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BIOGRAFIA:

Tainá dos Santos Oliveira. Mulher Negra Lésbica e Mestre em Psicologia pela UFF.
DN 24/10/1985
Por aproximandamente cinco anos atuei como Psicologa do Sistema Único de Assistência
Social, no âmbito da Proteção Básica, em dois pequenos munícipios do Estado do Rio de Janeiro –
Valença e Italva – efetuando atendimentos às famílias beneficiárias dos Programas Sociais do
GovernoFederal em especial do Programa Minha Casa Minha Vida.
Nos anos de atuação profissional me engajei no exercício de junto a esta população, forjar
modos de participação e organização política que não se limitassem aos espaços dos Conselhos
deliberaticos e consultivos, no entendimento de que há na contemporaneidade formas diferenciadas
de engajar-se na vida política de sua cidade para além daquelas supostas à Sociedade cívil
organizada.
No bojo desta experiência nasce a minha dissertação de Mestrado defendida no Programa de
Pós graduação em Psicologia na Universidade Federal Fluminense, dissertação intitulada “Minha
casa Minha vida? Das Políticas de Habitação às políticas de habitar onde indago as práticas
potencialmente homogeneizadoras ativadas pelo programa ao ditar regras de construção de prédios,
determinação prévia do perfil de moradores, regras de convivência e modos de habitar o espaço
construído da casa. A hipótese e aposta sustentadas eram: ainda que vetores avessos à diferença
existissem, ainda assim, e talvez exatamente por conta disso, emergiam naquele espaço movimentos
de singularização que tensionavam as diretrizes programadas e extrapolavam os limites dados pela
cartilha em revide ao regime de governamentalidade. Uma aposta ética, uma defesa por uma
verdade ética, que vem defender uma forma de partilha sensível, atenta ao mesmo tempo ao comum
partilhado mas também as partes exclusivas e singulares que o compõe.
Um gesto de militâcia que se inicia no meu espaço de trabalho junto a população em
vulnerabilidade social em prol da construção de maneiras outras de encarar a produção contínua de
individualidades, coletividades e mobilização política no contemporâneo e adentra o espaço
acadêmico no intento de fazer reverberar na academia as agurias de uma parcela da população, para
tensionar os pressupostos desta instituição marcadamente eltista e estruturalmente racista que
comumente trata a população negra apenas como objeto de pesquisa e não como sujeito produtor de
conhecimento.
O meu percurso dentro do Programa de Pós graduação possibilitou aminha participação em
espaços de organização políticas não formais tais quais Movimento de 'Ocupa Preta” que tomou o
campus do Gragoáta na Universidade Federal Fluminense durante o segundo semestre de 2016,
influindo em diversos atos e culminando na participação de espaços deliberativos no Programa de
Pós graduação de psicologia onde garantiram a aprovação de ações afirmativas para reserva de 50%
das vagas à Negros, Índigenas, Deficientes e Pessoas Trans nos cursos de Mestrado e Doutorado. As
mesmas ações se desdobraram na criação de pequenos coletivos que implementaram a Semana
Paralela de Psicologia Preta e ainda um curso preparatório para candidatos optantes das cotas no
curso de Pós graduação além de incentivar a entrada da população negra ao espaço da Academia
promovem a visibilidade à produção científica de alunos e pesquisadores Negros nesta área de
conhecimento.
Desta forma intento empreender na construção de texto narrativo delimitado ao Eixo 2 . [DE QUE
MANEIRA MOVIMENTOS NEGROS E DE OUTROS GRUPOS RACIAIS E ÉTNICOS
HISTORICAMENTE DISCRIMINADOS PROPÕEM REVERTER O CENÁRIO DE
DESIGUALDADE RACIAL?]

PROPOSTA DE TÍTULO: A volta para casa: Por um modo de ocupação militante


dos espaços construídos ou Nós quem, cara pálida?

RESUMO:
Se consideramos a cidade como espaço privilegiado no movimento de proliferação de
diferença – e nesse encontro com a diferença, de diferenciação de práticas de si – o que restaria à
casa? Apenas a recorrência do familiar? Estaria toda busca pela sensação de “estar em casa”, “entre
os nossos”, “entre pares” que entrevemos nos emergentes espaços de organização política – não
raramente apontados como identitários – fadados à clausura da lógica essencialista?
A aposta na rua como espaço primordialmente democrático não pode se esquivar de
considerar outros vetores que atravessam a experiência política do comum. Ainda que a ocupação
do espaço público possa influir na emergência de relações mais horizontais, certamente seu acesso
não é garantido a todos de modo equânime. Acompanhar a trama complexa que possibilita um
indivíduo enunciar Eu assinalando suas marcas – espaciais, temporais – os regimes de dizibilidade e
visibilidade que nos possibilitam forjar e participar de um Nós urge.
Ao me debruçar sobre as políticas de habitar, foi possível entrever modos variados e
singulares de ocupar a casa e os espaços construídos, e passei a encarar o espaço da casa, do lar,
como espaço possível de sustentar movimentos resistência e criação coletiva. Desta forma, a busca
pela sensação de pertencimento, de estar 'em casa', não teria como destino único e certeiro a
ativação da ficção liberal e capitalista, onde boa vida se daria em uma bolha de proteção
customizável.
No entanto, é fácil observar que no contemporâneo (em meio à contínua retiradas de direitos,
precarização da vida e cada vez mais evidente estado de exceção no qual vivemos) os riscos e
armadilhas que estagnariam o processo de singularização estão por toda parte.

Por todo lado onde o “em casa” é violado, por todo lado que uma violação é
sentida como tal, pode prever uma reação privatizante, seja familiarista, seja
ampliando-se o círculo, etnocêntrica e nacionalista, portanto virtualmente
xenófoba (DERRIDA, 2003 p.40).

Neste movimento, o retorno para o terreno supostamente seguro tem aparecido como saída
para a parcela da população a quem historicamente o acesso à direitos foi negado.

Às vezes, conhece-se apenas extremos estranhamento e alienação. Então, a


casa não é mais apenas um lugar. São localizações. O lar é aquele lugar que
possibilita e promove perspectivas variadas e mutáveis, um lugar onde se
descobre novas formas de ver a realidade, fronteiras da diferença. (HOOKS,
1989)

Segue então que a casa, e a sensação de sentir-se em casa, passa a ser encarada também como
a condição mesma de enunciação de si e processo de diferenciação de si e não somente como uma
pausa tensa, que suspenderia temporariamente os processos de desterritorialização. De maneira
análoga, a assunção de identidade, de marcas identitárias, passa a ser vetor importante na
constituição de formações de coletividade.
Restaria, portanto, àquele que por hora se interessa pelos espaços de organização política, nos
pequenos Nós que forjamos, das casas às ruas, atenção às relações de poder, os dispositivos
acionados, aos modos como agimos este comum.
A proposta é enveredar na construção de uma narrativa múltipla que evidencie a polifonia do
termo Ocupação e dar relevo as participações da população Negra nos movimentos de levante,
ocupação e manifestações políticas que tem tomado as cidade desde 2013, bem como atentar para o
movimento análogo de contração coletiva onde a casa e o gesto de estar entre pares aparece cada
vez mais como condição para a sustentação de um corpo militante.
No exercício de defender que o reconhecimento identitário tem sido necessário para que
forjemos outras práticas de militância, ao reinvindicarmos nossa marcas, cultura e história
singulares, abrimos caminhos para que, de volta a casa, e acompanhados dos nossos, possamos
ocupar as ruas e os espaços de deliberação política sem nos desmancharmos como anônimos na
multidão de caras palidamente iguais.

JUSTIFICATIVA PARA A BOLSA

Hoje acabo de ingressar como doutoranda na pós graduação em Psicologia na Universidade


Federal Fluminense e apesar de ter o acesso a universidade garantido através das Políticas de Ação
Afirmativa a minha permanência no curso esta em risco uma vez que não é garantida a todos os
ingrssantes acesso a bolsa de fomento finaciada pela CAPES. O que precariza a manutenção dos
alunos Negros historicamente excluidos dos espaços de produção cientifica, impossibilita a
ocupação deste espaço plenamente.
Na busca por outros modos de financiamento a produção e veiculação de conhecimento
gerado por mulheres encontro este edital.
A cessão desta bolsa permitirá a que eu mantenha a participação nos espaços de mobilização
coletiva do Ocupa Preta, espaço que para além de campo de pesquisa é lugar de efetivação de
parcerias e de fortalecimento mútuo que possibilita a sustentação de outros modos de militância.
Neste hoje que entre perplexidade e êxtase, quedamos boquiabertos frente aos incessantes
avanços de práticas fascistas, de extermío da juventude negra, mas também movimentos de levante
coletivos que tomam as ruas, e as emergentes formas de associação política de fortalecimento
identitário. Ás vezes o presente assusta e falta palavra, ás vezes o presente nos tira palavra, me
parece que para seguir urge insistir aqui no trabalho com palavras, conceitos, sentidos que nos
auxiliam a pensar o presente, a construir o presente. Para reivindicar o direito a palavra, direito de
enuncia-la, direito historicamente negado a população negra a qual faço parte e desta forma fazer
consistir um mundo que nos interesse, uma vida que valha apena ser vivida.

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