vou atacar Declan e tocar quantos rifles quanto
eu puder. Quando chegar a hora de eu enfrentar Declan...
Charon assentiu. ― Nós levamos Tara.
― Não. ― interrompeu ela. ― Quero ver a morte de Declan.
Ramsey soltou um suspiro e baixou os braços para os lados. ― Se
você ficar, há uma chance daquilo que eu desencadear em Declan irá
matá-la. Não posso deixar isso acontecer.
Um fio de medo enrolou em torno de seu coração. Ramsey não
estava brincando, e a maneira como nem Arran nem Charon se olha-
ram para ela dizia o quanto a situação era séria.
― Não podemos simplesmente deixá-lo enfrentar Declan sozinho.
― disse ela.
Ramsey encolheu os ombros. ― Eu sou o único capaz de derrota-
lo.
― Se você puder.
― Eu irei.

126
Ele soou tão certo de si que Tara começou a acreditar nele tam-
bém. Mas ela sabia do que Declan era capaz. Por enquanto, porque
não tinha outra escolha, assentiu com o plano.
― Ótimo! ― disse Ramsey. ― Já que todos já sabem o que fazer,
vamos nos preparar.
Charon tirou o celular do bolso enquanto caminhava para a porta.
― Vou chamar Fallon e atualizá-lo.
Arran inclinou a cabeça para ela antes de girar sobre os calcanha-
res e sair da casa. Deixando Tara e Ramsey sozinhos. O chalé tinha fi-
cado repentinamente quieto com apenas o uivo da tempestade fora
para quebrar o silêncio.
― Você está com fome? ― Ramsey perguntou.
Tara sacudiu a cabeça. ― Na verdade não.
― Há muita comida, então sirva-se.
Ela lentamente se afundou no sofá enquanto ele tomava um lu-
gar nas sombras ao lado da janela para que pudesse manter vigia. Tara
o estudou em silêncio por vários momentos.
Ele continuava a manter soltos os longos cabelos, que ela amava.
Estava úmido da neve, assim como sua camiseta de manga curta.
Ramsey era diferente de qualquer homem que ela já tivesse encontra-
do. Ele não se vangloriava de suas realizações ou de seu dinheiro. Ele
falava muito pouco, mas quando falava era porque ele tinha algo a di-
zer.
Enquanto alguém podia ver que Arran e Charon não eram ho-
mens os quais você quisesse envolver, Ramsey era diferente. Você não
conseguia ver aonde a coisa estava indo até que fosse tarde demais.
Sua violência estava escondida, o perigo não era tangível até que ele
queria que fosse.
― Isso é o que você faz? ― Ela perguntou.
Ramsey olhou para ela. ― O que você quer dizer?
― Você salva pessoas?

127
― Às vezes, ― ele disse com um pequeno encolher de ombros.
― A maior parte do tempo passamos nossas vidas lutando contra Deir-
dre. Com ela se foi, nossa atenção está em Declan.
― Então você veio por causa dele.
Desta vez, Ramsey virou a cabeça para ela. ― Eu vim por você.
Tara não deveria ter sentido a pequena emoção que seu comen-
tário lhe deu. Ela não queria sentir nada em relação a Ramsey, mas ha-
via aprendido há muito tempo que não conseguia controlar suas emo-
ções. ― Há outros Druidesas lá fora para serem salvas.

128
― Mas nenhuma que Declan queira mais do que qualquer coisa.
― Você salvou muitos Druidas?
Ele sacudiu a cabeça negra lentamente. ― Não tantos quanto de-
veríamos ter salvado. Deirdre aniquilou tantos, e então quando Declan
trouxe-a para esta época, durante os quatro séculos os Druidas que so-
breviveram se perderam em seus caminhos.
― Nem todos. Minha família está mergulhada nessa magia. É
apenas o tipo errado de magia.
― Magia é magia. Embora eu desejasse que mais magia mie ti-
vesse sobrevivido do que drough, pelo menos existe magia. Cada Drui-
da tem a opção de se tornar drough ou não. Você tomou essa decisão.
Ela se inclinou para trás e deixou sua cabeça descansar sobre as
almofadas para olhar para o teto. ― Na minha família não há escolha,
Ramsey. Nós nascemos em uma família drough, e seremos droughs. Se
recusarmos, eles nos forçam.
― Como? Eu pensei que você tinha que estar disposto? Uma das
Druidesas do Castelo MacLeod foi forçada a tornar-se drough por Deir-
dre. A magia de Isla era forte, e o mal nunca assumiu como Deirdre ti-
nha planejado. Isla é uma de nossas Druidesas mais fortes.
Sua cabeça se moveu para poder olhar para ele. ― Minha família
é muito... persuasiva. Aqueles antes de mim talvez não quisessem ser
drough, mas minha família é implacável. Ninguém jamais recusou.
― Até você.
― Até eu. ― Ela disse com um sorriso. ― Acho que minha avó fi-
cou impressionada com a minha teimosia. Ela até tentou convencer mi-
nha mãe a permitir que eu permanecesse como eu era.
Ramsey se virou para que suas costas estivessem contra a parede
e a encarou completamente. ― O que aconteceu?
― Se você falou com minha mãe, eu suspeito que você saiba o
que aconteceu. ―
― Sua avó nunca foi mencionada.

129
Tara inclinou-se para a frente e deixou cair o rosto entre as mãos.
Imagens de sua avó rindo e ensinando sua magia passou através de
sua mente.
― Minha avó era drough, como todo o resto da minha família. Mas
ela era diferente. Tara levantou a cabeça e deu um longo suspiro. ―
Vovó sempre teve tempo para mim, ensinando=me, ou apenas rindo
comigo. Desde o tempo em que eu era uma criança pequenina ela me
disse uma e outra vez para seguir meu coração, mesmo que isso signi-
ficasse ir contra os que eu amava.
― Você acha que ela sabia o que você iria fazer?
Tara encolheu os ombros. ― Eu não faço ideia. Quando recusei
pela primeira vez e minha avó se levantou por mim, minha mãe... Ela
teve que parar quando a onda de dor bateu nela... A fúria de minha
mãe era lendária em nossa família, assim como sua afinidade com o
uísque. Ela atacou a minha avó em sua raiva de bêbada. Eu não perce-
bi sua intenção até que fosse tarde demais. Até a vovó morrer no chão.
― Sinto muito, Tara.
Ela engoliu em seco, decidida a não chorar. ― Minha mãe virou-
se para mim em seguida. Ela não me ouvia, apenas continuou gritando
e jogando magia em mim. Esquivei de muitos delas porque ela estava
tão desajeitada, mas não de todas.
Tara levantou os olhos para Ramsey. ― Ela pretendia me matar.
Fugi com a minha vida naquela noite, com a promessa de minha mãe
de me achar soando em meus ouvidos.

130
CAPÍTULO DEZESSETE

Ramsey ficou feliz por não ter sabido disso quando falou com a
mãe de Tara ou ele poderia tê-la matado.
Depois de hesitar apenas um momento, Ramsey caminhou até
Tara. Ele podia sentir sua dor e sua solidão em sua magia e isso o cha-
mou.
Ajoelhou-se diante dela e olhou nos olhos azul-esverdeados. ―
Sinto muito, Tara.
― Eu nunca contei a ninguém essa história antes.
― Se isso ajudar, duvido que sua mãe esteja procurando por
você. Seu fígado está falhando, e ela não espera viver mais ano.
Uma lágrima caiu sobre as costas da mão de Ramsey. Ele nunca
tinha realmente sabido o que fazer com uma mulher chorando, mas
desta vez era diferente. Desta vez, ele sabia o que fazer.
Ramsey limpou a segunda lágrima da bochecha de Tara antes de
cair. Para sua surpresa, ela pegou a mão dele e fechou os olhos en-
quanto a segurava contra sua bochecha.
Ele permaneceu imóvel, dividido entre dar a ela o tempo que ela
precisava e o desejo de puxá-la em seus braços. Mas se ele cedesse à
necessidade surgindo através dele, Ramsey sabia que não iria parar
apenas abraçando-a.
O olhar dele se moveu de seu rosto para os feixes de magia que
começaram a flutuar em torno de suas mãos. Ele ainda não sabia o
que significava, e embora pudesse ser algo perigoso, tudo o que sabia
era que era maravilhoso tocá-la.
Ela respirou profundamente, e para sua decepção ela soltou sua
mão. Com nenhuma outra razão para tocá-la, Ramsey deixou sua mão
cair para a almofada, mas os feixes de magia continuaram a crescer
mais forte enquanto eles enrolavam em torno dele.

131
― Você não é o que eu esperava em um Guerreiro. ― disse Tara.
― O que você esperava?
Ela balançou a cabeça, olhando para o fogo. ― Eu não sei, mas
não você. Você deve fazer alguma mulher sortuda muito feliz.
― Eu não tenho uma mulher.
Suas sobrancelhas tricotaram quando seu olhar se voltou para
ele. ― Acho difícil acreditar nisso.
― É a verdade.
― Não. Você é muito bonito, muito perigoso, incrível demais para
não ter uma linda mulher em seus braços.
Havia apenas uma mulher que ele queria, e ela estava sentada
diante dele. O rosto de Tara estava tão perto do dele. Podia inclinar-se
ligeiramente e roçar seus lábios sobre os dela.
Como se estivesse lendo seus pensamentos, ela baixou os olhos
para a boca dele, e Ramsey segurou o gemido que se levantou rápido e
verdadeiro dentro dele.
― Por que você está sozinho? ― Ela sussurrou.
― Por causa do que sou.
― Um Guerreiro?
― Um Druida e um Guerreiro. Eu tenho que ficar no controle
sempre, para que nada de ruim aconteça.
Tara olhou para a mão onde a magia girava em torno dela e colo-
cou a ponta de um dedo no dorso de sua mão. Ao levantar o dedo, um
feixe branco de magia se estendeu entre eles até que ela se foi como
fumaça ao seu redor antes de se juntar aos outros que rodeavam a
mão e braço dele.
― Algo ruim aconteceu, não é? ― Ela perguntou.
Ele deu um único aceno com a cabeça.

132
Seus olhos azul-esverdeados encontraram os dele. ― Inocentes
foram mortos.
Ramsey queria desviar o olhar, esconder sua culpa, mas não po-
dia. ― Eles eram.
― Não sou inocente, Ramsey.
Mal podia respirar pela paixão que o atingia. Tara estava muito
perto, sua magia muito sedutora. E com os feixes vindo de tocá-la, ele
era um barril de pólvora esperando para acender. Ele tinha que se afas-
tar dela, para colocar alguma distância entre eles. Mas o próprio pensa-
mento o mantinha enraizado onde ele estava.
― Você é uma inocente. ― ele insistiu.
Ela balançou a cabeça, inclinando-se para ele uma fração. ― Em
todos os meus anos de fuga e de me esconder, eu só já me senti em
paz e livre uma vez. A noite que passei aqui.
Ramsey cravou os dedos nas almofadas, apenas vagamente cons-
ciente de que suas garras perfuraram o tecido. A fome, a necessidade
de rasga-lo era esmagadora. Ele tinha que ter outro gosto dela, um
que fosse mais profundo, mais longo.
Suas mãos cobriram a dele, e um de seus dedos tocou uma gar-
ra. Ela estremeceu ligeiramente, mas não se afastou.
― Você tem medo de mim.
Ela balançou a cabeça, suas ondas castanho-douradas se moven-
do com ela. ― Não. Eu só vi Guerreiros uma vez, quando eu estava em
Edimburgo. Eu ouvi o que você é, mas eu nunca estive tão perto.
Ramsey se viu inclinando-se mais perto, mais perto. Ele descan-
sou sua testa sobre a dela enquanto tentava desesperadamente encon-
trar a vontade de afastar-se.
Mas quando se tratava de Tara, ele não tinha. Tudo que ele que-
ria era ela.
Ele inclinou a cabeça, suas bocas respirando. Não mais a espera,
Não mais a falta. Ele ia beijar Tara até que nenhum deles se lembrasse
de seu próprio nome.

133
Seus olhos se fecharam, e logo antes de seus lábios tocarem os
dela, o celular tocou.
Ramsey se afastou, murmurando: ― Foda-se ― , por baixo de
sua respiração, para que Tara não ouvisse. Ele ficou de pé, com as gar-
ras cobertas, enquanto se apressava ao telefone em cima da mesa da
cozinha.
Ele não se surpreendeu ao ver o nome de Fallon aparecer. Ram-
sey respondeu com um aceno, ― Aye?
― Charon me informou sobre o que está acontecendo.
― Tudo, eu presumo? ― Se referindo ao que tinha acontecido
com Arran mais cedo.
Fallon suspirou. ― Aye, meu amigo. Tudo. Não há nada para se
aborrecer. Arran está bem.
Ramsey não se incomodou em responder, porque sabia que se ti-
vesse sido qualquer outro Guerreiro, estariam mortos.
― Eu não estou confortável com apenas você três lidando com
isso sozinho. E me disseram que Tara se recusa a partir, a não ser que
você parta.
Ramsey olhou para Tara que o observava do sofá. ― Está certo.
― Droga, ― Fallon disse com um longo suspiro. ― Eu me sentiria
melhor se eu pudesse enviar outros para ajudá-lo.
― Como estou preocupado que Arran, Charon, e Tara não saiam
a tempo. Também não posso me preocupar com outros.
― O que você planejou?
― Vou mata-lo.
Houve uma pausa antes que Fallon perguntou: ― Isso irá te ma-
tar?
― Eu não sei a resposta para isso.

134
Houve um estrondo na outra extremidade da linha que Ramsey
podia adivinhar foi o punho de Fallon batendo na mesa. ― Isso é ina-
ceitável, Ramsey. Não vou perder outro amigo.
― E você não tem ideia do que vai acontecer quando eu enfren-
tar o Declan. Confie em mim, Fallon. Você não quer ninguém por perto.
― Se eles são Guerreiros eles irão sobreviver.
― Possivelmente. Você quer assumir esse risco?
Como esperado, Fallon não teve uma resposta imediata. Ramsey
não gostava de colocar seu amigo nessa situação, mas como líder, Fal-
lon precisava conhecer todos os detalhes. Por mais feios que eles fos-
sem.
Mas Ramsey também conhecia Fallon o suficiente para saber que
ele já tinha enviado homens à frente. ― Quem você trouxe?
― Não foi minha decisão. Eles estavam indo com ou sem a minha
ajuda. Achei que iria buscá-los aí mais cedo caso pudessem ajudar.
― Quem, Fallon? ― perguntou Ramsey, erguendo a voz. Ele preci-
sava saber quantos estavam aqui para poder garantir que eles tivessem
ido embora. Logo.
― Hayden, Logan, Ian e Quinn.
Ramsey se virou e socou a porta do armário, quebrando a madei-
ra enquanto seu punho a atravessava. ― Venha e pegue-os. Agora.
― São seus amigos, Ramsey. Eles querem ajudar.
― Então eles podem ajudar não estando aqui.
Houve uma série de maldições de Fallon antes de dizer: ― Eu fa-
rei o meu melhor para tirá-los daí. Quanto tempo eu tenho?
― Não muito.
Ramsey terminou a ligação e jogou o telefone sobre a mesa. Ele
nem sequer olhou para a bagunça que ele tinha feito com o armário.
Raramente ele perdia o controle de sua raiva de tal forma, mas era
ruim o suficiente Charon, Arran e Tara estarem ficando para trás.

135
A única maneira que Ramsey poderia enfrentar Declan como ele
precisava era saber que seus amigos iriam tirar Tara a tempo. Se ou-
tros estivessem aqui e se recusassem a sair, então complicava tudo.
Ele se virou para Tara para descobrir que ela estava a poucos
passos de distância dele.
― Você está bem? ― Ela perguntou.
― Não, eu não estou. Você está aqui. Arran e Charon estão aqui.
E agora Fallon me diz que quatro dos meus outros amigos também es-
tão aqui.
― Os Guerreiros são imortais, Ramsey. Tudo o que você planejou
para Declan pode ser sobrevivido por todos vocês.
Não adiantava dizer-lhe exatamente o que tinha planejado. Na
pior das hipóteses, Tara resistiria após esta batalha.
― Temos algumas horas de luz do dia. Há alguma coisa que você
precise do castelo?
Ela abanou a cabeça.
― Então eu sugiro que você descanse enquanto puder. Eu não es-
pero que esta tempestade detenha Declan por muito mais tempo.
― Como ele pode chegar aqui? Nenhum carro pode viajar por es-
sas estradas.
― Aye, mas ele tem outra opção. Seu helicóptero.
Ela se virou, mas Ramsey não estava pronta para se separar dela
ainda. Ele a parou e girou de volta para ele. Seu olhar o procurou en-
quanto ele a apoiava lentamente contra a geladeira.
Ele acariciou seus dedos abaixo em sua bochecha macia até seu
pescoço antes de mergulhar seus dedos em seu cabelo para envolver
em torno da parte de trás de sua cabeça.
Os lábios delas e separaram e sua respiração acelerou, mostran-
do que queria o beijo tanto quanto ele. Ele moveu sua outra mão sob
seu suéter até a cintura.

136
O impacto da pele sobre a pele só alimentou os feixes de magia
fluindo entre eles. Ramsey gemeu profundamente em sua garganta
quando as mãos dela descansaram em seu peito antes de se moverem
para suas costas quando ela o puxou mais perto.
― Tara, ― ele sussurrou antes que sua boca descesse sobre a
dela.
O primeiro contato de seus lábios foi como uma explosão de ma-
gia entre eles. Sua pele chiou, seu corpo queimando de prazer tão sel-
vagem e feroz que ele pensou que iria explodir.
E isso não era nada comparado à fome dentro dele.
Ramsey deslizou sua língua entre seus lábios cheios e saqueou
sua boca. Não teve piedade enquanto a beijava como estivera sonhan-
do fazer desde a primeira vez que a viu.
Ele aprofundou o beijo, segurando seu corpo colado contra ele.
Seus dedos cavados em suas costas, seus gemidos enchendo suas ore-
lhas.
Ainda não era o suficiente.

137
CAPÍTULO DEZOITO

O corpo de Tara não era seu. Cada toque das mãos e boca de
Ramsey deixava seu sangue quente e seu coração batendo. Ela impaci-
entemente, ansiosamente, aguardava a próxima carícia de Ramsey.
Seus lábios doíam de seus beijos, mas ela queria mais. Muito
mais.
Nunca pensou em fazê-lo parar quando ele tirou seu suéter, nem
quando desabotoou o sutiã. Foi ela quem o deixou cair no chão.
E através de toda a paixão e desejo aquecido, seu corpo pulsava
de necessidade.
Seus lábios se abriram e seu corpo se arqueou em direção a
Ramsey enquanto ele passava um dedo lentamente, suavemente, abai-
xo de sua espinha e passando pela cintura de sua calça jeans.
Ele sussurrou seu nome e acariciou seu pescoço, enviando arrepi-
os pelo seu corpo em antecipação por mais. Ela deslizou suas mãos em
macios cachos de meia-noite e deixou os fios sedosos deslizarem atra-
vés de seus dedos.
As mãos dele estavam em suas costas enquanto ele beijava seu
pescoço para manter a cabeça para trás e seu corpo arqueado. Nunca
Tara se sentiu tão sexy ou como uma mulher desejada.
Ela respirou fundo quando uma das grandes e calosas mãos de
Ramsey agarrou seu seio e beijou. Seus seios inchados, os mamilos du-
ros na expectativa de seu toque.
Tara estremeceu, esperando sua boca em seus lábios. Mas essa
espera se estendeu mais e mais. Ela ergueu a cabeça para encontrar
Ramsey olhando para a porta com os olhos entrecerrados.
― Temos companhia. ― ele sussurrou.

138
Em um piscar de olhos ele segurou enquanto ele se levantava su-
avemente. Tara agarrou seu sutiã e suéter e correu para o quarto en-
quanto uma batida soou na porta.
Ela fechou a porta do quarto e se apressou a vestir-se enquanto
se perguntava se alguma vez se acostumaria com os sentidos realçados
de Ramsey.
A voz masculina que ouvia do outro lado da porta do quarto não
era uma que ela reconhecesse. Ela pôs a mão na maçaneta da porta,
mas hesitou.
― Está tudo bem, Tara ― chamou Ramsey. ― Venha para cá.
Ela abriu a porta para encontrar um homem com cabelo curto
castanho escuro e profundos olhos verdes sorrindo para ela. Ele usava
um suéter vermelho e jeans, mas ele se mantinha como se estivesse
acostumado a estar no comando. Ele era bonito de seu próprio jeito,
mas em sua mente não podia comparar-se a Ramsey.
― Tara Kincaid, este é Fallon MacLeod, meu líder.
― Seu amigo. ― Fallon corrigiu com um olhar para Ramsey. Fal-
lon estendeu a mão para Tara. ― É bom finalmente conhece-la. Peço
desculpas se te assustarmos em Edimburgo. Não foi nossa intenção.
Estávamos tentando alcança-la antes de Malcolm.
Ela piscou, sem saber o que dizer. Finalmente, ela se lembrou de
sua educação e respondeu, ― É bom conhecê-lo também.
Fallon virou-se para Ramsey então, seu sorriso desapareceu. ―
Primeiro, isso parece ter piorado. ― disse ele, e apontou para os feixes
de magia girando em torno de ambos os braços de Ramsey.
― Eu toquei em sua pele.
― Entendo. ― disse Fallon. ― Vamos entrar nisso mais tarde. O
que eu realmente vim lhe dizer é que eu não posso encontrá-los.
― Minha bunda, ― Ramsey disse sem muita ênfase. ― Você
pode encontrá-los.
― Você sabe se um Guerreiro não quer ser encontrado, ele não
será.

139
Ramsey suspirou e sacudiu a cabeça. ― Então leve Tara de volta
ao castelo.
― Não, ― Tara disse e deu um passo para trás. ― Já passamos
por isso, Ramsey.
― Isso foi antes de eu ter que me preocupar com mais três ami-
gos lá fora. Eu não posso fazer tudo!
― Então não faça. ― ela argumentou.
Ele esfregou a nuca e soltou um suspiro. ― Todos vocês fazem
parecer tão fácil.
― Isso é porque você não está nos dizendo tudo. ― disse Fallon.
Tara observou o modo como o corpo de Ramsey se enrijeceu su-
tilmente.
― Aye,― Fallon disse com um aceno de cabeça. ― Eu não sou idi-
ota, velho amigo.
― Nunca achei que você fosse ― disse Ramsey.
Tara caminhou para a cafeteira e encheu três canecas. Ela entre-
gou uma para Fallon e outra para Ramsey. Não foi até estar de volta na
cozinha encostada no balcão com sua própria caneca na mão que ela
disse: ― Parece, Ramsey, que seus amigos vão ajuda-lo quer você
queira ou não. Ou diga a verdade para eles, ou permita que eles o aju-
dem a derrotar Declan.
― Esta é a minha chance contra ele. ― disse Ramsey. ― Posso
acabar com Declan. Tenho a vantagem aqui. Ele não me conhece ou o
que eu posso fazer. Se eu mostrar a ele, se ele receber uma dica, então
eu perdi a pequena vantagem que tenho e... eu nunca serei capaz de
derrota-lo.
Tara não estava acostumada à estratégia de batalha. Ela era o
tipo de fugir-e-esconder, então ela nunca considerou planejar a chega-
da de Declan e a batalha subsequente.
― Eu entendo agora, mas eu ainda não vou permitir que você, ou
qualquer um, morra por mim.

140
― Ninguém vai morrer, ― Fallon disse em uma voz séria. ― Ainda
podemos manter a vantagem, Ramsey. Declan não tem ideia de que há
Guerreiros aqui. Se o superarmos, poderemos vencer.
Ramsey passou a mão pelo rosto e suspirou. Ele queria manter a
afirmação de Fallon, mas ele tinha uma suspeita que seu amigo já sa-
bia.
― Se fizermos isso, quando eu enfrentar o Declan, preciso que
você tire todos daqui. E eu falo de todos, Fallon.
Fallon encontrou seu olhar fixamente. ― Você não vai me dizer
por quê?
― Porque a mistura da minha magia e do meu poder é tão gran-
de e terrível que não consigo controlá-la. Isso me leva, e quando isso
acontece, as pessoas se machucam.
Com o canto do olho, Ramsey viu Tara encolher com as suas pa-
lavras. Ele tinha sido um tolo ao pensar que ele poderia manter o que
ele era um segredo, manter o que ele poderia fazer um segredo. Mas
mais do que isso, ele tinha sido um tolo de pensar que ele teria uma
chance com alguém como Tara.
― Tudo bem. ― disse Fallon. ― Eu já chamei os outros, e eles se
recusaram a pegar seus celulares. Eu vou dar-lhes outra tentativa, en-
quanto vou à procura deles. Então estarei trazendo os outros Guerrei-
ros aqui. Vamos acabar com Declan.
Ramsey virou a cabeça para Tara para que pudesse ver sua ex-
pressão quando Fallon se teletransportou para fora da casa.
― Oh, meu Deus, ― ela murmurou, sua mão sobre sua boca. Seu
olhar virou para Ramsey. ― Todos os Guerreiros podem fazer isso?
― Não. Cada deus tem seu próprio poder.
― Eu sabia que cada um de vocês tinha um poder especial, eu
simplesmente não sabia qual era o do Fallon. Por que vocês mudam de
cor?
Ele encolheu os ombros. ― Em parte porque cada deus prefere
uma cor. Os irmãos MacLeod compartilham um único deus porque cada

141
um é Guerreiro igual ao outro. Fallon se teletransporta, Lucan controla
sombras e escuridão, e Quinn pode se comunicar com animais.
― O que você pode fazer?
Ele esfregou o polegar sobre os dedos. ― Eu posso manipular a
massa.
― Como exatamente?
Ramsey caminhou até a estátua de bronze de um alce na mesi-
nha de canto e tocou-a. Com apenas um pensamento ele primeiro
transformou a estátua em um quadro, em seguida, uma vela e, em se-
guida, de volta para a estátua.
― Oh inferno. Isso é incrível. ― Tara disse, olhos arregalados
com descrença.
Ele encolheu os ombros. ― Eu não uso o meu poder como os ou-
tros.
― Por causa de sua mistura com magia?
― Sim. Custa-me muito para tentar controlar o pouco que faço.
Tara caminhou até o sofá e enfiou as pernas sob ele enquanto se
sentava. ―
Fale― me sobre o seu deus.
Ramsey colocou a caneca na mesa e sentou-se na cadeira. ― Seu
nome é Ethexia, e ele é o deus dos ladrões.
― Ladrões? Isso não o faria bom em roubar coisas?
― Por que você acha que eu posso manipular a massa?
Ela riu, o som disparando direto em suas entranhas e fazendo ele
sorrir em troca. Ela parecia tão à vontade sentada com ele falando de
magia e deuses, mas Ramsey sabia a qualquer momento que este adi-
amento poderia ser quebrado com a chegada de Declan.
― De que cor o seu deus gosta?
Ramsey olhou para as mãos e disse: ― Bronze.

142
― Posso ver?
― Por quê? Você admitiu que só viu os Guerreiros uma vez. Eu
não quero te assustar.
― Você não vai.
― Acredite, Tara, vai assustá-la. Somos destinados a assustar. E
se liberamos nossos deuses na batalha, é porque queremos proteger o
que é nosso e matar o que está vindo para nós.
Ela encolheu os ombros. ― Como qualquer escocês.
― Eu suponho que sim. ― Ele nunca tinha pensado nisso dessa
forma. Quando ele parou de pensar em si mesmo como um escocês e
começou a pensar em si mesmo como só um Guerreiro?
Provavelmente na época em que ele parou de pensar e praticar
sua magia.
― O que você está pensando? ― Ela perguntou.
Ramsey coçou o queixo. ― Sobre a minha magia. Por tanto tem-
po eu me recusei a reconhecer que ela estava lá. Agora, quando eu
preciso disso, eu não serei capaz de controlá-la.
― Sua magia era poderosa antes?
― Aye.
Ela sorriu e disse: ― Então você não deveria ter um problema
agora. Como minha avó costumava me dizer, uma vez que aprendemos
magia, ela nunca nos deixa. Está sempre lá, esperando por nós para
chamar por ela.
― Sua avó era muito sábia.
― Sim ela era. Acho que você teria gostado dela, mesmo que ela
fosse uma drough.
Ramsey se mexeu na cadeira e tomou um gole do café. ― Tara,
eu não matei sua mãe quando fui vê-la. Posso não gostar de droughs,
mas não os mato.

143
― Eles são maus. Eles trazem o mal para o mundo. Eles fazem a
oferta do mal.
― Sim, e eles respondem por isso tudo quando morrem.
― E se eu fosse uma drough, você ainda estaria tentando me sal-
var?
Ramsey olhou em seus olhos azul-esverdeados e respondeu ho-
nestamente.
― Sem dúvida.
Seu sorriso, quente e sincero, encheu o quarto. Ele estava pres-
tes a perguntar sobre sua infância quando sua audição realçada captou
o som de algo acima do barulho da tempestade de neve.
Ramsey estava de pé instantaneamente. Quase imediatamente o
celular de Ramsey tocou.
― Ele está aqui! ― Charon gritou sobre a neve.
Ramsey desligou e olhou para Tara. Seu rosto tinha perdido toda
sua cor e a caneca de café caiu de suas mãos. Ele tinha pouca escolha,
mas a protegeria até Fallon poderia levá-la.
Ele foi até ela e agarrou seus braços. ― Fique comigo. Você en-
tende? Você tem que ficar comigo até que seja hora de você ir embora.
Vou mantê-la segura.
Quando ela não respondeu, deu-lhe um pequeno aperto.
― Sim, sim! ― ela gritou.
― Pegue seu casaco. ― ordenou Ramsey.
Ele desejou que Fallon estivesse aqui para poder tirar Tara. Ram-
sey pôs a mão na porta e olhou para os ziguezagues de magia girando
em torno dele.
O som do helicóptero de Declan ficou mais alto quando se aproxi-
mou do castelo. Ramsey apagou todas as luzes do chalé e viu o heli-
cóptero pousar atrás do castelo.

144
A porta do helicóptero se abriu e quatro mercenários vestidos de
preto com máscaras negras cobrindo seus rostos correram para fora, os
seus rifles para cima e pronto para usar. Um momento depois, Declan
saiu do helicóptero e acenou para longe.
― O helicóptero não estará longe. Declan vai querer perto o sufi-
ciente para levá-lo embora. ― disse Ramsey para Tara quando ela che-
gou atrás dele.
― Eu não vou com ele.
― Não, você não vai.
Os mercenários se separaram. Dois foram com Declan em direção
ao castelo, enquanto dois se afastaram. Ramsey sorriu ao ver a pele de
cobre de Charon subir da neve e estalar a cabeça de um dos guardas.
― Era Charon? ― Tara perguntou sem fôlego.
Ramsey assentiu, com um sorriso em seu rosto quando percebeu
que eles superavam em número Declan. Terminar o bastardo seria mais
fácil do que Ramsey pensava.
Mas o sorriso de Ramsey morreu quando Charon se virou para
enfrentar mais dez mercenários.
Um rugido rasgou por Ramsey quando a primeira bala X90 rasgou
Charon.

145
CAPÍTULO DEZENOVE

Tara tropeçou para trás com o rugido feroz que fez seus ouvidos
tocarem. Ela olhou com os olhos arregalados com a boca aberta en-
quanto Ramsey se transformava diante de seus olhos.
Sua pele escureceu até um bronze profundo. Garras, longas e
perversamente afiadas, formadas de suas pontas dos dedos. Quando
ele puxou seus lábios para trás e rosnou, Tara viu as presas de Ramsey.
Mas foram seus olhos que a deixou encantada. Se fora seus lin-
dos olhos prateados. Em seu lugar, a mesma cor de bronze de sua pele
preenchia seus olhos de canto a canto.
Era perturbador e bonito ao mesmo tempo. Sua fúria saia dele
em ondas, e ela mal teve tempo de apreender tudo antes que ele sal-
tasse pela janela.
Tara se levantou, tropeçando em seu casaco e em seu cachecol.
Ela alcançou o peitoril da janela e pôs as mãos sobre ele para se incli-
nar para fora e ver onde Ramsey tinha ido.
― Maldição, ― ela murmurou quando alguma coisa cutucou suas
palmas.
Ela olhou para baixo e viu fragmentos de vidro saindo de ambas
as mãos. Tara demorou um momento tirando os maiores pedaços en-
quanto tentava decidir o que fazer.
Ramsey tinha dito a ela para ficar com ele, mas não havia nenhu-
ma maneira que ela pudesse se manter com ele. Ele tinha praticamente
voado pela neve em direção a Charon.
E ele não estava sozinho.
De repente, os Guerreiros se espalharam. Havia três Guerreiros
de pele preta que lutavam lado a lado trabalhando seu caminho através
dos mercenários. Um Guerreiro vermelho que atirava fogo, um Guerrei-
ro marrom que abria a terra e um Guerreiro prateado que usava a água
do mar como arma.

146
E não eram os únicos. Havia um Guerreiro verde, um Guerreiro
azul pálido, e um com a pele da cor do índigo. Onde Arran estava Tara
não tinha ideia.
No entanto, para cada mercenário que derrubavam, dez vezes
mais balas enchiam o ar. Tara não entendia o que essas balas eram ou
porque elas afetavam os Guerreiros imortais da maneira que faziam.
Ela queria ajudar de alguma forma, mas como poderia? A luta
corpo-a-corpo era alucinante. Os Guerreiros moviam-se com velocidade
e ferocidade que a deixaram cambaleando.
O olhar de Tara encontrou Ramsey enquanto usava suas garras
para cortar qualquer mercenário que se aproximasse dele. Ele também
tomava o tempo para tocar os rifles dos mercenários e transformá-los
em algo mais.
Mas o dano já havia sido feito.
Vários Guerreiros foram feridos, o sangue escorrendo de feridas
de bala. Tara esperou que Charon se levantasse, mas o Guerreiro não
se mexera desde que foi atingido várias vezes pelas balas.
De repente Fallon estava lá, e com um toque de sua mão, ele e
Charon desapareceram. Um batimento cardíaco mais tarde ele voltou e
levou outros Guerreiros feridos com ele.
Houve um grito alto e murmúrios que vinham do interior do cas-
telo. A cabeça de Tara virou em sua direção enquanto olhava através
da neve. Um sorriso puxou seus lábios quando ela percebeu que Arran
tinha permanecido dentro, esperando os mercenários.
Tara respirou fundo e começou a relaxar. Ramsey tinha razão. Ga-
nhariam contra Declan. Ela nunca deveria ter se preocupado, e ela
nunca mais duvidaria das habilidades dos Guerreiros.
― Bem, bem, bem, ― disse uma voz profunda perto dela. Uma
voz que ela esperava nunca mais ouvir.
Tara virou-se para ver Declan encostado no outro lado do chalé,
sem se lembrar da espessa neve que continuava a cair.

147
― Olá, Tara. Você me deu uma perseguição alegre nestes últimos
dez anos, garota. Acho que me deve um pedido de desculpas.
― Beije minha bunda, Declan. ― Ela disse isso com mais força do
que sentia. Na verdade, ela estava apavorada. Tão aterrorizada que ela
não podia sequer chamar uma quantidade magra de magia para ajudá-
la.
Declan gesticulou e balançou o dedo para ela. ― Agora isso não é
maneira de tratar um amigo, amor.
― Você nunca foi meu amigo. Você estava me usando.
Ele encolheu os ombros. ― Então você é um meio para um fim.
Você ainda pode se beneficiar de estar associada a mim. A maioria gos-
taria de estar em sua posição.
― Eu não estou mais, seu burro arrogante. Não quero fazer parte
do seu plano.
― Isso é muito ruim, porque você realmente não tem escolha.
Vim aqui por você, e não tenho intenção de sair sem você.
Homens que ela não tinha ouvido entrar no chalé agarraram cada
um de seus braços e a arrastaram para fora da porta. Ela lutou contra
eles, chutando e gritando em sua fúria.
Quando os mercenários a aproximaram o suficiente de Declan,
ela chutou com o pé e conectou com suas bolas. Foi um golpe de vista,
porém, não aquele que esperava que ele se contorcesse no chão.
Declan agarrou-se e se inclinou, um gemido baixo de dor caindo
de seus lábios. Tara observou com alegria o que ela havia causado.
― Sua puta! ― grunhiu Declan enquanto olhava para ela, com o
rosto vermelho e manchado.
― Eu vou lutar contra você a cada passo do caminho.
Ainda encurvado, Declan deu um passo em sua direção e deu-lhe
o tapa com força suficiente para que Tara se apagasse por um momen-
to. A agonia irradiava do lado direito de seu rosto, e ela provava san-
gue onde sua bochecha se cortou com os dentes.

148
A mão de Declan segurou sua mandíbula dolorosamente enquan-
to apertava. ― Vá em frente e lute, Tara. Minha magia cresceu signifi-
cativamente desde que ficamos juntos pela última vez. Eu posso fazer
coisas para você agora que fará você ficar louca.
Ela perdeu o pouco DE bravata que tinha em suas palavras. Seu
primeiro pensamento foi de Ramsey. Ela desejou que ele estivesse lá
no mesmo instante em que estava feliz por ele não estar. Se ele esti-
vesse, não havia como dizer o que Declan faria com ele. E Tara não po-
dia imaginar isso.
― Pare com seus homens. ― disse ela.
A sobrancelha loira de Declan levantou-se. ― Desculpe?
― Pare seus homens atacando os Guerreiros, e eu irei com vocês.
Seu riso não era o que ela esperava.
― Por que eu chamaria meus homens de volta? ― Declan per-
guntou. ― Eles estão derrubando os Guerreiros como ninguém mais
poderia.
O sangue de Tara congelou em suas veias. ― O que você quer di-
zer?
― Eles não te disseram, amor? ― Ele perguntou zombeteiro. ―
Essas balas estão cheias de sangue drough. Uma gota de sangue
drough mata Guerreiros.
Tara ouviu um rugido que ela sabia ser de Ramsey. Seu olhar se
inclinou para ele, e todo pensamento fugiu quando viu o sangue escor-
rendo pelo peito por uma das balas.
Agora compreendia o que o deixara tão zangado quando Charon
caiu. Agora compreendia por que Fallon se apressara em tirar os feri-
dos.
Ela compreendeu muito bem que Declan tinha a vantagem. E ela
estava bem e verdadeiramente ferrada.
― Vejo que você entendeu o meu ponto. ― , disse Declan en-
quanto esfregava as mãos com ansiedade.

149
Tara não tinha prestado atenção aos dois homens que a segura-
vam. Eles usavam máscaras para proteger seus rostos do frio, então
não era como se ela fosse capaz de identificá-los.
Então algo afiado cortou seu casaco e suéter para perfurar sua
pele. Ela abaixou a cabeça para dar a impressão a Declan que ela esta-
va derrotada e viu uma garra branca antes dela desaparecer rapida-
mente.
Esperança pulou em seu peito. Ela não estava sozinha. De algu-
ma forma Arran estava lá, e Declan nem sequer percebeu que ele tinha
um Guerreiro tão perto dele.
Tara levantou a cabeça e olhou para Declan. ― Eu vou morrer an-
tes de me tornar drough. ―
― Você diz isso agora. ― disse Declan enquanto apertava as
mãos atrás das costas e deu um passo mais perto dela. ― Logo você
estará implorando-me por misericórdia, pedindo-me para fazer qual-
quer coisa para parar sua dor. Devo lhe dar uma amostra?
Ela não teve tempo para se preparar quando se dobrou em agonia
tão feroz, tão terrível, que não podia respirar. A dor vinha de todos os
lugares como se isso explodisse por todo seu corpo, levando-a cair nos
braços de seus captores, um grito silencioso bloqueado em sua gargan-
ta.
― Você não é o que eu chamo de linda. ― Declan sussurrou em
seu ouvido enquanto Arran e o outro mercenário continuava a segurá-
la. ― Mas você é passável, e meus homens gostariam de uma rodada
com você. Vou dar a eles, Tara. Vou deixá-los te ter uma e outra vez
até que você se retraia tão longe em si mesmo que você não será ca-
paz de ficar contra mim. Sua magia será minha para controlar.
― Sua presunção não conhece limites? ― disse uma voz profun-
da e rosnada cheia de raiva.
Tara conseguiu olhar para cima e ver Ramsey em toda a sua gló-
ria de Guerreiro por trás Declan apesar da agonia correndo desenfrea-
da através dela. A camisa de Ramsey tinha desaparecido e o sangue
lhe cobria o peito, mas ele continuava parado apesar das feridas de
bala que marcavam seu peito e seus braços.

150
― Obrigado por segurá-lo, Arran ― disse Ramsey.
Declan olhou para os homens de ambos os lados de Tara. Arran
soltou-a e arrancou a máscara e sorriu, mostrando a Declan as presas.
A dor não tinha diminuído dentro de Tara, e sem Arran para se-
gurá-la, ela caiu ao chão. Ela captou um vislumbre do mercenário agar-
rar seu rifle e chutou para fora com seu pé. Já que ele já estava sem
equilíbrio com a queda dela, não demorou muito para trazê-lo para bai-
xo com ela.
― Eu não penso assim, ― Ramsey disse quando ele tocou o rifle
do mercenário e o transformou em uma arma de brinquedo.
― Você não vai me impedir de ter o que é meu! ― Declan gritou
e levantou as mãos.
Arran foi voando para trás, pousando com um som esmagador de
ossos contra o chalé. Mas Ramsey não se moveu.
― Você falhará, Declan. ― disse Ramsey.
Tara queria vê-los, queria ver Ramsey rasgar Declan, mas a dor
era demais. Ela envolveu seus braços em torno de seu estomago e se
enrolou.
― Tara, ― uma fêmea sussurrou em seu ouvido.
Tara abriu brevemente os olhos, mas não viu ninguém além de
Ramsey e Declan.
― Eu sou Larena ― disse a voz desencarnada. ― Eu sou a espo-
sa de Fallon, e uma Guerreira. Meu poder é invisibilidade. Preciso que
você espere mais um momento. Fallon estará aqui em apenas um se-
gundo.
― Não ― sussurrou Tara. Apesar da dor, ela não queria deixar
Ramsey.
Uma mão foi colocada no ombro de Tara. ― Ramsey vai ficar
bem. Ele não pode fazer o que precisa ser feito até que você se vá.
Menos de um segundo depois, ela foi levantada do chão por Fal-
lon, que disse:

151
― Declan é todo seu, Ramsey.
No instante seguinte, toda a dor deixou seu corpo. Tudo o que
Tara podia fazer era soltar um longo suspiro, seu corpo exausto da pro-
vação. Quando ela abriu os olhos novamente, ela se viu no meio de um
grande salão cercado por homens.
― Você está bem agora? ― perguntou Fallon.
Tara engoliu em seco e sacudiu a cabeça. Foi quando ela notou
uma bela mulher com curtos cachos vermelhos inclinando-se sobre
Charon, suas mãos acima dele e seus olhos fechados.
― Ele não vai responder ao maldito telefone. ― disse um gigante
de homem com cabelos loiros enquanto ele passeava de um extremo
do corredor para o outro.
Uma pequena mulher de jeans e uma camiseta cinza com cabelos
longos pretos juntou as mãos dela com a ruiva e disse: ― Hayden, por
favor, continue tentando.
― Eu o encontrei. ― disse outro homem que se afastou do resto
com pele índigo e asas de couro dobradas atrás das costas.
Fallon colocou Tara em um banco perto da longa mesa de madei-
ra. ― A que distância está ele, Broc?
― Muito longe para eu ter tempo para voar ― disse Broc.
― Onde? ― repetiu Fallon.
Broc apertou as mãos. ― Um pub em Edimburgo. Em algum lu-
gar que você não tenha estado, Fallon.
Tara observou a expressão de Fallon endurecer. Então ele podia se
teletransportar, mas obviamente ele não podia ir a algum lugar que
nunca tinha estado antes.
Outro homem de cabelo loiro escuro e olhos de cobalto ergueu a
cabeça. Ao lado dele estava uma mulher com uma massa de cabelos
ruivos crespos que freneticamente tentavam enxergar a ferida em sua
perna.
― Posso ajudar ― disse o homem.

152
Fallon bateu a mão contra a parede. ― Galen, você está ferido.
Galen acenou para Broc e Fallon. ― Venha. Eu não tenho muito
tempo.
As lágrimas encheram os olhos de Tara quando ela percebeu que
todos os Guerreiros estavam morrendo lentamente, e Charon, que não
havia se movido sobre a mesa, já poderia ter morrido.
Todo mundo estava ferido por causa dela. Porque ela tinha sido
muito teimosa para sair quando Ramsey pediu.
― Broc? ― disse Galen entre os dentes apertados enquanto colo-
cava a mão na cabeça de Broc.
― Eu tenho o pub na minha cabeça,― Broc respondeu.
Um segundo depois, Fallon pôs a mão nos ombros dos dois ho-
mens e eles se foram. Quase imediatamente Fallon voltou com Galen,
que caiu no chão.
― Vá! ― Gritou outro Guerreiro para Fallon.
O olhar de Fallon encontrou o de Tara antes de desaparecer.
Tão preocupada quanto estava com todos os feridos no corredor,
sua mente estava em um Guerreiro em particular ― Ramsey.

153
CAPÍTULO VINTE

Ramsey teria preferido que Fallon tivesse levado Arran com o res-
to, mas Ramsey garantiria que seu amigo não iria se machucar quando
desencadeasse tudo em Declan.
Ele esperou, divertido, enquanto Declan olhava em volta para
descobrir que todos os seus homens e Tara se foram.
― O que você fez? ― gritou Declan enquanto saliva voava de
seus lábios.
A neve e o vento haviam parado, fazendo tudo estranhamente
quieto. Ramsey ergueu um dos ombros. Ele não pôde levantar ambos
por causa da bala em um deles.
Doía como o inferno, mas o sangue drough não estava tendo o
mesmo efeito sobre ele como fazia com os outros Guerreiros. Ele sus-
peitava que era por ser um Druida, mas nada disso importava agora.
― Eu tenho certeza de que você nunca terá Tara. ― Ramsey res-
pondeu.
Declan respirou fundo e lentamente expirou, usando esse tempo
para controlar sua raiva. ― Você não tem ideia do que fez, Guerreiro.
― Você me chama assim como se fosse depreciativo.
― E é. ― disse Declan com um sorriso sarcástico.
Ramsey caminhou lentamente em torno dele. ― Você tem seus
antepassados droughs para agradecer por isso.
― Eu vou acabar com todos vocês, Guerreiros. Os deuses ainda
podem viver na linha de sangue, mas não haverá nenhum pergaminho
ou feitiço conhecido para desvinculá-los. E não haverá Guerreiros para
tentar ficar no meu caminho.
― Você nos subestima se achar que somos tão fáceis de se livrar.

154
Declan jogou a cabeça para trás e riu. ― Minhas balas X90 pare-
cem fazer o truque. ― Seu olhar se estreitou em Ramsey então. ― Ex-
ceto com você. O que te faz tão especial?
Um sorriso lento e mortal inclinou os lábios de Ramsey. ― Você
está prestes a descobrir.
A magia de Ramsey tinha borbulhado sob a superfície desde que
liberou seu deus depois de ver Charon cair. Ele mal a manteve afastada
durante a batalha, e só pensamentos de Tara lhe permitiram controlar.
Mas agora ele estava livre para fazer o que queria.
Ele respirou fundo e deixou sua magia preenchê-lo e misturar
com o poder de seu deus. Com um movimento de pulso, Ramsey envi-
ou Declan voando sobre o chalé e longe do castelo.
Ramsey usou sua velocidade e alcançou Declan antes que ele pu-
desse se levantar do chão. Ramsey pensou em tudo o que Declan tinha
feito para Saffron e tudo o que Declan queria fazer com Tara. Abraçou
a fúria que se elevava dentro dele. Abraçou-a, e acolheu-a.
Ele chutou Declan nas costelas, jogando-o no ar mais uma vez.
Declan aterrissou com um grunhido e levantou a palma da mão para
fora.
Ramsey antecipou seu movimento e pisou para o lado quando
uma explosão de magia passou por ele.
― Quem é você? ― perguntou Declan com raiva.
― Aquele de que você deveria ter ficado longe. Aquele que você
deve temer. Aquele que vai acabar com você.
Declan levantou-se, hesitante, segurando um braço contra as cos-
telas quebradas. ― Você não é nada mais do que um Guerreiro que
teve a ajuda da magia de algum Druida para manter-se em pé.
― Você acha que sabe muito sobre Druidas, mas na verdade,
você sabe muito pouco.
― Eu sei tanto quanto eu preciso saber. Eu sei que, como um
drough, não há Druida mais poderoso do que eu.

155
Ramsey deu um passo em direção à doninha e ergueu os lábios
para mostrar seus dentes de novo. ― Costumava ter.
― Você está errado. ― disse Declan antes de virar a cabeça e
cuspir.
Ramsey atirou os braços abertos para os lados enquanto sua ma-
gia começava a girar em torno dele. Ele estava cansado do balbuciar
fútil de Declan, cansado de olhar um rosto do mal. O tempo de Declan
estava chegando ao fim. Ele ainda não sabia.
O puro poder que deslizava através Ramsey era incrível. Ele nun-
ca se sentiu tão dominante, nunca se sentiu tão poderoso. Naquele
momento, ele sabia que podia fazer qualquer coisa, conquistar qual-
quer um.
― Está na hora de você morrer ― disse Ramsey a Declan.
Os olhos de Declan se arregalaram quando a compreensão se
aproximou. ―
Espere! ― ele implorou.
Mas Ramsey não estava interessado em nada que Declan tivesse
a dizer. Ele reuniu sua poderosa mistura de poder e magia, deixando-a
crescer e crescer para que em uma explosão Declan fosse exterminado.
Ele estava prestes a liberar um tiro de magia quando alguma coi-
sa bateu em suas costas três vezes em rápida sucessão. O sangue
drough adicionado nas X90s enviou Ramsey em um joelho.
Havia tantas balas dentro dele que ele tinha perdido a conta, mas
estes três últimos eram aparentemente demais para ele mesmo tomar
sem sentir os efeitos. Ele apertou os dentes enquanto seu sangue co-
meçou a queimar em suas veias.
― Dói, não é? ― Declan disse com um sorriso.
Os pulmões de Ramsey se embargaram, e ele colocou uma mão
no chão para manter o equilíbrio enquanto o som de um helicóptero se
aproximava. Ele tinha essa única chance de acabar com Declan. Tinha
de fazê-lo agora antes de perder a consciência.

156
Ele se concentrou em Declan enquanto ignorava a dor em seu
corpo. Sua magia estava pronta e esperando por ele.
― Nem mesmo tente. ― disse um homem quando colocou a pon-
ta do rifle contra o coração de Ramsey.
Ramsey olhou para o homem e sorriu. Não havia necessidade de
tocar o rifle já que o mesmo estava encostado nele. Com apenas um
pensamento, seu poder transformou o rifle em um frango de borracha.
Quando o homem olhou para o que costumava ser sua arma,
Ramsey enviou uma explosão de magia para ele, lançando-o para trás.
Com o helicóptero aterrissando perto dele, ele tinha pouco tempo para
chegar a Declan.
Ramsey se levantou e deu alguns passos desajeitados em direção
a Declan. Seu corpo não estava funcionando corretamente, e Ramsey
sabia que seu tempo estava se esgotando.
― Robbie! ― gritou Declan.
Pelo canto do olho, Ramsey viu o homem que tinha jogado voan-
do correndo para o helicóptero. Ramsey ergueu as mãos e enviou ma-
gia para Declan no mesmo instante em que Declan disparava uma pis-
tola.
A bala bateu no peito de Ramsey, errando seu coração por milí-
metros. Ele caiu para trás na neve. A última coisa que ouviu antes de
perder a consciência foi o grito de dor de Declan.
***
Phelan viu Fallon e Broc entrarem no pequeno bar. Ele não se
preocupou em mover-se de sua posição no balcão. Phelan não estava
surpreso por o terem encontrado. Afinal, o poder de Broc era encontrar
alguém, em qualquer lugar. A razão pela qual eles o estavam procuran-
do era o que importava. Ele tinha deixado o castelo porque não queria
participar da busca deles.
Phelan esperou que falassem enquanto subiam, mas Fallon pôs a
mão em seu ombro e, no instante seguinte, mais uma vez estava den-
tro do castelo de MacLeod.

157
― Foda-me! ― Ele disse enquanto seu copo cheio de cerveja caia
no chão. ― Que diabos é isso?
― Você não atendia o celular. ― disse Hayden.
Phelan tirou o telefone do bolso e deu de ombros. ― Eu nunca
ouço isso tocar.
― Você era necessário. ― disse Fallon. ― Por favor.
Phelan olhou em volta para encontrar a maioria dos Guerreiros
feridos.
― Merda, ― ele murmurou.
― Aqui primeiro ― chamou Isla.
Embora Phelan estivesse curioso sobre o que tinha acontecido,
não perdeu tempo em correr para a mesa. Quando ele se aproximou e
reconheceu Charon, ele parou por uma batida de coração enquanto
olhava para os numerosos buracos no peito do amigo.
― Phelan. ― insistiu Isla.
Ele abriu o pulso. Havia muitas feridas e pelo modo como o peito
de Charon mal se movia, Phelan tinha apenas uma maneira de curá-lo.
― Abra a boca dele. ― disse para Isla.
A Druidesa obedeceu, e ele deixou várias gotas de seu sangue
encher a boca de Charon.
Sem uma palavra mudou de Guerreiro para Guerreiro até que to-
dos os feridos tivessem seu sangue dentro deles. Phelan passou o dedo
sobre o corte agora fechado em seu pulso e fez uma contagem rápida.
― Estão faltando dois.
― E nós precisamos ir buscá-los. Agora! ― disse uma mulher de
cabelos castanho-dourados e olhos azul-esverdeados.
Phelan encolheu os ombros e soltou seu deus enquanto enfrenta-
va Fallon.
― Vamos então.

158
Assim que Fallon pôs uma mão sobre ele, Phelan viu a mulher
correr para Fallon e agarrar sua mão.
― Droga, Tara. ― gritou Fallon depois de os ter teletransportado
para o meio do nada.
Tara olhou de Fallon para Phelan. ― Não vou me desculpar. Te-
nho um mau pressentimento. Preciso encontrar o Ramsey.
Phelan gostou de sua coragem, mas mulheres que eram teimosas
como Tara tendiam a ter problemas. E o problema não era o que Phe-
lan estava procurando.
― Onde eles estão? ― Tara perguntou suavemente.
Phelan não gostou do silêncio que os cercava. Eles estavam no
mar, o vento estava soprando. Mas não havia mais nada. Só uma quie-
tude que o perturbava.
― Fallon?
― Nós tivemos Declan encurralado,― Fallon respondeu a Phelan.
― Ramsey queria pegá-lo sozinho.
Phelan balançou a cabeça quando partiu para o castelo. ― Pela
aparência daqueles que eu acabei de curar, as coisas não foram como
planejado.
― Nós deveríamos estar um passo à frente dele. ― disse Tara.
― Fallon! ― , Gritou uma mulher.
Todos os três estancaram.
― Já ouvi essa voz antes. ― disse Tara. ― Ela disse que seu
nome era Larena.
Phelan franziu o cenho enquanto olhava para Fallon. ― Você dei-
xou sua esposa aqui?
― Não de propósito. Ela ficou invisível, imagino que era para ver
o que acontecia com Ramsey e Declan.
Algo se moveu na crescente escuridão perto do castelo, e Fallon
partiu em direção a ele.

159
Phelan ficou para trás com Tara enquanto avançavam muito mais
devagar. Eles chegaram apenas a meio caminho quando Fallon tele-
transportou de volta para eles.
Só que não estava sozinho. Estava com Larena e Arran.
Tara correu para Arran. ― O que aconteceu? Onde está Ramsey?
Arran não pôde olhá-la nos olhos. ― Sinto muito, Tara. Eu não
sei. Declan jogou-me contra a parede do chalé.
Phelan observou curiosamente quando Tara começou a chamar o
nome de Ramsey enquanto ela fazia o possível para mover-se através
da espessa neve.
― Larena, onde está Ramsey? ― Fallon perguntou.
A Guerreira de cabelos dourados olhou para o marido e balançou
a cabeça. ― Eu vi ele atirar Declan longe do castelo, e eu fui até Arran
para ter certeza que ele estava bem. A próxima coisa que eu ouvi foi o
helicóptero, e então ele também se foi.
― Eles levaram Ramsey? ― Phelan perguntou.
Larena encolheu os ombros. ― É o meu palpite.
Fallon olhou em volta. ― Onde eles estavam lutando?
― Lá. ― Larena apontou na direção em que Tara já se dirigia.
O grito de Tara os fez correr para ela enquanto ela caía de joe-
lhos.
Phelan foi o primeiro a alcançá-la, e ele não estava preparado
para ver Ramsey no chão, a neve vermelha com seu sangue.
― Alguém faça alguma coisa, ― Tara implorou enquanto ela mo-
veu suas mãos sobre ele, tentando desesperadamente ver se ele esta-
va vivo enquanto ao mesmo tempo tentava parar o sangramento.
― Não! ― Fallon disse enquanto se ajoelhava do outro lado de
Ramsey. ― Não, isso não pode acontecer. Não vou deixar que outro
amigo morra.

160
― Ramsey, maldição, ― Arran murmurou, sua voz carregada de
emoção.
Phelan notou que o peito de Ramsey não se movia, mas em vez
de dizer qualquer coisa, ele se agachou perto da cabeça de Ramsey e
segurou o pulso sobre a boca dele.
― Segure a boca dele aberta,― Phelan disse suavemente para
Tara.
Ela olhou para ele, seus cílios congelados com suas lágrimas.
Com um aceno de cabeça ela fez como ele pediu.
Phelan estendeu uma garra e mais uma vez cortou seu pulso. Ele
deu a Ramsey três vezes mais de seu sangue do que aos outros, mas
mesmo assim não tinha muita esperança.
E então a coisa mais estranha aconteceu. Phelan viu o que pare-
cia ser uma fumaça branca que se elevava da mão de Tara e rodeava a
cabeça de Ramsey.
Exceto que não era fumaça. Era magia, e muitos mais feixes se
juntaram ao primeiro feixe fumegante até que o corpo inteiro de Ram-
sey estava coberto com eles.
― Que diabos? ― Phelan murmurou.

161
CAPÍTULO VINTE E UM

Tara prendeu a respiração, esperando com expectativa que Ram-


sey abrisse os olhos e lhe dissesse que tudo iria ficar bem.
No entanto, enquanto os minutos passavam, nada acontecia.
Ela não entendia. De volta ao Castelo MacLeod, nos poucos mo-
mentos em que ela esteve lá, tinha visto Phelan curar todos, incluindo
Charon, com apenas algumas gotas de seu sangue. Phelan tinha dado
a Ramsey muito mais do que isso, mas Ramsey não se tinha movido.
― Talvez seja por causa de sua mistura de Druida e Guerreiro, ―
Arran disse no silêncio.
Phelan sacudiu a cabeça. ― Não importa o que ele é. Meu san-
gue cura tudo.
― Isso os traz de volta da morte? ― Fallon perguntou.
― Não.
Essa única palavra pareceu extinguir qualquer esperança que Tara
tivesse em seu coração. Ela colocou a mão sobre o coração de Ramsey
onde a bala quase atingiu.
Os feixes de magia ainda se enrolavam ao redor dele, ficando
cada vez mais espessas quanto mais ela o tocava. Pelo que sabia de
magia, estava certa de que o ajudaria, não o prejudicaria, ou ainda não
o estaria tocando.
― Ele estava tão certo de vencer contra Declan. Ele até me con-
venceu. ― disse Tara a ninguém em particular.
― Eu senti uma parte de sua mistura de poder e magia. ― disse
Arran. ― Ele deveria ter sido capaz de levar a melhor com Declan.
Fallon passou a mão pelos cabelos. ― Então o que aconteceu?
Como Declan soube para trazer tantos homens?
Tara levantou um punhado de neve. ― Por causa disso.

162
― Ah! ― Larena disse com um suspiro.
Phelan apertou os lábios. ― Alguém se importa de me explicar?
― Eu causei a neve. ― disse Arran. ― Foi a ideia de Ramsey para
ajudar a manter Declan afastado e nos dar mais tempo com Tara para
convencê-la de que ela poderia confiar em nós.
Tara olhou para Arran. ― Exceto que Declan usou sua magia para
retardar a neve. O erro de Ramsey foi mandar Arran criar outra tem-
pestade mais forte.
― E Declan percebeu que um Guerreiro estava aqui. ― Phelan
terminou com um aceno de cabeça.
Larena pôs a mão no ombro de Fallon. ― Não podemos ficar
aqui. Precisamos levar Ramsey para casa.
Todos ficaram em pé, menos Tara. Ela ainda não estava pronta
para desistir de Ramsey, mas tampouco podia mantê-lo na neve. Tara
tomou a mão de Ramsey na dela enquanto Phelan colocava a mão em
um de seus ombros e Arran pegava a outra.
O frio instantaneamente derreteu com o calor que estava no Cas-
telo MacLeod. Assim que apareceram, todos os cercaram, o silêncio en-
surdecedor enquanto olhavam para Ramsey.
― Não. ― disse o gigante loiro, Hayden, num sussurro incrédulo.
Phelan falou ao grupo, mas ele captou o olhar de Tara enquanto
ele dizia:
― Ramsey ainda não está morto. Ele vive, mas se mantém por
um fio.
― O que diabos é esse envoltório em torno dele? ― Alguém per-
guntou.
Arran apertou o ombro de Tara enquanto dizia: ― É Tara. Sempre
que ela e Ramsey se tocam, esses feixes de magia aparecem ao seu
redor.
― E só nele ― acrescentou Charon.

163
Charon ajudou Tara a se levantar, enquanto vários Guerreiros le-
vantavam Ramsey e caminhavam com ele pelas escadas. Tara obser-
vou-os, orando silenciosamente para que Ramsey despertasse.
Ela olhou para as mãos e o casaco coberto com o sangue de
Ramsey. Cada instinto gritava para que ela fosse com ele, mas foi o
olhar de Fallon que a manteve no salão.
Quando o grupo desapareceu, Phelan afundou-se em um banco e
apoiou o cotovelo em cima da mesa. ― Eu fiz tudo que pude.
― Nós sabemos. ― disse Arran. ― Vi quantas dessas balas
droughs tinha nele. Ele não poderia ter permanecido em pé.
Tara olhou para o chão, sem saber o que fazer ou dizer. Então,
havia uma mão macia em seu braço. Ela olhou para cima para encon-
trar-se cercada por mulheres.
― Você é bem vinda aqui. Por favor, sinta-se em casa. ― disse
Larena.
Uma mulher de cabelos castanhos que chegavam aos ombros e
emoldurava o rosto com cachos disse à Larena: ― Vá se trocar. ―
Quando Larena se afastou, a mulher virou o olhar de mogno para Tara.
― Eu sou Cara, a esposa de Lucan. Tenho certeza que você ainda não
conheceu todos, e nós somos uma grande ninhada, então provavel-
mente levará tempo para aprender o nome de todos.
― Venha. ― disse outra mulher enquanto puxava Tara para o
fogo crepitante na enorme lareira. ― Sou a Marcail, a esposa de Quinn.
Tara nunca tinha visto tão lindos olhos turquesa antes, e no alto
da cabeça de Marcail havia uma série de pequenas tranças unidas com
ouro.
― Eu sou Isla. ― disse a pequena mulher de cabelos negros que
ela tinha notado antes. ― O gigante é meu marido, Hayden.
A cabeça de Tara começou a flutuar com todos os rostos até ago-
ra. Reaghan, que era a esposa de Galen, pegou seu casaco, e a ruiva
que ela vira tratando de curar Charon era Sonya, que estava casada
com Broc, o de asas.

164
Depois, havia Gwynn, uma americana do Texas, que era casado
com Logan, Dani, que tinha os cabelos prata mais lindos e era casada
com Ian, e Saffron, a Vidente, que era casada com Camdyn.
Tara colocou a mão na cabeça dela que agora estava batendo.
Ela tinha conhecido todas as Druidesas, mas lembrar de cada uma de-
las levaria algum tempo.
― E não somos todos nós. ― disse Dani.
Cara riu. ― Está certo. Fiona foi com Braden e Aiden até a cida-
de.
― Aiden é meu filho e de Quinn. ― disse Marcail orgulhosamen-
te.
Reaghan assentiu com a cabeça. ― E Fiona é a mãe de Braden.
Eles viajaram comigo de Loch Awe quando eu vim aqui pela primeira
vez.
― Que foi quando? ― Tara perguntou.
Elas agiam como se todos estivessem juntos há décadas e não
anos.
Gwynn foi quem colocou uma mão reconfortante nos joelhos de
Tara. ― Há muito que você precisa para saber. Basta dizer que a maio-
ria tem vivido neste castelo por mais de quatro séculos.
― O quê? ― Tara perguntou com uma risada sufocada. ― Mas só
os Guerreiros são imortais, não Druidas.
Isla com seus olhos azul-gelo sorriu conscientemente. ― Você
está certa, é claro. Ou seja, a menos que você tenha uma Druidesa
que seja poderosa o suficiente para não apenas ocultar o castelo da vi-
são mas também fazer com que os mortais que ficam dentro do meu
escudo não são tocados pelo passar do tempo.
― Então você é aquela sobre quem Ramsey falou. Aquela que
Deirdre forçou a se tornar drough.
― Sou eu. ― disse Isla com apenas um tom de tristeza. ― Eu so-
brevivi quinhentos anos Deirdre como minha raptora. Fui trazida para o

165
castelo de MacLeod, o que ajudou a me tornar forte o suficiente para
romper com ela.
― Espero que tenha sido mais do que isso ― disse uma voz pro-
funda no topo da escada.
Tara virou-se para ver Hayden descer os degraus e caminhar até
Isla. Ele colocou um beijo em cima de sua cabeça e acenou com a ca-
beça para Tara.
― Nós não tivemos uma apresentação antes, embora nós tenha-
mos ouvido muito sobre você, Tara Kincaid. No caso de minha linda es-
posa não lhe contou, sou Hayden Campbell.
Isla deu-lhe uma cotovelada nas costelas. ― Onde está Ramsey?
― Na torre sul.
Sonya levantou-se. ― É melhor eu ver se alguma da minha magia
de cura pode ajudar.
Tara queria ir com ela. Foi bom conhecer todos, mas ela se sentia
inútil no salão. Não que ela fosse de alguma ajuda na torre. Mas pelo
menos ela estaria com Ramsey.
Charon estava de repente ao seu lado. ― Venha. Vou levá-la até
ele.
Tara sorriu com gratidão e se levantou para segui-lo. Chegou ao
patamar do segundo andar antes de perceber que não tinha dito nada
aos outros. Os passos de Charon eram longos, e Tara teve que pratica-
mente correr para acompanhá-lo.
Eles subiram várias outras escadas antes de chegarem à torre e
subirem os degraus curvos até o topo.
― Não sei mais o que fazer. ― ouviu alguém dizer.
― Ele já deveria ter acordado agora. ― disse outro.
Tara ouviu algo atrás dela e olhou por cima do ombro para ver
Phelan ali. Ele deu um pequeno encolher de ombros ao seu olhar inter-
rogativo.

166
Quando chegaram ao topo da torre, um arrepio ruim se instalou
no âmago de Tara. Ninguém disse uma palavra enquanto a observavam
caminhar até a cama. Eles se separaram para que ela pudesse ver
Ramsey.
Os fios de magia ainda estavam em volta dele, mas eles estavam
começando a desaparecer. Ela queria tocá-lo novamente, mas ela hesi-
tou. E se ela estivesse piorando as coisas?
― Nunca perguntei o que Declan fez com você em Dunnoth. ―
disse Fallon.
Tara olhou para ele e encolheu os ombros. ― Eu realmente não
sei. Com apenas um movimento de sua mão meu corpo inteiro doeu.
Eu não podia respirar. A dor veio de todos os lugares, então eu não sei
de onde ela derivou.
― Ele é um monstro sem alma, então isso realmente não impor-
ta. ― Saffron disse enquanto se aproximava de Sonya do outro lado da
cama. ― Passei mais de três anos com Declan, trancada em sua prisão
e torturado. Ele não precisa ter uma razão para nada. Ele apenas faz
isso.
Tara estremeceu. ― Ele disse que sua magia cresceu.
― Tanto quanto eu quero pegar aquele bastardo, agora estou
mais preocupado com Ramsey, ― disse um homem de cabelos casta-
nhos claros e olhos castanhos. Ele olhou para Tara e deu um sorriso
meio pesaroso. ― Me perdoe. Eu sou Logan Hamilton.
Um a um, os Guerreiros se aproximaram e se apresentaram. Tara
pôde colocar um par deles junto com suas esposas. Ela reconhecia fa-
cilmente os irmãos MacLeod não apenas pelos seus cabelos escuros e
olhos verdes similares, mas também pelos torcs 2 em torno de seus pes-
coços.
― E agora? ― perguntou Ian.
Lucan MacLeod deu de ombros. ― Nós vemos o que Sonya pode
fazer, e esperamos.

2
Torc – Cultura Celta – Anel/gargantilha de metal usado no pescoço por pessoas da nobreza.

167
― Meu sangue nunca falhou em curar. ― disse Phelan, seu olhar
fixo em Ramsey.
― Ainda não falhou. ― disse Camdyn. ― Dê tempo para isso.
― Vamos dar a Sony um espaço para usar sua magia de cura. ―
disse Quinn MacLeod.
Tara começou a se virar para sair com os outros quando Saffron
pegou sua mão.
― Fique. ― insistiu Saffron.
Sonya sorriu e assentiu. ― Sim por favor. Podemos usar sua ma-
gia para ajudar.
― Não, ― Tara disse apressadamente, então limpou sua garganta
quando eles a olhavam estranhamente. ― Isso não saiu certo. O que
eu quis dizer é que minha magia não é... bem, eu não posso controla-
la. Às vezes, nada acontece, e outras vezes é tão poderosa que não
consigo contê-la.
― Interessante. ― disse Saffron. ― Eu nunca vi nada disso em
minhas visões de você.
Sonya ergueu as palmas das mãos sobre Ramsey e fechou os
olhos. ― Com o sangue de Phelan nele, não deveria ter muito da mi-
nha magia para curar Ramsey.
Poucos minutos depois, Tara sentiu um estranho pulso na sala, e
percebeu que era a magia de Sonya. Ela nunca havia sentido tal magia
antes. Era estranho que ela sentisse isso com mies e não com os mais
poderosos droughs de sua família.
Sonya ficou como estava por mais de quinze minutos antes de
soltar um suspiro e baixou as mãos. ― Ele não está resistindo à minha
cura, mas ele também não está aceitando-a também.
Tara não aguentou mais. Ela colocou a mão sobre a de Ramsey e
sentiu um choque correndo através dela.
― O que foi isso? ― Saffron perguntou sem fôlego.

168
Tara só pôde olhar fixamente chocada enquanto o peito de Ram-
sey se elevava bruscamente e lentamente baixava quando ele começou
a respirar normalmente. Os feixes de magia que tinham quase desapa-
recido alguns momentos antes se fortaleceram.
― Que estranho. ― disse Sonya.
Saffron deu de ombros um pouco. ― Que eu não vi chegando.
― O que aconteceu? ― Tara perguntou.
Sonya levantou as mãos na frente dela em um gesto de confusão.
― Eu não faço ideia. Tudo que eu sei é que Ramsey está respirando re-
gularmente agora, e isso é bom o suficiente para mim.
― Talvez o sangue de Phelan finalmente tenha funcionado. ―
disse Saffron.
Tara observou um dos tentáculos da magia o em torno de seu
pulso antes de rodopiar em torno de Ramsey. Algo acontecera entre ela
e Ramsey quando ela o tocou. Ela não sabia o quê ou como, mas tinha
acontecido.

169
CAPÍTULO VINTE E DOIS

Declan pegou o copo de uísque na mesa de café e levou-o aos lá-


bios com a mão trêmula. Ele olhou para a mão esquerda, incapaz de
acreditar nas marcas negras que corriam sobre sua pele como relâmpa-
gos.
Ele nunca tinha visto nada parecido antes, mas não havia dúvida
de que era magia. De alguma forma, de algum modo, o Guerreiro usa-
ra magia nele.
Declan derrubou o uísque em um gole e colocou o copo de lado
com um baque. Ele balançou a cabeça diante do absurdo de seus pen-
samentos. Os Guerreiros não podiam fazer magia. Tinha que haver um
Druida perto que estava ajudando o Guerreiro.
Certamente não era Tara. Ela nem sequer tinha posto metade de
uma luta contra ele. Esse pensamento ajudou a aliviar a dor em seu
braço, mas não por muito tempo.
― Como está isso? ― Robbie perguntou enquanto entrava no es-
critório de Declan, outra garrafa de uísque na mão.
― Isso dói bem, seu imbecil.
Robbie baixou o uísque perto do copo de Declan e olhou para
qualquer lugar, menos para o braço ferido de Declan.
A raiva aumentou em Declan. ― Você tem medo de olhar para
isso?
― Não. ― Robbie respondeu rapidamente. Muito rápido.
― Você acha que eu não sou mais capaz?
Desta vez, os olhos de Robbie se moveram para encontrar o dele.
― Nunca, primo.
― Então, o que é?

170
Robbie deu de ombros e olhou para seus pés. ― Você estava
quase morto. Esse Guerreiro, um único Guerreiro, quase matou você.
― Ele teve ajuda. Havia um Druida perto. É a única explicação.
Você sabe tão bem quanto eu que nenhum Guerreiro poderia ter ma-
gia.
― Como sabemos isso?
Declan desenroscou a garrafa de uísque e derramou uma dose du-
pla em seu copo. ― É a forma que é. Além disso, quem quer que seja
aquele Guerreiro, está morto agora. O X90 que eu pus nele entrou em
seu coração.
― Você errou. ― Robbie murmurou.
Com o copo a meio do caminho da boca, Declan estreitou os
olhos em seu primo.
― O que você disse?
Robbie limpou a garganta, mas manteve sua postura. ― Você er-
rou seu coração. Era justo mais à esquerda.
― Independentemente disso, o bastardo está morto. Nenhum
Guerreiro pode sobreviver a uma bala X90. ― Ele mais uma vez incli-
nou o copo para seus lábios e drenou o conteúdo.
Logo, com a ajuda do uísque, a dor em seu braço ficaria entorpe-
cida para que pudesse pensar direito novamente. No momento, ele
nem conseguia mover os dedos da mão esquerda. A explosão de magia
o atingiu no braço, e a agonia foi instantânea.
Embora Robbie só pudesse ver o que revelava a manga enrolada
de Declan, a verdade era que os feixes pretos semelhantes a teia de
aranhas começavam em seu ombro e se espalhavam pelo braço até a
ponta dos dedos e estavam invadindo seu peito.
Uma onda de angústia bateu em Declan como os feixes espalhan-
do ainda mais.
O vidro caiu de seus dedos, salvo de quebrar pelo tapete.

171
Robbie apressou-se para ele, mas Declan levantou a cabeça e
olhou para seu primo. ― Saia. Agora.
― Declan...
― Agora! E feche a porta. Não vou ser perturbado. Não importa o
que você ouvir, não venha aqui!
A sala começou a girar ao redor de Declan, e no começo ele não
achou que Robbie faria o ele tinha pedido Então, com um traço som-
brio no rosto, Robbie girou sobre seu calcanhar e caminhou para a por-
ta. Com um último olhar para Declan Robbie fechou a porta com firme-
za atrás dele.
Declan desmoronou, sua garganta seca e seu corpo coberto de
suor. O uísque não tinha efeito algum. E a dor dobrava com cada batida
de seu coração.
Ele se empurrou de pé com a mão direita e o braço do sofá, ape-
nas para ter suas pernas falharem. Levou mais três tentativas antes
que Declan pudesse permanecer de pé.
Se não fosse o sofá em que se apoiava, Declan nunca teria che-
gado ao fogo. Suas pernas desabaram e se contorceu diante da lareira.
Com o suor correndo em seus olhos, Declan se concentrou nas cha-
mas.
Não havia dúvida de que qualquer coisa que lhe fora feito, o de-
vorava lentamente. Ele estava morrendo. E havia apenas uma entidade
que poderia salvá-lo.
O canto começou a cair de seus lábios. Suavemente no início,
mas com cada recitação ficou mais forte quando o desespero se insta-
lou. Se o Diabo não respondesse, Declan sabia que ele não iria durar
uma noite.
Então, finalmente, as chamas do fogo saltaram e faíscas voaram.
― Por que você me chama? ― Exigiu a voz profunda e sinistra.
― Fui ferido.
Houve uma pausa grave antes de a voz pergunte: ― Como?

172
― Encontrei Tara. Quando fui busca-la, havia Guerreiros.
A voz riu secamente. ― Suas balas especiais deveriam ter cuida-
do deles.
― Elas o fizeram. Até certo ponto. Mas havia um que as balas
não pareciam incomodar.
― Como assim?
Declan engoliu em seco e afastou a dor. Ele não receberia nenhu-
ma ajuda até que o Diabo tivesse toda sua informação. ― Ele mal se
encolheu quando elas impactaram seu corpo.
A fumaça negra subitamente encheu o escritório de Declan vindo
das chamas. Ele ficou imóvel enquanto isso o rodeava, cercando-o e
tocando cada centímetro dele.
― Magia foi usada ― disse a voz perto da orelha de Declan.
― Sim.
― Magia forte.
Declan mordeu o lado de sua boca para manter seu grito de dor
silencioso enquanto os feixes trabalhavam mais abaixo em seu peito
até seu estômago.
― Você está com muita dor, ― disse o Diabo.
― Eu nunca ouvi falar de qualquer tipo de magia que pudesse fa-
zer isso.
O Diabo riu novamente. ― Ah, mas então eu te ensinei feitiços
que nunca foram conhecidos antes. No entanto, isso não é magia ne-
gra sobre você. Se fosse, você já estaria morto.
Nada, para Declan, do que estava sendo dito fez ele se sentir me-
lhor. Então, ele tentou novamente. ― Existe uma cura? Aponte-me na
direção certa, Mestre, para que eu possa me curar.
― Você não quer que eu faça isso por você?
Não havia nada que Declan quisesse mais, mas ele havia aprendi-
do desde cedo a não pedir algo assim. ― Se esse é o seu desejo.

173
― Com Deirdre morta, coloquei toda minha fé em você, Declan.
Não me decepcione.
― Nunca.
A fumaça começou a girar em torno dele. ― Eu vou parar o pro-
gresso dessa magia, mas para que você mesmo possa curar-se, você
terá que aprender quem fez isso com você.
― Você sabe? ― Declan se apressou em perguntar.
Não houve resposta quando a fumaça voltou para a lareira e de-
sapareceu.
Declan apertou a mão direita em sua perna. Ele esperava mais
ajuda do que simplesmente parar a magia. A dor ainda tinha que dimi-
nuir, e ele começou a suspeitar que não iria.
Este foi o castigo por não ter sido melhor que o Guerreiro e cap-
turado Tara. Ele ainda não podia acreditar depois de todo o trabalho,
todo o tempo, ele tinha tido Tara em suas mãos.
Só para ser espancado por um maldito Guerreiro.
Nunca tinha ocorrido a Declan que um Guerreiro substituísse um
de seus homens, mas com as máscaras que os mercenários usavam, ti-
nha sido uma troca fácil.
E uma lição aprendida da maneira mais difícil.
Declan meio rastejou, meio se arrastou para a mesa de café onde
serviu mais uísque e bebeu de um gole.
― Robbie! ― berrou ele.
Imediatamente, seu primo estava ao lado dele. ― O que é?
― Eu preciso que você me ajude na biblioteca. Temos trabalho a
fazer.
***
Ramsey abriu os olhos gradualmente. Demorou um minuto inteiro
para ele perceber onde ele estava e fazer um balanço de seu corpo.

174
― Finalmente! ― a voz profunda de Phelan disse no silencio en-
quanto se apoiava contra o pé da cama.
Ramsey ergueu a cabeça e olhou ao redor da torre. A luz inunda-
va as janelas.
Tara dormia desajeitadamente na cadeira enquanto Phelan conti-
nuava a encará-lo.
― O que eu fiz para você? ― Ramsey perguntou.
Phelan revirou os olhos. ― Você quase morreu.
Ramsey lentamente se sentou e balançou as pernas sobre a cama
enquanto segurava o lençol em volta da cintura. Ele estava nu, o que
significava que o tinham trazido de volta ao castelo para ser curado.
Curado? Perto da morte? Ele empurrou seus pensamentos desor-
denados para determinar o que estava acontecendo.
Então tudo voltou para ele precipitadamente. Sua mandíbula
apertou quando seu olhar voltou para Phelan. ― Declan está morto?
― Não.
Então Ramsey tinha falhado. ― Há quanto tempo estou inconsci-
ente?
― Dois dias. Tara não saiu de seu lado, e todo o castelo está pre-
ocupado.
Ramsey esfregou uma mão pelo rosto, sentindo a espessa barba
crescendo, e se inclinou para frente, de modo que seus cotovelos des-
cansaram em suas coxas. Ele se virou para Phelan e perguntou: ― Por
que você está aqui?
― Eu fui trazido aqui para curar Charon e os outros que foram fe-
ridos. Então nós fomos te encontrar. Você não respondeu ao meu san-
gue.
Ramsey tinha visto o que o sangue de Phelan podia fazer, então
fazia pouco sentido para ele que ele não tivesse sido curado como os
outros. ― Estou tão confuso quanto você sobre os motivos.

175
Ele olhou para Tara e bebeu em sua beleza. Seus cabelos esta-
vam emaranhados e suas roupas amarrotadas, provando que ela, de
fato, ficara ao seu lado.
― Ela está bem? A última vez que a vi, Declan tinha feito algum
feitiço ou algo assim.
Phelan assentiu. ― Ela está bem. Mas ela é muito teimosa.
― Eu sei, ― ele disse com um pequeno sorriso.
― Os outros vão querer falar com você.
― E eu com eles. Ramsey se levantou e gentilmente ergueu Tara
em seus braços antes de virar e coloca-la na cama. Depois de tirar os
sapatos, ele a cobriu com a manta.
Ela não acordou enquanto se aconchegava debaixo das cobertas
e suspirava satisfeita.
Ramsey endireitou-se. ― Onde estão minhas roupas?
― Eles foram arruinados, mas Galen trouxe mais para você. ―
disse Phelan, e apontou para outra cadeira ao lado.
Ramsey apressou-se em vestir-se, o olhar de novo e de novo
para Tara.
― Se você não a acordar, ela vai ficar com raiva. ― disse Phelan.
Ramsey respirou fundo e olhou para suas mãos que mais uma vez
seguravam as fitas brancas de magia. ― Ela está fugindo há muito
tempo. Ela precisa descansar.
― Sim. Diga a isso a ela quando ela for procurar você mais tarde.
Ramsey sabia que Phelan tinha razão, mas ele queria falar com
os outros sem Tara primeiro.
― A propósito, o que é isso? ― Phelan perguntou, e empurrou o
queixo para as mãos de Ramsey.
Ele levantou as mãos diante dele. ― Parece incrível.

176
― Todos nós a tocamos. Você é o único que tem essa reação a
ela.
Ramsey suspirou quando deixou cair os braços. ― Eu sei. Deve
ter algo a ver com a minha própria magia.
― No entanto, nenhum das Druidesas são afetadas.
Por isso Ramsey não esperava.
― Seja o que for, é entre você e ela. ― disse Phelan. ― Eu tenho
que admitir, eu estou mais do que curioso. Essa magia tem girado em
torno de você desde que nós o trouxemos de volta ao castelo.
Ramsey franziu as sobrancelhas ao recordar o som dos tambores
e o canto dos antigos no fundo de sua mente. Tinha pensado que era
um sonho porque fazia séculos que ele não os ouvia. Mas talvez não ti-
vesse sido um sonho. Talvez estivessem lá.
Porém, o que significava? Ramsey não tinha procurado os anti-
gos, e os antigos não chegavam a um Druida a menos que quisessem.
Ramsey franziu a testa e olhou para as mãos. Os feixes brancos
de magia estavam rapidamente se tornando algo que ele queria ver.
E que precisava sentir.

177
CAPÍTULO VINTE E TRÊS

Ramsey se encolheu quando desceu as escadas e a conversa no


grande salão parou. Ele tentou enganar-se pensando que ele era o
mesmo que os outros Guerreiros sentados ao redor da longa mesa,
mas ele sabia de outra maneira agora.
E eles também.
Ramsey não olhou para ninguém quando começou a se dirigir
para seu assento. Ele não deveria ter ficado surpreso quando Fallon,
seguido por seus irmãos, Lucan e Quinn, levantaram-se de seus assen-
tos na cabeceira da mesa e bloquearam seu caminho.
― Você nos deu um susto, especialmente em Tara. ― disse Fal-
lon.
Ramsey olhou para o líder de seu grupo, um homem que ele con-
siderava um amigo íntimo. ― Não foi minha intenção.
― Nada mudou, você sabe ― disse Lucan. ― Você ainda é parte
de nossa família. Você ainda é meu irmão, pelo destino se não por san-
gue.
Ramsey engoliu em seco para desalojar o nó de emoção forman-
do em sua garganta.
Quinn levantou uma sobrancelha escura. ― Sem mais segredos,
Ramsey. Todos nós temos algo a esconder ao longo dos anos, mas
como Lucan disse, somos família. Estamos aqui por você.
― Tudo bem. ― , Ramsey disse depois de um momento.
Pareceu apaziguar os irmãos MacLeod já que eles retomaram
seus assentos e o deixaram encontrar o seu próprio. Ramsey mal se
sentou quando um prato cheio de comida foi colocado na frente dele.
― É bom ter você de volta, ― Cara disse com um pequeno aper-
to em seu ombro.

178
Ramsey olhou para o prato, sem ver a comida. Ele soltou um lon-
go suspiro enquanto seus ombros relaxavam. Este salão, este castelo,
era seu lar. Era o único lugar que ele se sentia ser ele mesmo.
Duas vezes agora ele tinha encontrado o caminho de volta para o
castelo e sua família. Ele teria outra chance?
― O que aconteceu, Ramsey? ― , Perguntou Hayden.
Ramsey ergueu o olhar para encontrar os olhos negros de Hay-
den travados nele.
Ramsey encolheu os ombros e disse: ― Declan fugiu, embora eu
tivesse certeza de que o tinha atingido com a minha magia.
Galen pigarreou e se inclinou sobre a mesa. O olhar de Ramsey
se estreitou enquanto observava seu amigo. Não foi como se Galen es-
tivesse nervoso. Galen era a antítese do nervosismo, que não era um
bom presságio.
― Não foi até depois que você partiu para Dunnoth Tower que eu
percebi que não tinha falado com você sobre você também ser um
Druida. Eu deveria.
Ramsey afastou as palavras de Galen. ― Nós estávamos come-
morando, como deveríamos ter feito. E a verdade seja dita, eu não
queria falar sobre isso.
― Mas devíamos. ― insistiu Galen.
Ramsey viu Reaghan entrelaçar os dedos com Galen, e Ramsey
imediatamente pensou em Tara. Um olhar para baixo em suas mãos
mostrou os feixes de magia desbotados a quase nada agora.
― Chegue ao ponto ― disse Ramsey.
Fallon disse: ― Galen ficou curioso sobre os Druidas de Torra-
chilty, e ele também lembrou de você dizer que não sabia o que acon-
teceu com eles.
Ramsey fechou as mãos em punhos, tentando desesperadamente
manter a calma. ― O que você descobriu? ― perguntou a Galen.

179
― Não muito, infelizmente. O que eu descobri, você provavel-
mente já sabe. ―
― Que nós éramos Druidas Guerreiros, aqueles temidos por to-
dos. Até mesmo os droughs.
Galen fez um curto aceno de cabeça.
― O que é condenadamente impressionante, ― disse Camdyn à
direita de Ramsey.
Logan sorriu. ― Muito. Não é de admirar que você tenha um
deus dentro de você.
― O que mais você aprendeu? ― perguntou Ramsey a Galen.
Galen olhou para a mesa. ― Eles sabiam quem ela havia te leva-
do.
Foi como um punhal no coração de Ramsey. Ele tinha esperado,
orou para que sua família tivesse pensado apenas que ele fugira para
que não fossem procurá-lo.
Ramsey esforçou-se para manter sua respiração uniforme, deses-
peradamente tentou segurar a angústia sobre as palavras de Galen.
Ramsey manteve-se perfeitamente imóvel, seu olhar focalizado em um
ponto na mesa apenas acima de seu prato.
Gradualmente, o aperto em volta de seu peito começou a dimi-
nuir para que ele pudesse respirar novamente.
― Houve rumores sobre Deirdre. ― disse ele. ― Era apenas ru-
mores. Tínhamos ouvido os rumores sobre o massacre dos MacLeods.
Eu fui despachado para descobrir se era verdade. Eu vi a verdade do
ataque, e eu sabia que isso significaria uma guerra entre meu povo e
Deirdre. Eu estava no caminho de volta quando fui levado.
Lucan captou seu olhar, suas narinas flamejantes. ― Você viu... o
nosso clã?
― Não restava nada quando cheguei aqui. Mas eu vi a evidência
no castelo e na terra.

180
― Quando foi isso? ― Quinn perguntou em um sussurro. ―
Quanto tempo depois que Deirdre matou nosso clã?
Ramsey olhou para cada irmão de MacLeod. ― Três anos.
Ele esfregou a testa com a mão enquanto o rosto de seu pai bri-
lhava em sua mente. Deirdre nunca usara sua família contra ele como
os outros. Ele pensou que tinha sido poupado disso, mas agora come-
çava a se preocupar que algo horrível tinha acontecido com eles.
― E o meu povo? ― Ele perguntou.
Os olhos azuis de Galen estavam tristes quando disse: ― Como
um clã Guerreiro, o que você acha que eles fizeram? Saíram em peque-
nos grupos para tentar acabar com Deirdre.
― Eles deveriam ter sido capazes de fazer isso.
― Do texto que eu li que era a segunda missão deles. A primeira
era encontrar você.
A dor rasgou o peito de Ramsey quando ele se levantou e saiu do
salão. Ele precisava de ar, e algum tempo sozinho.
Ramsey abriu a porta do castelo quando entrou na muralha. A fri-
eza do ar gelado do inverno não fez nada para acalmar sua pele aque-
cida.
Suas botas esmigalharam através da neve na muralha enquanto
sua mente girava com pensamentos e perguntas. Por que o haviam
procurado? Ele poderia ter a maior magia do que qualquer Druida de
Torrachilty, mas ele era apenas um homem. Seu povo inteiro não deve-
ria ter sido sacrificado por ele.
Caminhou para baixo no portão e afastou-se do castelo. Foi até a
beira dos penhascos. Eles caíam abruptamente para a água abaixo.
Com uma mão sobre o peito, esfregou onde a dor continuava a
crescer. Uma das razões pelas quais nunca procurara encontrar seu
povo era o medo do que descobriria.
Ele esperava que tivessem sobrevivido. De alguma forma, de al-
gum modo. Embora ele soubesse que Deirdre não permitiria que todos

181
vivessem. Os Druidas de Torrachilty tinham possuído incrível magia,
magia que rivalizava com a magia negra de Deirdre.
Mas Deirdre não sabia que ele era um Druida. Daquilo Ramsey
estava certo. Ela teria usado qualquer meio necessário para encontrar
seu clã e destruí-los. E não havia como dizer o que ela teria feito para
transformá-lo em um drough.
Como ela o encontrou? Como ela sabia que tinha um deus atado
dentro dele? Essas eram perguntas que ele nunca saberia as respostas,
perguntas que o assombrariam por toda a eternidade.
E sabendo que ele não tinha conseguido matar Declan só o fazia
se sentir ainda pior.
Ramsey virou a sua raiva para Declan. Lá ele podia concentrar
toda a sua atenção no bastardo que tinha tomado o lugar de Deirdre.
Era a única escolha de Ramsey, porque se ele continuasse a pensar em
sua família e em seu povo, perderia o último pedaço de seu controle. E
isso não poderia acontecer.
Houve um ruído na neve enquanto passos se aproximavam. Devia
ter sabido que não o deixariam em paz. Eles eram familiares, por isso
preocupados.
― Ramsey ― disse Logan atrás dele.
Ele lentamente se virou para encontrar não apenas Logan, mas
Hayden e Galen também. Os quatro viajaram muitas vezes juntos ao
longo dos séculos. Eram seus primeiros amigos. E por muito tempo
eles haviam sido os únicos em quem Ramsey confiava.
― Você sabe que estamos aqui para você. ― disse Hayden.
Galen assentiu com a cabeça. ― Sempre.
Ramsey puxou o ar frio para dentro de seus pulmões e lentamen-
te o soltou. ― Eu sei. Agradeço que tenha descoberto o que descobriu,
Galen. É apenas… ―
― Demais. ― respondeu Logan.
Hayden cruzou os braços sobre o peito. ― E Deirdre nunca soube
que você era um Druida.

182
― Nunca. ― Ramsey respondeu.
Galen enfiou as mãos nos bolsos dianteiros de seu jeans, seu ca-
belo comprido chicoteando na brisa do mar. ― Essa parte de nossas vi-
das acabou. Não importa o que ela fez ou não sabia. O que precisamos
descobrir é se algum dos Druidas de Torrachilty sobreviveu.
― Além de mim.
Logan deu um pontapé na grossa neve. ― Você deve ter sido
muito importante para o seu povo, Ramsey.
― Eles teriam ido atrás de qualquer um que tivesse sido le-
vado. ― disse ele. ― Nós éramos um grande clã, mas éramos unidos.
Nossa magia nos uniu. Isso nos ligou.
― Como estamos unidos ― disse Hayden.
Ramsey deu um aceno para Hayden antes de olhar para Galen. ―
Quantos foram me procurar?
― Ao longo das décadas? Quase todos.

183
A faca no peito de Ramsey torceu-se com a notícia.
― O resto, ― continuou Galen, ― foram derrotados por Deirdre.
Ramsey baixou a cabeça e fechou os olhos. A notícia ficava cada
vez pior. Se todos os guerreiros tivessem ido buscá-lo, não havia nin-
guém na floresta para proteger as mulheres e as crianças.
Teria sido uma matança. Assim como o clã MacLeod tinha sido.
― Certamente as mulheres e crianças tinham magia para se de-
fenderem. ― disse Logan.
Ramsey balançou a cabeça enquanto olhava para os amigos. ―
Não. A magia só ficava com os homens. Era muito potente para uma
fêmea controlar. Ficariam loucas com o poder de nossa magia.
― Não conte isso a minha esposa. ― disse Hayden com um sorri-
so.
Ramsey encontrou os cantos de seus lábios inclinando uma fra-
ção enquanto pensava em Isla. Ela poderia ser a menor das Druidesas,
mas sua magia era uma força a ser contada.
― Eu sei que isso é muito para receber, mas queremos ajuda-lo.
― disse Galen.
Ramsey passou a mão pelos cabelos e olhou para onde o mar en-
contrava o horizonte. ― Não há como me ajudar agora, meus amigos.
― Podemos descobrir mais. ― ofereceu Hayden.
Logan resmungou. ― Não, nós descobriremos mais. Gwynn é in-
crível com o que ela pode fazer em um computador. Tem que haver
mais do que aquele livro que encontramos com informações sobre os
Druidas de Torrachilty.
Mas Ramsey não tinha tanta certeza. Seu povo tinha se mantido
por uma razão. Sua magia tinha sido guardada contra forasteiros por-
que todos queriam saber o que os tornava tão poderosos.
Somente seu povo sabia que o primeiro homem a se oferecer
como um recipiente para os deuses tinha sido um Druida de Torrachilty.

184
Desde os tempos idos, seu povo tinha sido reverenciado e temido.
Suas proezas na batalha haviam sido lendárias. Eles tinham dado sua
lealdade para ninguém, mas cada rei e líder de clã os tinham procurado
para pedir ajuda.
Os Druidas de Torrachilty não lutavam apenas por lutar. Eles en-
travam em batalha somente depois de ouvir os dois lados e determinar
quem eles acreditavam ser a pessoa certa.
Tantas batalhas haviam sido decididas pelo seu povo. Tinha sido
orgulhoso ser um deles, orgulhoso carregar a espada de seus antepas-
sados.
Eles mantinham registros de seu povo pela primeira vez através
de seus historiadores e por contadores de histórias. Em seguida, mais
tarde, gravando tudo em pergaminhos.
― Você não encontrará nada. ― disse Ramsey finalmente. ―
Meu povo desconfiava dos estranhos. Mantivemos a nossa história com
segurança. Se fossem atacados, era a primeira coisa que queimariam.
― O que havia na sua história que eles estavam tentando prote-
ger? ― perguntou Hayden.
Ramsey olhou em seus olhos negros. ― A fonte de quem nós
éramos.

185
CAPÍTULO VINTE E QUATRO

Os olhos de Tara se abriram quando ela acordou. Ela se sentou e


piscou. Uma careta puxou seu rosto enquanto olhava para os coberto-
res que a rodeavam.
O fato de estar na cama que Ramsey havia ocupado por dias foi o
próximo pensamento que passou por sua mente.
Tara jogou para trás as cobertas e encontrou suas botas ajeitadas
ao lado da cama. Sabia que Ramsey deveria estar bem. Caso contrário,
eles a teriam acordado. Não é?
Ela esfregou a testa enquanto a confusão aumentava. Mas se
Ramsey estava bem, por que não a tinha acordado?
― Porque ele não quer falar com você. ― Tara murmurou para si
mesma.
Essa percepção a fez sentir como a maior tola. Ela só se atirara
em um cara antes de Ramsey, e tinha sido desastroso. E, no entanto,
aqui estava ela fazendo isso de novo.
Ela agarrou suas botas e levantou-se para caminhar até a porta.
Algo a fez parar quando se aproximou da janela da torre. Lentamente,
ela se aproximou de uma das quatro janelas e olhou para fora.
No começo tudo o que viu foi a grande extensão do mar. Seu
olhar se desviou para a esquerda e ela avistou os majestosos penhas-
cos. E então, ela viu os quatro homens.
Ramsey com seu cabelo preto foi o primeiro que ela viu. Em se-
guida, reconheceu Hayden, depois Galen e Logan. O quê quer que fos-
se que os quatro estavam falando, era uma conversa profunda pela
postura de seus corpos.
Tara estava contente de ver Ramsey não apenas de pé, mas apa-
rentemente não afetado pelas dúzias de balas X90 que tinham tirado
dele. Ela se sentara a seu lado esperando e com esperança de que ele
abrisse os olhos.

186
E quando o fez, nem sequer se deu ao trabalho de acordá-la.
Tara afastou-se da janela. Ela não olhou de volta para a cama en-
quanto esquadrinhava os ombros e caminhava da torre para a câmara
que Cara lhe mostrara no dia anterior.
Os poucos pertences que cabiam nas duas mochilas que ela carre-
gava a esperavam. Tara fechou a porta e tirou o jeans e a camiseta, e
vestiu sua roupa de ginástica. Se havia uma maneira de ajudar a limpar
a cabeça, era com uma corrida.
Tara acabara de amarrar os tênis e amarrava os cabelos num
rabo de cavalo quando alguém bateu na porta.
Seu estômago pulou para sua garganta quando achou que pode-
ria ser Ramsey. Ela forçou uma respiração calmante através de seu cor-
po antes de abrir a porta. Para encontrar Gwynn.
― Oi. ― Gwynn disse com um sorriso.
Tara de alguma forma conseguiu sorrir.
Gwynn olhou para as calças jogging e grosso moletom com zíper
que Tara usava.
― Está tudo bem?
― Tudo ótimo. Só vou correr.
― É, ah... Bem, há neve no chão. Muita neve.
Tara encolheu os ombros. ― Isso vai fazer meu treino ainda me-
lhor.
― Fallon não vai gostar disso.
― Fallon foi quem me disse que este castelo estava protegido. Eu
vou ficar dentro dos limites do escudo de Isla.
Gwynn lambeu os lábios. ― É quase hora do almoço. Você está
com fome?
― Não agora. ― disse Tara, e passou por Gwynn a caminho do
salão. ― Obrigada mesmo assim.

187
― Tara, ― Gwynn chamou antes que ela pudesse ir embora. ―
Eu sei que você não nos conhece ainda, mas estamos aqui para ajudá-
la.
Tara olhou por cima do ombro para Gwynn. ― E eu agradeço. Es-
tou sozinha há dez anos, Gwynn. Estou acostumada a estar sozinho,
fazendo minhas próprias coisas. Não gosto de responder a ninguém.
― Não estamos lhe pedindo. ― Gwynn se apressou a dizer, seus
olhos violetas suplicantes.
― Gosto de você, Gwynn. Estou feliz que você e as outras Druide-
sas encontraram um lugar aqui.
― Mas não é para você, certo? ― Gwynn terminou.
Tara notou a forma como a expressão de Gwynn se tornou mur-
cha, como se ela esperasse exatamente isso dela. Tara queria concor-
dar, mas em vez disso se viu encolhendo os ombros.
― Na verdade, eu não sei mais o que é para mim. Achei que sou-
besse o que os Guerreiros eram e o que eles queriam de mim. Tanto
mudou nos últimos dias. Preciso me encontrar novamente.
O sorriso de Gwynn foi amável. ― Espero que o encontre aqui.
Venha. Vou com você até o grande salão.
Tara ficou grata pela gentileza de Gwynn. Ela não sabia o que es-
perava de Ramsey, mas depois de seus beijos, ela queria mais do que
acordar sozinha na torre.
Gwynn falou do castelo e de coisas absurdas enquanto caminha-
vam para o salão. Os únicos no salão eram Larena e Fallon que joga-
vam xadrez, e Arran que estava em um laptop.
Assim que entraram, Fallon levantou a cabeça, com os olhos tra-
vados nos de Tara.
Ela não lhe deu a chance de dizer nada, e declarou: ― Vou correr.
― Na neve? ― perguntou Fallon.
Larena pousou a mão sobre a de Fallon. ― Deixe-a em paz, amor.
Ela parece muito capaz.

188
― Não vou deixar o escudo de Isla. ― disse Tara. ― Eu só preci-
so sair. Eu normalmente treino todos os dias, e já faz quase uma sema-
na.
Fallon franziu o cenho. ― Você treina?
― Sim. De que outra forma você acha que eu evitei a captura de
Declan por uma década?
Ele deu um rápido aceno de cabeça. ― Fique à vista do castelo.
― Por favor, ― Larena acrescentou enquanto apertava a mão de
Fallon.
Fallon suspirou e disse, de má vontade: ― Por favor.
Tara segurou um sorriso enquanto saía pela porta. Uma vez nos
degraus, apertou o rabo-de-cavalo e alongou as pernas enquanto olha-
va em volta da muralha coberta de neve.
Um Range Rover, um Mercedes classe G SUV, e um Audi R8 todos
estacionados na muralha. Tara caminhou entre o Mercedes e o Audi
lentamente para que pudesse olhar através das janelas.
Depois de cobiçar os veículos, ela continuou a esticar os braços
até passar através do portão. Ela avistou Ramsey e os outros rapida-
mente, e se manteve perto do muro de pedra ao redor do castelo. A úl-
tima coisa que queria era que Ramsey a visse. A intenção de sair do
castelo era tirá-lo da cabeça.
Tara esperou até que não pudesse mais ver os Guerreiros antes
de começar a correr. A neve era mais espessa do que ela esperava,
mas acrescentava um elemento extra em seu treino. Não demorou
muito para que suas coxas estivessem queimando.
Com um sorriso no rosto, ela correu ao longo das falésias, o lugar
que Isla tinha mostrado onde o escudo terminava em sua mira. Assim
que chegou lá, Tara virou à direita e correu ao longo do escudo.
Com a respiração formando uma nuvem na frente dela e o suor
correndo por suas costas, Tara congratulou-se com a dor que vinha
com um treino assim. Não era que gostava de se machucar, mas isso a

189
ajudava a saber até onde ela poderia empurrar seu corpo quando sur-
gisse a necessidade.
Quando Tara correu pela aldeia, Ramsey e os outros tinham ido
embora. Ela suspirou, feliz por ter tido esse tempo para si mesma.
Em alguns lugares, a neve era tão espessa que ela tinha que se
atrasar para correr, mas ela nunca parou. Tinha se deixado folgar
quando chegou a Dunnoth Tower, e ela estava pagando o preço agora.
Embora Tara não pudesse ver o escudo de Isla, podia sentir o
zumbido da magia. Ficava fácil de seguir enquanto continuava sua cor-
rida. Pela sua estimativa, quando chegou ao portão, ela tinha corrido
quase três milhas. Que não era longo o suficiente.
Tara enxugou o suor que gotejava de seus olhos e começou uma
outra volta.
Em cada bombeada de suas pernas, as emoções que tinha cons-
truído em seu peito a respeito de Ramsey, as Druidesas no castelo e
até mesmo Declan a achando, começaram a diminuir.
Em cada quilômetro que corria a cabeça limpava um pouco mais.
E ela precisaria de uma mente clara, a fim de manter sua sagacidade.
***
Ramsey observou a facilidade com que Tara corria. Obviamente
era algo que fazia com frequência. Ela não olhou para o castelo, mas
mesmo que tivesse, ela não o teria visto. Ramsey estava fora de visão.
Depois de sua segunda volta ao redor da área, ela correu para
dentro da muralha e caminhou para esfriar. Para surpresa dele, ela se
aventurou dentro dos estábulos.
Mais curioso do que nunca sobre ela, Ramsey a seguiu silenciosa-
mente. Encontrou um ponto no alto dos estábulos onde poderia ob-
servá-la.
Ela se mudou da baia para baia testando as tábuas. Então ela ca-
minhou até o centro e começou a fazer flexões. Ela estava no cinquen-
ta quando Ramsey sentiu uma presença ao lado dele.
Ele olhou e viu que era Quinn.

190
― Droga, ― Quinn sussurrou.
Ramsey assentiu, incapaz de encontrar as palavras. Apesar de
todo o tempo que passara observando Tara e aprendendo sobre seu
passado, ele não sabia sobre seu vigoroso treino.
Ela terminou com suas flexões e tirou o casaco para revelar uma
camiseta sem mangas preta. Ela descartou a jaqueta e deitou de cos-
tas e começou a fazer abdominais e abdominais de corpo inteiro.
Ramsey não sabia o que mais ela poderia fazer quando se levan-
tou do chão e olhou ao redor do estábulo com um sorriso no rosto.
Num instante, ela correu para a primeira baia, e com a mão sobre
a tábua mais alta, jogou-se sobre ela. Ela caiu no chão, as pernas do-
bradas, e rolou de lado antes de ficar em pé novamente saltando sobre
a próxima baia.
A rotina continuou de um lugar para outro, e cada vez Tara caía
no chão de uma maneira diferente.
― Impressionante. ― disse Ramsey.
― Muito, ― Quinn concordou. ― Não é de admirar que evitou
Fallon e os outros quando tentaram alcançá-la em Edimburgo.
Ramsey observou o jeito que seu elegante corpo se movia sem
esforço. Seus músculos estavam tonificados, firmes. Ele tinha sentido
ao longo daqueles braços e sabia, em primeira mão, que corpo maravi-
lhoso ela tinha.
Mas ele nunca tinha visto isso assim. Ele nunca tinha testemu-
nhado quão ágil ela era, ou quão flexível. Ele nunca tinha visto tal sor-
riso em seu rosto enquanto ela empurrava seu corpo cada vez mais
duro e difícil.
E Ramsey nunca tinha desejado uma mulher como ele a deseja-
va.
Ele queria sair de seu esconderijo e se juntar a ela. Ele queria
puxá-la em seus braços e beijá-la, tocá-la. E Deus o ajudasse, ele que-
ria tirar suas roupas e ver cada centímetro de seu corpo por si mesmo.
― Ela sabe?

191
Ramsey empurrou o olhar para Quinn. ― O quê?
― Quão forte você a deseja.
Ramsey desviou o olhar dos olhos verdes de seu amigo. ― Não. É
melhor que ela não saiba.
― Por quê?
― Por quê? ― repetiu Ramsey. ― Você é idiota, Quinn? Você ou-
viu tudo no grande salão. Não sou um homem capaz de pensar em ter
uma mulher como Tara.
Quinn deu um meio sorriso e disse: ― Eu também não. Mas não
importou o quanto eu tentasse resistir a Marcail. Minha necessidade
por ela foi muito forte.
― Eu não preciso de uma mulher complicando a minha vida. Pre-
ciso de respostas sobre o meu povo. Sobre minha família.
― Talvez ela possa ajudar.
Ramsey olhou de volta para Tara para encontrá-la encostada na
parede do estábulo, seus olhos fechados e seu peito arfando com es-
forço. Seus cabelos castanho-dourados estavam colados pelo rosto por
causa do suor, mas havia uma aparência satisfeito em seu rosto que
Ramsey nunca tinha visto antes.
― Não. ― disse ele. ― Eu salvei Tara de Declan. A conexão entre
nós muito ruim.
― E os beijos que vocês compartilharam?
Ramsey franziu o cenho.
― Sim. Charon nos contou.
Ramsey correu a mão pelo rosto. ― Eu…
― Não estou pedindo uma explicação, velho amigo. Eu só não
quero que você se afaste de algo que você claramente quer.
― Ah, eu a quero. ― admitiu Ramsey em voz alta. ― Eu a quero
muito, mas não vou arrastá-la para a minha vida. Ela merece mais do
que isso.

192
― Veremos. ― Quinn disse enigmaticamente.

193
CAPÍTULO VINTE E CINCO

Tara não soube por que perdeu tanto cuidado com sua aparência
depois do treino e do chuveiro. Ela levou muito mais tempo para secar
o cabelo, embora não houvesse muito que pudesse ser feito com ele.
Ela odiava seu cabelo. Não era encaracolado, mas não era liso.
Tinha vida própria, e ficava do jeito que queria, não importava quanto
de produto usasse nele ou quantas vezes ela passava chapinha.
Tara olhou para seu reflexo no espelho e suspirou. Ela separou
seu cabelo de lado onde as ondas de seu cabelo castanho-dourado caí-
am do lado de seu rosto. Não pareceu muito ruim, embora quanto tem-
po ele ficaria assim bom, ninguém saberia.
Inclusive ela aplicou um pouco de maquiagem extra. Normalmen-
te não usava muito, mas desta vez adicionou sombra nos olhos e uma
pitada de cor em suas bochechas. E antes que ela mudasse de ideia,
aplicou rímel.
― Por quê? ― Ela se perguntou. ― Por que você está fazendo
isso? Para atrair Ramsey?
Tara sacudiu a cabeça. ― Não. Estou fazendo isso para provar
para os outros que eu posso realmente parecer decente. Eles só me vi-
ram molhada da neve e privada de sono com meu cabelo desgrenhado.
Ela queria parecer bem, e não havia nada de errado com isso.
― E eu não estou fazendo isso para impressionar Ramsey. ― ela
disse para si, pela décima vez.
Ela simplesmente não sabia como era verdade.
Tara passou a mão por seu suéter justo, rosa forte, até o jeans
preto. Quando ela estava em movimento tanto quanto ela estava, não
havia muito espaço para muitas roupas. Ela tinha principalmente jeans
com um par de calças cargas cáqui. E alguns tops.

194
Não muito, mas nunca tinha importado para ela antes. Então, no-
vamente, ela nunca tinha conhecido uma época em que não teria que
sair de imediato, ao contrário daqui, no Castelo MacLeod.
Ela recebera a câmara e perguntaram se ela precisava de alguma
coisa. Tara tinha dito não, mas tinha sido abastecida com produtos de
cabelo e um secador de cabelo.
Tara apoiou as mãos na pia e olhou-se nos olhos. ― Eu poderia
me acostumar com isso. Tudo isso.
Mas ela se atreveria?
Se havia uma coisa que ela tinha aprendido enquanto estava em
fuga era nunca deixar a guarda baixa. Declan a tinha encontrado. Ele
deveria saber que ela estava com os MacLeods agora. Era apenas uma
questão de tempo antes que viesse buscá-la.
Tara afastou-se do espelho e pegou os pequenos brincos de dia-
mante que sua avó lhe dera em seu décimo sexto aniversário.
Depois de olhar para o relógio e ver que já passavam das seis da
tarde, Tara decidiu que ficaria em sua câmara o máximo que pudesse.
Assim que ela abriu a porta, sentiu o delicioso aroma de comida.
Seu estômago roncou alto, e Tara não desperdiçou mais tempo cami-
nhando para o grande salão.
Ninguém a notou enquanto descia as escadas. O salão estava ca-
ótico, mas de uma boa maneira. Um rápido olhar lhe disse que todos
estavam ali, exceto Ramsey, enquanto todos prepararam a mesa para a
refeição da noite.
Ela estava a caminho da cozinha quando Saffron saiu com duas
grandes travessas cheias de carne. Tara rapidamente pegou uma, ela e
Saffron compartilharam um sorriso.
― Obrigada. ― disse Saffron. ― Eu estava prestes a larga-la.
― Cheira tão bem.
― Nós temos bastante. Bem, contanto que você encha seu prato
antes de Galen comer tudo.

195
― Ei! ― Galen gritou fingindo indignação.
Tara percebeu seu sorriso crescendo enquanto a provocação com
o pobre Galen continuava. Parecia que ele tinha um estômago que
nunca estava cheio e tinha a propensão para pegar outros alimentos
quando eles não estavam olhando.
― Não se preocupe. ― disse Arran. ― Vou me assegurar de que
ele não toque no seu prato, Tara.
Galen pôs a mão sobre o coração e suspirou.
Reaghan revirou os olhos quando socou de brincadeira o braço de
Galen ― Eu avisei que você irá comer lá fora se você continuar rouban-
do comida.
― Não é roubar se está exatamente ali, amor,― Galen argumen-
tou com um sorriso.
Tara observou Galen puxar Reaghan em seus braços e a beijar
profundamente. Ela já vira afeto aberto antes, mas nada como o que
observava no castelo.
Os casais, bem e verdadeiramente, se amavam. Todos tinham so-
frido muito por causa de Deirdre, mas juntos eles haviam sobrevivido.
Tara se perguntou como sua vida teria sido se sua família não ti-
vesse se voltado contra ela. Teria casado agora? Talvez tivesse alguns
filhos? Seu marido a amaria como os Guerreiros no castelo de MacLeod
amavam suas esposas?
― Isso te incomoda? ― Arran sussurrou atrás dela.
Tara se virou para ele e franziu a testa. ― O que me incomoda?
― A afeição entre os casais?
― Não. ― ela disse e olhou para as mãos. ― Eu estava pensando
como era bom ver que o amor realmente existe. Você pode vê-lo da
maneira que eles se olham.
― E conversem um com o outro. ― ele acrescentou.
Ela olhou para ele e sorriu para seus olhos castanhos pálidos. ―
Sim. Isso te incomoda?

196
― Não de todo. Eu acho... estranho às vezes. A primeira vez que
vi esse amor foi entre Quinn e Marcail.
― Ah, quando eles estavam em Cairn Toul, presos lá por Deirdre.
― Tara tinha ouvido a história de todos durante os dois dias que tinha
ficado ao lado da cama de Ramsey.
Arran deu uma risadinha. ― Todos pudemos ver isso crescer dia a
dia. Não há nada que os dois não façam um pelo outro. Não foi surpre-
sa vir para cá e ver Guerreiro depois de Guerreiro se apaixonando.
― Mas não você?
Ele arranhou o rosto e riu. ― Oh, eu não penso muito sobre isso.
Estou livre de Deirdre, que é o suficiente para mim depois de todos es-
tes séculos. Agora, faço o que devo para acabar com o próximo mal.
― Declan. ― ela disse sem rodeios.
― Depois disso, eu não sei o que me espera. Talvez uma mulher,
talvez mais aventura. Eu tento não olhar muito adiante.
Ela olhou mais ao lado da mesa para encontrar Charon e Phelan
conversando. ― E esses dois? Eles não têm mulheres?
Arran riu, os cantos dos olhos enrugando. ― Phelan gosta de mu-
lheres. Todos eles. Eu não acho que há uma mulher lá fora, que pode-
ria manter o interesse dele por muito tempo.
― E Charon?
O sorriso de Arran morreu. ― Como a maioria de nós, o passado
de Charon o segura. Ele mantém muitos segredos, então ele pode mui-
to bem ter uma mulher e nenhum de nós saber disso.
Tara queria perguntar sobre Ramsey, mas de alguma forma con-
seguiu segurar suas perguntas para si mesma. Era difícil já que ela es-
tava desesperada para saber mais sobre ele, mas para seu próprio
bem, ela se absteve de perguntar.
― E você? ― perguntou Arran.
― Eu não prefiro mulheres, na verdade. ― Tara disse com um
sorriso brincalhão.

197
Arran jogou a cabeça para trás e gargalhou de todo o coração.
Fazia algum tempo que Tara tinha brincado com alguém e se sentido
bem.
Ela logo se juntou ao riso de Arran, e só tardiamente percebeu
que todos estavam olhando para eles.
― Oh, essa foi boa, garota. ― disse Arran, ainda rindo. ― Mas
seriamente. Tem que haver um homem lá em algum lugar.
― Em algum lugar. ― disse ela, melancólica. ― Eu gosto de pen-
sar que não irei ficar sozinha toda a minha vida. Não me permito apro-
ximar das pessoas, Arran, não quando tenho que deixar dias, ou às ve-
zes horas, depois de conhece-los.
― Você teve uma vida dura.
― Não mais difícil do que outros, e eu diria muito menos difícil do
que qualquer um de vocês Guerreiros. Este é o meu destino, e eu acei-
to isso. Mas não vou desistir facilmente.
Arran assentiu com aprovação. ― Bom para você, Tara.
Ela se viu sentada entre Gwynn e Saffron no meio de um lado da
enorme mesa. Tara achou estranho que os casais se sentassem mais
perto de Fallon enquanto os homens solteiros e Fiona se sentavam na
outra extremidade.
A conversa durante o jantar nunca ficou parada, embora fosse di-
fícil não notar a ausência de Ramsey. Havia muitas risadas e piadas, e
até mesmo histórias. Ninguém pediu à Tara para compartilhar uma his-
tória, e ela estava eternamente grata. Não que se sentisse excluída. Na
verdade, ela nunca se sentiu tão incluída em nada antes.
Muito cedo a refeição acabou. Quando ela se levantou para aju-
dar a limpar, foi Isla que a parou.
― Vamos lidar com isso esta noite.
― Está tudo bem. ― disse Tara. ― Eu não me importo de ajudar.
Isla inclinou-se para perto, seus olhos azuis-gelo olhando profun-
damente dentro de Tara. ― Ramsey está na torre.

198
― Por que você está me contando isso?
― Por que você ficou ao seu lado enquanto ele estava se curan-
do?
Tara desviou o olhar, sem saber como responder.
― Ramsey sempre manteve seus pensamentos para si mesmo. ―
disse Isla. ― Ele é um de nós, ainda que não seja. Ele recebeu notícias
de seu passado hoje, e ele está sofrendo.
― Ele não me acordou. ― Tara não podia acreditar que deixou
escapar isso.
Isla colocou uma mão reconfortante em seu ombro. ― Mas Phe-
lan me disse que foi Ramsey quem te colocou na cama, tirou seus sa-
patos e te cobriu para você poder descansar.
Tara procurou os olhos de Isla por qualquer mentira, mas tudo
que ela viu foi verdade.
― Eu não pretendo saber o que está na cabeça de Ramsey, mas
ele é o único que analisa tudo antes de dar uma opinião. Ele é cuidado-
so. Sempre.
Tara deixou Isla tomar a travessa de sua mão. Ela olhou para a
escada.
― Vá. ― insistiu Isla.
Mesmo Tara sabendo que era uma má ideia, se encontrou na es-
cada. Ela as subiu e foi até a torre. Passo a passo, ela subiu a escada
sinuosa até estar diante da porta.
Uma luz passava sob a porta, mas nenhum som vinha de dentro.
Durante vários minutos, Tara lutou consigo mesma entre continuar ou
partir antes que pudesse se fazer de tola.
Mas as palavras de Isla voltaram a ela sobre Ramsey descobrindo
notícias de seu passado.
Tara deu uma rápida batida antes que mudasse de ideia. Para sua
decepção, não houve resposta. Ela tentou a maçaneta e descobriu que
estava destrancada, então abriu a porta e enfiou a cabeça para dentro.

199
Ramsey estava sentado numa poltrona de frente para uma das
janelas, os pés apoiados no peitoril enquanto olhava para fora.
Ele parecia tão triste que Tara estava andando em sua direção
antes que percebesse. Ela tinha a visão de seu perfil, e a desolação
que viu estreitou seu coração.
― Não sou uma boa companhia. Sua voz soou de repente na tor-
re.
― Talvez seja quando você mais precise de alguém.
― Não, Tara. Não desta vez.
Ela lambeu os lábios. ― Eu...
― Preciso ficar sozinho. ― interrompeu-a.
O sangue de Tara bateu em seus tímpanos quando o constrangi-
mento aumentou. Ela deveria ter sabido melhor, mas ela tinha ouvido
Isla. Isla conhecia Ramsey melhor do que ela, que foi a única razão
pela qual estava aqui.
Mas ela tinha feito a única coisa que não queria fazer, se fazer de
tola.
Tara virou os calcanhares sem dizer mais nada e saiu da torre tão
silenciosamente como entrou. Se ela precisava de provas de que Ram-
sey não estava interessado, tinha acabado de receber uma dose enor-
me.
Seus pés voaram pelos degraus enquanto ela se apressava para
seu quarto. Ela não estava acostumada a se sentir tão idiota. Ela não
estava acostumada a ter tanta gente por perto preocupada com ela.
Talvez tenha sido um erro pensar em ficar no castelo. E com De-
clan pensando que ela ficaria lá pela segurança, talvez fosse o momen-
to certo para deixar a Escócia completamente.

200
CAPÍTULO VINTE E SEIS

Ramsey ouviu a porta fechar e apertou os olhos. Ele machucara


Tara. Ele sabia disso com tanta certeza quanto ele sabia que seu toque
o teria acalmado.
Mas ele não queria ser acalmado.
Ele precisava sentir a dor dentro dele. Porque se não o fizesse,
ele ficaria louco com a raiva que mal mantinha sob controle.
Sua audição realçada lhe permitiu ouvir os passos de Tara en-
quanto se retiravam pelas escadas. Ele se agarrou na poltrona para não
ir atrás dela.
Tudo o que precisava era de pensar em Tara e poder provar seus
beijos, sentir sua pele macia sob suas palmas. Com apenas um pensa-
mento ele teve seu seio nu em sua mão quando ela montou seu colo.
Ramsey queria estar sozinho, para examinar as páginas escanea-
das do livro que Galen estudara. Ramsey queria mergulhar em suas
memórias de sua infância e recordar os rostos de seus pais.
Mas Tara tinha mudado tudo isso apenas vindo até ele.
Em um piscar de olhos, Ramsey estava fora da poltrona e fora da
torre.
***
Tara chegou à câmara para encontrar a porta não muito fechada.
Por um momento, ela hesitou, o medo passando por ela. Então se lem-
brou onde estava. Levaria muito tempo para Declan passar por todos
os Guerreiros e Druidesas.
Ela empurrou de lado o medo persistente e entrou em no quarto.
A porta foi arrancada de sua mão antes que pudesse fechá-la. Fortes
dedos a giraram para que ela estivesse contra a parede.
E ela se viu olhando fixamente dentro de surpreendentes olhos
prateados.

201
― Você não deveria ter vindo até mim. ― Ramsey sussurrou, seu
rosto respirava no dela. ― Você não deveria ter se importado.
Tara, ainda abalada por sua súbita aparição, ergueu a mão trê-
mula no braço dele.
Antes que ela pudesse pronunciar uma palavra sua boca estava
sobre a dela. O beijo foi longo e lento, sedutor e erótico. Ela provou
seu desejo, a fome ardendo dentro dele. Aquela paixão a agarrou, le-
vou-a. Prendeu― a. E ela ficou impotente para fazer qualquer coisa, a
não ser sucumbir.
Tara tentou aproximar-se dele, mas ele a segurava ainda e termi-
nou o beijo. Ela procurou seu olhar, tentando determinar o que ele es-
tava pensando. Ramsey era um enigma. Cada vez que achava que sa-
bia quem ele era, ele revelava algo mais.
― Foi um erro te beijar na primeira vez. ― ele disse enquanto es-
fregava sua bochecha lisa contra a dela. ― O segundo beijo só me fez
sentir mais faminto por você. E este terceiro beijo foi minha ruína. Es-
tou me segurando por um fio, Tara. Se você não quer isso, então você
precisa sair agora. Porque eu não posso.
Sair? Ele realmente achava que ela queria? Tudo que ela tinha
pensado era nele e seus beijos. Tudo que ela queria era estar em seus
braços.
― Não vou a lugar nenhum, ― disse ela.
A satisfação encheu-lhe os olhos antes de beijá-la novamente.
Tara envolveu os braços ao redor do pescoço de Ramsey enquanto ele
varria sua língua em sua boca. Esse beijo foi rápido e feroz.
O beijo lhe roubou o fôlego. Levou-a, varrendo-a ao longo de
uma maré de desejo tão intensa que ela sabia que nunca mais seria a
mesma. Era o beijo de Ramsey, seu toque. Ele era a razão pela qual ela
já se sentia mudando.
Ela deu um gemido frustrado quando ele se afastou dela o tempo
suficiente para arrancar o suéter dela. Os feixes de magia que ela viu
enrolando ao redor deles quando abriu os olhos a chocaram.

202
― Estou me afogando em sua magia, ― Ramsey sussurrou antes
que tomasse sua boca novamente.
Item por item, eles deixaram uma trilha de roupas e sapatos até
sua cama. No momento em que eles chegaram, ambos estavam com-
pletamente nus e pé com pé os, quadril com quadril.
A paixão estava nas alturas, a necessidade urgente. Sua excita-
ção, grossa e dura, estava entre eles, mas era a fome que ela viu em
seus olhos que fez seu estômago virar.
― Meu Deus, você é linda. ― ele disse enquanto colocava uma
mecha de cabelo atrás da orelha dela.
Tara levantou-se na ponta dos pés e enfiou os dedos nos cabelos
dele. Ela não conseguia o suficiente de seu corpo. Ela nunca tinha visto
músculos tão tonificados ou um corpo tão maravilhoso quanto o dele.
Embora o tivesse visto sem sua camisa antes, vendo-o sem roupa só a
fez querer tocá-lo ainda mais.
Ela passou a mão por seus ombros largos, pelas costas até as ná-
degas e os quadris. Seus dedos deslizaram os cabelos escuros sobre
suas pernas antes que as mãos dele capturassem as dela.
Seus lábios se moveram sobre os dela com habilidade, lentamen-
te. Cada mordida e lambida apenas adicionado mais desejo bombea-
mento através de suas veias.
― Você me faz sentir linda, ― disse ela.
― E eu estou apenas começando.
Um arrepio de antecipação correu por ela. A promessa nos olhos
de Ramsey fez sentir seu estômago como se estivesse cheio de milha-
res de borboletas.
Com a parte de trás de seus joelhos contra a cama, Tara entre-
gou-se a Ramsey quando ele lentamente baixou-a para a cama bei-
jando-a o tempo todo.
O beijo cresceu, se aprofundou como se uma barragem tivesse
quebrado dentro de Ramsey. Ele gemeu profundamente em sua gar-

203
ganta enquanto inclinava sua cabeça e a beijava como se não houvesse
amanhã. Como se eles só tivessem essa noite.
Tara perdeu toda a linha de raciocínio quando as mãos dele co-
meçaram a percorrer seu corpo. Suas costas, seus quadris, suas náde-
gas. Em todos os lugares que ele tocava queimava por mais.
Ela sentiu sua excitação contra seu estômago e ansiava por tocá-
lo. Seus seios incharam e doíam por seu toque, e quando a mão dele
chegou entre eles e cobriu seu seio, seu corpo inteiro tremeu.
Por mais que amasse suas mãos sobre ela, não conseguia parar
de tocar em Ramsey. Suas mãos vagavam por seus ombros e braços
grossos, e os contornos de suas costas até suas nádegas firmes.
― Eu não consigo pensar com você me tocando,― Ramsey disse
antes que ele os rolasse para o lado e a levantasse.
Tudo o que Tara estava prestes a dizer se evaporou da mente
quando sua boca quente se prendeu em seu seio. Ela segurou sua ca-
beça, seus quadris balançando contra seu peito conforme sua língua
lambia seu mamilo.
Tara estava flutuando, seu corpo nadando com prazer, como uma
onda mágica ao redor deles. Ela nunca sentiu tanta felicidade, nunca
conheceu um toque tão sedutor como o de Ramsey.
Suas pernas se separaram por conta própria quando a mão dele
deslizou sobre seus cachos. O desejo pulsando dentro de Tara surgiu
quando seu dedo deslizou dentro dela.
Ramsey sorriu contra o peito de Tara quando ela sussurrou seu
nome. Ele mudou para o outro seio e lambeu seu mamilo enquanto
movia dedo dentro e fora dela.
Ele estava rapidamente perdendo o controle. Queria estar dentro
bem dela, mas ele podia sentir o quão apertada ela era e ele não que-
ria machuca-la. Mas ele precisava estar dentro. E logo.
Sua bainha estava molhada e escaldante. E de repente, ele não
podia esperar mais. Queria fazer amor com ela por horas, mas não ti-
nha contado com seu desejo por ela.

204
Ramsey a pôs de costas e ajoelhou-se entre suas pernas. Com os
braços a cada lado da cabeça, ele olhou nos olhos azul-esverdeados es-
curecidos pelo desejo.
Deixou seu olhar vagar sobre seus seios cheios e mamilos cor-de-
rosa a curva de sua cintura e seus quadris suavemente largos. Entre
eles havia um triângulo de cachos castanhos-dourados que ocultavam
seu sexo. Seus dedos coçavam para segurar suas nádegas novamente,
passar suas mãos sobre suas pernas macias.
― Não me faça esperar. ― ela disse enquanto pegava seu pau
dolorido na mão e o guiava até sua entrada.
Ele cerrou a mandíbula quando a cabeça de seu pau deslizou
dentro dela. Ramsey tentou entrar nela devagar, mas quando ela envol-
veu suas pernas em torno de sua cintura, seu controle desabou.
Com um gemido, deu um impulso duro e ajustou-se completa-
mente dentro dela.
Suas unhas cravaram nos ombros dele enquanto arqueava a cabe-
ça para trás e gritava.
Era tudo o que ele precisava ver. Ramsey começou a se mover
com movimentos lentos e duros e, em seguida, rápidos e curtos. Ele se
viu olhando nos olhos de Tara, caindo em suas profundezas.
Ela o encontrou empurrado junto com ele. Se foi qualquer ilusão
que Ramsey tivesse que seduzir Tara. Se foi qualquer intenção que ele
tivesse de assumir o controle.
Desejo os tinha em suas garras, e não soltando até que ambos se
entregaram a isso.
Tara agarrou Ramsey como se sua vida dependesse disso. Nunca
ninguém a tinha tocado. E agora, ele estava levando-a para outro nível
que nem sabia que existia.
Com os tornozelos presos nas costas dele, ela podia sentir os
quadris dele moverem enquanto ele mergulhava dentro dela uma e ou-
tra vez, mais e mais.

205
Tara sentiu a magia cresceu em torno deles quando seu corpo co-
meçou a apertar dentro. Ramsey agarrou seu olhar e segurou-o.
E então o clímax atingiu. Era poderoso e consumindo enquanto a
devorava. Gritou quando foi levada por uma onda de prazer que a lan-
çou sobre um precipício de êxtase interminável.
Ele continuou se movendo dentro dela, prolongando seu orgasmo
até o segundo bater antes do primeiro terminar. As estocadas de Ram-
sey cresceram mais rapidamente enquanto ele bombeava furiosamente
dentro dela.
Abriu os olhos e travou com os de prata.
― Tara. ― ele sussurrou antes de lançar a cabeça para trás e dar
um mergulho final.
Com seu corpo tensionado pela força de seu clímax, Tara não po-
dia fazer nada a não ser segurá-lo. Quando seu corpo relaxou e ele
olhou para ela, ambos notaram os feixes de magia não apenas flutuan-
do ao redor deles, mas através deles.
Ela sorriu contra seus lábios enquanto ele a beijava longa e deva-
gar, o poder de do que fizeram ainda mantendo-os em seu aperto.
No momento seguinte, Tara se encontrou deitada em seu peito
quando ele rolou de costas e puxou-a sobre ele. Ele tinha um braço jo-
gado sobre sua cabeça e o outro movia-se preguiçosamente para cima
e para baixo em suas costas.
― Você sente a magia? ― Ele perguntou.
Tara assentiu com a cabeça. ― Eu sinto.
― Isso já aconteceu com alguém antes?
Ela levantou a cabeça para olhar para ele. ― Não. Só com você.
Você está preocupado?
― Eu só queria saber o que era. Eu quero ter certeza que isso
não te prejudica de alguma forma.
― Me prejudicar? ― ela repetiu. ― Eu me sinto... diferente, sim,
mas mais forte. Eu sinto minha magia ainda mais.

206
Ramsey sorriu para ela. ― Nada te preocupa?
― Tudo me preocupa. Mas isso, ― disse ela, enquanto um feixe
de magia atravessava sua mão para Ramsey. ― É lindo.
― E se o que acabamos de fazer o ameaçar você de alguma for-
ma?
― Então eu vou lidar com isso. ― Ela passou o dedo sobre a tes-
ta franzida dele.
― Não estou preocupada, Ramsey.
― Eu deveria te proteger.
― Você fez, lembre-se.
― Eu soube no momento em que a vi pela primeira vez que eu
queria você.
Tara não conseguiu conter o sorriso. ― Isso é tão ruim?
― De certa forma.
Desta vez, ela era a única com uma sobrancelha franzida. ― O
que isso deveria significar?
― Descobri coisas hoje sobre meu passado.
― Você vai me dizer? ― Ela perguntou.
Seus olhos prateados se afastaram dela. ― Há coisas sobre mim
que ninguém sabe, Tara.
― Então me diga o que você pode.
Ramsey suspirou enquanto seu braço a apertava mais forte. ―
Você sabe que eu sou parte Druida, mas o que você não sabe é que eu
sou da Floresta de Torrachilty.
Tara arqueou as sobrancelhas. ― Ouvi dizer que eram Druidas
poderosos.
― Druidas masculinos poderosos. A magia não poderia ser reali-
zada por uma fêmea. Ela só era passada para os machos.

207
― Somente? Acho isso difícil de acreditar.
― Ocasionalmente isso passava para uma mulher. Nós aprende-
mos de maneira dura que as mulheres não podiam segurar a magia.
Isso as deixavam loucas, então qualquer mulher nascida com a magia
era morta.
Ela estremeceu. ― Isso é um pouco duro, não é?
― Não quando aquelas fêmeas iniciavam uma matança que co-
meçaria com sua própria família. Não quando elas iriam deixar a flores-
ta e ir para qualquer aldeia que encontrassem e matassem todos.
Tara desviou o olhar e colocou a mão sobre o coração de Ramsey.
― Somente os homens, hein?
― Mesmo assim, não foi fácil segurar a magia. Especialmente
para mim.
Ela encarou os olhos dele. ― O que você quer dizer?
― Se meu povo era conhecido por quão poderosa era sua magia,
a minha excedia dez vezes a deles. Era suposto eu ser seu próximo lí-
der, aquele que uma Vidente previu, nunca poderia ser derrotado por
magia.

208
CAPÍTULO VINTE E SETE

Ramsey não sabia ao certo por que ele dissera a Tara seu maior
segredo. Parecia certo embora. Como se ela precisasse saber.
Ele desviou e fixou o olhar nos feixes de magia que flutuavam ao
redor deles. Exceto que não estavam realmente se movendo ao redor
deles mais do que através de cada um deles agora.
Quase como se a magia estivesse conectando-os.
Ramsey não podia sentir a magia quando ela entrava e saia de
seu corpo, mas sua magia a sentia. E quanto mais tocava Tara, mais
fortes ficavam os feixes.
― Eu não acho que eu entendo. ― disse Tara no silêncio após
sua declaração.
Ramsey sorriu ironicamente. ― O quê? Que eu deveria ter toda
essa magia e mesmo assim eu não pude derrotar Declan?
― Não. Se você tem esse tipo de magia, por que não lutou contra
Deirdre? Por que você não a destruiu quando você poderia?
Ramsey ergueu o olhar para o teto. ― É uma pergunta que eu
me fiz a cada hora de cada dia que eu estava preso na montanha de
Cairn Toul. Mas eu duvidava de mim mesmo. Eu duvidei da profecia do
Vidente. A magia tem de ser certa, e se não for, só a catástrofe aguar-
da.
― Por que você duvidaria do que foi predito? Os videntes não
dão voz às suas visões casualmente.
― Eu pude ter aprendido feitiços facilmente. Pude ter adquirido
um controle exclusivo sobre minha magia antes de qualquer Druida de
Torrachilty antes de mim, mas isso não me fazia o homem profetizado.
Esse vidente nunca viu meu rosto, nunca falou meu nome. Poderia ter
sido qualquer um.

209
A mão dela acariciou seu peito enquanto pousava a bochecha so-
bre seu coração. ― É verdade, mas o resto do seu povo deve ter pen-
sado que era você.
― Na verdade, ninguém sabia. ― Quando ela ergueu a cabeça
rapidamente, Ramsey riu enquanto olhava para ela. ― Eu a surpreen-
di?
― Sim. Se essa previsão acontecesse, como ninguém poderia sa-
ber?
― Só foi dito aos anciãos que passaram para os próximos anciãos.
Eles não queriam que nosso povo colocasse ideias na cabeça de al-
guém que não poderia ser o escolhido.
― Então como você soube?
Ramsey soltou um longo suspiro. ― Meu tio era um dos anciãos.
Eles disseram ao meu pai quando parecia que eu poderia ser o escolhi-
do. Fui então forçado mais do que qualquer outro. Eu nunca falhei em
uma única missão que eles me deram.
― Acho que eles eram difíceis ― disse ela.
― Mais do que difíceis. Alguns quase me mataram, mas eu nunca
desisti. Eu me mantive firme. Eu não tinha ideia por que estavam me
empurrando tão duro. Durante anos guardaram isso para eles mesmos.
E então o clã MacLeod foi varrido em um único dia.
Tara estremeceu. ― Conheço essa história. Minha mãe achou que
isso foi uma grande demonstração do poder de Deirdre para atrair os
irmãos MacLeod, e depois entrar e destruir o clã. Cada último homem,
mulher e criança.
― Deirdre não deixou nem um animal vivo. ― disse Ramsey. ―
Os cavalos, as galinhas, as ovelhas. Todos foram abatidos sem pensar.
Então ela ateou fogo ao castelo. O tempo resistiu às marcas de quei-
maduras, mas elas ainda podem ser vistas.
― Você diz isso como se tivesse visto a destruição ― murmurou
Tara.

210
Ramsey olhou em seus olhos azul-esverdeados. ― Porque eu vi.
Fui enviado aqui para ver se os rumores eram verdadeiros, para ver se
os MacLeods haviam sido assassinados.
― Por quê? Quero dizer, por que você? Se você fosse tão impor-
tante para o seu povo, por que eles o enviaram?
Ramsey encolheu um ombro e brincou com as pontas dos cabelos
de Tara. ― Por causa do que eu poderia fazer. Você sabe se a magia de
um Druida é forte o suficiente, eles recebem um dom.
― Como Sonya pode curar.
― Exatamente.
― Então eu suponho que se sua magia fosse tão forte como eles
disseram, você poderia fazer algo maravilhoso.
― Maravilhoso. ― Ramsey repetiu suavemente. ― Realmente não.
Posso determinar se magia foi usada e que tipo de magia,
Tara assobiou baixinho e virou-se para descansar o queixo na
mão sobre o peito.
― Não admira que eles o enviassem.
― Eu nem precisei chegar às terras MacLeod para sentir a magia
negra de Deirdre. Quando me aventurei no castelo, os irmãos já tinham
sido enganados para irem à montanha de Deirdre alguns anos antes.
Eu comecei rapidamente minha viagem de volta à floresta de Torra-
chilty.
Sua voz morreu quando ele se lembrou da noite em que foi leva-
do. Os guinchos, os gritos.
― Ramsey? ― Tara sussurrou.
Ele mentalmente sacudiu-se e forçou um sorriso. ― Apenas lem-
brando.
― Você não tem que me dizer.
Mas ele queria contar a ela. Ele não entendia por que tinha essa
necessidade tão feroz de fazê-la saber sobre essa parte crítica dele que
seus amigos tinham acabado de saber.

211
― Eu sei. ― disse ele.
Ela sorriu, seus olhos azul-esverdeados, suaves e pacientes ao
olhar para ele.
Ramsey lambeu os lábios e disse: ― A viagem levou quase duas
semanas a pé. Eu estava dias de chegar à floresta quando eles vieram
sobre mim uma noite.
― Quem?
― Os wyrrans. Eles eram criados por Deirdre usando sua magia
negra. Não eram mais altos do que uma criança, de pele amarela páli-
da e sem pelos.
― Grandes olhos amarelos e um bocado de dentes que seus lá-
bios não poderiam fechar sobre eles, ― Tara estremeceu. ― Eu vi fotos
dessas criaturas recentemente.
― Estão todos mortos agora. Nós os matamos quando matamos
Deirdre. Ela tinha milhares deles antes que Declan a puxasse para o fu-
turo. Usou-os para seguir e encontrar quem quer que procurava. Na-
quela noite, eles vieram por mim.
― Você não lutou contra eles?
― Eu matei vários, mas eu sabia o que eram. Eu sabia que se eu
usasse magia eles diriam a Deirdre. Então, eu usei minha faca em vez
disso. Mesmo sem chamar a minha magia eu era mais rápido do que
um mero mortal. Porque eu sabia o que eram os wyrrans, eu escondi
minha magia para que não pudessem sentir isso. Eu os segurei mais do
que eles esperavam. Quando chegou o amanhecer, entretanto, eles me
cercaram. Não desperdiçaram tempo em levar-me a Deirdre.
― E depois?
― Eu fui o primeiro que ela capturou depois do MacLeods. Assim
que fui jogado na frente dela, ela desatou meu deus. Eu não tive tem-
po de tentar usar minha magia. E então com meu deus tentando ga-
nhar o controle, eu não me atrevi a desviar minha atenção dele por
medo dele assumir o controle.

212
Ramsey parou enquanto as lembranças que havia mantido enter-
radas ressurgiram com uma vingança. Ele lembrou a dor de seu deus
se esticando dentro dele, quando os ossos saíram das juntas e quebra-
rem todo seu corpo antes de se fundirem juntos novamente num pro-
cesso tão doloroso que Ramsey pensou que iria morrer.
E então a voz de seu deus, alto e exigente, ecoando em sua cabe-
ça enquanto ordenava sangue e morte a todos.
― Foi difícil? ― Tara perguntou. ― Controlar seu deus?
Ramsey riu secamente. ― Houve momentos em que eu queria
me entregar apenas para ter algum alívio. Eu não podia dormir, porque
se o fizesse, ele assumiria. A falta de sono combinada com o assalto
constante do meu deus quase quebrou-me. Ele era tão insistente, Tara.
Eu sei como é fácil ceder, parar de lutar. Eu não culpo nenhum dos
Guerreiros que não conseguem manter os deuses à distância.
― E o seu deus. Qual o nome dele?
― Ethexia. Ele é o deus dos ladrões.
Ela fez um som no fundo de sua garganta. ― E sua cor preferida
é o bronze?
― Sim.
― Quando você finalmente conseguiu o controle sobre ele?
Ramsey esfregou as mechas de seu cabelo castanho-pálido com
seus fios dourados entre os dedos. ― Eu não tenho ideia de quanto
tempo demorou. Foi uma luta constante que pareceu durar uma eterni-
dade. Então um dia não demorou tanto para lutar contra ele e ganhar.
O próximo demorou menos ainda. Dia após dia, ficou mais fácil e mais
fácil controla-lo até que eu tivesse a vantagem.
― Ele não tenta mais dominar?
― Claro. Afinal, ele é um deus. Mas eu estou no controle.
Era o jeito que seus olhos azul-esverdeados o observavam, que
lhe diziam que não gostaria da próxima pergunta.
― Você está sempre no controle?

213
Ramsey olhou para ela por vários longos minutos antes de dar
um rápido balançar de cabeça. ― Quando Deirdre desatou meu deus,
seu poder misturou-se com minha magia. Eu não posso fazer grande
magia sem chamar Ethexia. Mesmo as pequenas pitadas de magia que
eu tenho usado ultimamente tem causado danos.
― Não seria o caso de que quanto mais você usar sua magia
mais controle você teria? Assim como quando lutou com seu deus? ―
Ela perguntou.
Ele sorriu enquanto passava as mãos pelo cabelo. ― Provavel-
mente.
― Exceto que você feriu inocentes quando o fez.
― Sim. Eu raramente usei minha magia nos séculos que fui um
Guerreiro. Eu posso chamar o meu deus sem usar a minha magia, mas
não 'o contrário.
Os lábios de Tara se torceram em uma careta. ― Isso não parece
muito justo. É por isso que nunca atacou Deirdre?
― Isso e o fato de que uma vez que consegui o controle de Ethe-
xia, já não tinha confiança na minha magia que eu tinha antes. Eu ten-
tei fazer alguns feitiços pequenos, e o poder que eu senti me deixou
vacilante. Deirdre quase me pegou várias vezes. Eu vi o que ela fazia
com os Druidas.
― Que era? Quero saber, já que a maioria da minha família pen-
sou que ela deveria ter governado o mundo.
― Eles poderiam não ter sidos tão rápido em admirá-la se sou-
bessem que ela caçava Druidas, mies e droughs igualmente. Ela os tra-
zia para a montanha, onde drenava-os de sangue para tomar sua ma-
gia e, em seguida, matá-los.
― Oh, Deus! ― disse Tara, sentando-se e cobrindo a boca com a
mão.
Ramsey a observou enquanto tudo o que ele lhe dissera era ab-
sorvido.

214
― Se minha família sabia tudo sobre Deirdre, por que eles não
sabiam disso? ― Ela perguntou.
― Talvez tenham escolhido não acreditar nisso.
Tara virou-se para que o encarasse. ― Você venceu Deirdre. Dani
me contou como você e Laria ajudaram a acabar com Deirdre.
― Foi tão bom. ― disse Ramsey com um sorriso. ― Assim como
quando a enganei pensando que eu faria o que ela quisesse, e escapei.
― Eu aposto que se sentiu bem.
― Por alguns instantes. Então, lembrei-me de todos os outros
Guerreiros ainda dentro. Broc e eu éramos próximos. Eu queria que ele
escapasse enquanto eu ficava e espionava Deirdre. De alguma forma,
ele me convenceu a deixa-lo ser aquele que faria a espionagem.
Tara se inclinou e o beijou. ― Tudo funcionou no final.
― A maior parte. Eu queria que tudo tivesse acabado. Desculpe,
eu não matei Declan, Tara. Prometi que iria, e falhei.
Ela colocou o dedo sobre os lábios dele. ― Shh. Vamos pegar De-
clan.
Ramsey queria discutir, mas ela o montou e todos os pensamen-
tos, exceto fazer amor com Tara desapareceram. Seu pau inchou ins-
tantaneamente, e a fome por ela que nunca tinha desaparecido rugiu
para a superfície.
Ele sorriu enquanto a movia de modo que pudesse pegar um de
seus seios deliciosos na mão e lamber seu mamilo. Seu gemido em res-
posta era exatamente o que ele precisava.
Embora ele pudesse ter apressado a primeira vez que fizeram
amor, ele não ia cometer o mesmo erro duas vezes. Ele queria tempo
com o corpo dela, tempo para saboreá-la e amá-la como ela merecia.
Mas antes que pudesse, ela moveu a mão entre seus corpos.
Seus dedos delgados enrolados em torno de sua haste dolorida, firme-
mente, antes dela começou a mover lentamente a mão para cima e
para baixo em seu comprimento.

215
― Tara. ― Ramsey argumentou. ― Eu quero tomar meu tempo,
e eu não posso com sua mão em mim.
Ela se inclinou para frente e mordiscou o lóbulo de sua orelha. ―
Você pode tomar o seu tempo mais tarde. Agora é minha vez.
Ramsey gemeu da sensação maravilhosa de sua mão sobre ele,
bem como a percepção de que desta vez era ela que estava no coman-
do.
Ele olhou para ela para vê-la sorrindo para ele. Esta vez era sua,
mas da próxima vez seria toda sua.
Todo pensamento fugiu quando ela se abaixou sobre ele, seu ca-
lor escorregadio envolvendo-o lentamente. E então ela se sentou. Ram-
sey agarrou seus quadris, seu olhar deleitando-se com a bela visão di-
ante dele.
Os seios nus de Tara, seus mamilos duros e brilhantes de seus
beijos. Seu cabelo era selvagem sobre ela e caindo em seus ombros
para terminar acima de seus seios lindos. Os espantosos feixes brancos
de magia, que haviam se tornado mais longos e grossos conforme se
tocavam, giravam em torno deles. Mas foi o sorriso triunfante no rosto
dela que fez seu coração bater duas vezes.
Então ela começou a se mover. Para frente e para trás, lenta, en-
tão rápida. Sua cabeça caiu para trás enquanto ela o montava com for-
ça.
Ramsey provocou seus mamilos até que os suaves gritos de Tara
encheram a câmara. Ele podia sentir seu corpo apertando em torno de
seu pau. Com os dedos esticados sobre o estômago, usou o polegar
para encontrar seu clitóris.
Ele rodeou o minúsculo botão inchado, e a cada golpe os quadris
de Tara se moviam mais rápido.
A primeira tensão de sua bainha apertada em torno de seu pau o
enviou espiralando em seu próprio clímax. Tara gritou seu nome e caiu
sobre seu peito quando seu corpo o ordenhava.

216
Ramsey segurou-a firmemente enquanto sua semente se derra-
mava dentro dela. Ele nunca se sentira tão completo, tão satisfeito,
como estava com ela em seus braços.
Ele não saiu dela, mesmo quando seus olhos se fecharam.

217
CAPÍTULO VINTE E OITO

Declan olhou para seu rosto no espelho em luxuoso banheiro. Es-


tava longe de sua boa aparência refinada. Agora, o lado esquerdo de
seu rosto estava manchado pelas mesmas feias raias pretas debaixo de
sua pele. Eles irradiavam para fora da linha do cabelo para sua boche-
cha e se espalhavam para o queixo e para cima da testa.
Ele nunca tinha visto algo tão atroz. Ele mal conseguia ficar
olhando para si mesmo agora. Sua aparência tinha sido um trunfo que
ele não tinha que usar sua magia para ter.
E nenhuma quantidade de magia podia esconder o que o marca-
va agora. Porque era magia dentro dele que estava fazendo isso.
Por que sua poderosa magia negra não podia vencer o que esta-
va dentro dele, Declan não sabia. Tinha tentado de tudo, esgotado
todo feitiço que conhecia. E até mesmo procurara outras magias que
pudessem ajudar.
Elas tinham sido arriscadas, mas, no final, nada teve êxito.
Declan colocou as mãos em cada lado da pia e olhou para baixo.
Não era apenas que os raios negros que marcavam sua pele e o deixa-
vam torcendo de dor. Era o fato de que ele não poderia ganhar contra
isto.
E isso é o que mais o incomodava.
Isso permitiu que seus homens, mesmo seu primo, pensassem
que sua magia não era tão forte quanto ele alegava ser. Eles o questio-
navam agora. O que ele não podia permitir.
Declan ergueu a cabeça quando houve uma batida na porta e
Robbie enfiou a cabeça no quarto.
― Primo?
Declan se afastou do odiado espelho e se dirigiu a Robbie. ―
Você ligou para os homens como eu pedi?

218
― Sim. Estão esperando por você, como pediu.
― Bom. Declan não se deu ao trabalho de descer as mangas de
sua camisa de punho francês. Ele deixou as marcas negras serem vis-
tas não apenas em seu rosto, mas em seu braço esquerdo e mão.
― O que é isso? ― Robbie perguntou.
Declan olhou para seu primo para ver que Robbie não o olhava
nos olhos. ― Eu quero fazer uma observação.
― Sobre o que?
― Que nem eu e nem minha magia devemos ser questionados.
― Ninguém está te questionando. ― Robbie se apressou a dizer.
Declan bufou. Como ele queria um copo de uísque, qualquer coi-
sa para abafar a dor rangendo dentro dele. Mas, novamente, nada fun-
cionava. Só podia sofrer com isso.
― Vamos ver. ― disse ele com os dentes cerrados.
Robbie não pronunciou outra palavra quando desceram as esca-
das. Declan viu os quinze mercenários que Robbie conseguira recrutar.
O fato de que tantos homens tivessem morrido em sua batalha
com os Guerreiros estava tornando cada vez mais difícil encontrar mais.
O dinheiro que ele estava pagando tinha aumentado, e nem sempre
isso era suficiente para convencê-los a trabalhar para ele.
Declan parou no patamar de modo que olhasse os homens para
baixo e forçava-os a olhar para ele acima. Estavam em três fileiras de
cinco, com os pés afastados e fortemente armados. Os homens preci-
savam acostumar-se a olhar para ele já que os governaria um dia. Se
eles vivessem tempo suficiente.
Robbie caminhou no meio do último degrau e se virou para en-
costar-se à parede. Ele não se posicionou com Declan, mas nem com
os homens também.
Foi uma jogada inteligente, que surpreendeu Declan e impressio-
nou-o.

219
Ele respirou fundo e lentamente a soltou. ― Parece que meu po-
der e magia entraram em questão. Não posso permitir que isso conti-
nue.
Os homens olhavam silenciosamente para ele. Alguns com ex-
pressões vazias, outros não olhando completamente para ele, mas por
cima do ombro, e ainda outros que obviamente não queriam estar per-
to dele.
― Vocês me disseram que eu precisava de um exército, ― conti-
nuou Declan. ― Para muitos, isso foi suficiente para assinar em minha
folha de pagamento. Outros entre vocês queriam saber com quem es-
tavam lutando e por que havia sangue dentro de suas balas.
Declan deixou seu olhar tocar cada um deles por sua vez antes de
dizer, ― Vocês todos também viram que tipo de magia eu posso fazer.
Se vocês acreditam ou não, há boa magia e magia maligna. No caso de
vocês não terem entendido antes, eu tenho magia negra. Para ter esse
tipo de magia eu tive que dar minha alma ao Diabo. Então eu não me
importo se eu matar um de vocês ou todos vocês. Vocês podem ser
substituídos.
― Homens como vocês são encontrados em todo o mundo. Prefi-
ro manter o meu dinheiro com outros escoceses, mas neste momento
eu não tenho escolha. Preciso de homens que não tenham medo de
olhar para mim. Isto é guerra, e há baixas de todos os tipos.
Nenhum homem havia se movido durante seu discurso. Era uma
prova de seus treinamentos militares, mas Declan não se importava.
Seu olhar aterrou em um dos homens na fileira traseira que não encon-
trava seu olhar.
Declan sorriu enquanto desenhava sua magia e com um único
dedo apontando para o homem e o teve no chão gritando e batendo
com dor. Os outros mercenários afastaram-se do homem, com os ros-
tos impassíveis, mas os olhos colados ao companheiro.
Com apenas um pensamento Declan aumentou a dor. O que nin-
guém viu foi que o interior do homem estava se transformando em
mingau, lentamente e com mais agonia do que qualquer um deles po-
deria imaginar.

220
A dor e a morte sempre traziam um sorriso a Declan. Era como
ele sabia que estava destinado a ser, como ele sabia que poderia domi-
nar o mundo e governá-lo como deveria ser.
Havia muitas guerras, muitas pessoas dizendo que estavam cer-
tas. Ele traria a paz que todo mundo dizia que queria. E ele também
traria a escuridão. Mas era aquela escuridão, esse mal que colocaria
tudo nos eixos.
Tardiamente, Declan percebeu que o mercenário estava morto e
os outros olhavam para ele com medo em seus olhares. Assim como
ele queria.
― Acho que agora nos entendemos. ― disse Declan. ― Vocês
não trabalham para mim. Eu possuo cada um de vocês. Vocês são
meus para comandar e terminar conforme minha vontade. Se vocês
querem viver, não me deem uma razão para matar vocês.
Os mercenários entraram em linha, os ombros para trás, enquan-
to ignoravam o camarada morto.
― Não hesitarei em matar mais de vocês, ― continuou Declan ―
se eu achar que minha magia está sendo questionada. Estou entendi-
do?
― Sim, senhor! ― responderam os quatorze restantes em unísso-
no.
Declan olhou para Robbie antes de se virar e subir as escadas de
volta para seu quarto. Declan não se importava se Robbie recrutaria
mais mercenários ou não. Ele não precisava deles para guardar a casa.
Não só havia vários feitiços que impediriam a entrada de alguém que
ele não quisesse, mas também havia magias que mantinham seu para-
deiro escondido de qualquer pessoa que o estivesse procurando.
Somente quando Declan estava seguramente de volta em seu
quarto e a porta fechada e trancada ele segurou seu braço esquerdo
contra si e mordeu os lábios de dor.
Toda vez que ele fazia mágica queimava. Como se sua magia e
aquela que escurecia sua pele não estivessem se misturando bem. Não

221
era um bom presságio para ele, mas era algo que Declan teria que li-
dar, já que precisava usar sua magia para chegar a Tara.
Por causa de todos os Guerreiros na torre de Dunnoth não havia
nenhuma dúvida na mente de Declan que ela estava agora no castelo
de MacLeod. Mas isso não a manteria a salvo dele.
***
Fallon apressadamente puxou Larena para as sombras quando ele
saltou para o Castelo de Edimburgo. Hayden e Isla foram rápidos a se-
gui-los nas sombras.
Os quatro permaneceram calados enquanto um homem caminha-
va rapidamente pelo corredor, uma prancheta na mão. Somente quan-
do ele ficou fora de visão, eles suspiram aliviados.
― Isso passou perto, ― murmurou Hayden.
Fallon cortou o olhar para o Guerreiro. ― Eu trouxe as garotas
tão perto da biblioteca quanto eu poderia.
― Biblioteca escondida. ― corrigiu Larena com um sorriso em
Isla.
Isla virou a ponta de seu longo rabo de cavalo sobre seu ombro.
― Independentemente de estar escondido ou não, quero entrar e sair
rapidamente.
Fallon tomou a dianteira enquanto corria silenciosamente pelo
corredor. Hayden, que seguia logo atrás, agarrou a mão de Isla.
― Diga-me novamente, esposa, como você descobriu esta biblio-
teca escondida?
Isla revirou os olhos para seu marido protetor e esperou que ele
puxar antes mesmo dela sussurrar, ― A última vez que Larena e eu es-
tivemos aqui, encontramos alguns documentos antigos que falavam so-
bre algumas câmaras escondidas em todo o castelo.
― E já que passei alguns meses aqui, tive uma ideia de onde pro-
curar. ― respondeu Larena.

222
― Passou algum tempo aqui há mais de quatrocentos anos. ―
corrigiu Fallon.
Larena encolheu os ombros. ― Não é como se o castelo tivesse
mudado muito.
― Não, mas mudam as câmaras. ― disse Hayden.
Isla acenou com a cabeça quando pararam e se encostaram con-
tra a parede.
― Nós levamos isso em conta. E não lhe explicamos isso no nos-
so castelo?
― Sim. ― Hayden sussurrou e deu-lhe um beijo rápido. ― Eu só
queria ouvir de novo.
― Nós vamos ficar bem. ― disse ela, e tomou sua mão na dela.
― É melhor você ficar.
Uma vez que Fallon e Hayden deixaram tudo claro, Larena e Isla
começaram a procurar a entrada secreta para a biblioteca. Empurraram
pedra após pedra, mas não encontraram nada.
― Só um idiota colocaria uma entrada bem no meio do corredor
principal. ― disse Fallon. ― Eu acho que estamos procurando no lugar
errado.
Larena sacudiu a cabeça. ― Confie em mim, Fallon. Sei que esse
é o lugar.
Outros quinze minutos se passaram e ainda eles não haviam en-
contrado nada. Isla sabia que os homens estavam ficando inquietos. O
amanhecer já tinha chegado, e com ele mais pessoas vagando pelo
castelo. Eles tinham que entrar na sala secreta hoje ou quem sabia
quando eles seriam capazes de retornar.
― Passamos bastante tempo aqui. Precisamos voltar. ― disse Fal-
lon.
― Mais um momento, meu amor. ― implorou Larena.

223
Isla olhou por cima do ombro para encontrar Hayden olhando para
ela com os lábios pressionados. Sua paciência já havia desaparecido.
Ouviu Hayden caminhar atrás dela.
― Eu sei o quanto você quer encontrar esta biblioteca, mas já es-
touramos nosso tempo.
Isla apertou a cabeça contra uma das pedras e soltou um suspiro.
― Está aqui. ―
― E nós vamos encontrá-la da próxima vez. ― Ele inclinou uma
mão acima de sua cabeça.
Fallon se virou olhando pela janela mais próxima dele. ― Hayden
está certo. Temos de ir.
― Espere. ― Larena disse quando Fallon foi agarrar sua mão. ―
Há mais um lugar.
― Onde? ― Fallon exigiu.
― A câmara de parto.
Por vários segundos, Fallon olhou para sua esposa. ― Eu não
posso nos pular lá. Nunca me aventurei naquela área do castelo.
― Então é melhor nos movimentarmos rapidamente. ― disse
Hayden.
Eles seguiram o caminho mais uma vez, movendo-se como fan-
tasmas pelo castelo. Isla podia ouvir as pessoas falando e sabia que
mais e mais trabalhadores estavam entrando no castelo. Era uma enor-
me atração turística, e eram necessárias centenas de pessoas para
manter o castelo pronto a cada dia.
Ela apertou mais na mão de Hayden, e seu olhar de resposta lhe
disse que ele sabia o quanto ela estava ansiosa. Se não fosse tão im-
portante encontrar a biblioteca, Isla teria concordado com os homens e
voltado para o castelo.
Mas ela sabia o quanto era crucial encontrar o feitiço. Larena
queria desesperadamente ter uma família, e ela não era a única. En-
quanto ela e Fallon eram ambos imortais já que eram Guerreiros, o
mesmo não poderia ser dito das outras mulheres.

224
Mesmo Isla não tinha ideia se ela ainda era imortal ou não, e ela
não queria tentar o destino para descobrir.
Eles serpentearam seu caminho através do castelo, conseguindo
evitar ser detectado por alguém, até mesmo do equipamento de segu-
rança localizado em todos os lugares.
Isla estava sem fôlego quando chegaram à câmara de parto. O
quarto era permitido ser visto pelos visitantes, então eles teriam que se
apressar.
― Só nos leve para dentro. ― disse Fallon, vigiando a porta.
Isla trocou um olhar com Larena enquanto se dirigiam para os la-
dos opostos do quarto escuro com painéis de madeira. Sua busca co-
meçou de novo, enquanto batiam e empurravam a madeira.
― Maldição! ― murmurou Larena. ― Eu sabia que estava aqui.
Hayden tinha ficado perto de Isla e estendeu a mão para endirei-
tar uma foto quando o painel diante dela se abriu.
― Você conseguiu. ― disse Isla quando deu a ele um sorriso.
Hayden encolheu os ombros. ― É por isso que você me trouxe.
― Entre. ― Fallon disse enquanto se apressava para eles. ― Al-
guém está vindo.
***
Tara acordou lentamente enquanto as memórias da noite anterior
enchiam sua mente. Ela estava deitada sobre o peito de Ramsey, assim
como tinha adormecido, e o som de seu coração batendo continuamen-
te enchia seu ouvido.
Seus braços estavam ao redor dela, como se ele a tivesse segura-
do contra ele a noite toda. O pensamento a fez sorrir como uma colegi-
al boba. Ela poderia ter fugido durante uma década, e embora não fos-
se promíscua, tinha tido alguns amantes. Ninguém, no entanto, em
comparação com Ramsey.

225
Talvez fosse a magia que fluía entre eles, ou a atração que pare-
cia conectá-los tão solidamente. Mas tudo que Tara sabia era que Ram-
sey era o tipo de homem que ela sempre sonhara em encontrar.
Ela ergueu a cabeça e o encontrou ainda dormindo. Seus dedos
coçavam para traçar cada linha de seu rosto e corpo como ela não ti-
nha sido capaz de fazer na noite anterior.
No sono, as rugas que tinham marcado sua testa desde que retor-
nou ao castelo se fora. Seus lábios estavam soltos e muito beijáveis.
Tara mordeu o lábio quando se lembrou do que sua boca lhe fize-
ra, como ele a fizera gritar.
― Sempre me disseram que não é bom olhar fixamente. ― mur-
murou Ramsey.
Tara riu e dobrou as mãos em seu peito para que pudesse des-
cansar o queixo sobre elas. ― Como posso resistir a olhar para um es-
pécime tão atraente de um homem? ―
Um olho se abriu para olhá-la. ― Cuidado, moça. Você vai me fa-
zer presunçoso.
― Impossível.
Ele virou a cabeça e abriu os dois olhos. ― Você dormiu bem?
― Excepcionalmente bem, na verdade. E creio que foi tudo por
sua causa.
― Oh, agora eu sei que minha presunção está crescendo. ― ele
disse com um sorriso.
― Você dormiu bem?
― Eu dormi. ― ele respondeu suavemente.
Ela franziu o cenho. ― Você normalmente não dorme?
― Não, sempre.
― É bom que você dormiu então?
Um lado de sua boca inclinou em um sorriso. ― Oh, Aye.

226
Sem saber o que mais dizer a um sorriso tão perverso e sedutor,
Tara olhou para baixo e só então notou que não tinha mais feixes de
magia envolvendo-os.
― O que foi? ― perguntou Ramsey.
― A magia em torno de nós se foi.
Ele a colocou de costas e beijou a ponta do nariz. ― Eu acho que
não.
Antes que ela pudesse perguntar o que ele estava fazendo, ele
correu um dedo lentamente pelo seu estômago. Seguindo atrás dele
estava um fio de branco. Não flutuava em torno deles como antes, mas
parecia estar debaixo de sua pele. E brilhando.
Ela piscou para ele. Incapaz de evitar tentar, Tara passou um
dedo por seu ombro e por seu braço. A mesma linha branca brilhante
apareceu sob sua pele.
― Não entendo. ― disse ela.
― Nem eu, mas eu sinto mais sua magia. Antes isso viria e iria
embora.
― Não tenho certeza se isso é bom, Ramsey. Minha magia é mui-
to volátil para estar comigo constantemente. Eu poderia matar alguém.
― Tenha fé, Tara. Tudo ficará bem.
Enquanto olhava seus olhos prateados, ela se viu acreditando
nele. Não era que ela quisesse, mas que ela acreditava. Não havia
dúvida em sua mente.
― Eu fiquei em Edimburgo esses poucos anos porque eu gostava
de ensinar as crianças, mas eu nunca fiquei em um lugar por mais de
um mês. E quando a escola fechasse, eu deixaria Edimburgo. Eu não
sei o que significa ficar em um lugar.
― Então você vai ter que experimentá-lo aqui. ― disse ele com
um sorriso. ― Você não é uma prisioneira. Você pode sair sempre.
― Não, se eu quiser permanecer uma mie. Declan vai me encon-
trar se eu partir.

227
Ramsey assentiu com a cabeça. ― Ele sabe que você está conos-
co. Temos força em números aqui. Isla e Reaghan têm grande e pode-
rosa magia. Ele não vai ser estúpido o suficiente para nos atacar.
Um sentimento doentio começou em seu estômago enquanto
pensava em Declan. ― Não, ele não atacaria como eu ouvi sobre Deir-
dre. Declan usará táticas diferentes.
― Ele já tentou obter informações controlando a mente de al-
guém. A pobre moça ficou devastada quando descobriu o que Declan
tinha feito. Ela se jogou pela janela da torre para o mar. Mas Declan
não entrou em sua mente. Que outra maneira pode ele te fazer mal?
― Tenho medo de pensar nisso. Um estremecimento de pressen-
timento rolou pelas costas. ― Mas eu preciso estar preparada para
qualquer coisa. Porque eu não posso deixar de pensar que quando isso
acontecer, ele virá diretamente para mim.

O olhar de prata de Ramsey perfurou o dela. ― Não. Não vou permitir.


E de alguma forma Tara acreditou nele.

228
CAPÍTULO VINTE E NOVE

Ramsey não queria deixar Tara ir, mas o amanhecer tinha chega-
do e outro dia estava em andamento. Ele precisava tomar banho e des-
cer, embora odiasse lavar o cheiro dela de seu corpo.
O sorriso que ela lhe deu enquanto olhava por cima do ombro,
seu traseiro nu tentando-o a segui― lo, o fez ficar duro em um instan-
te. A única coisa que o impediu de ir atrás dela foram as palavras que
ela tinha falado sobre Declan.
Eles o deixaram gelado. Porque ele sabia que ela estava certa.
Ramsey manteve o sorriso em seu rosto até que ele ouviu o cor-
rer da água. Só então deixou o sorriso escorregar enquanto balançava
as pernas sobre a cama e descansava os cotovelos nos joelhos.
Mais uma vez, percebeu que as coisas haviam sido agravadas por
ele não ter matado Declan quando teve a chance. Ramsey não podia
acreditar que ele tinha falhado tão miseravelmente.
Com uma maldição, ele empurrou em sua calça jeans, agarrou
sua camisa e sapatos, e fez o seu caminho para a torre. Ele devia resi-
dir nas cabanas, mas queria estar perto de Tara.
― Bom dia. ― Reaghan disse enquanto passava por ele.
Ramsey não perdeu o modo que ela olhou para a mão onde ele
segurava a camisa e os sapatos. ― Dia.
― Como está Tara?
Ramsey fez uma pausa e lentamente se virou para Reaghan para
encontrá-la observando-o atentamente. Seu pequeno sorriso lhe disse
que, independentemente de sua resposta, ela sabia onde ele estivera.
― Ela está tomando um banho. Deve descer num momento.
Reaghan sorriu. ― Bom. Vou me certificar de que Galen deixe co-
mida para vocês dois.

229
― É melhor fazê-lo. Eu não gostaria de arroxear seus olhos, ―
Ramsey disse enquanto continuava para a torre.
O riso de Reaghan o seguiu pelo corredor.
Ele não era do tipo que fazia muitas brincadeiras, então não tinha
certeza por que ele tinha brincado com ela. Mas foi bom. Talvez ele
fosse muito cauteloso. Talvez ele precisasse... quais eram as palavras
que Gwynn usou? Oh, relaxe mais.
O sorriso ainda estava em seu rosto quando entrou na torre e jo-
gou sua camisa suja na cama antes de ir para o chuveiro.
Foi enquanto ele estava se barbeando que ele pensou novamente
sobre a magia entre ele e Tara. Por que os feixes pararam? Ele não ti-
nha parado de sentir sua magia. Ao contrário, a sensação de sua magia
tinha aumentado.
Ele não tinha ideia de por que os tentáculos da magia tinham co-
meçado também. Tinha alguma coisa a ver com sua magia? Ou os
Druidas de quem ele descendia?
Ramsey sabia como os Druidas de Torrachilty tinham obtido sua
magia. Ele sabia por que apenas os homens podiam lidar com isso,
mas tinha a sensação de que, apesar de todas as lições de história que
tinha tido, havia algo faltando. Como se ele pudesse ter aprendido a
parte que tinham guardado dele se não tivesse sido capturado por
Deirdre.
Enquanto lavava os cabelos e o corpo, lembrou-se de conversas
com seu pai. Muitas vezes seu pai o tinha advertido para ser exigente
ao escolher uma esposa. Muitas vezes até mesmo seu tio lhe tinha dito
para pisar com cuidado quando flertasse com uma mulher.
Ele os havia questionado, é claro. Suas respostas foram que ele
saberia tudo na devida hora. Bem, ele não tinha aprendido tudo. Em
vez disso, ele tinha desatado o seu deus e agora vivia como um imor-
tal.
Ramsey limpou a água do rosto depois de enxaguar e desligou o
chuveiro. Ele estendeu a mão para a toalha que tinha jogado sobre a
porta de vidro do chuveiro e começou a secar.

230
Assim que saiu do chuveiro, ouviu alguém entrar em seu quarto.
Ele enrolou a toalha sobre ele e segurou-a junto à cintura enquanto
saia do banheiro.
Arran estava encostado na parede oposta, os braços cruzados so-
bre o peito.
― Tanto para ficar longe dela, sim?
Ramsey revirou os olhos e tirou as roupas do armário.
― Não que eu culpe você, ― Arran continuou enquanto ele olha-
va para fora da janela. ― Ela é uma beleza, e não há razão para não
podermos nos divertir. Matamos um mal. E se conseguirmos derrubar
Deirdre, podemos derrubar Declan.
Ramsey olhou para Arran enquanto ele puxava sua calça jeans. ―
Você veio aqui apenas para me irritar?
― Não. Vim dizer que Fallon saiu com Larena, Isla e Hayden para
procurar o feitiço escondido em Edimburgo.
― O feitiço que mais uma vez prenderia nossos deuses? ― Ram-
sey puxou uma camiseta preta e franziu a testa. ― Você realmente
acredita que eles serão capazes de fazer isso?
Arran virou-se com um encolher de ombros. ― Eu gostaria de
pensar que eles podem. Laria disse que havia tal feitiço.
A gêmea de Deirdre havia lhes dito aquela notícia antes da gran-
de batalha. Laria sabia que não sobreviveria se Deirdre morresse, mas
Ramsey desejava que ela tivesse contado mais sobre o feitiço do que
simplesmente estar guardado no Castelo de Edimburgo, escondido nos
pergaminhos e livros da biblioteca.
― Laria não mentiria sobre algo assim ― disse Ramsey.
― Mas? ― Arran insistiu.
Ramsey riu entre dentes. ― Mas... qualquer coisa poderia ter
acontecido a esse feitiço. Aye, estava escondido no Castelo de Edim-
burgo em meio a outros pergaminhos, mas alguém poderia tê-lo pega-
do ou destruído sem saber o que era.

231
― E nem sabemos quando saiu de Edimburgo.
― Precisamente.
Arran mudou de um pé para o outro, seu olhar no chão. ― Ram-
sey, você quer o seu deus atado?
Por vários momentos, Ramsey pensou na pergunta de Arran. ―
De certa forma, aye. Eu gostaria de ser capaz de fazer a minha magia
sem medo de prejudicar alguém. No entanto, ao mesmo tempo, se não
fôssemos Guerreiros, ninguém teria sido capaz de derrotar Deirdre ou
lutar contra Declan.
― Os MacLeods querem o feitiço.
― Aye. Como eu tenho certeza que todo Guerreiro com uma es-
posa quer. Eles querem viver vidas normais, ter filhos e envelhecer com
suas mulheres. Eu entendo isso.
Arran esfregou a palma da mão ao longo da bochecha. ― Phelan
me disse que ele nunca iria atar seu deus.
― É a escolha dele. Se o feitiço for encontrado, eu sei que os Ma-
cLeods o manteriam seguro, a fim de que a qualquer momento aqueles
que não escolheram atar seus deuses pudessem mudar de ideia.
― Há uma certa vantagem em ser imortal ― disse Arran. ― Não
ter que se preocupar com a doença ou qualquer coisa. E se ficarmos
feridos, nos curamos.
Ramsey não se incomodou em mencionar o sangue drough. Ele
sabia que seu companheiro Guerreiro não tinha esquecido aquele pe-
daço importante.
― Você não precisa pedir permissão a ninguém se quiser ficar
como Guerreiro. ― Ramsey disse a ele.
Os olhos castanhos claros de Arran encontraram os dele. ― Não
será o mesmo se todos amarrarem seus deuses, menos eu e Phelan.
― Você sempre terá Phelan como amigo. ― disse Ramsey com
um sorriso.

232
Arran riu e sacudiu a cabeça. ― Não acho que duraria uma hora
a sós com ele. Ele... qual é a expressão que Dani usa? Ah, “ele carrega
o chip no ombro”.
― Todos nós carregamos até certo ponto. Mas pense o quanto
Phelan sofreu enquanto crescia preso em Cairn Toul. Então, quando ele
alcançou a maturidade, para ter seu deus livre,
― É por isso que lhe dou tanta folga por sua atitude. ― disse Ar-
ran suavemente. ― Estou espantado que ele saiu de lá com a mente
intacta.
Ramsey lembrou como ele e Broc assistiram Guerreiro após Guer-
reiro sucumbir a Deirdre porque suas mentes não eram fortes o sufici-
ente para resistir a ela e ao seu deus.
― Phelan passou por nós em algumas ocasiões. Ele não precisava
nos ajudar com Deirdre, nem tinha que curar todos do último ataque
de Declan.
Arran sorriu de repente. ― Aye, eu sei. Escute, eu vou fazer exer-
cícios. Você se importa de boxear?
― Soa perfeito.
Arran soltou uma risada e abriu uma das janelas da torre. Sua
pele transformou o branco de seu deus quando ele saltou para o peito-
ril. ― Vejo você lá embaixo. ― ele disse antes de saltar.
Ramsey sorriu quando correu para a janela e viu Arran pousar
perto dos penhascos. Num piscar de olhos Ramsey chamou Ethexia.
Presas encheram sua boca e garras se alongaram de seus dedos.
Ele pegou seu reflexo no vidro da janela e olhou por um momen-
to para a pele de bronze que o cobria, e os olhos de bronze piscando
para ele.
E então saltou para fora da janela, o ar sibilou por ele quando
caiu. Ele pousou com as pernas dobradas na neve, e um enorme sorri-
so no rosto.
Arran chamou-lhe um segundo depois. Ramsey o observou saltar
sobre as falésias para a praia abaixo e rapidamente seguiu.

233
O vapor do mar quando ele pousou na praia atingiu seu rosto e
seu corpo, mas ele não se importou. Ele estava procurando por Arran
que tinha desaparecido, mas de novo, esse era seu jogo. Quanto tem-
po levaria para encontrar seu amigo?
Ramsey riu quando pegou a trilha de Arran entre as pedras e cor-
reu atrás dele. Ele avistou o Guerreiro quando estava prestes a pular
de volta pelos penhascos até uma caverna.
Com um rosnado baixo, Ramsey correu atrás dele e jogou Arran
no chão. Os dois estavam sorrindo, prontos para lutar como somente
Guerreiros poderiam.
***
― Meu Deus! ― murmurou Hayden enquanto olhava em volta da
pequena sala e das estantes do chão ao teto empilhadas não apenas li-
vros, mas com armas, cofres pequenos e outras coisas que Hayden
nem poderia começar a saber o que eram.
― Esta sala não foi perturbada por décadas. ― disse Isla.
― Séculos. ― Fallon corrigiu enquanto olhava para algo em uma
das prateleiras.
Larena soltou um suspiro. ― Tudo certo. Precisamos procurar um
pergaminho, ou talvez até um livro. Qualquer coisa que possa ser o
que precisamos. Se tivermos que fazê-lo, vamos levá-lo de volta ao
Castelo MacLeod para olhar.
Hayden deu um aceno de cabeça e começou a procurar nas pra-
teleiras mais próximas a ele. Não demorou muito para que ele come-
çasse a ouvir o som de vozes lá fora que lhe diziam que a cidade não
tinha apena despertado, mas que as pessoas estavam prestes a inun-
dar o castelo.
Eles trabalharam silenciosamente e rapidamente olhando para
cada item nas prateleiras e em todas as páginas dos livros. Hayden fe-
chou um enorme volume e estava prestes a guardá-lo quando algo
chamou sua atenção.

234
― O que é isto? ― ele murmurou, e estendeu a mão na estante
de livros para encontrar um pequeno livro com sua junção de couro
preto, desfeita.
Abriu-o e leu em voz alta: ― Uma lista de itens tirados do Castelo
de Edimburgo para Londres, o ano de nosso Senhor 1132.
― O quê? ― perguntou Isla.
Hayden não respondeu a ela imediatamente enquanto corria o
dedo pelas páginas procurando a menção de um pergaminho. Logo, os
outros três estavam ao lado dele enquanto todos olhavam para as pági-
nas.
― Essas são coisas que a coroa queria manter secretas. ― disse
Larena.
Fallon encolheu os ombros. ― Mas por quê? Ninguém esteve nes-
ta câmara há muito tempo. Esses itens poderiam ter sido mantidos
aqui.
― É verdade ― disse Isla. ― Mas dê uma olhada no que está lis-
tado. A maioria são itens que algumas pessoas pensavam que podiam
ter magia.
― Maldito inferno. ― disse Hayden.
Fallon passou a mão pelo rosto. ― Isso significa que a coroa sa-
bia de Druidas e magia por muito mais tempo do que eu esperava.
― Se eles sabem sobre nós, eles sabem sobre os Guerreiros? ―
Perguntou Isla.
Hayden fechou o livro e balançou a cabeça. ― É melhor presumir-
mos que sim. E é melhor fazermos planos para chegar a Londres atrás
do pergaminho.
― Você encontrou uma lista? ― Larena perguntou.
Ele assentiu e entregou-lhe o livro. ― Está na última página do li-
vro. Tudo o que diz é “Pergaminho”, mas observe abaixo, é uma peque-
na mensagem que diz que as palavras para o feitiço foram decifradas e
o pergaminho queimado.

235
― Maldição! ― disse Fallon.
― Espere. ― disse Isla. ― Há uma notação final aqui. O conteú-
do foi dividido em três vagões, cada um tomando um caminho diferen-
te para Londres. Dois por terra, e um por mar. Dois dos três chegaram
ao seu destino, mas um por terra desapareceu.
Larena passou o dedo pela lombada do livro depois de fechá-lo.
― Não podemos saber até olharmos em Londres se o feitiço ainda está
faltando ou não.
― Precisamos voltar ao castelo e discutir isso com os outros. ―
disse Fallon.
Juntaram-se às mãos, e em um piscar de olhos estavam mais uma
vez no grande salão do Castelo MacLeod.

236
CAPÍTULO TRINTA

Tara ficou mais do que um pouco desapontada ao sair do banhei-


ro e não encontrar Ramsey. Mas, novamente, ele tinha outras respon-
sabilidades além dela.
Passar um dia com Ramsey fingindo que eram um casal normal
indo assistir um filme e talvez um jantar fora era apenas ridículo para
ela até mesmo pensar.
Ela era uma Druida, caçada não apenas por sua família, mas por
um maníaco concentrado num mal tão grande que ela ficava doente só
pensar sobre isso. E Ramsey...
Ele era meio Guerreiro, meio Druida. Esse conceito ainda a con-
fundia. E a magia que fluía entre eles, para que todos a visse, a deixa-
va sem palavras.
Tara sabia que as mulheres estavam esperando por ela lá embai-
xo. Eles a haviam aceitado com facilidade em seu grupo e a fizeram
sentir-se bem-vinda. No entanto, ela estava acostumada a estar sozi-
nha.
Ela estava acostumada a não responder a ninguém.
Ela estava acostumada a tomar suas próprias decisões sem con-
versar com ninguém.
E ela estava acostumada a fazer as coisas à sua maneira.
A princípio, ela não tinha pensado muito em estar no castelo, já
que sua preocupação era com Ramsey enquanto ele permaneceu imó-
vel sobre a cama.
Então ele acordou, e ela se sentiu tão ferida. Como ela poderia
ter ido de sum sentimento tão perdida e ferida num momento para a
tal desejo escaldante no próximo?
Ela sorriu enquanto puxava um par de blusas. Por cima de seu
sutiã ela usava um top, e então sobre isso ela pegou seu suéter favori-

237
to. Era cinza claro com ST. UNIVERSIDADE ANDREWS escrita em um
bonito tartan preto e vermelho.
O suéter tinha sido dado a ela por sua avó em seu décimo sexto
aniversário. Tara desejava frequentar a prestigiosa universidade, mas
dois anos mais tarde, seu único pensamento era permanecer viva.
Tara passou as mãos pela frente do suéter enquanto pensava em
sua avó. Com um sorriso, ela puxou para trás seus cabelos e torceu um
elástico num rabo de cavalo em torno dos fios grossos.
Depois de vestir as sapatilhas, Tara fez cinquenta flexões e cem
abdominais, depois vinte abdominais de corpo inteiro. Com seu corpo
agora aquecido, ela demorou mais trinta minutos para se alongar antes
de sair de seu quarto.
Ela decidiu fazer uma rodada diferente. Ela correu pelo corredor e
desceu um conjunto de escadas antes de encontrar o corredor que le-
vava às ameias.
Quando ela abriu a porta, uma explosão de ar frio bateu nela,
mas Tara inalou profundamente dentro de seus pulmões e deixou a
porta se fechar atrás dela. Com remendos de gelo ao longo das amei-
as, seria uma maneira maravilhosa para ela começar um treino.
Foi depois que ela saltou sobre seu terceiro pedaço de gelo que
ela notou dois Guerreiros que pareciam estar travados em uma batalha
feroz.
Quando ela olhou mais de perto, ela percebeu que era Ramsey e
Arran. E eles pareciam estarem lutando. Sangue escorria de marcas de
arranhões em seus peitos nus. Ela não sabia onde suas camisas tinham
ido, mas depois de olhar para os músculos de Ramsey ela não se im-
portava.
Tara continuou, um sorriso agora em seu rosto. Ela gostava do
fato de que Ramsey também gostava de um bom treino. Embora ela
não fosse uma Guerreira, ela tinha que aprender a permanecer viva e
ficar à frente daqueles que a perseguiam.
Ela tinha aprendido aulas de autodefesa em primeiro lugar. Isso
tinha progredido à instrução das artes marciais de todos os tipos. Cada

238
oportunidade que ela conseguiu ela treinava com um novo instrutor,
porque cada um deles lhe ensinava algo diferente, algo que a havia be-
neficiado em sua luta para sobreviver.
Com sua viagem ao longo das ameias terminado, Tara cuidadosa-
mente desceu as escadas para a muralha e correu para os estábulos.
Ela gostava dos obstáculos que havia encontrado ali. Não era todos os
dias que ela encontrava coisas que podia saltar.
Ela se deu um momento para recuperar o fôlego, e então come-
çou o percurso partindo de um lado do estábulo para o outro.
Duas vezes ela bateu a canela nas tábuas, e uma vez que sua
mão deslizou sobre a tábua que ela estava tentando se jogar-se fez
com que ela batesse as costelas contra a mesma.
Mas ela continuou.
Ela não gostava de se machucar, mas era realista. Se ela pudesse
continuar apesar de estar ferida, então estava treinando bem.
O ar dos estábulos de repente mudou, ficando carregado de dese-
jo e perigo. Tara fez uma pausa e olhou para as vigas, mas não conse-
guiu ver nada. Mas ela não estava assustada. Ela sabia quem a estava
observando.
― Ramsey, ― ela sussurrou.
― Eu acho que você poderia se mover um pouquinho mais rápido
se tivesse alguém perseguindo você.
Sua voz se aproximou dela de cima, e embora ela procurasse nas
sombras, não conseguiu encontrá-lo.
― É então? Pensei que estivesse de outra forma envolvido? Com
Arran? Vocês dois pareciam atentos à sua batalha.
Uma tábua rangeu acima antes de Ramsey pousar na frente dela,
um brilho em seus olhos prateados. ― Eu fiquei cansado do que Arran
oferecia depois que a vi.
A excitação correu através de Tara. ― É então? O que te faz pen-
sar que eu quero você aqui?

239
― A maneira como seus olhos escurecem quando você olha para
mim.
Ela não sabia se ele mentia ou não, mas tê-lo perto fez a sua pai-
xão crescer.
― Você não tem nenhuma observação espirituosa, garota?
― Não. ― ela disse enquanto deixava seu olhar vagar por ele.
Sua camisa ainda estava perdida, mas o sangue que ela tinha vis-
to tinha sido limpo. Um brilho fino de suor brilhava em sua pele, e seu
cabelo preto estava úmido da neve.
Considerando tudo, Tara nunca tinha visto um homem tão tenta-
dor.
― Eu vou te dar um desafio adequado. Se você está preparada
para isso. ― ele ofereceu.
Tara sorriu. Ela não era uma de recuar de um desafio, especial-
mente um vindo de Ramsey. ― Vai ser um pouco unilateral, já que
você pode se mover quatro vezes mais rápido do que eu posso.
― Vou me segurar.
Seu sorriso torto fez seus joelhos ficarem fracos. ― Eu não des-
perdiçaria isso exatamente.
― Quando você estiver pronta, garota.
As mãos de Tara coçavam para correr sobre seu peito, mas tanto
quanto ela queria tocá-lo novamente, ela também queria esse desafio
que ele lhe ofereceu. Não havia nenhuma maneira que ela poderia ser
melhor do que ele, mas ele a empurraria mais difícil do que ela se em-
purrou.
Ela piscou para Ramsey e fingiu ir para a direita antes de correr
para a esquerda ao seu redor e dirigir-se para a primeira baia. Ela usou
seus braços para se virar sobre as tábuas e pousou em seus pés antes
de correr para a próxima parede.

240
Ramsey não conseguia parar de sorrir. Desde que ele viu Tara nas
ameias, ele lutou contra a vontade de ir até ela. Então, parou de lutar e
observou-a enquanto ela treinava.
Cada vez que ela dobrava ou rolava, sua calça de ginástica mol-
dava-se contra o seu perfeito traseiro até que tudo o que ele poderia
pensar era ter sua bunda em suas mãos.
Foi quando ele estava falando com ela. A centelha nos olhos dela
enquanto eles brincavam tinha deixado seu sangue fervendo por ela.
Para seu deleite ela aceitou o desafio dele e já tinha corrido ao
redor dele. Ramsey ficou ali por um momento apenas observando-a
como facilmente pulou a primeira parede.
Quando ela começou a pular a segunda, a necessidade de perse-
gui-la e reivindica-la assumiu. Ramsey partiu atrás dela, embora ele ti-
vesse cuidado de se retardar para que não a pegasse com muita facili-
dade.
No entanto, ele ganhou sobre ela rapidamente. Ele era mais alto,
então ele saltou sobre as paredes da baia mais fácil do que ela. Mesmo
assim, Ramsey ficou impressionado com a rapidez com que ela se mo-
via.
Eles estavam no lado oposto dos estábulos quando ele finalmente
a pegou. Ramsey agarrou seu braço e a empurrou contra a parte de
trás da baia.
Seus olhos se fecharam enquanto suas respirações saíam pelos
esforços. O suéter que usava tinha o pescoço cortado para que caísse
sobre um ombro e descobrisse a alça de seu top vermelho embaixo.
Seus olhos azul-esverdeados brilhavam pela perseguição. A ma-
neira como suas mãos apertavam seus braços lhe dizia que estava feliz
por ter sido pega.
Ramsey baixou a cabeça, incapaz de permanecer sem provar
seus lábios maravilhosos por um momento. Ela ergueu-se na ponta dos
pés e encontrou seu beijo no meio do caminho. Assim que seus lábios
se encontraram, a paixão explodiu.

241
O beijo foi frenético e ardente, intenso e ardente. Seus dedos se
enroscaram em seus cabelos enquanto ele deslizava sua língua por
seus lábios. Seu gemido de resposta apenas o levou a procurar mais.
Mais de seu néctar, mais de seu toque. Mais, sempre mais.
Desejava-a desesperadamente, um fogo ardendo mais quente em
suas veias e mais excitante do que qualquer coisa que sentira em sua
longa vida.
Ela sussurrou seu nome enquanto ele beijava seu pescoço e seu
ombro. Seu corpo sacudiu a necessidade de estar dentro dela, de sentir
seu calor escorregadio segurando em torno dele.
Antes que ele pudesse cortar o suéter, ela conseguiu puxá-lo so-
bre a cabeça e jogá-lo de lado. Ramsey sorriu para ela.
― Se você não se apressar para sair daquela roupa, eu vou cortá-
la fora de você. ― ele ameaçou.
Ela riu, seus olhos vagando por ele e deixando uma trilha de calor
em seu rastro. ― Isso só me faz querer você mais.
― Pelo amor de Deus, mulher. ― disse ele. ― Eu vou gozar se
você continuar a falar isso.
Tara olhou para ele inocentemente enquanto chutava seus sapa-
tos. ― O quê? Eu fiz alguma coisa?
Ramsey riu enquanto deslizava os dedos pela cintura de seus
suores e calcinha e os empurrava pelas pernas. Ele se agachou diante
dela e beijou seu estômago enquanto tirava as calças de suas pernas.
― Acho que não posso esperar. ― disse ela sem fôlego.
Ele lentamente se levantou, beijando através de seu top. ― Você
ainda tem muita roupa.
― E você tem suas calças.
Ele começou a desabotoar o jeans enquanto ela arrancava o top
vermelho e desabotoava o sutiã.

242
Ramsey inclinou-se e sugou um mamilo cor-de-rosa no fundo de
sua boca e puxou seus jeans mais para baixo pelas pernas. Então ele
se endireitou e olhou nos olhos de Tara.
― Não me faça implorar. ― ela implorou.
― O que você quer?
― Você. Eu quero você. ― ela sussurrou.
Era tudo que Ramsey precisava ouvir. Ele a ergueu, e suas pernas
enroladas ao redor de sua cintura de modo que seu pau roçou contra
seu sexo.
Ele sibilou em um suspiro quando sentiu como ela estava molha-
da. A fome de alojar-se dentro dela, mergulhar fundo em seu calor, era
esmagadora, devastadora.
Irresistível.
Ramsey segurou-a sobre seu pau dolorido, e a baixou lentamen-
te. Seus quadris se balançaram contra ele, procurando mais até que ela
tomou tudo dele.
Por um momento, Ramsey simplesmente a abraçou, desfrutando
da sensação de estar dentro dela, de tê-la mais uma vez. Ela se tornara
um vício, uma obsessão. E ele nunca queria parar.
Ramsey segurou seus quadris e puxou lentamente fora dela, an-
tes que ele mergulhasse duro e rápido. Ela gritou, suas unhas afundan-
do em suas costas.
Estava escorregadia e quente enquanto envolvia sua excitação e
o enviou a uma febre de necessidade que somente ela poderia extin-
guir. Uma e outra vez ele mergulhou dentro dela, levando-os cada vez
mais alto.
Tara puxou seu rosto para baixo para um beijo, suas línguas cor-
respondentes ao ritmo que ele tinha definido enquanto ele entrava e
saia dentro dela. Mais duro. Mais rápido.
Implacável.

243
A maré do desejo já o tinha varrido. Levando-o. Afogando-o em
tudo o que era Tara.
Ela de repente arrancou a boca dela e gritou. Ramsey continuou
se movendo dentro dela, mesmo quando suas apertadas paredes o
abraçaram, o pressionando para seu próprio clímax.
Mas ele segurou seu controle. Ele era inflexível enquanto bombe-
ava dentro dela.
Então, quando os lábios de Tara começaram a beijar e lamber seu
pescoço enquanto seus quadris se balançavam contra os dele, o con-
trole de Ramsey começou a escorregar.
Ele a apertou contra a madeira e agarrou seus quadris para
mantê-la imóvel. Ramsey sempre estivera no controle. Sempre. Exceto
com Tara.
Com ela, era como se sua mente não soubesse o significado da
palavra “controle”. E isso não o incomodava, não quando aquela paixão
cegante passava através de seu corpo.
― Ramsey, ― ela sussurrou.
Ele podia sentir seu corpo apertando mais uma vez, podia sentir
que ela estava prestes a vir pela segunda vez. Ele empurrou seu pau
com força dentro dela, enchendo-a tão profundamente quanto podia.
Suas pernas se apertaram ao redor dele, ao mesmo tempo que
seu orgasmo o tomava. Eles atingiram o clímax juntos, seus corpos e
olhos travados juntos.
E Ramsey sentiu o mundo derreter enquanto se afogava nas pro-
fundezas azul-esverdeadas de uma sereia que tinha roubado sua alma.
A paz os envolveu. Cobriu-os.
Tara sorriu e envolveu seus braços ao redor dele e segurou-o
apertado.
Ramsey fechou os olhos e simplesmente cedeu à serenidade que
encontrara com Tara.

244
CAPÍTULO TRINTA E UM

― Um dia desses eu vou levar meu tempo te amando. ― murmu-


rou Ramsey em seu ouvido enquanto beijava seu pescoço.
Tara tremeu, não pelo frio, mas por suas palavras. Era verdade
que tinha sido explosivo as poucas vezes que tinham feito amor, mas ti-
nha sido surpreendente.
― Eu não estou reclamando. ― Ela sorriu para seus olhos pratea-
dos enquanto ela corria os dedos através dos longos cabelos pretos
dele.
Seu sorriso de resposta teria quebrado o mais forte coração.
― Diga-me novamente por que você não tem uma mulher? ― Ela
perguntou.
Ramsey apertou suas nádegas. ― Existe uma regra que diz que
eu deveria?
― Com base na minha experiência, e é extensa, homens como
você não estão sozinhos por muito tempo.
Uma sobrancelha preta inclinou-se com suas palavras. ― Homens
como eu? ― repetiu. ― O que isso deveria significar?
― Bonito, charmoso, um pouco solitário. E não nos esqueçamos
de perigoso.
― Então isso é atraente para as mulheres, não é?
Tara engoliu em seco e passou o polegar pelos lábios dele. ―
Mais do que você poderia imaginar.
― Hmm.
― Você ainda não respondeu à minha pergunta.
Ele encolheu os ombros e pressionou seus lábios contra os dela.
― Talvez eu não tenha encontrado a mulher certa.

245
Por um instante Tara se permitiu esperar que ela fosse aquela
mulher. Mas só por um momento. Depois disso, ela deixou a realidade
de volta.
Um arrepio a sacudiu de novo.
― Sinto muito, Tara. Tenho a tendência de esquecer como é frio
quando não me afeta ― disse Ramsey enquanto se afastava dela.
Os pés de Tara caíram no chão quando ele gentilmente a pôs em
pé. Até então, ela não tinha notado o quão fria estava, mas agora ela
não podia voltar para suas roupas com a rapidez suficiente.
Não foi até que ela deslizou seu suéter em que ela percebeu que
ela tinha feito sexo com ele três vezes agora, e não uma vez usado
proteção de qualquer tipo.
Tara lambeu os lábios e virou-se para Ramsey.
― O que foi? ― Ele perguntou quando a viu olhando para ele.
Seu sorriso desapareceu e ele agarrou seus braços. ― Tara? Conte―
me?
― Nós não usamos nenhuma proteção.
Tara não sabia o que fazer com o suspiro de Ramsey e um leve
sorriso.
― Você me preocupou por um momento. ― disse ele.
― Bem, que tal compartilhar seu pequeno segredo para que eu
possa me sentir tão aliviada? ― Ela não queria que suas palavras tives-
sem uma mordida, mas a última coisa que ela queria ou precisava era
um bebê ou alguma doença.
Ela nunca tinha sido tão descuidada antes.
― Primeiro, ― ele disse, ― Eu não carrego qualquer tipo de do-
ença, então você está a salvo disso. Quanto a crianças, os Druidas aqui
tomam um feitiço a cada mês que impede que eles fiquem grávidas. Se
eu as conheço, e eu as conheço, você recebeu esse feitiço na primeira
noite que chegou aqui.

246
― Realmente? ― Tara nunca tinha parado para pensar que a ma-
gia poderia ajudar a impedir que ficasse grávida, mas explicava por que
Ramsey nunca se preocupou com isso. ― E funciona?
― Por mais de quatrocentos anos, sim.
― Oh. Por que não me disseram?
Ramsey deu de ombros e estendeu a mão. ― Porque os Druide-
sas aqui gostam de cuidar dos outros.
Pelo menos aquela era uma preocupação que Tara não precisava
mais ter. Contanto que ela tomasse o feitiço ou a poção ou o que quer
que fosse todos os meses.
Ela não se preocupou em amarrar seus sapatos antes deles saí-
rem do estábulo agora completamente vestidos. O braço de Ramsey
estava envolvido em torno dela enquanto ele a guiava através da mura-
lha e subia os degraus até a porta do castelo.
Assim que estavam dentro, o calor começou a se espalhar por
ela. Mas Ramsey não a soltou até que a fez sentar-se diante do brilho
da lareira.
― O que aconteceu? ― Dani perguntou enquanto se apressava
para eles.
Tara olhou para Ramsey antes de soltar uma risada. ― Eu fiquei
fora um pouco demais. ―
― Você e seus exercícios, ― Dani disse com uma careta. ― Vou
pegar um café para você.
― Duas colheres de açúcar, por favor. ― Tara gritou.
Ramsey se agachou na frente de sua cadeira. ― Eu não deveria
ter te deixado lá fora.
― Eu não estava reclamando. Vou ficar bem, Ramsey, então pare
de se preocupar.
Ele desviou o olhar rapidamente, franzindo a testa. ― Muitas ve-
zes ouvi os outros Guerreiros lamentarem o fato de suas mulheres se-
rem mortais. Agora eu entendo.

247
― Estou bem. ― Tara repetiu, e colocou a mão em seu braço.
Ramsey assentiu com a cabeça. ― Eu não vou cometer o mesmo
erro novamente.
― Eu não quero ser tratada como uma boneca de porcelana. Sou
mais resistente do que isso.
― Sim, você é.
Seus olhares se travaram, e Tara não pôde deixar de pensar que
havia mais do Ramsey queria dizer. Ela estava prestes a perguntar
quando Dani voltou com o café.
― Vejo você mais tarde. ― ele disse antes de se levantar e se
afastar.
Tara precisou se forçar para não segui-lo com os olhos. Em vez
disso, ela aceitou a caneca de Dani e olhou para as chamas.
― Eu não estou aqui há muito tempo, mas é óbvio até para mim
que Ramsey gosta de você.
Tara empurrou o olhar para Dani. ― Eu não sei sobre isso.
Dani sentou-se ao lado dela e sorriu maliciosamente. ― Eu nunca
o vi dar a outra mulher a atenção que ele lhe dá.
― Ele se sente responsável por mim.
― E você? É a responsabilidade que a manteve ao seu lado nes-
ses dois dias que ele ficou inconsciente?
Tara olhou em sua caneca e sacudiu a cabeça. ― Não.
― Ramsey é um bom homem. Todos os Guerreiros sofreram. Eu
não sei todas as suas histórias ou como eles se tornaram Guerreiros,
mas eu sei que Ian é. Acho que todos merecem felicidade.
― Quando eu penso sobre o que eles passaram, eu não estou
surpresa que tantos caíram no mal de Deirdre. ― Tara disse e olhou
para Dani.
Os olhos de Dani se arregalaram ligeiramente. ― Então Ramsey
lhe contou sua história?

248
― Sim. ― Ela estava hesitante em responder por causa da forma
como Dani fez a pergunta, como se ela soubesse algum segredo que
Tara não sabia.
― Isso é bom. ― Dani sorriu e olhou por cima do ombro de Tara,
seu sorriso crescendo mais. ― Mesmo agora ele observa você.
Tara se virou para olhar antes que ela pudesse se conter. Seu
olhar se chocou com os prateados, e eles compartilhavam um sorriso
secreto.
Ela foi a primeira a desviar o olhar. ― Você já teve o coração par-
tido, Dani?
― Claro. Você já? ― Respondeu a Druidesa.
Tara sacudiu a cabeça. ― Não. Eu mantive todos os tipos de rela-
cionamentos que eu tive muito breves, e eu era sempre o único a par-
tir.
― Você tem medo que terá seu coração partido.
Ela assentiu e olhou nos olhos esmeralda de Dani. ― Eu nunca
conheci ninguém como Ramsey. Ele é maior que a vida.
― Sim, ― Dani disse com uma risada, e cruzou uma perna vesti-
da de jeans sobre a outra. ― Eu pensei a mesma coisa de Ian quando
eu o conheci. Eu não achei que um homem como ele poderia existir,
pelo menos não no meu mundo. Desde que ele veio do passado, eu es-
tava certa.
Tara riu com ela. ― Isso pode ter algo a ver com isso.
― Meu conselho, embora você não esteja pedindo, é apenas dei-
xar rolar com o que está acontecendo entre você e Ramsey. Se você
pensar em seu coração quebrado, então você terá. Mas eu não acho
que isso vá acontecer. Há, obviamente, uma forte ligação entre vocês
dois. Apenas não se afaste dele.
― Então, dou-lhe tudo o que tenho e espero o melhor?
Dani sorriu e assentiu. ― Precisamente. É o que cada uma de nós
mulheres fizemos com nossos Guerreiros. Eu não estou dizendo que é

249
fácil, e é assustador como o inferno, mas você nunca sabe o que virá
disso.
― Obrigada. Pelo o café e o conselho.
Tara não tinha certeza de que deixaria de ter medo de se entre-
gar a alguém, mas Dani estava certa. Se houvesse apenas um momen-
to, ela iria correr o risco, era com Ramsey.
***
Ramsey tentou ser discreto enquanto observava Tara da mesa
onde ele se sentava, mas o sorriso malicioso de Arran disse-lhe que
fora apanhado.
― Tenho medo de que ela fique doente. ― disse Ramsey.
Arran soltou uma gargalhada e sacudiu a cabeça. ― Você esque-
ce que temos Sonya? Esquece que Phelan ainda está aqui? E Isla fez
com que todos dentro de seu escudo fossem imortais.
― Phelan está aqui por enquanto. ― corrigiu Ramsey. ― E nem
sempre podemos contar com ele. Foi ele quem escolheu partir depois
da morte de Deirdre, em vez de ficar conosco como Charon.
Arran encolheu os ombros. ― Eu não acho que Phelan quer ficar,
mas Charon tem conversado com ele por enquanto.
― Em outras palavras, ele vai partir na primeira chance que ele
tiver.
― Ainda assim. ― disse Arran com um encolher de ombros. ―
Temos Sonya se alguém ficar doente ou se machucar.
Ramsey sabia que Arran estava certo, mas ele estava tão preso
em Tara e em seu corpo que tinha esquecido que sentia o frio muito
mais do que ele. Sua pele tinha ficado gelada, e ela estava tremendo,
embora tivesse tentado esconder isso dele.
Seu olhar voltou-se para ela. Ela estava em profunda conversa
com Dani. Não demorou muito para que Gwynn, Saffron e Reaghan se
juntassem a elas.

250
Um copo foi colocado vigorosamente sobre a mesa, fazendo
Ramsey virar a cabeça. Ele observou silenciosamente enquanto Phelan
tomava o lugar ao lado de Arran.
― Da próxima vez que vocês dois quiserem lutar, me avise ― dis-
se Phelan.
Ramsey não se incomodou em responder.
― Você planeja ficar muito tempo? ― Arran perguntou.
Phelan levantou um ombro casualmente. ― Não sei quais são
meus planos. Eu vou para onde o vento me leva. Por agora, estou aqui.
― Por quê? ― Ramsey perguntou. ― Não pense que não estou
grato por ter podido ajudar Charon e os outros, mas você foi tão rápido
para sair da última vez. Por que ficar agora?
Phelan desviou o olhar, mas não antes que Ramsey visse um bri-
lho de dor em seus olhos azul-acinzentados. ― Charon pensa se eu
passar mais tempo com as Druidesas que eu vou confiar nelas.
― Ah! ― disse Arran. ― Você acha que todos os Druidas são
como Deirdre.
― Foi Isla que me levou quando eu era apenas um garoto. ―
Phelan apontou.
Ramsey apoiou os antebraços na mesa. ― Aye, mas ela fez isso
por sua família. E foi ela quem te libertou.
― Eu sei. ― Phelan respondeu suavemente.
Arran franziu o cenho, os lábios torcidos em confusão. ― Então
você realmente iguala todos os Druidas com Deirdre?
― Eu igualo. Eu igualei.
― Qual é? ― perguntou Arran.
Phelan olhou para Ramsey e encolheu os ombros. ― Difícil de di-
zer.
Ramsey juntou os dedos. ― Eu pensaria depois de testemunhar
nossas Druidesas lutando contra Deirdre você saberia a diferença.

251
― Como eu sei que eles não fizeram isso só para ganhar seu po-
der?
Ramsey compreendeu o ponto de Phelan. Phelan nunca tinha en-
trado em contato com nenhum Druida ou Druidesa diferente de Deirdre
e Isla no século em que estivera em Cairn Toul.
Ia levar muito mais do que apenas estar perto das mies para mu-
dar sua opinião. Ele iria ter que trabalhar em estreita colaboração com
uma, para ver como sua magia diferia da de uma drough.
― Podemos tentar convencê-lo, mas você terá que aprender por
conta própria. ― disse Ramsey. ― Os mies são diferentes. Sua magia é
boa.
O olhar de Phelan se estreitou. ― Você quer dizer que sua magia
é boa.
― Você ouviu o que eu disse a todos sobre o meu povo. Nós éra-
mos mies, se é isso que você está perguntando.
Phelan ficou em silêncio por alguns minutos antes de perguntar:
― Como é diferente, ser um Guerreiro e um Druida?
Havia tanta sinceridade no olhar de Phelan que Ramsey decidiu
responder-lhe. Não havia nenhum sarcasmo, nenhum do ódio amargo
que ele estava acostumado a ver no rosto de Phelan.
― Você teria que entender o que era ser um Druida de Torrachilty
primeiro. ― disse Ramsey. ― Nossa habilidade com armas vinha tão fa-
cilmente quanto respirar. Mas, novamente, assim como nossas habilida-
des de negociação. Se tivéssemos que lutar, nós o faríamos. No entan-
to, não foi sempre a primeira coisa que fizemos.
― Como é que mais ninguém sabia do seu povo?
Ramsey lambeu os lábios, uma imagem de sua aldeia piscando em
sua mente. ― Nós nos mantivemos sozinhos na floresta. Estávamos
bem escondidos para que não apenas qualquer um pudesse vir sobre
nós. Nossas habilidades nos tornaram valiosos para os outros, mas não
queríamos ser constantemente procurados para este tipo de coisas.
― Eu entendo. ― Phelan disse suavemente.

252
― Você confia em mim como um Guerreiro?
O olhar de Phelan apontou para Ramsey. ― Eu confio.
― Você confia em mim como um Druida?
Houve um momento de hesitação antes de Phelan dizer: ― Eu
confio.
― Então confie em mim quando eu digo que as Druidesas daqui
são boas pessoas.
Phelan de repente sorriu. ― Vejo o que você quer dizer com suas
habilidades de negociação.
Charon bateu uma mão no ombro de Phelan enquanto se sentava
à mesa. ― Eu tenho dito a Phelan a mesma coisa que você tem, Ram-
sey, mas finalmente ele escuta. Estou feliz por ele ter ouvido um de
nós.
― Quem disse que eu já te ouvi? ― Phelan brincou com Charon.
Ramsey observou os dois interagirem com um sorriso. Embora
não estivesse em Cairn Toul quando Quinn, Ian, Duncan e Arran esta-
vam, Ramsey sabia as histórias de como Charon tinha sido chantagea-
do por Deirdre.
Charon teve sua própria dor que ele escondia bem, mas era bom
que ele e Phelan pareciam estar ligados. Ninguém precisava estar sozi-
nho, menos um Guerreiro que tendia a enterrar suas más lembranças.
E essas lembranças nem sempre ficavam enterradas.
― Ninguém nunca ouve Charon. ― disse Arran.
Ramsey olhou para Arran para vê-lo sorrindo. De uma vez, Arran
e Charon nem sequer tinham se reunido na mesma mesa.
O assassinato de Deirdre, assim como Charon contando para Ian
o que Deirdre havia feito com ele, tinha feito um longo caminho para
consertar velhas feridas.
Charon revirou os olhos. ― Eles me escutam mais do que você.
Você é o bebê dos Guerreiros, não?

253
― Eu vou fazer você saber que Larena é mais jovem do que eu. E
Malcolm, ele é o mais novo Guerreiro.
À menção de Malcolm, eles ficaram em silêncio.
― Ele deveria ter ficado, ― disse Ramsey.
Os lábios de Phelan achataram com seu suspiro. ― Onde ele foi?
― Ele não disse.
― Às vezes, o tempo solitário é a única coisa que vai fazer a vida
suportável. ― disse Phelan, seus olhos azul― cinza encontrando Ram-
sey e dizendo muito mais do que suas palavras jamais poderiam.

254
CAPÍTULO TRINTA E DOIS

Abernathy Forest

Malcolm agachou-se ao lado de Loch Garten e olhou através da


água parada para as montanhas além. Embora houvesse pessoas que
viviam na floresta, era um lugar calmo. Um lugar onde ele poderia es-
tar sozinho, um lugar onde apenas os animais o observavam.
Ele não tinha nenhum destino em mente quando tinha deixado O
Castelo MacLeod. Seu único pensamento tinha sido afastar-se do riso e
da paz que enchiam as paredes.
Lembrou-lhe muito de uma vida antes que ele tivesse sido ferido
e rasgado, uma vida antes de ele se tornar um Guerreiro.
Mas com cada dia que passava naquela vida, estava desapare-
cendo de suas memórias.
Sua raiva com o que Deirdre tinha feito a ele não tinha desapare-
cido com sua morte. Em vez disso, Malcolm transferiu aquela raiva para
Declan, já que Declan tinha levado Deirdre e Malcolm juntamente com
ela para o futuro.
Essa fúria era a única emoção que Malcolm sentia. Não havia feli-
cidade, nem tristeza, nem contentamento. Nada.
Sua mente e seu corpo estavam vazios.
Malcolm mergulhou os dedos na água gelada do lago antes de fi-
car em pé. Ele queria ficar na floresta, desaparecer na natureza ao seu
redor.
Ele se virou e olhou para a neve e suas pegadas que levavam à
água.
― Mas eu não posso. ― ele murmurou.
Ele não tinha sido capaz de se levantar contra Deirdre porque
queria que Larena fosse mantida a salvo. Ela era a única família verda-
deira que tinha deixado, e ele teria feito qualquer coisa para protegê-la.

255
Ele tinha feito qualquer coisa e tudo.
Mesmo agora, as memórias das atrocidades que cometeu deixa-
vam-no mais vazio do que antes.
Mas nada o impedia de ir atrás de Declan. Todo mundo tinha uma
fraqueza, e Malcolm conhecia Declan melhor do que qualquer outro
Guerreiro.
Se houvesse alguma maneira de chegar a Declan, Malcolm iria
encontrá-la.
Talvez depois que ele matasse o drough, então ele poderia ser
capaz de olhar para o seu próprio reflexo.
***
Antes que Tara soubesse, era meio-dia e todo mundo estava pre-
ocupado porque Isla, Hayden, Larena e Fallon ainda não haviam volta-
do.
Embora Tara tivesse ido para seu quarto para um segundo banho,
uma vez que ela voltou para o grande salão, ela não ficou sozinha.
As Druidesas a mantiveram cercada e falando. Ela riu com elas,
brincou com eles, e encontrou-se ligando com elas. Mesmo quando dis-
cutiam, e elas discutiam, embora nunca acaloradamente, era divertido
de assistir.
― É preto. ― Dani disse enquanto cortava batatas para mais tar-
de naquela noite.
Gwynn revirou os olhos do lado oposto da grande mesa de traba-
lho no meio da cozinha. ― Não. É como um bronze azulado.
― Isso não é nem uma cor. ― Cara disse com uma risada.
Saffron andou do balcão à mesa e colocou uma tigela de aço ino-
xidável cheia de azeite e alecrim entre Dani e Gwynn. ― Na verdade,
vocês duas estão certas. É uma sombra de preto, misturada com bron-
ze.
― De que estamos falando de novo? ― Perguntou Sonya.

256
Tara não conseguiu conter a risada. ― É uma bolsa de treinador
que Dani quer. ―
― É bonita. ― disse Saffron. ― Mas eu prefiro ter os sapatos
Kate Spade.
Cara suspirou melancolicamente. ― Aqueles eram sapatos lindos.
Eu tenho morrido por Lucan e por mim para voltar a Paris para ver um
balé. Os saltos ficariam lindos com o vestido dourado que tenho.
Tara tomou seu tempo cortando o alecrim fresco que ela tinha
sido encarregada. Ela gostava de cozinhar, embora ela não fizesse mui-
to disso. Mas foi a conversa que manteve sua atenção.
― Precisamos de outra viagem de compras. ― disse Saffron.
Sonya assentiu vigorosamente. ― Especialmente porque eu perdi
a última.
― Eu quero voltar para o salão que você nos levou, Saffron. O
cabelereiro trabalhou maravilhas com o meu cabelo. Eu me senti como
uma nova mulher. ― disse Gwynn.
Marcail levantou o pé de bota para o lado. ― Quero outra pedicu-
re.
― Você adormeceu durante a primeira. ― disse Reaghan.
Marcail pôs a mão em seu peito, um olhar fingido de surpresa em
seu rosto. ― Se você tivesse alguém massageando seus pés com tanta
diligência, teria que fazê-lo. Além disso, a cor que eu escolhi era fabu-
losa!
― E quanto a você, Tara? ― Dani perguntou. ― Você tem algum
favorito?
O sorriso escorregou do rosto de Tara. ― Adoro fazer compras,
mas nunca tive tempo para isso.
― É isso aí. ― disse Saffron, apoiando as mãos sobre a mesa. ―
Vamos fazer compras assim que pudermos. Um dia cheio no salão com
manicures e pedicures, e então comprar até que nós não aguentemos
comprar mais.

257
Gwynn mordeu o lábio enquanto sorria. ― Eu posso resistir muito
tempo.―
― Eu também. ― desafiou Saffron.
Tara não podia esperar para ir com eles. Mesmo enquanto comi-
am sanduíches, Tara só podia pensar em fazer compras com as mulhe-
res.
Ela nunca tinha tido isso. Nunca.
Tinha estado tão perdida em seus pensamentos que tinha termi-
nado o sanduíche sem nem saber. Então ela olhou ao redor da mesa e
encontrou Ramsey observando-a.
Eles compartilhavam outro sorriso. Ela olhou para as mãos dele,
lembrando-se de como elas se moviam sobre seu corpo, sabendo exa-
tamente onde a tocar para trazer o máximo prazer.
Seus olhos cinzentos escureceram, e um momento depois ele dis-
se algo para Broc que se sentava ao lado dele, e saiu do salão.
Tara seguiu Ramsey pela escada com os olhos. A excitação per-
correu-a quando chegou ao topo e olhou para ela.
Depois de um batimento cardíaco, ela se desculpou e o seguiu
pelas escadas até sua torre. Caminhou os degraus circulares em dire-
ção ao topo da torre, sua respiração cada vez mais rápidas na urgência
de ter os braços de Ramsey ao redor dela novamente.
Quando ela chegou ao topo e encontrou a porta entreaberta, seu
estômago deu um salto. Gentilmente, ela pôs a mão na porta e a abriu.
Ramsey estava de costas para ela enquanto olhava pela janela. ―
Eu não achei que você chegasse aqui― , ele disse e se virou para en-
cará-la.
― Praticamente eu corri para cá.
― Eu sei. Você demorou muito. Quase te lancei por cima do om-
bro e te trouxe.
Ela sorriu. ― Agora isso poderia ter sido interessante.
― Você não faz ideia.

258
Tara entrou na torre e fechou a porta atrás dela. Ela se recostou
contra ela, contente por deixar seu olhar vagar sobre Ramsey por um
momento.
― Se você continuar a olhar para mim desse jeito, teremos outro
episódio como os dois últimos, e francamente, eu quero levar meu
tempo com você.
Tara inclinou-se e abriu a primeira bota e depois a outra, dei-
xando-as cair no chão enquanto ela as tirava dos pés junto com as
meias. ― É mesmo?
― Aye. ― Ramsey disse com um aceno de cabeça. Ele tirou a ca-
misa e atirou-a para o lado, seus olhos prateados brilhando de necessi-
dade.
O jeans dela foi o próximo, e seu sangue aqueceu quando ela viu
como os olhos dele observaram o jeans descendo por suas pernas suas
pernas. ― O que você tem em mente?
― Horas te tocando cada centímetro de seu corpo. Lentamente.
Eu quero que meu toque marcado sobre você.
Sua voz, quente e profunda e rouca de necessidade, a fez estre-
mecer antecipadamente enquanto ele tirava seus jeans. Ela lambeu os
lábios e agarrou a bainha de seu suéter. Ela teve que forçar-se a tomar
seu tempo para removê-lo. Porque embora ela não se importava como
eles ficassem juntos, ela sabia que significava muito para Ramsey eles
irem devagar.
A paixão deles, já fervilhando, crescia com cada peça que caía ao
chão.
― Você já me marcou.
Ele grunhiu profundamente dentro de sua garganta quando ela fi-
cou com nada além de seu sutiã e calcinha antes dele. ― Não. Não
como eu quero desta vez.
Tara se atrapalhou com o fecho do sutiã. Não pelo nervosismo,
mas pelo desejo que se espalhava através dela com rapidez e certeza.
Finalmente ela desatou e deixou as correias caírem sobre seus ombros.

259
Com um pequeno sacudir de seus braços, o sutiã caiu no chão
em meio ao resto de sua roupa.
― Você parece ter esquecido alguma coisa. ― disse Ramsey.
O sorriso era lento enquanto puxava os lábios de Tara. Não havia
dúvida de que Ramsey a desejava, sem dúvida, seu desejo por ela ex-
cedia qualquer coisa que tivesse experimentado antes.
Estava ali para que ela visse em seu olhar de prata, a maneira
como suas mãos se punham e se flexionavam com cada peça de roupa
que ela arrancava. No modo em que sua excitação estava grossa e in-
chada.
Tara nunca se sentira mais confiante ou bela em sua vida. E Ram-
sey foi quem deu isso a ela. Ela lhe daria qualquer coisa em troca.
Com um prazer deliberado, Tara enganchou seus polegares na
cintura de sua calcinha pêssego de algodão e renda e moveu-os para
baixo dos quadris e sobre suas coxas. Então, ela os deixou cair em tor-
no de seus pés antes dela tirá-la deles e então caminhou até Ramsey.
Ela tinha dado dois passos antes dele fechar a distância e es-
magá-la contra as linhas duras e definidas de seu corpo.
― Você não tem ideia do que você faz comigo. ― ele sussurrou.
O olhar de Tara estava fixo com os de prata. ― Oh, eu acho que
sim.
Suas palavras desapareceram à medida que a paixão e o desejo
giravam em torno deles. Tara olhou para baixo para ver que onde quer
que ela tocasse Ramsey os feixes brancos de magia parecia brilhar sob
sua pele.
Estar com ele a assustava. Assustava-a o quanto ela precisava
dele, o quanto ela ansiava por ele. Ele era tudo que ela sabia que deve-
ria ficar longe, mas ela não conseguia.
Todos os pensamentos fugiram quando a mão dele se moveu se-
dutoramente por suas costas para descansar sobre suas nádegas. Ela
sugou uma respiração quando ele a pressionou contra o duro compri-
mento de seu pau.

260
Ela sabia o que sentia ao tê-lo dentro dela, senti-lo deslizar den-
tro e fora dela.
As pedras sob seus pés estavam geladas, mas o sangue em suas
veias estava fervendo pela paixão.
Ela não protestou quando Ramsey tirou seu cabelo do seu ombro,
então gentilmente moveu sua cabeça para o lado. Um suspiro deixou
seus lábios quando ele abaixou a cabeça e colocou seus lábios sobre a
pele sensível de seu pescoço.
A boca quente de Ramsey deixou uma trilha de seu ombro até o
ponto atrás de sua orelha. ― Eu nunca senti uma magia tão linda, ou
segurei uma mulher tão impressionante em meus braços.
Tara não tinha palavras em resposta a tal elogio. Em vez disso,
ela envolveu seus braços em torno dele e o segurou contra ela. Com
ele, sentia como se tivesse encontrado a outra parte de si mesma, uma
parte que ela nem sabia que estava perdida.
Ele lentamente manobrou-os até que eles estivessem na cama.
Com um movimento tão rápido, tão suave, Tara encontrou-se no topo
da cama e Ramsey ao lado dela. Membros emaranhados, mãos procu-
rando, eles rolavam pele a pele.
― Não há pressa desta vez. ― advertiu ele.
Ela começou a balançar a cabeça em resposta, mas seu dedo cir-
culando seu mamilo espalhou seus pensamentos. Tara gemeu e arque-
ou em sua mão, silenciosamente implorando por mais.
Seus seios incharam, seus mamilos endureceram. Tara colocou as
mãos nas cobertas enquanto os dedos de Ramsey brincavam com o
bico entumecido e sua boca reivindicava o outro.
O calor líquido correu pelo corpo de Tara. Ela engasgou com o de-
sejo intenso, mas aquele suspiro se transformou em um grito de prazer
quando ele beliscou o mamilo.
O prazer-dor apenas intensificou a necessidade pulsando através
dela e centrando-se em seu sexo. Seus quadris se levantaram, procu-
rando Ramsey. E de repente ele estava entre suas pernas, seu corpo
duro como pedra sobre o dela.

261
Tara estava em chamas. Cada movimento de seus dedos, cada
puxão de seus lábios em seus seios, só aumentava as chamas.
E então suas mãos estavam em suas coxas. Ele segurou-as sepa-
rados e olhou para seu sexo antes dele lambê-la.
Tara sugou uma respiração que rapidamente se fechou em seus
pulmões quando ele separou as dobras macias de seu sexo e colocou
sua boca em seus cachos.
Ramsey lambeu e sugou, ele sondou e explorou. O ataque deles
sobre seus sentidos e seu corpo foi devastador.
Ela estava impotente para fazer qualquer coisa, além de montar
as ondas de prazer quando ele a levou mais alto, retorcendo seu corpo
mais apertado com cada golpe de sua língua.
Tara podia sentir seu corpo se contrair, sabia que estava perto do
ápice. Justo quando estava prestes a passar pela borda, Ramsey re-
cuou.
Ela estendeu a mão para ele como uma necessidade ardente a
encheu. Suas mãos acariciaram a extensão musculosa de seu peito.
Olhos de prata se encontraram com os dela, seus lábios se suavi-
zaram em um sorriso torto enquanto esfregava a cabeça de sua excita-
ção inchada contra seu sexo sensível.
Tara olhou para o pau. Ninguém a tinha tocado como ele tinha
feito, corpo e alma. Isso era diferente. Não apenas a forma como eles
estavam fazendo amor ou a magia entre eles.
Era mais. Algo que ela não podia colocar em palavras.
Algo que ela não ousava colocar em palavras.
Ela alcançou entre eles para seu pau. Estava quente e duro e tão
flagrantemente masculino. Sua outra mão juntou-se à primeira, e jun-
tos acariciaram e apertaram levemente.
Ele se acalmou, seu corpo inteiro se esticou. Seu peito se expan-
diu com uma respiração que ele segurou dentro dele enquanto as mãos
dela continuavam sua exploração.

262
Com um empurrão que ele não estava esperando, Tara o tinha de
costas e virou o jogo sobre ele.
― Tara. ― ele sussurrou, suas mãos fechando em seu cabelo.
Ela esperou que ele a parasse, para afastá-la. Quando ele não o
fez, ela envolveu seus lábios em torno de sua carne lisa e levou-o pro-
fundamente em sua boca.
Ela chupou, ela lambeu, ela sugou.
O som de sua respiração irregular, a forma como suas mãos se
agarraram a ela só a levaram a empurrá-lo cada vez mais perto da bor-
da. Ela sentiu que a tensão nele se apertava.
Seus quadris se curvaram abaixo dela a tempo de sua boca se
mover para cima e para baixo seu comprimento grosso.
Em um movimento fluido, ele tinha ela de costas quando ajoe-
lhou entre suas pernas. Seu olhar nunca deixou o dela enquanto agar-
rava seus quadris e os levantava.
Tara puxou em uma respiração trêmula cheia de necessidade e
urgência quando ela olhou para seu pau roçando em sua entrada. A ca-
beça larga de seu membro insistiu.
Vê-lo a invadindo, observando a maneira como que seu corpo se
esticava para acomodá-lo só lhe enviou a necessidade, o desejo dela,
espiralando mais alto.
Ele continuamente pressionou mais para preenche-la. Sua espi-
nha arqueou, seu corpo formigando com sensações.
Ramsey olhou para ela, para seus olhos azul-esverdeados cheios
de desejo flagrante, suas curvas gostosas debaixo dele, suas longas
pernas enroladas ao redor dele.
E seu pau enterrado profundamente dentro dela.
Os dedos deles apertaram em seu traseiro quando ele saiu dela
apenas para mergulhar fundo e duro. Ela gemeu, suas pálpebras se fe-
chando sobre seus incríveis olhos.

263
Mas Ramsey não estava perto de ter terminado com ela. Ele a
provou, a tocou, aprendido sobre ela. Mas não era suficiente. A fome
por ela dentro dele estava crescendo, consumindo-o.
Com os tornozelos trancados ao redor dele, ele soltou seus qua-
dris e tomou seus seios. Ele rolou seus mamilos até que eles eram pe-
quenos botões duros, latejando e estirando― se.
Ela ofegou e se contorceu, movendo ao longo de sua excitação
com movimentos simples que causaram suor brotar sobre sua pele.
Sua boca substituiu suas mãos quando ele homenageou um pri-
meiro seio, em seguida, o outro. Até que ela era uma súplica sem pala-
vras, até que seu corpo estava úmido e orvalhado.
Ramsey levantou-se e agarrou seus quadris mais uma vez. Quan-
do ele olhou para cima, encontrou seus olhos encobertos de desejo,
sua pele ruborizada com necessidade ardente.
Assim como ele a queria.
Ele girou seus quadris e ouviu seu gemido baixo. Mantendo os
quadris ainda, ele começou a empurrar lentamente no início, em segui-
da, gradualmente configurar um ritmo de condução, emocionante.
Com a mandíbula apertada, ele observou como ela gritava do
prazer, sua cabeça batendo de um lado para o outro, suas mãos agar-
radas na coberta.
Ele a ergueu mais alto, deslizando mais fundo. E estocou dentro
dela.
Tara gritou o nome de Ramsey, com as costas arqueadas quando
o clímax a surpreendeu. Levou-a, varreu-a. Atormentou-a.
O prazer tocava cada parte dela, mas mais do que isso, havia
algo especial, algo singularmente diferente que a preenchia também.
Ela segurou Ramsey, enquanto ele soltava seus quadris e caía so-
bre ela, sua respiração áspera e irregular. No entanto, ele ainda bom-
beava os quadris mais rápido, mais forte.
Tara envolveu seus braços e pernas em torno dele, balançando
seu corpo para encontrar cada um de seus impulsos até que ela sentiu

264
sua libertação levá-lo, e ela, em uma maré gloriosa de felicidade que os
deixou em êxtase.
Juntos. Como um.

265
CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

Ramsey olhou para a lua através da janela enquanto segurava


Tara encurralada contra ele. Sua respiração tinha se tornado um sono,
com a cabeça apoiada em seu ombro.
Em toda a sua vida, ele nunca estivera mais pleno do que estava
naquele momento. Se tudo ficasse do jeito que estava, ele poderia ser
feliz. Ele poderia estar... satisfeito.
Se havia uma coisa que tinha aprendido de Deirdre, era que nada
permaneceu sempre o mesmo. Declan estava lá fora, e ele não iria pa-
rar até que ele tivesse Tara.
Por que Tara era tão importante para Declan, Ramsey não sabia.
Mas Ramsey não pararia até descobrir o que era. Ele não pararia de
procurar Declan até que o bastardo estivesse tão morto como Deirdre.
No entanto, pela primeira vez em muito tempo, Ramsey não que-
ria ver batalha. Ele queria noites com Tara na cama ao lado dele, para
enfrentar o sol da manhã e ver seu sorriso brilhante. Para compartilhar
refeições com ela.
Para compartilhar o futuro com ela.
Ramsey olhou para o topo da cabeça de Tara e passou os dedos
pelas espessas e frescas mechas de seu cabelo castanho-dourado, ma-
ravilhado com os cachos dourados no meio.
Ele não tinha certeza de como se sentia sobre querer Tara com
ele sempre. Parecia certo, mas... nunca tinha tido esse sentimento com
outra mulher antes. Era apenas porque ele estava sozinho? Era apenas
porque sua luta com Deirdre tinha acabado e ele queria alguém para
proteger?
Ou era algo muito mais?
Então, seus pensamentos pararam. Ele não estava preparado
para ir mais longe. Ainda não, pelo menos.

266
O som do estômago de Tara roncou no silêncio, fazendo-o sorrir.
Eles tinham saído da ceia, e ele estava mais do que faminto.
Ramsey suavemente rolou Tara para o outro lado e silenciosa-
mente deixou a cama. Ele puxou seu jeans sem abotoar e deixou a tor-
re descalça para caminhar até a cozinha.
O castelo estava em silêncio no meio da noite, mas Ramsey sabia
que havia Guerreiros em guarda. Até Declan morrer, eles permaneceri-
am vigiando o castelo e as Druidesas dentro.
Ramsey entrou na cozinha e acendeu a luz para encontrar Galen
encostado no balcão comendo um sanduíche.
― Com fome? ― Galen perguntou em volta de seu bocado de co-
mida.
Ramsey agarrou um prato do armário e colocou-o ao lado da ge-
ladeira. ― Aye.
― Você e Tara perderam uma boa ceia.
Ramsey olhou para o amigo antes de abrir a porta da geladeira e
começou a encher o prato com carnes frias e queijo. ― Isso nós fize-
mos.
― Isto é sério?
Ramsey fez uma pausa enquanto pegava uma garrafa de água e
virava a cabeça para olhar para Galen. ― Não tenho certeza.
― Há tempo ― disse Galen. Ele enxugou a boca com um guarda-
napo antes que ele amassá-lo e jogá-lo na lixeira.
Tempo. Ramsey certamente tinha uma abundância dele. Mas Tara
não. Ela era mortal, como todos as outras Druidesas no castelo.
― Você pensa no que acontecerá se o feitiço para amarrar nossos
deuses nunca for encontrado? ― , Perguntou Ramsey.
Os olhos azuis de Galen se escureceram. ― Eu prefiro não, no
entanto, Reaghan é uma realista. Ela gosta de pensar adiante. Ela diz
que está bem com o modo que as coisas estão.
― Mas você não está. ― Não era uma pergunta.

267
― Não.
Ramsey agarrou a água e fechou a porta da geladeira ― Enquan-
to as Druidesas ficarem no castelo, não terão idade. A magia de Isla é
forte. O feitiço sobreviveu quatro séculos. Pode sobreviver enquanto for
preciso encontrar o feitiço para amarrar nossos deuses.
― Eu sei. Todos nós sabemos. Mas todos nós tivemos nossas vi-
das em espera por tanto tempo. Sei que Larena e Fallon desejam de-
sesperadamente ter uma família.
― E você e Reaghan?
Galen correu a mão pelo rosto. ― Reaghan deseja uma criança.
Eu também quero filhos, mas só se pudermos criá-los sem a ameaça
do mal que é Declan.
― Eu sinto muito. Se eu tivesse matado Declan na torre de Dun-
noth, isso seria mais um mal que teria desaparecido.
Galen sorriu e deu um tapa no ombro de Ramsey. ― Você sempre
tenta fazer muito sozinho, meu amigo. Por qualquer razão, o destino
decretou que você e Declan terão outra confrontação. E, francamente,
estou ansioso para essa batalha. Eu quero dar ao filho da puta alguns
golpes de minhas garras.
Antes que Ramsey pudesse responder, Galen saiu da cozinha.
Com uma sacudida da cabeça, Ramsey juntou o prato e água e fez o
seu caminho de volta para a torre.
Quando ele abriu a porta, ele encontrou uma pequena luz ao lado
da cama e Tara sentada na cama.
― Eu me perguntava onde você tinha ido. ― ela disse.
Ele fechou a porta e sorriu. ― Seu estômago estava rosnando ao
lado do meu, então eu pensei que a comida estava no pedido.
― Você pensou certo. ― ela disse, e agarrou o prato enquanto
ele alcançava a cama.
Ramsey riu e se sentou ao lado dela na cama, ambos encostados
na cabeceira da cama. Com o prato e água entre eles, cada um come-
çou a comer.

268
― Eu não sabia como eu estava com fome até que eu vi a comi-
da. ― disse Tara com um sorriso.
Ramsey estalou um pouco de queijo na boca. ― Eu pensei que o
mínimo que eu poderia fazer por você era te alimentar.
― O mínimo. ― ela repetiu com uma risada.
Ele a viu comer por um momento antes de perguntar: ― Você
está feliz aqui?
― Sim. ― ela disse sem hesitação. ― Por que você pergunta?
― Apenas me perguntando se você vai decolar logo ou não.
Tara passou os dedos pelas gotas do lado de fora da garrafa. ― É
estranho aqui, eu vou admitir. Eu não estou acostumada a ser tão in-
cluído em tudo. Geralmente eu tenho que esconder minha magia e
tudo sobre mim. Aqui eu me sinto...
― Livre. ― Ramsey forneceu para ela.
Seus olhos se arregalaram e ela acenou com a cabeça. ― Sim.
“Livre” é a palavra perfeita. Talvez seja este castelo, ou o povo. Tudo o
que sei é que eu gosto aqui.
― Bom.
― Por quê?
Ramsey quebrou um pedaço de queijo ao meio e olhou para o
prato. ― Eu me preocuparia com você no mundo.
― Por causa de Declan?
― Não. ― Ele virou a cabeça para ela. ― Eu só me preocupo.
― Ninguém nunca se preocupou comigo antes.
Ramsey colocou o queijo na boca antes de dizer mais sobre seus
sentimentos. Já lhe tinha dito muito mais do que ele queria. Não que
ele estivesse tentando manter qualquer coisa dela, mas ele não estava
pronto para compartilhar o que ainda não tinha pensado.

269
Ele precisava de mais tempo para pensar sobre o que estava se
desenvolvendo entre eles, para considerar como isso afetaria os dois.
Felizmente, ela não fez mais perguntas. Tão famintos como am-
bos estavam, a comida foi devorada rapidamente. Ramsey queria que
Tara ficasse, e estava preparado para perguntar a ela. Mas quando to-
mou o prato, ela deslizou pelo travesseiro e sorriu para ele.
Ramsey colocou o prato e a garrafa de água vazia no chão e le-
vantou-se para tirar o jeans. Ele subiu de volta sob as cobertas e desli-
gou a luz, apenas para encontrar Tara esperando para ser abraçada ao
lado dele.
Ele fechou os olhos, um sorriso no rosto. E a próxima coisa que
ele soube foi abrir os olhos para encontrar o céu iluminando o cinza.
Tara estava de costas para ele, embora ainda estivesse pressiona-
da ao longo de seu lado. Ramsey se inclinou para olhá-la. Ele não con-
seguia se lembrar de ver ninguém dormir antes, e achava isso fascinan-
te.
Ou talvez fosse apenas porque ele achava Tara fascinante.
Seus espessos e escuros cílios caíam sobre sua pálida bochecha,
e seus lábios se separaram ligeiramente. Seu braço nu estava fora das
cobertas, e seus pés emaranhados com os dele.
Era tão íntimo, mas tão natural.
De repente, os lábios de Tara pararam nos cantos. ― Diga-me
que eu não tenho baba escorregando pelo meu rosto.
Ramsey riu e beijou sua bochecha. ― Não que eu veja.
― Oh, isso não ajuda. ― ela disse enquanto seus olhos se abriam
e ela deslizava a mão pela boca. ― Eu não babei. Graças a Deus.
― Por que importaria se o fizesse?
Seus olhos azul-esverdeados se arregalaram quando ela deitou
de costas.

270
― Ramsey, eu percebo que você veio para a frente no tempo,
mas eu não acho que importa em que século uma mulher esteja, ela
sempre quer parecer seu melhor.
― Então você não tem nada com que se preocupar.
― Como você sabe sempre o que dizer? ― Ela perguntou en-
quanto seus olhos baixaram brevemente.
Ramsey encolheu os ombros. ― Eu digo o que parece certo.
― Eu tenho uma confissão.
Ele olhou para a mão que descansava em seu peito. ― E o que
seria?
― Eu nunca passei a noite inteira com um homem antes de você.
Essa a segunda vez.
― Você é a primeira mulher que eu quis manter na minha cama a
noite inteira.
― Sério?
― Aye. ― ele respondeu, e pressionou seus lábios contra os dela.
― Eu não mentiria sobre isso.
Ela envolveu seus braços ao redor do pescoço dele e suspirou
quando ele beijou através de sua mandíbula. ― Eu não quero nada
mais do que ficar nesta cama com você.
― Mas? ― Ramsey perguntou, e levantou a cabeça para olhar
para ela.
― Eu devo fazer o café da manhã com Sonya e Cara esta manhã.
Ele gemeu e rolou de costas, os braços para os lados. ― Eu sei
como somos Guerreiros famintos, então eu acho que devo deixá-la ir.
Tara se inclinou sobre ele, sua cortina de cabelos castanhos on-
dulados caindo em ambos os lados de seu rosto. ― O café da manhã
não dura muito tempo.
― Você está sugerindo que voltemos para a torre depois? ― Ele
perguntou com um sorriso.

271
― Definitivamente.
― Eu gosto do jeito que você pensa.
Ele estendeu a mão para ela, mas ela saiu da cama e correu para
pegar suas roupas. ― Não. Se eu deixar você me tocar novamente, eu
nunca vou sair.
― E isso é uma coisa ruim?
― Isso é apenas isso. ― Ela olhou para cima depois de prender
seu sutiã e pegar sua calcinha. ― Não quero ir embora.
Suas palavras reverberaram em sua cabeça muito depois que ela
partiu para sua própria câmara. Ramsey ficou um pouco mais na cama.
Ele passou as mãos ao lado dela da cama, os lençóis ainda quen-
tes de seu corpo. Quando ele inalou, ele podia cheirar seu perfume
doce não só em si mesmo, mas em sua cama também.
Para sua surpresa, seus pensamentos voltaram-se para se per-
guntar o que ela estava fazendo para se preparar. E ele queria desco-
brir. A próxima coisa que ele soube, é que estava se perguntando como
ela se sentiria se ele abordasse o assunto dela se mudar para a torre
com ele.
Dessa forma, ela não precisaria se afastar dele. Ela poderia estar
se arrumando a poucos passos de distância, e ele poderia vê-la, apren-
der mais sobre ela.
Ramsey sentou-se e passou ambas as mãos pelo cabelo, sua
mente num redemoinho. Não era que ele nunca quisesse uma mulher
ao seu lado, é que ele nunca encontrara a certa.
Mas tudo isso tinha mudado com Tara.
Era a magia entre eles, que mesmo agora chispou em suas veias?
Não podia mais ser visto, mas Ramsey sentia o mesmo.
Era porque ela precisava de proteção contra Declan? Embora ela
tivesse feito um bom trabalho de manter-se à frente dele por uma dé-
cada.

272
Ramsey não sabia qual era a razão, só que agora ocupava seus
pensamentos constantemente. Quanto mais ele fazia amor com ela,
mais profunda ela ia em sua mente.
Quanto mais a tocava, mais profundamente ela tocava sua alma.
Quanto mais ele estava perto dela, mais ela estava gravada em
sua mente.
Ramsey respirou fundo e balançou as pernas sobre o lado da
cama. Ele não sabia qual deveria ser o próximo passo com Tara, ou se
houvesse mesmo um.
Ela disse que estava feliz no Castelo MacLeod, mas quanto tempo
isso duraria para uma mulher que estava acostumada a seguir o apelo
do vento quando ele a chamava?
Levantou-se e foi até o banheiro. Ele esfregou a mão sobre a
mandíbula com a barba espessa, e ligou o chuveiro.
Era impulsivo querer pedir a Tara que trouxesse suas coisas para
a torre com ele. E Ramsey não era impulsivo. Ele precisava de tempo
para pensar as coisas, tempo para considerar todos os lados do que es-
tava desenvolvendo com Tara.
Ele pisou na água quente do chuveiro. Por vários minutos ele
simplesmente ficou ali, deixando a água escorrer sobre ele enquanto as
lembranças da noite anterior repetiam em sua mente.
O doce corpo de Tara. Seus suaves sons de prazer, e seus gritos
de liberação. Sua boca quente em seu pau quando ela chupou e lam-
beu-o até que ele quase gozou.
Ramsey sorriu. Tara era muito mais do que ele jamais pensou. E
ele queria continuar a descascar as camadas e descobrir o resto dela.
Depois de uma rápida lavagem e se barbear, Ramsey desligou a
água e pegou a toalha. Ele saiu do chuveiro e começou a se secar.
Quando estava a ponto de sair do banheiro, ouviu a porta se abrir
e fechar. Não houve nenhuma sensação da magia de Tara, ou qualquer
onda de magia, então ele sabia que não era uma das Druidesas.

273
Mas Ramsey envolveu a toalha em torno de seus quadris, no en-
tanto. Ele entrou em seu quarto para encontrar Arran. Mais uma vez.
― Isso está se tornando um hábito. ― disse ele com um sorriso
enquanto Arran olhava para ele. ― Você sempre sabe quando estou no
chuveiro?
Arran recostou-se na parede e encolheu os ombros. ― As minhas
entradas sempre foram excelentes.
Apesar do leve sorriso, Ramsey não foi enganado. Arran estava
na torre por uma razão. ― O que o traz aqui esta manhã?
― Fallon quer te ver.
― Sobre? ― Perguntou Ramsey.
Arran olhou para o chão, dando a Ramsey a ideia de que não ia
gostar do que ouviria.
― Arran. ― ele insistiu.
― Fallon quer levá-lo para a floresta Torrachilty.
A mente de Ramsey ficou em branco. Seu peito estava apertado
e era difícil respirar. Nem uma vez em todos os seus séculos imortais
ele tinha ido para lá.
― Eu sabia que você não iria gostar da ideia. ― disse Arran en-
quanto seus braços caíam aos lados. ― Eu tentei dizer a Fallon ontem
à noite quando eles voltaram, mas ele pensa que se você for lá, pode-
ria aprender mais sobre o que aconteceu com o seu povo.
Ramsey correu a mão pelo cabelo molhado que escorria pelas
costas e para o chão. Muitas respostas vieram à mente, mas como ele
era conhecido por fazer, Ramsey deixou a ideia aprofundar antes de to-
mar qualquer decisão.
Ainda que dentro de sua mente ele estivesse gritando: ― Não!
― Me dê um momento para me vestir ― disse Ramsey.
Arran franziu o cenho antes de dar um aceno de cabeça e sair da
torre.

274
Ramsey não se moveu tão rápido como costumava fazer enquan-
to se vestia. Ele continuou indo e vindo em sua mente sobre o retorno
à floresta. Ele poderia encontrar respostas, mas, novamente, só pode-
ria lhe trazer mais dor também.
Era melhor não saber? Especular? Ou ter as respostas e sabe
como ele poderia ter mudado tudo, se ele somente tivesse estado lá.
Galen pôde ter descoberto que seu povo tinha ido matar Deirdre,
mas essa descoberta nunca disse o que tinha acontecido daqueles que
tinham deixado a floresta.
Ramsey poderia imaginar. Ele não só tinha passado por muitas
das torturas de Deirdre, ele tinha visto, e ouvido a maioria deles. Ela ti-
nha sido cruel e implacável.
Ele agarrou o peito quando percebeu que ela poderia muito bem
ter tomado a sua magia como tinha feito com inúmeros outros Druidas
e Druidesas. O pensamento o deixou doente, com uma dor no peito
que ameaçava devorá-lo.
Depois de vestir uma camiseta prateada de manga curta que ti-
nha um dragão na frente misturado com um desenho celta, passou a
mão pelo cabelo ainda úmido e saiu da torre.
Quando entrou no grande salão, seu olhar procurou Tara, mas ela
ainda não tinha feito descido. Antes que pudesse chegar à mesa, Fallon
e Galen pisaram na frente dele.
― Uma palavra, por favor. ― disse Fallon, estendendo a mão para
a lareira e as cadeiras.
Ramsey caminhou até a lareira e parou diante do fogo. O calor
lambeu sua pele enquanto ele observava as chamas devorar a madeira.
Atrás dele ouviu uma cadeira chiar enquanto Fallon se sentava.
Ramsey conhecia Galen o suficiente para saber que seu velho amigo
permaneceria de pé, provavelmente atrás de uma das outras cadeiras.
― Arran me contou. ― disse Ramsey antes que Fallon pudesse
falar.
― E? ― Galen perguntou.

275
Ramsey não respondeu imediatamente, pois não tinha decidido
como se sentia.
― Você quer respostas para o desaparecimento do seu povo. ―
disse Fallon.
― Isso poderia dar as repostas para você. Francamente, estou
surpreso que você não tenha retornado antes.
― Você queria voltar aqui depois do massacre? ― perguntou
Ramsey, virando a cabeça para olhar para Fallon.
Os olhos verdes escuros de Fallon ficaram nublados por um mo-
mento. Então ele deu um único movimento de cabeça. ― Mas eu sabia
o que aconteceu.
― Ramsey, tudo o que sabemos é o que está escrito em algum li-
vro. Você sabe tão bem quanto eu que tudo pode estar errado. ― disse
Galen.
Poderia ser, mas Ramsey duvidava.
― Galen acha que você pode encontrar algo lá, e eu estou incli-
nado a concordar. ― disse Fallon.
Compreendeu os argumentos de Fallon e de Galen. Eram os mes-
mos que usou para si mesmo. Mas o pensamento de voltar para sua
amada floresta, andar sobre o chão que ele pisara quando rapaz pare-
cia inimaginável.
Uma onda quente de magia o invadiu, persuadindo-o, atraindo-o.
Ramsey levantou o olhar para a escada para encontrar Tara descendo,
seus olhos se fixaram nos dele.
Ele queria ir até ela, envolve-la em seus braços para que pudesse
fazê-lo esquecer o que Fallon perguntara. Ele nunca teve a chance,
porque assim que ela desceu as escadas, foi direto para ele.
― O que foi? ― Ela perguntou quando o alcançou.
Ramsey virou-se para ela, incapaz de fazer qualquer outra coisa.
― Fallon quer que eu volte para a floresta Torrachilty.

276
― Ah! ― ela murmurou, seu rosto refletindo o entendimento que
encheu sua voz. Tara olhou para Fallon. ― Você realmente acha que vai
ajudá-lo? Apesar de o quanto vai machucá-lo?
Fallon olhou de Tara para Ramsey e de volta para Tara. ― Eu
acho, ou eu não teria perguntado isso. Ramsey, como todos os Guerrei-
ros aqui, são meus irmãos. Quero ajudá-lo.
― Ramsey suprimiu sua magia por muito tempo. ― , disse Galen.
― A magia é uma parte de quem ele é. Ele precisa encontrá-la nova-
mente.
Ramsey olhou para seu amigo com novos olhos. ― Você não
acha que eu sei quem eu sou?
― Eu acho que você se tornou alguém que você acha que deve-
ria ser. ― respondeu Galen. ― Mas eu não acho que você é o homem
que você deveria ser.
Fallon resmungou com desdém. ― Nenhum de nós é, Galen. Essa
é a maldição de ser um Guerreiro. Eu deveria liderar o meu clã.
― Você está liderando um clã. Apenas não os MacLeods. ― disse
Galen com um sorriso irônico.
Ramsey tinha que admitir que Galen tinha razão. Mas ele ainda
não tinha certeza sobre nada disso.
A mão de Tara pousou em seu braço. ― Eu não voltei para minha
família em dez anos. Eu desejaria ir, mas eu sei que eu nunca posso
voltar. Você pode voltar, Ramsey.
Ramsey olhou nos seus claros olhos azul-esverdeados, espantado
que ela era capaz de olhar para o mundo tão perfeitamente, e apesar
de tudo, encontrar uma maneira de torna-lo terno.
Ramsey voltou-se para Fallon. ― Está bem.
― Bom. ― Galen disse com um sorriso enquanto se inclinava na
parte de trás da cadeira na frente dele.
Fallon se levantou. ― Nós precisamos sair logo. Eu não quero es-
tar lá fora por muito tempo. Eu ainda não confio em Declan. E eu não

277
serei capaz de ficar o tempo todo. Estou levando Larena, Gwynn e Lo-
gan para Londres para procurar o pergaminho.
Ramsey olhou ao redor do grande salão, uma súbita sensação de
pavor vindo sobre ele. ― Fallon, acho que não devemos ir todos de
uma vez.
― Por quê? ― Ele perguntou, preocupação nivelando seus lábios.
― Eu não sei. Apenas um sentimento.
Galen se virou e gritou: ― Saffron, você teve algumas visões re-
centemente?
Saffron balançou a cabeça de cabelos longos e loiros de prata. ―
Nenhum. Por quê?
― Ramsey tem um mau pressentimento sobre essas viagens que
todo mundo está fazendo. ― Fallon respondeu.
― Eu só não acho que devamos ir todos de uma vez. ― Ramsey
afirmou. ― Se nós escalonamos, então se Declan ataca, nós podemos
responder rapidamente.
Fallon encolheu os ombros. ― Penso que é uma boa ideia. Consi-
dere isso feito.
Ramsey se sentiu um pouco melhor, mas ainda não dissipou sua
preocupação. Ele olhou para Tara. ― Voltarei logo.
― Eu estarei aqui. ― ela disse com um sorriso.
Ramsey caminhou até Galen e Fallon.
― Fallon não esteve em Torrachilty, e nem eu. Então, pense nela.
― disse Galen.
Com a habilidade de Galen de ler a mente de alguém, ele podia
ver o que Ramsey via, então colocar aquela imagem na mente de Fal-
lon para que Fallon pudesse teletransportá-los. Ramsey deixou a flores-
ta encher sua mente enquanto Galen colocava a mão sobre sua cabe-
ça.
Os sons, os cheiros.

278
E de repente Ramsey estava na Floresta de Torrachilty.

279
CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

Ramsey não se moveu, não respirou enquanto ouvia os sons vi-


vos da floresta. Mesmo no inverno mais frio e mais escuro, a floresta
sempre estivera viva com sons.
À distância, ele podia ouvir o Rio Água Preta cheio de salmão en-
quanto ele estrondeava pelas Cataratas de Rogie. O vento sussurrava
através das árvores. O pinho e o abeto eram os mais prevalentes na
floresta, mas também havia freixos, carvalhos e bétulas.
Ramsey sorriu ao ouvir as garras de uma marta que subia ao lon-
go de um ramo de árvore. Ele podia imaginar o pelo escuro e sedoso
do animal elegante.
Ele não podia acreditar que estava de volta na floresta. Seu lar.
― Ramsey? ― perguntou Galen.
Ramsey abriu os olhos e bebeu à visão das árvores que se aproxi-
mavam do céu, com as raízes pesadas de neve.
― Eu estou bem, ― ele respondeu. Embora, na verdade, ele não
tivesse certeza se tinha acabado de mentir para seus amigos ou não.
Fallon olhou ao redor da área. ― Quão longe estamos da sua al-
deia?
― Não longe. ― disse Ramsey. Ele não disse nada mais quando
virou à esquerda e começou a andar.
Mesmo depois de todos os séculos ele ainda sabia seu caminho
vendado através da floresta densa. Tanta coisa havia mudado, mas
tanta coisa tinha permanecido a mesma.
Quanto mais se aproximava do rio, mais alto se tornava o barulho
da água. Ramsey fez uma pausa quando passou por uma árvore e
olhou para baixo para encontrar um gato selvagem.
O animal olhou fixamente para Ramsey com seus olhos verdes
pálidos. Seu pelo era de uma cor marrom médio com listras pretas, e

280
um pequeno pedaço estava faltando na parte superior da orelha es-
querda do gato.
Ramsey costumava rastrear esses gatos, que se acreditava serem
os descendentes de gatos domésticos. Eles eram criaturas furtivas, e
eram notavelmente bons lutadores em qualquer clima e terreno.
― Ele é um lutador. ― disse Galen com um sorriso. ― Você pode
ver isso em seus olhos.
Fallon riu. ― Ele é escocês. É claro que ele é um lutador.
Ramsey levantou o olhar diante dele. Apenas através do bosque
de árvores à frente e sobre uma pequena elevação era onde sua aldeia
tinha estado localizada. Mas ele não continuou imediatamente.
Tinha ficado tão satisfeito enquanto olhava pela floresta e se lem-
brava da infância que levou um momento para notar a floresta.
― Está quieto aqui. Muito quieto. ― ele sussurrou.
As garras pretas de Fallon se alongaram de seus dedos. ― De-
clan?
― Não. ― disse Galen com um simples movimento de cabeça. ―
A magia é mais antiga.
E então Ramsey soube. Eles estavam sentindo a magia residual
de quando Deirdre tinha destruído sua aldeia.
Ele não disse outra palavra a seus amigos enquanto corria pela
neve. Ele precisava chegar à sua aldeia para vê-la primeiro.
Seu coração batia forte em seu peito quando ele pulou sobre uma
árvore caída e desacelerou quando sua vila veio à vista. Ramsey pôs a
mão contra uma árvore e tomou o vazio ao seu redor.
Foram-se as casas, os jardins bem cuidados e as canetas para as
ovelhas e cabras. Nada restou senão o eco de riso que só ele ouvia.
― Eu sinto muito. ― Fallon disse suavemente por trás dele.
Ramsey esperava encontrar exatamente isso, mas esperar isso e
realmente ver eram duas coisas diferentes. ― Estou tentado a trazer
Deirdre de volta dos mortos para que eu possa matá-la novamente.

281
Galen bufou. ― Ela está queimando no Inferno, mas eu concor-
do. Não parece suficiente depois de tudo o que ela fez.
Ramsey empurrou a árvore e caminhou até onde estava o meio
da aldeia. ― Este é o lugar onde eu ficava, onde cada Druida macho fi-
cava, quando éramos colocados de teste após teste. Por toda parte, ―
disse ele apontando em todas as direções ― eram cabanas.
― Que clã reivindicou essas terras? ― Fallon perguntou.
Ramsey olhou para ele e sorriu. ― Nós reivindicamos. Ninguém
se atrevia a cruzar conosco.
Galen riu. ― Posso imaginar o que os clãs vizinhos pensavam de
vocês. Mas estou tendo dificuldade em imaginar Guerreiros Druidas.
Você treinava com espadas?
― E lanças e arcos. ― respondeu Ramsey. ― Qualquer coisa que
poderia ser usada como uma arma. Nossa magia penetrava nas armas
e as fazia duplamente eficazes.
Fallon assobiou. ― Eu adoraria ter visto seu povo em batalha.
Ramsey agachou-se e empurrou para um lado a neve. Ele usou
suas garras para cavar através do chão duro até que raspou contra a
pedra. Durante os momentos seguintes, ele afastou a sujeira até que
uma pedra apareceu.
Dez minutos mais tarde e todas as vinte pedras eram visíveis.
Cada uma tinha uma escultura de um símbolo celta.
― Sinto a magia delas. ― disse Galen, sua voz cheia de admira-
ção.
Ramsey correu o dedo sobre uma das pedras. ― Essas pedras
nos testaram e nos protegeram. Eles têm poderosa magia.
― Elas parecem antigas, ― Fallon comentou quando ele se incli-
nou e correu um dedo sobre uma.
― Elas são. Embora eu não tenho nenhuma ideia da idade, elas
foram passadas pelo meu povo através de gerações há muito tempo
atrás para contar,

282
― Espantoso. ― Galen resmungou.
Ramsey respirou fundo e levantou a cabeça. "Nós não devería-
mos ter sido derrotados. Eles deveriam ter sobrevivido.
― Qualquer coisa que sobrou ficaria sepultada sob setecentos
anos de solo. Fallon captou seu olhar. ― Diga-nos onde procurar, Ram-
sey. Diga-nos onde eles poderiam ter deixado algo para trás para al-
guém encontrar.
Ramsey levantou-se e pensou em cada ancião. ― Nenhum dos
anciãos teria ousado deixar qualquer coisa que alguém pudesse trope-
çar. Teria sido colocado em algum lugar seguro, em algum lugar isola-
do...
Ele parou quando seu olhar se elevou para a colina à sua direita.
― Só uma vez eu acordei e segui meu pai quando ele foi se juntar aos
anciãos. Eles se encontravam à meia-noite uma ou duas vezes por ano.
Uma vez eu os segui.
― Onde? ― perguntou Fallon.
Ramsey apontou para a colina. ― Lá. Encoberta lá há uma entra-
da em uma caverna.
Galen começou a avançar. ― Vamos começar então.
Não levou muito tempo para subirem a colina enquanto seguiam
o caminho que Ramsey lembrava. Encontrar a entrada era outro assun-
to.
― Você se lembra de onde ficava? ― Fallon perguntou.
Ramsey encolheu os ombros. ― Meu pai me disse mais tarde que
a entrada mudava a cada vez.
Galen revirou os olhos e disse: ― Deixe-me adivinhar. A entrada
está escondida por magia.
― Claro.
― Claro. ― Galen imitou sarcasticamente.
Fallon soltou um suspiro. ― Você pode usar sua magia, Ramsey?

283
Sem dúvida, Ramsey sabia que podia. Mas ele arriscaria?
― Eu prefiro que os dois fiquem suficientemente longe de mim
para não lhes fazer mal.
Galen virou-se e recuou para descer a colina. ― Justo.
Ramsey sacudiu a cabeça para o amigo. Somente quando Fallon
se juntou a Galen Ramsey olhou para a colina íngreme diante dele. Não
podia subir mais alto. Ramsey teria que trabalhar sua magia de onde
ele estava.
Ele inspirou profundamente e procurou sua magia. Ela inchou
dentro dele, enchendo-o, inundando-o de cada dedo da mão a cada
dedo do pé. Sentia-se vivo com a magia dentro dele.
Ramsey colocou a mão na encosta diante dele enquanto palavras
de um feitiço convocando uma porta saíam de seus lábios. Ele não po-
dia acreditar que se lembrava do feitiço, ou porque sabia que funciona-
ria.
A colina parecia inalar enquanto sua magia passava por sua mão
na terra. E então uma seção da terra deslizou afastando para revelar a
entrada da caverna.
Seu deus gritou animadamente dentro dele enquanto sua magia
o chamava, acenando para que se rendesse a ele. Seria tão fácil para
Ramsey ceder, para deixar sua magia levá-lo como tinha feito quando
ele era mais jovem.
Mas ele não tinha um deus primitivo dentro dele então. Ramsey
ignorou o chamado de sua magia e concentrou-se em reprimi-la. Len-
tamente, mas com segurança, conseguiu o comando.
Com um suspiro, ele olhou para a abertura da caverna e para a
escuridão interior.
― Isso foi fácil. ― Galen chamou de baixo.
Ramsey estendeu a mão, impedindo-os de se aventurarem para a
frente. ― Isso foi fácil demais. ― murmurou para si mesmo.

284
Ele estendeu a outra mão e foi jogado para trás como uma explo-
são de magia bateu nele. Ramsey agarrou uma árvore antes que rolas-
se muito abaixo da colina.
― Ramsey? ― Fallon chamou.
Ele olhou para eles. ― Eu estou ileso. Fiquem aí.
Ramsey subiu o caminho de volta para a entrada da caverna e
olhou para ela. O feitiço para entrar custaria a ele muito mais. Possivel-
mente demais.
Ele se virou para Fallon e Galen e disse. ― Eu preciso de uma
promessa de vocês dois, que se eu não puder me controlar, vocês farão
o que precisa ser feito para me impedir.
Os homens assentiram com a cabeça, seus rostos uma mistura de
preocupação e medo.
― Se eles apenas soubessem o que poderia acontecer, eles não
concordariam comigo. ― Ramsey sussurrou para si mesmo enquanto
se voltava para a caverna.
Seus dedos coçavam com a magia dentro dele, como se não pu-
desse esperar para sair. Assim como ele não podia esperar para liberá-
la. Ele sempre adorou usar magia. Ele se sentia mais vivo, mais pode-
roso... mais tudo com sua magia.
Ramsey respirou fundo e lentamente o soltou quando ele ergueu
as mãos para a barreira invisível que bloqueava seu caminho. Ele ten-
tou feitiço após feitiço, mas nada funcionou para enfraquecer a barrei-
ra. Cada vez que ele usava sua magia, tornava-se cada vez mais difícil
puxá-la de volta.
Quantas vezes poderia usá-la antes que ele fosse levado comple-
tamente? A ideia não o assustava tanto quanto antes, o que lhe disse
que estava perdendo rapidamente o controle.
Ramsey inclinou-se para frente e descansou as mãos sobre os jo-
elhos. Sua cabeça doía por tentar segurar sua magia, bem como de to-
dos os feitiços correndo furiosamente dentro de seu cérebro.

285
Ele segurou a cabeça com ambas as mãos e soltou um rugido de
fúria.
O som de passos correndo para cima da colina fez Ramsey se vi-
rar e enfrentar seus amigos. ― Não! ― ele berrou.
Galen levantou as sobrancelhas. ― Sou apenas eu, velho amigo.
― Voltem!
― Olhe para você mesmo. ― disse Fallon.
Ramsey olhou para as mãos dele para ver sua pele cintilando de
normal para bronze e suas garras para fora. Ele podia imaginar que
seus olhos também haviam se transformado.
Ele fechou os olhos e balançou a cabeça. ― Voltem! ― repetiu
ele. ― Por favor.
Felizmente, Fallon e Galen fizeram o que ele pediu. Ramsey não
perdeu mais um momento antes de enfrentar a caverna novamente.
Ele engoliu e revistou sua mente até que ele encontrou o feitiço que
esperava não ter que usar.
Assim que as palavras começaram a sair de seus lábios sua magia
se expandiu dentro dele de modo que ele pensou que sua pele estaria
explodindo pela força dela. A magia cresceu e cresceu até entrar em
contato com a barreira da caverna. Cada vez que sua magia empurrava
contra ela, ela empurrou de volta.
Ramsey torceu os lábios com um rosnado e baixou a guarda para
que toda a sua magia pudesse ser usada. Com um rugido, ele deu um
empurrão final contra a parede invisível. Ela esmoronou-se sob o peso
de sua magia, mas já era tarde demais.
A magia o tomara.

286
CAPÍTULO TRINTA E CINCO

Tara odiava que Ramsey tinha saído. Parecia que seu mundo in-
teiro se obscurecia quando ele não estava por perto.
― Pare de ser um imbecil ― murmurou para si mesma. ― Uma
noite não o torna seu para a vida.
Era estranho que esse pensamento a deixasse quase tonta. Se
tudo o que ela tinha para se preocupar era o que estava acontecendo
entre ela e Ramsey, mas Declan nunca esteve longe de seus pensa-
mentos.
E para seu desgosto, tampouco sua mãe, agora que Ramsey lhe
dissera que ela estava morrendo. Apesar de tudo o que sua mãe tinha
feito, mesmo matando sua avó, Tara ainda queria vê-la.
Tara se assustou quando percebeu que Marcail e Saffron estavam
ao lado dela.
― Eu sinto muito. Eu estava perdida em meus pensamentos.
― Nós estávamos apenas certificando-se de que você estava
bem. ― Marcail disse.
Saffron sorriu e acenou com a cabeça para as mãos de Tara. ―
Você tocou Ramsey e as fitas de magia não aparecem. Você pode ligar
e desligar tão facilmente?
Tara levantou a mão e esfregou o polegar sobre os dedos. ― Não
sou eu quem controla. Eu nunca pensei que pudesse, e como ela co-
meça e depois para, eu não tenho ideia.
― Eu sei. ― Reaghan disse enquanto se aproximava, um sorriso
amável em seu rosto. ― Eu vi Ramsey na outra manhã em seu cami-
nho para a torre.
Tara sabia que se fosse o tipo de mulher de corar, seu rosto fica-
ria ardendo.
― Oh. ― foi tudo que ela conseguiu dizer.

287
― Não há necessidade de ficar envergonhada. ― Marcail sorriu,
seus olhos turquesa deslizando para Quinn. ― Estes Guerreiros são
certamente difíceis de resistir.
― Difícil? ― Saffron perguntou com uma risada sufocada. ― Mais
como impossível.
Reaghan concordou com a cabeça. ― Impossível é o correto. Eles
não param até que consigam o que querem, e às vezes temos que
mostrar o que eles querem. ―
Tara lambeu os lábios enquanto ouvia a brincadeira das mulheres.
Era tão fácil se encaixar no castelo com a boa recepção que ela recebe-
ra. Não era de admirar que todos tivessem permanecido ao longo dos
séculos.
― O que estou tentando dizer é que eu acho que depois que
você e Ramsey estiverem juntos, isso poderia ter-nos prevenido vendo
os feixes brancos. ― disse Reaghan.
― Ramsey disse a mesma coisa. ― disse Tara antes de pensar
melhor sobre isso.
Saffron deu uma risadinha e compartilhou um olhar com Marcail.
― Eu acho que todos nós compartilhamos as camas de nossos Guerrei-
ros antes que eles oficialmente nos reivindicassem.
― Isso é verdade. Assim, ninguém vai olhar duas vezes para o
quê está crescendo entre você e Ramsey, ― disse Reaghan.
Marcail pigarreou. ― O que nós realmente viemos falar com você
era sobre sua magia. Ramsey disse que você não a usa porque ela é
imprevisível.
― Isso é um eufemismo. ― disse Tara e soltou um longo suspiro.
― Minha magia sempre foi imprevisível, mas quanto mais velha eu fica-
va, mais parecia que eu não podia fazer as coisas mais simples. Toda
vez que eu tentava fazer uma planta crescer, em vez disso, ela morria
porque muita magia entrava nela.
― Você já meditou? ― Saffron perguntou.

288
Reaghan perguntou: ― Ou descobriu o que ajuda a fortalecer sua
magia?
― Não e não. ― disse Tara. Ela abanou a cabeça. ― O que você
quer dizer, o que fortalece minha magia?
Reaghan encolheu os ombros e enfiou uma mecha de cabelo rui-
vo encaracolado atrás da orelha. ― Para mim é água, mas do lago não
o mar.
― Para mim é fogo. ― disse Saffron com um olhar para a lareira.
Marcail mudou de um pé para o outro e ajustou o relógio em seu
pulso. ― E a minha está sendo o subterrâneo.
― Nunca ouvi falar disso. ― admitiu Tara. ― Eu nem saberia por
onde começar.
Um momento depois, ela estava sendo arrastada por todo o cas-
telo para tentar descobrir o que ajudaria a fortalecer sua magia. O inte-
resse que as mulheres estavam tendo nela apenas o fez sorrir. Então,
não se queixou quando elas tentaram lugar após lugar após lugar.
***
Declan estava de pé no meio do quarto que mantinha no porão.
Prateleiras eram preenchidas com uma variedade de livros diferentes
pertencentes à magia e Druidas. Ele os tinha devorado como uma cri-
ança, e aprendeu muitos fatos interessantes sobre magia.
E feitiços. Oh, os feitiços que ele tinha aprendido.
Ele acordou de um sono agitado com os restos de um feitiço per-
sistente em sua mente. Embora Declan não conseguisse se lembrar
exatamente sobre o que era o feitiço ou das palavras, ele sabia que, de
alguma forma pertencia, a Tara.
Ela estava no centro de seus pensamentos. Ele tinha que encon-
trá-la, tinha que torná-la drough.
Declan caminhou para uma das estantes e olhou para cada livro
antes de passar para a próxima prateleira e depois para a próxima.

289
No fundo da terceira prateleira, encontrou o pequeno livro de
couro vermelho. Ele a puxou dos outros e sorriu quando se lembrou de
encontrá-lo em seu vigésimo aniversário numa livraria pequena em
Londres.
O proprietário não tinha percebido o quanto o livro valia a pena.
Declan pagou os vinte e cinco Pounds e saiu da loja com uma grande
quantidade de feitiços na mão.
Declan folheou as páginas duas vezes antes de encontrar o feitiço
na parte de trás do livro. ― Um Feitiço de Conexão. ― ele disse, lendo
o título.
Ele já havia usado uma forma de feitiço de conexão, mas esse
permitia que ele entrasse na mente de Tara enquanto ela dormia para
que pudesse ver seus pensamentos.
Pela primeira vez em dias ele realmente sorriu quando se afundou
em sua cadeira e começou a cantar o feitiço simples, mas brilhante.
***
Tara estava começando a pensar que não havia nada dentro ou
perto do castelo que pudesse fortalecer sua magia. E então as nuvens
se abriram e um raio de luz solar a atingiu através da janela.
Ela imediatamente se virou para ele, e um momento depois ouviu
Saffron ofegar.
― Acho que o encontramos. ― disse Reaghan.
Tara olhou para as mulheres e franziu a testa. ― Por quê? Porque
eu me virei para o sol em meados de janeiro?
― Não. ― Marcail disse com uma risada. ― Porque esse foi o me-
nor raio de sol que eu já vi, mas todo o seu rosto se iluminou. Você
está atraída por isso.
― Eu sempre fui atraída pelo sol. ― , disse Tara com um encolher
de ombros.
Reaghan puxou Tara para o chão. ― Apenas tente.

290
Tara cruzou as pernas e olhou para Reaghan. ― Agora o que eu
faço? Apenas sento-me aqui?
― Feche os olhos ― insistiu Saffron.
Tara fez o que lhe mandaram.
Marcail apoiou as mãos nos ombros de Tara por trás e sussurrou
em seu ouvido: ― Agora pense na sua magia. Procure por ela e deixe-a
encher você. Toda você. Não pare, Tara. Concentre-se na magia.
Quanto mais Marcail falava, mais distante sua voz se tornava até
desaparecer completamente. Tara parecia estar flutuando, mas não es-
tava sozinha. Havia algo lá, apenas fora do alcance, algo que ela co-
nhecia e reconhecia.
Sua magia.
Ela sorriu quando ela chamou e isso se aproximou. Quando ela
abraçou a magia como nunca tinha feito antes, de repente isso a inun-
dou até que ela pôde sentir tudo de uma só vez.
E então ouviu os tambores.
Eram como um eco distante. Ela não pensou mais sobre eles
quando se concentrou em sua magia. Era como se estivesse girando
em torno dela e através dela. Como se isso a tivesse testando.
Esse pensamento a surpreendeu, mas, novamente, ela não usou
muito sua magia desde a morte de sua avó. Ficou com muito medo.
Sua avó estava tentando ensiná-la a controlar isso.
Tara deixou que todos os pensamentos deixassem sua mente en-
quanto flutuava junto com sua magia. Ela era sublime e tranquila. Um
lugar onde nada importava e nada poderia prejudicá-la.
Os tambores soaram novamente, desta vez mais alto e mais per-
to. A batida era hipnótica e a atraiu para o som. Não tinha medo do
que encontraria. Não era apenas a música, mas o canto que ela ouvia
também.
Se a música era cativante, o canto era fascinante. Tara não con-
seguia entender os cânticos, mas não importava. Pela primeira vez,
tudo parecia como se fosse como deveria ser. Como se tivesse final-

291
mente encontrado um lugar onde poderia ser uma parte de sua magia
e não temer prejudicar alguém.
Ela sorriu para os antigos que a rodeavam. Como sabia que eram
eles que estavam cantando, ela não tinha ideia. Só que o conhecimento
estava lá e ela prontamente aceitou.
Eles a incitavam a tomar sua própria magia, a aceitá-la. Ou pode-
ria haver consequências terríveis. Tara queria saber quais seriam essas
consequências, mas eles se recusaram a responder.
Ela eventualmente, desistia de perguntar e fazia como solicitado.
Era como se ela pudesse controlar sua magia corretamente neste ma-
ravilhoso lugar novo que ela encontrara. E ela se preocuparia em como
fazer isso quando acordasse mais tarde.
Tara estava tão perdida em sua magia que levou um momento
para perceber que os cânticos e os tambores estavam desaparecendo
novamente. Ela não estava pronta para deixá-los ou acordar.
― Cuidado. ― ela ouviu uma voz perto de seu ouvido sussurrar.
O que a voz poderia significar? Ela estava segura com os antigos.
Eles haviam dito isso a ela.
― Olá, Tara. ― disse a voz de Declan atrás dela.
Ela se virou e o encontrou nas sombras com uma luz atrás dele,
mostrando nada além de sua silhueta. ― Você não está aqui.
― Oh, mas eu estou. Já te avisei que sou capaz de fazer qualquer
coisa. Parece que eu posso invadir sua mente enquanto você dorme.
Exceto que você não está dormindo agora, está? Não, você está... me-
ditando, o que abaixou suas defesas ainda mais.
Tara deu um passo para longe dele. ― Você não pode me machu-
car aqui.
Declan jogou a cabeça para trás e riu. ― Não fisicamente, não.
Mas há muito mais que eu poderia fazer. Por exemplo, quando eu tiver
terminado com sua mente, você fará o que eu quiser. Incluindo a morte
dos Guerreiros. ― Ele fez uma pausa. ― E se tornando drough.
― Nunca!

292
― Você deveria fazer melhor do que dizer nunca, Tara. Você disse
que eu nunca iria te encontrar. Mas eu te encontrei. Duas vezes.
― Ramsey vai mata-lo ainda. Ele machucou você, não? ― Ela
perguntou com um sorriso. ― Eu sei que ele fez.
― Acho que vou mandar matar esse Ramsey primeiro, porque ele
significa muito para você.
Tara agarrou sua cabeça e sacudiu. ― Saia! Saia da minha cabe-
ça!
Ela queria desesperadamente acreditar que tudo era apenas um
sonho, um medo que se manifestava em sua mente. Mas mesmo sua
magia estava dizendo a ela que Declan era muito real.
Dedos fortes penetraram em seus braços enquanto lhe dava um
áspero puxão.
― Não há como escapar de mim agora. ― ele disse com os den-
tes cerrados.

293
CAPÍTULO TRINTA E SEIS

― Maldito seja, Ramsey, abra os olhos!


Ramsey retraiu-se internamente pelo modo como Galen gritou
em seu ouvido. ― Não tão alto!
― Sobre o maldito tempo. ― Fallon murmurou do outro lado de
Ramsey.
Alarme varreu Ramsey então. Havia apenas uma razão para seus
amigos se preocuparem. Ele abriu os olhos para descobrir que eles es-
tavam dentro da caverna com apenas a luz filtrada através da entrada,
mas com a sua visão realçada, eles poderiam ver tudo tão facilmente
no escuro como no dia.
Galen baixou o queixo para o peito e passou a mão pelos cabelos.
― Seu desgraçado. Nunca me assuste assim.
Ramsey lentamente se sentou para encontrar Fallon observando-
o com olhos nublados. ― Eu quero saber o que aconteceu?
― Além de você brilhar? ― Fallon perguntou.
― Brilhar? ― repetiu Ramsey.
Galen bufou alto. ― Sim, meu amigo. Você estava fodidamente
brilhando. E você não estava respondendo.
― Nós tivemos que bater em você inconsciente. ― Fallon disse
isso com uma amarga torção dos lábios.
O que deixou Ramsey saber que tinha sido um caso muito maior
do que qualquer um dos Guerreiros queria admitir. ― E depois?
― Então você não acordava! ― Galen se levantou e começou a
andar. ― E sua magia. Meu Deus, Ramsey. Pensei que Isla e Reaghan
tivessem magia poderosa. O sua excede isso...
― Nada que pudéssemos compreender. ― terminou Fallon.

294
Ramsey esfregou a mão pelo rosto e ficou em pé. ― Obrigado.
Vocês dois.
― Tem certeza de que está bem? ― perguntou Fallon.
Ramsey assentiu com a cabeça. ― Já perdi horas suficientes. Pre-
cisamos começar a procurar.
― O que estamos procurando? ― perguntou Galen, mas ele não
parecia tanto interessado em descobri isso quanto como antes Ram-
sey... tinha brilhado.
Ramsey ainda não conseguia imaginar-se brilhando. Não era algo
que ele já tinha feito antes. Porque agora? Ele sacudiu a cabeça interi-
ormente e se concentrou na caverna.
As paredes eram cobertas com a escrita de seu povo e símbolos
celtas, alguns pequenos, alguns grandes.
― Se alguma coisa fosse deixada para trás seria aqui. ― disse
ele.
Uma vez que a caverna era relativamente pequena, com uma
grande abertura no meio, onde os seis anciãos provavelmente ficavam,
e terminava logo após a entrada, eles não tinham muita área para pro-
curar. Havia vários pergaminhos que haviam sido encerrados em magia
para impedi-los de sucumbir aos elementos naturais, mas nenhum era
importante o suficiente para colocar um feitiço escondendo a caverna.
― Ramsey. ― chamou Galen.
Ele correu para o amigo para encontrar Galen olhando para um
complicado nó de círculo celta.
― Já vi isso antes. ― disse ele, colocando a mão direita no sím-
bolo.
Um painel abaixo do símbolo moveu-se para revelar uma abertura
pequena com um pergaminho dentro.
Por um momento, Ramsey simplesmente olhou para ele. Então o
alcançou e pegou. Ramsey segurou o antigo pergaminho cuidadosa-
mente em seus dedos e lentamente o virou até encontrar o selo.

295
― O que é isso? ― Fallon perguntou a seu lado.
Ramsey correu o polegar sobre o selo vermelho e dourado. ― É
magia misturada com sangue. Era usado apenas para o mais sagrado
dos documentos. A magia é misturada de modo que somente a pessoa
que foi criada para abri-la é capaz de fazer isso.
Galen se inclinou sobre seu ombro para olhar mais de perto. ―
Como? Apenas quebrando o selo?
― Você não pode simplesmente quebrar o selo. Porque o sangue
foi usado para criar o selo, leva sangue para quebra-lo.
― Ah. Um sacrifício. ― disse Galen com um aceno de cabeça.
― Não é de admirar os rumores de Druidas realizando sacrifícios
derramado sangue sobre a terra. ― Fallon disse com uma carranca.
― Nós não sacrificamos vidas. Só um pouco de sangue. E nem
todos os Druidas tinham a capacidade de criar selos deste tipo. ―
acrescentou Ramsey.
Galen o cutucou. ― Pode abri-lo?
Ramsey correu o polegar mais uma vez sobre o selo vermelho e
dourado com a imagem de um crânio na cera, uma tristeza se instalan-
do em sua alma. ― Este era o selo do meu pai. Provavelmente foi o úl-
timo a entrar na caverna.
― Isso é uma caveira, Ramsey. ― disse Galen.
Ramsey sorriu. ― Há desenhos entrelaçados nele também. Ser
dado um crânio para uma família como seu símbolo era muito aprecia-
do em meu povo. Isso significava que a família não era apenas impor-
tante, mas incrivelmente forte com magia, além de ter força física.
― Nada disso me surpreende já que nós sabemos o quão forte
Guerreiro você é. Então o pergaminho é para você? ― Fallon pergun-
tou.
Ramsey encolheu os ombros. ― Ele provavelmente me achava
morto, então não. No entanto... se o que eu li nas páginas do livro que
Galen descobriu é verdade, então talvez seja.

296
― Você tem que tentar. ― Galen deu de ombros quando Ramsey
olhou para ele. ― Eu tentaria.
Fallon assentiu lentamente. ― Concordo com Galen. Você tem
que tentar. ―
Ramsey cuidadosamente colocou o pergaminho no chão. Ele alon-
gou uma de suas garras de sua mão direita e cortou em seu antebraço
esquerdo.
O sangue derramou rapidamente, e Ramsey moveu seu braço so-
bre o selo para que ele pegasse cada gota. Logo a ferida foi reparada.
E o selo não se quebrou.
― Não era para mim. ― murmurou Ramsey mais para si mesmo
do que para os outros.
Mais uma vez ele levantou o pergaminho em suas mãos. Ele esta-
va no processo de devolvê-lo ao nicho quando houve uma grande fen-
da e o selo vermelho e dourado quebrou em dois.
― Parece que foi feito para você. ― disse Fallon, sua voz cheia de
admiração e curiosidade.
Galen esfregou o queixo, pensativo. ― Talvez como agora você é
um Guerreiro, demorou mais tempo para reconhecer que era você.
Nada disso importava para Ramsey agora, não quando ele queria
saber o que estava dentro do pergaminho. O que era tão importante
que seu pai não só havia escondido o pergaminho, mas também havia
colocado o selo?
― Quanto tempo depois que eu fui levado meu povo desapare-
ceu? ― Ramsey perguntou.
Galen olhou para o chão. ― Calcula-se entre sessenta e oitenta
anos.
O pergaminho tinha sido escondido mesmo enquanto outros Drui-
das de Torrachilty permaneceram. Seu pai sempre foi seletivo no que
havia dito a Ramsey, mas nunca este segredo.
Ramsey desenrolou suavemente o pergaminho, e leu as primeiras
palavras em voz alta. ― Ramsey, meu filho...

297
A dor dessas palavras bateu em Ramsey como um martelo. Seu
fôlego fechado em seus pulmões e seus olhos se recusaram a se con-
centrar. Abaixou o pergaminho e caminhou até a beira da caverna. ―
Ele sabia o que aconteceu comigo, ― disse ele. ― Meu pai sabia o que
Deirdre me fez.
Fallon colocou uma mão no ombro de Ramsey. ― Ele também sa-
bia que você viria através dele ou então ele não teria deixado uma
mensagem para você.
Ramsey sabia que Fallon estava certo, mas o conhecimento de
que seu pai sabia que ele estava em Cairn Toul e enviara homens para
resgatá-lo deixou-o com um peso esmagador que nunca iria embora.
Mas tinha que saber o que seu pai queria lhe dizer. Ramsey come-
çou a ler novamente, desta vez para si mesmo, e quanto mais lia, mais
preocupado ele ficava.
― Merda! ― ele murmurou quando tinha lido s metade do perga-
minho.
Galen estava ao seu lado em um instante. ― O quê?
― Nem todo o meu povo morreu no ataque de Deirdre. Houve al-
guns que foram convidados a sair e encontrar um novo lugar no mun-
do. Homens que estavam destinados a manter nossa linha indo em al-
gum pequeno caminho.
― Isso é bom, não é? ― Fallon perguntou.
Ramsey sacudiu a cabeça. ― Não exatamente. Acabaria por diluir
a nossa magia, mas mesmo assim eu não tenho certeza de que seria
suficiente para qualquer mulher ser capaz de usá-la e não ficar louca
Galen perguntou: ― Quantos homens foram enviados?
― Só diz um punhado. ― Ramsey olhou para o pergaminho e ba-
lançou a cabeça. ― Essa ideia surgiu depois que eu fui levado e o pri-
meiro grupo de Druidas enviado não mataram Deirdre. Este plano esta-
va em vigor há décadas.
― O que mais diz? ― perguntou Fallon.

298
Ramsey engoliu em seco enquanto olhava para o pergaminho e a
letra corajosa de seu pai. Ele levou um momento para ler os próximos
parágrafos, seu estômago caindo aos pés com um baque.
Ele olhou para Fallon. ― Nos leve de volta ao Castelo MacLeod.
Agora!
Sem dizer uma palavra, Fallon colocou uma mão em Ramsey e
Galen. No momento seguinte estavam no grande salão do castelo. Que
estava vazio.
Um sentimento doentio encheu Ramsey. ― Tara! ― chamou.
Larena apareceu no topo da escada. ― Vocês três. Melhor subi-
rem aqui agora.
Ramsey subiu as escadas quatro degraus de cada vez, seu cora-
ção batendo com um batimento rápido e estrondoso em seu peito.
Quando ele virou a esquina e viu Larena andando pelo corredor à direi-
ta, ele sabia que ela estava indo para a câmara de Tara.
Ele correu até a porta de Tara e parou quando a encontrou deita-
da na cama com as Druidesas que a cercavam, sua magia enchendo a
sala.
― Que diabos? ― Fallon disse a seu lado.
Ramsey entrou no quarto e ajoelhou-se ao lado da cama. Ele
pousou a mão sobre a testa dela e olhou para Sonya. ― O que aconte-
ceu?
― Nós estávamos ensinando a ela como fortalecer sua magia. ―
disse Marcail.
Saffron assentiu com a cabeça. ― Descobrimos que é a luz do sol
que a atraí.
Reaghan encontrou o olhar de Ramsey. ― Ela foi para os antigos,
Ramsey. Ela deveria estar segura.
Ele cerrou a mandíbula, o pergaminho apertado em sua outra
mão. ― Há quanto tempo ela está assim?

299
― Algumas horas. ― respondeu Sonya. ― Tentamos ligar para o
celular de Fallon, mas ele não respondeu.
Dani limpou a garganta, mas não conseguiu encontrar o olhar de
Ramsey. ― Eu... eu sei o que aconteceu.
― O quê? ― Ramsey exigiu, medo de descobrir usando sua pró-
pria magia depois do que aconteceu na caverna.
Dani trocou um olhar com Ian. ― É Declan. Saffron o sentiu, e eu
usei minha magia para pesquisar a mente de Tara. Ele não apenas a
tomou como fez com as outras. Isso é diferente.
― Como se ele estivesse nos pensamentos de Tara e não apenas
dizendo a ela o que fazer ― disse Saffron.
Dani assentiu e o nó dentro de Ramsey se apertou. Por longos
momentos, ele simplesmente olhou para Tara, deitada tão imóvel sobre
a cama. Ele não sabia como alcançá-la, ou se podia.
― O que você leu no pergaminho? ― perguntou Galen.
Ramsey piscou e olhou para o rolo em sua mão esquerda antes
de olhar para Galen. ― O plano de enviar um punhado de homens para
o mundo não foi a única coisa que eles fizeram Parece que havia uma
Vidente que previu uma família abrigaria uma Druidesa de Torrachilty.
Era uma família drough.
Todos os olhos se voltaram para Tara.
― Era a família de Tara, ― Ramsey terminou.
― Inferno. ― Quinn disse enquanto esfregava uma mão sobre o
queixo. ― Não admira que ela não possa controlar sua magia.
Broc estendeu a mão. ― Espere. Eu acho que você disse que ne-
nhuma mulher poderia resistir à magia, que as deixava loucas.
― Aye. Uma dose completa de nossa magia. ― Ramsey disse. ―
Mas tem sido diluída muitas vezes ao longo dos séculos.
Lucan se encostou na parede, o rosto pensativo. ― O que isso
significa para Tara?

300
― Isso significa que se ela puder controlar sua magia, ela prova-
velmente será tão poderosa como Isla e Reaghan. ― Ramsey disse. ―
Mas primeiro, tenho que livrá-la de Declan.
Camdyn grunhiu. ― Pelo menos agora sabemos por que Declan a
quer tão desesperadamente.
― Não tenho tanta certeza. ― disse Charon. ― Eu não acho que
Declan sabe o que ela tem dentro dela.
Ramsey lentamente se levantou. ― Se ele não sabia antes, ele
sabe agora. Se ele está dentro de sua mente, ele tem acesso a todos
os seus pensamentos. Ele será capaz de olhar profundamente em sua
consciência por coisas que ela não se lembra.
― O que você precisa de nós? ― Sonya perguntou.
Ramsey enrolou o pergaminho e o entregou a Fallon. ― Guarde
isso para mim.
― O que você vai fazer? ― perguntou Logan.
Ramsey sorriu, mas cheio de malícia e vingança. ― Vou tirar De-
clan da cabeça dela.
― Eu não acho que seja uma boa ideia, ― Gwynn disse, morden-
do os lábios de preocupação.
Mas Ramsey não seria dissuadido. ― Não vou deixá-la assim. Não
há como dizer o que ele está fazendo com ela.
― E se ele te pegar? ― Broc perguntou
― Ele vai morrer pelas minhas mãos de uma maneira ou de ou-
tra. ― Mas Ramsey sentiu sua preocupação e entendeu.
Havia muita coisa em jogo para tentar entrar na mente de Tara,
mas ele estava disposto a fazê-lo. Ele faria qualquer coisa por ela.
Esse pensamento o interrompeu.
Tinha sentido isso pelos os outros Guerreiros, mas nunca por
uma mulher. Nem uma única vez em todos os seus séculos de vida nin-
guém jamais o cativou como Tara.

301
Algo tocou seu braço e ele olhou para baixo para encontrar a mão
de Dani. Seus olhos esmeralda se nublavam de preocupação.
― Eu mal consegui entrar em sua mente, ― Dani disse. ― Assim
que eu entrei uma parede subiu, impedindo-me de ir mais longe. E não
foi Declan quem pôs a parede para cima.
― Está sugerindo que foi Tara?
― Estou dizendo que foi Tara. ― disse Dani. ― Sinto muito, Ram-
sey, mas acho que ele já a tem.
― Não. Não. ― Ramsey disse novamente, com mais força. Ele
não iria acreditar até que ele visse com seus próprios olhos, e mesmo
assim ele iria lutar por Tara.
Ian se moveu atrás de Dani e a envolveu em seus braços. ― Mi-
nha esposa sabe o que viu e sentiu, Ramsey. Você precisa se preparar.
Ele deu um curto aceno de cabeça. ― Estou preparado. Agora to-
dos vocês precisam sair.
― Mas... Reaghan começou a dizer.
Foi Galen quem pegou a mão de sua esposa e puxou-a para a
porta. ― Ramsey está certo. Todo mundo precisa sair.
Fallon fez um gesto com a mão em direção a porta para que to-
dos saíssem. ― Quanto mais cedo saímos, mais cedo Ramsey pode
chegar a Tara.
Um a um, Guerreiros e Druidas, deixaram a câmara até que Fal-
lon, Ramsey e Tara ficaram. Ramsey observou de perto o mais velho
MacLeod. Fallon sentia-se responsável por todos dentro das muralhas
do castelo, e queria protegê-los de tudo.
― Você vai ficar bem? ― Fallon perguntou.
Ramsey encolheu os ombros. ― Não posso responder com certe-
za.
― Sei que quer salvar a Tara. Todos nós queremos, Ramsey, mas
se nós vamos derrotar Declan nós iremos precisar de você. Especial-
mente depois do que eu vi hoje.

302
― Meu brilho? ― perguntou Ramsey com as sobrancelhas arque-
adas.
― Não foi só isso, meu amigo. Foi a magia que eu senti também.
Você a escondeu de nós, e eu não quero que você faça isso por mais
tempo. Nós precisamos de você como um Guerreiro e como um Druida.
Ramsey não tinha palavras para responder. Em vez disso, esten-
deu o braço, com um sorriso irônico, Fallon apertou seu antebraço.
― Esteja seguro. ― sussurrou Fallon antes de sair da câmara e
fechar a porta atrás dele.
Ramsey respirou fundo e encarou Tara. Agora que ele estava a
sós com ela, ele deixou a angústia se mostrar em seu rosto. ― Espere,
Tara. Eu estou indo para você.
Ele deitou na cama ao lado dela e pegou sua mão na dele. Então
fechou os olhos e entregou-se a sua magia. Os tambores e cânticos
logo encheram suas orelhas. Ele se moveu em direção a eles, procu-
rando a única conexão que tinha para alcançar Tara.
Se os antigos não pudessem ajuda-lo, ele não sabia o que pode-
ria fazer.
― Ele a tem. ― suas vozes sussurradas ecoaram ao redor dele.
O fato de saberem que Declan estava na mente de Tara era bom.
Se pudessem chegar a Tara, ele também poderia.
― Ela não nos ouve. ― gemeram os antigos.
A pouca esperança Ramsey tinha desapareceu com suas palavras,
mas ainda assim ele tentou chegou a Tara. Ele concentrou toda sua
magia enquanto meditava mais fundo, procurando, procurando Tara.
E com facilidade levantou um alarme interno, ele estava de re-
pente dentro da mente de Tara.
Mas o Tara que ele viu não era a que ele tinha feito amor na noi-
te anterior. A Tara olhando para ele tinha cortado os pulsos, sinalizando
que ela era uma drough.

303
304
CAPÍTULO TRINTA E SETE

Declan soube o instante em que alguém entrou na mente de


Tara. Não que ele se importasse. Levara mais tempo do que pensara,
mas Tara era dele.
A tortura que ele podia distribuir fisicamente não era nada com-
parado com o que ele poderia fazer para a mente de uma pessoa. Tara
tinha resistido muito, o que o impressionou.
Ele só estivera em sua mente por algumas horas, mas para ela
havia sido meses. Sua mente não era tão frágil como sempre acreditou.
Ela era forte na mente e no corpo. E sua magia... Declan sorriu en-
quanto saboreava sua poderosa magia.
Se ele soubesse dez anos atrás que tipo de magia ela guardava
dentro dela, ele nunca teria tirado os olhos dela. Ele não tinha certeza
de como ela tinha conseguido uma magia tão poderosa quando não era
evidente em qualquer outro lugar em sua família, mas ele não iria re-
clamar.
Com sua magia adicionada à dele, nada e ninguém seria capaz de
ficar em seu caminho. E ao contrário de Deirdre, Tara nunca pensaria
em ir contra ele. Não agora, pelo menos.
Declan sabia que não poderia ficar em sua mente por muito mais
tempo. Estava desgastando-o, e a dor da magia que rasgava suas en-
tranhas estava tornando mais difícil manter sua concentração.
Se Tara só tivesse durado um pouco mais de tempo, ela o teria
superado. Mas Declan era eficaz quando se tratava de torturar uma
pessoa. O fato de que gostava apenas tornava isso mais agradável.
Assim quando Declan estava prestes a deixar a mente de Tara,
ele sentiu a presença de um Guerreiro. As coisas não poderiam ter ido
melhor se ele as tivesse planejado.
― Mate-o ― Declan ordenou a Tara.
***

305
Os olhos de Ramsey se abriram quando ouviu um grito furioso
em seu ouvido. Ele viu um punhal vir até ele, e imediatamente ele er-
gueu os braços para parar o ataque.
― Tara? ― Ele sussurrou enquanto olhava para a atacante.
E justo como o que tinha visto dentro de sua mente, esta não era
a Tara que conhecia. Seus olhos azul-esverdeados estavam cheios de
malícia. E sua força. Ele não tinha ideia de como ela havia desenvolvido
de repente a força de quatro homens, mas mesmo isso não podia com-
parar-se ao poder de um Guerreiro.
O primeiro pensamento de Ramsey foi jogá-la longe dele, mas ele
não queria machuca-la. O que quer que tivesse acontecido com ela, ele
sabia que era obra de Declan. Esta não era sua Tara.
― Você tem que morrer. ― ela disse com os dentes cerrados.
Sua voz, cheia de ódio, o assustou o suficiente para que seu bra-
ço se afrouxasse e o punhal que ela segurava enfiou no peito dele.
Ramsey rugiu, não de dor, mas com raiva pelo que Declan tinha
feito. Ramsey puxou a adaga do peito e mergulhou-a nas pedras da
parede. Então ele virou Tara de costas e segurou cada um de seus bra-
ços em suas mãos.
Ele a montou, e a forma como ela se apoiava contra ele lembrou-
lhe muito bem de seu corpo macio quando ele tinha feito amor com ela
na noite anterior.
― Lute contra o que Declan fez. ― insistiu ele.
Tara começou a rir, e isso cresceu em uma gargalhada que ecoou
fora das paredes da câmara. ― Você não tem idéia do que o Declan
pode fazer. Ou o que ele fez comigo. Ele me livrou da contenção que
eu tinha em mim. Agora a magia que eu temia é minha para usar como
eu quiser.
― Se você não lutar contra Declan e o mal que ele plantou den-
tro de você, Tara, você estará perdida para mim para sempre. A magia
e Declan vão cuidar disso.

306
― Talvez eu nunca tenha sido feita para ser sua. Se não fosse por
você, eu não teria vindo ao Castelo MacLeod. ― disse ela enquanto
olhava o sangue escorrendo da ferida que estava se fechando. ― Se
não fosse por você, eu não teria sido amiga das Druidesas e aprender
a procurar os antigos. Declan não teria me encontrado, e eu não teria
acesso à minha magia.
― Tara... por favor, lute contra isto. ― implorou Ramsey.
Ela sorriu. ― Ele me disse para te matar. Eu não vou parar até
que seja feito. ―
Ramsey fechou os olhos, o conhecimento de que Tara estava além
de sua ajuda demais para voltar. Seu peito se abriu, um buraco muito
escuro e muito profundo ameaçando engoli-lo.
Sua magia cresceu dentro dele quando ele chamou. Ele deixou
que isso se movesse livremente dele para dentro de Tara. Ela se enrije-
ceu como se isso a machucasse antes que ela começasse a gritar e a
bater contra ele.
Mas Ramsey não cedeu. Quando ele abriu os olhos e olhou fixa-
mente para ela, disse uma palavra. ― Cadal.
Imediatamente ela adormeceu.
― Eu mesmo quero saber? ― Perguntou Charon da porta.
Ramsey limpou suavemente as mechas de cabelo do rosto de
Tara, o coração despedaçado ao perceber que a bela mulher que esta-
va deitada ao lado dele na cama tinha sido substituída por alguém que
o desprezava.
― Declan chegou até ela. O feitiço que usei fará com que ela dur-
ma, mas eu não sei por quanto tempo. Precisamos coloca-la em algum
lugar que ela não possa escapar.
― O calabouço. ― disse Lucan.
Ramsey limpou a emoção de seu rosto. Os outros não precisavam
saber até que ponto a mudança de Tara o afetava. Se soubessem, não
o deixariam levar a cabo seus planos. E mesmo que ele tivesse que
trancar todos eles na masmorra, ele estava indo atrás de Declan.

307
Ele saltou da cama e levantou Tara nos braços. Quando ele se vi-
rou para a porta, encontrou todos olhando para ele.
Arran olhou do punhal embutido na pedra para o sangue na ca-
misa de Ramsey. ― Ela te apunhalou?
― Aye.
Os lábios de Phelan se contorceram em confusão. ― Eu não sei
se pergunto como ela te esfaqueou ou onde ela conseguiu a adaga.
― Ela me apunhalou porque me pegou de surpresa. ― respondeu
Ramsey. ― Quanto ao punhal, não sei.
Ian entrou na câmara e arrancou o cobertor da cama antes de
colocá-lo debaixo do braço. ― As meninas foram para baixo para co-
meçar um feitiço em uma das celas da masmorra para Tara não pode
sair.
Ramsey deu um aceno de agradecimento enquanto saia do quar-
to. A cada passo sua raiva crescia, e a necessidade de vingança o en-
chia. Ele teria que controlar a vingança se fosse usar sua magia, por-
que a vingança poderia transformar uma pessoa boa para o mal rapida-
mente.
E embora Ramsey soubesse que ele tinha suas falhas e suas más
ações, ele não se considerava mau. No entanto, o deus dentro dele
era.
Era uma batalha constante lutar contra seu deus, e a primeira vez
que Ethexia encontrasse uma maneira de ultrapassar Ramsey, ele faria.
Ramsey não disse uma palavra enquanto caminhava até a mas-
morra. Abaixo do castelo, o calabouço era escuro e úmido, com apenas
algumas tochas para iluminar o caminho para as Druidesas.
Enquanto caminhava pelo meio das celas, as Druidesas se alinha-
vam no corredor. Uma pequena cama dobrável tinha sido trazida para o
quadrado, uma prisão com barras de ferro. Ramsey colocou suavemen-
te Tara na cama antes de se endireitar e sair.
Ele fechou a porta atrás dele. Depois de outro olhar para ela, ele
pôs a mão no ferro e amarrou a prisão com magia. Ele também permi-

308
tiu que a magia penetrasse profundamente no chão, para que ninguém
pudesse libertá-la, exceto aqueles dentro do castelo.
Ramsey baixou a mão quando viu Tara começar a se mover. Seus
olhos se abriram quando ela o fixou com um olhar letal.
― Eu sei o que você fez comigo. ― ela disse enquanto sentava.
― Sei como você amarrou minha magia porque temia que eu tivesse
muito.
Ramsey interiormente estremeceu com suas palavras. ― Nada
disso é verdade.
― É sim! Declan contou-me tudo. Ele abriu meus olhos!
― Ele te fez uma lavagem cerebral. ― Ramsey respondeu calma-
mente quando tudo o que ele queria fazer era socar a parede para libe-
rar parte da raiva dentro dele. ― Não lembra dos amigos que fez aqui?
Seus lábios se ergueram em um sorriso sarcástico quando ela
olhou os outros. ― Cada um de vocês me usaram. E eu terei minha
vingança.
Ramsey não sabia o que o doía mais, que Tara realmente acredi-
tava nas palavras que estava dizendo ou que Declan a tinha machuca-
do no processo de virá-la para seu lado. Porque Ramsey sabia que Tara
podia não mostrar danos físicos, mas Declan tinha a ferido. Ramsey
apostaria sua vida nisso.
― Pense o que quiser. ― disse Ramsey antes que alguém pudes-
se responder. ― Você afirma que é a verdade o que tem agora. Você se
lembra de antes? Correndo de Declan porque ele é o mal?
Tara riu. ― Era de você e do resto dos Guerreiros que eu estava
fugindo. Lembro-me do Guerreiro marrom em Edimburgo. Tara olhou
para Isla, Larena, Fallon e Broc. ― Eu me lembro de todos vocês me
perseguindo.
Isla começou a responder, mas Ramsey ergueu a mão para detê-
la.

309
Ele se virou para Tara. ― Pense o que quiser. Por agora, você vai
ficar aqui. Haverá comida trazida para você, e qualquer outra coisa que
possa precisar.
― Preciso sair.
― Exceto isso. ― Ramsey disse, e soltou um suspiro.
Tara cruzou os braços sobre o peito. ― Então planeja me manter
aqui para sempre? Não foi o suficiente você me fazer pensar mal da
minha família, então eu fugiria deles? Não foi o suficiente eu passar
dez anos olhando por cima do meu ombro e correndo de tudo o que eu
considerava uma ameaça?
Ramsey não respondeu. Sabia que não havia nada que pudesse
dizer a Tara que a fizesse mudar de ideia. E entrar em sua mente para
tentar alterar o que Declan tinha feito não era uma opção, agora que
Tara tinha efetivamente bloqueado todos.
Tomou tudo o que Ramsey tinha para virar-se e afastar-se dela,
especialmente quando tudo o que queria fazer era pegá-la em seus
braços. Tinha finalmente encontrado uma mulher que se encaixava em
seu mundo e tocava sua alma apenas para perdê-la?
Não foi até Ramsey estivesse de volta no grande salão que ele
notou como seus companheiros Guerreiros o cercavam, as Druidesas
em pé em um círculo maior em torno de seus irmãos. Ele viu a preocu-
pação e o interesse gravado nos rostos dos Guerreiros.
― Diga alguma coisa ― insistiu Larena.
Ramsey tinha aprendido desde o início que, como única Guerreira
feminina, Larena podia se segurar contra qualquer um deles. Qualquer
um que a subestimasse rapidamente perceberia seu erro.
― O que vocês querem que eu diga? ― Ramsey perguntou. ―
Declan efetivamente alterou a mente de Tara com alguma forma de
tortura. Eu não tenho ideia de quanto Declan foi profundo, ou se pode
ser revertida.
Camdyn cruzou os braços sobre o peito. ― Ou se nós deveríamos.

310
Havia isso, mas Ramsey não queria pensar muito adiante. Ele não
estava pronto para desistir de toda a esperança ainda.
― Qual é o seu plano? ― perguntou Broc.
Ramsey não estava surpreso que Broc soubesse que ele já tinha
começado a formar um plano. Quando na montanha Deirdre eles ti-
nham formado inúmeras estratégias para cada opção concebível.
― Eu vou atrás de Declan. ― O anúncio não pareceu alarmar
todo mundo como Ramsey esperava.
Logan assentiu, seu rosto pensativo. ― Quando você parte?
― Agora.
Foi Fallon que balançou a cabeça e disse: ― Não, Ramsey. Dê al-
gum tempo. Pense sobre isso.
― Por uma vez eu não vou pensar. Pela primeira vez eu vou agir.
Declan usou Tara. Ele mandaria que ela nos matasse e fosse até ele. A
primeira chance que ela tiver ela vai escapar. ― disse Ramsey, perce-
bendo que sua voz havia se elevado.
Ele respirou fundo e olhou para os rostos ao redor dele. ― Eu im-
ploro a cada um de vocês, não baixem a guarda com Tara. Ela acha
que somos nós que a prejudicamos. Ela é como um animal encurralado
agora, e ela vai atacar qualquer um de nós.
― Eu entendo você. ― disse Lucan. ― Mas eu concordo com Fal-
lon. Dê um dia, Ramsey. Vamos planejar.
― Nós? ― Ele repetiu e sorriu ironicamente. ― Não há nós. ― No
momento em que eu terminar com Declan talvez nem eu possa estar
aqui. Eu não quero nenhum de vocês perto de sua mansão por causa
disso.
Hayden bufou e levantou uma sobrancelha loira. ― Se você acha
que eu vou permitir que você vá para o lugar do mal sozinho, então é
melhor você me trancar na masmorra também.
― Hayden tem razão. ― disse Arran. ― As forças de Declan tal-
vez tenham nos superado em número no norte, mas quase o pegamos.

311
Ramsey passou a mão pelo cabelo. ― Ali era um terreno neutro.
Em sua mansão haverá feitiços e guardas impedindo qualquer um de
conseguir acessos.
― A menos que você seja um Druida. ― disse Larena enquanto
olhava para Ramsey.
Charon riu. ― Ela tem um ponto. Pense no que poderíamos fazer
se Declan acreditar que somente Ramsey veio atrás dele. Pense em
quão facilmente poderíamos tirar suas forças.
Ramsey não podia acreditar que todos não entendiam como era
importante que ele fosse sozinho. Até mesmo Galen e Fallon que ti-
nham presenciado ele supostamente brilhando, e Arran quem ele quase
matou concordavam que todos deveriam atacar.
― Sei que não sou um de vocês, mas ouvi tudo isso com interes-
se.
Ramsey se virou para encontrar Phelan atrás dele encostado na
parede, um pé apoiado nas pedras. ― E? ― Ramsey perguntou.
Os olhos cinza-azulados de Phelan encontraram-se com os dele.
― Se vamos pegar esse filho da puta, então precisa ser feito com todos
nós. E sim, antes de dizer algo sarcástico, Camdyn, estou me incluindo
nisso.
― Então está resolvido. ― disse Quinn.
Ramsey sabia que não poderia convencê-los a não ir, mas ele se-
ria um desgraçado se permitisse feri-los. ― Isso é uma merda, só para
vocês saberem. Mas se algum de vocês for certifiquem-se de estar lon-
ge quando eu usar minha magia.
― Concordo. ― disse Fallon. ― Eu vi o suficiente mais cedo para
saber que é melhor para todos.
Isla empurrou-se a frente de Hayden e olhou primeiramente para
Hayden então, para Ramsey com seus olhos azuis de gelo. ― Se vocês
acham que estão deixando nós Druidas fora desta luta, vocês precisam
repensar as coisas.
― Sobre o meu cadáver! ― gritou Hayden.

312
Logo Arran, Charon e Phelan estavam ao lado de Ramsey en-
quanto observavam os casais discutindo se as mulheres iriam ou não.
Não demorou muito para as mulheres conseguirem uma vitória.
Ramsey olhou para todos enquanto o salão se acalmava. ― Tudo
certo. Mas alguém deve ficar aqui para ter certeza de que Tara não irá
embora.
― Essa será eu. ― disse Fiona.
Como ela tinha pouca magia, eles concordaram em permitir que
ela ficasse.
― Você tem um plano? ― Broc perguntou a Ramsey novamente.
O sorriso de Ramsey foi lento. ― Oh, aye. Eu tenho.

313
CAPÍTULO TRINTA E OITO

Declan tamborilava com o dedo no braço do sofá de couro em seu


escritório enquanto bebia seu uísque. As coisas não poderiam ter ido
melhor com Tara.
Os Guerreiros do Castelo MacLeod tinham o hábito de atrapalhar,
mas Declan tinha encontrado uma maneira de contorna-los. Agora
nada que pudessem tentar mudaria o que ele tinha feito.
― Quando ela chegará? ― Robbie perguntou enquanto enchia
seu copo com uísque.
Declan encolheu os ombros. ― Não importa quando Tara chega-
rá. Ela virá. E isso é tudo que importa.
― Os MacLeods podem tentar mantê-la.
― Eles podem certamente tentar.
Robbie se virou e se apoiou contra o aparador enquanto rodava o
uísque. ― O que você fez para Tara exatamente?
― Ah, essa é a parte brilhante, primo. Declan inclinou-se para a
frente, estremecendo ligeiramente quando seu corpo protestou contra
o súbito movimento.
― Eu gostaria de ter pensado nisso antes. Todos esses anos des-
perdiçados em tentar encontrar Tara. Apenas pense se eu tivesse tido
tanto ela quanto Deirdre.
Robbie riu antes de drenar o uísque em um gole. ― Agora sim,
você teria tido algo.
― Tara foi forte, mas com a tortura certa, eu consegui atravessar
as defesas em sua mente e alterar sua percepção de tudo. Em vez de
me temer, ela teme agora todos os Guerreiros.
― Isso foi brilhante. Então ela agora é verdadeiramente nossa?

314
O olhar de Declan se estreitou e ele lentamente se sentou no
sofá. ― Ela é minha, sim. Sob meu comando.
― Claro. ― Robbie disse apressadamente.
Declan tomou um gole de uísque e perguntou: ― Encontrou mais
homens?
― Eu tenho outros três chegando amanhã da África do Sul. Você
realmente acha que o MacLeods seriam estúpidos o suficiente para ata-
car?
― Eu acho que eles irão tentar. ― Declan enxugou a boca com a
mão e pensou novamente no Guerreiro que tentara acessar a mente de
Tara. ― Poderia haver um Guerreiro que tenha uma ligação crescendo
com ela.
― Eu diria que foi da torre de Dunnoth, mas ele está morto.
Declan emitiu um som no fundo de sua garganta. ― Sim. Ele de-
veria estar. Há algo que ainda me incomoda nesse acontecimento intei-
ro, primo. Onde estava o Druida que enviou aquela explosão de magia?
― Eu não tenho ideia. ― Robbie respondeu com um leve enco-
lher de ombros.
― Os Guerreiros não podem ser Druidas, certo? Não há nada que
insinuasse isso, ainda...
― Você acha que pode haver um?
Declan apertou sua mandíbula enquanto a dor irradiava por todo
seu corpo quando ficou em pé. Aproximou-se de sua escrivaninha e
afundou-se na cadeira de couro preto de respaldo alto. Depois de dei-
xar de lado o copo, abriu o laptop e puxou os arquivos que havia guar-
dado sobre Druidas.
― Em todos os meus anos e todas as minhas pesquisas sobre
Druidas eu não me lembro de nada que sugira que qualquer um de nós
se tornou Guerreiros.
Robbie caminhou atrás de Declan e olhou para a tela. ― Certa-
mente se houvesse um Guerreiro que também fosse parte Druida, ele
teria atacado Deirdre bem antes que ela crescesse muito poderosa.

315
Uma risada escapou de Declan, e ele fechou o computador. ―
Você está certo. Eu simplesmente não consigo parar de pensar naquele
Guerreiro ou na magia que foi enviada para mim. Magia que o estava
comendo agora, agonizantemente devagar, mas comendo da mesma
forma.
― Mas pense nisso. Se tivessem alguém meio Druida, metade
Guerreiro, ele já teria vindo para a batalha.
― E ninguém será capaz de me derrotar, mesmo que tente. De-
clan sorria enquanto ele segurava as mãos na mesa e se levantava. ―
Acho que é hora do jantar, Robbie.
Declan não pensou mais no MacLeods enquanto entrava na sala
de jantar para a comida que o aguardava.
***
Ramsey, Broc, Isla e Phelan foram os primeiros que Fallon tele-
transportou para a mansão de Declan. Em poucos minutos, todos, in-
cluindo o filho de Fiona, Braden, e o filho de Marcail e Quinn, Aiden,
estavam lá.
Vinte e quatro pares de olhos olhavam para Ramsey de seu es-
conderijo a cerca de trezentos metros da mansão de Declan.
― Conto apenas quatro guardas patrulhando. ― sussurrou
Camdyn.
Broc grunhiu. ― Aye, mas eu sinto camadas sobre camadas de
magia.
― Seus feitiços. ― Ramsey disse com um aceno de cabeça. ―
Declan queria ter certeza de que, se voltássemos, não entraríamos em
sua casa.
O sorriso de Logan foi enorme quando ele disse, ― Porque nós
apavoramos como o inferno.
Hayden deu uma cotovelada em Logan, mas sorriu da mesma
forma. ― Qual é o plano, Ramsey?
Ramsey olhou para Larena. ― Vou entrar, mas não vou estar sozi-
nho.

316
― Espere. ― Fallon disse quando compreendeu o significado de
Ramsey. Larena é uma guerreira. Ela não conseguirá superar essas bar-
reiras.
― Quando tiver terminado, todos vocês poderão entrar.
Larena colocou uma mão calmante sobre a de Fallon e olhou para
Ramsey. ― O que você quer que eu faça?
Ramsey olhou além do ombro de Larena para as luzes que vi-
nham da mansão. A escuridão estava caindo, e precisava estar noite
profunda para o plano de Ramsey funcionar, além disso levaria algum
tempo para passar pelos feitiços.
― Eu quero que você entre na casa dele invisível. Encontre o
quarto de Declan ou onde quer que ele mantenha seus feitiços. Haverá
um livro ou dois cheios deles. Preciso que sejam destruídos.
Quinn franziu o sobrolho. ― Por quê? Eles são apenas feitiços, e
ele provavelmente já os memorizou até agora.
― Não, meu amor. ― disse Marcail. ― Há milhares de feitiços.
Não podemos nos lembrar de todos, e é por isso que tantos Druidas os
escrevem. É por isso que temos três livros cheios deles no castelo.
Ian deslocou-se na neve. ― Quinn está certo. Por que destruí-
los? Traga-os de volta para o castelo. Poderia haver algo nesses feitiços
que nossas Druidesas podem usar.
― Esses livros estão cheios de feitiços de magia negra. ― apon-
tou Ramsey. ― Eu não acho que trazê-los para o Castelo MacLeod seria
o ideal.
― Concordo. ― disse Fallon.
Isla apanhou o olhar de Ramsey. ― Espere. Não que eu esteja
defendendo o uso da magia negra, mas nem todos os feitiços são
maus. Você sabe tão bem quanto eu, Ramsey, que depende do Druida
que usar, se o feitiço é bom ou mau.
― Se de alguma forma Declan sobreviver a isso, eu não quero
que ele tenha qualquer acesso a esses feitiços. ― disse Ramsey.

317
Hayden grunhiu profundamente em sua garganta. ― Ele não vai
sobreviver a isso, meu amigo.
― Hayden está certo. ― disse Broc. ― Conheço seus planos,
Ramsey. Ele não vai sobreviver.
Ramsey esfregou sua mandíbula, seus pensamentos se voltando
para Tara por um momento. ― Precisamos esperar até que esteja total-
mente escuro. Quero que cada Guerreiro com sua esposa Druidesa es-
tabeleça um círculo ao redor da mansão. Ninguém sai.
― Eu estou gostando disso. ― Gwynn disse enquanto esfregava
suas mãos enluvadas.
Ele viu a raiva nos olhos das Druidesas. Todos estavam prontos
para lutar contra Deirdre, mas Gwynn, Dani e Saffron não sabiam real-
mente quem era Deirdre. Mas elas conheciam Declan muito bem.
Elas também tinham visto o que ele tinha feito com Tara.
― E então? ― perguntou Logan.
― Vocês fiquem lá. ― disse Ramsey. ― Não importa o que vocês
vejam, fiquem lá e lutem, porque uma vez que eu estiver dentro, não
demorará muito para que os outros tentem sair.
Charon perguntou: ― E nós que não temos mulheres?
Ramsey olhou para Fallon. ― Fallon, Larena estará dentro, mas
eu preciso que você fique com os outros. Assim que Larena sair com os
livros, quero que ambos permaneçam fora da mansão.
― Feito. ― disse Fallon.
Ramsey então olhou para os três que não estavam acasalados. ―
Phelan, Charon e Arran, quando vocês sentirem cair a magia que prote-
ge a mansão, eu preciso que vocês três entrem e tenha a certeza de
que ele não está prendendo mais Druidas. Se ele estiver, então liberte-
os.
― E se nos depararmos com algum de seus mercenários? ― per-
guntou Phelan.
Ramsey sorriu. ― Faça o que quiser.

318
― Isso é tudo? ― Os olhos de Arran estavam duros, o queixo tra-
vado enquanto se preparava para a próxima batalha.
― Não. ― Ramsey apertou as mãos ao lado dele e olhou ao re-
dor o grupo de pessoas que ele chamava de família. ― Declan é meu.
Quando começamos nossa batalha, preciso que todos vocês mante-
nham uma distância segura da mansão. Eu não sei até onde minha
magia chegará quando eu desencadear tudo, mas eu não vou parar até
Declan estar morto.
Os lábios de Hayden achataram quando ele soltou um longo sus-
piro. ― Eu não gosto dessa parte do plano, Ramsey. Você disse que
manteve sua magia presa já que você não pode controla-la por causa
de seu deus.
― Isso é verdade. E ser um Guerreiro só acrescenta mais à mi-
nha magia. Posso matar Declan, mas preciso saber que nenhum de vo-
cês será machucado.
Galen engoliu em seco e respondeu: ― Você tem a nossa pala-
vra.
Foi suficiente para Ramsey. Ele assentiu com a cabeça e desviou
o olhar.
― Você ouviu Ramsey,― Fallon disse. ― Todos tomem suas posi-
ções. Eu sei que está frio, garotas, mas seus Guerreiros irão mantê-las
aquecidas. Todos, fiquem vigilantes. Este bastardo já fez o suficiente
para nós.
Os outros se arrastaram entre as sombras para tomar suas posi-
ções ao redor da mansão. Ramsey permaneceu com Fallon, Larena,
Phelan, Charon e Arran.
― Estou achando bastante difícil ficar lá quando sei que o bundão
está esperando para morrer. ― disse Arran.
Charon olhou para ele e sorriu. ― Você sente necessidade de ou-
tra batalha tão cedo, Arran?
― Quem não gosta de matar o mal? ― Phelan perguntou.

319
Ramsey olhou para a lua, seguindo sua ascensão para o céu. Não
demoraria muito.
***
Tara pensou que tinha conhecido o medo real, mas não o tinha
experimentado verdadeiramente até que acordou para encontrar-se
trancada em uma masmorra.
Uma maldita masmorra medieval!
Ela tentou manter a calma, mas seu coração estava correndo e o
sangue batendo em seus ouvidos tão alto que afogava tudo o resto.
Tara tinha que encontrar uma saída da masmorra. Ela ainda não
podia acreditar que tinha sido enganada tão completamente por Ram-
sey e os outros.
O que doía mais era que tinha se apaixonado por ele. Totalmente
fisgada. Ela deveria ter sabido que ele era bom demais para ser verda-
de.
― Oh. ― ela ofegou, e agarrou a cabeça quando outra dor de ca-
beça bateu nela.
Sentia como se um atirador estivesse cravando na base de seu
pescoço e em seu crânio. A dor a fazia ver manchas diante dos olhos,
mas ela se recusava a apagar. Ela tinha que ficar acordada, para ficar
focada e viva.
Lágrimas se juntaram em seus olhos quando ela percebeu quem
Ramsey e os outros Guerreiros realmente eram. Como eles e as Drui-
desas que ela pensava serem suas amigas haviam trabalhado ao lado
de Deirdre para trazer o mal ao mundo.
Enojou Tara ao saber que havia vivido entre tantos maus, e que
tinha considerado fazer do Castelo MacLeod sua casa.
Também mostrou quão forte era a magia das Druidesas no caste-
lo. Não só podiam esconder o castelo e impedir que as pessoas enve-
lhecessem, mas também poderiam fazer alguém acreditar numa menti-
ra como se a tivessem conhecido durante toda a sua vida.

320
Tara enxugou uma lágrima que escapou e fungou. Ela não iria
chorar. Ela tinha estado em situações apertadas antes. Não importa
como, ela iria sair disso.
Ela pensou novamente em Ramsey parado do outro lado das gra-
des, fingindo estar chateado com suas palavras. Mas não havia mais
fingimento com ela. Ela conhecia o verdadeiro dele, o verdadeiro mons-
tro que ele era.
Tinha que haver alguma maneira de sair da masmorra. Havia um
impulso esmagador para ela sair do castelo o mais rápido que pudesse.
O castelo ficara estranhamente quieto, mas ela sabia que não a deixari-
am sozinha. Havia alguém no castelo. Mas quem?
Ela não ficou sem saber por muito tempo quando a porta para a
masmorra rangeu e o som de passos leves pôde ser ouvido descendo
as escadas vindo do grande salão.
Tara observou Fiona quando ela apareceu carregando uma ban-
deja de comida. Tinha pensado uma vez que Fiona era uma das pesso-
as mais gentis que já conhecera. Mas isso foi antes que Tara soubesse
a verdade, antes que ela soubesse o quão mal todas elas realmente
eram.
― Você está com fome? ― Fiona perguntou.
Tara apenas olhou para ela. ― Por que você está fazendo isso?
Eu nunca te fiz mal.
― Estamos fazendo isso pelo seu próprio bem.
Tara bufou em resposta. ― Meu próprio bem? É mesmo? Então é
pelo meu próprio bem estar trancada nesta masmorra medieval? É pelo
meu próprio bem que todos vocês me enganaram?
― Nós não te enganamos.
Por uma fração de segundo o rosto de Fiona mudou de crueldade
alegre para um de confusão e preocupação, seus olhos gentis cheios
de apreensão.

321
Tara balançou a cabeça e apertou os olhos fechados. O movimen-
to fez com que a dor cortasse sua mente novamente, mas ela se recu-
sava a mostrar a Fiona qualquer emoção, exceto a raiva.
― Chega! ― Tara gritou. ― Estou cansada das mentiras.
― Você não sabe o que está dizendo.
Os olhos de Tara se abriram. ― Eu sei exatamente o que estou
dizendo. Eu vou sair daqui, Fiona, e Deus te ajude se você tentar ficar
no meu caminho.
Fiona lentamente colocou a bandeja para baixo ao lado das bar-
ras de ferro. Ela se endireitou e enxugou suas mãos em suas calças
cáqui. ― Você pode tentar, mas eu receio que você não vai deixar esta
cela até que os outros voltem.
Se havia uma coisa que Tara nunca tinha sido capaz de ignorar,
era um desafio de qualquer tipo. E ela tinha ouvido exatamente isso na
voz de Fiona.
Tara se levantou da cama estreita e caminhou até a porta para
que ela ficasse diretamente em frente de Fiona, apenas as barras de
ferro que os separavam. ― Eu tenho que sair. E eu vou.
Apenas dizer as palavras, enviou um choque de magia através de
seu centro para fora, para cada braço e perna, até os dedos das mãos
e dos pés. A magia vibrou com potência dentro dela, urgindo a usá―
la, a sentir seu poder.
― Saia do meu caminho, Fiona. ― advertiu Tara.
Fiona balançou a cabeça e suspirou. ― Não adianta tentar. Você
só vai se machucar.
Mas Tara não estava ouvindo. Não mais iria ouvir as mentiras saí-
das dos lábios de pessoas que ela pensava serem seus amigos, pessoas
que ela pensava que a estavam protegendo. Em vez disso, eles queri-
am usá-la, para machuca-la.
Para matá-la.

322
― Não. ― Tara disse mais pela ideia de alguém colocando uma
mão nela, em vez de comentário de Fiona. ― Estou saindo desse mal-
dito castelo e nunca voltando.
Fiona deu um passo para trás. ― Tara, por favor. Estamos apenas
tentando ajudar.
Uma emoção passou por Tara com o medo que ela viu nos olhos
de Fiona. Que adicionado com sua magia era tudo que ela precisava.
Ela estendeu a mão para as barras e envolveu as mãos em torno do
ferro.
A magia deslizou através de sua pele e no metal. Quando ela viu
um feixe de fumaça branca se movendo para as barras, sua respiração
ficou presa em sua garganta quando um flash de lembrança brilhou em
sua mente de ver magia como aquela antes.
Mas quem esses feixes tinham envolvido? Era um homem, Tara ti-
nha certeza. Mas quem?
Ela foi empurrada de volta para o presente quando o alto clique
da fechadura da porta soou no silêncio. Tara abriu a porta e inclinou a
cabeça para Fiona.
― Eu disse que estava indo embora.
A boca de Fiona estava aberta, os olhos enormes. ― Você... não
há nenhuma maneira que você devesse ter sido capaz de abrir a porta.
Havia magia para evitar isso.
― Magia ineficaz. ― ela respondeu. Mas ela se lembrou do único
laço de magia e ficou curiosa.
Tara se virou e começou a subir as escadas. Quanto mais depres-
sa ela saísse do castelo, mais fácil seria respirar. Mas, só tinha dado
dois passos quando Fiona a agarrou pelas costas.
Elas caíram para frente, Tara pegando o impacto da queda. Todo
o medo que ela tinha guardado irrompeu naquele momento. Ela atacou
com suas mãos, e sua magia, enquanto e lutava para fugir.
Sua magia voou de suas mãos com uma força que fez seu cora-
ção pular uma batida, mas ela não pensou nisso. Nem mesmo quando

323
ouviu um grito estrangulado ou quando o corpo de Fiona ficou mole,
Tara parou para questionar isso.
Ela empurrou Fiona de cima dela e subiu correndo as escadas
para o grande salão. Tara tropeçou enquanto empurrava a porta e
olhava ao redor da imensa extensão do salão.
Então ela viu seu casaco pendurado perto da porta e correu para
ele. Ela o agarrou e correu para fora. Apenas para parar bruscamente
quando olhou para os carros a frente dela.
Ela sorriu e correu para o Land Rover. Os Guerreiros nunca tran-
cavam os veículos, e sempre deixaram as chaves dentro. Por que quem
ousaria roubar o que todos compartilhavam?
Tara não se importara por que eles faziam isso, só que agora tinha
transporte para fugir do Castelo MacLeod. Ela deslizou no assento e fe-
chou a porta. As chaves estavam na ignição, e ela não perdeu tempo
em ligar o SUV.
Ela colocou o veículo em sentido inverso e pressionou o aquece-
dor enquanto abaixava o cinto de segurança. O SUV levou um momen-
to para mover-se através da neve, e então pisou no freio e agarrou a
direção com as duas mãos.
O enorme portão de madeira estava fechado, e Tara pensou que
ela teria que atravessá-lo, então ela olhou para cima e viu um pequeno
controle remoto preso ao quebra-sol. Ela apertou o botão. E para seu
deleite, o portão começou a abrir.
Não foi até que Tara passou através da barreira de Isla que es-
condia o castelo, e estar na estrada principal que ela se sentiu relativa-
mente segura. Ela não tinha ideia de onde estava indo, apenas que es-
tava colocando cada vez mais distância entre ela e o mal que a tinha
levado.
Uma lágrima deslizou pelo seu rosto, e depois outra e outra.
Ela fungou e enxugou a odiada umidade. Como ela poderia ter
sido tão tola a ponto de acreditar que eram eles que a ajudariam?
Como poderia ter sido tão ingênua a ponto de lhes dizer tudo o que sa-
bia?

324
Como ela poderia ter sido tão estúpida por se apaixonar por um
monstro?
Isso é o que machucava mais. Não que a tivessem enganado,
mas que tivesse acreditado nas palavras de Ramsey e em suas carícias.
Ela pensou que ele era alguém especial. Único.
O homem que ela esperara encontrar por anos.
Tara sacudiu a cabeça. ― Não. Não vou mais pensar nele. Sua
lembrança e tudo o que aconteceu entre nós foi uma mentira. Ele está
limpo da minha mente.
Se apenas isso fosse verdade. Mas Tara sabia melhor do que nin-
guém que se você se dissesse algo o suficiente, acabaria acreditando
nisso.
Ela ligou o rádio, ouvindo Godsmack 3 enquanto dirigia. Foi quan-
do parou para pegar algo para comer que percebeu onde estava indo.
― Declan. ― sussurrou ela.
***
Malcolm jogou o restante de sua comida no lixo. Como sentia fal-
ta do sabor da comida no Castelo MacLeod. Tinha certeza de que a
maior parte da comida que comia neste mundo moderno não era real.
Processada. Tudo era processado.
Ele revirou os olhos e saiu para o claro céu noturno. Depois de
semanas de neve, o céu finalmente havia se esvaziado.
Malcolm olhou para o café atrás dele, desejando que tivesse co-
mido no restaurante que vira no quarteirão, mas não queria sentar em
um restaurante e fazer com que todos o fitassem por causa de suas ci-
catrizes.
Agora ele desejava ter feito isso, porque pelo menos seu estôma-
go estaria cheio.
Malcolm saiu do meio-fio e começou a caminhar quando a magia
Druida bateu nele, a força dela fazendo-o dar um passo para trás.

3
Banda de heavy metal norte americana.

325
Ele olhou em volta e viu um Land Rover preto passar por ele. As-
sim que seu olhar se conectou com a mulher que dirigia, ele soube que
ela era uma Druidesa.
Com apenas um segundo de hesitação, Malcolm se virou e obser-
vou o SUV parar no mesmo café que ele tinha acabado de sair. Ele se
escondeu atrás de um carro e viu a mulher sair do SUV e entrar no
café.
Não havia dúvidas de que ela era uma Druidesa, mas sua magia
era uma curiosa mistura de mie e drough, como se ela não soubesse o
que ela era.
Quando a mulher retornou, Malcolm subiu no topo do Land Rover.

326
CAPÍTULO TRINTA E NOVE

Declan derramou outro copo de uísque de malte único em seu


copo. Não parecia importar o quanto ele bebia, nada ajudava a entor-
pecer a agonia dentro dele.
A magia tinha diminuído consideravelmente, mas ainda assim as
marcas pretas se ramificavam em todo o seu rosto, bem como em seu
corpo.
Todo o seu braço esquerdo e ombro estavam cobertos por longas
e irregulares marcas negras que o faziam lembrar de relâmpagos que
bifurcavam através do céu.
Declan segurou o copo até a testa e fechou os olhos. Ele suspirou
cansado. A dor era administrável, e mesmo se sua aparência nunca
fosse restaurada adequadamente, ele poderia corrigi-la com sua magia.
Tudo ficaria bem assim que ele tivesse Tara.
Ele abriu os olhos com um sorriso enquanto acariciava o pequeno
livro de couro que lhe dera o feitiço que precisava para aceder à mente
de Tara. De todos os seus livros de feitiços, este era o que ele mais va-
lorizaria.
Declan pôs a mão sobre o livro. Um feitiço de esconderijo saiu de
seus lábios para manter o livro escondido de seus inimigos.
Porque não importava quantas barreiras e feitiços ele colocou em
sua casa, ou quantos mercenários Robbie contratou, Declan sabia que
os Guerreiros viriam por ele.
E ele queria que o fizessem.
A interferência deles terminaria assim que atacassem. E Declan
sabia que não demoraria muito. Não depois do que ele tinha feito com
Tara.

327
Ele riu, maravilhado com sua própria astúcia. Por fazer Tara pen-
sar que seus amigos eram seus inimigos, e seus inimigos seus amigos.
Era impagável, e ela nunca saberia a diferença.
Não havia necessidade de convencê-la a vir até ele. Agora não,
pelo menos. Ela pensava que ele era seu salvador, então ela viria por
conta própria. E, uma vez na mansão, ela se tornaria voluntariamente
drough, pensando todo o tempo em que estava fazendo magia boa.
Como seria diferente se ele tivesse feito isso há dez anos. Os
Guerreiros do Castelo MacLeod teriam sido a primeira coisa que Declan
se livraria.
― Logo. ― ele murmurou, e se levantou para guardar o livro de
feitiços atrás de outros dois maiores na estante.
Declan voltou a se sentar e recostou-se na poltrona, com os tor-
nozelos cruzados, apoiado em sua mesa. Esta sala era aquela que a
ninguém era permitido entrar, exceto Robbie. Este era a sala onde ele
fazia quase todos os seus feitiços.
A sala onde ele tinha aprimorado sua magia ao longo dos anos.
E a sala onde ele havia encontrado o Diabo.
Esse dia mudara para sempre sua vida. Por causa disto, esta pe-
quena sala, esparsamente decorada com apenas o mínimo, era o lugar
onde ele vinha para estender em sua magia.
Ao contrário de seu escritório, que era mais para mostrar do que
qualquer outra coisa. Seu escritório mostrava seu poder e sua riqueza,
e quando conduzia o negócio nele, provava a seus sócios que não era
alguém com quem brincar.
Declan brincou com a abotoadura de rubi no punho da camisa e
apoiou as mãos sobre o estômago enquanto imaginava como ele go-
vernaria o mundo.
***
Tara desacelerou e então parou o Land Rover enquanto se aproxi-
mava da mansão de Declan. Mesmo no escuro e através das árvores,
ela podia ver a estrutura alta que iluminava a noite.

328
Ela o tinha deixado quando ele tinha oferecido um santuário à
ela. Tinha fugido dele várias vezes, e o temeu como nenhum outro. Ele
a receberia? E o mais importante, ele a perdoaria?
Com um longo suspiro, ela pisou no pedal do acelerador e chegou
na propriedade de Declan. Os grandes portões de metal bloqueavam
sua entrada, mas antes que ela pudesse abaixar a janela e apertar o
interfone, os portões se abriram.
Tara inclinou-se para a frente e olhou pelo para-brisa. ― É tudo
ou nada. ― ela sussurrou.
Ela manobrou o carro em torno da fonte maciça situada no cami-
nho circular e estacionou nos degraus da frente. Tara colocou o SUV
estacionado e desligou.
Por um momento ficou sentada ali, ensaiando como cumprimen-
taria Declan. A dor, tão familiar, a esfaqueou na base do crânio.
Tara agarrou a cabeça e cerrou os dentes enquanto a agonia a
atravessava. Imagens de pessoas brilharam em sua mente como ins-
tantâneos, mas repetidas uma e outra vez.
Era Ramsey.
Ela bateu a mão contra o volante. ― Não. Não!
Instantaneamente, a dor e as imagens pararam.
Com uma respiração trêmula, levantou a cabeça. Era agora ou
nunca. Tara abriu a porta do Land Rover e pisou na neve.
E esperando por ela nos degraus estava Declan.
― Eu não achei que você voltaria para mim. ― ele disse com um
sorriso de boas-vindas. ― Estou feliz por tê-la em casa, Tara.
Quando ele abriu os braços, ela andou ansiosamente para dentro
deles. ― Sinto muito por fugir de você. ― disse ela.
― Não pense nisso, garota.
Tara se afastou e franziu a testa quando viu as marcas pretas so-
bre o lado esquerdo de seu rosto e seu pescoço. As marcas não eram
uma tatuagem elaborada.

329
― O que aconteceu?
Declan encolheu os ombros. ― Não é nada que eu não possa li-
dar. Vamos entrar onde está quente. Eu tenho seu antigo quarto espe-
rando. E eu fiz algumas compras para você. Acho que você vai gostar
das roupas.
Tara não se importava com roupas de grife. Tudo que ela queria
era encontrar uma casa, um lugar onde ela pudesse se sentir segura e
feliz.
Uma imagem do Castelo MacLeod brilhou em sua mente, mas ela
afastou-a e sorriu para Declan.
***
― Que diabos? ― Fallon murmurou.
Phelan balançou a cabeça em confusão. ― É...
― Tara. ― Ramsey terminou para ele.
Arran disse: ― Eu não entendo como ela se libertou. Eu vi você
colocar aqueles feitiços na prisão, Ramsey.
Ramsey não conseguia tirar os olhos dela. Ele apertou as mãos
quando viu Declan envolve-la com os braços. Um rosnado soou profun-
damente na garganta de Ramsey, a necessidade de sangue, o sangue
de Declan, era feroz.
― Acalme-se. ― disse Charon a seu lado. ― Você não vai fazer
nada de bom se perder o controle.
Ramsey não desviou o olhar até que Tara estava dentro da man-
são e a porta se fechou atrás dela. Depois. passou a mão pelos cabelos
e passeou atrás das árvores que os bloqueavam.
― Ela não deveria ter sido capaz de ficar livre. ― disse ele.
Fallon se levantou ao lado de Larena. ― Eu vou voltar para o cas-
telo e ver o que aconteceu. Volto em breve. Não comece sem mim. ―
alertou.
― Não iremos. ― disse Arran.

330
Apenas alguns segundos depois que Fallon se teletransportou, os
cinco se voltaram imediatamente para o som de passos que se aproxi-
mavam. E num piscar de olhos, todos eles libertaram seu deus.
― Calma! ― Malcolm sussurrou quando apareceu, suas mãos es-
tendidas na frente dele.
Larena ofegou e derrubou seu deus. ― Malcolm! ― disse ela, cor-
rendo para seu primo e abraçando-o.
Ramsey encontrou o olhar de Malcolm, e soube que não tinha
sido a coincidência que trouxera Malcolm à propriedade de Declan.
― O que você está fazendo aqui? ― Larena perguntou quando
ela deu um passo para trás.
Malcolm olhou para a mansão de Declan. ― Eu senti uma Druide-
sa, mas não apenas qualquer Druidesa. A magia era... estranha.
― Como assim? ― perguntou Ramsey.
Malcolm esfregou o queixo, pensativo. ― Como se sua magia não
pudesse decidir se era mie ou drough. Enquanto ela estava no café, eu
subi no teto do Land Rover para ver quem era ela. Imagine minha sur-
presa quando chegamos aqui. E eu senti outros Druidas.
― O nome dela é Tara. ― disse Larena. ― Tara Kincaid. Nós a
protegemos de Declan.
Uma das sobrancelhas de Malcolm ergueu-se. ― Ela não pareceu
ter medo dele depois do que eu vi.
― Isso é porque Declan mudou suas memórias. ― Ramsey disse.
― Ela acha que as pessoas que são suas amigas são agora seus inimi-
gos e vice-versa.
― Maldição. ― murmurou Malcolm.
Phelan resmungou. ― Isso é o mínimo, companheiro.
Malcolm lhe enviou um olhar plano antes de voltar para Ramsey.
― Eu teria pensado que precauções teriam sido tomadas para garantir
que ela não saísse do castelo.
― Elas foram. ― respondeu Arran.

331
Fallon apareceu ao lado de Larena, seu rosto torcido de pesar.
― O que é? ― perguntou Larena. ― O que aconteceu?
Mas Ramsey soube o momento em que o olhar de Fallon encon-
trou o dele.
― Fiona está morta. Por magia. ― disse Fallon.
Larena cobriu a boca com a mão e inclinou-se para frente, as
lágrimas tão silenciosas como o grito que mantinha trancada dentro
dela.
Ramsey sabia disso porque sentia o mesmo. O que era pior era
que sabia quem era a responsável pela morte de Fiona.
― Isso não significa que Tara tenha feito isso. ― disse Charon.
Ramsey sacudiu a cabeça e olhou para a mansão. Declan virou-a
contra nós e, ao fazê-lo, certificou-se de que faria o que fosse necessá-
rio para se libertar.
― Você acha que ela matou Fiona? ― Phelan perguntou.
Ramsey encolheu os ombros. ― Eu teria que sentir a magia usa-
da em Fiona para saber, mas acho que ela fez. Não de propósito entre-
tanto. Independentemente do que Declan fez para Tara, não está nela
matar
― Concordo. ― disse Arran.
Ramsey olhou para Fallon para encontrá-lo reconfortando Larena,
seus braços travados ao redor um do outro. No entanto, apesar de toda
a sua conversa, não era apenas Declan quem foi responsável pela mor-
te de Fiona. Ele mesmo também era.
Tinha sido ele a colocar o feitiço na prisão. Tinha sido ele a ter
certeza que alguém fosse deixado para trás com Tara.
Tinha sido ele que estava confiante demais que Tara não seria ca-
paz de sair.
― Carregar o peso dos mortos é um fardo pesado. ― sussurrou
Malcolm.

332
Ramsey olhou em seus olhos azuis e assentiu. ― Eu vou ter que
contar a Braden.
― Não. ― Larena finalmente falou enquanto enxugava suas lágri-
mas. ― Eu vou fazer isso. Você se sente responsável, Ramsey, mas
você não é culpado.
Fallon parou Larena quando ela começou a se afastar. ― Vamos
esperar até depois da batalha. Braden não precisa pensar nisso quando
precisa ficar seguro.
Larena assentiu com a cabeça, mas suas lágrimas não diminuí-
ram.
Malcolm enfiou as mãos nos bolsos dianteiros de seu jeans e
olhou para Ramsey.
― Então. Qual é o plano, e como posso ajudar?

333
CAPÍTULO QUARENTA

A lua estava alta no céu quando Ramsey saiu de trás das árvores
e caminhou para a porta da frente da mansão. As barreiras e os feitiços
de Declan não impediam os Guerreiros de se aventurarem em sua pro-
priedade, apenas na casa.
Mais uma vez, a arrogância de Declan ia custar-lhe. E se Ramsey
tivesse alguma coisa a dizer, o custo seria a vida de Declan.
Ramsey tentou não pensar em Tara como ela tinha estado no
castelo quando tentou mata-lo ou quando a trancou na masmorra. Ten-
tou não pensar nela nos braços de Declan, nem no fato de que ela ti-
nha matado Fiona.
Em vez disso, lembrou-se de Tara como tinham estado na noite
anterior. Seus sorrisos, seus suspiros. Seu corpo deslizando sensual-
mente contra ele. A maneira como ela sussurrou seu nome enquanto
eles ficavam presos nos braços um do outro depois de fazer amor.
Ele lutaria para devolver Tara à mulher que tinha sido. Se chegas-
se a isso, Ramsey estava disposto a morrer para obter sua liberdade de
Declan.
Foi então que ele percebeu o quão profundo eram seus sentimen-
tos por Tara. Sentimentos mais profundos e mais fortes do que ele ja-
mais teve para qualquer uma.
Ou sempre.
Ramsey fez uma pausa ao lado do Land Rover e olhou dentro
dele. À sua direita, sua audição melhorada captou um grunhido que
veio de um dos mercenários quando seu plano entrou em vigor.
Ele esperou enquanto, um a um, os guardas eram mortos.
― Ramsey? ― Larena sussurrou por trás dele.
Ela já estava invisível, esperando que ele terminasse de atraves-
sar as barreiras para que ela pudesse cumprir sua parte.

334
― Fique atrás de mim. ― disse Ramsey com uma pequena mu-
dança de cabeça para o lado. ― Você vai sentir quando a magia come-
ça a desaparecer. Quando eu começar a ir para a escada, você será ca-
paz de entrar. Não espere em mim. Entre o mais rápido que puder.
― Tudo bem. ― veio sua resposta suave.
Ramsey sabia que Larena estaria segura. Era a única razão pela
qual a tinha convocado para entrar. Enquanto ela permanecesse invisí-
vel, ninguém saberia que ela estava lá.
A raiva que Ramsey manteve afastada cresceu dentro dele como
uma onda de maré alta. Isso bradou, ganhando ímpeto enquanto corria
através dele. E ele não parou.
Ele a recebeu isso, Encorajou. Abraçou.
Ethexia rugiu dentro de Ramsey, encorajando-o a encontrar De-
clan e arrancar seu coração. Seu deus queria sangue e morte, e por
uma vez Ramsey sentia o mesmo.
Tinham pensado que Declan não era o adversário que Deirdre ti-
nha sido. Eles estavam errados, muito errados. Mas era hora de corrigir
as coisas, para infligir a justiça como só um Guerreiro e Druida poderia.
Ramsey chamou a sua magia. Seus lábios se inclinaram ligeira-
mente quando a magia respondeu ansiosamente. Encheu-o, diminuindo
sua raiva para que pudesse focar adequadamente. Um equilíbrio tinha
sido de alguma forma atingido, e era tudo que Ramsey precisava para
prosseguir.
Ele levantou as mãos, as palmas para fora, em direção à mansão.
Por causa de seu dom de ser capaz de determinar que tipo de magia
ou feitiço era usado, depois de apenas um toque das barreiras em tor-
no da mansão Ramsey sabia como removê-las.
As palavras da primeira magia que seu pai lhe ensinara saíram de
seus lábios. Não era um feitiço de reversão tanto quanto aquele que,
se um Druida tivesse magia suficiente, poderia destruir qualquer magia
que se interpusesse no caminho.

335
Quando a última palavra foi pronunciada, o sorriso de Ramsey
cresceu quando as barreiras se quebraram. Não podiam ser vistas, mas
a magia podia ser sentida enquanto se derretia em nada.
― Você conseguiu. ― sussurrou Larena.
Mas Ramsey não teve tempo de responder. A porta da mansão
abriu-se para revelar Declan.
― Eu sabia que um Guerreiro viria para reclamar Tara. ― Declan
disse cuidadosamente quando deu um passo para fora de sua casa.
Ramsey não respondeu, permitindo que Declan se afastasse cada
vez mais da casa. Ramsey o queria tão longe de Tara quanto conse-
guisse.
― Será que ele sabe que as barreiras se foram? ― perguntou La-
rena suavemente.
Sem mover os lábios, Ramsey disse: ― Não.
― Você deveria estar morto. ― continuou Declan. ― Nós coloca-
mos várias balas X90 em você, Guerreiro.
Ramsey levantou os lábios em um sorriso sarcástico. ― Eu pensei
que você sabia, drough. Guerreiros são notoriamente difíceis de matar.
― Não se eu cortar sua cabeça. ― Declan cuspiu com raiva.
Ramsey riu. Não demorou muito que isso enraivecesse Declan.
Que era exatamente o que Ramsey precisava saber. ― Você certamen-
te pode tentar. Eu acho que você vai achar mais difícil do que pensa.
Diga-me, como você está se sentindo?
Os olhos de Declan se estreitaram. ― Não estou morto.
― Ainda não. Posso remediar isso.
― Tara é minha, Guerreiro. Parta agora, e eu não vou matar
você.
Ramsey sorriu maliciosamente. ― Pensei que você nos conheces-
se melhor do que isso. Nós não abandonamos o que é nosso. Entre-
gue-a para mim agora e conserte o que você fez com ela, e eu não fa-
rei você sofrer antes de matá-lo.

336
― Você nunca vai chegar perto de mim. Eu protegi a casa com
feitiços poderosos, ― Declan provocou.
Ramsey levantou uma sobrancelha. ― Você tem certeza?
― Você não será capaz de descansar um pé sobre estes degraus.
Sem outra palavra, Ramsey fechou a lacuna entre eles e ficou de
pé no degrau inferior. ― Você estava dizendo?
― Como? ― murmurou Declan, com a boca entreaberta e os
olhos cheios de confusão.
― Eu pensei que você conhecesse os Druidas de Torrachilty. Se o
fizesse, saberia que eu era um.
― Não. ― disse Declan, sacudindo a cabeça.
― Oh, aye.
Ramsey enviou um tiro de magia para Declan, derrubando-o para
trás, de modo que ele caiu dentro da casa. Algo passou por Ramsey, e
ele sabia que era Larena.
― Robbie! ― gritou Declan.
Ramsey subiu lentamente os degraus e entrou na mansão. ―
Seus mercenários estão engajados de outra forma.
― Robbie!
― Continue gritando por socorro. Não há ninguém para te ajudar
agora.
Pelo canto do olho, Ramsey viu um segundo antes de Tara cami-
nhar de uma sala lateral e entrar em sua linha de visão para ficar entre
ele e Declan.
― Aqui estou eu. ― disse ela.
Ramsey olhou em seus olhos azul-esverdeados e se preparou
para o que estava por vir. ― Saia do caminho, Tara.
― Eu não permitirei que você o machuque. Ele não fez nada.

337
― Ele fez mais do que você sabe! ― Berrou Ramsey, incapaz de
conter a raiva.
― Ele prendeu Saffron por três anos, torturando-a e cegando-a
para usar suas habilidades de Vidente.
Tara sacudiu a cabeça. ― Você mente.
― Ele tentou pegar Gwynn também. Logan quase morreu sal-
vando-a. Acredite no que quiser sobre mim ou sobre os outros Guerrei-
ros, mas saiba o que ele lhe disse sobre as Druidesas está errado.
O olhar dela nunca vacilou. ― Já terminou de falar?
Ramsey tinha apenas mais uma tentativa antes que ele soubesse
que ele teria que agir. ― Que tipo de homem permite que uma mulher
fique entre ele e a morte?
Suas sobrancelhas franziram e seu olhar baixou por um momen-
to.
― Se Declan realmente abriu sua casa para protegê-la, ele man-
teria você com segurança longe desta batalha. ― , disse Ramsey, pres-
sionando a questão. Ele tinha visto uma abertura, e ele iria fazer o que
fosse necessário para transformar Tara.
― Eu não pedi que você se metesse no meio disto, ― Declan dis-
se enquanto ficava em pé. ― Você fez isso, Tara, porque você sabe o
quão poderosa você realmente é.
Seus olhos se levantaram para Ramsey mais uma vez, embora
houvesse uma pitada de incerteza neles.
― Eu vim por Declan. ― disse Ramsey. ― Ele feriu muitas pesso-
as, inclusive você. Ele precisa pagar por seus crimes.
A gargalhada de Declan soou no saguão. ― Tara sabe a verdade.
Ela sabe que foram os Guerreiros que mataram.
― Eu admito que matei. ― disse Ramsey enquanto olhava nos
olhos de Tara.
― Eu matei Deirdre, centenas de seus wyrrans, e qualquer um
que procurou ferir inocentes. É meu dever como Guerreiro.

338
Ramsey fechou as mãos enquanto sua magia queimava, pronta
para ser liberada sobre Declan. Ele não queria ter que afastar Tara,
mas a menos que pudesse convencê-la, não teria escolha.
― Tara, lembre-se. ― ele insistiu. ― Lembre-se de nosso tempo
no castelo. Nossas noites. Lembre-se da magia que fluiu entre nós.
Tara nunca estivera tão incerta de nada em sua vida. As palavras
de Ramsey faziam sentido, mas cada vez que ela começava a acreditar
nele, imagens horríveis dele enchiam sua mente.
Entre essas imagens, viu-o sorrindo para ela, seus olhos pratea-
dos cheios de desejo e ternura.
Ela tinha a capacidade de ler as pessoas, mas não importava
quantas vezes ela tentasse fazer isso com Ramsey a dor na base do
seu crânio explodia.
Fez tudo o que pôde para manter-se parada enquanto ouvia De-
clan e Ramsey.
Ela não falou porque não podia, não com a dor tão intensa e sua
confusão tão grande.
Declan se aproximou por trás dela e colocou as mãos em seus
ombros. ― Ele te forçou, Tara. Ele tomou você sem o seu consentimen-
to. Ele só quer fazer você acreditar que havia algo entre vocês dois.
Olhe para ele. Olhe para o monstro que ele é.
Antes que os olhos de Tara travassem no olhar cinzento de Ram-
sey, sua visão ondulou, de repente ele se tornou um monstro com san-
gue manchando as mãos. Ela piscou e Ramsey era mais uma vez o
belo homem que ela reconhecia, embora o olhar dele tivesse mudado
para Declan e em suas profundezas cinza Tara viu ódio tão profundo
que ela soube que Ramsey não iria parar por nada para matar Declan.
― Você quer ver um monstro? ― Ramsey perguntou. ― Vou lhe
mostrar um monstro.
Tara tinha assistido a mudança de Ramsey para sua forma de
Guerreiro, mas vendo a cor de bronze profundo penetrar sua pele não
a assustou como deveria. Nem suas longas garras de bronze ou as pre-
sas que ela viu quando abriu os lábios com desdém.

339
Era o bronze metálico que sangrou em seus olhos de canto a can-
to, ultrapassando os olhos cinzentos que ela conhecia tão bem, o que
lhe deu uma pausa.
Ela não sabia o que fazer. Ela estava diante de Ramsey para sal-
var Declan que tinha aberto seus olhos para quem ela realmente era?
Ou ela se afastava por causa das imagens que ela continuava a ver das
noites que passara nos braços de Ramsey?
Qual era a verdade, e qual a mentira?
Em quem ela confiava?
Era óbvio que um deles estava mentindo, mas Tara não podia di-
zer. Ela não queria ser responsável pela morte de alguém, mas tam-
pouco queria ser a única que permitisse que o mal vivesse.
Ela queria apenas se afastar, fingir que não conhecia nenhum dos
dois homens. Mas nenhuma quantidade de desejo poderia mudar a si-
tuação em que ela estava.
― Última chance, Tara. ― disse Ramsey. ― Saia do meu cami-
nho, ou vou tirar você eu mesmo.
Poderia um homem com um deus dentro dele a ter amado terna-
mente? Poderia um homem que era imortal e tinha matado tantas pes-
soas ser o do lado do bem?
Ou era o homem que se escondia atrás dela? Aquele que usava
seu dinheiro para comprar o que queria e quem ele queria?
Quem era o mal?
Tara encontrou o olhar de Ramsey, e ela o ouviu dizer: ― Eu te
amo. ― bem antes que magia a envolvesse.
Ramsey observou Tara deslizar para o chão. Apertou a mandíbu-
la, rezando para não tê-la matado. Mas ele sabia como a magia dela
era forte. Ele tinha que garantir que a tirou do caminho durante o tem-
po que levaria para matar Declan.
― Foi um toque agradável. ― disse Declan enquanto olhava para
Tara. ― Eu não aprecio você matá-la.

340
― É melhor do que ela cair em suas mãos do mal. Mas não se
preocupe, seu bundão nojento, seu fim virá esta noite.
Declan soltou uma gargalhada. ― Meu fim. Oh, acho que não.
Ramsey ouviu o gatilho da arma um segundo antes que a bala
batesse em seu coração. Mais três seguiram em rápida sucessão.
As balas picavam, mas era o sangue drough que escorria das ba-
las que causavam a verdadeira dor.
Ramsey levantou o olhar para a escada acima dele para encontrar
o primo de Declan, Robbie, com a arma ainda apontada para ele.
Quando Robbie disparou mais dois tiros, Ramsey foi capaz de se mover
rapidamente o suficiente para evita-l-s.
E enquanto o fazia, ele subiu as escadas até Robbie.
Robbie ofegou quando percebeu que Ramsey estava ao lado dele.
Ele tentou virar a arma para Ramsey, mas Ramsey estendeu a mão e
agarrou seu braço.
― Por que você ainda tenta? ― Ramsey disse.
Com um ligeiro aperto, quebrou o braço de Robbie em dois. O
homem gritou, segurando seu braço. Ramsey ergueu a mão, suas gar-
ras afundaram no peito de Robbie, quando ele foi jogado contra a pa-
rede por uma rajada de magia.
Ramsey gritou enquanto rodava de joelhos e apunhalava Robbie
no coração com suas garras. Ele não olhou para baixo para ver se Rob-
bie estava morto. Ele sabia que estava.
Ramsey então saltou sobre o corrimão e desembarcou no saguão
na frente de Declan. ― Eu estive ansioso por este momento há muito
tempo.
― O momento em que você morre? ― Declan disse com um sorri-
so sarcástico.
― Você realmente acha que vai sair disso o vencedor? Não estou
sozinho. Todos as Druidesas e Guerreiros estão aqui. Eles tiraram seus
homens e invadiram sua casa. Você é tudo o que restou.

341
Declan apenas sorriu. ― Se você soubesse o poder que me foi
dado, você não ousaria me desafiar.
― Não haverá um desafio. ― disse Ramsey, saltando para o ar e
derrubando Declan quando lhe enviou uma enorme onda de magia de-
bilitante.

342
CAPÍTULO QUARENTA E UM

Malcolm estava ao lado de Phelan quando o interior da mansão de


Declan começou a iluminar― se. A inundação de magia que saia da
casa era tão forte que Malcolm sentiu-a picando sua pele enquanto eles
ainda estavam na garagem.
― Pronto? ― Phelan perguntou.
Malcolm olhou para o Guerreiro dourado e deu um único assenti-
mento.
― Vamos.
Os dois entraram correndo na mansão, esquivando-se da magia
enquanto se dirigiam para onde Tara estava. Phelan pegou a Druidesa
em seus braços e correu para fora da casa.
Mas Malcolm permaneceu.
Ele sorriu quando viu o dano que Ramsey causara em Declan,
mas o sorriso desapareceu quando Malcolm viu o sangue derramando
do peito de Ramsey. Encharcando sua camiseta preta, fazendo a cami-
seta parecer lisa e pegajoso como se agarrou a Ramsey.
Malcolm ainda estava atrás de Declan. Ele estremeceu, mas per-
maneceu de pé, quando um par de tiros de mágica de Ramsey errou
Declan e aterrissou em Malcolm. A magia proveniente de Ramsey era
diferente de tudo o que Malcolm já havia experimentado.
Era mais poderoso do que Deirdre e Declan juntos. E Declan ain-
da não percebera.
Malcolm entendeu então que Ramsey estava brincando com De-
clan até aquele ponto. Ele não queria ninguém na casa quando soltasse
sua magia em Declan.
― Malcolm. ― , uma voz sussurrou ao lado dele. ― Eu preciso de
ajuda.
Ele reconheceu a voz de Larena. ― O que você precisa?

343
― Não posso levar todos os livros que Ramsey pediu.
Malcolm amaldiçoou sob sua respiração. Ele captou o olhar de
Ramsey para deixa-lo saber que ainda não tinham saído. Com um sus-
piro, ele girou no calcanhar e correu até a escada que levava à mas-
morra de Declan e seu escritório particular.
***
Quinn estava lado a lado com sua esposa enquanto lutavam con-
tra os mercenários que tentavam ataca-los vindos da mansão. Do outro
lado dele estava seu filho, Aiden.
E ao lado de Aiden estava Braden. Ambos eram homens jovens
agora, e Quinn odiava que estivessem vendo tanta morte e maldade.
Mas o simples fato era que eles precisavam de todos os Druidas e Drui-
desas, não importando quanta magia eles tivessem.
Uma bala saiu de uma árvore e feriu o braço de Aiden.
― Cuidado, filho. ― disse Quinn.
As palavras não saíram de sua boca antes do corpo de Braden se
sacudir para trás e ele cair na neve.
― Não! ― gritou Marcail antes de se virar e enviar uma explosão
de magia ao mercenário que ousara atirar sobre eles.
Quinn correu para Braden e o apanhou em seus braços. Ele o ob-
servou crescer de um menino pequeno para o homem que era.
― Papai? ― perguntou Aiden.
― Ele se foi, filho. Eu sinto muito.
Aiden abaixou a cabeça para esconder sua tristeza. Quinn olhou
em volta para os Guerreiros e Druidesas lutando antes de sentir Marcail
chegar ao seu lado.
Havia tanta morte, tantos inocentes mortos.
― Isso acaba esta noite ― disse Quinn.

344
Ele ficou em pé e soltou um grito enquanto corria para um mer-
cenário que tinha saído da mansão. Quinn ergueu suas garras, seus lá-
bios puxados para trás sobre suas presas.
***
Ramsey fez uma careta quando vislumbrou Malcolm correndo
abaixo da casa para a masmorra. As balas X90 estavam fazendo seu
trabalho, mais lentamente porque ele era meio Druida, mas estavam
começando a afetá-lo.
Fez tudo o que podia para não libertar toda a sua magia em De-
clan como desejava fazer. Só Tara o impedira de perder o pouco contro-
le que tinha.
Quando Phelan partiu com ela em seus braços, Ramsey achou
que finalmente acabaria. Como ele estava errado.
Ele conseguiu bloquear várias explosões de magia de Declan para
manter o drough fora de equilíbrio. Até mesmo o uso de suas garras
em Declan tinha tido o efeito pretendido e deixado ele cambaleando.
Mas não tinha sido suficiente.
Ramsey esperava e orava para que ele pudesse ultrapassar De-
clan sem liberar toda a sua magia, mas em algum lugar no fundo de
sua mente ele sabia a verdade. Ia levar tudo para destruir o mal, como
Declan.
Com um giro, Ramsey evitou mais um golpe da magia de Declan,
mas recebeu parte do golpe que o enviou cambaleando para trás.
― Eu pensei que você fosse um Druida de Torrachilty? ― Gritou
Declan, então levantou seus lábios em desprezo. ― Você não é nada.
Ramsey sentiu sua magia se levantar, pronta para responder a
Declan de uma vez por todas. Ele quase perdeu o controle, mas de al-
guma forma ele conseguiu arrancar sua magia de volta.
― O que? Você não gosta de como minha magia alterou sua apa-
rência? ― Ramsey zombou enquanto fazia um gesto para as veias ne-
gras que cobriam Declan, enquanto eles circulavam um ao outro.
― Um pequeno inconveniente.

345
― Mentiroso. Você deveria estar morto por causa disso agora.
Declan riu. ― Ah, isso depende se você tem amigos em lugares
altos. E eu tenho o mais alto. Satanás parou a progressão.
― Outra mentira. ― disse Ramsey com um “tsk tsk”. ― Ele não
parou. Ele diminuiu a velocidade. Eu sei, porque se ele tivesse parado,
não teria chegado ao seu rosto. Diga-me, se ele é tão poderoso e você
é seu favorito, por que ele não te curou?
Declan gritou sua fúria e enviou três curtos disparos de magia
para ele.
Ramsey recebeu cada um deles. Ele não tinha escolha. Seu corpo
não se movia quando ele disse para fazer, então não havia tempo para
sair do caminho.
De repente, Malcolm estava mais uma vez no saguão. Ele deu um
aceno para Ramsey e se foi. Ramsey não sabia como Larena tinha saí-
do, só que ela tinha.
Agora que a casa estava limpa, ele não tinha que se segurar
mais. O único problema era que ele não tinha certeza se tinha força su-
ficiente para terminar com Declan.
Ele tinha usado tanto de sua força apenas para permanecer em
pé que ele podia se sentir definhando. E rapidamente. Não havia dúvi-
da agora. Ramsey sabia que ele não iria viver depois que liberasse sua
magia.
Levou um controle incrível e força para puxar sua magia, e ele
nem tinha forças a esta altura.
Estava profundamente triste por deixar Tara. Sua única esperança
era que os outros pudessem de alguma forma, de algum modo desfa-
zer o que Declan tinha feito com ela.
E que ela se lembrasse dele nos anos vindouros. Pois ela estaria
sempre com ele. Nesta vida ou na próxima, ela era para ele. Ele dese-
jou ter entendido mais cedo para que pudessem ter passado mais tem-
po juntos.
Pelo menos ele poderia livrá-la daquele mal.

346
Ramsey sorriu e começou a rir enquanto ele soltava sua magia e
seu deus. Se ele estava indo para morrer, ele estava indo se certificar
de que fosse espetacular.
― Do que você está rindo?
Ramsey olhou para suas mãos que ele estendeu para os lados.
Ele os viu começar a brilhar sobre sua pele bronzeada, e logo o brilho
tomou conta de seu corpo inteiro.
― Você está pronto para morrer? ― Ramsey perguntou.
O entendimento surgiu nos olhos azuis de Declan. ― Você estava
brincando comigo.
― Nada de você sobreviverá esta noite. O mal dentro de você
que afetou todos aqueles ao seu redor será limpo. ― Ramsey falou cal-
mamente enquanto caminhava em direção a Declan.
― Não. Por favor. Eu te imploro. Não estou pronto para morrer.
― Nem estavam os que você matou.
― Por favor! ― Declan gritou e caiu de joelhos.
Mas Ramsey deixou de ouvi-lo. Pensou em Tara, no amor que co-
meçara a florescer em seu coração. Então fechou os olhos e derramou
toda sua magia em Declan.
***
Foram os gritos, os terríveis gritos sangrentos que puxaram Tara
para a consciência. Ela abriu os olhos para encontrar-se deitada em um
terreno que havia sido limpo de neve.
Ao seu redor estavam as Druidesas e Guerreiros do Castelo Ma-
cLeod, seus olhares fixos em algo. Os rostos dos homens estavam pre-
sos em angústia, as mulheres chorando, algumas suavemente, algumas
atingidas pela dor.
Tara piscou, confusa sobre por que estava fora e com aqueles
que ela considerava seus inimigos. No entanto, nenhum deles a tinha
amarrado ou mesmo a observando para se certificar de que ela não es-
capasse.

347
Ela se virou para a casa e sua respiração ficou presa em seu pei-
to. Algo estava brilhando tão radiante que ela teve que proteger seus
olhos apenas para ver. A luz do brilho penetrava cada janela no primei-
ro andar, inundando a noite com luz.
Os gritos, ela percebeu tardiamente, eram de Declan. Eles havi-
am desaparecido, mas o brilho não tinha parado.
― Ele está ferido. ― Malcolm disse para o silêncio.
Fallon apontou a cabeça para o Guerreiro. ― Quão mal?
― Não tenho certeza. Havia sangue. Muito sangue.
― Ouvi tiros enquanto eu estava lá embaixo. ― disse Larena, le-
vantando o rosto do peito de Fallon.
Eu te amo. As palavras que Ramsey disse mais cedo ecoaram na
cabeça de Tara.
Homens maus não sabiam que eram maus. Eles pensavam que
estavam certos, e era por isso que sempre lutavam tão duramente con-
tra aqueles que se opunham a eles. E os homens maus poderiam amar.
As imagens de ódio em sua mente sobre Ramsey estavam em for-
te contraste com as que ficaram de suas noites juntos.
Independentemente disso, Declan estava morto. E Ramsey logo o
seguiria. Poderia permitir isso? Poderia viver com ela mesma?
Tara se levantou silenciosamente e lambeu os lábios. Ela lembrou
o quanto Ramsey não queria usar sua magia por medo de prejudicar
inocentes.
Onde aquele pensamento tinha vindo antes, ela não sabia. Tinha
acabado de aparecer de repente. A verdade dessa memória era inegá-
vel.
Ela sentiu o olhar de alguém e virou a cabeça para encontrar
Charon olhando para ela. Seus olhos eram inescrutáveis no escuro,
mas ela podia sentir sua raiva e ressentimento.

348
Tara voltou-se para a mansão. Ramsey ainda não tinha saído, e
sentia que ele sairia. Se ele era o mal que Declan dizia que ele era, por
que isso a incomodava tanto?
Ela era má?
Num momento ela pensou que sabia quem era ela e quem eram
seus amigos, e no seguinte ela se confundia com lembranças de senti-
mentos de segurança e amor enquanto estava no Castelo MacLeod.
Declan tinha afirmado que era a magia deles convencendo-a dis-
so, mas agora Tara não sabia em que acreditar.
― Por que Ramsey não sai? ― Broc perguntou, sua voz cheia de
emoção.
Tara olhou para as mãos. Uma lembrança veio até ela, distante e
tão vaga que não tinha certeza se era uma lembrança, um sonho ou
uma fantasia, mas havia feixes brancos de magia girando ao redor dela
e através dela.
Essa magia tinha sido forte e verdadeira. Aquela magia tinha sido
incrível.
Essa magia tinha vindo de Ramsey.
Ela empurrou os olhos para a mansão e de repente soube o que
ela tinha que fazer. Tara correu o mais rápido que pôde até a porta da
frente, percorrendo a espessa neve. Mas não parou. Não quando a
neve a fazia tropeçar, e não quando os outros a chamavam para voltar.
Nem mesmo quando a voz de Gwynn implorava que ela voltasse
porque Ramsey não queria que ela se machucasse.
Tara explodiu pela porta da frente para encontrar Ramsey ainda
no vestíbulo, mas de costas para ela. Ela podia vê-lo, mas sua pele bri-
lhava, e os feixes de magia que ela tinha lembrado se envolviam em
torno dele rápido e espessa.
― Ramsey. ― ela disse enquanto se aproximava dele.
A força da magia dele a fez dar um passo para trás, mas não foi
até que ela ficou diante dele e viu seus olhos bronze Guerreiro brilhan-
do que ela soube que ele estava perdido para ela.

349
Ela tentou tocá-lo, mas sua magia queimou-a, isso era tão feroz.
― Ramsey. ― ela disse mais alto, e tentou mais uma vez tocá-lo.
A pele dela chiava queimando com a magia dele, mas ela não ce-
deu enquanto empurrava através do brilho e tocava sua pele de bron-
ze. O sangue cobria a frente dele, e continuava a escorrer das quatro
feridas em seu peito.
Ela ofegou quando viu que um tinha entrado em seu coração.
― Ramsey? Você pode me ouvir? Preciso que me ouça.
Tara engoliu em seco, a dor tornando-se insuportável. ― Eu não
sei quem eu sou. Eu não sei no que acreditar. Preciso que me ajude,
Ramsey. Eu preciso de você.
Para seu horror, a magia de Ramsey continuava crescendo e se
espalhando. Engolindo-a, a agonia fazendo-a apertar os dentes para
não gritar.
Não era de admirar que ele tivesse sido tão inflexível quanto a
que todos ficassem longe dele. Sua magia era mais do que poderia ter
imaginado ou sonhado.
Tara envolveu seus braços em torno de seus ombros largos e en-
terrou a cabeça em seu pescoço. A respiração dele era irregular, corta-
da, enquanto lutava para puxar a respiração seguinte.
Ela podia sentir sua pele queimando, e sabia que se ela não fizes-
se algo, iria morrer logo. Então Tara fez a única coisa que ela sabia, ela
chamou a sua magia.
Isso a cobriu-a, e em vez de empurrar contra a de Ramsey, sua
magia se entrelaçou com a dele. A dor começou a diminuir logo depois.
Ela não teve muito tempo para comemorar, no entanto, quando Ram-
sey caiu de joelhos e, em seguida, de costas.
Tara nunca o soltou. Ela apoiou as mãos no chão e se inclinou so-
bre ele enquanto via os tentáculos da magia lentos e se movimentarem
entre os dois.
Ela soube então, naquele instante, que Ramsey não era seu ini-
migo. O sentimento dentro dela, o amor que de alguma forma estava

350
escondido, explodiu no momento em que a fita de magia tocou Ramsey
e então ela.
Nenhuma quantidade de truques ou feitiços poderia esconder o
que havia entre eles. Tudo em sua mente começou a se acertar, mas
ela não se importava. Sua atenção estava em Ramsey enquanto sua
vida desvanecia― se diante de seus próprios olhos.
― Ramsey! ― Ela gritou e tocou sua bochecha. ― Ouça― me.
Você tem que voltar para mim. Por favor.
Sua pele de bronze desapareceu, e com ela suas garras, presas e
seus olhos de bronze metálico. Ele piscou e seu olhar cinza se concen-
trou nela.
― Ramsey? ― Ela perguntou esperançosamente.
Ele levantou uma mão trêmula para o rosto dela e suavemente
acariciou sua bochecha. Então seus olhos se fecharam e sua mão caiu
no chão.
― Ramsey!
Uma grande mão tocou seu ombro, e ela levantou a cabeça para
encontrar Phelan.
― Deixe-me ― disse ele.
Tara olhou de volta para Ramsey.
― Você levou sua magia para dentro de você. ― Dani disse a seu
lado. ― Você o salvou. Agora deixe Phelan fazer o resto.
Tara saiu de cima de Ramsey e viu Phelan cortar a camisa de
Ramsey com uma garra. Depois de um rápido golpe da mesma garra
em seu braço, Phelan deixou que algumas gotas de seu sangue entras-
sem em cada ferida.
Assim que Phelan terminou, Tara inclinou-se mais uma vez sobre
Ramsey. Ela alisou o cabelo molhado de Ramsey longe de seu rosto e
esperou que ele abrisse os olhos.

351
― Por favor. ― implorou para Ramsey e para Deus. Ela descan-
sou sua testa contra a dele e não fez nada para deter as lágrimas que
caíam. ― Por favor, não me deixe perde-lo.
― Por quê? ― disse uma voz profunda que ela conhecia muito
bem.
Tara ouviu alguém ofegar enquanto abria os olhos e olhava para
os olhos cinzentos. ― Porque ele disse que me amava. Porque ele não
desistiu de mim. E... porque eu o amo com todo o meu coração.
― É realmente você? ― Ramsey perguntou.
Tara assentiu. ― Estou de volta. Eu não sei exatamente como,
mas de alguma forma nossa magia reverteu o que Declan fez.
Seus braços a envolveram e a abraçaram apertadamente. ― Pen-
sei que tinha perdido você.
― Nunca. ― ela sussurrou.
Ramsey a rolou de costas e se inclinou para olhá-la. ― Não vou
perder mais um momento sem você. Eu quero você ao meu lado sem-
pre, Tara Kincaid. Você quer se casar comigo?
A alegria tão radiante brilhou através de Tara que ela pensou que
explodiria. Em todos os seus sonhos nunca tinha pensado ser tão feliz,
e como Ramsey, ela não iria deixar essa felicidade ir.
― Sim. Claro!
Entre o riso de Ramsey e sorrisos, ela ouviu os outros aplaudindo,
mas ela só tinha olhos para seu homem. Seu Guerreiro.
Seu escocês.

352
EPÍLOGO

Março, dois meses depois


Castelo de MacLeod

A primavera chegou cedo ao castelo de MacLeod. O sol brilhava


num céu claro e azul, e o castelo estava cheio de felicidade.
Tara alisou a mão na frente de seu vestido de seda Versace que
decorado com pérolas costuradas à mão. Ela olhou para uma mulher
que ela pensava que nunca estaria no espelho de corpo inteiro.
Não apenas feliz, mas confiante. E amada.
― Tem certeza de que está feliz com seu cabelo? ― Saffron per-
guntou pela terceira vez enquanto entrava no quarto de Tara.
Tara riu e cruzou o olhar com Saffron no espelho. ― Você voou
com um dos melhores hair stylist de toda Londres para o castelo, ven-
dado. Cinco vezes. Só para que pudéssemos obter o penteado certo.
Não poderia ser mais perfeito.
E isso não era tudo que Saffron tinha feito. Ela e as outras havi-
am passado os últimos dois meses comprando um vestido de noiva
com ela, encontrando a maquiagem certa, joias e sapatos.
Todas as mulheres haviam se unido tão bem, que ela sabia que
nada as separaria.
Saffron veio atrás dela e reorganizou o longo véu que caía ao
chão e fluía atrás do vestido de seda branca de Tara. ― Você parece
radiante. Você está pronto?
― Estou.
― Bom, porque Ramsey está prestes a vir buscá-la. ― disse ela
com uma risada.
Mas Tara sabia que ela não estava brincando. Ramsey tinha dito a
Tara que ela poderia ter qualquer tipo de casamento que quisesse, e

353
quando ela lhe disse um tradicional em uma igreja, ele piscou. Ele sim-
plesmente não tinha previsto esperar dois meses para a cerimônia. Mas
isso foi o mais rápido que elas poderiam ter o vestido feito.
Com um último olhar para si mesma, Tara seguiu Saffron para
fora da câmara e para baixo no grande salão. Um pequeno buquê de
rosas amarelo-pálido e lavanda a esperava. Levou as flores ao nariz e
inalou seu perfume.
Quando ela viu as duas rosas brancas que ela havia pedido no
meio para Fiona e Braden, ela teve que piscar as lágrimas.
Braden nunca soube que fora ela quem matara sua mãe, e era
um peso que Tara carregaria com ela até o dia em que morresse.
Saffron tomou seu cotovelo, e juntas elas caminharam do castelo
para a muralha e depois para a pequena capela onde todos os Guerrei-
ros tinham se casado.
― Oh! ― murmurou Tara quando viu todas as rosas amarelas e
lavanda e tulipas decorando não apenas o exterior da capela, mas tam-
bém dentro dela.
Saffron deu um pequeno aperto no braço dela antes de se apres-
sar na capela para ficar ao lado de Camdyn.
O olhar de Tara foi puxado para a frente da capela onde Ramsey
estava em um kilt verde escuro, vermelho e azul-marinho, seu olhar
fixo sobre o dela. Ela sabia que seu sorriso era tão grande quanto seu
rosto, mas ela não se importava.
A música começou e Tara se obrigou a dar passos lentos e pausa-
dos pelo pequeno corredor até Ramsey, em vez de correr para o lado
dele como queria fazer.
E quando ela finalmente o alcançou, ele pegou sua mão e disse,
― Você está deslumbrante.
― Como você. ― Ela sabia que ele tinha nascido em uma época
em que eles não usavam kilts, mas o xadrez de um clã ainda tinha sido
importante. ― Eu acho que você deve usar seu kilt o tempo todo.

354
A voz do pastor, que também tinha sido trazido com os olhos ven-
dados, encheu a capela.
― Eu amo você ― disse Ramsey.
Ela sorriu. ― E eu te amo.
***
Malcolm estava de pé na parte de trás da igreja. Declan estava
morto, e embora ele não tivesse sido o único a mata-lo, pelo menos o
mal tinha desaparecido.
Mas agora o que ele devia fazer?
Tinha sido a necessidade de acabar com o mal que tinha mantido
Malcolm seguindo. Para onde ele iria agora?
Ele deveria ter sabido que ficar no Castelo MacLeod por qualquer
período de tempo iria deixa-lo preso de alguma forma com algo que
Fallon queria que ele fizesse.
Assim quando eles deixaram a igreja para a celebração no castelo
Fallon disse:
― Eu preciso de você, Malcolm.
― Você tem outros.
― Sim, mas se você não fizer isso, Larena irá.
Malcolm parou de andar e encarou o marido de sua prima. ―
Não use Larena.
― Ela é minha esposa. Quero protegê-la.
― Ela é uma guerreira, Fallon. Ela pode cuidar de si mesma.
― Um dia, você encontrará uma mulher que se infiltrará em seu
coração e alma. Então você entenderá minha posição.
Malcolm correu a mão pelo rosto. ― O que você quer de mim?
― Eu preciso que você vá para Londres. Veja se consegue encon-
trar alguma coisa sobre artigos que foram tirados do Castelo de Edim-
burgo em 1132.

355
― Você acha que esse feitiço que está procurando está em Lon-
dres?
― Nós não sabemos. Havia três remessas. Dois por terra, um por
água. Um por terra e um por água chegaram a Londres. Um deles de-
sapareceu. Precisamos saber se o feitiço está no que desapareceu.
Malcolm assentiu com a cabeça. ― Eu vou fazer isso.
― Bom. ― Fallon deu-lhe uma palmada nas costas. ― Agora ve-
nha e tenha um pouco de bolo e uísque.
Malcolm demorou a seguir Fallon. Ele não tinha certeza de como
se sentia sobre a tarefa. Parte dele estava aliviado por ter algo a fazer,
mas outra parte dele temia que se tornaria o monstro que ele sabia
que era, se deixasse o Castelo MacLeod.
***
Jason Wallace se moveu desconfortavelmente em sua cadeira. Ele
viera a pedido de um Sr. MacCray, que era muito insistente.
Jason não era o tipo que ficava fora de problemas com a lei; O
pedido tinha sido... preocupante. Quando não tinha comparecido a
duas das reuniões, acordara esta manhã para encontrar quatro homens
em seu apartamento que o haviam trazido a este elegante escritório.
A porta do escritório se abriu, e um homem entrou. Ele usava um
terno escuro, perfeitamente adaptado. Ele tinha a cabeça cheia de ca-
belos que era mais prateada do que preta, mas seus olhos castanhos
eram afiados, inteligentes, quando caíram sobre ele.
― Bem, Sr. Wallace, estou feliz por finalmente ter você no meu
escritório.
― Sr. MacCray, ― Jason disse enquanto se movia para a borda de
seu assento.
MacCray ergueu a mão. ― Antes de começar, deixe-me inter-
rompê-lo. Parece, Sr. Wallace, que você é o membro sobrevivente da
família Wallace. Tenho certeza de que viu as manchetes de que Declan
Wallace foi morto no incêndio que destruiu sua casa?
― Sim.

356
― Como você é o próximo na fila da fortuna da família, tenho o
prazer de lhe dizer que herdou tudo o que era de Declan Wallace.
Jason lambeu os lábios, já mentalmente gastando o dinheiro em
viagens e ternos. ― Tudo?
― Isso mesmo. ― MacCray deslizou um pedaço de papel em sua
mesa para Jason. ― Basta assinar aqui, Sr. Wallace, e você estará sain-
do do meu escritório mais rico do que a maioria no Reino Unido.
Jason não hesitou em assinar os papéis. Tudo o que ele conse-
guia pensar era o dinheiro e pagar suas dívidas de jogo. De ser um ho-
mem importante para que as pessoas não pudessem mais ignorá-lo.
Colocou a caneta e deslizou o papel de volta para MacCray. ― A
mansão foi completamente destruída?
― Não, tudo.
― Bom. Eu visitava lá frequentemente quando jovem. Estou ansi-
oso para torna-la minha casa. E tudo dentro é meu?
― Tudo.
Jason saiu do escritório com a cabeça erguida. Não haveria retor-
no a seu apartamento infestado de baratas. Ele estava indo para sua
mansão.
***

357

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