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Por Lidyane Moraes

BÍBLIA, CONHECER PARA AMAR

3. Os Católicos e a Bíblia
Aqui adentramos num campo delicado da história.
Setembro mês da
Projeto CAFÉ
Primeiramente, é preciso reconhecer que nós cristãos católicos ainda
BÍBLIA! Veja o capítulo 3 hoje, mesmo os mais fiéis à vida cristã, não desenvolvemos uma
familiaridade com a Bíblia.
Para nós [católicos] a Bíblia é “um livro mais ou
menos cerrado, onde não temos o costume de
procurar o nutrimento da vida espiritual; para
revigorar nossa piedade, reservamo-nos, com
prazer, e quase que exclusivamente, de obras e
Capítulo 3 – Os Católicos e a Bíblia opúsculos [folhetos; texto impresso que contém
poucas páginas] religiosos posteriores à Bíblia .
Neste capítulo tratarei de fatos históricos e ideias disseminadas (Dom Estevão Bittencourt. Para entender o antigo
ao longo dos séculos e que contribuíram para que o povo católico testamento, pág.15)
mantivesse um certo afastamento, falta de intimidade, falta de
familiaridade com a Bíblia. Tais ideias ainda persistem nos dias Se perguntarmos a um católico sobre a veracidade da Bíblia,
atuais. certamente, ele irá responder que a Bíblia é livro inspirado por Deus
para a santificação da humanidade. Ora, se seu fim é a santificação de
quem a lê, por quais motivos o católico não mergulha em suas letras
Siglas CDDV Constituição Dogmática Dei Verbum já que se trata do primeiro manancial de espiritualidade para todos os
AT Antigo Testamento CIC Catecismo da Igreja Católica fiéis?
NT Novo Testamento Com isso não diminuo o valor de outros objetos e práticas também
CV II Concílio Vaticano II favoráveis para nossa santificação, porém, são menos “ricos em sua
eficácia”.
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“...Transmite-o a pessoas de confiança, que sejam capazes de ensinar a outros...” (2Tm 2,2b-2c)
Por Lidyane Moraes
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Vejamos, então, a eficácia da Palavra de Deus: audiovisual. A internet está aí, são inúmeros os sites católicos
confiáveis para dar a todos os fiéis algum auxílio.
Para que ela serve? “Desde criança conheces as Escrituras Sagradas.
Ela tem o poder de te comunicar a sabedoria que conduz à salvação De outra banda, historicamente não se pode esquecer da decadência
pela fé no Cristo Jesus. Toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para simultânea da Bíblia e da Liturgia, desde os fins do séc. XIII  era
ensinar, para argumentar, para corrigir, para educar conforme a renascentista, fim das cruzadas, censuras às autoridades eclesiásticas,
justiça. Assim, a pessoa que é de Deus estará capacitada e bem cisma do Ocidente [que dividiu o catolicismo com 2 Papas brigando
preparada para toda boa obra.” 2Tm 3,15-17 entre si], a peste [que dizimou populações na Europa ocidental],
dentre outros fatores, mas isso é pauta para um outro estudo .
O que ela faz? “Pois a palavra de Deus é viva, eficaz e mais penetrante
que qualquer espada de dois gumes. Penetra até dividir alma e Tal decadência corroborou para um maior alcance dos ataques feito
espírito, articulações e medulas. Julga os pensamentos e as intenções por Lutero e demais reformadores  Reforma, séc. XVI.
do coração. Não há criatura que possa ocultar-se diante dela. Tudo
Diz a Literatura que Lutero cometera um erro inexpiável de separar da
está nu e descoberto aos olhos daquele a quem devemos prestar
Tradição a Bíblia, a esta, rendendo sua supremacia e repercussão. Com
contas.” Hb 4, 12-13
isso, a Escritura era manejada pelos protestantes, passando a ser
Para que foi escrita? “Tudo o que outrora foi escrito, foi escrito para arsenal de argumentos hereges.
nossa instrução, para que, pela constância e consolação que nos dão
Então, a Igreja Católica percebendo o perigo dessa quebra na evolução
as Escrituras, sejamos firmes na esperança.” Rm 15,4
histórica da mensagem cristã, reagiu. Com o Concílio de Trento,
E com o que podemos compará-la? “E como a chuva e a neve que algumas medidas protetivas foram tomadas, a principal foi pela
caem do céu para lá não voltam sem antes molhar a terra e fazê-la interdição aos fiéis de lerem a Bíblia nas traduções em língua vulgar
germinar e brotar, a fim de produzir semente para quem planta e que não tivessem sido aprovadas pela Igreja e não fossem
alimento para quem come.” Is 55,10 acompanhadas de comentários conforme à Tradição Católica.
Contudo, não se pode ignorar que a técnica exegética exige do fiel Prudência excessiva? Talvez...
leitor alguns conhecimentos introdutórios para que se entenda
Sabedoria? Talvez...
algumas páginas difíceis. Mas devo também ressaltar, que em pleno
século XXI, a literatura religiosa é vasta, tanto impressa como NOTA 1

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“...Transmite-o a pessoas de confiança, que sejam capazes de ensinar a outros...” (2Tm 2,2b-2c)
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Tais normas, assim como o contínuo uso abusivo dos protestantes da seus direitos: Providentíssimus  Leão XIII, 1893; Spiritus Paráclitus
interpretação da Bíblia, foram suficientes para criar entre os católicos  Benedito XV, por ocasião do 15º centenário de São Jerônimo, em
“um ambiente” de pouca simpatia pela Bíblia, que passou a ser julgada 1920; e a radiosa Divino Afflante Spiritu  Pio XII, em 1943, que foi o
como um livro perigoso, escola de heresias, manual de protestantismo e ponto de partida do crescimento bíblico atual. Em consonância nasce
muitas outras.... Essas opiniões se disseminaram através dos séculos,
também as escolas, comissões e institutos em matéria de Escritura
causando mal entendidos e até mesmo escândalos.
Sagrada criados pela Santa Sé.
NOTA 2
Logo, não é mais aos caprichos do livre exame que se encontra o texto
É importante esclarecer que não foi Lutero quem retirou os 7 livros, a sagrado, mas transmitido aos fiéis pela própria “Eclesia Mater”, que o
saber: Judite, Tobias, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruc [livros interpreta segundo as lições acumuladas nesses “vinte e um” séculos
escritos em grego, que não fazem parte da Bíblia hebraica ou judaica nem ao fio da Tradição.
tampouco da Bíblia protestante que chamam esses livros de apócrifos –
não inspirados]. Lutero continuou publicano na sua Bíblia tais livros, O que você fiel leitor(a) deve ter em mente é que “ler a Bíblia não é
numa ordem separada, diferente da Bíblia católica. Isso porque Lutero lançar-se a uma aventura pessoal, em revolta com a autoridade, a
sabia que os livros tinham sido acrescentados numa segunda fase. Nós Tradição, a Hierarquia e os dogmas estabelecidos, é praticar um ato
católicos chamamos esses livros de deuterocanônicos, ou seja, havia superior de fidelidade e adesão”. (Daniel Rops. Que é a Bíblia, pág.12.)
uma primeira lista e uma segunda lista, esses livros, então, entraram na NOTA 3
segunda listagem. Somente a partir do século XIX a maioria das Igrejas
protestantes deram um basta e ficaram com os 39 livros. Observe que os Quais os textos usados por Jesus e depois pelos apóstolos?
protestantes não tiveram uma unanimidade de início para montar de
Na época de Jesus o cânon ainda não estava pronto.
plano sua Bíblia.
A Bíblia Hebraica chamada de TENAK:
Aqui está a fragilidade eclesiológica protestante, eles são a religião de
um livro, nós católicos cremos na Bíblia, mas também cremos que somos TA – Torá [ é o Pentateuco na nossa Bíblia], entre o 5º ou 4º século a.C.
a continuação do corpo de Cristo ao longo da história. A Igreja é o corpo
N – Nebi’im , são os profetas anteriores e posteriores [equivalem ao que
de Cristo e é ela quem nos dá a Bíblia de presente.
conhecemos como livros históricos, mas sem os livros tardios como
Mas Deus não esquece do seu povo. Foi o grande mérito dos Papas Rute, Ester, Crônicas, Esdras, Neemias e Daniel], 3º século a.C, período
(1898-1958), que mediram a amplitude da perda e procuraram saná- helenístico.
las. Três grandes encíclicas restabeleceram a verdade e a Bíblia em
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“...Transmite-o a pessoas de confiança, que sejam capazes de ensinar a outros...” (2Tm 2,2b-2c)
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K – Ketubim, são os escritos [reúne desde hinos, livros sapienciais, Testamento da Bíblia protestante (Prof. Felipe Aquino. “Escola da Fé II. A Sagrada
lamentações e até livros históricos] 1º século a.C. Escritura”, pág.36).

A Septuaginta nome da versão da Bíblia hebraica traduzida em etapas


Referências Bibliográficas
para o grego koiné, entre o século III a.C. e o século I a.C., em Alexandria.
Tradução usada pelos apóstolos, e nelas há os 7 livros [Judite, Tobias, 1 Bíblia – edição CNBB, 2007. 5ª Edição.
e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruc]. Eles a usavam porque na AQUINO, Prof Felipe. A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura. Coleção Escola da Fé. São
época a língua comercial era o grego, levando em conta o mandado de Paulo: Editora Cléofas. 2010. 8ª edição.
Jesus: Ide e anunciai...  era o mundo de então. Observando as KONINGS, Johan. A palavra se fez livro. Coleção CES. São Paulo: Loyola, 1999.
citações nos evangelhos de textos do AT, verificou-se a semelhança da
BATTISTINI, Frei. A Igreja do Deus vivo “Curso Bíblico popular sobre a verdadeira Igreja”.
maioria das expressões contidas na tradução grega e não da hebraica. É Petrópolis: Editora Vozes, 1999. 31ª edição.
por isso que a Igreja usa essa tradução dos LXX.
Diocese de Caxias-MA. Livro da Bíblia. 2013. 1ª edição.
Dessa forma, um século depois de Jesus, os rabinos judeus para
CATECISMO da Igreja Católica. Edição típica Vaticana. São Paulo: Edições Loyola.
desfazer algumas confusões, já que os cristãos pregam livros diferentes,
assim fecham seu cânon, excluindo os 7 livros que havia na versão dos CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Dei Verbum.
70. Depois da era cristã, no ano 100 d.C. (séc. I d.C.), época em que se ROPS, Daniel. Da Academia Francesa. Que é a Bíblia. Sexta parte: Bíblia, livro de Deus, livro
difundia o Novo Testamento com os Evangelhos e as cartas dos Apóstolos dos homens. São Paulo: Livraria Editora Flamboyant, 1958.
que surgiam (e que os judeus não acreditavam nem aceitavam), os Doutores
da Sinagoga (rabinos judeus) realizaram um Sínodo na cidade de Jâmnia (ou LEÃO XIII, Papa. Encíclica Providentíssimus Deus. Sobre os estudos bíblicos. Versão
portuguesa. Coimbra, 1903.
Jabnes), perto de Jafa, na Palestina, para definir quais seriam os livros da sua
Bíblia (somente o Antigo Testamento em que eles acreditavam) e definiram BETTENCOURT, Dom Estevão (OSB). Para entender o Antigo Testamento. Rio de Janeiro:
como critério para isso os seguintes itens, como assevera o teólogo Felipe Livraria Agir Editora, 1956.
Aquino:
1. Deveria ter sido escrito na Terra Santa;
2. Escrito somente em hebraico (não aramaico nem grego);
3. Escrito antes de Esdras (455-428 a.C.);
4. Sem contradições com a Torá ou Lei de Moisés.
Esses critérios eram racionalistas mais do que religiosos, fruto do retorno do
exílio da Babilônia. Por esses critérios não foram aceitos na Bíblia Judaica da
Palestina os livros que posteriormente também deixaram de constar no Antigo
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“...Transmite-o a pessoas de confiança, que sejam capazes de ensinar a outros...” (2Tm 2,2b-2c)

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