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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL

SEMINÁRIO PAJELANÇA E ENCANTARIA AMAZÔNICA

BELÉM, 24 A 26/04/2002

MESA REDONDA:

RELIGIÕES AFRO BRASILEIRAS - O MARANHÃO E O PARÁ

COMUNICAÇÃO:

O culto e as divindades no tambor de mina do Maranhão

Autor: Dr. Sergio F. Ferretti (UFMA)

Versão Preliminar

São Luís, Abril de 2002

O culto e as divindades no tambor de mina do Maranhão

Sergio F. Ferretti

Antropólogo, Prof. da UFMA


I

O tambor de mina é o nome mais comum da religião de


origem africana no Maranhão e na Amazônia. Possui características
específicas que o diferenciam de outras manifestações similares,
especialmente do candomblé e da umbanda, que atualmente são as
formas mais conhecidas dessas religiões no Brasil. O nome tambor de
mina deriva da importância desse instrumento no culto e do Forte de
São Jorge da Mina, antigo entreposto de escravos, na atual República
do Gana, de onde muitos escravos foram mandados ao Brasil.
Numerosos grupos étnicos africanos foram trazidos como
escravos para o Maranhão, muitos dos quais são citados na
documentação específica e diversos são lembrados oralmente nos
grupos de culto, entre os quais: jeje, nagô, cambinda, bijagô,
balanta, nalu, manjaro, mandingas, felupe, tapa ou nupé e outros. As
tradições jeje e nagô são as mais conhecidas e das demais,
atualmente, encontramos referências a grupos extintos. Também tem
sido estudado (Ferretti, M, 2000, 2001) o tambor de mina da mata,
onde são cultuados principalmente entidades brasileiras denominadas
caboclos.
Funcionam ainda hoje em São Luís duas casas de culto
fundadas por africanos na primeira metade do século XIX: a Casa das
Minas Jeje e a Casa de Nagô1[1]. Há numerosos grupos de culto
vinculados a outras casas surgidas ainda no século XIX ou ao longo
do século XX.
Nas casas de tambor de mina do Maranhão uma das
características é o predomínio de mulheres. As casas mais antigas e
algumas mais novas só aceitam mulheres na roda de danças. Temos
notícias, no passado como hoje, de casas dirigidas por homens.
Mesmo nestas, o número de mulheres ultrapassa em muito o número
de homens. Há mesmo casas que trazem, na parede, letreiro
avisando que na roda de danças só é permitido no máximo dançarem
3 homens ao mesmo tempo. Pessoas mais velhas indagadas sobre
esse costume, afirmam que no passado não era bem visto mulher
dançando mina junto com homem, ou que o homem dançando mina
pareceria ridículo e que a função do homem no culto é tocar
instrumentos e ajudar em outras atividades. Nas casas mais
modernas, sobretudo as dirigidas por homem, verifica-se também o
predomínio da mulher, mas nelas a participação masculina é mais
intensa.

II

1[1]
É importante não confundir tambor de mina, que é o nome da religião afro-brasileira no Maranhão e
na Amazônia, com Casa das Minas, que é o nome do terreiro considerado mais antigo em São Luís.
Como as demais religiões afro-brasileiras, o tambor de mina
possui uma série de características específicas e, para ser
compreendido, é necessário que se entenda um pouco estas
especificidades.
O sincretismo com o catolicismo está muito presente no
tambor de mina. O catolicismo, imposto ao escravo, foi aceito como
uma estratégia de adaptação ao contexto local para que suas práticas
religiosas pudessem sobreviver. Entre as características do tambor de
mina, destaca-se, nas casas mais antigas, a ausência de Legba, dos
fons, ou Exu, dos yorubás. Em decorrência deste afastamento de
Legba, no tambor de mina também não há o culto a Ifá, o deus
yorubano da advinhação, nem a prática do jogo de búzios, sendo a
advinhação realizada por outros processos. Os dirigentes do tambor
de mina fazem questão de frisar que não fazem feitiçaria e que não
trabalham para o mal. Devido a essa evitação de Exu, no tambor de
mina também não é comum o culto a Oxum, cujo nome se assemelha
ao de Exu, nem cânticos são oferecidos em sua homenagem. Oxum,
em muitos terreiros é susbstituída por Navezuarina, que seria outro
nome dessa entidade.
O calendário religioso das casas de culto adapta-se ao
calendário dos santos da Igreja católica. As práticas católicas do
batismo, casamento religioso, assistência à missa, procissões, festas,
culto aos santos, missa de sétimo dia e outras devoções católicas
foram assimiladas e se encontram profundamente inseridas nas
tradições dos membros do culto. Antes das festas dos terreiros, os
devotos costumam assistir à missa, comungar e rezam ladainha em
latim, no início das cerimônias. As paredes da varanda de danças e
outros cômodos dos terreiros costumam ser enfeitados com gravuras,
retratando imagens de santos católicos mais cultuados. Todo terreiro
possui também, em local de destaque, um altar com imagens dos
santos de maior devoção, que são revesadas ao longo do ano
litúrgico. É comum na época do Natal, armarem presépios e, no fim
do ciclo natalino, há uma cerimônia especial onde são queimadas as
palhinhas do presépio.
Os voduns não se confundem com os santos católicos, nem
são confundidos com eles pelos devotos. Afirma-se, em geral, que
cada vodum tem especial devoção a um determinado santo e que por
isso seus fiéis são também devotos deste mesmo santo. Assim, uma
pessoa que recebe determinado vodum, costuma organizar uma festa
católica no dia do santo que o vodum comemora. Entre os santos
mais cultuados encontramos: Santos Reis; São Sebastião, São
Lázaro, São Roque, São Jorge, Santo Antônio, São João, São Pedro,
N. Sra. do Carmo, Santana, São Raimundo, Santa Rosa de Lima, São
Jerônimo, São Miguel Arcanjo, Santos Cosme e Damião, Santa
Bárbara, N. Sra. da Conceição, Santa Luzia, Santo Onofre e muitos
outros.
Em outro trabalho (Ferretti, 1995), constatamos que no
tambor de mina o sincretismo possui características de separação,
fusão, convergência ou paralelismo, que podem ser observados nos
diferentes tipos de rituais. Constatamos igualmente que muitos
pesquisadores não vêem com bons olhos a presença do sincretismo
nos cultos afros, embora, como acreditamos, a presença do
sincretismo não descaracterize a tradicionalidade da religião. Ao
mesmo tempo, a questão não é gostar ou não gostar do sincretismo
e sim a constatação de que este fenômeno se encontra muito
presente na realidade religiosa afro-maranhense.
As festas religiosas católicas são comemoradas em todos os
terreiros e entre elas tem especial destaque a festa do Divino Espírito
Santo, festejado com grande pompa em quase todos os terreiros de
mina de São Luís. Geralmente a festa do Divino é realizada em
homenagem a uma entidade especial, que é devota do Espírito Santo.
É uma festa muito ritualizada e, no Maranhão, se caracteriza pelo
toque de caixas realizado pelas caixeiras, que cantam, tocam e
dançam músicas em homenagem ao Divino. A bandeira vermelha e a
pomba branca do Divino são símbolos importantes representados
nessa festa, que costuma durar vários dias e ser seguida por noites
de toques de tambores no terreiro. Em cada casa, a festa do Divino
costuma ser comemorada na época do aniversário de fundação ou na
data da festa do santo ou entidade mais importante cultuada.
Diferenciando-se do tambor de mina, as casas que se dizem de
umbanda do Maranhão não costumam realizar festa do Divino.
Outras festas populares relacionadas com o folclore e em
louvor aos santos são realizadas no tambor de mina. Entre elas,
destacam-se festas de bumba-meu-boi e o tambor de crioula. O
bumba-meu-boi é a mais importante manifestação do folclore
maranhense. Na época do ciclo junino, quando se organizam festas
de boi, muitos terreiros de mina realizam uma festa com o boi,
oferecida a uma entidade que aprecia essa manifestação popular,
geralmente um caboclo cultuado na casa. Costuma haver um dia do
batizado e um dia da morte do boi, acompanhado de um almoço aos
convidados. Algumas casas possuem grupo de bumba-meu-boi e
outras convidam grupos de fora ou recebem visita de outros grupos
de boi da cidade. A entidade cultuada varia com cada casa2[2] e a
festa do boi se realiza entre junho e o final do ano.
O tambor de crioula é outra manifestação da cultura popular
maranhense que também está presente nos terreiros de mina.
Costuma ser realizado no dia 13 de maio, em comemoração à
libertação dos escravos, oferecida aos Pretos-Velhos. Também é
realizada em outra época, como no mês de agosto, em louvor a São
Benedito ou a São Raimundo e em devoção a uma entidade cultuada
na casa, como o vodum Averequete ou outra. Há também terreiros
que possuem grupo de tambor de crioula, sendo mais comum a

2[2]
Entre as entidades para as quais se oferece festa de bumba-meu-boi nos terreiros de São Luís,
destacamos: Preto Velho, Corre Beirada, Légua Bují-Buá, Surrupirinha, Tombasssé, Joãozinho, Vaqueiro
do Rei Sebastião, Beberrão, Caboclo Olho d’Água, Zezinho eoutras.
presença de grupo convidado para a festa no terreiro. No tambor de
crioula nos terreiros, é comum a participação, nesta dança, de
devotos da casa em transe com sua entidade.

III

Além dessas características gerais, encontramos ainda no


tambor de mina do Maranhão, outras características que o distinguem
das demais religiões afro-brasileiras. Os instrumentos principais do
culto, no estilo mina-jeje, exclusivo da Casa das Minas, são três
tambores3[3] de madeira tocados com as mãos e com baguetas
denominadas aguidavi. O som é marcado por um instrumento de
ferro, chamado gan, tocado geralmente por mulher, a ferreira ou
gantó. Os toques são acompanhados por 4 ou 5 cabaças pequenas
revestidas com fios de contas coloridas, tocadas por mulheres.
Na Casa de Nagô e nos demais terreiros, os instrumentos
principais são dois tambores4[4] denominados abatas. Os tocadores
são abatazeiros.. São acompanhados por um ferro tocado por homem
ou mulher, conforme a casa, e por várias cabaças de tamanho
variado sendo uma maior, tocada geralmente por homem e as
demais, menores, tocadas por homem ou mulher, conforme a casa.
Exceto as duas casas fundadas por africanos, em diversos
terreiros de mina costuma existir também um tambor longo,
semelhante ao da Casa das Minas, denominado de tambor da mata. É
tocado por homem, inclinado e geralmente amarrado à cintura, entre
as pernas do tocador. Em rituais específicos, ou em alguns locais, as
vezes aparecem outros instrumentos 5[5].
Na Casa das Minas, todos os cânticos são em língua jeje ou
fon e as vodunsis são capazes de cantar durante muitas horas, em
diferentes rituais, com repertório variado. Na Casa de Nagô, os
cânticos são predominantemente em nagô e alguns em português. Na
maioria dos demais terreiros, cantam-se alguns cânticos em nagô ou
jeje, por cerca de meia hora ou pouco mais e depois canta-se em
português.
A vestimenta das dançantes geralmente é igual para todos
os participantes6[6]. Numa festa de tambor de mina, todas as

3[3]
Os tambores são denominados hum, humpli e gumpli, possuem couro numa só boca, amarrado com
cordas presas em cabecinhas. Os tocadores são chamados huntós.
4[4]
São de madeira ou latão, com amarração de metal ou corda, tocados horizontalmente sobre cavaletes.
São afinados com torniquete e medem cerca de um metro. Nas casas maiores, as vezes se usam 3 ou 4
abatás tocados ao mesmo tempo.
5[5]
Em Cururupu, no litoral norte do Estado, é comum o uso de dois pequenos tambores de bambu,
denominados tambor de taboca, batidos sobre uma pedra e tocados por homem ou mulher. Em Codó, às
vezes aparece o berimbau, denominado de marimba, acompanhando os toques. Em rituais específicos,
como no baião, na cura e no borá, podemos encontrar adufes, pandeiros, reco-reco, tambor onça ou cuíca,
marimba com garrafas com água, acordeon, vilão, etc.
6[6]
Diferentemente do candomblé, no tambor de mina não existe o costume de paramentar os orixás,
embora atualmente alguns terreiros estejam introduzindo esse hábito.
dançantes costumam usar saias na mesma cor7[7]. Quando entram
em transe, amarram na cintura uma toalha branca rendada8[8]. Os
homens dançam, em geral, com calça comprida branca e camisa na
cor da saia das mulheres e usam a toalha no braço ou atravessada no
pescoço. Homens e mulheres, na maioria das vezes, trazem a cabeça
descoberta, mas, em algumas casas, sobretudo no interior, é comum
o uso de chapéu para os homens e de lenço branco na cabeça das
mulheres. Todos usam colares de contas coloridas, denominadas de
rosário ou guia9[9].
O transe costuma ser discreto e, muitas vezes, pessoas de
fora não identificam se o devoto está ou não no estado de transe. No
início, a pessoa fica mais descontrolada, mas a entidade geralmente
se acalma com a colocação da toalha. Em outros terreiros que não a
Casa das Minas e de Nagô, geralmente, quando a entidade chega,
costuma dar uma longa rodada, girando em torno de si mesmo por
algum tempo. Depois, saúda o altar, os tocadores, a chefe da casa,
os demais companheiros e os visitantes. Diferentemente do
candomblé, o transe na mina costuma durar várias horas e a vodunsi
permanece com os olhos abertos. As entidades africanas não comem,
não bebem nem satisfazem necessidades fisiológicas no estado de
transe. Alguns costumam fumar cachimbos de cano longo. Também
se afirma que, no estado de transe, a pessoa não sente dores,
ficando como se estivesse anestesiada. Muitas entidades caboclas
costumam fumar e beber cerveja, chás ou outras bebidas.
No tambor de mina, não é comum o sacrifício de muitos
animais. Poucas vezes ao ano as casas oferecem, sobretudo, aves e,
algumas vezes, peixes e também muitas frutas. Na Casa das Minas,
as comidas de santo têm nomes e características africanas.
Na Casa das Minas Jeje, cada vodunsi ou filha-de-santo
recebe apenas um vodum. As que haviam se submetido a um ritual
especial de iniciação e eram consideradas filhas feitas completas,
denominadas de vodunsis-hunjaís, recebiam, em determinados
rituais, uma entidade feminina infantil denominada tobossi. A
iniciação completa não é mais realizada há muitos anos e as tobossis
não baixam mais. Na Casa de Nagô, as vodunsis recebem um ou dois
orixás e alguns caboclos. Nos demais terreiros os dançantes
costumam receber uma entidade africana e alguns caboclos, sendo
um deles o principal, denominado de caboclo de frente.
A longevidade é uma característica dos participantes do
tambor de mina como de outras religiões afro-brasileiras. É comum

7[7]
Usam saias longas, rodadas, com cores que costumam ser branco, azul, verde, vermelho, amarelo,
rosa, marron ou estampado. Usam blusa branca bordada ou rendada com mangas fofas. Usam sandálias
de couro pequenas. Nas mãos levam um lenço para enxugar o suor.
8[8]
Em algumas casas a toalha é substituída por um lenço grande colorido enrolado no braço, denominado
pana.
9[9]
Na Casa das Minas os rosários costumam ser feitos com miçangas pequenas e, em outras casas, com
contas grandes. Os rosários do culto costumam ser longos, indo do pescoço à cintura dos dançantes ou
podem ser ainda mais longos.
as mineiras viverem por mais de 90 ou 100 anos. Muitas começam a
participar da religião desde bem jovem. Muitas pessoas procuram o
tambor de mina acometidas por alguma doença ou devido a sonhos e
visões. Pessoas acometidas por doença mental ou por acidente
vascular cerebral, chamado derrame, são muitas vezes levadas a
terreiros de mina a procura de tratamento, que costuma ser feito
com banhos de plantas e com chás de ervas medicinais. Atualmente,
temos constatado que muitos participantes do tambor de mina
passam a ser acometidos por diabetes. Também é comum a procura
aos terreiros por pessoas afligidas por doenças mentais.
Excetuando-se a Casa das Minas e a Casa de Nagô, grande
número de terreiros de tambor de mina realiza também outros tipos
de rituais. Entre esses rituais destacam-se: as seções de cura ou
pajelança, o tambor de índio e as seções de mesa branca. A
pajelança ou brinquedo de cura10[10] é um ritual de origem ameríndia
realizado uma ou duas vezes por ano pela maioria dos terreiros de
mina.. Afirma-se, no Maranhão, que muitos mineiros começaram
como pajés e por isso realizam periodicamente uma seção de
pajelança, onde são cultuadas entidades consideradas como donos da
terra.
O tambor de índio, canjerê ou borá é outro ritual, de
inspiração ameríndia, realizado também em diversos terreiros de
mina, uma ou duas vezes ao ano11[11]. Os iniciados costumam, antes,
participar de uma espécie de retiro, no terreiro ou em um sítio, onde
comem alimentos especiais como mel e batata doce. O tambor de
índio e a pajelança constituem rituais criados pelos afro-
descendentes, inspirados em tradições ameríndias e que estão muito
presentes no tambor de mina. A presença desses rituais nos terreiros
de culto afro nos faz lembrar as santidades ameríndias, rituais
realizados em comunidades indígenas e documentados no período
colonial, em várias regiões do país, analisado como uma das reações
à catequese.

10[10]
O líder do culto, denominado pajé ou pajoa, dirige o ritual empunhando um penacho de pena de
araras e um maracá. Usa várias tiras de tecidos coloridos amarradas no braço e na cintura. Entoa cânticos
e vai recebendo sucessivamente numerosas entidades relacionadas, principalmente, com elementos da
natureza como rios, peixes, pássaros, insetos, animais ou príncipes, princesas e outros seres. Cada
entidade canta dois ou três cânticos, dança e depois se retira, sendo substituído por outra. O pajé dança no
centro do salão, acompanhado por vários instrumentos, entre os quais se incluem pandeiros, matracas,
reco-reco etc. O ritual dura várias horas e outros filhos da casa, iniciados como pajés, também podem
participar entoando cânticos e recebendo entidades. Há grande participação da assistência batendo palmas
e costuma haver distribuição de bebidas.
11[11]
O toque do borá é realizado durante um a três dias. Os filhos, vestidos de branco, realizam uma
procissão pelo bairro, geralmente em homenagem a São Miguel Arcanjo. Quando a procissão se aproxima
do terreiro, os instrumentos começam a tocar bem alto e todos entram em transe. O toque é realizado em
ritmo frenético. Há um intervalo para a troca de roupas e os brincantes saem vestidos com roupas
brilhantes, com cruzes e outros símbolos. Gritam sons incompreensíveis e seus cânticos repetem palavras
igualmente pouco claras, considerada linguagem dos índios. Algumas danças simulam lutas do bem
contra o mal. Os instrumentos tocam durantes várias horas, quase sem interrupção. Em algumas casas, em
certos momentos, os índios se deitam sobre espinhos de tucum e se reúnem num espaço especial, às vezes
em forma de uma oca, para tomarem determinados alimentos e conversar com a assistência.
Alguns terreiros de mina e umbanda do Maranhão, que
preservam influências do espiritismo, realizam regularmente o ritual
denominado de mesa branca12[12], realizado à tarde ou à noite em
determinados dias. A presença de rituais de influência kardecista e
indígena nos terreiros mostra a complexidade do sincretismo
presente no tambor de mina. Esse sincretismo se processa tanto com
o catolicismo popular, quanto com tradições ameríndias e de outras
procedências, como o espiritismo kardecista, de origem européia,
largamente difundido em todo o país.

IV

Entidades africanas e brasileiras são recebidas nos terreiros


de tambor de mina: voduns, tobossis, orixás, gentis e caboclos. Os
praticantes do tambor de mina não gostam de conversar muito sobre
as entidades e sobre as práticas rituais.
Até a década de 1930 não se tinha referências bibliográficas
à existência do culto aos voduns no Brasil. Mário de Andrade após
sua passagem por Belém em 1928, narrada em “O turista Aprendiz”,
descobre um cântico Iemanjá vodum e relata esse fato em sua
conferência sobre Música de Feitiçaria, de 1933. Durante as décadas
de 1930 e 1940, foram realizadas diversas pesquisas no Maranhão e
Pará e, a partir de então, a presença do culto aos voduns começou a
ser mais conhecida nessas regiões13[13].
Segundo constatação simultânea de Octávio da Costa
Eduardo e de Pierre Verger, na Casa das Minas de São Luís são
cultuadas diversas entidades que possuem nomes de antigos reis do
Daomé. Em artigo publicado originalmente em 1953, Verger (1990)
levantou a hipótese que a Casa das Minas teria sido fundada por uma
rainha africana, que fora vendida como escrava após a morte do rei.
Identificou essa rainha como a Na Agontimé, viúva do rei Agonglô
(1789-1797) e mãe do futuro rei Ghezo (1818-1848). Segundo
Verger, muitos nomes de membros da família real do Daomé, até o
reinado de Agonglô, são cultuados como voduns no Maranhão.
Os voduns jejes são cultuados principalmente na Casa das
Minas, onde só eles são recebidos. Outros terreiros realizam alguns
cânticos em sua homenagem e alguns voduns costumam ser
recebidos com grande distinção, permanecendo pouco tempo, no

12[12]
Na mesa branca os participantes sentam-se ao redor de uma mesa ou em esteiras no
chão e, após várias orações e leituras, invocam espíritos protetores. Alguns recebem
espíritos sofredores que precisam ser doutrinados. As entidades protetoras também
fazem “visitas” a casas de clientes para verificar seus problemas e dão consultas aos
mesmos. A seção de mesa branca não costuma ser muito demorada.
13[13]
Na descoberta desta religião destacam-se, em relação ao Maranhão, os trabalhos do etnolinguista
português Edmundo Correa Lopes, da Missão folclórica de Mário de Andrade (Alvarenga, 1947), do
etnógrafo maranhense Nunes Pereira (1979), do antropólogo paulista Octávio da Costa Eduardo (1947) e
as pesquisas de Pierre Verger (1952/1990) e de Roger Bastide (1971).
início das cerimônias, sendo depois substituídos por caboclos que
permanecem durante o restante da festa.
Na Casa das Minas, os voduns agrupam-se em cinco
famílias, sendo três maiores e principais e duas menores, com poucos
voduns, que são considerados hóspedes. Cada parte do prédio da
Casa pertence a uma família de voduns. Talvez, em virtude dessa
influência, no tambor de mina os caboclos e outras entidades da mina
também costumam se organizar em grandes famílias. Na Casa das
Minas, são cultuados cerca de meia centena de voduns, que se
dividem em adultos, velhos, jovens, crianças, homens e mulheres. A
maioria pertence ao sexo masculino.
Nochê Naé, ou Sinhá Velha, é a grande ancestral, mãe de
todos os voduns e não é recebida em transe. É a dona da árvore
sagrada. É comemorada duas vezes ao ano, no Solstício, no Natal e
São João, quando lhe são oferecidos um galo e uma galinha branca.
As dançantes se vestem de branco e azul e branco em suas festas.
Davice é o nome da família real, que reúne os voduns que
são nobres. Subdivide-se em duas famílias: a de Dadarro, o rei mais
velho, e Zomadonu, o dono da Casa. Entre os filhos de Dadarro, Doçu
é um dos voduns mais conhecidos e mais cultuados em outros
terreiros. Os voduns mais novos são chamados toquéns 14[14] e são
importantes porque são eles que chamam os mais velhos. Entre os
voduns hóspedes destacam-se os da família de Savalunu15[15], nome
de uma região do Benin. A outra família de hóspedes é a de
Aladanu16[16], nome de outra região do atual Benin, de onde teria
surgido a família que dirigiu o reino do Daomé e de onde teriam
descendido os jejes ou Fon.
Outra grande família é a de Quevioçô, considerada nagô
entre os jejes. Seus voduns são mudos na Casa das Minas. Dizem
que, para não revelarem os segredos dos nagôs, falam apenas por
gestos e sinais, que são traduzidos pelos dois voduns mais jovens da
família17[17]. É considerada a família astral, dos voduns que controlam
os astros, o fogo, as águas, os raios e trovões e combatem os ventos
e tempestades. O chefe da família é Badé Quevioçô, o dono do
trovão, auxiliado por sua mãe ou irmã mais velha, nochê Sobô, que
controla os raios. Badé é comemorado no dia de São Pedro e Sobô,
no dia de Santa Bárbara. Ambas são festas de grande importância em
todos os terreiros do Maranhão. A festa de Santa Bárbara, no dia 4
de dezembro, é considerada a festa de abertura do ano litúrgico no
tambor de mina, pois se diz que para se poder fazer as outras festas

14[14]
Toi Zomadonu possui quatro filhos toquéns, entre os quais os gêmeos Toçá e Tocé, comemorados no
dia de Cosme e Damião, e também o jovem toqueno Jogoroboçu.
15[15]
Entre eles destacam-se os voduns Agongonu, Zacá e o toquén Jotim.
16[16]
Os voduns cultuados desta família são Ajaútó e seu filho Avrejó.
17[17]
Entre os voduns da família de Quevioçô, destacam-se Liçá, que representa o Sol, e Loco, que
representa o vento nas árvores. Nochê Abe, a irmã mais nova e protegida de Averequete, representa a
estrela guia que caiu no mar e se encantou numa pescada. Entre as divindades femininas velhas de
Quevioçô inclui-se Nanã ou Vó Missa, comemorada no dia de Sant’Ana.
tem que se começar tocando para Santa Bárbara. Entre os mais
conhecidos estão Averequete e Abe. Averequete é devoto de São
Benedito e padroeiro dos tambores de mina do Maranhão. Dizem que
Averequete é quem traz os caboclos para a mina.
A terceira família importante para os jejes é a de Dambirá, o
panteão da terra, são os reis caboclos, que são pobres e poderosos,
combatem as doenças e a peste. Vivem numa parte especial da casa,
em cômodos feitos no quintal. O chefe da família é Acossi Sakapatá,
seguido pelos seus irmãos Azili e Azonce18[18]. São comemorados
durante três dias na festa de São Sebastião. Acossi é devoto de São
Lázaro. Suas oferendas são feitas num altar entre plantas do quintal.
Os cachorros são homenageados com um banquete em sua festa.
Alguns voduns jejes correspondem a certos orixás nagôs.
Assim considera-se que Doçu, que é cavaleiro e tocador, corresponde
a Ogum. Badé corresponde a Xangô, Sobô corresponde a Iansã, Abe
corresponde a Iemanjá, Toçá e Tocé correspondem aos Ibeji, Boça e
Boçucó correspondem a Oxumaré, Acossi corresponde a Obaluaê,
Nanã é a mesma nas duas tradições. Dos principais orixás nagôs,
Oxum não é representada ou corresponderia a Navezuarina, vodum
muito cultuado na mina. Como dissemos antes, talvez a evitação de
Exu na mina seja responsável pelo não aparecimento do culto ao
orixá Oxum no tambor de mina. É importante destacar que
numerosos voduns jejes não possuem correspondência entre os
orixás nagôs.
As tobossis ou meninas, chamadas de sinhazinhas, são
entidades femininas infantis que eram recebidas na Casa das Minas
pelas vodunsis que haviam se submetido a um ritual especial de
iniciação e se tornavam vodunsis hunjaís. A última iniciação completa
foi realizada na Casa em 1914 e todas hunjaís foram falecendo até
por volta de 1970. As tobossis não vieram mais. Elas eram crianças,
falavam uma língua especial. Cada tobossi só vinha em uma hunjaí e
quando esta morria ela não vinha mais, sua missão terminava ali.
Elas vinham em três épocas do ano, em festas que duravam vários
dias: no Natal, em São João, festas de nochê Naé e no Carnaval. Elas
permaneciam em transe durante até nove dias, comiam comidas
especiais, tomavam banho de madrugada, tinham uma dança com
cânticos próprios, brincavam com brinquedos e distribuíam doces aos
visitantes. Também se vestiam com roupas especiais com pano da
costa, usavam uma manta de miçangas coloridas e uma trouxa de
pano na cabeça. Na Casa das Minas, são conhecidos os nomes
complicados de 14 tobossis19[19], que eram recebidas e foram

18[18]
Entre os filhos mais conhecidos de Acossi destacam-se toi Lepon, o mais velho; toi Poliboji, devoto
de Santo Antônio; Boça e Boçucó, que são gêmeos e se relacionam com a cobra; e Euá.
19[19]
As africanas fundadoras, que não se sabe quantas eram, e as chefes da Casa até 1970, foram
vodunsis-hunjaís e recebiam tobossis, como mãe Maria Jesuína, mãe Luíza, mãe Hozana, mãe Andresa e
mãe Leocádia. Sabe-se que em fins do século XIX foi preparado um barco com 12 hunjaís e em 1914
outro, com 18 hunjaís. Assim, o número de tobossis que vieram na Casa das Minas até o fim da década de
1960, ao que sabemos deve ter sido inferior a 40.
registrados na década de 1940 pelas pesquisas de Nunes Pereira e de
Octávio da Costa Eduardo.
Uma das funções rituais importantes das tobossis era dar
um nome africano às novas vodunsis que entravam no culto. Talvez
elas possam ser comparadas com as Nesuhue, mostradas por Verger
(1999, p. 555-562), que são princesas encarregadas do culto em
memória aos reis do Daomé. Esse culto está muito relacionado com o
de Zomadonu, que estabeleceu o culto aos voduns da família real no
Daomé e foi o vodum protetor da fundadora da Casa das Minas do
Maranhão. No Benim, as Nesuhue usam vestes especiais e são
agrupadas por famílias dos sucessivos reis do Daomé. A tradição das
tobossis se extinguiu na Casa das Minas, com a morte das
encarregadas de preparar a iniciação e que conheciam os detalhes
dos rituais. Fala-se que houve erros na última feitoria da Casa das
Minas, por isso não foram preparadas novas hujaís. Assim, as
tobossis se extinguiram no Maranhão, provavelmente em virtude da
não renovação de contatos com a África após o término do tráfico de
escravos e a ausência de princesas reais que dirigissem os rituais de
iniciação.
Em outras casas de tambor de mina do Maranhão existem
festas para as princesas, chamadas meninas ou tobossis, que
possuem um culto especial, com vestes, cânticos, danças, alimentos
e brinquedos, e que são diferentes das outras entidades, mas, ao
mesmo tempo, são também diferentes das tobossis da Casa das
Minas. Entre estas entidades destacam-se Bossa Meméia, Flor de Liz,
Flor do Dia, Servaninha, Moça Fina de Otá, Princesa Clarice, Princesa
Luzia, Princesa Flora, Princesa Rosinha.

A Casa das Minas e a Casa de Nagô, fundadas por africanos


há mais de cento e cinqüenta anos em São Luís, apesar do grande
prestígio de que desfrutam, encontram-se em processo de acentuado
declínio, contando com número reduzido de participantes e
praticamente não recebendo novos adeptos. Por outro lado, terreiros
mais modernos encontram-se em processo de expansão, alguns
possuindo grande número de seguidores. Parece provável que o culto
dos voduns jejes no Maranhão venha a desapareça em breve, por
falta de novos adeptos.
Outras divindades africanas no tambor de mina são os
orixás nagôs. Eles, muitas vezes, são tratados e chamados de
voduns. Costumam se comportar como os voduns, não recebendo o
tratamento dado aos orixás no candomblé nagô. Eles falam, cantam,
permanecem de olhos abertos e ficam durante longo tempo no estado
de transe, dançam junto com os outros voduns ou caboclos e
normalmente não recebem paramentos especiais. Alguns costumam
dançar no terreiro por pouco tempo, no início das festas e depois se
retiram, dando lugar aos caboclos, que são considerados como mais
comunicativos.
Vemos assim que no tambor de mina não se faz muita
referência aos orixás nagôs e seu culto encontra-se intimamente
relacionado ao culto aos voduns. Os orixás mais conhecidos que
baixam no tambor de mina são: Xangô, Iemanjá, Nana, Obaluaé e
Ogum. Algumas entidades consideradas como orixás nagôs possuem
nomes que não são comuns no candomblé nagô e entre eles
encontramos: Navezuarina, Xapanã, Euá e Nanã Burucu ou Nana
Bulucu.
Existe ainda no Maranhão grande número de entidades
africanas cuja origens não são bem estabelecidas. Entre esses
incluem-se: Légua Buji-Buá, tido como vodum muito conhecido como
boiadeiro em Codó e que possui uma família com diversos filhos, e
Arronoviçavá, entidade muito velha, conhecida na Casa das Minas
como um vodum que se tornou cambinda. Entre muitas outras
entidades consideradas africanas, cultuadas no tambor de mina,
destacam-se também: Boçujara, Boçu von Dereji, Xadatã, Obaíla,
Tombasse, Aquilital, e outros, conhecidos como entidades não
brasileiras, cujas origens não são muito precisas.
Entre as entidades caboclas, muitos são agrupados em
famílias e entre inúmeros outros caboclos temos: Caboclo Velho,
Guerreiro, Tabajara, Tapindaré, Caboclo Ita, Caboclo Maroto,
Ubirajara, Juracema, Balanço do Mar, Caboclo Guerreiro, Caboclo
Roxo, Mensageiro de Roma, Batata Roxa, Caiçara, Pombo Roxo.
Entre as demais entidades cultuadas nos terreiros de mina
(excetuada a Casa das Minas jeje), destacam-se os que são
chamados gentis ou gentilheiros ou também fidalgos. São entidades
nobres, reis, príncipes e princesas, que se agrupam em famílias.
Entre eles podemos indicar: Dom Pedro Angaçu, Rainha Rosa, Rainha
Dina, Rei da Turquia, Dom Manoel, Rei Sebastião, Dom João, Barão
de Guaré, Dom Luiz Rei de França, Dom Henrique, Dom José
Floriano, Rei da Bandeira, Dom Miguel, Princesa Flora, Rainha
Madalena e muitos outros. Diversos deles vêm na Casa de Nagô como
em outros terreiros. Alguns deles como o Rei da Turquia e Dom
Sebastião, possuem família numerosa.
Verificamos que nas casas de tambor de mina entidades
africanas são cultuadas mas são recebidas em transe sobretudo
entidades não africanas, os gentis e os caboclos. Além da Casa das
Minas, da Casa de Nagô e de poucas outras casas, a maioria dos
cânticos para as divindades são em língua portuguesa e a maioria das
entidades recebidas hoje no tambor de mina em geral, não são
africanas. Embora profundamente influenciado por tradições e
costumes africanos, o tambor de mina adquirindo características
locais, sendo assim uma religião afro-brasileira. A presença de rituais
com influências ameríndias e kardecistas, bem como as influências do
catolicismo popular, exemplificam a importância do sincretismo no
tambor de mina. Atualmente constata-se a presença de elementos de
rituais do candomblé e da umbanda. Apesar de todas estas
influências o tambor de mina possui características que o diferenciam
de outras religiões afro-brasileiras.

Bibliografia:

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UFPA - PPGAS
Seminário Pajelança e Encantaria Amazônica
Mesa Redonda: Religiões Afro-Brasileiras: O Maranhão e o Pará
Comunicação:O culto e as divindades no tambor de mina do
Maranhão
Autor: Sergio F. Ferretti
A presente comunicação mostra características específicas e dinâmica
das religiões de origem africana no Maranhão. Destaca o predomínio
de mulheres no culto e a importância do sincretismo religioso,
constatando o paralelismo entre voduns e santos católicos e a
ausência de Legba. Comenta a presença nos terreiros de festas da
cultura popular e de rituais de cura, de tambor de índio e de mesa
branca. Apresenta os instrumentos utilizados, a caracterização das
vestimentas e do estado de transe. Enfatiza as divindades cultuadas,
chamadas genericamente de encantados ou invisíveis, destacando a
importância dos voduns jejes e das tobossis ou entidades femininas
infantis, bem como a presença mais reduzida dos orixás, referindo-se
ao grande prestígio das entidades chamadas gentis e dos caboclos,
que são muito numerosos. Constata a importância das casas
fundadas por africanos, fazendo referências à continuidade do culto
nas outras casas.

Palavras chaves: religiões afro-brasileiras; tambor de mina; culto aos


voduns, festas religiosas, sincretismo.

Resumo do Curriculum:
Sergio F. Ferretti, natural do Rio de Janeiro, radicado no Maranhão
desde 1969, é bacharel e licenciado em História pela UFRJ. Fez curso
de Especialização em Sociologia na Bélgica. Mestre em Antropologia
pela UFRN e Doutor em Antropologia pela USP. Professor adjunto da
UFMA realiza pesquisas no campo de estudo de populações afro-
brasileiras, sincretismo religioso e cultura populares. Possui livros e
artigos publicados sobre esses temas e em especial sobre a Casa das
Minas do Maranhão.
São Luís, Fevereiro de 2002.

Sergio F. Ferretti
Endereço Residencial:
Av. do Vale, 14 apt. 401, Ed. Titanium - Bairro Renacença II
65075-820 - São Luís - Maranhão
fone/fax: (098) 235-1291
e.mail: Ferretti@elo.com.br

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