Missiologia
ESCOLA DE TEOLOGIA DO ES
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O presente material é baseado nos principais tópicos e pontos salientes da matéria em questão.
A abordagem aqui contida trata-se da “espinha dorsal” da matéria. Anexo, no final da
apostila, segue a indicação de sites sérios e bem fundamentados sobre a matéria que o módulo
aborda, bem como bibliografia para maior aprofundamento dos assuntos e temas estudados.
TEOLOGIA DO ES, Escola de - Título original: Missiologia, Uma abordagem moderna sobre
missões – Espírito Santo: ESUTES, 2004.
SUMÁRIO
_______
UNIDADE I
MISSIOLOGIA
O que é Missões...................................................................................................................................................5
O papel da Igreja em Relação a Missões.............................................................................................................6
Para que fazer Missões?......................................................................................................................................7
Onde fazer Missões?............................................................................................................................................7
A chamada específica para obra Missionária.......................................................................................................9
UNIDADE II
MISSÕES: TAREFA DA IGREJA
Deus usa as vidas pros seus Propósitos............................................................................................................13
A Batalha Espiritual............................................................................................................................................15
O desafio de Missões.........................................................................................................................................22
UNIDADE III
O RELACIONAMENTO ENTRE A IGREJA LOCAL E AS JUNTAS OU AGÊNCIAS MISSIONÁRIAS
O papel da Igreja................................................................................................................................................25
O Pastor – A chave para Missões Mundiais........................................................................................................27
O sustento de Missões.......................................................................................................................................29
UNIDADE IV
ANTROPOLOGIA MISSIONÁRIA
O Desenvolvimento Histórico da Antropologia...................................................................................................32
Cultura e as Principais necessidades do ser Humano.......................................................................................34
A visão Teológica Transcultural da Bíblia...........................................................................................................38
Os cuidados na obra Missionária.......................................................................................................................44
BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................................................45
..............................................................
O QUE É MISSÕES
A palavra "Missões" vem da expressão latina "missione', que se origina, por sua vez do verbo
latim "mittere", que significa "ação, tarefa, ordem, mandato, compromisso, incumbência, encargo
ou obrigação de enviar missionários". No Novo Testamento, a palavra usada é "apostello", verbo
que no grego que significa enviar. A tarefa de salvar o mundo não pode ser desassociada do "enviar"
homens e mulheres cheios do poder de Deus para alcançá-lo, porque não há como salvar o mundo
sem que haja alguém enviado para pregar e apontar-lhe o caminho. No início deste estudo vemos
em Rm 10.13-15 que há um processo para a salvação do homem. Este processo começa com "enviar".
"Enviar" pessoas capacitadas por Deus e pela Igreja, para que preguem o Evangelho; "Pregar" para
que homens, mulheres e crianças de todas as tribos, línguas, povos e nações possam ouvir; "Ouvir"
para que possam crer; "Crer" para que possam invocar o nome de Jesus e, ao "lnvocar" o seu nome,
possam ser salvos. Quem primeiro se preocupou em "enviar" foi o próprio Deus. (João 3.16). Através
deste versículo, conhecemos a preocupação de Deus para com a humanidade decaída e distanciada
de si, razão pela qual, enviou Jesus, o seu Filho Unigênito, ao mundo para uma única missão, salvar
o homem perdido. (Lucas 19.10). O verbo "dar", neste texto, não é simplesmente alguém estender a
mão e oferecer alguma coisa a outrem. É oferecer ou ofertar uma dádiva valiosa para alguém que
não merece, sem impor o recebimento de algo em troca. Foi exatamente o que Deus fez: Ofereceu o
seu Filho amado para resgatar o homem que havia se afastado completamente dEle. Para se
entender Missões é preciso partir deste princípio, que Deus enviou o seu Filho e que o próprio Filho
se deu para salvação dos homens perdidos. Se compreendermos que Deus deu o seu Filho e que
Jesus se deu a si mesmo para a salvação da humanidade, podemos, então dizer: MISSÕES é a Obra
de Deus dada à Igreja que, seguindo o exemplo de Cristo, proclamei por palavras e ações o Reino de
Deus, chamando todos ao arrependimento e a ter fé em Cristo, enviando-os a serem discípulos dEle.
Podemos concluir, através da missão confiada aos doze, que o alvo principal de Missões é a
proclamação do Reino de Deus a todos os homens. Inicialmente, só os judeus estavam ao alcance da
bênção enviada pelo Pai, mas o plano de Deus era alcançar também os gentios e o meio para isto foi
o fato de os judeus rejeitarem o Filho de Deus. (Atos 13.46). Quando Jesus disse que o "Evangelho do
Reino será pregado", falava de um reino; de algo com autoridade. O reino teria algumas
características que o tornaria completamente diferente dos que tinham sido implantados no mundo
até então. Em primeiro lugar Jesus assinalou no mesmo capítulo 10 de Mateus que não há reino sem
conflitos, os quais durarão até que Ele volte. Se alguém perguntar para quem é o reino, a resposta de
Jesus será: "para os pobres". Porém não somente para os pobres economicamente, senão para todos
que sofrem qualquer carência; Em segundo lugar, Jesus proclamou também um grande programa. A
expressão "será pregado a todas as nações", mostra o alcance geográfico de seu programa. No entanto,
demonstra também o seu alcance no tempo.
Precisamos ter a visão de missões como o desafio de cada oportunidade (Jo 4.35) - Os discípulos
sabiam que levaria ainda quatro meses para chegar o tempo de colher aqueles cereais. No entanto,
Jesus lhes diz: "Levantem os olhos, pois há uma colheita a ser realizada imediatamente". Que acontece aos
frutos maduros que não são colhidos? Eles se perdem. É preciso aproveitar as oportunidades. Deus
tem criado condições favoráveis à pregação do Evangelho em diferentes partes do mundo. Há um
anseio pelas novas de salvação, e como estamos respondendo a estas oportunidades que não
sabemos até quando resistirão?
Precisamos ter a visão de missões como o meio de construir para a eternidade (Jo 4.36-38). - Aqui
há três situações possíveis quanto aos resultados imediatos (v. 36); os discípulos ceifariam o que
outros semearam e plantariam o que outros colheriam (v. 37 e 38). Mas a que tipo de resultado se
refere o texto? Ajuntar fruto para a vida eterna ou para o reino de Deus. Então, “realizar Missões é
conquistar vidas para o celeiro eterno de Deus”. Este é o único trabalho cujos resultados não são
transitórios. Porque fazer Missões e o meio principal de se construir para a eternidade.
“Missões é um milagre de Deus” e só os que colocam nas mãos do Senhor os seus poucos recursos
é que se dão conta do milagre realizado. Os povos precisam de Jesus. Nós temos Jesus. Não temos
apenas migalhas, mas a graça infinita de Deus à nossa disposição (João 6.9).
“Missões é compartilhar” o pouco que você tem, cinco pães e dois peixes, com o Senhor Jesus que
pode multiplicar este lanche, tornando-o num verdadeiro banquete que pode alimentar milhões,
tornando-o num verdadeiro banquete que pode alimentar milhões que vivem sem Jesus.
“Missões é entrega de vidas sem reservas”, sem questionamentos e pondo toda a nossa confiança
no Senhor da Obra, que nos chamou para tão honrosa tarefa. Alguém poderia formular a seguinte
pergunta: "Há diferença entre Missões e Evangelização?" Responderíamos da seguinte maneira: o
plano de Deus para salvação do homem é constituído de três elementos - a mensagem, o meio
(recurso) e o processo (método). A mensagem e o Evangelho, o meio é Missões (enviar) e o processo
é a evangelização (proclamação). Em outras palavras, Missões e Evangelização não são coisas
distintas entre si, mas ações interligadas e integrantes do plano de Deus. A Evangelização é o ato de
proclamação da mensagem, a implementação de Missões.
Jerusalém - É o trabalho missionário em nossos lares, vizinhança, escola, faculdade, trabalho, etc.
Este campo é muito vasto. Você já evangelizou alguém de sua família? Ou seu colega de faculdade?
Seus vizinhos? Pense nisto agora.
Judéia - É o trabalho realizado nas vilas e bairros próximos; este campo parece sem nenhuma
importância, porém não há dúvidas de que é um excelente local para uma boa pescaria. Existem
grandes bairros e vilas próximos de nós onde há milhares de pessoas precisando ouvir a mensagem
do Evangelho.
Samaria - É o trabalho realizado em cidades mais distantes, no interior do país, o que se pode
chamar de "Missões Nacionais".
Aos Confins da Terra - É o trabalho missionário realizado em todo o mundo, isto é, "Missões
Estrangeiras". Nunca o mundo esteve tão aberto para o trabalho missionário como agora. Não
sabemos até quando durará tal abertura. Está na hora de obedecermos ao IDE de Jesus. O mesmo
Orar
A oração do crente na Obra Missionária tem duas finalidades: a primeira pode ser entendida
comparando-se a oração com a missão dos "intercessores" nos dias do profeta Isaias (Is 62. 6-10). O
versículo 10 oferece-nos a idéia de um caminho sendo aberto. É assim que funciona a oração em
Missões. Ela vai na frente do missionário abrindo um caminho por entre a escuridão espiritual. Há
lugares em que o domínio da feitiçaria e dos demônios são tão intensos que o trabalho de
evangelização se constitui por muito tempo apenas de oração, para que o domínio de Cristo seja
implantado. É o caso de países da África e tribos indígenas onde o animismo é a religião, e de países
da Ásia (Índia e China) onde predominam religiões milenares como o budismo, confucionismo e
xintoísmo.
Contribuir
Contribuir para missões envolve, principalmente; a contribuição através de bens materiais. O
missionário Paulo, na sua carta aos Filipenses 1.5 agradece "pela cooperação no evangelho". A
palavra "cooperação", neste versículo, na língua original em que foi escrita a carta, tem o sentido de
"ser sócios no Evangelho". Contribuir para a Obra Missionária também é uma maneira de ajuntar
tesouros no céu e não ajuntar na terra, conforme está escrito em Mateus 6.20.
Ir
Além de orar e contribuir, o crente deve estar pronto a ir fazer trabalho missionário, se ainda não o
está realizando. O profeta Isaias prontamente pediu que ele fosse o enviado, quando o Senhor
perguntou: "A quem enviarei, e quem irá por nós?". Para proclamar o Evangelho, o Senhor não
envia anjos. Ele usa homens e mulheres, seus discípulos (Leia Hebreus 2.16 e II Pedro 1.12). Esteja
pronto a repetir a resposta de Isaias? "...Então disse eu: Envia-me a mim (lsaías 6.8b).
1° Passo: Comunhão com Deus. O primeiro passo é estar em comunhão com Deus. Não se pode
falar com alguém que esteja dando atenção a outra pessoa ou outra coisa. Não haveria comunicação.
Assim também é com Deus. Ele tem de esperar até que nos voltemos para Ele e lhe demos atenção,
para que possa repartir conosco os seus planos.
2° Passo: Envolvimento. Depois de uma pessoa acercar-se de Deus, de Ter comunhão com Ele, essa
pessoa passa a ser participante do Reino de Deus no sentido ativo. Dizemos sentido ativo porque o
crente pode tornar-se apenas um espectador do que acontece na obra do Senhor. Acredito que esse
não é o seu caso. Sim, o crente fiel precisa envolver-se inteiramente na obra do Senhor. E, nesse
sentido, todos os crentes são chamados, são vocacionados, são comissionados para a obra.
Pode ser que um crente não tenha a chamada específica para ser um pastor, um missionário ou uma
enfermeira no meio dos índios, etc. Contudo ele é servo na situação em que vive. É um soldado
produzindo em sua própria comunidade para o Reino. Entretanto, Deus, exercendo sua soberania,
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 9
chama alguns dos seus servos para trabalhos específicos. Exemplos:
a. Abraão foi chamado para ser o iniciador de uma grande nação( Gn 12.2);
b. José teve a incumbência de ser o provedor de seu povo em meio à fome, (Gn 45.5);
c. Moisés foi chamado para libertar o povo de Israel do Egito( Ex 3.10);
d. Jonas foi enviado à Nínive para anunciar o juízo de Deus;
e. Paulo foi enviado aos gentios (Atos 22.21);
f. Lutero foi levantado para reformar a Igreja e traduzir a Bíblia;
g. Livingstone foi levantado para missões na África;
h. Gunnar Vingren e Daniel Berg receberam a visão para evangelizar o Brasil e iniciar o Movimento
Pentecostal no Brasil.
6°- Circunstâncias:
Billy Bray levava uma vida indiferente a Deus, mas aos 17 anos converteu-se ao Senhor e o servia
com mais ardor do que quando servia ao diabo. Devido a pressão econômica perdeu o emprego na
cidade grande onde morava, longe dos pais. Ficou somente a pergunta; "O que fazer?" Sem recursos
e sem lugar para morar, finalmente voltou à casa dos pais, à vila onde nascera. Ali começou a pregar
o evangelho. Primeiro ganhou seus pais para Cristo e mais pessoas. Continuou pregando nas
demais vilas até conseguir uma tenda de circo onde"' realizava cruzadas evangelísticas. Foram as
circunstâncias que ocorreram em sua vida que o levou a seguir esse caminho.
“Deus, em sua infinita sabedoria e soberania, decidiu usar homens para a execução dos seus planos”.
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Se folhearmos a Bíblia, vamos encontrar Deus usando vidas para cumprir seus eternos propósitos,
tanto no Antigo Testamento, com o povo de Israel, como no Novo Testamento, com a igreja.
No Antigo Testamento
O plano de Deus é encher a terra com Sua glória. O homem é o agente e instrumento de Deus para
cumprir seus propósitos. No Antigo Testamento encontramos Deus usando situações e levando o
homem a cumprir seu plano.
Na Nação de Israel
Deus usa vidas para o cumprimento dos seus propósitos. Em sua soberania e sabedoria ele decidiu
organizar um povo, por meio do qual executaria seu plano de espalhar sua glória a todas as nações.
a) Na chamada de Abrão, Deus prometeu abençoar todas as famílias da terra, por intermédio do
povo de Israel.
b) O povo de Israel tinha o ofício sacerdotal.
c) O povo de Israel era o veículo pelo qual Deus manifestava Sua salvação.
d) O povo de Israel era o instrumento para espalhar a glória de Deus.
No novo Testamento
Infelizmente o povo de Israel falhou no seu propósito missionário; eles não perceberam que Deus os
organizou para abençoar todas as nações; e até hoje os israelitas pensam que as bênçãos de Deus
lhes são exclusivas. Deus decidiu organizar um novo povo, que é a igreja no Novo Testamento, à
qual designou a mesma tarefa missionária, Na Carta aos Efésios, o apóstolo Paulo deixa claro que
está organizando um novo povo: "Porque ele é nossa paz, o qual de ambos fez um; e tendo derrubado a
parede da separação que estava no meio, a inimizade, aboliu na sua carne a lei dos mandamentos na forma de
ordenanças, para que dos dois criasse em si mesmo um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em
um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade" (Ef 2.14.16). Essa fusão de
judeus e gentios é a igreja, que tem a responsabilidade missionária de tornar conhecida a sabedoria
de Deus, conforme o versículo 10 do capítulo 3: "... para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus
se tome conhecida agora dos principados e potestades nos lugares celestiais".
A Igreja de Cristo
O instrumento de Deus para atingir seus propósitos na terra é a igreja
Quando Jesus estava executando seu ministério, tinha como objetivo deixar uma organização que
desse continuidade à obra de Deus na terra, e essa organização é a igreja.
A Nossa Posição
Para enfrentar essa batalha precisamos, antes de qualquer coisa, saber qual é a nossa posição
espiritual, para termos ousadia, coragem e enfrentar o inimigo. Muitos de nós nos sentimos impo-
tentes e incapazes para a luta; por isso, precisamos entender o que a Bíblia fala sobre a nossa
posição. Em Efésios 1.19-22, encontramos as seguintes afirmações: "... e qual a suprema grandeza do
seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder; o qual exerceu ele em
Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais,
acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não
só no presente século, mas também no vindouro. E pôs todas as cousas debaixo dos seus pés e, para
ser o cabeça sobre todas as cousas, o deu à igreja..." Dessa forma, o crente tem poder para dominar
Satanás, expulsar demônios e exercer autoridade sobre toda obra maligna. Por outro lado, Jesus
Cristo afirmou: "Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome expelirão demônios..."
(Mc 16.17). O Espirito Santo dá poder a todo crente para realizar as mesmas obras que Cristo
realizou, incluindo a expulsão de demônios. E preciso ter fé e pôr em prática a Palavra de Deus. Se
você é crente então pode expulsar demônios. Se você é crente e se Cristo controla sua vida, saiba que
está nesta posição espiritual, acima de todo poder de Satanás, e pode exercer autoridade e expulsá-lo
em nome de Jesus.
A Nossa Armadura
"Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda armadura
de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o
sangue e a carne, e sim, contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo
tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. Portanto, tomai toda a armadura
de Deus, para que possais resistir no dia mau, e, depois de terdes vencido tudo, permanecer ina-
baláveis. Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade, e vestindo-vos da couraça da justiça.
A Nossa Estratégia
Para tornarmos efetiva a nossa vitória nesta batalha, precisamos de uma estratégia bem planejada e
estudada. Essa estratégia já está descrita na Palavra de Deus e constitui-se dos seguintes passos:
Derrubar as portas do inferno: "Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha
igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16.18). Nesse versículo, Jesus está
apresentando o instrumento de Deus para a execução dos seus planos de restauração da
humanidade. Jesus está dizendo: "Eu edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela", ou seja, o trabalho de Deus na restauração da humanidade começa com um
ataque frontal ao inferno. A igreja é o instrumento de Deus para atacar o inferno, e o primeiro passo
nessa estratégia é derrubar as portas do inferno. Assim, o papel da igreja é derrubar as portas do
inferno e entrar lá para tirar as vidas do domínio de Satanás e levá-las para as mãos de Cristo. As
portas do inferno não resistem ao poder de Cristo manifesto na sua igreja. Aleluia!
Amarrar o inimigo: "Ninguém pode entrar na casa do valente para roubar-lhe os bens, sem primeiro
amarrá-lo; só então lhe saqueará a casa" (Mc 3.27). O segundo passo na estratégia da batalha espiritual é
amarrar o inimigo. No contexto desse versículo, Jesus Cristo está falando sobre Satanás e apresenta-
nos a estratégia de amarrá-lo. Pela autoridade da nossa posição em Cristo, pela Palavra de Deus,
pelo nome de Jesus Cristo, podemos amarrar Satanás e os espíritos malignos para, finalmente,
tirarmos as vidas de suas mãos. Se estamos acima de todo domínio e poder, temos, então,
autoridade espiritual sobre este poder. Por isso, o crente em Cristo simplesmente pode amarrar
Satanás para executar a obra de Deus. Isso não quer dizer que podemos impedir a atuação de
Satanás no mundo, pois tal se dará só no final dos tempos, mas o que podemos e devemos fazer é
impedir a atuação de Satanás e dos espíritos malignos especificamente sobre a pessoa ou sobre a
área que estivermos evangelizando, fazendo a obra de Deus.
Roubar-lhe os bens: "Ninguém pode entrar na casa do valente para roubar-lhe os bens, sem primeiro
amarrá-lo; e só então lhe saqueará a casa" (Mc 3.27). No versículo acima, Jesus diz que devemos amarrar
o valente e saquear-lhe os bens. Quais são os bens de Satanás? São as vidas que ele tem em seu
domínio. Portanto essas vidas precisam ser resgatadas. Precisamos tirá-las das mãos de Satanás e
levá-las para Cristo. Isso é feito no campo espiritual.
Garantir os bens saqueados: Após roubarmos as vidas das mãos de Satanás, estas precisam ser
protegidas e garantidas para não caírem mais no domínio do inimigo. Poderemos fazer isso de três
maneiras:
Não dando lugar ao diabo — "... nem deis lugar ao diabo" (Ef 4.27). A vitória já está garantida, temos
autoridade sobre Satanás, mas precisamos tomar cuidado para não lhe dar lugar. O diabo é astuto e
não vai aparecer diante de nós como um bicho feio. Ao contrário, a Bíblia diz que ele se transforma
em anjo de luz para nos enganar. E o faz com muita sutileza, às vezes trazendo um mau
pensamento, desviando-nos dos propósitos de Deus; outras vezes, provocando divisões, contendas
etc.; assim, devemos tomar cuidado e não dar lugar ao pecado, às contendas e divisões na igreja,
para que ele não obtenha vantagem nessa batalha. Resumindo, esta deve ser então nossa estratégia:
derrubar as portas do inferno e entrar lá, amarrar Satanás, tirar as vidas de seu domínio e
transportá-las para o reino de Cristo e treinar essas vidas para que também se tornem soldados na
batalha contra o inimigo. Queremos apresentar nas páginas seguintes, de uma forma ilustrada, a
realidade da batalha espiritual hoje.
Nesta linha encontramos os missionários enviados para os campos, que estão trabalhando na
formação de igrejas e nos ministérios de apoio. Note que, no desenho, eles estão em sua maioria
embolados num campo de batalha. Isso se deve à seguinte estatística:
O número de missionários trabalhando com os povos mais necessitados e não alcançados é quatro
vezes menor que o total daqueles que trabalham com cristãos nominais. É tempo de olhar para os
povos não-alcançados pelo evangelho e colocar as mãos no arado, desafiando as igrejas a enviar
missionários para plantar igrejas onde não há testemunho do evangelho. "...esforçando-me deste modo
por pregar o evangelho, não onde Cristo já fora anunciado, para não edificar sobre fundamento alheio..." (Rm
15.20).
Esta é a linha dos que estão comprometidos com os missionários, orando e contribuindo
regularmente para o seu sustento. Veja que o número é pequeno, pois infelizmente poucos têm
visão missionária e assumem o compromisso de obediência total a Cristo. Estes estão segurando as
cordas da oração, sabendo que a obra missionária não é responsabilidade somente do missionário
que vai ao campo, mas estão associados a ele, orando para que seja usado por Deus no seu trabalho.
E não participam apenas orando, mas também financeiramente para o sustento da família do
missionário. Devemos orar para que haja um grande despertamento espiritual em nossas igrejas, a
fim de que Deus levante soldados que estejam na linha de apoio para o sustento espiritual e
financeiro dos missionários.
Aqui encontramos os pastores e suas igrejas. Os pastores pregando sermões evangelísticos aos
domingos, e os crentes convidando pessoas para ouvi-lo. Durante a semana, levam uma vida de
comodismo, não se preocupando com a salvação das vidas; mas no domingo resolvem atacar o
inimigo. Louvamos a Deus porque em sua misericórdia vidas estão recebendo a mensagem de
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 17
Cristo e sendo salvas. Mas se pensarmos bem e tivermos consciência de que estamos numa batalha
espiritual, como será possível atacar somente aos domingos? Onde está o nosso testemunho pessoal
durante a semana? Por que não fazemos discípulos de Cristo em nosso trabalho, em nossa escola, na
vizinhança, etc.? É tempo de a igreja de Cristo despertar, abrir os olhos e lançar mão das armas
espirituais, entrando na batalha contra as trevas.
A situação apresentada acima é a dura realidade da igreja de Cristo hoje. Muitos crentes estão
brigando entre si. O denominacionalismo tem semeado discórdia, desunião e confusão entre o povo
de Deus. Podemos notar como uns têm atacando os outros e, muitas vezes, para vergonha nossa,
usando meios públicos de comunicação, desonrando o nome do Senhor Jesus Cristo. Se os líderes
das denominações tivessem consciência clara da batalha espiritual que estamos enfrentando, talvez
parassem de atacar uns aos outros e se unissem espiritualmente, para juntos derrotarem o inimigo.
Imaginemos a alegria de Satanás quando vê os crentes brigando entre si. Não somos contra
denominações, mas contra o denominacionalismo que divide, discrimina e desune o povo de Deus.
Precisamos ter consciência de que nosso inimigo não é o irmão de outra denominação e sim o diabo.
Aqui não entra só o denominacionalismo, mas também as correntes teológicas. Nesta época, tem-se
dado muita ênfase a algumas idéias teológicas e práticas que têm surgido, e isso tem causado
divisões. Sabemos que cada um tem suas convicções e bases bíblicas. Podemos ter diferentes
correntes teológicas, mas nunca nos dividir por causa delas. Devemos nos unir no que concordamos,
compreendendo-nos no que discordamos.
Aqui se alinham os que perderam o objetivo e o propósito da igreja aqui na terra. São os que dão
prioridade à construção de templos. Parece que nesta época há uma epidemia de construção de
templos. Há igrejas que há anos estão construindo templos, totalmente endividadas, e nunca
conseguem chegar ao fim da construção. Outras fazem campanhas espetaculares e levantam fundos
para edificar templos faraônicos, luxuosos, enquanto as almas estão famintas, sem Cristo e sem
esperança. Certo pregador disse a uma igreja que estava construindo seu templo: "Se após a
inauguração, vocês não continuarem investindo a mesma quantia mensalmente, para a obra mis-
sionária, terão erigido um altar de testemunho contra vocês mesmos". É tempo de a igreja de Cristo
voltar às origens e redescobrir seu papel aqui na terra, colocando as prioridades na ordem correta.
"... buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas"
(Mt 6.33).
Nesta linha encontramos os crentes que só causam e trazem problemas à igreja. Satanás está
oprimindo muitos crentes, provocando problemas de toda sorte, para que pastores e crentes
maduros se preocupem e gastem um tempo precioso cuidando deles, quando poderiam estar
trabalhando para missões. É preciso ter muito discernimento para exercer o ministério de
aconselhamento e cura da igreja, ter discernimento quanto às nossas prioridades e ao uso correto do
nosso tempo; precisamos treinar pessoas que tenham dons espirituais de exortação, pastoreio,
misericórdia, socorro, etc., para que possam trabalhar com os necessitados. Devemos tomar cuidado
para não nos envolver em um ministério para o qual Deus não nos designou e assim prejudicar a
igreja no cumprimento dos seus propósitos. Há alguns crentes que querem somente ser afofados e
paparicados, mas não querem se comprometer com o senhorio de Cristo. Estes só dão trabalho e,
muitas vezes, são colocados em nosso caminho por Satanás, para que nos preocupemos com eles.
O DESAFIO DE MISSÕES
"...mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em
Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra" (Atos 1.8). Esse versículo tem
sido a base de um sermão que em diversas igrejas e conferências missionárias Deus tem usado para
desafiar vidas e comunidades para a tarefa da evangelização mundial. Nesse versículo encontramos
condensado o plano de Deus para a igreja.
Outras Religiões
Islamismo.............................................. 1.150.000.000
Hinduísmo............................................. 770.000.000
Religiões Orientais................................ 680.000.000
Judaísmo................................................ 20.000.000
Animismo.............................................. 160.000.000
Outras................................................... 70.000.000
TOTAL.................................................. 2.850.000.000
Ateus e Secularistas
Sem Religião ........................................ 1 .200.000.000
TOTAL GERAL...................................... 6.100.000.000
Fonte de Informação: U.S. Center for World Missions
A JANELA 10/40
• A Janela 10/40 é a faixa entre os graus 10 e 40 ao norte da linha do equador; é onde se concentra o
maior número de povos não alcançados do mundo.
• Há 62 países nesta faixa, dos quais 55 são os menos evangelizados do mundo.
• Nesta região vivem 706 milhões de muçulmanos, 717 milhões de hindus e 153 milhões de
budistas.
• 82% dos povos mais pobres do mundo estão nesta área.
• Na maioria dos países da Janela 10/40 não há acesso ao evangelho.
Espero que essas informações tenham sido um instrumento de Deus para mover seu coração. O que
você está fazendo para mudar esse quadro?
“Elas têm o seu lugar, que é muito importante. Para executar sua responsabilidade, as igrejas necessitam de
auxílio e de apoio dessas organizações”.
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O PAPEL DA IGREJA
A igreja reconhece a chamada e seleciona os candidatos. Ninguém melhor do que a igreja local
para reconhecer e identificar uma pessoa chamada para a obra de missões. A igreja vê o fruto e
identifica o dom porque está convivendo e trabalhando com a pessoa. Por isso, é muito importante e
de muita responsabilidade a recomendação que uma igreja faz para uma pessoa ir ao campo
missionário. Se o candidato não produz fruto no país, não o produzira também no campo
missionário, e quem atesta a produção de frutos é a igreja local.
a) A igreja não conhece o missionário. Quando um missionário é enviado por uma junta ou agência,
e a igreja não o conhece nem tem nenhum relacionamento pessoal com ele, fica desmotivada na obra
missionária.
b) A igreja não ora. Por não conhecer o missionário e por não saber o que ele está fazendo nem onde
está, a igreja não ora e, não fazendo isso, prejudica-se a si mesma e ao missionário no campo.
c) A igreja não contribui. Se a igreja não conhece o missionário, não sabe o que ele está fazendo, nem
recebe relatório, fica desestimulada a contribuir financeiramente. Mais adiante vou falar a respeito
de finanças em missões e contar alguns milagres que Deus tem feito em questões financeiras pelo
fato de a igreja conhecer pessoalmente o missionário.
d) A igreja fica desanimada com missões. É lógico! Se não há um relacionamento pessoal com o
missionário, a igreja fica fria quanto à obra missionária. Quando o missionário sai da igreja local
comprometido com ela e dela recebendo o mesmo compromisso, a coisa é diferente. Precisamos
aprender o conceito de personalização. Personalização é cada membro da igreja local envolvido
pessoalmente na evangelização do mundo usando suas habilidades e seus dons.
As Responsabilidades do Pastor
Conduzir a igreja à maturidade que produz fruto
... “Cristo em vós, a esperança da glória; o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo
homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo; para isso é que eu me
afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim” (Cl 1.27b-
29). O apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, deixou registradas essas palavras, para que
tenhamos um modelo a seguir. O texto diz que o ministério de pregação de Paulo consistia em
anunciar, advertir e ensinar a todo homem em toda a sabedoria. Que tremendo ver a extensão e a
totalidade da visão ministerial de Paulo! Note bem os "todos" que aparecem no texto. Jesus Cristo
não nos vai perguntar: "Como está a sua denominação? Como está a construção do seu templo?
Quanto vocês têm depositado na poupança?" Não! Nunca! Ele vai pedir contas do rebanho que
confiou a nós.
a) Apóstolo (no original, enviado) - É aquele que tem a visão de fazer coisas novas. Está sempre
preocupado em abrir novas igrejas e fazer novos projetos. É aquele irmão que sempre vem com
novas idéias e planos para a expansão do reino de Deus.
b) Profeta (no original, o que fala da parte de Deus) - É aquele que quer ver a igreja obedecendo à
Palavra de Deus. Sempre está exortando o povo. Este dom é diferente do descrito em l Coríntios 12,
pois aquele se refere a trazer uma mensagem direta de Deus para a igreja.
c) Evangelista - É aquele que desafia, motiva e ensina a igreja a ganhar vidas para Cristo. Ele
pessoalmente ganha vidas, mas também cuida que a igreja esteja fazendo o mesmo. Seu interesse
sempre é a salvação de almas.
d) Pastor - É aquele que cuida do rebanho. Gosta de aconselhar, fazer visitas e estar em comunhão
com as pessoas. Sempre tem uma palavra de conforto para os necessitados. Preocupa-se com o bem-
estar das pessoas como indivíduos.
e) Mestre - É aquele que ensina a Palavra de Deus. Gosta de detalhes, e sempre está ensinando os
princípios bíblicos e expondo a Palavra. Seu maior interesse é saber o que a Bíblia diz e ensinar ao
povo. Esses dons são distribuídos à liderança da igreja com o propósito de capacitar os crentes para
o desempenho do seu serviço. Paulo está ensinando que o objetivo é aperfeiçoar (que poderia ser
traduzido como equipar), ou seja, dar condições aos crentes de exercerem o seu ministério. Quem
tem um serviço a realizar são os crentes, e tal serviço deve ter como objetivo final o cumprimento
dos propósitos da igreja, que é a evangelização do mundo. Por isso todo pastor deve equipar os
membros de sua igreja, para que eles tenham um ministério e cumpram a vontade de Deus. Ah!
Como precisamos de pastores segundo o coração de Deus, homens que sirvam de modelo ao
rebanho e o ajude a cumprir os propósitos de Deus!
Oração
Como as demais atividades da igreja, o trabalho de missões é movido a oração. A oração é uma
arma poderosa para vencer barreiras e alcançar metas. Por meio da oração, podemos ver as janelas
dos céus abertas e as bênçãos de Deus caindo sobre o seu povo. A oração move o coração de Deus.
Não há problema ou dificuldade que resista a uma oração persistente. Deus responde à oração, e o
trabalho de missões pode ser sustentado só com muita oração. Temos de enfrentar a realidade de
que estamos numa guerra espiritual. Fazer missões é lutar diretamente contra as hostes satânicas.
Jesus disse que as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja (Mt 16.18); disse ainda que
devemos amarrar o valente e saquear-lhe os bens (Mc 3.27). A Bíblia também nos diz que Deus “nos
tira do reino das trevas e nos transporta para o reino do filho do seu amor” (Cl 1.13-14). Portanto, o bom
crente é um ladrão! Ele amarra o Diabo, invade sua propriedade e rouba-lhe os bens — as almas em
seu poder nas trevas — e as encaminha para o reino de Jesus Cristo. Por intermédio da igreja, o bom
crente derruba as portas do inferno, entra, amarra o valente e saqueia-lhe os bens; isso é feito pela
oração. O Diabo treme de medo quando vê um crente orando. Os crentes, então, precisam
reconhecer sua posição em Cristo, que é de superioridade e vitória sobre todo poder do mal. Em
Efésios 1.20-21 lemos: "...o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, fazendo-o sentar à
sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que
se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro". Note que Cristo está assentado nas
regiões celestes, acima de todo espírito maligno, acima do diabo e de sua hostes. Agora observe no
mesmo contexto a nossa posição, em 2.6: "... e juntamente com ele nos ressuscitou e nos fez assentar
nos lugares celestiais em Cristo Jesus". Veja bem isso: quando aceitamos Cristo, somos colocados nas
regiões celestes em Cristo portanto estamos na mesma posição de Jesus, ou seja, acima de todo
principado e potestade. Em outras palavras, o Diabo está debaixo de nossos pés. Aleluia! A vitória já
está garantida nessa luta, pela nossa posição em Cristo. Mas o Diabo é persistente, e temos de usar a
arma da oração para golpeá-lo. Em Efésios 6.10-20, o apóstolo Paulo fala sobre a armadura de Deus
na luta contra o Diabo, e nos versículos 18 e 19 explica que essa armadura é movimentada com a
oração. Missões são um trabalho de batalha espiritual, que ataca e destrói as fortalezas do inimigo, e
isso é feito por meio da oração. Algumas sugestões bíblicas de oração missionária.
Finanças
Um dos assuntos que mais provocam medo e tensão nos pastores e líderes são as finanças. Porém, se
aprendermos a aplicar os princípios bíblicos, tudo funcionará bem nessa área. Para conseguir bom
êxito no sustento da obra missionária é preciso, além de oração, dinheiro para cobrir as despesas.
Por esse motivo, quero iniciar esta parte com uma exposição bíblica de Filipenses 4.10-20, que
apresenta alguns princípios bíblicos sobre finança Primeiro para o missionário e depois para a igreja.
Em Filipenses 4.10-20 encontramos quatro princípios de finanças para o missionário:
“Para o diálogo efetivo do evangelho é necessário aceitar, em princípio, a estranheza da nova cultura e não
questionar nem criticar logo coisas que ainda não compreendemos”.
..............................................................
A noção de que existem diferenças de costumes entre os vários povos certamente é muito antiga.
No entanto, o estudo sistematizado da "cultura" em si é bem mais recente. E mais contemporânea
ainda é a idéia de que a missão pode se servir destes estudos. O objetivo principal dos etnólogos
(professores e eruditos da antropologia) é composto pelos povos e grupos de povos. No mundo de
hoje nos referimos a um número de 2.000 povos e 12.000 a 17.000 grupos de povos. Na prática, os
etnólogos não se preocupam com todos os povos, mas sim, com os povos não civilizados, pré-
industrializados, povos naturais ou povos sem língua, em contraste com povos culturais. Não é fácil
determinar o início da antropologia. A antropologia, como fenômeno, existe desde que o ser
humano se movimenta entre várias culturas, tendo condições de comunicar-se em línguas
diferentes, possuindo a capacidade de desenvolver tradições, costumes, hábitos, religiões e conceitos
sociológicos. Na antropologia existem várias convicções, escolas, perguntas, teorias e métodos
diferentes. Trata-se de uma ciência empírica cujos resultados são, continuamente, revisados,
rejeitados, ampliados e modificados.
O que e cultura?
É extremamente difícil definir bem, e de modo objetivo e concreto, o termo cultura. Isto tem a sua
razão no fato de que a cultura domina o nosso viver diário, a maneira como pensamos, sentimos,
falamos, comemos, nos vestimos e como mantemos relações interpessoais. Muitas vezes esquecemos
que somos filhos da e presos à nossa cultura. O teólogo alemão H. Baiz define a cultura,
cientificamente, como herança que o ser humano recebe de seus antepassados e passa para a
próxima geração. O famoso antropólogo norte americano E. B. Taylor define a cultura como herança
não biológica do homem. Ao estudarmos antropologia missionária, estamos nos munindo de meios
que nos auxiliarão a compreender o homem e tudo que o envolve, a fim de podermos entender
melhor a razão de suas atitudes e crenças, e, assim, anunciarmo-lhe o Evangelho com mais eficácia.
O homem, não importando a cultura, deve sentir que o Evangelho vai fazer parte dela, e não lhe
roubar o que tem por precioso: os valores adquiridos, passados de geração em geração.
Cultura nada mais e do que a maneira como vivemos uns com os outros
A cultura é, portanto, a soma de todo conhecimento, experiência e prática que um povo adota e
exercita. A cultura é um conjunto de hábitos, tradições, valores, normas sociais e convicções
religiosas que um indivíduo, grupo ou povo herda de seus pais e passa para os seus filhos como
verdade ou orientação. Partindo desta ampla definição percebemos que a cultura nunca chega ao
fim em si mesma. Ela nunca é absoluta, mas antes se encontra num processo evolutivo. Ela se
desenvolve. Nunca é algo estático. Ela se modifica, define-se, adapta-se muito mais do que
admitimos.
Conceito
Para a maioria das pessoas, cultura significa o "cabedal de conhecimento que alguém possui", ou seja,
pouco ou nenhum estudo. Quando se diz que alguém possui "muita cultura", pensa-se logo que
aquela pessoa tem um alto grau de estudo ou conhecimento. Mas, se for pessoa de pouca instrução,
ou sem nenhuma, de origem humilde, linguajar rudimentar, ela é considerada "sem cultura". Puro
engano. Para um antropólogo não há grupo humano ou etnia sem cultura, pois ela é essencial à vida
em sociedade. Todos nascem dentro de uma sociedade e são enculturados dentro da sua cultura. A
antropologia define cultura como o "conjunto de comportamentos e idéias características de um povo.
transmitidos de uma geração a outra, resultantes da socialização e aculturações acontecidas em todo período
da história desse povo."
A cultura é adquirida, Não é determinada por fatores biológicos ou genéticos, nem é restrita
segundo a raça, porém é transmitida de uma geração a outra. Ou seja, cada geração recebe a cultura
da geração ascendente, modifica-a e transmite-a à geração seguinte.
A cultura é dinâmica, porque cada geração recebe a cultura da geração anterior, modifica-a e
transmite-a à geração posterior.
Cultura E Sociedade
Os animais (quase todos) vivem em sociedade, mas não possuem cultura. Eles são guiados pelos
instintos e não precisam aprender para sobreviver. Os peixes já nascem nadando, as tartarugas, ao
nascerem, dirige-se para o mar impulsionadas pelo instinto. As abelhas constroem suas colméias e
produzem o mel, mas o seu modo de trabalhar não sofre alteração, não evolui tecnicamente de uma
geração para a outra. Os pássaros não precisam aprender a construir seus ninhos, nem o leão
aprende a rugir ou caçar para sua sobrevivência. Em tudo são regidos pelos instintos. Não possuem
noção de religiosidade, não têm conceito de valores materiais ou morais, não vivem regidos por
estatutos ou leis jurídicas, nem têm noção do que seja uma cosmovisão. Com o ser humano é
diferente. A religiosidade é uma característica inerente ao ser humano. Ele busca sempre a resposta
para o que é real. Preocupa-se com o passado, presente e o futuro. Está constantemente em busca do
saber e do aperfeiçoamento do seu conhecimento. O homem tem de aprender a falar, a andar, a
trabalhar, a construir suas habitações, etc. Estas coisas não acontecem instintivamente, têm de ser
aprendidas com muita paciência e persistência. A este processo de aprendizado, através da
observação, imitação deliberada e assimilação inconsciente do modo de vida dos membros de uma
sociedade, chamamos de enculturacão. Exemplos disso podemos observar na aculturação do índio
brasileiro: Os missionários evangélicos têm sido acusados pelos antropólogos de estarem destruindo
a cultura do índio, com a introdução de hábitos e costumes do homem branco. Assim, o missionário
deve cuidar para não descaracterizar a cultura do índio ou de qualquer povo que vai evangelizar.
Ele deve contextualizar a mensagem do Evangelho dentro de cada cultura, sem corrompê-lo com o
sincretismo religioso dessa cultura. A cosmovisão de uma cultura pode e deve ser modificada pelos
valores universais do Evangelho, sem destruir os seus valores culturais. O Aurélio define o termo
aculturação como "o conjunto de fenômenos provenientes do contato direto e contínuo de grupos de
indivíduos de culturas diferentes, e as mudanças decorrentes desse contato". A adoção dos costumes,
valores e crenças do homem branco o tem tornado um indivíduo biculturado, participante das
culturas indígena e civilizada. Entenda-se por cultura civilizada aquela em que o indivíduo tem
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 33
várias opções a seu dispor; ele pode escolher aonde, como e com quem vai viver; o que vai vestir ou
comer; se vai morar numa casa de madeira ou de alvenaria; qual profissão vai exercer, etc. De início,
os indígenas e alguns habitantes de regiões primitivas no interior do Brasil estão classificados como
pertencentes à cultura primitiva. Os indivíduos de uma cultura primitiva não têm muito que
escolher: ele nasce, cresce e morre sem mudar o seu estilo de vida, igual ao de todos os demais
membros da mesma sociedade: o mesmo tipo de habitação, vestuários, alimentos, diversões, de
atividades primitivas - como a agricultura, caça e pesca, etc...
O Supracultural Na Cultura
Quando o Criador ordenou a nossos pais no Éden que crescessem, se multiplicassem, povoassem a Terra
e a governassem'(Gn 1.28-30) e, mais tarde, determinou a Noé e seus descendentes que "estabelecessem
a lei, a ordem e a justiça na Terra”' (Gn 9.5-6), Ele estava lançando as bases da cultura; porém, esta,
em si, é produção humana. Todavia, a cultura é o campo onde intervêm as forças divinas e forças
satânicas continuamente. Ela é o objeto da ação do supracultural divino e do supracultural
demoníaco. Trata-se de uma guerra contínua entre as potestades das trevas e os anjos de Deus, na
qual o missionário, como ministro enviado de Deus às culturas que estão dominadas por Satanás,
tem de tomar parte, revestido com a armadura de Deus (Ef 6.10-17), portando as armas da luz e da
justiça, as quais não são carnais, pois somos a milícia de Deus – Rm 13.12:2. A importância da
intervenção do supracultural nas culturas e no governo do mundo não pode ser ignorado pelo
missionário. O Senhor Jesus disse que o diabo é "o príncipe deste mundo" e João declarou que "o
mundo todo jaz no maligno", Jo 12.31; 14.30; 16.11; I Jo 5.19. O apóstolo Paulo também reconhecia
que Satanás é uma realidade espiritual, e não um mito, que influenciava (como influencia) as
culturas pagãs, cegando os homens e os levando a adorá-lo, I Co 10.20; II Co 4.4; 6.16. Inúmeras
vezes referiu-se aos poderes cósmicos demoníacos. I Co 15.24; Ef 1.21; 2.2; 3.10; Cl 1.16; 2.10,15, etc.
Muitos povos vivem no atraso tecnológico e não prosperam por causa da sua cosmovisão
deformada pelo supracultural demoníaco. A cosmovisão monista do hinduísmo, com seus 330
milhões de deuses, e do budismo tem levado seus seguidores ao fatalismo e impedido o progresso
da Índia e de outros países da Ásia. O mesmo acontece com a maioria dos países africanos (e com
alguns de outras regiões, seguidores da cosmovisão tribal, com sua hierarquia de deuses, espíritos e
demônios), os quais estão presos à escravidão do animismo, do sincretismo e da feitiçaria, etc. Por
sua vez, a cosmovisão materialista tem levado o homem a negar a existência de Deus. Satanás,
através de seus agentes humanos e demoníacos, tem governado inúmeros países e regiões deste
Planeta. O comunismo e o nazismo são exemplos hodiernos da ação do supracultural demoníaco
intervindo no governo humano. Cabe a nós, com virtude do Espírito Santo, a responsabilidade de
combater as hostes infernais do grande usurpador e levar aos povos a cosmovisão cristã.
Transculturação
“É o complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores
espirituais e materiais transmitidos coletivamente e característicos de uma sociedade". Os
evangelistas interculturais têm de ser eficientes no aprendizado de ambas as coisas, pois são a base
da evangelização dos grupos étnicos ainda não alcançados. É por isso que usamos a expressão
"aprendizado da língua e da cultura". Na realidade, JESUS FOI O PRIMEIRO EVANGELISTA
INTERCULTURAL! Não hesitou em vir do céu deixando a glória e o esplendor que ali desfrutava.
Leia atentamente Fp 2.7-8, e observe que Jesus esvaziou a si mesmo de sua glória divina e assumiu a
atitude de servo em corpo humano. Aculturou-se na sociedade hebraica e comunicou sua mensagem
primeiramente aos judeus. O aprendiz da língua e da cultura pode até mesmo ser um pregador
talentoso e respeitado, mas quando entra em outra cultura, deve humilhar-se a si mesmo como
Jesus o fez. assumindo três novas atitudes: a de APRENDIZ, a de SERVO e a de NARRADOR.
Transculturação é o "processo de transformação cultural caracterizado pela influência de elementos de
outra cultura, com a perda ou alteração dos já existentes". Esta definição do Aurélio novamente nos
deixa bem claro que este papel o missionário JAMAIS deve exercer. Sua tarefa não é alterar ou
mesmo mudar os valores de uma cultura, substituindo-os por outros de sua própria cultura.
Partindo destas premissas, chegamos ao termo MISSÕES TRANSCULTURAIS. O prefixo "trans"
deriva-se do latim e significa "movimento para além de" ou "através de". Portanto, em linhas gerais,
MISSÕES TRANSCULTURAIS é transpor uma cultura para levar a mensagem universal do
Diferenças Culturais
O conhecimento das diferenças transculturais entre os povos da Terra é de capital importância para
quem se dispõe a trabalhar no campo missionário. No seu estudo sobre as diversas culturas, os
antropólogos observaram as profundas diferenças existentes entre elas, as quais evidenciam-se na
maneira como os povos agem, falam, comem e vestem-se, bem como nos seus conceitos de valores e
crenças e nas pressuposições fundamentais que fazem sobre o seu mundo. Visto que o evangelista
tem de aprender a passar pela rede intercultural a fim de evangelizar outra cultura, é importante
compreender o que constitui essa rede. Antes de aprender a passar por ela, tem de saber em que as
culturas se diferenciam. Podemos dividir essas diferenças em sete categorias:
Sistema social (estrutura cultural e social de um povo. Classes, castas, religiões, seitas, etc.);
Processos cognitivos (toda cultura forma um conjunto de conhecimentos aceitos como verdades.
Esses conhecimentos podem ser enfocados ao nível de sua cosmovisão ou poderão simplesmente ser
conhecimentos restritos a pequenos grupos). Todo evangelista intercultural deve conhecer essas sete
categorias de diferenças culturais. Em cada um desses aspectos deve-o procurar aprender,
continuamente, mais e mais acerca do povo que deseja evangelizar. Para muitos africanos, a dança é
o instrumento principal de transmissão de valores, idéias, emoções e história. Consideram-na como
uma de suas mais importantes formas de comunicação. Missionários enviados à África têm
cometido sérios erros de julgamento quanto ao significado da dança africana. Inúmeras situações
transculturais existem fora do alcance do missionário e este precisa de preparo transcultural para a
divulgação do evangelho entre estes povos. Em alguns países os homens se beijam na face, e às
vezes na boca, ao se cumprimentarem, pois este comportamento faz parte da etiqueta social dessas
culturas. No Brasil, isto é visto como manifestação de homossexualismo, a não ser quando se trata
de pais e filhos. Ente os judeus do tempo de Cristo e os crentes da Igreja primitiva este costume
nada tinha de imoral ou homossexual, Lc 22.47,48; I Co 16.20. O missionário deve estar
psicologicamente preparado para qualquer diferença transcultural e não se escandalizar se for
beijado por um homem, se estiver em um país que adote este costume, como na Rússia, na França
ou em países árabes. O missionário deve conhecer e respeitar os costumes do povo da cultura alvo,
senão sua missão poderá falhar. Conforme abordado anteriormente, os gestos do povo podem Ter
significados diferentes em cada cultura. Podem ser considerados obscenos ou ofensivos em um país
e noutro não. E. A. Nida, em seu livro "Costumes e Culturas", conta que certa vez cometeu um grave
erro, em certo lugar da África, ao apontar com o dedo as coisas cujos nomes ele desejava saber. Para
os nativos, tal gesto era considerado grosseiro e contrário aos seus costumes; ofensivo, portanto. O
certo teria sido ele apontar as coisas usando o lábio inferior. Em alguns países asiáticos, sentar-se de
pernas cruzadas, mostrando a sola do sapato, constitui-se um gesto ofensivo. Entre os muçulmanos
do Oriente Próximo, as mulheres vestem-se com trajes longos que cobrem todo o corpo, além do véu
que são obrigadas a usar em público. Em algumas culturas africanas, as mulheres decentes não
cobrem os seios, pois cobri-los, usando alguma vestimenta, é próprio das prostitutas. Sabe-se que
alguns missionários americanos e latinos já incorreram em graves ofensas às mulheres dessas
Sabemos que de Abraão para Cristo houve aproximadamente 2.000 anos, e este foi o prazo que
Israel teve para cumprir sua tarefa missionária. As principais causas que levaram Israel a perder a
visão missionária foram:
• Eles confundiram eleição com elitismo, isto é, pensaram que Deus estava somente preocupado
com eles;
• Etnocentrismo. Isto é, o povo de Israel pensou que a sua cultura ou o seu povo era melhor que os
demais, causando-lhes uma profunda cegueira racial e espiritual. No entanto, Deus não requereu
que algumas famílias da terra foram abençoadas, mas que TODAS as famílias ou povos fossem
alcançados. Embora Israel tenha falhado, Deus não desistiu de seu propósito, e continuou sua meta
de alcançar o homem até o Novo Testamento.
O que é BÍBLICO reporta-se àqueles costumes que, mesmo diferindo de uma etnia para outra,
como foi mencionado reiteradas vezes no decorrer da lição, expressam com a mesma grandeza e se
nenhuma distorção os princípios da Palavra de Deus, que são imutáveis e têm caráter universal.
O que é EXTRABIBLICO relaciona-se com aquelas áreas nas quais a Bíblia não interfere
especificamente, a favor ou contra, dependendo da consciência de cada um para julgar o que é lícito
e o que não é lícito. A Palavra de Deus não determina as cores das roupas que devemos usar e nem
o melhor tipo de calçados para os nossos pés. São, portanto, questões extrabíblicas. Aqui prevalecem
o bom senso e a orientação do apóstolo Paulo: (veja I Coríntios 10.23).
O que é ANTIBIBLICO refere-se àquelas situações que colidem frontalmente com a fé cristã,
exigindo do missionário um posicionamento decidido, mas ao mesmo tempo prudente, no sentido
de encontrar a estratégia correta para mudar esse tipo de circunstâncias; É preciso graça de Deus,
discernimento espiritual e aguardar o tempo certo, pois nem tudo se muda da noite para o dia.
Exemplo disso é a poligamia em países africanos, tradição que passa de geração para geração e que
demanda da parte do missionário não entrar em choque para que as portas não se fechem, mas em
Ter atitude decidida para influenciar a mudança de comportamento, sempre à luz dos princípios
bíblicos e doutrinários.
Aculturação
Quem visita o campo missionário chega como servo, aprendiz, forasteiro e não como imperador,
colonizador ou representante de uma cultura superior. Mesmo depois de ter vivido por muitos anos
no campo missionário, o europeu permanece europeu e o americano não deixa de ser americano.
Isto nada tem a ver com a falta de aculturação ou interesse pelo país onde se vai servir. Missionários
não conseguem esconder sua herança cultural, seu país de origem, suas raízes, seu modo de pensar
e viver ou educar seus filhos. Ninguém exigiria isto. O que se espera do novo missionário é que ele
se adapte, que ele conviva, aprenda e se comunique com os cidadãos nacionais como se fosse um
deles. Este processo de adaptação cultural se chama, na antropologia, assimilação ou aculturação.
Diante da realidade da aculturação existem duas possibilidades: ou o novo missionário nega que
vive numa cultura diferente e esperimenta um choque cultural dramático que, na pior das hipóteses,
pode custar sua própria vida, ou ele aceita o fato da estranheza, do novo, do ser diferente, acaba
aprendendo e assimilando, sem rejeitar a sua identidade de origem.
Choque Cultural
O choque cultural pode ser descrito como falta de orientação e estabilidade psíquicas diante da
realidade do novo e de sentir-se diferente diante da estranheza da nova cultura. Este choque leva o
indivíduo a sentir-se uma pessoa rejeitada, sem orientação, influência, poder e competência para
agir conforme as suas convicções ou necessidades básicas. De certa forma, todo indivíduo passa por
uma ou outra forma de choque cultural num país estranho. O que varia é a intensidade deste
fenômeno. Poucos missionários negam que passaram por um choque cultural. Na média, alguns
dizem que passaram por momentos curtos de crise e falta de orientação. Em alguns casos as pessoas
adoeceram tão gravemente que se tornaram candidatas ao suicídio. Outras precisaram voltar para
casa.
De acordo com alguns especialistas, o "choque cultural" pode ser dividido em quatro etapas:
• A Primeira etapa é a da "lua de mel". Nesse momento tudo é bonito; qualquer detalhe é
• A Segunda é a etapa "crítica", quando pensamos que tudo está mal. A comida é ruim, as pessoas
são desonestas e nada funciona bem. Sentimo-nos tentados a voltar para casa.
• A Terceira fase é a etapa inicial de "recuperação". Começa quando aceitamos os costumes que, a
princípio, considerávamos estranhos. Recobramos o senso de humor e aprendemos lentamente a rir
de nossos próprios erros.
• A Quarta etapa é a da "adaptação completa", quando nos sentimos "em casa" na nova cultura. A
partir daí nosso ministério começa a dar fruto. Pelo desconhecimento da língua, das instituições dos
costumes, dos valores, das crenças e da cosmovisão do povo da cultura alvo, o choque cultural tem
sido a causa principal do desânimo de muitos missionários no campo. Esta reação é normal, visto
que todos os seus conceitos e comportamentos, além da diferença natural da língua, entram em
choque com a cultura do povo local.
Quando está passando por um choque cultural, uma pessoa pode apresentar os seguintes sinais:
• Não consegue mais dormir apropriadamente.
• Desenvolve complexos de inferioridade.
• Sofre de fadiga física ou emocional.
• Mostra uma extrema saudade e forte desejo de retornar para casa.
• Vive constantemente frustrado.
• Fica completamente desanimado.
• Sofre de uma repentina e estranha mudança na sua personalidade.
• Torna-se incapaz de administrar sua vida diária.
• Torna-se nervosa.
• Torna-se hiperativa e apressada.
• Desenvolve algum hábito estranho.
É importante diferenciar entre um choque cultural dramático e um temporário. A maioria dos novos
missionários passa, de uma forma ou de outra, por um choque cultural temporário. É praticamente
impossível dar um prognóstico de quando e como uma pessoa está passando por um choque
cultural. Algumas pessoas negam veementemente que estejam passando por um choque embora
O que pode ajudar alguém a vencer o choque cultural? Uma vida disciplinada, humildade,
flexibilidade, prontidão para ouvir e aprender ou aceitar aconselhamento pastoral. Quando o
missionário novato não consegue vencer o choque cultural da forma adequada, é melhor que ele
retorne ao seu país de origem.
Stress Cultural
O stress cultural pode ser descrito como um conjunto de elementos físicos e psíquicos adicionais
que o missionário sofre por viver numa nova cultura e num novo ambiente: calor, umidade, alergia,
língua, distância geográfica, estilo de vida, comida.
O stress cultural não é um fenômeno temporário. O missionário tem que aprender a se adaptar às
novas situações, embora isto se torne um desafio constante. Pessoas que aprenderam a conviver com
o stress cultural são pessoas bi-culturais.
Conclusão
Para concluir, fiquemos com o exemplo de Jesus que não obstante inserir-se na cultura judaica,
"jamais se mostrou prisioneiro dela, quando revelava exageros". Veja o que escreveu o autor, em
obra recente: "Sempre que fosse preciso tomar uma atitude que contrariasse costumes estranhos já
arraigados na consciência do povo, Jesus não hesitava em fazê-lo. Foi assim em relação ao divórcio.
Enquanto a lei de Moisés o previa em circunstâncias bem mais amplas (Deuteronômio 22.1-4), o que
tornou comum entre os judeus, Jesus o restringiu apenas a casos de adultério (Mateus 5.31-32;
Mateus 19.1-9). No contexto deste último capítulo, o Senhor indiretamente condenou as instituições
sociais da poligamia e do concubinato, tão em voga no Antigo Testamento e cujos resquícios ainda
perduravam. "O exemplo da mulher adúltera que, pela lei, deveria ser apedrejada se constituí em
outra lição sobre o modo como Jesus encarava os padrões éticos da cultura religiosa judaica. Ele se
apegava a valores absolutos e não relativos. Sob este prisma, o Mestre não poderia, pela lógica,
assentar-se junto ao poço de Jacó e dialogar com a mulher samaritana... Ele, todavia, permaneceu
fiel ao princípio universal do amor, que une todas as raças e alcança o pecador de índole mais
pervertida". Isto é missões transculturais. O homem, em qualquer cultura ou parte da terra, sempre
será um pecador necessitado da misericórdia divina. Não importa o conceito que tenha do mundo,
não importa as suas crenças, práticas e costumes. O importante é que precisa ser avisado
urgentemente que, mesmo na cultura dele, corre sério risco de perder a salvação caso rejeite a
mensagem de Cristo. Nós, servos do Senhor, temos a obrigação de avisá-lo de maneira inteligível,
na concepção que tem do mundo e na língua que lhe é comum, sentindo que o Cristianismo irá
melhorar sua cultura, e não anulá-la ou substituí-la.
Agora que terminou o estudo de sua apostila, é necessário que sua AVALIAÇÃO seja respondida. TODAS
AS AVALIAÇÕES do seu curso serão respondidas através do CAMPUS ON LINE.
Para resolver as questões, proceda da seguinte maneira:
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A AVALIAÇÃO contém 10 (dez) questões objetivas e é feita sem limite de tempo. Resolvida a avaliação,
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Caso não atinja a média do curso (7.0), a avaliação poderá ser repetida após Sete (07) dias.